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PROGRAMAÇÃO E RESUMOS
WORKSHOP 2013 TESES E DISSERTAÇÕES
ORGANIZAÇÃO: REPRESENTAÇÃO DISCENTE
WORKSHOP DE APRESENTAÇÃO DOS PROJETOS DE TESE/2012 E
DISSERTAÇÃO/2013
Caríssimos Docentes e Discentes do Programa de Pós-Graduação em Geografia
do Instituto de Geociências da UFMG, no período de 29 a 31 de outubro de 2013 será
realizado o Workshop de apresentação dos projetos de Tese e Dissertação dos discentes
dos cursos de Doutorado/2012 e Mestrado/2013. Neste ano a dinâmica do evento
ocorrerá por meio de mesas de trabalho com temas de pesquisas afins, possibilitando
diálogos e debates que visam gerar contribuições às pesquisas dos discentes do
Programa. Cada apresentação (tempo máximo de 20 minutos) será seguida das
contribuições das comissões de cada mesa (tempo estimado de 20 minutos).
Ressaltamos, ainda, que no dia 31 de outubro, de 13h as 14h será realizada uma
assembléia discente que escolherá a nova Representação Discente para o mandato
2013/2014 e será apresentado um balanço da representação que deixa o posto.
Desejamos a todos (as) um ótimo trabalho e muitos diálogos que possam
contribuir para as pesquisas.
Realização: Programa de Pós-Graduação em Geografia
Coordenador: Prof. Dr. André Augusto Rodrigues Salgado
Sub-coordenador: Prof. Dr. Weber Soares
Comissão Organizadora: Representação Discente do Programa de Pós-Graduação em
Geografia do IGC/UFMG
Chrystiann Lavarini Ferreira (Mestrando)
Thiago Andrade dos Santos (Mestrando)
PROGRAMAÇÃO
DATA HORÁRIO/SALA MESAS DEBATEDORES
29/10/2013
Terça-feira
8h às 9h / 3051 ABERTURA
9h às 12h / 3051 Gestão e conservação da
biodiversidade
Fábio Soares de Oliveira Valéria Roque Ascenção Klemens Augustinus
Laschefski
13h às 17h / 3051 Urbanização, política e cidadania
Rogata Soares Del Gaudio Claudinei Lourenço Doralice Barros Pereira
30/10/2013 Quarta-feira
8h às 12h / 3051
Estudos Geomorfológicos:
processos denudacionais,
dinâmica dos solos, dos rios e do
clima
Antônio Pereira M. Junior Fábio Soares de Oliveira Vilma Lúcia M. Carvalho
13h às 17h / 3051 Geodinâmica, SIGs e
Planejamento
Claudinei Lourenço Ricardo Alexandrino Garcia Marly Nogueira
31/10/2013 Quinta-feira
8h às 12h / 3051 Práticas e gestão do/no espaço e a
questão ambiental
Rogata Soares Del Gaudio Carlos Lobo Klemens Augustinus
Laschefski
13h às 14h / 3051 ELEIÇÃO DA NOVA
REPRESENTAÇÃO DISCENTE
14h às 17h / 3051 Patrimônio cultural,
representações e processos de
territorialização
Weber Soares Marly Nogueira Heloisa Soares de M. Costa
DIA 29/10/2013 – 9h
DIA 29/10/2013 – 13h
MESA 1: Gestão e conservação da biodiversidade
Debatedores:
Prof. Dr. Fábio Soares de Oliveira
Profa. Dra. Valéria Roque Ascenção
Prof. Dr. Klemens Augustinus Laschefski
DISCENTE TÍTULO DO PROJETO
Marília Ferreira
Gomes Identificação de copas de árvores em ambientes urbanos a
partir de dados de alta resolução espacial e dados laser.
Leonardo Mateus
Pfeilsticker de
Knegt
Indicadores da paisagem para ocorrência de sítios
arqueológicos na região da Serra do Espinhaço mineira.
Flávia Regina
Lacerda Suassuna
Dutra
Análise da espacialização dos casos de Leptospirose em
Minas Gerais e a possível influência da climatologia regional
William Fortes
Rodrigues Qualidade Ambiental do Parque Nacional do Caparaó (ES e
MG): Influência Antrópica na concentração de MPP’S em
sedimentos fluviais
MESA 2: Urbanização, política e cidadania
Debatedores:
Profa. Dra. Rogata Soares Del Gaudio
Prof. Dr. Claudinei Lourenço
Profa. Dra. Doralice Barros Pereira
DISCENTE TÍTULO DO PROJETO
Laura Amaral Faria Reflexões sobre natureza e arte no urbano a partir do
instituto Inhotim
Daniela Adil
Oliveira de Almeida
Agricultura e cidade - espaços e saberes da agricultura
urbana na Região Metropolitana de Belo Horizonte
(RMBH)
Luiz Antônio
Evangelista de
Andrade
A Reprodução Social no Mundo Moderno: Esboço de uma
Crítica à Emancipação Jurídico-Política
André Henrique de
Brito Veloso
O fluxo dominante e a vazão: mobilidade urbana, cotidiano
e lutas sociais na produção capitalista do espaço belo-
horizontino
Eliane Queiroz Silva
O trabalho enquanto categoria nos livros didáticos de
geografia publicados entre 1889 e 1945: Educação, Estado e
ideologia
DIA 30/10/2013 – 8h
DIA 30/10/2013 – 13h
MESA 3: Estudos Geomorfológicos: processos denudacionais, dinâmica dos solos,
dos rios e do clima
Debatedores:
Prof. Dr. Antônio Pereira M. Junior
Prof. Dr. Fábio Soares de Oliveira
Profa. Dra. Vilma Lúcia M. Carvalho
DISCENTES TÍTULO DO PROJETO
Breno Ribeiro
Marent
Capturas Fluviais no Contexto da Evolução das Bordas dos
Planaltos Escalonados do Sudeste Mineiro
Patrícia Mara Lage
Simões
Evolução do Relevo do alto curso da bacia do Rio Pardo
Pequeno – Diamantina/MG
Walter Viana
Neves
Análise da dinâmica hidro-geomorfológica na bacia do Rio
Peruaçu.
Luiz Fernando de
Paula Barros
Implicações Geomorfológicas e Paleoambientais dos
Registros Sedimentares em Vales Fluviais do Quadrilátero
Ferrífero – Minas Gerais
MESA 4: Geodinâmica, SIGs e Planejamento
Debatedores:
Prof. Dr. Claudinei Lourenço
Prof. Dr. Ricardo Alexandrino Garcia
Profa. Dra. Marly Nogueira
DISCENTES TÍTULO DO PROJETO
Grazielle Anjos
Carvalho
Pensar e fazer o Planejamento Urbano e Regional sob a ótica
de teorias da complexidade: A identificação de alterações no
uso do solo da mancha conurbada de Belo Horizonte - Minas
Gerais – Brasil, através de modelos preditivos baseados em
Autômatos Celulares (CA)
Bráulio Magalhães
Fonseca
Futuros Alternativos para o município de São Gonçalo do Rio
Abaixo/MG, região do Médio Piracicaba: uma abordagem
através do Geodesign
Lília Maria de
Oliveira
Obtenção de modelo físico para determinação da poluição
difusa na bacia do rio das velhas
DIA 31/10/2013 – 8h
DIA 31/10/2013 – 14h
Obs: A apresentação dos trabalhos seguirá a ordem proposta nesta programação. Caberá
às bancas debatedoras promover alterações caso julguem necessárias.
MESA 5: Práticas e gestão do/no espaço e a questão ambiental
Debatedores:
Prof. Dr. Klemens Augustinus Laschefski
Prof. Dr. Carlos Lobo
Profa. Dra. Rogata Soares Del Gaudio
DISCENTES TÍTULO DO PROJETO
Diego Horta
Bicalho.
“O Planejamento Urbano e a questão socioambiental:
Perspectivas e desafios das propostas de áreas verdes
mescladas com habitação social a partir da elaboração dos
Planos Diretores Regionais de Belo Horizonte, MG”.
Rana Paz Lacerda
Vieira Discurso ambiental: ideologia e crítica
Altair Sancho
Pivoto dos Santos Des-ordenamento Territorial e Unidades de Conservação
Ana Carolina
Andrino de Melo
Natureza, técnica e possibilidades de uso do espaço a partir
do processo de constituição dos cursos d’água em Belo
Horizonte
Reinaldo de Freitas O discurso inclusivo dos livros didáticos de Geografia para
ensino fundamental
MESA 6: Patrimônio cultural, representações e processos de territorialização
Debatedores:
Prof. Dr. Weber Soares
Profa. Dra. Marly Nogueira
Profa. Dra. Heloisa Soares de M. Costa
DISCENTES TÍTULO DO PROJETO
Mariana Rodrigues
da Costa Neves O Mercado de Diamantina e os Sentimentos de
Pertencimento: Uma análise sobre o Patrimônio Histórico
Cultural nas Óticas da Percepção Ambiental e do Turismo
Cultural
André Tomé de
Assis As transposições do rio São Francisco na voz dos atingidos
Tatiane Campos
dos Santos Relações entre território e educação escolar na produção da
identidade no quilombo de Santo Isidoro- Berilo/ MG
Sidney Daniel
Batista
Um novo olhar sobre Diamantina e Ouro Preto: Estudo das
políticas públicas, do turismo e de suas relações com o lugar
numa perspectiva Geográfica-Cultural
Cristiano Cruz
Santana
A rede gospel no Brasil: novas territorialidades num contexto
de prosperidades
CADERNO DE RESUMOS
29/10/2013 – TERÇA-FEIRA – 9:00h
MESA 1: Gestão e conservação da biodiversidade
Debatedores:
Prof. Dr. Fábio Soares de Oliveira
Profa. Dra. Valéria Roque Ascenção
Prof. Dr. Klemens Augustinus Laschefski
Autor: Marília Ferreira Gomes
Orientador: Philippe Maillard
Área de concentração: Análise Ambiental
Nível: Doutorado
Linha de pesquisa: Métodos em sensoriamento remoto
Identificação de copas de árvores em ambientes urbanos a partir de dados de alta
resolução espacial e dados laser.
Resumo
Árvores urbanas desempenham um papel importante para o bem-estar das
pessoas e para melhoria na qualidade de vida nas cidades. O conhecimento sobre as
espécies plantadas e seu estado de conservação permite melhorar a compreensão do
papel das árvores, além de contribuir com o manejo florestal nas cidades.
O sensoriamento remoto é uma forma viável economicamente para extrair
informações consistentes sobre a vegetação. Com o aumento da disponibilidade de
dados de alta resolução espacial e do poder computacional para processá-los, a pesquisa
na área florestal passou a focar na identificação e delimitação de copas de árvores
individuais. Porém, esse aumento na resolução espacial demandou novas formas de
extração da informação. Nesse contexto, a classificação orientada a objetos (Object
Based Image Analysis - OBIA) se aproxima dos processos cognitivos humanos e tem a
vantagem de lidar com grupos de pixels ao invés de pixels isolados. Ao trabalhar com
regiões, parâmetros como o tamanho, forma, textura e mesmo as relações entre objetos
adjacentes podem ser utilizados como descritores para ajudar nos esquemas de
classificação.
O objetivo desta pesquisa é investigar e desenvolver métodos de processamento
de imagens para detecção e delineamento de copas de árvores em ambientes urbanos, a
partir da integração entre dados óticos de alta resolução espacial e dados de
mapeamento digital a laser (Light Detection And Ranging - LiDAR). A área escolhida
para estudo é o campus da Universidade Federal de Minas Gerais, localizado na cidade
de Belo Horizonte/MG.
A metodologia é divida em três etapas: detecção da árvore, delineamento da
copa e classificação da árvore conforme a espécie. Para detecção da copa serão testadas
metodologias com os dados LiDAR e com algoritmo Template Matching. Para
delineamento das copas será utilizada segmentação multinível com diferentes
algoritmos (crescimento de regiões, watershed, chessboard), diferentes níveis
hierárquicos e regras de classificação (geometria, textura, relações de vizinhança,
características espectrais e funções de pertinência fuzzy). Com as copas delineadas, a
classificação supervisionada servirá para identificação das espécies arbóreas.
Para a avaliação dos resultados serão calculados os erros de omissão e comissão,
tanto para a detecção, quanto para o delineamento das copas. A acurácia na
classificação será medida através da matriz de coocorrência e de diferentes testes
estatísticos (Distancia de Mahanalobis, Chi-Quadrado, teste T-Student).
Palavras-chave: classificação orientada a objetos (OBIA), detecção de copas de
árvores, delineamento de copas de árvores, WolrdView-2, LiDAR.
Autor: Leonardo Mateus Pfeilsticker de Knegt
Orientador: Philippe Maillard
Área de concentração: Análise Ambiental
Nível: Mestrado
Linha de pesquisa: Meio ambiente, paisagem e desenvolvimento sustentável
Indicadores da paisagem para ocorrência de sítios arqueológicos na região da
Serra do Espinhaço mineira.
Resumo
A maior parte do território brasileiro é ainda desconhecida do ponto de vista
arqueológico, isto se deve, em parte, ao número reduzido de cursos de graduação em
Arqueologia no país, não permitindo grande disseminação dessa ciência. Um maior
conhecimento acerca dos sítios arqueológicos e áreas com predisposição para a
existência dos mesmos, podem atuar como elemento indutor e fortalecedor de ações de
proteção e conservação da paisagem. A localização dos sítios arqueológicos está
diretamente relacionada à distribuição pretérita dos povoamentos, que por sua vez estão
condicionados às variáveis ambientais e à disponibilidade de recursos naturais para
aquele grupo de pessoas. Deste modo a partir da análise da paisagem atual é possível
identificar áreas propicias para a instalação de assentamentos e povoamentos antigos.
Nestes locais há uma maior chance de se encontrar vestígios destas populações antigas.
O objetivo deste trabalho é elaborar um modelo preditivo capaz de apontar a
provável localização de sítios arqueológicos na região da Serra do Espinhaço mineira.
Este modelo levará em conta as características ambientais locais e a localização de sítios
arqueológicos já conhecidos na região.
Para a construção deste modelo é necessário antes de tudo o levantamento de
dados relativos à área de estudo tais como relevo, orientação das vertentes, hidrografia,
tipo de solos, litologia, distância de fonte de água dentre outros. De posse destes dados
serão criados vários mapas temáticos cada um configurando como um layer, ou plano de
informação. Cada variável ambiental (hidrografia, relevo, solos, etc) será dividida em
subcategorias, como por exemplo a hidrografia que será dividida em lagos, cursos
d'água de 1º ordem, 2º ordem, etc. A cada variável ambiental será atribuído um valor
(V) que corresponde ao peso e importância deste para a ocorrência de sítios
arqueológicos. Dentro de cada grupo de variáveis, serão atribuídos diferentes pesos (P)
para cada elemento deste grupo, assim um cursos d'água de 1º ordem pode ter peso 1, ao
passo que um cursos d'água de 3º ordem pode ter peso 4 por exemplo. Finalmente, para
se chegar capacidade de se abrigar um sítio arqueológico far-se-á a multiplicação dos
valores V e P onde será obtido o peso final (VxP).
Para atribuição de peso às variáveis é necessária uma extensa investigação
geográfica da área em estudo, já que estes valores são subjetivos e podem atuar
diretamente na validade ou não do modelo preditivo em questão. O modelo então será
testado em no mínimo duas áreas, uma onde já se conhece a existência de sítios e outra
onde não se conhece. Para que o modelo seja válido é necessário que, na área
amostrada, os sítios preditos sejam coincidentes com os sitos observados. Serão feitos,
também, testes estatísticos a fim de comprovar a acurácia do modelo.
Palavras-chave: Paisagem Arqueologia Modelo Variáveis Ambiental
Autor: Flávia Regina Lacerda Suassuna Dutra
Orientador: Roberto Célio Valadão
Área de concentração: Análise Ambiental
Linha de pesquisa: Climatologia
Nível: Doutorado
Análise da espacialização dos casos de Leptospirose em Minas Gerais e a possível
influência da climatologia regional
Resumo
Os fenômenos atmosféricos e a atual variabilidade do clima têm causado
bastante impactos sobre a saúde humana, gerando grandes discussões em âmbito
mundial. A pesquisa consiste em: a partir dos registros históricos de leptospirose entre
1998 a 2012, em Minas, analisar e explicar as evidências científicas de associações
entre a Variabilidade do Clima e as Alterações Climáticas e, as possíveis influências
desta sobre a ocorrência da doença, principalmente no que concerne às forçantes
meteorológicas, morfodinâmicas e ambientais que favoreciam um quadro ótimo para a
manifestação/propagação da leptospirose no estado. Especificamente pretende-se: 1)
Analisar espacialmente a distribuição da leptospirose, para identificar as regiões e/ou
municípios mais vulneráveis a ocorrência de surtos epidemiológicos; 2) Analisar as
informações de morbidade da doença para conhecer o comportamento epidemiológico
na população afetada. E dessa forma, traçar um perfil epidemiológico da população (ex.:
estilo de vida, padrão social), estudar as características da série temporal a fim de
identificar o comportamento da doença no tempo (ex.: variações cíclicas, sazonais,
variações irregulares tais como os surtos) e analisar o espaço sob a ótica das variáveis
geopolíticas, principalmente aquelas relacionadas às diferenças nos padrões de
morbidade e mortalidade urbana e rural; 3) Demonstrar cientificamente a sensibilidade
da doença às variáveis climáticas (temperaturas, precipitações, umidade e vento), a
partir da observação dos efeitos da variação espaço-temporal do clima na saúde, para
evidenciar os principais componentes no processo de transmissão da leptospirose,
segundo critérios (epidemiológicos) que são significativos para a saúde pública (Ex.:
tempo de internamento dos casos e a recorrência da doença); 4) Correlacionar e analisar
estatisticamente a distribuição regional da leptospirose e suas interações com os padrões
sazonais do clima local e com a variabilidade climática em meso e larga-escala; 5) E por
fim, pretende-se elaborar um modelo conceitual, a partir do conhecimento das principais
forçantes que possivelmente são importantes e explicam o “INPUT” na
contaminação/distribuição da leptospirose no estado. Espera-se que os resultados finais
possam subsidiar nas tomadas de decisões acerca dos planejamentos no âmbito da
gestão da saúde pública, com o intuito de melhorar o entendimento e controle desta
doença em Minas.
Palavras-chave: Leptospirose; Epidemiologia; Alterações e Variabilidade do Clima;
Variáveis Atmosféricas e Morfodinâmicas
Autor: William Fortes Rodrigues
Orientador: Adolf Heinrich Horn
Área de concentração: Análise Ambiental
Linha de pesquisa: Geomorfologia e Meio Ambiente
Nível: Doutorado
Qualidade Ambiental do Parque Nacional do Caparaó (ES e MG): Influência
Antrópica na concentração de MPP’S em sedimentos fluviais
Resumo
A criação de unidades de conservação atualmente vem se transformando numa
das principais formas de intervenção governamental, visando reduzir os danos à
biodiversidade face à degradação ambiental causada pela sociedade. Vendo desta forma
o Parque Nacional do Caparaó como uma unidade territorial oportuna para um estudo
da situação atual das condições naturais e das atividades humanas nela desenvolvidas
porque podem comprometer a qualidade ambiental do parque.
Devido ao uso e ocupação do solo, o ambiente natural está sujeito a alterações
que podem comprometer a qualidade dos cursos da água e dos sedimentos, e assim um
monitoramento de sua qualidade torna-se importante, a fim de que possam ser avaliadas
as condições reais e atender os requisitos estabelecidos para o Parque e garantir seus
usos previstos dentro de um planejamento ambiental.
Desta forma o estudo da composição dos sedimentos por métodos analíticos
permite analisar a alteração causada e definir uma assinatura geoquímica de locais e
usos específicos em tempo e espaço. Assim pode ser possível identificar os fatores
influentes como condicionantes antropogênicas, alterações climáticas e outros naturais
devido ao fator acumulativo ocorrendo em sedimentos de rios.
Como os sedimentos também cumprem uma função importante na situação da
qualidade da água por sua capacidade de reter e liberar poluentes na interface o que
pode indicar o tipo de uso e ocupação do solo. O objetivo principal desta pesquisa é
analisar a concentração de elementos potencialmente tóxicos em sedimentos
corrente/fundo fluvial do Parque Nacional do Caparaó (MG-ES), visando entender e
avaliar a correlação com as características geo-ambientais e fatores antropogênicos.
Foram realizados trabalhos de campo na parte oriental da Serra do Caparaó com
a coleta de amostras que foram submetidos à análise granulométrica, determinação das
concentrações de elementos selecionados (Mg, Cr, Co, Cu, Cd, Ti, Mn, Ni, Zn, Ba, Pb)
e testes de solubilização sob condições diversas (neutro; ácido fraco e forte, digestão
total). Para avaliar os resultados estes foram comparados com os limites estabelecidos
pela resolução do CONAMA n° 344/04. Nos resultados destacam-se teores elevados de
Cr e PB. Para as dez amostras coletadas, o teor de Cr de quatro está acima do nível II
(90mg/Kg) e os valores para os outros variam entre 86mg/Kg a 119,2mg/Kg. Os valores
de Pb variam de 21mg/Kg a 48,97mg/Kg e excedem em parte o nível I.
A distribuição do Cr e Pb variam para as porções Sul e Norte da borda leste do
Parque. A contaminação por Cr e os valores altos de Pb na porção sul podem estar
relacionados à maior densidade da ocupação antrópica, agricultura mais intensiva e
atividades turísticas com maior número de construções nesta região. Os resultados
preliminares indicam que a qualidade dos sedimentos bem como a água estão
comprometidos, o que alerta para a necessidade de um monitoramento e uma possível
ação de controle das fontes antrópicas.
Estes resultados alertam e sugerem um estudo mais profundo com a tentativa de
criar valores de background para esta área.
Palavras-chave: Qualidade Ambiental, Sedimentos, Metais Pesados, Risco Ambiental,
Unidades de conservação
29/10/2013 – TERÇA-FEIRA – 13:00h
MESA 2: Urbanização, política e cidadania
Debatedores:
Prof. Dr. Rogata Soares Del Gaudio
Prof. Dr. Claudinei Lourenço
Profa. Dra. Doralice Barros Pereira
Autor: Laura Amaral Faria
Orientador: Doralice Barros Pereira
Área de concentração: Organização do Espaço
Linha de pesquisa: Produção, Organização e Gestão do Espaço
Nível: Mestrado
Reflexões sobre natureza e arte no urbano a partir do instituto Inhotim
Resumo
O objeto da pesquisa de mestrado parte da análise do instituto Inhotim
(Brumadinho-MG) para refletir a respeito de possibilidades de vivenciar natureza e arte
na sociedade urbana. Procura-se compreender e elucidar processos sociais, econômicos,
políticos e espaciais, gerais e específicos, que se objetivam no referido instituto e que
possibilitam dialogar com a teoria crítica à sociedade produtora de mercadorias e seus
desdobramentos. Para isto, são discutidos os nexos entre as categorias natureza, arte,
espaço, metrópole e trabalho, visando a uma explicitação das contradições existentes
no/do instituto Inhotim. Interessa, portanto, compreender os seguintes processos gerais:
apropriação do tempo do não trabalho e consumo do espaço para o lazer e o
entretenimento, museificação da natureza, transformação da cultura e da arte em
mercadorias e redefinição do papel dos museus de arte na contemporaneidade. Em
relação aos processos específicos, intenta-se discorrer sobre: o contexto do mercado
artístico brasileiro, a metropolização de Belo Horizonte, a constituição de Unidades de
Conservação em Brumadinho e as alterações espaciais e econômicas e os conflitos
territoriais decorrentes da implantação do instituto. Ao longo da pesquisa, procurar-se-á
verificar se essa corporação tem forjado uma nova centralidade na periferia da
metrópole de Belo Horizonte e qual é a importância das facetas ecológica e cultural do
capitalismo contemporâneo nesse processo. Questiona-se, também, qual foi a
redefinição do papel de Brumadinho na Região Metropolitana de Belo Horizonte a
partir da execução do projeto do instituto. A metodologia prevê revisão bibliográfica
sobre as categorias, conceitos e debates que esclareçam os processos supracitados;
entrevistas com ex-moradores da extinta comunidade rural do Inhotim, com críticos e
pesquisadores de arte, secretários de cultura/meio ambiente/turismo e moradores atuais
de Brumadinho; e questionários com os usuários do instituto. Até a presente data, já
foram feitas leituras bibliográficas, definições do referencial teórico, coleção de
reportagens e artigos publicados em jornais e revistas, contato com ex-moradores da
comunidade e uma apresentação do tema em seminário (VI Seminário de Áreas
Protegidas e Inclusão Social) a fim de desvelar possibilidades de condução das reflexões
propostas.
Palavras-chave: Natureza, arte, museu, instituto Inhotim, metrópole
Autor: Daniela Adil Oliveira de Almeida
Orientador: Heloísa Soares de Moura Costa
Área de concentração: Organização do Espaço
Linha de pesquisa: Produção, organização e gestão do espaço
Nível: Doutorado
Agricultura e cidade - espaços e saberes da agricultura urbana na Região
Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH)
Resumo
A pesquisa tem como objetivo investigar as relações entre a agricultura e a
cidade no mundo contemporâneo, considerando a abordagem lefebvriana acerca da
produção do espaço, as contribuições da ecologia política e as práticas agrícolas na
RMBH. A aproximação entre estas abordagens se inspira no exercício de tradução
proposto por Boaventura de Souza Santos e é motivada pelo contraponto observado
entre a diversidade de experiências agrícolas urbanas e a carência de conhecimentos
sobre a agricultura urbana na literatura brasileira. Assumindo que essa carência indica
um desperdício dos saberes construídos por essas práticas e contribui para as mesmas
sejam consideradas muito frágeis, localizadas ou irrelevantes, a pesquisa tem como
objetivo ampliar a compreensão sobre a diversidade das práticas agrícolas da RMBH e
construir argumentos consistentes sobre sua potencialidade como uma práxis espacial
transformadora.
Esse objetivo se articula estreitamente à escolha sobre o modo de fazer essa
pesquisa e implica o compromisso na construção de possibilidades de pensar e fazer
coletivo com diferentes interlocutoras/es, como as obras e autoras/es que enfatizam a
espacialidade da vida humana e a questão ambiental urbana; os atores sociais vinculados
à rica trajetória de ações coletivas e políticas públicas relacionadas à agricultura urbana
e os sujeitos que atuam e produzem conhecimento sobre a RMBH. Os recortes criados
pela pesquisa serão contextualizados por meio de levantamento e organização de
informações secundárias, diagnósticos e análises recentemente produzidos sobre a
agricultura e sobre a ocupação e o uso do solo na RMBH, considerando ainda o debate
internacional sobre a agricultura urbana e como experiências consolidadas na América
do Norte (especialmente no Canadá) se articulam com abordagens socioespaciais e
ambientais urbanas.
São objetivos específicos da tese: 1) compreender as práticas agrícolas urbanas a
partir da abordagem lefebvriana da produção do espaço e do pensamento ambiental, e
sobretudo, se o uso agrícola do solo urbano representa uma possibilidade de práxis
urbana que politiza a vida cotidiana e conecta a função social da terra, a qualidade de
vida e o valor de uso do espaço urbano e metropolitano; 2) explorar as possibilidades de
convergência entre a agroecologia e o planejamento urbano, buscando contribuir no
debate sobre o atual conflito de paradigmas, em que parecem faltar alternativas a modos
de vida sustentáveis nas cidades; 3) identificar a pluralidade de sujeitos, saberes e
espaços relacionados à prática agrícola na RMBH e as conexões existentes entre a
trajetória de ações coletivas e formulação de políticas públicas relacionadas à
agricultura urbana na RMBH e dinâmicas nos âmbitos estadual, nacional e
internacional; 4) colaborar com o fortalecimento de espaços de diálogo e de afirmação
das práticas e saberes que oportunizam novas ligações e ações conjuntas entre
organizações, movimentos sociais e pesquisadoras/es atuantes na RMBH relacionados à
agricultura urbana.
Palavras-chave: Agricultura urbana, agroecologia, planejamento urbano, produção do
espaço, ecologia política
Autor: Luiz Antônio Evangelista de Andrade
Orientador: Doralice Barros Pereira
Área de concentração: Organização do Espaço
Linha de pesquisa: Urbanização, Política e Cidadania
Nível: Doutorado
A Reprodução Social no Mundo Moderno: Esboço de uma Crítica à Emancipação
Jurídico-Política
Resumo
Pode-se dizer que a justiça social é uma noção cara às concepções políticas que
emergiram na modernidade ocidental, sobretudo no momento em que a formação
econômico-social capitalista nela se corporificou. Das correntes liberais (em suas várias
nuances), passando pelas reformistas, às ditas correntes socialistas, cada uma a seu
modo buscou trazer para seus debates tal noção e os modos de empreendê-la, seja nas
suas lutas sociais, seja pelas articulações a partir e em torno do Estado. Convém
destacar que os chamados direitos humanos, consagrados no preâmbulo da Constituição
francesa de 1791, passaram, desde então, a ser uma espécie de mola mestra da evocação
de tudo aquilo que fosse concernente à justiça social. Com efeito, é justamente no
âmbito do Estado e da legalidade (seu sustentáculo institucional) que a justiça social
ganhou efetividade jurídica e institucional. Outrossim, foi (e vem sendo) a partir do
Estado e da legalidade que a justiça social pode ser compreendida no âmago da
reprodução de relações sociais de produção. A partir do par analítico Estado/justiça
social, duas dimensões merecem destaque aqui. A primeira delas se refere ao papel do
direito como ciência do Estado inscrita no regime de legalidade. Esta se impõe sobre a
vida não só em aparência, isto é, como regulação social apresentada como racional,
objetiva e necessária – porquanto atuaria, por exemplo, com vistas a dirimir ou mesmo
evitar os conflitos –, mas como essência (não obstante dissimulada), visto que invade a
cotidianidade e ajuda a definir uma forma de ser do social. Forma de ser essa que se
acha orientada pelas determinações do mundo das mercadorias e pela lei do valor. Nesse
sentido, a forma jurídica (inscrita na forma estatal) e a forma mercadoria atuam em
uníssono nessa reprodução de relações sociais de produção. A segunda dimensão
assinalada se refere ao estatuto da política na modernidade e a um de seus importantes
desdobramentos: o tema do interesse público. Este último, alçado à condição de
princípio jurídico, encontra-se no seio da constituição do Direito Administrativo
enquanto ramo jurídico que determina os fins do exercício do poder de Estado na
sociedade. Ademais, a política, supostamente uma resultante do Estado, conteria em
seus fins – os fins do Estado e dos agentes que atuam em seu nome – a racionalidade
própria ao direito, consagrada por um princípio regulador como o do interesse público.
Voltando-se à noção de justiça social e tendo-se em conta o lugar do Estado e da forma
jurídica na sociedade, cumpre compreender de que maneira ela ganhou objetividade,
seja aquela advinda da prática de Estado, seja aquela que se inscreve na cotidianidade. E
quando falamos de objetividade, estamos nos referindo à sua recepção e incorporação,
no discurso e na prática, tanto pelas organizações populares que trazem para si o tema
da justiça social, quanto pelo Estado e pelos agentes que atuam em seu nome. Os
sentidos desta atuação (do Estado e das organizações populares) passam por duas
questões que julgamos importantes, senão vejamos. Por que a justiça social, a despeito
das concepções (políticas e filosóficas) que gravitam ao seu redor, tornou-se um valor
pétreo na sociedade burguesa? Por que o tema da justiça social retornou com tanta força
no mundo acadêmico e no debate político, a ponto de ter se consolidado como fonte dos
princípios que orientam as Cartas Constitucionais em todo o mundo – por exemplo, o
princípio da “dignidade da pessoa humana”? Diante do exposto, o objetivo central desta
pesquisa é o de, partindo-se da constatação das frentes de atuação de algumas das
organizações sociais em Belo Horizonte, refletir acerca dos temas da justiça social e dos
direitos humanos, bem como a maneira através da qual ambos vieram a frequentar seu
discurso e sua prática. Procuramos ter em conta que tal atuação, não obstante em alguns
momentos se ache localizada num aspecto específico (como a da habitação, por
exemplo), são lutas frente aos sentidos assumidos pela metropolização de Belo
Horizonte.
Palavras-chave: Reprodução social; urbano; urbanização; justiça social; Estado.
Autor: André Henrique de Brito Veloso
Orientador: Klemens Augustinus Laschefski
Área de concentração: Organização do espaço
Linha de pesquisa: Produção, organização e gestão do espaço
Nível: Mestrado
O fluxo dominante e a vazão: mobilidade urbana, cotidiano e lutas sociais na
produção capitalista do espaço belo-horizontino
Resumo
O presente projeto assume que a mobilidade urbana, entendida aqui como a
capacidade de deslocamento cotidiano no espaço urbano, é um dos grandes
condicionantes do processo de segregação espacial nas metrópoles brasileiras, bem
como elemento estruturador e fundamental no processo de produção capitalista do
espaço e consequentemente de reprodução ampliada do capital.
Parte-se do princípio de que a mobilidade urbana é um componente fundamental
da vida cotidiana na sociedade capitalista, e que, portanto, submete toda a população aos
seus entraves, embora de maneira diferenciada e desigual conforme a posição social do
indivíduo. A partir da concepção teórica compartilhada entre Lefebvre e os
situacionistas da vida cotidiana como momento de reiteração das relações de dominação
e alienação, mas de disputa das possibilidades de emancipação, de construção de novas
relações e de subversão contra as coações, entende-se que a reprodução do atual modelo
de mobilidade urbana – pautado no predomínio absoluto do transporte individual
motorizado – é fruto de uma ideologia dominante que busca se reiterar no espaço
cotidianamente. Alternativamente, entende-se que as lutas históricas pelo direito ao
transporte, protagonizadas pelos movimentos sociais urbanos nas cidades brasileiras, em
especial nos últimos 10 anos, são fundamentais para a disputa e construção de um novo
modelo de sociedade, que supere a lógica capitalista.
Assim, buscar-se-á, tendo a metrópole belo-horizontina como objeto de análise,
compreender as características que revestem a reprodução do modelo dominante de
mobilidade urbana tanto na esfera dos discursos oficiais dos governos e de sua prática
na reprodução social do espaço (dois elementos que sempre estiveram em descompasso
no planejamento urbano brasileiro), como em outros circuitos de reprodução da
ideologia, como a publicidade e o senso-comum. Assim, as obras de infraestrutura
viária, a gestão e planejamento do transporte público e os planos de mobilidade da
cidade serão analisados em sua capacidade de reiterar ou superar a ordem vigente. Da
mesma forma, a mesma análise será feita para os atuais processos de luta dos
movimentos sociais, seu processo de construção política que em muito difere das
tradições de esquerda construídas do século XX, e sua capacidade de questionamento do
poder instituído e de construção de possibilidades de emancipação por meio de uma
renovação da práxis urbana.
Por fim, é necessário ressaltar que a análise das relações entre o modelo de
mobilidade urbana vigente, o processo de reprodução ampliada do capital e a
reprodução social do espaço, bem como as lutas pela ressignificação do espaço
enquanto valor de uso serão feitas a partir da especificidade latinoamericana e brasileira.
Assim, elementos como a estrutura urbana profundamente segregada, a precarização do
trabalho, desigualdade de renda e conformação da estrutura produtiva aos circuitos
globais de capital serão balizadores de toda esta pesquisa.
Palavras-chave: Mobilidade urbana, segregação espacial, metrópoles brasileiras,
alienação, cotidiano
Autor: Eliane Queiroz Silva
Orientador: Rogata Soares Del Gaudio
Área de concentração: Organização do espaço
Linha de pesquisa: Teoria, métodos e linguagens em geografia
Nível: Mestrado
O trabalho enquanto categoria nos livros didáticos de geografia publicados entre
1889 e 1945: Educação, Estado e ideologia
Resumo
A transição do período imperial para o período republicano, no Brasil, sinalizou,
evidentemente, transformações que atingiram toda dinâmica do país. O período
caracteriza-se por nova organização da sociedade com a abolição da escravatura, a
chegada de imigrantes em massa para substituição da mão de obra escrava, crescimento
do número de trabalhadores livres e o surgimento do embrião de uma produção
industrial. O conjunto dessas mudanças não deixou de repercutir no campo educacional,
embora a educação ainda permanecesse como privilégio das elites, que sustentavam as
instituições particulares e ainda se valiam do Estado para estabelecer um ensino público
que as favorecesse (SILVA, 2012).
Neste cenário, a educação era vista como um dos fatores indispensáveis a estas
transformações sociais, propiciando a adaptação à nova realidade republicana, à nova
forma de organização do trabalho e à disseminação das ideologias, nacional, da
civilização e do progresso. A “ideologia do progresso” marcou a sociedade durante todo
o período, do início da República em 1889 ao final do primeiro governo Vargas em
1945, e esteve presente nas mais diversas frentes, se destacando no campo educacional.
Lourenço Filho, em sua obra Tendências da Educação Brasileira, publicada em 1940,
destaca que “esse novo estado de coisas havia de tender à criação de um novo tipo de
sociedade e refletir-se na consideração das questões da educação e cultura no novo
ambiente que o trabalho livre e a industrialização tinham vindo criar” (LOURENÇO
FILHO e MONARCHA, 2002:22).
Por consequência, o livro didático se coloca como um grande potencial a ser
explorado uma vez que carrega discursos que poderiam ser repassados a mais de uma
geração. Devido a essa importância como veículo de informações e ideologias
atualmente o livro didático tem ascendido como material e foco de pesquisas para o
entendimento da evolução das disciplinas escolares.
Nesta pesquisa serão analisados livros didáticos de Geografia adotados e/ou
escritos por professores do Colégio Pedro II (Rio de Janeiro-RJ). A centralidade da
investigação neste colégio e, por conseguinte dos livros didáticos adotados por seus
professores, deve-se à importância dessa instituição, fundada pelo poder público – ainda
no período imperial – em 1937, e que tinha como um de seus objetivos, servir de
modelo nacional para o ensino secundário desde o império, permanecendo assim
durante todo o período que será analisado (GASPARELLO, 2002).
As análises dos livros buscarão responder às seguintes inquietações: Qual a
abordagem da categoria trabalho nos livros didáticos de 1889 a 1945? Há diferenças
entre a abordagem da categoria trabalho nos livros publicados no primeiro momento de
análise (1889 a 1930) e no segundo momento de análise (1930 a 1945)?
Como metodologia para análise dos livros selecionados, escolhemos a Análise
do Discurso em sua acepção bahktiniana, devido ao objeto da pesquisa ser uma das
formas mais comuns do discurso, potencializando assim o fato de que os processos
discursivos carregam as tensões ocorridas nos seus momentos de acontecimento,
revelando os valores sociais que a ação humana considerava naquele momento.
Palavras-chave: Trabalho, educação, livros didáticos, geografia, Colégio Pedro II.
30/10/2013 – QUARTA-FEIRA – 8:00h
MESA 3: Estudos Geomorfológicos: processos denudacionais, dinâmica dos solos,
dos rios e do clima
Debatedores:
Prof. Dr. Antônio Pereira M. Junior
Prof. Dr. Fábio Soares de Oliveira
Profa. Dra. Vilma Lúcia M. Carvalho
Autor: Breno Ribeiro Marent
Orientador: Roberto Célio Valadão
Área de concentração: Análise Ambiental
Linha de pesquisa: Geomorfologia
Nível: Doutorado
Capturas Fluviais no Contexto da Evolução das Bordas dos Planaltos Escalonados
do Sudeste Mineiro
Resumo
O sudeste de Minas Gerais é drenado por quatro grandes bacias hidrográficas:
Doce, São Francisco, Paraná e Paraíba do Sul. Estas são separadas entre si por uma série
de degraus no relevo constituindo diferentes níveis de base em ambos os lados e áreas
propícias a capturas fluviais. Estudos anteriores identificaram uma desvinculação dessas
anomalias de drenagem em relação às características lito-estruturais, sugerindo o nível
de base como responsável pela regressão da escarpa e surgimento desses rearranjos na
rede de drenagem. No entanto, a diversificada morfologia, próxima aos principais
divisores, associada a rochas do embasamento sugere que, além do nível de base,
existem outros elementos atuando no recuo da escarpa e geração das capturas. Nesse
contexto, o objetivo deste trabalho é identificar as capturas fluviais e os elementos que
influenciam na sua geração e regressão da escarpa. Esse se justifica uma vez que a
literatura elenca vários fatores para formação de capturas fluviais (litologia, tectônica,
estrutura, nível de base, clima ou uma combinação de alguns destes). Desta forma,
pretende-se trabalhar com a investigação sobre outros elementos averiguando sua
possível influência no rearranjo da drenagem para a área. Cabe ressaltar que a região
também apresenta elevada quantidade de estruturas herdadas, bem como um
escalonamento com gênese relacionada ao soerguimento do Brasil Oriental. Além disso,
a distribuição pluviométrica se apresenta desigual ao longo das escarpas sugerindo uma
possível influência em suas diferentes porções. Os procedimentos metodológicos se
baseiam em duas escalas de análise: uma regional e outra local. A regional compreende
etapas de gabinete com produção e análise de mapa geológico e MDE, perfis geológicos
e topográficos, compartimentação morfoestrutural, levantamento de dados
geocronológicos e aplicação do Fator de Simetria Topográfica Transversa. A escala
local se baseia em trabalhos de campo e gabinete com análise de mapa geológico e
topográfico, imagens de satélite, perfis longitudinais e morfologia da área próxima às
capturas, identificação das anomalias de drenagem, terraços fluviais e feições
morfotectônicas. Os resultados esperados são uma maior compreensão da evolução de
escarpas no interior de margens passivas no que diz respeito a capturas fluviais e suas
relações com seus elementos de formação.
Palavras-chave: evolução do relevo, regressão de escarpas, anomalia de drenagem,
nível de base e morfoestrutura.
Autor: Patrícia Mara Lage Simões
Orientador: Roberto Célio Valadão
Área de concentração: Análise Ambiental
Linha de pesquisa: Geodinâmica das paisagens continentais
Nível: Doutorado
Evolução do Relevo do alto curso da bacia do Rio Pardo Pequeno –
Diamantina/MG
Resumo
A paisagem geomorfológica é moldada por processos morfogenéticos que
ocorrem com a ação da dinâmica externa sobre os materiais da superfície terrestre. Os
estudos que pretendem resgatar os acontecimentos passados responsáveis pela formação
atual do relevo necessariamente devem analisar as interações estabelecidas entre os
diversos processos e materiais ao longo do tempo profundo. Esta pesquisa propõe uma
análise geomorfológica em escala regional, considerando o princípio de que é preciso
investigar o objeto de estudo transitando entre duas escalas dimensionais, e
consequentemente temporais, a regional que é o foco do trabalho, e a local que irá
fornecer subsídios, essencialmente pela caracterização da cobertura pedológica. Na área
de estudo foram identificadas três unidades geomorfológicas, cujas características
morfológicas sugerem uma relação morfogenética. Com base no que foi exposto este
projeto de pesquisa propõe como objetivo principal investigar a formação e evolução da
paisagem geomorfológica do alto curso da bacia do Rio Pardo Pequeno, tendo como
objetivos específicos: a produção da compartimentação geomorfológica da área,
caracterização das unidades de relevo identificadas, mapeamento da cobertura
pedológica, determinação do grau de intemperismo dos solos das unidades
geomorfológicas. Os procedimentos metodológicos da pesquisa foram divididos em
duas linhas de investigação, uma voltada para a análise da evolução do relevo em uma
escala regional (macro), na qual serão trabalhadas as cartas geológicas, topográficas,
imagens de satélite, perfis topográfico e longitudinal dos cursos d’água; e a segunda
abordagem que está delimitada por uma escala de maior grandeza (micro) que irá buscar
na análise da cobertura pedológica da área de estudo dados que expliquem os
questionamentos levantados nesta pesquisa, por meio de análises físicas, químicas,
mineralógicas e micromorfológicas dos solos que representam as unidades
geomorfológicas do alto curso da bacia do Rio Pardo Pequeno. Ao final desta pesquisa
os métodos voltados para as diferentes escalas de análises irão fornecer subsídios, que
interpretados dentro de seus contextos escalares, irão contribuir para alcançar o objetivo
proposto.
Palavras-chave: morfodinâmica, morfogênese, pedogênese, compartimentação
geomorfológica, cobertura pedológica.
Autor: Walter Viana Neves
Orientador: Cristina Helena Ribeiro Rocha Augustin
Área de concentração: Análise Ambiental
Linha de pesquisa: Recursos hídricos
Nível: Doutorado
Análise da dinâmica hidro-geomorfológica na bacia do Rio Peruaçu.
Resumo
A pesquisa trata de estudos comparativos do comportamento hídrico na bacia de
drenagem da vereda do Peruaçu, municípios de Bonito de Minas, norte de Minas
Gerais. As veredas são uma tipologia florestal, dentro do bioma do Cerrado,
caracterizada principalmente pela existência de buritis e gramíneas, com solo
hidromórfico turfoso, ponto de exsudação do lençol freático, responsáveis pela
perenização dos cursos de água em algumas regiões do semi-árido brasileiro. O
desenvolvimento e articulações das redes de drenagem na região sudeste, consiste em
sistemas complexos e poucos estudados como é o caso das veredas no norte de Minas,
que estão sendo destruídas antes mesmo de serem totalmente compreendida. Estudos
nessas áreas apontam para a existência de processos sub-superficiais erosivos,
associados às perdas geoquímica causando incisões e podendo provocar a captura por
outras bacias limítrofes. Estudos específicos em veredas do norte de Minas por meio de
utilização de GPR levanta suspeita da existência de um freático suspenso, dividido por
uma camada tampão, formada por argila ou partícula de areia muito fina. Essa hipótese
causa grandes preocupações com relação à subsistência das veredas, tendo em vista a
fragilidade do ecossistema, caso o mesmo seja local. Esse projeto propõe investigar a
dinâmica fluvial de uma bacia hidrográfica formada por veredas, em áreas de substratos
rochosos de arenitos, identificando processos associados ao modelo do relevo, voltado
para o desenvolvimento da rede de drenagem em áreas com formação rochosa
siliciclásticas. Para isto, os métodos utilizados são: o uso de parcelas para a coleta de
sedimentos e como áreas de amostragem do solo e do manto alterado. As parcelas foram
alocadas ao longo do perfil longitudinal do rio Peruaçu, para permitir que sua cabeceira,
médio e o baixo curso sejam bem representados. Estão sendo instalas 12 parcelas, 3 em
cada vertente, perfazendo 4 vertentes. A localização de cada parcela teve como base a
identificação de sítios geomorfológicos, identificados a partir de rupturas de declive, em
medições realizadas com o uso de clinômetro Suunto, de leitura direta e de sequências
de 3 balizas alinhadas. As parcelas, além de permitir a coleta de sedimentos (por meio
de galões), são também pontos referenciais para a locação para os piezômetros que
permitirão o monitoramento do nível freático e coleta de amostras de água. Serão: 1-
abertos perfis ao lado das parcelas com profundidade de até 1,5 metros, para descrição e
coleta de amostras de solo para análises físico-químicas laboratoriais; 2-coleta de
amostra de águas subterrâneas e superficiais em uma área de aproximadamente 50Km
de raio no entorno da bacia; 3- coleta de amostras de do perfis do regolito a cada
mudança de cor ou textura do material nos poços com piezômetros; 4- levantamento
sub-superficial de transectos ao longo das vertentes das parcelas por meio de GPR; 5-
Analise química e física do solo e da água. Em cada parcela está sendo medida a
cobertura vegetal quanto aos seguintes parâmetros: densidade total e por estratos, altura
média das espécies, estratos dominantes. Correlações entre as variáveis serão realizadas
após a obtenção de todos os dados.
Palavras-chave: Vereda, freático, micromorfologia, dinâmica, vertente.
Autor: Luiz Fernando de Paula Barros
Orientador: Antônio Pereira Magalhães Junior
Área de concentração: Análise Ambiental
Linha de pesquisa: Geomorfologia Fluvial
Nível: Doutorado
Implicações Geomorfológicas e Paleoambientais dos Registros Sedimentares em
Vales Fluviais do Quadrilátero Ferrífero – Minas Gerais
Resumo
Diversos estudos localizados acerca da sedimentação fluvial quaternária vêm
sendo realizados na região do Quadrilátero Ferrífero (QF), importante domínio
geológico-geomorfológico de relevo montanhoso situado na região central do Estado de
Minas Gerais. Esses estudos dizem respeito a diferentes vales das bacias dos rios Doce,
das Velhas e Paraopeba, das quais o QF se constitui como divisor hidrográfico.
Entretanto, avanços logrados com a datação de depósitos por recentes pesquisas na área
têm levado a novos questionamentos e indicado a necessidade de um estudo de caráter
regional, a fim de se buscar relações entre os resultados encontrados nas diferentes
porções do QF. Nesse sentido, o presente trabalho visa sintetizar o quadro de níveis e
sequências deposicionais fluviais do Quadrilátero Ferrífero, a fim de se identificar
possíveis padrões na sedimentação regional e de se lançar luzes sobre a compreensão do
papel da dinâmica neotectônica e climática no modelado fluvial regional. Os métodos a
serem empregados incluem descrição faciológica, análises granulométricas e de clastos,
geocronologia, além de possíveis análises micromorfológicas e de fitólitos em depósitos
selecionados.
Um exemplo de questão a ser investigada diz respeito às idades obtidas em
estudos anteriores para os depósitos fluviais na região. No vale do Rio Conceição (bacia
do Rio Doce), por exemplo, o nível deposicional mais recente, que não apresenta
desnível para o rio atual e ainda é preservado como terraço, foi datado em 77±12 ka
pelo método da Luminescência Opticamente Estimulada. No entanto, o nível fluvial
mais antigo do vale do alto Rio das Velhas (porção central do QF), situado entre 10-
30m acima do rio atual e completamente descaracterizado morfologicamente, apresenta
idades entre 47±6 e 50±6 ka, segundo datação pelo mesmo método. Do mesmo modo,
enquanto um nível aluvial ~15 m acima do rio atual foi datado no vale do Rio
Conceição em 170±28 ka, no médio vale do Rio das Velhas, apenas alguns quilômetros
do QF, níveis aluviais com desníveis aproximados de 50 m para a drenagem atual foram
datados em no máximo 167±18 ka. Outra questão importante a ser investigada é o fato
de terem sido encontrados depósitos semelhantes em vales das diferentes bacias que
drenam o Quadrilátero Ferrífero. Este fato sugere eventos regionais de formação de
níveis deposicionais com fácies de seixos cimentadas por óxidos-hidróxidos de ferro, à
semelhança de cangas, sendo necessária a aplicação de métodos geocronológicos e de
reconstrução ambiental nesses depósitos para definição de sua efetiva relação e
entendimento dos cenários paleoambientais responsáveis por sua formação.
Nesse sentido, a presente pesquisa justifica-se por contribuir para uma melhor
compreensão da evolução geomorfológica e dos cenários paleoambientais do
Quaternário na região do Quadrilátero Ferrífero. O trabalho também se justifica como
uma contribuição para o entendimento da sedimentação continental brasileira e de sua
cronologia, ainda muito incipiente.
Palavras-chave: níveis deposicionais fluviais, evolução regional do relevo, paleoclimas
do Quaternário, neotectônica, geocronologia
30/10/2013 – QUARTA-FEIRA – 13:00h
MESA 4: Geodinâmica, SIGs e Planejamento
Debatedores:
Prof. Dr. Claudinei Lourenço
Prof. Dr. Ricardo Alexandrino Garcia
Profa. Dra. Marly Nogueira
Autor: Grazielle Anjos Carvalho
Orientador: Ana Clara Mourão Moura
Área de concentração: Análise Ambiental
Linha de pesquisa: Geoprocessamento nos estudos urbanos e na gestão da paisagem
Nível: Doutorado
Pensar e fazer o Planejamento Urbano e Regional sob a ótica de teorias da
complexidade: A identificação de alterações no uso do solo da mancha conurbada
de Belo Horizonte - Minas Gerais – Brasil, através de modelos preditivos baseados
em Autômatos Celulares (CA)
Resumo
O texto do seminário corresponde ao apresentado para a banca de qualificação
planejada para o início de outubro. Ele apresenta, em um primeiro momento, o estado
da arte do planejamento urbano no Brasil e de como ele tem sido feito, assim como os
planos de ação dos governos nos últimos 50 anos. Apresenta ainda uma reflexão sobre
os Sistemas Complexos e a tentativa de se entender a cidade como um deles, relatando
os parâmetros que caracterizam os sistemas complexos, assim como os que são
identificáveis no sistema urbano. É apresentado o marco teórico do que vem a ser os
Autômatos Celulares (AC), metodologia de sistemas complexos selecionada para ser
trabalhado no ambiente urbano correspondente à mancha conurbada de Belo Horizonte,
onde se insere cerca de 80% da população da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
O trabalho apresenta como objetivo geral identificar alterações (positivas ou negativas)
no uso do solo da mancha conurbada de Belo Horizonte, através de um modelo
computacional preditivo baseado em Autômatos Celulares (CA) antes da implantação
de projetos, seja de infra-estrutura, habitacional ou preservacionista, de forma a permitir
o planejamento do ambiente urbano e não apenas a sua gestão, objetivo este ainda não
alcançado. Como resultados iniciais são apresentados, através do mapeamento do uso
do solo em imagem Landsat (resolução 30 metros), a monitoria temporal das variações
ocorridas no uso do solo entre o período de 1989 e 2013. Além disso, também foi feito
uma comparação temporal de variáveis como renda, acesso a saneamento básico (coleta
de lixo, rede de água, rede de esgoto) e densidade populacional, em escala de setor
censitário, para o período compreendido entre 2000 e 2010 (fonte IBGE). O material
cartográfico é estruturado em Sistema de Informações Geográficas e foi trabalhado de
modo a constituir base de dados para a aplicação das metodologias de análise espacial
baseadas em autômatos celulares.
Palavras-chave: Planejamento Urbano Regional, Sistemas Complexos, Autômatos
Celulares, Belo Horizonte, Geoprocessamento
Autor: Bráulio Magalhães Fonseca
Orientador: Dra. Ana Clara Mourão Moura
Área de concentração: Análise Ambiental
Linha de pesquisa: Geoprocessamento na Gestão da Paisagem Urbana e Ambiental
Nível: Doutorado
Futuros Alternativos para o município de São Gonçalo do Rio Abaixo/MG, região
do Médio Piracicaba: uma abordagem através do Geodesign.
Resumo
Analisar os futuros alternativos para um município ou uma região requer o
envolvimento de múltiplas variáveis, um método de pesquisa que seja integrador e que
permita a participação dos atores sociais locais que fazem uso e contribuem para a
transformação da paisagem. A partir desta premissa Carl Steinitz1 propôs um novo olhar
sobre as análises de multicritérios fazendo uso do conceito e da metodologia Geodesign.
Neste contexto, o presente trabalho propõe uma análise dos futuros alternativos para o
município minerador de São Gonçalo do Rio Abaixo – MG, na região do Médio
Piracicaba.
O termo Geodesign foi consolidado com o lançamento do livro A Framework
for Geodesign no ano de 2012 por Carl Steinitz, mas sua essência está relacionada ao
surgimento do Sistema de Informação Geográfica (SIG), que de acordo com Batty
(2013) tem suas origens na Arquitetura da Paisagem e na Geografia. O SIG surgiu como
uma resposta sistemática para solucionar conflitos entre as variadas e diferentes
interpretações da dinâmica da paisagem. Segundo Batty (2013) tudo começou com a
sobreposição de mapas, o que nos remete aos métodos usados pelo arquiteto paisagista
Frederick Law Olmsted (1882 – 1903) no projeto do Central Park, Nova York. A
essência do termo Geodesign não é nova, e também está presente na obra Design With
Nature, de Ian McHarg (1969) (MILLER, 2012; STEINITZ, 2012).
O município de São Gonçalo do Rio Abaixo foi selecionado como área piloto
pelas grandes transformações econômicas e ecológicas referentes à atividade de
mineração, sobretudo com iminente expansão da capacidade produtiva da mina de
Brucutu, por ser um município pouco estudado no tocante à análise da paisagem, pela
sua localização em uma região que comporta grandes empreendimentos do setor
minero-metalúrgico e também devido à proximidade da região do Médio Piracicaba
com a região do Médio Espinhaço2, a qual constitui uma zona de expansão da atividade
mineral no Estado de Minas Gerais (BARBIERI, 2013). A questão é que a expressiva
transformação econômica pode resultar também em transformações da paisagem.
1 Carl Steinitz é Professor Emérito de Arquitetura e Planejamento da Paisagem na Escola Superior de
Design da Universidade de Harvard. 2 A região é objeto do estudo intitulado “Plano Regional Estratégico em torno de Grandes Projetos
Minerários no Médio Espinhaço”, realizado pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional
(CEDEPLAR) ligado à Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG.
Como o município se encontra fortemente vinculado a Itabira, que é um
município que passou pelo processo de transformação geográfica – econômica e de
paisagem – provocados pela mineração, cabe perguntar se a análise e simulação de
processos acontecidos em situação semelhante ajudam na compreensão da situação atual
e futura para o município de São Gonçalo do Rio Abaixo que inicia um processo de
transformação correlato.
Esta pesquisa compreende um estudo de caso que criará subsídios para diversas
situações semelhantes às condições aqui pesquisadas, apresentará como contribuição a
análise e interpretação da paisagem através da proposição e avaliação de um
procedimento metodologico que pode ser aplicado em outros municípios mineradores
no estado de Minas Gerais e no Brasil.
Palavras-Chave: Geoprocessamento, planejamento urbano-ambiental, paisagem, SIG
Autor: Lilia Maria de Oliveira
Orientador: Philippe Maillard
Área de concentração: Análise Ambiental
Linha de pesquisa: Sensoriamento remoto aplicado no estudo da poluição difusa para
recursos hídricos superficiais
Nível: Doutorado
Obtenção de modelo físico para determinação da poluição difusa na bacia do rio
das Velhas
Resumo
A origem de fontes difusas de poluição, assim como as técnicas para seu
controle, são objeto de várias pesquisas através do uso de modelos matemáticos
relacionando variáveis hidráulicas, hidrológicas e qualidade de água, os quais podem ser
integrados ou não a Sistemas de Informação Geográfica (SIG). Como as fontes de
poluição difusa tem origem em diferentes pontos da bacia e podem atingir o curso de
água em diversas partes, isto dificulta a associação da fonte poluidora as alterações de
qualidade ocorridas no curso de água. Assim definir distâncias críticas, com o uso de:
variáveis hidrológicas, uso e ocupação do solo e declividade tem mostrado um caminho
a ser percorrido. Desta forma pretende-se definir distâncias criticas (considerando a
declividade), tomadas a partir dos cursos de água, para as quais o uso do solo, a
declividade e a rugosidade da cobertura vegetal possam explicar as alterações de
qualidade ocorridas nas águas superficiais. Os resultados iniciais indicam que em áreas
com maior resistência ao escoamento, devido a maior rugosidade da vegetação e menor
declividade, o escoamento adquiri menor velocidade, produz tempos de viagem
elevados e conduz a menores distâncias críticas. Os resultados obtidos indicam ganhos
iniciais, no potencial de explicação da qualidade das águas a partir do uso e ocupação do
solo, de até 17% comparados com métodos convencionais de estabelecimento de
distâncias críticas fixas para o estudo da poluição difusa.
Palavras-chave: Sensoriamento remoto, poluição difusa, recursos hídricos, hidrologia e
hidráulica
31/10/2013 – QUINTA-FEIRA – 8:00h
MESA 5: Práticas e gestão do/no espaço e a questão ambiental
Debatedores:
Profa. Dra. Rogata Soares Del Gaudio
Prof. Dr. Carlos Lobo
Prof. Dr. Klemens A. Laschefski
Autor: Diego Horta Bicalho.
Orientador: Klemens A. Laschefski.
Área de concentração: Organização do Espaço.
Linha de pesquisa: Produção, organização e gestão do espaço.
Nível: Mestrado
“O Planejamento Urbano e a questão socioambiental: Perspectivas e desafios das
propostas de áreas verdes mescladas com habitação social a partir da elaboração
dos Planos Diretores Regionais de Belo Horizonte, MG”.
Resumo
A ideia de áreas de preservação “intocadas” dentro das cidades, transformadas
geralmente em parques que podem ficar abertos num determinado horário para visitação
ou não; oferecendo somente a função de algum tipo de lazer e/ou práticas esportivas
(quando a estrutura assim oferece) ainda têm prevalecido. Contudo, dentro de áreas
urbanas, as áreas verdes não poderiam contribuir de formas mais diversas as
necessidades das populações que habitam no seu entorno, especialmente aquelas
camadas sociais mais carentes?
O município de Belo Horizonte passou recentemente por uma atualização do seu
Plano Diretor de 1996 com objetivo de apresentar propostas técnicas mais sólidas para
aplicação dos instrumentos previstos no Estatuto da Cidade. Entre elas, cabe destacar o
aumento significativo de propostas de áreas para habitação de interesse social (AEIS-1)
delimitadas em terrenos vazios acima de 1200 m² em enorme quantidade espraiados por
todo município. Em algumas glebas, foi observada tecnicamente a possibilidade de
algumas áreas serem preservadas do ponto de vista ambiental, mas com possibilidade de
serem entremeadas com áreas passíveis de edificação para habitação social. A proposta,
inicialmente pensada em implantação de parques nas APPs e áreas de vegetação
expressiva em geral, com habitação social no entorno, foi logo praticamente descartada
pelos planejadores – Entre eles o próprio autor que também trabalhou na revisão e
mapeamento dessas áreas - em função das dificuldades tanto de compra dos terrenos
como de implantação e futura gestão dessas áreas pelo poder público municipal: Incapaz
do ponto de vista da atual estrutura político-administrativa.
A partir de uma análise documental de propostas para o planejamento urbano,
pesquisa bibliográfica, declarações e entrevistas com planejadores e moradores de
comunidades no entorno de grandes glebas como o Isidoro em Belo Horizonte, este
trabalho propõe fazer uma análise crítica em cima do modelo de planejamento que vem
sendo feito até então e discutir outras possibilidades de se pensar o uso e ocupação do
solo nas cidades baseado no conceito de justiça ambiental (ACSELRAD), direito ao
território, direito à cidade (LEFEBVRE), direito à moradia e segurança alimentar.
Partindo não somente dos pressupostos da Reforma Urbana e aplicação dos
instrumentos do Estatuto da Cidade, mas também da ideia de que tais questões são
fundamentais como parte da dignidade da pessoa humana, não podendo tais direitos
ficarem restritos cada vez mais à lógica das regras capitalistas de práticas de mercado
como vem sendo feito no acesso à moradia e ao espaço urbano em geral.
Palavras-chave: Planejamento Urbano, habitação social, áreas verdes na cidade, justiça
ambiental e direito ao território.
Autor: Rana Paz Lacerda Vieira
Orientador: Klemens A. Laschefski
Área de concentração: Organização do espaço
Linha de pesquisa: Produção, organização e gestão do espaço
Nível: Mestrado
Discurso ambiental: ideologia e crítica
Resumo
O tema da pesquisa é o discurso ambiental enquanto linguagem significativa de
um conjunto de comportamentos, imagens, palavras e valores ambientais. Tendo em
vista a capilaridade do discurso ambiental, entremeando diferentes campos de saber:
econômico, geográfico, educativo, entre outros, fez-se necessário como condição de
possibilidade da pesquisa, a escolha de um objeto. Partindo da própria experiência da
autora, optou-se pelo que se tem denominado de educação ambiental, objeto que
somente se constitui em diálogo com outros campos de saber.
As questões que encaminharam a pesquisa tiveram como ponto de partida a
inquietação diante de uma dupla naturalização: a do discurso ambiental e do seu próprio
conteúdo, o ambiente, produzindo a despolitização do conceito e a alienação dos
sentidos dos elementos do discurso. São dois, portanto, os movimentos principais da
pesquisa: uma denúncia ao discurso da educação ambiental enquanto discurso que se
pretende hegemônico e universal, colocando a educação a serviço da ciência e da
técnica. E a descrição de propostas de um discurso contra-hegemônico, a partir do
questionamento da atividade acadêmica na produção de uma educação ambiental crítica.
A denúncia ao discurso hegemônico da educação ambiental e a descrição de
propostas que se denominam de educação ambiental crítica só são possíveis com a
construção de um método, uma sistematização e organização dos elementos da análise
do discurso e da elaboração de conceitos contra-hegemônicos. A escolha do método
tem sido feita a partir de uma análise semiológica dos discursos e de propostas da
geografia crítica, sobretudo a partir de duas categorias fundamentais, lugar e espaço. A
metodologia propõe uma análise comparativa entre educação ambiental no ensino
escolar básico e as propostas críticas no nível acadêmico em cursos de graduação e pós-
graduação.
Palavras-chave: Educação ambiental, discurso, modernidade, lugar, espaço
Autor: Altair Sancho Pivoto dos Santos
Orientador: José Antonio S. de Deus
Área de concentração: Organização do Espaço
Linha de pesquisa: Ordenamento Territorial e Meio Ambiente
Nível: Doutorado
Des-ordenamento Territorial e Unidades de Conservação
Resumo
A partir da década de 1970, com a institucionalização da questão ambiental no
âmbito dos debates acerca do desenvolvimento, a criação de unidades de conservação
adquiriu centralidade no arcabouço das políticas de ordenamento territorial do Estado
brasileiro. Tradicionalmente, esse instrumento de planejamento e gestão governamental
está ancorado em uma concepção singular de espaço e de mecanismos concretos de
intervenção territorial, caracterizados pela delimitação e controle de realidades
socioespaciais estratégicas sob o ponto de vista da conservação da biodiversidade.
Como resultado dessa nova ordem estabelecida, sobretudo no caso da criação de
unidades de proteção integral, inúmeras comunidades, residentes dentro ou no entorno
dessas áreas, passam a conviver com interferências em relação às suas práticas
territoriais. Há, nessa direção, uma sobreposição de manifestações de poder
circunscritas nos espaços transformados em unidade de conservação, conformando um
campo de relações e disputas, moldado por um movimento relacional e contínuo de
forças que buscam afirmar o efetivo exercício de suas territorialidades.
Esse contexto se complexifica na pós-modernidade, quando se abre a
possibilidade de vivência de novas experiências de espaço e de tempo (“compressão
tempo-espaço”, Harvey, 1989), que impedem uma leitura estanque do território.
Segundo Haesbaert (2006), o território, enquanto relação de apropriação e/ou domínio
da sociedade sobre o seu espaço, não está relacionado apenas à fixidez e à estabilidade,
mas incorpora como um de seus constituintes fundamentais o movimento, as diferentes
formas de mobilidade e o exercício cada vez mais multiescalar das territorialidades (por
meio de redes). Nessa direção, é preciso compreender a formação dos territórios
enquanto processo “des-reterritorializador” (Haesbaert, 2004) e, portanto, des-
ordenador. É justamente a apreensão dessa dinâmica o grande desafio que se apresenta
aos estudos territoriais , uma vez que , como afirma Penha (2005), agentes
territorializadores e estruturas territoriais contrapoem -se e combinam-se dialeticamente,
gerando um complexo mosaico de escalas e significados difícil de detectar e apreender.
No caso de pesquisas dedicadas à temática da criação e gestão de unidades de
conservação, essa perspectiva de análise é ainda incipiente, de maneira que são poucas
as iniciativas que se propõem a adotar uma abordagem integrada e processual das
transformações territoriais associadas a essa política de ordenamento territorial.
Nesse sentido, a presente pesquisa visa compreender o processo de ordenamento
territorial associado à criação e gestão do Parque Nacional da Serra do Cipó e Área de
Proteção Ambiental Morro da Pedreira, MG. Tal objetivo parte do pressuposto que o
território em questão é conformado a partir de uma perspectiva multidimensional de
poder (Foucault, 1979) e moldado, ao mesmo tempo, por forças econômicas, políticas e
culturais ou simbólicas, que se conjugam de formas diferenciadas e interdependentes,
exigindo uma abordagem direcionada à apreensão das des-continuidades,
temporalidades, escalaridades e processos históricos conformadores do contexto
territorial em questão. Assim, a pesquisa abrangerá dois níveis de análise, como sugere
Haesbaert (2006): i. nível “societal” ou da gestão territorial, buscando-se compreender a
natureza dos mecanismos (i)materiais de controle e domínio territorial que se
estabelecem e se ressignificam no âmbito da gestão das unidades de conservação em
estudo, levando-se em consideração a perspectiva democrática desse processo, a atuação
dos diferentes sujeitos e segmentos sociais, seus respectivos interesses e as estratégias
por eles adotadas para garantir a continuidade do modelo de dominação em curso ou
para tentar se contrapor a tal processo, bem como as tensões e conflitos territoriais daí
resultantes. ii. nível mais “personalizado”, do espaço mais imediato, ou seja, do lugar,
com o intuito de compreender as implicações do processo de des-ordenamento
territorial via criação e gestão das UC’s na vivência espacial, nas práticas cotidianas, no
sentimento de pertencimento e no exercício de territorialidade de algumas comunidades
residentes nesse território, inclusive as resistências que se concretizam a partir da
tentativa de imposição dessa nova ordem.
Palavras-chave: Ordenamento Territorial, Unidades de Conservação, Poder, Cultura e
Conflitos.
Autor: Ana Carolina Andrino de Melo
Orientador: Sérgio Manuel Merêncio Martins; Co-orientadora: Doralice Barros
Área de concentração: Organização do Espaço
Linha de pesquisa: Produção, Organização e Gestão do Espaço
Nível: Mestrado
Natureza, técnica e possibilidades de uso do espaço a partir do processo de
constituição dos cursos d’água em Belo Horizonte
Resumo
O objetivo da pesquisa é investigar a relação entre a cidade de Belo Horizonte e
os cursos d’água presentes em seu território, indagando sobre sua articulação com a
produção do espaço urbano e a produção de conhecimento sobre a natureza e a cidade.
Mais especificamente, trata-se de discutir, a partir da história social dos rios, a dimensão
conflituosa do uso do espaço, buscando compreender como a transformação física,
funcional e simbólica dos espaços fluviais ao longo da história da cidade manifesta as
determinações materiais, socioespaciais e políticas do saber técnico na urbanização
contemporânea e as ideologias envolvidas nas noções de natureza dominantes em nossa
sociedade.
A história dos rios e córregos de Belo Horizonte mostra que, desde o plano da
nova capital mineira, orientado por princípios positivistas basilares da Engenharia e do
Urbanismo ao final do século XIX, privilegiou-se a opção de adaptar os canais ao
escoamento pluvial e ao esgotamento e, as margens fluviais, à circulação no espaço e à
valorização da terra urbana. Desde então, a realização de obras de engenharia de grande
porte para controlar a dinâmica fluvial foi colocada como necessidade para a cidade e,
ao longo do tempo, novas necessidades criadas pela produção do espaço perpetuaram a
hegemonia desse modelo de saneamento e drenagem. Como resultado, os canais fluviais
encontram-se distantes da paisagem e do cotidiano dos moradores, possibilitando um
uso muito reduzido para as áreas das margens.
Considerando que a forma pela qual os cursos d’água integram o tecido urbano
faz parte do conjunto de transformações do espaço, propõe-se analisar, desde a fundação
de Belo Horizonte até hoje, o histórico de intervenções em cursos d’água, assim como
os planos e projetos voltados à drenagem urbana, como partes integrantes do processo
de produção do espaço. Este processo se desenvolve através de lutas acerca do uso do
espaço, nas quais o domínio do saber e da técnica constitui-se em importante
instrumento, notadamente alocado nas mãos do Estado.
Para desenvolver os objetivos e questionamentos da pesquisa, constituem-na,
metodologicamente, os seguintes procedimentos: i) fundamentação teórica; ii) pesquisa
bibliográfica e documental; iii) entrevistas. As noções de produção do espaço, natureza
social, urbanização, metropolização, ideologias e poder são alguns dos principais eixos
teóricos que orientam a discussão. Através de revisão bibliográfica de estudos prévios e
de documentos do âmbito do planejamento urbano, será analisado o contexto
sociopolítico em que têm se inserido as intervenções realizadas em cursos d’água e
margens fluviais de Belo Horizonte, buscando-se analisar sua relação com as dinâmicas
espaciais que encaminham a produção do espaço urbano e com os paradigmas e debates
técnicos que orientam e transformam esta produção. Serão consultados, por meio de
entrevistas não estruturadas, membros do corpo técnico-científico do Planejamento
Municipal e da Academia, participantes dos processos decisórios referentes ao
saneamento e à drenagem urbana e inseridos nos debates que os envolvem.
Palavras-chave: Águas urbanas; Produção do espaço; Urbanismo; Saber; Poder.
Autor: Reinaldo de Freitas
Orientador: Rogata Soares Del Gaudio
Área de concentração: Organização do Espaço
Linha de pesquisa: Teoria, Métodos e linguagens em Geografia
Nível: Mestrado
O discurso inclusivo dos livros didáticos de Geografia para ensino fundamental
Resumo
Essa pesquisa tem por objetivo identificar reflexos das políticas de inclusão de
deficientes, institucionalizadas por meio de legislação específica, nos livros didáticos de
Geografia, para o segundo segmento do ensino fundamental. Essa proposição surgiu
com base em inúmeros questionamentos, relativos ao processo de inclusão escolar,
enquanto professor das séries finais do ensino fundamental, e que aportou na seguinte
questão: como os livros didáticos podem contribuir para melhorar a compreensão das
relações em sociedade, com foco na representação de portadores de necessidades
especiais nos livros didáticos, material presente em todas as etapas da escolarização a
partir do 2º ciclo do ensino fundamental?
Os livros didáticos, segundo Choppin (2004), mais que meros portadores de
informações e conhecimentos, também representam concepções acerca da (re)produção
do espaço, por meio da conformação de discursos e de representações que pretendem
corresponder à sua efetividade. No âmbito dessa pesquisa, a função documental do livro
didático tem grande importância, pois é a partir da presença de elementos textuais e
icônicos, cuja observação e confronto podem contribuir para desenvolver o espírito
crítico dos alunos, é que se pretende verificar a representação e o tratamento dado aos
portadores de necessidades especiais.
Como procedimento metodológico, os documentos oficiais relacionados à
parametrização dos conteúdos e critérios estabelecidos pelo PNLD serão analisados, por
meio de uma revisão bibliográfica sobre o tema. Tendo em vista as referências
atualmente adotadas na construção dos livros didáticos, acredita-se que elas permitirão
apontar mudanças nos discursos adotados pelas obras, relativos à formação de uma
sociedade inclusiva.
A pesquisa abrange os cinco últimos ciclos de avaliações feitas pelo PNLD,
realizadas em períodos de três em três anos, tomando como ponto de partida a
promulgação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) - 9.394/96, que cria possibilidades
para ampliação do debate sobre inclusão de deficientes em escolas regulares. Outros
marcos legais criados ao longo do período delimitado (1999 a 2011), também servirão
de subsídio para verificar se, a partir dos textos e imagens veiculados, os livros trazem
reflexos dessa mudança e a incorporação de pressupostos relativos a inclusão.
Para entender a contribuição dos livros didáticos de Geografia no
desenvolvimento de atitudes que favoreçam a construção da cidadania e analisar de
forma sistemática e propositiva as formas simbólicas presentes nas imagens e textos,
essa pesquisa de caráter qualitativo, utilizará a análise de conteúdo como instrumento
metodológico. Com isso, o uso de técnicas de análise de conteúdo constitui um
instrumento descritivo para a interpretação dos textos e ilustrações presentes nos livros
didáticos.
Como o universo a ser pesquisado é constituído atualmente por mais de 200
livros, estabelecemos critérios iniciais para selecionar as obras, apresentados a seguir:
- Livros referentes ao 6º e 7º anos de cada coleção;
- Coleções que estiveram presentes ao longo dos cinco ciclos de avaliação;
- Seleção das coleções com base no quantitativo comercializado que obtiveram maior e
menor volume de exemplares comercializados;
Ao descrever esse conteúdo, desde o início do programa de avaliação e
divulgação do Guia de referência, busca-se verificar se houve uma mudança nas
tendências de abordagem sobre aspectos relacionados à inclusão, identificando as
possíveis representações sociais que os livros carregam. Interessa-nos verificar como
essa temática é abordada nas obras a serem selecionadas para essa pesquisa, tanto por
meio de textos, quanto de imagens, geralmente associadas à discussão da cidadania e
que se apresenta também como tema ao ensino de Geografia. Essas representações,
possivelmente, são resultado de inúmeras variáveis que envolvem padrões editoriais,
governamentais e as transformações sociais. Assim, nesse intercruzamento de discursos,
existe uma condução ideológica no qual um desses atores sociais se sobressai. Palavras-chave: Livro didático, deficientes, inclusão, Geografia, educação inclusiva.
31/10/2013 – QUINTA-FEIRA – 14:00h
MESA 6: Patrimônio cultural, representações e processos de territorialização
Debatedores:
Prof. Dr. Weber Soares
Profa. Dra. Marly Nogueira
Profa. Dra. Heloisa Soares de M. Costa
Autor: Mariana Rodrigues da Costa Neves
Orientador: José Antonio Souza de Deus
Área de concentração: Organização do Espaço
Linha de pesquisa: Produção, Organização e Gestão do Espaço
Nível: Mestrado
O Mercado de Diamantina e os Sentimentos de Pertencimento: Uma análise sobre
o Patrimônio Histórico Cultural nas Óticas da Percepção Ambiental e do Turismo
Cultural
Resumo
Ao longo dos tempos, a Geografia se mostrou como um campo do conhecimento
que busca constantemente a compreensão do mundo, e de suas contradições, no âmago
das relações sociais, na apropriação e uso do meio ambiente. Nesse sentido, ao longo do
seu processo de desenvolvimento e construção evidenciam-se diferentes formas de
perceber, pensar e refletir sobre os fenômenos socioespaciais, sendo cada uma delas
geradoras de linhas interpretativas que são fundamentais no processo de construção do
conhecimento geográfico. O presente estudo busca, a partir das abordagens da
Geografia Humanística, compreender o processo de percepção e identificação dos
indivíduos com o espaço urbano patrimonial. A pesquisa tem como objetivo analisar as
percepções individuais das pessoas no Mercado Municipal de Diamantina, e como isso
pode interferir na construção de uma identidade patrimonial. O método do trabalho será
baseado na Fenomenologia, refletindo sobre a categoria “Lugar”, materializada a partir
de duas abordagens: em sua relação “lugar-mundo-vivido” e “lugar-social”, destacando
questões concernentes à experiência cotidiana, às identidades e às relações de poder
estabelecidas e desenvolvidas nos processos de sua construção, via processos de
intersubjetividade. Os procedimentos metodológicos serão embasados pela análise de
dados estatísticos oficiais, observação participante, entrevistas semiestruturadas e
produção de mapas. Esperamos contribuir de forma significativa para a execução/
realinhamentos, numa perspectiva crítica, de planejamentos em áreas patrimoniais que
levem em conta as percepções dos indivíduos que usufruem das construções
patrimoniais enquanto bem simbólico.
Palavras-chave: Patrimônio Histórico – Fenomenologia – Turismo – Mercado -
Identidade
Autor: André Tomé de Assis
Orientadora: Maria Aparecida dos Santos Tubaldini
Área de concentração: Organização do Espaço.
Linha de pesquisa: Processos sócio-espaciais do espaço rural, Agricultura
Familiar/campesinato/desenvolvimento rural.
Nível: Doutorado
As transposições do rio São Francisco na voz dos atingidos
Resumo
O rio São Francisco é considerado o rio da integração nacional. Atualmente uma
transposição das suas águas chama a atenção dos brasileiros. Segundo Ministério da
Integração Nacional (2013) essa obra teria sua inauguração em 2015, onde seria
assegurada a oferta de água em 2025, aos habitantes de municípios do Agreste e do
Sertão dos Estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Nesta tese
de doutorado uma grande questão foi escolhida e será abordada por se relacionar
diretamente com os atingidos pela transposição: Como a população ribeirinha aos canais
propostos pela transposição do rio São Francisco, percebe e convive com as
transformações e as expectativas geradas por essa obra no seu espaço de vivência?
Procurando responder a essa questão o objetivo geral é registrar, compreender e discutir
a percepção da população ribeirinha ao longo dos canais propostos pelas transposições
no rio São Francisco em Cabrobó (PE). A categoria Lugar na Geografia orienta para o
recorte que se fará observando os laços cotidianos que o indivíduo tem com o lugar
onde mora. Para se colher a voz desta população será utilizada a técnica História Oral
que valoriza justamente os grupos que historicamente não tiveram sua voz utilizada em
grandes empreendimentos. Para se compreender e discutir as falas colhidas nas
entrevistas será utilizada a Percepção como base teórica da Geografia. Inicialmente está
sendo feito uma pesquisa de exploração com levantamento bibliográfico e entrevistas
abertas semi-estruturadas. Segundo o Ministério da Integração Nacional (2013) o
Projeto é dividido em dois grandes eixos (Norte e Leste). O Eixo Norte parte de
Cabrobó em Pernambuco, é a primeira região onde se irá captar a água do rio São
Francisco e também uma das primeiras a serem beneficiadas pelas obras, pois já se tem
parte das obras prontas. A Comissão Pastoral da Terra (2013) em seus documentos,
fazendo analises de colocações da Articulação Popular São Francisco Vivo aponta
comunidades diversas como indígenas, quilombolas, pequenos produtores agrícolas;
todos ribeirinhos em Cabrobó, que estariam passando por transformações em seus
lugares de vivência feitos pelas obras. De acordo com vários autores que discutem a
metodologia que será usada, a escolha e o número de entrevistados, não necessita
exatamente seguir um padrão rígido. Há de se procurar identificar os moradores ao
longo do curso dos canais. As entrevistas visarão coletar percepções frente às questões
históricas, as transformações geradas pelas transposições e a importância do rio São
Francisco, com elementos representativos como as responsabilidades, interesses,
possibilidades de uso, expectativas, valoração. Na tese será feita a transcrição dos
relatos, e a compreensão deles se dará a partir de comparações com diferentes relatos e
o referencial bibliográfico. Espera-se que através desta pesquisa seja possível observar a
importância e a necessidade de se ouvir a população, que tanto conhece o lugar onde
vive, seus problemas e as melhores soluções.
Palavras-chave: Rio São Francisco, Transposição, Percepção, História Oral, Lugar.
Autor: Tatiane Campos dos Santos
Orientador: José Antônio Souza de Deus
Área de concentração: Organização do Espaço
Linha de pesquisa: Produção, Organização e Gestão do Espaço
Nível: Mestrado
Relações entre território e educação escolar na produção da identidade no
quilombo de Santo Isidoro- Berilo/ MG
Resumo
Este projeto de pesquisa objetiva analisar se, e como, a educação escolar pode
participar da construção da identidade territorial quilombola, na comunidade de Santo
Isidoro em Berilo/ MG. A educação escolar quilombola pode ser compreendida como
um instrumento que pode, a propósito, propiciar a discussão da questão da
autoidentificação, em áreas quilombolas. Nessa perspectiva, será privilegiada no
referencial teórico da pesquisa, a problematização sobre os conceitos de Identidade,
Território, aportes importantes para se compreender espacialmente a manifestação da
cultura tradicional dos povos quilombolas. A necessidade sentida, de me aprofundar
nesta temática é resultado de minha própria trajetória pessoal e acadêmica que me deu a
oportunidade de participar da pesquisa “Educação Escolar Quilombola em Minas
Gerais: Entre Ausências e Emergências” que me propiciou entrar em contato com a
realidade dos sujeitos quilombolas.
Este trabalho com a educação escolar quilombola possibilitar-me-á, aliás, uma
reflexão crítica sobre a produção identitária nos quilombos. A análise, desse processo
para o campo da educação é importante, pois aborda a questão da luta dos povos
quilombolas por uma educação que privilegie o contexto em que tais comunidades se
inserem, garantindo a manifestação de sua cultura e saberes (etnoambientais,
etnobotânicos, vinculados às espacialidades e temporalidades festivas e/ ou a seu
protagonismo etnopolítico, etc.). Diante de tudo disso, é que se visualiza que a educação
é um mecanismo de revitalização de outra forma de experienciar o mundo, nas suas
diversas relações com o social, através do território que também constitui o seu espaço
vivido.
Como aporte metodológico será utilizado uma abordagem qualitativa que
possibilite o contato direto do pesquisador com os sujeitos da pesquisa, bem como, com
o contexto no qual se encontram. Em relação aos procedimentos de coleta de dados
serão utilizados: revisão bibliográfica, entrevistas, confecção de mapas mentais com
sujeitos dessa pesquisa e o georreferenciamento dos seus elementos simbólicos.
Palavras-chave: Quilombos, Território, Identidade, Educação, Relações Raciais
Autor: Sidney Daniel Batista
Orientador: José Antônio Sousa Deus
Área de concentração: Organização do Espaço
Linha de pesquisa: Geografia Cultural
Nível: Mestrado
Um novo olhar sobre Diamantina e Ouro Preto: Estudo das políticas públicas, do
turismo e de suas relações com o lugar numa perspectiva Geográfica-Cultural
Resumo
A pesquisa iniciar-se-á pela uma discussão, dentro do âmbito da Geografia,
sobre o Lugar, traçando as origens do conceito e discutindo a diversidade de enfoques
desenvolvidos ao longo do tempo sobre essa categoria de análise nas diferentes linhas
interpretativas da Geografia. A opção por tomar o Lugar como categoria de análise
neste estudo deve-se ao fato desta categoria ser caracterizada pelos processos de
vivência, significação e ressignificação, o que resulta numa pluralidade de significados
de cada localidade, conforme contextos sociais diferenciados.
A pesquisa pretende realizar, em paralelo, uma investigação sobre as políticas
públicas na área de Cultura e Turismo sob a perspectiva da integração, fortalecimento e
interação entre as leis que podem interferir na dinâmica social de uma destinação
turística. O recorte territorial proposto incide em dois sítios urbanos situados nas
regiões de antiga mineração do Brasil: Diamantina e Ouro Preto. A opção por tais áreas-
foco de investigação justifica-se pelo fato de ambas as cidades guardarem fortes
elementos do Barroco e em que se mesclaram características profanas e sagradas, que
ainda repercutem e reverberam fortemente, a propósito, na atualidade. Além disso, as
duas cidades em questão apresentam inúmeros aspectos sociais, culturais e turísticos
convergentes. A pesquisa fundamentar-se-á em fontes primárias e secundárias,
destacando-se, aí, a interlocução com os moradores em reconhecimentos de campo, bem
como com os “decisionmakers”, ou seja, os órgãos responsáveis pela condução das
normas culturais e turísticas, a fim de mostrar como a legislação pode interferir no
desenvolvimento e implementação da atividade turística nestes locais específicos. É
relevante assinalar, ademais, que as duas cidades constituirão, sobretudo, campos de
referência para as análises propostas.
Pretende-se, também, na investigação, se compreender as funções do lugar/
mundo vivido na formação de identidades, tentando promover assim, um novo olhar
sobre o Patrimônio e o Turismo e possibilitando a identificação, análise e
(re)interpretação dos sentimentos topofílicos e topofóbicos dos moradores desses
municípios em relação ao Patrimônio, bem como as singularidades socioculturais locais,
as quais são apropriadas através do desenvolvimento/ experimentação in loco da
atividade turística e permeadas por uma ordenação de leis que muitas vezes modifica
também o(s) sentido(s) atribuídos pela população ao seu lugar. A pesquisa enquadra-se,
portanto, nitidamente, numa abordagem humanista do saber geográfico, pois valoriza os
aspectos subjetivos e a experiência de vida dos indivíduos como fonte de conhecimento.
Vale ressaltar que é através da atribuição destes significados e valores, que o
Lugar é acionado em processos de identificação do indivíduo (ou de segmentos sociais
locais), com o espaço que ocupam. A pesquisa pretende ainda fornecer subsídios para o
desenvolvimento, de forma adequada e pertinente, do turismo cultural, e sugerir, ao
mesmo tempo ações estratégicas que potencialmente viabilizem que o turismo possa
contribuir no sentido de valorização das culturas locais e para a efetivação de processos
de desenvolvimento social, lançando um novo olhar e com isso, tendencialmente vindo
a propiciar eventualmente, uma nova interpretação do patrimônio.
Por fim, o estudo colocará em discussão o conceito de topo-reabilitação no
sentido de tentar reestabelecer um sentimento de pertencimento do morador com a sua
cidade, inclusive remetendo-se à implantação e consolidação de eventuais
programas/propostas que visem, específica e precisamente, a valorização do Patrimônio.
Palavras-chave: Lugar, Politicas Públicas, Turismo, Patrimônio e Cultura.
Autor: Cristiano da Cruz Santanna
Orientador: Weber Soares
Área de concentração: Organização do Espaço
Linha de pesquisa: Teoria, métodos e linguagens em Geografia
Nível: Mestrado
A rede gospel no Brasil: novas territorialidades num contexto de prosperidades
Resumo
O presente trabalho constitui estudo acerca da plena adaptação e crescimento da
cultura gospel no Brasil, com ênfase nas denominações evangélicas de origem
pentecostal e nas denominações da chamada renovação carismática, que, por sua vez,
formam o núcleo onde acontecem as principais manifestações da referida cultura. Esse
crescimento do gospel é observado, principalmente, nas áreas urbanas onde, segundo
dados do IBGE3, alcança aproximadamente 22% dos cerca de 147 milhões de religiosos
declarados, enquanto que nas zonas rurais essa porcentagem cai para cerca de 10% dos
aproximadamente 28 milhões de religiosos declarados.
O discurso gospel, como observado até o presente momento, se baseia tanto em
questões relacionadas ao sagrado e às matrizes religiosas brasileiras quanto à realidade
social, cultural e econômica do Brasil. Um dos pilares do gospel no Brasil é a Teologia
da Prosperidade (doutrina religiosa cristã que defende que o crescimento financeiro é o
desejo de Deus para o fiel). Alguns sociólogos, dentre eles Jessé Souza (2012), afirmam
que, através de tal doutrina, as matrizes evangélicas de origem pentecostal apresentam
um discurso que vai de encontro aos anseios de uma crescente classe de trabalhadores
(ou batalhadores4) que vêm no trabalho e no acesso ampliado ao crédito e ao consumo
uma conexão com o plano divino.
Um dos principais objetivos deste trabalho é evidenciar o caráter reticular da
cultura gospel no Brasil, através, é claro, de uma breve análise dos conceitos de cultura
e gospel. Em seguida, propor-se-á a identificação dos agentes da rede gospel
(indivíduos, grupos, instituições, entre outros) e das relações (laços) existentes entre
eles, bem como uma análise mais detida da territorialidade gospel (material e imaterial),
e da importância dessas territorialidades para a preservação e ampliação da rede.
Palavras-chave: Gospel, prosperidade, classe média, consumo, rede
3 Censo IBGE, 2010.
4 Souza, Jessé (org.); Os batalhadores brasileiros: nova classe média ou nova classe trabalhadora?
Belo Horizonte. Ed. UFMG, 2012.