cabaré

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  • 7/23/2019 cabar

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    Eis que o bordel decadente me consome a almaA luz vermelha que ilumina o palco, to friaAntecipa o circo dos horrores de todo diaEu poderia danar nesse palco, como um artista qualquerSe eu no fosse to avesso aos holofotes infamesAh, essas bestas famintas, sedentas pelo ridculo e burlescoRatos nojentos e grotescos saem dos bueiros e aplaudemCom a fora que enoja e encanta o artistaVenham, venham, divirtam, entretenham!Vs aquela danarina de vestido roto e seios cados mostra?Vs aquele pervertido, no canto do salo, escondendo a ereo?Vs aquele pianista bbado, tocando a sinfonia dissonante e sem vida?Vs as coristas danando sem compasso e sem sexualidade, como animais?Vs os ratos urrando e roendo as mesas, como bichos e vermes no cio?Vs o rano de mofo e vmito em poas espalhadas pelo assoalho de madeira?Vs as divas decadentes brigando para ver quem entra primeiro no palco?Vs o sangue das unhas e lbios ou o tumulto que sempre movimenta a estrebaria?As taas quebradas simbolizam o furor perdido, o licor de absinto esvai-se pelos buracos.Embebedam-se na prpria agonia e nos prprios sonhos perdidos.No toa, todas as noites, assisto, do canto mais longnquo,Esse fingimento chamado cabar.