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Carla Jesus Chagas Wansaucheki

AULAS DE PORTUGUÊS EM ATIVIDADES DOMICILIARES:

A ESCOLA VAI ONDE O ALUNO ESTÁ

Curitiba

2011

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SUMÁRIO

Apresentação ................................................................................................................... 3

Esclarecimentos Fundamentais sobre o Tema ................................................................ 5

Discussão Metodológica sobre o encaminhamento de Elaboração de Atividade

Domiciliar de Língua Portuguesa .................................................................................. 16

Referências..................................................................................................................... 20

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Apresentação

Este material é o resultado dos estudos desenvolvidos durante o PDE –

Programa de Desenvolvimento Educacional - no segundo semestre de 2010 e primeiro

semestre de 2011.

O tema abordado é a orientação metodológica para a elaboração, aplicação e

avaliação das atividades domiciliares de língua portuguesa encaminhadas aos alunos e

alunas impossibilitados de frequentar a escola por longos períodos devido a tratamento

de saúde e o objetivo da pesquisa é analisar o contexto em que as atividades

domiciliares de Língua Portuguesa são elaboradas, verificando sua adequação às

condições de aprendizagem do aluno-paciente, visando o desenvolvimento de uma

atitude humanizada na relação entre escola, aluno e docente.

As situações analisadas neste trabalho focam os casos em que o aluno passa o

ano letivo todo afastado da escola, devido a problemas de saúde dos mais variados tipos

– desde acidentes que impedem a locomoção, doenças graves que abalam a imunidade,

a tal ponto que o convívio com muitas pessoas torna-se um risco à vida, até problemas

psiquiátricos ou psicológicos que acarretam sérios transtornos quanto ao convívio social

– nessas situações é comum o corpo docente não conhecer o aluno pessoalmente e ter

com ele somente o contato pelas atividades domiciliares encaminhadas.

A pesquisa é apresentada enfocando o assunto de duas maneiras. Na primeira

parte estão respostas às perguntas mais frequentes feitas por educadores e equipe

pedagógica quando a situação desses alunos surge no ambiente da escola e, na segunda

parte, encontra-se uma discussão metodológica sobre o encaminhamento de elaboração

de Atividades Domiciliares de Língua Portuguesa e uma argumentação a respeito das

proposições temáticas adequadas ao trabalho dessa disciplina com alunos reclusos em

domicílio.

As respostas às perguntas sobre o assunto foram alcançadas a partir da consulta

aos documentos legais que amparam as instituições públicas de ensino no Estado, a

partir da análise da realidade vivenciada pelos alunos-pacientes atendidos pelo

programa Sareh (Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar) nas

unidades de saúde de Curitiba e, também, a partir do próprio trabalho realizado no

Núcleo Regional de Educação de Curitiba quando solicitado a orientar escolas da Rede

sobre o assunto.

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A discussão sobre a metodologia ampara-se em temas como o desenvolvimento

de uma nova forma de interação entre professor-aluno e a escrita de autoria em trabalho

de produção de texto, com a expectativa de que este trabalho à distância com o aluno-

paciente possibilite sua aprendizagem e reinserção escolar após alta médica.

A intenção deste Material Didático é esclarecer equipe pedagógica e corpo

docente sobre as condições de aprendizagem tão específicas dos alunos e alunas

matriculados em nossas escolas que repentinamente passam por situações de doença e

reclusão domiciliar, bem como auxiliar professores e professoras quanto à elaboração de

atividades que garantam aos educandos aprendizagem e continuidade da vida escolar

mesmo em situação adversa.

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Esclarecimentos fundamentais sobre o tema

Quais são os alunos atendidos por meio de Atividades Domiciliares?

Os alunos que têm direito a receber atividades para fazer em casa são

aqueles que apresentam à escola um atestado médico justificando seu afastamento

devido a problemas de saúde. O tempo de impossibilidade de freqüentar a escola é

determinado no atestado e pode variar de alguns dias ou meses até períodos como todo

o ano letivo ou mais de um ano letivo.

O que são Atividades Domiciliares?

São as tarefas elaboradas pelos professores de todas as disciplinas do currículo e

enviadas aos alunos que se encontram afastados da escola devido a problemas de saúde.

Qual o amparo legal que garante o procedimento Atividade Domiciliar?

A legislação brasileira prevê, através da Lei 1.044/1969, a possibilidade de

acompanhamento dos conteúdos trabalhados em sala por meio de Atividades

Domiciliares. Além do cumprimento de aspecto legal, a favor do atendimento específico

ao aluno afastado, estão em sua defesa as discussões sobre a “educação para todos”, a

educação inclusiva - elucidada também na Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional e, especificamente, o estabelecido pelo Conselho Nacional de Educação,

através da Resolução nº2, de 11 de setembro de 2001, em seu Artigo 13,

Art. 13 - Os sistemas de ensino, mediante ação integrada com os sistemas de saúde,

devem organizar o atendimento educacional especializado a alunos

impossibilitados de frequentar as aulas em razão de tratamento de saúde que

implique internação hospitalar, atendimento ambulatorial ou permanência

prolongada em domicílio. (CNE, 2001).

O que significa o termo aluno-paciente?

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Os alunos afastados da escola devido a problemas de saúde vivenciam um

momento singular em suas histórias de vida. Quando a situação de doença os obriga a

internação, no hospital, o aluno passa a ser paciente, ou seja, é submetido ao cuidado,

ao atendimento, à assistência de uma equipe de profissionais da saúde,

independentemente de sua vontade ou escolha, por estar sujeito a um tratamento

médico. A internação acarreta ao indivíduo uma sensação de extrema insegurança, pois

vem acompanhada do desconforto da dor física, muitas vezes da imobilidade, do

desconhecimento da própria doença e do ambiente hospitalar e, sobretudo, da incerteza

quanto à recuperação da saúde.

O evento hospitalização traz consigo a percepção da fragilidade, o desconforto da

dor e a insegurança da possível finitude. É um processo de desestruturação do ser

humano que se vê em estado de permanente ameaça (ORTIZ, 2005 p.27 )

Ao tratar os pacientes, os profissionais da saúde estão diante de pessoas que,

obviamente, reagem diferentemente à intervenção médica, alguns superam rapidamente

doenças graves, outros são mais frágeis e ficam longos períodos em tratamento, essas

pessoas, além de serem pacientes daquela unidade de saúde, desempenham outros

papéis sociais que estão, naquele momento, em suspenso, porém de maneira alguma

deixam de compor suas reações, suas expectativas e suas decisões, ou seja, continuam a

ser filhos e filhas, maridos e esposas, pais e mães, trabalhadores e trabalhadoras,

estudantes.

Quando o indivíduo internado é aluno de uma instituição escolar,

independentemente da fase ou idade que tenha, ou ainda da instituição – pública ou

privada – a qual esteja vinculado, deve lhe ser dada a oportunidade de não interromper,

apesar da doença, sua trajetória acadêmica. Muitos hospitais que prestam atendimento a

crianças e adolescentes dispõem de profissionais da educação atuando especificamente

com os alunos-pacientes, com vistas a garantir o direito desses jovens à continuidade

dos estudos.

A experiência com alunos hospitalizados e atendidos pelo Sareh – Serviço de

Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar, programa de atendimento pedagógico

a crianças e adolescentes hospitalizados no Paraná, implantado em oito unidades de

saúde desde 2007, expôs às equipes de docentes do serviço uma situação sobre a qual

até então não havia se refletido atentamente, a ocorrência da necessidade de

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continuidade do tratamento de alunos-pacientes após sua alta hospitalar, ou seja, o aluno

sai do hospital, mas ainda necessita de tratamento médico frequente e reclusão

domiciliar para garantir o restabelecimento da saúde. Também a experiência na

coordenação do Sareh no Núcleo Regional da Educação de Curitiba revelou a existência

de uma parcela significativa de alunos não hospitalizados, porém afastados da escola

devido a tratamento médico. Apesar de não mais estarem internados, esse alunos

continuam sendo pacientes.

Os dados que elucidam essa realidade estão disponíveis no portal Dia a Dia

Educação na página do Sareh. Entre os anos 2007 e 2010, o serviço atendeu, nas oito

Unidades de Saúde conveniadas, a 9.489 alunos. Sendo este número referente a

internamentos por períodos de tempo que variaram de três dias até mais de doze meses,

é evidente que o período de afastamento escolar foi igual e muitas vezes superior ao

tempo de internamento. O NRE de Curitiba também dispõe de dados referentes aos

afastamentos de alunos não internados, mas que fazem seu tratamento médico com idas

regulares aos consultórios e ambulatórios médicos e precisam ficar reclusos aos seus

domicílios. O levantamento detém-se no primeiro semestre letivo de 2010 e demonstra

que entre fevereiro e junho, 185 alunos estiveram afastados da escola por períodos que

variaram de 10 dias a 180 dias1. Pode-se considerar, portanto que a falta à escola devido

a problemas de saúde é bastante significativa, o que justificaria uma intervenção

pedagógica e, sobretudo, político-administrativa sobre o tema.

O que é o Programa Sareh?

O Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar objetiva o

atendimento educacional aos educandos que se encontram impossibilitados de

freqüentar a escola em virtude de internamento hospitalar ou tratamento de saúde. O

programa possibilita aos alunos e alunas a continuidade do processo de escolarização, a

inserção ou a reinserção em seu ambiente escolar.

1 Sendo o total de escolas de Curitiba 158 (Dia a Dia Educação), somente 36% delas atenderam a solicitação de

informações feita pelo NRE. A falta de dados dos outros quase dois terços de escolas deve-se a inúmeros fatores, entre eles o

considerado mais importante é a justificativa de não haver controle por parte da administração da escola do número de

alunos que faltam por problemas de saúde.

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O Sareh, em Curitiba, está em funcionamento em seis unidades de saúde, sendo:

Hospital de Clínicas da UFPR, Hospital Universitário Evangélico de Curitiba, Hospital

do Trabalhador, Hospital Pequeno Príncipe, Hospital Erasto Gaertner e APACN

Associação de Apoio à criança com Neoplasia.

Em cada unidade conveniada – Secretaria de Estado da Saúde e Secretaria de

Estado da Educação – atuam uma pedagoga e três professores que desenvolvem o

trabalho de escolarização dentro do ambiente hospitalar, colocando os alunos-pacientes

em contato com suas escolas e oportunizando-lhes a continuidade da vida acadêmica

durante o período de internação.

Quais os procedimentos utilizados pela escola para atender aos direitos

legais do aluno-paciente?

A prática da escola em relação ao atendimento aos alunos com atestado já é

bastante conhecida pelos educadores e todos os envolvidos na comunidade escolar.

A intervenção pedagógica pode ser feita imediatamente no momento em que a

escola recebe a comunicação da família de que o aluno está afastado e amparado

legalmente e essa é a rotina já estabelecida por algumas escolas e também as orientações

dadas pelo NRE. A equipe pedagógica recebe o atestado médico, pede a ciência neste

documento de todos os professores do aluno e solicita que cada professor elabore tarefas

para serem feitas em casa, as quais serão corrigidas e consideradas para posterior

avaliação do aluno.

Como devem ser feitos os registros oficiais nos livros diários de classe

quando um aluno passa longos períodos afastados da escola devido à

doença?

Todos os registros devem seguir as orientações da Instrução 14/08 DIE/SEED,

disponibilizada no Portal Dia a Dia Educação, www.diaadiaeducacao.pr.gov.br .

Quais são os questionamentos comumente suscitados pelos/as educadores/as

quanto à prática de envio de atividades domiciliares?

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Os questionamentos são inúmeros. A condição de não ter contato direto com

aluno fomenta discussões sobre as relações do aluno com o/a professor/a e com próprio

conhecimento trabalhado em sala de aula. Discute-se o tipo de atividade que deve ser

enviada, se será o aluno mesmo que responderá às atividades propostas, se um aluno

que fica o ano todo sem frequentar a escola deve ser promovido à série seguinte

somente com avaliações de atividades domiciliares, se o aluno que retorna depois de

meses de afastamento conseguirá acompanhar os conteúdos tendo feito somente

atividades domiciliares. Toda essa reflexão se dá em virtude de um anseio pela

qualidade da aprendizagem do aluno-paciente.

Que informações os/as professores/as devem ter sobre o aluno-paciente

antes de elaborar uma Atividade Domiciliar?

Para que haja um desempenho favorável à aprendizagem do aluno-paciente,

antes de elaborar o material a ser enviado ao seu domicílio o/a professor/a precisa saber

sobre sua condição de saúde e as possíveis limitações causadas pela doença. À equipe

pedagógica da escola cabe o contato com a família do aluno ou com os profissionais da

saúde que o assistem para esclarecer sobre:

- possíveis restrições físicas do aluno: se usa gesso, se pode sentar ou se precisa

ficar somente deitado,

- se consegue segurar um lápis – caderno – livro,

- se está enxergando bem,

- se está podendo falar,

- se sente dor quando se movimenta;

- se usa de medicamentos, e se esses afetam seu comportamento;

- qual o prognóstico do tratamento;

- se tem necessidade de horas de repouso;

- se necessita de cuidados emergenciais;

- se faz uso de equipamentos protetores ou de transporte como cadeiras de rodas,

coletes, muletas, fixadores ortopédicos externos;

- se está sob a intervenção periódica de profissionais de apoio como

fisioterapeutas, psiquiatras, psicólogos, fonoaudiólogos;

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- se está se submetendo a procedimentos terapêuticos específicos como diálise,

Quimioterapia, radioterapia;

- se faz consultas periódicas de controle previamente agendadas;

- se tem conhecimento sobre sua doença.

Quais as Atividades Domiciliares mais adequadas aos alunos-pacientes?

Antes de se responder a esta questão é preciso descrever a prática aplicada pelas

escolas quando há um aluno na condição de paciente. Geralmente os professores enviam

para casa do aluno o mesmo trabalho que estão desenvolvendo em sala de aula com sua

turma. Especificamente na disciplina de Língua Portuguesa é comum o envio de

atividades de interpretação de textos do livro didático, resolução de exercícios

gramaticais, pesquisas sobre autores da literatura, produção de textos de diferentes

gêneros, resumos ou apreciação de livros lidos.

As atividades mais adequadas serão aquelas que, primeiramente, atenderem as

condições de saúde do aluno-paciente. Também serão adequadas as atividades que

possam ser entendidas pelo aluno sem a intervenção direta do professor, visto que ele

não poderá interagir com seu/sua professor/a ou colegas, não ouviu as dicas da aula

expositiva, não acompanhou a resolução de um exemplo no quadro, ou seja, ele/ não

assistiu à aula, portanto não se concebe o envio de uma atividade que precise

necessariamente de uma aula prévia, o que seria o caso de listas de exercícios

gramaticais.

É muito importante também que as atividades feitas pelo aluno tenham um

propósito definido quanto a seu aprimoramento acadêmico, ou seja, resolver exercícios,

ou fazer pesquisas que tenham continuidade durante o período que o aluno estiver

estudando “sozinho”. Neste momento, é imprescindível a interação do professor com o

aluno por meio da própria atividade, na qual o docente explicita, além do trabalho a ser

desenvolvido pelo aluno, o objetivo em fazê-lo.

Que Atividades Domiciliares de Língua Portuguesa podem ser enviadas aos

alunos-pacientes para garantir sua aprendizagem e ainda atender aos

questionamentos docentes?

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Antes de qualquer indicação metodológica, deve ficar muito claro aos/às

professores/as que antes de elaborar uma atividade ele/a precisa conhecer as condições

de saúde de seu aluno, conforme o esclarecido em questão anterior desse material.

Para atender tanto a uma aprendizagem significativa do aluno, que lhe garanta

conhecer o conteúdo trabalhado a ponto de ser reinserido na escola após sua alta, como

a inquietação do professor em desenvolver um trabalho ético e eficaz, sugere-se que o/a

professor/a trabalhe com a produção de textos.

Ao eleger a escrita como meio de trabalho adequado nas Atividades

Domiciliares expressa-se a concepção de que “elaborar um texto escrito é uma tarefa

cujo sucesso não se completa, simplesmente, pela codificação das ideias ou das

informações, através de sinais gráficos”(ANTUNES, 2003, p.54), uma vez que a

produção escrita é uma tarefa que corresponde a um trabalho amparado em experiências

bastante diversas como o conhecimento básico de um tema, a elaboração de frases

dentro de um concepção gramatical, a expressão por meio de uma linguagem diferente

da fala, a atenção a um enunciado previamente estabelecido, entre outros tantos quesitos

que poderiam ser citados.

Escrever é um ato de interação entre pessoas e “na escola o texto escrito é um

instrumento de aprendizagem” (SCHNEUWLY,B., DOLZ, J., 2004, p.65). Sendo

assim, o/a professor/a quando propõe uma atividade de escrita ao aluno-paciente

precisará ler o texto do aluno e fazer considerações sobre o que leu, não apontamentos

de erros ortográficos ou sintáticos, ou não somente isso, mas sobretudo comentários

sobre o teor do texto, para que o aluno perceba que escrever compreende um antes, um

durante e um depois da escrita, conforme nos aponta Irandé Antunes, etapas como

planejar, escrever e reescrever. Etapas que levarão o aluno em casa a aprimorar seu

conhecimento sobre a Língua Portuguesa na modalidade escrita, o que acarretará

também o aprimoramento da oralidade e da leitura, já as atividades poderão propiciar

que o aluno lance mão da interação oral com pessoas de sua convivência e de leituras

indicadas pelo/a professor/a.

O que se pode entender por Humanização da Escola?

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A expressão Humanizar a Escola pode ser entendida como a busca por uma nova

postura nas relações entre as pessoas que convivem no ambiente escolar. É muito

comum, depois de dias, meses e anos seguidos de convivência com a rotina da escola,

alguns atos tornarem-se banais aos olhos das pessoas que compõem a comunidade

escolar. Para os docentes é muito comum dirigir-se à turma, dar enunciados coletivos,

mandar todos se sentarem, todos fazerem o mesmo exercício, esperar de todos a mesma

resposta, ainda mais diante das dificuldades estruturais de trabalho que pairam sobre

vida do profissional da educação, como carga-horária excessiva de trabalho e turmas

superlotadas.

A humanização da escola significa a disponibilidade para a reflexão sobre as

atitudes que educadores, equipe pedagógica, diretores, alunos e familiares têm quando

juntos precisam resolver situações de violência, de injustiça, de doença, de opressão, de

descaso com algumas coisas que deveriam nos indignar e que, às vezes, nos passam

despercebidas. Humanizar é agir em conjunto em prol das necessidades coletivas e

individuais.

Um aluno que precisa ser afastado do convívio escolar para o restabelecimento

da saúde e até a garantia da própria vida dependerá do trabalho dos professores quanto à

elaboração de Atividades Domiciliares, do trabalho da equipe pedagógica que fará o

contato entre família e escola e da mobilização dos familiares para manter-se em

contato permanente com a escola. A Humanização Escolar, neste caso, é o esforço de

todos para proporcionar a este aluno a continuidade de seu ano letivo e a superação das

dificuldades que a doença lhe impõe.

O verbo humanizar é definido como o ato de tornar humano, dar feição ou

condição humana; tornar benévolo, afável, compassivo, caridoso (FERNANDES,

1995). Tomando esta definição como parâmetro, pode-se afirmar que é possível

transformar algo não humano em humano. Obviamente, este termo e seu uso se aplicam

às ações e atitudes dos homens e não a sua condição de existência, tanto é verdade que

corriqueiramente há notícia sobre atitudes de violência das mais diversas caracterizadas

como atos desumanos.

A primeira vista pode parecer desnecessária uma discussão sobre a humanização

da escola, dos docentes, dos alunos, porém ela é válida se tomar-se como comparação as

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discussões intensas ao longo dos últimos anos sobre a obrigatoriedade legal de criação

de setores e Comitês de Humanização em hospitais2.

As unidades de saúde espalhadas pelo mundo são locais onde se depara com um

dos maiores temores humanos, a doença. Nesses locais, a fragilidade física deixa

qualquer indivíduo suscetível ao cuidado do outro e a necessidade de dar ajuda e

compaixão alia-se à ciência, à tecnologia e à busca implacável pelo restabelecimento da

saúde. Em algum momento da trajetória da ciência médica, a doença passou a ser o

centro das atenções em detrimento ao indivíduo doente.

O hospital, visto como centro de referência e excelência técnico-científica no

tratamento de doenças da infância reproduzia o modelo biomédico onde o olhar era

para a doença, levando a uma série de iatrogenias3

por promover a dissociação

corpo-mente, saúde dicotomizada, centrada no curativismo, eminentemente

biologicista. (RODAKOSKI, apud MATOS, 2009, p.67)

Evidentemente que restabelecer a saúde compreende cuidar do doente, tratá-lo

com objetivo de fazer sucumbir a doença e, para isso, houve a necessidade de se

resgatar o olhar para o humano e isso se deu através da criação de Comitês de

Humanização. Os setores de humanização nos hospitais trabalham para melhorar as

condições de atendimento dadas ao pacientes atendidos diariamente e visam desde a

diminuição de tempo de espera em filas para atendimento até a orientação dos pacientes

e de seus familiares sobre detalhes de tratamento e relacionamento com a equipe

médica.

O objetivo de se citar esse assunto neste estudo é tornar evidente a necessidade

de se continuar a ”olhar” o paciente após a sua alta, quando este for um aluno,

amparando-o quando for reinserido no ambiente escolar. O autor Ricardo Ceccim, ao

escrever sobre a pedagogia hospitalar, usa a expressão escuta pedagógica para

exemplificar aos docentes que atuam em hospitais como sua ação pode ir além de um

contato físico com o aluno paciente.

2 De 2000 a 2002, o Programa Nacional de Humanização da Atenção Hospitalar (PNHAH) iniciou ações em

hospitais com intuito de criar comitês de humanização voltados para a melhoria na qualidade da atenção ao

usuário e, mais tarde, ao trabalhador. (BENEVIDES e PASSOS, 2005 in PORTO, 2008) 3 Iatrogenia: iatro (grego: médico) genia (grego: origem) estado de doença ou complicações causadas por

tratamento médico. CARVALHO FILHO, Eurico T. Iatrogenia em pacientes idosos hospitalizados. Disponível

em http//www./rsp_usp/mensagem/pub/mensagem.php?tipo=0&id_mensagem. Acesso em14/03/11

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O termo escuta provém da psicanálise e diferencia-se da audição. Enquanto a

audição se refere à apreensão/compreensão de vozes e sons audíveis, a escuta se

refere à apreensão/compreensão de expectativas e sentidos, ouvindo através das

palavras as lacunas do que é dito e os silêncios, ouvindo expressões e gestos,

condutas e posturas. A escuta não se limita ao campo da fala ou do falado, [mais do

que isso] busca perscrutar os mundos interpessoais que constituem nossa

subjetividade para cartografar o movimento das forças de vida que engendram

nossa singularidade. (CECCIM, 1997, p. 31, apud FONTES, 2055 p.123)

Considerando a situação de um aluno recluso a seu domicílio, que não terá

contato pessoal com seus professores, pode-se estender à compreensão sobre o termo

escuta para o termo olhar e ampliar sua significação ao ponto de notar nesta palavra a

intensa necessidade de se ver o outro além de sua imagem externa, mas percebê-lo

como um ser em sua totalidade e em suas singularidades. Olhar o aluno que não

frequenta a escola diariamente por estar submetido à condição de paciente em

tratamento de doença, não significa vê-lo pessoalmente, mas compreender plenamente

que ele é um aluno que estará à espera da interferência de um educador atento às suas

expectativas de retorno à escola. A percepção dessa particularidade do aluno é um ato

de humanização. Sob a perspectiva da humanização da escola e do educador está a

atitude de agir profissionalmente em função deste aluno, desenvolvendo uma atitude

docente com vistas ao encaminhamento de mecanismos metodológicos eficazes para a

aprendizagem do educando.

Vê-se como urgente o reconhecimento do sujeito aluno como um ser com

necessidades fundamentais que vão além daquela de um aluno não adoentado. O espaço

escolar é local de “aprendizagens”, que se dá pelo convívio entre pessoas diferentes -

que travam relações de amizade, de paixões, de confronto de ideias e valores – e pela

oportunidade de acesso ao conhecimento. Aquele que não desfruta desse espaço tem,

obviamente, uma perda em sua aprendizagem.

No momento em que uma família apresenta o atestado médico justificando as

faltas de seu filho ou filha, fica evidenciado o direito desse aluno a um olhar

diferenciado por parte da instituição escolar. Um olhar humanizado, que veja além do

aspecto burocrático de registrar faltas e discorrer sobre meras reposições de conteúdos

disciplinares. O documento emitido pelo profissional da saúde informa, através de um

código, o CID, a doença que o acometeu e também seu tempo de afastamento escolar, o

qual equivale ao tempo em tratamento, ou seja, mesmo não hospitalizada e reclusa a sua

casa a criança/adolescente ainda está doente.

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A mobilização em prol do aluno aumenta a expectativa de superação da fase de

doença e, em muitos casos, reduz o sentimento de impotência e estagnação que doenças

graves acarretam ao paciente. É o retornar à normalidade da vida resgatando a rotina

anterior ao trauma causado por enfermidades ou acidentes graves.

A experiência em âmbito escolar, para ter significação para o aluno que esteve

hospitalizado, implica em dizer da necessidade de se estabelecer relações

carinhosas, consoante a adaptação, preparo de técnicas educacionais adequadas e

conhecimento por parte dos docentes quanto às informações específicas sobre

seqüelas do tratamento médico. (ORTIZ, 2005 p.73)

O conhecimento por parte do professor das condições de saúde do aluno e a

consideração de suas limitações vão nortear o trabalho docente para produção de

atividades que respeitem as novas condições do aluno, constituindo uma atitude de

humanização de todos os envolvidos com o aluno-paciente. Independentemente da

forma de contato com o aluno – se pessoalmente, se a distância – a escola e sua equipe

docente precisam acolhê-lo, visando sua reinserção sem perdas emocionais e,

principalmente, de aprendizagem.

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Discussão Metodológica sobre o encaminhamento de Elaboração de Atividade

Domiciliar de Língua Portuguesa

Para a situação específica dos alunos reclusos ao domicílio se propõe uma

abordagem curricular na Educação Básica na disciplina de Língua Portuguesa para o

Ensino Fundamental que conceba o sujeito aluno a partir de sua linguagem, sem

especificar se esta se fará no ambiente escolar ou domiciliar, mas considerar a interação

com o outro como foco principal, pois “a língua só se atualiza a serviço da comunicação

intersubjetiva, em situações de atuação social e através de práticas discursivas,

materializadas em textos orais e escritos” (ANTUNES, 2003. p.42).

Sobre interação fazem-se necessárias algumas considerações. As ações de

comunicação estabelecidas entre professores (as) e alunos (as) nas salas de aula, onde

todos estão fisicamente presentes, nem sempre representam uma atitude de

reciprocidade comunicativa sobre o que se lê / fala / escreve. A interação entre os

sujeitos e entre esses e o conhecimento se estabelece a partir de inúmeros fatores.

Podem-se considerar as ligações afetivas, as condições sócio-econômicas, a empatia, o

desenvolvimento cognitivo e mais outros tantos aspectos como fatores facilitadores da

interação entre os sujeitos presentes nas escolas. Portanto, a condição do aluno de não

frequentar a escola diariamente não impede a interação com o professor (a) e com a

escola.

Evidentemente que se propõe ampliar também a concepção de escola, passando

a considerá-la não somente como o espaço físico composto por salas, carteiras, quadras,

corredores e pátios, mas pensar escola como o momento de interação entre o que se é e o

que se pode vir a ser, ou interação entre o sujeito antes da relação com os

conhecimentos e este mesmo sujeito após essa interação.

Quanto à abordagem específica da Língua Portuguesa a constituição desse

sujeito, aluno, acontece no momento de uso e apropriação da linguagem conforme sua

necessidade.

Escrever, ler, falar para a escola, para o/a professor (a), para passar de ano, para

contar, para argumentar, para dizer de si são momentos, modos e motivos de escrita,

fala e leitura que caracterizam a atividade linguística do aluno como pertencente a um

contexto histórico que o circunda, já que

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as interações não se dão fora de um contexto social e histórico mais amplo; na

verdade, elas se tornam possíveis enquanto acontecimentos singulares, no interior e

nos limites de uma determinada formação social, sofrendo as interferências, os

controles e as seleções impostas por esta. (GERALDI, 1997 p.6)

Portanto, interagir é uma ação que se dá independentemente do lugar onde o

aluno se encontra e os atos de leitura, escrita e fala, compõem a essência do ensino de

Língua Portuguesa, ou seja, representam o o que e o por que ensinar dessa disciplina na

escola.

O trabalho na disciplina de Língua Portuguesa na escola busca “conseguir

ampliar as competências comunicativas interacionais dos alunos” (ANTUNES, 2003

p.122) e para se alcançar este objetivo com o aluno caracterizado neste estudo, é

sugerido que se desenvolvam atividades que o habilitem a essa ampliação da

competência linguística por meio, fundamentalmente, da produção de textos escritos,

visto que por meio da escrita haverá a possibilidade de uma “conversa” na qual os

interlocutores, mesmo à distância, poderão interagir.

Essa sugestão de trabalho implica ainda em se adequar as atividades da

disciplina ao direito do aluno de ter um currículo adaptado tanto no que se refere às

questões de conteúdo quanto às questões de tempo e de avaliação de desempenho, ou

seja, propõe-se que o docente desenvolva etapas de trabalho à distância com o aluno que

o levem a conhecê-lo ao longo do ano letivo e, principalmente, que lhe deem a

possibilidade de realmente ampliar sua competência linguística.

Quando se sugere focar a atenção no trabalho de produzir textos escritos, a

referência é a um trabalho de autoria do aluno. Para nortear esta ação pedagógica do

professor de português segue-se a orientação de Irandé Antunes (2003, p. 61 – 65) sobre

as características específicas do trabalho com a escrita, a saber: uma escrita de textos

socialmente relevantes, funcionalmente diversificada, contextual e metodologicamente

adequada, uma escrita de textos que tem leitores, adequada para a coerência global e

também em sua forma de se apresentar.

Colocando o aluno na posição de autor de seu texto, o professor dará a ele a

possibilidade de uma expressão que a ele faz sentido, é o momento de “ouvi-lo” por

meio de sua produção. Evidentemente que estando longe fisicamente da escola, sem

contato direto com o/a professor/a, as orientações para esta tarefa também se darão por

meio da escrita e haverá a necessidade de se cumprir algumas etapas de elaboração dos

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textos que primem pelo desenvolvimento gradual da maturidade da expressão escrita, tal

e qual acontece em sala de aula. Ao organizar a orientação da produção escrita será

necessário que o docente “providencie uma etapa anterior e uma outra posterior à escrita

propriamente dita” (ANTUNES, 2003, p. 59).

Conforme exposto nos objetivos desta pesquisa, faz-se uma busca por se

desenvolver um método/modo de elaboração de atividades encaminhadas à residência

do aluno convalescente que lhe garanta a compreensão dos conteúdos da disciplina de

Língua Portuguesa. Após a discussão aqui apresentada, que sugere o trabalho com

textos de autoria do aluno, a indicação de um determinado método/modo torna-se

ineficaz, ou melhor, o método/modo ideal é adequar o trabalho com a língua à condição

especial do aluno.

O/a professor (a) pode trabalhar com produções textuais, oportunizando ao aluno

condições ideais de escrita que o levem a deduzir “que um bom texto não é apenas um

texto correto, mas um texto bem encadeado, bem ordenado, claro, interessante e

adequado aos seus objetivos e aos seus leitores” (ANTUNES, 2003, p. 116). Esse

trabalho não se distancia em absoluto do trabalho já desenvolvido pelos professores em

sala de aula, o que vai diferenciá-lo é o modo de comunicar-se com o aluno que

depende das atividades domiciliares e, sobretudo, a atenção do profissional às condições

de execução - e de tempo para a execução dessas atividades - que o aluno dispõe.

Portanto, o conteúdo-eixo produção escrita que está descrito nas Diretrizes

Curriculares do Estado pode e deve ser apresentado ao aluno-paciente por meio de

diferentes recursos metodológicos. O profissional que assumirá o trabalho de interagir à

distância com o aluno poderá optar, por exemplo, em desenvolver uma metodologia

específica como as sequências didáticas, sugerida por Joaquim Dolz, Michele Noverraz

e Bernard Schneuwly (ROJO e CORDEIRO 2004), ou o ensino por projetos de

trabalho, sugerido por Marlene Schirmer e Tânia Maria Steigleder Costa (SOUZA,

2003), ou a facilitação da aprendizagem, sugerida por Santa Inês Pavinato Caetano

(SOUZA, 2003), ou ainda lançar mão de sua própria metodologia, amparada

obviamente em sua experiência profissional e fundamentada teoricamente nos conceitos

sobre ensino da língua materna.

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Essa diversidade de opções aqui exposta caracteriza justamente a flexibilidade

de um trabalho que se tornará mais eficaz quanto mais se moldar à condição de

aprendizagem do aluno e à liberdade de atuação do (a) professor (a).

Proposições Temáticas

O objetivo primordial dessa produção didático-pedagógica é a articulação entre

a pesquisa realizada no período de estudos do PDE e a prática vivenciada na escola

pelos educadores da Rede Pública.

Devido a essa premissa, seria natural esperar que se fizesse aqui uma sugestão

de atividade a ser desenvolvida pelos professores e destinada aos alunos reclusos ao

domicílio, e está foi a ideia inicial durante os estudos do tema aqui apresentado.

Porém, a análise da realidade exposta neste trabalho mostrou que um modelo de

trabalho não seria eficaz em virtude da especificidade do tema.

Coerentemente com a argumentação feita neste material, é adequado afirmar que

uma Atividade Domiciliar é feita para um aluno, uma aluna específicos e, ao elaborá-la,

o/a educador/a precisará ter sobre esse aluno, essa aluna informações essenciais para a

plena garantia de sua aprendizagem.

Portanto, seguem algumas sugestões somente temáticas sobre produção escrita

as quais precisarão ser elaboradas metodologicamente a partir do contato entre docente

e discente: a escrita sobre si mesmo, a escrita de diário, a escrita a partir de um

programa de TV, a escrita de cartas. Obviamente que a experiência do educadores, bem

como a consulta a materiais didáticos disponíveis poderão ser utilizadas e adaptadas à

realidade dos alunos-pacientes.

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