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Design GráficoAna Lúcia Santos Verdasca Guimarães
FotografiaEverilton José Cit
AudiovisualMarcelo Abílio Públio
Equipe de ApoioAna Tereza TroyaBárbara Amin PropstJônatas de Carvalho NascimentoCarlos Alberto VargasFrancisco Ferreira dos SantosAlessandro Ellenberger
RevisãoSilvino Iagher
ImpressãoGráfica UTFPR - Câmpus Curitiba
Universidade Tecnológica Federal do ParanáCarlos Eduardo Cantarelli
Câmpus CuritibaCésar Augusto Romano Diretor-Geral
Departamento Acadêmico de Desenho IndustrialMaria Leni Gapski Chefe de Departamento
Atelier de CerâmicaMarilzete Basso do Nascimento Coordenação
Reitor
Participantes
OrganizaçãoAna Lúcia Santos Verdasca GuimarãesEvelize DittrichJusméri MedeirosMarilzete Basso do Nascimento
Alice Piccin TrevisanAna Lúcia Santos Verdasca GuimarãesEvelize DittrichGabriel RodriguesHelena Cantão de SylvioJulie InadaJusméri MedeirosLauro Luiz de Cesar ValeixoLeticia SáLuanna Abreu SoaresMarilzete Basso do NascimentoMayara Furlanetto RatzkeNataly de SiqueiraSergio JaenschSoraia Savaris
perDONAS
O termo design é, geralmente, associado à aparência das coisas. Tal distorção é compreensível, uma vez que a sua materialidade se concretiza a partir da percepção e do uso dos objetos. No entanto, essa é uma visão bastante restrita, posto que a importância do design está não somente na aparência, mas igualmente nos significados traduzidos, na compreensão das necessidades dos grupos sociais, nas adequações ergonômicas, entre tantos outros aspectos envolvidos.
Então, se é função da engenharia desenvolver métodos e materiais cada vez mais adequados aos sistemas produtivos e às possibilidades e limitações advindas do ambiente natural, ao design cabe criar a partir do existente, desenvolver artefatos cada vez mais coerentes com os seres humanos, considerados não somente em suas necessidades biológicas, mas também nas culturais.
Neste contexto se insere o Atelier de Cerâmica da UTFPR, projeto de extensão, vinculado ao Grupo de Pesquisa em Modelos e Protótipos para o Design, um locus de oportunidades para a liberdade de expressão, a pesquisa e o aprofundamento da relação com a comunidade interna e externa.
O objetivo do Atelier é estabelecer um espaço para a pesquisa de materiais e processos cerâmicos vinculados ao Design, quer seja ele mais voltado ao produto ou ao gráfico, uma vez que a cerâmica transita entre estas duas áreas – da louça sanitária aos revestimentos de piso e parede, da cerâmica utilitária aos murais artísticos e aos objetos de decoração.
Os participantes do Atelier buscam o contínuo aprimoramento das suas qualidades individuais, ao mesmo tempo em que compartilham seus saberes por meio do fazer coletivo. O projeto PerDonas é nosso presente para a UTFPR nos seus 105 anos, pois a cerâmica reúne arte, ciência e tecnologia. É produto que une os quatro elementos – água, ar, terra e fogo – e tem para sua concretização um quinto elemento – o ser humano.
Marilzete Basso do Nascimento
O projeto “PerDonas” foi desenvolvido no Atelier de Cerâmica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná em homenagem aos 105 anos da instituição, comemorados no dia 23 de setembro de 2014, com foco nos novos valores assumidos pela academia desde que foi transformada em Universidade, em 2005.
A proposta teve início com a produção de algumas peças em barbotina, similares a outras que vemos em vitrines, essas comumente em plástico, carinhosamente chamadas de manecas.Geradas de modo seriado, como múltiplos, pareciam peças minimalistas, quando objetos que guardam certa impessoalidade são reproduzidos por um meio mecânico, uma coisa depois da outra. Nesse caso, elas criaram um ponto em comum entre as pessoas, um elemento unificador para o projeto que demarcou o ponto de partida de cada proposta individual.
O desafio posto em seguida foi a criação, a transformação de cada peça em algo único, revelador da singularidade da experiência criativa. Mas o aspecto peculiar de cada trabalho, por mais que revele seu autor, não traduz
PerDONAS
o modo como efetivamente cada obra foi produzida. Em uma dinâmica rica entre cada indivíduo e o grupo, as peças ganharam delicadas contribuições. O caráter autoral, embora muito nítido, foi atravessado pelo coletivo e por um pouco de acaso, considerando uma pequena parcela de descontrole que é intrínseca aos processos ligados ao fazer cerâmico.
Envolvendo uma experiência criativa rica, convívio e conhecimentos compartilhados, PerDonas configura-se como um projeto ao mesmo tempo coletivo e individual, plural e singular, múltiplo e específico, que parece trazer à tona algo do deleite, envolvido em experimentar a própria identidade, junto.
Simone Landalsetembro/2014
O projeto trabalha a ideia do corpo culturalmente constituído, que dissemina e absorve histórias, desejos, saberes, memórias. Barro cru e Corpos nus são transformados pela técnica e pela arte.
Cada maneca/tronco é resultado de experimentações técnicas com o barro, matéria bruta tantas vezes amassada, batida, triturada, transformada. O molde preenchido pela barbotina, argila líquida, construindo a forma... criando o vazio que permite visualizar o outro lado: o corpo é tridimensional!
A escolha do tronco como suporte de nossas intervenções não foi casual, pois o corpo provoca, o corpo inibe, o corpo transcende, o corpo realiza. O corpo atende, o corpo responde. O corpo atenta... o corpo padece. O corpo expressa... o corpo é superfície. O corpo suporta... o corpo pende, o corpo prende. O corpo representa, o corpo significa!
A visão de cada ceramista ilumina um mesmo suporte, dotando-o de sensível identidade.
Ana Verdasca
Corpo – Barbotina de Campo Largo, PR, fundida em molde de gesso.Detalhes – massa plástica.Queima biscoito – 980°CQueima de vidrado - 1200°C
Corpo – Barbotina de Campo Largo, PR, fundida em molde de gesso.Queima biscoito – 980°CQueima de vidrado - 1200°C
Mama África 1Evelize Dittrich
O ato de tecer remete ao movimento ininterrupto da vida. Urdir é preparar o destino; as especificidades e cores dos fios determinam a teia de nossas vidas, compõem a nossa história. Tramar é viver!
Corpo – Barbotina de Campo Largo, PR, fundida em molde de gesso.Queima biscoito com aplicação de tecido – 980°CQueima de vidrado - 1200°C
Mama África 2Evelize Dittrich
Olha de novo: não existem brancos, não existem amarelos, não existem negros: somos todos arco-íris.
Ulisses Tavares.
A etnia africana representa uma dentre as várias que compõem o tecido social brasileiro. A inspiração das estampas e cores veio de tramas africanas, pesquisadas através de livros e do trabalho de Goya Lopes, artista plástica e designer de tecidos baiana.
Corpo – Barbotina de Campo Largo, PR, fundida em molde de gesso.Queima biscoito com aplicação de engobe e esgrafito – 980°CQueima de vidrado - 1200°C
Corpo – Barbotina de Campo Largo, PR, fundida em molde de gesso.Aplicação de detalhes em massa plástica.Queima biscoito – 980°CQueima de vidrado - 1240°C
Vale da EstranhezaJulie Inada
Uma situação ambígua e delicada perante um corpo de barro petrificado a muitas centenas de graus. E, envolto nesse impasse, não se sabe, de fato, como encará-lo. Caminha-se através do vale da estranheza, percorrendo o olhar pelas pinceladas urgentes e fica a angustia dos vasos e ânforas torneados que atravessam todo o tronco, como se fizessem parte daquele corpo ou, simplesmente, estivessem sendo expurgados num processo inicial de cura.
Corpo – Barbotina de Campo Largo, PR, fundida em molde de gesso.Ânforas torneadas em massa plástica.Queima biscoito – 980°CQueima de vidrado - 1200°C
Corpo – Barbotina de Campo Largo, PR, fundida em molde de gesso.Esgrafito executado na peça crua.Queima biscoito – 980°CQueima de vidrado - 1240°C
Corpo – Barbotina de Campo Largo, PR, fundida em molde de gesso.Bolsas modeladas em massa plástica, penduradas com fios de cobre.Queima biscoito – 980°CQueima de vidrado - 1200°C
Corpo – Barbotina de Campo Largo, PR, fundida em molde de gesso.Detalhes modelados em massa plástica.Queima biscoito – 980°CQueima de vidrado - 1200°C
Mesmo so Frida, jamais me KahloLuanna Abreu
Quis transparecer a ligação profunda com a terra, por meio dos elementos naturais utilizados na concepção da Dona, inspirando-me na obra da pintora mexicana Frida Kahlo – Autorretrato com colar de espinhos – e me incluindo nela como um todo. Desde que passei pelo meu tratamento quimioterápico, as experiências e histórias de vida da artista tornaram-se grande referência em minha vida.
Os espinhos representam parte da vivência tendencialmente ferida e amargurada de Frida, na qual me espelho. Assim como eu, Frida também conheceu a dor emocional, porém sempre procurou renascer das cinzas, pintando, arrumando-se. É dessa interpretação que surge o significado do pássaro nas costas da Dona.
Corpo – Barbotina de Campo Largo, PR, fundida em molde de gesso.Detalhes modelados em massa plástica.Queima biscoito – 980°CQueima de vidrado - 1200°C
Mariko-sanMarilzete Basso do Nascimento
Se eu pudesse usar palavras como folhas caindoque fogueira meus poemas fariam.
Mariko-san [James Clavell. Xógum, Tomo 1, Nova Cultural, São Paulo, 1986].
Entre os muitos legados que nos deixaram as diversas etnias que compõem este grande caldo cultural em que estamos imersos, a comida figura como um dos pratos principais, pois, ao longo do tempo, foi assimilada, incorporada e compartilhada. Neste trabalho buscamos expressar os diversos significados da comida japonesa: enquanto energia por meio da aplicação das cores que, na cultura japonesa, é uma forma de alcançar o equilíbrio; como representação da união entre os povos pela síntese da forma; de transcendência, pela possibilidade de alçar voo entre os continentes.
Corpo – Barbotina de Campo Largo, PR, fundida em molde de gesso.Detalhes e asas modeladas em massa plástica.Queima biscoito – 980°CQueima de vidrado - 1200°C
Chuva Mayara Furlanetto Ratzke
Aos olhos nus, não passava de uma chuva repentina, mas aqui dentro soava como uma tempestade.
Clarice Lispector
Corpo – Barbotina de Campo Largo, PR, fundida em molde de gesso.Aplicação de vidro.Queima biscoito – 980°CQueima de vidrado - 1200°C
Camadas Nataly de Siqueira
O Curitibano é um povo de camadas. O famoso clima de Curitiba, com suas repentinas variações, os obriga a empregar um interessante artifício para resistir a essas mudanças. Camadas e mais camadas de roupas, que são colocadas e retiradas e carregadas ao longo do dia, seguindo os desejos excêntricos do sol, da chuva, do vento e do frio.
Mas essas não são as únicas camadas deste povo. Conhecido como "fechado e carrancudo", tem tantas camadas de sentimentos, estilos, caracteres e comportamentos que a única maneira de entendê-los, além da superfície, é despindo-os de suas camadas e conhecendo-os.
Corpo – Barbotina de Campo Largo, PR, fundida em molde de gesso.Detalhes modelados em barbotina.Queima biscoito – 980°CQueima de vidrado - 1200°C
Corpo – Barbotina de Campo Largo, PR, fundida em molde de gesso.Queima biscoito – 980°CQueima de vidrado - 1200°C
Corpo – Barbotina de Campo Largo, PR, fundida em molde de gesso.Gavetas modeladas em massa plástica.Queima biscoito – 980°CQueima de vidrado - 1200°C
Making of
Alice Piccin Trevisan
Graduanda em Design junto à
Universidade Tecnológica
Federal do Paraná/UTFPR,
participa do Programa Ciência
sem Fronteiras em Milão, Itália.
Tem experiência nas áreas de
Design Gráfico e Design de
Produto.
Ana Lúcia dos Santos Verdasca
Guimarães*
Graduada em Comunicação Visual
pela Universidade Federal do
Paraná/UFPR e em Desenho
Industrial pela Pontifícia
Universidade Católica do
Paraná/PUCPR, com especialização
em Metodologia de Ensino Superior
e em Administração Pública.
Desenvolveu seu mestrado em
Tecnologia na UTFPR e doutorado
Interdisciplinar em Ciências
Humanas pela Universidade Federal
de Santa Catarina/UFSC.
Desde 1995 é professora nos cursos
de design da UTFPR, atuando
principalmente em disciplinas de
Criatividade e Metodologia de
Projeto.
E
Possui graduação em Tecnologia em
Móveis Modalidade Design de
Móveis pela Universidade do
Contestado, com especialização em
Design de Móveis pela UTFPR. Tem
experiência na área de Desenho
Industrial, atuando principalmente
em: design, história, mobília,
velize Dittrich*
Gabriel Rodrigues
Graduando em Tecnologia em
Design Gráfico na UTFPR, participa
do Programa Ciência sem Fronteiras
em Barcelona, Espanha. Desenvolve
pesquisa na área de Design de
Produtos Cerâmicos.
Helena Cantão de Sylvio
Graduanda em Design na UTFPR.
Tem experiência na área de
Desenho Industrial, com ênfase em
Desenho de Produto.
Julie Inada
Graduada em Tecnologia em Móveis pela
UTFPR. Atualmente estuda cerâmica em
Curitiba e São Paulo nas áreas de
modelagem manual, em placas e em torno
de oleiro, vidrados e massas cerâmicas.
Estuda também música e trabalha com
projeto e fabricação de móveis sob medida.
Jusméri Medeiros*
Possui graduação em Desenho Industrial
pela UFPR e mestrado em Tecnologia pela
UTFPR. Professora da UTFPR, com
experiência na área de Desenho Industrial,
com ênfase em Desenho de Produto,
atuando principalmente nos seguintes
temas: design, sustentabilidade e indústria
artesanal, design automobilístico, design e
artesanato, comunidades e gestão de
design.
Lauro Luiz de Cesar Valeixo
Graduado em Direito, com pós-graduação
em Administração Pública pela PUCPR.
Como Coordenador do sistema
penitenciário e Diretor de unidades penais
do Paraná, desenvolveu vários projetos
buscando a humanização dos presos por
meio das artes plásticas e da música.
Atualmente busca conhecimento pessoal
através da cerâmica.
Letícia Sá
Graduada em Arquitetura e Urbanismo
pela PUCPR, é mestre em Construção
Civil pela UFPR. Professora do Instituto
Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Paraná. Desenvolve
pesquisas de acústica de salas para
música, com foco nas salas de ensaio e
prática musical e está iniciando a
pesquisa com o desenho de peças
cerâmicas [branca e vermelha].
Membro da CPP/Comissão Permanente
de Pesquisa, vinculada à Diretoria de
Pesquisa e Inovação da Pró-Reitoria de
Extensão, Pesquisa e Inovação do IFPR e
também do COPE Campo Largo [Comitê
de Pesquisa e Extensão]. Atualmente,
iniciando no processo de cerâmica
artística.
Luanna Abreu Soares*
Colunista na Revista Clichê, Contralto no
Coral da UTFPR. Design Gráfico e
Ilustração na empresa Consiliu Meio
Ambiente e Projetos. Atualmente é
Mezzo-soprano no Coro da UTFPR;
Bolsista de Iniciação Científica no PET –
Programa de Educação Tutorial da
UTFPR e Mídia Digital na Editora
Pearson. Descobriu, na cerâmica, um
meio de expressão artística.
Marilzete Basso do Nascimento*
Possui graduação em Educação
Artística pela Faculdade de Educação
Musical do Paraná/FEMP e mestrado
em Engenharia de Produção pela
UFSC. É professora da UTFPR e
Doutora em Engenharia Florestal pela
UFPR. Tem experiência profissional e
de ensino na área de Design, atuando
principalmente nos seguintes temas:
design, artesanato, mobiliário,
sustentabilidade e cerâmica.
Mayara Furlanetto Ratzke
Graduada em Design pela UTFPR.
Atua na área do Design de Joias,
mantendo seu próprio atelier.
Participou de cursos de
aperfeiçoamento em
desenvolvimento e execução
de joias em New York e Milão.
Atualmente se dedica à pesquisa em
design de joias e outros produtos
cerâmicos.
Nataly de Siqueira*
É graduada em Design pela UTFPR.
Tem experiência na área de Artes, com
ênfase em Design. Atualmente
desenvolve pesquisa na área de Design
de Produtos Cerâmicos.
Sérgio Jaensch
Graduando do curso de Geologia na
UFPR, atuou como bolsista do
Programa de Educação Tutorial –
Geologia, onde dedicou-se à
produção de material relacionado às
geociências e participou como
voluntário no projeto de extensão
Pedra Sobre Pedra: construindo o
conhecimento em Geociências.
Atualmente, é bolsista de iniciação
científica no projeto Paleossolos
associado a depósitos arenosos de
clima semiárido da Formação
Marília, Bacia Bauru. Interessa-se
pela arte e desenvolve trabalhos na
área de cerâmica.
Soraia Savaris
Possui graduação em Educação
Artística – Artes Plásticas pela
Faculdade de Artes do Paraná/FAP-
PR e especialização em Didática do
Ensino Superior pela PUCPR.
Atualmente, é Professora de
Cerâmica da Secretaria de Estado da
Cultura do Paraná. Tem experiência
na área de Artes, com ênfase em
Artes Plásticas.
* Foto: Luanna Abreu Soares