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CAPÍTULO 4 - 4º ESTUDO DE CASO || CENTRO EDUCACIONAL || RIBEIRÃO PIRES || BRASIL

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SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 136

4. CENTRO EDUCACIONAL RIBEIRÃO PIRES

Ribeirão Pires - São Paulo - Brasil.

Rafael Perrone e Marcio do Amaral

Ano: 2004

Rafael Perrone graduou-se pela Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo em 1973. Em 1983

recebeu um prêmio do IAB pelo projeto do conjunto de edifícios Onde-Sol, na praia das Astúrias. Atravessou

durante sua formação um período político conturbado, mas como ele mesmo observa, formou uma geração

muito crítica. Em 1984 concluiu mestrado em planejamento urbano pela Fundação Getúlio Vargas, em 1993

formou-se doutor pela FAU-USP e em 2008 concluiu a livre docência, também pela FAU-USP. Além do

Centro Educacional de Ribeirão Pires, projetou o Centro de Apoio à Educação de Indaiatuba, entre outros

projetos significativos. Além da sua atuação na prática de arquitetura, é professor e pesquisador das

faculdades de arquitetura da USP e Mackenzie. Foi premiado pelo IAB/SP em 2004, com o Prêmio “Ex

aequo” pela requalificação do Moinho di Sêmola Fratelli Maciotta.

Marcio do Amaral graduou-se na FAUSP em 1980 e lecionou na FAUPUC de Campinas entre 1986 e 2003.

Em conjunto os arquitetos receberam, em 1998, o Premio Carlos Barjas Milan, pelo projeto do Centro

Cultural da cidade de Mauá (SP) e o Prêmio Votorantim na 5ª Bienal Internacional de Arquitetura de São

Paulo pelo projeto de igreja em Campinas.

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4.1. O CENTRO EDUCACIONAL

O projeto em análise está localizado no centro histórico do município de Ribeirão Pires, São Paulo, numa

região em processo de transformação lindeira à Estrada de Ferro São Paulo Railway. Em 1999 teve

transformações significativas com ampliação de espaços livres, requalificação de calçadas e equipamentos

públicos. Em outras regiões próximas foram feitas melhorias, como o tratamento paisagístico da Av. Brasil, a

remodelação do Paço Municipal e a recuperação do terminal ferroviário. Todas essas requalificações

aconteceram numa área conhecida como Centro Baixo. (PERRONE, 2005).

Do outro lado da ferrovia, numa região conhecida como Centro Alto, desapropriou-se o terreno de uma

antiga fábrica de sal desativada desde o início dos anos 1990, que se encontrava abandonada e em

processo de deterioração. O terreno, com 12.000m², tinha potencial de contribuir e complementar as ações

realizadas no Centro Baixo e por isso foi escolhida para receber duas grandes propostas de intervenção.

(PERRONE, 2005).

"O Centro Educacional introduziu o(s) arquiteto(s) nas questões práticas de patrimônio e preservação"

(CAMARGO, 2005) e seu projeto passou por diversas modificações durante o período de desenvolvimento: a

primeira proposta, apenas um estudo preliminar, foi elaborada sem uma real compreensão da importância da

fábrica para a cidade e do real estado de conservação das edificações originais. A primeira solução

apresentava apenas um edifício triangular e uma praça que reunia todos os itens do programa. Nessa

proposta estavam previstas demolições de quase todas as construções em ruínas. De fato, através da

análise fotográfica, nota-se claramente que o conjunto final da refinaria de sal estava completamente

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destruído. Nota-se também, a quantidade de "puxados" construídos ao redor da fábrica principal, que

dificultavam o reconhecimento do valor histórico dessa construção.

162. Implantação

1. Centro educacional|2. Estrada de ferro|3. Igreja da Matriz|4.Estação de trem|5. Centro baixo| 6. Requalificação Av. Brasil

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163. Perspectiva da segunda proposta.

"Embora a visita ao local tenha proporcionado aos arquitetos

outra compreensão do significado da estrada de ferro e

principalmente dos remanescentes do complexo industrial, que

passaram a ser integrados ao projeto arquitetônico com outra

dimensão, estes não assumiram a condição de gênese do

projeto." (CAMARGO, Mônica Junqueira, 2005).

Assim, a segunda proposta criava uma ligação viária entre o

Centro Alto e o Centro Baixo e visava uma articulação de modo

que possibilitasse a passagem de pedestres e veículos sob os

trilhos do trem, pois, ainda que responsável pelo desenvolvimento

da cidade, a ferrovia seccionou a malha urbana. As intervenções

haviam sido pensadas para que fossem realizadas

simultaneamente. Como em parte da proposição original as áreas

não edificadas seriam transformadas em praças. Havia, nesse

momento, a recomendação de que fossem mantidos alguns

elementos das construções existentes, principalmente a chaminé.

(PERRONE, 2005)

164. Perspectiva da proposta final.

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165. Perspectiva da proposta final.

166 e 167. Perspectiva da proposta final.

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168. Implantação Centro Educacional.

1. Praça| 2. Centro de qualificação de professores | 3. Secretaria da

educação | 4. Escola pública | 5. Estacionamento | 6. Pátio descoberto

| 7. Quadra poliesportiva

169. Centro de qualificação Professores.

170. Escola pública

171. Secretaria da educação.

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A partir de 2001, logo após a desapropriação do terreno, foi possível realizar verificações mais precisas in

loco com levantamentos cadastral e fotográfico. Neste momento identificou-se a importância histórica da

construção e repensou-se o partido do projeto a partir da constatação de que a chaminé estava em

condições para ser mantida. Ademais, o Centro de Apoio Técnico ao Patrimônio da cidade estabeleceu

algumas diretrizes que incluíam a ampliação da área preservada, a valorização da construção original, a

manutenção das relações entre o núcleo urbano e a ferrovia, além de ser importante evidenciar a

intervenção sobre a edificação preexistente.

O programa de necessidades, antes definido em um só bloco, dividiu-se em três edificações: o edifício

preservado que sofreu intervenção e onde foi instalado um centro de treinamento de professores e a

construção de dois novos edifícios para abrigar uma escola e a Secretaria de Educação.

"As dimensões e as características da antiga fábrica provocaram a fragmentação do projeto -

de modo a melhor acolher aquilo que ainda restava de sua integridade - e a reordenação do

programa, incrementando seu uso. Ao tratar o programa em três edifícios diferentes, Perrone

introduziu alguns ganhos: descartou o rigor na definição dos seus limites, fazendo surgir

espaços intersticiais; e valorizou a fluidez de sua inserção urbana, proporcionando a

comunicação e a troca mais intensa entre os usuários e a cidade. O projeto final apresentado,

ainda que com área edificada muito próxima à do primeiro, mudou não só de forma, mas de

escala - passou de objeto arquitetônico à condição de ação urbana." (CAMARGO, 2005, p.59).

A implantação dos novos volumes valeu-se de elementos existentes: os arquitetos traçaram uma série de

relações geométricas - a partir de uma árvore preservada, do edifício fabril e de suas ligações com a trama

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urbana e férrea - que definiram a posição dos blocos. A implantação do Pavilhão da Secretaria relaciona-se

com o posicionamento da fábrica no terreno; existem semelhanças entre a caixa d'água em balanço com a

chaminé de tijolos, pois ambas são fortes elementos verticais. A escola teve seu ponto de partida, uma

seringueira preservada que foi envolvida pela construção. (SERAPIÃO, 2005). Para a autora Mônica Junqueira

de Camargo (2005), os edifícios foram resolvidos numa mesma linguagem que explora a volumetria, a

transparência e o jogo cromático, porém constituem exemplares muito distintos, pois a secretaria possui um

volume em forma de pavilhão enquanto a escola se configura num edifício pátio. Os três edifícios foram

implantados de forma a configurar uma grande praça que deixa em evidência e privilegia a arquitetura

preexistente do edifício fabril. Dessa forma, a implantação respeita e aproveita a topografia e promove uma

relação entre os espaços públicos e semi-públicos; a arquitetura cria um marco arquitetônico e os eixos

propõem percursos que estimulam a integração com a vida urbana.

Embora o conjunto de edifícios independentes pareça desconexo, a autora afirma ser uma das mais

equilibradas, "um exemplo dos mais didáticos da arquitetura como montagem: a estrutura visivelmente

independente, os elementos arquitetônicos constituindo as superfícies e estas configurando o volume. Um

equilíbrio que expressa com muita clareza o amplo domínio do arquiteto sobre formas, cores, volumes,

texturas, cheios e vazios, planos, superfícies e transparências" (CAMARGO, 2005).

Ainda segundo a mesma autora, o edifício preexistente assume no conjunto a condição de elemento

surpresa, pois ao não ter relação com a composição das edificações propostas, "tem sua excepcionalidade

valorizada pela intervenção, distinguindo-se enquanto objeto ímpar" (CAMARGO, 2005).

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SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 144

173. Entrada do moinho. – edificação original

Ainda que o centro educacional seja composto pelas três edificações

e que seu significado seja uma resultante enquanto conjunto, não

farão parte desta análise os dois novos edifícios. O foco será

justamente o edifício fabril que passou por um processo de

intervenção com alteração de uso.

4.2. O EDIFÍCIO ORIGINAL

A construção original foi projetada para abrigar o Moinho Di Fratelli

Maciota, em 1898, implantado estrategicamente ao lado da ferrovia e

próxima à área central e à Igreja da Matriz. O formato do terreno e a

implantação dos edifícios do moinho são resultantes do traçado do

ramal da ferrovia. Em 1910 a construção foi comprada por José

Mortari e passou a ser conhecida como Moinho Mortari. A partir

desse momento, o moinho cresce de tamanho em função do aumento

da produção e começam a ser anexados à construção original novos

galpões em alvenaria. O moinho ganha importância e passa a ser um

agente de desenvolvimento urbano da cidade de Ribeirão Pires;

começam a surgir loteamentos em regiões próximas à fábrica durante

os anos de 1920, como, por exemplo, a Vila Mortari. (DE FREITAS,

2008).

172. Vista aérea da região do moinho.

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174. Planta original do moinho.

A partir de 1946 o Moinho é adaptado para ser transformado numa refinaria de sal. Neste momento foram

construídos, além dos anteriores, anexos realizados sem quaisquer critérios projetuais. Houve demasiado

descuido técnico que provocou a descaracterização e deterioração das construções originais. Apesar da

importância da fábrica no desenvolvimento da cidade existem poucos registros que documentam a

transformação do edifício (PERRONE, 2005).

O sal da refinaria afetou grande parte da estrutura de concreto dos anexos, e após a desativação da

fábrica até o início dos estudos para o projeto do centro educacional, ficou visivelmente abandonada. Em

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175. Planta cadastral do moinho.

2000, as edificações em ruínas foram desapropriadas pela municipalidade que pretendia fazer uma ligação

viária entre as duas partes do centro da cidade, fragmentada pela ferrovia (SERAPIÃO, 2005).

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SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 147

O centro é resultado de um estudo minucioso e detalhado que deu origem a dois percursos investigativos:

o histórico, com a documentação do lugar, suas características e transformações, e o técnico; descrevendo

e diagnosticando a situação para futuras soluções projetuais e identificando os elementos construtivos que

poderiam ser mantidos e recuperados e que estavam, irremediavelmente, perdidos. Este processo

investigativo possibilitou que se determinassem algumas diretrizes para o projeto:

- Refazer a memória do prédio original do moinho caracterizando sua forma, escala e desenho com

relação à cidade;

- Resgatar as características do prédio permitindo que, em alguns pontos, fossem reconhecidas as

marcas decorrentes dos anos de descuido.

- Restaurar a chaminé por ser o símbolo da edificação industrial;

-Evidenciar a relação com a ferrovia, propulsora do desenvolvimento da cidade, e as edificações

industriais;

-Revelar as transformações sofridas pelas edificações de forma didática, destacando intervenção de

preexistência e revelando, em alguns pontos, o descaso com que se tratou a construção da fábrica

ao longo da sua vida.

"Foram definidos princípios de resgate, como a manutenção de algumas paredes, frontões e o

aproveitamento de uma grande seringueira existente [...]. Confirmou-se, também, a não manutenção

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176. Vista da fábrica de sal com os galpões de cobertura em arco agregados.

dos galpões industriais com cobertura em arco, provavelmente dos anos 1950. Decisão tomada em

função da situação estrutural e porque 'escondiam' a construção original, e também porque, embora

fazendo parte da história, não apresentavam nada de exemplar em sua configuração. [...]

Permaneciam, além da chaminé, o suposto corpo original da fábrica e alguns frontões

remanescentes que ainda não se encontravam colapsados" (PERRONE, 2005, p. 8).

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SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 149

177. Parque das ruínas – Rio de Janeiro.

178. Parque do caraça – Minas Gerais.

Segundo os arquitetos as obras referenciais estudadas foram o Sesc Pompéia em

São Paulo de Lina Bo Bardi, o Museu do Parque do Caraça em Minas Gerais de

Meniconi, Leal, Climaco e Guimarães e o Parque das Ruínas no Rio de Janeiro de

Ernani Freire e Sônia Lopes. Ao revisitar estas obras, observou-se com atenção

como as questões de preservação e intervenção foram abordadas nestas

propostas. No caso do SESC, houve uma preservação dos galpões industriais

juntamente com a construção de um novo edifício. O projeto do Caraça evidencia

com clareza a distinção entre passado e presente com a conjunção de espaços,

materiais, estruturas e reminiscências. No Parque das Ruínas a proposta é de

superposição de uma estrutura metálica sobre elementos preservados, mas

desfigurados pelo uso e pelo tempo. Estas experiências ajudaram a resolver as

questões do projeto de intervenção no Moinho. (PERRONE, 2004)

Depois de várias definições, o edifício da fábrica de sal tinha como função ser

um centro de formação dos professores da cidade. Para isso o programa de

necessidades deveria abrigar um auditório, espaços para a internet, salas de aulas

e de atividades, espaços para reuniões e seminários, exposições transitórias e

outros tipos de encontros. Na ocasião da inauguração, foi organizada pelo

arquiteto Júlio Abesendo, uma exposição sobre a história da cidade de Ribeirão

Pires que contava com parte da documentação do edifício da fábrica.

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SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 150

179. Vista do conjunto oposta à chaminé antes da intervenção.

Pavilhão 1 Pavilhão 2 Pavilhão 3 Galpão demolido

Do edifício original foram mantidos três pavilhões e a chaminé. Definiu-se na configuração final do projeto a

incorporação do bloco dos fundos do corpo principal e a reconstrução dos portais da época do Moinho

Mortari.

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SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 151

180. Vista interna do galpão em total situação de abandono e destruição.

Para a recuperação do edifício do Moinho, depois das demolições necessárias,

entendeu-se que o projeto deveria ser realizado por meio de um contínuo

processo de assessoria técnica, o que ocasionava em constantes decisões

projetuais em função do desvendamento das condições das construções. Este

procedimento permitiu descobrir elementos não registrados nos levantamentos

cadastrais; foram revelados arcos no salão principal, por exemplo, que

permitiram a descoberta de porões de pedras. Essa, e outras revelações,

levaram a novas considerações como um novo cálculo estrutural.

Alguns fechamentos foram recuperados utilizando-se os tijolos das demolições

que se encontravam em bom estado de forma a recompor e complementar as

alvenarias. Para este procedimento elaborou-se um caderno de detalhes com

desenhos e orientações. Na chaminé, demoliram-se paredes que haviam sido

apoiadas sobre sua estrutura e, posteriormente, realizaram-se tratamentos em

suas trincas e reforços com algumas cintas. A parte superior também foi

recuperada e aprumada e o desenho do topo também foi refeito. (PERRONE,

2004)

Todos os elementos necessários para a recuperação do edifício e para a

adaptação de seu uso foram devidamente destacados de modo a não se

mesclarem com os originais e reforçarem o caráter histórico do edifício. Os

materiais empregados causam, junto com a escolha cromática, um grande

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SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 152

17. Vista da chaminé em fase de recuperação e galpão 2.

181. Recuperação da chaminé e pavilhão 2.

182. Chaminé recuperada e pavilhão 2 ainda em obras.

contraste entre as arquiteturas e seus tempos. É possível decifrar com

facilidade a arquitetura preexistente e a atual intervenção.

Os três pavilhões remanescentes serão identificados da seguinte maneira: O

pavilhão número 1 é o que está localizado à esquerda considerando o

observador do lado oposto ao da chaminé. É o pavilhão que faz divisa com o

ramal ferroviário. O pavilhão número 2 é o que está localizado ao centro; e o

número 3 o que está à direita. É possível observar na foto 179, que o pavilhão

número 1 sofreu alterações no decorrer da história do moinho e está

visivelmente descaracterizado em relação aos pavilhões 2 e 3.

Através das fachadas também conseguimos observar que o pavilhão 2 é o mais

alto dos três, possuindo três níveis enquanto o 1º e 3º pavilhões são térreos.

Os arquivos fotográficos da época da obra de intervenção revelam que o

pavilhão número 1 teve uma das faces preservadas, a posterior, que está do

lado oposto da chaminé. O seu espaço interno foi completamente remodelado,

e recebeu um auditório com foyer. Entre o foyer e o auditório foram

construídos lavabos e uma pequena copa. A face próxima ao foyer recebeu

novo fechamento de caixilharia estrutural metálica e vidro. O auditório teve

suas paredes tratadas e pintadas de amarelo. A cobertura foi completamente

refeita com tesouras de estrutura metálica vermelhas, na inclinação das

elemento reconstruído como no edifício preexistente.

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SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 153

183. Edificação preexistente antes da intervenção.

originais e cobertas com telhas, também vermelhas. Colocou-se também um

piso elevado que permitiu uma inclinação adequada para acomodar as

poltronas.

O pavilhão número 2, é o mais alto como mencionado anteriormente e,

portanto, concentra a maior parte das atividades. Na sua lateral, podemos

observar aberturas ritmadas retangulares com fechamento em vidro. Sua face

posterior possui apenas duas aberturas, uma em formato circular no topo e

outra em formato de arco. No seu interior algumas alvenarias originais foram

mantidas; estas, assim como as laterais, também possuem aberturas ritmadas

em formado retangular. Este pavilhão possui no térreo duas salas separadas

por um corredor de circulação para receberem exposições que serão nomeadas

como sala A e sala B. Na sala B, junto à face frontal, foram localizados os

sanitários Neste espaço executaram-se três aberturas onde foram instalados

caixilhos maximar. As laterais dos sanitários foram fechadas com caixilhos de

vidro da mesma linguagem do caixilho do foyer do pavilhão 1. Para garantir a

privacidade, um grande elemento em alvenaria pintada com massa texturizada,

"rasga" o pano de vidro das laterais dos sanitários. Neste espaço foram

concentradas as cubas.

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SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 154

184. Planta do pavimento térreo

Pavilhão 1

Pavilhão 2

Pavilhão 3

< A < B

<

C

1 2

3 4

5

6

6

1. Auditório| 2. Café| 3. Sala “A” de exposições | 4. Sala “B” de exposições| 5. Exposições| 6. Sanitários

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185. Planta pavimento intermediário.

Pavilhão 1

Pavilhão 2

Pavilhão 3

< <

<

A

B

C

2 1

3

1. Mezanino “A”| 2. Mezanino “B”| 3. Sala de aula

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186. Planta pavimento superior

Pavilhão 3

Pavilhão 2

Pavilhão 1

< <

<

A

B

C

1

1. Sala de aula

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SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 157

187. Corte A

Pavilhão 1 Pavilhão 2 Pavilhão 3

1. Sala de exposições| 2. Mezanino “A”| 3. Sala de exposições “A”| 4. Auditório

4

3

2

1

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SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 158

188. Corte B

Pavilhão 3 em vista Pavilhão 2 Pavilhão 1

1. Sala de exposições “B”| 2. Copa (detalhe da exaustão)

1

2

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SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 159

190. Elevação lateral

Chaminé 189. Corte C

Sala de aula – Pavilhão 2 Pavilhão 3

Sala de aula – Pavilhão 2 Chaminé Pavilhão 3 1. Foyer| 2. Copa| 3. Auditório

3 2 1

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191. Elevação frontal

Pavilhão 3 Pavilhão 2 Pavilhão 1

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SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 161

192. Elevação posterior

Pavilhão 1 Pavilhão 2 Pavilhão 3

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SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 162

20. Vista interna do Pavilhão 3 antes da intervenção.

194. Construção da cobertura do pavilhão 3.

193. Vista do pavilhão 3 antes da intervenção

Este pavilhão possuía um pé direito triplo o que permitiu a construção de um

mezanino, um segundo piso em estrutura metálica totalmente independente da

estrutura do velho moinho. Para acessar o segundo nível, uma escada e um

elevador hidráulico foram instalados junto a uma das alvenarias preservadas na

sala de exposições B. Sobre esta sala a estrutura do mezanino encosta nas

paredes laterais do pavilhão. Dele sai uma passarela que atravessa as aberturas

das paredes preservadas até chegar ao mezanino sobre a sala de exposições

A. Este, ao contrário do que acontece na outra sala, está totalmente recuado

em relação às divisas laterais. No mezanino B, um forte elemento retangular

revestido em chapa, atravessa e rompe com o perímetro original do moinho.

Este espaço abriga duas salas de aulas e é o elemento de grande destaque da

proposta de intervenção quando observamos o conjunto externamente. As vigas

metálicas em perfil "I" sustentam as salas que ficam em balanço. A área

compreendida pelo espaço B ainda recebe mais um nível que recebeu duas

salas de aulas. A cobertura deste pavilhão também foi refeita com tesouras em

estrutura metálica e cobertura em chapa pintada de vermelho.

O terceiro e último pavilhão é o menor dos três. Do edifício original restaram

apenas a fachada posterior e parte do seu embasamento. A lateral externa

recebeu caixilharia metálica e fechamento em vidro. A fachada posterior

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SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 163

195. Vista lateral do conjunto em obras.

recebeu fechamento em chapa metálica pintada de vermelho. O seu interior

teve as paredes originais removidas e criou-se um grande espaço, o maior de

todos, para exposições. A cobertura deste pavilhão, assim como nos outros, foi

refeita com as mesmas características.

Atualmente, a construção projetada para abrigar a Secretaria de Educação,

funciona como a Biblioteca Municipal Olavo Bilac e o antigo edifício do Moinho

está desativado em função de uma interdição realizada em 2009. Tal fato

aconteceu depois que o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) emitiu um

laudo técnico sobre os efeitos nocivos da salinização sobre a construção.

Segundo o Jornal Mais Notícias1 o projeto executivo para a recuperação do

edifício já está autorizado e a empresa contratada. A edificação encontra-se,

lamentavelmente, abandonada e, apesar de não ser possível o acesso ao

interior das instalações, consegue-se perceber os muitos sinais de descaso:

vidros quebrados, caixilhos oxidados, calhas metálicas perfuradas, entre outros

fatores que demonstram uma triste realidade brasileira: o descaso com sua

própria história e referências. Houve intenção por parte do governo em

recuperar parte da história da cidade de Ribeirão Pires, mas parece que uma

vez conseguido o resultado, houve um retorno à postura anterior de total

descuido.

1 http://jornalmaisnoticias.com.br - Prefeitura contrata empresa para elaborar projeto de recuperação do prédio da antiga Fábrica de Sal - acessado

em 11/09/2011

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SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 164

196. Fachada frontal do projeto após a intervenção.

Este estudo de caso possui peculiaridades e se diferencia dos demais projetos

analisados nesta dissertação. A "matéria prima" com que se trabalhou, no caso

o edifício da fábrica, encontrava-se num estado avançado de destruição. Nos

outros casos analisados trabalhávamos com a ideia de construir no construído,

aqui, na realidade, podemos afirmar que houve grande esforço dos arquitetos

para conseguir, de forma exitosa, construir sobre o destruído. O trabalho foi

minucioso e praticamente artesanal. Para recuperar a memória de sua história

foi preciso reconstruir partes da edificação ao mesmo tempo em que eram

necessárias soluções que permitissem a adaptação do seu uso. Não podemos

dizer que houve um trabalho de restauração, pois como dito no início desde

trabalho, Solà-Morales entende que o trabalho de interpretação da obra

existente deve ser entendido como uma intervenção. A restauração, passa a ser

uma reconstrução fiel da obra original. Perrone define este trabalho como uma

recomposição, pois entende que esta foi uma grande operação para alteração

do uso original, mas com tarefas de recuperação como eixos fundamentais do

projeto. "A memória [...] deveria ser encontrada, restabelecida e, em alguns

pontos, reconstituída". (PERRONE, 2005, p.10). "A intervenção caracterizou-se

não como um “restauro” do edifício original, ou de outros que se agregaram a

ele, mas reafirmou os propósitos iniciais de reconhecimento do artefato

arquitetônico pela memória de sua trajetória." (PERRONE, 2004)

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SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 165

197. Croqui ilustrando reconstrução das alvenariasxaberturas.

198. Croqui ilustrando reconstrução das

alvenariasxaberturas.

199. Processo de recuperação da alvenaria

concluído.

200. Alvenaria parcialmente destruída.

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201. Detalhe do arco parcialmente destruído.

202. Croquis ilustrando processo de recuperação do

arco.

203. Arco recuperado.

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SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 167

Segundo os critérios de análise do autor Francisco de Gracia (1992), podemos entender que esta obra

também pode ser classificada como uma intervenção com forma de inclusão, definida nos capítulos

anteriores. Todos os elementos entre arquitetura preexistente e intervenção são compartidos integralmente.

Por esse mesmo motivo, é possível expandir a classificação desta obra para a forma intersecção. A nova

arquitetura rompe, em alguns momentos, os perímetros originais interagindo com a preexistente. Ainda assim,

há uma grande preocupação por parte dos arquitetos de deixar em evidência os diversos momentos da

história da edificação.

Em relação aos níveis de intervenção elaborados e definidos pelo autor, poderíamos definir esta obra

analisando-a por dois contextos distintos: a intervenção pontual no antigo moinho e a do complexo

construído para o centro educacional em sua totalidade.

Pontualmente, podemos afirmar que esta obra enquadra-se como modificação circunscrita, afinal, a

intervenção fica limitada ao edifício como uma realidade individual, com uma ampliação muito discreta e

transformação de estrutura interna. Ainda podemos dizer que existe uma colisão de estruturas formais pois

há um contraste nos materiais sem negar a existência. Esta intervenção também tenta reconhecer a

fundamentação tipológica e reconhece a existência de uma arquitetura capaz de aludir a referências

estruturais consolidadas em experiências precedentes, o que a classifica como uma arquitetura de base

tipológica. Ao mesmo tempo, ao analisarmos o conjunto, podemos afirmar que, segundo os critérios de

análise usados como referência, esta obra enquadra-se como modificação do locus. Por sua dimensão, esta

intervenção não pretende repercutir, mas a sua presença no entorno imediato é marcante. Também existe a

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SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 168

idéia de arquitetura do fragmento, pois não existe uma continuidade contextual entre os três edifícios. É

uma colagem de estruturas formais heterogêneas.

Na recomposição proposta, a atitude em relação às linguagens do antigo e o novo, foi didática

revelando uma clara distinção por oposição de materiais e ao mesmo tempo foi integradora

dos ambientes buscando respeitar certas continuidades visuais e tipológicas [...] Os critérios e a

linguagem arquitetônica utilizados enfatizaram as relações entre o novo e antigo mostrando as

intervenções. Os desgastes, o registro do tempo e dos usos de uma maneira didática e

explícita. O projeto no seu conjunto e as atividades da assessoria executadas, conduziram a

recomposição do prédio aos objetivos fixados. Intervir para um novo uso ao mesmo tempo que

restaurar para constituir a memória. (PERRONE, 2005)

Pelos conceitos elencados por Gonzalo Diaz, a obra em análise enquadra-se no que o autor chama de

sobreposição de uma arquitetura sobre outra preexistente que a transforma numa nova composição. Ainda

que os volumes incorporados externamente sejam discretos, esta proposta não se limita em manter a

estrutura da forma, incorporou-se um novo volume que resulta numa nova composição e ideia de edifício.

Há uma fusão de arquiteturas e consequente surgimento de um novo organismo no que se refere à

estrutura, significado e modo de utilização. A obra original é facilmente reconhecida e o esqueleto do antigo

moinho é norteador para o resultado final. Assim, como os demais projetos desta dissertação, há nesta

proposta a ideia de rearquitetura já definida anteriormente. A intervenção realizada é positiva, pois

recuperou, destacou, valorizou a importância histórica do edifício e se faz presente marcando o seu próprio

tempo.

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204. Fachada frontal.

sanitários Pavilhão 3 Salas de aula

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205. Fachada frontal.

206. Fachada frontal.

207. Fachada lateral – pavilhão 2 com destaque para a sala de aula em balanço.

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208. Fachada lateral – pavilhão 3

209. Fachada lateral. – pavilhão 3

210. Fachada lateral. – pavilhão 2

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211. Fachada lateral e posterior.

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212. Detalhe da junção da alvenaria existente e reconstruída.

213. Pavilhão 2 214. Fachada posterior. Da esquerda para a direita: pavilhão 1| pavilhão 2| pavilhão 3.

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215. Escada metálica e elevador hidráulico para acesso ao pavimento intermediário e superior. – pavilhão 2

216. Passarela de acesso ao mezanino – pavilhão 2.

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217. Passarela de acesso ao mezanino – pavilhão 2

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218. Mezanino – pavilhão 2.

219. Vista interna do térreo pavilhão 2 e pavilhão 1.

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220. Passarela de acesso ao mezanino – pavilhão 2 221 e 222. Passarela de acesso ao mezanino – pavilhão 2

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223. Auditório – pavilhão 3

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SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 179

224. Pavilhão 2 em obras 225. Pavilhão 2 em obras

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 181

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As cidades desenvolvem-se por meio de contínuos processos de modificações, demolições e reconstruções

que acompanham as necessidades e transformações sociais. Para Marisa Barda cada cidade ou lugar tem

sua própria história onde memória e lembranças são os elementos fundamentais para a formação de uma

cultura local. Ignorar a importância desse processo de reconhecimento da sociedade e das suas referências

pode ser um erro. A memória não é simples lembrança do passado, mas uma fonte de identidades

representadas das mais diversas formas.

As grandes cidades brasileiras vivem, em quase toda sua extensão, um processo de grande especulação

imobiliária. Os terrenos estão cada vez mais valorizados e, em sua maioria, abrigam edificações com um

valor de construção irrisório comparado ao do próprio lote em que estão implantadas. Isso, acrescido das

demandas por espaços de uso comercial, habitacional ou de serviço e somados a alterações de legislações

que aumentaram o potencial construtivo do solo (no caso de São Paulo), estimula que construções não

protegidas formalmente pelo patrimônio histórico sejam demolidas para dar lugar a grandes

empreendimentos imobiliários.

Entretanto, políticas conservacionistas mais rígidas podem causar a obsolescência de edifícios ou, até

mesmo, de áreas urbanas. Assim, as práticas para salvaguardar arquiteturas e garantir a sua continuidade

passam, muitas vezes, por um processo de adaptação às novas condições sociais, econômicas e

tecnológicas, tratando de encontrar o ponto de equilíbrio entre preservação e continuação que resulte numa

evolução positiva. “O interesse que vem se despertando sobre este tema deve ser visto, principalmente,

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 182

como uma tomada de consciência para o desenvolvimento das cidades e seu dinâmico crescimento”. (DIAZ,

2009, p.27).

Este tema, construir no construído; da arquitetura como agente modificador da arquitetura através das

sobreposições, desperta hoje como um reflexo da crescente atuação profissional neste tipo de desafios. São

projetos ambivalentes que têm como matéria prima um pedaço de forma do passado, mas que miram o

olhar para o futuro.

“Reciclagem, Requalificação, Rearquitetura vem se tornando problemas corriqueiros

na agenda do arquiteto contemporâneo. A situação reflete o interesse cultural e

econômico na conservação de testemunhos do passado, mesmo quando de um

passado recente. [...] O interesse abrange a edificação ordinária e a monumental,

qualquer seu compromisso com a durabilidade. Favorece a coexistência no espaço

de formas de épocas distintas, alia-se à valorização multifacetada da diversidade. O

espírito do presente não é exclusivista nem utópico. Estranha a ideia da construção

sobre terra arrasada – dum admirável mundo novo formalmente unificado. Parece-

lhe anacrônica culturalmente, absurda e economicamente míope” . 1

Para Solà-Morales, o problema com que nos encontramos na atualidade é o de repensar nossa relação com

os edifícios, passando de uma atitude evasiva e distante a uma atitude de intervenção projetual.

1 Retirado do texto para chamada de artigos do 7º Seminário DOCOMOMO Brasil e III PROJETAR realizados em Porto

Alegre, entre 22 e 26 de Outubro de 2007.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 183

Evidentemente não existe uma fórmula, nem a maneira mais correta de enfrentar a questão e dar-lhe

respostas a partir da incorporação de um projeto futuro com uma mínima congruência. Para o autor os

problemas de intervenção na arquitetura, são primeira e fundamentalmente, problemas de arquitetura, e

neste sentido, o primeiro momento classicista nas questões de intervenção, nos deixa a lição de que as

arquiteturas do passado travam um diálogo com a arquitetura do presente e que não devemos entender o

problema com uma postura defensiva e preservativa. A segunda lição seria a do “positivismo pós-hegeliano”

onde os problemas de intervenção na arquitetura (histórica) não são problemas abstratos nem problemas

que se possam formular, são apenas problemas concretos sobre estruturas concretas. Talvez por isso, deixar

falar ao edifício é ainda hoje a primeira atitude responsável e lúcida ante um problema de intervenção e

sobreposição.i

Para Francisco de Gracia, quanto mais se edifica, menos se reflete sobre a arquitetura. Atualmente não

podemos promover a recuperação ou a manutenção da cidade (histórica) baseando-nos em condições

produtivas pertencentes ao passado. Além disso, a prática arquitetônica contemporânea tem direito de

refletir a sua própria condição histórica, expressar o seu próprio tempo, ainda que sob certas condições

derivadas das pré-existências. As melhores propostas arquitetônicas seriam aquelas capazes de concretizar a

relação entre permanência e transformação dado que, como sinalizado por Ezio Manzini o “novo é novo

porque introduz componentes que antes não existiam, mas também e, sobretudo, porque modifica e

reorganiza o existente”. (MANZINI apud DE GRACIA, 1992 p.VII)

Devemos nos basear na ideia de que todo projeto de intervenção deve apoiar-se em ações positivas,

admitindo-se que a velha arquitetura deve submeter-se a uma verificação ativa para que se determinem os

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 184

limites da ação conservativa e da ação modificadora. (CONTACUZINO, 1979 p. VIII). Para Marisa Barda

(2009), o interessante é não camuflar a intervenção na arquitetura preexistente, para que a sociedade saiba

reconhecer e distinguir passado e presente.

Esta pesquisa se propôs a analisar quatro estudos de caso onde a matéria prima de trabalho, ou seja, a

edificação preexistente, sofreu alterações e adaptações para um novo uso. Entretanto, cada projeto

analisado teve sua própria linha de raciocínio e de interpretação em relação à arquitetura anterior,

reafirmando a hipótese do autor Ignasi de Solà-Morales sobre o fato de não existir uma fórmula e uma

regra para conduzir este tipo de projeto. Assim como Francisco de Gracia alerta, não é possível catalogar

nem muito menos criar um manual para análise dos projetos, justamente, porque cada projeto é único e

cada arquiteto pode encontrar possibilidades e estabelecer estratégias de forma a enxergar o projeto com

seus próprios olhos.

No primeiro projeto analisado, o Museu Xul Solar, a intenção principal do arquiteto foi a de preservar, mais

do que a arquitetura representativa de uma época, a alma e certas características das obras do pintor que

fez do imóvel sua moradia e seu ateliê. Isso pode ser verificado pela escolha do arquiteto em manter

intacta a parte superior que abrigava a casa de Xul Solar e a de transformar a parte inferior da casa numa

grande obra de arte, como se um dos quadros do pintor tivesse se materializado. As duas arquiteturas

formam um sistema de engrenagem, uma relação de mutualismo. Ainda assim, dentro do espaço do museu

é possível reconhecer a arquitetura preexistente na diferenciação de linguagens arquitetônicas, no uso dos

materiais e pela própria forma da organização dos espaços. Portanto, Pablo Beitía consegue estabelecer a

relação entre permanência e transformação destacada pelos autores referenciados.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 185

A segunda obra analisada foi a Fundação Proa. Este projeto que passou por duas intervenções, teve

também, seus dois momentos de interpretação. A primeira intervenção foi mais discreta em detrimento da

valorização e da manutenção da arquitetura preexistente. A parte inferior da casa que abrigava o armazém

passou por uma reorganização do espaço, teve um reforço estrutural com lajes steel deck e seus pilares

originais recolocados organizando o ambiente de exposições. Toda a intervenção é facilmente reconhecida,

pois os arquitetos utilizaram-se de elementos metálicos que diferem do material da casa original. Portanto,

esta primeira intervenção tinha como partido a preservação e manutenção da casa Dallorso.

A segunda intervenção da Fundação Proa aconteceu sob outras circunstâncias. Houve a solicitação de

ampliar os espaços e os arquitetos entenderam que seria importante refletir e expor as questões ligadas à

tecnologia. Neste segundo caso, a fachada da casa Dallorso foi usada como um elemento estético da

memória da casa como fator compositivo da totalidade do conjunto da fachada. Os arquitetos sabem da

polêmica que envolve este tipo de intervenção, mas acreditam que são bem sucedidos em manter viva parte

da história da casa. A autora Marisa Barda critica este tipo de abordagem por acreditar que existe embutido

neste pensamento uma intenção mercadológica, de apenas vender a imagem de uma empresa (no caso,

uma fundação) engajada com as questões socioambientais. De qualquer forma, os arquitetos envolvidos no

projeto acreditam que o resultado final reflete a tensão entre a história e futuro. Houve um reconhecido

respeito com o entorno, ainda que com um intencional contraste na escolha dos materiais empregados.

O Museu das Minas e do Metal foi o terceiro estudo de caso abordado. Sua peculiaridade era a de possuir

um trecho da edificação utilizada como ponto de partida protegido pelo patrimônio histórico de Minas

Gerais. Evidentemente, tal fato era um limitador, pois todo o projeto de intervenção deveria acontecer

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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apenas no trecho posterior da edificação, que a rigor, não estava tombado. Os arquitetos envolvidos

entenderam que para demonstrar a evolução da edificação no decorrer da história, deveriam contrastar

tanto no uso de materiais quanto na linguagem compositiva. O resultado final revela uma arquitetura

colagem, com elementos justapostos que se contrapõem à preexistência no que diz respeito à linguagem

arquitetônica. Na Fundação Proa, apesar do contraste, a continuidade dialética fica evidente na relação dos

frisos com os caixilhos e na escolha das cores, por exemplo. Não há pretensão de ofuscar e ocultar a

arquitetura anterior; já as fachadas do MMM são antagônicas e a intervenção não quer passar sem ser

notada. Como dito no capítulo referente a este museu, o projeto exalta o que Solà-Morales nos diz sobre

abrandar a rigidez das medidas preservacionistas. É fácil identificar a sobreposição de momentos históricos,

pois muito além da sobreposição de volumes, houve um grande contraste na escolha dos materiais

empregados.

O quarto e último estudo de caso deste trabalho é o projeto para o Centro Educacional em Ribeirão Pires.

O projeto foi executado sobre as ruínas de um antigo Moinho e, para atingir o resultado esperado,

necessitou-se, muitas vezes, recompor trechos da edificação existente ao mesmo tempo em que se deveriam

encontrar soluções que permitissem a sua alteração de uso. Os arquitetos entenderam que a valorização do

patrimônio era uma premissa de projeto e, assim, fizeram uma intervenção respeitosa onde todos os

elementos incorporados marcam presença sem ofuscar a imponência do edifício original. Os materiais

empregados revelam e destacam a intervenção da preexistência, mas fica evidente que os arquitetos

buscavam uma continuação dialética e tipológica.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 187

Os quatro projetos têm em comum, além da mudança de uso, a característica de incorporar volumes à

preexistência na tentativa de criar uma nova composição e um novo organismo, fundindo arquiteturas para

que resultem numa nova volumetria, num novo significado e possibilitando a nova utilização. As

interferências reorganizam os espaços iniciais. Todas as intervenções analisadas demarcam seu tempo

histórico através da linguagem arquitetônica adotada em contraposição à anterior e na utilização de

materiais contemporâneos. Podemos verificar através destes exemplos, que as relações mais diretas e

comuns definidas pelo autor Francisco de Gracia, são as de inclusão e intersecção. Apenas no MMM se

verificou a relação definida pelo autor como uma exclusão. Ainda em relação às definições deste autor, as

quatro obras enquadram-se numa modificação circunscrita, pois ficam limitadas ao edifício com ampliações

moderadas e transformações de estrutura interna. Também possuem em comum o caráter de contraste, ou

seja, possuem um padrão de intervenção com colisão de estruturas formais.

Também podemos verificar que por se tratarem de obras que realizaram transformações, demolições e

acréscimos com aproveitamento do existente, porém diferenciando-se do original, podem ser enquadradas

como Rearquiteturas; conceito definido pelas autoras Ruth Verde Zein e Anita di Marco e explicitado no

primeiro capítulo desta dissertação.

Gonzalo Diaz diz que construir sobre o construído deve ser entendido como o elo de uma cadeia de formas

que se sucedem a outras. Entretanto, não é garantia de um bom final, pois não há razões para pensar que

a qualidade arquitetônica e a valorização histórica estejam garantidas com a sobreposição. Mas, ainda que

não possam resultar em edifícios magníficos, as ideias se somam às preexistentes e as novas formas se

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

SOBREPOSIÇÕES DE ARQUITETURAS COMO FORMA DE INTERVIR NO ESPAÇO URBANO CONSOLIDADO 188

acumulam sobre as antigas podendo originar um complexo e rico sistema de significados sempre

identificados com as memórias e identidades locais.

Neste trabalho não se pretendeu expor todas as formas de construir no construído, pretendeu-se apenas dar

continuidade a uma especulação sobre rearquitetura como forma de intervenção nas cidades e locais onde

preexistências possam ser significativas. Espera-se com isto abrir novos debates e estudos sobre as

possibilidades dos novos projetos incorporarem elementos que caracterizavam os lugares onde serão

instalados.

i Em seu texto, Teorias de la Intervención Arquitectónica, Solà-Morales traça um panorama histórico das práticas de

preservação do patrimônio. A reflexão e a consciência histórica aparecem por primeira vez durante o Renascimento; antes

disso nenhuma intervenção feita considerava a arquitetura preexistente. Este primeiro mecanismo trabalha a arquitetura

como instrumento de intervenção que tem a sua própria congruência e que se relaciona com as estruturas já existentes,

não para respeitá-las em sua diversidade, mas para submetê-las a um projeto de cidade que deve ter uma unidade própria.

Neste momento a arquitetura tem a segurança de um projeto estabelecido em um princípio que permite dialogar com o

existente, mas sem renunciar à unidade da cidade gótica. Um segundo momento se inicia quando Viollet-le-Duc e Ruskin

teorizam as questões de preservação e restauração. Viollet-le-Duc, ao contrário de Ruskin, tinha uma visão mais positivista

e menos conservacionista em relação ao patrimônio edificado. Acreditava na compreensão de que o edifício existente tem

por si mesmo uma lógica, assim como o que convém é deixar falar a própria lógica sem tentar sobrepor um discurso

diferente. Portanto, para ele, restauração é deixar falar ao edifício e acreditar numa lógica existente que deve ser seguida.

Ruskin tinha uma visão mais conservacionista e no seu discurso havia a ideia de que a arquitetura preexistente é uma arte

e, como tal, é uma obra intangível. Para ele a ideia do restauro estava vinculada com as questões de preservação e Solà-

Morales acredita que esta seja uma colocação importante, pois marcou com mais força o conceito de intervenção

arquitetônica nos tempos contemporâneos.

Em suma, Solà-Morales acredita que o momento clássico manifestava qual era a atitude projetual prévia enfrentada em

relação ao edifício sem a necessidade de ajudas externas e com a certeza de que os instrumentos da arquitetura são

capazes de dar respostas. A cultura positivista manifestava a necessidade de um conhecimento científico do artefato

arquitetônico existente.

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