Upload
others
View
1
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Cuiabá
Cifoplastia por balão no tratamento da fratura vertebral por compressão
Cuiabá
I - Data: 26-11-2008
II - Especialidade(s) envolvida(s):Ortopedia e Neuro cirurgia
III - Códigos envolvidos
Terapêutico:
IV – Autor: Dr. Valfredo da Mota Menezes.
1.Questão Clínica: Em pacientes com fratura vertebral por compressão causada por
osteoporose, a correção da fratura utilizando a técnica da cifoplastia, produz melhores
desfechos clínicos do que com a utilização da técnica da vertebroplastia? A cifoplastia,
quando comparada com a vertebroplastia, diminui a incidência de fraturas posteriores?
Diminui as complicações?
2.Introdução
2.1 Aspectos epidemiológicos:
Uma das perversas conseqüência do envelhecimento é o lento mas progressivo
aparecimento do enfraquecimento ósseo caracterizando a osteoporose. A estimativa da
Organização Mundial de Saúde é a de que cerca de 1/3 das mulheres brancas com mais
de 65 anos sejam portadoras de osteoporose e que, dessas mulheres, até 50% daquelas
com mais de 75 anos, sofrerão algum tipo de fratura óssea1. Em um serviço de referência
dos EUA, a incidência de fratura vertebral devida à osteoporose foi estimada em 29,6 por
1000 pessoas/ano, principalmente em mulheres com idade igual ou superior à 85 anos. O
mesmo estudo mostrou também que a prevalência de uma ou mais fraturas vertebrais
aumenta com a diminuição da densidade óssea, atingindo o percentual de até 42% em
mulheres com densidade óssea menor que 0,6g/cm22. No Brasil, embora não tenhamos
Cuiabá
dados oficiais registrados no Ministério da Saúde, trabalho realizado em um serviço de
referência na cidade de Recife mostrou que em mulheres com idade de 80 anos ou mais
a prevalência de osteoporose da coluna lombar foi de 54,5% e, dessas, a prevalência de
fratura vertebral foi de 81,8%3
Embora assintomática em boa parte dos pacientes, a sintomatologia dolorosa é a principal
conseqüência da fratura vertebral. Essa dor pode causar incapacidade física por várias
semanas ou meses; dor e incapacidade aumentam com a severidade da fratura e com a
deformidade da coluna provocada por uma ou mais fraturas(cifose). O quadro doloroso e
a deformidade podem levar a dificuldade respiratória e exacerbação de sintomatologia em
pacientes com DPOC. Dor e alteração física devida a múltiplas fraturas levam a quadros
de isolamento e de depressão.4
Muitos pacientes melhoram com o tratamento conservador que inclui repouso e
analgésicos (opiáceos e não opiáceos) para alívio da dor, além de exercícios físicos,
tratamento de base para osteoporose e mudança de estilo de vida, se necessário. Para
aqueles pacientes nos quais o tratamento conservador não surtiu resultados, estaria
indicada a abordagem, minimamente invasiva, de colocação de cimento ósseo dentro do
corpo vertebral fraturado. A técnica mais empregada atualmente é a vertebroplastia, que
consiste na injeção percutânea de cimento ósseo (geralmente poli-metil meta-acrilato)
diretamente no corpo vertebral fraturado. Esse procedimento pode ser realizado em
paciente ambulatorial e com anestesia local. A técnica da cimentoplastia vem evoluindo e,
após a vertebroplastia, já surgiram a cifoplastia, a lordoplastia e, mais recentemente, a
“Skyphoplastia5-7, todas elas com o objetivo de fixar a fratura, diminuir a cifose e aliviar a
sintomatologia dolorosa.
A intenção deste trabalho é a de buscar na literatura estudos comparativos avaliando as
duas técnicas mais antigas (vertebroplastia e cifoplastia), com o objetivo de saber qual
das duas que traz mais benefícios clínicos para os pacientes.
Cuiabá
2. Descrição da tecnologia
Kyphoplasty (fonte: Kyphon Inc, http://www.kyphon.com/)
Cifoplastia por balão: esse termo foi introduzido pela a Kyphon Inc., indústria que criou
o sistema redutor de fratura específica o “The KyphX, Kyphon Inc”. Nesse
procedimento, após anestesia local ou geral e guiado pela fluoroscopia, insere-se um
balão no corpo vertebral fraturado. Ao ser inflado, o balão empurra a cortical óssea e
restaura a altura do corpo vertebral para seu tamanho original. Após esse
procedimento, o balão é desinflado, removido e o espaço criado é preenchido pelo
cimento ósseo. A criação desse espaço no corpo vertebral permitiria a aplicação de
cimento mais viscoso e sob menor pressão, o que diminuiria a possibilidade de
vazamento do mesmo.
Cuiabá
3. Metodologia
3.1.Bases de dados pesquisadas: Cochrane Library, Cochrane Central, Medline
(via PubMed)
3.2. Palavras-chaves ou Descritores utilizados: vertebral compression fracture,
osteoporotic fracture, spinal fracture, Balloon kyphoplasty, vertebroplasty, bone
cements
3.3.Desenhos dos estudos procurados: Revisão sistemática avaliando o uso da
cifoplastia por balão quando comparada com vertebroplastia no tratamento da
fratura vertebral por compressão. Ensaios clínicos e estudos coortes e, na falta
desses, séries de casos não incluídos nas revisões.
3.4. População envolvida: Pacientes de qualquer idade ou sexo com fratura
vertebral resultante de processo osteoporótico.
3.5. Intervenção: Cifoplastia por balão
3.6. Comparação: vertebroplastia
3.7. Desfechos: Alívio da dor, qualidade de vida, correção da cifose e complicações
(vazamento do cimento, embolia, fraturas posteriores)
3.8. Período da pesquisa: estudos publicados de 2004 a outubro de 2008
Cuiabá
4. Resultados:
4.1Estudos encontrados:
1. Ulrich Berlemann et al. Kyphoplasty for treatment of osteoporitic vertebral
fractures: a prospective non-randomized study. Eur Spine J 2004;13:496-501
2. Nussbaum DA et al. A review of complications associated with vertebroplasy and
kyphoplasty as reported to the Food and Drug Administration medical device related
web site.J Vasc Interv Radiol. 2004;15(11):1185-92
3.Ohlin A, Johnell O Vertebroplasty and kyphoplasty in the fractured osteoporotic
spine.Clinical calcium. 2004;14(1):65-9
4. Grohs JG et al. Minimal invasive stabilization of osteoporotic vertebral fractures:
a prospective nonrandomized comparison of vertebrplasty and balloon kyphoplasty
J Spinal Disorder Techniques.2005;18(3):238-42
5. Mohammad E. Majd et al. Preliminary outcomes and efficacy of the first 360
consecutive kyphoplasties for the treatment of painful osteoporotic vertebral
compression fractures.Spine Journal.2005;5:244-55
6. Gaitanis IN et al. Balloon kyphoplasty for the treatment of pathological vertebral
compressive fractures. Eur Spine J.2005;14(3):250-60.
7. Kasperk C et al. Treatment of painful vertebral fractures by kyphoplasty in
patients with primary osteoporosis: a prospective nonrandomized controlled study
Journal of bone and mineral research.2005;20(4):604-12.
8.Ingo A Grafe et al. Reduction of pain and fracture incidence after kyphoplasty: 1-
year outcomes of a prospective controlled trial of patients with primary osteoporosis.
Osteoporos Int.2005;16:2005-12
9.Pflugmacher R et al. Vertebroplasty and kyphoplasty in osteoporotic fractures of
vertebral bodies: a prospective 1-year follow-up analysis.Rofo.2005;177(12):1670-6
10.Ioannis N. Gaitanis et al. Balloon kyphoplasty for the treatment of pathological
vertebral compressive fractures.Eur Spine J.2005;14:250-60
Cuiabá
11.Bohndorf K e Fessi R. Vertebroplasty and kyphoplasty in patients with
osteoporotic fractures: secured knowledge and open questions.
Radiologe.2006;46(10):881-92
12.Carmen Bouza et al. Efficacy and safety of balloon kyphoplasty in the treatment
of vertebral compression fractures:A Systematic Review. Eur Spine J.
2006;15:1050-67
13Paul A. Hulme et al.Vertebroplasty and Kiphoplasty: A Systematic Review of 69
Clinical Studies. Spine.2006;31(17):1983-2001
14.Jon. T. Ledlie, Mark B. Renfro. Kyphoplasty treatment of vertebral fractures:2-
year outcomes show sustained benefits. Spine.2006;31(1):57-64
15 Noldge G. Et al. Balloon kyphoplasty in the treatment of back pain. Der
radiologe.2006;46(6):506-12
16.Rod S. Taylor et. al. Ballon Kiphoplasty in the management of vertebral
compression fractures: an updated systematic review and meta-analysis. Eur spine
j.2007;16:1085-100
17.Pasquale De Negri et al. Treatment of painful osteoporotic or traumatic vertebral
compression fractures by percutaneous vertebral augmentation procedures. A
nonrandomized comparison between vertrebroplasty and kyphoplasty.Clin J
Pain.2007;23(5):425-30
18.P. Fransen et F. Collignon. Traitement des fratures vertébrales ostéoporotiques
avec kyphoplastie par ballonnet. Rev Med brux 2007;28:159-63
19 Lewis G. Percutaneous vertebroplasty and kyphoplasty for the stand-alone
augmentation of osteoporosis-induced vertebral compression fractures:present
status and future direction J biomed Mater Res B Appl Biomater.2007;81(2):371-86
20.McKiernan FE. Kyphoplasty and vertebroplasty: how good is the evidence? Curr
Rheumatol Rep.2007;9(1):57-65
21 J. Brian Gill et al. Comparing pain reduction following kyphoplasty and
vertebroplasty for osteoporotic vertebral compression fractures.Pain
Physician.2007;10:583-90
Cuiabá
22.Bruce M Frankel et al. Percutaneous vertebral augmentation: an elevation in
adjacent-level fracture risk in kyphoplasty as compared with vertebroplasty.Spine
Journal.2007;7-575-82
23. Peh WC. et al. Percutaneous vertebral augmentation: vertebroplasty,
kyphoplasty and skyphoplasty. Radiol clin Noerth Am.2008;46(3):611-35,vii
24.Todd McCall et al. Vertebroplasty and kyphoplasty: a comparative review of
efficacy and adverse events. Curr Rev Musculoskelet Med.2008;1:17-23
25.A.S. Mudano et al. Vertebroplasty and kyphoplasty are associated with an
increased risk of secondary vertebral compression fractures: a population-based
cohort study.Osteoporos Int.2008;DOI 10.1007/s00198-008-0745-5
26.Jason C. Eck et al.Comparison of vertebroplasty and balloon kyphoplasty for
treatment of vertebral compression fractures: a meta-analysis of the literature.spine
journal.2008;8:488-97
27. Zhou JL et al. Comparison of therapeutic effect between percutaneous
vertebroplasty and kyphoplasty on vertebral compression fracture.Chin J
Traumatol.2008;11(1):42-4
4.2.Estudos incluídos:
4.2.1.Revisões Sistemáticas:
4.2.1.1.Carmen Bouza et al.(2006): Efficacy and safety of balloon kyphoplasty in
the treatment of vertebral compression fractures: A Systematic Review
1.Objetivo: Avaliar a eficácia e a segurança da cifoplastia por balão no tratamento
da fratura vertebral por compressão
2.Métodos: Revisão Sistemática da literatura até outubro de 2004, independente
de idiomas, nas bases de dados: Medline, Cinahal, CC Search Life, The Cochrane
Library, Serline, INAHTA. Além disso, foram também recuperados artigos a partir da
busca manual de referências.
Cuiabá
Critérios de inclusão: a) estudos, experimental ou observacional, que incluíssem
dez ou mais pacientes tratados por cifoplastia; b) pacientes com fratura por
compressão devido à osteoporose e/ou de origem tumoral; c) a comparação
poderia ser com qualquer procedimento cirúrgico ou médico;
Desfechos: dor, altura vertebral, deformidade cifótica, capacidade funcional,
qualidade de vida, vazamento do cimento, desenvolvimento de novas fraturas e
outras complicações.
Os estudos foram selecionados por dois revisores e avaliados metodologicamente
usando as recomendações da NICE8
3. Resultados: foram incluídos 26 estudos, cinco comparativos e 21 não
comparativos. Nos estudos não-comparativos estavam incluídos 1490 pacientes
com 2637 fraturas tratadas. Nos estudos comparativos estavam incluídos 220
pacientes e, desses, 118 foram tratados por cifoplastia. A maioria dos pacientes era
de mulheres com fraturas por compressão devido a osteoporose.
Qualidade metodológicas dos estudos: Os estudos eram observacionais (coortes,
caso controles e séries de casos). Os Autores revelam que a maioria apresentava
algum tipo de viés. Dos estudos comparativos, três eram prospectivos coortes e
dois eram estudos retrospectivos. O seguimento dos pacientes variou de três a 24
meses, sendo que a maioria não excedeu 12 meses. Muitos apresentavam
grandes perdas durante o seguimento, sendo que em um dos estudos
comparativos a avaliação foi realizada em apenas 20% dos pacientes. Os critérios
para seleção dos pacientes mostrou grande heterogeneidade entre os estudos,
principalmente no concernente a idade da fratura, classe funcional, grau de
progressão da doença, referências a tratamentos prévios, não identificação, se
fratura por osteoporose ou por malignidade, e também relativas a tempo e
instrumentos usados na medida dos desfechos.
1.Eficácia dos estudos não-comparativos: a) Dor: esse desfecho é avaliado antes e
após a cirurgia em 18 estudos e, em todos, houve significante redução da dor que
“perdurou por todo o período do seguimento”; b) Altura vertebral: os quatro estudos
que avaliaram esse desfecho relatam uma significante melhora na altura vertebral
antes e após a cirurgia, sendo que essa melhora está relacionada a idade da
fratura. Os dados indicam que em 60% das fratura agudas e em 20% das crônicas
Cuiabá
a restauração excedeu 89% da altura perdida enquanto em 8% das agudas e em
20% das crônicas essa restauração não passou de 10%; c) Alinhamento da coluna:
oito estudos avaliaram esse desfecho e indicam melhora com redução do ângulo
de Cobb variando de -1,8° a -9,9°. Os estudos são, porém, divergentes em relação
a idade da fratura. Enquanto alguns indicam melhora apenas em fraturas recentes,
outros indicam melhora também em fraturas crônicas. d)Qualidade de vida: a
análise combinada de quatro estudos que avaliaram esse desfecho mostrou
significante melhora em relação ao status anterior e posterior a cirurgia.
2.Estudos comparativos: 2.1. Cifoplastia vs. Tratamento médico convencional:
a) Dor: a combinação dos dados de três estudos mostrou uma redução média de
intensidade dolorosa de 55,6% nos pacientes submetidos a cifoplastia em relação
ao tratamento conservador; b) Altura vertebral: um estudo mostrou que seis meses
após o tratamento, a altura vertebral aumentou em pacientes submetidos a
cifoplastia e diminuiu naqueles com tratamento conservador. Os autores indicam,
porém, que “não há correlação entre a melhora da altura vertebral com a melhora
da sintomatologia dolorosa ou da mobilidade”; c) Alinhamento da coluna: dois
estudos analisaram essa variável. Um deles refere que em apenas 11% dos níveis
é possível fazer a correção da cifose. O outro estudo relatou que seis meses após
o tratamento o ângulo cifótico permaneceu constante no grupo da cirurgia e
cresceu gradativamente no grupo do tratamento conservador. d) Qualidade de
vida: apenas um estudo contribui com esse desfecho e mostrou que aos seis
meses de seguimento não houve diferença entre os grupos.
2.2. Cifoplastia vs. Vertebroplastia: a) Dor, capacidade funcional, altura vertebral e
cifose: Um estudo retrospectivo comparando os dois procedimentos em pacientes
com fratura vertebral por tumor, mostrou que não há diferença entre eles no
concernente ao alívio da dor ou quanto ao grau de melhora funcional. A cifoplastia
foi melhor quanto à altura vertebral e à correção da cifose.
3. Segurança: a) Vazamento: a análise dos 19 estudos que informaram dados
sobre segurança da cifoplastia mostrou que ocorreu vazamento do cimento em
134 de 1742 níveis tratados (7,13%) com apenas dois sendo considerado
sintomático(1,5%). Há grande heterogeneidade entre os estudos em relação a
etiologia da fratura sendo que nas fraturas por osteoporose o vazamento foi
Cuiabá
maior(10,49%) que nas fratura por tumor(3,7%). Em um estudo comparativo com a
vertebroplastia foi detectado 9% de vazamento com a vertebroplastia e nenhum
com a cifoplastia, enquanto em outro a incidência de vazamento foi similar entre
as duas técnicas; b) Complicações maiores da cifoplastia: a análise de 16 estudos
não-comparativos revelou 23 tipos de complicações em 1.154 pacientes(2%)
sendo que a maior parte correspondeu a problemas cardio-respiratórios ou
neurológicos. Um estudo comparativo relata dois casos de perfuração da vértebra
fraturada após a cifoplastia, enquanto em outro há relato de exacerbação de
insuficiência cardíaca em um paciente duas semanas após a cifoplastia; c) Nova
fratura vertebral: oito estudos não-comparativos mostraram uma taxa de 87 novas
fraturas em 450 pacientes tratados com cifoplastia(19,33%). A análise combinada
desses estudos mostrou que 16,55% desses pacientes sofreram nova fratura até
um ano após a cifoplastia, sendo que os estudos que incluíram apenas fraturas
osteoporóticas mostrou uma incidência de 17,8% enquanto que naquela com
fraturas tumorais a taxa foi de 7,4%. Os estudos comparando a cifoplastia com a
vertebroplastia não fornecem dados sobre esse desfecho.
4.Conclusão: Os autores concluem que, embora a cifoplastia pareça efetiva e
segura para o tratamento da dor causada pela fratura por compressão, as
incertezas observadas na literatura indicam uma grande necessidade de estudos
prospectivos de boa qualidade metodológica
5.Comentários: Os próprios Autores reconhecem a limitação dessa revisão devida
a falta de estudos de qualidade sobre a cifoplastia e, principalmente, devida a falta
de estudos comparativos prospectivos. Dos 21 estudos não comparativos incluídos
apenas 10 eram prospectivos e dos cinco comparativos apenas três eram
prospectivos. As limitações metodológicas dos estudos incluídos impedem
conclusões sobre segurança uma vez que os relatos sobre incidência de
vazamento do cimento variou de 2% a 33% entre os estudos não comparativos.
Impedem também conclusões sobre incidência de novas fraturas uma vez que a
incidência variou de 4% a 27% nesses estudos. Embora os Autores admitam que
ocorra melhora da dor com o procedimento, os estudos não conseguem
correlacionar a melhora da cifose e/ou da altura vertebral com a melhora da dor.
Cuiabá
4.2.1.2.Paul A. Hulme et al.(2006) Vertebroplasty and Kiphoplasty: A Systematic
Review of 69 Clinical Studies
1. Objetivo: Avaliar a segurança e a efetividade dos procedimentos
vertebroplastia e cifoplastia em relação à sintomatologia dolorosa, restauração da
mobilidade e altura vertebral, complicações e incidência de novas fraturas, usando
dados apresentados em estudos clínicos publicados.
2. Métodos: Revisão sistemática da literatura até junho de 2005, realizada no
Medline, Cochrane Library, e ISI Current contents. Dois revisores avaliaram os
artigos encontrados nas línguas inglesa, alemã, francesa e espanhola.
Critérios de inclusão: Os estudos deveriam incluir mais de 80% de pacientes com
fratura vertebral por compressão devida a osteoporose e o cimento deveria ser o
polimetil metacrilato. Os artigos deveriam avaliar a vertebroplastia ou a cifoplastia,
independente de comparações entre elas ou entre elas e o tratamento
conservador.
A metodologia de avaliação dos artigos, principalmente trabalhos não
randomizados, foi a mesma empregada pela Agency for Healthcare Research
and Quality e Cochrane Collaboration9, entre outras, e analisando validade
interna e externa, poder, fatores de confusão e qualquer tipo de viés.
Os dados de cada artigo incluído foram coletado analisando 1.“informações
gerais” como tipo da intervenção, patologia e tipo de estudo; 2.“informações
sobre participantes” que incluía idade, gênero, sintomas, saídas do seguimento;
3.“informação sobre intervenção”, que incluía dados sobre tipo de cimento usado,
quantidade, tipo de abordagem, número de sessão etc; 4.“informação sobre
desfechos”, que incluía alívio da sintomatologia dolorosa, saúde geral, melhora
funcional, satisfação e redução da cifose; 5.“informações sobre complicações”,
que incluiu, vazamento, déficit neurológicos, cardiovasculares, pulmonares e
outros considerados relevantes; 6.“seguimento”, que incluía novas fraturas e
sintomatologia devida a vazamento do cimento.
3. Resultados: Foram incluídos 37 estudos retrospectivos, 25 prospectivos e
sete estudos sem informações sobre se retro ou prospectivo. Estudos sobre
vertebroplastia foram 12 prospectivos, 29 retrospectivos e seis sem informação,
Cuiabá
mostrando dados de 2958 pacientes(n=47 estudos), sendo 1958 mulheres, 676
homens e 323 sem dados sobre gênero, que foram submetidos a 4456
procedimentos. Sobre cifoplastia foram 13 prospectivos, oito retrospectivos e um
sem informação, que mostraram dados de 1288 pacientes (n=22 estudos), sendo
829 mulheres, 403 homens e 56 sem dados sobre gênero, que foram submetidos
a 1624 procedimentos. A qualidade metodológica dos estudos foi de apenas 17,6
pontos em 29 pontos possíveis. Nenhum estudo era randomizado e apenas dois
incluíram um grupo controle. Como um todo, os principais dados encontrados não
eram claramente descritos nos estudos e, infelizmente, aqueles estudos cujo
objetivo era de avaliar alivio da dor e ocorrência de novas fraturas após a
vertebroplastia ou cifoplastia, frequentemente apresentavam um curto tempo de
seguimento.
Dor: uma grande proporção de pacientes, em seguimento menor que um ano,
tiveram “algum alívio da dor”, independente do tipo de procedimento empregado.
Os estudos sobre vertebroplastia mostraram alívio da dor em 87% dos pacientes
(n= 1552 em 32 estudos) e os estudos sobre cifoplastia mostraram alívio em 92%
dos pacientes (n= 447 em sete estudos).
Melhora funcional: sete estudos sobre vertebroplastia mostraram melhora da
função física, variando em pontos, de 16% a 47%. Entre 49% a 90% dos
pacientes de quatro estudos relataram melhora na deambulação. Apenas dois
estudos sobre cifoplastia avaliaram dados sobre melhora funcional, sendo que
ocorreu uma diminuição do índice de Oswestry (ODI) refletindo melhora ( 60% no
pré operatório, para 32%, no pós operatório).
Correção da cifose e altura vertebral: os dados dos estudos indicam que a
restauração da altura vertebral é similar nos dois procedimentos se a fratura
apresentar algum grau de mobilidade ou se existir alguma fenda intervertebral.
Do mesmo modo, a restauração do ângulo cifótico foi similar nos dois
procedimentos(6,6°). Entretanto, 34% dos pacientes submetidos a cifoplastia e
39% dos submetidos a vertebroplastia não tiveram qualquer melhora na correção
da altura vertebral ou da cifose.
Complicações: a) vazamento de cimento (a maioria assintomático) ocorreu em
41% a 50% das vertebras durante a vertebroplastia (n=2283 vertebras em 27
Cuiabá
estudos) e em 9% a 15% das vertebras durante a cifoplastia (n=1486 vertebras
em 18 estudos). No único estudo que compara os dois métodos, o vazamento foi
similar (vertebroplastia com 28% e cifoplastia com 23%); b) complicações clínicas
ocorreram em 2,6% das vertebras tratadas pela vertebroplastia e em 1,3%
daquelas tratadas pela cifoplastia, correspondendo a 3,9% dos pacientes tratados
pela vertebroplastia e 2,2% daqueles tratados pela cifoplastia. Dessas
complicações, embolia pulmonar ocorreu em 0,6% das vertebroplastia e em
0,01% das cifoplastia; complicações neurológicas ocorreram em 0,6% das
vertebroplastia e em 0,03% das cifoplastias; c) novas fraturas: em 12 estudos
sobre vertebroplastia são reportadas 120 novas fraturas e em nove estudos sobre
cifoplastia são relatadas 115 novas fraturas, sendo que 60% e 66%
respectivamente eram adjacentes as vértebras tratadas.
4.Conclusão:(“Key Points”): 1.Algum alívio de dor é relatado em 92% e 87%
das estudos sobre cifoplastia e vertebroplastia, respectivamente. 2.Vazamento de
cimento ocorreu em taxas mais alta na vertebroplastia que na cifoplastia.
3.restauração da altura vertebral é possível usando a cifoplastia e, nos casos de
fraturas móveis, também com a vertebroplastia. Entretanto, em 34% e 39% das
fraturas móveis tratadas com a cifoplastia e com a vertebroplastia,
respectivamente, não ocorrem aumento da altura. 4.Novas fraturas adjacentes
àquelas tratadas ocorrem com os dois procedimentos. 5. A adoção de critérios
padronizados de descrição dos dados e a melhora metodológicas dos trabalhos
poderão aumentar a comparabilidade, a validade e a aplicabilidade dos estudos.
5. Comentários: Mesmo coletando dados de trabalhos com baixa qualidade
metodológica, essa Revisão procurou examiná-los com base em validados
critérios metodológicos. Diferentemente do nosso propósito, essa revisão
objetivava uma avaliação dos resultados de estudos, tanto sobre vertebroplastia
quanto sobre cifoplastia, sem a preocupação com a comparação entre os dois
procedimentos e, como as outras revisões, independente da causa da fratura,
embora nessa revisão os estudos incluídos deveriam registrar, no mínimo, 80%
de fraturas osteoporóticas. Entretanto, os dados apresentados não permitiram
quaisquer comparações diretas entre os dois procedimentos por falta de estudos
prospectivos comparando-os. As comparações indiretas sugerem que os dois
procedimentos reduzem a dor e restauram a altura vertebral, assim como a
Cuiabá
deformidade cifótica de uma maneira similar. Embora o vazamento do cimento
pareça ocorrer em maior incidência na vertebroplastia, o único estudo
comparativo que avaliou vazamento mostrou que a incidência dessa complicação
foi similar entre os dois procedimentos. O seguimento de apenas um ano é
insuficiente para conclusões sobre incidência de novas fraturas.
4.2.1.3.Rod S. Taylor et. Al (2007). Ballon Kiphoplasty in the management of
vertebral compression fractures: an updated systematic review and meta-analysis
1.Objetivo: Atualizar dados de uma revisão feita anteriormente10 sobre efetividade
e segurança da cifoplastia
2.Métodos: Identificação dos artigos das revisões publicadas anteriormente com
posterior atualização dos dados, sem restrição de linguagem, em buscas
realizadas no Medline, Embase, Cochochrane library até abril de 2006
Critérios de inclusão:dois revisores buscaram estudos experimentais
(randomizados ou não), estudos observacionais (coorte, caso controle) ou séries
de casos que relatassem o uso da cifoplastia, quando comparada com qualquer
procedimento invasivo, semi invasivo ou médico, em pacientes com fratura
vertebral por compressão devido a osteoporose ou neoplasia. Os estudos deveriam
relatar os seguintes desfechos: efetividade, alívio da dor, capacidade funcional e
qualidade de vida, correção da deformidade( restauração da altura vertebral e do
ângulo cifótico), segurança, vazamento do cimento e incidentes (fraturas
adjacentes ou não e complicações).
Avaliação da qualidade dos estudos: utilizaram as recomendações do Cochrane
handbook para revisão sistemática sobre intervenções(2005) e os estudos foram
classificados como: “Altos”( com grande quantidade de viés), “Médios”( com algum
viés), e “Baixos”(sem ou com pouco viés).
3.Resultados: Foram encontradas 21 séries de casos e quatro estudos
comparativos. Esses estudos foram somados com os estudos da revisão prévia10,
totalizando 35 séries de casos e oito estudos comparativos. Dos estudos
comparativos, cinco comparavam a cifoplastia diretamente com a vertebroplastia e
três com tratamento conservador em 481 fraturas de 313 pacientes. As 35 séries de
Cuiabá
casos incluíram 2047 pacientes submetidos a cifoplastia para o tratamento de 3301
fraturas vertebrais. Os pacientes eram predominantemente mulheres com fraturas
devido a osteoporose(84%). A idade média das fraturas foi de 4,6 meses e a
duração da dor de 2,5 meses. A duração do seguimento variou de imediatamente
no pós procedimento a até três anos. A avaliação da qualidade metodológica dos
estudos ficou prejudicada pelo fato de que a maioria não relatou dados
metodológicos, entretanto dois estudos comparativos e duas séries de casos foram
julgados como “de baixo viés”, enquanto 15 foram julgados como de “alto nível de
viés”
Eficácia: Estudos comparativos: 1.Cifoplastia vs. Tratamento convencional: Três
estudos compararam a cifoplastia com o tratamento conservador. A sintomatologia
dolorosa foi significativamente reduzida com a cifoplastia aos três, seis 12 e 36
meses de seguimento. Dois desses estudos avaliam capacidade funcional e
mostraram que a cifoplastia foi melhor que o tratamento conservador aos seis
meses, mas aos 12 meses não houve diferença estatística entre os grupos. Apenas
um desses estudos compara restauração da altura vertebral. Aos 12 meses de
seguimento, enquanto no grupo da cifoplastia a altura da vértebra era mantida no
outro grupo ocorreu redução. 2. Cifoplastia vs. Vertebroplastia: Cinco estudos
fazem essa comparação. A sintomatologia dolorosa, assim como a capacidade
física, apresentaram melhora similares nos dois grupos. Um estudo mostrou
melhora na altura vertebral e redução da cifose com a cifoplastia.
Eficácia: Estudos não-comparativos: A maioria mostra que houve melhora na
sintomatologia dolorosa quando comparadas às situações anteriores e posteriores
ao procedimento.
Segurança: 1.Vazamento: um total de 28 estudos fornecem dados sobre
vazamento de cimento. Foram relatados 189 (9%) casos de vazamento em 2239
vértebras submetidas à cifoplastia. 2. Nova fratura: Um total de 171 novas fraturas
foram relatadas em 1151 pacientes, sendo que 110 delas(64%) ocorreram em
vértebra adjacente à cifoplastia. Apenas um estudo compara a incidência de nova
fratura nos pacientes submetidos a cifoplastia(15,5%) com a incidência ocorrida
com a vertebroplastia (2,5%). 3.Mortalidade: ocorreu em 3,2% dos pacientes
submetidos à cifoplastia.
Cuiabá
Heterogeneidade: O único fator que mostrou uma significante associação com a
magnitude do alívio da sintomatologia dolorosa foi a variável sumarizando a
duração da dor ou da idade da fratura. Quanto maior a duração da dor ou maior a
idade da fratura, menor a magnitude do alívio da dor após a cifoplastia. Fraturas
osteoporóticas parecem estar mais associada com vazamento que fratura por
neoplasia.
4.Conclusões: Os autores concluem que os “estudos demonstraram, em
seguimento de 12 meses ou mais, que a cifoplastia por balão é mais efetiva que o
tratamento conservador no tratamento da fratura vertebral osteoporótica e, no
minimo, tão efetiva quanto a vertebroplastia”. Os resultados de ensaios clínicos
randomizados em desenvolvimentos irão fornecer futuras informações.
5. Comentários: Estudo financiado pela empresa fabricante do equipamento para
cifoplastia. Como as revisões anteriores, também essa revisão não encontra
estudos com qualidade metodológica que avaliam o uso da cifoplastia por balão no
tratamento da fratura vertebral. Embora tendo como um dos critérios de inclusão a
necessidade de o estudo ser comparativo, quase a totalidade foi composta por
série de casos retrospectivos. Dos estudos considerados comparativos, cinco eram
retrospectivos (5/8) e apenas dois foram considerados como de “baixa”
possibilidade de viés pelos autores. A heterogeneidade, tanto entre os estudos
comparativos quanto entre os não-comparativos, diminui a segurança quanto as
conclusões sendo que os próprios Autores reconhecem a necessidade da
realização de ensaios clínicos controlados para uma definitiva avaliação quanto a
efetividade e a segurança da cifoplastia por balão.
4.2.1.4. Jason C. Eck et al 2008: Comparison of vertebroplasty and balloon
kyphoplasty for treatment of vertebral compression fractures: a meta-analysis of the
literature:
1.Objetivos: A proposta desse estudo foi o de fazer uma revisão da literatura e
realizar uma meta-análise sobre alivio da dor e complicações associadas com uso
da cifoplastia quando comparada a vertebroplastia.
2. Métodos: Foi realizada uma revisão da literatura usando o Pubmed, Health
Cuiabá
Source, Academic Search Primer, até maio de 2006. Qualquer estudo, inclusive
relato de casos e série de casos, contendo informações sobre tratamento com
cifoplastia por balão ou vertebroplastia seria incluído desde que relatassem alívio
da dor e complicações como desfechos. Para alívio da dor só seriam incluídos
estudos que utilizassem a escala visual (VAS) como medida dos desfechos anterior
e posteriormente aos procedimentos. Foram realizadas análises de qui quadrado
para identificar alguma diferença significante nas taxas de vazamento do cimento,
embolia pulmonar ou nova fratura após vertebroplastia comparada com a
cifoplastia por balão.
3.Resultados: Foram incluídos 103 trabalhos sobre vertebroplastia realizadas em
7587 pacientes e em 11566 vertebras, assim, como 33 trabalhos sobre cifoplastia
realizadas em 1963 pacientes e em 3644 vertebras. A idade dos pacientes variou
de 17 anos a 99 anos, sendo que a proporção de mulheres para homens foi de
2,1:1 com a vertebroplastia e de 3,2:1 com a cifoplastia. Além desses, foram
também incluídos 34 relatos de casos sobre complicações da vertebroplastia ou da
cifoplastia. O seguimento variou de um dia a cinco anos com a vertebroplastia e de
um mês a dois anos com a cifoplastia. Do total dos estudos apenas um foi
considerado como sendo de alta qualidade metodológica. A meta-análise incluiu
trabalhos prospectivos e randomizados, prospectivos e não-randomizados e
retrospectivos.
Alivio da dor: Foram identificados 60 estudos que forneceram dados sobre escore
de dor utilizando a escala visual(VAS) depois da vertebroplastia. Nesses estudos
foram incluídos 3321 pacientes e 5060 fraturas. O escore médio pré e pós cirurgia
foi de 8,36 e 2,68 respectivamente. A média de melhora foi de 5,58. Sobre
cifoplastia foram identificados 23 estudos que forneceram dados sobre escore de
VAS, antes e depois da cirurgia, em 1006 pacientes e 2044 fraturas. A média pré e
pós cirurgia foi de 8,06 e 3,46 respectivamente. A média de melhora foi de 4,60. Na
comparação entre vertebroplastia e cifoplastia. Houve uma diferença significante
em favor da vertebroplastia na melhora do escore da dor(p <0,001)
Complicações: Foram identificados 42 estudos que forneceram dados sobre
complicações da vertebroplastia em 4266 pacientes e 6506 fraturas, assim como
10 estudos que forneceram dados sobre complicações da cifoplastia em 957
pacientes e 1600 fraturas. 1. Vazamento de cimento ocorreu em 19,7% das
Cuiabá
vertebroplastia e em 7,05 das cifoplastias (p<0,001). 2. Novas fraturas ocorreram
em 17,95 após a vertebroplastia e em 14,1% após a cifoplastia(p<0,01). 3. Infarto
do miocárdio ocorreu em 0,05% das vertebroplastia e em 0,5% das cifoplastias
(p<0,01). Semelhantes taxas de embolias pulmonares ocorreram após os
procedimentos.
4. Conclusões: Até o momento, e com base nos resultados dessa meta-análise,
parece que tanto a vertebroplastia quanto a cifoplastia alcançam resultados
similares na redução da dor mas que a vertebroplastia está associada a um grande
aumento de vazamento do cimento assim como a ocorrência de novas fraturas.
5.Comentários: Pelo fato da não existência de trabalhos comparativos
prospectivos sobre as duas técnicas, esse estudo procurou minimizar esse viés
avaliando especificamente aqueles trabalhos que utilizaram a medida da dor com
base na escala visual análoga(VAS), mas também avaliou qualquer trabalho que
fornecesse informações sobre efeitos adversos, independente da qualidade
metodológica do trabalho. Embora esse estudo não possa ser considerado uma
revisão sistemática, também como as revisões anteriores, relatou uma redução do
quadro doloroso com qualquer das duas técnicas; como as outras, relatou também
que a vertebroplastia estaria associada a uma maior incidência de vazamento de
cimento. Relata também uma maior incidência de fraturas pós procedimento com a
vertebroplastia em comparação com a cifoplastia. Essa última conclusão fica,
porém, prejudicada pelo fato de que, como a vertebroplastia é uma técnica mais
antiga, o seguimento dos pacientes a ela submetidos também é maior que
daqueles submetidos à cifoplastia, o que poderia simplesmente demostrar que, a
longo prazo, podem ocorrer novas fraturas após a colocação do cimento.
4.2.1.5. J. Brian Gill et al (2007). Comparing pain reduction following kyphoplasty
and vertebroplasty for osteoporotic vertebral compression fractures
1.Objetivo: Quantificar e comparar a redução da dor, com base na escala visual
análoga(VAS), após o uso da vertebroplastia e da cifoplastia, no tratamento da
fratura vertebral por compressão devido à osteoporose.
2. Método: Revisão sistemática e meta-análise com inclusão da estudos em lingua
Cuiabá
inglesa que foram buscados no Medline e Cochrane Center Register of Controlled
Trials com posterior busca manual de bibliografia. Buscas realizadas até abril de
2007. Para a inclusão, os estudos tanto prospectivos quanto retrospectivos,
deveriam ter: a)maior população de pacientes com fraturas por osteoporose; b)
tratamento feito apenas com vertebroplastia ou cifoplastia; c) uso da escala visual
análoga(VAS) como medida da dor. Os dados extraídos dos estudos incluíam o
escore de VAS pré, imediatamente pós cirurgia e final (mínimo de seis meses), o
tipo de fratura por compressão, idade e gênero. Os dados eram depois incluídos no
RevMan e apenas estudos que relatassem média e desvio padrão eram incluídos
nas análise estatísticas.
3. Resultados: Foram incluídos14 estudos sobre vertebroplastia(1046 pacientes) e
sete sobre cifoplastia (263 pacientes). As idades foram similares entre os grupos,
sendo que os pacientes submetidos a cifoplastia tiveram idade média de 70,9 anos
e os submetidos a vertebroplastia 73,3 anos. Foram realizadas três comparações
para cada procedimento: 1.escore pré cirurgia comparado com pós imediato; 2.
escore pré-cirurgia comparado com seguimento final; 3. escore pós-cirurgia
comparado com seguimento final. Para a cifoplastia, a primeira comparação
mostrou uma melhora de 5,62 pontos(p<0,0001), a segunda mostrou melhora de
6,57 pontos(p <0,0001) e para a terceira a melhora foi de 0,55 pontos e sem
significância estatística. Em relação à vertebroplastia, a primeira mostrou melhora
de 5,44 pontos(p<0,0001), a segunda de 5,67 pontos(p<0,0001) e a treceira de
0,60 e sem significância estatística.
4. Conclusões: As duas técnicas reduzem a dor no período imediatamente após o
procedimento em cerca de 50%.
5. Comentários: Como as outras revisões, essa também mostra uma redução da
dor após os dois procedimentos. Os autores perderam a oportunidade de fazer
uma comparação entre as duas técnicas utilizando os dados dos estudos.
4.2.2. Ensaios Clínicos:
Cuiabá
4.1.2.1. Pasquale De Negri et al(2007). Treatment of painful osteoporotic or
traumatic vertebral compression fractures by percutaneous vertebral augmentation
procedures. A nonrandomized comparison between vertebroplasy and kyphoplasty
1.Objetivo: Comparar a segurança e a eficacia da vertebroplastia e da cifoplastia
na resolução dos desfechos dolorosos e mobilidade em pacientes com fraturas
devidas a osteoporose ou trauma.
2. Método: Estudo prospectivo e não-randomizado. Seriam incluídos pacientes de
ambos os sexos com dor causada por uma ou mais fraturas vertebrais devidas a
osteoporose ou trauma, com, no máximo, seis meses de evolução e não
responsiva ao tratamento conservador. O desfecho doloroso foi avaliado pela
escala visual análoga(VAS) antes da intervenção, uma hora, 48 horas, um, três e
seis meses após a intervenção. Para a medida do desfecho mobilidade foi usado
Índice de incapacidade de Oswestry (ODI) no pré operatório e seis meses após.
Seriam também avaliados o vazamento do cimento, assim como os efeitos
adversos gerais.
3. Resultados: Foram incluídos 11 pacientes no grupo da cifoplastia e 10 no grupo
da vertebroplastia. A média do escore VAS decresceu significantemente nos dois
grupos do pré ao pós operatório. O mesmo ocorreu em relação ao Índice de
Oswestry. Essa diferença manteve-se nas avaliações subseqüentes. Não houve
diferença estatística na comparação entre os dois grupos. Vazamento do cimento
só ocorreu no grupo da vertebroplastia e todos foram assintomáticos.
4. Conclusão: Os resultados sugerem que ambos os procedimentos são altamente
eficazes no alívio da dor e melhora funcional em pacientes com fratura vertebral,
sem diferença estatística entre os grupos em termos de qualidade.
5.Comentários: Estudo não randomizado, com pequeno número de pacientes e
com curto tempo de seguimento impossibilitando conclusões definitivas. Porém,
como já relatado nas revisões, os resultados parecem ser similares com os dois
procedimentos, sendo que com a vertebroplastia parece ocorrer maior incidência
de vazamento do cimento. Os Autores chamam porém a atenção para o fato de o
cimento utilizado na cifoplastia ser mais viscoso que aquele usado na
vertebroplastia e que esse fato poderia explicar a maior incidência de vazamento.
Cuiabá
4.2.2.2. Zhou JL et al. (2008). Comparison of therapeutic effect between
percutaneous vertebroplasty and kyphoplasty on vertebral compression fracture.
1.Objetivo: Comparar a eficácia clínica da vertebroplastia percutânea com a
cifoplastia percutânea no tratamento de fratura vertebral por compressão.
2.Método: Os desfechos: dor (VAS), alinhamento e altura vertebral, tempo cirúrgico
e quantidade de sangue perdido, seriam avaliados antes e depois dos
procedimentos entre os dois grupos.
3. Resultados: Foram incluídos 98 pacientes, sendo 42 no grupo da
vertebroplastia e 56 no grupo da cifoplastia. Não houve diferença significante entre
os grupos em relação a escala visual de dor, tempo cirúrgico ou perda sanguínea
entre os grupos. Em relação à altura vertebral, houve diferença estatística
favorecendo o grupo da cifoplastia.
4. Conclusão: Cifoplastia e vertebroplastia apresentam eficácias terapêuticas
similares no tratamento da fratura vertebral por compressão, com mínima
invasividade, pequeno tempo cirúrgico e pouca perda sanguínea. Entretanto a
cifoplastia é superior em relação à restauração da altura vertebral.
5.Comentário: Infelizmente só tivemos acesso ao Abstract desse trabalho com
impossibilidade de avaliar sua metodologia. Os resultados, porém, são
semelhantes àqueles apresentados nas revisões e ensaios avaliados
anteriormente.
4.2.3 Estudos coortes/Séries de Casos:
4.2.3.1 Bruce M Frankel et al. (2007). Percutaneous vertebral augmentation: an
elevation in adjacent-level fracture risk in kyphoplasty as compared with
vertebroplasty
1.Objetivo: Comparar a efetividade e as complicações da cifoplastia e da
vertebroplastia em série de pacientes.
2.Método: Avaliação retrospectiva de uma série de pacientes submetidos aos dois
procedimentos, analisando a abordagem cirúrgica, o volume de cimento injetado, o
Cuiabá
vazamento do cimento (sintomático e não sintomático), incidência de fraturas
subjacentes e alívio da dor. Os desfechos foram avaliados por uma escala
comparativa de dor e radiografias antes e depois do procedimento.
3. Resultados: Foram analisados os resultados em 36 pacientes submetidos a 46
procedimentos. Desses, 17 pacientes com 20 fraturas, foram tratados com
cifoplastia e 19 pacientes com 26 fraturas foram tratados com vertebroplastia. Alívio
da dor ocorreu em mais de 90% dos pacientes nos dois grupos; o volume de
cimento injetado foi de 4,65 e 3,78 para a cifoplastia e vertebroplastia,
respectivamente; 95% das cifoplastias tiveram abordagem bilateral enquanto na
vertebroplastia essa abordagem ocorreu em apenas 19%( p<0,001); vazamento
assintomático de cimento ocorreu em 11 das cifoplastia e em 7,7% das
vertebroplastia, sem significância estatística; nos primeiros três meses ocorreram
cinco novas fraturas adjacentes em três pacientes submetidos a cifoplastia (25%) e
em nenhum dos submetidos a vertebroplastia( p<0,05).
4. Conclusão: Vertebroplastia parece oferecer uma taxa de alívio da dor pós
procedimento comparável a da cifoplastia, porém usando menos cimento e, a
maioria das vezes, por via unilateral e sem apresentar risco de novas fraturas
adjacentes.
5.Comentário: Estudo retrospectivo que analisa resultados de cirurgias realizadas
em um período de 3,5 anos. As avaliações sobre dor são realizadas utilizando
instrumentos não validados. A avaliação sobre novas fraturas parece confirmar os
resultados de outros estudos em relação ao aparecimento precoce de novas
fraturas no período de até três meses pós-procedimentos. Chama a atenção para a
incidência de 25% nos pacientes submetidos a cifoplastia.
4.3. Estudos não incluídos:
4.3.1. Ulrich Berlemann et al (2004). Kyphoplasty for treatment of osteoporitic
vertebral fractures: a prospective non-randomized study
Motivo da não inclusão: estudo avaliado em Revisão já incluída.
4.3.2. Nussbaum DA et al.(2004) A review of complications associated with
vertebroplasy and kyphoplasty as reported to the Food and Drug Administration
medical device related web site.
Cuiabá
Motivo da não inclusão: Estudo avaliado em Revisão incluída.
4.3.3.Ohlin A, Johnell O (2004). Vertebroplasty and kyphoplasty in the fractured
osteoporotic spine.
Motivo da não inclusão: Revisão literária não sistemática.
4.3.4.Grohs JG et al.(2005) Minimal invasive stabilization of osteoporotic vertebral
fractures: a prospective nonrandomized comparison of vertebroplasty and balloon
kyphoplasty
Motivo da não inclusão: Estudo avaliado em Revisão incluída
4.3.5. Mohammad E. Majd et al (2005). Preliminary outcomes and efficacy of the
first 360 consecutive kyphoplasties for the treatment of painful osteoporotic
vertebral compression fractures.
Motivo da não inclusão: Estudo já avaliado em revisão incluída.
4.3.6. Gaitanis IN et al.(2005). Balloon kyphoplasty for the treatment of pathological
vertebral compressive fractures.
Motivo da não inclusão: Estudo já avaliado em Revisão incluída.
4.3.7. Kasperk C et al. (2005). Treatment of painful vertebral fractures by
kyphoplasty in patients with primary osteoporosis: a prospective nonrandomized
controlled study.
Motivo da não inclusão: Estudo já avaliado em Revisão incluída
4.3.8.Ingo A Grafe et al (2005). Reduction of pain and fracture incidence after
kyphoplasty: 1-year outcomes of a prospective controlled trial of patients with
primary osteoporosis.
Motivo da não inclusão: Estudo já avaliado em Revisão incluída
4.3.9.Pflugmacher R et al (2005). Vertebroplasty and kyphoplasty in osteoporotic
fractures of vertebral bodies: a prospective 1-year follow-up analysis.
Motivo da não inclusão: Estudo já avaliado em Revisão incluída
4.3.10.Ioannis N. Gaitanis et al (2005). Balloon kyphoplasty for the treatment of
pathological vertebral compressive fractures.
Motivo da não inclusão: Estudo já avaliado em Revisão incluída
Cuiabá
4.3.11.Jon. T. Ledlie, Mark B. Renfro (2006). Kyphoplasty treatment of vertebral
fractures:2-year outcomes show sustained benefits.
Motivo da não inclusão: Estudo já avaliado em Revisão incluída
4.3.12. Noldge G. Et al (2006). Balloon kyphoplasty in the treatment of back pain.
Motivo da não inclusão: Estudo comparando a cifoplastia com tratamento
conservador.
4.3.13.Bohndorf K e Fessi R.(2006) Vertebroplasty and kyphoplasty in patients with
osteoporotic fractures: secured knowledge and open questions.
Motivo da não inclusão: Revisão crítica, não sistemática
4.3.14.P. Fransen et F. Collignon(2007). Traitement des fratures vertébrales
ostéoporotiques avec kyphoplastie par ballonnet
Motivo da não inclusão: Série de casos retrospectiva.e não comparativa
4.3.15. Lewis G. (2007). Percutaneous vertebroplasty and kyphoplasty for the stand-
alone augmentation of osteoporosis-induced vertebral compression
fractures:present status and future direction
Motivo da não inclusão: Revisão crítica, não sistemática.
4.3.16.McKiernan FE.(2007). Kyphoplasty and vertebroplasty: how good is the
evidence?
Motivo da não inclusão: Revisão crítica, não sistemática.
4.3.17. Peh WC. et al. (2008). Percutaneous vertebral augmentation: vertebroplasty,
kyphoplasty and skyphoplasty.
Motivo da não inclusão: Revisão não sistemática.
4.3.18. Todd McCall et al (2008). Vertebroplasty and kyphoplasty: a comparative
review of efficacy and adverse events.
Motivo da não inclusão: Revisão não sistemática.
4.3.19.A.S. Mudano et al (2008). Vertebroplasty and kyphoplasty are associated
with an increased risk of secondary vertebral compression fractures: a population-
based cohort study
Motivo da não inclusão: Não há comparação entre os procedimentos. Compara a
Cuiabá
incidência de novas fraturas entre um conjunto, formado por pacientes tratados
com vertebroplastia ou cifoplastia, com pacientes que não foram submetidos a
qualquer dos dois procedimentos.
5.DISCUSSÃO: O objetivo do nosso trabalho foi o de buscar na literatura recente
(2004-2008) estudos que comparassem os dois mais utilizados procedimentos de
cimentoplastia, quais sejam, a vertebroplastia e a cifoplastia na melhora clínica dos
pacientes com fratura vertebral por compressão e, dos dois, qual traria menos
complicações. Infelizmente foram recuperados apenas três ensaios não
randomizado e não-cegos comparando, prospectivamente, os dois procedimentos.
Toda a restante literatura foi composta por estudos de qualidade metodológica
ainda menor (retrospectivos e/ou séries prospectivas não comparativas). Quase a
totalidade dos estudos publicados até 2007 já havia sido avaliada pelas Revisões
Sistemáticas que foram recuperadas e incluídas no nosso estudo. Definimos
previamente que faríamos o levantamento a partir de 2004 pelo fato de que a mais
antiga Revisão realizada (Carmen Bouza et al.2006) já incluíra todos os estudos
anteriores a esse ano. Entretanto, a grande maioria dos estudos incluídos e
avaliados pelas Revisões foi composta de séries de casos retrospectivos; os
autores dessas Revisões, com base em dados de diferentes estudos, com
diferentes metodologias, diferentes desfechos, diferentes medidas dos desfechos e
diferentes tempos de seguimento, buscaram, e não conseguiram, apresentar um
quadro comparativo entre os dois procedimentos. Todos concluem pela
necessidade de estudos comparativos randomizados. Dos estudos mais recentes e
não incluídos nas Revisões avaliadas, dois foram ensaios comparativos, porém
ambos com baixo poder e com pequeno tempo de seguimento para uma conclusão
mais definitiva. De uma maneira geral, pela análise de todos os trabalhos incluídos
e referenciados, parece ter ficado demonstrado que a sintomatologia dolorosa
melhora de maneira similar com os dois procedimentos; que a incidência de
vazamento parece ser maior com a vertebroplastia e que, provavelmente, esse
vazamento estaria associado à baixa viscosidade do cimento empregado na
vertebroplastia; que a incidência de novas fraturas e de outras complicações
parece ser similar entre os dois procedimentos. Além desses desfechos, outra
questão levantada em muitos estudos é a relativa a correção da altura vertebral
Cuiabá
assim como a correção do ângulo cifótico. Alguns dos estudos relatam melhora da
altura e da correção do ângulo quando se utiliza a cifoplastia, outros estudos
relatam correção similares entre os dois procedimentos, principalmente nas fraturas
mais recentes. Entretanto, nenhum estudo correlacionou a melhora clínica com a
melhora da altura vertebral e/ou da cifose. Durante a nossa busca encontramos
algumas avaliações de tecnologias que analisaram tanto a vertebroplastia quanto a
cifoplastia. Em 2005 o “Centers for Medicare and Medicaid Services” concluiu sua
avaliação dizendo que: “As evidências disponíveis até o momento não permitem
conclusões com respeito aos efeitos da cifoplastia percutânea nos desfechos de
saúde quando comparada a outras alternativas....Por essas razões a cifoplastia
percutânea para o tratamento da fratura vertebral osteoporótica ou doença maligna
não preenchem os critérios da TEC”11 Também em 2005 o “Medical Service
Advisory Committee12, orgão ligado ao Ministério da Saúde da Austrália, concluía
sua recomendação aprovando o uso da vertebroplastia mas, em relação à
cifoplastia, referia que “...não há evidências para defender o uso do dinheiro publico
com a cifoplastia até o momento”. Já em 2006 o “National Institute for Health and
Clinical Excellence-NICE”13, da Inglaterra, atualizou seus dados recomendando que
“as evidências parecem adequadas para apoiar o uso da cifoplastia por balão” e
recomendou os seguintes pontos: “o procedimento só poderá ser realizado depois
de previa discussão por um grupo multidisciplinar de especialistas que inclua
radiologista e cirurgião da coluna e seguindo as indicações e instruções para o
preparo do cimento”. Também em 2006 o “Centre Fédéral d'experise des soins de
santé”, ligado ao Ministério da Saúde da Bélgica14, conclui suas recomendações
referindo-se à vertebroplastia como um “procedimento ainda experimental” e, em
relação a cifoplastia recomendou: 1. “Esperar para ver (Wait-and-see)”, isto é,
aguardar os resultados dos ensaios em andamentos e 2 “O pagamento sob certas
condições: Paciente adulto com dor devida a fratura vertebral por compressão (não
traumática), torácica ou lombar (T5-L5) com tempo de evolução igual ou menor que
três meses”. Mais recentemente, com última busca realizada em junho de 2008, a
BlueCross Association conclui sua avaliação dizendo que “Faltam estudos
comparativos rigorosos sobre vertebroplastia e sobre cifoplastia......Estudos não
randomizados e séries de casos não fornecem evidências confiáveis de eficácia.
Os dois procedimentos parecem produzir efeitos similares e poucos dados
comparam diretamente os dois....Sem as evidências de ensaios controlados, não é
Cuiabá
possível determinar os efeitos da vertebroplastia e da cifoplastia nos desfechos de
saúde....Pelas razões acima, a cifoplastia e a vertebroplastia percutâneas para o
tratamento da fratura vertebral causada por osteoporose ou doença maligna não se
enquadram nos critérios de inclusão do Centro de Avaliação de Tecnologias”15. As
aparentes contradições nas diferentes recomendações desses orgão oficiais
advêm exatamente da falta de estudos com qualidade metodológica. Sabemos que
a única metodologia que comprova e demostra diferenças, ou não, entre duas
intervenções é o ensaio clínico randomizado e, preferencialmente, duplo cego. No
site oficial de registro de ensaios clínicos dos Estados Unidos da América (Clinical
Trials.gov) estão registrados 11 ensaios em andamento sobre esse tema. Um
deles, financiado pela empresa Kyphon Inc.16, é um ensaio multicêntrico (25
locações) que prevê a inclusão de 1234 pacientes até agosto de 2011. Outro, da
Mayo Clinc17, que iniciou o recrutamento em 2005 e já incluiu 112 pacientes,
provavelmente apresentará seus resultados nos próximos meses.
6. Conclusão e recomendações
Cuiabá
6.1.Conclusão:
1.Os trabalhos analisados, que avaliaram o uso da cifoplastia e da vertebroplastia
no tratamento da fratura vertebral por compressão, foram, metodologicamente,
insuficientes para demonstrar qualquer diferença significativa entre os dois
procedimentos no concernente ao alívio da sintomatologia dolorosa e/ou da
incapacidade física assim como na incidência de novas fraturas adjacentes ou de
efeitos adversos.
2.De maneira ainda não conclusiva, os dados dos estudos avaliados indicam que
ocorre melhora clínica similares nos dois procedimentos, quando comparados com
o tratamento conservador.
3.Embora de maneira ainda não conclusiva, devida à fraca metodologia dos
trabalhos, a incidência de vazamento do cimento parece ocorrer em maior
proporção com a vertebroplastia, possivelmente relacionado com a menor
viscosidade do cimento usado.
4. As evidências e, principalmente o tempo de seguimento, disponíveis são
insuficientes para conclusões definitivas quanto a segurança da cifoplastia.
5. Serão necessários os resultados dos ensaios clínicos em andamento para uma
conclusão definitiva com base em evidências metodológicas mais robustas.
6.2. Recomendações: As evidências para ambos os procedimentos são frágeis e
parecem indicar semelhança de resultados entre eles para os desfechos
sintomatologia clínica e incidência de efeitos adversos. Sendo assim, a CTNMBE
recomenda que nos casos específicos em que o tratamento conservador não tenha
trazido os benefícios esperados, o procedimento incorporado seja o de menor
custo.
São Paulo, 05 de dezembro de 2008
Cuiabá
7.Referências Bibliográficas:
1.World Health Organization. Assesment of fracture risk and its apllication to sceening for postmenopausal osteoporosis. Report. Geneve;1994.(WHO-Tecnical Report Series,843)
2.Melton LJ, Kan SH, Frye MA, Wahner HW, O'fallon WR, Riggs BL. Epidemiology of
vertebral fractures in women. Am J epidemiol;1989;129(5):1000-11
3.Bandeira F e Carvalho EF. Prevalência de osteoporose e fraturas vertebrais em
mulheres na pós-menopausa atendidas em serviço de referência. Rev bras
epidemiol.2007;10(1):86-98.
4.Ross, P.D. Clinical consequences of vertebral fractures', American Journal of
Medicine.1997;103, 30S–43S.
5. Theodorou DJ; Theodorou SJ; Duncan TD; Garfin SR; Wong WH Percutaneous balloon
kyphoplasty for the correction of spinal deformity in painful vertebral body compression
fractures. Clin Imaging 2002 Jan-Feb;26(1):1-5
6.Orler R, Fruchiger LH, Lange U, Heini PF. lordoplasty: report on early results with a new
tchnique for the treatment of vertebral compressoion fractures to resore the lordosis. Eur
Spine J 2006;15(12):1769-75
7.Yong SC, Eskey CJ, Pomerantz SR, Hirsch JA.“Skyphoplasty”: a single institution's initial
experience.. J Vasc Interv Radiol 2006;17(6):1025-30
8. Nacional Institute for clinical Excelence(2004) Guide to the methods of Technology appraisal. Pp 1-40 disponível em www.nice.org.uk 9. MacLehose RR, Reeves BC, Harvey IM et al A systematic review of comparisons of effect size derived from randomised and non-randomised studies. Health Tecnol Assess.2000;4:1-154 10.Tyalor et al Balloon kyphoplasty and vertabroplasty for vertebral compression fractures. A comparative systematic review of efficacy and safety. Spine 2006;31(23):2747-55 11. Centers for Medicare and Medicaid Services.:Percutaneous Kyphoplasty For Vertebral
Cuiabá
Fractures Caused By Osteoporosis And Malignancy. Disponívem em: www.cms.hhs.gov 12. Medical Service Advisory Committee: Vertebroplasty and kyphoplasty for the treatment of vertebral compression fracture August 2005. Disponível em:http://www.msac.gov.au/
13.National Institute for Health and Clinical Excellence-NICE:Interventional procedures
overview of balloon kyphoplasty for vertebral compression fractures january 2006.
disponível em: http://www.nice.org.uk/Guidance/IPG166
14.Centre fédéral d’expertise des soins des santé 2006. Evaluation rapide de technologies
émergentes s'appliquant à la colonne vertébrale : remplacement de disque intervertébral
et vertébro/cyphoplastie par ballonnet.KCE reports vol.39B. Disponível em:
em:http://www.kce.fgov.be/index_en.aspx?SGREF=5223&CREF=9141
15.Blue Cross BlueShield Association. Disponível em:
http://www.bcbs.com/blueresources/tec/vols/23/percutaneous-vertebroplasty.html
16.KAVIAR Study-Kyphoplasty and Vertebroplasty in the Augmentation and Restoration of
Vertebral body compression fractures. (NCT00323609). Em: clinicaltrials.gov
17.Cost Effectiveness and Efficacy of Kyphoplasty and Vertebroplasty
trial.(NCT00279877). Em: clinicaltrials.gov
Cuiabá