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Estatística experimental
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Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA CECA-UFAL, 2011. Pgina 25
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2 ETAPAS DE UM
EXPERIMENTO
O pesquisador das cincias agrrias est constantemente se utilizando de
experimentos para obter novos fatos, negar ou confirmar hipteses ou resultados obtidos
anteriormente. Tais experimentos, conforme j visto no captulo anterior, so pesquisas
planejadas, que tomam por base determinados princpios bsicos, para resolver
problemas da agropecuria. Em funo disso, eles apresentam as seguintes etapas:
elaborao do projeto, instalao do experimento, execuo do experimento, anlise
estatstica dos dados experimentais, interpretao dos resultados e relatrio final.
2.1 Elaborao do Projeto
Todo pesquisador durante sua vida profissional elabora vrios projetos de
pesquisa. Tais projetos tm por objetivo obter recursos para a conduo da pesquisa, alm
de orientar as atividades durante o decorrer do trabalho.
A elaborao de um projeto de pesquisa no uma empreitada simples, pois
exige conhecimento e dedicao por parte do pesquisador. Ele normalmente deve possuir
um profundo conhecimento da espcie que ir trabalhar em vrios aspectos, tais como:
botnica, fisiologia vegetal, gentica vegetal, manejo da cultura, problemas de insetos-
praga e doenas e exigncia de mercado, para o caso de espcies vegetais; e anatomia,
fisiologia animal, gentica animal, manejo do animal, problemas de parasitos e doenas e
exigncias de mercado, para o caso de espcies animais. Segundo RAMALHO,
FERREIRA e OLIVEIRA (2000), esse conhecimento importante para a escolha do
assunto que deve ser pesquisado, na identificao da melhor alternativa para solucionar o
problema e ter informaes do que j foi realizado por outros pesquisadores na soluo
do problema, evitando, assim, que se repita o que outros j fizeram.
A dedicao na elaborao do projeto de pesquisa tambm importante.
preciso ter sempre em mente que a sua capacidade profissional e a sua instituio esto
sendo avaliadas pelo que est contido no projeto de pesquisa. Como normalmente h
necessidade de se elaborar o projeto de pesquisa dentro de um perodo muito curto de
tempo, por exigncia da instituio financiadora do projeto, cabe ao pesquisador ter uma
ateno redobrada.
Alm do que foi visto, conveniente ressaltar que um projeto de pesquisa deve
ser muito bem elaborado, para que a anlise estatstica possa ser efetuada de forma
adequada e conduza a concluses vlidas; pois de nada adianta um experimento bem
conduzido, se ele estiver baseado em um planejamento inadequado.
Portanto, todo pesquisador deve desenvolver a capacidade de elaborar projetos de
pesquisa, pelo menos para atender a seus interesses pessoais ou do grupo em que est
Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA CECA-UFAL, 2011. Pgina 26
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inserido. As instituies financiadoras de projetos, tanto pblicas como privadas,
possuem, geralmente, um roteiro prprio com instrues especficas para montagem do
projeto. O pesquisador deve ento se submeter quele modelo. Em alguns casos,
sobretudo quando se trata de pesquisas importantes, o pesquisador deve recorrer aos
tcnicos em planejamento para auxili-lo na elaborao do projeto.
Na elaborao do projeto, devem geralmente ser especificados os seguintes itens:
a) Ttulo - O ttulo do trabalho experimental deve ser o mais simples possvel, de
forma a no deixar dvida sobre o objetivo da experimentao. Na realidade, o ttulo
uma sntese dos objetivos do trabalho experimental.
Na definio do ttulo, o pesquisador deve evitar generalidades ou idias vagas.
Por exemplo, no se deve utilizar: "Estudo de relaes fisiolgicas em sorgo sacarino" e
sim "Avaliao do espaamento sobre a produo de lcool etlico em trs cultivares de
sorgo sacarino"; Estudo de relaes fisiolgicas em gado bovino de leite e sim Avaliao da temperatura sobre a produo de leite em quatro raas de gado bovino de leite.
b) Responsvel e Colaboradores - Indicar as pessoas que elaboraram o projeto e
as que iro trabalhar na execuo do experimento, com as respectivas titulaes, bem
como as instituies envolvidas. O responsvel principal, ou seja, o coordenador do
projeto, deve ser o primeiro da lista.
c) Resumo - O resumo a apresentao concisa e freqentemente seletiva do
projeto, pondo em relevo os elementos de maior interesse e importncia, ou seja, a
importncia do assunto a ser pesquisado, os objetivos a serem alcanados, a metodologia
a ser usada e os resultados esperados.
d) Introduo - Nela deve conter, pela ordem: importncia do assunto a ser
pesquisado, descrio do problema e justificativa do trabalho.
Na importncia do assunto a ser pesquisado, deve ser ressaltado o aspecto
econmico e social do mesmo.
Na descrio do problema, o mesmo deve ser identificado e caracterizado de
forma clara, alm de manter coerncia com os objetivos e metas do projeto.
Na justificativa do trabalho, as razes para a conduo do projeto devem ser
explicitadas, deve indicar a contribuio que o mesmo dar para a soluo do problema,
bem como devem ser abordados os aspectos tcnicos e econmicos relacionados ao
entendimento do problema.
e) Objetivos - O pesquisador deve expor claramente as questes que devem ser
respondidas pela pesquisa. Os objetivos devem ser realistas, compatveis com os meios e
mtodos disponveis, e manter coerncia com o problema que deu origem ao projeto.
Um projeto de pesquisa, quando bem sucedido, normalmente d uma pequena
contribuio informao existente sobre o tema. Assim, projetos com objetivos
ambiciosos demais dificilmente so aprovados, pois os consultores tm vivncia no
assunto e sabem que a proposta de baixa viabilidade. Muitas vezes, os objetivos so
viveis, porm so em nmero excessivo. Nesse caso, embora eles sejam viveis, o
pesquisador pode se perder no manuseio de toda a informao que gerada, e o projeto
reduz sua eficincia. Portanto, os objetivos devem ser bem pensados, avaliando-se a
probabilidade de sucesso.
Devem ser enumerados os objetivos como: determinar..., avaliar..., comparar...,
encontrar..., relacionar..., selecionar..., recomendar..., etc..
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f) Metas - O pesquisador deve evitar metas que extrapolam a performance do
projeto de pesquisa, ou seja, metas ilusrias, pois depe contra o projeto de pesquisa,
mostrando falta de conhecimento do pesquisador sobre o assunto pesquisado.
nesse tpico onde o pesquisador detalha, quantifica e localiza os objetivos no
tempo.
Sempre que possvel explicitar as metas no cronograma de execuo para
facilitar o acompanhamento.
g) Hiptese Cientfica - A formulao da hiptese cientfica no projeto deve ser
bem fundamentada em conhecimentos tericos e raciocnios lgicos.
A principal arma do pesquisador no o conhecimento existente nem a reviso
de literatura, mas sim a forma de como ele as utiliza para raciocinar e deduzir criando sua
hiptese cientfica.
A hiptese cientfica a proposio testvel do projeto. Em funo disso, ela
deve ser coerente com os objetivos e com a metodologia, isto , a hiptese cientfica deve
conter a proposta testvel dos objetivos, e a metodologia apresentada deve ser capaz de
test-la.
h) Reviso de Literatura - Nesse tpico o pesquisador deve expor claramente o
que j conhecido acerca do problema para o qual se procura a resposta, quais as
questes j respondidas por outras pesquisas e se esse conhecimento acumulado no
suficiente para ter a soluo via difuso/transferncia de conhecimento ou tecnologia.
Para responder a essas questes, a reviso de literatura deve ter uma abrangncia
ampla, permitindo ainda verificar a adequao dos materiais e mtodos do projeto para o
alcance dos objetivos e metas propostas, bem como a funo de fornecer subsdios para a
formulao da hiptese cientfica e de auxiliar a interpretao dos resultados.
A reviso de literatura no deve ser uma simples seqncia de outros trabalhos.
Ela deve incluir tambm uma contribuio do autor, para mostrar que os trabalhos no
foram meramente catalogados, mas sim examinados e criticados objetivamente.
Deve-se incluir somente os trabalhos mais importantes desenvolvidos sobre o
assunto, dando preferncia queles publicados nos ltimos dez anos.
sempre aconselhvel referir-se somente aos assuntos que possuam relao
direta e especfica com os objetivos da pesquisa.
Deve-se evitar citaes referentes a assuntos j amplamente divulgados,
rotineiros ou de domnio pblico, bem como de natureza didtica (apostilas, por
exemplo) que reproduzam de forma resumida os trabalhos originais. Nestes casos,
aconselhvel, sempre que possvel, consultar e citar o original. Isto no impede que sejam
citados trabalhos didticos, quando ofeream contribuies originais.
A citao dos trabalhos feita da seguinte maneira: No caso de um autor, os
trabalhos so citados com o sobrenome do autor em letras maisculas, seguido do ano de
publicao entre parnteses, como por exemplo, FERREIRA (1983). No caso de dois
autores, mencionam-se os sobrenomes dos dois com letras maisculas unidos por "e" ou
";", como por exemplo, FERREIRA e COSTA (1984) ou (FERREIRA; COSTA, 1984).
No caso de trs autores, mencionam-se os sobrenomes dos trs com letras maisculas
unidos por ", e e" ou por "; e ;", como por exemplo, BANZATTO, BENINCASA e
ORTOLANI (1986) ou (BANZATTO; BENINCASA; ORTOLANI, 1986), porm se
forem mais de trs autores, deve-se citar apenas o sobrenome do primeiro em letras
maisculas, seguindo pela expresso et al. e do ano entre parnteses. Ex.: RAMALHO et
al. (1983). Em caso de citao de outra citao, o autor do trabalho original (no
consultado) deve aparecer em letra maiscula, seguindo-se, entre parnteses, o
Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA CECA-UFAL, 2011. Pgina 28
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sobrenome em letras maisculas do autor consultado, precedido pela expresso "apud" ou
"citado por" e acompanhado do ano de publicao, como por exemplo, BARROS (apud
SILVA, 1989) ou BARROS (citado por SILVA, 1989).
i) Material e Mtodos - Devem ser definidos em funo das hipteses
formuladas. aqui onde o pesquisador deve colocar o maior nmero possvel de
detalhes, porm sem exagero. Nesse tpico deve conter, pela ordem:
i.1) O lugar onde se realizar o experimento, se no laboratrio, casa-de-
vegetao, estbulo ou campo, especificando para qualquer um dos trs primeiros locais
as condies ambientais, em termos de temperatura ambiente, umidade relativa do ar,
luminosidade, etc., e no campo, o tipo do solo, o pH, topografia, clima, coordenadas
geogrficas, etc.;
i.2) Os tratamentos a serem avaliados, sendo indicados da forma mais completa
possvel;
i.3) O delineamento experimental que ser utilizado e o nmero de repeties do
experimento. Alm disso, a rea total e a rea til da parcela, o nmero de plantas por
parcela, o espaamento a ser utilizado, o nmero de sementes ou mudas por cova ou por
metro de sulco, para o caso dos vegetais, a rea da parcela, o nmero de animais por
parcela, para o caso dos animais;
i.4) Manejo da cultura e/ou do animal, indicando, para o caso dos vegetais, a
poca de semeadura, o sistema de plantio, a forma, poca e tipo de adubao, o sistema e
poca de irrigao, os tipos e pocas dos tratos culturais, os controles preventivos contra
os insetos-praga e s doenas, a forma e poca de colheita, etc., e, para o caso dos
animais, a idade, a raa, o sexo e o peso dos mesmos, a rao utilizada e a forma de
administr-la, os controles preventivos contra os parasitos e doenas, etc.;
i.5) As variveis a serem determinadas, indicando claramente como as mesmas
sero realizadas e a metodologia a ser utilizada na sua determinao;
i.6) Os procedimentos estatsticos, indicando como ser feita a anlise dos dados
experimentais e os testes a serem utilizados, alm do modelo matemtico das referidas
anlises.
j) Bibliografia - Relacionar toda literatura utilizada efetivamente na elaborao
do projeto de pesquisa, obedecendo s normas da Associao Brasileira de Normas
Tcnicas (ABNT).
l) Oramento - Nesse tpico o pesquisador deve fornecer uma estimativa dos
gastos a serem realizados com materiais de consumo, mo-de-obra, servios de terceiros,
equipamentos, combustveis, manuteno de equipamentos, dirias, construes, etc., o
que no uma tarefa fcil.
Se houver uma instabilidade econmica no pas poder comprometer a execuo
do experimento, pois os recursos que foram previstos com dois a trs anos de
antecedncia podero sofrer uma defasagem quando a inflao atinge nveis elevados.
Por outro lado, mesmo no ocorrendo inflao no pas, o pesquisador deve solicitar
apenas o necessrio, atendendo aos itens de despesa que a fonte financiadora
normalmente exige, pois, caso contrrio, se a solicitao for subestimada indica
desconhecimento do assunto, e se for superestimada cai-se no ridculo.
Sempre que possvel, o pesquisador deve justificar a aquisio de cada
equipamento, procurando evidenciar a sua importncia na execuo do experimento para
o alcance dos objetivos propostos. Da mesma forma, se for solicitado a construo de um
laboratrio, casa-de-vegetao, galpo, tanque, etc., o pesquisador deve ressaltar a sua
importncia na execuo do experimento para o alcance dos objetivos propostos.
Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA CECA-UFAL, 2011. Pgina 29
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m) Cronograma de Execuo - O pesquisador deve escalonar, no tempo, as
fases e tarefas do experimento com muita preciso. Mesmo no se dando muita ateno a
esse tpico, um projeto de pesquisa bem planejado ter naturalmente um cronograma de
execuo bem definido.
A seguir ser apresentado um modelo de projeto de pesquisa.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
CENTRO DE CINCIAS AGRRIAS
Avaliao de Clones de Batata-doce (Ipomoea batatas (L.) Lam), em Rio Largo - AL.
Projeto de pesquisa apresentado pelo
aluno de ps-graduao, Jair Tenrio
Cavalcante, Coordenao do Curso
de Mestrado em Agronomia: Produo
Vegetal do CECA/UFAL, referente
sua Dissertao de Mestrado.
Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA CECA-UFAL, 2011. Pgina 30
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Rio Largo/Alagoas
Setembro de 1999
Avaliao de Clones de Batata-doce (Ipomoea batatas (L.) Lam), em Rio Largo - AL.
Jair Tenrio Cavalcante (1)
Paulo Vanderlei Ferreira (2)
Lailton Soares (3)
1 RESUMO
Apesar da batata-doce ser uma das hortalias mais consumidas no Brasil e
especialmente em Alagoas, apresenta baixa produtividade em funo dos seguintes
fatores: ocorrncia de pragas e doenas, tecnologia de produo inadequada e falta de
cultivares selecionadas para a regio. Em funo destes fatos e da extrema necessidade
do Estado de Alagoas expandir o seu potencial produtivo de hortigranjeiro, faz-se
necessrias pesquisas no sentido de obter para a regio cultivares de batata-doce
adaptadas, com boas caractersticas agronmicas, elevada capacidade produtiva e
resistncia s principais pragas e doenas que assolam a cultura. Com esse objetivo
pretende-se avaliar 14 clones de batata-doce desenvolvidos em Alagoas, mediante anlise
de varincia, comparao de mdias e coeficiente de determinao genotpica para oito
caracteres, nas condies de solo e clima de Rio Largo-AL. Sero avaliados os seguintes
clones da batata-doce: CL - 01, CL - 03, CL - 04, CL - 05, CL - 10, CL - 11 e CL - 12,
provenientes da cultivar Co Copinha; CL - 09, provenientes da cultivar Paulistinha
Branca; CL - 13 e CL - 14, provenientes da cultivar Roxa de Rama Fina; CL - 02,
proveniente da cultivar Co Branca; CL - 06, proveniente da cultivar 60 Dias; CL - 07,
proveniente da cultivar Copinha; e CL - 08, proveniente da cultivar Pixaim I. Ser
utilizado o delineamento em blocos casualizados, com quatro repeties. A partir dos 90
dias aps o plantio e at a colheita dos tubrculos sero observados quinzenalmente os
danos causados pela presena de pragas e doenas, caso venham a ocorrer, para avaliao
do grau de resistncia dos referidos clones de batata-doce. Aos 130 dias aps o plantio,
na ocasio da colheita, ser avaliado o rendimento dos clones (em kg ha-1
), bem como
ser feita uma caracterizao dos tubrculos em termos de: peso (em g), dimetro (em
cm) e comprimento (em cm). Com a pesquisa espera-se aumentar a produtividade de
batata-doce em Alagoas atravs da seleo de cultivares produtivas e adaptadas para a
regio.
2 INTRODUO
A batata-doce a quarta hortalia mais consumida no Brasil. uma cultura
tropical e subtropical, rstica, de fcil manuteno. Apresenta boa resistncia seca e
ampla adaptao. O custo de produo relativamente baixo, com investimentos
mnimos e de retornos elevados. tambm uma das hortalias com maior capacidade de
produzir energia por unidade de rea e tempo (kcal ha-1
dia-1
) (MIRANDA et al., 1995).
Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA CECA-UFAL, 2011. Pgina 31
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Fatores como a ocorrncia de pragas e doenas, tecnologia de produo
inadequada e a falta de cultivares selecionadas so responsveis pela baixa produtividade
mdia brasileira, que est em torno de 8,7 t ha-1
(SILVA e LOPES, 1995). Por outro lado, _______________________
(1) Engo. Agro. Professor da Escola Agrcola de Jundia da UFRN. Aluno do Curso de Mestrado em Agronomia: Produo Vegetal da UFAL.
(2) Engo. Agro., M. Sc., Dr. Professor Adjunto 4 do FIT-CECA/UFAL. Orientador. (3) Engo. Agro. M. Sc., Dr. Professor Adjunto 4 do FIT-CECA/UFAL. Co-Orientador.
a situao em Alagoas mais crtica, pois apresenta produtividade mdia de 7,7 t ha-1
e
no existem cultivares selecionadas para a regio (FIBGE, 1999).
So poucos os trabalhos de pesquisas visando selecionar e recomendar cultivares
de batata-doce para diferentes regies do pas (SILVA e LOPES, 1995). Sabe-se que
tanto a introduo como a obteno de novas cultivares, de qualquer espcie cultivada,
constitui um trabalho contnuo e dinmico, pois as novas cultivares selecionadas
permanecem em uso durante um nmero varivel de anos, para por sua vez serem
substitudas por outras superiores.
Por outro lado, a avaliao de gentipos superiores feita geralmente a partir de
uma anlise de varincia e comparao de mdias para cada varivel. Contudo, seria
importante tambm incluir a anlise de um parmetro gentico que venha dar suporte aos
resultados alcanados. Um dos parmetros genticos mais usados o coeficiente de
determinao genotpica, pois o seu conhecimento para um dado carter permite a
quantificao da relao entre o desempenho das plantas-mes e suas prognies em
geraes subseqentes. Alm disso, o seu conhecimento permite estabelecer os objetivos
principais a serem alcanados em programas de melhoramento de plantas
(GONALVES et al., 1983).
Considerando-se estes fatos e a extrema necessidade do Estado de Alagoas
expandir o seu potencial produtivo de hortigranjeiro, faz-se necessrio um estudo no
sentido de obter para a regio, atravs do melhoramento gentico de plantas, cultivares de
batata-doce adaptadas, com boas caractersticas agronmicas, elevada capacidade
produtiva e resistncia s principais pragas e doenas que assolam a cultura. Isto decerto,
ir contribuir para o desenvolvimento scio-econmico da regio.
3 OBJETIVO
Avaliar clones de batata-doce desenvolvidos em Alagoas, mediante anlise de
varincia, comparao de mdias e coeficiente de determinao genotpica para cada
carter, nas condies de solo e clima de Rio Largo-AL.
4 META
Avaliar 14 clones de batata-doce desenvolvidos em Alagoas, mediante anlise de
varincia, comparao de mdias e coeficiente de determinao genotpica para oito
caracteres, nas condies de solo e clima de Rio Largo-AL, no ano de 1999.
5 HIPTESE CIENTFICA
Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA CECA-UFAL, 2011. Pgina 32
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A baixa produtividade de batata-doce em Alagoas conseqncia da ausncia de
cultivares produtivas e adaptadas para a regio.
6 REVISO DE LITERATURA
6.1 Aspectos Gerais da Cultura da Batata-Doce
A batata-doce tem sua origem muito discutida, no entanto a maioria das
autoridades opina pela origem americana (BRAGA, 1976).
Pertence a classe das dicotiledneas, famlia das convolvulceas, gnero Ipomoea
e espcie Ipomoea batatas (L.) Lam. (BARRERA, 1989)
uma planta herbcea, de crescimento rasteiro, podendo suas ramas atingir de
dois a trs metros, em algumas variedades pode chegar at dez metros de comprimento,
com colorao que variam de verde claro, escuro a roxo e dimetro variando de cinco a
oito milmetros. Suas folhas podem ser classificadas como lobos profundos, lobos rasos e
folhas inteiras, com colorao de verde claro, escuro e at roxo. O comprimento do
pecolo varia de sete a 25 cm. As flores so grandes com cinco ptalas, apresentando
colorao branca, rsea ou arroxeada. O fruto uma cpsula em forma de globo,
contendo quatro lculos onde se localizam as sementes, que possuem forma achatada,
angulosa e negra, medindo cerca de trs milmetros de comprimento, coberta por uma
pelcula escura e resistente, causando um baixo poder germinativo. O sistema radicular
formado por uma raiz principal no tuberosa, e por um nmero pequeno de razes
secundrias, laterais, sendo que algumas dessas ltimas se transformam em razes
tuberosas. As cultivares que tm maior aceitao no comrcio, so aquelas que
apresentam epiderme rosa, roxa ou branca e a polpa branca ou creme (BARRERA,
1989).
O crescimento e desenvolvimento da batata-doce so constitudos por trs fases:
Uma fase inicial, caracterizada pelo crescimento lento da parte area (ramos e folhas) e
razes absorventes; uma fase intermediria, onde a taxa de crescimento da parte area e
das razes absorventes elevado e onde tambm ocorre o incio da formao e
crescimento das razes tuberosas e uma fase final, caracterizada pela reduo na taxa de
crescimento da parte area e das razes absorventes e um rpido crescimento das razes
tuberosas (SILVA e LOPES, 1995).
uma planta tropical, preferindo clima quente, alta luminosidade, fotoperodo
longo e com temperaturas em torno de 24 0C e no tolera geadas; produz bem em regies
onde ocorrem precipitaes entre 750 a 1.000 mm/ano ou 500 a 600 mm bem distribudos
durante o ciclo da cultura. Entretanto, no tolera encharcamento, pois pode causar razes
tuberosas finas e alongadas, quando h excesso de umidade (MIRANDA et al., 1995).
Estudos desenvolvidos por MIRANDA et al. (1995) mostram que a batata-doce
desenvolve-se bem em qualquer tipo de solo, entretanto consideram-se como ideais os
solos mais leves, soltos, bem drenados, de mdia a alta fertilidade, bem estruturados e
com boa aerao. Nesses solos as razes so mais uniformes, apresenta pouca aderncia a
terra na superfcie e tendo melhor aparncia. Os solos argilosos, excessivamente
compactados, midos e frios, provocam deformaes nos tubrculos. Um excesso de
nitrognio no solo provoca um crescimento vegetativo exagerado. Sendo muito tolerante
a acidez do solo, produz bem em solos com pH entre 5,6 a 6,5. As exigncias minerais da
cultura so em ordem decrescente: potssio, nitrognio, fsforo, clcio e magnsio.
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A propagao da batata-doce se d atravs de sementes botnicas, batatas, ramas,
mudas, enraizamento de folhas destacadas ou cultura de tecidos. A formao de viveiros
para a produo de mudas ou ramas o mtodo mais recomendado comercialmente,
segundo SILVA e LOPES (1995).
Existe um grande nmero de cultivares de batata-doce no Brasil como em outros
pases. Em quase todos os estados brasileiros somam-se dezenas de cultivares desses
tubrculos (BARRERA, 1989). A recomendao dessas cultivares esto estreitamente
relacionadas ao local e poca de plantio, adubao, finalidade do cultivo e
preferncia do mercado consumidor. Algumas regies tm indicaes prprias, tais
como: Balo, Trs Quinas e Jambo (Manaus, AM); Gonalves, Variedade 14, Arroba e
Peanha Branca (MG); Americana e Rama Roxa (Porto Alegre e regies prximas, RS);
Rosinha do Verdan (RJ); Ourinho e Batata-Salsa (SE); Rainha e Japonesa (PA);
Brasilndia Rosada e Coquinho (Braslia, DF), entre outras. comum encontrar uma
cultivar com nomes diferentes, ou diferentes cultivares com o mesmo nome. Existem, por
exemplo, dezenas de cultivares com o nome de rainha (MIRANDA et al., 1995).
A poca de plantio varia em funo das condies locais (temperatura,
luminosidade, fotoperodo) e da cultivar (precocidade, vigor e tipo de planta). Deve-se
considerar ainda a disponibilidade ou no de equipamento de irrigao. Os espaamentos
mais utilizados para o plantio variam de 80 a 100 cm entre leiras e 25 a 45 cm entre
plantas, com leiras de 20 a 30 cm de altura (SILVA e LOPES, 1995).
As ramas ou pedaos de hastes utilizados para o plantio comercial de batata-
doce, devem ter de oito a dez entrens e serem obtidas de viveiros feitos com batatas ou
lavouras novas (at 90 dias), enterrando de trs a quatro entrens da base da rama no topo
da leira (MIRANDA et al., 1995).
A irrigao recomendada quando os plantios forem feitos em pocas de seca ou
quando ocorrerem longos perodos de estiagem. O perodo crtico da cultura os
primeiros 40 dias aps o plantio, quando a superfcie do solo deve estar com um bom teor
de umidade para promover um bom pegamento das ramas e um bom desenvolvimento
vegetativo. Tambm nos ltimos 40 dias antes da colheita, no deve faltar gua no solo
para haver uma boa formao das razes tuberosas. A irrigao poder ser feita tanto por
asperso como por sulcos, observando certos cuidados neste ltimo (declividade, tipo de
solo, etc.) (SILVA e LOPES, 1995).
Segundo SILVA e LOPES (1995), o replantio deve ser feito at 15 dias aps o
plantio, quando ocorrer mais de 12 a 15 % de falhas. Deve-se manter a plantao livre de
plantas invasoras, principalmente nos primeiros 45 dias aps o plantio, poca de maior
competio por gua, luz, nutrientes e espao fsico entre a cultura e as ervas. Evitar
plantios sucessivos de batata-doce em um mesmo local por mais de dois anos, pois
aumenta a incidncia de pragas e doenas e provocam queda de produtividade devido ao
desbalanceamento dos minerais no solo. E na destruio da soqueira aps a colheita,
orientam aplicar 2 kg/ha do ingrediente ativo de glifosato, promove um bom controle. A
adio de uria a 0,5 % calda melhora a atividade do herbicida. Aps trs a quatro
semanas fazer catao manual dos tubrculos e raizames remanescentes.
A poca de colheita depende da finalidade da cultura, mesa, indstria ou
alimentao animal, geralmente se colhe entre quatro e cinco meses. Esta pode ser feita
manual (enxadas, enxades) ou mecanizada com equipamentos prprios acoplados a
tratores. De incio, faz-se a retirada da ramagem, posteriormente procede-se o arranquio
dos tubrculos, deixando-os expostos ao sol por meia a trs horas para secar, quanto
maior a temperatura, menor ser o tempo de exposio. Depois, leva-se os tubrculos
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para o galpo onde se procede o escovamento para a retirada da terra aderida,
classificao, embalamento e armazenamento. Sendo necessrio a prtica da cura para
uma melhor conservao do produto. Nesta, a temperatura ambiente deve est entre 28 a
30 oC e alta umidade relativa do ar (85 a 90 %) por quatro a sete dias, aps este perodo
as batatas podem ser conservadas em locais com temperaturas mais amenas (13 a 16 oC),
e alta umidade relativa do ar (85 a 90 %) e boa aerao. Com esse tratamento a batata
pode ser conservada por 100 dias ou mais (MIRANDA et al., 1995).
De acordo com SILVA e LOPES (1995), as principais pragas que afetam a
cultura da batata-doce so:
Broca da raiz (Euscepes postfasciatus) - os adultos medem de trs a cinco
milmetros de comprimento, tm colorao geral marrom ou castanha, com uma mancha
transversal sobre os litros. Este inseto pode aparecer durante todo ciclo da cultura. Suas
larvas so de cor branca ligeiramente encurvadas e podas, danificando as razes tanto
interna como externamente, desvalorizando-as para o comrcio. As galerias abertas pelas
larvas alteram o aspecto fsico, odor e o sabor das razes, tornando-as imprestveis para o
consumo humano e at mesmo animal.
Vaquinha ou bicho-alfinete (Diabrtica speciosa) o adulto um besourinho de cor verde, com cinco a oito milmetros de comprimento, que se caracteriza pelas manchas
amarelas localizadas nos litros. As larvas so geralmente brancas, chegam a alcanar at
dez milmetros de comprimento, fazendo pequenos furos superficiais na raiz tuberosa,
depreciando-a comercialmente, alm de facilitar a entrada de patgenos como fungos e
bactrias. Os adultos eventualmente podem danificar as folhas pela destruio do limbo
folias.
Existem outras espcies de vaquinhas como: Sternocolaspis quatuordecimcosta,
Diabrotica bivitula. Os danos so os mesmos causados pela D. speciosa.
Besouro Larva-arame (Conoderus sp.) os besouros tm colorao castanha ou marrom, corpo alongado e achatado e mdia de 15 a 25 mm, As larvas so marrom-claras
ou escuras, cilndricas fortemente quitinizadas, (duras como couraas), medem at 20
mm, provocando furos de at cinco milmetros de dimetro, que so relativamente
fundos, diminuindo o valor comercial e facilitando a entrada de fungos e bactrias.
Broca-do-coleto (Megastes pusialis) os adultos so mariposas pardo-escuras e medem at 45 mm de envergadura. As fmeas depositam seus ovos no caule e haste da
planta. Ao eclodirem, as larvas penetram no interior das ramas, escavando galerias. No
ltimo nstar, as larvas alcanam 40 a 50 mm de comprimento e tm colorao
predominantemente rosada, com pontuaes dorsais negras. Geralmente as lagartas
empupam dentro das hastes. Um sintoma visual caracterstico o murchamento das
folhas e ramas.
Existem outros insetos como besourinhos, pulges, bicho-bolo, cigarrinhas,
lagarta rosca e outras lagartas da folhagem que causam danos eventuais, de importncia
econmica secundria.
Como medidas gerais de controle das pragas, citam-se: plantar cultivares
resistentes a pragas do solo; fazer rotao de cultura; plantar ramas produzidas em
viveiros; fazer amontoa adequada para diminuir os danos causados pelos insetos do solo;
colher as batatas antes de 130 dias aps o plantio para evitar danos de insetos do solo,
roedores e eliminar ou queimar os restos culturais para evitar a proliferao dos insetos.
Com relao s principais doenas da batata-doce, SILVA e LOPES (1995)
citam as seguintes:
a) Doenas provocadas por fungos:
Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA CECA-UFAL, 2011. Pgina 35
35
Mal-do-p (Plenodomus destruens) inicialmente os sintomas aparecem no caule ao nvel do solo, com pequenos pontos escuros, que vo aumentando de tamanho
at tomar toda base da planta que fica enegrecida. Como conseqncia, a planta murcha e
morre.
Ferrugem branca (Albugo ipomoea panduratae) se manifesta com pequenas manchas amareladas na parte superior das folhas e com pstulas esbranquiadas na parte
inferior. Posteriormente as reas afetadas ficam deformadas, como se fossem bolhas. O
sintoma tambm pode aparecer no caule.
Mancha-de-alternria (Alternria spp.) o sintoma principal o amarelecimento das folhas, ocasionado pela toxina liberada pelo fungo em desenvolvimento, leses no
limbo e pecolo foliares.
Mancha-parda (Phyllosticta batatas) ataca somente as folhas formando manchas arredondadas com bordas marrons e centro cor de palha, onde podem ser
observados pequenos pontos negros, que so estrutura do fungo. As vezes as leses se
desprendem deixando a folha furada.
Sarna (Monilochaestes infuscans) ataca somente as razes, deixando manchas escuras na pelcula, no atingindo a polpa, no entanto diminui o seu valor comercial.
Podrido-mole (Rhizopus sp.) ocorre principalmente aps a colheita, podendo tambm se apresentar antes. A raiz afetada pode ser facilmente quebrada e no apresenta
mal cheiro. No armazm as batatas atacadas apresentam um mofo preto que se propaga
facilmente para outras razes.
b) Doenas provocadas por vrus:
Mosaico comum (Feathery mottle ou vrus do mosqueado) os sintomas so pequeno crescimento das folhas, folhas estreitas e amareladas. O pulgo o principal
transmissor do vrus.
Micoplasmose (Conhecida como doena do enraizamento) a planta apresenta superbrotao e deformao do limbo foliar.
c) Doenas provocadas por nematides:
Rachaduras longitudinais em razes so sintomas do ataque do nematide do
gnero Meloidogyne, embora no sejam os nicos causadores dessas doenas.
Como medidas gerais de controle das doenas, citam-se: plantar apenas ramas ou
mudas sadias; fazer viveiro para produo de mudas a partir de mudas sadias e
selecionadas; eliminar as plantas que possam ainda aparecer doentes no viveiro; plantar
cultivares resistentes e bem adaptados regio; na retirada das ramas evitar aquelas
prximas ao colo da planta me; fazer tratamento sanitrio do viveiro com fungicidas e
inseticidas; evitar o plantio em local muito mido ou mal drenado e adubar as plantas de
forma balanceada, evitando principalmente o excesso de nitrognio.
d) Distrbios fisiolgicos:
Rachaduras causadas por alta umidade do solo, seguida por longos perodos de seca;
Escaldadura causada pela exposio das razes ao sol ou geadas; Corao duro razes expostas a temperatura menores de 8 10 oC causa polpa
dura aps o cozimento.
Fasciao fatores ainda desconhecidos causam achatamento do caule.
6.2 Melhoramento Gentico na Cultura da Batata-Doce:
Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA CECA-UFAL, 2011. Pgina 36
36
Apesar do aumento da produtividade agrcola ter se tornado o objetivo principal
do melhoramento gentico de plantas, no se pode desprezar a qualidade dos produtos
agrcolas produzidos, nem to pouco os outros objetivos relacionado com as necessidades
do ser humano.
No caso da batata-doce, como ela pode ser utilizada para diversas finalidades,
segundo COSTA e PINTO (1977), os objetivos iro variar de acordo com a finalidade,
mas de um modo geral os seguintes caracteres devem ser considerados: alto rendimento
de razes tuberosas; grande contedo de beta-caroteno; boas qualidades culinrias que
incluem condies para panificao, cozimento, doces, etc.; obteno de razes com
formato ideal; boa capacidade de armazenamento; alto contedo de matria seca; com
resistncia as principais pragas e doenas; resistncia a nematides; entre outros.
Existe, no Brasil, um nmero elevado de cultivares de batata-doce, com enorme
diversidade gentica entre elas. Esta diversidade costuma se apresentar no s de uma
cultivar para outra, como tambm entre diferentes campos de lavoura de uma mesma
cultivar e algumas vezes, at mesmo dentro de uma mesma planta que no raro pode apresentar no mesmo p, folhas diferentes, no comeo e na ponta da rama. Essa
capacidade de sofrer mudanas dada atravs de mutaes genticas (mutaes-
somticas) e tambm atravs de cruzamentos espontneos. exatamente neste ponto que
o papel do pesquisador-melhorista pode ser de mxima importncia. Estudando as
mutaes que ocorrem na natureza e muitas vezes tentando cruzar as diferentes cultivares
que j provaram ser de alta produtividade e resistncia, poder desenvolver em poucos
anos aquilo que dentro da natureza levaria dcadas ou at mesmo sculos (BARRERA,
1989).
Segundo ALLEM (1988), a substituio regional de variedades primitivas por
variedades comerciais j uma realidade para um sem nmero de gros, especialmente
cereais. A mesma tendncia comea a esborar-se para culturas de razes e tubrculos,
tradicionalmente propagadas por via clonal. A sugesto de que o agricultor adote formas
vegetais melhoradas est correta em tese, mas importante reconhecer-se que tal poltica
implica numa reduo da variabilidade gentica da cultura, a no ser que medidas
paliativas sejam tomadas para minorar o problema. E a principal delas a multiplicao,
caracterizao e conservao deste germoplasma em vias de perda em coleo de
germoplasma.
ALLEM (1988) cita ainda que a maioria das cultivares de batata-doce auto-
estril, apresentando alta percentagem de auto-incompatibilidade. A polinizao natural
por abelhas permite que dois progenitores auto-incompatveis possam produzir sementes
(JONES, 1980). E a maneira de se preservar a variabilidade gentica a longo prazo
melhor conseguida atravs do armazenamento de sementes verdadeiras (YEN, 1970), as
quais conservam-se bem por perodos de at 20 anos (JONES, 1980; JONES e DUKES,
1982). Alm disso, programas de melhoramento gentico baseiam-se principalmente na
seleo de variedades clonais produzidas a partir de plntulas (MARTIN, 1983).
Em relao aos mtodos de melhoramento, nas espcies propagadas
assexuadamente so utilizados os seguintes: seleo clonal, autofecundao, hibridao e
policruzamento. No caso particular da batata-doce, por ser uma espcie auto-
incompatvel, o mtodo mais adequado de melhoramento parece ser o da hibridao. O
referido mtodo consiste no cruzamento entre duas populaes clonais, plantio das
sementes botnicas e seleo das plantas individuais, retirada das mesmas dos rgos
vegetativos usados na multiplicao da espcie, avaliao dos clones em ensaios de
campo e seleo dos mais satisfatrios, os quais iro constituir as novas variedades. Este
Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA CECA-UFAL, 2011. Pgina 37
37
mtodo se baseia no fato de que o cruzamento praticado em plantas propagadas
assexualmente j libera a variabilidade gentica presente na populao na gerao
seguinte, uma vez que tais plantas so altamente heterozigticas, dando imediata
oportunidade seleo. Alm disso, conforme BORM (1997), o trabalho do
fitomelhorista pode ser facilitado, uma vez que identificado um tipo superior, ele pode ser
perpetuado, mantendo a sua identidade gentica. Por essa razo, segundo ALLARD
(1971), o melhoramento das espcies propagadas assexuadamente , em certos aspectos,
menos complicado do que o melhoramento de outras espcies.
7 MATERIAL E MTODOS:
O experimento ser realizado no Centro de Cincias Agrrias da Universidade
Federal de Alagoas, localizado no Campus Delza Gita, BR 104 Norte, km 85, Rio Largo
Alagoas, no ano de 1999. O solo classificado como Latossolo Vermelho de acordo com JACOMINE et al. (1975). O municpio est situado a uma latitude de 9
o 27S,
longitude de 35o 27W e uma altitude de 127 m acima do nvel do mar, com temperaturas
mdias de mxima 29 oC e mnima de 21
oC, e pluviosidade mdia anual de 1.267,7 mm
(CENTENO e KISHI, 1994).
Sero avaliados 14 clones da batata-doce, obtidos a partir de sementes botnicas
de populaes de polinizao livre, em novembro/97. So eles: CL - 01, CL - 03, CL -
04, CL - 05, CL - 10, CL - 11 e CL - 12, provenientes da cultivar Co Copinha; CL - 09,
proveniente da cultivar Paulistinha Branca; CL - 13 e CL - 14, provenientes da cultivar
Roxa de Rama Fina; CL - 02, proveniente da cultivar Co Branca; CL - 06, proveniente da
cultivar 60 Dias; CL - 07, proveniente da cultivar Copinha; e CL - 08, proveniente da
cultivar Pixaim I.
Ser utilizado o delineamento em blocos casualizados, com 14 tratamentos e
quatro repeties. As parcelas experimentais sero constitudas por trs leiras de 6,0 m de
comprimento com 0,30 m de altura cada, com 15 plantas por leira, no espaamento de
0,80 m x 0,40 m, considerando-se como rea til a fileira central, avaliando-se sete
plantas alternativas e competitivas, a partir da segunda.
Antes do plantio, sero retiradas amostras do solo para anlise qumica, visando a
correo da acidez, caso necessrio; no ser utilizado adubao qumica ou orgnica
para melhor caracterizar a situao atual do cultivo na regio.
No plantio sero utilizadas ramas sadias com oito a dez entrens, dos quais trs a
quatro sero enterrados no topo da leira.
Sero efetuadas irrigaes por asperso quando necessrias, visto que tais clones
de batata-doce sero plantados no perodo de inverno.
As parcelas experimentais sero mantidas livres de ervas daninhas, atravs de
capinas manuais enxada.
No sero efetuados os controles de pragas e doenas que por ventura apaream.
A partir dos 90 dias aps o plantio e at a colheita dos tubrculos sero
observados quinzenalmente os danos causados pela presena de pragas e doenas, caso
venham a ocorrer, para avaliao do grau de resistncia dos referidos clones de batata-
doce.
Aos 130 dias aps o plantio, na ocasio da colheita, ser avaliado o rendimento
dos clones (em kg ha-1
), bem como ser feito uma caracterizao dos tubrculos em
termos de: peso (em g), dimetro (em cm) e comprimento (em cm).
Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA CECA-UFAL, 2011. Pgina 38
38
As anlises da varincia do ensaio no delineamento em blocos casualizados
seguiro as recomendaes de FERREIRA (1996). As comparaes entre mdias de
clones de batata-doce sero feitas pelo Teste de Tukey no nvel de 5% de probabilidade.
J as anlises dos coeficientes de determinao genotpica sero feitas de acordo com
CRUZ (1994).
8 BIBLIOGRAFIA
ALLARD. R. W. Princpios do melhoramento gentico de plantas. Rio de Janeiro:
Editora Edgard Blucher Ltda.. 1971. 381p.
ALLEM, A. C. Recursos genticos da batata-doce: situao atual e perspectivas. In:
SEMINRIO SOBRE A CULTURA DA BATATA-DOCE. 1988, Braslia. Anais.
Braslia: EMBRAPA, 1988. p. 37-54.
BARRERA, P. Batata doce. 2. ed. So Paulo: CONE Editora Ltda. 1989. 93p.
BORM, A. Melhoramento de plantas. Viosa: UFV. 1997. 547p.
BRAGA, R. Plantas do nordeste, especialmente do Cear. 3. ed. Mossor: Coleo
Mossoroense . v. XLII, 1976. p. 77-79.
COSTA, C. P. da e PINTO, C. A. B. P. Melhoramento de hortalias. Piracicaba:
Departamento de Gentica da ESALQ/USP. 1977. 319p. (Apostila).
CENTENO, J. A. S.; KISHI, R. T. Recursos hdricos do Estado de Alagoas. Macei:
Secretaria de Planejamento, Ncleo Estadual de Meteorologia e Recursos Hdricos. 1994.
41p.
CRUZ, C. D. Mtodos biomtricos aplicados ao melhoramento gentico. Viosa, MG:
UFV, Imprensa Universitria. 1994. 390p.
FERREIRA, P. V. Estatstica experimental aplicada agronomia. 2. ed. Macei:
EDUFAL. 1996. 606p.
FUNDAO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA.
Anurio estatstico do Brasil. Rio de Janeiro: Secretaria de Planejamento da Presidncia
da Repblica. v.59, p. 3-36, 1999.
GONALVES, P. de S.; ROSSETTI, A. G.; VALOIS, A. C. C.; VEIGAS, I. de J. M.
Coeficiente de determinao genotpica e possveis ganhos genticos para caracteres
utilizados na seleo de seringueira. Manaus: SUDHEVEA/EMBRAPA, 1983. 15p.
JACOMINE, P. K. T.; CAVALCANTE, A. C.; PESSOA, S. C. C.; SILVEIRA, C. O. da.
Levantamento exploratrio-reconhecimento dos solos do Estado de Alagoas. Recife:
EMBRAPA, Centro de Pesquisas Pedolgicas. 1975. 532p. (Boletim tcnico, 35).
JONES, A. Sweet potato. In: FEHR, W. R. e HADLEY, H. H. (eds.) Hybridization of
crop plants. Madison: American Society of Agronomy, 1980. p. 645-655.
JONES A. e DUKES, P. D. Longevity of stored seed of sweet potato. Hortiscience. v.17,
p. 756-757, 1982.
MARTIN, F. W. Diferences in yield betweem potato seedlings and their derived clones.
Prop. Root & Tuber Crops Newsl.. v.14, p. 41-43, 1983.
MIRANDA, J. E. C.; FRANA, F. H.; CARRIJO, O. A.; SOUZA, A. F. PEREIRA, W.;
LOPES, C. A. e SILVA, J. B. C. A cultura da batata-doce. Braslia: EMBRAPA. 1995.
94p. (Coleo Plantar).
SILVA, J. B. C. e LOPES, C. A. Cultivo da batata-doce. 3. ed. Braslia:
EMBRAPA.1995. 18p. (Instrues Tcnicas de CNPHortalilas7). YEN, D. E. Sweet potato. In: FRANKEL, O. H. e BENNETT, E. (eds.), Genetic
Resources in Plants. London: Brlackweel. 1970. p. 341-351.
Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA CECA-UFAL, 2011. Pgina 39
39
9 - ORAMENTO DO PROJETO ANO: 1999
Natureza da Despesa 1999 Valor Total (R$)
Quantidade Valor Unitrio (R$)
Placa de identificao 01 5,00 5,00
Plaquetas 56 0,50 28,00
Preparo do solo 1,25 h/trat. 40,00 50,00
Plantio 5 d/h 8,00 40,00
Tratos culturais 3,25 d/h 8,00 26,40
Colheita 5,5 d/h 8,00 44,00
Kit irrigao 01 1.000,00 1.000,00
Total 1.193,40
Legenda: h/trat. : hora trator; d/h: dia homem.
10 - CRONOGRAMA DE EXECUO
Atividades jan fev mar abr maio jun jul ago set out nov dez
Reviso de Literatura
X
X
X
Elaborao do Projeto
X
Implantao do Projeto
X
X
Tratos Culturais
X
X
X
X
Coleta de Dados
X
X
X
Anlise de Dados
X
Interpretao de Dados
X
Relatrio Final
X
2.2 Instalao do Experimento
A instalao do experimento nada mais do que o transporte para a prtica
(campo, laboratrio, casa-de-vegetao, estbulo, etc.) do que foi idealizado, estudado e
planejado. Esta etapa constitui o incio da fase prtica do experimento e deve ser
realizada com os mesmos cuidados e ateno com que foi elaborado o projeto
experimental.
Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA CECA-UFAL, 2011. Pgina 40
40
Na instalao do experimento, o pesquisador deve seguir risca o que consta no
croqui, conforme apresentado na FIGURA 2.1. Contudo, quando algum fator (por
exemplo, condies locais de solo, topografia, etc.) impede a sua instalao da forma
como foi planejado, o pesquisador deve usar o bom senso para direcionar os trabalhos,
indicando a forma de instalao do experimento, sem afetar os objetivos bsicos do
mesmo e sem reduzir a sua preciso.
FIGURA 2.1 CROQUI DO EXPERIMENTO SOBRE AVALIAO DE CLONES DE BATATA-DOCE (Ipomoea batatas (L.) Lam.), EM RIO LARGO - ALAGOAS
33,6 m
14
5
4
7
11
6
2
8
13
3
12
1
9
10
9
11
13
12
8
6
14
1
3
10
7
5
2
4
12
5
3
10
1
13
8
2
4
7
6
9
14
11
3
13
9
7
14
5
4
8
2
12
11
6
10
1
NOTAS: Tratamentos: 1 CL 01; 2 CL 02; 3 CL 03; 4 CL 04; 5 CL 05; 6 CL 06; 7 CL 07; 8 CL 08; 9 CL 09; 10 CL 10; 11 CL 11; 12 CL 12; 13 CL 13; 14 CL 14. rea Total do Experimento: 907,2 m
2.
rea do Bloco: 201,6 m2.
rea da Parcela: 14,4 m2.
Nmero de Fileiras/Parcela: 3.
BLOCO I
6,0 m
1,0 m
BLOCO II
BLOCO III
BLOCO IV
BLOCO V
BLOCO VI
Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA CECA-UFAL, 2011. Pgina 41
41
Espaamento: 0,80 m x 0,40 m.
Sempre que qualquer alterao seja feita no projeto para possibilitar a sua
instalao, a mesma deve ser transportada para o plano inicial, a fim de que o mesmo
sempre represente o que est sendo executado no campo, para possibilitar a interpretao
e divulgao dos resultados, principalmente nos projetos de longa durao.
Como a instalao do experimento constitui o incio da sua fase prtica, todo o
cuidado pouco por parte do pesquisador, para se alcanar uma boa preciso do
experimento. Dessa forma, ele deve evitar os erros sistemticos, aplicar corretamente os
princpios da experimentao e usar toda sua experincia para obter tal preciso
experimental.
2.3 Execuo do Experimento
A execuo do experimento a forma de conduzir, no campo, laboratrio, casa-
de-vegetao, estbulo, etc., o plano experimental. Esta etapa no obedece a normas
fixas, pelo contrrio, extremamente malevel, devendo adaptar-se s condies
encontradas, procurando obter sempre o mximo de informaes e de eficincia.
Na execuo do experimento, o pesquisador deve anotar pessoalmente os dados e
observaes do experimento em fichas, anexadas em um caderno de campo para no
perd-los. Alguns modelos dessas fichas sero apresentados a seguir.
Ficha de Observao de Campo
Ano Agrcola: ________
Projeto: __________________________________________________________________
Experimento: ______________________________________________________________
Local de
Execuo:_________________________________________________________________
N
da
Par
cela
Tratamento
Em
erg
nci
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e
Pl
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)
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Ficha de Manejo Cultural Ano Agrcola ______
Projeto: _________________________________________________________
Experimento: _____________________________________________________
Local de Execuo: ________________________________________________
Textura do Solo: ________________________ pH do Solo: ______________
Anlise de Nutrientes do Solo:________________________________________
Exposio do Campo: ______________________________________________
Semeadura (data): ______ Transplante (data):______ Desbaste (data): _______
Controle de Pragas
Data Produto
Utilizado
Praga Combatida (Nomes
vulgar e cientfico)
Eficincia de
Controle
I R B
Controle de Doenas
Data Produto
Utilizado
Doena Combatida (Nome
da doena e agente causal)
Eficincia de
Controle
I R B
Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA CECA-UFAL, 2011. Pgina 43
43
Ficha de Tabulao
Ano Agrcola ________
Projeto: _________________________________________________________
Experimento: _____________________________________________________
Local de Execuo: ________________________________________________
N
de
Par
cela
Tratamento
Perodos (dias) Produo (em g)
Ren
dim
ento
kg/h
a
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ergn
cia
de
Pl
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Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA CECA-UFAL, 2011. Pgina 44
44
Ficha de Acompanhamento Mensal de Projeto de Pesquisa
Ms/Ano:_______
Ttulo:_____________________________________________________
Elaborador do Projeto: ________________________________________
Executor do Projeto: _________________________________________
Ano de Incio: ___ Experimentos: a) Previstos: ____ b) Instalados:____
__________________________________________________________
Resumo descritivo das realizaes no ms - por experimento
(observaes realizadas, dificuldades encontradas, providncias tomadas,
aspectos tcnicos mais importantes, sugestes e outras informaes).
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA CECA-UFAL, 2011. Pgina 45
45
Mais detalhes a respeito da execuo do experimento poder ser obtido no
captulo anterior.
2.4 Anlise Estatstica dos Dados Experimentais
A anlise estatstica dos dados experimentais uma fase muito importante do
experimento, pois nela que se verifica se os tratamentos avaliados so ou no
diferentes.
Vrios mtodos so utilizados na anlise estatstica de experimentos, os quais
sero objeto de outros captulos.
Independentemente do mtodo a ser utilizado na anlise estatstica do
experimento, o pesquisador deve ter em mente os seguintes pontos:
a) Antes de efetuar a anlise de varincia nos dados experimentais, ele deve
verificar se os mesmos atendem s suposies da anlise de varincia (os efeitos devem
ser aditivos, os erros devem ser independentes, devem apresentar distribuio normal e as
suas varincias devem ser homogneas), sob pena das concluses obtidas no terem
validade.
b) No processo de anlise estatstica dos dados experimentais, o sistema de
aproximao dos dados poder aumentar o erro experimental. Em funo disso, no
recomendado aproximar os dados durante a anlise estatstica, e sim no final da mesma,
deixando-se no mnimo, quatro casas decimais.
c) Quando analisar quaisquer dados dever dar nfase aos resultados biolgicos e
no aos mtodos estatsticos. No incluir no trabalho detalhes matemticos
desnecessrios.
2.5 Interpretao dos Resultados
Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA CECA-UFAL, 2011. Pgina 46
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A interpretao dos resultados experimentais submetidos anlise estatstica
constitui uma das etapas fundamentais do plano de pesquisa.
Atravs do exame dos resultados parciais verifica-se se a pesquisa est se
desenvolvendo satisfatoriamente, ou se existe algo errado e que deve ser corrigido. Por
exemplo, em um experimento na cultura do milho, o crescimento das plantas, a colorao
e a turgescncia das folhas, a umidade do solo, a temperatura ambiente, as precipitaes
pluviais, a ocorrncia de insetos-praga e doenas nos diferentes tratamentos, etc.,
fornecem informaes muito valiosas sobre o desenrolar do experimento. A interpretao
desses resultados parciais, no momento em que ocorrem, permite melhor compreenso do
fato e facilita as concluses finais.
A exposio pura e simples dos resultados obtidos no experimento, mesmo
quando acompanhados de anlise estatstica, no merece o ttulo de pesquisa. Para que
isso ocorra, necessrio que se faa a interpretao dos resultados para se chegar a um
fato novo; necessrio que se chegue a uma concluso nova, que venha solucionar um
problema tcnico ou prtico.
A interpretao de resultados que conduza somente a concluses especficas, sem
possibilidades de generalizao, indica que a pesquisa ainda no terminou, devendo
serem pesquisados outros aspectos. Por exemplo, no caso da irrigao na cultura do
milho, os dados disponveis at o momento se mostram desfavorveis a essa prtica, da
forma e nas condies em que vem sendo realizada. Tal pesquisa estar concluda apenas
quando, analisados e interpretados os dados de irrigao, temperatura, precipitao
pluvial, etc., se puder concluir sobre os fatores que tornam a irrigao desaconselhvel no
lugar e nas condies em que vem sendo realizada, e em que condies de solo e clima a
irrigao na cultura de milho poderia ser economicamente praticada.
Os resultados de qualquer pesquisa devem ser profunda e meticulosamente
analisados e interpretados, constituindo as concluses e sua meta fundamental.
2.6 Elaborao do Relatrio Final
Um projeto de pesquisa somente poder ser considerado concludo quando gerar
algum produto ou as informaes obtidas tenham domnio pblico. Em funo disso, o
pesquisador deve elaborar o relatrio final, tanto para atender as exigncias da instituio
financiadora do projeto de pesquisa como para ser publicado numa revista especializada,
bem como apresent-lo em reunies cientficas, congresso ou similares.
De um modo geral, na elaborao do relatrio final, deve ser especificado os
seguintes itens:
a) Ttulo - Deve ser redigido com bastante cuidado para indicar precisamente
qual o contedo do trabalho cientfico. aqui onde mais se exige clareza e conciso por
parte do pesquisador. Lembre-se que o ttulo deve ser bem ajustado ao objetivo do
trabalho cientfico.
Os servios de indexao e de publicao de resumos (abstracts) solicitam ttulos
curtos e especficos, incluindo a natureza do estudo e os organismos envolvidos.
Algumas revistas no permitem mais que dez palavras, outras limitam o ttulo a noventa
caracteres e espaos. Se for necessrio ultrapassar esses limites, desdobre-o em ttulo e
subttulo.
Deve ser evitadas generalidades ou idias vagas, conforme visto na etapa
Elaborao do Projeto. Tambm, deve ser evitado expresses suprfluas como: investigao sobre ..., estudo de ..., efeito de ..., influncia da ..., contribuio
Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA CECA-UFAL, 2011. Pgina 47
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para ..., sobre a natureza de ..., aspectos de ..., introduo ao estudo de ..., anlise preliminar de ..., etc..
Sugere-se no inclui: nome cientfico da espcie juntamente com nome vulgar,
especialmente se essa j bem conhecida, optar pelo nome vulgar; abreviaturas; poca
em que foi desenvolvido o experimento (data), a no ser que faa parte dos objetivos;
frmulas qumicas; uso de aspas, barras ou versus (x).
b) Autoria - O nome do autor (ou autores) deve constar logo abaixo do ttulo,
direita do mesmo. Deve ser iniciado, preferencialmente, pelo sobrenome todo em letras
maisculas, seguido pelas iniciais do nome. H revistas que publicam o ttulo do autor
(ou autores), o nome da Instituio onde foi realizado o trabalho, ou ambos, logo abaixo
do nome do mesmo. Outras preferem trazer essas indicaes em rodap, na primeira
pgina do relatrio de pesquisa (artigo cientfico), o que assegura certa economia de
espao. Nesse caso, faz-se uma chamada por meio de asteriscos, ou melhor, de nmeros-
indces entre parnteses.
Parece-nos suprfluo acrescentar que os nomes figurando no cabealho de um
relatrio de pesquisa devem ser estritamente os dos autores efetivos do trabalho; aqueles
que participam do planejamento, instalao e execuo do experimento, anlise
estatstica dos dados experimentais e interpretao dos resultados so, em maior ou
menor grau, autores intelectuais do trabalho. Essa classificao depende da importncia
da contribuio no trabalho cientfico, ou seja, o pesquisador que mais contribuiu tem seu
nome em primeiro lugar. Consentir na incluso de seu nome em outras circunstncias ou
a outro ttulo, ou colocar nomes de terceiros que no preencham aqueles requisitos,
infringir a tica do trabalho cientfico e contribuir para a corrupo dos costumes nesse
domnio.
Toda colaborao, ajuda material, apoio moral, crticas, etc., recebidos de outras
pessoas devem ser referidos nos Agradecimentos, no fim do trabalho cientfico e antes das referncias bibliogrficas, de uma forma clara e objetiva.
c) Resumo - O resumo a apresentao concisa e freqentemente seletiva do
texto, pondo em relevo os elementos de maior interesse e importncia, ou seja, a natureza
do assunto pesquisado, os resultados importantes obtidos e as concluses principais a que
se chegou.
A finalidade do resumo difundir o mais amplamente as informaes (quer
diretamente, quer atravs de sua reproduo nos peridicos especializados em resumos,
ou de sua incorporao ao acervo dos servios de comunicao) e permitir a quem l,
decidir sobre a convenincia de consultar o texto completo. Por isso, ele deve ser bem
redigido, at porque se espera que ele seja lido cerca de 50 a 500 vezes mais do que o
trabalho cientfico na ntegra.
Deve ser redigido na forma impessoal do tratamento gramatical, bem como deve
ser evitado usar frases como: so descritos e ser apresentado. Quanto sua extenso,
no deve ir alm de duzentas palavras, para permitir que, depois de impresso, possa
constar de uma ficha de 12,5 cm por 7,5 cm.
d) Abstract - O abstract corresponde traduo do resumo para o ingls, em
funo da necessidade de uma lngua de grande penetrao nos meios especializados. Se
o trabalho cientfico for apresentado em lngua estrangeira (que no o espanhol), esse
resumo ser em portugus.
Este tpico assume o papel de divulgador internacional das contribuies
cientficas.
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e) Introduo - Nela deve conter, pela ordem: natureza e importncia do assunto
pesquisado, evoluo e situao do problema, e identificao dos objetivos do trabalho
cientfico. Quase todas as observaes sobre a redao da introduo do projeto de
pesquisa so vlidas aqui.
Quanto natureza e importncia do assunto pesquisado, deve ser focalizados o
problema com indicao daqueles fatos ou situaes que evidenciem sua importncia.
Por exemplo, se o assunto aumento da protena em milho, mostrar porque importante
que esse cereal tenha maior teor de protena.
Na evoluo e situao do problema, deve ser feito um levantamento dos estudos
j feitos sobre o problema por outros pesquisadores, (reviso bibliogrfica), de modo que
mostre a real situao do problema na literatura nacional e estrangeira, na poca em que
se planejou a pesquisa. Contudo, extensas revises da literatura no tm sentido, devendo
ser substitudas por referncias aos trabalhos mais recentes e mais importantes. Quando
um assunto muito pesquisado e h inmeras literaturas a esse respeito, cite trs, no
mximo quatro delas.
Na identificao dos objetivos do trabalho cientfico, deve ser exposto
claramente as questes que foram respondidas pela pesquisa.
f) Material e Mtodos - O material e mtodos deve ser feito da mesma maneira
como visto na etapa Elaborao do Projeto, alterando apenas o tempo do verbo, do futuro para o passado. Alm disso, a descrio dos mtodos usados deve ser breve, porm
suficiente para possibilitar a outros pesquisadores repetir a investigao; processo e
tcnicas j publicados devem ser apenas referidos por citao, sendo necessrio detalhar
no caso de serem novos ou pouco usual.
g) Resultados e Discusso - Primeiramente, deve ser apresentado os resultados
que se encontram em uma tabela (ou quadro) ou figura (grfico, desenho, mapa,
fotografia, etc.) de forma objetiva, exata, clara e lgica, com o mnimo possvel de
discusso ou interpretao pessoal.
As tabelas e/ou figuras podero vir logo aps a apresentao dos resultados ou no
final do trabalho cientfico.
Posteriormente, feita a discusso dos dados obtidos e dos resultados alcanados
luz da experincia do pesquisador, ligando os novos achados aos conhecimentos
anteriores.
Lembre-se de que, na apresentao dos resultados, se os dados forem numricos,
os mesmos devem vir acompanhados de anlise estatstica, sempre que conveniente.
No apresente separadamente os resultados de uma grande nmero de
observaes similares ou experincias equivalentes, tal como analisar as caractersticas
de uma populao. As informaes adequadas podem estar todas compreendidas, via de
regra, quando se fornecem: o nmero de observaes; a mdia aritmtica dos valores; o
desvio padro e/ou erro padro da mdia.
Tais informaes podem constar do texto ou das tabelas, da seguinte forma: 275
2,8 (12), onde 275 representa a mdia, 2,8 representa o desvio padro ou erro padro da mdia (indicar qual) e (12) corresponde ao nmero de observaes, caso esse
j no conste de outra coluna da tabela.
Quando forem apresentadas diferenas entre mdias (ou outros dados
estatsticos) de tratamentos, aplique o teste de significncia mais adequado.
Na discusso dos resultados, o autor (ou autores) deve:
g.1) estabelecer relaes entre causas e efeitos;
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g.2) deduzir as generalizaes e princpios bsicos que tenham comprovao nas
observaes experimentais;
g.3) esclarecer as excees, modificaes e contradies das hipteses, teorias e
princpios diretamente relacionados com o trabalho realizado;
g.4) indicar as aplicaes tericas ou prticas dos resultados obtidos, bem como
as suas limitaes;
g.5) procurar elaborar, quando possvel, uma teoria para explicar certas
observaes ou resultados obtidos;
g.6) sugerir, quando for o caso, novas pesquisas, tendo em vista experincia
adquirida no desenvolvimento do trabalho e visando sua complementao.
Alm da discusso dos resultados entre si, cabe a discusso diante da literatura,
isto , a comparao dos resultados obtidos com os dos autores citados. Cabe ao autor (ou
autores) definir se seus resultados confirmam, eqivalem ou desmentem os dos outros
trabalhos mencionados.
Jamais oferea argumentos ou provas que se baseiam em comunicaes privadas
ou publicaes de carter restrito. Ainda que se tolerem aluses e entrevistas orais ou a
comunicaes pessoais, elas no devem justificar afirmaes ou concluses apoiadas em
fatos no comprovados pelo autor (ou autores).
h) Concluses - Nela deve ser colocado os principais resultados obtidos com a
experimentao, de uma forma clara, objetiva, lgica e breve.
aqui onde esto situadas as contribuies do autor (ou autores) para o avano
da cincia, alm do que elas podero abrir perspectivas de novas pesquisas.
As concluses, obviamente, tm que se basear somente em fatos comprovados.
Na redao dessa parte do trabalho cientfico devem ser evitadas expresses que
indiquem reserva ou ressalva, tais como: houve indcios, provavelmente, possivelmente,
etc..
Em alguns peridicos no consta o item Concluses, sendo que as mesmas
aparecem em Resultados e Discusso.
i) Agradecimentos (Opcional) - Os agradecimentos devem ser feitos a pessoas
ou instituies que realmente colaboraram para o desenvolvimento do trabalho
cientfico.
Tambm, aqui, o estilo deve ser sbrio e claro, indicando as razes pelas quais se
fazem os agradecimentos.
Devem ser omitidos os agradecimentos a colaboraes rotineiras, tais como:
datilografia, desenhos eventuais, trabalhos de impresso, etc..
j) Literatura Citada - As informaes citadas pelo autor (ou autores) de um
trabalho cientfico, com o propsito de fundamentar, de comentar ou ilustrar as asseres
do texto e que j tenham sido publicadas (ou que estejam sabidamente em publicao),
devero ser acompanhadas de referncias, permitindo ao autor comprovar os fatos ou
ampliar seu conhecimento do assunto mediante a consulta nas fontes.
Evidentemente, essa finalidade s ser atingida na medida em que a referncia
for correta e apresentada de forma inequvoca para o leitor, devendo ainda atender s
convenincias dos servios de bibliografia e bibliotecas, para evitar perda de tempo e
dificuldades na localizao do artigo para consulta ou reproduo. Siga para isso as
normas internacionais institudas pela Organizao Internacional de Normalizao e pela
Associao Brasileira de Normas Tcnicas e editadas pelo Instituto Brasileiro de
Bibliografia e Documentao.
Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA CECA-UFAL, 2011. Pgina 50
50
O prprio autor (ou autores) quem deve compilar a bibliografia que ir citar,
nela incluindo os trabalhos que efetivamente consultou e na medida em que sejam
necessrios exposio de suas idias ou resultados.
A seguir sero apresentados exemplos dos casos mais comuns de referenciao.
Na citao de artigos de peridicos, os seguintes elementos devero aparecer,
pela ordem: sobrenome do(s) autor(es), iniciais do prenome (tudo em letras maisculas);
ttulo do artigo; ttulo do peridico (em negrito); local de publicao do peridico;
volume; nmero; pginas inicial e final do artigo; ano de publicao. Exemplo:
LOPES, M. E. B. M.; KIMATI, H. Avaliao da resistncia de gentipos de girassol
(Helianthus annus L.) a Macrophomina phaseolina (Tass.) Goid. no Estado de So
Paulo. Summa Phytopathologica, Piracicaba, v. 13, n. 1/2, p. 133-141, 1987.
No caso de um livro, a citao dever conter os seguintes elementos, pela
ordem: sobrenome do(s) autor(es) do captulo, iniciais do pronome (tudo em letras
maisculas); ttulo do livro (em negrito); nmero da edio (exceto a 1a); local da
publicao do livro; editora; ano de publicao; nmero do volume (quando houver);
nmero total de pginas. Exemplo:
BANZATTO, D. A.; KRONKA, S. N. Experimentao agrcola. Jaboticabal: FUNEP,
1989. 247p.
No caso de captulo de livro, os seguintes elementos devero constar na citao,
pela ordem: sobrenome do (s) autor (es), iniciais do prenome (tudo em letras maisculas);
ttulo do captulo ou parte referenciada; palavra In:; sobrenome do autor ou editor do
livro, iniciais do prenome (tudo em letras maisculas); ttulo do livro (em negrito);
nmero da edio (exceto a 1a); local de publicao do livro; editora; ano de publicao;
nmero do volume (quando houver); nmero do captulo e/ou pgina inicial e final da
parte referenciada. Exemplo:
BANDEL, B. Gentica. In: PATERNIANI, E. Melhoramento e produo de milho
no Brasil. Piracicaba: Fundao Cargill, 1980. p. 97-121.
No caso de dissertao ou tese, a citao dever conter os seguintes elementos,
pela ordem: sobrenome do autor, iniciais do prenome (tudo em maisculo); ttulo da
dissertao ou tese (em negrito); local de apresentao (cidade); instituio onde a
dissertao ou tese foi defendida; ano da defesa; nmero de pginas; dissertao ou tese;
grau. Exemplo:
FERREIRA, P.V. Aspectos fisiolgicos e implicaes genticas da cerosidade foliar
em cebola ( Allium cepa L.) Piracicaba: ESALQ, 1983. 101 p. Tese, Doutoramento.
No caso de eventos (congressos, simpsios, reunies, etc.), a citao dever
conter os seguintes elementos, pela ordem: nome do evento (todo em letras maisculas);
nmero, ano e local de realizao do evento; ttulo (em negrito); local de publicao;
editora; ano de publicao; nmero de pginas ou nmero de volumes. Exemplo:
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CONGRESSO BRASILEIRO DE NEMATOLOGIA, 12, 1988. Dourados. Resumos.
Dourados: Sociedade Brasileira de Nematologia, EMBRAPA/UEPAE de Dourados,
1988, 42 p.
No caso de parte de eventos, os seguintes elementos devero aparecer, pela
ordem: sobrenome do(s) autor(es) do trabalho, iniciais do prenome (tudo em letras
maisculas); ttulo do trabalho, palavra In:; nome do evento (todo em letras maisculas);
nmero, ano e local de realizao do evento; ttulo (em negrito); local de publicao;
editora; ano de publicao; pgina inicial e final da parte referenciada. Exemplo:
MELO, I.S. de. Controle biolgico de doenas de raiz. In: REUNIO SOBRE
CONTROLE BIOLGICO DE DOENAS DE PLANTAS, 1,1986, Piracicaba. Anais.
Campinas: Fundao Cargil, 1986. p. 7-12.
No caso de abstracts, a citao dever conter os seguintes elementos, pela ordem:
sobrenome do(s) autor(es) do artigo cientfico, iniciais do prenome (tudo em letras
maisculas); ttulo do artigo; ttulo do peridico (em negrito); local de publicao;
volume (nmero do fascculo); pgina inicial e final da parte referenciada; ano de
publicao do artigo cientfico seguido pela expresso apud e ttulo do abstracts (em negrito apenas o ttulo do abstracts); volume; nmero de referncia do artigo; nmero da
pgina; ano de publicao do abstracts. Exemplo:
KATIS, N.; GIBSON, R. W. Transmission of potato virus y by cereal aphids. Potato
Research, Wageningen, v. 28, n.1, p. 65-70, 1985 apud Review of Plant Pathology, v.
65, n.1, p. 4038. 1986.
Mais detalhes sobre bibliografia, bem como sobre os outros itens de um relatrio
de pesquisa, consultar, entre outros, IPARDES (2000).
A seguir ser apresentado um modelo de relatrio de pesquisa:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
CENTRO DE CINCIAS AGRRIAS
Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA CECA-UFAL, 2011. Pgina 52
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Avaliao de Clones de Batata-doce (Ipomoea batatas (L.) Lam), em Rio Largo - AL.
Jair Tenrio Cavalcante
Paulo Vanderlei Ferreira
Lailton Soares
Relatrio de pesquisa apresentado
Revista Magistra da Escola de Agronomia
da Universidade Federal da Bahia para
publicao.
Rio Largo/Alagoas
Janeiro/ 2002
AVALIAO DE CLONES DE BATATA-DOCE
(Ipomoea batatas (L.) Lam.), EM RIO LARGO AL 1
Jair Tenrio Cavalcante 2; Paulo Vanderlei Ferreira
3; Lailton Soares
3
2 Escola Agrcola de Jundia/Universidade Federal do Rio Grande do Norte, CEP: 59280-000, Macaiba-
RN. E-mail: [email protected] 3 Universidade Federal de Alagoas, BR 104 Norte, km 14, CEP: 57100-000, Rio Largo-AL.
RESUMO: Considerando-se que so poucos os trabalhos de pesquisa com batata-doce
para o Estado de Alagoas, faz-se necessrio estudos no sentido de se obter para a regio,
atravs do melhoramento gentico de plantas, cultivares adaptadas, com boas
Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA CECA-UFAL, 2011. Pgina 53
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caractersticas agronmicas, elevada capacidade produtiva e resistncia s principais
pragas e doenas que assolam esta cultura. O experimento foi realizado em Rio Largo Alagoas, em 1999, objetivando avaliar clones de batata-doce, mediante anlise de
varincia, comparao das mdias e do coeficiente de determinao genotpica. Utilizou-
se o delineamento experimental em blocos casualizados, com 14 tratamentos e quatro
repeties, analisando-se as variveis: produtividade de razes comerciais, produtividade
de razes no comerciais, comprimento da raiz, dimetro mdio da raiz e nmero de
razes comerciais; peso da parte area; resistncia broca do coleto e resistncia
ferrugem branca. O clone 13 apresentou o maior rendimento de razes comerciais (19,97 t
ha-1
), maior dimetro mdio de raiz (7,05 cm) e menor percentual de sintomas da broca
do coleto. As estimativas dos coeficientes de determinao foram elevadas (acima de
70%); havendo assim pouca influncia do ambiente na expresso das variveis. Os clones
13, 14, 03, 09 e 06 apresentaram os melhores desempenhos, superando a produtividade
mdia de razes comerciais de batata-doce no Estado de Alagoas.
Palavras-chave: produtividade, razes, coeficiente de determinao genotpica.
EVALUATION OF SWEET POTATOES CLONES (Ipomoea batatas (L.) Lam.), IN
RIO LARGO AL
ABSTRACT: Since very little research has been done with sweet potato in the State of
Alagoas, Brazil, studies are necessary in order to obtain for this region, through plant
breeding, adapted cultivars, with good agronomic characteristics, high productive
capacity and resistance to the main plagues and diseases that destroy this crop. The
experiment was carried out in Rio Largo countryside of Alagoas/Brasil, in 1999, with the purpose of evaluating sweet potato clones through the analyses of variance,
comparison of means and genotype coefficient determination. The experimental design
was in randomised blocks with fourteen treatments and four repetitions. The following
variables were analysed: marketable tuber yield, tuber length, tuber diameter, number of
marketable tuber, plant aerial parts dry weight, non-marketable tuber yield, resistance to
stem drill, and resistance to white rust. The clone 13 presented the largest marketable
tuber yield (19.97 t ha-1
), largest mean tuber diameter (7.05 cm) and the lowest
percentage of stem drill symptoms. The estimates of coefficient determination were high
(above 70%). Therefore, the environment has little influence in the expression of the
____________ 1 Parte da Dissertao do primeiro autor, apresentada Universidade Federal de Alagoas.
Magistra, Cruz das Almas-BA, v. 15, n.1, p. 13-17, jan./jun. 2003.
variables. The clones 13, 14, 03, 09 and 06 presented the best results, overcoming the
average productivity of marketable tubers of sweet potato in the State of Alagoas.
Key words: production, roots, genotypes coefficients determination.
INTRODUO
A batata-doce a quarta hortalia mais consumida no Brasil. uma cultura
tropical e subtropical, rstica, de fcil manuteno. Apresenta boa resistncia seca e
ampla adaptao. O custo de produo relativamente baixo, com investimentos
Autor: PAULO VANDERLEI FERREIRA CECA-UFAL, 2011. Pgina 54
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mnimos e de retornos elevados. tambm uma das hortalias com maior capacidade de
produzir energia por unidade de rea e tempo (kcal ha-1
dia-1
) (MIRANDA et al., 1995).
Fatores como a ocorrncia de pragas e doenas, tecnologia de produo
inadequada e a falta de cultivares selecionadas so responsveis pela baixa produtividade
mdia brasileira, que est em torno de 8,7 t ha-1
(SILVA e LOPES, 1995). Por outro lado,
a situao em Alagoas mais crtica, pois apresenta produtividade mdia de 7,7 t ha-1
e
no existem cultivares selecionadas para a regio (FIBGE, 1999).
So poucos os trabalhos de pesquisas visando selecionar e recomendar cultivares
de batata-doce para diferentes regies do pas (SILVA e LOPES, 1995). Sabe-se que
tanto a introduo como a obteno de novas cultivares, de qualquer espcie cultivada,
constitui um trabalho contnuo e dinmico, pois as novas cultivares selecionadas
permanecem em uso durante um nmero varivel de anos, para por sua vez serem
substitudas por outras superiores.
Em programas de melhoramento gentico de plantas, alm de estudos
relacionados anlise de varincia e comparao de mdias, tambm deve-se proceder
anlise de um parmetro gentico que venha dar suporte aos resultados alcanados. Um
dos parmetros genticos mais usados o coeficiente de determinao genotpica, pois o
seu conhecimento para um dado carter permite a quantificao da relao entre o
desempenho das plantas-mes e suas prognies em geraes subseqentes. Alm disso, o
seu conhecimento permite estabelecer os objetivos principais a serem alcanados em
programas de melhoramento de plantas (GONALVES et al., 1983).
Considerando-se estes fatos, o presente trabalho teve como objetivo avaliar
clones de batata-doce desenvolvidos em Alagoas, mediante anlise de varincia,
comparao das mdias e do coeficiente de determinao genotpica, nas condies de
clima e solo de Rio Largo-AL.
MATERIAL E MTODOS
O experimento foi realizado no Centro de Cincias Agrrias, Universidade
Federal de Alagoas, localizado no Campus Delza Gita, BR 104 Norte, km 85, Rio Largo
Alagoas, no ano de 1999. O solo classificado como Latossolo Vermelho de acordo com JACOMINE et al. (1975). O municpio est situado a uma latitude de 9
o 27S,
longitude de 35o 27W e uma altitude de 127 m, com temperaturas mdias de mxima 29
oC e mnima de 21
oC, e pluviosidade mdia anual de 1.267,7 mm (CENTENO e KISHI,
1994).
Foram avaliados 14 clones da batata-doce, obtidos a partir de sementes botnicas
de populaes de polinizao livre, em novembro/97. So eles: CL - 01, CL - 03, CL -
04, CL - 05, CL - 10, CL - 11 e CL - 12, provenientes da cultivar Co Copinha; CL - 09,
provenientes da cultivar Paulistinha Branca; CL - 13 e CL - 14, provenientes da cultivar
Roxa de Rama Fina; CL - 02, proveniente da cultivar Co Branca; CL - 06, proveniente da
cultivar 60 Dias; CL - 07, proveniente da cultivar Copinha; e CL - 08, proveniente da
cultivar Pixaim I.
O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com 14
tratamentos e quatro repeties. As unidades experimentais foram constitudas por trs
leiras de 6,0 m de comprimento com 0,30 m de altura cada, com 15 plantas por leira, no
espaamento de 0,80 m x 0,40 m, considerando-se como rea til a fileira central,
avaliando-se sete plantas alternativas e competitivas, a partir da segunda.
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Aps anlise de solo, procedeu-se o preparo do mesmo, onde foram efetuadas
duas gradagens: uma antes e outra aps a aplicao do corretivo; no foi aplicado adubo
qumico, visto que o solo apresentou uma boa fertilidade e tambm para melhor
caracterizar o cultivo na regio. Decorridos 30 dias, levantaram-se as leiras com sulcador
tratorizado. Para o plantio, foram utilizadas ramas novas de at 90 dias, sadias, com oito a
dez entrens, dos quais trs a quatro enterrados no topo da leira, este executado em
11/06/1999. Utilizou-se irrigao por asperso, visto que ocorreram veranicos nos
primeiros 60 dias aps o plantio.
As parcelas experimentais foram mantidas livres de ervas daninhas, atravs de
capinas enxada e no foram efetuados os controles de pragas e doenas que ocorreram,
pois um dos objetivos do presente trabalho foi a avaliao da resistncia dos referidos
clones de batata-doce s molstias.
A partir dos 90 dias aps o plantio e at a colheita das razes tuberosas, foram
quinzenalmente observados os danos causados pela presena de pragas e doenas,
anotando-se a percentagem de danos, para avaliao do grau de resistncia dos referidos
clones de batata-doce. Aos 130 dias aps o plantio, foi efetuada a colheita das razes
tuberosas na leira central.
As variveis relacionadas a seguir referem-se s mdias de sete plantas
competitivas da leira central de cada parcela experimental:
1 Produtividade de Razes Comerciais (PRC): refere-se ao peso (t ha-1) das razes comerciais (acima de 80 g), com uso de balana de preciso.
2 Dimetro Mdio da Raiz (DMR): refere-se ao dimetro (cm), da parte intermediria transversal da raiz, utilizando-se 20 tubrculos tomados aleatoriamente.
Nesta medio utilizou-se um paqumetro.
3 Comprimento da Raiz (CR): refere-se ao comprimento da raiz (cm), utilizando-se os mesmos 20 tubrculos avaliados no DMR. Medio feita com rgua
milimtrica.
4 Nmero de Razes Comerciais por Planta (NRC): refere-se quantidade de razes comerciais (acima de 80 g), por planta.
5 Produtividade de Razes No Comerciais (PRNC): refere-se ao peso (t ha-1) das razes no comerciais (de 40 a 80 g), com uso de balana de preciso.
6 Peso da Parte Area das Plantas (PPA): refere-se ao peso (t ha-1) da parte area das plantas, retirando-se a trs cm do solo, usando-se balana de preciso.
7 Resistncia Broca do Coleto (RBC): quinzenalmente foram atribudas notas de 1 a 5, percentagem de plantas atacadas pela Broca do coleto (Megastes pusialis) por
parcela experimental. Sendo 1 - (0 - 10