Upload
marcio-gibram
View
239
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
monografia apresentada no curso de planejamento ambiental urbano em 2006
Citation preview
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO Sistema de Bibliotecas da PUC Minas
Cidade Diálogos Poéticos
Norma baptista Márcio gibram
Belo Horizonte 2006
Norma Baptista e Márcio Gibram
Cidade Diálogos Poéticos
Monografia apresentada ao Instituto .... Com o intuito...
Monografia.S.f.Dissertação ou estudo minucioso que se propôe esgotar um determinado
tema relativamente restrito. Propor. 1.Oferecer a exame... 14. Apresentar como sugestão; lembrar, sugerir...
Esgotar.1.Tirar até a última gota....4.Privar de todo o conteúdo....9.Colocar esgoto....14. Perder as forças.
Orientador:
�
(fonte com o objetivo de desresponsabilizar a orientadora)
Á linguagem
Resumo
Não tenho muita paciência,
inteligência ou liberdade
de estar acompanhado de um livro acadêmico.
Ou seja lá como se chame isto que colocam
nas bibliografias de trabalhos científicos.
Eu não consigo dar atenção a tantas palavras juntas.
Se não for sintético
esqueço no meio do caminho
tudo aquilo que estava antes.
Se no que leio não tiver poesia, nem sei.
Por quê?
Existe um meio de saber, que passa pelo sentir. Encontrar a linguagem deste saber.
Saber de sabor. Saber o que uma cidade diz.
Sentir o sabor disto. Através do encontro. Do diálogo
Objetivo
Construir uma monografia
Monógrafo.Adj. 1.Que trata de um só objeto
O objeto
a linguagem.
Metodologia
Diálogos
Diálogo.1. Fala entre duas ou mais pessoas.colóquio. 2. Obra literária ou científica em forma
dialogada. 3. Troca ou discussão de idéias, de opiniões, de conceitos, com vista à solução de
problemas, ao entendimento ou à harmonia.
Lista de figuras
Figura 1 autor 1
Figura 2 autor 2
Lista de abreviaturas
As abreviaturas não serão listadas
Por se tratarem de um exemplo de linguagem
Apenas uma
(Sic)(Advérbio latino que quer dizer ¨assim mesmo¨)1
Um grande
(sic)
deve ser pensado
depois de tudo dito
Sumário
Apenas depois de tudo acabado
Se encontra o índice.
Introdução
A partir de agora a escrita será uma forma de linguagem
Tirando as malditas maíusculas
Que esta pessoa word
Teima em colocar
A apartir de agora
Os acentos somem
As virgulas quase nao aparecem
Algumas palavras de reduzem
Sempre numa tentativa de se encontrar
No proprio caminho
Algo a entender
Ao lancarmos num fundo branco
As pecas de um domino
O arranjo acontecido
Forma caminhos
se lancarmos de novo
novos caminhos
se nao pararmos de lancar
encontraremos algum arranjo
que se aproxime de algum mapa
de alguma cidade
nestes mapas
encontramos uma linguagem
uma maneira de dialogar com a cidade.
Buscar este dialogo foi entao a nossa busca
Minha (autor 2)
Minha colega do curso de planejamento ambiental urbano (autor1)
Foi na verdade um encontro e nao uma busca
Um encontro com a cidade
Um encontro com o outro
Despertar pro ao redor
A cada disciplina do curso
A cada encontro na sala de aula
Era um abrir os olhos
Pra uma nova forma de ver a cidade
Porque a cada encontro nosso
Era uma nova forma de um ver o outro
A segunda disciplina foi o grande desafio
Sintaxe espacial.
Eh (ao inves de é) este o assunto do nosso trabalho
A sintaxe do espaco. A sintaxe do que nao sou eu
¨propôe esgotar um determinado tema relativamente restrito.¨
nao eh assunto pra monografia por nao ser restrito restringimos entao os atores desta cidade
restringimos o tamanho do espaco restringimos o assunto dos dialogos restringimos o tempo dos encontros
recortamos ¨esgotamos, perdemos as forcas.¨
no inicio
a sustentabilidade do desenvolvimento
foi um susto saber que sustentabilidade
tinha alguma coisa a ver com meio ambiente
uma cidade nao era
acima de tudo
um monte de dominos lancados
num fundo branco?
¨ a organização espacial humana,..., é o estabelecimento de padroes de relações compostos
essencialmente de barreiras e de permeabilidades de diversos tipos.¨
nao sou cientista
permeabilizei me
sintaxe espacial
foi pra mim um sonho
a cidade saber conversar
saber que existe uma lingua
que a cidade fala
lancar as pecas do domino
era este o caminho
encontrar ja estas pecas lancadas
ali na minha cidade
ali na minha sala de aula
carteiras cadeiras mesas fios
pias louzas chao parede
portas janelas
pessoas
encontrar primeiro as pessoas
a metodologia escolhida
dialogo
o objetivo escolhido
encontrar o dialogo com a cidade
a linguagem
uma pessoa ou mais pra dialogar
restringimos o numero
em algum olhar
encontrei a pessoa
ela me encontrou
pra aproximar as pessoas
tem que existir o olhar
nos olhos do outro
existe morada
bacho diz:2 nossa
acho que a proposta do nosso grupo deve ser habitacao bacho diz:
encher as areas de gente Norma diz:
será? bacho diz:
tenho certeza rsr bacho diz:
senao vira projeto urbanizacao bacho diz:
me interessa o anarquico vc que disse bacho diz:
gente chegando e ficando bacho diz:
palafita nao eh melhor maneira bacho diz:
mas eh ocupacao bacho diz:
vc viu o texto dos okupas3 bacho diz:
so que ali a gente ocupa area e nao casa vazia Norma diz:
e pq não ocupa aqueles galpões? bacho diz:
entao galpao eu topo mais ainda Norma diz:
ok, galpão é legal Norma diz:
e lá tinha uns bem no jeito bacho diz:
mas ai vem os tais projetos e acaba virando centro cultural bacho diz:
urbanista politicamente correto
Norma diz: mas nossas ocupações vão ter aspecto de critica social assim como os okupas ou vão só
encher lá de gente e deixar a vida acontecer? bacho diz:
quero mesmo bagunca Norma diz:
já percebi Norma diz: anarquista
bacho diz: claro que eh pra deixar a vida acontecer
bacho diz: quem sou eu pra dizer como a vida dos outros deve andar
Norma diz: bom. sem crítica à falta de habitação, falta de infra...?
bacho diz: so que o que eu acho
eh que enquanto a gente nao for junto morar ali nao rola nada de novo
bacho diz:
critica nenhuma so a presenca bacho diz:
eu penso na gente morando ali bacho diz:
entao acho que a classe media tem que invadir ou melhor dividir a favela bacho diz:
entrar la e viver bacho diz:
e nao ficar so achando que a gente sabe viver mais limpinho bacho diz:
o final do texto le la
bacho diz:
a gente ser espaco livre bacho diz:
as pessoas se tornarem espaco livre bacho diz:
viu? bacho diz:
la no finalzinho bacho diz:
viu? Norma diz:
Como em Portugal, têm sido nos squats que as ideias anarquistas mais impacto tem tido e através dos quais mais pessoas se têm vindo a identificar. Isto diz-nos igualmente
respeito quanto às novas origens daqueles que, de uma forma ou outra, se vêem como anarquistas.
bacho diz:
E porque a liberdade não tem paredes, uma casa não será nunca suficiente, nem sequer um bairro, mas apenas o mundo! Quando todo o mundo for um espaço livre!
bacho diz: eu diria todo mundo for este espaco livre
bacho diz: e nao todo o mundo
Norma diz: mas será que ia funcionar?
bacho diz: o que?
bacho diz: que mania de funcionar
Norma diz: pq se todos fossem seriam muito poucos problemas
bacho diz: funcionar eh so o tempo passar
Norma diz: e aí não ia ter graça
bacho diz:
planejar? Norma diz:
não Norma diz: ir sem tropeço bacho diz:
pensar previamente no futuro? Norma diz:
não bacho diz:
tropeco eh que eh a diversao Norma diz:
tropeço é diversão qdo vc não tropeça no outro Norma diz:
ou não leva tombo grande demais bacho diz:
e quem vai estar na frente se todo mundo vai estar junto bacho diz:
viu boba? Norma diz:
mas nunca todo mundo vai estar junto Norma diz:
e a gente tropeça pro lado tb, ué bacho diz:
pra tropecar no outro um tem que estar na frente
Norma diz: não
bacho diz: pro lado eh torcer o pe
Norma diz: sim
bacho diz: ai o do lado segura e apoia
bacho diz:
lembra que daqui 20 ou 30 anos vai vir uma chuva e levar tudo embora bacho diz:
ai a gente vai ter que comecar de novo bacho diz:
nada melhor que comecar uma coisa sabendo que ela vai ter fim Norma diz:
e aí até lá a gente vai vivendo assim.... como dá, sem muita preocupação bacho diz:
do jeito que vive hj bacho diz:
super preocupado sim bacho diz:
mas no meio da favela bacho diz:
tomando cachaca bacho diz:
sentindo cheiro de esgoto bacho diz:
plantando dama da noite manaca pra disfarcar o cheiro bacho diz:
fazendo de tudo pra ser feliz bacho diz:
para de querer achar vantagem bacho diz:
so estou querendo ocupar um lugar bacho diz:
mas entao se a gente for morar no meio da favela bacho diz:
acho que a favela fica melhor bacho diz:
eh que ali a gente ve que a diferenca entre interior e favela eh muito pequena bacho diz:
ali no marzagao nao eh favela ainda eh sabara bacho diz:
estou falando sempre dali
bacho diz: chamar a tencao pra estas nao diferencas que a gente teima em ver
bacho diz: mas o que eu acho eh que a gente tem que morar ali
bacho diz: enquanto o planejamento for gente de fora
querendo ajudar os pobres vai dar sempre em merda bacho diz:
Um espaço real e concreto onde o okupa pode aprender consigo mesmo e com os que o rodeiam, não só aquilo que é, como o que todos podemos ser uns com os outros. Pensar em (con)viver com os restantes, de uma forma livre e sem agressões, será entender que
não basta chegar à casa e gritar ser livre, mas que se está disposto a construir esse modo de estar com os outros.
bacho diz: nao eh pq vamos morar ali que a gente tem que ficar ali todo o dia
bacho diz: projeto eh que eh assim
bacho diz: fica centrado no lugar
Norma diz: ?
bacho diz: serio
todo projeto fica em si mesmado bacho diz:
tem que ter funcao demais pro lugar bacho diz: gerar renda bacho diz:
associacao de bairro bacho diz:
educacao ambiental bacho diz:
enche o saco tudo bacho diz:
mais ainda a gente esquece que ocupacao
eh so procurando lugar pra morar bacho diz:
trabalho e outras coisas eh bom fazer em outro lugar
bacho diz: entao eh ali que mora o bonito do planejamento
bacho diz: no terreiro de cada casa
Norma diz: e é. no terreiro de cada casa sim.
bacho diz: para
que este terreiro nao eh meu Norma diz:
pq é ali que interessa. onde vc acha sua família, amigos e vive.
bacho diz: viu que nao da pra melhorar com planejamento
Norma diz: e onde vc pode expandir pra sua rua
Norma diz: pro seu bairro Norma diz:
até tudo virar terreiro Norma diz:
como o jardim planetário.4 Norma diz:
o terreiro planetário! bacho diz:
uau bacho diz:
nao falei que vc hj esta um colosso
Você acabou de pedir a atenção! Você não pode pedir a atenção de alguém com tanta freqüência.
bacho diz:
calma norma calma estava lendo o texto de novo
Norma diz: rápido vc, hein?
bacho diz: e para de balancar que isto eh falta de educacao
bacho diz: nunca te balancei
Norma diz: é que eu gosto de sacudir o seu mundinho
bacho diz: vamos comecar
bacho diz: eh que vc sacode so de olhar pra mim
Norma diz: vou salvar isso tb.
bacho diz: pode salvar mas nao coloca no trabalho
Norma diz: ah....
bacho diz: que minha analista ja me proibiu de ficar seduzindo
Norma diz: vamos lá é marzagão ou canduras? ou os dois é mistura?
bacho diz:
eh mistura sempre Norma diz:
sempre. bacho diz:
que marzagao ja eh candura de nome
bacho diz: Mas aquilo que é, sem dúvida, o aspecto mais positivo e próprio deste cenário de
ocupações sem fronteiras, é a sua participação social. Uma participação social versus participação política, contrária ao poder, à acção do estado e à subordinação ao capital.
bacho diz: viu ? poder exercido pelo povo
bacho diz: coisa de paulo dimas5
bacho diz: coisa de constituicao
bacho diz: E esta participação e crítica social reflectiu-se na criação nos espaços ocupados de
"comedores populares", salas de espectáculos, ateliers, info-shops, etc., e na criação de Centros Sociais Alternativos e Autogestionados. Procurando de uma forma não dirigista ou hierárquica, estabelecer novas formas de relacionamento social, seja nas cidades,
sufocadas e desumanizadas, ou nas ocupações no campo, bacho diz:
ou nas ocupações no campo, bacho diz:
e sabara eh campo bacho diz:
Sem grande formulação teórica, por toda a Europa, como noutros continentes (América do Norte principalmente), foram surgindo estes espaços ocupados, confiantes na espontaneidade e numa imensa vontade de fugir ao alienar da vida moderna, mas
também, associados a uma ideia de mudança social total. Mudança que um dia-a-dia de uma ocupação procuraria adquirir.
bacho diz: serio lembra quando falei que planejar deveria ser intervir de forma a fazer a comunidade
ou a pessoa pensar bacho diz:
entao vc intervem(?) e espera o escorregao a ideia do outro a resposta do outro Norma diz:
genial bacho diz:
isto de trabalhar com a comunidade eh mentira enche o saco
bacho diz: vc ou eu nao somos nao pensamos nao sentimos do mesmo jeito deles
nos nao moramos la bacho diz:
pq achamos que podemos ser parceiros? bacho diz:
a gente tem que intervir e esperar o que eles respondam bacho diz:
perguntar dialogar como dois querendo se conhecer
perguntar dialogar
a cada trabalho eram horas de dialogos
descobrir inventar a linguagem
que explicasse a alegria de ver a cidade
a alegria de ver o outro
este outro que eu conversava
aqui este dialogo
era habitacao
em outro dialogo
sustentabilidade social
a pergunta era a mudanca do centro administrativo do estado
para a regiao do carlos prates
c a s a b a i x i n h a d e l a j e
u m a s e n h o r a
a i n d a d e c a m i s o l a
r o l i n h o n o c a b e l o
q u e n o j a r d i m
a l ã o m a r r o m
i n t a d a à m ã o
i a à v i z i n h a n ç a
p r e s s ã o ¨
r e g a n d o o p e
n a g r a d e d e m e t
u m a p l a c a p
a n u n c
¨ c o n s e r t a - s e p a n e l a d e
cidade
blocos de domino lancados no branco
foi passeando pelas ruas do carlos prates que encontramos esta casa
descobri que eram os espacos em branco
o lugar de se escrever
era ali que estava escrito a cidade
descobri que dialogar sobre a rua
era dialogar sobre as possibilidades do encontro
era encontrar o outro autor
sintaxe espacial
- percentual de espaco aberto sobre o espaco total5 - espaco convexo medio
- numero medio de entradas por espaco convexo - % de espacos cegos
- m2 de espaco convexo por entrada - economia da malha
- integracao - inteligibilidade
- forma do nucleo integrador
de novo com os blocos negros no fundo branco as letras no papel
as regras de gramatica ainda assim a cidade fala outra lingua ainda assim o outro produz espanto
quantas vezes eu lance o domino
tantas vezes eu compreenda o que esta escrito tantas vezes ainda havera os que caminham por outros caminhos
descobrir uma linguagem em que eu consiga nao apenas me aproximar do outro
mas me aproximar de um eu mais feliz
quando os brancos do fundo se encontram se descobrem
ali nas co presencas um lugar pra ser feliz
nem se conhecendo a linguagem
nem se sabendo escrever nesta linguagem se faz a cidade feliz
completa plena
nem eu dialogando com o outro autor
me fez feliz completo
pleno
nem o outro foi feliz
completo pleno
cabia ainda encontrar a linguagem do sentir
uma placa na grade de metalao dizia ao mundo com totalidade
ambiencia
encontrar metaforas nas co presencas
nos espacos abertos encontrar as metaforas
que fazem da linguagem dos blocos no fundo branco
uma linguagem que pode dizer
com propriedade
o sujeito e o predicado o sujeito varia a acao varia
os dominos podem ser lancados outros podem ser construidos
destruidos mas o nome eh duro
a cidade caminha pelos espacos entre a dureza dos nomes nao estamos nos espacos estamos diante do espaco
diante de nos mesmos enfrentando nos
a metafora eh a unica que diz
Se puede saber lo que piensa Rilke cuando usa la palabra «lo abierto» gracias a una carta escrita por él a un lector ruso, que le había hecho preguntas sobre su octava elegía, en su
último año de vida (25 de febrero de 1926) (vid. M. Betz, «Rilke in Frankreich. Erinnerungen-Briefe-Dokumente», 1938, p. 289). Rilke escribe lo siguiente: «Usted debe entender el concepto de ‘abierto’, que he intentado proponer en esa elegía, de tal manera
que el grado de conciencia del animal sitúa a éste en el mundo sin que tenga que enfrentarse permanentemente a él (como hacemos nosotros); el animal está en el mundo;
nosotros estamos ante el mundo debido a ese curioso giro y a la intensificación que ha desarrollado nuestra conciencia». Rilke continúa: «Con ‘lo abierto’ no me refiero por
tanto a cielo, aire y espacio; para el que contempla y juzga éstos también son ‘objetos’ y en consecuencia ‘opacos’ y cerrados. El animal, la flor, son presumiblemente todo
aquello sin darse cuenta y por eso tienen ante ellos y sobre ellos esa libertad indescriptiblemente abierta que tal vez sólo tenga equivalentes (muy pasajeros) en los primeros instantes de amor -cuando un ser humano ve en otro, en el amado, su propia
amplitud- o en la exaltación hacia Dios». heidegger6
Restringir o numero de opcoes Escolhemos permanecer neste instante
que tal vez sólo tenga equivalentes (muy pasajeros) en los primeros instantes de amor -
cuando un ser humano ve en otro, en el amado, su propia amplitud
procurar na cidade a poesia que ela produz quando ela ve no outro sua propria amplitude
Poesia. [do gr. Poiesis.] “ação de fazer algo”, aquilo que desperta o sentimento do belo. O
que há de elevado ou comovente nas pessoas ou nas coisas. Encanto, graça, atrativo. Aurélio Buarque de Holanda Ferreira
Conversar Dialogar Poetizar
Nao a cidade mas o meu encontro
Com o outro Do outro comigo
Claro calar sobre uma cidade sem ruínas (ruinogramas)
Em Brasília, admirei. Não a Niemeyer lei, A vida das pessoas
Penetrando nos esquemas Como a tinta sangue
No mata borrão, Crescendo o vermelho gente,
Entre pedra e pedra, Pela terra a dentro.
Em Brasília, admirei.
O pequeno restaurante clandestino, Criminoso por estar
Fora da quadra permitida. Sim, Brasília.
Admirei o tempo Que já cobre de anos
Tuas impecáveis matemáticas.
Adeus, Cidade. O erro, claro, não a lei. Muito me admirastes,
Muito te admirei.
Distraidos venceremos Paulo Leminski
Descobrimos que a lei A linguagem
So eh dita com propriedade pelo poeta E no dizer
No ler os blocos pretos no fundo branco Caminhamos pelo bosque
Cuando caminamos hacia la fuente, cuando atravesamos el bosque, siempre caminamos o atravesamos por las palabras «fuente» y «bosque», incluso cuando no pronunciamos esas palabras, incluso cuando no pensamos en la lengua. Pensando desde el templo del ser, podemos presumir lo que arriesgan esos que a veces arriesgan más que el ser de lo ente. Arriesgan el recinto del ser. Arriesgan el lenguaje. Todo ente, los objetos de la conciencia y las cosas del corazón, los hombres que se autoimponen y los que son más arriesgados, todos los seres están a su modo, en cuanto entes, en el recinto de la lengua. Por eso, si existe algún lugar en el que sea posible la inversión fuera del ámbito de los objetos y su representación, en dirección hacia lo más íntimo del espacio del corazón, ese lugar se halla única y exclusivamente en ese recinto
¿Y PARA QUÉ POETAS? Martin Heidegger Traducción de Helena Cortés y Arturo Leyte, en HEIDEGGER, M., Caminos de bosque, Alianza, Madrid, 1996, pp. 241-289
Foi na linguagem que tentamos nos arriscar
Ali perdemos nossas forcas Esgotamos
Descobrimos que esgoto a ceu aberto
Eh muita tecnologia Pensamos na poesia
De um arrudas a ceu aberto Do arrudas ser esgoto
Ser obra de arquitetura engenharia Fedendo pelo meio da cidade
As estacoes de tratamento dentro dele A cidade tratando seu esgoto a ceu aberto
Na favela sai de casa a merda pura Do ladinho do caminho
Logo abaixo junta outra agüinha do tanque da vizinha Vai diluindo
Ate chegar no arrudas Outro esgoto a ceu aberto
O arrudas tem que levar muita agua Esgoto da cidade inteira
Aquilo nao eh rio pra ter peixe Aquilo eh bloco de domino
Transformar o arrudas Nao eh fazer dele o que nao eh
Eh encontrar nele metafora Transformar
En sus «Ideas sobre la Filosofía de la Historia de la Humanidad», Herder escribe lo siguiente: «En un soplo de nuestra boca se convierte el cuadro del mundo, la huella de
nuestros pensamientos y sentimientos en el alma del otro. De una pequeña brisa animada depende todo lo que los hombres han pensado, querido y hecho jamás sobre la tierra, todo lo
que harán todavía. Porque todos nosotros seguiríamos recorriendo los bosques si no nos hubiera envuelto el aliento divino y no flotara en nuestros labios como un sonido mágico»
(Obras Completas, Suphan XIII, pp. 140 y s.).
Ese soplo más, que arriesgan los más arriesgados, no significa sólo y en primer lugar la medida apenas perceptible, por lo fugaz, de una diferencia, sino que significa de modo inmediato la palabra y la esencia del lenguaje. Esos que son un soplo más arriesgados se arriesgan al lenguaje. Son esos decidores que dicen más. Porque ese soplo más al que se
arriesgan, no es sólo un decir en general, sino que tal soplo es otro soplo, otro decir distinto al decir humano. El otro soplo no pretende tal o cual objeto, sino que se trata de un soplo por nada. El decir del cantor dice la salva totalidad de la existencia mundanal, la cual se aposenta de modo invisible en el espacio interno del mundo del corazón. El canto ni
siquiera persigue eso que hay que decir. El canto es la pertenencia a la totalidad de la pura percepción. Cantar es ser llevado por el empuje del viento desde el inaudito centro de la plena
naturaleza. El propio canto es «un viento».
Así pues, es verdad que el poema dice claramente, aunque de modo poético, quiénes son esos más arriesgados que la propia vida. Son aquellos que se arriesgan «un soplo más...». No por casualidad, en el texto del poema las palabras «un soplo más» van seguidas de puntos
suspensivos. Expresan lo callado.
Los más arriesgados son los poetas, pero aquellos poetas cuyo canto vuelve nuestra desprotección hacia lo abierto. Tales poetas cantan porque invierten la separación frente a lo abierto, rememorando su falta de salvación en el todo salvo y lo salvo en lo no salvador. La inversión rememorante ya ha superado la separación frente a lo abierto. Va «por delante de toda separación» y supera todo aquello objetivo que se encuentra en el espacio interno del mundo del corazón. La interiorización rememorante inversora es el riesgo que se arriesga a
partir de la esencia del hombre, en la medida en que tiene el lenguaje y es el que dice.
Se llama al hombre moderno ese que quiere. Los más arriesgados son los que quieren más, desde el momento en que quieren de otra manera que la autoimposición intencional de
la objetivación del mundo. Su querer no quiere nada de eso. Si querer sigue siendo únicamente la autoimposición, entonces no quieren nada. No quieren nada en ese sentido
porque son más dispuestos. Concuerdan más con la voluntad que, como riesgo mismo, atrae hacia sí todas las puras fuerzas en tanto que completa percepción de lo abierto. El querer de los más arriesgados es la buena disposición de los que dicen más, esos que están resueltos y
ya no están cerrados en la separación respecto a esa voluntad, bajo cuya forma el ser quiere lo ente. La esencia de los más arriesgados, que consiste en que son más dispuestos, dice con
mayor capacidad de decir (según las palabras de la elegía IX):
Tierra ¿no es eso lo que quieres? Invisible
surgir en nosotros? ¿No es acaso tu sueño
ser invisible alguna vez? ¡Tierra! ¡Invisible!
¿Qué es, sino metamorfosis, tu imperiosa tarea?
Tierra, amada, yo quiero.»
Descobrir um dialogo entre os autores
que fosse proprio das coisas do coracao Seria uma maneira de tentar encontrar
Na linguagem da cidade O seu cantar
Los más arriesgados experimentan en la falta de salvación la desprotección. En las tinieblas de la noche del mundo llevan a los mortales la huella de los dioses huidos. Los más arriesgados son, como cantores de lo salvo, «poetas en tiempos de penuria».
La característica que distingue a estos poetas reside en que la esencia de la poesía se torna para ellos en algo cuestionable, porque se encuentran, poéticamente, sobre el rastro de lo
que, para ellos, hay que decir.6
Foi um exagero no tentar Foi um exagero no tentarmos
Foi um esgotar
Escrevemos Mas acima de tudo
Dialogamos O que importava
Era encontrar o outro Encontrar poesia
A gente queria colocar um peixe de aço, enorme, lá nas nascentes do Arrudas.
Função? Nada não. Só estética duvidosa.
Colocaram o conjunto Águas Claras de um lado. O outro lado, não colocaram nada.
Se tivesse o peixe...7
Se eu dou esmola?
Nem a pau.
Agora, chicletes na mão do Carlinhos? Sou freguês, compro até fiado.
Alegria eu disse. Nada de felicidade. Ali sinal fechado, metendo a mão no bolso.
- Tá sumido, Bacana. Vai de canela ou de menta ?
Deve ser por isto. Este Bacana...
Ele me conhece. E o sinal abre.8
os meninos fazendo malabaris
a linguagem dizia
uma faixa de pedestre
a poesia encontra
nos olhos deles
um picadeiro de circo
-aqui, Dona das Graças, perguntinha só.
Responde por favor.
-queria só muito não,moço.
Onde meus meninos podia dormir.
Eu não, já acostumei.
Só eles mesmo.
E nem adianta me dar cama nao
Juntei com um homem
Ele nao deixa eles dormir aqui dentro
Eles dorme la no terreiro
Só isto três meninos dormindo.
Vezes tantas, tantas crianças dormindo na rua.
Se tivesse nome, algum conhecido ajudava.
Se tivesse na cidade um hotel bem baratinho...
Tem gente que passa dando sopa.
Comida.
Cama.
Convívio.9
Na Rua Rio Grande do Sul
tinha uma loja que quando fechava as portas
ficava parecendo uma garagem aberta.
Coberta por uma marquise enorme.
Ali todo dia as pessoas faziam cocô e xixi.
Todo dia de manhã a mesma coisa.
Começaram a colocar vidro quebrado.
Colocavam todo dia depois de fechar e tiravam na hora de abrir.
Deu certo. Um tempo. Aí começaram a jogar lixo.
A sorte um dia bateu na porta aberta.
Um homem pediu pro dono da loja
se ele podia passar a noite ali na frente da loja.
Estava ventando muito e ele estava com a mulher e filha
pra ir cedinho pra fila do hospital. Ia nada só queria abrigo.
No outro dia cedinho ele ia embora.
Quando a loja foi abrir olha até a calçada varrida.
Nada de cocô e nem daquele vidro desgraçado.
O homem voltou e voltou pra dormir.
Ele a mulher e a filha. Às vezes dormia mais gente.
E de manhã? Nadinha de nada. Era abrir a porta e só.
A loja acabou ele foi embora.
O Seu Gildo dono da loja que faliu
foi morar no interior,
abriu uma lojinha.
Quem ele levou de confiança,
pra trabalhar com ele?
Aquele que um dia bateu na sua porta
E pediu pra dormir lá fora.
Perguntado certa vez
sobre o que provocava seu interesse
por um lugar que descobria, respondeu:
“Creio que muito frequentemente,
é a vivibilidade de um lugar.
Em paisagens hostis a domesticação,
sua vivibilidade será sempre uma luta,
uma resistência, e imediatamente isso me interessa enormemente,
me da uma energia, uma vontade estranha de viajar para dentro delas,
de conhecê-las, de escrever este espaço.”
Win Wenders,
em A Cidade-turbilhao, de Rafael Argullol
Tem um mendigo que vive
ja faz mais de 30 anos ali na avenida
Nossa Senhora do Carmo. Passa o dia e passa a noite ali.
Come no passeio. Fuma no paseio
Passeia no passeio
E banho? E banheiro?
Na esquina da contorno com a Nossa Senhora do Carmo,
uma sala de banhos pra moradores de rua.
Naquele cruzamento uma praca de águas,
tomar banho, lavar roupa, banheiro público.
em nossos encontros as palavras trocadas eram tambem poesia
exercicio
esta tentativa de estar se arriscando foi um querer encontrar uma maneira de arriscar
acho que nao deu certo
nao conseguimos encontrar uma maneira de ensinar
de monografar uma sintaxe espacial
que contivesse metafora que a poesia escrita pelas pessoas
nos espacos em branco entre os blocos de domino pudesse ser multiplicada
como lei mas da lei
da Niemeyer lei a metafora eh o que escapole
que tal vez sólo tenga equivalentes (muy pasajeros) en los primeros instantes de amor
eh o primeiro instante de amor Sentir o escapulir
Sentir a cidade ser livre Sentir por fim
O outro
um pedacinho de terra pra quem mora apertado já é muito
uma folhinha verde
pra quem mora na cidade já é muito
uma conversa boa na porta da casa de noite pra quem mora na cidade hoje já é libertação
um lugar pra respirar
só mesmo pra ficar ali sentado olhando e quando passar alguém bom dia e quando passar a moça assovio
e quando passar a turma completar o time um lugar que existe desde sempre e que a gente cresce ali brincando
e depois namorando e depois passando
e ele continua ali sempre na certeza de que é um lugar
pra quem mora na cidade ter um lugar é existir
no meio da avenida
de um lado passa carro do outro passa carro
ali no meio canteiro central
esquecido só de terra terra boa pra plantar
plantou abacate manga amora e até limão
na calçada hoje depois de tudo grande
fica todo mundo sentado catando pedra no feijão
falando mal ou bem do vizinho os meninos ali na frente
no canteiro central comendo manga
chupando jabuticaba ou só mesmo deitados
na sombra naquele lugar
antes esquecido
existe casa sem porta casa aberta mesmo pra rua ali dentro mora uma moça
que um dia resolveu morar assim
tem gente que entra e passa tem gente que entra e fica
na verdade ela tem eh um telhado
na rua
os blocos pretos nem sempre sao pretos
Tempo
Acho bonito
Quando vejo
Turistas
Na minha cidade
Em outro tempo vejo outros
Penso que interessante
Deve ser ver
estas e essas
fotos juntas
O tempo passou
O que mudou
Este caminho
Que a cidade andou
Que blocos pretos
Foram construidos
Que espacos brancos
foram percorridos
Mas mais ainda
Qual poesia
Que ninguém fez
mas todo mundo viveu
Tentamos fazer algo que nao estava ao nosso alcance Tentamos encontrar o outro
Que tambem nunca esta ao nosso alcance Tentamos encontrar uma linguagem
Que nunca esta ao nosso alcance
Em outro dia Passando de carro
Meus filhos no banco de tras Vi uma moca
Na esquina dando a mao pra sua filha Me pareceu
A menina parecia um anjo Cabelo cacheadinho louro
Uns sete anos Meus filhos 14 e 12 anos
quando eu vi a mae perguntei pra eles
vcs gostariam de ter uma irmazinha eu sabia que aquela mae
ali na esquina esperando o taxi
era vc
nao consigo enxergar nenhum futuro o que eu tinha na cabeca
alguem roubou so consigo pensar
que o que procuramos por certo encontramos
Conclusao
tentando encontrar uma linguagem poetica tentamos encontrar uma cidade melhor
que ao inves de lancarmos os blocos pretos os que devemos construir
fossemos colocando um a um e formando de uma maneira
mais bem planejada mais humana ate
uma cidade mais bem feita.
“Corta essa, cara.
De que serve fazer bem uma gaiola se nenhum passarinho quer entrar?”
Ah, e? Ministórias
Dalton Trevisan, Editora Record
Apendice
Pro problema da Dona das Gracas
A gente pensou em um hotel Hotel menino do rio
Rio arrudas Existe um restaurante popular
1,50 ou 2,00 uma refeicao
muito bem feita no fim de ano
ate o prefeito come la todo mundo pode comer la
paga e come
os filhos da Dona das Gracas davam um beijo na mae
e diziam boa noite dormiam
no hotel menino do rio pagavam e dormiam
todo mundo podia dormir pivete mendigo
podia lavar roupa tambem tomar banho
nao precisa ser sujo so porque vive na rua
a gente queria um hotel existem algumas coisas
que todo mundo precisa ter
comida teto
protecao
restaurante popular hotel popular nome proprio