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Claudinei Aparecido de Freitas da Silva
Cristiane Picinini
Douglas Antnio Bassani
Gilmar Henrique da Conceio
Libanio Cardoso
Roberto S. Kahlmeyer-Mertens
Wilson A. Frezzatti Junior
(Organizadores)
Anais do XX Simpsio de
Filosofia Moderna e Contempornea
da UNIOESTE
TOLEDO PR
2015
Catalogao na Publicao elaborada pela Biblioteca Universitria UNIOESTE/Campus de Toledo.
Bibliotecria: Marilene de Ftima Donadel - CRB 9/924
Simpsio de Filosofia Moderna e Contempornea da Universidade
Estadual do Oeste do Paran (18.: 2015, out. 26-30:
Toledo - PR)
S612a Anais (do) XX Simpsio de Filosofia Moderna e Contempornea da Universidade
Estadual do Oeste do Paran (UNIOESTE) (recurso eletrnico) / Organizao de
Libanio Cardoso, Roberto S. Kahlmeyer-Mertens, Claudinei Aparecido de Freitas da
Silva, Cristiane Picinini, Douglas Antnio Bassani, Gilmar Henrique da Conceio, Wilson Frezzatti
Junior.
Toledo : (s. n.), 2015.
World wide web
http://www.unioeste.br/filosofia/
Evento realizado no perodo de 26 a 30 de outubro de 2015, na Universidade
Estadual do Oeste do Paran - UNIOESTE. Toledo, Pr.
ISSN: 2176-2066
1. 1. Filosofia moderna Congressos 2. Filosofia contempornea Congressos I.
Cardoso, Libanio Org. II Kahlmeyer-Mertens, Roberto S. Org. III. Silva, Claudinei
Aparecido Freitas; Org. IV. Picinini, Cristiane; Org. V. Bassani, Douglas A.; Org. VI. Conceio,
Gilmar Henrique da; Org. VII. Frezzatti Junior, Wilson Antonio..
CDD 20. ed. 190.63
106.3
COMIT CIENTFICO
Epistemologia:
Andre Leclerc (UFPB)
Douglas Antonio Bassani (UNIOESTE)
Marcelo do Amaral Penna-Forte (UNIOESTE)
Remi Schorn (UNIOESTE)
Esttica:
Olmpio Jos Pimenta Neto (UFOP)
Pedro Costa Rego (UFRJ)
Wilson Antonio Frezzatti Jr (UNIOESTE)
Ensino de Filosofia:
Altair Fvero (UPF)
Ana Miriam Wuensch (UnB)
Clia Machado Benvenho (UNIOESTE)
Ester Maria Dreher Heuser (UNIOESTE)
Filosofia da Mente:
Marcos Rodrigues da Silva (UEL)
Luiz Henrique Dutra (UFSC)
Metafsica:
Alberto Marcos Onate (UNIOESTE)
Alexandre Tadeu Guimares de Soares (UFU)
Clademir Lus Araldi (UFPel)
Claudinei Aparecido de Freitas da Silva (UNIOESTE)
Csar Augusto Battisti (UNIOESTE)
Cristiano Perius (UEM)
Eder Soares Santos (UEL)
Eneias Junior Forlin (UNICAMP)
Erico Andrade Marques de Oliveira (UFPE)
Libanio Cardoso (UNIOESTE)
Luciano Carlos Utteich (UNIOESTE)
Marisa Carneiro de O. F. Donatelli (UESC)
Roberto Saraiva Kahlmeyer-Mertens (UNIOESTE)
Filosofia Poltica:
Aylton Barbieri Duro (UFSC)
Carlo Gabriel Pancera (UFMG)
Cludio Boeira Garcia (UNIJU)
Delamar Jos Volpato Dutra (UFSC)
Jadir Antunes (UNIOESTE)
Jos Luiz Ames (UNIOESTE)
Luis Portela (UNIOESTE)
Marciano Adilio Spica (UNICENTRO)
Tarclio Ciotta (UNIOESTE)
Rosalvo Schtz (UNIOESTE)
SUMRIO
Apresentao...............................................................................................01
Programao................................................................................................04
ndice dos Resumos.....................................................................................06
ndice dos Textos Completos......................................................................12
Resumos dos Minicursos.............................................................................16
Resumos de Comunicaes, Cara a Tapa & Textos completos..................26
Cara a Tapa................................................................................................110
Textos Completos......................................................................................115
Nota dos Organizadores............................................................................602
APRESENTAO
O Simpsio de Filosofia Moderna e Contempornea da Unioeste chegou sua
vigsima edio. Demarcam-se, assim, duas dcadas de ininterrupta atividade de ensino,
pesquisa e extenso coroadas pelo esprito de amizade e trabalho em equipe que, desde
o primeiro evento, renem a comunidade de Toledo, estudantes, tcnicos universitrios,
professores e a universidade em torno da Filosofia e da Educao.
Entre 26 e 30 de outubro de 2015, em seu campus de Toledo, a Unioeste recebeu
professores da Alemanha, de Portugal e da Argentina, alm de importantes nomes da
filosofia no Brasil; recebeu quase trezentas inscries, produziu mais de setenta
comunicaes, nas vrias reas de pesquisa filosfica e das cincias humanas; durante
trs dias, ofereceu quatro minicursos simultneos e sete conferncias, ensejou atividades
artsticas e de integrao, recebeu visitantes de diversas regies e universidades. As
conferncias foram disponibilizadas na pgina virtual do curso, de modo a estender a
pesquisa aqui realizada ou apresentada. Por fim, dois livros surgem do Simpsio este
livro de Anais, cujas dimenses revelam a fora do evento, e uma edio comemorativa
dos 20 anos, em que se renem textos dos professores conferencistas, minicursistas e
coordenadores de minicursos. Trata-se de um conjunto de resultados slido, que
dignifica o esforo de todos que estiveram envolvidos nesta edio e anteriores.
Evidencia-se, assim, a retribuio que trazemos comunidade regional e sociedade
brasileira, pelo investimento e pelo auxlio que sempre nos chegaram.
Se recordamos que tudo isso se deu em meio a uma grave crise econmica
nacional, e que durante a preparao do evento atravessamos uma longa e justa greve na
educao paranaense; se observamos que o Simpsio se realizou com verbas que mal
chegaram a um tero das de que dispusemos em anos anteriores, e simultaneamente s
eleies gerais universitrias que demandam muitssimo dos servidores da instituio
e requerem espaos e atividades prprias conclumos no ter sido uma realizao de
pouca monta, e devemos louvar mais esta conquista de nosso Colegiado.
O poeta alemo Hlderlin perguntou, na elegia Po e Vinho, para que serviriam
poetas em tempos de penria. As privaes e desafios que cercam a vida contempornea
levam-nos muitas vezes a perguntar para que serve a filosofia. Em meio a tantas
necessidades materiais urgentes, ela soa sempre anacrnica expresso que, por si, j
daria o que pensar. Mas para que filosofia? De que nos serve? Ela serve para que
possamos ns mesmos servir ao pensamento, doao de uma medida para nossas
necessidades, para nossas limitaes e pressupostos. O poeta e pensador alemo
tambm disse: em tempos de perigo, cresce o que salva. A filosofia salvao, no por
atender s demandas de uma poca porque isto, em sua finita conpleio humana, ela
no pode fazer ; ela nos salva porquanto faz brilhar o ideal em meio penria,
diminuindo-a, conduzindo-a sua estreiteza, revelando a unidade simples de um projeto
que nos lana desde sempre para alm de ns mesmos. Um pas que aposta em seus
filsofos, poetas, em suas cincias humanas revela a fora de sua crena em si mesmo,
ultrapassando a figura reflexa que seus desafios cotidianos insistem em fazer reger a
todos. Nessa insistncia, to prpria da pequena poltica, retira-se a esperana na
subservincia a limitaes apenas atuais. Por tudo isso, a aposta da Unioeste no
Simpsio de Filosofia uma deciso poltica no sentido maior de que se reveste a
palavra. Trata-se do que os fundadores da filosofia tal como a conhecemos chamavam
de o cuidado com a plis. Esta ltima o lugar do acontecimento humano. Cuida-se,
portanto, em nosso evento, eminentemente da preparao de um futuro que no atende a
injunes meramente presentes, mas que traz do passado a fora de uma integridade
essencial.
A presente edio rene a programao do evento, resumos das aulas
ministradas nos minicursos e das comunicaes efetivamente apresentadas, e agrega,
ainda, textos completos enviados pelos participantes.
Cabe formalizar agradecimentos aos que permitiram, com seu auxlio, o sucesso
da XXa. Edio do Simpsio. CAPES, Fundao Araucria, ao CNPq, Reitoria e
Pr-Reitoria de Extenso da Unioeste, Fundao Universitria envolvidos no
financiamento do evento , ao corpo de professores e estudantes da graduao e da ps-
graduao em Filosofia de nossa universidade, aos tcnicos e administradores
universitrios, comunidade de Toledo, Prefeitura Municipal, Cmara dos Vereadores,
AO Secretrio Municipal de Administrao, Amauri Linke, equipe da Cozinha Social
do municpio, imprensa regional, Associao Comercial, empresrios, lojistas,
comerciantes e comercirios de nossa cidade em especial s equipes da Lumiar
Turismo e do Olinda Park Hotel , ao pblico presente ao evento fica nosso muito
obrigado. Sabemos das dificuldades com que cada um prestou seu auxlio e emprestou
seu prestgio Filosofia, atravs do Simpsio, e aqui o reconhecemos.
Em um evento dessa dimenso, inevitavelmente faltam memria os nomes de
todos os colaboradores. Pedimos antecipadas e sinceras desculpas pelas omisses.
Ainda assim, queremos dedicar agradecimento expresso s equipes do Departamento
Financeiro (chefiado pela Vera) e da Secretaria Acadmica do campus de Toledo
(chefiada pela Ana), pela eficincia e amizade, traduzidas em enorme auxlio. O mesmo
agradecimento estende-se Direo do campus, na figura do professor Jos Dilson; aos
professores Moacir Piffer (Cincias Econmicas) e Slvio Colognese (Cincias Sociais),
pela inestimvel parceria; aos motoristas e equipe de transportes do campus; a Graceli
Vendruscolo, pela amizade, generosidade e eficincia; a Neomar Mignoni, Lucas Vogel,
Jos Luiz Mariani, Anderson Felipe, Mara Oliveira, Cristiane Cndido, William
Alcantara, Fbio Antnio da Silva, Danilo Miner de Oliveira, Fabiana Benetti e tantos
estudantes e professores que formaram as equipes do Simpsio e coordenaram
minicursos, mesas, recepo, inscries. Ao PIBID-Filosofia e ao PET-Filosofia da
Unioeste, na figura de seus tutores e participantes, pelo empenho na organizao.
Kula WebRadio Universitria, pela transmisso. Ao professor Wilson Antnio Frezzatti
Jr. agradecemos o inestimvel auxlio quando da confeco dos projetos e em todos os
momentos. professora Nelsi Welter e sua equipe, pelo intenso trabalho de divulgao
do evento. Ao professor Luciano Utteich devemos um muito obrigado pela ajuda
contnua em vrias reas da organizao e enorme empenho pessoal, que viabilizou a
participao do professor Helmut Girndt. Ao professor Mrio Caimi, da Universidade
de Buenos Aires,e sua esposa, por mais uma vez honrarem Toledo e a Unioeste com sua
estada; ao professor Helmut Girndt e esposa; professora Irene Borges Duarte; a Martn
Grassi, Vincius Figueiredo, Ferno Salles, Leocir Pessini, Elzia Ferreira, Vanessa
Fontana, Carlos Serbena, Flvio Zimmermann e Vnia Dutra Azeredo, por sua estada e
pelas aulas e conferncias. professora Ester Heuser, ento coordenadora do
Colegiado, pelo auxlio na organizao de reunies, planejamento e execuo do evento.
Ao professor Remi Schorn, poca Pr-Reitor de Extenso, por sua ajuda, e assim
tambm reitere-se a toda a sua equipe.
Por fim, um especial agradecimento mestranda em filosofia Cristiane Picinini
e professora Clia Benvenho. A dedicao, generosidade e amizade de ambas deram
forma ao Simpsio e permitiram fossem superadas dificuldades e tarefas decisivas.
Desejamos, com isto, professora Clia Benvenho, a quem coube, com justia, a
Coordenao do XXI Simpsio de Filosofia Moderna e Contempornea, xito ainda
maior e a mesma alegria que experimentamos nesta vigsima edio.
Libanio Cardoso
Roberto Kahlmeyer-Mertens
Claudinei A. de Freitas da Silva
Toledo, maro de 2016
PROGRAMAO
XX Simpsio de Filosofia Moderna e Contempornea
SEGUNDA-FEIRA: 26/10/2015 19:30 20:15 Abertura
20:30 22:15 Conferncia: Dr. Vincius Berlendnis Figueiredo (UFPR)
Da moral heroica moral moderna no sculo XVII francs
TERA-FEIRA: 27/10/2015 08:30 11:45 Minicursos
1) Concepes de vida no pensamento alemo do Sculo XIX Grupo de Pesquisa em Filosofia, Cincia e Natureza na Alemanha do Sculo XIX
Coordenador: Dr. Wilson Frezzatti Jr. (UNIOESTE)
2) Fenomenologia e Psicologia Grupo de Pesquisa em Histria da Filosofia
Coordenador: Dr. Claudinei Aparecido de Freitas da Silva (UNIOESTE)
3) O status da tica e da Biotica em sociedades pluralistas e seculares Grupo de Pesquisa em tica e Filosofia Poltica
Coordenador: Dr. Daiane Martins Rocha (UNIOESTE)
4) Variedades do empirismo moderno Grupo de Pesquisa em Lgica, Epistemologia e Filosofia da Linguagem
Coordenador: Dr. Marcelo do Amaral Penna-Forte (UNIOESTE)
14:00 18:00 - Comunicaes e mesas redondas
19:15 20:45- Conferncia: Dr. Helmut Girndt (Universitt Duisburg-Essen Alemanha)
Intuio e Reflexo na Doutrina da Cincia de 1812 de Fichte
21:00 22:30- Conferncia: Dr. LeocirPessini (Centro Universitrio So Camilo SP)
Biotica em tempos de globalizao
QUARTA-FEIRA: 28/10/2015 08:30 11:45 Minicursos
1) Concepes de vida no pensamento alemo do Sculo XIX Grupo de Pesquisa em Filosofia, Cincia e Natureza na Alemanha do Sculo XIX
Coordenador: Dr. Wilson Frezzatti Jr. (UNIOESTE)
2) Fenomenologia e Psicologia Grupo de Pesquisa em Histria da Filosofia
Coordenador: Dr. Claudinei Aparecido de Freitas da Silva (UNIOESTE)
3) O status da tica e da Biotica em sociedades pluralistas e seculares Grupo de Pesquisa em tica e Filosofia Poltica
Coordenador: Dr. Daiane Martins Rocha (UNIOESTE)
4) Variedades do empirismo moderno Grupo de Pesquisa em Lgica, Epistemologia e Filosofia da Linguagem
Coordenador: Dr. Marcelo do Amaral Penna-Forte (UNIOESTE)
14:00 18:00 - Comunicaes e mesas redondas
19:15 20:45 - Conferncia: Dr. Ferno Salles (UFSCAR SP)
David Hume contra a indiferena da vontade
21:00 22:30 - Conferncia: Dr. Irena Borges Duarte (Universidade de vora Portugal)
A autointerpretao de Husserl em 1930-31: o Nachwort s Ideencomo escrito polmico
QUINTA-FEIRA: 29/10/2015 08:30 11:45 Minicursos
1) Concepes de vida no pensamento alemo do Sculo XIX Grupo de Pesquisa em Filosofia, Cincia e Natureza na Alemanha do Sculo XIX
Coordenador: Dr. Wilson Frezzatti Jr. (UNIOESTE)
2) Fenomenologia e Psicologia Grupo de Pesquisa em Histria da Filosofia
Coordenador: Dr. Claudinei Aparecido de Freitas da Silva (UNIOESTE)
3) O status da tica e da Biotica em sociedades pluralistas e seculares Grupo de Pesquisa em tica e Filosofia Poltica
Coordenador: Dr. Daiane Martins Rocha (UNIOESTE)
4) Variedades do empirismo moderno Grupo de Pesquisa em Lgica, Epistemologia e Filosofia da Linguagem
Coordenador: Dr. Marcelo do Amaral Penna-Forte (UNIOESTE)
14:00 18:00 - Comunicaes e mesas redondas
19:15 20:45 -Conferncia: Dr. Martn Grassi (Universidad de Buenos Aires - Argentina)
La Regla de Oro, entre el Amor y laJusticia: Signaturas ticas, polticas y teolgicas
enlafilosofa de Paul Ricoeur
21:00 22:30 - Conferncia: Dr. Vnia Dutra de Azeredo (UNIOESTE)
Habermas e o fundacionismo moderado em tica
SEXTA-FEIRA: 30/10/2015 10:15 12:00 - Conferncia: Dr. Mario Caimi (Universidad de Buenos Aires - Argentina)
Pensar por smismo. La Filosofa Moderna y ladefinicin de Filosofa
NDICE DOS RESUMOS
Comunicaes, Cara a tapa & Textos completos
TICA E ONTOLOGIA EM HEIDEGGER - Perspectivas das crticas dos
contemporneos ao pensar heideggeriano de um ethos ontolgico Saulo Sbaraini Agostini...................................................................................................27
OBSERVAES ACERCA DO PARADOXO DAS FICES
Napoleo Schoeller de Azevedo Jr..................................................................................28
ANLISE SOBRE O CARTER EXPLICATIVO DAS TEORIAS CIENTFICAS
Douglas Antonio Bassani................................................................................................29
DA SIMPLICIDADE RESOLUTIVA SIMPLICIDADE CAUSAL Csar Augusto Battisti.....................................................................................................30
DA DIFERENA ENTRE FILOSOFIA E CINCIA NO PENSAMENTO
HEIDEGGERIANO
Felipe Ricardo Deuter Becker.........................................................................................31
FORTUNA: O CONCEITO PENSADO A PARTIR DO MITO, DA MSICA E
DA POLTICA DE MAQUIAVEL
Fabiana de Jesus Benetti..................................................................................................32
PULSO DE VIDA E PULSO DE MORTE EM FREUD
Celia Machado Benvenho................................................................................................33
CINCIA E RACIONALIZAO DE MUNDO - O PENSAMENTO DE
NIETZSCHE SOBRE SCRATES E OS GREGOS
Estevo Bocalon..............................................................................................................34
O PRINCPIO DE RELATIVIDADE DO MOVIMENTO EM GALILEU
Luiz Antonio Brandt........................................................................................................35
A QUESTO DE DEUS NO CONTEXTO DA FILOSOFIA MORAL DE KANT
Gustavo Ellwanger Calovi...............................................................................................37
PERSPECTIVISMOS ACERCA DO PROBLEMA DO MTODO: Uma anlise
sobre a crtica ao mtodo desenvolvida por Husserl e Feyerabend sob a tica do
perspectivismo nietzscheano
Cristiane Roberta Xavier Candido...................................................................................37
DO CONCEITO DE PESSOA JURDICA AO CONCEITO DE SUJEITO
MORAL NA FILOSOFIA DO DIREITO DE HEGEL
Tarcilio Ciotta..................................................................................................................38
A SOCIEDADE DA IMAGINAO - Reflexes sobre a influncia da imaginao
na concepo de si
Geder Paulo Friedrich Cominetti.....................................................................................39
O SEXTO EMPRICO DE MONTAIGNE: QUE SAIS-JE?
Gilmar Henrique da Conceio.......................................................................................40
O CONCEITO DE TRABALHO EM KARL MARX: PRODUO DE VALOR E
DE MAIS-VALOR
Gilmar Derengoski..........................................................................................................42
PLATO E A DIVISO DA ALMA
Ana Lucia Dourado.........................................................................................................42
DA CINCIA PARA A TECNOLOGIA: O QUE MUDA?
Alexandre Klock Ernzen.44
NOTAS SOBRE O CONTEXTO HISTRICO DE EMERGNCIA DA
EXPLICAO MECANISTA NAS CINCIAS DA VIDA, DO SC. XIII-XVI
Miguel ngelo Flach.......................................................................................................45
A RELAO ENTRE LIBERDADE E OBEDINCIA S LEIS A PARTIR DE
ROUSSEAU
Luciana Vanuza Gobi......................................................................................................46
A POSSVEL EXTINO DA RELAO EDUCADOR X EDUCANDO
PROPOSTA POR JOHN DEWEY
Evilen Godoi...................................................................................................................47
NOTAS SOBRE A SUBJETIVIDADE E A TICA NA MODERNIDADE EM
MICHEL FOUCAULT
Rafael Fernando Hack.....................................................................................................48
O PROBLEMA DO MTODO NUM BREVE ITINERRIO AT A
HERMENUTICA DE H-G. GADAMER
Roberto S. Kahlmeyer-Mertens.......................................................................................49
POPPER ENTRE O CETICISMO E A CONVICO SUBJETIVA: ALGUNS
PROBLEMAS DA PRESSUPOSIO DE REGULARIDADES DO MUNDO
Willian Carlos Kuhn........................................................................................................50
O PRINCPIO DA CONTIGUIDADE EM HUME EXEMPLIFICADO NO
FILME A ORIGEM
Ana Caroline Lima..........................................................................................................51
HENRIQUE DUSSEL: A QUESTO DA LEGITIMIDADE DO PODER
POLTICO
Gerson Lucas Padilha de Lima........................................................................................52
DILOGOS ENTRE ERNST BLOCH E JOHN SEARLE
Desafios contemporneos para uma tica materialista
Anna Maria Lorenzoni.....................................................................................................54
RELATO DE EXPERINCIAS: FILOSOFIA PARA CRIANAS
Mrcia Elaini Luft...........................................................................................................55
MONTAIGNE: SOBRE A QUESTO DA AMIZADE EM ARISTTELES
Junior Cesar Luna........................................................................................................57
UMA PROPOSTA DE DISTINO ENTRE CURVAS GEOMTRICAS E
CURVAS MECNICAS: por propriedades e por gnese
Renato Francisco Merli...................................................................................................59
EQUIVOCIDADE E DIFERENA ONTOLGICAS EM DIFFRENCE ET
RPTITION DE GILLES DELEUZE
Gonzalo Montenegro.......................................................................................................60
A IMPORTNCIA DO PARFOR OFERTADO NA UNIOESTE DE TOLEDO
PARA A FORMAO EM FILOSOFIA
Maria Lucivane de Oliveira Morais.................................................................................61
HEIDEGGER E A CONSTRUO DE UMA GEOGRAFIA
FENOMENOLGICA
Maria Lucivane de Oliveira Morais.................................................................................62
ENSAIO CRTICO A UM CONCEITO DE EMANCIPAO
Fernando de S Moreira..................................................................................................63
FORMAO REATIVA PULSES ANTITTICAS EM FREUD E
UNAMUNO
Maiara Graziella Nardi....................................................................................................65
A CONSTRUO DO IDEAL BURGUS NA MODERNIDADE E A CRITICA
DE MARX
Leandro Nunes.................................................................................................................66
AS NOES DE ESTADO E DE DIREITO NA MODERNIDADE E A
EVOLUO DO CONCEITO DE JUSTIA
Leandro Nunes.................................................................................................................67
A MORAL, O DIREITO E O IMPERATIVO CATEGRICO: Retrocedendo a
Toms de Aquino
Wellen Pereira.................................................................................................................68
HORA DO CONTO ALGUNS ENSAIOS
Amrico Roberto Piovesan..............................................................................................69
A FILOSOFIA E TEOLOGIA EM KIERKEGAARD NO LIVRO CONCEITO DE
ANGSTIA
Cleyton Francisco Oliveira..............................................................................................70
LIBERDADE, ANGSTIA E RESPONSABILIDADE NO EXISTENCIALISMO
SARTREANO
Josieli Aparecida Opalchuka...........................................................................................71
O MECANISMO DE CONDENSAO NA PSICANLISE
Importncia desse mecanismo e a felicidade
Alexandre Moschen Ortigara...........................................................................................72
AS POSSVEIS RELAES ENTRE A TICA E O DIREITO EM KANT
Luana Pagno....................................................................................................................73
O PENSAMENTO POLTICO DE MARX: do elogio crtica da dimenso
positiva da poltica
Bruno Gonalves da Paixo.............................................................................................74
O HIPRION E A MISSO POTICA EM HLDERLIN
Tamara Havana dos Reis Pasqualatto..............................................................................75
NICOLAU DE CUSA E A QUESTO DE SER E CONHECER
Anderson Lucas dos Santos Pereira.................................................................................77
O CONCEITO DE VIRTUDE NA PRIMEIRA PARTE DE ASSIM FALOU
ZARATUSTRA
Sdnei Almeida Pestano....................................................................................................78
MONTAIGNE E O PIRRONISMO: A EXPERINCIA E O APARECER
Charles Eriberto Wengrat Pichler....................................................................................80
IMPLICAES TICAS NO CONCEITO SARTREANO DE LIBERDADE
Cristiane Picinini.............................................................................................................81
A ESPECIFICIDADE DOS DEVERES PERFEITOS E IMPERFEITOS NA
FILOSOFIA PRTICA DE KANT
Jaime Jos Rauber...........................................................................................................82
EXISTE FILOSOFIA DO CINEMA? Discusso a partir da crtica de Rancire a
Deleuze.
Gssica Pimentel Reis.....................................................................................................83
ANLISE DO CONCEITO DE ANGSTIA NA ANALTICA EXISTENCIAL
DE HEIDEGGER
Guilherme Gonalves Ribeiro.........................................................................................84
ESTUDOS DE CASOS BIOTICOS ENVOLVENDO SERES HUMANOS
A aplicao dos modelos de beneficncia baseada na confiana e do modelo de
consentimento na promoo do bem-estar
Daiane Martins Rocha.....................................................................................................86
HABERMAS: COM MARX E PARA ALM DE MARX
Ktia R. Salomo.............................................................................................................87
ENLAAMENTO CRTICO: ESTADO, SOBERANIA E RECONHECIMENTO
NA FILOSOFIA HABERMASIANA
Renato Padilha Silva; Ktia R. Salomo.........................................................................88
O INDIVDUO: UMA CRTICA DE KIERKEGAARD A HEGEL
Rmulo Gomes dos Santos..............................................................................................88
SCHOPENHAUER E A REPRESENTAO - Uma perspectiva para entender a
teoria do conhecimento do filsofo pela representao
ngela Maria da Silva.....................................................................................................90
AS PAIXES EM THOMAS HOBBES
Elizandra Bruno Sosa......................................................................................................91
A POSSIBILIDADE DE UMA FILOSOFIA NO-EUCLIDIANA
Algumas confluncias entre a Fsica, a Matemtica o Misticismo e a Filosofia
Lucas Sariom de Sousa....................................................................................................92
JOHN LOCKE E O IDEAL BURGUS NA INVERSO DOS DIREITOS
HUMANOS Gutenberg Alves Fortaleza Teixeira................................................................................93
NICOLAU MAQUIAVEL: PERCEPES DE UM PODER
MULTIFACETADO Idete Teles......................................................................................................................95
A CONCEPO DE JUSTIA EM PLATO E ARISTTELES
Juan Manuel Terenzi.......................................................................................................95
PLATO UMA PROJEO DA CIDADE IDEAL
Lara de Souza Tonin........................................................................................................96
ENSAIO SOBRE A CONCEPO DE IMAGEM EM MATRIA E MEMRIA
Heliakim Marques Trevisan............................................................................................98
ARENDT CONTEMPORNEA? Uma leitura segundo Agamben
Ana Carolina Turquino Turatto.......................................................................................99
QUE UM PROBLEMA FILOSFICO?
Dean Fbio Gomes Veiga................................................................................................99
TEMPO E CONSCINCIA HISTRICA - aproximao da noo de vivncia
entre Dilthey e Bergson
Adeilson Lobato Vilhena...............................................................................................101
A GENERALIZAO DO PROBLEMA DA RAZO PURA EM KANT
Lucas Antonio Vogel.....................................................................................................102
A SOCIEDADE BEM ORDENADA E A RELAO COM A IDEIA DE SENSO
DE JUSTIA Nelsi Kistemacher Welter..............................................................................................104
SOBRE OS CONCEITOS DE ANALTICA E ANLISE NA
FENOMENOLOGIA DE MARTIN HEIDEGGER
Katyana Martins Weyh..................................................................................................105
MONTAIGNE E O CETICISMO NOS PRIMEIROS ENSAIOS Henrique Zanelato.........................................................................................................106
MAQUIAVEL E A GUERRA COMO MOPLIO DO ESTADO:
Algumas consideraes sobre a ascenso dos mercenrios modernos
Douglas Antnio Fedel Zorzo.......................................................................................107
NDICE DOS TEXTOS COMPLETOS
NOTAS SOBRE EXPERINCIA ESTTICA: O SUBLIME E O COLAPSO DA
RAZO NA ARTE CONTEMPORNEA Ana Carolina Acom.......................................................................................................116
COSMOLOGIA E HISTRIA EM MAQUIAVEL: FATALISMO OU
AUTONOMIA?
Jos Luiz Ames..............................................................................................................123
EM SUA CONDIO FTICA O SER-A SIGNIFICA
Ezildo Antunes..............................................................................................................135
PULSO DE VIDA E PULSO DE MORTE EM FREUD
Clia Benvenho..............................................................................................................142
ARGUMENTO DA TERCEIRA VIA: A SUPERAO DO DUALISMO
NATUREZA E LIBERDADE DO PONTO DE VISTA ONTOLGICO
Vanessa Brun Bicalho...................................................................................................149
DASEINANLISE: UMA PSICOLOGIA FENOMENOLGICA EM BASES
EXISTENCIAIS
Luiz Henrique Birck......................................................................................................158
A QUESTO DE DEUS NO CONTEXTO DA FILOSOFIA MORAL DE KANT
Gustavo Ellwanger Calovi.............................................................................................166
PERSPECTIVISMOS ACERCA DO PROBLEMA DO MTODO:
Uma anlise sobre a crtica ao mtodo desenvolvida por Husserl e Feyerabend sob
a tica do perspectivismo nietzscheano
Cristiane Roberta Xavier Candido.................................................................................178
SOBRE A CORPOREIDADE EM SCHOPENHAUER
Luza Tomich Comarella...............................................................................................186
APONTAMENTOS SOBRE O PROBLEMA DA OBJETIVIDADE DO
CONHECIMENTO NAS CINCIAS SOCIAIS E HUMANAS A PARTIR DE
WEBER E GADAMER
Ricardo Corra...............................................................................................................196
UMA RELAO ENTRE O FILME A ORIGEM E O CONCEITO DE IDEIA
EM DAVID HUME
Igor da Silva Costa........................................................................................................204
IMPLICAES DO PRINCPIO DE RAZO SUFICIENTE SOBRE O
CONCEITO DE LIBERDADE DA VONTADE EM SCHOPENHAUER
Juliana dos Reis Cuenca................................................................................................208
CONCEITO DE TRABALHO EM KARL MARX: PRODUO DE VALOR E
DE MAIS-VALOR
Gilmar Derengoski........................................................................................................227
A ATIVIDADE FILOSFICA EM DELEUZE E GUATTARI:
O FILSOFO AMANTE DA FILOSOFIA
Adriana Muniz Dias.......................................................................................................233
A DIFERENA ENTRE PENSAMENTO ORIGINRIO E METAFSICA EM
HEIDEGGER Thayla Magally Gevehr.................................................................................................239
VERDADE COMO ADEQUAO E SEU CARTER ASSIM COMO Luana Borges Giacomini...............................................................................................246
A NEGAO NO PROCESSO DE TRANSMUTAO DOS VALORES EM
NIETZSCHE E A FILOSOFIA DE DELEUZE
Vanessa Henning...........................................................................................................252
A LINGUAGEM ENQUANTO AO EM AUSTIN Luiz Claudio Inocncio.................................................................................................259
O PROBLEMA DO MTODO NUM BREVE ITINERRIO AT A
HERMENUTICA DE H-G. GADAMER
Roberto S. Kahlmeyer-Mertens.....................................................................................266
O DISCURSO SOCRTICO DE EROS COMO DAIMON
Poliana Tomazi Vieira Lopes........................................................................................275
OS IMPASSES DA CONCEPO DE POSIO SUBJETIVA
EM JACQUES LACAN
Suzana Soares Lopes.....................................................................................................285
NIETZSCHE CONTRA HEIDEGGER: UMA DISCUSSO ACERCA DO
SURGIMENTO DO NIILISMO ENQUANTO ESTADO PSICOLGICO
Neomar Sandro Mignoni...............................................................................................292
EQUIVOCIDADE E DIFERENA ONTOLGICAS EM DIFFRENCE ET
RPTITION DE GILLES DELEUZE
Gonzalo Montenegro.....................................................................................................339
HEIDEGGER E A CONSTRUO DE UMA GEOGRAFIA
FENOMENOLGICA
Maria Lucivane de Oliveira Morais...............................................................................347
AS NOES DE ESTADO E DE DIREITO NA MODERNIDADE E A
EVOLUO DO CONCEITO DE JUSTIA
Leandro Nunes...............................................................................................................354
OS DIREITOS HUMANOS E AS SUAS FRAGILIDADES A PARTIR DA
ANLISE DE HANNAH ARENDT
Washington Luiz de Oliveira Junior..............................................................................364
HORA DO CONTO ALGUNS ENSAIOS
Amrico Roberto Piovesan............................................................................................388
A DRAMATURGIA DE GABRIEL MARCEL
Nadimir Silveira de Quadros.........................................................................................401
MARTIN HEIDEGGER E O PROBLEMA DA METAFSICA
Guilherme Devequi Quintilhano...................................................................................406
A ESPECIFICIDADE DOS DEVERES PERFEITOS E IMPERFEITOS NA
FILOSOFIA PRTICA DE KANT
Jaime Jos Rauber........................................................................................................ 421
VISO KANTIANA DOS DILEMAS E CONFLITOS TICOS NA
DESCOBERTA DO DNA
Leyr Sevioli Sanches Rodrigues....................................................................................434
HUSSERL E HEIDEGGER: A CRISE DAS CINCIAS
Neusa Maria Rudek.......................................................................................................442
HABERMAS: COM MARX E PARA ALM DE MARX
Ktia R. Salomo...........................................................................................................447
ENLAAMENTO CRTICO: ESTADO, SOBERANIA E RECONHECIMENTO
NA FILOSOFIA HABERMASIANA
Ktia R. Salomo; Renato Padilha Silva.......................................................................458
RAWLS: UMA REFLEXO SOBRE OS ASPECTOS DA FORMAO MORAL
Marilda Pereira dos Santos............................................................................................465
O PROBLEMA DA INTERSUBJETIVIDADE NA FENOMENOLOGIA DA
PERCEPO DE MERLEAU-PONTY
Renato dos Santos..........................................................................................................479
O MAPEAMENTO DE CONCEITOS FILOSFICOS EM OBRAS
CINEMATOGRFICAS - Uma associao entre o filme A Origem e o conceito
de representao onrica em Freud
Laura Beatris da Silva....................................................................................................486
KANT E O MUNDO, REALMENTE EXISTE? - A esttica transcendental de
Kant diante da matemtica no-euclidiana
Lucas Sariom de Sousa..................................................................................................492
A IDENTIFICAO DE CONCEITOS FILOSFICOS EM OBRAS
CINEMATOGRFICAS Uma comparao entre o filme A Origem e o
conceito de memes em Dennett Luiza Fernanda Kozaen Souza......................................................................................534
O PRINCPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA A PARTIR DOS
IMPERATIVOS CATEGRICOS KANTIANOS
Waldomiro Salles Svolinski Junior...............................................................................540
A COMPREENSO HEIDEGGERIANA DA HISTORICIDADE DO DASEIN Jean Tonin......................................................................................................................552
ENSAIO SOBRE A CONCEPO DE IMAGEM EM MATRIA E MEMRIA
Heliakim Marques Trevisan..........................................................................................566
ARENDT CONTEMPORNEA? Uma leitura segundo Agamben
Ana Carolina Turquino Turatto.....................................................................................574
HABERMAS E A ESFERA PBLICA: uma Teoria Crtica da poltica
Dean Fbio Gomes Veiga..............................................................................................582
SOBRE OS CONCEITOS DE ANALTICA E ANLISE NA
FENOMENOLOGIA DE MARTIN HEIDEGGER
Katyana Martins Weyh..................................................................................................592
RESUMOS DOS MINICURSOS
CONCEPES DE VIDA NO PENSAMENTO ALEMO DO
SCULO XIX
Coordenador: Wilson Frezzatti Grupo de Pesquisa Filosofia, Cincia e Natureza na Alemanha do sculo XIX
27/10: A face vitalista da perspectiva epistemolgica e antropolgica. O a priori
desde a Filosofia transcendental
Prof. Dr. Luciano Carlos Utteich (Unioeste)
A separao entre sujeito e objeto, trazida pela filosofia cartesiana, e a sua eliminao
caracterizou, num primeiro momento, o projeto idealista do pensamento de Fichte. Por
sua vez, essa separao trouxe insinuada, sua base, como necessria a disjuno entre
o emprico e o apriori. Todavia, tanto aquela separao como essa disjuno parecem
ser a resposta para uma idealizao das relaes, levada a efeito previamente, devido
disponibilidade tcnica das coisas no mundo orgnico. Da que diante dessas duas
orientaes da relao sujeito-objeto na teoria do conhecimento tradicional e na
transcendental, uma caracteristicamente macrofsica e a outra microfsica, coloca-se a
questo: no oportuniza a relativizao da postura de um a priori abstrato na Filosofia
questionar e abrir lugar para um apriori corporal, enquanto instncia concreta e vital
que se mostra inadivel, por isso, na medida em que acrescenta um sentido excedente
trazido pela abordagem das condies transcendentais do conhecimento? Pretendemos
indicar um encaminhamento de resposta a essa questo a partir do pensamento
fichtiano.
27/10: O conceito de Vida compreendido pela Filosofia Transcendental
Prof. Dr. Helmut Girndt (Universitt Duisburg-Essen)
At que ponto a vida do esprito (das Leben des Geistes) subjaz como pressuposto de
todas as Filosofias e de todo o pensamento humano? O presente minicurso visa
apresentar uma planificao da resposta a essa questo. Para isso introduz a filosofia
tardia de Johann Gottlieb Fichte, na abordagem em que apresenta sua crtica posio
do Idealismo, tal como vinha sendo entendido por Schelling e Hegel. Neste sentido o
conceito de Vida, no Fichte tardio, representa uma inovao em relao tematizao
do Incondicionado, no debate estabelecido por um pensamento conceitual em face
daquele outro desenvolvido pela abordagem dialtica.
28/10: Capitalismo e modos de vida
Prof. Dr. Jadir Antunes (Unioeste)
Esta palestra analisar os dois domnios fundamentais da sociedade capitalista: o do
mercado e o da fbrica. Em cada um destes domnios resultaro diferentes modos de
existncia e fruio da vida do ente humano. O domnio do mercado o da troca e do
consumo das coisas fabricadas pelo domnio da fbrica. O domnio do mercado o da
fruio hedonstica da riqueza enquanto o da fbrica o da poiesis, do esforo criativo
da riqueza e da interao entre homem e matria natural. Em cada um destes domnios
teremos diferentes modos de vida e exerccio da inteligncia e das faculdades racionais
e sensveis humanas. Em cada um destes domnios teremos diferentes modos de ser do
homem, diferentes ideologias e vises acerca da vida e do destino do homem no mundo.
28/10: A noo de vida na Filosofia biolgica de Ernst Haeckel
Prof. Dr. Wilson Frezzatti (Unioeste)
Haeckel considera que no podemos ter uma distino clara e definida entre o vivo e o
no vivo. O bilogo alemo utiliza o termo organismo (Organismus) como
equivalente ao de ser vivo (Lebenwesen), e sua concepo mecanicista de
perspectiva qumica: o organismo uma mquina, mas no sentido de um laboratrio
qumico. A grande diferena entre os seres vivos ou organismos e os corpos inorgnicos
ou anrganos (Anorganen) que os primeiros apresentam movimentos particulares, que
se repetem periodicamente e parecem espontneos. O plasma (das Plasma) a
substncia qumica viva, e seu movimento fundamental a troca de substncias. A
nutrio (Ernhrung) e a reproduo (Fortpflanzung) so processos importantes para o
processo vital e esto estreitamente ligados por meio da noo de crescimento
(Wachstum). Como nos cristais, o crescimento das clulas tem um limite. Se esse
crescimento ultrapassado, ocorre um crescimento suplementar ou transgressivo que
nos organismos chama-se reproduo e nos cristais, multiplicao (Vermehrung). A
comparao do crescimento dos cristais e dos seres unicelulares muito importante para
Haeckel, porque remete a propriedade vital da reproduo a condies puramente fsico-
qumicas. Considerar tanto a nutrio como a reproduo como crescimento reduz essas
duas funes s reaes de troca de substncias entre o ser vivo e o ambiente, ou seja,
ao metabolismo (Stoffwechsel). O que faz com que Haeckel deixe indeterminada a
distino entre vida e o no vivo, pois essas funes so tambm caractersticas dos
seres inorgnicos. No h, para Haeckel, do ponto de vista morfolgico e nem na
maioria das propriedades fisiolgicas (incluindo tambm a sensibilidade), diferenas
fundamentais entre os organismos e os anrganos.
29/10: Vida e vontade de potncia em Nietzsche
Profa. Dra. Vnia Dutra de Azeredo (Unioeste)
Nesta palestra, partiremos da compreenso inicial da vontade de potncia, enquanto
interpretao que se apresenta como mbito de sentidos em Nietzsche. a vontade,
entendida como multiplicidade de impulsos em luta permanente, que introduz
interpretaes, mas, por sua vez, a prpria introduo da vontade de potncia uma
interpretao possvel dos existentes, que se coaduna e abrange as demais interpretaes
que lhes foram conferidas ao entender que no h outro mbito que no o da
interpretao. por isso que apresentamos a vontade de potncia como interpretar,
como intrprete e como significao que se faz. Ao faz-lo, recusamos inserir Nietzsche
junto aos filsofos metafsicos, por entender que o filsofo procede um deslocamento
conceitual da explicao para a interpretao. No se trata mais de uma pergunta acerca
do ente em totalidade, como afirma Heidegger sobre a filosofia nietzschiana, mas da
criao de seus possveis sentidos. Tampouco da reduo dessa filosofia a uma tcnica
de interpretao, como entende Foucault, pois reconhecemos que o autor introduz um
aparato conceptual a partir do qual interpreta o mundo. Nesse horizonte, a vida
vontade de potncia enquanto interpretao.
FENOMENOLOGIA, PSICOLOGIA e ARTE
Coordenador: Prof. Dr. Claudinei Aparecido de Freitas da Silva (UNIOESTE)
Grupo de Pesquisa: HISTRIA DA FILOSOFIA
27/10:
La comunidad demorada
Martin Grassi (UBA-Universidade de Buenos Aires)
La pregunta por la comunidad atraviesa nuestras preocupaciones ticas, polticas y
religiosas. Sobre todo en Latinoamrica, donde la comunidad americana es todava un
proyecto a realizar. Pero la pregunta por la comunidad no alude solamente a una
cuestin poltica, entendiendo por esta a una operacin de socializacin o de
organizacin de un conjunto de personas; la pregunta por la comunidad compromete
ante todo la esencia misma del ser humano, en tanto que ser persona es ser junto a otros.
Esta esencia comunal del hombre es lo que debe ser pensado, lo que debe ponerse en
primer plano, puesto que depender de esta dimensin metafsica y antropolgica que
las cuestiones polticas y sociales, pero tambin religiosas, adquirirn sus fundamentos.
La dificultad central para pensar la comunidad se encuentra, en primer lugar, en la
relacin que se establece entre la mismidad y la alteridad, o en otras palabras, entre uno
mismo y el otro. En este sentido, pensar la comunidad es pensar la intersubjetividad, y
sta puede abordarse ya sea desde las coordenadas del ego que constituye al otro como
alter ego (tal como propone Edmund Husserl), o bien desde las coordenadas ticas por
las cuales el rostro del otro me constituye como ser responsable (tal como sugiere
Emmanuel Levinas). Esta doble estrategia puede ser pensada, a su vez, de forma
complementaria, atendiendo a la idea de reconocimiento y de mutualidad (Paul Ricur
ser quien ponga en estos trminos la cuestin). En segundo lugar, pensar la comunidad
nos lleva a otra tensin, esta vez entre la unidad y la diferencia, tensin que tendr
resonancias ms bien polticas. En efecto, de pensar en la comunidad como un
organismo social, tendremos que subrayar el carcter unificador y unitario de su
estructura, en la cual todas las partes se encuentran funcionalizadas en orden al bien del
conjunto. Si en cambio la pensramos como un conjunto de singularidades mltiples, en
s mismas anrquicas, entonces difcilmente puede pensarse en una vida en comn, ya
que la idea de proyecto le es inherente. Para pensar esta tensin, nos serviremos, pues,
de las reflexiones de Jacques Derrida, Maurice Blanchot y Jean-Luc Nancy. Ante las
dificultades que presenta la idea de comunidad, proponemos pensarla desde las
experiencias de la promesa y del perdn. Ambas experiencias involucran tanto la
dimensin del tiempo, como la del otro, pero las involucran en tanto que son de carcter
comn, es decir, en tanto que apuntan a la posibilidad de una comunin entre singulares.
Tomaremos, as, la propuesta de Hannah Arendt, por un lado, la cual asienta la
dimensin poltica sobre estas dos posibilidades que tiene el hombre de anudar el
tiempo en orden a un proyecto comunal; y tomaremos tambin la propuesta de Gabriel
Marcel y de Paul Ricur en torno a la promesa. Por ltimo, nos detendremos
brevemente en la cuestin del perdn, basndonos ante todo en las reflexiones de
Vladimir Janklvitch, Jacques Derrida y Paul Ricur. Nuestra propuesta es pensar a la
comunidad como un proyecto siempre por-venir, como una realidad que no puede nunca
realizarse si no quiere terminar contradiciendo su propia esencia. Por ello hablamos de
una comunidad demorada, porque solo en tanto que se demore, puede ser una
realidad, solo en tanto que las diferencias no sean anuladas en la unidad, ni la unidad
absolutamente dispersada; solo en tanto que la mismidad no sea cautiva de la alteridad,
ni sta sea subyugada por la primera; solo en tanto que la singularidad se sustraiga de la
funcin, pero sea a la vez un singular plural; solo entonces podremos hablar de
comunidad, aunque hablar de ella no sea tambin sino un modo de callar.
A conferncia de Atenas de Heidegger
Irene Borges Duarte (Universidade de vora)
A riqueza do pensamento heideggeriano, nos diferentes momentos do seu percurso,
culmina, nos anos 60 do sculo XX, naquilo que pode considerar-se a definio do seu
legado filosfico. Em 1966, na entrevista concedida a Der Spiegel e em Tempo e Ser,
sublinha a importncia do pensar, no j maneira tradicional da filosofia, mas do que
chama o outro pensar, serenamente aberto ao que, na voz de Hlderlin, era o habitar
potico na terra, alheio ao imperialismo cientfico da modernidade. Em 1967, na
conferncia de Atenas, esse legado assume a forma dum chamamento a um passo
atrs, quilo que se reencontra na histria pr-moderna, guardada na compreenso,
densa de afecto, articulada na lngua grega dos grandes poetas. Essa breve conferncia,
publicada inicialmente em 1982, em homenagem a Walter Biemel, uma pea
fundamental do Heidegger tardio. Nela faz-se uma fenomenologia da tcnica, desde o
seu surgir como saber hbil, no mundo do Geviert, anterior sua crise a fragmentao
modernas, at ao seu desembocar na era do clculo e da programao controladora do
futuro. Heidegger chamou ao primeiro, neste texto, a poca da deusa Atena, enquanto
ao segundo deu, como bem sabido, o nome de Ge-Stell. Do contraste dos dois
momentos fundamentais desta histria do ser, surge um lema: O que necessrio o
passo atrs, com que termina a conferncia. Esta volta origem, to pregnante como o
s coisas elas mesmas da fenomenologia husserliana, ou o retorno a Kant dos
neokantianos, expressa a chave do pensar e do agir pensando que constitui o legado
heideggeriano, na sua mxima simplicidade e com toda a veemncia da sua deciso. O
presente minicurso procura cingir-se a este trajecto, para mostrar como, nele, se revela a
coerncia dum pensador que, vencendo formalmente a filosofia tradicional, no
prescinde, contudo, de pr disposio de quem esteja atento aquilo que a abordagem
fenomenolgica teve de mais fundamental para o desencobrir-se da verdade.
28/10:
Imagem e imaginao: fundamentos conceituais e implicaes metodolgicas para
a fenomenologia e a Psicologia Analtica
Carlos Augusto Serbena (UFPR)
A tradio no pensamento ocidental, ao considerar a imagem, sempre priorizou o seu
carter de reproduo, como um resduo do objeto percebido que continua na
conscincia e fonte de possvel erro reproduzindo a percepo na esfera do
conhecimento ou da fantasia. Esta concepo reflete a dicotomia entre mente e corpo e
o erro da existncia de um mundo interior da conscincia ou de objetos mentais. A
fenomenologia critica esta concepo e Sartre coloca a imaginao como um ato da
conscincia, uma forma de intencionar o objeto constituindo a conscincia imaginante.
Deste modo, as imagens e a imaginao so uma outra forma de presentificao dos
objetos que possibilita a nadificao do mundo e transcendncia da conscincia.
Entretanto, mesmo considerando a imaginao fundamental, ela uma etapa da
conscincia realizante da ultrapassagem do mundo em direo ao vazio, falta-lhe a
completude da realidade, uma autonomia em relao conscincia. Entretanto, uma
fenomenologia da imagem e da imaginao mostra exatamente a possibilidade da
autonomia e independncia das imagens em relao conscincia. G. Bachelard
denomina de funo criadora da imaginao. Operando deste modo, a conscincia
intenciona de forma diferente as imagens, seu conjunto o imaginrio, tambm se
caracteriza por autonomia e transcendncia em relao conscincia. De algum modo a
conscincia tambm pode se realizar neste imaginrio. Neste sentido, as imagens se
presentificam como smbolos e configuram uma intencionalidade simblica, nos termos
de P. Ricur. Para a psicologia clnica, o trabalho psicoteraputico no se conforma em
decodificao ou interpretao de imagens, mas em proporcionar ao sujeito uma
experincia, vivncia e dilogo com as imagens, implicando tambm em uma tomada de
posio e escolha diante das mesmas, tal como se responsabiliza e escolhe diante a
existncia concreta.
Entre a filosofia hermenutica e a hermenutica filosfica
Roberto S. Kahlmeyer-Mertens (UNIOESTE)
A hermenutica uma s, ou seria correto falar em hermenuticas? O que seria
hermenutica clssica? Esta traduziria uma hermenutica filolgica, metdica por
excelncia? Existe uma hermenutica fenomenolgica? A hermenutica filosfica seria
esta de fenomenologia? O que est por sob a distino de filosofia hermenutica e
hermenutica filosfica? Esses problemas so frequentes quando o tema o pensamento
hermenutico. No Brasil, embora haja estudos de alto nvel sendo desenvolvidos em
alguns centros de pesquisa, tal matria ainda pouco explorada se comparada a outras
disciplinas filosficas. Em vista disso, o propsito do presente minicurso fornecer, de
maneira introdutria, rudimentos do referido modo de pensar e a maneira com que estes
se engastam no solo da filosofia contempornea. Para atingir esse objetivo mais
primordial, dependeremos de caracterizar minimamente a hermenutica em suas origens
histricas, em suas primeiras sistematizaes, em sua aplicabilidade e, por fim, nos
desdobramentos que apontam para sua realizao enquanto filosofia autnoma. Seguir
este programa requerer de ns um resumo da temtica hermenutica junto a pensadores
como Schleiermacher, Dilthey, Heidegger e Gadamer. A considerao deste arco
temtico nos permite entrever o quanto o minicurso (como j se disse) ter carter
introdutrio e, portanto, panormico. Julgamos poder adiantar que, aps a apresentao
desses contedos, a assistncia dever ter condies de compreender a hermenutica em
suas linhas mais insinuantes e reconhecer a articulao entre os pensadores que se
ocuparam dessa doutrina-do-compreender.
29/10:
A fantasia entre a fenomenologia e a psicologia para Husserl
Vanessa Furtado Fontana (UNIOESTE)
Pretendemos abordar o tema da fantasia na fenomenologia de Husserl tendo como base
o volume XXIII da Husserliana traduzido como Fantasia, conscincia de imagem e
memria, mas tambm outras obras importantes como Investigaes Lgicas e Ideias I.
Trata-se de esboar as principais definies de fantasia ao longo da evoluo da
filosofia fenomenolgica atravs da anlise histrica das mudanas de definies, como
o conceito de conscincia de imagem at ideia de neutralizao. Cabe, ainda, por
ltimo, questionar acerca das mudanas do conceito de conscincia de imagem e
fantasia, a partir de uma crtica noo clssica moderna de imaginao como cpia.
Nos anos de 1898 at 1900, visvel o distanciamento das concepes husserlianas da
psicologia descritiva de seu mestre Brentano e outros psiclogos da poca. A fantasia
exerce um papel intencional, metodolgico e criador no mbito da conscincia pura e do
projeto fenomenolgico de cincia fundante. Ela pensada com um privilgio no
existente antes na filosofia. A conscincia ponto de estudo em comum entre psicologia
e fenomenologia, e a fantasia uma intencionalidade da conscincia, mas a reduo
modifica a forma de ver a fantasia em ambas as perspectivas. A diferena entre a
fantasia, pensada psicologicamente, e a fantasia tomada em sua acepo
fenomenolgica atesta a importncia de Husserl na construo de uma abordagem
contempornea desse conceito, o qual influenciar vrios fenomenlogos posteriores,
como tambm promove uma mudana na concepo da arte sobre as imagens.
Por uma fenomenologia da expressividade afro-brasileira
Elizia Cristina Ferreira (UNILAB/BA)
Apresentarei aqui o projeto de pesquisa recm iniciado intitulado Gestualidade e
expressividade afro-brasileira: ancestralidade mimeses que visa investigar nas formas
culturais brasileiras de matriz africana sua gestualidade nelas presentes como
remisso a um passado mtico originrio e que remonta a uma ideia de africanidade e
sua expressividade nelas manifestadas como potncias libertadoras de retomar esse
passado re-significando-o enquanto projeto existencial. A base terica de anlise
utilizada a filosofia fenomenolgica de Maurice Merleau-Ponty. Este, articulando os
conceitos de corpo, hbito, liberdade, expresso, entre outros, oferece um vis de
compreenso da temtica da corporeidade e da linguagem que permite descortinar
justamente o carter libertrio dessas manifestaes de nossa cultura, reforando a
importncia de sua valorizao. Duas so as formas culturais analisadas: a capoeira e as
danas afro-brasileiras. Elas foram escolhidas pelo privilgio de serem prticas
explicitamente corpreas, formas de expresso corporal. Em ambos os casos as
questes que nos guiam so: Quais histrias nos recontam esses corpos? Que presente
eles atualizam? Que projetos articulam? Como performatizam experincias
verdadeiramente expressivas no sentido merleau-pontyano, isto , experincias de
liberdade e libertadoras nessa encruzilhada de tradies mimetizadas e projeto de
resistncia (e de re-existncia)? Essas reflexes sero articuladas com o conceito de
ancestralidade presente em muitos estudos das humanidades, bem como no cotidiano
afro-baiano, que consiste em atribuir uma origem africana formao de boa parte da
cultura brasileira e em afirmar a presena de elementos das diversas culturas africanas
ainda hoje em nossas manifestaes culturais tais como samba, capoeira, candombl,
etc. Ao aproximarmos essas reflexes das teses fenomenolgicas de que na gestualidade
corporal se expressam tambm as tradies culturais, portanto, da histria que a
precede, de que no seu estilo o movimento corpreo movimenta tambm uma vida
pregressa de vises de mundo, de lutas, de resistncia, temos um campo extremamente
rico para se pensar filosoficamente tais temticas. Diz-nos o filsofo francs, na obra A
fenomenologia da percepo que nos objetos culturais sentimos de forma annima a
presena de outrem (autrui), que num ato humano qualquer que ele seja a percepo do
mundo cultural pode ser apreendida. Certas formas culturais repetiriam e ao mesmo
tempo renovariam hbitos adquiridos na tradio. Se nos voltamos especialmente para
as performances corporais, podemos pensar que mesmo nossa gestualidade, nossa forma
de andar, de danar, nosso sotaque, todas essas coisas so de algum modo adquiridas na
vivncia scio-cultural. O corpo, nas suas variadas manifestaes, secreta uma vida
annima, ele no responde s deliberaes de uma conscincia, mas a questes
originrias da tradio a que pertence, ou seja, questes colocadas por esse outrem (da
cultura). Falaremos durante a exposio sobre a capoeira de um modo especial e de
como ela nos serve de ferramenta para dar conta desses conceitos filosficos
fenomenolgicos.
O status da tica e da biotica em sociedades pluralistas e seculares
Coordenao: Dra. Daiane Martins Rocha
Grupo de Pesquisa: tica e Filosofia Poltica
27/10: A relao humana com outros animais luz da Biotica ambiental.
Dra. Vanessa Yuri (PUC-PR)
Nesse primeiro dia do minicurso, a professora Dra Vanessa Yuri (PUCPR) trar
algumas reflexes sobre nossa interao com os animais no humanos atravs da
alimentao, vesturio, pesquisa e lazer. Como veterinria de formao e professora do
programa de mestrado em Biotica da PUCPR (Curitiba), ela delineia algumas posies
compatveis com a abordagem bem-estarista, como a mais vivel dentro do panorama
tico atual.
28/10: A biotica no sentido estrito: Engelhardt e o princpio do consentimento
como fundamento da moral em sociedades pluralistas e seculares: a tica baseada
no contrato. Professora Dra. Daiane Martins Rocha (UNIOESTE)
Nesse segundo dia do minicurso, sero abordadas as bases tico-filosficas da biotica
em sociedades pluralistas e seculares, isto , no contexto em que os indivduos se
encontram como estranhos morais, pois no compartilham de uma moralidade
comum. Segundo Engelhardt, o mundo moral da secularidade proporciona, no mximo,
os procedimentos de negociao e acordo, de modo que os direitos e obrigaes
contratuais deslocam aquilo que antes eram ricas linguagens de carter e virtude (Cf.
ENGELHARDT,1998, p. 43). Portanto, esse segundo dia do minicurso ser dedicado a
investigar o princpio da autonomia ou do consentimento dos indivduos como base para
as discusses bioticas contemporneas. Discute-se ainda que, os animais no-humanos
no fazem contratos, no do seu consentimento para serem ou no utilizados em
pesquisas, alimentao e vesturio, e portanto, no seriam contemplados por esse
modelo.
29/10: O Modelo de Beneficncia Baseada na Confiana (Edmund Pellegrino e
Thomasma). Exemplos de caso: O Solitrio Annimo (documentrio Dbora Diniz)
e o caso Dax Cowart.
Professora Dra. Daiane Martins Rocha (UNIOESTE)
Nesse terceiro e ltimo dia do minicurso, ser discutido, sobretudo, acerca da biotica
no sentido estrito, apresentado o modelo debeneficncia baseada na confiana, de
Pellegrino & Thomasma, atravs do qual, no apenas a autonomia dos indivduos
contemplada, mas acima de tudo, o bem do paciente em toda a sua complexidade.
Dentro desse modelo, o bem do paciente apresentado a partir de quatro componentes,
que incluem o seu bem ltimo, o seu bem enquanto ser humano, sua percepo acerca
de seu prprio bem, e o bem biomdico. Apenas quando os trs primeiros itens no
puderem ser conhecidos, como em casos de pacientes que nunca foram capazes, e,
portanto, suas preferncias no so conhecidas, o mdico poder agir conforme o bem-
biomdico, isto , aquilo que for medicamente indicado para aquele paciente como
sendo de seus melhores interesses. Ainda que os autores no tratem a questo de
animais no-humanos, podemos refletir que, se assumirmos que somos moralmente
responsveis pela preservao da vida de outras espcies de nosso planeta, deveramos
agir de acordo com os seus melhores interesses, pois podemos supor seu interesse em
no sofrer, de modo similar situao de pacientes incapazes, em que os mdicos
supem quais seriam seus melhores interesses se eles pudessem expressar. Por fim, dois
casos de pacientes tratados contra sua vontade sero apresentados, a fim de promover
uma maior discusso acerca dos princpios da autonomia e da beneficncia.
RESUMOS
Comunicaes, Cara a tapa & Textos completos
TICA E ONTOLOGIA EM HEIDEGGER
Perspectivas das crticas dos contemporneos ao pensar heideggeriano de um ethos
ontolgico
Saulo Sbaraini Agostini
Universidade Federal do Paran
Marco Antonio Valentim
Heidegger nunca dedicou um escrito especfico para realizar um tratado tico. Em Ser e
Tempo declara que a sua questo principal : qual o sentido de ser? Na ontologia
fundamental o ente a ser investigado o ser-a. Este ente cujo modo de ser da
existncia pode se compreender de duas formas, propriamente ou impropriamente. A
relao entre o modo de se compreender parece-nos um indicativo do que poderia ser o
trao tico em Heidegger. Na carta Sobre o Humanismo ele lana notas aclarando o que
seria a relao entre tica e ontologia. Interpreta o termo tica em sua originariedade
como ethos, encontrado no fragmento 119 de Herclito. Ali no se trata de uma
disciplina entre outras, como fsica, lgica, tica, etc. Ao compreender o ethos como
morada, luz da verdade do Ser, a ontologia fundamental no distingue uma disciplina
tica da ontologia. O pensar dos existencias do Dasein, enquanto morada no a, j
uma tica-ontolgica. A partir desta perspectiva, dividremos o nosso trabalho em trs
partes: 1) pretendemos apresentar como essa concepo foi recebida pela
contemporneidade - no investigaremos a fundo os textos dos filsofos, contudo nossa
inteno dar luz a algumas respostas ao pensar heideggeriano do ethos,; 2) Elencar
comentrios que, conjuntamente aos filsofos contemporneos, no aceitam a
concepo de ethos heideggeriano e apontam contraposies chamadas de 'solipsismo
existencial' e 'ausncia de sujeito causando uma a-tica'; 3) Apontar caminhos de
possveis interpretaes dos principais conceitos de Ser e Tempo, cujo sentido mostram
a relao do morar-tico do Dasein em meio a ontologia fundamental.
PALAVRAS-CHAVE : tica; Ethos; Ontologia Fundamental; tica-ontolgica;
REFERNCIAS
HEIDEGGER, M. Ser e Tempo. Traduo de Mrcia S Cavalcante Schuback.
Petrpolis, RJ: Vozes. 2014.
______. Ser e Tempo. Traduo, organizao, nota prvia, anexos e notas: Fausto
Castilho. - Campinas, SP: Editora da Unicamp; Petrpolis RJL Editora Vozes, 2014.
______. Sobre o Humanismo. Introduo, traduo e notas de Emmanuel Carneiro
Leo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileira, 2a edio. 1995.
OBSERVAES ACERCA DO PARADOXO DAS FICES
Prof. Dr. Napoleo Schoeller de Azevedo Jr.
Universidade Federal da Integrao Latino-Americana (UNILA)
A partir da dcada de 1990, uma quantidade maior de filsofos comeou a analisar o
cinema a partir da perspectiva da filosofia analtica, rompendo com a tendncia das
dcadas anteriores, quando prevalecia uma abordagem inspirada na chamada filosofia
continental e na psicanlise. Dentro dessa nova tendncia, alguns problemas foram
reformulados e investigados. Pretende-se, nessa apresentao, tratar de um desses
problemas, conhecido como Paradoxo da Fico. Tal problema aponta para a
dificuldade em se explicar como possvel que entes racionais, enquanto racionais,
possam ser emocionalmente afetados por aquilo que consideram ser uma fico. Como
pode um sujeito ficar triste ao ler um romance como Ana Karenina, de Tolsti, ou
sentir medo ao assistir a um filme de terror? Como ser explicado, no tarefa fcil
dissolver o Paradoxo da Fico sem apelar para a irracionalidade do sujeito que sofre
essa afeco, pois, aparentemente, um ente racional s pode ser afetado por aquilo que
ele cr ser real. E, ao que parece, um sujeito racional no cr na existncia daquilo que
considera ser uma fico. A fim de realizar essa tarefa, primeiro ser apresentado o
problema conforme aparece no contexto da filosofia contempornea. Depois, trs tipos
de tentativas de soluo para o Paradoxo da Fico sero analisados. Pretende-se
mostrar que essas tentativas no so bem sucedidas. Apesar de todas apresentarem
srias dificuldades, uma dessas teorias parece ser promissora, caso algumas
modificaes sejam feitas. Entre os autores que trataram dessas questes, destacam-se:
Radford e Weston (1975), Kendall Walton (1978), Peter Lamarque (1981) e Noel
Carroll (1990). Allen e Smith (1997).
PALAVRAS-CHAVE: Fico; Racionalidade; Emoes.
REFERNCIAS
mailto:[email protected]
ALLEN, Richard; SMITH, Murray. Introduction: Film Theory and Philosophy. In:
ALLEN, ______. ; SMITH, Murray. Introduction: Film Theory and Philosophy. In:
ALLEN, Richard; SMITH, Murray (orgs.). Film Theory and Philosophy. Oxford:
Oxford University Press, 1997, p. 1-35
CARROLL, Noel. The Philosophy of Horror, or Paradoxes of the Heart, New York,
Routledge, 1990.
LAMARQUE, Peter. How can we fear and pity fictions?. In: British Journal of
Aesthetics, v. 21, n. 4, 1981.
RADFORD, Colin; WESTON, Michael. How we can be moved by the fate of Anna
Karenina?. In: Proceedings of the Aristotelian Society, Supplementary Volumes, Vol.
49, 1975, p. 67-93
WALTON, Kendall. Fearing Fictions. In: Journal of Philosophy, v. 75, n.1, 1978.
ANLISE SOBRE O CARTER EXPLICATIVO DAS TEORIAS CIENTFICAS
Dr. Douglas Antonio Bassani
UNIOESTE
Esta pesquisa filosfica analisa o aspecto explicativo das teorias cientficas que passa
por um olhar para a histria da cincia. Considerando esse olhar, possvel
perceber que nem sempre o processo de elaborao e desenvolvimento das teorias
cientficas linear. Com efeito, podemos duvidar sobre se no processo de elaborao de
uma teoria cientfica o cientista comea com os experimentos de laboratrio ou se
conjecturas so elaboradas e o contato com os experimentos secundrio. Porm,
duvidar do carter explicativo das teorias das cincias naturais ou de que elas fornecem
explicaes da natureza e de seus variados fenmenos, no possvel. A importncia da
anlise histria aqui tambm salientada pela famosa frase de Lakatos: a filosofia da
cincia sem histria da cincia vazia; a histria da cincia sem a filosofia da cincia
cega (Lakatos, 1983, p. 107). Assim, esta pesquisa mergulhou na histria da cincia,
na tentativa de encontrar exemplos que identifiquem metodologias e destaquem o
carter explicativo das teorias cientficas. Um desses exemplos pode ser dado atravs da
teoria do flogisto do sculo XVIII e das discusses filosficas e qumicas feitas na
poca. Nessa pesquisa destaca-se a defesa da teoria do flogisto dos qumicos Georg
Stahl e Joseph Priestley no sculo XVIII. Tambm nessa poca, Lavoisier foi o primeiro
a detectar anomalias nesta teoria quando eram aquecidos alguns metais, ou seja, no
havia a esperada perda de peso desses objetos como explicava a teoria do flogisto, mas,
ao contrrio, de manuteno de peso ou at mesmo de ganho de peso em alguns casos.
Um novo modelo terico parecia ser a sada de Lavoisier para a explicao da
combusto dos fenmenos, considerando que a teoria atual j no parecia mais explicar,
o que seria na verdade, o incio de uma crise. A descoberta do oxignio por Priestley
tambm ocorreu em meio a fenmenos anmalos da teoria do flogisto e contriburam
para que as anlises de Lavoisier comeassem a fazer sentido. Nesse contexto aparece o
carter revolucionrio do processo de substituio de teorias, um pouco maneira como
vemos no modelo filosfico-metodolgico de Thomas Kuhn. Alm do carter
explicativo das teorias cientficas, destaca-se tambm o problema das entidades tericas,
de conceitos que se referem a inobservveis como o prprio conceito flogisto. Nossa
pesquisa permite perceber que a construo de todo um arcabouo terico que desse
conta de explicar o fenmeno da combusto foi necessrio ser elaborado por Lavoisier,
e esse era o aspecto central da preocupao de sua pesquisa, a saber, explicar os
fenmenos atravs da elaborao de uma teoria, e no se detendo no fato do flogisto
ser uma entidade que se refere a um inobservvel.
PALAVRAS-CHAVE: Explicao Cientfica; Thomas Kuhn; Teoria do flogisto.
REFERNCIAS
CAMPOS, I; JIMNEZ, J. L; DEL VALLE, G. Operacionalismo: Confusin entre
Significado y Medicin. In Contactos, Vol. 42, p. 65-68, Cidade do Mxico, 2001.
KUHN, Thomas. A Estrutura das Revolues Cientficas. Traduo de Beatriz Boeira e
Nelson Boeira, So Paulo: Editora Perspectiva, 9 edio, 2006.
SILVA, Marcos Rodrigues da. Ensino de Cincias: realismo antirrealismo e a
construo do conceito de oxignio. In: Histria, Cincias, Sade-Manguinhos, Vol. 20,
p. 481-497, Rio de Janeiro, 2013.
DA SIMPLICIDADE RESOLUTIVA SIMPLICIDADE CAUSAL
Csar Augusto Battisti
Unioeste
A presente comunicao pretende comparar o preceito metodolgico afirmado por
Descartes no incio do Livro III da Geometria com o princpio de causalidade e com a
teoria da explicao empregados por ele especialmente nas Meditaes. O ncleo da
comparao consiste no que ser apresentado a seguir. O princpio de causalidade
estabelece como requisito mnimo que deve haver na causa ao menos tanta realidade
quanto houver no efeito; e, embora a causa possa ser mais excelente, isto , ter mais
realidade que a exigida pelo efeito, isso efetivamente no ocorre (Deus parece ser a
exceo, mas de fato no ). Em termos cartesianos, afirma-se que a causa, podendo ser
eminente, precisa ser no mnimo formal e, de fato, sempre apenas formal: trata-se da
noo de simplicidade causal. Esse tambm parece ser o modo de proceder cartesiano
na resoluo de um problema geomtrico: Descartes exige como requisito mnimo que o
meio pelo qual um problema seja resolvido no pode ser mais simples do que exigem as
condies do problema; e, embora pudesse ser mais complexo, de fato tampouco se
pode aceitar uma soluo nestes termos. Assim, por mais que haja meios mais
complexos que o resolvam igualmente, um problema deve ter como soluo a mais
simples dentre todas, o que equivaler ao requisito mnimo exigido pelo problema:
trata-se da noo de simplicidade resolutiva.
PALAVRAS-CHAVE: Descartes; soluo mais simples; requisito mnimo;
causalidade formal.
REFERNCIAS
PAPPUS DE ALEXANDRIA. La collection mathmatique. Paris, A. Blanchard, 1982
(1 ed., 1933). Traduo, introduo e notas de Paul Ver Eecke.
DESCARTES, R. La Gomtrie. In: ADAM, C. & TANNERY, P. (ed.). Oeuvres de
Descartes. Paris: Vrin/Centre National du Livre, 1996. v. 6. (AT).
DESCARTES, R. Meditaes. Traduo de J. Guinsburg e de B. Prado Jnior. 3 ed.
So Paulo: Abril Cultural, 1983. (Os pensadores).
DA DIFERENA ENTRE FILOSOFIA E CINCIA NO PENSAMENTO
HEIDEGGERIANO
Felipe Ricardo Deuter Becker
Universidade do Oeste do Paran (Unioeste)/ PET
Prof. Dr. Libanio Cardoso
PALAVRAS-CHAVE: 1. Filosofia. 2. Cincia. 3. Heidegger
Na Introduo filosofia (1929), Heidegger distingue filosofia de cincia.
Nosso objetivo acompanhar essa distino, ocupando-nos do modo como em cada
caso o ente considerado. De fato, tanto a filosofia quanto a cincia parecem se
preocupar, "em teoria", com o ente. Por muito tempo, a filosofia foi mesmo vista como
cincia. Se a questo parece ser a mesma o que o ente? qual ser a diferena entre
elas? Seria apenas o fato de a cincia se ocupar com a prtica, enquanto a filosofia se
ocupa com o mbito terico? No nos parece que seja assim. Apesar de a distino
entre filosofia e cincia soar estranha, quando comeamos a enunci-la, podemos
perceber que o ncleo que determina a cincia como cincia bem diferente do ncleo
filosfico. No pretendemos apresentar uma distino histrica, isto , contar como
cada qual se constituiu; trata-se de investigar o que so essencialmente, conforme a
distino heideggeriana na obra mencionada. Isto implica pr em jogo a determinao
prpria da filosofia e da cincia medida que esses "saberes" se relacionam com ser-a
em seu modo de ser, ou seja, medida que so comportamentos possveis do ser-a
junto ao ente.
FORTUNA: O CONCEITO PENSADO A PARTIR DO MITO, DA MSICA E
DA POLTICA DE MAQUIAVEL
Fabiana de Jesus Benetti
Universidade Estadual do Oeste do Paran
Este trabalho se prope a fazer uma anlise do conceito de fortuna a partir de trs
referncias: o mito romano da deusa fortuna, a msica Roda Viva do compositor
brasileiro Chico Buarque de Holanda e o conceito de fortuna no pensamento poltico de
Maquiavel. A deusa romana da Fortuna considerada a deusa da sorte, aquela a quem
os homens admiravam, visto que ela era possuidora de bens que eles desejavam para si
(riqueza, glria, poder...), estes bens seriam adquiridos pelos homens na medida em que
atrassem a simpatia da deusa. A fortuna, neste sentido, pode ser uma aliada ao
humana, desde que seja despertado o sentimento favorvel da deusa, o que nos leva a
perceber a instabilidade que permeia as aes humanas. Na msica Roda Viva, de Chico
Buarque, a fortuna retratada como uma roda, cujo movimento determina o destino dos
homens, negando a eles qualquer possibilidade de reao. Frente roda viva, os homens
percebem sua impotncia diante das foras externas do mundo. J, no pensamento
poltico de Maquiavel, a fortuna tambm aparece como smbolo do inesperado, do acaso
e da inconstncia, no entanto, apesar de influenciar o destino, Maquiavel no vai pens-
la como responsvel por todo erro e acerto dos homens, ao contrrio disto, o autor ir
pens-la em sua relao com a virt, de modo a entend-la como uma possibilidade de
desenvolvimento da ao engenhosa do homem.
PALAVRAS-CHAVE: Chico Buarque; Fortuna; Maquiavel; Roda Viva.
REFERNCIAS
AMES, Jos Luiz. Maquiavel: a lgica da ao poltica. Srie de Estudos Filosficos,
v. 4. Cascavel: EDUNIOESTE, 2002.
BENEVENUTO, Flvia Roberta de Souza. Virt x 'fortuna'. In.: Virt e valores no
pensamento de Maquiavel. Dissertao de mestrado. departamento de filosofia da
UFMG: Belo Horizonte, 2003. p.70 a 87. Disponvel em <
http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/462/browse?value=Flavia+Ro
berta+Benevenuto+de+Souza&type=author> . Visualizado em 20 de outubro de 2015.
MAQUIAVEL, Nicolau. Discursos Sobre A Primeira Dcada de Tito Lvio. Traduo
MF, So Paulo: Martins Fontes, 2007.
________ O Prncipe. Traduo de Maria Jlia Goldwasser, 3 ed. So Paulo: Martins
Fontes, 2004.
TELLES, Tereza. Chico Buarque na Sala de Aula: leitura, interpretao e produo de
texto. 2 ed. Petrpolis, RJ: Vozes, 2010.
PULSO DE VIDA E PULSO DE MORTE EM FREUD
Celia Machado Benvenho
UNIOESTE
De acordo com Freud, o homem , primeiramente, um ser de pulses [Trieb], uma carga
energtica que se encontra na origem da atividade motora do organismo e no
funcionamento psquico inconsciente do homem. O Eu se encontra totalmente tomado
por pulses, e a finalidade do seu viver consistir na busca da satisfao das mesmas.
Freud Prope, a partir de 1910, uma classificao das pulses em dois grupos,
caracterizando um dualismo pulsional: Pulses do Eu, ou de autoconservao, e o da
Pulses sexuais. Enquanto as pulses sexuais, agindo sob o domnio do princpio de
prazer, impele o sujeito a se reproduzir, a pulso de autoconservao, a servio do
princpio de realidade, impele o sujeito a se proteger, a se defender, a manter a prpria
vida. Portanto, o princpio do prazer expresso pela pulso sexual se contrape pulso
de autoconservao, pulso do eu. No entanto, a partir das publicaes de 1920,
especialmente em sua obra Alm do princpio do Prazer, Freud apresenta a idia da
existncia de um tipo de pulso que se diferenciava das at ento conhecidas pulses
autoconservativas e sexuais, impondo restries ao primado do prazer no aparelho
psquico, a Pulso de Morte. Apresenta, ento, uma nova distino, composta, de um
lado, pela Pulso de Vida (Eros) que passa a incluir as pulses autopreservativas
narcsicas de carter libidinal e, de outro, pela Pulso de Morte, o que trouxe uma nova
problemtica ao campo terico da psicanlise, por ir contra ao postulado bsico de que
todo o psiquismo deveria funcionar de acordo com o princpio do prazer, j que a
Pulso de Morte tende para a destruio das unidades vitais. Voltadas inicialmente para
o interior e tendendo autodestruio, a pulso de morte seria secundariamente dirigida
para o exterior, manifestando-se ento sob a forma da pulso de agresso ou de
destruio que o maior obstculo para a vida cultural. Neste trabalho pretendemos
analisar a relao entre a Pulso de Vida e Pulso de Morte para a concretizao do
processo cultural a partir da obra O mal-estar na civilizao de Freud.
PALAVRAS-CHAVE: Pulso de Vida; Pulso de Morte; Cultura; Mal-estar.
REFERNCIAS
FREUD, S. O mal-estar na civilizao. In: Obras completas volume 18. Trad. Paulo
Csar de Sousa. So Paulo: Companhia das Letras, 2010.
FREUD, S. Pulses e Destinos da Pulso. In: Escritos sobre a psicologia do
inconsciente. Rio de Janeiro: Imago, 2004.
FREUD, S. Alm do princpio do prazer, psicologia de grupo e outros trabalhos.
E.S.B. Rio de Janeiro: Imago, 1976. v. XVIII.
CINCIA E RACIONALIZAO DE MUNDO
O PENSAMENTO DE NIETZSCHE SOBRE SCRATES E OS GREGOS
Estevo Bocalon
A comunicao acontece de acordo com pesquisas relacionadas ao tema da arte em
contraposio cincia, segundo o pensamento do filsofo alemo Friedrich Nietzsche.
O foco aqui ser em algumas obras do pensador alemo, como O Nascimento da
Tragdia e Sobre a Verdade e a Mentira no Sentido Extra-Moral, abordando a anlise
que o pensador alemo realiza sobre o pensamento socrtico, desenvolvido na poca
grega antiga e o desenvolvimento do conceito de homem intuitivo. As crticas ao
pensamento de Scrates oferecem muitos elementos para a elaborao do problema de
cientifizao de mundo em detrimento a concepo trgica (artstica) grega, que
imperava antes de Scrates. O que est em jogo aqui a importncia da arte trgica
grega e sua queda para a teorizao, ou seja, para o uso da razo em contraposio
intuio. Isto trar consequncias para a cincia, pois a forma de conhecer dos gregos
passa a ter um carter dialtico. Sobre a arte trgica, a msica tem o seu papel principal
(pelos ditirambos), propiciando aos espectadores uma forma de vivenciar as cenas da
pea. por esse vis que a tragdia grega operava, pois ela imergia os espectadores em
uma experincia nica, que carecia de sentido quando posta sob a luz da razo. Cabe,
neste contexto, a contraposio entre homem racional e homem intuitivo que Nietzsche
realiza na segunda obra supracitada. A partir disso, podemos tambm contemplar a
mitologia grega operando como interpretao e vivncia de mundo. Trata-se da
elaborao dos conceitos de impulso apolneo e o impulso dionisaco, que norteiam o
pensamento nietzscheano em sua leitura dos gregos. Estes conceitos so elaborados
como reflexo da prpria filosofia de Nietzsche, pressupondo, atravs deles, o
movimento cultural na grcia antiga. Uma breve explanao destes dois conceitos,
opostos em sua prpria natureza, se faz necessria para que a questo da cincia e seus
pressupostos ganhe vigor. O desfecho da anlise ocorre com as crticas e elogios que o
autor alemo confere Scrates, e as consequncias da forma socrtica de pensar tanto
para a cincia como para o mundo.
PALAVRAS-CHAVE: Cincia; Arte; Nietzsche;
REFERNCIAS
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. O nascimento da tragdia. Traduo: J. Guinsburg.
So Paulo: Companhia das Letras, 1992.
NIETZSCHE, Friedrich. Sobre verdade e mentira no sentido extra-moral. Traduo:
Heloisa da Graa Burati. So Paulo: Editora Rideel, 2005.
O PRINCPIO DE RELATIVIDADE DO MOVIMENTO EM GALILEU
Luiz Antonio Brandt
Instituto Federal Farroupilha Campus Santa Rosa
O presente trabalho pretende abordar a funo e a importncia do princpio de
relatividade do movimento na obra o Dilogo sobre os dois mximos sistemas do
mundo ptolemaico e copernicano de Galileu Galilei, de 1632. Pois, a partir deste
princpio que Galileu consegue mesmo que de forma parcial romper com as estruturas
da Fsica aristotlica e ainda neutralizar os argumentos em defesa da imobilidade da
Terra. Assim, est em jogo aqui, a polmica a qual das partes, ou o Cu ou a Terra, que
deveria ser responsvel pelo movimento dirio do Sol e das estrelas. Para Aristteles e
Ptolomeu, o movimento do Sol e das estrelas real, em contrapartida, para Coprnico e
Galileu esse movimento aparente, pois, a imagem em negativo do movimento de
rotao. Portanto, ou a Terra est imvel no centro e todo o Universo sem discriminao
gira em volta dela, ou, simplesmente a Terra gira em torno do prprio eixo, ou seja, o
movimento de rotao que realizado a cada vinte e quatro horas. Com o princpio de
relatividade do movimento os estados de repouso e movimento que antes eram
compreendidos como ontolgicos passam a serem entendidos como relativos, quer
dizer, todo corpo s pode estar em movimento ou em repouso em relao a outro corpo.
Por exemplo, um navio partindo, em relao ao porto ele est em movimento, mas a
caixa sobre o convs est em repouso em relao ao navio, mas em movimento com
relao ao porto. Este mesmo exemplo se aplicaria aos corpos que esto na superfcie
terrestre, que no perceberiam qualquer movimento da Terra. Assim, o princpio de
relatividad