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CENTRO UNIVERSITÁRIO LA SALLE FERNANDO JARDIM BOEIRA ESTUDO AVANÇADO SOBRE INTERFERÊNCIA ELETROMAGNÉTICA CANOAS, 2010

CENTRO UNIVERSITÁRIO LA SALLE · Trabalho de conclusão apresentado como ... comportamento pessoal dentro das organizações e também na vida ... como o ruído eletromagnético

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C E N T R O U N I V E R S I T Á R I O L A S AL L E

FERNANDO JARDIM BOEIRA

ESTUDO AVANÇADO SOBRE INTERFERÊNCIA

ELETROMAGNÉTICA

CANOAS, 2010

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FERNANDO JARDIM BOEIRA

ESTUDO AVANÇADO SOBRE INTERFERÊNCIA

ELETROMAGNÉTICA

Trabalho de conclusão apresentado como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Engenharia de Telecomunicações, sob orientação do Prof. Me. Diogo Scolari.

CANOAS, 2010

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FERNANDO JARDIM BOEIRA

ESTUDO AVANÇADO SOBRE INTERFERÊNCIA

ELETROMAGNÉTICA

Trabalho de conclusão aprovado pelo orientador como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia de Telecomunicações pelo Centro Universitário La Salle – Unilasalle.

Aprovado pelo Orientador em 08 de Dezembro de 2010.

ORIENTADOR:

_____________________________________________________________

Prof. M.e Diogo Scolari Unilasalle

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Dedico este trabalho e a, consequente,

conquista do grau de Bacharel em

Engenharia de Telecomunicações aos

meus pais, Alvarino e Sueli, que

incondicionalmente sempre acreditaram que

esse sonho era possível de ser alcançado.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, em primeiro lugar, a Deus que sempre esteve comigo e nas horas

que tive dificuldades, tenho certeza que foi ele quem me deu força necessária para

concluir esse objetivo.

Agradeço a meus pais, que sempre me incentivaram a estudar. Agradeço a

minha mãe pelas vezes, enquanto eu ainda era uma criança, que ela me ajudava

na escola com os temas de casa que na época eu não era capaz de realizar

sozinho, tenho certeza de que esses momentos foram decisivos, pois se eu não

tivesse tido um apoio, provavelmente, teria desistido antes de chegar à faculdade.

Agradeço a meu pai pela sua exigência, pois para ele a única nota satisfatória era a

nota DEZ. Para meu pai se você tira NOVE não significa que você sabe 90% do

conteúdo e sim que você não aprendeu 10% do que foi abordado em aula. A soma

desses valores mais a educação e orientação vinda deles, ajudaram-me a não

desistir nunca nos primeiros obstáculos.

Agradeço a minha namorada Kelly que embora não tenha participado de toda

minha trajetória na faculdade, foi muito importante na reta final da conquista desse

“título”, pois surgiu na minha vida num período bastante turbulento e ajudou-me de

forma ímpar, com sua alegria, compreensão e paciência.

Agradeço ao amigo e orientador desse trabalho, Prof. Me. Diogo Scolari que

sempre se mostrou interessado no desenvolvimento desse trabalho. Nas horas em

que eu vacilei, ele estava lá para me direcionar.

Agradeço a todos os professores que de alguma forma contribuíram para

minha formação. Dentre esses professores gostaria de agradecer ao professor Artur

Severo pelas aulas de Sinais e Sistemas e também Controle, são cadeiras como

essas que valorizam nossa conquista. Gostaria também de agradecer ao professor

Alexandre Haupt, o mais didático que tive durante o curso.

Agradeço de forma especial ao atual coordenador do curso, Prof. Dr. Tiago

Balen, pois está sempre disposto em ajudar a todos que o procuram, e na medida

do possível toma decisões que são para o bem geral do curso de Eng. de

Telecomunicações.

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Agradeço também aos meus familiares, amigos, colegas de aula que

colaboram, direta e indiretamente para realização desse objetivo. Aos familiares e

amigos pela compreensão das vezes em que estive ausente, aos colegas de aula

pelas tantas vezes em que estivemos juntos, principalmente no tão citado lab. do 7°

andar.

Na categoria de grandes amigos, gostaria de deixar um agradecimento

especial ao Marcos Abib, aprendi muitas coisas, principalmente, sobre

comportamento pessoal dentro das organizações e também na vida pessoal.

Agradeço aos ex-colegas de trabalho da empresa Exatron, principalmente ao

Regis Haubert, Claudir Dias e Solange Martins, que no início dessa caminhada me

apoiaram de forma incisiva.

Agradeço a todos os colegas da empresa Siemens Iriel, de forma especial a

Luciano Gomes, Felipe Pereira, Marcelo Aguiar, Michele Antunes, Ivonne Duso,

Claudionei Lima, Pablito Garcia, Eliane Viana e Vanessa Miranda.

Agradeço a empresa Siemens por ter me disponibilizado a oportunidade de

conhecer e pesquisar sobre o assunto desse trabalho.

Enfim, a todos que de alguma forma colaboraram para realização desse

sonho, deixo meu MUITO OBRIGADO!

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“If I have been able to see further, it was only

because I stood on the shoulders of giants”.

"Tenho a impressão de ter sido uma criança

brincando à beira-mar, divertindo-me em descobrir

uma pedrinha mais lisa ou uma concha mais

bonita que as outras, enquanto o imenso oceano

da verdade continua misterioso diante de meus

olhos”.

Sir Isaac Newton

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RESUMO

A interferência eletromagnética (EMI) em equipamentos eletrônicos está tornando-

se cada vez mais notável. As pessoas vêem com entusiasmo a evolução de

aparelhos eletrônicos, principalmente aqueles sem fio, mas, o que infelizmente nem

sempre é percebido são as consequências que essa “poluição” do espectro de

frequência traz para o ambiente onde vivemos. É de suma importância que

aparelhos eletroeletrônicos não tenham funcionamento indesejado quando

expostos a ambientes eletromagnéticos. Para isso, é necessário que se entenda

como o ruído eletromagnético pode interferir em nesses equipamentos.

Considerando as perturbações da interferência eletromagnética será feito estudo e

desenvolvimento de um trabalho que aborde como se origina a EMI

(Electromagnetic Interference), seus principais efeitos já conhecidos e formas de

imunizar um produto eletroeletrônico quanto a EMI se valendo dos conceitos de

compatibilidade eletromagnética (EMC). Existem normas que regulam a EMI gerada

por equipamentos, com isso tanto do ponto de vista técnico quanto do ponto de

vista legal, fica evidenciado a necessidade de se aplicar técnicas para que a EMI

seja reduzida. Tem-se como objetivo demonstrar os efeitos da interferência

eletromagnética e como eliminá-la usando conceitos de compatibilidade

eletromagnética, de uma forma que seja compreendida não apenas por pessoas

que tenham conhecimento técnico do assunto, mas também por leigos que possam

vir a se interessar por este tema.

Palavras-Chave: EMC (Eletromagnetic Compatibility), EMI (Eletromagnetic

Interference), Interferência Eletromagnética, Produto Eletroeletrônico.

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ABSTRACT

The electromagnetic interference (EMI) in electronics equipments is becoming more

and more notable. The people see with enthusiasm the evolution of electronic

devices, mainly the wireless devices, but, unfortunately the bad consequences that

the pollution of frequency spectrum brings to environment where we live, not always

considered is. Therefore, it is fundamental that electronic devices continue having a

good work even if on show in electromagnetic environments. For it is important to

understand how the electromagnetic noise can disturb these equipments.

Considering electromagnetic interference disturbs will be done a study and

development of a work that accost how the EMI begins, the mainly effects caused

and ways to immunize an electronic device against EMI, using the electromagnetic

compatibility concepts (EMC). There are standards that regularize the EMI generated

by equipments, in this way, from the technical view point as well as from the legal

viewpoint, can be understood the necessity in implement techniques for to reduce the

interference electromagnetic. The objective from this work is demonstrate the

electromagnetic interference and how to reduce it using electromagnetic compatibility

concepts, by the way that not just technical people understand, but everyone that

have interest about this issue can read and understand too.

Palavras-Chave: EMC (Eletromagnetic Compatibility), EMI (Eletromagnetic

Interference), electroelectronic device.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Surto de tensão ou corrente elétrica de 100/1300µs ................................ 33

Figura 2 - Impulso de tensão de 1,2 / 50µs ............................................................... 34

Figura 3 - Impulso de corrente 8 / 20 µs.................................................................... 34

Figura 4 - Rajada de pulsos ...................................................................................... 35

Figura 5 - Características de um pulso individual da rajada de pulsos...................... 35

Figura 6 - Oscilações senoidais amortecidas............................................................ 36

Figura 7 - Diagrama de estudo de EMC.................................................................... 37

Figura 8 - Comparação entre os níveis de perturbação eletromagnética.................. 37

Figura 9 - Acoplamento por impedância comum....................................................... 38

Figura 10 - Acoplamento condutivo........................................................................... 39

Figura 11 - Acoplamento por indução ....................................................................... 40

Figura 12 - Modelo do acoplamento capacitivo ......................................................... 41

Figura 13 - Comportamento do acoplamento capacitivo em relação a frequência.... 41

Figura 14 - Modelo do acoplamento indutivo............................................................. 42

Figura 15 - Acoplamento por irradiação de campo eletromagnético. ........................ 43

Figura 16 - Ambiente Eletromagnético ...................................................................... 47

Figura 17 - Relação entre indutância e a geometria do circuito ................................ 62

Figura 18 - Influência do “layout” de um cartão na indutância do circuito. Este “layout”

de aterramento resulta em indutância máxima.......................................................... 63

Figura 19 - Percurso de alimentação e retorno para as correntes ............................ 63

Figura 20 - Placa de circuito impresso multicamada para circuitos digitais............... 65

Figura 21 - Embedded Circuits.................................................................................. 65

Figura 22 - Transiente de corrente da fonte de alimentação..................................... 67

Figura 23 - Pontos de Ground na PCB...................................................................... 68

Figura 24 - Separação por ponte............................................................................... 69

Figura 25 - Separação por ponte............................................................................... 69

Figura 26 - Separação de circuitos digitais e analógicos por filtros........................... 71

Figura 27- Laminados de folhas metálicas para cabos de par trançado ................... 74

Figura 28 - Gaxetas de EMI Metálicas ...................................................................... 75

Figura 29 - Passagem de Ventilação com Blindagem EMI ....................................... 76

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Figura 30 - Janelas Blindadas................................................................................... 76

Figura 31 - Ferrites para Absorção............................................................................ 77

Figura 32 - Gaxetas de Elastômeros Condutivos ...................................................... 77

Figura 33 - Região de disparo do triac ...................................................................... 86

Figura 34 - Esquema elétrico dimmer comum........................................................... 86

Figura 35 - Esquema elétrico dimmer com EMC....................................................... 87

Figura 36 - Camadas que formam a estrutura da PCB ............................................. 88

Figura 37 - Distribuição dos componentes na PCB................................................... 89

Figura 38 - Serigrafia da placa mostrando posição do capacitor X2 e Indutor .......... 89

Figura 39 - Painel Top............................................................................................... 90

Figura 40 - Senóide pura com sua FFT a 1250 Hz / divisão ..................................... 90

Figura 41 - Senóide pura com sua FFT a 125 Hz / divisão ....................................... 91

Figura 42 - Dimmer sem proteção EMI ..................................................................... 92

Figura 43 - Efeito na senóide com dimmer em 10% da potência máxima................. 92

Figura 44 - Efeito na senóide com dimmer em 10% da potência máxima................. 93

Figura 45 - Efeito na senóide com dimmer em 50% da potência máxima................. 93

Figura 46 - Efeito na senóide com dimmer em 50% da potência máxima................. 94

Figura 47 - Efeito na senóide com dimmer em 100% da potência máxima............... 94

Figura 48 - Efeito na senóide com dimmer em 100% da potência máxima............... 95

Figura 49 - Dimmer com proteção EMI, blindagem e indutor .................................... 96

Figura 50 - Dimmer com proteção EMI, capacitor X2 e indutor................................. 96

Figura 51 - Efeito na senóide com dimmer em 10% da potência máxima................. 97

Figura 52 - Efeito na senóide com dimmer em 10% da potência máxima................. 97

Figura 53 - Efeito na senóide com dimmer em 50% da potência máxima................. 98

Figura 54 - Efeito na senóide com dimmer em 50% da potência máxima................. 98

Figura 55 - Efeito na senóide com dimmer em 100% da potência máxima............... 99

Figura 56 - Efeito na senóide com dimmer em 100% da potência máxima............... 99

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - THDs de tensão e corrente em lâmpadas incandescentes ...................... 30

Tabela 2 - THDs de lâmpadas incandescentes dimerizadas .................................... 31

Tabela 3 - THDs de Aparelhos Eletrônicos ............................................................... 32

Tabela 4 - Impedância de uma trilha de circuito impresso de 10 mm de comprimento

(indutância de 5,9 nH) ............................................................................................... 60

Tabela 5 - Nível de interferência para dimmer´s atuando em 10% da senóide....... 100

Tabela 6 - Nível de interferência para dimmer´s atuando em 50% da senóide....... 100

Tabela 7 - Nível de interferência para dimmer´s atuando em 90% da senóide....... 100

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

AM – Amplitude Modulada

ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações

CA – Corrente Alternada

CC – Corrente Contínua

CEN/Cenelec – Comitê Europeu de Normalização/ Comitê Europeu de Normalização

Eletrotécnica

CI – Circuito Integrado

CISPR – Comité International Spécial des Pertubations Radioélectriques

dB – Decibel

EMC – Electromagnetic Compatibility

EMI – Electromagnetic Interference

ESD – Electrostatic Discharge

FAA – Administração Federal de Aviação

FCC – Federal Communications Commission

FFT - Fast Fourier Transform

FM – Frequência Modulada

IEC – International Electrotechnical Commission

IPT – Instituto de Pesquisas Tecnologicas

LFCs – Lâmpadas fluorescentes Compactas

MIL-STD – Military Standard

NHTSA – Agência Americana de Segurança nas Estradas

NBR – Norma Brasileira

PCI – Placa de Circuito Impresso

PED – Portable Electronic Device

RF – Rádio Freqüência

SAE – Society of Automotive Engineers

THD – Total Harmonic Distortion

VCC – Tensão de Corrente Continua

VDE-FTZ – Verband Deutscher Electrotechniker-technical agency of the German

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LISTA DE SÍMBOLOS

mHz: MegaHertz

dv/dt: derivada de tensão

di/dt: derivada de corrente

gHz: GigaHertz

kHz: KiloHertz

Hz: Hertz

%: Porcentagem

W: Watts

µs: Microssegundo

kV: KiloVolt

Ω: Ohm

m: Metro

pF: PicoFarad

nH: NanoHenry

nS: NanoSegundo

µH: MicroHenry

V: Volt

cm: Centímetro

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 17

2 INTERFERÊNCIA ELETROMAGNÉTICA .................... ......................................... 19

2.1 Perturbações Eletromagnéticas .................. ................................................................................. 22

2.1.1 Fontes de perturbações eletromagnéticas.................................................................................... 23

2.2 Perturbações eletromagnéticas conduzidas pela r ede elétrica ....................................... ......... 24

2.2.1 Perturbações eletromagnéticas de baixa frequência .................................................................... 24

2.2.1.1 Harmônicos ................................................................................................................................ 26

2.2.2 Perturbações eletromagnéticas de alta frequência e transientes ................................................. 33

2.3 Comparação entre os níveis de perturbação eletr omagnética ......................................... ........ 36

2.4 Propagação das perturbações eletromagnéticas... .................................................................... 38

2.4.1 Acoplamento através de uma impedância comum ....................................................................... 38

2.4.2 Acoplamento condutivo ................................................................................................................. 39

2.4.3 Acoplamento por indução.............................................................................................................. 40

2.4.4 Acoplamento por irradiação de campo eletromagnético............................................................... 42

2.5 Interferência Eletromagnética em aeronaves..... ......................................................................... 43

2.5.1 Dispositivos Eletrônicos Portáteis (PEDs) .................................................................................... 44

3 COMPATIBILIDADE ELETROMAGNÉTICA.................. ....................................... 45

3.1 Requisitos EMC para equipamentos eletroeletrôni cos................................................ .............. 47

3.1.1 Requerimentos Internacionais ...................................................................................................... 47

3.1.2 Requerimentos no Brasil ............................................................................................................... 49

4 TÉCNICAS PARA REDUÇÃO DE EMI ..................... ............................................ 52

4.1 Comportamento não ideal dos componentes ............ ................................................. 52

4.1.1 Condutores (fios e trilhas) ............................................................................................................. 52

4.1.2 Trilhas de placas de circuito impresso .......................................................................................... 53

4.1.3 Efeito dos terminais de um componente....................................................................................... 53

4.1.4 Resistores...................................................................................................................................... 54

4.1.5 Capacitores ................................................................................................................................... 54

4.1.6 Indutores........................................................................................................................................ 54

4.1.7 Capacitâncias parasitas e de acoplamento .................................................................................. 55

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4.2 Segregação de Circuitos ........................ ....................................................................................... 55

4.2 Disposição de Componentes e Trilhas ............ ............................................................................ 57

4.3 Supressão da Interface......................... ......................................................................................... 57

4.4 Característica típica de operações de circuitos integrados ........................................ .............. 59

4.5 Perturbações no aterramento do circuito digital ........................................................................ 60

4.5.1 Distribuição de alimentação .......................................................................................................... 66

4.5.2 Sugestões de layout interfaces de redes e telecomunicações ..................................................... 67

4.5.2.1 Separação por ponte.................................................................................................................. 69

4.6 Blindagens e fugas em Compatibilidade Eletromag nética............................................. ........... 71

4.6.1 Tipos de Blindagem....................................................................................................................... 73

4.6.1.1 Dispositivos diversos para a blindagem..................................................................................... 74

4.6.2 Eficácia da Blindagem................................................................................................................... 78

4.6.2.1 Usando blindagem em circuito impresso ................................................................................... 78

5 CASOS CURIOSOS ENVOLVENDO EMI ...................... ....................................... 80

5.1 Nissan......................................... ..................................................................................................... 80

5.2 Segunda Guerra Mundial......................... ...................................................................................... 80

5.3 Recall Toyota .................................. ................................................................................................ 81

5.4 Grua falante, Piloto automático desligado e rob ôs sem controle.................................... ......... 81

6 APLICAÇÃO PRÁTICA ................................ ......................................................... 85

6.1 Principio de funcionamento de um dimmer ........ ........................................................................ 85

6.2 Projeto de dimmer considerando os conceitos de EMC............................................................ 87

6.2.1 Esquema elétrico dimmer.............................................................................................................. 87

6.2.2 Layout e estrutura da PCI ............................................................................................................. 87

6.3 Rede elétrica e variações decorridas após o uso do dimmer ......................................... .......... 90

6.3.1 Senóide da rede elétrica ............................................................................................................... 90

6.3.2 Dimmer sem proteção para EMI ................................................................................................... 91

6.3.3 Dimmer com proteção para EMI ................................................................................................... 95

6 CONCLUSÃO ....................................... .............................................................. 101

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REFERÊNCIAS....................................................................................................... 103

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1 INTRODUÇÃO

Com a crescente utilização de produtos eletroeletrônicos, o mercado desses

equipamentos está cada dia mais acirrado, refletindo assim no profissional que

desenvolve os aparelhos, o Engenheiro Eletroeletrônico, Telecomunicações.

Esse profissional é desafiado diariamente a criar produtos inovadores e que

custem menos do que o do concorrente, tudo isso, muitas vezes, dentro de um

cronograma apertado. Entretanto, não raras são as situações em que algumas

etapas do projeto são abandonadas, como, por exemplo, testes de funcionamento

que pudessem simular a real utilização que o produto será submetido posteriormente

em campo.

Neste trabalho será abordado um problema em especial, a interferência

eletromagnética. Interferência Eletromagnética (EMI) é uma perturbação de origem

eletromagnética cujo efeito causa uma degradação no desempenho e funcionamento

normal de um componente, dispositivo e sistema eletroeletrônico. EMI relaciona

todos os problemas referentes à transferência de energia eletromagnética. A

interferência eletromagnética é um campo ou onda elétrica ou magnética que pode

ou não alterar o funcionamento ou danificar um equipamento eletroeletrônico. A

interferência pode ser proposital ou acidental e pode ser de origem natural ou

artificial. O campo magnético terrestre é de origem natural e pode causar

interferência em sistemas elétricos de potência pela influência de sua força, as

descargas atmosféricas e os ventos são exemplos de causas naturais de EMIS e

assim como manchas solares causam interferência em sinais de telecomunicações

através de radiação cósmica gerada. Outro conceito que será abordado é a

Compatibilidade Eletromagnética (EMC), que é a capacidade de um equipamento

eletrônico funcionar corretamente estando imerso num ambiente eletromagnético.

Para ilustrar melhor o problema de interferência eletromagnética, pode ser

citado o seguinte exemplo:

Numa determinada época, microprocessadores foram introduzidos em alguns

ônibus escolares para operar dispositivos antiderrapantes dos freios, mas não foi

planejado para esse caso que interferências eletromagnéticas pudessem gerar

alguma situação de risco. No entanto, ao se aproximar de um carro da polícia os

Page 19: CENTRO UNIVERSITÁRIO LA SALLE · Trabalho de conclusão apresentado como ... comportamento pessoal dentro das organizações e também na vida ... como o ruído eletromagnético

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microprocessadores sem proteção eletromagnética (EMC), sofreram interferência do

rádio transmissor tornando os freios do ônibus escolar inoperante. Dessa forma um

componente que era de segurança falhou e poderia ter causado uma tragédia.

No Brasil o interesse pelo tema tem aumentado nos últimos anos com a

ocorrência de alguns fatos e instalações de multinacionais em nosso país,

principalmente, as européias e com isso, a Agência Nacional de Telecomunicações

(Anatel), por meio da Resolução nº 237 – Regulamento para certificação de

equipamentos de telecomunicações quanto aos aspectos de compatibilidade

eletromagnética, de 09 de novembro de 2000, passou a exigir de todos os

fabricantes nacionais de equipamentos para uso em telecomunicações o

cumprimento de requisitos específicos em EMC, que refletem as especificações

técnicas da Diretiva EMC. Essa resolução pode ser lida no seguinte link:

http://www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documento.asp?numeroPublicac

ao=17640&assuntoPublicacao=Regulamento%20para%20certificação%20de%20eq

uipamentos%20de%20telecomunicações%20quanto%20aos%20aspectos%20de%2

0compatibilidade%20eletromagnética&caminhoRel=Cidadao-Biblioteca-

Acervo%20Documental&filtro=1&documentoPath=biblioteca/resolucao/2000/anexo_r

es_237_2000.pdf.

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2 INTERFERÊNCIA ELETROMAGNÉTICA

Nesse momento é importante que algumas definições sejam entendidas.

Conforme Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) tem-se as seguintes

definições:

a) Ambiente eletromagnético: Conjunto de fenômenos eletromagnéticos

existentes em um dado local.

b) Ruído eletromagnético: Fenômeno eletromagnético variável no tempo,

aparentemente não contendo informação e capaz de superpor-se a um

sinal desejado ou de combinar-se com o mesmo.

c) Sinal não desejado: Sinal capaz de prejudicar a recepção de um sinal

desejado.

d) Sinal interferente: Sinal que prejudica a recepção de um sinal desejado.

e) Perturbação eletromagnética: Fenômeno eletromagnético capaz de

degradar o desempenho de um dispositivo, equipamento ou sistema, ou de

afetar desfavoravelmente matéria viva ou inerte. Nota: Uma perturbação

eletromagnética pode ser um ruído eletromagnético, um sinal não desejado

ou uma modificação do próprio meio de propagação.

f) Interferência eletromagnética (EMI): Degradação do desempenho de um

equipamento, canal de transmissão ou sistema; causada por uma

perturbação eletromagnética. Nota: Os termos “perturbação

eletromagnética” e “interferência eletromagnética” designam,

respectivamente, causa e efeito, e não devem ser utilizados

indiscriminadamente.

g) Compatibilidade eletromagnética (EMC): Capacidade de um dispositivo,

equipamento ou sistema para funcionar satisfatoriamente no seu ambiente

eletromagnético, sem introduzir perturbação eletromagnética intolerável em

tudo que se encontre nesse ambiente.

h) Emissão (eletromagnética): Fenômeno pelo qual a energia eletromagnética

emana de uma fonte.

i) Radiação (eletromagnética): 1. Fenômeno pelo qual a energia emana de

uma fonte para o espaço sob a forma de ondas eletromagnéticas. 2.

Page 21: CENTRO UNIVERSITÁRIO LA SALLE · Trabalho de conclusão apresentado como ... comportamento pessoal dentro das organizações e também na vida ... como o ruído eletromagnético

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Energia transferida através do espaço sob a forma de ondas

eletromagnéticas.

j) Interferência intersistemas: Interferência eletromagnética que ocorre num

sistema devido a uma perturbação eletromagnética produzida por outro

sistema.

k) Interferência intra-sistema: Interferência eletromagnética que ocorre num

sistema devido a uma perturbação eletromagnética produzida dentro do

próprio sistema.

l) Ruído natural: Ruído eletromagnético cuja fonte reside em fenômenos

naturais e não naqueles produzidos artificialmente.

m) Ruído artificial: Ruído eletromagnético produzido artificialmente.

n) Célula TEM: Recinto fechado, frequentemente constituindo uma linha

coaxial retangular, no qual uma onda se propaga em modo eletromagnético

transversal, a fim de produzir um campo especificado para os ensaios.

o) Rede Fictícia: Rede inserida no cabo de alimentação elétrica de um

equipamento sob ensaio e que fornece, em uma dada faixa de frequências,

uma impedância de carga especificada, para medição de tensões de

perturbação e que pode desacoplar tal equipamento da rede elétrica,

naquela faixa de frequências.

p) Rede Fictícia em V: Rede fictícia que possibilita medir separadamente as

tensões entre cada condutor e a terra.

q) Plano (de referência) de terra: Superfície condutiva plana, cujo potencial é

utilizado como uma referência comum.

r) Corrente de modo diferencial: Em um cabo de dois condutores, ou para

dois condutores particulares em um cabo multicondutor, é a metade da

amplitude da diferença dos fasores que representam as correntes em cada

condutor.

s) Corrente de modo comum: Em um cabo tendo mais que um condutor,

incluindo blindagens onde houver, é a amplitude da soma dos fasores

representando as correntes de cada um dos condutores.

t) Faixa de passagem (de uma emissão ou sinal): Largura da faixa de

frequência fora da qual o nível de qualquer componente espectral não

excede um percentual especificado de um nível de referência.

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21

u) Perturbação de faixa larga: Uma perturbação eletromagnética de largura de

faixa maior que aquela de um dado equipamento de medição, receptor ou

dispositivo susceptível.

v) Perturbação de faixa estreita: Uma perturbação eletromagnética, ou

componente espectral de uma perturbação, de largura de faixa menor ou

igual àquela de um dado equipamento de medição, receptor ou dispositivo

susceptível.

A EMI é a energia que causa resposta indesejável a qualquer equipamento e

que pode ser gerada por centelhamento nas escovas de motores, chaveamento de

circuitos de potência, em acionamentos de cargas indutivas e resistivas,

acionamentos de relés, chaves, disjuntores, lâmpadas fluorescentes, aquecedores,

ignições automotivas, descargas atmosféricas e mesmo as descargas eletrostáticas

entre pessoas e equipamentos, aparelhos de micro-ondas e equipamentos de

comunicação móvel. Tudo isto pode provocar alterações causando sobretensão,

subtensão, picos, transientes e outros tipos de ruído.

A exposição de equipamentos à diversas tecnologias diferentes somada à

inadequação das instalações, possibilitam a geração e emissão de interferência

eletromagnética. A ocorrência dessas perturbações é muito comum nas indústrias e

fábricas, onde a EMI é muito frequente em função do maior uso de máquinas e

motores que geram transientes na rede elétrica. O maior problema causado pela EMI

são as situações esporádicas e que degradam aos poucos os equipamentos e seus

componentes. Os mais diversos problemas podem ser gerados pela EMI, por

exemplo, em equipamentos eletrônicos, podemos ter falhas na comunicação entre

dispositivos de uma rede de equipamentos e/ou computadores, alarmes gerados

sem explicação, atuação em relés que não seguem uma lógica e sem haver

comando para isto e, queima de componentes e circuitos eletrônicos, etc. É muito

comum a presença de ruídos na alimentação devido a erros de projeto na

determinação do aterramento.

A EMI deve ser considerada também em sistemas digitais e analógicos onde

estamos falando de frequências de 30 a 300 MHz, ou seja, superiores a VHF [DE

LIZ].

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22

Em geral, em frequências elevadas, os condutores se aproximam ainda mais

do comportamento de uma antena, o que nos ajuda a entender porque os problemas

de emissão de EMI se agravam em redes que operam em altas velocidades.

Qualquer circuito eletrônico é capaz de gerar algum tipo de campo magnético

ao seu redor e seu efeito vai depender de sua amplitude e duração.

Outro exemplo típico de como a EMI pode afetar o comportamento de um

componente eletrônico, é um capacitor que fique sujeito a um pico de tensão maior

que sua tensão nominal especificada, com isto pode-se ter a degradação do

dielétrico (a espessura do dielétrico é limitada pela tensão de operação do capacitor,

que deve produzir um gradiente de potencial inferior à rigidez dielétrica do material),

causando um mau funcionamento e em alguns casos a própria queima do capacitor.

A eletricidade estática é uma carga elétrica em repouso que é gerada principalmente

pelo desbalanceamento de elétrons localizado sob uma superfície ou no ar do

ambiente. Este desbalanceamento de elétrons gera assim um campo elétrico que é

capaz de influenciar outros objetos que se encontram a uma determinada distância.

O nível de carga é afetado pelo tipo de material, velocidade de contato e separação

dos corpos. Quando um objeto é carregado eletrostaticamente, um campo elétrico

associado a esta carga é criado em torno dele e um dispositivo sujeito a este campo,

que não esteja aterrado, poderá ser induzido, causando uma transferência das

cargas entre os dois corpos. Esta transferência de cargas poderá resultar em falhas

que reduzem a vida útil de algum equipamento, ou até mesmo o inutilize

permanentemente.

2.1 Perturbações Eletromagnéticas

Uma onda senoidal pura (sem distorção), de uma dada frequência e de uma

dada amplitude, não possui componentes harmônicos acima da frequência

fundamental. Se uma onda senoidal for retificada, componentes harmônicos pares

são produzidos. Uma forma de onda quadrada, por outro lado, consiste de uma

frequência fundamental e contém todos os componentes harmônicos ímpares desta

frequência. Entre estes extremos estão diversas formas de onda: retangular,

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23

trapezoidal e oscilatória decorrente de um pulso ou transiente, tais formas de onda

possuem combinações de componentes harmônicos pares e ímpares. Quando uma

tensão ou corrente muda de amplitude abruptamente em relação ao tempo, as

mudanças nas derivadas de tensão (dv/dt) e corrente (di/dt) produzem componentes

harmônicos de natureza elétrica ou magnética, respectivamente. Se o espectro de

frequências das formas de onda de excitação for conhecido, o espectro de

frequências da resposta pode então ser previsto e a própria resposta ser

determinada. As perturbações eletromagnéticas possuem seu espaço no espectro

eletromagnético de frequências.

Perturbação Eletromagnética é qualquer fenômeno eletromagnético que pode

causar degradação no funcionamento de um equipamento ou sistema. A perturbação

eletromagnética pode ser um ruído, um sinal indesejado ou mesmo uma alteração

nas características do meio de propagação [ABNT].

2.1.1 Fontes de perturbações eletromagnéticas

As fontes reais de perturbações eletromagnéticas que são tão variadas e

variáveis que parecem desafiar qualquer tentativa de formulação de um banco de

dados de alguma utilidade prática. Para identificar e quantificar perturbações é

necessário que se identifique a característica crítica e quanto essa característica é

crítica. Essa criticidade é determinada somente pela suscetibilidade dos receptores

envolvidos. Se não tivéssemos receptores, e nenhum acoplamento, as fontes de

perturbação não teriam importância. A seguir temos as principais características

críticas das fontes de perturbação que devem ser conhecidas:

a) Origem da perturbação eletromagnética. Para o controle é importante

conhecer de onde a perturbação se origina (localização, externa, ou interna

ao sistema).

b) Frequência. Esta pode ser um campo de 10 Hz (+ ou – 2 Hz) entrando em

batimento com as ondas alfa de uma pessoa, causando desorientação, ou

pode ser um harmônico de um transmissor de rádio causando interferência

de RF.

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24

c) Tensão e dV/dt. Causando perfuração dielétrica ou erros em

processamentos digitais de dados.

d) Corrente e dI/dt. Calor excessivo (e incêndios) são causados se correntes

excessivas duram por muito tempo ou transientes de tensão perigosos

ocorrem se correntes variam num tempo muito curto.

e) Energia do impulso (em adição à duração e tempo de subida como

parâmetros diferenciadores). Podem criar ressonâncias destrutivas ou

interferentes, ou ainda matar uma pessoa.

f) Modo (diferencial ou comum). Frequentemente faz diferença se uma

perturbação causa ou não algum prejuízo.

2.2 Perturbações eletromagnéticas conduzidas pela re de elétrica

Conforme Souza, a rede de transmissão de energia elétrica constitui um meio

importante de propagação das perturbações eletromagnéticas, pois é parte da infra-

estrutura básica de qualquer sociedade organizada da atualidade. A grande

diversidade de equipamentos e sistemas alimentados e interligados por esta rede

aponta para uma alta probabilidade de ocorrerem degradações no desempenho de

funcionamento de diversos equipamentos ou sistemas provocados por perturbações

eletromagnéticas que trafegam por ela.

A própria rede elétrica pode ser considerada uma fonte de perturbações

eletromagnéticas, pois as alterações de características deste meio de transmissão

são também consideradas como um tipo de perturbação eletromagnética.

A seguir são descritas estas perturbações eletromagnéticas de uma forma mais

detalhada, apresentando as causas e principais características de cada tipo.

2.2.1 Perturbações eletromagnéticas de baixa frequência

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As principais perturbações eletromagnéticas de baixa frequência conduzidas

pela rede elétrica de interesse neste trabalho são:

a) harmônicos

Quando na rede elétrica estão presentes sinais de tensão e correntes elétricas

não senoidais, com auxílio da série de Fourier podem–se representar estes sinais

por um somatório de parcelas senoidais composto de um componente fundamental e

outros componentes de frequências múltiplas deste valor, chamados de

componentes harmônicos. A presença destes componentes harmônicos pode causar

desde degradações no funcionamento até danos irreversíveis a equipamentos e

sistemas conectados à rede.

Normalmente, nos testes de imunidade eletromagnética, são considerados os

componentes harmônicos até a 40ª ordem, isto é, com frequências de 2000 Hz para

rede de 50 Hz e 2400 Hz para rede de 60 Hz.

b) inter-harmônicos

Os sinais denominados de Inter-harmônicos não apresentam frequências

múltiplas da frequência fundamental da rede elétrica e são produzidos, como

exemplo, por conversores estáticos de frequência e sistemas de comunicação do

tipo Carrier (que usam a rede elétrica como meio de comunicação). Estes tipos de

perturbações eletromagnéticas podem causar degradações e danos a equipamentos

e sistemas de forma semelhante aos harmônicos.

Nos testes de imunidade eletromagnética em relação aos inter-harmônicos são

levados em conta: sinais de áudio de 110 Hz à 2000 Hz; sinais de frequências

médias de 3 kHz à 20 kHz; sinais de rádio frequência de 20 kHz à 500 kHz e pulsos

de curta duração.

c) variações de tensão

As variações de tensão são definidas como variações rápidas da tensão de

alimentação em condições normais de operação. Estas variações são causadas por

variações contínuas das condições de carga, pelo chaveamento de cargas e mesmo

pelas mudanças abruptas da tensão da rede.

Estas variações ocorrem em uma gama de + 10 % em relação ao valor nominal

da tensão.

d) afundamento de tensão

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O afundamento de tensão é definido como a queda da tensão de até 15% do

valor nominal com duração entre 0,5 e 50 períodos do sinal. Este tipo de perturbação

eletromagnética é provocado por falhas nas redes de alta, média e baixa tensão.

e) interrupções curtas

São consideradas interrupções curtas as variações de 100% do valor da tensão

nominal em intervalos de 0,5 a 50 períodos do sinal.

f) desequilíbrio

O desequilíbrio de tensão é provocado, entre outros, pela distribuição

heterogênea de cargas monofásicas no sistema trifásico. Este desequilíbrio pode

afetar equipamentos com alimentação trifásica como, por exemplo, o aquecimento

de motores e introduzir erro na comutação de dispositivos em equipamentos

eletrônicos de potência.

g) DC offset

A superposição de níveis CC em sinais alternados produz distorções

harmônicas e geram aquecimento de equipamentos industriais, sobretudo em

transformadores.

2.2.1.1 Harmônicos

Os harmônicos são ondas senoidais de frequências múltiplas inteiras a uma

frequência de referência, chamada fundamental. No caso do sistema elétrico

brasileiro, a fundamental é a frequência padrão de 60 Hz, tendo como 2º harmônico

uma onda senoidal de 120 Hz, 3º harmônico uma onda senoidal de 180 Hz e assim

por diante.

Os harmônicos são uma forma matemática de analisar a distorção de uma

forma de onda, seja ela de tensão ou de corrente. Esta análise é feita por meio da

decomposição de uma onda, utilizando a série de Fourier. O índice utilizado para

contabilizar a quantidade de harmônicos presentes em uma onda, ou, em outras

palavras, quão distorcida uma onda está em relação a uma onda senoidal é o THD.

O THD é a relação entre a potência da frequência fundamental medida na saída de

um sistema de transmissão e a potência de todas as harmônicas observadas na

Page 28: CENTRO UNIVERSITÁRIO LA SALLE · Trabalho de conclusão apresentado como ... comportamento pessoal dentro das organizações e também na vida ... como o ruído eletromagnético

27

saída do sistema pela não linearidade, quando um sinal único de potência

especificada é aplicado à entrada do sistema. Este é normalmente especificado em

porcentagem (%) ou decibel (dB), e, é um dos parâmetros de maior importância

quando analisamos um equipamento (amplificador, processador, mixer, etc.), quanto

menor a distorção harmônica, melhor é a capacidade de processar, amplificar ou

transmitir o sinal de áudio sem distorcer (mudar as características) o sinal original.

Portanto, lembre-se deste parâmetro sempre que for escolher um equipamento. A

fórmula para THD% é dada por [POMILIO]:

(Eq. 1)

Onde os termos V2 até VN são os níveis dos harmônicos e V1 é o nível da

fundamental.

Assim, podemos dizer que THD é o valor eficaz dos harmônicos dividido pelo

valor eficaz da fundamental, portanto:

(Eq. 2)

eH = Valor eficaz total dos harmônicos

eF = Valor eficaz da fundamental

THD% = THD 100

THDdB = 10.log(THD) – para potências

THD dB = 20.log(THD) – para tensões e correntes

No nosso país vem sendo adotadas medidas de redução para demanda de

energia elétrica, mas essa redução está trazendo um aumento na distorção da

corrente elétrica que circula pelas instalações elétricas.

Para melhor entendimento, foram escolhidos e analisados quatro itens

adotados pela Procel com objetivo de reduzir a demanda de energia, são eles:

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28

Controladores de velocidade variável. Com a possibilidade de economia de

energia e gerência do controle dos fluxos de potência, apresentam, em alguns casos,

harmônicos bastantes significativos.

Lâmpadas fluorescentes compactas. A substituição de lâmpadas

incandescentes por lâmpadas fluorescentes compactas, visando economia, injeta

níveis substanciais de harmônicos nos sistemas de distribuição secundária, além de

contribuir para a diminuição do fator de potência.

Instalação de bancos de capacitores. Visando a melhoria do fator de potência,

uma instalação mal executada, sem uma análise crítica acerca dos harmônicos

circulantes no sistema, provoca problemas de qualidade de energia, tais como:

amplificação do conteúdo harmônico presente no sistema; estabelecimento de

condições de ressonância harmônica; e queima prematura dos bancos de

capacitores devido ao aquecimento de unidades capacitivas sob condições

harmônicas.

Controladores de intensidade luminosa. Também em busca de economia, este

dispositivo piora o fator de potência e aumenta a injeção de harmônicos no sistema

elétrico. Vários estudos realizaram uma análise entre a qualidade de energia elétrica

e a conservação de energia elétrica. Um desses mostra um estudo acerca da

substituição de lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes compactas

(LFCs) em ambientes residenciais que concluiu que, nessa situação, há um ganho

em conservação de energia e uma perda na qualidade de energia elétrica, sobretudo

na corrente circulante na instalação e um aumento na corrente pelo neutro,

principalmente de 3º harmônico.

Outro estudo parecido feito por Gonzales, mas com foco na interferência

causada pelo uso de LFCs em residências, também constatou um ganho na

demanda ativa da residência, porém com um aumento da potência reativa e uma

diminuição do fator de potência. A corrente circulante na instalação elétrica também

ficou mais distorcida. Um terceiro estudo analisou a poluição na rede elétrica

causada por sistemas de controle de iluminação, os dimmers, para controle de

lâmpadas incandescentes, fluorescentes com reatores eletromagnéticos e

eletrônicos. Nessa situação, duas variáveis foram estudadas para efeitos de

comparação: fator de potência e 3º harmônico na corrente.

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29

Variando a potência de iluminação, o fator de potência diminuía com a

diminuição da potência para as lâmpadas incandescente e fluorescente com reator

eletromagnético. Para a lâmpada fluorescente com reator eletrônico, o fator de

potência se mantinha constante. Em relação ao 3º harmônico da corrente, o

percentual deste em relação à fundamental aumentava com a diminuição da

potência de iluminação, também para as lâmpadas incandescentes e fluorescentes

com reator eletromagnético. Mais uma vez, para a lâmpada fluorescente com reator

eletrônico, o percentual de 3º harmônico em relação à fundamental se manteve

constante com a diminuição da potência de iluminação.

Quando foram realizaram ensaios em reatores eletrônicos de lâmpadas

fluorescentes comparando com reatores eletromagnéticos, em outro estudo, foi

percebido que o reator eletrônico, apesar de ser vantajoso no aspecto da

conservação de energia, gera mais harmônicos de corrente, tendo uma forma de

onda bastante distorcida se comparado com o reator eletromagnético. O principal

problema na utilização dos reatores eletrônicos é o aumento da corrente de neutro

em sistemas trifásicos, comumente percebido em prédios comerciais que utilizem

lâmpadas fluorescentes com reator eletrônico na base de sua iluminação. Alguns

pesquisadores, como Tostes, apresentaram medições de correntes de lâmpadas de

descarga utilizadas em iluminação pública, mostrando a corrente e seus harmônicos

de lâmpadas de vapor de mercúrio, vapor de sódio e metálico. Das lâmpadas

analisadas, por exemplo, as que apresentavam maior distorção harmônica de

corrente foram as lâmpadas de vapor de sódio com uma média de 35% de distorção

harmônica de corrente, sendo 20% e 25% para as lâmpadas de vapor de mercúrio e

vapor metálico, respectivamente.

Nessas medições, foram mostradas ainda a realizada em um transformador de

30 kVA que alimentava, exclusivamente, um conjunto de iluminação pública,

contendo 15 postes com quatro lâmpadas de vapor de sódio de 400 W cada um. A

distorção de corrente encontrada foi de 59,37%, sendo que o espectro harmônico

desta corrente apresentou um 3º harmônico de 53,2%, 2% de 5º harmônico e 7,6%

de 7º harmônico. A distorção de tensão medida estava em 6%.

No caso das medições realizadas nos aparelhos eletrodomésticos, foram

medidas de minuto a minuto a tensão, a corrente, o THD de tensão e corrente, o

fator de potência e a potência ativa, reativa e aparente. Como o enfoque deste

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subcapítulo são os harmônicos, os resultados apresentados serão de corrente,

harmônicos, valor eficaz, fator de crista e o THD de tensão no instante de medição. A

forma de onda era guardada no instrumento não de forma automática e sim por

intervenção do usuário. O tempo de coleta total variava de aparelho para aparelho,

conforme sua funcionalidade.

As lâmpadas incandescentes são cargas puramente resistivas, tendo um

comportamento linear, que também é confirmado quando comparado o conteúdo

harmônico da tensão e corrente. A Tabela 1 mostra os THDs de tensão e corrente

em medições realizadas em cinco lâmpadas incandescentes. Pode-se notar que,

descontando os eventuais erros do instrumento de medição, os dois THDs são

iguais, mostrando que estas lâmpadas não geram correntes harmônicas. Enfim, os

harmônicos de corrente serão iguais aos harmônicos de tensão, por serem as

lâmpadas incandescentes cargas lineares.

Tabela 1 - THDs de tensão e corrente em lâmpadas incandescentes

Nº Fabricante/Tipo Potência (W) V I

1 Fabricante 1 - tipo clara 40 4,01 3,672 Fabricante 2 - tipo clara 40 3,91 3,953 Fabricante 3 - tipo bulbo translúcido 60 3,76 3,644 Fabricante 4 - tipo cristal 100 3,22 3,155 Fabricante 5 - tipo buldo translúcido 100 3,76 3,66

Fonte Revista O Setor Elétrico Maio 2010 p. 39.

THD (%)

Entretanto, quando dimerizadas, o conjunto “lâmpada incandescente + dimmer”

passa a ter um comportamento de carga não linear, como mostrado na Tabela 2, na

qual são mostrados os THDs, tanto de tensão quanto de corrente, para os mesmos

níveis de iluminamento e para três dimmers analisados. Quando se reduz o

iluminamento, percebe-se um aumento dos harmônicos, uma vez que a forma de

onda de corrente fica cada vez mais distante de uma forma de onda senoidal.

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Tabela 2 - THDs de lâmpadas incandescentes dimerizadas

Nº Fabricante/TipoV I V I

1 Fabricante 1 - Tipo rotativo 3,40 26,62 3,29 78,032 Fabricante 2 -Tipo deslizante 3,87 37,86 4,10 16,723 Fabricante 3 - Tipo rotativo 4,24 33,74 3,94 74,86

Fonte Revista O Setor Elétrico Maio 2010 p. 39.

Iluminaçãoem 75%THD(%)

Iluminaçãoem 25%THD(%)

a) eletrônicos

Os aparelhos eletrônicos apresentam altos THDs de corrente. Isso se explica

por sua forma de conversão CA-CC utilizada na fonte de alimentação: ponte de

diodos com filtro capacitivo. Esta categoria de eletrodomésticos é a principal carga

não linear de consumidores residenciais e comerciais e, consequentemente, da rede

de distribuição que os abastece. A Tabela 3 traz os aparelhos eletrônicos medidos

com seus respectivos THDs. Os fabricantes estão numerados conforme o tipo de

aparelho, ou seja, o fabricante 1 de televisão não é o mesmo fabricante 1 do

aparelho de som.

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Tabela 3 - THDs de Aparelhos Eletrônicos

Nº Aparelho/FabricanteV I

Computador1 Athlon 1.8 GHz 3,81 89,272 Petium 166 MHz- monitor 14" 4,07 98,473 Petium 300 MHz- monitor 14" 3,10 98,104 Pentium 3 - 1 GHz- monitor 15" 3,66 114,325 Pentium 3 - 1 GHz- monitor 17" 3,75 94,066 Pentium 4 - 2,7 GHz- monitor 17" 3,78 119,967 Pentium 4- 3 GHz monitor 17" 5,28 94,42

Televisão1 Fabricante 1 - 14" 1,07 111,632 Fabricante 2 - 14" 3,03 95,963 Fabricante 3 - 14" 2,98 103,294 Fabricante 4 - 20" 2,90 103,005 Fabricante 5 - 20" 1,69 136,17

Aparelho de Som 1 Fabricante 1 2,40 43,202 Fabricante 2 1,27 61,183 Fabricante 3 3,29 42,804 Fabricante 4 4,50 35,97

Impressora a laser1 Fabricante 1 3,47 111,60

Laptop 1 Fabricante 1 3,04 10,00

Radio relógio 1 Fabricante 1 3,37 51,03

Telefone sem fio1 Fabricante 1 3,45 26,182 Fabricante 2 4,19 29,153 Fabricante 3 1,61 37,84

Videocassete1 Fabricante 1 3,28 135,232 Fabricante 2 3,45 56,28

Videogame1 Fabricante 1 3,30 45,302 Fabricante 2 4,01 56,92

THD

Fonte Revista O Setor Elétrico Maio 2010 p.42.

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2.2.2 Perturbações eletromagnéticas de alta frequência e transientes

A rede elétrica também constitui um meio de transmissão de perturbações com

frequências elevadas e de transições rápidas. As principais perturbações de alta

frequência são:

a) surto de tensão ou corrente elétrica – 100/1300 µs

Os surtos com 100µs de tempo de subida e 1300 µs de tempo de duração,

representados na forma reduzida como surtos-100/1300µs são causados, por

exemplo, pelo rompimento de fusíveis em redes elétricas de baixa tensão e

apresentam alta energia e longa duração. Estes tipos de perturbações podem causar

degradações no funcionamento ou mesmo danos a equipamentos e sistemas

conectados à rede elétrica.

As características principais deste sinal são indicadas abaixo e ilustradas na

figura 1:

Amplitude: 2 a 3 a tensão nominal da rede;

Tempo de subida: 100 [µs];

Tempo de pulso: 1300 [µs].

Figura 1 - Surto de tensão ou corrente elétrica de 100/1300µs Fonte Antônio Marcos de Souza, 2005, p. 17.

b) impulso de tensão elétrica de 1,2 / 50 µs e Impulso de corrente elétrica de

8/20 µs

Estes tipos de perturbações eletromagnéticas podem produzir pulsos de tensão

ou corrente em função da impedância do equipamento ligado à rede elétrica.

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Normalmente são causados por chaveamentos de bancos de capacitores, falhas na

rede e descargas elétricas, entre outras causas.

Estes tipos de perturbações eletromagnéticas podem produzir pulsos de tensão

ou corrente em função da impedância do equipamento ligado à rede elétrica.

Normalmente são causados por chaveamentos de bancos de capacitores, falhas na

rede e descargas elétricas, entre outras causas.

A figura 2 e figura 3 mostram os impulsos de tensão e corrente com os

respectivos tempos de subida e de pulso.

Figura 2 - Impulso de tensão de 1,2 / 50µs Fonte Antônio Marcos de Souza, 2005, p. 18.

Figura 3 - Impulso de corrente 8 / 20 µs Fonte Antônio Marcos de Souza, 2005, p. 18.

c) rajadas de pulsos (Burst)

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Esta perturbação eletromagnética é constituída por uma sucessão de pulsos de

curta duração gerados, por exemplo, no chaveamento de cargas indutivas e a

comutação de contatos de relés e contatores.

Este tipo de sinal apresenta algumas características importantes: Tempo de

subida rápido; pulsos de curta duração; baixa energia e alta taxa de repetição.

A figura 4 e figura 5 apresentam as características da rajada de pulsos e do

pulso individual, respectivamente.

Figura 4 - Rajada de pulsos Fonte Antônio Marcos de Souza, 2005, p. 19.

Figura 5 - Características de um pulso individual da rajada de pulsos Fonte Antônio Marcos de Souza, 2005, p. 19.

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A rajada de pulsos pode produzir apenas degradação no funcionamento de um

equipamento ou sistema, pois apresenta baixa energia não produzindo danos

irreversíveis nestes equipamentos.

d) oscilações senoidais amortecidas

Este tipo de perturbação eletromagnética é normalmente produzido no

chaveamento em redes de baixa, média e alta tensão. O conteúdo energético destas

oscilações é menor que a energia dos surtos de tensão e corrente elétrica. No

entanto pode-se ter a ocorrência de degradações em função da polaridade alternada

deste tipo de perturbação. Estas oscilações podem apresentar amplitudes de pico

até 4 KV e frequências entre 30 KHz a 2 MHz e são mostradas na figura 6.

Figura 6 - Oscilações senoidais amortecidas Fonte Antônio Marcos de Souza, 2005, p. 20.

2.3 Comparação entre os níveis de perturbação eletr omagnética

No estudo da Compatibilidade eletromagnética entre equipamentos ou sistemas

colocados em um mesmo ambiente eletromagnético, como indicado na figura 7,

deve-se analisar a possibilidade de perturbações eletromagnéticas de uma

determinada fonte provocarem a degradação no desempenho ou mesmo a

interrupção no funcionamento de um equipamento em teste.

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Figura 7 - Diagrama de estudo de EMC Fonte Antônio Marcos de Souza, 2005, p. 20.

É preciso levar-se em conta o máximo valor declarado da perturbação

eletromagnética gerada pela fonte, chamado de Nível de Compatibilidade

Eletromagnética e o máximo valor da perturbação eletromagnética aceitável no

equipamento em teste, chamado de Nível de Imunidade Eletromagnética.

Uma comparação entre estes níveis está indicada na figura 8, onde também

aparece o Nível de Susceptibilidade Eletromagnética que indica o valor da

perturbação eletromagnética que indica o valor da perturbação eletromagnética que

produz degradação não aceitável no desempenho do funcionamento do

equipamento em uso.

Figura 8 - Comparação entre os níveis de perturbação eletromagnética Fonte Antônio Marcos de Souza, 2005, p. 07.

A figura apresentada tem o objetivo de ajudar no entendimento sobre os

significados das definições apresentadas. Pela dificuldade que é apresentar esses

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38

valores de forma prática, mostrou-se de forma teórica, onde se leva em consideração

modelos de distribuição estatística. Os níveis de perturbação não são estabelecidos

pelos valores máximos absolutos e sim pelos valores que poderão ser ultrapassados

em algumas ocorrências.

2.4 Propagação das perturbações eletromagnéticas

Será abordado nesse capítulo os tipos de propagação das perturbações

eletromagnéticas da fonte geradora até um receptor. Conforme SOUZA denomina-se

estes fenômenos de acoplamentos da interferência eletromagnética, estes

fenômenos descrevem os mecanismos de transmissão das perturbações, bem como

os meios destes acoplamentos.

2.4.1 Acoplamento através de uma impedância comum

Quando circuitos compartilham o mesmo sistema de alimentação, ou o mesmo

ponto de terra, tem se o acoplamento por meio de uma impedância comum. A figura

9 mostra acoplamento para alimentação em corrente contínua.

Figura 9 - Acoplamento por impedância comum Fonte Antônio Marcos de Souza, 2005, p. 08.

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Com a variação da corrente elétrica em um dos circuitos, tem-se a modificação

da tensão da fonte que alimenta os dois circuitos. Assim, uma ação que ocorre em

um circuito provoca uma variação indesejável da tensão de alimentação no outro

circuito.

Este efeito pode ser demonstrado pela expressão da queda de tensão na

impedância interna da fonte (Vg):

Vg = Zg (I1 + I2) (Eq.3)

Esta queda de tensão é chamada de tensão na impedância comum.

Portanto, qualquer variação espúria na corrente elétrica em um circuito produz

uma variação na tensão da impedância comum. Esta variação poderá causar uma

degradação no funcionamento do outro circuito.

2.4.2 Acoplamento condutivo

Este tipo de acoplamento ocorre de forma mais específica na rede de

transmissão elétrica de baixa e média tensão, onde vários sistemas ruidosos

(motores, conversores, equipamentos de manobra etc.) estão conectados

juntamente com equipamentos ou sistemas eletrônicos. A figura 10 mostra que as

perturbações eletromagnéticas produzidas pela fonte ruidosa são conduzidas pela

rede elétrica, podendo alcançar os equipamentos ou sistemas, que também são

alimentados pela mesma rede.

Figura 10 - Acoplamento condutivo Fonte Souza, 2006.

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2.4.3 Acoplamento por indução

Elementos de circuitos energizados possuem campos elétricos e magnéticos

próprios. Estes campos podem produzir o acoplamento das perturbações

eletromagnéticas de um equipamento ou sistema para outros equipamentos ou

sistemas fisicamente próximos.

A figura 11 indica que a presença de campos elétricos e magnéticos pode

induzir o aparecimento de correntes e tensões elétricas espúrias em equipamentos

ou sistemas localizados na proximidade destes campos.

Figura 11 - Acoplamento por indução Fonte Antônio Marcos de Souza, 2005, p. 10.

Quando ocorre interferência entre dois sistemas por indução, deve-se analisar

esta interferência em função dos agentes: campo elétrico ou campo magnético. O

acoplamento por indução de campo elétrico é denominado de Acoplamento

Capacitivo e o acoplamento por campo magnético é chamado de Acoplamento

Indutivo. O modelo do acoplamento capacitivo é mostrado na figura 12, onde a

grandeza V representa o sinal da fonte da perturbação eletromagnética e Vn indica o

sinal de perturbação presente no sistema que sofre a degradação no desempenho

de seu funcionamento.

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Figura 12 - Modelo do acoplamento capacitivo Fonte Antônio Marcos de Souza, 2005, p. 11.

Esta perturbação eletromagnética é transmitida para Z, através da capacitância

C que existe na região entre a fonte e o receptor. O sinal vn(t) pode ser calculado

pela expressão:

(Eq.4)

Logo, a tensão vn depende do valor da capacitância do acoplamento. A figura

13 mostra o comportamento desta tensão ao longo da frequência:

Figura 13 - Comportamento do acoplamento capacitivo em relação a frequência Fonte Antônio Marcos de Souza, 2005, p. 12.

A figura 14 mostra o modelo do acoplamento indutivo, onde a circulação de

corrente elétrica no primário produz um fluxo magnético gerado por L1 que atinge L2,

chamado de φ12.

Como este fluxo é variável no tempo, tem-se a indução de corrente no circuito

do secundário, produzindo uma tensão vo que representa, neste caso, a perturbação

eletromagnética atingindo um equipamento ou sistema.

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Figura 14 - Modelo do acoplamento indutivo Fonte Antônio Marcos de Souza, 2005, p. 12.

A tensão vo é determinada pela Lei de Faraday:

(Eq. 5)

(Eq. 6)

Onde B12 é a densidade de linhas de força de campo magnético gerado em L1

que atinge L2 e S a área envolvida pelo circuito receptor (secundário). O ângulo θ é

medido entre a direção das linhas de força do campo magnético e o eixo normal à

superfície S. O valor deste ângulo e a área S definem a intensidade do fluxo

magnético que realmente produz a tensão Vo. Analisando a expressão da tensão vo,

pode-se concluir que esta tensão será tanto maior quanto maior for o fluxo φ12 e a

frequência. Este acoplamento pode ocorrer entre bobinas próximas ou mesmo em

circuitos adjacentes e é mais percebido em sistemas que trabalham em altas

frequências.

2.4.4 Acoplamento por irradiação de campo eletromagnético

Neste tipo de acoplamento, tem-se um elemento irradiando um campo

eletromagnético, que se propaga na atmosfera e atinge equipamentos ou sistemas

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localizados em uma grande região em torno desta fonte geradora. Estas ondas

eletromagnéticas são recebidas e produzem perturbações eletromagnéticas no

interior destes sistemas. A figura 15 representa este tipo de acoplamento:

Figura 15 - Acoplamento por irradiação de campo eletromagnético. Fonte Souza, 2006.

É importante lembrar que a teoria elementar de antenas estabelece que

campos eletromagnéticos na proximidade da fonte são considerados campos de

indução e campos distantes da fonte são denominados de campos de irradiação.

2.5 Interferência Eletromagnética em aeronaves

O uso de equipamentos de eletrônicos portáteis causa efeitos sobre o sistema

eletroeletrônico dos aviões que é motivo de preocupação para vários operadores

aeronáuticos. Dentre os aparelhos suspeitos em causar perturbações, estão lap tops,

palmtops, reprodutores e gravadores de áudio, jogos, brinquedos eletrônicos,

celulares e pagers. A utilização desses equipamentos pode causar desacoplamentos

ou desvios de pilotos automáticos, indicações não corretas em displays, e até, o

desligamento não intencional da aviônica.

Em 1960, foi estabelecido um comitê nos Estados Unidos para investigar os

efeitos da EMI em aeronaves civis, nesse caso investigando uma situação onde um

receptor de FM, fez com que o sistema de navegação de um avião indicasse que ele

estava 10 graus fora de curso. Após desligar o receptor, o sistema voltou a indicar a

posição original. O trabalho desse comitê foi responsável pela revisão das regras do

uso de dispositivos eletrônicos portáteis, em inglês, PED (Portable Electronic

Device), a bordo de aviões em 1963.

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A interferência eletromagnética emitida pelos PEDs tem sido considerada como

a principal responsável por eventos anômalos durante vôos.

Estudos estatísticos dão conta de que perturbações oriundas de PEDs estão

entre as principais causas de acidentes e incidentes aéreos. Não há registro de

nenhum acidente fatal que tenha sido provocado por utilização de aparelhos

eletrônicos durante o vôo. No entanto, em 1998, na Tailândia, um Airbus A310 da

Thai Airways caiu na terceira tentativa de pouso no aeroporto de Surat Thani. Como

foram encontrados muitos celulares nos destroços, suspeitou-se que os passageiros

tenham usado os aparelhos para avisar parentes e conhecidos, que os aguardavam

no aeroporto, que o pouso atrasaria (AGHDASSI, 1999).

2.5.1 Dispositivos Eletrônicos Portáteis (PEDs)

Os PEDs transmissores emitem sinais eletromagnéticos, já os eletroeletrônicos

não intencionais não precisam transmitir, mas mesmo assim emitem algum nível de

radiação que pode interferir na operação de outros aparelhos. Por exemplo, se uma

lâmpada fluorescente for acesa próximo a um rádio AM, causará efeitos de estática

sobre esse ele.

Conforme AGHDASSI, o principal suspeito em gerar EMI significativa é os

telefones celulares, que são transmissores intencionais e operam no modo digital na

faixa de 415 MHz, 900 MHz e 1,8 GHz, podendo ter outras faixas noutras regiões do

mundo. Quando em modo de espera e nenhuma ligação está sendo feita, mesmo

assim o celular envia sinal periodicamente para a estação base, a fim de se manter

em contato com a rede e a antena (estação-base). Um avião pousado pode estar

próximo a uma estação-base, e isso resulta numa ligação muito forte entre ela e o

celular a bordo. Sob essas condições a rede deverá ajustar a potência de saída para

níveis baixos para manter contato com a antena, o que representa um nível pequeno

de EMI. Mas, enquanto, no momento da decolagem o avião começa a se afastar da

estação-base, a potência de saída dos aparelhos celulares é reajustada, muitas

vezes para potência máxima, e assim o risco de EMI torna-se maior.

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3 COMPATIBILIDADE ELETROMAGNÉTICA

Compatibilidade Eletromagnética é definida como a habilidade de um

dispositivo, equipamento ou sistema funcionar satisfatoriamente em seu ambiente

sem provocar perturbações intoleráveis a este ambiente ou a seus componentes

(BOSCH, 2004).

O uso de sistemas eletrônicos em sistemas embarcados vem assumindo um

papel indispensável, para o aumento do conforto, segurança e diminuição das

emissões. Por outro lado, equipamentos e produtos eletrônicos estão presentes na

vida diária de milhões de pessoas: telefones celulares, dispositivos sem-fio de

entrada e saída de computadores, como mouses, teclados, redes wi-fi, sem contar

as transmissões de rádio e televisão. Estes sistemas “sem-fio” (do inglês wireless)

operam de maneira silenciosa e invisível, ininterruptamente para a conveniência e

satisfação de necessidades humanas modernas (BIENERT, 2004). Apesar dos

grandes benefícios e facilidades desses sistemas, eles introduzem ondas

eletromagnéticas aos diversos ambientes em que operam. Neste contexto,

compatibilidade eletromagnética vem se tornando uma habilidade cada vez mais

crítica para garantir o correto funcionamento de todos esses sistemas em seus

respectivos ambientes.

Num sistema embarcado, a fim de garantir o funcionamento adequado de cada

componente e a operação dos sistemas como um todo, faz-se necessária a análise

da interação entre esses componentes do ponto de vista elétrico e eletromagnético.

Um componente não deve interagir com outro de forma que a operação de qualquer

um deles seja prejudicada.

Essa interação pode ser abordada do ponto de vista de emissão ou de

susceptibilidade à interferência. No primeiro caso o foco se concentra no que emana

elétrica e eletromagneticamente do componente para o meio e no segundo, como o

componente é afetado por sinais elétricos e eletromagnéticos que chegam até ele.

Determinados equipamentos são naturalmente fontes ou receptores de sinais

eletromagnéticos. Transmissores e receptores de áudio ou dados, por exemplo.

Outros sabidamente geram ruídos ou são sensíveis. Circuitos digitais, circuitos de

chaveamento e sensores, respectivamente, são exemplos.

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Os dispositivos podem ser separados em classes de acordo com o seu

comportamento durante e após serem submetidos a um ambiente eletromagnético.

Existem dispositivos que operam normalmente, mesmo quando submetidos a

elevados níveis de potência. Outros podem ter sua operação degradada ou podem

não operar enquanto estão submetidos à irradiação. Outros ainda podem passar a

operar de forma degradada, mesmo depois de cessada a interferência.

O projeto dos equipamentos já deve prever o controle da emissão e da

susceptibilidade elétrica e eletromagnética. Diversas técnicas já são conhecidas

usando leiautes, terras, blindagem, conectores apropriados, e filtragem nos pinos

dos dispositivos. Cada fornecedor e fabricante têm seus requisitos de EMC, assim

como cada componente usualmente tem seus requisitos de EMC específicos,

definidos por normas. O objetivo das normas é estabelecer padrões mínimos a

serem atendidos dentro da indústria.

A Compatibilidade Eletromagnética (EMC) é uma matéria cada vez mais

preocupante para qualquer pessoa que opere equipamentos e sistemas elétricos,

eletrônicos ou de telecomunicações e, ainda que a sua designação seja algo crítico

(pelo menos à primeira abordagem para pessoas sem formação específica em

eletricidade), está associada a alguns efeitos que fazem parte do nosso dia a dia, e

que são do conhecimento geral, decorrentes do fato de qualquer aparelho elétrico

gerar perturbações radioelétricas. Exemplos desses efeitos são as perturbações

visíveis na imagem de um televisor quando um veículo motorizado ruidoso (em

radiação eletromagnética) passa nas proximidades ou quando ouvimos no nosso

receptor de rádio perturbações oriundas de um aspirador elétrico.

Existem muitas outras causas dificilmente identificáveis, mas capazes de gerar

efeitos imprevisíveis e que existem potencialmente em qualquer local ou ambiente,

nomeadamente o lar, a indústria, os hospitais e os transportes aéreos, terrestres e

marítimos. Nas últimas cinco décadas assistiu-se a uma preocupação relativamente

crescente a este tema, comprovada na edição de publicações e normas técnicas

sobre esta matéria e mais recentemente através dos requisitos das Diretivas

Comunitárias Européias relacionadas à EMC, ou nos regulamentos das companhias

de aviação comercial, que proíbem a utilização de aparelhos eletrônicos aos

passageiros durante os vôos, para impossibilitar a ocorrência de fenômenos que

interfiram com os sistemas de navegação aérea. Atualmente o tema Compatibilidade

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Eletromagnética, relaciona-se com a medição e a definição de limites para as várias

perturbações geradas pelo aparelho ‘perturbador’, por um lado, e com a influência

dessas perturbações sobre o aparelho ‘perturbado’, por outro. Na figura 16 pode ser

observado um exemplo de ambiente eletromagnético.

Figura 16 - Ambiente Eletromagnético Fonte

www.osetoreletrico.com.br/web/documentos/fasciculos/ed37_compatibilidade_eletromagnetica_em_sistemas_eletricos.pdf

3.1 Requisitos EMC para equipamentos eletroeletrôni cos

3.1.1 Requerimentos Internacionais

Uma configuração EMC pode ser assegurada com certa facilidade na

instalação de um sistema eletrônico, exigindo-se que cada unidade de equipamento

cumpra as respectivas normas EMC, as quais abordam tanto o aspecto de emissão

(o equipamento como uma fonte de perturbação EM) quanto de imunidade (o

equipamento não sendo afetado por perturbações EM no ambiente). Nesse sentido,

vários organismos de normalização têm elaborado especificações técnicas no âmbito

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EMC em diferentes domínios: IEC/CISPR em nível internacional; FCC/USA, VDE-

FTZ/Alemanha e BSI/Inglaterra em nível nacional; MIL-STD/USA (normas militares),

SAE (normas para veículos automotivos), em níveis específicos; entre outros. Mais

recentemente, a Comissão Européia tornou obrigatório desde janeiro de 1996 o

cumprimento da Diretiva 89/336/EEC (Diretiva Européia sobre Compatibilidade

Eletromagnética – Diretiva EMC) para a comercialização e/ou entrada em serviço de

equipamentos eletroeletrônicos. Essa “legislação EMC” constitui a mais ampla e

moderna abordagem em vigor e as especificações técnicas definidas nesse contexto

pelo Comitê Europeu de Normalização/Comitê Europeu de Normalização

Eletrotécnica (CEN/Cenelec) constituem a referência mundial para EMC. Os

fenômenos eletromagnéticos, contra os quais a Diretiva EMC vem exigir um nível de

proteção adequado, são identificados pelo IEC, adotados pelo Cenelec e

compreendem:

a) fenômenos conduzidos de baixa frequência:

- harmônicas, inter-harmônicas,

- sistemas de sinalização na rede,

- flutuações de tensão,

- variação da frequência da rede,

- tensões induzidas de baixa frequência,

- DC no sistema AC;

b) fenômenos de campos radiados de baixa frequência:

- campos magnéticos (contínuos ou transitórios),

- campos elétricos;

c) fenômenos conduzidos de alta frequência:

- tensões ou correntes induzidas,

- transitórios unidirecionais,

- transitórios oscilatórios;

d) fenômenos de campos radiados de alta frequência:

- campos magnéticos,

- campos elétricos,

- campos eletromagnéticos;

e) fenômenos de descargas eletrostáticas.

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De modo geral, nos domínios da EMC comercial são englobados todos os

fenômenos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos, de frequências desde 0 Hz a

400 GHz para avaliação do comportamento de equipamentos eletroeletrônicos, tanto

no aspecto de emissão como de imunidade, radiada e conduzida.

As especificações técnicas inerentes à Diretiva Européia sobre EMC

(referenciadas pelo IEC e também adotadas no Brasil) caracterizam os

procedimentos de teste e limites para cada fenômeno eletromagnético referenciado

anteriormente, definindo assim a qualidade intrínseca dos equipamentos

eletroeletrônicos. Em 15 de dezembro de 2004, o Parlamento Europeu e o Conselho

da União Européia aprovaram a Diretiva 2004/108/CE que revoga a anterior, a

Diretiva 89/336/CEE, que dizia respeito à Compatibilidade Eletromagnética (os

equipamentos de rádio e os terminais de telecomunicação já estão regulamentados

pela Diretiva 1999/5/CE). Essa nova Diretiva EMC passa a exigir que os requisitos

essenciais de EMC sejam aplicados também em instalações fixas, além de já serem

exigidos para aparelhos, estipulando que os fabricantes de equipamentos destinados

a serem ligados em redes devem construí-los de forma a evitar que as redes sofram

uma degradação de serviço quando utilizadas em condições normais de

funcionamento. Da mesma maneira, os operadores das redes devem construir as

redes de modo que os equipamentos não sofram uma carga desproporcionada,

prejudicando as redes.

3.1.2 Requerimentos no Brasil

No Brasil, não existe propriamente uma imposição para o cumprimento de

normas EMC no que se refere a produtos eletroeletrônicos de uso geral, embora as

recomendações apresentadas pela IEC sirvam de referência. No entanto, a Agência

Nacional de Telecomunicações (ANATEL), por meio da Resolução nº 237 –

Regulamento para certificação de equipamentos de telecomunicações quanto aos

aspectos de compatibilidade eletromagnética, de 9 de novembro de 2000, passou a

exigir de todos os fabricantes nacionais de equipamentos para uso em

telecomunicações o cumprimento de requisitos específicos em EMC(que refletem as

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especificações técnicas da Diretiva EMC). Também já estão sendo adotados no

Brasil requisitos EMC para equipamentos eletromédicos, os quais (novamente)

refletem as especificações técnicas da Diretiva EMC. Embora existam outros

procedimentos para qualificação de produtos eletroeletrônicos em outros países, a

Diretiva Européia sobre EMC está referenciada neste trabalho como um desafio para

a indústria brasileira, principalmente, por definir um contexto internacional, moderno

e abrangente, em que são exigidos requisitos técnicos para emissão e imunidade,

tanto de produtos como de suas próprias instalações.

A qualificação para a Diretiva EMC vem, assim, requerer às empresas que não

estavam habituadas ao cumprimento de normas específicas na área EMC, uma

mudança significativa nos seus próprios procedimentos internos, de forma a vencer

certa “inércia EMC” dentro de sua própria empresa, além de investimentos em

equipamentos e pessoal para ensaios e projetos EMC. A questão que se coloca

então é: por que uma empresa brasileira deveria fazer, em maior ou menor escala,

investimentos nesse sentido? Obviamente, essa pergunta deveria ser respondida de

acordo com a estratégia de desenvolvimento e o mercado-alvo pretendidos, pois não

existem atualmente restrições oficiais similares nesse âmbito para o mercado

brasileiro. Entretanto, os seguintes aspectos devem também ser considerados na

busca de uma resposta para essa questão:

a) EMC x eletroeletrônica: a área da compatibilidade eletromagnética não

representa somente uma “reserva de mercado” de alguns países, mas

principalmente uma consequência do desenvolvimento eletroeletrônico, em que os

problemas de interferência surgem como consequência natural do uso de um maior

número de circuitos operando em maior proximidade, utilizando maiores bandas de

frequência, menores níveis de sinal, etc.. EMC é, assim, uma necessidade inerente à

própria eletrônica;

b) padrão internacional: embora o ponto de partida para aplicação da Diretiva

EMC tenha sido as normas internacionais existentes (IEC), o processo de

normalização europeu representa cada vez mais o padrão internacional que está

sendo implementado, que abordam tanto os aspectos de emissão como imunidade;

c) exigências de mercado: é natural, como já está acontecendo, que mesmo em

mercados onde não é necessário o cumprimento oficial de requisitos, haja uma maior

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aceitação por produtos europeus diante de uma maior garantia de funcionamento

desses produtos;

d) competitividade: a abordagem implicitamente pretendida para o cumprimento

da Diretiva EMC – em que os problemas de interferência são analisados e

solucionados desde a fase de projeto – é a forma que tem se mostrado mais rentável

para o desenvolvimento de equipamentos eletroeletrônicos. É nesse sentido que

está sendo desenvolvida uma tecnologia avançada, contra a qual qualquer empresa

brasileira da área eletroeletrônica terá que competir.

Dessa forma, a indústria eletroeletrônica brasileira terá que, num futuro

próximo, cumprir muitas das exigências especificadas atualmente para o mercado

europeu para se tornar competitiva em um mercado cada vez mais globalizado e,

consequentemente, terá de se adaptar aos procedimentos de projeto e fabricação

inerentes ao campo da Compatibilidade Eletromagnética.

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4 TÉCNICAS PARA REDUÇÃO DE EMI

O uso de técnicas de redução de EMI se faz necessário para que aparelhos

eletrônicos em geral sejam eletromagneticamente compatíveis com seu ambiente.

Sempre é bom lembrar que, sendo fontes, o objetivo das fontes de alimentação é

gerar energia para os circuitos nela conectados com um mínimo de interferência

gerada.

Para CALOY, é condição para que as técnicas de redução da EMI sejam

eficientes, deve-se aplicá-las desde as fases iniciais do projeto do produto, ou seja,

devem-se utilizar técnicas de redução da EMI de maneira preventiva. Por exemplo:

um projeto criterioso de um produto eletroeletrônico (layout da placa de circuito

impresso, disposição dos componentes, etc.), leva-se em conta o comportamento em

frequência dos componentes, que é limitado pela sua constituição física

(comportamento não ideal dos componentes).

Para uma melhor compreensão das técnicas, faz-se necessária uma

explanação sobre o comportamento não ideal dos componentes eletrônicos. Esse

estudo das não idealidades são de grande ajuda no entendimento das técnicas, pois

o desconhecimento das limitações dos componentes pode fazer com que as técnicas

de redução da EMI sejam praticamente inócuas.

4.1 Comportamento não ideal dos componentes

4.1.1 Condutores (fios e trilhas)

Embora os condutores não sejam normalmente considerados componentes,

eles possuem características que são muito importantes para a propagação do ruído

gerado e para os transientes dos circuitos eletrônicos. A indutância é uma das

características mais importantes. Mesmo em baixas frequências um condutor pode

ter mai reatância indutiva do que resistência.

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4.1.2 Trilhas de placas de circuito impresso

As placas de circuito impresso (PCI) são compostas de um substrato no qual

condutores (trilhas) são gravados. Os condutores em PCI´s têm seções transversais

retangulares e os fios têm seções transversais circulares. A distribuição da corrente

sobre a trilha comporta-se de uma maneira que é bastante similar à dos fios. Para a

excitação CC ou de baixa frequência a corrente é distribuída uniformemente sobre a

trilha. A resistência de baixa frequência por unidade de comprimento da trilha é dada

por [MONTROSE]:

(Eq.7)

Onde:

w – largura da trilha;

t – espessura da trilha;

σ – condutividade do cobre.

4.1.3 Efeito dos terminais de um componente

Um componente eletrônico é conectado ao seu circuito via terminais. Um dos

principais fatores que afetam o comportamento em alta frequência dos componentes

é o comprimento dos terminais de fixação dos mesmos. Terminais de fixação muito

longos causam um desvio no comportamento ideal do componente em altas

frequências.

O comprimento e a separação dos terminais de um componente fazem com

que o componente tenha absorvido um elemento indutivo e um elemento capacitivo,

tais elementos somados ao componente podem causar um fator bastante

indesejado, a ressonância.

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4.1.4 Resistores

Este componente é o mais comum em sistemas eletrônicos e são fabricados

basicamente de carbono, fio enrolado ou filmes finos.

O resistor de filme, devido sua forma de fabricação, é o que possui valores

mais precisos de resistência, dependendo ainda da técnica de fabricação, um

resistor pode se comportar diferente da forma ideal em altas frequências.

4.1.5 Capacitores

Existem inúmeros tipos de capacitores que variam de modelo, material usado

na sua construção e também técnicas diferentes de fabricação dos mesmos. Para a

redução de EMI, são utilizados, preferencialmente, capacitores cerâmicos e

eletrolíticos. Os capacitores cerâmicos têm valores de capacitância menores que os

eletrolíticos e são usados, geralmente, para suprimir emissões radiadas (altas

frequências), enquanto que capacitores eletrolíticos são utilizados são utilizados para

suprimir as emissões conduzidas (baixas frequências).

4.1.6 Indutores

A técnica de construção determinará os valores dos elementos parasitas num

indutor não ideal. O enrolamento das bobinas dos fios na forma cilíndrica introduz o

valor de resistência do fio bem como a capacitância entre as bobinas próximas. Com

isso, elementos de capacitância parasita são produzidos para o indutor.

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4.1.7 Capacitâncias parasitas e de acoplamento

As capacitâncias parasitas e de acoplamento estão presentes em vários

componentes e é através delas que surgem conexões indesejadas e imprevistas

entre dois pontos de um circuito. Elas podem, por exemplo, estar conectando

segmentos de trilhas ou cabos, transformadores, terminais semicondutores,

resistores, indutores e dissipadores.

Os acoplamentos capacitivos dos componentes de um circuito variam entre

componentes e também com o layout usado na PCI e criam caminhos para as

correntes parasitas.

4.2 Segregação de Circuitos

A segregação de circuitos consiste na separação em setores determinados dos

elementos dos circuitos, de acordo com um critério de maior ou menor capacidade

de geração de interferência eletromagnética.

Para que o custo seja minimizado, esta técnica deve ser aplicada na fase inicial

do projeto, ou seja, o projeto da placa de circuito impresso não deve ser inicializado

se antes ser conhecidas as áreas onde as técnicas de blindagem e filtragem de EMI

devem ser aplicadas.

Para uma melhor análise das interferências nas PCI´s é didático se dividir o

campo de atuação da interferência em dois “mundos”, Mundo Exterior e Mundo

Interior.

Mundo Exterior: onde o controle total do ambiente eletromagnético não é

possível.

Mundo Interior: onde o controle total do ambiente eletromagnético pode ser

obtido.

A fronteira entre o mundo exterior e interior é difícil de ser definida. Os

condutores que saem do chassi de um equipamento estão sujeitos a todo o espectro

eletromagnético do ambiente, mas os cabos que permanecem no interior do

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equipamento podem também sofrer ação deste fenômeno se o chassi do

equipamento não for adequadamente blindado e se os cabos externos não forem

suficientemente filtrados. Por exemplo, um flat-cable ou um jumper conectando duas

PCI’s não estará protegido de um ambiente eletromagnético agressivo, com

radiofrequência (RF) irradiada, a não ser que haja um invólucro que forneça a

blindagem adequada em toda a faixa de frequências de interesse, tanto para

emissões como para recepção.

Para OZENBAUGH, a utilização de uma única PCI para todos os circuitos em

um equipamento é a melhor maneira (com baixos custos) de estar em conformidade

com as normas de EMC. Isto porque é mais fácil controlar o ambiente

eletromagnético de uma única PCI, do que controlar o ambiente eletromagnético de

várias PCI’s com fios e cabos conectando-as. Muitos tipos de equipamentos

eletrônicos podem não precisar de um invólucro blindado se forem fabricados com

uma única PCI.

Quando os circuitos do mundo interior estiverem demarcados, eles devem ser

subdivididos em circuitos: extremamente ruidosos, ruidosos, potencialmente

agressivos; e circuitos “limpos”, sensíveis e potencialmente vítimas. A probabilidade

de um nó de circuito ser vítima de algum fenômeno eletromagnético depende do

nível de seus sinais e de suas margens de ruído (menor margem => maior

sensibilidade).

Os muitos ambientes do mundo interior devem ser fisicamente segregados uns

das outros, e do mundo exterior, mecanicamente e eletricamente. Na fase inicial do

projeto, as áreas a serem segregadas devem ser mostradas claramente em todos os

desenhos. A maioria dos projetos é feito em duas dimensões (comprimento x

largura). Na montagem final de uma PCI é comum se verificar que tenha um circuito

muito sensível (como um termopar ou amplificador de sinal sonoro) esteja muito

próxima de um circuito ruidoso (como um transistor comutando e/ou um

transformador de alta frequência), e que a PCI tenha problemas de integridade de

sinal.

Onde existe uma blindagem efetiva, o limite entre o mundo interior/exterior

torna-se a divisória da blindagem. Todos os componentes associados de filtragem,

supressão e conectores para a malha de cabos blindados, devem usar um painel de

conectores na divisória da blindagem como sua referência. Uma única área para

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todas as interconexões é ainda melhor. Uma faixa mais larga de conectores

montados – com blindagem e/ou filtros – na PCI também podem ser conectados a

um painel de metal. Essas partes seriam soldadas ao plano de referência da PCI e

eletricamente ligadas metal-a-metal na divisória da blindagem durante a montagem

final.

4.2 Disposição de Componentes e Trilhas

Para CALOY, os componentes mais “ruidosos” ou suscetíveis de cada área

devem ser posicionados o mais próximo possível do centro de suas áreas e tão

longe quanto possível de cabos e fios. Tais componentes incluem geradores e linhas

de clock, CI’s digitais com barramento, micro-controladores, transistores de potência

operando como comutadores, retificadores, indutores, transformadores e

dissipadores, CI’s analógicos e amplificadores que operem com níveis de mV.

Após serem feitas as conexões, extremamente, curtas dos componentes para

os planos de referência, a distribuição do clock digital deve ser a próxima rede a ser

disposta, e deve ser feita em uma única camada (layer) da PCI, adjacente ao plano

de 0V. Estas trilhas devem ser mais curtas possíveis.

Depois dessa fase, os barramentos digitais de Entradas e Saídas (E/S) de alta

velocidade devem ser dispostos de uma maneira similar às trilhas de clock,

respeitando somente as trilhas de clock e conexões no plano de referência onde haja

um conflito. As trilhas muito suscetíveis, tais como aquelas que levam sinais de

transdutores (níveis de mV), devem também ser dispostas como se fossem trilhas de

clock ou barramento de dados, embora estejam em uma área diferente na PCI.

Todos os outros tipos de sinais (analógicos, digitais e de potência) devem ser

dispostos de acordo com quão agressivos ou sensíveis a EMI eles forem.

4.3 Supressão da Interface

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Os distúrbios eletromagnéticos podem ser radiados ou conduzidos através das

interfaces entre as áreas segregadas. As técnicas de blindagem, filtragem e isolação

são utilizadas para reduzir os distúrbios eletromagnéticos a níveis aceitáveis. Para

decidir quais são os métodos mais econômicos para cada interface, deve-se ter

conhecimento de todos os fenômenos eletromagnéticos possíveis de ocorrer, dado o

ambiente eletromagnético operacional e as características de emissão/imunidade

dos circuitos.

Os condutores que passam do mundo externo para o interno podem necessitar

de todo as técnicas de supressão: blindagens, filtros, transformadores de isolação,

opto-isoladores e protetores contra surtos. Uma boa prática é reservar uma única

área da PCI, ou o revestimento da blindagem, para todas as conexões entre mundo

exterior e interior.

Os mostradores – displays – e controles, como, pushbuttons e potenciômetros

também são interfaces entre mundos externo e interno, e estão particularmente

expostas à Descarga Eletrostática (Electrostatic Discharge – ESD).

As blindagens podem ser aplicadas nos CI’s ou áreas específicas da PCI. Os

métodos de segregação descritos ajudam a fazer com que a aplicação de uma

blindagem de baixo custo seja possível.

Os tipos de supressão a serem aplicados às trilhas e outros condutores que

interconectam áreas diferentes da PCI necessitam de uma avaliação, tanto do sinal

desejado quanto do ruído indesejável presente, além da sensibilidade dos circuitos

conectados nas extremidades das áreas.

A interferência irradiada entre áreas segregadas é possível. A capacitância

parasita entre os componentes pode ser somente da ordem de picofarads, mas os

sinais de altas frequências podem injetar correntes de deslocamento consideráveis

nos componentes e trilhas das áreas vizinhas. A combinação de componentes de

dimensões pequenas e de baixo perfil com os planos de referência da PCI, junto com

a alocação dos dispositivos mais ruidosos, por exemplo, clocks, processadores,

conversores estáticos e de sinais no centro de suas áreas, podem evitar que se

tenha que blindar áreas da PCI, umas entre as outras.

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4.4 Característica típica de operações de circuitos integrados

O projeto de circuitos envolve matemática pura onde equações descrevem as

funções a serem implementadas. Frequentemente, entretanto, mesmo se a lógica

está correta, estes projetos podem não funcionar depois de montados devido

perturbações indesejadas. Mesmo que funcionem, o produto pode ainda não ser

legalmente comercializável devido a problemas de emissão eletromagnética.

Portanto, os aspectos práticos de controle de interferência e emissão

eletromagnética devem ser considerados desde o inicio das fases do projeto,

“layout”, e teste de um produto (CALOY).

Em circuitos analógicos, as fontes externas de perturbação eletromagnética

são, em geral, a principal preocupação. Em circuitos digitais, as fontes de

perturbações internas são de maior importância. Perturbações internas são o

resultado dos seguintes fatores:

a) Perturbação do barramento de aterramento,

b) Perturbação do barramento de alimentação,

c) Reflexão de linha de transmissão,

d) Diafonia.

O desempenho ou taxa de erros de circuitos digitais pode variar com

combinações diferentes de chaveamento de CIs. Como em um sistema complexo, é

impossível testar todas as combinações de chaveamento de portas, um problema de

perturbação pode não ser detectado durante os ensaios de laboratório. A fim de

garantir operação confiável, não é bastante testar o circuito somente no laboratório.

Deve se, adicionalmente, assegurar que práticas adequadas de “layout” e fixação

foram seguidas durante o projeto. Isto pode ser mais bem demonstrado pela

medição de tensões de perturbação dentro do sistema. Medições das diferenças de

potencial de aterramento entre vários pontos no sistema devem ser feitas, e tensões

entre “Vcc” e terra devem ser medidas nos pinos de alimentação de todos os CIs.

Estas tensões podem então ser comparadas com um objeto aceitável de tensão de

perturbação que será tratado, posteriormente.

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60

4.5 Perturbações no aterramento do circuito digital

Correntes transientes no aterramento são as fontes principais de tensões de

perturbação intra-sistema, e de emissões conduzidas e radiadas. A impedância do

aterramento deve ser minimizada se desejamos minimizar a perturbação causada

pelas correntes de aterramento transientes. Um condutor típico de cartão de circuito

impresso (largura de 0,5 mm com um condutor de retorno na outra face do cartão)

tem uma resistência de 4,72 miliohms por centímetro, uma capacitância de 0,79 pF

por centímetro, e uma indutância de 5,9 nH por centímetro. A impedância de uma

indutância de 5,9 nH versus a frequência, que está relacionada ao tempo de subida

do pulso pela expressão “ f2 = 1/ π tr. Veja tabela 4:

Tabela 4 - Impedância de uma trilha de circuito impresso de 10 mm de comprimento (indutância de 5,9 nH)

Frequência Tempo de Subida Impedância (MHz) (ns) (Ω)

1 318 0,04 10 31,8 0,39 30 10,6 1,1 50 6,4 1,85 70 4,5 2,6 90 3,5 3,35

110 2,9 4,09 160 2,0 5,9

Fonte Caloy, 2010 .

Como pode ser visto, nas frequências de importância nos circuitos lógicos

digitais (10 a 150 MHz), a impedância de uma indutância de 5,9 nH é muitas ordens

de grandeza maior do que a resistência de 4,72 miliohms. Para um sinal digital com

tempo de subida de 3 ns, o condutor de aterramento terá uma reatância indutiva de

aproximadamente 4 ohms por centímetro. Portanto, é a indutância a característica de

maior importância durante o “layout” de um cartão de circuito impresso digita. Se a

impedância do circuito de aterramento deve ser minimizada, a indutância deve ser

reduzida de uma ordem de grandeza ou mais.

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Indutância não é uma propriedade do condutor, como o é a resistência. A

indutância relacionada a corrente que flui em circuito ao fluxo magnético total

produzido por esta corrente. Na ausência de materiais magnéticos, a relação entre

fluxo e corrente é linear:

Fluxo=L x I Eq.(2) (Eq. 8)

Onde a indutância é a constante de proporcionalidade. Esta depende da

geometria do circuito, mas não especificamente do comprimento ou seção

transversal dos condutores.

Alguns autores estabelecem que indutância é diretamente proporcional ao

comprimento de um condutor e inversamente proporcional ao logaritmo de diâmetro

deste. Assim, por exemplo, a indutância de um único condutor circular é igual a

L= 0,00197 Ln (4h/d) µH/cm Eq.- (3) (Eq. 9)

Onde “d” é o diâmetro do condutor. Esta expressão pressupõe uma geometria

especifica: o condutor está localizado acima de um percurso de retorno de corrente e

distanciado deste percurso de uma altura “h”.

Devido ao logaritmo na Eq. 3, é difícil obter um grande decréscimo na

indutância, através do aumento da seção do condutor. Em caso típico de

dobramento o diâmetro (um aumento de 100%), a indutância decrescerá somente de

20%. A seção teria de crescer de 500% para um decréscimo de 50% na indutância.

A geometria de um circuito de uma espira, como o mostrado na figura abaixo,

determina sua indutância. A quantidade total de fluxo magnético produzido por uma

dada corrente que flui neste circuito depende do espaçamento dos condutores de

alimentação e retorno. Se estes condutores estão próximo um do outro, mesmo fluxo

é produzido. Na figura 17 é mostrada a relação entre a geometria do circuito e a

indutância.

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62

Figura 17 - Relação entre indutância e a geometria do circuito Fonte Caloy, 2010, p.3.

Um circuito útil tem muitos laços nos quais correntes podem circular. Mas cada

corrente traça individualmente seu próprio laço. A geometria de cada laço determina

sua indutância da mesma maneira como mostrado na figura acima. A geometria

pode ser manipulada pelo projetista do “layout” da placa de tal modo a minimizar sua

indutância, mas o problema é fazer com que o projetista reconheça de que geometria

estamos tratando.

O laço de corrente para uma determinada linha de sinal pode ser identificado

traçando a linha de sinal de sua origem ao seu destino. Suponha, agora, que seu

destino seja o pino de entrada de um CI, o que acontece à corrente após esta entrar

no CI? A resposta é que esta corrente deve sair do CI, e o fará através dos pinos de

Vcc e/ou terra. Idealmente, os pinos de Vcc e terra estão num mesmo potencial C.A.,

e as trilhas de alimentação e aterramento podem ser consideradas como percursos

de retorno paralelos sobre os quais a corrente encontrará seu caminho de volta a

origem. Cada corrente individual deve retornar à sua própria origem, de tal modo que

seu percurso formará um laço fechado.

A geometria deste laço fechado é o que determina sua indutância. Não é

especialmente o comprimento das trilhas (ou largura destas), mas sim a área

envolvida pelo laço que importa. A figura abaixo é um exemplo de como não

devemos dispor o sistema de aterramento. Os CIs de origem e destino estão

próximos no cartão, mas o “layout” do aterramento apresenta uma indutância

máxima. Na figura 18 é observada a influência do layout na indutância do circuito.

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Figura 18 - Influência do “layout” de um cartão na indutância do circuito. Este “layout” de aterramento resulta em indutância máxima.

Fonte Caloy, 2010, p.4.

As linhas “Vcc” e terra não são apenas os percursos de alimentação e retorno

para as correntes da fonte de alimentação. Estas linhas são, também, os percursos

de retorno para todas as correntes de sinal no circuito e, como tal, deveria formar um

percurso de baixa impedância para estas correntes. Na figura 19 é possível notar

que quanto maior for o loop de corrente de sinal e retorno da corrente, maior será a

geração de indução.

Figura 19 - Percurso de alimentação e retorno para as correntes Fonte Caloy, 2010, p.5.

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Como as linhas de “Vcc” e terra (idealmente) formam uma malha de percursos

que se interligam em vários pontos no circuito, estas linhas fornecem múltiplos

percursos de retorno paralelos para cada corrente de sinal. Uma dada corrente de

sinal ao retornar à sua origem, se distribui entre estes percursos de retorno múltiplo

na razão inverso das impedâncias destes. Se um percurso apresenta uma

impedância significativamente menor, é por este percurso que a maior parte da

corrente irá fluir.

Já vimos que a indutância é a característica de maior importância durante o

“layout” de um cartão de circuito impresso digital. E a indutância é principalmente

determinada pela área do laço que a corrente percorre. Dizer que a corrente segue o

percurso de menor impedância é o mesmo que dizer que esta segue o percurso de

área de laço mínima. Entretanto, o percurso de área de laço mínima para uma dada

corrente pode ser um percurso de área de laço um tanto grande para uma outra

corrente. Portanto a multiplicidade de percursos de retorno paralelos se torna um

fator importante. Cada corrente deve dispor de uma grande variedade de percursos

de retorno, um dos quais minimizara sua própria área de laço.

Os únicos percursos de retorno disponíveis são as trilhas de distribuição de

alimentação e aterramento. A disposição destas é, portanto, crítica para minimização

das perturbações. Esta disposição determina as geometrias de todos os laços de

corrente no circuito. Dado o nível de importância, é fundamental que o projetista do

“layout” da placa de circuito impresso disponha as regiões de alimentação e

aterramento em uma etapa anterior do projeto da mesma, de preferência,

imediatamente após a decisão de onde colocar os circuitos, componentes e

conectores.

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Figura 20 - Placa de circuito impresso multicamada para circuitos digitais Fonte Caloy, 2010, p.7.

Figura 21 - Embedded Circuits Fonte Caloy, 2010, p.7.

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Uma solução eficaz (que muitas vezes é a única para cartões muito denso)

para problemas de interferência eletromagnética em cartões de circuito impresso é o

uso de uma placa multicamada, figuras 20 e 21 acima. Em uma placa multicamada,

o aterramento pode ser uma camada de cobre com furos metalizados para a

inserção de terminais de componentes. A tensão de alimentação pode ser distribuída

da mesma forma, isto é, de vista de permitir que as correntes procurem seus

percursos de retorno individuais de menos impedância. Uma corrente de retorno

individual, preferencialmente, seguirá por um percurso diretamente abaixo do

correspondente à sua trilha de alimentação. Este é o percurso de indutância mínima.

4.5.1 Distribuição de alimentação

Idealmente o “layout” da distribuição de alimentação deveria ser o mesmo que

o sistema de aterramento, e paralelo a este último. Na prática isto não é sempre

possível ou necessário. Como a perturbação da fonte de alimentação pode ser

controlada pelo uso apropriado de capacitores de desacoplamento, um sistema de

distribuição de malha de alimentação (ou plano de alimentação), não é tão

importante quanto um sistema de aterramento adequado. Se um compromisso é

necessário, é melhor usar espaço de cartão para prover o melhor sistema de

aterramento possível e controlar a perturbação da fonte de alimentação por outros

meios.

Mesmo que comecemos com o melhor “layout” de aterramento possível, há

ainda um problema, como o mostrado na figura 22-a. Quando a porta lógica chaveia,

há um transiente de corrente “dI” que corre na linha da fonte de alimentação. Este

transiente de corrente flui através do sistema de alimentação e aterramento. A

indutância do aterramento já foi minimizada, tanto quanto possível. O problema

principal agora é a queda de tensão que ocorre através da indutância “Lp” da linha

da alimentação. A corrente transiente que flui através desta indutância produz uma

grande tensão de perturbação que aparece no terminal de “Vcc” da porta lógica.

A amplitude do transiente de tensão da alimentação pode ser reduzida pelo

decréscimo da indutância “Lp” e/ou pelo decréscimo da corrente transiente que flui

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através da indutância. A indutância pode ser minimizada pelo uso de um plano ou

malha de alimentação, como no caso do sistema de aterramento. A corrente

transiente pode ser minimizada, ou eliminada, suprindo-se a corrente de uma outra

fonte, como, por exemplo, um capacitor próximo da porta lógica, como mostrado na

figura 22-b. A tensão de perturbação através da porta é então uma função do

capacitor de desacoplamento “Cd” e da fiação entre este e a porta. O tipo de

capacitor usado, seu valor e o modo de instalação com respeito ao CI são todos

importantes para a determinação da eficácia do capacitor.

Figura 22 - Transiente de corrente da fonte de alimentação a-Sem capacitor de desacoplamento b-Com capacitor de desacoplamento

Fonte Caloy, 2010, p.8.

Mesmo quando uma malha ou plano de alimentação é usado, capacitores de

desacoplamento são, ainda, exigidos para controlar a emissão radiada da corrente

transiente de alimentação, a emissão radiada é proporcional à área do laço

envolvido pela corrente transiente. Pode-se ver na fig.acima que esta área é

consideravelmente reduzida quando capacitores de desacoplamento são usados.

4.5.2 Sugestões de layout interfaces de redes e telecomunicações

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Na figura 23 pode ser observado que pontos de ground são importantes para o

controle de EMI.

Figura 23 - Pontos de Ground na PCB Fonte Caloy, 2010, p.16.

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Figura 24 - Separação por ponte Fonte Caloy, 2010, p.17.

O método de ponte é uma quebra do moat (fosso), onde somente as trilhas

alimentação e ground cruzam a ponte.

Figura 25 - Separação por ponte Fonte Caloy, 2010, p.17.

4.5.2.1 Separação por ponte

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70

A violação do moat por qualquer trilha associada aos circuitos de I/O, causam

problemas de emissão e suscetibilidade.

As correntes de RF devem ter sua imagem ao longo de suas trilhas. Somente

estes caminhos de imagem poderão existir.

Os ruídos de modo comum serão gerados entre as duas áreas separadas.

A vantagem de usar a ponte é similar ao conceito de um castelo com fosso.

Somente sinais com o passaporte, cruzam a ponte.

Esta técnica é comum para circuitos onde um plano de aterramento comum é

requerido ou separadamente filtrado, onde uma alimentação regulada é necessária,

nestes casos o ferrite bead é usado.

Um aterramento nas duas pontas da ponte é recomendado (sistema de

multiaterramento)

O aterramento na entrada da ponte tem duas funções:

a) Remover as componentes de alta frequência no circuito de distribuição de

energia (ruído de ground) do acoplamento das áreas dividida.

b) Ajuda a remover as correntes de redemoinho que poderão estar presentes

no gabinete. Um caminho de baixa impedância para o ground deve ser

proporcionado às correntes de RF, tais como, as correntes de RF nos cabos

de l/º.

Um aterramento nas duas pontas da ponte, também aumenta a imunidade à

descarga eletrostática, a energia do pulso é drena para o caminho de aterramento

de baixa impedância.

Uma outra razão para aterrar ambos os lados da ponte, é remover a tensão de

ruído de aterramento criada por gradientes que aparecem nas duas áreas.

A figura 26 a seguir ilustra a rota das trilhas usando circuitos digitais e

analógicos. Filters e ferrites serão usados para cruzar o moat (fosso).

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Figura 26 - Separação de circuitos digitais e analógicos por filtros Fonte Caloy, 2010, p.18.

4.6 Blindagens e fugas em Compatibilidade Eletromag nética

Blindagens custosas são, frequentemente, instaladas em sistemas para

resolver problemas de EMI que deviam ter sido evitados no próprio projeto do

sistema. Por exemplo, se um transformador de potência operando em 60Hz é

montado próximo de um tubo de raios catódicos em um monitor de vídeo, o traço da

tela irá oscilar. Uma maneira de resolver este problema é adicionar uma custosa

blindagem de três camadas. Ou, se tivesse considerado este problema desde o

inicio, poder-se-ia ter:

a) Encolhido um transformador de pouca dispersão,

b) Montado o transformado na parte de baixo de um chassi de aço, com

uma cobertura de chapa de aço, a fim de formar um invólucro blindado,

c) Montado o transformador bem distante do tubo, com seu campo de

dispersão alinhado com o eixo mais longo do tubo,

d) Deixando bastante espaço em torno do tubo para uma blindagem comum

padrão, caso necessário.

O processo de decidir “o que” dever ir “onde” em um sistema eletrônico é de

importância fundamental para minimizar problemas de EMI. Pode-se evitar o uso de

blindagens custosas afastando-se os circuitos suscetíveis do circuito perturbadores.

Circuito de impedância elevada (Z > 377 ohms), sujeitos ao acoplamento capacitivo,

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72

devem ser mantidos distantes de circuitos de alta tensão, e circuitos de baixa

impedância (Z < 377 ohms), sujeitos ao acoplamento indutivo, devem ser mantidos

distantes de circuitos de corrente elevada. Como exemplo deste último caso, pode-

se citar a interferência em sensores de periféricos (circuitos de baixa impedância

causada por circuitos de deflexão horizontal de monitores de vídeo e por fontes de

alimentação circuitos de corrente elevada).

Depois de adotadas todas as medidas no nível de circuito e ainda assim não se

conseguir satisfazer o limite da emissão, uma blindagem deve ser especificada. A

idéia é simples: nenhuma radiação escapa de uma caixa equipotencial totalmente

fechada, qualquer radiação que porventura escape de uma unidade blindada resulta

de violações da integridade da blindagem tais como furos, fendas, uniões entre

painéis, cabos que penetram a blindagem, etc.

Em sistemas com sinais de clock de frequência acima de 10 MHz, as técnicas

de circuito e layout por si só podem não ser o bastante para que o produto satisfaça

os limites de emissão, uma blindagem pode se tornar necessária.

Confiar totalmente na blindagem do invólucro do produto pode ser um método

muito custoso. Por outro lodo, tornar imune os cartões de circuito impresso,

cabeação, etc de tal modo que o produto satisfaça os limites de emissão sem

qualquer blindagem externa, é factível, mas pode também se tornar custoso.

Deve-se, também, observar que a equipe que projeta o invólucro nem sempre é

a mesma (em geral não é, particularmente para fabricantes de médio e grande porte)

que projeta os cartões e a cabeação.

Para cumprir metas estabelecidas e prazos associados, frequentemente é

necessário iniciar o projeto do invólucro quando ainda não se tem completamente

definido o projeto dos cartões de circuito impresso. Diante disto, o ideal é fazer o

melhor empacotamento possível especificar uma blindagem econômica, prevendo-se

a possibilidade de reduções de custos posteriores.

Uma blindagem pode também ser usada para manter a radiação

eletromagnética fora de uma região. A lei da reciprocidade estabelece que para

redes e dispositivo, lineares e bilaterais, o desempenho reverso será o mesmo

quando operado sob condições idênticas.

Portanto, a maioria dos componentes e técnicas de controle de emissão

radiada discutidos, anteriormente, apresenta um desempenho idêntico quando

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usados para o controle de suscetibilidade, Entretanto, a lei da reciprocidade é

violada para muitas situações. Um exemplo envolve blindagens. O uso de diferentes

distâncias da fonte de perturbação e do receptor com respeito a uma blindagem

causará uma eficácia de blindagem diferente, pois a alteração das distâncias pode

afetar a linearidade, como é o caso de blindagens permeáveis, nas quais pode

ocorrer saturação.

As regiões mais suscetíveis a campos eletromagnéticos transientes, em

equipamentos de processamento de dados típico, são os circuitos de lógica digital,

cabos de interconexão externos, sensores de periféricos, e sensores de

sobrecorrente em fontes de alimentação. Os circuitos de vídeo são pouco

suscetíveis.

4.6.1 Tipos de Blindagem

Há uma forte tendência no sentido de substituir invólucros ou bastidores

metálicos de equipamentos eletrônicos, em especial os de consumo popular, pelos

correspondentes de material plástico. As razões são, baixo custo (quando a

quantidade justifica o investimento numa ferramenta de injeção), menor peso, e

maior flexibilidade de “design”, resultando em maior funcionalidade e melhor aspecto

visual. Mas invólucros plásticos são transparentes para campos eletromagnéticos, e

muitos projetistas esquecem isso.

A maioria dos produtos eletrônicos usados atualmente nos países

desenvolvidos é revestida com tinta condutiva. O revestimento consiste de um

aglomerante (geralmente poliuretano ou acrílico) e um pigmento condutivo (prata,

cobre, níquel ou grafite). Uma mistura típica pode conter até 80% de partículas

metálicas em suspensão e somente 20% de aglomerante orgânico. Tintas condutivas

fornecem boa condutividade. Este é o método mais fácil de usar para protótipos e

produtos de baixo volume de produção.

A espessura típica varia de 50 a 75 µm. A tinta condutiva a base de níquel

apresenta uma resistividade superficial de 0,5 a 1 ohm por quadrado (segundo a

norma NBR 5403) suficiente para a maioria das aplicações. No Brasil, o pigmento,

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74

ainda, é importado e o custo deste método é cerca de cinco vezes maior do que o da

metalização. A desvantagem deste método é que as peças devem ser processadas

individualmente. Outra desvantagem é que a espessura varia de ponto a ponto do

substrato, dependendo do tempo de aplicação. Dependendo do substrato, este

método apresenta de baixa à mediana resistência à abrasão.

4.6.1.1 Dispositivos diversos para a blindagem

Laminados de Folhas Metálicas / Filmes

Existe família de materiais laminados em folhas metálicas e filmes plásticos

para blindagem EMI. Esses laminados estão disponíveis em rolos a granel para

convertê-los em peças sob encomenda, para aplicação como gaiola EMI, placas de

aterramento, tiras de aterramento, proteção ESD (descarga eletrostática), e

compartimento de componentes eletrônicos. Os laminados propiciam uma solução

ecológica, pois eliminam processos que utilizam solventes de tintas ou galvanização.

Figura 27- Laminados de folhas metálicas para cabos de par trançado Fonte: programacaobrasil, 2010.

O grande número de soluções que está disponível em configurações

padronizadas sob encomenda. O plástico metalizado ou tampas metálicas tem como

característica a gaxeta sobre-moldada nas bordas e paredes internas. Os spacer

gaskets são quadros de plásticos finos como gaxeta condutivas, moldadas para

aplicação em blindagem e aterramento, tais como, em telefones celulares. As

tampas são de material plástico com uma cobertura moldada em elastômero

condutivo para blindagem EMI.

Um sistema automatizado para deposição de gaxetas em elastômero

condutivos com baixo custo e alta qualidade, promovendo blindagem de housings

plásticos. As gaxetas são aplicadas diretamente sobre a peça com excepcional

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75

precisão e forte aderência nos mais comuns substratos e revestimentos de housings.

A escolha do material inclui a resistência à corrosão e a maciez da compressão.

A linha de compostos eletricamente condutivos inclui:

a) Adesivos Condutivos, Material para Calafetar e Selantes;

b) Revestimentos Condutivos;

c) Tintas e Revestimento Condutivos

As empresas oferecem uma larga variedade de gaxetas EMI metálicas,

incluindo cordoalhas em tramas trançadas, podendo ser fornecido com núcleo de

elastômero (silicone ou neoprene), compactada, ou combinada com outro elastômero

para vedação da água.

Figura 28 - Gaxetas de EMI Metálicas Fonte: portuguese.alibaba, 2010.

As gaxetas de cobre berílio combinam altos níveis de eficiência em blindagem

EMI, com propriedades de auto limpeza e pequena resistência mecânica ao

fechamento. O bom desempenho do cobre berílio, alta resistência à tensão

mecânica, boa propriedade anticorrosiva e excelente condutividade elétrica, fazem

desse material ideal para blindagem em uma enorme faixa de frequência.

A necessidade atual para controle de EMI e controle térmico em compartimento

e gabinetes com componentes eletrônicos demandam uma solução mais eficiente do

que simples perfurações. Uma grande variedade de passagens de ventilação com

blindagem de EMI possibilita a escolha de varias configurações e desempenho. A

passagem de ventilação blindada é uma soluçai de baixo custo, leve e com bom

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fluxo de ar combinado com excelente blindagem, tendo como opcional o

revestimento para obstruir o fogo.

Figura 29 - Passagem de Ventilação com Blindagem EMI

Fonte: chomerics, 2010.

As janelas blindadas de vidro e plástico com desempenho testado, são

utilizadas para displays visuais que precisam de blindagem sendo suscetíveis à

radiação EMI. Essas janelas são projetadas para proporcionar uma alta eficiência na

blindagem eletromagnética, enquanto promovem excepcional clareza visual e

resolução de imagem.

Figura 30 - Janelas Blindadas Fonte: shielding, 2010.

Os ferrites possuem com boa relação custos beneficio reduzem as emissões

conduzidas em linhas de sinais sem afetar a transmissão dos dados e cabos de

potência. Os ferrites atenuadores são feitos com formulação especial utilizando

material ferrite macio. Os ferrites permitem a passagem de sinais desejados através

dos cabos e circuitos absorvendo a energia indesejada.

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77

Figura 31 - Ferrites para Absorção Fonte:rfi-shielding, 2010.

A proteção de EMI adequada pode ser alcançada com a utilização de caminhos

de aterramento com baixa impedância entre os elementos eletricamente condutivos

do chassi e os componentes internos. Os tabletes condutivos promovem o caminho

de aterramento a baixo custo, comparando-se com a modificação do projeto ou a

instalação de blindagem por todo o gabinete. Dentro dos gabinetes, os tabletes

reduzem os níveis de radiação EMI nos aterramentos saturados pelos sinais das

placas de circuito impresso. As placas montadas com componentes blindados tais

como estruturas metálicas, podem ser aterradas com tabletes condutivos inserindo-

os entre estrutura e a parede do gabinete.

As empresas vêm desenvolvendo e aplicando sua tecnologia em materiais

elastoméricos condutivos em toda sua extensão. Existem várias opções de materiais

com vantajoso custo-desempenho atendendo as necessidades dos diversos níveis

de atenuação desejada. Essas gaxetas EMI elastoméricas estão disponíveis em uma

grande variedade de perfis e tamanhos estruturados, cortados e moldados.

Figura 32 - Gaxetas de Elastômeros Condutivos Fonte:shielding, 2010.

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4.6.2 Eficácia da Blindagem

A eficácia da blindagem (atenuação) é geralmente especificada em decibéis

(dB) e definida por:

E.B = 10 Log Potência sem blindagem / Potência com blindagem (dB)

Para uma blindagem no ar ou vácuo, isto se torna:

E.B = 20 Log campo E sem blindagem / Log E com blindagem (dB)

E.B = 20 Log campo H sem blindagem / Log H com blindagem (dB)

A maioria dos problemas de interferência exige uma blindagem de 30-60 dB

[CARR]. Acima de 100KHz , blindagens de camada única podem fornecer uma

blindagem de 40-70 dB e blindagens de camada dupla podem fornecer uma

blindagem de até 120 dB. Furos e fendas, geralmente, limitam a atenuação de

campos elétricos e campos magnéticos de alta frequência, enquanto o material e a

espessura da blindagem limitam a atenuação de campos magnéticos de baixa

frequência. A fim de se atenuar campos magnéticos, a blindagem deve permanecer

não saturada.

4.6.2.1 Usando blindagem em circuito impresso

A blindagem ideal num circuito impresso é uma caixa blindada metálica, com

conectores e filtros feedthrough montado em suas faces. Para CALOY, o resultado é

frequentemente chamado de módulo blindado, o qual poderá prover uma alta

blindagem, é frequentemente usado no mundo do rádio frequência e micro-ondas.

O bom projeto de circuito impresso depende do uso de uma blindagem efetiva,

sendo que, em um dos lados da blindagem é usado o próprio impresso, de tal forma

que uma caixa metálica de cinco lados possa ser montada sobre o impresso, sendo

assim, desenvolvemos uma gaiola de Faraday sobre esta área.

Essas caixas são disponibilizadas como finas placas metálicas em rolos, que

podem ser montadas como gaiola de Faraday pelo usuário.

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Os pontos fracos deste método de blindagem, são obviamente, as aberturas

criadas pelas frestas entre o plano de aterramento e os conectores soldados nos

circuitos impressos.

Os melhores filtros e mais baratos são os do tipo feedthrough montados em

placas de circuitos impressos. Mesmo assim, os filtros feedthrough montados em

placas de circuitos impressos são mais caros do que os ferrites e capacitores usados

como filtros mencionados anteriormente.

Para encontrarmos filtros de custo inferior durante o desenvolvimento do

projeto, com relação à compatibilidade eletromagnética, devemos observar as

seguintes características de configuração dos filtros:

a) resistores e ferrites nos cabos de sinal,

b) capacitores para o plano de aterramento,

c) choques de modo comum,

d) combinação de resistor, ferrite, capacitor (filtros do tipo T, ΙΙ e LC),

e) capacitor feedthrough.

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5 CASOS CURIOSOS ENVOLVENDO EMI

5.1 Nissan

Conforme o site notícias.vrum, recentemente, a Nissan recebeu diversas

reclamações de proprietários dos modelos Altima 2007 e Infinity G35 2007, nos

Estados Unidos, que tiveram as memórias das chaves eletrônicas de seus veículos

apagadas por telefones celulares. O problema levou a montadora japonesa a emitir

comunicado prevenindo os donos e usuários para que evitem posicionar os dois

objetos (a chave e o telefone) a menos de uma polegada (2,54 cm) de distância, o

que provavelmente acontece dentro do bolso ou da bolsa. Ainda de acordo com a

empresa, alguns modelos de celulares, quando estão ligados, podem alterar o

código eletrônico das chaves, caso estejam muito próximos a elas. A Nissan também

informou que está desenvolvendo novas versões dessas chaves, para resolver o

problema.

5.2 Segunda Guerra Mundial

No site super.abril diz que, nos momentos finais da Segunda Guerra Mundial, o

primeiro-ministro britânico Winston Churchill previu que os futuros conflitos

passariam a ser travados principalmente entre engenheiros eletrônicos militares.

Quarenta anos depois, os fatos lhe dão razão: o novo campo de batalha é

efetivamente o espectro eletromagnético. Mas, ao contrário da distribuição

organizada que existe entre os usuários dos serviços pacíficos, é justamente a

confusão o que mais interessa aos guerreiros eletrônicos. Foi assim que os

argentinos conseguiram pôr a pique o navio britânico Sheffield na Guerra das

Malvinas, em 1982.

Um caça supersônico argentino Etendard localizou o Sheffield utilizando um

sinal de radar com ondas eletromagnéticas tão precisas e potentes que os

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marinheiros ingleses o confundiram com os sinais de radar de seus próprios caças

Harrier. Depois foi só lançar um missil Exocet também equipado com um sofisticado

sistema de orientação eletrônica. O radar do Sheffield apenas percebeu seu engano

segundos antes do impacto. Na guerra eletrônica as melhores armas são as que

conseguem fazer o melhor uso de determinadas faixas de ondas. Como a

informação rápida e exata é imprescindível até mesmo para a menor das unidades

de combate, ganha quem possuir os equipamentos com os quais se possa

comunicar sem que o inimigo interfira.

5.3 Recall Toyota

No site g1.globo diz que a montadora Toyota teve problemas no modelo

LEXUS ES350 que apresentou em alguns casos aceleração não intencional.

A Academia Nacional Americana de Ciências, um organismo independente

integrado pelos melhores especialistas científicos, examinará o caso das

acelerações descontroladas e dos sistemas eletrônicos dos veículos em toda a

indústria automobilística em um período de quinze meses. Paralelamente, a Agência

Americana de Segurança nas Estradas (NHTSA), submetida ao Departamento dos

Transportes, pediu a ajuda de engenheiros da Nasa – a agência espacial americana

–, especializados principalmente em sistemas de controle eletrônico de

computadores, interferências eletromagnéticas e softwares, para ajudá-la a

desvendar o mistério específico das acelerações dos carros da Toyota. Nove

engenheiros da Nasa estão atualmente ligados a essa investigação e outros

poderão se juntar a essa equipe de especialistas caso seja necessário, indicou o

comunicado.

5.4 Grua falante, Piloto automático desligado e rob ôs sem controle

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Os casos abaixo foram tirados do site super.abril. No primeiro acontecimento o

cineasta americano Steven Spielberg não faria melhor. Assim que os operários de

um prédio em construção em São Paulo movimentaram o guindaste para iniciar mais

um dia de trabalho, faíscas estalaram e um festival de raios começou a sair do

equipamento. Assustados, os trabalhadores ainda teriam uma surpresa digna do

filme Poltergeist. Vozes e sons apavorantes ecoaram, fazendo alguns acreditar que

a construção estava realmente sobre solo mal-assombrado. Estavam enganados. Os

próprios operários perceberam pouco depois que as vozes fantasmagóricas emitidas

pelo guindaste eram nada mais que as dos locutores de uma estação de rádio

paulistana. O episódio ocorrido em 1987 não viraria tema de cinema, mas sim de

discussões sobre um fenômeno nada sobrenatural nas grandes cidades: a poluição

eletromagnética.

Não foi difícil descobrir a causa do fenômeno. O prédio estava sendo erguido

ao lado da torre de transmissão da Rádio Bandeirantes, uma das mais potentes de

São Paulo. A energia irradiada era tão grande nas proximidades, que a grua passou

a funcionar como uma antena. O guindaste captava a energia e a descarregava para

o solo assim que a caçamba se aproximava do chão. Isso explica as faíscas e o arco

voltaico. Quanto às vozes, ocorreu o que se chama de alto-falante iônico. Num alto-

falante comum, uma tela faz o ar que está em volta vibrar proporcionalmente à

música e às vozes dos locutores. O som nada mais é que o resultado dessa

vibração das moléculas de ar. No caso da grua falante, o que fazia o papel da tela

era a própria corrente elétrica que dela saía em direção ao chão. De tão intensa, ela

fazia o ar vibrar, exatamente como faz um alto-falante comum.

Intrusos ainda mais inesperados quase derrubaram alguns Boeings nos últimos

tempos, nos Estados Unidos. As empresas de aviação mantêm segredo, mas

diretores da Administração Federal de Aviação (FAA) revelaram que pelo menos

dois 747 tiveram suas rotas “levemente” alteradas por causa de aparelhos

eletrônicos utilizados pelos passageiros a bordo. Comenta-se que um dos casos foi

mais sério. O piloto automático simplesmente se desligou, deixando o avião à mercê

da sorte até que os pilotos percebessem. O comandante do Jumbo ordenou que as

aeromoças fizessem uma investigação a bordo. Ficou constatado que a interferência

estava sendo causada pelo computador portátil de um passageiro, que não quis

esperar o pouso para começar a trabalhar. Por pouco não iria trabalhar nunca mais.

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Como é possível um computador quase derrubar um avião? Afinal, ele não foi

feito para transmitir ondas eletromagnéticas, como as emissoras de rádio. “Mas

transmite”, diz Eduardo Berruezo, engenheiro eletrotécnico do Instituto de Pesquisas

Tecnológicas, de São Paulo. “Para executar suas tarefas, sinais elétricos percorrem

os circuitos da máquina e geram um campo eletromagnético”, explica Berruezo, que

se desdobra para resolver os enigmas levados ao IPT por indústrias e particulares

atordoados por interferências. “Se a frequência desse sinal for compatível com

algum outro aparelho eletrônico, ela pode se transformar numa interferência”, afirma.

Foi o que aconteceu no avião americano. O micro estava emitindo e o piloto

automático, por sua vez, estava propício a funcionar como uma antena. Isso não

quer dizer, no entanto, que todo computador portátil que for ligado dentro de um

avião ocasionará problemas. “O micro transmite com baixíssima potência e

certamente não em todas as direções”, explica Berruezo. Por isso, é preciso que

haja uma grande coincidência na sua localização dentro da aeronave para que haja

interferência. Mesmo assim, quase todas as companhias aéreas passaram a pedir

aos passageiros que não utilizem microcomputadores ou aparelhos portáteis de CD

a bordo.

O Japão é conhecido por uma trágica história envolvendo EMI. Uma

catastrófica epidemia de loucura robótica aconteceu lá, no final dos anos 80.

Máquinas ensandecidas mataram dezenove operários e feriram vários outros com

movimentos inesperados — na maior parte dos casos, verdadeiros golpes de caratê,

que arremessavam os trabalhadores a vários metros de distância.

Quando os peritos examinavam os robôs, no entanto, não achavam nada de

errado. Não era para menos: o defeito era de nascença. Os projetistas não haviam

previsto a enxurrada de sinais espúrios causada por computadores, equipamentos

de telecomunicações e pelas próprias máquinas existentes no ambiente industrial.

Para se ter idéia do tamanho dessa inundação, basta considerar as soldas para

plástico, usadas em fábricas de brinquedos e eletroeletrônicos. A cada soldagem,

elas emitem um sinal na frequência de 30 mega-hertz (bastante próxima àquela em

que operam os microprocessadores dos robôs), com uma elevadíssima potência de

10 quilowatts. Por isso, a radiofrequência penetrava facilmente nos circuitos dos

robôs e alterava as programações. “Uma simples blindagem, no entanto, poderia

evitar essas interferências fatais”, diz Eduardo Berruezo, do IPT.

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A poluição eletromagnética não é exclusividade do ambiente de trabalho.

Embora bem menos perigosa, é dentro de casa que ela provoca os casos mais

difíceis de resolver. Quem nunca teve seu aparelho de TV invadido por vozes de

radioamadores? Ou o som do rádio distorcido por causa de um liquidificador ligado

na cozinha? São problemas aparentemente insolúveis para os desavisados

cidadãos. Afinal, não há sentido em instalar uma blindagem na televisão ou um fio-

terra no liquidificador. “Quando a interferência é causada por radioamadores, é

possível minimizá-la instalando filtros no aparelho de TV”, explica Roberto Moraes,

do Dentel. Mas nem sempre os incomodados se conformam em pagar para resolver

um problema pelo qual não são responsáveis. Brigas e processos se sucedem e

alguns até usam meios pouco ortodoxos para acabar com as interferências.

“Recentemente, um inconformado telespectador abateu a tiros a antena de seu

vizinho radioamador”, conta Moraes.

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6 APLICAÇÃO PRÁTICA

Com objetivo de exemplificar de maneira abrangente, mas de forma simples, o

que foi abordado nesse trabalho, foi escolhido o projeto de um dimmer utilizado para

comando de lâmpadas incandescentes. Ao decorrer desse capítulo será abordado o

princípio de funcionamento do dimmer, exemplos de dimmer com e sem EMC, assim

como formas de onda corresponde a senóide “pura”, senóide após o acionamento

de um dimmer com proteção de EMC e um dimmer sem proteção alguma.

6.1 Principio de funcionamento de um dimmer

O controle eficiente da luminosidade de uma lâmpada incandescente, da

temperatura de uma estufa, secador de cabelos ou de algum eletrodoméstico e

finalmente o controle de velocidade de uma ferramenta ou eletrodoméstico que

tenha motor só pode ser feito com o uso de um bom dimmer.

O princípio de funcionamento deste circuito é o controle do ângulo de condução

de um Triac. Disparando-o em diversos pontos do sinal senoidal da rede de energia

é possível aplicar a uma carga potências diferentes.

Assim, se o disparo for feito no início do semiciclo todo ele pode ser conduzido

para a carga e ela receberá maior potência. No entanto, se o disparo for feito no final

do semiciclo pequena parcela da energia será conduzida até a carga que operará

com potência reduzida, como pode ser visto na figura 33.

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Figura 33 - Região de disparo do triac Fonte:.newtoncbraga, 2010.

Para que o triac dispare em diferentes pontos dos semiciclos da senóide,

utiliza-se uma rede RC de retardo onde o resistor é um potenciômetro, e portanto

variável.

Com R (Potenciômetro) na sua posição de valor máximo o tempo de carga do

Capacitor até o disparo do diac é maior. Com isso consegue-se tempo para uma

parcela maior do semiciclo da energia da rede passar e o disparo só ocorre no seu

final. Com R na posição de mínimo a carga do capacitor é rápida e o disparo do diac

ocorre no início do semiciclo e assim, tem-se a condição de máxima potência

aplicada à carga.

Entre os pontos de máximo e de mínimo pode-se variar linearmente a potência

aplicada à carga com um controle total da mesma.

Abaixo temos na figura 34 de um diagrama de dimmer.

Figura 34 - Esquema elétrico dimmer comum

Fonte:.newtoncbraga, 2010.

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6.2 Projeto de dimmer considerando os conceitos de EMC

6.2.1 Esquema elétrico dimmer

Pode ser visto neste sub capítulo detalhes do projeto de um dimmer

considerando os conceitos de EMC. Primeiramente temos o esquema elétrico do

dimmer, na figura 35, onde foi previsto o uso de indutor (L1) e também um capacitor

X2 (TC1) usado como supressor de ruídos.

Figura 35 - Esquema elétrico dimmer com EMC Fonte: Autoria própria, 2010.

6.2.2 Layout e estrutura da PCI

Os seguintes aspectos foram considerados no layout da placa:

a) distância de escoamento conforme a norma ABNT NBR IEC 60669-2-

1:2005. Isto é, as partes sob tensão de polaridade diferente e não protegidas por um

dispositivo-fusível devem respeitar a distância de escoamento de pelo menos 3mm;

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b) espessura das trilhas dimensionadas para limitar a densidade de corrente

máxima em 35A/mm²;

c) placa FSR-4 dupla face de 1,6mm de espessura, fibra de vidro, vernizada.

Na figura 36 é mostrado a estrutura da PCB utilizada para esse projeto, uma

placa de FR4 de fibra de vidro dupla face com furos metalizados que são muito

utilizadas para controle dos efeitos de EMI´s nos circuitos eletrônicos.

Figura 36 - Camadas que formam a estrutura da PCB Fonte: Autoria própria, 2010.

Nas figuras 37 e 38 a seguir é possível de se ver a disposição final dos

componentes na PCI, e principalmente a presença do capacitor X2 (C1) e também

do indutor (L1).

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Figura 37 - Distribuição dos componentes na PCB Fonte: Autoria própria, 2010.

Figura 38 - Serigrafia da placa mostrando posição do capacitor X2 e Indutor Fonte: Autoria própria, 2010.

Na figura 39 abaixo temos uma visão do painel de PCI´s antes dos

componentes serem inseridos e soldados.

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Figura 39 - Painel Top Fonte: Autoria própria, 2010.

6.3 Rede elétrica e variações decorridas após o uso do dimmer

6.3.1 Senóide da rede elétrica

Para que fosse possível demonstrar os efeitos que o dimmer causa na rede

elétrica convencional 127 / 220 VAC, foram capturados sinais com o auxílio de um

osciloscópio e são mostrados a seguir nas figuras 40 e 41.

Figura 40 - Senóide pura com sua FFT a 1250 Hz / divisão Fonte: Autoria própria, 2010.

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Figura 41 - Senóide pura com sua FFT a 125 Hz / divisão Fonte: Autoria própria, 2010.

Nas figuras 40 e 41 acima podemos ver a FFT (Transformada de Fourier que é

tipicamente utilizada para decompor um sinal nas suas componentes em frequência

e suas amplitudes) do sinal original da rede elétrica onde serão ligados dois modelos

de dimmer, com e sem proteção para EMI. Na figura 40 utilizou-se o osciloscópio

setado para ter-se 1250 Hz por quadro, já na figura 41 esse ajuste foi alterado para

125 Hz por divisão, com isso é possível ver o sinal com mais detalhes. Mas em

ambos pode-se ser observado que o sinal é completo próximo a frequência de 60 Hz

e em frequências maiores não existe ruído irradiado ou induzido.

Essa medição foi feita diretamente na rede elétrica e também diretamente em

uma lâmpada incandescente de 60 Watts / 220 Vac e o resultado obtido foi

exatamente o mesmo, ou seja, toda a perturbação que existe na rede elétrica

quando usado um sistema de comando de luminosidade (dimmer), pode ser

atribuído ao dimmer.

6.3.2 Dimmer sem proteção para EMI

Na figura 42, abaixo, é mostrado um exemplo de dimmer sem proteção para

EMI. Como pode ser visto, não são utilizadas as técnicas abordadas até então, como

distância das trilhas, capacitores e indutores para filtro e nenhum tipo de blindagem.

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Figura 42 - Dimmer sem proteção EMI Fonte: Autoria própria, 2010.

Nas figuras 43 e 44, a seguir, é mostrado o que acontece com a senóide no

momento em que a carga está recebendo 10% de sua capacidade máxima, isso

sendo regulado pelo dimmer. Na figura 43 usa-se a escala de 125 Hz / divisão, mas

na figura 44, onde é usada a escala de 1250 Hz / divisão, fica mais perceptível a

emissão de espúrios do dimmer à rede elétrica. Essa ocorrência fica clara nas

frequências de 2,5 kHz e 3,8kHz onde esse espúrio chega a 20 dB, e também na

frequência de 6,250 kHz onde temos um ruído de 30 dB.

Figura 43 - Efeito na senóide com dimmer em 10% da potência máxima Fonte: Autoria própria, 2010.

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Figura 44 - Efeito na senóide com dimmer em 10% da potência máxima Fonte: Autoria própria, 2010.

Nas figuras 45 e 46 é mostrado o que acontece com a senóide no momento em

que a carga está recebendo 50% de sua capacidade máxima, isso sendo regulado

pelo dimmer. Na figura 45 usa-se a escala de 125 Hz / divisão, mas na figura 46,

onde é usada a escala de 1250 Hz / divisão, fica mais perceptível a emissão de

espúrios do dimmer à rede elétrica. Essa ocorrência fica clara nas frequências de

2,5kHz e 3,8 kHz onde esse espúrio chega a 15 dB.

Figura 45 - Efeito na senóide com dimmer em 50% da potência máxima Fonte: Autoria própria, 2010.

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Figura 46 - Efeito na senóide com dimmer em 50% da potência máxima Fonte: Autoria própria, 2010.

Abaixo pode ser observado, na figura 47 e 48, o que ocorre com a senóide no

momento em que a carga está recebendo 100% de sua capacidade máxima, isso

sendo regulado pelo dimmer. Duas características devem ser observadas nas

próximas figuras, a primeira é que a lâmpada nunca estará com sua carga máxima

quando regulada por um dimmer, pois não se pode esquecer que o dimmer está em

série no circuito da carga e com isso tem uma perda (queda) de tensão nele. A outra

característica a ser observada é que quanto mais o dimmer se aproxima da carga

máxima, menos espúrios ele gera na senóide da rede elétrica.

Figura 47 - Efeito na senóide com dimmer em 100% da potência máxima Fonte: Autoria própria, 2010.

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Figura 48 - Efeito na senóide com dimmer em 100% da potência máxima Fonte: Autoria própria, 2010.

6.3.3 Dimmer com proteção para EMI

O dimmer que será apresentado nesse sub item é o mesmo projetado no item

6.2, infelizmente pensando a nível de Brasil, onde os consumidores na sua grande

maioria buscam apenas preço, é um produto que não pode ser considerado

competitivo, pois, devido a conter diversos filtros e também um sistema de

blindagem, acaba tendo um custo maior que o seu concorrente, o dimmer comum

sem proteção alguma. Como estudado, o Brasil já mostra sinais de interesse quando

o assunto é EMC / EMI, mas ainda está “engatinhando” quando comparado a países

do primeiro mundo.

O mercado brasileiro, e me incluo nesse, a menos que tenha sofrido sérios

problemas com EMI, não dá a devida importância a esse tema e preferimos pagar

por vezes alguns Reais mais barato num produto eletrônico do que poluirmos cada

vez mais nossa rede elétrica.

Abaixo podemos ver figuras(49 e 50) do dimmer projetado com filtros (capacitor

X2 e Indutor) e sistema de blindagem. O projeto abaixo mostrado pertence a

empresa Siemens Ltda – Iriel Ind. e Com. Sist. Elétricos Ltda.

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Figura 49 - Dimmer com proteção EMI, blindagem e indutor Fonte: Autoria própria, 2010.

Figura 50 - Dimmer com proteção EMI, capacitor X2 e indutor Fonte: Autoria própria, 2010.

Observando se as figuras abaixo 51 e 52 podemos notar que não há geração

de espúrios significativos até uma frequência de 9 kHz, mesmo nesse caso onde o

dimmer está com 10 % da carga máxima e é considerado o pior caso na ocorrência

de ruídos na rede.

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Figura 51 - Efeito na senóide com dimmer em 10% da potência máxima Fonte: Autoria própria, 2010.

Figura 52 - Efeito na senóide com dimmer em 10% da potência máxima Fonte: Autoria própria, 2010.

Nas figuras 53 e 54, que seguem, pode ser visto o dimmer atuando com 50% e

100% da capacidade da carga, se for comparado com o dimmer que não oferece

proteção contra EMI pode ser observado que a geração de espúrios na rede elétrica

é consideravelmente menor. É possível de ser observado também que há uma

diminuição nos ruídos gerados ao passo que o dimmer atua com carga próxima a

capacidade máxima, ou senóide praticamente completa.

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Figura 53 - Efeito na senóide com dimmer em 50% da potência máxima Fonte: Autoria própria, 2010.

Figura 54 - Efeito na senóide com dimmer em 50% da potência máxima Fonte: Autoria própria, 2010.

A mesma observação do dimmer anterior pode ser feita, ou seja, mesmo

chegando próximo a 100% da carga a senóide não mais torna a ser completa devido

ao circuito do dimmer estar em série com a carga (lâmpada), conforme figuras 55 e

56.

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Figura 55 - Efeito na senóide com dimmer em 100% da potência máxima Fonte: Autoria própria, 2010.

Figura 56 - Efeito na senóide com dimmer em 100% da potência máxima Fonte: Autoria própria, 2010.

Para uma melhor visualização dos resultados obtidos, pode ser visualizado

abaixo três tabelas, onde é mostrado os níveis de interferência que os aparelhos

dimmer´s causam em determinadas frequências. As tabelas mostram uma

comparação entre o dimmer com e sem EMC.

Na tabela 5 podemos ver quanto a interferência do dimmer sem proteção

contra EMI é forte, principalmente, em altas frequências, considerando que o gatilho

do dimmer está em 10% da senóide.

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Tabela 5 - Nível de interferência para dimmer´s atuando em 10% da senóide

Frequência Interferência Dimmer sem EMC Interferência Dimmer com EMC(Hz) (dB) (dB)60 0 0

2500 20 53800 20 56250 30 10

Fonte: Autoria Própria, 2010.

Na tabela 6 é mostrado o dimmer com gatilho em 50% da senóide.

Tabela 6 - Nível de interferência para dimmer´s atuando em 50% da senóide

Frequência Interferência Dimmer sem EMC Interferência Dimmer com EMC(Hz) (dB) (dB)60 0 0

2500 15 53800 15 56250 10 10

Fonte: Autoria Própria, 2010.

Na tabela 7, onde o dimmer está com seu gatilho próximo do 100% da senóide,

fica perceptível qua espúrios já não são mais significativos.

Tabela 7 - Nível de interferência para dimmer´s atuando em 90% da senóide

Frequência Interferência Dimmer sem EMC Interferência Dimmer com EMC(Hz) (dB) (dB)60 0 0

2500 5 53800 5 56250 5 5

Fonte: Autoria Própria, 2010.

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6 CONCLUSÃO

Quando se fala em interferência eletromagnética, tanto faz se o tema é:

causas, efeitos ou dicas de redução, não deve se acreditar que uma lógica sempre

existirá, ou seja, não se pode pensar que o problema de EMI será simplesmente

eliminado. Na verdade, o que deve ser procurado é a compatibilidade

eletromagnética entre circuitos e aparelhos eletroeletrônicos. Assim, um sistema

eletroeletrônico deve operar sem interferir em outros sistemas, e também não deve

sofrer interferência quando instalado em ambientes eletromagnéticos.

Em muitos casos o problema de interferência eletromagnética é classificado

como “magia negra”, isso na verdade ocorre por despreparo do corpo técnico da

área de desenvolvimento das empresas. Dessa forma, a EMI não é tratada com a

devida precaução tornando, as dificuldades de solução do problema, mais

complexas e de custo maior, consequentemente. Como em muitas situações,

principalmente em países subdesenvolvidos, a interferência eletromagnética quase

sempre é tratada apenas no momento em que surge e causa algum dano, assim

tornando a adequação do sistema mais complexa e com custo maior do que se

tivesse sido estudado e planejado alguma técnica de redução de EMI no início do

projeto.

Com o estudo e pesquisa realizados para esta etapa do trabalho fica

evidenciada a necessidade cada vez maior e urgente de sistemas compatíveis

eletromagneticamente. São várias as áreas já afetadas por esses efeitos, por

exemplo, ambientes domésticos, hospitalares e industriais. Infelizmente, no Brasil a

EMC (Electromagnetic Compatibility), é pouco conhecida e sem nenhuma norma

compulsória, em algumas empresas (multinacionais europeias instaladas no Brasil)

esse tema já começou a ser tratado de forma mais séria devido às experiências

negativas que tiveram num passado não muito longe.

As normas brasileiras atuais apenas especificam os tipos e limites de

perturbações eletromagnéticas, mas não descrevem os procedimentos de testes,

para o seguimento do trabalho normas internacionais deverão ser pesquisadas e

estudadas para que ensaios e testes possam ser feitos e a compatibilidade

eletromagnética demonstrada.

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A motivação para estudo e pesquisa nessa área de EMI/EMC ocorre-se devido

ao que aqui já foi citado, ou seja, falta de conhecimento e aplicação desse tema no

Brasil, a complexidade de entendimento de EMI e principalmente, a demanda por

conhecimento nessa área, entendam por demanda a falta de artigos, livros, estudos,

pesquisas e mão de obra técnica, pois cada vez mais com a introdução desenfreada

de sistemas eletroeletrônicos haverá problemas com interferência eletromagnética.

A operação correta de sistemas eletrônicos, e em particular no Brasil onde

ainda não existe uma normalização abrangente em EMC, é bastante vulnerável a

problemas de interferência eletromagnética pela própria topologia do sistema

instalado, seus cabos de interconexão, configuração do sistema de aterramento,

etc., podendo ser facilmente comprometida pela instalação de novos equipamentos

nas imediações, pelo aparecimento de conexões acidentais, pela deterioração das

instalações existentes, entre outros fatores. Para se garantir o desempenho

adequado e um menor custo associado à operação de sistemas eletrônicos ao longo

do tempo, nomeadamente àqueles de maior complexidade, como os de

instrumentação, torna-se cada vez mais imprescindível a implantação de um

tratamento sistemático da área da compatibilidade eletromagnética nos

procedimentos de manutenção. Este estudo propõe um conjunto de procedimentos

para a garantia da compatibilidade eletromagnética, procedimentos estes que tem se

mostrado necessários e suficientes, e sugere a criação de um grupo de trabalho,

denominado “Setor EMC”, com o objetivo de implantar a metodologia EMC.

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