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Cláudia Simônica de Sousa
ESTUDO DE FATORES DE RISCO PARA PRESBIACUSIA
Dissertação apresentada ao curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do título
de Mestre em Medicina.
São Paulo 2008
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Cláudia Simônica de Sousa
ESTUDO DE FATORES DE RISCO PARA PRESBIACUSIA
Dissertação apresentada ao curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do título
de Mestre em Medicina.
Área de concentração: Otorrinolaringologia
Orientador: Prof. Dr. Ney Penteado de Castro Júnior
São Paulo 2008
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FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca Central da
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Sousa, Cláudia Simômica de
Estudo de fatores de risco para presbiacusia./ Cláudia Simônica de Sousa. São Paulo, 2008.
Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo � Curso de Pós-graduação em Medicina.
Área de Concentração: Otorrinolaringologia Orientador: Ney Penteado de Castro Junior 1. Presbiacusia 2. Perda auditiva 3. Fatores de risco 4.
Adulto
BC-FCMSCSP/24-08
5
Aos meus pais,
Sebastião e Maria Carolina,
pelo estímulo constante.
6
�Ars longa, vita brevis,
occasio praeceps,
experimentum periculosum,
iudicium difficile� Hipócrates (460-377 a.C.)
7
Agradecimentos
Ao Prof. Dr. Ney Penteado de Castro Júnior, pela orientação científica deste trabalho. Ao Dr.Erkki Juhani Larsson, médico coordenador do setor de Check up do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, pela oportunidade. A Regina Bermudo Narciso, coordenadora da Enfermagem setor de Check up do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, pela orientação na busca dos prontuários. A Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e a Irmandade da Santa Casa de São Paulo, pelo aprendizado. A Sra. Sonia Alves, secretaria da pós-graduação do programa de otorrinolaringologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, pela colaboração. A Profa. Ting Hui Ching, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, pelos ensinamentos e pela ajuda na análise estatística. A CAPES por possibilitar mais uma pesquisa. A querida amiga Profa. Daniela Santos Reis, pela atenção e apoio nos momentos mais difíceis. Ao queridos amigos: Dr. Agnaldo Aparecido Carlesse e Dra.Alessandra Bruns, pelo estímulo, amizade e apoio durante o mestrado.
8
Lista de abreviaturas, siglas e símbolos:
dB: decibel
DM: Diabetes Mellitus
DP: Desvio Padrão
EUA: Estados Unidos da América
HAS: Hipertensão Arterial Sistêmica
HDL: Lipoproteína de Alta Densidade
Hz: Hertz
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IC: Intervalo de Confiança
kHertz: kiloHertz
LDL: Lipoproteína de Baixa Densidade
NA: Nível de Audição
OMS: Organização Mundial de Saúde
OR: odds ratio
p: nível de significância estatística
TG: Triglicérides
SPSS: Statistical Package for Social Sciences
9
Sumário
1. Introdução ........................................................................................... ........ 01
1.1. Revisão de Literatura ............................................................................ 03
2. Objetivos ..................................................................................................... 17
3. Casuística e Método ................................................................................... 18
4. Resultados .................................................................................................. 22
5. Discussão .................................................................................................... 28
6. Conclusões .................................................................................................. 33
7. Anexo ............................................................................................................ 34
8. Referências Bibliográficas .......................................................................... 35
Fontes Consultadas............................................................................................ 38
Resumo ............................................................................................................... 39
Abstract ............................................................................................................... 40
Apêndice............................................................................................................... 41
1- INTRODUÇÃO
Presbiacusia, do grego, prébys = idoso e ákousis = ouvir, que significa audição do
idoso1, é a diminuição, sem causa reconhecida, da acuidade auditiva relacionada ao
envelhecimento2. O termo idoso significa pessoa com idade igual ou superior a 60 anos,
padrão este, estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1980 3.
Na audiometria, a presbiacusia é definida como o comprometimento sensorioneural, a
priori, das freqüências agudas (acima de 2,0kHz), e, mais tardiamente, das freqüências
médias e graves (abaixo de 2,0kHz). O perfil audiométrico geralmente mostra uma
perda auditiva sensorioneural, lentamente progressiva, bilateral e simétrica. A
audiometria tonal e vocal e a imitânciometria são os testes audiológicos básicos que
fornecem o perfil auditivo do paciente e devem ser solicitados numa avaliação clínica
inicial das alterações da audição4. Clinicamente, esta perda auditiva pode ser referida
pelo paciente como dificuldade de discriminação auditiva acompanhada ou não por
distorção da intensidade sonora (recrutamento auditivo), distorção da freqüência
(diplacusia), plenitude auricular e diminuição quantitativa de sua capacidade auditiva
tendo como conseqüência a dificuldade na comunicação5,6,7. Pode ter início a partir dos
quarenta anos de vida, sendo atualmente considerada a causa mais comum de perda
auditiva no adulto4. Por conseguinte, é considerada um importante problema de saúde
pública, que pode levar à dificuldades para a comunicação dos indivíduos, ao
isolamento social, à depressão e, finalmente, ao comprometimento da qualidade de
vida dessas pessoas, além de onerar de forma significativa o sistema público de
saúde8.
2
No Brasil, segundo o IBGE, o número de pessoas com mais de 60 anos, passou de três
milhões em 1960, para 7 milhões em 1975 e 14 milhões em 2002, apresentando um
aumento de 500% em 40 anos. As projeções demográficas para 2020 apontam para 32
milhões de idosos brasileiros, 15% da população do país, colocando o Brasil em sexto
lugar no ranking mundial de países com maior número de idosos. A cada ano que
passa, 650 mil idosos são incorporados à população brasileira8,9.
Até o momento, existem poucos estudos no Brasil que mostrem a prevalência da
presbiacusia10.
São freqüentemente considerados como possíveis fatores de risco para a presbiacusia:
distúrbios metabólicos e vasculares (diabetes mellitus, dislipidemias, hipertensão
arterial sistêmica), baixo débito circulatório craniano e aterosclerose), gênero masculino,
tabagismo, poluição sonora ambiental, estresse e hereditariedade6,7. No entanto, a
associação entre presbiacusia e estes fatores de risco ainda permanece bastante
controversa na literatura, ainda não tendo sido bem estabelecidos7. A identificação
destes fatores e sua eventual prevenção ou correção pode tornar possível minimizar ou
postergar o surgimento da presbiacusia.
3
1.1- REVISÃO DA LITERATURA
A presbiacusia foi descrita, pela primeira vez, pelo pesquisador Zwaademaker* em
1891. Seu estudo consistiu em comparar a audição de tons puros entre crianças e
idosos. Os resultados mostraram a dificuldade dos idosos em ouvir os tons agudos. Sua
conclusão foi de que a audição para tons agudos diminuía com o avançar da idade.
Anos mais tarde empregou o termo presbiacusia para se referir a esse tipo de perda
auditiva.
O estudo científico da presbiacusia iniciou com Toynbee**, cerca de 50 anos antes de
Zwaademaker descrevê-la. Ao dissecar ossos temporais em idosos, ele centralizou seu
estudo na orelha média, concluindo que a membrana timpânica estava envolvida na
perda auditiva.
Mais recentemente, em 1964, Schuknecht11, estabeleceu uma classificação para a
presbiacusia e correlacionou os achados histopatológicos encontrados em uma amostra
de ossos temporais de pacientes portadores desta disacusia com os dados
audiométricos destes mesmos pacientes. A partir deste estudo, a presbiacusia foi
inicialmente classificada em quatro tipos histopatológicos:
- Sensorial: caracterizada pela perda de células sensoriais do neuroepitélio
coclear e das células de sustentação (células dos pilares, células de Deiters e
células de Hensen), podendo haver atrofia do órgão de Corti. Freqüentemente, a
lesão está limitada a alguns milímetros na espira basal da cóclea. A audiometria
* Zwaademaker. (1891) apud Arnesen AR.Presbyacuis-loss of neurons in the human cochlear nuclei. J Laryngol Otol 1982; 96: 503-511. ** Toynbee.[198-] apud JenningsCR, Jones NS.Presbyacusis. J Laryngol Otol 2001; 115: 171-178.
4
demonstra maior perda nas freqüências agudas, e a discriminação vocal, em
geral, é boa.
- Neural: caracterizada pela diminuição da população de neurônios do gânglio
espiral, principalmente, nos neurônios da espira basal. Provavelmente, ocorre
também uma diminuição dos neurônios das vias auditivas centrais. Esse tipo de
presbiacusia geralmente se manifesta em idade avançada com limiares tonais
relativamente preservados e está associada a um comprometimento maior da
discriminação vocal. Os limiares tonais não se alteram antes que
aproximadamente 90% dos neurônios estejam destruídos. A curva audiométrica
nem sempre justifica a grande dificuldade do reconhecimento de fala
apresentada por estes indivíduos.
- Estrial ou Metabólica: determinada pela atrofia da estria vascular, mais acentuada
nas espiras média e apical da cóclea. A disacusia tem início insidioso entre a terceira e
sexta décadas de vida e progride lentamente. A audiometria tonal apresenta um perfil
plano, com boa discriminação vocal.
- Condutiva Coclear (Mecânica): determinada pelo achado de uma rigidez
progressiva da membrana basilar, prejudicando a transmissão da onda de propagação
ao longo do ducto coclear. Não ocorrem lesões nas estruturas sensoriais e neurais da
orelha interna. A disacusia é progressiva para os tons agudos com um perfil
descendente dos limiares tonais.
Em 1993, Schuknecht e Gacek11 acrescentaram duas novas categorias, com base em
dados audiométricos e nos exames histopatológicos, as quatro já descritas
anteriormente, que são:
5
- Presbiacusia Mista: associação dos diferentes tipos descritos, quando não se
consegue classificar em um tipo específico.
- Presbiacusia indeterminada: ocorre possivelmente em 25% de todos os casos,
nos quais, as características histopatológicas do sistema auditivo não justificam
os dados audiométricos obtidos.
Ao caracterizar-se audiologicamente a presbiacusia, poucos são os resultados que
podem se apresentar como típicos:
- Perda sensorioneural bilateral, progressiva, simétrica;
- Os resultados do índice de reconhecimento da fala variam muito, dependendo do local
da lesão;
- O recrutamento pode ou não estar presente;
- Reflexos acústicos estão ausentes ou presentes quando ocorre o recrutamento12.
PREVALÊNCIA
Foi conduzido um estudo retrospectivo em Montreal, Canadá, com uma amostra de
1.181 pacientes com idade igual ou superior a 50 anos, que teve como objetivo avaliar
a prevalência de presbiacusia. Os autores observaram que 8% dos indivíduos com
perda auditiva sensorioneural atendiam aos critérios observados na primeira
classificação de Schuknecht e 37% apresentavam perda auditiva de moderada à grave
nas freqüências agudas. Não houve diferença estatisticamente significativa entre
homens e mulheres13.
Um estudo brasileiro foi realizado no município de São Paulo, com uma amostra de 85
pacientes com a idade entre 61 e 89 anos, média de 71,7 anos, onde o objetivo foi
6
avaliar a presença de presbiacusia e fatores associados. Não foi encontrada
significância estatística entre presbiacusia e DM, HAS, hábito de beber, tabagismo e
uso de medicamentos. Houve significância estatística positiva com o gênero feminino. A
prevalência observada foi 71,8% de presbiacusia10.
Um estudo com base populacional no trabalho epidemiológico, denominado The Blue
Mountains Hearing Study, teve como objetivo avaliar a saúde auditiva de 2015 pessoas
de 55 a 99 anos de idade, habitantes a oeste de Sydney, Austrália, durante o período
de 1997 a 1999. Os pacientes foram submetidos a um questionário, denominado The
Shortened Hearing Handicap Inventory for Elderly, aplicado por audiologistas, que
perguntavam sobre queixas auditivas (perda auditiva, zumbido, vertigem), e a exame
audiométrico. Ao final do estudo, foi observada uma prevalência de 39,4% de
presbiacusia14.
Utilizando-se dados do Framingham cohort study, foi pesquisada a prevalência de
perda auditiva em pessoas de 48 a 92 anos de idade, residentes em Beaver Dam,
Wisconsin, EUA, no período de 1993 até 1995. A amostra total foi de 3753 pessoas, a
média de idade foi de 65,8 anos, a prevalência de presbiacusia foi de 21,1%. Os
autores observaram que, a cada cinco anos a mais de idade a partir dos 80 anos de
vida, o risco de perda auditiva aumentou em 90%, e que o gênero masculino tem quatro
vezes mais chance de ter perda auditiva15.
Um estudo retrospectivo caso-controle, realizado em Londres em 1990, foi conduzido
para investigar a etiologia da perda auditiva em idosos, em que a amostra total foi de
367 pacientes, todos com idade maior ou igual a 65 anos. Fizeram parte do grupo caso
(com perda auditiva) 80 pessoas, onde a média de idade foi se 76 anos e 287 pessoas
fizeram parte do grupo controle, onde a média de idade foi de 71 anos. Dos 80
7
pacientes com perda auditiva, somente quatro (5%) foram considerados pelos autores
apresentando diagnóstico compatível com presbiacusia, pois que, pacientes com HAS,
dislipidemias, anemia e que apresentaram perfil audiométrico compatível com
presbiacusia, não foram considerados, pois estas afecções justificariam o quadro de
perda auditiva16.
Na Austrália, realizou-se um estudo epidemiológico de base populacional, cujo objetivo
foi mensurar a prevalência da perda auditiva na população adulta com idade maior ou
igual a 15 anos. No total, foram avaliados 9027 indivíduos através de testes
audiométricos e avaliação otorrinolaringológica. Observou-se que a prevalência da
presbiacusia foi de 26,8%, e que afetou indivíduos com mais de 45 anos, e houve
associação estatisticamente significativa com o gênero masculino17.
FATORES DE RISCO
Estudo transversal de base populacional foi realizado na região de Veneto, Itália, onde
foram coletados dados audiométricos de 13.710 pessoas de ambos os sexos de idade
igual ou maior a 60 anos, que compareceram a oito hospitais de referência na região,
para serem avaliados pelos otorrinolaringologistas no período de 1986 até 1994, aonde
as pessoas vieram de cinco áreas rurais e de três áreas urbanas. Foi verificado um
progressivo aumento do limiar auditivo relacionado com o aumento da idade em ambos
os gêneros, não foram encontradas diferenças na audição entre aqueles que viviam na
cidade e no campo, no entanto, as mulheres tiveram uma perda menor do que os
homens nas freqüências agudas18.
8
Estudo foi realizado na Suécia, em que a amostra de 376 indivíduos obtida dos dados
de um estudo longitudinal epidemiológico, onde foi avaliada uma coorte representativa
da população urbana sueca nascida entre 1901-1902. Nesta amostra, os indivíduos
foram submetidos à teste audiométrico nas idades de 70, 75, 79, 81, 85, 88 e 90 anos.
Esse trabalho se ateve a pesquisar o declínio auditivo das pessoas com 85, 88, e 90
anos. Foi observado que o declínio auditivo foi duas vezes maior na população na
oitava década de vida do que na da nona, indicando uma estabilização da perda
auditiva. A média anual do declínio da audição foi calculada por períodos de 70 a 81
anos e 81 a 90 anos utilizando dados populacionais. O grupo masculino teve maior
perda auditiva entre 70 e 81 anos de idade. O grupo feminino mostrou maior perda da
audição entre os 81 e 90 anos. A diminuição da audição sempre foi mais pronunciada
nas freqüências agudas em ambos os gêneros19.
Um estudo transversal realizado na Espanha teve como objetivo avaliar a prevalência
da presbiacusia e a sua correlação com os fatores; gênero, idade, DM, HAS e tipo de
habitação. Foram avaliados 59 pacientes, sendo 65,9% de mulheres, a idade variou de
45 a 89 anos com média de idade de 75,7 anos. A prevalência foi 16,9% de
presbiacusia, com predomínio do gênero feminino, HAS E DM não apresentaram
correlação estatisticamente significante com presbiacusia20.
Outro estudo longitudinal, realizado com base nos dados do estudo populacional
Framingham cohort study, com pacientes de idade entre 48 e 92 anos na região de
Beaver Dam, Wisconsin, EUA, em que o objetivo foi avaliar a prevalência e os fatores
de risco associados a presbiacusia, através da avaliação do perfil audiométrico
realizado duas vezes em cada paciente, com um intervalo de cinco anos entre cada
avaliação, e de um questionário onde foram relacionados fatores de risco que possam
9
ser associados à perda auditiva. Os fatores de risco avaliados foram: dislipidemias,
faixa etária, HAS, DM, tabagismo, profissão, nível de escolaridade, doença
cardiovascular e gênero. Participaram uma coorte de 1636 pessoas sem perda auditiva
e 1085 com perda auditiva no primeiro exame, que foi realizado entre 1993 e 1995 e
foram reexaminados entre 1998 e 2000. A prevalência foi de 45,9% de presbiacusia.
Dentre os fatores de risco associados foram considerados significativos
estatisticamente; gênero masculino, doença cardiovascular, faixa etária, e DM. Quando
se comparou o fator profissão, gênero e faixa etária, houve associação positiva
estatisticamente à profissão, gênero masculino e presbiacusia. A HAS, tabagismo, nível
de escolaridade e dislipidemias não foram associados a presbiacusia. Foi observado
que o risco de incidência de perda auditiva foi quatro vezes maior para os homens21.
Estudo brasileiro, realizado em Londrina, Paraná, em 2002, teve como objetivo avaliar a
prevalência de alterações auditivas em indivíduos com diabetes mellitus tipo dois.
Foram analisados através de anamnese e audiometria tonal, 552 indivíduos adultos;
foram selecionados como grupo caso, 36 pacientes com diagnóstico de DM, e como
grupo controle, os primeiros 36 pacientes sem DM. A idade mínima foi de 33 anos e a
máxima de 84 anos nos dois grupos. Houve associação estatisticamente significativa
em relação a DM, idade e perda auditiva sensorioneural e houve uma associação
estatisticamente positiva entre DM e perda auditiva mista22.
Em um trabalho brasileiro de revisão sistemática foi justificado que a deficiência auditiva
encontrada em algumas formas de diabetes mellitus tipo I, é resultante do fenótipo da
herança mitocondrial acrescida da ação da disglicidemia na orelha interna23.
Foi conduzido um estudo, realizado nos EUA, para investigar a relação entre tabagismo
e perda auditiva no idoso em um estudo transversal de base populacional com 3753
10
indivíduos entre 48 e 92 anos de idade, onde a média de idade foi de 65,8 anos e
57.7% de mulheres.Os pacientes foram classificados como não-fumantes, ex-fumantes
e fumantes. Todos os pacientes tinham o diagnóstico de presbiacusia. O resultado
mostra que os fumantes têm associação significativa estatisticamente com
presbiacusia24.
Através de um estudo caso-controle, realizado nos EUA, os autores pesquisaram a
relação entre nível sérico de nicotina e a incidência de perda auditiva. Participaram
deste estudo 519 pessoas, onde 197 eram do grupo caso, e a idade variou de 53 a 75
anos e a média foi de 65,2 anos e 394 do grupo controle, onde a média de idade foi de
64,8 anos. Estes pacientes foram avaliados uma vez por ano durante cinco anos. Não
foi encontrada associação significativa estatisticamente entre nível sérico de nicotina e
presbiacusia25.
Como parte de um estudo longitudinal de base populacional geriátrica realizado em
Göteborg, na Suécia, os autores avaliaram a associação entre tabagismo, etilismo,
trauma craniano e presbiacusia. No total, foram submetidos a exames audiométricos
871 pacientes divididos em grupo de 70, 75,79 e 81 anos de idade. Foi significante
estatisticamente a correlação entre presbiacusia e tabagismo26.
Autores, em Baltimore, EUA, estudaram a relação entre HAS, tabagismo, etilismo e
presbiacusia, utilizando dados do estudo populacional denominado Baltimore
Longitudinal Study of Aging, iniciado em 1968. Foram analisados 531 testes
audiométricos de homens cuja média de idade foi de 50 anos, com desvio padrão de
7,6 anos. O resultado mostrou que somente HAS sistólica foi correlacionada com
presbiacusia27.
11
Um estudo realizado nos EUA foi conduzido para avaliar a influência dos hormônios
estrogênio e progesterona no processo de envelhecimento do sistema auditivo. O
estudo avaliou retrospectivamente e comparou a acuidade auditiva de 124 mulheres no
período de pós-menopausa, que foram divididas em três grupos; o primeiro grupo
recebia terapia de reposição hormonal com estrogênio e progesterona (E+P) n=32; o
segundo grupo de mulheres que só recebiam estrogênio (E) n=30; e o terceiro grupo,
que não recebia terapia de reposição hormonal (NTRH) n=62, que foi o grupo controle.
A idade variou entre 60-86 anos, e foram comparadas pela idade e estado de saúde.
Das pacientes que se submetiam à terapia de reposição hormonal, a média de tempo
variou de cinco a 35 anos. Os testes auditivos incluíram estudo audiométrico completo e
emissões otoacústicas transientes e por produto de distorção. O grupo E+P apresentou
elevação do limiar auditivo, comparado ao grupo E e NTRH para todas as freqüências,
especialmente para as freqüências baixas e médias, a média do grupo foi
estatisticamente significante para ambas as orelhas, não foram encontradas diferenças
estatísticas entre os outros dois grupos. O resultado revela que houve uma sensível
diminuição da acuidade auditiva e do processamento auditivo da fala em mulheres que
faziam terapia de reposição hormonal com estrogênio e progesterona. Esse déficit do
processamento auditivo se deu tanto no âmbito periférico quanto no central28.
Autores em Seul, Coréia do Sul, estudaram a associação entre nível sérico de estradiol
ou densidade mineral óssea e a acuidade auditiva entre mulheres na pós-menopausa.O
estudo incluiu mulheres que estivessem em amenorréia há mais de um ano e que foram
confirmadas na pós-menopausa através da medição do nível sérico do hormônio
folículo estimulante, com idade maior ou igual a 49 anos, mulheres que não tivessem
história prévia de doença otológica ou vestibular, ou histórico médico de doença prévia
12
que pudesse ter afetado a audição. Do total de 1830 pacientes analisadas; 181 foram
para o grupo de perda auditiva e 1649 foram para o grupo controle (sem perda
auditiva), 56 pacientes foram definidas como em uso de terapia de reposição hormonal
e 1774 foram definidas como em não uso. Foram mensurados o nível sérico de
estradiol, a densidade mineral óssea das vértebras lombares e colo do fêmur, e a
acuidade auditiva em 1830 mulheres no período da pós-menopausa. A acuidade
auditiva foi avaliada através de estudo audiométrico. Idade, nível sérico de estradiol,
densidade mineral óssea da coluna lombar e colo do fêmur e a proporção de mulheres
sem terapia de reposição hormonal foram avaliadas em mulheres com e sem perda
auditiva. A média de idade do grupo com perda auditiva foi maior do que a do grupo
controle. A proporção de mulheres com TRH e a média do nível de estradiol sérico e
densidade mineral óssea foi menor no grupo de perda auditiva. Diferenças
estatisticamente significantes foram encontradas comparando-se a média de idade,
nível sérico de estradiol e densidade mineral óssea e a proporção de mulheres em
terapia de reposição hormonal entre os dois grupos. Houve associação estatisticamente
significante entre idade e perda auditiva e entre nível sérico de estradiol e perda
auditiva29.
Na Universidade de Londres, Inglaterra, realizou-se um estudo prospectivo caso-
controle para avaliar a relação entre hiperlipidemia e perda auditiva sensorioneural.
Foram avaliados 85 pacientes de idade entre 20 e 60 anos de ambos os gêneros que
apresentavam perda auditiva sensorioneural de causa desconhecida, como critério para
perda auditiva, admitiu-se a média de perda maior do que 30 dB nas freqüências de 1
kHz, 2kHz e 4Hz. O grupo controle foi formado por pacientes que haviam se submetido
à cirurgia nasal e que não estivessem com nenhuma alteração otológica e que o limiar
13
auditivo estivesse até 15dB em todas as freqüências. Foram medidos nos dois grupos;
colesterol total, lipoproteínas de alta densidade e de baixa densidade, triglicérides,
glicemia em jejum e hemograma completo. Não houve relação significativa entre
hiperlipidemia e perda auditiva sensorioneural. Houve relação significativa entre perda
auditiva sensorioneural, gênero e idade30.
Estudo realizado no Sudão com pessoas que viviam em tribos primitivas isoladas, em
ambientes silenciosos e que realizavam exercícios diariamente, além de uma dieta
pobre em colesterol, observou que a audição destes indivíduos era muito melhor do que
a audição dos indivíduos da mesma faixa etária que viviam em área urbana nos
Estados Unidos. Sugeriu que a boa acuidade auditiva seria devida à uma dieta pobre
em colesterol, a atividade física regular e a viver em um ambiente silencioso31.
Autores, nos EUA, avaliaram a relação entre dislipidemias e audição, o impacto que o
elevado nível sérico de lipídios pode causar à função coclear. Foi conduzido um estudo
transversal com pacientes com dislipidemias. Foram medidos o colesterol total,
lipoproteína de alta densidade (HDL), lipoproteína de baixa densidade (LDL),
triglicérides, o limiar tonal puro e emissões otoacústicas por produto de distorção. Os
resultados sugerem que não existe relação significativa entre dislipidemias e função
coclear32.
Estudaram, na Universidade de Washington, EUA, a relação entre fatores de risco para
doenças cardiovasculares, presença de doença cardiovascular e presbiacusia, a
amostra foi de 1662 pessoas sendo 996 mulheres. Os autores escolheram 18 exames
audiométricos para servir como média padrão do limiar auditivo. Os eventos
cardiovasculares estudados foram; doença coronariana (angina pectoris, insuficiência
coronariana, Infarto agudo do miocárdio e morte súbita ou não súbita devido à doença
14
cardíaca, claudicação intermitente e acidente vascular cerebral). Como fatores de risco
para doenças cardiovasculares foram considerados; hipertensão arterial sistêmica,
diabetes mellitus, dislipidemias, tabagismo e peso. O resultado mostra prevalência de
22.1% de eventos cardiovasculares e perda auditiva na mulher e 33.3% no homem, em
relação a HAS e perda auditiva, ajustada a idade, foi significativa em relação à pior
orelha no homem, nas altas freqüências, na mulher com HAS, ajustada a idade, foi
significativa em relação à pior orelha e em relação às baixas freqüências. Na mulher, foi
significativa a relação entre perda auditiva e diabetes mellitus nas baixas freqüências.
Não houve relação significativa entre perda auditiva e tabagismo em ambos os gêneros.
Não houve diferença significativa entre dislipidemias em ambos os gêneros e perda
auditiva33.
Foi realizado, na Espanha, um estudo caso-controle com uma amostra de 180
indivíduos com idades acima ou igual a 65 anos, de ambos os sexos, que
apresentavam perda auditiva compatível com presbiacusia, relacionando com a
presença ou ausência de hiperlipidemia. A amostra foi dividida em dois grupos; grupo A
em que os pacientes tinham presbiacusia e hipercolesterolemia e grupo B; em que os
pacientes tinham presbiacusia e não tinham hipercolesterolemia. A amostra foi formada
por 55% de mulheres, sendo que 70% dos pacientes apresentavam idade entre 65 e 69
anos. Foram medidos colesterol total, lipoproteína de alta densidade (HDL), lipoproteína
de baixa densidade (LDL), triglicérides, índice aterogênico (relação entre colesterol total
e HDL) e perfil audiométrico nas freqüências convencionais de uma audiometria tonal.
O resultado mostra que os pacientes com nível de colesterol total mais elevado
apresentam perda auditiva maior, e que foi estatisticamente significante.Porém, não foi
15
possível correlacionar a gravidade da perda auditiva com a colesterolemia e a
trigliceridemia34.
Em relação ao aspecto hereditário; No estudo de coorte do Framingham Heart Study,
foram identificadas as localizações cromossômicas 10q, 11p, 11q, 14q e 18q, como
possivelmente relacionadas à presbiacusia, no entanto, coincidem com as localizações
onde estão os genes que são reconhecidos como responsáveis por surdez congênita,
síndrome de Usher, e surdez recessiva não sindrômica. Outro estudo identifica o lócus
DFNA18 como também relacionado à presbiacusia35.
Em estudo realizado na Dinamarca, com uma população de gêmeos monozigóticos e
dizigóticos, nascidos entre 1870 e 1910, que fazem parte do The Danish Twin Registry,
e alguns pares de gêmeos nascidos entre 1911 e 1930. Em 1995, foram relacionados
3.099 indivíduos, para serem questionados quanto à existência ou não de perda
auditiva. Do total, 2401 responderam ao questionário, 77% do total de pessoas. A taxa
de resposta foi significativamente mais alta entre os homens, 81% do que entre as
mulheres 74%. A média de idade dos que responderam foi de 81,6 anos. Dois anos
mais tarde, o questionário foi repetido, agora entre os sobreviventes de 1995 e entre
779 gêmeos de idade entre 73 e 76 anos, destes 79% responderam ao questionário.
Em 1999, mais 1999 gêmeos com idade entre 70 e 74 anos foram questionados, desse
total 70% responderam. Em todos os questionários foram feitas as mesmas perguntas;
você teve diminuição da audição? (sim/não) e você usa aparelho auditivo? (sim/não).
No final foram utilizadas as respostas de 353 pares de gêmeos monozigóticos e 513 de
dizigóticos. Os 1892 indivíduos que responderam as perguntas em mais de uma
ocasião foram testados quanto à confiabilidade de suas respostas.Nesta amostra, as
perdas auditivas consideradas presbiacusia, somente em 40% dos casos apresentavam
16
fator hereditário. Quanto à prevalência 50% dos indivíduos com idade maior que 80
anos apresentaram perda auditiva, na 7a. década de vida a prevalência ficou em 45%
para homens e 25% para mulheres36.
Pesquisadores realizaram um trabalho utilizando gêmeos veteranos de guerra, num
total de 1054 indivíduos sendo 343 pares completos de gêmeos. Foi respondido um
questionário sobre perda auditiva; se há perda auditiva, idade de início, se bi ou
unilateral entre outras. A média de idade da amostra foi de 74,3 anos e a média de
idade de início da perda auditiva foi 56,9 anos. Foi coletada amostra de sangue, onde
foi estudado o genoma, e, após análise de 400 marcadores cromossomiais, foi
encontrada forte evidência da correlação presbiacusia com o lócus 3q22 do
cromossoma 3, marcado como D3S129237.
17
2- OBJETIVO
Avaliar a prevalência da presbiacusia e correlacionar possíveis fatores de risco em uma
amostra populacional com idade igual ou maior a 40 anos, com ou sem queixa de perda
auditiva.
18
3- CASUÍSTICA E MÉTODO
DESENHO DO ESTUDO:
Trata-se de um estudo transversal observacional.
Foi coletada uma amostra de dados de prontuários obtidos de forma seqüencial de
pacientes de ambos os sexos, de idade igual ou maior a 40 anos, que utilizaram o
serviço de check-up do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, localizado no município de São
Paulo-SP, no período de janeiro de 2001 a agosto de 2005. O presente estudo foi
submetido e aprovado pela Comissão de Ética Médica desta instituição. Os pacientes
que foram submetidos aos exames e avaliações que fazem parte do check-up são, na
maioria, pessoas com nível de escolaridade superior completo, que trabalham em
médias e grandes empresas e que habitam o município de São Paulo ou cidades do
entorno.
No total, foram selecionados 625 prontuários de forma seqüencial que obedecessem
aos critérios de inclusão e exclusão.
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO:
1. Indivíduos com idade igual ou superior a 40 anos.
2. Ausência de queixas vestibulares e sem história de cirurgia otológica prévia.
3. Portadores de avaliação auditiva normal caracterizada por:
19
a. Limiares tonais por via aérea melhores que 25dB NA nas freqüências de
250Hz a 8kHz.
b. Curva timpanométrica tipo A de Jerger.
4. Deficiência auditiva sensorioneural com o diagnóstico de presbiacusia de acordo
com os seguintes critérios:
a. Perda auditiva bilateral e simétrica.
b. Limiares tonais com queda além de 26dB NA38, pelo menos nas
freqüências de 2kHz a 8kHz e em perfil descendente ou plano.
c. Curva timpanométrica tipo A de Jerger.
CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO:
1. Afecção de orelha externa e/ou de orelha média.
2. Deficiência auditiva sensorioneural de etiologia definida, exceto presbiacusia.
3. Pacientes que trabalham e/ou se expõem à ambiente ruidoso, sem proteção
auditiva adequada.
Desses prontuários, foram coletados os dados previamente determinados através do
formulário de coleta de dados criado pela pesquisadora principal (anexo1). Os dados
coletados foram definidos com base nos fatores que a literatura pesquisada refere
como possivelmente relacionados ao surgimento da perda auditiva no adulto que seja
compatível com a presbiacusia. Os fatores pesquisados foram; gênero, idade, história
de perda auditiva na família relacionada à idade e sem relação com outras etiologias
definidas, presença ou não de hipertensão arterial sistêmica, presença ou não de
diabetes mellitus, uso de medicação contínua, uso de hormônio, consumo habitual de
20
bebida alcoólica (duas ou mais vezes por semana), tabagismo, dosagem da fração de
colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL), colesterol total, triglicérides (TG), e
presença ou não de outras doenças sistêmicas.
Os pacientes haviam sido submetidos a exames clínicos de check-up que incluem de
rotina o exame otorrinolaringológico e audiológico, exames de análise laboratorial, e
avaliações com diversos outros especialistas como: cardiologista, clínico geral, entre
outros. O exame otorrinolaringológico (ORL) consiste no exame físico específico e na
avaliação audiológica. Os exames foram sempre feitos pelos mesmos profissionais
(dois médicos especialistas e duas fonoaudiólogas), que atendem em dias alternados.
As fonoaudiólogas obedecem ao método padrão para realização da audiometria vocal e
tonal e imitânciometria. Os pacientes foram submetidos à avaliação auditiva em cabine
acústica. O equipamento utilizado foi o audiômetro Interacoustics AC5 com fones TDH
19 para audiometria tonal e vocal e o impedanciômetro Interacoustics AZ7 para a
imitância acústica. Esses aparelhos são rotineiramente submetidos à calibração anual.
Os resultados audiométricos foram agrupados como normal ou presbiacúsico,
independentemente do grau de perda auditiva. As variáveis foram testadas em uma
análise estatística bivariada, isto é, para avaliar a relação entre presbiacusia e os
possíveis fatores de risco associados.
Em relação à idade foram estratificados em seis faixas etárias: 40 a 45 anos, 46 a 50
anos, 51 a 55 anos, 56 a 60 anos, 61 a 65 anos e acima de 65 anos de idade.
21
ANÁLISE DE DADOS
Foi realizado o teste estatístico de qui-quadrado, para estudar a associação entre as
variáveis qualitativas e a presbiacusia (desfecho) e o teste não-paramétrico de Kruskal-
Wallis para comparar a distribuição das variáveis quantitativas em relação a
presbiacusia. O nível de significância (p) adotado foi de 5%.
O modelo linear de regressão logística (análise multivariada) foi utilizado para
selecionar variáveis que conjuntamente melhor explicam a presbiacusia. Consideraram-
se as variáveis que apresentaram p<0.20, na análise bivariada mencionada
anteriormente, para o modelo inicial. O método Backwad (Wald) foi utilizado para
seleção das variáveis. Foi calculada a Razão de Chance (Odds Ratio - OR) ajustada
das variáveis que compõem o modelo final e seus respectivos intervalos de confiança
de 95%(IC).
As análises foram realizadas utilizando o programa SPSS versão 13.0 for Windows.
22
4- RESULTADOS
Foram avaliados 625 prontuários, sendo 534 (85,4%) de pessoas do gênero masculino.
Em relação à TG, LDL e colesterol total, a amostra teve números diferentes de dados,
sendo 560 para TG, 545 para LDL e 559 para colesterol total. Isso se deve ao fato de
que em alguns prontuários não foram encontrados todos os dados do perfil lipídico. Em
relação ao perfil audiométrico, foram agrupados em normal e presbiacúsico, 226
(36,1%) apresentaram presbiacusia. A média de idade para a amostra estudada foi de
50,5 anos com desvio padrão (DP) de + 6,7 anos, sendo a mínima de 40 anos e a
máxima de 86 anos. As tabelas 1a e 1b mostram características sócio-demográficas da
amostra estudada e a distribuição dos resultados pelo teste de qui-quadrado. Foram
verificadas como estatisticamente significante p<0,05 , as variáveis gênero e faixa etária
foram associadas estatisticamente a presbiacusia.
23
N % N %
masculino 327 82 207 91,6
feminino 72 18 19 8,4
399 226
N % N %
40-45 92 23,1 22 9,7
46-50 131 32,8 47 20,8
51-55 119 29,8 67 29,7
56-60 46 11,5 56 24,8
61-65 6 1,5 17 7,5
acima de 65 5 1,3 17 7,5
399 226
Tabela 1a - Características sócio-demográficas da amostra estudada e a distribuição dos resultados pelo teste de qui-quadrado.
Tabela 1b - Características sócio-demográficas da amostra estudada e a distribuição dos resultados pelo teste de qui-quadrado
p*
*p= nível de significância do teste qui-quadrado.
Total
0*Faixa Etária
Fatores de Risco Normal
Perfil Audiométrico
Presbiacúsico
Total
Gênero
Normal
0,001*
Perfil Audiométrico
Fatores de Riscop*
Presbiacúsico
24
Em relação aos dados clínicos e perfil audiométrico presbiacúsico (tabela 2), o teste de
qui-quadrado mostra significância estatística para as variáveis; DM e história familiar de
deficiência auditiva (DA), e mostra associação não significativa para as variáveis; hábito
de beber, tabagismo, presença de outras doenças, uso de hormônio, HAS, uso de
medicação contínua.
Presbiacúsico (%)
100%
59,3% 100%
40
124
11 40,7%
p* nível de significância do teste de qui-quadrado.
292
52
175
86 62,3% 100%
62,5% 100%467
53
84
16
102
37,7%
37,5%
27
173 100% 0,116
0,011*
138
Uso de medicação contínua
DM
41,0% 59,0%71
p*
0*
HAS
Fatores de risco (Sim)
57,0%
208
História Familiar de DA
0,121100%
Total N (%)
Tabela 2 -Distribuição dos resultados em função dos dados clínicos e perfil audiométrico. (respostas múltiplas)
Hábito de Beber
Tabagismo
0,24
0,674
43% 93
59,6% 40,4%
Normal (%)
25
Em relação ao perfil lipídico estudado na amostra, não foi encontrada associação
estatisticamente positiva com perfil audiométrico presbiacúsico. (Tabela 3). As variáveis
selecionadas pelo modelo de regressão logística foram as que melhor se
correlacionaram conjuntamente à presbiacusia nesta amostra estudada.
Normal Presbiacúsico Normal Presbiacúsico
** Miligrama por decilitro
273 31
Desvio PadrãoMédia**
271
282 276
p * nível de significância do teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis.
345
337 208LDL - Colesterol 0,966
559Colesterol Total
272
36
Tabela 3 - Distribuição dos resultados em função do perfil lipídico e do perfil audiométrico.
Variável p*
215345 560TG 0,086295 89
0,623
545
214
Total (N)Perfil Audiométrico (N)
26
Observamos na tabela 4, que o sexo feminino é um fator protetor para o surgimento da
perda auditiva, pois o OR<1; indivíduos com idade maior que 50 anos apresentam
maior risco para presbiacusia, assim como história familiar positiva para perda auditiva
e diabetes mellitus.
Menor Maior
40-45 referência
46-50 0,321 1,367 0,738 2,535
51-55 0* 1,953 1,07 3,564
56-60 0* 3,677 1,908 7,089
61-65 0* 10,851 3,441 34,213
acima de 65 0* 12,217 3,875 38,519
p * nível de significância do método Backward (Wald).OR** odds ratio (razão de chance)<1.IC*** intervalo de confiança.
Tabela 4 -Variáveis selecionadas pelo modelo de regressão logística e resultados.
0,93 2,12 0,883
0,22
0*
0,003* 0,286
5,088
3,098
DM
Feminino
Sim
Sexo
Faixa Etária
Variável
História Familiar de DA Sim
0,727
95,0% IC***p*
1,853
OR**
5,18
27
A avaliação deste modelo de regressão logística é apresentada na tabela 5.
Comparando a previsão do modelo e o perfil audiométrico da amostra estudada, a
porcentagem de acerto é de 80,3% de terem o perfil audiométrico de fato normal quanto
aos indivíduos sem fatores de risco, e de 50,7% de terem o perfil audiométrico alterado
nos portadores de fatores de risco. A porcentagem total de acerto é de 68,9%.
Normal Alterado % de acerto
277 68 80,3
106 109 50,7
% Total 68,9
Tabela 5 - Sensibilidade e especificidade do modelo inferido.
Perfil Audiométrico
Normal
Alterado
28
5- DISCUSSÃO
Presbiacusia é um processo multifatorial, no qual a expressão de cada fator apresenta
enorme variação interpessoal e este fato é consenso na literatura. Os fatores de risco
mais citados são os mesmos relacionados com as doenças cardiovasculares33.
Existem não somente controvérsias em relação aos fatores relacionados à doença,
como também à sua prevalência. Em nosso estudo, a presbiacusia esteve presente em
36,1% dos pacientes, dentro da literatura pesquisada a prevalência variou de 5% a
71,8%10,16. Porém em estudos epidemiológicos de base populacional, a prevalência
variou entre 20 a 40%14,15. Isso pode ser devido à faixa etária pesquisada, ao tamanho
da amostra e às diferenças metodológicas, como no caso do estudo que teve 5% como
resultado, onde o pesquisador não submeteu o grupo-controle a nenhum teste
audiométrico, nem a nenhum exame clínico e/ou laboratoriais a que foram submetidos o
grupo-caso, o que torna o resultado crítico e sem possibilidades de comparação
consistente entre os dois grupos.
Na literatura, o nível de escolaridade e a renda familiar foram inversamente
proporcionais à prevalência de presbiacusia21. Esta conclusão sugere que a população
com melhor nível educacional e com melhor renda, por ter melhor acesso à informação,
pode ter um controle mais adequado da saúde, o que permite prevenir ou evitar fatores
de risco que propiciem a presbiacusia. No Brasil temos poucos estudos em relação à
prevalência da presbiacusia. No estudo onde 85 pessoas foram avaliadas quanto à
presença de presbiacusia e sua relação com alguns fatores de risco, ocorreu 71,8% de
presbiacúsicos, a maior prevalência da literatura pesquisada, o que foi justificado pelo
29
autor, por ser uma população que freqüentou um ambulatório de geriatria, e, por esse
motivo, estaria propensa a mais agravos à saúde. A amostra neste trabalho também
apresentou um nível de escolaridade baixo e a renda mensal mais freqüente (44,7%) foi
de um a dois salários mínimos10. A amostra estudada em nossa pesquisa, com melhor
escolaridade, a presbiacusia apresentou uma prevalência de 36,1% o que sugere uma
melhor conscientização para o controle adequado dos fatores de risco desta afecção;
desta forma, educação e, possivelmente, renda podem ser fatores positivos para a
menor incidência de presbiacusia.
Em se tratando da faixa etária, nossa proposta foi estudar a presença de presbiacusia
em pessoas a partir dos 40 anos de vida, época em que a literatura refere como
possível para que se dê o início da doença. Em nossa amostra, quanto maior a faixa
etária, maior a prevalência da presbiacusia, em concordância com a literatura, que
quanto maior a faixa etária, maior é a associação com presbiacusia17,18,19.
Em relação ao gênero, a amostra estudada foi constituída predominantemente por
indivíduos masculinos (85,4%). Este fato se deve pela característica demográfica da
amostra, constituída por profissionais que ocupam cargos de gerência ou de diretoria
em médias e grandes empresas, funções estas em que o gênero feminino foi
minoritário. Em nosso trabalho o gênero masculino foi associado à presbiacusia,
conclusão esta semelhante à outras citações que afirmam que o homem, apresenta
maior risco de desenvolver a presbiacusia15,17,18. Por outro lado este aspecto é um
assunto em aberto, pois há referências na literatura que o gênero feminino é um dos
fatores de risco10,20; e em outros trabalhos não houve a associação entre gênero e
presbiacusia13,19.
30
Apesar da variável profissão não fazer parte do estudo, nossa amostra caracterizou-se
por ter grande número de engenheiros (32%). Nesta profissão, há grande chance de
maior exposição ao ruído. Nesta pesquisa numa avaliação estatística complementar,
pelo teste de qui-quadrado, considerando outras profissões e engenheiro, não houve
associação estatisticamente positiva entre presbiacusia e engenheiros. Uma das
justificativas deste resultado foi o hábito do uso regular de equipamento de proteção
auditiva, quando expostos à ambientes ruidosos e, que a exposição foi aleatória e por
curtos períodos de tempo na maioria da amostra. Por outro lado, quando o indivíduo
vive em uma metrópole em que o ruído ambiental é intenso e freqüente, há
possibilidade de que haja perda auditiva depois de determinado tempo de exposição,
isso poderia ser um fator para acelerar ou até mesmo desenvolver de forma precoce a
presbiacusia. Há um trabalho clássico de estudo comparativo aonde indivíduos
pertencentes à ambientes rurais, tendem a ter melhor audição do que indivíduos que
habitam áreas urbanas31. No entanto, um estudo de base populacional comparou a
audição de indivíduos que viviam em ambiente rural com a audição de indivíduos que
viviam em ambiente urbano e não encontrou diferença estatística entre as duas
populações18. Isso pode se dever a menor ou maior exposição ambiental a ruídos
nocivos a audição, independentemente de morar na cidade ou na zona rural.
Este estudo sugere associação positiva entre diabetes mellitus e presbiacusia, sem
especificar, no entanto, o tipo desta afecção metabólica. A associação entre diabetes
mellitus e presbiacusia é conhecida e aceita21,22,33, embora esta associação seja
contestada por alguns pesquisadores10,20. Atualmente a deficiência auditiva
encontrada em algumas formas de diabetes mellitus tipo I, é resultante do fenótipo da
herança mitocondrial acrescida da ação da disglicidemia na orelha interna23.
31
Hipertensão arterial sistêmica é outra doença freqüentemente associada à
presbiacusia, também não existe consenso em relação a esse aspecto, visto que muitos
estudos não encontram associação positiva com presbiacusia10,20,21, ou então, é
possível que quando o paciente tem a doença bem controlada, esta pode não ter efeito
deletério sobre a audição. Nesta amostra, não houve associação entre HAS e
presbiacusia. Não é fácil determinar se, para algumas pessoas, a hipertensão arterial
vai afetar mais ou menos a orelha interna do que em outros. Outros autores sugerem
correlação entre presbiacusia e HAS27,33, no entanto, um estudo referiu a HAS como
causa indubitável de presbiacusia, sem estabelecer a dúvida16.
Outro fator de risco freqüentemente relacionado à presbiacusia é a dislipidemia. Não
existe consenso na literatura, autores afirmam que existe relação ou pode ter também
relação com a gravidade e tempo da doença16,34. É difícil determinar se o nível sérico
de lipídios vai afetar ou não direta ou indiretamente a função auditiva. Autores também
sugerem não haver correlação entre dislipidemia e presbiacusia30,32,33. Neste estudo
não houve associação positiva com presbiacusia.
Também não houve associação com uso de hormônio, talvez pelo pequeno número de
pacientes na amostra. No entanto, autores afirmam haver envelhecimento auditivo nas
mulheres que fazem TRH com estrogênio e progesterona28, outros afirmam haver
associação de presbiacusia com a TRH feita somente com estrogênio29.
Hábito de beber e tabagismo são variáveis de difícil coleta de dados, visto a dificuldade
de se mensurar adequadamente, ainda mais em se tratando de uma pesquisa onde as
informações foram obtidas através de prontuário. Por esse motivo, não houve avaliação
quanto à duração e intensidade dos hábitos, estas variáveis foram codificadas como
presente ou ausente. Não houve associação significativa com presbiacusia. Alguns
32
autores sugerem a relação entre tabagismo e presbiacusia24,26. No entanto, a maioria
dos pesquisadores não encontrou esta relação10,21,27,33. Em um dos estudos foi testada
a relação entre nível sérico de nicotina e presbiacusia, e não houve associação
positiva25. É difícil avaliar quais componentes químicos do tabaco poderiam estar
relacionados à perda auditiva do idoso, como também as dificuldades para quantificar o
hábito do tabagismo.
Houve associação positiva estatisticamente entre história familiar positiva para
presbiacusia e perfil presbiacúsico, esse é um aspecto que apenas confirma o achado
na literatura, visto que hoje, grande parte dos autores que estudam esta doença sugere
existir um componente hereditário, e estão em busca desta certeza em muitas
pesquisas genéticas. Já identificam lócus cromossomiais que estão relacionados a esse
tipo de perda auditiva, e afetam mais os indivíduos do sexo masculino 35,36,37.
Não houve associação estatisticamente significativa em relação à existência de outras
doenças e uso de medicação contínua. Em relação a outras doenças, dentre todas que
foram informadas no prontuário, as mais freqüentemente encontradas formam; gota,
dores ou doenças osteoarticulares, obesidade, migrânea e doenças alérgicas
respiratórias.As medicações mais utilizadas foram antihipertensivos, antialérgicos,
analgésicos, vitaminas, antiinflamatórias não hormonais, hipoglicemiantes orais e
antilipêmico. Na literatura pesquisada10, não relação entre uso de medicação contínua e
outra doenças com perda auditiva.
33
6- CONCLUSÕES
1. Prevalência de 36,1% de presbiacusia na amostra estudada.
2. Associação estatisticamente positiva entre presbiacusia e faixa etária, gênero
masculino, diabetes mellitus, história familiar de presbiacusia.
3. Associação estatisticamente negativa entre presbiacusia e hábito de fumar,
hábito de beber, hipertensão arterial sistêmica, dislipidemias: triglicérides,
colesterol total e lipoproteína de baixa densidade.
34
7- Anexo FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS Identificação:
Nome : Código:
Idade (data de nascimento) : Sexo: ( ) Profissão:
Cor (raça): Escolaridade:
Dados de interesse geral:
Hist. De D.A . na família: ( ) sim ( ) não ( ) não sei
Patologias existentes:
( ) HAS medicação: ( ) sim qual: tempo de tratamento:
( ) não
( ) DM medicação: ( ) sim qual: tempo de tratamento:
( ) não
( ) Dislipidemias medicação: ( ) sim qual: tempo de tratamento:
( ) não
( ) Outras medicação: ( ) sim qual: tempo de tratamento:
( ) não
( ) Uso de hormônios medicação: ( ) sim qual: tempo de tratamento:
( ) não Fatores Ambientais:
Tabagismo: ( ) sim ( ) não Há qto. tempo: Cigarros /dia:
Etilismo : ( )sim ( ) não Há qto tempo: Freqüência:
Perfil Lidíco:
LDL: Colesterol Total: TG:
Audiograma: perfil da curva audiométrica:
Índice de SRT: Média dos limiares tonais:
Imitânciometria: Data de percepção de DA ou data do diag.:
35
8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Resumo A presbiacusia é definida como uma perda auditiva sensorioneural, bilateral, simétrica,
lentamente progressiva, relacionada ao processo de envelhecimento. No entanto, ainda
existe controvérsia quanto aos fatores relacionados a esse tipo de perda auditiva. O
objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência da presbiacusia e correlacionar possíveis
fatores de risco em uma amostra populacional com idade igual ou maior a 40 anos, com
ou sem queixa de perda auditiva. Foi conduzido um estudo transversal observacional
em uma amostra de 625 pacientes de um ambulatório de check-up de um hospital
privado no Município de São Paulo. Os resultados mostraram a prevalência de 36,1%
de presbiacusia e a associação estatisticamente positiva entre perfil auditivo
presbiacúsico e história familiar de perda auditiva, gênero masculino, faixa etária e
diabete mellitus presente. A presbiacusia não foi associada à hipertensão arterial
sistêmica, tabagismo nem ao perfil lipídico.
Palavras chaves: Presbiacusia, Perda Auditiva, Fatores de risco, Adulto.
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Abstract
Presbyacusis is defined as a slowly progressive bilateral symmetrical age-related
sensorineural hearing loss. However, there is still controversy over the factors related to
this type of hearing loss. The objective of this study was to evaluate the prevalence of
presbyacusis and correlate possible risk factors in a populational sample ≥ 40 years of
age, with or without complaint of hearing loss. A cross-sectional study was conducted
in one sample of 625 patients of an outpatient clinic in a private hospital in the city of
São Paulo. The results showed a prevalence of 36.1% of presbyacusis and a
statistically positive association between the presbyacusis hearing profile and a familiar
history of hearing loss, male gender, age range and diabetes mellitus. Presbyacusis was
not associated with systemic arterial hypertension, smoking, nor with lipid profile.
Keywords: Presbyacusis, Hearing Loss, Risk Factors, Adult.
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Apêndice
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
PARECER PROTOCOLO DE PESQUISA N.º 057/03 Data de entrada: 12/11/2003 PARECER N.º. 16/03 Data do parecer: 08/12/2003 Título do protocolo: Título da Pesquisa: AVALIAÇÃO DA PRESBIACUSIA EM UMA AMOSTRA POPULACIONAL DE CLASSE MÉDIA Pesquisador Responsável: Dr. Ney Penteado de Castro Jr. Pesquisador Principal: Dra. Cláudia Simônica de Souza CONSIDERAÇÕES: Em reunião do CEP, realizada dia 08/12/03, referente ao projeto de pesquisa Avaliação da Presbiacusia em uma amostra populacional de classe média, mediante análise da documentação enviada pela pesquisadora e análise do mesmo, decidiu-se considerar o projeto de pesquisa aprovado.
( X ) APROVADO
( ) APROVADO COM RECOMENDAÇÕES
( ) REPROVADO
( ) COM PENDÊNCIAS � OBS.: a ausência de resposta em 60 dias, acarretará em
arquivamento do processo por falta de interesse do pesquisador.
TEMÁTICA ESPECIAL � SIM X NÃO
CONEP � SIM X NÃO
SVS (SECRETARIA DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA) � SIM X NÃO
Dr. Flávio Jota de Paula Coordenador da Comissão de Ética em Pesquisa � HAOC
HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ ● RUA JOÃO JULIÃO, 331 ● TEL.(0xx11) 3549-0000 ● FAX (0xx11) 287-8177 ● CEP 01323-903 ● SÃO PAULO SP CGC 60.726.502/0001-26 ● UTIL. PÚBLICA FEDERAL, DECR. 68.238 DE 16/02/71 ● UTIL. PÚBLICA ESTADUAL, DECR. 03/09/70, D.O.E.S.P. 04/09/70
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