Upload
nguyendien
View
219
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas,
Agrárias e da Saúde
ISSN: 1415-6938
Universidade Anhanguera
Brasil
Barros Logsdon, Norman
ADAPTAÇÃO DO DIAGRAMA DE KOLLMANN ÀS FOLHOSAS BRASILEIRAS
Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, vol. 9, núm. 2, agosto, 2005, pp. 269-
280
Universidade Anhanguera
Campo Grande, Brasil
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=26012697001
Como citar este artigo
Número completo
Mais artigos
Home da revista no Redalyc
Sistema de Informação Científica
Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal
Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto
Ensaios e ci., Campo Grande, v. 9, n. 2, p. 269-280, ago. 2005
ADAPTAÇÃO DO DIAGRAMA DE KOLLMANN ÀS FOLHOSAS BRASILEIRAS
Norman Barros Logsdon**Departamento de Engenharia Florestal
Faculdade de Engenharia FlorestalUniversidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
Av. Fernando Corrêa da Costa, s/n – Cidade Universitária78060-090 Cuiabá, MT
Fax: 55(0++65) 615-8631 – Endereço eletrônico: [email protected]
RESUMOSustentadas por uma ampla base experimental, são revistas, neste trabalho, aproximações utilizadas por Kollmann,
baseadas em madeiras européias, com relações aplicáveis às folhosas brasileiras. Dessas relações é construído um diagrama,
semelhante ao de Kollmann, válido para folhosas brasileiras. A qualidade desse diagrama, representativo da variação da
densidade aparente com o teor de umidade, é avaliada com cinco curvas experimentais encontradas na literatura.
Palavras-chave: Madeiras. Densidade aparente. Teor de umidade. Variação.
270
Ensaios e ci., Campo Grande, v. 9, n. 2, p. 269-280, ago. 2005
NORMAN BARROS LOGSDON
1 INTRODUÇÃO
O diagrama representativo da variação
da densidade aparente da madeira com seu teor
de umidade, segundo Kollmann e Côté (1984),
atribuído a Kollmann, baseia-se em resultados
experimentais de inchamento volumétrico em
madeiras européias (basicamente coníferas), o
qual data do início do século XX e tornou-se
conhecido como Diagrama de Kollmann.
No Brasil, o referido diagrama, tem
sido utilizado desde a publicação dos métodos
brasileiros MB-26 da Associação Brasileira de
Normas Técnicas de 1940 (ABNT), para reportar
o valor da densidade aparente, obtido em ensaio,
ao teor de umidade de referência. A alternativa,
a esde procedimento, era a aplicação de uma
expressão, constante daqueles métodos, que, por
um erro de datilografia, identificado por Logsdon
(1992), não conduzia a resultados satisfatórios.
Entretanto, estudos recentes, conduzidos
por Logsdon (2002b), mostram a não aplicabilidade
do já consagrado Diagrama de Kollmann às
folhosas brasileiras.
Este trabalho tem por objetivo fazer um
estudo teórico experimental a respeito da variação
da densidade aparente da madeira com seu teor
de umidade, em um processo de umedecimento,
e construir um diagrama, a exemplo do Diagrama
de Kollmann, adequado às folhosas brasileiras.
Após a edição da vigente norma
brasileira, a NBR 7190 Associação Brasileira
de Normas Técnicas, 1997, (ABNT), todos os
resultados de ensaios, em madeiras, devem ser
reportados ao teor de umidade de referência de
12%. A norma é omissa sobre como fazer essa
correção na densidade aparente da madeira.
A alternativa mais prática é a utilização do
Diagrama de Kollmann. Daí a relevância deste
trabalho, pois referido diagrama não é aplicável
às folhosas brasileiras e precisa ser adaptado.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A madeira, segundo Dinwoodie (1981),
é um material higroscópico, e por isso, absorve
umidade da atmosfera quando está seca e cede
quando está úmida, procurando atingir um teor de
umidade de equilíbrio com as condições de vapor
de água da atmosfera circunvizinha.
O teor de umidade afeta diretamente
a densidade da madeira e, segundo Brochard
(1960), é inútil citar a densidade de uma madeira
sem fornecer, ao mesmo tempo, o teor de umidade
em que ela se encontra. Por isso, a NBR 7190
Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1997
(ABNT), define o teor de umidade de referência
de 12%, para o qual devem ser reportados os
resultados de ensaio. Entretanto, a NBR 7190
Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1997
(ABNT), é omissa sobre os procedimentos para
reportar a densidade aparente da madeira ao teor
de umidade de referência.
Kollmann e Côté (1984) atribuem a
Kollmann os estudos mais importantes sobre a
variação da densidade aparente com o teor de
umidade. Inicialmente, com base em observação
experimental, Kollmann especificou um modelo
para o diagrama de inchamento volumétrico,
dado pelas Equações 1 a 3.
Para 0% ≤ U<PSF → ΔVi.U = δVi.U (1)
Para U ≥ PSF → ΔVi.U =ΔVi.sat. (2)
Nas quais:
e
(3)
271
Ensaios e ci., Campo Grande, v. 9, n. 2, p. 269-280, ago. 2005
ADAPTAÇÃO DO DIAGRAMA DE KOLLMANN ÀS FOLHOSAS BRASILEIRAS
Onde: U é o teor de umidade da
madeira em um instante qualquer do ensaio;
PSF é o ponto de saturação das fibras; δVi .U é o
coeficiente de inchamento volumétrico (para 0%
≤ U ≤ PSF); ΔVi.U é a variação volumétrica no
inchamento, para variação no teor de umidade
desde a condição completamente seco (U =
0%) até um teor de umidade qualquer, e ΔVi.sat.
é a variação volumétrica no inchamento, para
variação no teor de umidade desde a condição
completamente seco (U = 0%) até a madeira
saturada em água (U≥PSF).
Em seguida, Kollmann colocou a massa e
o volume do corpo-de-prova úmido (umidade de
U%), em função de seus valores secos (umidade
de 0%), a partir das expressões para cálculo do
teor de umidade e do inchamento volumétrico,
como se apresentam nas Equações 4 e 5.
(4)
(5)
Onde: mu e m0 são as massas do
corpo-de-prova, respectivamente, para madeira
com umidade qualquer (U) e seca (0%); ΔVi,U
é a variação volumétrica para o inchamento,
correspondente a uma variação de umidade
desde 0% até U%, e VU e V0 são os volumes do
corpo-de-prova, respectivamente, para madeira
com umidade qualquer (U) e seca (0%).
Assim, Kollmann obteve a Equação 6, da
densidade aparente do corpo-de-prova úmido
(umidade U%) em função da densidade aparente
do corpo-de-prova seco (umidade 0%).
(6)
Onde: ρu e ρ0 são as densidades
aparentes, respectivamente, para madeira com
umidade qualquer (U) e seca (0%).
Finalmente, substituindo a variação
volumétrica no inchamento (), do modelo
apresentado nas Equações 1 e 2, na Equação
6, Kollmann obteve as Equações 7 e 8, que
representam a variação da densidade aparente
com o teor de umidade em um processo de
umedecimento da madeira.
Para 0%≤U<PSF
⇒ (7)
Para U≥PSF
⇒ (8)
Deve-se observar, que essas equações
dependem de alguns parâmetros característicos da
espécie de madeira utilizada, são eles: densidade
aparente seca (ρ0); coeficiente de inchamento
volumétrico (δVi); variação volumétrica, total, no
inchamento (ΔVi,sat.) e ponto de saturação das
fibras (PSF).
Considerando a relação experimental da
Equação 9 e o valor médio do ponto de saturação
das fibras, dado na Equação 10, ambos obtidos
para madeiras nativas da Europa, coníferas na
maioria, Kollmann obteve, a partir das Equações
7 e 8, as Equações 12 e 13 e construiu o Diagrama
de Kollmann, apresentado adiante, na Figura 1.
(Equação experimental admitida por Kollmann)
δVi=0,84.ρ0 (Equação experimental admitida por
Kollmann) (9)
272
Ensaios e ci., Campo Grande, v. 9, n. 2, p. 269-280, ago. 2005
NORMAN BARROS LOGSDON
PSF=28% (Valor médio adotado por Kollmann) (10)
ΔVi,U = δVi.U ⇒ ΔVi,sat. = δVi.PSF ⇒
ΔVi,sat. ≅ 0,84.ρ0.28 ⇒ ΔVi,sat.≅ 23,52.ρ0 (11)
Para 0%≤U<PSF →
(12)
Para U≥PSF →
(13)
Logsdon (2002b), estudando o assunto
concluiu que: a) o já consagrado Diagrama de
Kollmann não se mostrou adequado para explicar
o fenômeno em folhosas; b) o modelo proposto por
Kollmann, durante o umedecimento, fornece um
ajuste razoável apenas para as folhosas de menor
densidade aparente; c) o modelo proposto por
Kollmann parte de uma lógica irrepreensível, ao se
imaginar o umedecimento, mas as aproximações
utilizadas por ele ( δVi ≅ 0,84.ρ0 e PSF ≅ 28%)
parecem não se aplicar às folhosas brasileiras.
Alguns autores obtêm resultados
experimentais, para as curvas representativas da
variação da densidade aparente com o teor de
umidade, em um processo de umedecimento,
utilizando o modelo apresentado nas Equações
7 e 8, que corroboram as conclusões de
Logsdon (2002b). Na Tabela 1 são apresentados
esses resultados experimentais, identificando
as correspondentes fontes, e na Figura 1 é
apresentado o Diagrama de Kollmann sobre o
qual foram traçadas essas curvas.
Os autores, relacionados na Tabela 1,
também constroem as curvas representativas
da variação da densidade aparente com o teor
de umidade, em um processo de secagem,
observam diferenças entre os diagramas obtidos
nos diferentes sentidos de fluxo da água
(umedecimento e secagem) e concluem pela
necessidade de estudar as duas situações.
3 METODOLOGIA
Foram ensaiados quatro corpos-de-prova,
de cada uma das três árvores, das 28 espécies de
dicotiledôneas estudadas, totalizando 336 corpos-
de-prova. As espécies estudadas e a procedência
são apresentadas na Tabela 2.
Desses corpos-de-prova, três foram
abandonados, por apresentarem, ao final do
ensaio, rachaduras ou empenamentos acentuados.
Alguns resultados também foram abandonados
por se apresentarem exageradamente fora da série
composta de seus pares.
De cada árvore foi extraído um disco,
à altura do diâmetro à altura do peito (DAP), ou
Tabela 1 – Resultados experimentais para algumas folhosas brasileiras
Espécie δVi ΔVi,sat. (%) ρ0 (g/cm3) PSF (%) Fonte
PARICÁ 0,5072 10,8397 0,4233 21,72 Matsubara;Longsdon; Finger, (2004)
CEDRINHO 0,3968 14,7266 0,5324 37,50 Finger; Longsdon; Finger, (2002)
JUSTACONTA 0,5736 13,2598 0,6508 25,44 Ferro et al. (2002)
ANGICO-CASCUDO 0,4743 11,1346 0,8908 23,72 Matsubara; Finger; Longsdon, (2002)
GONÇALEIRO 0,4348 9,3305 1,0547 21,69 Arruda; Finger; Longsdon, (2002)
273
Ensaios e ci., Campo Grande, v. 9, n. 2, p. 269-280, ago. 2005
ADAPTAÇÃO DO DIAGRAMA DE KOLLMANN ÀS FOLHOSAS BRASILEIRAS
Gráfico 1 – Diagrama de Kollmann, com a superposição de algumas curvas experimentais.
seja, a 1,30 m da linha de afloramento da árvore
junto ao solo, com aproximadamente 10 cm de
espessura. Desse disco foi retirada uma pequena
tábua diametral, com 2 cm de espessura, da qual
foram recortados os quatro corpos-de-prova de 2
cm x 3 cm x 5 cm, respectivamente nas direções
tangencial, radial e axial.
Parcialmente, foi utilizado o ensaio de estabilidade dimensional sugerido por Logsdon (2002a), que inclui os ensaios de inchamento e retração, fazendo apenas o ensaio de inchamento
volumétrico. O ensaio tem quatro fases: secagem prévia; encharcamento; condicionamento; e secagem em estufa.
A fase de secagem prévia, realizada em sala climatizada (temperatura de 20±2°C e umidade relativa do ar de 65±5%), teve o objetivo de diminuir a umidade inicial do ensaio (U=Uínicio), permitindo obter pontos na parte linear do diagrama de inchamento.
Na fase de encharcamento, os corpos-de-prova foram imersos em água destilada até a completa
saturação da madeira (U=Usat.).
274
Ensaios e ci., Campo Grande, v. 9, n. 2, p. 269-280, ago. 2005
NORMAN BARROS LOGSDON
Tabela 2 – Espécies estudadas e respectiva procedência
No Espécie – nome vulgar e científico Procedência
1 AMESCLA, Trattinickia burserifolia Marcelândia - MT
2 ANGELIM-PEDRA, Dinizia excelsa Brasnorte - MT
3 ANGELIM-SAIA, Parquia pendula Feliz Natal - MT
4 ANGICO-CASCUDO, Anadenanthera falcata Santo Antônio de Leverger - MT
5 ARICÁ, Physocalymma scaberrimum Santo Antônio de Leverger - MT
6 AROEIRA, Myracrodruon urundeuva Cáceres - MT
7 CAMBARÁ-LISO, Vochysia haenkeana Chapada dos Guimarães - MT
8 CAMBARÁ-RUGOSO, Vochysia divergens Santo Antônio de Leverger - MT
9 CEDRINHO, Erisma uncinatum São José do Rio Claro - MT
10 CEDRO-ROSA, Cedrela odorata Juína - MT
11 CEREJEIRA, Torresia acreana Brasnorte - MT
12 CUMBARU, Dipteryx alata Cuiabá - MT
13 GARAPA, Apuleia molaris Feliz Natal - MT
14 GONÇALEIRO, Astronium fraxinifolium Cuiabá - MT
15 ITAUBA, Mezilaurus itauba São José do Rio Claro - MT
16 JATOBÁ-DA-MATA, Hymenaea courbaril Chapada dos Guimarães - MT
17 JATOBÁ-DO-CERRADO, Hymenaea stigonocarpa Cuiabá - MT
18 JUSTACONTA, Sclerolobium paniculatum Chapada dos Guimarães - MT
19 MOROTOTÓ, Didymopanax morototoni Feliz Natal - MT
20 ÓLEO-PARDO, Myroxylon peruiferum Comodoro - MT
21 PARÁ-PARÁ, Jacaranda copaia São José do Rio Claro - MT
22 PARATUDO, Tabebuia caraiba Chapada dos Guimarães - MT
23 PARICÁ, Schyzolobium amazonicum Colorado do Oeste - RO
24 PAU-DE-BÁLSAMO, Myroxilon balsamum Comodoro - MT
25 PEROBA-MIÚDA, Aspidosperma tomentosum Chapada dos Guimarães - MT
26 PEROBA-ROSA, Aspidosperma cylindrocarpon Figueirópolis do Oeste - MT
27 SUCUPIRA-BRANCA, Pterodon emarginatus Chapada dos Guimarães - MT
28 TATAJUBA, Bagassa guianensis Juína – MT
A fase de condicionamento, também
realizada em sala climatizada (temperatura de
20±2°C e umidade relativa do ar de 65±54%), teve
o objetivo de amenizar o processo de secagem.
Finalmente, na fase de secagem em
estufa, regulada para manter temperatura
de 103±2C, os corpos-de-prova foram
completamente secos (U=0%).
Uma amostra de controle, composta de
três corpos-de-prova de cada espécie, permitiu
estabelecer o término de cada fase, pela constância
da massa dos corpos-de-prova, e verificar a validade
do modelo adotado (Equações 1 e 2).
275
Ensaios e ci., Campo Grande, v. 9, n. 2, p. 269-280, ago. 2005
ADAPTAÇÃO DO DIAGRAMA DE KOLLMANN ÀS FOLHOSAS BRASILEIRAS
Para os corpos-de-prova da amostra
de controle as avaliações de massas e volumes
foram feitas em diversos instantes do ensaio,
e para os demais, no início do ensaio de
inchamento volumétrico, fim da fase de
secagem prévia (U=Uínicio); no fim da fase de
encharcamento (U=Usat.); e no fim da fase de
secagem em estufa (U=0%).
Obtidos os resultados dos ensaios
de inchamento volumétricos, foram obtidas
equações relacionando as variáveis δVi (coeficiente
de inchamento volumétrico), ΔVi,sat. (variação
volumétrica, total, no inchamento), PSF (ponto de
saturação das fibras) e Usat. (umidade de saturação),
a ρ0 ou ρap,0% (densidade aparente seca). Assim, as
Equações 7 e 8 ficaram apenas em função de ou
, possibilitando o traçado de diagrama semelhante
ao de Kollmann.
Para obter as equações, descritas no
parágrafo anterior, foi utilizada a análise de
regressão, com os modelos apresentados nas
Equações 14 a 19.
Y=A+B.ρap,0%+ C. (14)
Y=B.ρap,0%+ C. (15)
Y=A+B.ρap,0% (16)
Y=B.ρap,0% (17)
Y=A. ⇒ lnY = lnA+B.lnρap,0% (18)
Y= ⇒ lnY=B.lnρap,0% (19)
Onde: Y é a variável dependente, δVi (coeficiente de inchamento volumétrico), ou ΔVi,sat. (variação volumétrica, total, no inchamento), ou PSF (ponto de saturação das fibras), ou (umidade de saturação); A, B e C são os coeficientes obtidos da análise de regressão, e ρap,0%= densidade aparente da
madeira seca.
O outro modelo incompleto de segundo
grau, Y=C. , não foi utilizado porque os
dados não se mostraram simétricos em relação ao
eixo das ordenadas.
A teoria sobre análise de regressão
foi bem apresentada e discutida por Fonseca;
Martins; Toledo, (1976) e Draper e Smith (1981),
e não será abordada neste trabalho. Para realizar
a análise de regressão, utilizou-se o aplicativo de
planilha eletrônica Microsoft Excel.
Para a construção do diagrama foi fixada
uma série de curvas, definidas por: ρap,0%=0,20
g/cm3; ρap,0%=0,25 g/cm3; ρap,0%=0,30 G/CM3; ...
; ρap,0%=1,40 g/cm3. Para cada um desses valores
foram obtidos os de δVi (coeficiente de inchamento
volumétrico), ΔVi,sat. (variação volumétrica, total, no
inchamento) e Usat. (umidade de saturação), a partir
das equações obtidas nas análises de regressão.
Com esses valores de ρ0 (ou ρap,0%), δVi e
ΔVi,sat., aplicados às Equações 7 e 8 e variando-se
o valor de U (teor de umidade), foram obtidas as
diversas curvas que formam o diagrama. O valor
do PSF, utilizado para escolher se um determinado
valor de U deveria ser aplicado na Equação 7 ou
na 8, foi obtido a partir da Equação 3, pois a
obtida, relacionando-a a ρap,0%, apresentou grande
variabilidade de resultados. O limite superior, de
cada curva traçada, foi definido pelo valor de Usat..
A curva “Usat. X ρap,0%“, também apresentada no
diagrama, foi construída pela simples união dos
pontos (Usat.; ρap,0%).
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
As Figuras 2 a 5 apresentam os resultados
obtidos nas análises de regressão. Em todos os
276
Ensaios e ci., Campo Grande, v. 9, n. 2, p. 269-280, ago. 2005
NORMAN BARROS LOGSDON
casos foi detectada a existência de regressão
(Fcalculado>Fde significação).
A enorme variabilidade observada, nas
Figuras 2 a 5, era esperada, pois, segundo Bodig e
Jayne (1992), um amplo grau de variabilidade, não
usual, é freqüentemente exibido nas propriedades
físicas da madeira, não só por causa das condições
de clima, solo, suprimento de água e outras,
típicos das condições ambientais de procedência
da árvore, mas também ao estoque genético,
pois uma substancial porção da variabilidade é
hereditária. Essas mesmas razões são responsáveis
pelos valores relativamente baixos do coeficiente
de determinação (R2).
A heterocinestaticidade, variabilidade
da variância ao longo do domínio, observada,
principalmente nas Figuras 4 e 5, fere os pressupostos
da análise de regressão. Assim, esses resultados
devem ser tidos como grosseiras estimativas.
Entretanto, a correção desta heterocinestaticidade
implicará uma alteração do universo estudado,
quer pela alteração da variável em estudo, quer
pela ponderação da variabilidade em partes
do domínio. O novo universo não guardará,
necessariamente, relação com o universo estudado,
portanto, essa alteração não tem interesse prático.
A fim de confrontar a aproximação,
utilizada por Kollmann, para o ponto de
saturação das fibras (PSF ≅ 28%), foi calculado
Gráfico 2 – Variação do coeficiente de inchamento volumétrico com a densidade aparente da madeira seca.
Gráfico 3 – Variação do inchamento volumétrico total com a densidade aparente da madeira seca.
277
Ensaios e ci., Campo Grande, v. 9, n. 2, p. 269-280, ago. 2005
ADAPTAÇÃO DO DIAGRAMA DE KOLLMANN ÀS FOLHOSAS BRASILEIRAS
seu valor médio para as folhosas estudadas. O
valor médio, obtido para o ponto de saturação
das fibras, foi de PSF ≅ 30,42%, muito mais
próximo do valor admitido atualmente de PSF ≅
30%. Entretanto, observa-se na Figura 5 que esse
valor não é constante e tem enorme amplitude e
variabilidade de resultados.
O diagrama construído, conforme o
item 3.4, ao qual foram superpostas as curvas
experimentais, cujos dados se encontram na
Tabela 1, é apresentado na Figura 6.
Observa-se na Figura 6 que as curvas
experimentais se ajustam bem ao diagrama
proposto, no qual cada curva representa
uma “espécie” de densidade aparente seca
previamente estabelecida.
Ressalta-se ainda, que o modelo
apresentado na Equação 17, admitido por
Kollmann para representar a variação do
coeficiente de inchamento volumétrico (δVi)
com a densidade aparente da madeira seca
(ρ0 ou ρap,0%), sequer apresentou existência de
regressão (Fcalculado < Fde significação), corroborando
a suspeita de Logsdon (2002b) de não ser
aplicável às folhosas brasileiras.
Gráfico 4 – Variação do teor de umidade da madeira saturada em água com a densidade aparente da madeira seca.
Gráfico 5 – Variação do ponto de saturação das fibras com a densidade aparente da madeira seca.
278
Ensaios e ci., Campo Grande, v. 9, n. 2, p. 269-280, ago. 2005
NORMAN BARROS LOGSDON
Gráfico 6 – Diagrama representativo da variação da densidade aparente, durante o umedecimento da madeira, com o
teor de umidade.
5 CONCLUSÕES
O diagrama representativo da variação da
densidade aparente, durante o umedecimento da
madeira, com o teor de umidade, apresentado na
Figura 7, pode ser utilizado para reportar a densidade
aparente, obtida em ensaio, ao teor de umidade de
referência, de maneira semelhante ao que se pratica
atualmente com o Diagrama de Kollmann.
A curva superior direita, no diagrama
da Figura 7, representa o limite, ajustado aos
resultados experimentais, do teor de umidade de
saturação da madeira em água destilada.
Ressalta-se que o diagrama apresentado
na Figura 7 foi obtido para um processo de
umedecimento da madeira, portanto, é útil para
corrigir valores de ensaio, cujo teor de umidade
seja inferior ao de referência.
A aplicação do diagrama, apresentado
na Figura 7, para corrigir valores de ensaio, cujo
teor de umidade seja superior ao de referência,
reflete um processo de secagem, não cogitado na
elaboração do diagrama, por isso precisa ser mais
bem avaliado. Recomenda-se, para um trabalho
futuro, voltar à temática deste trabalho em um
procedimento de secagem.
Embora tenha se obtido um valor médio,
para o ponto de saturação das fibras, muito
próximo ao valor utilizado atualmente, constatou-
se a existência de regressão, heterocinestaticidade
(variabilidade de variâncias) e enorme amplitude e
variabilidade de resultados. Recomenda-se utilizar,
apenas se muito necessário e com muita cautela,
um valor médio para o ponto de saturação das
fibras e, em um trabalho futuro, fazer um estudo
específico sobre este.
279
Ensaios e ci., Campo Grande, v. 9, n. 2, p. 269-280, ago. 2005
ADAPTAÇÃO DO DIAGRAMA DE KOLLMANN ÀS FOLHOSAS BRASILEIRAS
KOLLMANN DIAGRAM ADAPTATION TO BRAZILIAN
LEAVES
ABSTRACTSustained by a large experimental basis, in this work the approximations used by Kollmann´s are revised, based on European woods, with applicable relations to the Brazilian leaves. From these relations, a diagram, similar to Kollamnn´s is constructed, valid to the Brazilian leaves. This diagram quality, representative of the apparent density variation with the humidity teor, is evaluated with five experimental curves found in literature. Keywords: Woods. Apparent Density. Humidity teor.
Variation.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARRUDA, T. P. M. de; FINGER, Z & LOGSDON,
N. B. GONÇALEIRO: Características
dendrológicas e físicas. In: Encontro Brasileiro em
Madeiras e Estruturas de Madeira, 8. CD-ROM
(Arquivos\TrabalhosPDF\EB014.01.pdf). Anais...
Uberlândia, MG. 2002.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS. MB 26 - Ensaios Físicos e Mecânicos de
Madeiras. ABNT: Rio de Janeiro. 1940
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS. NBR 7190 - Projeto de Estruturas de
Madeiras. ABNT: Rio de Janeiro. 1997.
BODIG, J.; JAYNE, B. A. Mechanics of Wood
and Wood Composites. New York. Van Nostrand
Reinhold Company Inc. 1992.
BROCHARD, F. X. Bois et charpente em bois (Le
matériau et son utilisation). Collection de L’Institut
Technique du Batiment et des Travaux Publics.
Éditions Eyrolles. Paris. 1960.
DINWOODIE, J. M. Timber its nature and behavior.
Princes Risborough Laboratory. Building Research
Establishment. Van Nostrand Reinhold Company
Ltd:. New York. USA. 1981.
DRAPER, N.; SMITH, H. Applied regression analysis. 2. ed. New York: John Wiley & Son Inc. 1981
Gráfico 7 – Diagrama representativo da variação da densidade aparente, durante o umedecimento da madeira, com o
teor de umidade.
280
Ensaios e ci., Campo Grande, v. 9, n. 2, p. 269-280, ago. 2005
NORMAN BARROS LOGSDON
FERRO, K. R.; RODRIGUES JR., M. S.; DALTRO,
A. T. & FINGER, Z. JUSTACONTA: Características
dendrológicas e físicas. In: Encontro Brasileiro em
Madeiras e Estruturas de Madeira, 8. CD-ROM
(Arquivos\TrabalhosPDF\EB019.01.pdf). Anais... Uberlândia, MG. 2002.
FINGER, F. A.; LOGSDON, N. B.; FINGER, Z.
CEDRINHO: Características dendrológicas e físicas.
In: Encontro Brasileiro em Madeiras e Estruturas
de Madeira, 8. CD-ROM (Arquivos\TrabalhosPDF\
EB021.01.pdf). Anais... Uberlândia, MG. 2002.
FONSECA, J. S.; MARTINS, G. A.; TOLEDO, G. L.
Estatística aplicada. 1.ed. São Paulo. Atlas. 1976.
KOLLMANN, F. F. P.; CÔTÉ, W. A. Principles of wood science and technology. vol. I. Solid Wood.
Reprint. Berlin, Heidelberg, New York, Tokyo.
Springer-Verlag: 1968-1984. 1984.
LOGSDON, N. B. Estudo comparativo sobre a
maneira de obter a densidade aparente a 12% de
umidade. In: Encontro Brasileiro em Madeiras e
em Estruturas de Madeira, 4. 31- 42. v. 4. Anais...
São Carlos, SP. 1992.
LOGSDON, N. B. Estabilidade dimensional:
Sugestões para revisão da NBR 7197/97. In:
Encontro Brasileiro em Madeiras e Estruturas de
Madeira, 8. CD-ROM (Arquivos\TrabalhosPDF\
EB012.08.pdf). Anais... Uberlândia, MG. 2002a.
LOGSDON, N. B. Variação da densidade aparente
da madeira com seu teor de umidade. In: Encontro
Brasileiro em Madeiras e Estruturas de Madeira, 8.
CD-ROM (Arquivos\TrabalhosPDF\EB018.08.pdf).
Anais... Uberlândia, MG. 2002b.
MATSUBARA, R. K.; FINGER, Z.; LOGSDON,
N. B. ANGICO-CASCUDO: Características
dendrológicas e físicas. In: Encontro Brasileiro em
Madeiras e Estruturas de Madeira, 8. CD-ROM
(Arquivos\TrabalhosPDF\EB019.01.pdf). Anais... Uberlândia, MG. 2002.
MATSUBARA, R. K.; LOGSDON, N. B.; FINGER,
Z. (2004). Caracterização física e dendrológica da
madeira de PARICÁ, Schyzolobium amazonicum
Hub. In: Encontro Brasileiro em Madeiras e Estruturas
de Madeira, 9. CD-ROM (ppp_files\Artigos\03Caract\
03-EB-79.pdf). Anais... Cuiabá, MT. 2004.