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As Rodas de Viola e a Vida: Música e Cotidiano em Fernandópolis (1960-1970)
BRUNO GODOI BARROSO
O presente artigo, que se desdobrará em dissertação de mestrado, traz como
perspectiva o interesse pelo estudo da música caipira1 na cidade Fernandópolis durante toda a
década de 1960, no encalço das dimensões de atuação dessa música na cidade, sobretudo,
quando pensada na sua função de catalizadora de emoções variadas (MATOS, 2005: 91-92), e
criadora de laços identitários que operam na construção das representações do campo e da
cidade, assim como as representações do cotidiano rural presentes nas narrativas das canções e
na fala dos produtores e interpretes dessas letras e melodias, trazendo à cena também, a
perspectiva de seus apreciadores2.
A música enquanto manifestação que toca o sensível (Ibidem, p. 92), numa perspectiva
subjetiva, revela-se como possibilidade de internalização e expressão de sentimentos múltiplos:
anseios, angústias, alegrias, tristezas, dores, amores e saudades, vinculados ao significado que
lhe é atribuído pelos sujeitos e grupos sociais em suas especificidades, tanto espaciais como
temporais.
O caminho aberto nas últimas décadas pela História Cultural (PESAVENTO, 2012:
132), sobretudo, no Brasil a partir da década de 1990, trouxe à cena novas reflexões que
ampliaram o debate acerca do potencial documental das canções. Numa concepção de operação
paralela, da música como expressão artística e ao mesmo tempo como portadora de aspectos da
vivência cotidiana, em outras palavras, dos elementos que elencam a experiência social vivida.
(MATOS, 2007: 38)
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em História Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
bolsista CAPES.
1 O termo música caipira é utilizado neste artigo para designar as canções apreciadas pelos sujeitos entrevistados
no decorrer da pesquisa, estes fizeram menção a essa música a partir de variadas referências como: caipira, moda,
sertaneja, raiz. Cabe ressaltar, que a análise dessas falas, assim como da produção e recepção dessas músicas,
indicam que o cerne está na ligação com a memória rural desses indivíduos, no potencial socializador dessa música. 2 O referido estudo articula-se a partir dos depoimentos de músicos, radialistas e apreciadores da música caipira
fernandopolense. O trabalho com a história oral (PORTELLI, 1997: 31) possibilitou o acesso às composições e
outros registros que constituem a documentação analisada durante a pesquisa.
Nesse sentido, os estudos de história e música irrompem na compreensão de que o
universo das canções constitui documentação para a investigação do cotidiano, entretanto, cabe
2
aqui ressaltar o entendimento de que as canções não podem ser concebidas como representação
da totalidade desse cotidiano, mas, como vestígios passíveis de inúmeras indagações.
A trajetória da música caipira na cidade de Fernandópolis é reveladora na busca por
esses vestígios, no alcance de “outras histórias” (MATOS, 2014: 21), que emanam de uma
música criadora de laços identitários, presentes nas festas de Santos Reis, em bailes,
festividades familiares, nas rodas de viola organizadas em bares, e também, na presença da
atual Orquestra de Violeiros de Fernandópolis3, que coloca em diálogo diferentes gêneros e
faixas etárias na realização dos concertos no Teatro Municipal e em outros locais na cidade e
região.
Espaços onde os significados (HALL, 2016: 31-65) dessa “cultura caipira
fernandopolense”4 são compartilhados, entendendo que o processo de ressignificação também
emerge à medida que essa música alcança novos pontos de contato, desde novos instrumentos
(além da viola) até outros gêneros musicais.
Cabe salientar que, no presente estudo, a música caipira produzida e reproduzida em
Fernandópolis é concebida como expressão cultural que não está isolada, sob a perspectiva de
que se insere num processo contínuo de hibridação. (CANCLINI, 2015: 18-23)
Os indícios da fluidez dessa música podem ser apreendidos a partir da forma como ela
é entendida e aceita por seus apreciadores na cidade de Fernandópolis, na observação de
códigos compartilhados que resultam de negociações e conflitos, mesmo diante da indústria
fonográfica5, haja vista, as disputas operadas no universo dessas canções (ZAN, 2005: 1-6) que
marcam por um lado os interesses desse mercado e, por outro, a recepção dessa música nos
diversos espaços e temporalidades. (MARTÍN-BARBERO, 1997: 15)
Um traço importante dessa questão pode ser observado na fala do radialista Geraldo
Ricco:
3 A Orquestra de Violeiros de Fernandópolis foi criada no ano de 2004 por iniciativa da Secretaria de Cultura do
Município e de Francisco Ferreira de Souza, o Maestro Thito, regente dessa orquestra que se apresenta em eventos
na cidade de Fernandópolis e outras cidades da região. Os ensaios são realizados semanalmente na sede da
Corporação Musical de Fernandópolis, reunindo músicos de diversos gêneros e faixas etárias. 4 A referência feita à “Cultura Caipira Fernandopolense” articula-se sob a compreensão das especificidades que
marcam a produção dessa música na cidade de Fernandópolis, assim como, um conjunto de valores que constituem
e são constituídos por essas canções. Assinala-se ainda o entendimento de “cultura como um modo de vida global
distinto, dentro do qual percebe-se, hoje, um “sistema de significações” bem definido não só como essencial, mas
como essencialmente envolvido em todas as formas de atividade social [...]” – (WILLIAMS, 1992: 13) 5 A indústria fonográfica no Brasil, mais especificamente, gravadoras como: Continental (1940), Copacabana
(1948) e Chantecler (1950), reuniram nomes da música caipira/sertaneja como Tonico e Tinoco, Milionário e José
Rico, Chitãozinho e Xororó, entre outros, que abarcaram, gradativamente, uma parcela significativa do mercado
discográfico nacional entre as décadas de 1950 e 1990, segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de
Discos, atual Pró-Música Brasil.
3
[...] O sertanejo universitário tá chegando na boca da galera, as pessoas da terceira
idade prefere mais a música sertaneja de raiz, é o que nós defendemos aqui nesse
programa, mas, nós temos que respeita muito o sertanejo universitário que tá um
sucesso muito grande. [...] Bom, as música de agora, realmente, é pra show e pra
ganha dinheiro. Agora, os compositores caneta de ouro, já se foi mora com Deus, e
eles escreviam fatos acontecido, no caso de muitas e muitas música que é grande
sucesso: Cabocla Tereza, Menino da Portera, Tristeza do Jeca; essas música antiga
era fatos acontecido, qualquer coisinha que acontecia entre os casais lá na fazenda,
lá na lavoura, então, era fatos acontecido. Hoje não, os compositor de hoje escrevi
um versinho e fica repetindo aquele verso pra entra na cabeça da galera pra canta
junto.6
Manifesta-se na fala do depoente a reivindicação para a música cantada e apreciada
por ele e seus ouvintes o “status de autóctone, original” (GUTEMBERG, 2011: 1), sobretudo,
na referência ao que ele nomeia de “sertanejo de raiz”. A oposição, no caso, é feita à vertente
do atual sertanejo universitário (REQUENA, 2016: 22-23). Apesar de toda a complexidade que
envolve a distinção entre música caipira e música sertaneja, além de outras vertentes que se
erigem, não se pode passar ao largo dessa questão, ressaltando que o referido tema não é o foco
desse estudo.
Essa ideia de fronteira entre a música caipira e a sua variante moderna, a música
sertaneja, ganhou seus principais delineamentos entre as décadas de 1950 e 1970, momento no
qual o gênero passou por um processo de urbanização e modernização, aliado à sua inserção na
indústria fonográfica. As críticas direcionadas à música sertaneja naquele momento, oriundas
dos apreciadores da música dita caipira, indicavam para a descaracterização dos elementos
fundadores dessa música, evidenciada pela promoção de novos ritmos, na viola acompanhada
por novos instrumentos e, sobretudo, a temática das letras, que abandonava aos poucos o
bucolismo e o cotidiano do homem do campo, passando a privilegiar temas voltados para o
espaço urbano.
O tracejar de uma linha divisória entre música sertaneja e música caipira enfatizou
o discurso de descaracterização desta última, em função das influências tecnológicas
e musicais que o sertanejo absorveu e, a partir disso, ganhou novos contornos. Até
então a música caipira tinha como característica vital a sua relação com as
experiências rurais, permitindo ao homem do campo relembrar o seu passado e se
reconhecer na poética dessa música. (Ibidem, p. 2)
A cidade de Fernandópolis durante a década de 1960 se inseriu num processo de
profundas transformações locais (PESSOTA et al., 1996: 266-269), principalmente, por ser uma
6 Entrevista com o radialista Geraldo Ricco nas dependências do CCI Vila Regina. Fernandópolis:
Novembro/2011.
4
cidade recém-emancipada7 e, por estar em pleno diálogo com a conjuntura nacional daquele
período, mormente, pelas mudanças nas relações de trabalho no campo, o que contribuiu para
o êxodo rural.
No começo dos anos 60, quase um século após a sua introdução nas fazendas
cafeeiras de São Paulo, o colonato se extinguiu. Dos 640.000 colonos e suas famílias,
que se calculava viverem e trabalharem nas fazendas de café em 1958, não sobrou
nenhum, em meados dos anos 60. Entre 1964 e 1975, a força de trabalho agrícola do
estado diminuiu em 35%, e o número de trabalhadores rurais residentes nas
propriedades decresceu em 52%. (STOLCKE, 1986: 179)
O processo de transição do colonato para o sistema de trabalho eventual (MOREIRA;
NARDOQUE; PERINELLI NETO, 2013: 178-192) pode ser apontado como um dos fatores
que colaborou para essas alterações demográficas no Estado de São Paulo8, marcadamente entre
as décadas de 1950 e 1960, acarretando um aumento significativo da ocupação das áreas
urbanas por famílias que até então estavam em colônias ou propriedades rurais de menor porte.
Esse cenário de mudanças revelou-se fértil para a produção musical na cidade de
Fernandópolis, ele é relido pelos compositores que se encontravam ancorados nas suas
experiências e nas experiências de homens e mulheres inseridos nesse universo multifacetado
(MATOS, 2005: 30), das vivências do campo amalgamadas à dinâmica da urbe que se formava,
aspectos que chamam a atenção na música “Adeus Palhoça”, composta e interpretada pela dupla
fernandopolense Quintino e Quirino:
Adeus Palhoça9
Adeus paioça adeus peão companheiro,
adeus mundo prisioneiro onde eu vivo a cantar.
Dos meus colegas canto as minhas canções,
pra alegrar seus corações de quem vive a chorar.
Vivo no mundo de ilusão enganador,
sentindo a minha dor e ninguém tem compaixão.
7 Através do Decreto-Lei Estadual n° 14.334, de 30 de novembro de 1944, Fernandópolis foi elevada à categoria
de município, com terras desmembradas de Tanabi e Pereira Barreto e sede no povoado de Pereira. Constituído de
três distritos: Fernandópolis, Pedranópolis e Jales. Sua instalação verificou-se no dia 1º de janeiro de 1945. SÃO
PAULO (Estado). Secretaria Geral Parlamentar. Decreto-Lei nº. 14.334 de 30/11/1944. Diário Oficial do Estado
de São Paulo. São Paulo: Imprensa Oficial, 15/05/1945, p.1. Disponível em:
<https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto.lei/1944/decreto.lei-14334-30.11.1944.html>. Acesso
em Junho/2018. 8 Dados consultados a partir do arquivo online do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE. Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico do Estado de São Paulo / 1960. Disponível em:
<https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/68/cd_1960_v1_t13_sp.pdf>. Acesso em: Abril/2018. 9 Quintino e Quirino (Comp.). Adeus Palhoça. LP Festa de Reis - Vol.5, Quintino e Quirino. Lado 1, Faixa 4. São
Paulo: Chantecler, 1980.
5
Minha paioça onde muito eu cantei para sempre gravarei
seu nome em meu coração.
Adeus paioça eu sinto saudade sua,
nas lindas noites de lua estou sempre a recordar.
Você quem leva essas mensagem roceira,
pras cabocrinha faceira que é bonita no oiá.
Os meus amigos são os simples cantador,
na viola eu tenho amor e alegria do meu lar.
Adeus paioça que ficou lá no sertão,
hoje não me esqueço não, só em você quero lembrar.
A canção, na forma de uma toada10, traz em tom melancólico aspectos da saudade de
um cantador, marcada pela dor da ausência de um passado vivido e idealizado11. Nota-se na
narrativa a representação de lar como espaço de afetuosidade plena e, sobretudo, proteção em
relação ao que os compositores nomeiam de “mundo de ilusão enganador”, o que parece, na
visão deles, uma ameaça astuciosa para aqueles que se deixam enredar pelo embuste que
transita fora dessa harmonia que se entende habitar o campo, aqui representado pela
“palhoça”12, evidenciado nos princípios de coletividade e cooperação mútua, aspectos que
podem ser captados nos laços de solidariedade que atravessam a cultura caipira.
Para essas populações rarefeitas, que, via de regra, só contavam para o convívio
diário com os membros da família, assumem importância crucial certas instituições
solidárias que permitem dar e obter a colaboração de outros núcleos nos
empreendimentos que exigem maior concentração de esforços. A principal delas é o
mutirão, que institucionaliza o auxílio mútuo e a ação conjugada pela reunião dos
moradores de toda uma vizinhança para a execução das tarefas mais pesadas que
excediam das possibilidades dos grupos familiares. [...] Assim, o mutirão não se faz
só uma forma de associação para o trabalho, mas também uma oportunidade do lazer
festivo, ensejando uma convivência amena. (CANDIDO, 2003: 145-149)
Essa canção que compõe o quinto disco da dupla Quintino e Quirino, gravado no ano
de 1980, abre espaço para o exercício de recuperação das experiências desses sujeitos inseridos
na ruralidade. Os irmãos Miguel e João, nasceram na fazenda que pertencia aos seus pais,
10 “Outra forma do romance lírico brasileiro é a toada, canção breve, em geral de estrofe e refrão, em quadras
melancólicas e sentimental, o seu tema, não exclusivo, mas preferencial, é o amor, sobretudo na toada cabocla”.
CASCUDO, 2001: 684) 11 “Descortinar a amnésia e desvelar acontecimentos esquecidos não constitui tarefa fácil, pois exige crítica e
erudição, e escapar da memória consagrada por um grupo implica alguma forma de distanciamento crítico perante
os fatos que a compõem. Para contrapô-la, não basta, portanto, afirmar que as construções da memória são
mentiras, até porque elas não são. Se dissermos que a memória retira do passado alguns fatos e os escolhe para
responder às demandas do presente, isso significa afirmar que elas não são meras fantasias, mas sim lembranças
especiais, comemoradas como tal e que guardam um elo, ainda que linear – como já sabemos – com um passado
idealizado.” (CARDOSO; VAINFAS, 2012: 29) 12 Entenda-se o termo Palhoça como habitação rústica coberta de palha ou bambu que varia de formato e técnica
construtiva conforme a região.
6
localizada na Brasitânia (Distrito de Fernandópolis que está localizado há uma distância de
aproximadamente 19 quilômetros), onde vivem até hoje alternando-se entre as atividades rurais
e as apresentações musicais.
Os idos de 1960 marcaram o início da trajetória dessa dupla, no Distrito da Brasitânia
e na cidade de Fernandópolis, onde realizavam as suas apresentações em circos e desafios de
violeiros, além da participação, desde muito jovens nas Folias de Reis que tiveram um papel
preponderante na carreira da dupla, haja vista, sua discografia. A relação da dupla com as Folias
de Reis remetem a traços de uma tradição familiar, como mencionado por Quintino, buscando
a confirmação dessa memória, no final, com Quirino, seu irmão e parceiro de dupla:
[...] aí depois de, de mais rapaizinho, então passava as folias de reis, né, na nossa
casa, e... o papai e minha mãe também muito devoto, então nóis ficou, aprendeu a
gosta da folia de reis também, e foi aonde... a hora que eles passava, que saía, nóis
acompanhava também. Aí noís começou no cavaquinho também, né Quirino?13
Em 1963, com nome de “Irmãos Ferreira”, a dupla conquistou o primeiro lugar em um
festival de violeiros organizado pela extinta Rádio Cultura AM de Fernandópolis, a premiação
consistia na gravação de um disco 78 Rotações que foi gravado no ano seguinte pelo Estúdio 7,
na cidade de São Paulo, contendo o registro de duas canções, no Lado “A”: “Pagode 15” e no
Lado “B”: “Minha Esperança”.
O reconhecimento da vitória no festival de violeiros, aliado à gravação do primeiro
disco, fez com que a dupla alcançasse outros espaços do circuito artístico na cidade de
Fernandópolis durante a década de 1960, a partir de convites para apresentações em circos e
programas de rádio. O “Ranchinho do Quintino e Quirino”, programa no qual a dupla não
somente cantava mas também apresentava, em parceria com o locutor Cid Ribeiro14, pode ser
apontado como uma evidência do carisma que a dupla conquistava na cidade de Fernandópolis
e região, levando em consideração as áreas alcançadas pelas ondas da ZYR-90, a Rádio Cultura
AM15.
13 Entrevista com a dupla Quintino e Quirino na residência do Sr. Darci Romão Liberato. Fernandópolis:
Novembro/2011. 14 Aparecido Francelino Ribeiro, foi locutor da Rádio Cultura AM de Fernandópolis entre as décadas de 1960 e
1970. Com o nome de “Cid Ribeiro” comandou diversos programas nessa rádio, entretanto, ganhou notoriedade
com o seu personagem “Nhô Cido”, atuando em esquetes cômicas no seu programa de rádio e nas temporadas dos
circos que passavam por Fernandópolis e região. 15 A ZYR-90, Rádio Cultura AM de Fernandópolis, foi inaugurada em 14 de Agosto de 1955 pelo jornalista Moacyr
Ribeiro, com uma programação diversificada. Não obstante, a música caipira foi alcançando, gradativamente,
espaço considerável na grade de programação da emissora, sobretudo, nas atrações matutinas, como relatado por
Jorge Ribeiro, filho do fundador e proprietário da extinta Rádio Cultura AM. Entrevista com o Sr. Jorge Spósito
Ribeiro, realizada nas dependências da Rádio Cultura FM. Fernandópolis: Dezembro/2017.
7
A participação de Quintino e Quirino nesse cenário musical os colocou em contato
com duplas de renome nacional na época, como Vieira e Vieirinha16, que se tornaram amigos
pessoais de Quintino e Quirino, aqueles que, segundo relato dos próprios irmãos, foram os
responsáveis diretos pela sua inserção na gravadora Continental:
[...] Aí fiquemo um tempo sem grava, ai viemo pra cá, vai pra lá, vem pra cá, Viera e
Vierinha junto com nóis, e na festa do Bernardino, encontrava no Guarani, eles veio
aqui pra casa, nóis foi pra casa deles em São Paulo...e um dia, nóis levo o repertório
pra mostra lá na Oscar Martins, que era pago, era pago. Aí o Viera encontro com
nóis lá num café, e disse: “Tá fazendo o que aqui?”, Eu falei: Nóis tamo oiando o
negócio de gravação, “E oceis já viu?”, Eu falei: Não, nóis num... nóis vai na Oscar
Martins, Ele falou: “Não, oceis não é dupla pra grava pago não...pera aí, eu vou
mostra oceis na Continental.”, Eu falei: Rapaiz, oce mata nóis do coração...aí ele
levou e mostrou na Continental, aí eles falou: “Vorta pro interior faz uma fita, faz
uma fita e traz, aí nóis fez uma fita, levemo, espero dois dia, aí... nóis passemo no
teste. Aí...assim que nóis passo no teste o Viera falou pra ele: “Ó, eu sei um negócio
aí de Santo Reis e é bão.”, falou pro gerente lá. O gerente falou: “Então vorta pro
interior grava Santo Reis e traz pra mim vê...” [...] Aí... nóis viemo, arrumei os
companheiro, nóis vei, gravemo, quatro faixa... é aquela que deu sucesso, o “Santo
Reis Em Sua Residência” e mais três. [...] O Viera e Vierinha abriu o caminho pra
nóis, Deus e Vieira e Vieirinha, eu vou te conta...Viera e Vierinha foi tudo pra nóis.”17
A compreensão da saudade da “palhoça” pode ser ampliada a partir de um conjunto de
representações que operam na oposição campo/cidade:
Em torno das comunidades existentes, historicamente bastante variadas,
cristalizaram-se e generalizaram-se atitudes emocionais poderosas. O Campo passou
a ser associado a uma forma natural de vida – de paz, inocência e virtude simples. A
cidade associou-se à ideia de centro de realizações – de saber, comunicações, luz.
Também constelaram-se poderosas associações negativas: a cidade como lugar de
barulho, mundanidade e ambição, o campo como lugar de atraso, ignorância e
limitação. (WILLIANS, 2011:11)
Pensar essa questão, a partir do contexto de Fernandópolis, sugere o alcance da
“palhoça” sob a representação da quietude, paz e tranquilidade do espaço rural outrora vivido,
marcado pelos ritmos da natureza, pela sonoridade presente no canto dos pássaros, no mugido
do gado, no ranger do movimento do carro de boi, constituindo assim: “paisagens sonoras” ,
como se pode observar na fala da Sra. Eunice Maria da Silva, frequentadora do programa de
16 Rubens Vieira Marques (Vieira) e Rubião Vieira (Vieirinha), ambos de Itajobi, no interior do estado de São
Paulo, fazem parte de uma família de violeiros conhecidos no cenário da música caipira, como os primos-irmãos
Liu e Leo e Zico e Zeca. Gravaram diversos discos pelo selo Continental/Chantecler, o primeiro da dupla, um
disco 78 Rotações, foi gravado em 1953. Recanto Caipira: Vieira e Vieirinha. Disponível em:
<https://www.recantocaipira.com.br/duplas/vieira_vieirinha/vieira_vieirinha.html>. Acesso em: Abril/2018. 17 Entrevista com a dupla Quintino e Quirino na residência do Sr. Miguel Ferreira de Souza. Fernandópolis:
Fevereiro/2018.
8
rádio “Caravana da Alegria”18, promovido pelo radialista Geraldo Ricco. Esses encontros
reúnem violeiros e apreciadores da música caipira aos domingos pela manhã no Centro de
Convivência de Idosos do Bairro Vila Regina em Fernandópolis:
[...] As música raiz, fala pra você, eu gosto quase toda, umas música que tem um
sentimento, aquelas música que fala o que a gente sente, que a gente recorda o
passado de antigamente, hoje em dia as música de hoje a gente não se lembra nada,
então as música raiz a gente se recorda tudo, tudo o que passou antigamente com a
gente, fazenda, sítio, cultura, um carro de boi andando, por “inxemplo”, a gente
quando morava no sítio, a gente tinha aquela coisa pelo sítio, a gente sentia sempre
animado, aquele chero de raiz, chero de relva que anima a gente.19
Percebe-se que essa música, chamada de “raiz” pela depoente, atua na recuperação de
suas memórias (HALBWACHS, 1990: 54), que remetem à variadas sensações desse universo
bucólico outrora vivido, em outras palavras, “acionando campainhas de memória” (MATOS;
TRUZZI, 2015: 15), ressaltando que estão conectadas àquilo que lhe é significativo desse
passado. Essa capacidade de rememorar sensações tão especiais, na concepção dela, somente a
“música raiz” pode operar.
É preciso, portanto, estar atento ao fato de que a memória se constrói na lembrança,
mas também no esquecimento. Em outras palavras, o processo de construção de
memórias implica escolhas entre os fatos do passado que, por alguma razão,
determinado grupo considera que devam ser lembrados/rememorados; e, ao fazer
escolhas, o grupo também sublima, oculta ou esquece outros fatos. Tal aspecto é de
fundamental importância para delinearmos a relação entre passado e a história do
tempo presente. (CARDOSO; VAINFAS, 2012: 27)
As memórias ancoradas na música caipira fernandopolense, música esta que se
constitui em diálogo com outros lugares de produção e outros gêneros especialmente pelo papel
da radiodifusão e do disco , alcançam de igual modo vestígios da musicalidade desses violeiros,
isso pode ser observado na forma peculiar de conexão com a viola que se apresenta como
símbolo dos laços familiares, que podem ser pensados a partir da transmissão oral desses
18 O referido programa, na ocasião da realização das entrevistas, era transmitido ao vivo pela Rádio Águas Quentes
AM de Fernandópolis. Entretanto, a assinatura do Decreto Presidencial nº 8.139, de 7 de Novembro de 2013, que
versa “sobre as condições para extinção do serviço de radiodifusão sonora em ondas médias de caráter local”,
culminou na abetura de prazo para migração das rádios AM para o FM (frequência modulada). Nesse sentido, a
transição trouxe profundas alterações nas programações dessas “novas rádios”, tanto que após a inauguração da
Rádio TEK 93,3FM, que substituiu a extinta Rádio Águas Quentes AM, o programa supracitado não foi mais
transmitido, não obstante, os encontros de violeiros ainda ocorrem, agora quinzenalmente e em outro local, no CCI
do Bairro Vila Veneto em Fernandópolis – Decreto Presidencial nº 8.139 – 7 de novembro de 2013. Disponível
em: <http://.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Decreto/D8139.htm>. Acesso em: Abril/2018. 19 Entrevista com Sra. Eunice Maria da Silva nas dependências do CCI Vila Regina. Fernandópolis:
Novembro/2011.
9
conhecimentos musicais, esses indícios podem ser analisados a partir do depoimento cedido
pelo Sr. Miguel Ferreira de Souza, o “Quintino”, da dupla Quintino e Quirino:
[...] Nóis desde de pequeno, desde criança, então a música sertaneja, a música raiz,
é aquela que naquele tempo não tinha televisão, nóis não tinha...só tinha mesmo um
rádio, aquele rádio antigo de pilha grande, então na nossa casa que nóis usava, então,
nóis, é... iniciemo, assim cantando a música sertaneja, a música raiz, mesmo (ênfase).
E...então o nosso pai, a nossa mãe, vem de uma origem... nossa mãe era catirera,
gostava de dança catira, papai também gostava de toca viola e, a gente como vinha
sem a televisão, essas coisa, então o divertimento era pega um caquinho, um violão,
a viola e toca. E nóis tinha o carro de boi, nóis tinha o carro de boi e tava assim na,
é... numa varanda assim, ou pudia se embaixo de uma árve, então nóis ia pra lá.20
As “tramas” desse cotidiano familiar pavimentam os caminhos que levam à percepção
de uma tradição musical, que se manifesta nas relações familiares desde o contato com os pais
e irmãos, estendendo-se a outros parentes e amigos, o que pode ser percebido na fala do Sr.
Darci Romão Liberato, o “Darci”, da dupla Darci e Dorimar:
[...] Bom, eu... a música entrou na minha vida eu tinha apenas uns oito anos de idade,
ainda morando na cidade de Santa Albertina-SP no sítio (pausa na fala) e, lá eu ouvia
meus parentes cantando, meus primos meu irmão cantava, é... muita música
sertaneja, inclusive, o “Zé Claudino”, uma música bastante conhecida hoje, ainda,
há cinquenta anos atrás já foi feita e até hoje ela faz um grande sucesso.21
Ainda na linha da tessitura desse cotidiano familiar, se observa no depoimento do Sr.
José Luiz Liberato Inocêncio, o “Dorimar” da dupla Darci e Dorimar, nos seus primeiros
contatos com a viola, que pertencia ao seu tio José Arlindo, revelando a relação com
instrumento desde sua tenra idade:
[...] E... eu comecei a toca, quando eu tinha quatro ano, eu robava a viola do meu tio,
ele ia trabalha e eu saia quietinho, eu morava com a minha vó, saia quietinho pegava
a viola e ficava tocano mais, daí um dia, ela pego eu no fraga né, e falo: “puta que
la merda, se o Zé Arlindo vê cê toca isso aí cê vai vê, quebra a viola dele...”Quando
chego de tarde... eu cheguei da escola com medo, porque ele batia né (risos). Cheguei,
daí minha vó falou: “Zé Arlindo, ó, o Zézim tá tocano melhor que você cara.” Eu
pensei que ele ia acha ruim e eu ia corre pro mato né... (risos), ele falou: “Eu quero
vê ele toca.” Ele pegou a viola e... “Tó, toma, eu quero vê ocê toca.” Peguei a viola
toquei, cantei... ele falou: “Pode continua, pode continua”. Eu tinha quatro anos,
quatro anos de idade cara.22
20 Entrevista com a dupla Quintino e Quirino na residência do Sr. Darci Romão Liberato. Fernandópolis:
Novembro/2011. 21 Entrevista com o Sr. Darci Romão Liberato, realizada na sua residência. Fernandópolis: Novembro/2011. 22 Entrevista com o Sr. José Luiz Liberato Inocêncio, realizada na residência do Sr. Darci Romão Liberato.
Fernandópolis: Novembro/2011.
10
A presença da viola e dessa música que dela flui, sugerem elementos marcantes de
uma tradição musical presente na cidade de Fernandópolis, levando a uma dimensão,
representada pela música, de “fio condutor” (VILELA, 2015: 59) das múltiplas relações
operadas na constituição desses laços de sociabilidade, o que pode ser pensado a partir do
depoimento da Sra. Eunice:
[...] Então, eu falo pra voceis o seguinte, a música raiz é uma coisa...é uma cultura
que não pode acabar nunca. E a gente permanece aqui porque a gente ama isso aqui,
aqui é um lugar de amigos, aqui é um lugar que a gente sente apoiado, e aonde tem
um amigo, e esse amigo dá um grande apoio pra gente que é o Gerardo Ricco, e a
gente pede o apoio dos prefeito, da turma ali de cima (referência às lideranças
políticas).23
A fala da Sra. Eunice, levanta aspectos do poder aglutinador dessa música que se
manifesta em diversos tempos e espaços na cidade de Fernandópolis, articulada no seio da
relação entre os compositores e seus apreciadores, em conexão com suas memórias.
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