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Revista VITAS – Visões Transdisciplinares sobre Ambiente e Sociedade – www.uff.br/revistavitas
ISSN 2238-1627, Ano III, Nº 7, agosto de 2013
O CAMINHO DA ECOLOGIA HUMANA PARA UM MUNDO EM CRESCIMENTO
Carlos Roberto Rodrigues Batista*
Resumo: este artigo apresenta e analisa os principais aspectos teóricos da Ecologia
Humana, sua relação com a Sociologia Ambiental e com a teoria social e uma visão
crítica sobre a questão do desenvolvimento econômico.
Palavras-chave: Ecologia Humana; Sociologia Ambiental; Teoria Sociológica
Abstract: this paper focuses on the main aspects of Human Environment theory in its
relation to the Environmental Sociology and Social Theory, discussing the limits of
development.
Keywords: Human Ecology; Environmental Sociology; Social Theory.
1. ANTECEDENTES DA ECOLOGIA HUMANA
Desde os escritos de Thomas Malthus, no início dos anos 1800, a humanidade
tem se preocupado com a finitude dos recursos naturais, estando o desabastecimento
e a incapacidade de suprir as necessidades da população dentre as grandes
preocupações do homem. O destino do planeta terra rumo ao esgotamento é tema
recorrente em diversas ciências. O resultado prático destas discussões, entretanto, se
resume a posições das mais variadas, ainda sem comprovação empírica que
possibilite uma linha de ação com capacidade de reversão de uma esperada
catástrofe.
O presente estudo de natureza exploratória pretende tratar da questão do
esgotamento dos recursos naturais, dentro do contexto atual, partindo da construção
de uma história iniciada com o darwinismo e que hoje tem na sociologia ambiental
um campo fértil para pesquisas e teorias. Apresentaremos uma síntese descritiva do
surgimento da ecologia ambiental, comentando a posição dos clássicos da sociologia
quanto à incorporação deste enfoque nos estudos sociológicos. Em seguida,
descreveremos o desenvolvimento da ecologia humana na Escola de Chicago, nos
anos 1920, disciplina que avançou na maneira de entender e enxergar as cidades e a
sua ocupação. Concluiremos com considerações atuais desenvolvidas por sociólogos
* Mestre em Ciências Sociais e Direito (UFF); Doutorando do programa de pós-graduação em sociologia e
direito – PPGSD da Universidade Federal Fluminense. Professor da Universidade Estácio de Sá – Unesa – RJ.
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americanos contemporâneos sobre a mudança paradigmática do entendimento
homem-ambiente, cuja tônica é a necessidade premente de levar em conta o
esgotamento do planeta terra. Iniciemos comentando o pensamento dos autores
clássicos da sociologia sobre o meio ambiente.
O questionamento inicial presente na literatura crítica sobre a ecologia
humana são os motivos da não incorporação dos elementos deste campo nos estudos
de Karl Marx, Emile Durkheim e Max Weber. Entendemos como questão relevante,
uma vez que a inclusão de teorias ambientais na sociologia, pelas mãos dos clássicos,
teria com certeza dado um rumo diferente a esta ciência, devido ao peso do
argumento da autoridade.
Os estudos sociológicos clássicos sempre estiveram focados na natureza
antropocêntrica, sendo a avaliação do universo feita exclusivamente a partir da sua
relação com o homem. Neste contexto, o único ambiente conhecido e aceito é o
considerado apto para a garantia da existência humana. Como os fenômenos sociais
eram explicados pela teoria clássica, priorizando a primazia antropocêntrica, não
restava espaço para a incorporação de variáveis ecológicas em estudos em que o
homem constituía o centro e único objeto. Teorias sociológicas alternativas
correlacionadas com a biologia foram rechaçadas e descartadas por Marx, Durkheim
e Weber (BUTTEL, 1992).
As causas do descarte provavelmente se localizam no medo do determinismo
físico e no fantasma da geografia humana. O primeiro, ao considerar que a ação
humana é inteiramente causada por eventos anteriores e não pelo exercício da
vontade, acaba por se contrapor ao determinismo histórico de Karl Marx, que é
transpessoal e se baseia na natureza econômica dos fatos. Quanto à geografia
humana, hoje completamente aceita, foi desconsiderada nas teorias dos sociólogos
clássicos, já que isto os levaria a ter de considerar a interação entre a sociedade e o
espaço numa época em que Marx se empenhava em descrever a sociedade
exclusivamente com base na economia capitalista.
Sob a direção dos citados autores clássicos, a sociologia moderna se
desenvolveu considerando tabu a incorporação de variáveis ecológicas nas suas
análises o que, em última instância, significaria remeter a sociologia em direção às
doutrinas como a de Spencer e Darwin. Este tipo de pensamento, entretanto, não
permite desviar a atenção de uma realidade cada dia mais complexa em que os
fenômenos ecológicos estão ligados à degradação e escassez de recursos naturais
afetando, portanto, a sociedade.
O fato de os teóricos clássicos não terem incorporado análises de base
ecológica no desenvolvimento de sua teoria não nos permite afirmar que eles não
tenham dedicado atenção a outros aspectos do meio ambiente natural, pois a biologia
sempre foi assunto de pleno conhecimento. Ao contrário, todos os clássicos de uma
forma ou de outra se inspiraram e dialogaram com a biologia, como não poderia
deixar de ser frente a uma ciência que na época já estava plenamente consolidada. A
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grande força das teorias clássicas, apesar de não incluírem a variável ambiental, está
na deliberada simplificação biológica típica de uma época em que inexistia o nível de
preocupação ecológica de hoje.
É preciso ressaltar que os clássicos, apesar de conhecerem, se opunham a
inovações teóricas decorrentes da introdução da variável biológica nos estudos da
sociedade. Marx, por exemplo, criticou a teoria populacional de T.R. Malthus
segundo a qual a espécie humana tende a reproduzir-se até o limite imposto pela
oferta de alimentos. Marx criticava o pensamento determinista de Malthus que
atribuía a uma lei natural a divisão da sociedade em classes, com consequente
sofrimento e pobreza de uns e felicidade e riqueza de outros. Além disso, Malthus,
criticado por Marx, privilegiava o entendimento das classes sociais mais elevadas
que para ele tinham valor social, cultural e econômico, ao contrário da classe pobre
que, se tivesse aumento de renda, voltaria à miséria, pois ele os considerava imorais,
indolentes e voltados aos vícios (bebidas, jogo, farras e sexo). Na sua obra An Essay
on the Principle of Population (1798), Malthus entendia que o trabalho produtivo,
quando executado pelos trabalhadores pobres, os manteria no lugar restrito que lhes
seria cabível dentro da sociedade, e com isto estaria garantido um regime capitalista1
sem o “conflito” de classes.
A crítica de Marx à teoria demográfica e ao princípio de que a população
mundial, quando não devidamente controlada, cresce em progressão geométrica e a
produção de alimentos apenas em progressão aritmética2, está fundamentada na
inexistência de uma lei geral supra-histórica que descreva o comportamento do
crescimento demográfico. Para Marx, as dinâmicas populacionais diferem conforme
as distintas formações sociais, e dependem unicamente do momento histórico em o
fato social é observado.
As evidências apontam que o extremismo de Malthus, com sua previsão de
fome generalizada no final do século, não tinham razão de ser. Kinkartz (2011)
lembra que o planeta já abriga sete bilhões de pessoas e que, mantida a tendência de
crescimento, seremos nove bilhões em 2050. A questão é se seremos capazes de
alimentar tanta gente. Segundo especialistas, é possível desde que melhoremos a
produtividade de solos e sementes.
Segundo o professor de agronomia Harald von Witzke, da Universidade
Humboldt de Berlim, a resposta é "sim". Mas um "sim" seguido de um
"porém". O enorme crescimento da produção agrícola nas últimas décadas
deve-se 80% ao aumento da produtividade. Apenas 20% é o resultado da
ampliação das áreas agricultáveis. "No futuro, precisaremos investir ainda
mais no aumento de produtividade para satisfazermos as crescentes
necessidades humanas de alimento. O solo será, cada vez, um fator limitante
para a produção de gêneros alimentícios" (KINKARTZ, 2011. Disponível em:
http://www.dw.de/crescimento-populacional-e-o-desafio-da-
alimenta%C3%A7%C3%A3o/a-15486766. Acesso em 25 set 2013).
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Nosso entendimento é que de fato a questão demográfica não obedece a uma
lei supra-histórica que, de forma determinística, possibilite a estimativa de
crescimento da população. O crescimento populacional deve levar em consideração
também o momento da história, pois sempre estará sujeito a influências econômicas e
políticas. Citamos dois exemplos para exemplificar esta afirmativa: a política do filho
único, lançada pelo governo chinês no fim da década de 1970, segundo a qual fica
proibido a qualquer casal ter mais de um filho e que punem os infratores com
pesadas multas. Esta foi uma medida política de controle populacional, num país que
hoje já ultrapassa 1 bilhão e 300 milhões de pessoas, cujo objetivo declarado era o de
facilitar o acesso da população a um sistema de saúde e educação de qualidade.
Propaganda do governo Chinês afirma que, sem a implantação da política do filho
único, a população chinesa já estaria hoje em 1 bilhão e 700 milhões de pessoas. Mas
há consequências. Pesquisa divulgada pela revista Science, feita com mais de 400
moradores de Pequim, nascidos na época da introdução da política do filho único,
mostra os efeitos colaterais da medida. Segundo o pesquisador Nisvan Erkal, da
Universidade de Melbourne, que participou do grupo de pesquisa formado também
por L. Cameron e outros, é provável que a politica tenha efeitos indesejáveis na
economia do país, pois “Descobrimos que as pessoas que cresceram como filho único
são significativamente menos confiantes, menos confiáveis, mais relutantes ao risco,
menos competitivas, mais pessimistas e menos escrupulosas” (CAMERON et al.,
2013; POLÍTICA DO..., 2013).
O segundo exemplo é a regressão populacional da Europa, um continente
demograficamente envelhecido em que se observa uma redução absoluta da
população. . Segundo Alban d’Entremont, professor de Geografia Econômica e da
População na Universidade de Navarra, o fenômeno tem estreita ligação com a
profunda crise social que se propaga no continente Europeu há mais de uma geração.
No seu diagnóstico:
O escasso dinamismo demográfico em praticamente todos os países da
Europa (baixíssima natalidade; exígua nupcialidade; aumento da
mortalidade; crescimento natural estanque; falta de renovação de gerações),
faz-se sentir, mais do que em qualquer outro âmbito demográfico, na esfera
da estrutura populacional, isto é, na estrutura e na configuração
populacional, de acordo com os componentes individuais que caracterizam
essa população – homens, mulheres, crianças, jovens, adultos, idosos -, e nas
suas componentes colectivas mais significativas e representativas – família,
grupos primários e secundários, classes sociais e comunidades, que se
encontram num país num determinado momento (d’ ENTREMONT, 2012.
Disponível em:
http://www.ver.pt/conteudos/verArtigo.aspx?id=1471&a=Actualidade.
Acesso em 20 set 2013)
Para o especialista, a crise é grave e requer medidas urgentes e contundentes
como forma de corrigir uma situação atípica e altamente preocupante. Nos países
envelhecidos da Europa do sul, a população com mais de 65 anos já ultrapassa 15%,
com o percentual de jovens em declínio. Em consequência, os índices de dependência
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entre população ativa e passiva vão aumentando em função do desequilíbrio na
estrutura demográfica. O resultado é a repercussão nas políticas de segurança social,
que passam a exigir maiores contribuições para garantir as pensões e
disponibilidades de outros serviços sociais a toda população. Outros efeitos são os
desequilíbrios entre produção e consumo, que possuem estreita ligação com a idade,
com efeitos ramificados em outras áreas sociais, como o emprego, a educação, a
habitação e os cuidados de saúde.
Retomando os antecedentes clássicos da ecologia humana, devemos lembrar
que os teóricos sociais do século XIX não ignoraram a literatura biológica de sua
época. Este conhecimento, por parte de Comte, Spencer e Malthus constituiu o
instrumental no cruzamento do pensamento social e biológico daquele século
(BUTTEL, 1992). Clássicos da teoria sociológica não foram indiferentes ao
biologismo. O próprio Marx rejeitou as tentativas de estabelecer uma analogia
biológica que considerava as partes do organismo social com funções essenciais para
a sobrevivência e evolução da sociedade. Apesar de não descartar completamente a
validade da influência da biologia na teoria social, preponderante no pensamento
organísmico (organismic thought) da sua época, Marx não viu a biologia como
disciplina determinante para a constituição da base econômica e de classe da
sociedade.
Analisando a dissociação entre a estrutura e o processo social com as
analogias biológicas preponderantes na época de Marx, podemos concluir que, pela
unicidade de seu objeto – o homem, possibilitou uma maior evolução da teoria social,
mas acarretou perdas para a ecologia humana. A influência de clássicos do porte de
Marx, Durkheim e Weber, cada um a sua maneira, impediu a simbiose da teoria
social com a biologia, retardando a evolução das teorias sociais ecológicas, para pesar
dos modernos sociólogos ambientalistas. A crença atual é a de que a sociologia
expressiva com bases ecológicas acabou sendo limitada devido à rejeição dos
aspectos ecológicos pelos pensadores da tradição sociológica clássica, não tendo
evoluído como poderia.
2. A ECOLOGIA HUMANA DE ROBERT E. PARK E ERNEST W. BURGESS
Talvez a primeira referência conhecida sobre a existência de inter-
relacionamento e de interdependência entre os seres vivos se deva a Sir John Arthur
Thomson (1861-1933), naturalista escocês. O autor usou como métafora a “teia da
vida” para expressar duas ideias distintas. A primeira é a de que a vida foi feita para
ser lida e interpretada pela ciência. Como há muitas ciências, cada uma delas seguirá
um determinado fio colorido da teia da vida, realizando suas descobertas
particulares, correspondentes ao seu campo de conhecimento. A segunda ideia,
considerada por Thomson de relevância para estudos da evolução humana, sugere
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interrelacionamento e ramificação (1909b, p. 46–47). É esta segunda ideia a que nos
interessa neste estudo.
Nunca saberemos dizer aonde um determinado fio da teia levará. Se um fio é
puxado para fora, muitos outros irão se soltar da teia. Nenhuma das partes da trama
de fios consegue ficar fora do todo. “Quanto mais conhecemos em nossa volta, mais
constatamos que a natureza é um vasto sistema de conexões em que o isolamento é
impossível” 3 (1909a, p. 47). Assim, não há como ficar alheio ao que ocorre em nosso
redor. Somos todos responsáveis uns pelos outros e fazemos parte de uma sociedade
cujo destino é único. O conceito da teia da vida foi considerado por Thomson tão
darwiniano como o da luta pela existência no processo de seleção natural das
espécies.
Mais tarde Robert Ezra Park (1864-1944), sociólogo americano, retoma a
metáfora da “teia da vida” anteriormente descrita por Thomson para explicar o
urbano a partir de conceitos darwinianos de biologia, sugerindo uma interação entre
homem e meio ambiente. Park cria a expressão “Ecologia humana” (1936), a partir de
conceitos oriundos da ecologia natural4, que utiliza no contexto econômico, e passa a
ser considerado o pai da ecologia humana. Em associação com Ernest W. Burgess
(1886–1966), Park estreita suas pesquisas sobre a teoria da ecologia humana, a partir
do desenvolvimento de um programa de pesquisas sobre urbanismo, realizado no
departamento de sociologia da Universidade de Chicago, tendo como objeto a cidade
de Chicago. (PARK, 1952)
Durante a pesquisa, Park e Burgess desenvolvem uma teoria sobre ecologia
urbana propondo a similaridade entre as cidades e os meios ambientes encontrados
na natureza. Na sua teoria, as cidades são governadas pelas mesmas forças presentes
na evolução darwiniana e que afetam os ecossistemas naturais. A mais importante
destas forças, a competição, leva grupos a disputarem os territórios disponíveis. O
resultado da competição é a divisão do território em nichos ecológicos, também
denominados “áreas naturais”, nos quais as pessoas apresentam características
sociais similares, já que estão submetidas às mesmas pressões ecológicas. Outros
tipos de relações ecológicas foram trazidos para a ecologia humana pelos autores
como, por exemplo, a proto-cooperação, situação em que indivíduos se associam em
busca do bem comum. Este mecanismo é o que explica a solidariedade encontrada
nos guetos.
O modelo de Park e Burgess, conhecido como modelo das zonas
concêntricas, foi publicado pela primeira vez em The City (1925), e previa que as
cidades se dividiriam em cinco anéis concêntricos, nos quais as áreas centrais estão
física e socialmente deterioradas. Na medida em que se distanciam do centro, as
áreas da cidade se tornam mais prosperas e mais caras. A conquista do território se
dá pela competição entre as pessoas, que passam a ocupar os anéis mais distantes do
centro da cidade. O aumento da prosperidade é o vetor que move pessoas e negócios
na ocupação de áreas mais distantes dos centros, num processo chamado de
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sucessão5, termo tomado emprestado da ecologia. O preço do solo regula a
distribuição dos usos e de habitação no meio urbano. A desigualdade da capacidade
econômica dos grupos sociais e profissionais e das atividades econômicas condiciona
e explica a luta pela apropriação do espaço. As leis do mercado explicam a
deterioração da zona de transição, a partir do centro da cidade, uma vez que os
proprietários abandonam os imóveis a sua própria sorte, dado que os preços dos
alugueis não estimula os cuidados na conservação dos imóveis (BROWN, 2011).
(PARK; BURGESS; MCKENZIE, 1925)
Fig. 1 – A cidade em zonas concêntricas (Modelo de Burgess)
O modelo das zonas concêntricas, também conhecido como modelo de
Burgess, foi a primeira tentativa para explicar a organização espacial da cidade.
Como sociólogos, Park e Burgess utilizaram o modelo das zonas concêntricas para
explicar problemas de desemprego e crimes nos distritos de Chicago. Sua pesquisa
também utilizou o mapeamento para plotar a distribuição de problemas sociais ao
longo da cidade e permitir a comparação entre as diferentes áreas.
Como Burgess tinha interesses especiais em mapas, exigia dos alunos de seus
seminários o desenvolvimento de habilidade nas técnicas de mapeamento. O esforço
permitiu a Burgess e seus alunos completarem, em 1923-1924, o mapa básico de
pesquisas em Chicago, combinando todas as informações disponíveis sobre as
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características físicas, fronteiras políticas, zoneamento, desenvolvimento residencial e
comercial e áreas livres na cidade. Este mapa passou a ser utilizado por
pesquisadores para mostrar a incidência de determinadas características sociais de
Chicago. Brown (2011) cita que um dos mais importantes legados para os estudos da
ecologia urbana decorrente dos estudos de Burgess e Park foi a inclusão da
metodologia de mapeamento nas disciplinas de sociologia, criminologia e políticas
públicas.
3. ECOLOGIA HUMANA E A SOCIOLOGIA DO MEIO AMBIENTE
William Robert Catton, Jr. (1926-) é um sociólogo estadunidense conhecido
por seus trabalhos acadêmicos sobre sociologia ambiental e ecologia humana. Seu
projeto nestas áreas do conhecimento é amplo e interdisciplinar, o que o levou a ser
conhecido além dos círculos acadêmicos, em especial por sua obra seminal, escrita
em 1980, Overshoot: The Ecological Basis of Revolutionary Change. Catton desenvolveu
diversos estudos sobre a sociologia ambiental em conjunto com Riley E. Dunlap,
professor de sociologia na Universidade de Oregon. (CATTON, 1982)
Neste item discutiremos os trabalhos de destaque destes pesquisadores,
buscando a conexão entre termos comumente utilizados na literatura como ecologia,
meio ambiente e sustentabilidade. Os citados autores bastante representativos no
campo da sociologia ambiental podem nos ajudar a posicionar a sociologia ambiental
dentro do campo desta ciência, especialmente a partir de questões relevantes como a
evolução do paradigma HEP (human exceptionalism paradigm) para o NEP (new
environmental paradigm), proposta por Catton e Dunlap (1978; 1979).
Iniciemos pela definição dos citados paradigmas. O primeiro deles, o
paradigma da excepcionalidade humana - HEP resume uma visão antropocêntrica
do mundo, compartilhada sem exceção pelas teorias clássicas, como – funcionalismo,
interacionismo simbólico, etnometodologia, teoria do conflito, marxismo, dentre
outras. Este alinhamento antropocêntrico foi observado por Catton e Dunlap (1978)
que assim se expressam “[as teorias clássicas] têm propensão para exagerar suas
diferenças uma das outras [...]. Nós afirmamos que suas aparentes diversidades não
são tão importantes quanto o antropocentrismo que permeia todas elas.” (1978, p.
42). As premissas que caracterizam o HEP pode ser entendido a partir das seguintes
premissas:
1. O ser humano é singular entre as criaturas da terra, pois tem uma cultura.
2. A cultura pode variar quase que infinitamente, podendo mudar muito
mais rapidamente que as características biológicas.
3. Assim, muitas das diferenças humanas são socialmente induzidas e não
inatas, podendo ser socialmente alteradas, eliminando-se diferenças
inconvenientes.
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4. Assim, também, a acumulação cultural significa que o progresso pode
continuar sem limites, possibilitando em última análise a solução de
todos os problemas sociais (CATTON; DUNLAP, 1978, p. 42–43).
Nosso comentário sobre o HEP é que, ao privilegiar o antropocentrismo e
torna-lo o ponto comum na visão do mundo, o paradigma se mostrou
ecologicamente reducionista, privilegiando o axioma durkheimiano e a noção de
excepcionalidade ou isentabilidade humana. Ao se adotar o HEP como direcionador
da ação humana passamos a ter uma falsa noção de mundo e a acreditar que, por
mais que os recursos naturais sejam consumidos, sempre haverá uma solução
tecnológica, idealizada pelo homem, capaz de corrigir os rumos.
Catton e Dunlap atribuem este tipo de pensamento, ou seja, a prevalência do
pensamento antropocêntrico, a uma espécie de superioridade que decorreu da
euforia do capitalismo industrial americano pela dominância econômica e
prosperidade que gerou na década de 1970. Há alguns fatos que levam a este
comportamento. Por exemplo, apesar de o abastecimento ser finito, todos sabem que
é prontamente acessível, como ocorre com os combustíveis fósseis e outras matérias
primas não renováveis (CATTON, 1982).
Este sentimento de onipotência, que conta com a tecnologia para ser
preservado, levou à crença generalizada de que a capacidade do meio ambiente é
passível de aumento segundo a necessidade, negando-se, portanto, a possibilidade
de escassez. Os citados autores afirmaram, entretanto, que não pretendiam negar a
existência de características excepcionais nos seres humanos e sua capacidade de
usar a tecnologia em benefício próprio, mas sim salientar que a existência destas
características excepcionais não nos isentaria da sujeição aos princípios naturais e
suas consequências. Isto reduz a possibilidade de podermos contar com a
excepcionalidade humana para a solução de problemas, pois podemos nos deparar
com alguns problemas que se mostrem insolúveis.
Catton e Dunlap observaram que o crescimento de problemas ambientais e o
surgimento de apreensão quanto aos limites para o suprimento de recursos, levaram
a uma mudança de pensamento quanto à possibilidade de aumentar a capacidade do
meio ambiente. Isto requereu uma mudança de paradigma, sendo proposto por eles a
evolução do paradigma antigo, com o surgimento de um novo paradigma ambiental
(new environmental paradigm – NEP) em que incluem três novas premissas que
vinculam a sociedade humana ao ecossistema:
1. Os seres humanos são apenas uma das muitas espécies que de maneira
independente estão envolvidas nas comunidades bióticas que moldam
nossa vida social.
2. As complexas ligações entre causa e efeito e o feedback na trama da
natureza produzem muitas consequências não involuntárias a partir da
ação social intencional.
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3. O mundo é finito, existindo assim limites potenciais físicos e biológicos
que reprimem o crescimento econômico, o progresso social e outros
fenômenos da sociedade (CATTON, WILLIAM R.; DUNLAP, 1978, p.
45).
Entendemos que as três premissas acrescidas por Catton e Dunlap
introduzem uma simbiose entre a espécie humana e o ambiente natural. Não
podemos deixar de considerar que a espécie humana mantem uma relação biológica
com o ambiente, sendo esta uma característica fundamental da espécie humana.
O NEP surge, portanto, para sensibilizar os sociólogos de que problemas
ambientais também constituem fenômenos sociais e tem significância social.
Entendemos que a dinâmica das sociedades industriais somente pode ser
compreendida se levarmos em conta a influência reciproca entre sociedade e meio
ambiente. A influência é mútua.
Os exemplos desta interação são abundantes, citemos, por exemplo, o
derramamento de petróleo nas águas da Bacia de Campos pela Chevron em 2011. As
consequências da agressão ao meio ambiente foram sentidas pela sociedade.
Pescadores ficaram impedidos de trabalhar e produzir alimentos durante a duração
do incidente. Este foi um caso em que o homem compromete o equilíbrio ecológico e
este, por sua vez, devolve na forma de prejuízos para a sociedade. A questão da
mobilidade urbana é outro exemplo desta simbiose sociedade-meio ambiente. Com a
proliferação de veículos automotores nas cidades estas estão parando, as ruas já não
comportam a quantidade de veículos que respondem impedindo a mobilidade. .
Dentro desta linha de pensamento, Catton publica em 1980 sua obra mais
relevante, em que ressalta os efeitos do homem no meio ambiente. A mensagem
central de Overshoot: The Ecological Basis of Revolutionary Change tem a ver com estilo
de vida, costumes, instituições, padrões de interação, valores, expectativas assumidas
pela pessoa humana, todos eles decorrentes de uma herança cultural que insiste em
permanecer imutável. Esta herança, transmitida de gerações para gerações surgiu
numa época remota quando a capacidade de consumo de recursos pelos humanos
era menor que a capacidade de geração destes mesmos recursos pelo meio ambiente.
É daqui, segundo Catton (1982) que derivam as dificuldades que vivemos
hoje. A herança cultural permanece intacta, continuando a ser transmitida
exatamente como na sua gênese sem que o homem adapte aos novos tempos em
gastamos mais e mais dos recursos do meio ambiente. A vida humana, que continua
com a mesma herança cultural, agora se desenvolve num cenário de carência de
recursos. Os recursos do planeta são finitos. A sociedade humana sofre pressão
irresistível dos aspectos familiares da vida e em decorrência está mudando:
desorganização social, atritos, desmoralização das instituições, segundo Catton, tudo
indica que os conflitos irão aumentar. Parece que a movimentação social ocorrida a
partir de junho de 2013 no Brasil seja um exemplo destas mudanças.
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4. À GUISA DE CONCLUSÃO
Talvez a imagem que melhor represente a interdependência entre os seres
habitantes do planeta terra seja a imagem da “teia da vida” descrita por Thomson.
Assim como a ideia de fragilidade contida numa teia, também me parece ser o
equilíbrio da vida. As partes constituintes passam a impressão de instabilidade. Basta
puxar um dos fios da teia para que a trama toda se desfaça. Ratifica o conceito do
“efeito borboleta” 6, amplamente utilizado na descrição de inter-relacionamentos,
onde qualquer movimento de uma parte afeta as demais. Entendo que este conceito é
intuitivo e não há como refutar sua validade. Concordamos que não temos como
avaliar a extensão das influências mútuas homem-ambiente. Uma agressão à
natureza, como por exemplo, a extração de minério de ferro por anos a fio no
quadrilátero ferrífero reconfigurou montanhas de Minas Gerais, a ponto de não mais
se perceber que são montanhas. Com certeza os efeitos não se restringem a topologia,
mas afetam também às populações do entorno.
Foi no sentido de verificar efeitos urbanos de desequilíbrios que Park e
Burgess estudaram a cidade de Chicago. De suas pesquisas ficou o legado da
compreensão da formação de nichos nas cidades, onde se observa o contraste de
áreas supervalorizadas e áreas degradadas. O zoneamento urbano do modelo de
Burgess nos permitiu entender os recentes fenômenos da megavalorização
imobiliária das cidades brasileiras, associada a expulsão dos menos favorecidos,
dentro dos processos de gentrificação. Pensamos que o modelo das zonas
concêntricas poderia ser mais bem explorado no sentido de ajudar a explicar as
cidades.
Com certeza Malthus foi demasiadamente alarmista quando elaborou sua
teoria demográfica, prevendo a chegada da fome no final do século XIX, devido ao
descompasso entre o crescimento populacional e a produção de alimentos. No
entanto, não podemos afirmar que ele estava completamente errado. O planeta terra
vem sendo utilizado muito acima de sua capacidade. Estudos empíricos mostram
que, por exemplo, os EUA consomem cinco vezes mais recursos em relação ao que
lhes caberia numa divisão equitativa. E é nesta linha que pesquisadores como Catton
e Dunlap desenvolveram suas teorias, cada qual a seu modo, sobre a necessidade de
repensar o consumo. Há hoje uma consciência ecológica em desenvolvimento.
Porém, como toda cultura, demandará muito tempo para ser assimilada como
conhecimento prático.
Acreditamos que cabe às ciências sociais um papel de relevância na
condução destas reflexões. Somente a partir de estudos da sociedade, das suas
motivações, da inflexibilidade da herança cultural que insiste em considerar o
planeta terra exatamente como foi no passado, poderemos reverter nosso
comportamento. Os sociólogos ambientais modernos lamentam não ter tido a
influência de Marx, Durkheim e Weber. A ausência de manifestações destes
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pensadores sobre a influência do meio ambiente na sociedade, com certeza, retardou
uma aceitação mais completa das teorias ambientais hoje em vigor. É preciso,
entretanto, entender seus motivos - o mundo na sua época era pleno de recursos, não
representava riscos para a vida humana, portanto, não era um problema sociológico
a ser estudado.
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NOTAS EXPLICATIVAS
1 Ressalvamos que o termo Capitalismo foi criado e utilizado por socialistas e anarquistas (Karl Marx, Proudhon,
Sombart) no final do século XIX e no início do século XX, para identificar o sistema político-econômico
existente na sociedade. Malthus não faz referências a esse termo na sua obra que, entretanto, menciona
fazendeiros e capitalistas que detendo a riqueza, a aumentavam com os lucros decorrentes do trabalho realizado
pelos pobres: “[...] farmers and capitalists are growing rich from the real cheapness of labour. Their increased
capitals enable them to employ a greater number of men. Work therefore may be plentiful, and the price of
labour would consequently rise”. (MALTHUS, 1798, p. 10). A economia de Marx tomou como ponto de partida
a obra de economistas britânicos de seu tempo, Adam Smith, David Ricardo e de Thomas Malthus.
2 A métafora matemática relacionando o crescimento populacional e a produção de alimentos é expressa
textualmente por Malthus:“Assuming then my postulata as granted, I say, that the power of population is
indefinitely greater than the power in the earth to produce subsistence for man Population, when unchecked,
increases in a geometrical ratio. Subsistence increases only in an arithmetical ratio. A slight acquaintance with
numbers will shew the immensity of the first power in comparison of the second.” (MALTHUS, 1798, p. 4).
(Grifos nossos). O fundamento de sua teoria populacional está em manter equilibrados o crescimento da
população e a produção de alimentos, que ele considera como poderes em oposição.
3 No original: The more we know of our surroundings the more we realize that nature is a vast system of
linkages, that isolation is impossible (THOMSON, 1909, p.47).
4 Os conceitos utilizados por Park para descrever a Ecologia humana, como simbiose, invasão, sucessão,
dominação, gradiente de crescimento, superordenação e subordinação, foram tomados emprestados da ciência da
ecologia natural.
5 Sucessão ecológica é o nome dado à sequência de comunidades, desde a colonização até a comunidade clímax,
de determinado ecossistema. Estas comunidades vão sofrendo mudanças ordenadas e graduais. As primeiras
plantas que se estabelecem (líquens, gramíneas) são denominadas pioneiras, e vão gradualmente sendo
substituídas por outras espécies de porte médio (arbustos), até que as condições ambientais chegam a uma
comunidade clímax (árvores grandes), apresentando uma diversidade compatível com as características daquele
ambiente. Nesta fase, o ecossistema entra em equilíbrio com o meio. 6 Efeito borboleta é um termo que se refere à dependência sensível às condições iniciais dentro da teoria do caos
(STIX, 1999). Analisado pela primeira vez em 1963 por Edward Lorenz, segundo a cultura popular, o bater de
asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas. O efeito borboleta encontra
aplicações em qualquer área das ciências, incluindo a sociologia.
REFERÊNCIAS
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ISSN 2238-1627, Ano III, Nº 7, agosto de 2013
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