Upload
sonia-schmid
View
212
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
I) Resumo da obra
O Capote, de Nicolai Gogol.
O pai se chamava Akaki, e o nome do filho será, portanto Akaki.Resultou
dessa maneira Akaki Akakievich, nascido na noite de 23 de Março.
Quando teria sido colocado na repartição e quem o teria nomeado ninguém
se recorda.
Todos que passaram na repartição viram-no no mesmo lugar, na mesma
posição, completamente burocratizado, de uniforme e calvo.
Esse pobre funcionário público com o nome de Akaki Akakievich vive apenas
para o trabalho; sua vida se resume ao acordar, ir ao trabalho fazer copias dos
documentos e voltar para casa, levando consigo algumas dessas cópias para
adiantar o trabalho. Ocupava-se então a copiar por gosto e divertimento não
derivada apenas do belo talhe de letra que possuía, mas da importância da pessoa a
quem imaginava que o oficio se dirigia.
Menosprezado por seus colegas de repartição, ela vida, por si, e também por
pessoas desconhecidas. Parecia proposital, ao sair às ruas passava por debaixo das
janelas no momento em que eram jogados os detritos e aceitos por ele em suas
vestimentas; casca de melão, lata vazia, ou coisas semelhantes.
Enquanto os funcionários se apresentam a dedicar o tempo que lhes resta
com distrações várias; em suma, até nos momentos em que todos procuram se
divertir Akaki akakievich não se entregava a divertimento algum. O seu entreter era
de copiar, pois era disso que ele mais gostava copiar.
Em São Petersburgo, existe um poderosíssimo inimigo de todos os que
recebem uns quatrocentos rublos de vencimentos anuais, não é outro se não o
inverno brutal, os pobres funcionários não sabem onde e nem como se resguardar
embrulhados nos finos capotes. E Akaki já andara há tempos se sentindo intensas
picadas nas costas e nos ombros por conta do intenso frio.
Ao chegar a casa, Akaki examina o seu capote cuidadosamente e percebeu
que ele precisava de alguns remendos o seu casaco já estava deteriorado e, por
isso, os colegas de repartição fizeram do seu capote motivo de chacota; por conta
da gola que diminuía de ano em ano porque era utilizado para remendar o resto.
Mesmo relutante resolveu levar o capote a um alfaiate com o nome de
Petrovich que habitava num quarto andar sem sol e que apesar de zarolho fazia o
seu trabalho com bastante habilidade nos momentos em que se encontrava sóbrio.
Akaki a caminho da casa do alfaiate, uma sujeira por onde passava, com pequenas
poças d'gua malcheirosas nas escadas que faziam arder os olhos. Constitui
características inseparáveis de todos os andares interiores das casas de São
Petersburgo.
O alfaiate deu-lhe a péssima noticia que seu capote já não estava mais em
condições para reparos porque aquilo que para ele era uma vestimenta, para o
alfaiate foi dado simplesmente com um trapo velho, estava tão podre que mal
suportaria a linha. Com pavor em sua alma, Akaki começa a pensar de que forma
disporia comprar um novo capote, no momento que, para ele um item essencial
devido à baixa temperatura em São Petersburgo.
Começa o novo caminhar do Akaki, reduzindo ao máximo os seus custos,
elevou seus pensamentos apenas no novo capote. Custou muito a habituar-se as
privações, mas depois acostumou-se, e como ele sonhava com o seu novo capote,
tornou-se a sua existência esse com mais importância, sentia ao seu lado a
presença de um novo ser ,tornou-se mais animado, caráter mais firme com andar
mais leve e destemido.
O capote estava pronto, uma verdadeira obra de arte, acolchoada com um
pesado forro, colocou-o “cuidadosamente”. Experimentava dois prazeres; a primeira,
sentir mais calor; e a segunda, sentir-se outro.
Dirigiu-se á repartição, com um ar de exuberância e por diversas vezes sorriu
de intima prazer. Seus companheiros logo o percebeu por causa do seu novo
capote, mas também porque ele estava diferente, receberam no como nunca haviam
feito antes, tratando com o devido respeito. Akaki até sentiu-se orgulhoso de si
mesmo, não era mais motivo de chacotas e indiferenças, ao contrário foi até
convidado a ir à casa do seu chefe para tomar chá. Akaki tentou recusar, mas
agradava-lhe pensar que iria ao chá com o seu capote novo, iria comemorar a
aquisição do seu novo casaco e também a sua integração na sociedade.
Voltando para casa, pela primeira vez Akaki naquela noite olhou para a
cidade de São Petersburgo com olhar de admiração. Enquanto caminhava por uma
praça pouco iluminadas e sente ameaçado por alguma coisa; quando! Abruptamente
foi surpreendido por dois ladrões que roubaram o seu capote novo, naquele
momento Akaki reagiu como nunca havia feito antes, fora roubado não tão somente
um capote novo, mas a sua nova condição que o capote lhe proporcionava.
Akaki ao procurar seus direitos para que solucionassem seu caso, é tratado
com preconceito e ignorado. A noticia do roubo apesar de alguns funcionários
aproveitarem para novas zombarias comoveu, no entanto, muitos. E através de um
conselho quis Akaki Akaquievich pular a hierarquia, e ir direto a alta personalidade.
É tratado de forma desumana por um dito “Alta personalidade que, na ocasião quer
impressionar o amigo e o esmaga com palavras o nosso Akaki Akakievich, pela
grandeza que os títulos e da posição social que este detém.”
Sem o seu capote que outrora o cobria, já debilitado, o corpo e a sua alma, no
momento do delírio antes da sua morte seus pensamentos se dirigiam a um único
ponto; O CAPOTE. Morre Akaki Akakievich.
São Petersburgo ficou sem Akaki, como se nunca ali tivesse existido, ainda
que fim de sua vida brilhasse para ele a luz sob a forma de um capote, reanimando
um momento fugaz a sua própria vida.
Akaki Akakievich deu-se depois da morte, como fantasma, procurando o seu
capote voltou ao mundo dos vivos e para vingar-se de quem se negou a ajudá-lo e
reencontrar o seu capote roubado.
Numa noite a alta personalidade sai da casa de um amigo em direção á casa
de sua amante, quando este foi surpreendido pelo fantasma do Akaki; ai está você!
Finalmente o encontrei, não quiseste que procurassem o meu, e ainda me
humilhaste agora me dê o teu. Reavendo o seu capote nunca mais se ouviu a falar
desse fantasma.
II) Biografia do autor
Nicolai Vassilievitch Gogol nasceu em Sorotchinsky, na Ucrânia, em 1809 e
morreu em Moscou em 1852.
Contista genial, romancista e teatrólogo, são considerados, juntamente com
Alexandre Puchkin, um dos fundadores da moderna literatura russa. Devido o seu
pai, antigo oficial cossaco, desenvolveu seu gosto pela literatura, e apesar do seu
modo tipicamente temerário, nunca fora amparado na infância, ainda que o jovem
nutrisse por ele o mais delicado afeto. Sua mãe transmitiu-lhe a fé religiosa, que veio
a desencadear, à beira da sua morte, em um misticismo doentio. Os seus
progenitores, seriam, portanto uma falaz influência em toda a obra do então jovem
Gogol.
Depois de estudos medíocres, este jovem de fisionomia austera deixa a
Ucrânia e encontra um modesto emprego de escritório ministerial em São
Petersburgo. A distância de seu país natal e a nostalgia de que dela resulta
inspiraram alguns dos seus escritos. A panóplia de obras e romances do então
funcionário desterrado avivaram a sua carreira como autor, e após haver conhecido
pessoalmente o romântico Alexandre Puchkin, a sua obra despoletaria em um
realismo próprio - não diremos insuflado, mas pejado de uma fonte riquíssima em
artifícios paradoxais, tal como Dostoiévski havia traçado em sua obra. Prova desse
realismo tipicamente gogoliano seria a novelaAmante fervoroso da verdade, Gogol é
um homem repleto de preocupações místicas, religiosas e patrióticas. A sua obra
reflete o lado moralista das questões que dizem respeito à condição humana, trágica
e inapelavelmente priosioneira na sua jaula; mas a crítica efusiva censurava com
amiúde suas tentativas de fazer vingar o poder instituído e aparentemente
inabalável.
Gogol não fora político, não possuía um programa de ação contra o regime,
que fazia da Rússia da época um país metade caserna, metade prisão. No entanto,
a crítica não revelaria sendo o bastante para caricaturar o jovem e proeminente
escritor.
Seu pai desenvolveu o gosto pela literatura, e apesar do seu modo do género
temerário, nunca fora o amparo na infância de Nicolai, ainda que o jovem nutrisse
por seu progenitor verdadeira amizade. Sua mãe transmitiu-lhe a fé religiosa, que
veio a desencadear em um misticismo doentio. Seus progenitores seriam, portanto
uma quota parte da influência em toda a sua obra.
Depois de estudos medíocres, este jovem de fisionomia austera deixa a
Ucrânia e encontra um modesto emprego de escritório ministerial em São
Petersburgo. A distância de seu país natal e a nostalgia de que dela resulta
inspiraram alguns dos seus escritos.
As obras e romances do então funcionário para sempre enclausurado
avivaram a sua carreira como autor, e após haver conhecido pessoalmente o
romântico Alexandre Púchkin, sua obra despoletaria em um realismo próprio - não
diremos insuflado, mas uma fonte riquíssima em artifícios paradoxais, tal como
Dostoiévski havia traçado em sua obra. Prova desse realismo típico veio a ser a
novela O Capote, cujo herói se tornara arquétipo do pequeno funcionário russo.
De fato, sua intervenção não é outra senão denunciar os vícios e abusos no
interior da alma humana, humilhada e atravancada de emoções contraditórias. Em
pleno desarranjo emocional, Gogol foge e recomeça viajando pela Europa.
A morte de Alexandre Púchkin no ano de 1837, em um desinteressante duelo,
abala profundamente Gogol. Agora com a obrigação de concluir a obra cuja ideia
fora do seu amigo. Referia-se, naturalmente, ao alentado texto de Almas Mortas.
Tenta publicar a obra em Moscovo em 1841, mas o Comité Moscovita de
Censura recusa. Não é senão após uma intervenção dos amigos do autor que o livro
é publicado, em 1842. O romance é uma descrição em detalhe das preocupações do
homem russo em uma Rússia profunda; uma sátira, às vezes impiedosa, que, porém
guarda subjacente o profundo e natural amor de Gogol pelo país.
De 1837 a 1843 vive em Roma. Regressa à Rússia, doente. Um misticismo
religioso acentuado indu-lo a abandonar as antigas ideias liberais (como se aí
residisse o que é de absolutamente condicionante) para se tornar um defensor da
autocracia. Essa fase mística virá a exacerbar-se após a sua viagem à Palestina, em
1849.
As tribulações recomeçam: Itália, França, Alemanha etc. Em 1848, faz uma
peregrinação em Jerusalém. A pouco a pouco, sua saúde se degrada, e ainda mais
devido à sua irritável hipocondria que em nada o recompõe; seu sentimento religioso
se exalta. Gógol se torna cada vez mais místico, impelido em ir buscar, pelo
sentimento religioso, a salvação da alma.
De volta a Moscovo, redige a segunda parte de Almas Mortas. Mas seu
estado físico se degrada incessante, mercê do sonho que o acompanha desde
jovem: mesmo homem absolutamente sadio e regrado, sua ânsia por uma nova
ordem das coisas o martiriza. No início de Fevereiro de 1852, num momento de
delírio, segundo dizem, ele queima na lareira de seu quarto todos os manuscritos
inéditos - inclusive o fim da segunda parte de Almas Mortas.
O romance é uma belíssima e irónica ficção sobre a corrupção de uma classe
decadente que domina o povo ignorante e escravo do Estado. Mas nunca fora
concluída.
Mal adaptado ao mundo, em 21 de Fevereiro de 1852 Gogol morreu
amargurado, vítima de alucinações, revoltado com seu tempo, a arte e a política
russa.
Após sua morte, as autoridades imperiais param as reedições de suas obras
e o próprio nome de Gogol e praticamente proibido na impressa (somente após a
morte do Czar Nicolau I, em 1855, é que suas obras voltam a ser publicadas). Por
causa dessa proibição, Ivan Turguéniev acabou preso em Março de 1852, após
escrever um comovido artigo em defesa de Gogol, no jornal Notícias de Moscou,
sendo exila o em suas terras um mês depois.
III) Análise do texto
Akaki Akakiévitch já parece predestinado a ser medíocre, a começar pelo o
seu nome que foi escolhido sem nenhuma consideração. Com letras repetitivas é
como o induzisse a um futuro certo ao trabalho de copista.
O texto através da narrativa descritiva retrata com clareza as duas vidas do
Akaki; uma antes do Capote, e a outra após possuir o Capote. A situação do
menosprezo, pobreza a que se submetia revela a ausência de direitos sociais no
que toca o artigo 7º da CF/88 (lei brasileira).
Akaki sofria constantemente agressões à sua vida privada, a sua intimidade
foi violada. As leis brasileiras de acordo com o artigo. 5ª da CF/88 hoje é possível
ingressar com uma ação judicial para reparação de tais danos.
A percepção de mundo do Akaki era muito limitada, vivia a copiar era o que
lhe bastava. Tanto assim, que por parte de um superior, Akaki recebeu a
incumbência e fazer um trabalho diferente exigindo mais dele, ele simplesmente não
suportou a mudança e pediu que retornasse ao seu velho trabalho ,a sua velha
rotina de nada mudar, e a fazer o que ele mais apreciava, copiar. ¨O valor atribuído
ao ofício de copiar dava para Akaki o próprio sentido de sua existência “(palavras do
Professor Eduardo Iamundo). A dificuldade de mudança se deu também da
resistência de um novo casaco, mas também o reacendeu para a vida. mudou seu
olhar tornou-se mais firme de caráter e fez do capote como um objeto de desejo,
mesmo antes de adquiri-lo.
Adquirindo o novo capote, sendo percebido, aceito por todos, pela primeira
vez sentiu o calor da afabilidade quando bem tratado, sentiu até orgulho de si.
O capote fora roubado no mesmo dia em que se inaugura. Segue então
Akaki, a um caminho árduo pela burocracia Russa. Motivado pelos seus direitos,
bate na porta do judiciário, pois o judiciário age quando provocado (segundo as leis
brasileiras) e como ele foi ignorado teve seus direitos violados (segundo as leis
brasileiras).
Maltratado pela sociedade e esquecido pela vida, sem o seu capote, já
debilitado, morre Akaki. O que não conseguiu em vida se propôs fazer após a morte,
o encontro de Akaki consigo se deu depois da morte, e como fantasma lutou pelo
seu direito natural já que por meios legais em vida foi negado.
IV) Considerações Finais
Com a leitura profunda desse texto, podemos considerar que Akaki
representa cada um de nós, que busca incansavelmente valer os seus direitos.
Diariamente a sociedade bate na porta do judiciário para intervir nas relações
conflituosas, mas nem sempre consegue ser atendida, como foi o caso do
personagem.
Este trabalho nos proporcionou um olhar mais critico em relação à história do
capote, que apesar de ter sido escrita há muitos anos, pode ser vista nos dias
atuais.
Na realidade Akaki representa cada um de nós, que busca ser aceito perante
a sociedade independente da classe social, ou dos bens que possuímos.