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IX Colóquio - Perpetuidade e Retórica
Dias 20 e 21 de outubro de 2017
O presente Caderno de Resumos reúne os trabalhos que compõem o IX Colóquio - Perpetuidade
e Retórica, evento realizado anualmente pelo Grupo de Estudos Retóricos e Argumentativos, do
Programa de Estudos Pós-Graduados em Língua Portuguesa da Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo. Em torno do tema Perpetuidade e Retórica, este espaço se abre a todos interessados
na divulgação de suas pesquisas, procurando estimular discussões acerca dos estudos em Retórica
e na área de Linguagens.
Além de XX sessões de comunicação oral, com a participação de graduados, mestres e doutores
de diversas áreas, esta edição contou com a presença do Prof. Dr. Luiz Antonio Ferreira como
coordenador geral do evento. No dia 20 de outubro, o Prof. Dr. Juscelino Pernambuco abordou o
tema “Romance e Retórica”, seguido da Prof.ª Dr.ª Lineide Lago Salvador Mosca, que proferiu
palestra sobre “O Caráter Milenar da Retórica e sua Atuação Multifacetária nos Dias Atuais”. No
dia 21 de outubro, a Prof.ª Dr.ª Ana Cristina Carmelino, a Prof.ª Dr.ª Vera Lúcia Rodella Abriata
e a Prof.ª Dr.ª Ana Lúcia Magalhães palestraram, respectivamente, sobre os temas “A Cólera em
O Amigo da Onça”, “Semiótica e Retórica: análise de uma charge de Angeli” e “Humor e Medo
em Relatos Selvagens”.
Que este encontro possa ser um convite para discussões futuras!
Comissão Organizadora
Programação
20 de outubro
19h00 – Credenciamento
19h30 – Abertura
Dr. Padre Sérgio Ibanor Piva Prof. Dr. Luiz Antonio Ferreira
20h00 – Mesa Redonda: Perpetuidade e Retórica
Palestra: Romance e Retórica Prof. Dr. Juscelino Pernambuco
Palestra: O Caráter Milenar da Retórica e sua Atuação Multifacetária nos Dias Atuais Prof.ª Dr.ª Lineide Lago Salvador Mosca
Moderadora: Prof.ª Dr.ª Camila Araújo Beraldo Ludovice
Programação 21 de outubro
9h00 – Mesa Redonda: Paixões sob o olhar da Retórica e da Semiótica
Palestra - A Cólera em O Amigo da Onça Prof.ª Dr.ª Ana Cristina Carmelino
Palestra - Semiótica e Retórica: análise de uma charge de Angeli
Prof.ª Dr.ª Vera Lúcia Rodella Abriata
Palestra - Humor e Medo em Relatos Selvagens
Prof.ª Dr.ª Ana Lúcia Magalhães
Moderadora: Prof.ª Dr.ª Sílvia Scola
12h00 – Almoço
13h30 - Sessões de Comunicação Oral
16h00 - Encerramento
Os textos que se seguem são transcrições dos originais enviados pelos participantes e,
portanto, são de sua inteira responsabilidade.
Sumário
O AUDITÓRIO MEDIANTE VALORES CONSERVADORES E EMERGENTES:
UMA ANÁLISE RETÓRICA .......................................................................................... 7
ORADOR OU AUDITÓRIO, QUEM É O PROTAGONISTA DA RETÓRICA? ......... 7
OS NATIVOS DIGITAIS E A RETÓRICA NO CONTEXTO ESCOLAR ................... 8
PÃO E CIRCO: ALEGORIA E IRONIA COMO MEIOS DE PERSUASÃO NA CAPA
DO DISCO “TROPICÁLIA OU PANIS ET CIRCENCIS” ............................................ 8
UMA ANTIGA LIÇÃO DE PRODUÇÃO ESCRITA: DE ARISTÓTELES AOS
MANUAIS DIDÁTICOS ................................................................................................. 9
A RETÓRICA SOFISMÁTICA DO CIÚME EM “DOM CASMURRO” ...................... 9
O DESPERTAR DAS PAIXÕES POR MEIO DE STORYTELLINGS NO TEXTO
MULTIMODAL ............................................................................................................. 10
AS RELAÇÕES DIALÓGICAS NO JOGO DE XADREZ E O ATO RESPONSIVO
EM UMA CENA DO FILME RAINHA DE KATWE, DE MIRA NAIR .................... 10
RETÓRICA VERSUS METAFÍSICA: NO LUGAR DO SER, O SIGNO. .................. 11
CÍCERO: O ORADOR ROMANO ................................................................................ 11
A CONSTRUÇÃO DIALÓGICA DA RESPOSTA AOS GREGOS NO DISCURSO
DE PAULO DE TARSO EM ATENAS NO LIVRO ATOS 17 DA BÍBLIA ............... 12
O DESPERTAR DAS PAIXÕES NO AUDITÓRIO ECLÉTICO DO EVANGELHO
DE MARCOS ................................................................................................................. 12
AS PAIXÕES NO DISCURSO SOBE REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL ....... 13
A MEMÓRIA NOS ATOS DO ORADOR .................................................................... 13
O ENCONTRO: AS RELAÇÕES DIALÓGICAS NOS DISCURSOS DE JOANA E
MARIE-ANGE, PERSONAGENS DE DOIS RIOS, DE TATIANA SALEM LEVY . 14
SOBRE RISOS E RETÓRICAS: ANTIGUIDADE E CONTINUIDADE.................... 15
MEMÓRIA, ELEMENTO DE CONSTITUIÇÃO DA INTERTEXTUALIDADE,
PRESENTE EM TRÊS VERSÕES DO CONTO DE FADAS CIDERELA ................. 15
A BUSCA DE SENTIDO NA AUSÊNCIA DE LINGUAGEM: LITERATURA,
RETÓRICA E PERPETUIDADE .................................................................................. 16
A ORATÓRIA NO BRASIL DO SÉCULO XIX .......................................................... 16
AVALIAÇÃO E RETÓRICA: UMA ANÁLISE DA RPOPOSTA DE REDAÇÃO DO
ENEM ............................................................................................................................. 17
A CATILINÁRIA DE MONTEIRO LOBATO: UMA ANÁLISE RETÓRICA DO
ARTIGO “PARANÓIA E MISTIFICAÇÃO” ............................................................... 17
LIBERDADE, AUTONOMIA E ATUAÇÃO: .............................................................. 18
A CONSTITUIÇÃO DO ETHOS FEMININO NA PROPAGANDA DA DÉCADA DE
1920. ............................................................................................................................... 18
PAIXÕES DESPERTADAS PELO EX-PRESIDENTE LULA NO
INTERROGATÓRIO PENAL ....................................................................................... 18
O GÊNERO DISCURSIVO NORMATIVO NO NOVO MARCO REGULATÓRIO
SOBRE OFERTA DE CURSOS A DISTÂNCIA ......................................................... 19
ANÁLISE DE UM TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC) DO CURSO
DA GRADUAÇÃO DE MEDICINA NA PERSPECTIVA DA LINGUÍSTICA DO
TEXTO ........................................................................................................................... 19
O DESIGN COMO FERRAMENTA NA CONSTRUÇÃO ÉTICA DO
PERSONAGEM CARL FREDRICKSEN NA ANIMAÇÃO UP – ALTAS
AVENTURAS ................................................................................................................ 20
USO DAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS DIGITAIS NA EDUCAÇÃO E
FORMAÇÃO DOCENTE NA VISÃO DE MIKHAIL BAKHTIN .............................. 20
O PROVÉRBIO COMO ESTRATÉGIA RETÓRICA: UMA ANÁLISE
COMPARATIVA ENTRE O PORTUGUÊS E O INGLÊS .......................................... 21
A TRILHA SONORA COMO CATALISADORA DE SENTIDOS NO TEXTO
MULTIMODAL ............................................................................................................. 21
AULAS DE REDAÇÃO NO ENSINO MÉDIO MEDIADAS POR TABLET:
AMPLIAÇÃO DE REPERTÓRIO, ARGUMENTAÇÃO E AUTORIA ...................... 22
TERCEIRO SETOR A LEI 13.019/14 ........................................................................... 22
O AUDITÓRIO MEDIANTE VALORES CONSERVADORES E EMERGENTES: UMA
ANÁLISE RETÓRICA
Alan Ribeiro Radi (Unifran)
A retórica foi definida por Aristóteles como a ciência que se ocupa de averiguar o que, em cada
caso, é mais efetivo quando se tem a finalidade de persuadir. O auditório é a instância que avalia
e julga a capacidade persuasiva exercida pelo orador que se posiciona e defende um ponto de vista
acerca de algum assunto polêmico. Os discursos/textos (logos) carregam marcas daqueles que
foram os valores, as crenças, os ideais de determinado povo no decorrer da história. Os valores
de outrora, em contraposição àqueles que emergem atualmente, disputam por reger o
comportamento dos homens. Um dos assuntos mais debatidos hoje em nossa sociedade é a
homoafetividade; esse tema divide opiniões e gera enunciados cerceados pelas ciências
sociológicas, biológicas e, também, pela religião. Alguns desses enunciados manifestam um
esteriótipo do que seja ‘ser homem’, em contraposição ao ‘ser gay’. Assim, esperamos poder
entender de que maneira a tentativa de perpetuação de valores e ideais conservadores suscita
respostas nos diferentes auditórios. Metodologicamente pensando, este trabalho tem suas bases
firmadas pelos conceitos advindos da Retórica de Aristóteles e da Nova Retórica de Perelman e
Olbrechts-Tyteca, assim como dos demais autores que dialogam com essas obras. Esses
conceitos, aplicados a um corpus composto por uma propaganda do desodorante Old Spice e
outros dois textos de blogs como resposta à propaganda, nos ajudarão a evidenciar que as marcas
históricas do que seja ‘ser homem’ e ‘ser gay’, carregadas textual e discursivamente, fazem com
que respostas, contra ou a favor, emerjam em nossa sociedade.
Apoio: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) - Processo
2016/17438-7 - CAPES
ORADOR OU AUDITÓRIO, QUEM É O PROTAGONISTA DA RETÓRICA?
Cláudia Abuchaim (PUC/SP)
A arte retórica durante alguns séculos foi uma atividade exercida apenas por homens públicos,
religiosos e tribunos. Configura-se na contemporaneidade como atividade exercida por vários
profissionais em reuniões de trabalho, defesa de ideias, projetos, relatórios, congressos. A
dificuldade de ensinar “o bem falar” alimenta o mercado de livros sobre retórica. Os ensinamentos
de Aristóteles em sua “Arte Retórica” sobrevivem no século XXI e auxiliam oradores para a
melhora de suas performances diante de um auditório cada vez mais heterogêneo. Investigou-se
no presente estudo quem é o protagonista da retórica e quais as artimanhas utilizadas pelo orador
para buscar no auditório a adesão necessária para o êxito da persuasão. O orador, simbolizado
pelo ethos, tem credibilidade assentada no seu caráter, na confiança que lhe outorgam e, para
mover o auditório, simbolizado pelo pathos, precisa comovê-lo e seduzi-lo. Para a realização
desse propósito, constituíram a base analítica os estudos de Aristóteles (2005) e Perelman e
Olbrechts-Tyteca (1999), que orientaram as pesquisas de Tringali (1988), Meyer (2007) e Ferreira
(2010). Ao término da investigação concluiu-se que o auditório é um elemento essencial na
atividade retórica, sem este o discurso retórico não se constitui. Cabe ao auditório o protagonismo
dessa interação orador-auditório, pois, conforme explicam Perelman e Olbrechts-Tyteca (1999),
o orador tem que se adaptar continuamente ao auditório, que determinará a qualidade da
argumentação e o comportamento do orador.
OS NATIVOS DIGITAIS E A RETÓRICA NO CONTEXTO ESCOLAR
Claudia Rodrigues da Silva Nascimento (PUC-SP)
Cláudia Abuchaim (PUC/SP)
Formar leitores é o objetivo prioritário da educação básica, a leitura sempre foi uma habilidade
imprescindível, capaz de fundamentar qualquer disciplina e auxiliar no desenvolvimento das
capacidades, das competências e das estratégias que comporão o dia a dia dos alunos. Assim, a
leitura hoje vai além das páginas do livro, perpassam a cartazes, jornais, folhetos, gibis, filmes,
vídeo-games, ipads, obras de arte. Com o incremento das inovações no campo da tecnologia e sua
inevitável introdução no ambiente escolar se faz necessário uma profunda reflexão a respeito, um
estudo objetivando investigar a relação dos atuais nativos digitais com a leitura e de como a
retórica poderia ser usada como ferramenta para persuadir esse tipo de aluno quanto à sua
importância. Destacam-se no discurso retórico três elementos: ethos, pathos e logos. Ethos e
pathos correspondem, inicialmente, à relação entre intenção do orador ao elaborar o discurso e à
aceitação do exposto por seu público-alvo, enquanto logos diz respeito ao contexto em que o ethos
está inserido: o próprio discurso, o lugar da argumentação. As artimanhas retóricas de sedução do
professor (ethos) deve levar em conta as habilidades dos alunos (pathos), pois, estes dominam
todas as tecnologias, captam muitas informações, conseguem manusear várias mídias
simultaneamente. Ao conhecer o auditório e identificar suas idiossincracias o orador conseguirá
persuadi-lo. Para cumprir o propósito apresentaremos o conceito de nativos digitais e o uso das
tecnologias tendo como referencial os estudos de PRENSKY (2001), PALFREY; GASSER
(2011), no âmbito da retórica FERREIRA (2010), LIMA (2001).
PÃO E CIRCO: ALEGORIA E IRONIA COMO MEIOS DE PERSUASÃO NA CAPA DO
DISCO “TROPICÁLIA OU PANIS ET CIRCENCIS”
Delzio Marques Soares (UNIFRAN)
O disco de vinil de 12 polegadas (LP) foi a principal mídia da indústria da música no século XX.
Nesse contexto, a capa que embalava e acondicionava o disco, exercia uma função de display nas
vitrines das lojas. Articulando elementos persuasivos por meio do projeto gráfico, as capas
promoviam o produto e colaboravam na compreensão e na adesão a uma nova proposta musical.
Este estudo se propõe analisar a parte frontal da capa do LP “Tropicália ou Panis et Circencis”,
lançado em 1968. De autoria coletiva, é considerado o disco manifesto do movimento Tropicália,
por sintetizar em suas canções uma proposta de música universal, como resultado da fusão das
diversas manifestações da música brasileira com elementos do rock e da música experimental que
se produzia no exterior. Assim como as canções, o projeto gráfico da capa desse LP se apresenta
como uma alegoria, viés conceitual e argumentativo pelo qual os artistas tropicalistas queriam
enxergar e fazer ver a cultura brasileira, expondo ironicamente as suas contradições. Tendo como
referencial teórico os estudos de Barthes acerca da retórica da imagem, bem como a Retórica das
Paixões de Aristóteles, analisaremos o corpus como texto sincrético e buscaremos compreender
como as figuras de retórica, conforme Fiorin, foram empregadas no seu projeto gráfico, a fim de
refletir visualmente a proposta do movimento Tropicália e despertar paixões no auditório-ouvinte
dos anos 1960. Este estudo se justifica pelo pouco que ainda se tem dedicado à linguagem visual
no âmbito dos estudos linguísticos, sobretudo em suas possibilidades persuasivas.
UMA ANTIGA LIÇÃO DE PRODUÇÃO ESCRITA: DE ARISTÓTELES AOS MANUAIS
DIDÁTICOS
Elioenai dos Santos Piovezan, PUC-SP
Roberta Maria de Souza Piovezan, PUC-SP
Com a contribuição da Linguística e suas vertentes, o texto e o discurso foram alçados a objetos
científicos e atualmente são indissociáveis de qualquer análise que envolva linguagem,
pensamento e sociedade. Da palavra ao texto, da decodificação à produção de sentidos, da leitura
silenciosa à interação social, dos gêneros poéticos aos gêneros textuais, o texto e o discurso são
inerentes às situações de comunicação e seu estudo compõe o currículo dos sistemas de ensino de
vários países. No entanto, em que pesem as teorias de linguagem, principalmente as do tratamento
do texto, há contribuições tão antigas e válidas que devemos revisitar a fim de verificar sua
pertinência nos dias de hoje. Dessa forma, o objetivo desta Comunicação é expor e analisar os
cuidados com a produção de um texto em prosa apresentados por Aristóteles no Livro III, da
Retórica (2013), e compará-los com as propostas de produção escrita constantes tanto em
materiais oficiais de ensino quanto em livros didáticos. A importância deste estudo se dá pela
necessidade de uma reflexão acerca dos ensinamentos do Estagirita, datados de quase 2.400 anos,
uma vez que na atualidade existe grande preocupação com a escrita correta e com a produção de
discursos eficazes. Assim, à luz da retórica antiga e de contribuições de pesquisadores de retórica,
como Ferreira (2010), Mosca (2004) e Reboul (2004), e da contribuição sociointeracionista de
Bakhtin (1997), realizamos análise comparativa de propostas de produção escrita de um livro
didático (catalogado no PNLD), do Caderno do Aluno (volume 1), do Caderno do Professor
(volume 1) e do Currículo Oficial de Língua Portuguesa da 3ª série do Ensino Médio da rede
estadual paulista. Deveremos concluir que as orientações oferecidas por Aristóteles (2013), na
Retórica, não são somente pertinentes, mas também sustentam parte considerável do ensino de
produção escrita ainda hoje.
A RETÓRICA SOFISMÁTICA DO CIÚME EM “DOM CASMURRO”
Dr. Agnaldo Martino – PUC-SP
Me. Emerson Salino – PUC-SP
De acordo com Aristóteles, as paixões movem o homem, tornando-o aquilo que é: a cólera, a
calma, o amor e o ódio, o temor e a confiança, a vergonha e a imprudência, o favor, a compaixão,
a indignação, a inveja, a emulação e o desprezo. Chauí (1998), Descartes (2005) Greimas e
Fontanille (1988) e Nunes (2007) definem o ciúme como resultado das paixões enumeradas por
Aristóteles, ou de uma junção delas. Para eles, o ciúme advém da cólera, ou do amor e do ódio,
ou da indignação, ou da inveja, ou da emulação e do desprezo, por exemplo. Machado de Assis,
estabelecendo as características psicológicas do personagem Bentinho, no romance “Dom
Casmurro”, utiliza-se das paixões aristotélicas para amparar as atitudes desse em relação a sua
amada Capitu – o ciúme, especificamente. Bentinho cria uma argumentação sofismática, a fim de
justificar o ciúme que sente, mas não o aceita. Para isso, apresenta-nos – uma vez que a obra é
escrita, por Machado de Assis, em primeira pessoa – a sua visão única acerca dos acontecimentos
que o levam ao ciúme descabido. O ciúme de Bentinho por sua amada é desencadeado no
momento em que o personagem José Dias, agregado da família, incute nele algumas ideias sobre
Capitu, da mesma maneira que no drama shakespeareano “Othelo”, Iago incute no personagem
principal a dúvida sobre o amor de Desdêmona. A pesquisa buscará mostrar que toda
argumentação utilizada pelo personagem Bentinho tem a ver com a Retórica das Paixões e a
Argumentação aristotélica.
O DESPERTAR DAS PAIXÕES POR MEIO DE STORYTELLINGS NO TEXTO
MULTIMODAL
Giovanni Aurélio de Brito (UNIFRAN)
Cada vez mais, histórias são utilizadas com vistas a reforçar uma ideia, vender um produto ou
consagrar uma marca. Isso se dá por meio dos recursos de presença utilizados para angariar a
adesão do auditório em diferentes textos e pela capacidade do orador em despertar paixões pelo
intermédio dessa importante estratégia retórica. No storytelling, a comunhão gerada entre orador
e auditório torna certos elementos presentes na consciência dos ouvintes, isto é, presentifica-os
em sua memória. Considerando a multiplicidade de sentidos produzidos por um texto multimodal,
ressaltamos a necessidade de uma aproximação entre a teoria retórica e os recursos midiáticos
nele presentes. Dessa forma, com esta pesquisa, objetivamos entender quais recursos multimídia
corroboram para o despertar das paixões fazendo com que as histórias de fato funcionem como
argumento a favor da tese defendida no contexto em que foram contadas. Para isso, nos
serviremos dos principais autores de base aristotélica, como Perelman & Olbrechts-Tyteca
(2005), Abreu (2008), Fiorin (2016) e o próprio Aristóteles (2015). Como objeto de análise,
selecionaremos um corpus composto por seis vídeos que usam histórias como estratégia retórica
e que, por meio delas, buscam despertar paixões no auditório com vistas a sua adesão. Em termos
metodológicos, procederemos a uma análise, de cunho qualitativo e comparativo, por meio da
qual acreditamos, ao final, poder compreender os processos que melhor atuam no despertar das
paixões no auditório e a sua consequente adesão.
AS RELAÇÕES DIALÓGICAS NO JOGO DE XADREZ E O ATO RESPONSIVO EM UMA
CENA DO FILME RAINHA DE KATWE, DE MIRA NAIR
Greice Aparecida Cabral Miranda (Mestrado em Linguística – UNIFRAN)
Coautora: Profa. Dra. Camila de Araújo Beraldo Ludovice
Xadrez é um jogo de estratégia e tática no qual jogadores se confrontam entre dois reinos,
movendo trinta e duas peças em um tabuleiro de sessenta e quatro casas, alternadas em cores
claras e escuras. Há muitas lendas sobre sua origem e atualmente é designado por Xadrez
Internacional que surgiu na Europa no século XV, enxadrista é a designação de um jogador e a
forma tradicional de jogar uma partida é presencial, isto é, dois jogadores presentes fisicamente.
Esta pesquisa é constituída pelos enunciados do corpus e a consequente partida de xadrez em uma
cena do filme Rainha de Katwe, de Mira Nair (2016), que conta a história de Phiona Mutesi, uma
garota ugandense, moradora da favela de Katwe, que teve seu destino radicalmente alterado
quando descobriu, através do xadrez, um propósito de vida. O objetivo desta pesquisa é analisar
a compreensão responsiva ativa estabelecida nos estudos do filósofo Mikhail Bakhtin, que coloca
o sujeito numa posição discursiva em que é capaz de concordar, discordar, completar e aplicar os
elementos linguísticos mobilizando experiências históricas e sociais ativados para emitir uma
resposta a determinada jogada (diálogo). Como arcabouço teórico, além das reflexões
bakhtinianas, estudos enxadrísticos abordados e estudados há vários anos serão também
apreciados. O conceito bakhtiniano de dialogismo está ligado ao da compreensão ativa
responsiva, nessa perspectiva, o diálogo nunca precisa ser pensado na concretude, se estabelece
entre vozes, podendo se concretizar ou não, mas independente dessa concretização causa no outro
uma atitude responsiva. Dessa forma, espera-se por meio do xadrez, verificar um diálogo de
perguntas e respostas silenciosas, da palavra que está sempre direcionada a alguém,
dialogicamente orientada ao exterior, ao outro; da palavra que quer ser ouvida e entendida,
sobretudo respondida.
RETÓRICA VERSUS METAFÍSICA: NO LUGAR DO SER, O SIGNO.
Jairo da Luz Silva (UFMT)
A retórica, ao longo da história, foi reduzida apenas a técnicas de persuasão, inclusive, pelos
próprios retóricos. A sua dimensão filosófica foi estrategicamente negligenciada para que a
metafísica se impusesse ao mundo Ocidental. O objetivo da comunicação é apresentar a retórica
como uma filosofia que se opõem ao pensamento ontológico (metafísica). Nessa perspectiva, a
linguagem é a “matéria-prima” da retórica. Assim, segundo Helena Martins, devemos estar
preparados para pensar que a linguagem não diz o que o real é, mas em certa medida faz ser o que
diz. Utilizou-se o suporte teórico proposto pelo filósofo brasileiro João Maurício Adeodato que
postula três principais teses de base, a saber: 1ª) retórica é filosofia, opõe-se a um tipo de filosofia,
a filosofia ontológica; 2ª) a retórica não se reduz a mero ornamento, enfeite do discurso. Retórica
é em qualquer sentido uma forma de ação, sem dúvida, uma das mais civilizadas delas e 3ª)
retórica não consiste apenas em persuasão, no estudo e aplicação de meios para persuadir, vai
além disso. Esta tese, mais ainda do que a primeira, contradiz a maioria dos próprios retóricos.
Nessa perspectiva, a retórica explicaria as mudanças e transformações do universo e refutaria as
filosofias essencialistas que se fundamentam na verdade ou na permanência ou perpetuidade do
ser. Com a crise da metafísica, no lugar do “ser”, colocou-se o “signo”! A pesquisa revela uma
visão incomum da retórica que possibilita uma compreensão da dinâmica da cultura
contemporânea e da dissolução das “verdades” que, por séculos, alimentam a “natureza” atávica
do ser humano por segurança.
CÍCERO: O ORADOR ROMANO
Joelma Batista Dos Santos Ribeiro
Marco Túlio Cícero foi o grande orador que viveu em meio às conspirações e às controvérsias da
política da República romana. Nesse contexto, produziu um legado que tem perpassado a História
da humanidade. Prova disso são seus escritos que influenciaram estudiosos da igreja cristã,
pensadores da Idade Média e colaboraram para o surgimento do Renascimento. Muitos dos seus
livros foram adotados nos currículos e, durante muito tempo, seus textos foram sinônimos do
latim clássico. No entanto, a principal marca do brilhante orador romano foi sua eloquência, que
apesar de pomposa para concepções atuais, era adequada a seu tempo e às exigências de sua
época. A biografia de Cícero está profundamente relacionada com suas obras, inclusive as
relacionadas à eloquência. Dessa forma, realizaremos, na comunicação, um breve resgate de sua
vida, observaremos a riqueza de sua formação e, principalmente, o quanto o uso da sua grandiosa
eloquência foi decisivo durante toda a sua vida política. Finalizaremos com uma breve análise de
trechos da obra "De Oratore", na qual Cícero traça o perfil do orador perfeito.
A CONSTRUÇÃO DIALÓGICA DA RESPOSTA AOS GREGOS NO DISCURSO DE
PAULO DE TARSO EM ATENAS NO LIVRO ATOS 17 DA BÍBLIA
José Pessoni Filho (UNIFRAN)
A religião está ligada às práticas sociais quando se pretende entender questões relativas à alma e
ao inexplicável. Esta compreensão é aceita aos que se consideram crentes, entretanto, para os que
não acreditam nesta forma de existirmos e experimentamos o mundo, convencer-se disso torna-
se um desafio. Na Bíblia, o episódio relatado nos Atos dos Apóstolos, capítulo 17 narra o
momento em que Paulo de Tarso profere seu discurso religioso, tentando convencer os gregos de
que a religião é guiada por um único Deus. Neste contexto, o objetivo desta apresentação é, pelo
olhar dos estudos linguísticos de perspectiva bakhtiniana e, portanto, baseada no dialogismo como
constituidor de discursos, analisar as formas de convencimento utilizadas quando se enuncia aos
gregos. Para tal, parte-se da identificação da resposta construída por Paulo de Tarso quando
enuncia seu discurso. Como resultados, percebe-se que a narração em terceira pessoa permite
mobilizar dois lugares de crença apontados no discurso de Paulo, um material (templos feitos por
mãos humanas compostos por deuses servidos por homens que oferecem ouro, prata e pedra
lavrada) e outro via compreensão da relação homem/natureza espiritual, atribuindo a Deus a
criação do céu e da terra, vida, respiração, invenção do gênero humano, do movimento e do ser.
Em termos dialógicos, a resposta aos gregos mobilizada no discurso de Paulo se direciona
justamente a questões filosóficas que eram discutidas pelos filósofos gregos no exercício da
filosofia (homem, natureza e existência), ressaltando também que o discurso é proferido em
Atenas, berço da filosofia.
O DESPERTAR DAS PAIXÕES NO AUDITÓRIO ECLÉTICO DO EVANGELHO DE
MARCOS
José Roberto de Souza Junior (UNIFRAN)
A retórica sempre esteve presente desde que o homem adquiriu a competência linguística
comunicativa, o que lhe rendeu mérito tanto na sociedade antiga quanto na contemporânea. Neste
trabalho, nossos olhos se voltarão para o início da era cristã, quando os primeiros evangelistas
buscaram registrar as impressões e o impacto deixados pela figura messiânica de Jesus naquele
momento histórico. Dentre os quatro evangelhos disponíveis no Novo Testamento, atribuídos a
Marcos, Mateus, Lucas e João, selecionamos, como fonte do corpus deste trabalho, o primeiro
deles. Essa seleção se baseou no fato de que, segundo a escola de crítica bíblica moderna, há
evidências de que os escritos de Marcos constituíram o primeiro dos evangelhos canônicos e
serviram de fonte para Mateus e Lucas. Com base neste objeto de estudo, faremos uma incursão
retórica nos ensinamentos atribuídos à figura histórica de Jesus Cristo com vistas a detectar as
paixões despertadas por seu discurso nos distintos auditórios daquela época (seus próprios
seguidores, os herodianos, os fariseus). Assim, tomaremos como ponto de partida, as estratégias
argumentativas descritas no relato histórico que despertaram o interesse de um público eclético
de costumes e atingiram desde os fariseus até o alto escalão da esfera política. Com a utilização
do método indutivo e com o arcabouço teórico fundado nos estudos de Aristóteles, Perelman e
Olbrechts-Tyteca, Meyer, Ferreira e Figueiredo, esperamos, por meio desta pesquisa, ampliar o
entendimento acerca da tenacidade retórica exposta no texto bíblico (mormente no capítulo 12 do
evangelho de Marcos), bem como dos valores vigentes no auditório daquele tempo.
AS PAIXÕES NO DISCURSO SOBE REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL
Larissa Pereira Araújo
Acir De Matos Gomes
Com fundamento na Retórica Aristotélica pretendemos apresentar o móvel das paixões no
discurso da redução da maioridade penal. No Estatuto da Criança e do Adolescente utiliza-se
apenas o critério biológico para definição do que é criança e adolescente. Criança até doze anos
de idade e adolescente dos doze aos dezoito anos. Pelo referido Estatuto, criança e adolescente
não cometem crime. A criança está sujeita apenas à medidas protetivas e o adolescente às medidas
socioeducativas por cometer infração penal. O adolescente não responde processo criminal, mas
apenas procedimento administrativo. Em razão disso, há na atualidade um discurso (PEC’s) no
qual se busca reduzir a maioridade penal para que adolescentes sejam processados e julgados
criminalmente de acordo com o Código Penal. Esse discurso, embora se apresente como
meramente jurídico, na verdade, entendemos que ele está carregado de paixão, dentre elas amor,
ódio, temor e segurança. Sabemos que a paixão, além da função intelectual, também cria imagens
mentais que são capazes de modificar o espírito de quem julga. Para Aristóteles um crime deve
despertar indignação enquanto que o delito menor, aqui considerado por nós como “infração” é
perdoável e deve ser julgado com compaixão. A compaixão é “silenciada” no discurso jurídico
que se apresenta como uma ciência que aborda os aspectos positivos e negativos dos argumentos
favoráveis ou não à redução da maioridade penal. Reduzir a maioridade penal é solução,
demagogia ou falácia?
A MEMÓRIA NOS ATOS DO ORADOR Leonardo Tavares
Márcia Pituba
Ricardo Ugeda Mesquita
O exercício do orador consiste, dentro de uma perspectiva aristotélica, em encontrar os meios
mais adequados ao tratamento de qualquer tema, com o objetivo de persuadir. Nesse percurso, há
muitos passos a serem dados rumo ao convencimento. Há, também, ferramentas a serem
utilizadas, estratégias a serem minuciosamente pensadas. É nesse contexto que se apresenta a
Memória. Não a memória tomada em sentido amplo, vulgar, mas uma Memória que é Arte, que
tem vida própria e dialoga de forma estreita com a Retórica. O orador precisa lançar mão de
variados recursos a fim de discorrer adequadamente sobre as coisas que necessita comunicar, para
persuadir.
Letícia Katlheen De Souza Gonçalves
Fernando Aparecido Ferreira
A presente pesquisa propõe uma análise dos cartazes de cinema pelo viés teórico da
Argumentação e Retórica e da Linguística Textual. Os cartazes cinematográficos são textos
verbo-visuais destinados a divulgar os filmes na entrada das salas de cinema (quando impressos)
e nas redes sociais (quando em seu formato digital). Elaborados por profissionais da comunicação,
do marketing e do design, visando despertar o interesse dos espectadores, os cartazes de cinema
são textos seguramente destinados à persuasão. Nesse sentido, propomos aqui uma investigação
dos recursos argumentativos empregados nesse gênero textual. Como corpus, selecionamos dez
cartazes feitos para divulgar filmes norte-americanos variados, com diferentes propósitos, mas
que figuraram entre as maiores bilheterias no ano de 2016. Esses são: "Capitão America: Guerra
Civil", "Rogue One: Uma História Star Wars", "Procurando Dory", "Zootopia", "Mogli: O
Menino Lobo", "Pets: A Vida Secreta dos Bichos", "Batman vs Superman: A Origem da Justiça",
"Animais Fantásticos e Onde Habitam", "Deadpool" e "Esquadrão Suicida". Tendo como alicerce
o referencial teórico da Argumentação e Retórica e da Linguística Textual, esta pesquisa evocará
os estudos de Aristóteles (2000), Perelman & Olbrechts-Tyteca (2005), Meyer (2007), Reboul
(2004) e Ferreira (2010), bem como os estudos de Marcuschi, Koch e Cavalcante. No que se
refere ao estudo da imagem, utilizaremos os estudos de Barthes (1984). Numa análise inicial,
percebe-se nesses cartazes que a argumentação se estabelece principalmente nas construções
éticas e em incitações patéticas, mais do que em raciocínios lógicos.
O ENCONTRO: AS RELAÇÕES DIALÓGICAS NOS DISCURSOS DE JOANA E MARIE-
ANGE, PERSONAGENS DE DOIS RIOS, DE TATIANA SALEM LEVY
Lia Andrade Pucci Santos (Mestrado em Linguística – UNIFRAN)
Coautora: Profa. Dra. Camila de Araújo Beraldo Ludovice
Esta análise, cuja natureza é de caráter qualitativo, é braço de uma pesquisa para a dissertação de
mestrado que tem interesse em averiguar a existência de relações dialógicas nos discursos dos
irmãos gêmeos Joana e Antônio e também da francesa Marie-Ange, personagens do romance Dois
rios, de Tatiana Salem Levy, a partir das reflexões do filósofo russo Mikhail Bakhtin. O objetivo,
portanto, é fazer um recorte espaço-temporal na obra e observar, para esta análise, as relações
dialógicas atreladas aos discursos de Joana e Marie-Ange no momento do encontro das duas
protagonistas. Para comprovar que estes discursos revelam relações entre si e manifestam, pois,
alguns posicionamentos axiológicos das personagens, aplicam-se, neste trabalho, as reflexões de
Bakhtin frente aos discursos concretos das personagens, levando-se em consideração o contexto
social em que eles se inserem e a produção de sentido manifestada linguisticamente por eles. Os
enunciados estão, também, sempre vinculados a valores, o que quer dizer que os signos
linguísticos são por si só ideológicos, fato que comprova, na concepção bakhtiniana, a
dialogicidade da interação e da comunicação dos homens. Assim, o que se busca é compreender
a relação entre esses discursos femininos e como esses sujeitos configuram seu posicionamento
axiológico mediante os valores e a postura da mulher na sociedade histórica em que viviam as
personagens.
SOBRE RISOS E RETÓRICAS: ANTIGUIDADE E CONTINUIDADE
Luana Ferraz (PUC-SP)
Nesta comunicação, pretendemos apresentar algumas das principais contribuições dos teóricos da
retórica aos estudos sobre o riso e o risível, desde a Antiguidade até os tempos atuais. Nessa
exposição, abordaremos, prioritariamente, as reflexões desenvolvidas no âmbito da retórica e da
teoria da argumentação. Contudo, antes de iniciarmos nosso percurso pelas teorias retóricas da
Antiguidade, faremos algumas considerações sobre o ponto de vista de Platão acerca do riso, já
que é do filósofo grego a primeira formulação teórica conhecida sobre o riso e o risível na
Filosofia ocidental. Em seguida, trataremos das reflexões que exerceram maior influência na
história do pensamento sobre o riso, desenvolvidas por Aristóteles. Em função de nosso interesse
nessa comunicação (fazer um levantamento das contribuições da retórica ao estudo do risível),
concentraremos nossa exposição nos trechos da Arte Poética e da Arte Retórica. Partiremos,
então, à explanação das reflexões dos tratadistas latinos: Cícero, teórico que escreve o primeiro
texto sistemático do pensamento ocidental sobre o riso e o risível, no tratado De oratore; e
Quintiliano, autor que propõe uma continuação da teoria de Cícero e dedica um capítulo inteiro
do livro VI do seu Institutio oratoria ao assunto. No âmbito das neorretóricas, trataremos da
primeira referência ao risível no Tratado da argumentação (1958/1996), de Perelman e Olbrechts-
Tyteca, e do desdobramento desse trabalho, apresentado por Olbrechts-Tyteca, em Le comique
du discours (1974), obra na qual a pesquisadora se propõe a investigar com mais detalhes o
cômico da retórica.
MEMÓRIA, ELEMENTO DE CONSTITUIÇÃO DA INTERTEXTUALIDADE, PRESENTE
EM TRÊS VERSÕES DO CONTO DE FADAS CIDERELA
Márcia Silva Pituba Freitas
Este trabalho visa a despertar algumas reflexões contemporâneas, concernentes à
intertextualidade, sendo a memória, elemento-chave para o seu reconhecimento. Usamos como
corpus três versões do conto de fadas Cinderela. Dentro da Retórica, a memória vem sendo
mencionada como arte e técnica, empregada pela primeira vez pelos latinos, quando passou a
integrar uma das etapas do discurso. Foi herdada pela Linguística Textual e passou a se fazer
presente como elemento-chave para a manifestação da intertextualidade. Desta forma, por meio
de três versões do conto fadas Cinderela, verificamos que a memória, em um nível individual,
mantém a preservação do conto por meio da identidade com o ouvinte. Já em um nível coletivo,
possibilita, por meio da tradição e dos costumes, a preservação do acervo cultural de uma
sociedade, oportunizando que novas versões surjam, mantendo, tanto por meio das semelhanças
quanto das diferenças, a presença da intertextualidade. Para que fique demonstrada a relação
memória e intertextualidade, utilizamos, por exemplo, alguns elementos mágicos que compõem
as versões utilizadas e organizamos uma tabela, em que é possível se observar tal estudo.
Utilizamos como base teórica os postulados de Robin (2016), Beaugrande (1997), Paulino, Walty
e Cury (1995) e outros. O corpus de análise é composto pela versão de Perrault (1697) cujo título
é Cinderela; a dos Irmãos Grimm (1812) é A Gata Borralheira e, por fim, a de Romero (1885) é
Maria Borralheira. O resultado alcançado com a pesquisa foi o de que, a memória é reconhecida
como elemento de preservação e manutenção da intertextualidade, que se manifesta não só pelas
semelhanças quanto também pelas diferenças, a partir do destaque de alguns elementos mágicos
que fazem parte desta narrativa.
A BUSCA DE SENTIDO NA AUSÊNCIA DE LINGUAGEM: LITERATURA, RETÓRICA E
PERPETUIDADE
Me. Maria Júlia Santos Duarte (PUC-SP)
Em uma sociedade em que somos seres retóricos, o universo da Retórica constitui-se através de
indícios e exposição de argumentos e discursos que visam persuadir. Para acontecer é necessário
a existência de três componentes a saber: um orador, um auditório e uma linguagem. Essa última
pode fazer a diferença ao se apresentar racional ou despertar as paixões no auditório. Nesse
sentido, a retórica representa influência no ato de produção e recepção de discursos. Assim, o
objetivo principal dessa comunicação é analisar a construção de sentido em fragmentos dos
discursos silenciosos de Fabiano, personagem de Vidas secas (RAMOS, 2001). O apoio teórico
fundamenta-se em: Aristóteles (s/d), Holanda (1999), Le Breton (1997), Orlandi, (1997) e
Zumthor (1993). A análise de sentidos nos espaços de silêncio num discurso literário justifica-se
em pressuposto de Orlandi (1997, p. 33). Segundo a autora, o silêncio não fala, o silêncio é. Ele
significa. Essa perspectiva teórica fomenta o que defende Le Breton (1997, p 25), é nas pausas do
discurso que se liga a elaboração da mensagem para aquele que fala e a sua recepção para quem
dialoga com ele. Espera-se que, ao analisar a construção de sentido através do silêncio na prosa
romanesca ficcional, entenda-se a divisão entre quem fala e quem ouve, entre o dizer e o dito.
Pretende-se também analisar como o mutismo permeia as relações sociais e, sobretudo, o prestígio
de certas práticas de discurso em que o silêncio pode ser entendido como mediador da desordem.
A ORATÓRIA NO BRASIL DO SÉCULO XIX
Éber José dos Santos (PUC/SP)
Mariano Magri (PUC/SP)
Tiago Ramos e Mattos (PUC/SP)
O presente trabalho possui características descritivas da oratória no século XIX e, para isso, opta
por dois enfoques, que entendemos contextualizar o leitor sobre o aprendizado e o uso social dessa
disciplina na época oitocentista. O primeiro se refere à Educação, sob o ponto de vista histórico.
Assim, é importante, ainda que breve, o retorno aos séculos anteriores para a introdução dos
métodos pedagógicos aplicados pelos Jesuítas, os quais contribuíram de forma significativa para
a presença da oratória na escola formal do século XIX. O segundo diz respeito à presença da
oratória nos eventos sociais, como nas igrejas e na vida política, pois, como a escola formal era
um bem de poucos abastados, os sermões dos padres e os discursos políticos eram os principais
atos que permitiam o contato da população com essa arte.
AVALIAÇÃO E RETÓRICA: UMA ANÁLISE DA RPOPOSTA DE REDAÇÃO DO ENEM
Nathalia Martins Melati (PUC/SP)
Esta pesquisa realizou uma análise da proposta de redação do Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem), bem como da sua concepção e dos seus fundamentos, para que compreenda de que
maneira o ensino dos componentes básicos da Retórica, em sala de aula, pode colaborar com o
trabalho do professor de Língua Portuguesa no desenvolvimento das competências avaliadas pela
prova de redação do Enem. A análise foi realizada a partir da leitura retórica das provas de redação
do Enem de 2009 até 2016 com o objetivo de traçar o perfil do orador, do auditório e do gênero
retórico exigidos pela avaliação. A partir dessa conceituação, foi proposto um exercício retórico
de produção de texto, com ênfase na invenção e disposição retóricas, a partir da prova de redação
do Enem 2016. Por fim, esta pesquisa conclui que o ensino de componentes básicos da Retórica
pode colaborar de forma produtiva para o desenvolvimento das competências exigidas pela prova
de redação do Enem. Dessa forma, a competência I é contemplada durante a elocução, uma vez
que um discurso que respeite às regras gramaticais possui mais força argumentativa. A
competência II é desenvolvida na medida em que a Retórica incentiva que o aluno busque
argumentos em todos os lugares-comuns disponíveis ao orador. A competência III está
diretamente relacionada à invenção retórica e, portanto, o exercício retórico em sala de aula
possibilita o seu desenvolvimento adequado. Da mesma forma, a competência IV é desenvolvida
a partir do exercício de disposição, uma vez que a criação do esboço do texto é fundamental para
a compreensão da importância da relação entre os argumentos. Por fim, a competência V não é
plenamente desenvolvida por meio da Retórica, porém beneficiada, já que o exercício de produção
do discurso deliberativo pressupõe uma reflexão acerca da sociedade em que o orador está
inserido.
A CATILINÁRIA DE MONTEIRO LOBATO: UMA ANÁLISE RETÓRICA DO ARTIGO
“PARANÓIA E MISTIFICAÇÃO”
Nayara Christina Herminia Dos Santos
Em 1917, a pintora Anita Malfatti expôs 53 trabalhos em uma exposição individual, intitulada
“Exposição de Arte Moderna Anita Malfatti”, na qual apresentou uma tendência expressionista
que se contrapôs ao academicismo plástico vigente no Brasil da época, sendo o estopim para o
surgimento da Arte Moderna no país. Sua nova proposta causou polêmica, alterando a maneira
como as artes plásticas eram vistas e despertando paixões tanto de ira e irritação, quanto de
devoção e apoio. Juntando-se a aos críticos irascíveis, o escritor Monteiro Lobato, possuidor de
uma visão acadêmica e tradicional sobre a arte, escreveu um artigo-síntese intitulado “Paranóia e
Mistificação”, em que toma Malfatti como “louca” e suas pinturas como “estranhas psicoses”. O
intuito deste trabalho é analisar retoricamente esse artigo, tomando-o como o resultado explícito
das paixões despertadas em um auditório que não compreendeu os padrões estéticos apresentados
por Malfatti. Este trabalho se fundamenta sobre o alicerce teórico da Retórica, com os estudos de
autores como Aristóteles (2015), Meyer (1993), Reboul (2004), Perelman e Olbrechts-Tyteca
(2005), e da Linguística Textual, com Koch (2004) e Cavalcante (2013). Conforme Aristóteles, o
pathos ou paixões pode ser entendido como a maneira como se dispõe o ouvinte ou auditório, em
relação ao discurso de um orador. Nossa análise se pautará na investigação das paixões que
Lobato demonstra por meio do seu discurso, em relação ao discurso plástico proposto por
Malfatti.
LIBERDADE, AUTONOMIA E ATUAÇÃO:
A CONSTITUIÇÃO DO ETHOS FEMININO NA PROPAGANDA DA DÉCADA DE 1920.
Noslen Nascimento Pinheiro (Doutor em Língua Portuguesa – PUC-SP)
Nas primeiras décadas do século XX, os principais centros urbanos do Brasil, como as cidades do
Rio de Janeiro e São Paulo, passavam por transformações que visavam à modernização do país.
As mudanças, pautadas na consolidação dos Estados Unidos como a mais proeminente potência
comercial e econômica do período pós-Primeira Guerra e na importação dos modismos e
costumes da França, tiveram amplo espaço e aceitação na sociedade brasileira. O conceito de
mulher de vanguarda que vigorava nesse período procurava seguir esse processo de construção
de modernidade. Esse padrão conquistou o imaginário de uma considerável parcela urbana e
possibilitou a criação de novas identidades para o gênero feminino a partir da década de 1920.
Nessa perspectiva, este trabalho propõe expor e analisar, sob o prisma da Retórica, como se deu
o curso dessa constituição ao longo da década em questão. O enfoque será dado nas
representações femininas nos anúncios publicitários veiculados em revistas semanais do referido
período. Procuraremos mostrar que o orador, representado pelas marcas anunciantes, busca se
aproximar do público feminino instigando seu caráter imaginativo e sensorial ao abordar os
desejos e necessidades das mulheres numa época considerada revolucionária. Averiguaremos,
portanto, como os ethé femininos marcados nos anúncios a partir dos anseios dessas mulheres
precursoras de liberdade e autonomia, formadoras de identidades e atuantes na sociedade serão
referências para as gerações seguintes e modelo para a constituição da mulher moderna.
PAIXÕES DESPERTADAS PELO EX-PRESIDENTE LULA NO INTERROGATÓRIO
PENAL
Priscila Antunes de Souza (UNIFRAN)
Desde a Antiguidade, a retórica vem sendo estudada. Um dos princípios básicos desta teoria prevê
que o orador saiba para quem está falando e sobre o que está falando para poder utilizar as
melhores técnicas argumentativas para persuadir o auditório. Uma das formas de o fazer é
despertar paixões no ouvinte que visa atingir. Aristóteles elenca 14 tipos de paixões: cólera,
calma, amor e ódio, temor e confiança, vergonha e impudência, favor, compaixão, indignação,
inveja, emulação e desprezo. Para que essas paixões sejam despertadas, o orador, de forma
objetiva e racional, deve usar o conhecimento que delas tem para que consiga exercer uma
mudança no estado de espírito do ouvinte. Assim, objetivamos, neste trabalho, estudar o despertar
das paixões que o ex-presidente Lula desencadeou durante o interrogatório penal em seus
possíveis auditórios: juiz, pessoas que já possuíam um pré-julgamento a favor ou contra ele e os
menos desavisados. Para isso, realizaremos uma pesquisa bibliográfica com base em alguns
estudiosos da retórica: Aristóteles, Perelman & Olbrechts-Tyteca (2005), Meyer (2007), entre
outros. Acreditamos que, por meio do estudo comparativo das obras mencionadas e do corpus em
questão (interrogatório no processo n° 5046512-94.2016.4.04.7000), somados a uma análise
qualitativa das respostas dadas pelo ex-presidente Lula ao juiz Sérgio Moro, possamos detectar
qual auditório o interrogado quis atingir por meio das paixões que visou despertar. Com a
utilização do método indutivo de pesquisa, objetivamos partir dos resultados da análise da
audiência de interrogatório para poder chegar a conclusões concernentes à retórica como um todo.
O GÊNERO DISCURSIVO NORMATIVO NO NOVO MARCO REGULATÓRIO SOBRE
OFERTA DE CURSOS A DISTÂNCIA
Priscila da Silva Oliveira Jacintho (Mestrado em Linguística – UNIFRAN)
Este trabalho tem como objetivo analisar o Decreto nº 9.057, marco regulatório do ensino educação a
distância publicado em maio deste ano, e buscar os valores que este texto apresenta como gênero
discursivo normativo, tomando como reflexão as descobertas de Mikhail Bakhtin e seu Círculo. O
corpus, escolha motivada pela instância profissional da pesquisadora, norteia a o funcionamento
pedagógico do EaD (Ensino a Distância), tendo em vista a ampliação da oferta de cursos superiores
na modalidade à distância, autonomia para criação de polos, melhora na qualidade da atuação
regulatória do MEC (Ministério da Educação) na área, com o aperfeiçoamento dos procedimentos,
desburocratização dos fluxos e redução do tempo de análise e o estoque de processos. Considerando
o corpus como um gênero normativo, isto é, um texto injuntivo com o intuito de alcançar um
determinado público, a pesquisa encontra como objetivo estudar os enunciados do texto normativo, a
situacionalidade e a informatividade que ele apresenta. A metodologia adotada para esta pesquisa será
de abordagem qualitativa, pois pretendemos analisar a qualidade do texto normativo no que se refere
à clareza de sua elaboração e disposição dos elementos adequados a esse gênero. Nesse sentido,
analisaremos, também, a linguagem do texto normativo, as mudanças que provoca no receptor, o que
faz dele também um texto argumentativo. Sendo assim, iremos para o suporte teórico sobre gênero
proposto pelo Bakhtin (2010) e demais estudiosos que sustentam essas definições de gênero, como
Koch e Elias (2009, 2017) e Marcuschi (ANO) para analisar a linguagem do texto normativo, as
mudanças que provoca no receptor, o que faz dele também um texto argumentativo. Acredita-se que
esta pesquisa possa servir de subsídio tanto para os estudos da linguística textual, quanto para os
estudos do gênero e explanar as presumíveis lacunas existentes na análise de textos normativos.
ANÁLISE DE UM TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC) DO CURSO DA
GRADUAÇÃO DE MEDICINA NA PERSPECTIVA DA LINGUÍSTICA DO TEXTO Renato Tadeu Barufi (UNIFRAN)
Camila de Araújo Beraldo Ludovice (UNIFRAN)
O texto produzido pelo aluno da graduação em medicina ao final do curso, denominado Trabalho
de Conclusão do Curso (TCC), é uma exigência curricular que deve ser cumprida no decorrer do
último ano. Seguindo as normas próprias de elaboração, o aluno pode escolher redigi-lo em dois
modelos: relato de caso ou uma revisão de literatura. Estes trabalhos são avaliados, aprovados ou
reprovados de acordo com o manual de avaliação de TCC do curso de medicina. O objetivo desta
pesquisa é analisar um Trabalho de Conclusão de Curso do curso de Medicina e verificar como
são utilizadas as Estratégias de Textualização propostas pela Linguística do Texto e também como
o conhecimento sóciocognitivo é ativado e empregado na construção de sentidos desse texto, já
que o estudante encontra-se no último ano do curso. O arcabouço teórico será fundamentado pela
Linguística do Textual, ancorando-se nas teorias propostas por Van Dijk & Kintsch (1983), Koch
(2002), Marcushi (1983) e Bronckart (1999), mais especificamente ao que concerne os estudos
sobre Estratégias de Textualização e conhecimento sóciocognitivo. A metodologia que orientará
o trabalho será de cunho qualitativo e consistirá primeiramente na análise prévia e seleção do
trabalho que melhor se enquadra no material teórico e posterior aplicação dos conceitos da
Linguística do Texto no objeto selecionado, o TCC. Espera-se verificar no material analisado um
bom nível do conhecimento prévio e certa maturidade do aluno considerando que está concluindo
a graduação e entregando um trabalho que, teoricamente, conclui o curso.
O DESIGN COMO FERRAMENTA NA CONSTRUÇÃO ÉTICA DO PERSONAGEM CARL
FREDRICKSEN NA ANIMAÇÃO UP – ALTAS AVENTURAS
Rodrigo Aparecido de Souza (Programa de Mestrado em Linguística, UNIFRAN)
Assim como os filmes live action (com atores “reais”), os filmes de animação são gêneros textuais
narrativos com função de entretenimento, que visam cativar um auditório-espectador, fazendo-o
imergir em uma experiência diegética. Na animação UP – Altas Aventuras (2009) pode-se
verificar a eficiência do processo persuasivo da narrativa em produzir emoção no auditório e
conquistar o público com seus personagens, fato constatado no sucesso comercial e crítico do
filme, vencedor de dois prêmios Oscar. Nos filmes de animação em geral, aspectos como o design
dos personagens e dos cenários, bem como as cores e os enquadramentos empregados, são
elaborados para funcionar como intensificadores dos sentidos pretendidos na narrativa, agindo,
portanto, retoricamente. Este trabalho tem por objetivo analisar retoricamente o design de UP –
Altas Aventuras, mais especificamente a configuração visual do personagem protagonista Carl
Fredricksen, no sentido de verificar como o design contribui para a construção ética do
personagem. Além do próprio filme, também será objeto de estudo desta pesquisa o livro The art
of UP, de Tim Hauser, que apresenta todo o processo da elaboração visual dos personagens da
animação. Buscando aliar noções teóricas advindas da Linguística do Texto, da Retórica e da
comunicação e percepção visual, este trabalho evoca os estudos de autores como Cavalcante
(2013), Koch (2004), Fiorin (2014), Aristóteles (2012), Perelman & Olbrechts-Tyteca (2005),
Reboul (2004), Meyer (2007), Arnheim (2004) e Dondis (2003).
USO DAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS DIGITAIS NA EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO
DOCENTE NA VISÃO DE MIKHAIL BAKHTIN
Terezinha Gorete Vilela Soares (Programa de Pós-Graduação em Linguística - Universidade de
Franca)
O corpus da pesquisa será constituído de análise de currículos de cursos destinados à formação
docente sob uma reflexão das relações dialógicas que se estabelecem no percurso da formação
docente permeada pelo contexto das tecnologias digitais. Questionamos se as tecnologias
educacionais digitais estão inseridas no contexto da formação docente no ensino superior? A partir
de uma reflexão bakhtiniana de que forma esses recursos poderiam estimular e apoiar a construção
da aprendizagem? Objetivos: O objetivo é investigar como se dá a formação do docente no que
se refere ao trabalho com as tecnologias educacionais digitais, à luz das reflexões de Bakhtin e
seu Círculo. Metodologia: Será de cunho qualitativo e bibliográfico com a descrição e análise dos
cursos de formação docente no campo das tecnologias. Esboço de fundamentação teórica:
Percebe-se que a incorporação dos recursos tecnológicos no processo de formação dos professores
torna-se necessária, uma vez que muitos deles não fazem uso e são resistentes a esses recursos
inovadores que estão em constante evolução. O fundamento científico desta pesquisa serão os
estudos de Bakhtin e seu Círculo, bem como de seus comentadores tais como, Brait (2012), Faraco
(2010) e Fiorin (2006), sobre os gêneros e sobre o dialogismo em todas as suas dimensões.
Resultados Obtidos: A pesquisa encontra-se em fase preliminar de coleta de dados e de estudo de
bibliografia. Espera-se como resultado um levantamento analítico dos modos de condução da
formação docente e o estabelecimento de princípios para aperfeiçoamento do uso de tecnologias
pelo professor em sua prática docente.
O PROVÉRBIO COMO ESTRATÉGIA RETÓRICA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA
ENTRE O PORTUGUÊS E O INGLÊS
Ticiano Jardim Pimenta
Os provérbios condensam reflexões e conhecimentos acerca dos mais variados temas da
existência humana. São, mais frequentemente, utilizados no discurso oral com a finalidade de
transmitir uma verdade geral, um legado cultural ou sabedoria popular. Dentre suas características
singulares, podemos destacar a impessoalidade (não constituem um discurso elaborado por quem
os fala, mas, sim, pelos conhecimentos acumulados de seu povo) e a atemporalidade (estão
presentes desde, praticamente, o início da civilização). A universalidade é outra importante
característica dos provérbios; diz respeito ao seu uso por diversos povos em regiões geográficas
distintas, apresentando muitas vezes estruturas análogas em diferentes idiomas. Assim, o presente
estudo busca identificar se essa última característica, a universalidade, pode ser também aplicada
ao caráter argumentativo dos provérbios. Com este objetivo, faremos uma análise qualitativa com
cunho retórico de dez provérbios que possuem temas e cargas semânticas correspondentes em
língua portuguesa e inglesa, a fim de verificar se as estratégias argumentativas neles contidas são
análogas. A análise retórica se fundamentará em proposições que são utilizadas para fortalecer a
adesão de um auditório a valores específicos, chamados de lugares da argumentação. Esses
lugares são espaços virtuais de fácil acesso, conhecidos e estudados desde a Antiguidade; neles
encontramos argumentos que visam à re-hierarquização das crenças e dos valores de um
determinado auditório. Para tanto, no que tange ao arcabouço teórico, nos embasaremos nos
escritos de Aristóteles (2015), Tringali (2014), Perelman & Olbrechts-Tyteca (2005), Ferreira
(2010), Abreu (2001), Souza (2001), Amaral (1976), entre outros.
A TRILHA SONORA COMO CATALISADORA DE SENTIDOS NO TEXTO
MULTIMODAL
Valmir Ferreira dos Santos Junior (UNIFRAN)
Detentora de um caráter altamente envolvente e dramático, a música pode ser empregada fitando
diversos fins persuasivos. Em especial, a trilha sonora constitui um elemento poderoso quando
aliada às cenas de uma peça cinematográfica. Como elemento essencial de um texto multimodal
fílmico, a trilha sonora do sexto episódio do filme argentino Relatos Selvagens (2014), Até que a
morte nos separe, juntamente com as demais linguagens que a acompanham, constitui o corpus
do nosso trabalho. O objetivo desta pesquisa é, pois, evidenciar a relação da trilha sonora com as
cenas do corpus selecionado com vistas a deflagrar o papel da música como catalisadora de
sentidos dentro de um texto multimodal. Para tal, contaremos com alguns conceitos oriundos da
teoria musical (tais como: gênero musical e andamento) e outros advindos da Retórica (figuras
retóricas e paixões aristotélicas). Esperamos, por meio de uma análise qualitativa dos dados,
desvelar a consolidação dos sentidos criada na interrelação cena-trilha sonora e os possíveis
desdobramentos no que concerne ao pathos, ou seja, na esfera do espectador.
AULAS DE REDAÇÃO NO ENSINO MÉDIO MEDIADAS POR TABLET: AMPLIAÇÃO
DE REPERTÓRIO, ARGUMENTAÇÃO E AUTORIA
Vívian de Carvalho (Mestrado em Linguística UNIFRAN)
A presente pesquisa visa refletir sobre o uso de tablets como ferramenta de apoio em aulas de
redação que têm por objetivo preparar os alunos para o Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM
e para os vestibulares, buscando verificar de que maneira podem auxiliar professor e estudantes
no desenvolvimento das competências II e III do ENEM. Tais competências envolvem a
compreensão da proposta de redação e aplicação de conhecimentos de várias áreas para
desenvolvimento do tema; conhecimento do gênero discursivo que chamaremos provisoriamente
por “redação do ENEM”, e que, no material de orientações para o exame, é tratado como “texto
dissertativo-argumentativo em prosa”; habilidade para seleção, estabelecimento de relações,
organização e interpretação de informações, fatos e argumentos para defesa de um ponto de vista.
Na correção das redações, os avaliadores devem atribuir nota máxima na competência III (200
pontos) para textos que apresentem “informações, fatos e opiniões, relacionados ao tema proposto
[...] configurando autoria” ou boa nota (160 pontos) para textos que apresentem “informações,
fatos e opiniões [...] com indícios de autoria, em defesa de um ponto de vista” (ENEM, 2013). A
metodologia da pesquisa é a da pesquisa-ação, pois as redações que compõem o corpus de análise
foram produzidas em aulas de redação, sob a responsabilidade da pesquisadora, em escola
particular no município de Franca, numa turma de segundo ano do Ensino Médio. Para as análises,
tomaremos os pressupostos da Análise do Discurso de linha francesa (AD), sobretudo com base
em Possenti (2009), no que se refere à questão da autoria em redações escolares. Nossa hipótese
é que a inclusão das novas tecnologias pode ser motivadora e facilitadora no processo de
ampliação de repertório, fundamental para a argumentação e desenvolvimento da autoria.
TERCEIRO SETOR A LEI 13.019/14
Willian De Jesus Alencar Coelho
O projeto de pesquisa a ser realizado tem o intuito de conhecer como se dá a Governança das
Organizações da Sociedade Civil e do Poder Público para realização de Parcerias, além de
entender o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil. A presente pesquisa buscará
esclarecer o 3º setor que tem uma crescente atuação nos últimos anos no Brasil e mundo. Será
delimitado a presente pesquisa em três tópicos, que subdividir-se-á: pressuposto, unidade de
análise e o objetivo do estudo. O objetivo do estudo em tela é entender como funciona na prática
os dispositivos legais pátrios, visando sua aplicabilidade no caso concreto, e saber a princípio o
que é descontaminação fiscal das associações e fundações, quais as que podem usufruir de
imunidades e isenções, quais os fundamentos legais disponíveis, doutrinas e jurisprudências que
tratam do assunto e como se dá as parcerias com o poder público. Para o desenvolvimento da
pesquisa será utilizado o método dedutivo-bibliográfico, realizando-se uma revisão da
bibliografia com sistematização e discriminação dos livros e demais materiais utilizados, será
definida a bibliografia de livros nacionais, artigos de sites jurídicos da Internet e estudo das
decisões dos Tribunais brasileiros. Os processos metodológicos empregados na elaboração da
pesquisa serão: dogmático jurídico, histórico e analítico sintético. oncluindo a Lei 13.019/14
prioriza a publicidade dos atos das parcerias entre o poder público e as instituições, visando maior
clareza em suas decisões e traz a obrigatoriedade de chamamento púbico para os termos de
colaboração, fomento e cooperação.