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CIBERESPAÇO: REVOLUÇÃO OU GOLPE CIVIL - MILITAR DE 1964
Luzimary dos Santos Rocha1
RESUMO:
A internet tornou-se um dos meios de comunicação mais importantes na sociedade
contemporânea, ao acessa-la o homem se depara com uma infinidade de informações e
concepções politicas divergentes. Foi em torno desses ideais políticos, que se construiu este
artigo que tem por finalidade retratar o uso do Ciberespaço como ferramenta de disseminação
das visões de correntes partidárias de direita e esquerda em protesto ou em defesa da Ditadura
Civil-Militar de 1964 no momento atual. Dessa forma, buscou-se fazer uma breve
retrospectiva da formação do golpe de 1964, apresentando os conceitos de esquerda e direita e
as visões partidárias sobre o governo militar. Em seguida analisa-se a formação do
ciberespaço e os sites Tortura Nunca Mais (esquerda) e Terrorismo Nunca Mais (direita),
procurando assim explicitar a ideologia e objetivo de cada site e como estes servem como
lugares de memória.
Palavras-chave: ciberespaço, esquerda, direita.
I-INTRODUÇÃO
A história política do Brasil está amplamente marcada pela atuação das forças
armadas, fato que podemos observar desde a proclamação da República no país. Segundo
Nilson Borges (2007:16), o domínio militar no Brasil divide-se em dois momentos, anterior e
posterior ao golpe civil-militar de 1964. No primeiro momento, nota-se que eles participaram
e intervieram na politica para reestruturar a ordem e passavam a condução do Estado aos
civis. No momento seguinte e posterior a 1964, agiram com total poder, não transferindo o
poder público a sociedade brasileira que ficou à margem da situação, atuando como meros
coadjuvantes, no sentido de dar ao regime uma fachada de democracia e legitimidade.
1 Graduada em História pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e Mestranda do Programa de Pós Graduação em História (PROHIS) na mesma universidade. E-mail: [email protected]
A tomada do poder político pelas forças armadas no Brasil em 1964 não ocorreu de
um dia para o outro. Construiu-se bem antes da renúncia de Jânio Quadros à presidência da
República em 1961, quando o seu vice João Goulart, que naquele momento encontrava-se em
viagem a China, assumiu como seu sucessor depois de muitas disputas políticas. A posse de
Goulart não agradava os militares que pressionaram para tentar impedir o vice de desembarcar
e tomar posse da presidência do Brasil, mas mediante manifestação popular, Goulart tornou-
se presidente. Alguns meses depois começava a ser acusado pelos partidos da oposição, como
a União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Social Democrático (PSD) de planejar um
golpe de estado, bem como de ser o responsável pelos problemas sociais e econômicos
vividos no Brasil naquele momento.
Toda essa situação culminou nos 21 anos de ditadura iniciada no dia 31 de março de
1964. Os militares, associados aos interesses da grande burguesia nacional e internacional,
incentivados e respaldados pelo governo norte- americano, justificaram o golpe como “defesa
da ordem e das instituições contra o perigo comunista”. (HABERT, 200:8). Assim, a
“revolução militar” causou a deposição de Goulart, que deixou a nação brasileira refugiando-
se no Uruguai.
A atuação do Exército em 1964 foi e ainda é considerada por alguns grupos de direita
vinculados a grupos militares como uma “revolução”2 que libertou o Brasil das aspirações
comunistas e possibilitou o desenvolvimento econômico do país. Porém, os grupos
oposicionistas, representados por forças progressistas e de esquerda, denominam a atuação
dos militares de golpe de estado3 que retirou da população brasileira o direito da democracia.
E foi em torno desses projetos políticos e sociais divergentes que se construiu essa pesquisa
que tem como principal objetivo abordar a utilização atual do Ciberespaço para divulgar
ideias que permanecem vivas a respeito de 1964, sejam à favor ou contrárias a atuação dos
militares no poder. Para tal construção abordou-se o uso Ciberespaço, fenômeno
2 E a tentativa, acompanhada do uso da violência, de derrubar as autoridades políticas existentes e de substituí-
las com o objetivo de realizar profundas mudanças nas relações políticas, no ordenamento jurídico-
constitucional e na esfera sócio- econômica. (BOBBIO, 1998: 1121) 3 Violação da Constituição legal do Estado, geralmente através do uso da violência por parte dos detentores do
poder político. O Golpe poder se realizado por um soberano; por um titular ou titulares do poder político legal e
no último por militares. Este se tornou a forma mais frequente de Golpe de Estado no período contemporâneo.
(BOBBIO, 1998: 545-546)
contemporâneo utilizado como ferramenta de divulgação de ideias em defesa ou em protesto à
ditadura, buscando assim procurar entender o que é esse fenômeno tecnológico, sua
importância para o mundo atual e como se deu sua construção no Brasil. O trabalho busca
ainda, analisar e explicitar a ideologia dos grupos políticos, partidários ou não, ditos de
“esquerda” e “direita” na leitura atual do golpe de 1964 através da internet. Como base para
construção da pesquisa, foram analisados sites filiados a grupos de “esquerda” ou “direita”,
pretendendo assim, abordar e discutir os ideais defendidos por ambos na tentativa de
compreender como estes contribuíram para o não esquecimento do passado ao divulgarem
opiniões e memórias dos defensores e de oposicionistas da ditadura. E para tal análise foram
selecionados dois sites reveladores de projetos políticos e sociais distintos. O site construído
pelo Grupo Tortura Nunca Mais que apresenta uma posição politica em defesa da esquerda e
que busca a denúncia e apuração dos crimes cometidos pela ditadura no Brasil e o site do
Grupo Terrorismo Nunca Mais, este defende um discurso pautado na direita com ideologia
em defesa do governo militar de 1964.
O trabalho consiste em analisar esses sites e explicitar o que ambos defendem e
através disto levantar alguns questionamentos: os termos esquerda e direita política
atualmente caíram no desuso, mas por que no Ciberespaço as ideologias de direita e esquerda
ainda são utilizadas? E até onde é possível o uso do Ciberespaço como disseminador de ideias
políticas? Esses sites podem ser considerados lugares de memória?
II- CIBERESPAÇO E CIBERCULTURA: DIREITA x ESQUERDA NO MEIO
DIGITAL
O surgimento das novas tecnologias é tido por alguns teóricos como um produto do
sistema social e do processo histórico, atrelado a isso a tecnologia estaria tornando o
cotidianos mais libertário transformando-se em suporte criador de relações sociais, ou melhor,
tornando-se geradora de novas práticas sociais. Uma vez que, o homem moderno está
habituado em ter em seu cotidiano as mass medias e um dos mais relevantes é a internet que
se constituiu em um meio de entretenimento, comunicação, divulgador de ideias e um novo
espaço social. O computador e a internet permitiram a criação da Cibercultura: “Ela nasce
nos anos 50 com a informática e a cibernética, começa a se tornar popular na década de 70
com o surgimento do microcomputador e se estabelece completamente nos anos 80 e 90: em
80 com a informática de massa e em 90 com as redes telemáticas, principalmente com boom
da internet”. (LEMOS, 2002:16 )
O computador é uma invenção norte-americana, surgida em meados da II Guerra
Mundial e inventada inicialmente para o uso militar com a finalidade de processar cálculos
matemáticos e decifração de códigos criptografados. Com a Guerra Fria o computador será
utilizado como meio de comunicação e controle de informações entre os militares. No início
da década de 60 o Departamento de Defesa dos Estados Unidos criou uma agência militar de
pesquisa de ciência e tecnologia, a ARPA (Advanced Research Projects Agency), que tinha
como objetivo proteger a informações políticas americanas da URSS. Mais tarde a ARPA cria
um projeto de redes que permitira a interligação dos computares das instituições do governo
americano. Essa interconexão se daria através do uso de linhas telefônicas, nascendo assim a
ARPANET.
Na década de 70 a ARPANET foi conectada as universidades americanas e
estrangeiras o projeto teve um bom resultado permitindo assim, a iniciativa de expansão da
nova tecnologia que inicialmente será utilizada pelas empresas e instituições acadêmicas.
Anos mais tarde a ARPANET ampliará seu desenvolvimento a partir do TCP/IP (Transfer
Control Protocol/Internet Protocol) este proporcionaria o crescimento ilimitado da rede.
Assim, na década de noventa a internet estará disponível para praticamente todos os
computadores dos Estados Unidos o que possibilitará sua disseminação entre a população.
No Brasil, a internet surgirá no final dos oitenta tendo sua consolidação no decorrer
dos noventa, inicialmente será restrita as universidades e instituições de pesquisas, mas será
também utilizada pelas instituições governamentais e privadas. O marco da internet no Brasil
decorrerá no ano de 1995, período em que o Ministério das Telecomunicações e da Ciência e
Tecnologia permitirão o acesso privado à internet, sendo assim liberada sua comercialização
para a população brasileira. Os primeiros sites a surgirem no Brasil foram os de notícias
posteriormente entretenimento, pesquisa, compras, salas de bate papo e as tão acessadas redes
sociais.
Cibercultura é um termo complexo, mas partindo para uma definição desse fenômeno
pode ser compreendido como uma nova cultura surgida a partir de uma ligação entre
informação, novas tecnologias e cultura surgida a partir da década de 1970 com a
informatização e telecomunicação. Partindo disso, podemos dizer que o termo nada mais é
que uma nova relação entre tecnologia e sociabilidade, representando assim, a cultura
contemporânea. (LEMOS, 2010)
De acordo com Pierre Lévy (1999), a Cibercultura terá seu ponto de partida no
Ciberespaço, espaço onde circulam variadas formas de informação permitindo a sociedade se
relacionar virtualmente constituindo-se em um espaço formador de novas sociabilidades.
O ciberespaço (que também chamarei de rede) é o novo meio de
comunicação que surge da interconexão mundial de computadores. O termo
especifica não apenas a infra estrutura material da comunicação digital, mas
também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os
seres humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao
neologismo “cibercultura” especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e
intelectuais) de práticas, de atitudes de modos de pensamentos e valores que
se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço. (LÉVY,
1999:17)
O homem moderno pode interagir com várias ideologias e dentre essas está a
disseminação no Ciberespaço de ideais políticos, cotidianamente o homem é bombardeado
por uma infinidade de noticias de cunho político é nesse meio que aparece uma forte
disseminação de ideias de “esquerda” e “direita” partidária no Brasil , a utilização de tais
conceitos ocorre quando nos referimos a Ditadura Civil-Militar e são sites em defesa ou em
protesto do mesmo que circulam na internet atualmente. Muito se tem discutido sobre o
desuso desses termos e o desaparecimento de tais ideologias, mas virtualmente essas correntes
políticas estão ganhando força. Segundo Norberto Bobbio (2001), esquerda e direita são
termos opostos empregados para explicar ideologias distintas pertencentes às ações políticas e
existentes em toda sociedade.
Esses termos derivam do processo revolucionário Francês do século XVIII onde as
tendências políticas que defendiam os interesses do Rei junto a Assembléia nacional
sentavam-se a sua direita e as tendências que eram opostas a ele sentavam-se a sua esquerda.
Dessa forma, os políticos de “esquerda” apresentavam uma atuação reformista que buscava a
conquista de direitos para as classes menos privilegiadas e os políticos de “direita” buscavam
os interesses das classes dominantes. Em suma, aplicando essa situação na história do Brasil
podemos observar que durante o regime militar os chamados partidos de “esquerda” eram
aqueles contrários aos ideais militares.
Durante a ditadura, a esquerda brasileira era formada por diversas organizações
políticas, dentre os quais estava o Partido Comunista Brasileiro (PCB), que caiu na
clandestinidade após o golpe, além de pequenos grupos de militantes oriundos do Partido
Comunista do Brasil (PC do B), que seguia uma vertente mais radical e defendiam a tomada
do poder dos militares através da luta armada. O PC do B teve sua origem, a partir das
mudanças ocorridas no Partido Comunista da União Soviética (PCUS) que denunciou no XX
Congresso os crimes cometidos por Stálin e propôs mudanças profundas nos rumos da
política internacional soviética. Com isso, o PCB decidiu modificar o estatuto partidário,
retirando do programa as referências ao marxismo-leninismo, tal atitude causou um protesto
do grupo oposicionista, que foi expulso. Em 1962, o PCB dividiu-se em dois Partidos
Comunistas: PCB e PC do B, formado por dissidentes do denominado “partidão”. Esses
grupos políticos pretendiam fazer uma revolução que mudaria toda a estrutura política
brasileira e se levantaria um novo governo baseado no socialismo:
A luta das esquerdas revolucionárias nos anos 1960 e 1970 pelo fim da
ditadura não visava a restaurar a realidade do período anterior a 1964.
Embora buscasse se legitimar na defesa da democracia estava
comprometida, sim, com a construção de um futuro radicalmente novo, no
qual o sentido da democracia era outro. (ROLLEMBERG, 2007:48)
Conservadores de direita e radicais de esquerda pregavam uma “revolução”, mas qual
o sentido de revolução para esses partidos? Ambos defendiam revoluções com sentidos
distintos. Para os partidos conservadores, a revolução dos militares estava defendendo o país
dos interesses comunistas e prevenindo a nação de uma futura guerra civil ou de um golpe de
estado que seria realizado por Jango, que presidia o Estado em um regime comunista. Desse
modo, ao tomarem o poder estavam realizando a “vontade do povo” que se oporia a João
Goulart e qualificava as Forças Armadas para representa-los na luta contra corrupção,
subversão e defesa da democracia. “O Estado, então, passa a encarnar a vontade da nação e do
povo, estar a serviço do bem comum, e, portanto, situa-se acima dos interesses particulares de
grupos ou de classes sociais, definindo seus fins e adaptando seus meios.” (CARDOSO,
2011:20).
Para a esquerda brasileira, a revolução seria pautada em reformas sociais e o ano de
1964 foi marcado por um golpe que instaurou uma ditadura no país. De acordo com Florestan
Fernandes (1984), os militares foram contra revolucionários de se utilizarem da violência
militar para impedir a continuidade da revolução democrática que estava ocorrendo do Brasil
no governo de João Goulart. Assim, para a esquerda em 1964 ocorreu um golpe de estado,
pois retirou o direito tanto à democracia quanto a possibilidade do povo brasileiro de se
manifestar, sendo que a verdadeira revolução é aquela que permite a participação das massas.
Bobbio (1998) difere revolução de golpe no estado no sentido que o golpe se configura numa
tomada de poder das autoridades políticas sem nada ou quase nada mudar nos mecanismos
políticos ou sócios econômicos e a revolução só se consolida com profundas mudanças no
sistema político, social e econômico.
As divergências e guerra que se travou entre as vertentes de direita e esquerda nos
anos de 1960 repercutem até os dias atuais. Defensores do governo militar ainda se
manifestam para rememorar a “revolução” e buscar justiça por atos realizados pelas esquerdas
tidas como “terroristas”. E os defensores das esquerdas lutam por justiça contra as torturas e
os crimes cometidos por uma parte dos militares durante a ditadura. E um meio divulgador
desses ideais, tanto de esquerda quanto de direita, será o ciberespaço. Contudo, falar de
esquerda e direita atualmente torna-se um pouco complexo. Muitos defendem que a divisão
do universo político em duas partes opostas não tem mais nenhuma razão para ser utilizada,
pois em um país democrático não há duas vertentes políticas, mas existem vários grupos que
ora se opõem, ora se sobrepõem. Outro fator para o desaparecimento dessa classificação seria
a crise das ideologias e de acordo com Bobbio, não há nada mais ideológico que a afirmação
de que as ideologias estão em crise:
E depois, “esquerda” e “direita” não indicam apenas ideologias. Reduzi-las a
pura expressão de pensamento ideológico seria uma indevida simplificação.
“Esquerda” e “direta” indicam programas contrapostos com relação a
diversos problemas cuja solução pertence habitualmente à ação política,
contraste não só de ideias, mas de interesses e valorações a respeito da
direção a ser seguida pela sociedade e que não vejo como possam
simplesmente desaparecer. Pode-se naturalmente replicar os contrastes
existem, mas não são mais os tempo em que nasceu a distinção;
modificaram-se tanto que tornaram anacrônicos e inadequados os velhos
nomes (BOBBIO, 2001:51).
Os termos direita e esquerda se completam onde há uma também existe a outra, da
mesma forma que se uma não mais existe a outra também desaparecerá. Vivemos em um
mundo de constantes transformações onde há muitas esquerdas e direitas e com o fim da
união soviética pode-se observar o fim de uma esquerda bem delimitada no tempo.
Atualmente pode-se afirma que o uso dos termos caíram em desuso e no caso no Brasil
existem uma aglutinação de partidos que em um momento estão se contrapondo e em outro se
completam e alguns partidos são defensores do governo militar, assim como os opositores
que atuaram durante o regime militar continuam atuantes ainda hoje. Assim, é importante
evidenciar que esquerdas e direitas políticas não desapareceram apenas se transformaram e se
adequaram as novas condições políticas.
III- HISTÓRIA, MEMÓRIA E DISCURSO: TERNUMA X TORTURA NUNCA MAIS
Quando optamos por entender tais sites e suas ideologias politicas não podemos deixar
de levar em conta os usos da Memória no hipertexto. Uma vez que, com os avanços
tecnológicos das sociedades temos ampliação dos lugares de memória e o ciberespaço torna-
se um ambiente de preservação da mesma. Assim, os sites utilizam como ponto de partida
para suas defesas ideológicas o golpe civil militar de 1964, ou seja, resgatam os fatos
ocorridos durante o período militar para a defesa de seus posicionamentos políticos atuais. A
memória constituiu-se com o passar do tempo como um documento, uma fonte histórica que
se tornou semelhante e distinta da história, mas ao mesmo tempo unidas pelo passado.
Segundo Andreas Huyssen (2000), a sociedade moderna está obcecada pela memória e
tomada pelo medo do esquecimento e esse medo articula-se com as questões sociais e
politicas, mais precisamente, com questões sobre o holocausto na Europa e nos Estados
Unidos, ou dos presos políticos desaparecidos na América Latina. Esta característica pode ser
observada tanto nos sites de “esquerda” como de “direita”. O autor ainda defende a ideia de
que não podemos discutir memória pessoal, geracional ou politica sem considerar a relevante
influência das novas tecnologias de mídia como veículos para todas as formas de memória,
sejam elas filmes documentários, sites entre outro.
A memória consiste numa operação coletiva de acontecimentos e das interpretações do
passado que se quer salvaguardar. Servindo como um fator fortalecedor do sentimento de
pertencimento ao um determinado grupo e fronteira sociais. Assim, defende-se que a
referência ao passado serve para manter a coesão dos grupos e das instituições que compõe
uma sociedade para definir seu lugar respectivo. Mas, a defesa da memória também implica
em problemas que é o da credibilidade e de sua aceitação em uma determinada sociedade
(POLLAK, 1989).
De acordo com essa definição nota-se que os Ternuma e o Tortura Nunca Mais,
pretendem abordar em suas páginas o que de fato para ambos é considerado “verdadeiro” à
medida que explicitam e defendem seus discursos eles fortalecem seu sentimento de
pertencimento aquele grupo sejam eles representantes dos militares que defendem a ditadura
ou “revolução”, como também os representantes dos militantes de esquerda que buscam
justiça pelos crimes cometidos por militares durante a ditadura. Nesse ponto, teremos o que
Pollak (1989) define como um enquadramento da memória, ou seja, toda instituição ou
organização politica relaciona seu passado a uma imagem que ela própria criou para si
mesma.
O resgate da memória é um fenômeno contemporâneo em que homem transfere seu
olhar que antes focava no futuro, para o presente, buscando o resgate do passado como forma
de preservar ou construir identidades, cultura e também buscar justiça. É nesse último que
teremos o uso da memória como debate político quando se propõe o seu resgate para trazer à
tona a situação de presos políticos desaparecidos levantando questões como a violação dos
direitos humanos.
Assim, o uso da memória como um dever posterior à ditadura na maioria dos países da
América Latina e foi o seu uso que possibilitou a condenação de crimes cometidos pelo
Estado, assim os atos da memória foram fundamentais na transição democrática, pois sem ele
nenhuma condenação seria possível. (SARLO, 2007)
Ao abordar os sites e suas ideias, ficam evidentes os discursos travados por ambos.
Segundo Foucault (1971), o discurso não é um produto que traduz lutas ou sistemas de
dominação, mas o objetivo pelo que se luta e o poder do qual queremos no apoderar, ou seja,
na defesa de um discurso estará sua ligação com desejo e com o poder. “O poder não está,
pois, fora do discurso. O poder não é nem a fonte nem a origem do discurso. O poder é algo
que funciona através do discurso, porque o discurso é ele mesmo, elemento em um dispositivo
estratégico de relações de poder” (FOUCALT, apud CASTRO, 2009: 120).
Assim, os sites ao defenderem suas ideias deixam explícito o objetivo de seus
discursos e suas relações com jogo de poderes. Ao fazer isso expelem seu maior desejo que é
a “vontade de verdade”, pois cada um apresenta suas ideologias em forma de verdade, através
do discurso o sujeito transforma-o na verdade de si mesmo. Dessa maneira, o que veremos
não será apenas um conjunto de palavras, mas um enunciado organizado e formado por
conhecimentos carregados de visões ideológicas, ou melhor, visões políticas distintas que se
pretendem ser tomadas como verdadeiras para um determinado grupo.
José Luiz Fiorin (1988) defende que o discurso politico é persuasivo, e no contexto
politico de 1964, teremos um discurso por parte dos militares, regido pela transformação do
“caos” em “ordem” e englobando esse “caos”, estaria: desordem, desgoverno, inflação, a
anarquia e na “ordem”: disciplina, desenvolvimento, honestidade. Simplificando as palavras
de Fiorin, esse caos, seria as atitudes tomadas pela esquerda brasileira como, por exemplo, a
reformas políticas e como produto de tal desordem surge a “revolução” feita por eles como
uma forma de trazer “ordem” ao Brasil e sufocar o “grande caos”, este seria por sua vez o
comunismo. Esse discurso será estabelecido pela oposição entre “nós” e “eles”. Assim, todo
oposicionista será visto pelo governo como traidor, essa interpretação desencadeou e
justificou a repressão contra a oposição. O “outro”, nesse caso a esquerda, será o responsável
pelas ações repressivas do governo sendo possível devido sua radicalização de ações. Essa
ideologia construída pelos militares em 1964 é fortemente explicitada ainda hoje nas páginas
dos sites de direita. Já o discurso travado pela esquerda em 1964 apresentará mudanças nos
tempos atuais antes se observa uma ideologia que almejava a implantação dos ideais
socialistas no Brasil, porém atualmente nota-se um ideal de buscar por justiça em relação aos
crimes cometidos por alguns militares na época da ditadura.
Terrorismo Nunca Mais
Fonte:
imagem retirada da pagina da rede social do TERNUMA.
Fonte: imagem retirada da pagina inicial do TERNUMA
O site possui uma ideologia de direita em defesa dos militares tem como patrono o
General Emilio Garrastazu Médici e como presidente o General Valmir Fonseca Azevedo
Pereira, pertencente à Brigada reformado do Exercito Brasileiro. O grupo tem sede na cidade
de Brasília e em seu estatuto elaborado no ano de 2011 a entidade denomina-se como uma
sociedade civil formada por civis e militares fundado no ano de 1998 com o objetivo de
mostrar o que segundo eles é a “verdadeira versão da revolução de 1964”. Em seu estatuto o
grupo estabelece seus objetivos que serão: esclarecer e denunciar os atos políticos realizados
pelos terroristas (grupo de esquerda) durante o regime militar com a finalidade de extinguir os
privilégios concedidos a esquerda, combater ideologias que ameacem os princípios
democratas, promover e incentivar manifestações patrióticas e discussão de assuntos
nacionais de alta relevância e mediante tais objetivos pretendem apoiar a assegurar as vitimas
e familiares dos atos cometidos pelos chamados terroristas e estimular a criação de regionais
em todo o território nacional. O site faz duras críticas aos grupos de esquerda afirmando que
a conduta dos “terroristas” hoje é aplaudida pela sociedade invertendo a história e deturpando
os ideais do Governo Militar.
Hoje, enquanto o comunismo jaz destroçado em quase todo o mundo -
inclusive em seu berço -, no Brasil, quintal das ideologias extremistas, seus
seguidores posam, capciosamente, como "defensores" de uma democracia
que tentaram e ainda tentam acabar. Continuam com suas mesmas ideias
retrógradas, buscando, mais uma vez, iludir o povo brasileiro. (TERNUMA).
Segundo o TERNUMA, mesmo após o decreto da anistia que permitiu a volta dos
“comunistas” ao país como a sua integração na vida política, muitos deles ainda hoje
perseguem os que defenderam a ditadura essa ação praticada pela esquerda é intitulada pelo
site de revanchismo. Um dos seus links é o Justiçamentos o que de acordo com TERNUMA,
eram assassinatos praticados pelos revolucionários de esquerda, ou seja, o assassinato dos
próprios comunistas considerados traidores e os seus inimigos, os integrantes das forças legais
de segurança e todos aqueles que com elas colaboravam.
Fonte: imagem retirada da rede social do TERNUMA.
O grupo apresenta também uma lista de alguns revolucionários que lutaram contra a
ditadura militar. Estes são colocados por eles como “criminosos” que receberam a anistia
política e foram transformados em heróis. Logos após essa lista encontra-se um link
denominado Memorial que relata as possíveis vitimas do movimento de esquerda.
O TERNUMA apresenta um “Baú da verdade” que tem como objetivo mostrar a
verdadeira história que não foi contada pelos chamados “comunistas”. Observe a seguinte
citação na qual o site explicita seu objetivo:
Nosso propósito é mostrar a chave do empoeirado baú que a esquerda teima
em não querer que seja aberto. Mostraremos fatos que, por serem a
expressão da verdade, contrapõem-se à visão esquerdopata do que eles
entendem por "abertura do submundo da ditadura”, pois são os primeiros a
querer mantê-los fechados. (TERNUMA)
Nessa citação o autor faz uma crítica à criação da Comissão da Verdade que segundo
ele não mostra verdade nenhuma apenas uma propaganda desenvolvida pela esquerda
brasileira. O site apresenta noticias da política atual brasileira ligada ao período da ditadura e
disponibilizam em seu acervo mais de mil artigos que segundo seus autores, são “verdades
históricas” que a esquerda brasileira escondeu todos esses anos, um dos seus artigos trata de
desmentir que os EUA participaram do golpe de 1964, segundo os militares tal afirmativa é
um mito e a participação dos Estados Unidos teria sido consolidada por documentos forjados
pela espionagem tcheca que atuava em 1964 na KGB no Brasil. A operação que forjou tal
“mentira” foi batizada de “Operação Thomas Mem” montada por Lidislav Bittmam que
chefiava o serviço secreto da Tchecoslováquia e em 1985 o próprio Bittmam teria contado
toda a historia em seu livro “The KGB And Soviet Disinformation”, publicado em Washington
é interessante atentar que o livro que conta essa “verdade” foi publicado logo nos EUA.
Outra “mentira” que o TERNUMA desmente em um dos seus textos será sobre o livro
“Memórias de uma guerra suja”, publicado recentemente, a obra traz o depoimento de um ex-
delegado do DOPS chamado de Claúdio Guerra, sobre o período final da ditadura. Uma das
revelações do livro seria sobre a morte do delegado Fleury que segundo Claudio Guerra, teria
sido assassinado pelos próprios militares e que militantes da esquerda teriam sido incinerados
em uma usina. Mas no artigo intitulado “Um Pedacinho da Historia” o autor desmente as
afirmações descritas no livro.
(...) o Fleury era um paradigma do movimento anticomunista e ainda por
cima tinha irmão que era militar e meu conhecido. Ficou provado que ele
estava bêbado, quando caiu do barco. Ele não estava sozinho no local e foi
retirado da água ainda com vida e socorrido. E se planejassem a sua morte,
desta decisão jamais iria participar este cara. E muito menos uma decisão tão
grave jamais seria tomada mediante uma eleição para decidir a sua morte,
em local público. Esta é uma das maiores bazófias que ele inventou porque,
evidentemente, quer aparecer e se promover. ( PAULO PEDRO ROCHA
/TERNUMA)
Tortura Nunca Mais- RJ
Fonte: imagem da pagina inicial do GTNM-RJ
A página do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ (GTNM/RJ) foi criada pelo grupo que
possui a mesma denominação. Esse grupo foi formado em 1985 por ex-presos políticos que
sofreram tortura durante o Regime Militar e por familiares de mortos e desaparecidos
políticos desse mesmo período. Atualmente o grupo tem sua sede localizada em Botafogo, no
Rio de Janeiro, e tem como presidente Victória Lavínia Grabois Olímpio, filha de Mauricio
Grabois dirigente do Partido Comunista do Brasil (PC do B) e desaparecido em 1973 na
guerrilha do Araguaia. O GTNM/RJ tem sua base na defesa dos direitos humanos, na busca
por justiça em nome dos mortos e desaparecidos durante a Ditadura, desejo que fica explicito
conforme citação abaixo:
Desta maneira, tem assumido um claro compromisso na luta pelos direitos
humanos, pelo esclarecimento das circunstâncias de morte e
desaparecimento de militantes políticos, pelo resgate da memória histórica,
pelo afastamento imediato de cargos públicos das pessoas envolvidas com a
tortura, pela formação de uma consciência ética, convicto de que estas são
condições indispensáveis na luta hoje contra a impunidade e pela justiça.
(GTNM/RJ)
Por essa defesa e luta pelos direitos humanos o GTNM/RJ tornou-se referência
nacional no assunto, o grupo também conseguiu o afastamento de profissionais de saúde que
colaboraram com a tortura durante o Governo Militar. Em sua apresentação no site o
GTNM/RJ elenca seus principais objetivos:
Os principais objetivos da entidade são:
- lutar contra toda e qualquer violação dos direitos humanos
- dar apoio e solidariedade às pessoas que lutam pela causa dos direitos
humanos no mundo
- intercambiar experiências e informações com entidades de direitos
humanos nacionais e internacionais
- dar assistência – reabilitação física e psicológica – a pessoas atingidas pela
violência organizada
- trazer a história de nosso país durante o período de ditadura, esclarecendo
as circunstâncias das prisões, torturas, mortes e desaparecimentos ocorridos
naquele período. (GTNM/RJ).
Assim, o Grupo Tortura Nunca Mais vem lutando há anos para combater todo tipo de
autoritarismo e violência bem como denunciar os fatos ocorridos nas prisões durante a
Ditadura. O site traz um link que apresenta denúncias sobre os dias atuais e dossiês de pessoas
que foram vitimas de tortura e ainda conta com a disponibilidade de uma equipe Clinico
Jurídica que oferece assistência médica e jurídica e psicológica para pessoas que sofreram
alguma tortura durante o período militar e as que também sofrem algum tipo de violência nos
dias atuais, a equipe recebe assistência financeira do Fundo das Nações Unidas para Tortura e
da Comissão Europeia de Anistia Internacional sueca. “Tem direito à assistência do Projeto
Clínico-Jurídico as pessoas que, comprovadamente, passaram por situações de violência e/ou
tortura perpetradas por agentes do Estado e os seus familiares”. (Projeto Clinico Jurídico
GTNM/RJ).
Em suma, o projeto busca dar assistência clínica através de terapias e assistência
jurídica as vítimas da violência do Estado, terapêutica por meio de acompanhamento
psicológico as vitimas e jurídico assistindo no encaminhamento de processos e buscando
minimizar a exposição daqueles que encaminham as denúncias buscando mediante a isso o
apoio de outras entidades de defesa aos direitos humanos. O site apresenta uma listagem de
pessoas (militantes políticos mortos de 1964 a 1983) e de desaparecidos no Brasil, Chile,
Argentina, Bolívia.
Um fator importante que é abordado pela página do Tortura Nunca Mais é a
divulgação de um projeto de pesquisa iniciado em 1979 o chamado Brasil Nunca Mais
(BNM). A pesquisa é baseada no estudo da repressão no período do Governo Militar, esse
levantamento de dados é feito por meio de documentos produzidos pelas próprias autoridades,
dessa forma, foram reunidas cópias de processos políticos que abrangem o ano de 1964 a
1979 e que transitaram no Supremo Tribunal Militar.
A construção do projeto está pautada nos conceitos de Michel Foucault sobre o poder,
na qual traz a evolução política do Brasil entre 64 a 79 e a construção da repressão através da
ideologia da Doutrina de Segurança Nacional em seguida explica-se o aparato teórico
metodológico do relatório juntamente com construção das organizações de esquerda no qual
se coletou 10 mil documentos que serviram de aparato para a pesquisa dos movimentos de
esquerda, depois apresenta uma discussão sobre a elaboração das leis no regime militar e no
final apresenta a transcrição de depoimentos de torturas sofridas no período. “São denúncias
firmadas em juízo, com nomes de torturadores, de centros de sevícias, de presos políticos
assassinados, de “desaparecidos”, de infâmias sem conta”. (Projeto Brasil Nunca Mais)
A finalidade desse projeto foi mostrar ao Brasil a verdade escondida da repressão no
período militar. O GTNM/RJ ainda dispõe em seu site, um jornal que posta noticias sobre
assuntos relacionados à violência e ditadura no Brasil e na América latina. Além do jornal o
Tortura Nunca Mais apresenta uma lista de artigos sobre assuntos políticos do Brasil e do
mundo.
Fonte: imagem do jornal do GTNM.
Por todos esses aspectos mencionados na análise desses dois sites podemos observar a
divergência de ideais de ambos, pertencentes a correntes partidárias opostas os dois buscam
trazer a tona a “verdadeira” história do Brasil, ou seja, a realidade dos fatos ocorridos durante
a época do Governo Militar. O TERNUMA exibiu os revolucionários de esquerda como
“terroristas” que pretendiam o fim da democracia no país através de um golpe de estado e que
passado os anos ainda hoje cheios de ódio perseguem os militares. O GTNM/RJ apresenta os
militares como repressores e o governo militar como uma ditadura que torturou e matou
muitos entre os quais estão ate inocentes.
O Grupo Tortura Nunca Mais luta por meio da defesa dos direitos humanos para que
não se repitam no presente as atrocidades cometidas no passado. São ideais como estes que
busquei explicitar que navegam no ciberespaço, as Forças Armadas que tanto reprimiu
mediante a censura, hoje se utiliza desse meio o ciberespaço para divulgar suas ideologias e
os revolucionários opositores que foram reprimidos hoje podem contar a sua versão da
história.
IV- CONCLUSÃO
Pela observação dos aspectos analisados e pelo o que se procurou mostrar na pesquisa
ficou explícito que a invenção da Internet e do computador, ambas as criações de militares
americanos e contemporâneos a ditadura militar no Brasil, são relevantes meios de
disseminação das ideologias de esquerda e direita. O ciberespaço constitui-se dessa forma, na
base e no elemento chave de divulgação dessas ideias, pois de qualquer lugar do país a
sociedade pode ter acesso às essas fontes. No que se diz a respeito as “verdades históricas”
que os dois lados pretendem mostrar a nação brasileira fica-se a conclusão de que ambos
cometeram erros. O Brasil vive hoje o período mais longo de democracia, um tempo dito
novo. Assim o regime militar no Brasil apesar de extinto ainda nos deixa muitas lacunas para
serem preenchidas e o uso do ciberespaço hoje se torna uma importante ferramenta na
tentativa de buscar compreender esse período tão movimentado da política brasileira.
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