Coletanea Da Revista Logosofia - ToMO IIIl1ggxg45vwlhdlivfjfmxr55

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Nas eNtraNhas da amrica gesta-se o futuro da humaNidade.

raumsolltimas publicaes do autor

Intermedio Logosfico, 216 pgs., 1950. (1)

Introduccin al Conocimiento Logosfico, 494 pgs., 1951. (1) (2)

Dilogos, 212 pgs., 1952. (1)

Exgesis Logosfica, 110 pgs., 1956. (1) (2) (4)

El Mecanismo de la Vida Consciente, 125 pgs., 1956. (1) (2) (4) (6)

La Herencia de S Mismo, 32 pgs., 1957. (1) (2) (4)

Logosofa. Ciencia y Mtodo, 150 pgs., 1957. (1) (2) (4) (8)

El Seor de Sndara, 509 pgs., 1959. (1)

Deficiencias y Propensiones del Ser Humano, 213 pgs., 1962. (1) (2) (4)

Curso de Iniciacin Logosfica, 102 pgs., 1963. (1) (2) (4) (6)

Bases para Tu Conducta, 55 pgs., 1965. (1) (2) (3) (4) (5) (6)

El Espritu, 196 pgs., 1968. (1) (2) (4) (7)

Coleccin de la Revista Logosofa (tomos I (1), II (1), III (1)), 715 pgs., 1980. Coleccin de la Revista Logosofa (tomos IV, V), 649 pgs., 1982.

Em portugus.

Em ingls.

Em esperanto.

Em francs.

Em catalo.

Em italiano.

Em hebraico.

Em alemo.

Carlos Bernardo Gonzlez PecotcheRAUMSOL

coletNea darevistaLogosofia

Tomo 3

1 edio 2010Editora LogosficaTtulo do originalColeccin de la Revista LogosofaCarlos Bernardo Gonzlez Pecotche RAUMSOL

Reviso da traduoJos Dalmy Silva Gama

Capa e projeto grficoCarin Ades

Produo GrficaAdesign

Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) (Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Gonzlez Pecotche, Carlos Bernardo, 1901-1963.Coletnea da Revista Logosofia, tomo 3 / Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche (Raumsol) ; reviso da traduo Jos Dalmy Silva Gama. -- So Paulo : Logosfica, 2010.

Ttulo original: Coleccon de la Revista Logosofia ISBN 978-85-7097-074-9

Logosofia I. Ttulo

10-03813CDD-149.9

ndices para catlogo sistemtico:Logosofia : Doutrinas filosficas 149.9

Copyright da Editora Logosfica

www.editoralogosofica.com.br www.logosofia.org.br Fone/fax: (11) 3804 1640Rua General Chagas Santos, 590-A Sade CEP 04146-051 So Paulo-SP Brasil,da Fundao LogosficaEm Prol da Superao Humana

Sede central:Rua Piau, 762 Bairro Santa Efignia CEP 30150-320 Belo Horizonte-MGVide representantes regionais na ltima pgina.

EDITORA AFILIADANota da Editora

Esta a traduo do terceiro de um conjunto de cinco tomos da Coleccin de La Revista Logosofia e sua publicao faz parte das atividades comemorativas dos 80 anos da Logosofia no mundo.

O autor, Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche (Raumsol), nascido em Buenos Aires, Argentina, em 11 de agosto de 1901 e ali falecido em 4 de abril de 1963, editou oitenta e quatro exemplares da revista mensal inti- tulada Logosofia, de janeiro de 1941 a dezembro de 1947.

Em suas pginas, deixou estampado um valioso conjunto de artigos, que foram selecionados e organizados pela Editora da Fundao Logosfica Em Prol da Superao Humana, para compor os referidos cinco tomos. No tomo de nmero I desta Coletnea, foram dedicadas 47 pginas a trs tipos de ndices: por ordem de Revistas, por ordem de Artigos e por ordem dos tomos da Coletnea.

O lema que figurou na capa da maioria dos exemplares da revista dizia: Nas entranhas da Amrica gesta-se o futuro da humanidade.

Sobre esse lema, assim se expressou o autor:

Consagrada inteiramente misso que se imps de difundir a nova concepo do pensamento humano ante os problemas do mundo, tal como seu lema proclama, abriu suas pginas a todas as inquietudes do esprito.

Os temas que trata contm profundas reflexes e revelam, ao mesmo tempo, seu carter exclusivo e original. Seus estudos, crticas e comen- trios so de um valor extraordinrio.

Para concluir, vale transcrever o que o prprio autor proferiu em 1947, numa conferncia depois publicada em sua obra Introduo ao Conhecimento Logosfico (pg. 241):

Dizia a uns amigos, h pouco, que eu costumava semear nas pginas da revista Logosofia, em diferentes reas e semelhana de como se semeia um extenso campo, idias de diversas espcies, para poder fazer um dia, quando quisesse recolher o produto de toda essa semeadura, de cada espcie um grande silo, ou seja, um grande livro.Coletnea da Revista LogosofiaTOMO 3

Sumrio

Sugestes sobre a preparao mental e espiritual da mulher

(maro-1941p.15)1 necessrio conduzir os homens pelo caminho do pensamento ativo (As energias vitais do ser humano dependem de sua organizao mental)

(abril-1941p.3)5A Logosofia prepara a mente e a adapta para campos mais intensivos

de atividade (maio-1941p.3) 15O valor da instruo logosfica (Comprovaes da eficcia do mtodo) (junho-1941p.3) 19A arte de criar a si mesmo (I)

(junho-1941p.7) 23O segredo da funo criadora do esprito

(julho-1941p.3) 27Noes elementares sobre a mente

(julho-1941p.21) 31Para uma maior capacitao mental (Eficcia da tcnica logosfica)

(agosto-1941p.3) 33Diversos pontos de enfoque do labor logosfico

(setembro-1941p.3) 41A Lei das Mudanas (outubro-1941p.3)51O campo mental deve ser cultivado

(Como obter uma produo de incalculvel valor)(dezembro-1941p.3) 57A necessidade de saber avaliar a si mesmo

(janeiro-1942p.3) 63As riquezas do conhecimento (Sua importncia na vida do ser humano) (maro-1942p.3) 67O ser humano vive amargurado (Causas de sua tristeza)

(maro-1942p.17) 71Vitalidade psicolgico-mental (abril-1942p.9)75Dinmica mental (maio-1942p.11)81A herana do pensamento (maio-1942p.13) 83A Lei do Movimento (junho-1942p.3) 87A arte de criar a si mesmo (II) (julho-1942p.3) 91Os problemas da conscincia e a evoluo consciente

(agosto-1942p.3) 97Conferncia pronunciada por Raumsol no 12 aniversrio da Escola Raumslica de Logosofia, em sua sede da Capital Federal

(agosto-1942p.11) 103Sobre o contedo logosfico (novembro-1942p.15) 109Aprofundando aspectos da evoluo (dezembro-1942p.3) 113Enfoques de ordem caracterolgica (dezembro-1942p.31) 117Breves palavras pronunciadas por Raumsol na Escola de Logosofia em Buenos Aires, no dia 26 de dezembro de 1942

(janeiro-1943p.13) 121As capacidades da inteligncia (A importncia de seu cultivo)

(junho-1943p.7) 125Pedagogia logosfica (Alguns elementos de utilidade prtica)

(junho-1943p.11) 129A razo do selvagem (agosto-1943p.7)133Os segredos do esprito (outubro-1943p.3)137Tcnica e aplicao dos conhecimentos logosficos

(janeiro-1944p.3) 139Edificar sobre o eterno (fevereiro-1944p.3)151A ignorncia cria problemas que o saber resolve

(A fora mental como expresso de substncia viva)(abril-1944p.3) 155A inquietude que h sculos atormenta a alma humana

(julho-1944p.3) 159Normas e princpios ticos do saber logosfico

(setembro-1944p.3) 163Os conhecimentos e seus graus de hierarquia

(outubro-1944p.3) 171Ampliao da vida pelo conhecimento (outubro-1944p.13)175Alcances do conhecimento transcendente aplicado vida

(dezembro-1944p.3)177Preparao do juzo e reflexes bsicas

(janeiro-1945p.3)181Aspectos relacionados com a superao do indivduo (Necessidade de ajustar a vida atividade superior)

(janeiro-1945p.11)185A vida de alta projeo e as defesas humanas

(fevereiro-1945p.3)189Por uma humanidade mais consciente(maro-1945p.31)197Para ser algum (abril-1945p.11201A Lei do Tempo (novembro-1945p.5)209Concepo da vida (Aspectos que dela surgem)

(dezembro-1945p.5)213O mal que aflige a humanidade a quebra da boa-f

(janeiro-1946p.3)217tica na linguagem (fevereiro-1946p.21)221O contedo espiritual da existncia (maro-1946p.5)225Sntese de um estudo sobre os arcanos do conhecimento

(julho-1946p.6)233O conhecimento logosfico, elemento de aperfeioamento

das condies humanas (agosto-1946p.13)237Influncia do pensamento na vida do ser humano

(janeiro-1947p.3)241. Algo sobre as leis que regem os processos da Criao

(fevereiro-1947p.3)245Sobre o sistema mental e seu funcionamento

(maro-1947p.3)249A busca eterna (abril-1947p.3)255Bases para o entendimento humano (Variaes do conhecimento)

(agosto-1947p.11)259O que a humanidade necessita (Compreenso e colaborao)

(dezembro-1947p.3)263

SugeSteS Sobre a preparao mental e eSpiritual da mulher

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Um dos problemas que s vezes costuma se agravar na alma da mulher o que diz respeito ao seu complexo humano, por ser aque- le que ela se sente mais incapaz de resolver com felicidade.

Sua figura , para a maioria, uma obsesso permanente. Luta para se mostrar bonita, atraente, com porte elegante e gestos cultos ou, melhor dizendo, graciosos. E no h dvida de que muitas o conseguem, e com facilidade. O conjunto de sua pessoa se mostra, assim, atraente, vistoso, e seguramente exerce uma influncia considervel logo ao primeiro golpe de vista do sexo oposto, pois inegvel que a ele que o feitio vai dirigido.

Entretanto, em seu af de embelezar-se fisicamente, a mulher tem- se descuidado num grau extremo da beleza de sua fisionomia moral e psicolgica. Muitas, sem perceberem a grande importncia de que se revestem as caractersticas superiores certamente to sublimes que imprimem no rosto o inconfundvel trao da cultura em sua mais fina manifestao , afligem-se com seus fracassos e no con- seguem compreender a que obedece sua infelicidade.

Uma flor pode ser muito vistosa e at admirada num ramalhete de flores, mas, se no tem perfume, ao contempl-la sozinha veremos que a iluso de sua beleza se esfumar to logo se manifeste como algo sem alma, como uma coisa inerte, incapaz de nos comunicar as delcias de sua intimidade, a fragrncia de seu esprito, que to grato se revela alma que o aspira.

Um pssaro de lindo colorido, que no cante, poder provocar tambm admirao, mas isso ser enquanto o tivermos diante dos olhos, cessando quando for embora. Como extasia mais ao espritoo pssaro que deixa escutar seus maravilhosos trinados! Mesmo que no o vejamos, mesmo que o colorido de sua plumagem seja o menos vistoso, ele nos atrair, e seu canto nos deleitar a ponto de anelarmos t-lo sempre conosco.

A mulher cujo esprito carece de cultivo, de ilustrao, pode se tor- nar to sem graa quanto a flor meramente vistosa. Se, porm, ela se esmera em polir seus modos mais do que suas unhas, se percebe que a bondade e a alegria devem ser parte inerente de sua natureza femi- nina, aplicando-se tarefa de fazer desaparecer os defeitos de seu carter ao mesmo tempo que faz desaparecer as impurezas de seu rosto, ver que sua vida florescer cheia de esperanas e se converte- r, por seus encantos, na flor predileta do esprito.

A Logosofia encara o problema da mulher em sua essncia, comean- do por interessar vivamente seu pensamento e fazendo com que a natu- reza feminina experimente os benefcios de um encanto superior, qual seja o da graa do esprito pelo cultivo das faculdades mentais. Isso no requer grandes esforos, nem estudos agitados ou pesados.

No bastam somente os cuidados externos para realar a figura humana acima da vulgaridade, pois no trato com os demais apare- cem, com frequncia, as deficincias prprias de semelhante estado. E quanto se anela, nesses momentos, possuir aquilo que, aos gritos, o pudor interno reclama! Uma mulher discreta, gentil e culta sem- pre agradvel, esteja onde estiver. Os atrativos da alma costumam ser muito mais poderosos do que os do fsico.A mulher deve ser fina em seus modos e em sua linguagem. Todo gesto, expresso ou atitude que atente contra sua feminilidade a enfeia, chegando mesmo a convert-la numa pessoa que inspira repulsa.

Para adquirir as belas qualidades que tanto adornam seu carter, necessrio que a mulher se disponha a isso com especial dedicao. Aprendendo a conhecer de que modo os pensamentos atuam e influenciam a vida, buscar a companhia daqueles que elevem seu esprito e contribuam, por um lado, para dar brilho a sua figura de mulher superior no meio ambiente em que atue e, por outro, para fazer com que sua alma desfrute as inumerveis prerrogativas que oconhecimento abre s possibilidades de viver uma vida mais ampla. uma vida mais cheia de atraes do que a vulgar, por conter ela uma to grande variedade de motivos que no s despertam o ser interno num novo mundo, mas tambm o extasiam ante a grandeza dessa parte da Criao que permanece ignorada para os que no sabem que existe nem se dispem a obter os meios para conhec-la.

Portanto, o cultivo mental deve constituir para a mulher uma neces- sidade to intensa quanto a que sente de embelezar sua pessoa.

Mas isso no tudo. Pode-se muito bem presumir que os benef- cios que uma preparao dessa espcie lhe oferece sejam incalcul- veis. A posio espiritual da mulher que sabedora de que conta com aptides para enfrentar a vida muito diferente da posio daquela que no as possui. E quem, seno os prprios filhos, haver de recordar com gratido essa graa quase sublime que uma me inteligente e culta derrama sobre suas almas? Que prmio maior pode haver para seus sacrifcios que o de ver seu nome, smbolo de exemplo, ser bendito e venerado por todos? Mulheres assim so as que forjam o ideal das geraes.

neceSSrio conduzir oS homenS pelo caminho do penSamento ativo

As energias vitais do ser humano dependem de sua organizao mental

De uma conferncia proferida por Raumsol na Escola de Logosofia de Crdoba,em maio de 1940.

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Depois de uma prolongada ausncia, volto a esta provncia de Crdoba, que certa vez chamei de a terra do porvir, e nada me pode ser mais grato do que dirigir-lhes a palavra e abordar o tema de nossas preocupaes.

certo que chego num daqueles instantes supremos vividos pela humanidade. Ningum est alheio aos acontecimentos atuais; entre- tanto, faamos abstrao, por uns momentos, de tudo que est pro- movendo tantas agitaes no mundo, e pensemos que ainda estamos vivendo num mundo de realidade, e no de fico. Dessa maneira, vocs podero compreender com maior facilidade o que vou dizer.

Quando comecei a dar os ensinamentos logosficos, por certo havia previsto o que ia acontecer na mente dos homens; por isso, esforcei-me com singular tenacidade para que fossem muitos os que pudessem estar em condies de resistir aos embates das correntes mentais e de cons- truir, individualmente, uma fortaleza invencvel contra os pensamentos estranhos natureza de cada um, pensamentos completamente contr- rios paz, felicidade e realidade.

E foi assim que dei a conhecer as primeiras noes sobre a vida dos pensamentos, instruindo depois sobre a maneira de conhec-los, identific-los e classific-los, a fim de que fosse possvel escolher osmelhores, atuar com eles e repelir os piores, ou os que fossem perni- ciosos para a prpria evoluo, tal como deve fazer todo aquele que queira ser sensato consigo mesmo e depois com os demais. Preparei as mentes dos discpulos, capacitando-os para construir suas defesas mentais, inundando-os de serenidade, fazendo da reflexo uma verda- deira iluminao mental, a fim de que nada nem ningum pudesse perturbar a ordem interna que o homem deve estabelecer para manter o prprio equilbrio e atuar com conscincia.

S possvel fortificar a mente quando a ela so fornecidos os ele- mentos necessrios. Se, porm, a despovoamos daqueles pensamentos que devem ser os agentes naturais de fiscalizao interna e externa, pensamentos dos quais cada um possa se valer para seu juzo pessoal, a mente fica debilitada. Dizendo melhor, a mente fica convertida num pequeno forte que no pode resistir, mesmo que queira, invaso de pensamentos estranhos, provenientes de outras mentes. Da que veja- mos e observemos a cada instante como os homens so levados incons- cientemente de um lado para outro, sem que sua vontade consiga se impor imperiosa exigncia dos pensamentos que, comeando por seduzi-los, chegam mais tarde a manej-los a seu bel-prazer.

Um dos princpios que estabeleci, quando dei os primeiros ensina- mentos, foi aquele que manifestava a necessidade de o homem evoluir conscientemente. Ao dizer assim, englobava nisso toda a atividade que ele capaz de desenvolver durante sua existncia, atividade que s pode ser desenvolvida quando a mente est em condies de tomar, em primeiro lugar, as diretrizes de um pensamento central que dirija todos os demais pensamentos que penetrem na mente e aconselhe, antes de atuar, o que mais convm felicidade ou ao melhoramento da pessoa.

Isto que est acontecendo no mundo se deve ao fato de os homens terem parado de pensar.(1) S assim se pode conceber que imensas mas- sas humanas tenham chegado a se converter em rebanhos inconscien- tes, para serem em seguida lanadas a uma matana inconcebvel.

(1) Parar de pensar significa, para o logsofo, uma espcie de inibio mental, inrcia, falta de vontade, impotncia, na qual o homem se submerge quando no capaz de expor seu pensamen- to e lutar contra os perigos que possam ameaar sua existncia e a de seu povo.No existiram, no possvel que tenham existido at o momento, homens verdadeiramente donos de seus pensamentos, que soubessem o valor destes, que os conhecessem como expresso viva das foras humanas. Se tivessem existido, no teria ocorrido o que estamos pre- senciando,* e que foi precedido pelo desencadeamento de uma guerra mental em que os pensamentos do mal invadiram todas as mentes sem defesa e, ao inibi-las, as incapacitaram para atuar e para defender-se.

At o momento presente, no houve naquele continente homens que, em verdade, pudessem dirigir as mentes de seus sditos, homens capazes de gui-los para o bem e com a fora necessria e suficiente para contrapor- se ao mal. Do contrrio, as foras do bem se dissolvem, por no haver nelas a energia indispensvel para se imporem aos pensamentos do mal.

E assim se foram unindo uns aps outros os grandes erros, porque para resolver grandes problemas se requerem grandes mentes, e as mentes deveriam ter se esforado para aumentar sua capacidade de discernimento medida que aumentava o volume dos problemas. Eis que, porm, cegados pelo impulso de rancores enraizados h sculos, foram se afastando cada dia mais dos verdadeiros princpios em virtude dos quais e somente deles a humanidade pode existir: os princpios que repousam na palavra Justia. As consequncias do desconhecimen- to deste princpio fundamental so as injustias e, depois, a imensa dor que leva o homem a sentir, no mais profundo de seu ser, a gravitao de todos os fatos ocorridos at o momento presente, como causas ni- cas e diretas da responsabilidade que cabia aos que deveriam manter o princpio da Justia acima de todas as coisas.

Volto a afirmar que isto nada mais do que o resultado do absoluto desconhecimento do que deve significar para o homem a vida dos pen- samentos, pois so eles os que sempre atuam nos diversos pontos do planeta e, muitas vezes, talvez na maioria dos casos, com total prescin- dncia do controle das mentes, o que a mesma coisa que uma fora infernal que andasse solta pelo mundo.

Repito, mais uma vez, que os acontecimentos atuais, e ainda os que viro, foram produzidos porque a humanidade deixou de pensar. No

N.T.: O autor refere-se Segunda Guerra Mundial, especialmente no continente europeu.

culpemos ningum: so muitos os culpados, e nada se ganha apontan- do esse ou aquele. Deve-se procurar, mais que tudo, reparar no possvel esse erro da humanidade.

Ao percorrer diferentes lugares, vejo muitos homens quase que chegan- do ao delrio. Sentem verdadeiro terror de pensar, ou, melhor dizendo, ao experimentarem a necessidade de pensar. E aterroriza-os ter de pensar no que deveriam ter pensado antes, ou seja, nas consequncias que teria para o mundo esta crise, que mental e, portanto, social e humana.

Quando o homem para de pensar, comeam a se corromper as engre- nagens do sistema social humano, a se alterar a ordem de todas as coisas; em poucas palavras, comea a anarquia mental, primeiramente, como lgico, naquilo que diz respeito a cada um. Quem no pensa, quem no tem controle sobre os prprios pensamentos, leva dentro de si uma anarquia individual, j que est merc dos pensamentos que entram e saem de sua mente; no h governo nela. E, assim, o mesmo que acontece em cada mente, individualmente, acontece depois, em conjunto, no seio dos povos.

muito provvel que a dor que nestes momentos trata de sacudir a letargia mental em que submergiram os povos da Europa consiga, des- pertando-os, faz-los retornar razo e lev-los de novo ao equilbrio que j no existe neles, ou seja, lev-los outra vez a pensar.

Proclamo, como uma verdade que um dia poder ser experimentada pelo mundo inteiro, que, quando os homens, todos eles, forem capazes de controlar a si mesmos e pensar, pensar para bem prprio e dos demais, no podero mais existir esses rancores milenares entre os povos, por- que, concordaro comigo, mais fcil se entenderem os homens de pen- samento que aqueles que carecem de toda luz mental. E, tambm, que mais fcil que os traos da generosidade e da nobreza se manifestem naqueles que, pensando, chegaram a saber o que isto significa, do que naqueles que jamais pensaram nisso.

Esta tragdia que estamos presenciando nos mostra, tambm, o que podem fazer as legies dos maus pensamentos, quando esto unidos, se as foras do bem, mesmo sendo mil vezes superiores, estiverem desuni- das. E eis, ento, como se cimentou na mente dos homens um falso conceito: o de que basta ser simples e bom no significado comum dapalavra, e que esse pensamento de bondade seja pacfico e suave em todos os aspectos que ela apresenta.

Se os homens so conscientes de que possuem, por exemplo, valores mentais como os que acabo de citar, eles precisam saber que, para conserv-los diante do mal, devem ao mesmo tempo contar com pen- samentos enrgicos, dotados da energia necessria para que possam constituir uma completa defesa para si mesmos e um auxlio para as mentes de seus semelhantes.

Esse falso conceito, mantido por milhares de almas no Velho Continente, j contribuiu em muito para que se contemplasse de forma passiva, indi- ferente e, pode-se dizer, at depreciativa o avano dos pensamentos que erguem a bandeira da destruio. No obstante isso, a culpa tambm dos que permitiram que esses pensamentos se estendessem e tomassem forma, invadindo depois suas prprias fronteiras, tal como ocorre, num mbito menor, em cada mente humana que no tenha constitudo bem suas defesas. Da que vejamos muitos cometer aes completamente alheias ou estranhas sua prpria natureza, a seu sentir ntimo, aes que jamais cometeriam se no interviessem pensamentos estranhos que, invadindo suas mentes, os impulsionaram para o delito ou para a ao maligna.

Como estas coisas ainda no foram tratadas pelos criminalistas de nossa poca, elas aparecem quase sempre como tendncia inata das pessoas para tais aes, quando na verdade no assim, j que isso acontece justamen- te por efeito de sua incapacidade de escapar da influncia dos pensamen- tos nocivos. Se os povos fossem instrudos da forma como hoje lhes estou dizendo, penso que muitas faltas poderiam ser evitadas, muitos delitos deixariam de ser cometidos, pois em cada uma das pessoas existiriam os elementos indispensveis para que organizassem suas defesas e se tornas- sem conscientes de suas palavras, de seus pensamentos e de seus atos.

Recordo aqui que, faz alguns dias, um discpulo me transmitiu a per- gunta que lhe havia formulado um aspirante aos conhecimentos da Logosofia. Era a seguinte: Que se quis significar, nas pginas das Sagradas Escrituras, ao se dizer: No sereis julgados por vossas palavras, por vossos pensamentos, mas sim por vossos atos? Como o discpulo no soubesse responder, expliquei-lhe que essas palavras significavamque a pessoa seria julgada pelo ato de pensar, que o que promove a palavra e a ao.

Se no se manifesta ou no se realiza, nem por isso teria deixado de manifestar-se como princpio: nesse caso, a pena seria menor, mas isso no quer dizer que o homem no seja julgado pelo ato de pensar, porque a origem de tudo o que ele possa fazer.

Podero me dizer, ento, que no sero julgados os que no pensam, ou os que cometem delitos por no terem pensado. A nenhum de vocs ter ocorrido uma reflexo semelhante; no obstante, ponho isso de mani- festo para que observem que o que expressei pode parecer, primeira vista, uma contradio e, talvez, possa dar lugar a que algum suponha estar livre de todo castigo, simplesmente por no pensar.

Entretanto, isso no acontece, como veremos, to logo meditemos sen- satamente. Aquele que no pensa castigado, em consequncia disso mesmo, como se tivesse pensado, e na medida de sua inteno, porque para isso Deus o dotou de razo e de mente, a fim de que levasse a efeito o ato de pensar. De modo que no h possveis justificativas nem num caso nem no outro, assim como ocorre com as leis do pas onde se vive, as quais cada homem deve conhecer. O desconhecimento delas nada pode justificar, j que so dadas como sabidas. E eis, ento, conciliadas as duas imagens. Castiga-se numa delas a negligncia, o esquecimento e tudo o que possa derivar dessas duas condies negativas da mente humana; na outra, a m inteno, o pensamento que deu origem a esse ato em que teve de intervir o mecanismo mental. Ao castigar o pensamento, castiga-se a mente e, como de supor, esta transmite o castigo a todo o territrio humano.

Estou-lhes expressando palavras da Logosofia, ao mesmo tempo que apresento imagens (casos ou exemplos) de estrita atualidade. Estou-lhes dando uma verdadeira aula mental, para que, se j comearam a pensar, o faam melhor, com plenitude de conscincia, com mais luz em suas mentes nos momentos em que concentrem todas as suas energias, a fim de fortalec-las nesses instantes.

Nos diferentes ensinamentos que tenho dado e publicado, muito o que falo justamente sobre a atividade dos pensamentos e da mente, mas to imenso o conhecimento que se refere ao conjunto de elementospertencentes mente e aos pensamentos, que, em realidade, ningum poderia dizer que j no necessita de mais luz para poder governar a si mesmo e levar esses agentes auxiliares mente dos demais.

Tudo o que se refere ao sistema mental um mundo de maravilhas, e quanto mais o homem se interne nesse conhecimento, mais experimentar a sensao de que existe, pois muitos chegam velhice e pouco o que sabem de sua existncia. Possivelmente, em minutos muito contados se detiveram a pensar que existiam, que sua vida devia ter algum papel nesta existncia. Se mais detidamente se tivessem posto a examinar todos os momentos de sua vida, poderiam, ento, ter chegado concluso de que, com mais conhecimento, melhor aproveitamento teriam feito dela, chegando at a duplic-la, a triplic-la e, pode-se dizer, a centuplic-la, porque aquele que pensa vive intensamente a vida. Ao contrrio, quem no pensa deixa correr os dias e os anos, que vo sendo absorvidos pelo tempo. Ningum se recor- da deles, nem sequer o vizinho. Mas quem pensa, quem faz com que seus pensamentos sejam conhecidos, quem se movimenta, quem transmite uma vitalidade superior dos demais, esse no s vive com intensidade a vida, mas tambm amplia o tempo, faz num dia o que outros no fazem em anos.

Todos os dias ou minutos em que no se pensa tempo perdido, vida morta. E todo tempo que se aproveita pensando tempo de vida, vida que se renova, na qual no apenas os momentos presentes e futuros so vividos com intensidade; os do passado tambm se revivem, e ficamos em contato permanente com todas as imagens que nos devem ser familiares, porque todas elas devem constituir uma espcie de conselheiro para as futuras atuaes. Destas imagens, muitas foram colhidas da experincia, outras do estudo, e outras da meditao.

O Criador estendeu a vida dos homens alm da que vivem outras esp- cies; possvel que a tenha estendido para que eles no pensem em nada?

Desse modo, observem o valor que tem para a vida o fato de pensar sempre, sem nunca chegar ao cansao. No se devem cometer excessos e, para evit-los, preciso recorrer ao controle individual, razo, que advertir a pessoa sobre o menor sinal de cansao, a fim de que faa um repouso, uma pequena dieta mental, e continue em seguida suas profundas meditaes, sensatas, cheias de vida, de lgica, de verdade. No pensarem coisas triviais, em coisas que possam afligir o nimo; no levar os pensamentos que se tenham na prpria mente a se juntarem com outros prprios do mal viver. Refiro-me queles que conduzem ao mal pensar e que, mais tarde, vocs levam inconscientemente at sua mente, porque a companhia deles lhes agradou ou porque vocs talvez os tenham achado alegres. Eis como se produzem os contgios mentais, juntando-se primeiro os pensamentos e, depois, os homens, e eis como nos vemos sempre diante da repetio dos fatos: o que a princpio ocorre no ambiente mental passa, em seguida, s manifestaes fsicas.

Com o que lhes estou dizendo nesta noite, penso que vocs tero elementos suficientes para discernir se o ensinamento logosfico igual ao que vulgar- mente se chama de filosofia ou se, nestas palavras, existe manifestamente a vida vibrando em cada uma de suas slabas. Isso porque falo de coisas que so reais, que esto ao alcance da constatao de todos e que contm uma verdade que, cedo ou tarde, o mundo inteiro ter de apalpar os homens individualmente, e o mundo em sua totalidade. Queira Deus que este momento chegue o mais cedo possvel, para que, se no todos, pelo menos uma grande parte possa salvar-se dos horrores do ambiente mental, aqueles que invadem as mentes, produzindo o pnico e inibindo-as de atuar com serenidade, lucidez e sensatez.

Sinto uma gratssima impresso ao observar em todos vocs uma ateno firme, que no diminuiu em nenhum momento, coisa que geralmente no ocorre nas conferncias, nas quais os assistentes, em sua maioria, tm de ser acordados. Isto a palavra logosfica tem: inimiga do sono quando est falando. Mantm o controle do ambiente mental e, por isso, se uma mente procura fechar as persianas, as janelas, para tirar uma soneca, l vai a pala- vra, direta como um raio de luz pela manh, e faz com que abra novamente as persianas, os olhos; sente a brisa fresca e outra vez se dispe a escutar.

A ateno que hoje vocs prestaram a que deve permanecer em todos os momentos em que a mente atua, porque muitas vezes um ligeiro torpor pode ser um descuido, e este pode trazer tambm suas consequncias.

H um estmulo que todos precisaro levar em conta, se quiserem me escutar mais frequentemente: tratar de convidar muitos outros para par- ticipar desta alegria espiritual. Alm do mais, assim se ter neutralizado um pouco qualquer pensamento de egosmo que pudesse existir.Vocs me diro que so numerosos os indiferentes, os que no sentem atrao, neste ou noutros momentos, pela palavra logosfica; mas isso ocorre justamente porque no a conhecem, porque no a sentiram, no a experi- mentaram; e no devemos esquecer que a tendncia humana continuar utilizando sempre as mesmas coisas utilizadas h muito tempo. Vemos isso, por exemplo, at nas pessoas que lavam: usam sempre o mesmo sabo, e como custa faz-los mudar de marca! Vemos, tambm, em quem fuma, em quem toma caf, etc. Geralmente, tomam carinho pelo velho, em vez de tom-lo pelo novo; e quantos, no fosse o temor ao ridculo, vestiriam ainda as calas curtas e as saias de antigamente, talvez guardadas ainda.

E verdade que custa muito na vida desprender-se dos velhos hbitos. H uma idade em que a saia, a gravata, os trajes, so uma preocupao; no se gostaria de troc-los por nada, mesmo que fosse melhor, e, quando preciso usar um novo, os bolsos parecem estar ao contrrio e nele se v toda uma penca de defeitos.

Vocs acabaram de ver como o costume, a tendncia j arraigada no esprito humano, o que tem de ser renovado, o que tem de ser desar- raigado, porque do contrrio as pessoas estaro sempre ligadas a um pre- conceito e no avanaro, temendo afastar-se daquilo que lhes querido, que acariciaram durante tanto tempo e que, se no est a seu lado, parece que a prpria vida lhes falta. E se para as mercadorias h vendedores que conseguem mudar o pensamento das donas de casa, impondo uma nova marca, penso que o discpulo, que no oferece mercadorias, que oferece algo pelo qual no se exige pagamento, ter mais possibilidade de impor a Logosofia, mais ainda porque oferece a quem escuta a oportunidade de provar o que oferece, de experiment-lo e, se no gostar, de devolv-lo.

Pois bem; ofereamos nosso sabo mental; um sabo que lava as mentes, que as purifica, que as higieniza, cuja aquisio no custa absolutamente nada a ningum. Some-se a isso o fato de que vai durar por toda a vida, porque no se gasta, podendo ser utilizado no s para lavar a prpria mente, mas tambm para que outros possam desfrut-lo.

Uma das coisas mais convenientes para o conhecimento do discpulo analisar os problemas mentais, os prprios e os alheios, aqueles que so diariamente observados. Deve estud-los e tratar de resolv-los comose fossem os problemas que so passados nas escolas. O discpulo pode muito bem recolh-los do ambiente e, quando no puderem ser logo resolvidos, dever anot-los at conseguir mais conhecimentos, pensar neles de tempos em tempos, at alcanar a alegria de se sentir capaz de resolv-los, sempre com o auxlio dos conhecimentos que a Logosofia constantemente lhe oferece.a logoSofia prepara a mente e a adapta para campoSmaiS intenSivoS de atividade

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Sendo a mente o principal dispositivo da psicologia humana, devi- do importncia fundamental de seu sistema, s nela possvel firmar a nica esperana lgica, para poder experimentar uma mudana favorvel e positiva na conduo da vida para um futuro melhor, j que isso implicaria tomar contato com o conhecimento que encerra essa arte suprema que d ao homem o domnio dos ele- mentos ou das foras que operam no cenrio da existncia humana. Esse domnio, logicamente, deve ser alcanado mediante contnuos e rduos esforos para no frustrar as nsias do esprito, que, infati- gvel, busca o caminho de sua liberao pelo conhecimento. a liberao de todas aquelas limitaes que oprimem o homem e o inabilitam para possibilidades maiores no transcurso de sua cami- nhada pela senda da evoluo consciente; liberao da ignorncia que adormece sua inteligncia e das sombras que obscurecem sua razo, impedindo que o entendimento possa desfrutar a sublime felicidade que implica a posse de to precioso poder, qual seja o da penetrao mental pela compreenso plena, que se verifica na cons- cincia merc do rigoroso controle do discernimento.

Preparar a mente deve ser o alvo, o objetivo bsico, e para isso tero de tender todos os empenhos da criatura humana, qualquer que seja a sua idade, se quiser transformar sua vida vulgar, limitada e exposta s contingncias de uma luta extenuante e estril, e pre- dispor seu esprito a uma nova forma de vida que substitua seu destino incerto por um futuro pleno de ventura. Mas isso no se consegue pelo simples fato de ler um livro, ou dois, ou muitos, nem se aprofundando em teorias, ou seguindo como autmatos mtodosque no passam de belas palavras. que isso, apesar de nos mais avanados poder ensejar que alguma preparao fosse adquirida, na maioria s contribuiria para aprofundar ainda mais o abismo do erro e para que a confuso se fizesse ainda maior.

A Logosofia mostra que, para evitar desvios e perda de tempo que depois sero lamentados, preciso partir de um princpio inquestio- nvel. Este princpio, que tem de ser sem dvida alguma o que encaminhe os primeiros passos, est determinado pela lei que rege todos os processos. Isso quer dizer que, se buscamos uma soluo X, no devemos obter por resultado uma soluo Y; e, se prepara- mos os elementos para construir um edifcio, temos que idealizar primeiro, ao conceber suas linhas arquitetnicas, sua estrutura e, depois, realizar os planos para dar incio imediato obra. Cuidaremos sempre para que no final ela no resulte num barco, ou numa ponte, ou num monumento, o que estaria muito longe de ser o pensamen- to original. Quantos existem que, projetando realizar uma obra qualquer, depois se veem diante de um espantalho! a incapacida- de, pela ausncia de conhecimento, que faz os homens se perderem no labirinto de seus prprios pensamentos e ideias.

Caso se queira edificar com elementos de incalculvel utilidade uma existncia frtil em produes de elevado benefcio, e que todas as aes estruturem um destino melhor e coloquem o homem num lugar privilegiado no conceito do mundo, deve-se comear, como indica a Logosofia, por efetuar um reconhecimento no mundo inter- no da pessoa, a fim de estabelecer quais so os valores permanentes, bem como em que medida e com que capacidade de conhecimento se pode fazer uso deles. E se esse exame mostra inabilitao para conduzir-se por prpria iniciativa, partindo desse ponto se chegar muito prontamente ao convencimento de que necessrio recorrer a outros conhecimentos que faam possvel e facilitem a tarefa que cada um se proponha cumprir, ao decidir-se ou optar por encami- nhar-se para a conquista daquilo a que aspira.

Repetimos: se algum pretende alcanar com xito os fins do ideal concebido, ser necessrio munir-se daqueles elementos que propi-ciem o processo de aquisio de novos valores e permitam dirigir a evoluo para um campo de maiores possibilidades. Tais elementos viriam a ser a escolha do ambiente, dos semelhantes e de todas aquelas coisas que representem, para o cumprimento dos objetivos e aspiraes, os verdadeiros meios de expresso com os quais se deve conviver e, at, identificar a prpria vida.

necessrio ampliar as perspectivas oferecidas pelos limitados ambientes em que geralmente se atua. Dilatando-se, assim, o campo das atividades mentais, lgico que a vida adquira um volume ines- perado quanto sua potencialidade dinmica e s prerrogativas que, dia aps dia, se iro abrindo na viso panormica que os prprios avanos apresentem.

Um contnuo adestramento no manejo dos novos conhecimentos que a Logosofia pe ao alcance do homem indispensvel e impres- cindvel para adaptar seu temperamento s exigncias de uma ativi- dade mais intensa, e para que o cansao no se deixe jamais entrever por entre os meandros do organismo. Dessa maneira, ele estar constantemente sendo dotado de energias e da fora vital necessria para no fraquejar nos momentos culminantes, nos quais a resistn- cia do sistema mental reclama e deve obter o melhor das reservas internas, a fim de assegurar o prprio triunfo.

A Logosofia, ao oferecer os elementos bsicos para a realizao feliz de cada processo individual, permite que todos no apenas encon- trem os meios adequados de que necessitem, mas tambm e isto igualmente muito importante obtenham o estmulo necessrio para tornar mais grata a tarefa que a pessoa se tenha imposto. Esses ele- mentos so: o ambiente da escola logosfica, o discipulado em geral, os livros e demais publicaes postos ao alcance dos diversos graus de compreenso e, acima de tudo isso, o prprio autor da Logosofia.

o valor da inStruo logoSfica

Comprovaes da eficcia do mtodo

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Em diversas ocasies foi apresentada cincia logosfica a seguinte indagao: Como o estudante ou investigador logosfico percebe seus prprios avanos e mudanas de posio na ordem hierrquica das mani- festaes compreensivas de sua inteligncia? Como, ou com que meios, comprova sua efetiva evoluo?

A Logosofia, ao responder, prefere reportar-se experincia, mas certa- mente ser muito oportuno formular algumas reflexes a respeito.

A criana sempre a ltima a perceber seu crescimento, mas isso no impede que os demais o percebam. Ainda que no seja este o caso de quem recebe os benefcios do conhecimento logosfico, convm t-lo presente.

No campo experimental desta cincia penetram seres de todas as ida- des e do mais variado perfil psicolgico. Vejamos o caso daqueles que, admitidos em qualquer um dos ramos da cincia oficial, percorreram um considervel trecho do trajeto de suas vidas; noutras palavras, chegaram a entrincheirar-se em suas posies, adotadas em funo das diversas fases a eles apresentadas pelo quadro moral, social, econmico, etc., do ambiente mundano (melhor se entender assim do que se dissssemos do mundo).

Essas mesmas pessoas, depois de experimentarem a influncia ben- fica e construtiva do mtodo em questo, nas mltiplas oportunidades que a experincia diria oferece, em pouco tempo comprovam que aquilo que no puderam obter dos estudos universitrios, nem da lei- tura de textos, nem da influncia familiar ou dos crculos de seu rela- cionamento, foi conseguido graas ao auxlio constante do conheci- mento j mencionado. com a aplicao e o uso continuado desse conhecimento que se obtm a verdadeira tcnica logosfica. Ela faculta ao investigador sincero penetrar sem maiores dificuldades em todos os ambientes ou campos mentais, cum- prindo um valioso trabalho de observao, sem ser agredido ou influencia- do pelos pensamentos dominantes, acostumados a se impor a todos os que com eles tomam contato.

O bom observador deve passar por todos os ambientes sem contaminar seu esprito. Em toda circunstncia em que lhe caiba atuar, dever conver- ter-se no elemento neutralizador dos conflitos e conciliador das desinteli- gncias; seu lema tem de ser: atuar, atuar sempre, semelhana da energia que opera na natureza, em perene atividade.

As obras no so realizadas durante o descanso e, menos ainda, na inrcia. preciso ser sempre diligente e favorvel a qualquer emenda que contribua para uma maior perfeio; deve-se estar sempre disposto a reconhecer, com natural espontaneidade, quais foram os fatores que intervieram nos xitos, tendo ao mesmo tempo presentes os elementos logosficos que foram uti- lizados, a fim de no descuidar a sua aplicao em casos futuros.

O complexo da psicologia humana to vasto, que qualquer pessoa pode estar plenamente segura de que a cada cinco minutos haver de acontecer um fato que a afetar diretamente.

O valor da instruo logosfica se deve, pois, ao fato de oferecer ao entendimento humano um inesgotvel campo de experincias, as quais, sem diferirem grandemente das comuns, tm por outro lado a virtude de no passarem despercebidas e serem uma fonte de recursos e elementos de inestimvel valor para a anlise. o ouro que se extrai, depois de peneira- do o p intil que pretende ocult-lo.

A eficcia do mtodo reside na comprovao que cada um efetue em si mesmo, ao constatar os inesperados progressos de seu entendimento. Duas posies confirmam isso: antes, noventa ou, por que no dizer, s vezes cem por cento das coisas lhe eram incompreensveis, ou eram apreciadas erroneamente. Aps a aplicao do mtodo logosfico, consegue compre- ender essas mesmas coisas, e muitas delas lhe parecem dignas de preocu- paes infantis. A viso mental se desenvolveu e aprecia com vigoroso discernimento cada coisa em sua justa medida.Mas onde se verifica com maior eloquncia a bondade inquestionvel do mtodo na observao que o logsofo mais experiente, com notvel fre- quncia, faz ao lado da que efetua sobre si mesmo sobre aqueles cuja prtica ainda incipiente.

Ser necessrio explicar, aqui, como so realizadas essas observaes e que mrito tm elas na avaliao dos prprios progressos.

prtica corrente, no ambiente dos estudos logosficos, que, alm da instruo dada diretamente ao discipulado, cada um se adestre na utili- zao dos ensinamentos. O adestramento constante no emprego desses conhecimentos favorece, em grau mximo, a flexibilidade mental, e a inteligncia desenvolve seu volume at onde lhe permitam as possibili- dades individuais. Neste ponto, deve-se ressaltar que, numa infinidade de casos, aquele que segue um processo logosfico de superao corri- gido de mil maneiras, sem que em muitssimas delas chegue a perceb-lo, tal a sutileza do mtodo e o gnero de discrio que se observa. S preciso, em algumas circunstncias, permitir que a pessoa veja isso cla- ramente, no caso de ela desconhecer a evidncia do benefcio que obtm mediante o mtodo e quando, equivocadamente, considera o avano alcanado como obra exclusiva do progresso pessoal, desconsiderando o trabalho realizado pelo ensinamento.

Uma pessoa, por exemplo, que aos 35, 40 ou 50 anos no teve duran- te muitos desses anos a menor variao em sua vida no que se relaciona s suas atividades mentais e que, depois de realizar um processo logo- sfico feliz, se capacita e evolui de modo notvel at um estado emi- nentemente superior ao que tinha antes, no pode negar que deve tal conquista, mesmo que nisso tenha posto toda sua dedicao, instru- o logosfica recebida nesse espao de tempo. Muito diferente o caso do jovem que toma contato com esta cincia experimental e que evolui com a idade, sem poder estabelecer um paralelo entre o que pde con- seguir sem ela e o que dela obtm enquanto nele se operam as transfor- maes lgicas da juventude para a maturidade.

A eficcia do mtodo inegvel. S que, para conseguir os melhores resultados, ser necessrio que a pessoa, para seu exclusivo bem, se disponha em princpio a encarar a tarefa a empreender com decididaboa vontade, com toda a energia e sinceridade que o caso requer, e, uma vez que tenha entrado de cheio no campo da sabedoria logosfica, con- tinue sem desnimo at obter os maiores benefcios, capacitando-se assim para cumprir altas funes de bem onde quer que encontre ambiente propcio para oferecer servios em favor da humanidade.a arte de criar a Si meSmo (i)*

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At parece que nada pode mudar o rumo dos acontecimentos, e que a fatalidade persegue o homem como uma sombra sinistra, implacvel e tenaz, ora fazendo-o desfrutar os prazeres efmeros de um den proibido, ora arrastando-o pelas vias tortuosas do infort- nio. J se disse que o homem um joguete do destino. Quem tenta escapar dele corre o perigo de ser despedaado pelo choque das duas foras em luta: a que obedece ao imprio do acaso e a que a ela se ope, com apoio na vontade pessoal.

A primeira a fora natural que a todos assiste e alenta para suportar a vida, mas uma fora limitada ao cumprimento desse des- tino comum dos homens que vivem uma existncia corriqueira, sem outros objetivos que os que possam ser oferecidos pelos rumos desse acaso, chamado algumas vezes de fortuna ou felicidade e, em outras, de misria ou desgraa. A segunda a que o homem mesmo cria para combater a adversidade, venc-la e dominar esse acaso, forjando com fecundo empenho o seu novo destino.

Entretanto, com base em que conhecimentos pode o homem criar uma fora que seja to suficiente a ponto de neutralizar a influncia da outra, e at dar fim a essa influncia, enquanto que, com o apoio de sua vontade, lhe pode ser permitido fazer aparecer no cenrio de sua existncia os mais variados e valiosos recursos, que o ajudem a encarar a vida com o acerto e a firmeza de que os demais carecem? Respondemos: com base nos conhecimentos que configuram a arte mais requintada e difcil que existe a de criar a si mesmo.

Arte suprema e excelsa, ela cativou o pensamento de muitas gera- es, sem que salvo raras excees se conseguisse realiz-la em sua perfeio. Sonho de tantos homens que escalaram elevados

N.T.: Ver na p.91 parte II deste artigo.

cumes, sem alcanar aquele que se confunde com o cu e se identi- fica com a prpria essncia da Criao. Arte cobiada por todos os nscios e ambiciosos que tiveram e continuam tendo a pretenso de conhec-la a insensatez faz prodgios na mente dos ilusos , e se elevam com arrogncia ante a realidade que os condena. Os gnios, que o foram por virtude dessa arte, jamais se negaram a ensin-la a quantos pediram o auxlio de sua sabedoria. Mas no s o ensino e o aprendizado terico o que d ao homem a faculdade de alcanar to elevada finalidade. o trabalho assduo, a observao aguada e constante, a aplicao prtica do conhecimento, o que permite o exerccio consciente do sistema mental, favorecendo e agilizando os movimentos internos de acordo com as necessidades lgicas provo- cadas pelas exigncias da evoluo, j dirigida por quem tenha se iniciado nas excelncias dessa arte.

Quais so os conhecimentos que configuram tal arte? E o que se deve entender por criar a si mesmo?

Na bibliografia logosfica existe uma vasta informao a respeito, pois no pergunta que possa ser respondida com poucas palavras; porm, como necessrio ilustrar de algum modo o leitor, diremos que, para empreender uma tarefa de tanta transcendncia, foroso que o homem no ignore nada do que concerne sua constituio psicolgico-mental e, alm disso, foroso que conhea a fundo o mistrio dos pensamentos. Esse mistrio deixar de s-lo to logo a inteligncia atue sobre os pensamentos, os domine e os faa servir aos propsitos que animem seu esprito; noutras palavras, to logo se tenha capacitado para proceder a um reajuste consciente e efetivo de sua vida.

No ser possvel ao homem, por maior que seja seu empenho e boa vontade, mudar as perspectivas de sua vida e criar, dentro de si mesmo, uma nova individualidade com caractersticas diferentes das que configuram sua natureza pessoal, se no adquirir e utilizar os conhecimentos que constituem toda uma especialidade, ignorada at o presente momento, que a Logosofia, como fonte de Sabedoria de inegvel originalidade, oferece generosamente razo humana.Dissemos que tais conhecimentos constituem toda uma especialida- de, e isso por serem todos eles de ndole ou natureza diferente, se comparados aos conhecimentos comuns. E apresentam uma diferena essencial, porque compreendem um sistema que ainda desconheci- do para o mundo da cincia, fato este que confirma sua originalidade. Se estivesse no acervo comum, j teria sido empregado.

Ocorre que, especializando-se nesses conhecimentos, os maiores xitos so obtidos na criao de uma nova individualidade, tal como dissemos, e tambm so criadas novas possibilidades, novas satisfa- es, novas alegrias e novos e positivos valores no prprio indivduo.

A Logosofia no ensina ao mdico os conhecimentos da medicina, que ele j sabe, no ensina ao advogado os que dizem respeito ao direito, nem ao engenheiro os da engenharia, etc. Seria um erro con- siderar assim a funo primordialssima da Logosofia, que, como muitos j comprovaram e testemunharam, constitui um auxiliar de projees inesperadas, no s para os graduados em qualquer um dos ramos da cincia oficial, mas tambm para todo homem, seja ele titu- lar de qualquer profisso, poltico, comerciante, industrial, ou que desempenhe no importa qual outra atividade em que a mente seja, tal como pensamos que deva ser, o grande fator que determina os xitos ou os fracassos da pessoa a quem ela pertena.

Esta cincia, portanto, abre ao gnero humano um novo e dilatado campo de experimentao, que habilita o homem para atuar com uma eficcia admirvel em todos os aspectos, dispondo de um con- junto de elementos de incalculvel valor. que o mtodo logosfi- co, aplicado com a devida inteligncia e sensatez, produz os mais apreciveis resultados, e o acmulo de riquezas na ordem mental aumenta em relao direta com a progressiva capacitao dos que o utilizam em benefcio de seu aperfeioamento, bem como em bene- fcio e para o melhoramento dos que tomam contato com o saber e a experincia daqueles que cultivam a arte da superao integral.

o Segredo da funo criadora do eSprito

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Muito j se falou do esprito numa considerao emprica ou do ponto de vista metafsico, que o concebe como algo imaterial e invisvel.

Vamos nos afastar discretamente de todos os critrios conhecidos, para determinar a nosso modo o que a Logosofia estabelece sobre o esprito como expresso substancial.

O homem, em si, no seria mais do que uma forma humana seme- lhante a tantas outras, se no possusse um esprito que o animasse. Ao dizer forma, referimo-nos ao envoltrio humano com todos os seus acessrios internos. O que faz o corpo experimentar a vida o ar, com sua dose de oxignio certamente no determinada nem fixada pelo homem.(1) , e, em segundo lugar, o alimento que o con- serva e fortalece.

Porm, se o esprito no atuasse no homem, refundindo-se na pr- pria vida para ergu-lo, faz-lo caminhar e torn-lo consciente de sua existncia, ele no seria mais que uma pequena massa inerte, comple- tamente intil para desenvolver-se num mundo onde impera o pensa- mento e onde a inteligncia o fator que define a natureza e proprie- dade do mundo que ele habita.

Convenhamos, pois, que o esprito quem pe em funcionamento o organismo e o faz servir aos fins mais teis da vida. O aparelho mental, esse extraordinrio sistema que o homem possui, o conduto pelo qual o esprito se manifesta e assume expresses de admirvel realidade experimental.

(1) Este fato demonstra a existncia de algum superior ao homem, algum que vela por sua vida.No obstante isso, o fato de promover no nimo da pessoa as mais sugestivas reaes, tendentes a preocupar a razo no sentido de ofere- cer um amplo campo de possibilidades a suas funes criadoras, no quer dizer que seja comum espcie humana isto , ao homem pos- suir o segredo dessa funo ou ser rbitro incontestvel do saber. Isso s pode ser concedido pelo poder do conhecimento, geralmente reser- vado s almas que se sobrepem limitao humana comum e cum- prem, com o maior zelo, os elevados preceitos da Lei de Evoluo. necessrio que o esprito, alma de todo movimento, no se recolha e desaparea do cenrio de nosso teatro interno, para que no acontea conosco o que acontece com muitos que, quando tm que reforar alguma afirmao que escapa ao domnio da conscincia, devem recor- rer ao pensamento ou experincia alheia.

Isso quer dizer que, se o esprito a alma de todo movimento, a linha de conduta deve ser invarivel no sentido de propiciar em nosso mundo interno uma atividade ininterrupta, a fim de que esse esprito se manifeste em ns cada vez com maior potncia, fazendo-nos partici- par do conhecimento das maravilhas que, com tanta razo, a Vontade Suprema, que se reflete na Criao, oculta ignorncia humana.

Essa atividade interna, ou melhor, essa atividade mental a que nos referimos, no deve ser entendida como se fosse o simples fato de pen- sar nisto ou naquilo, ou a sobrecarga de trabalho que as preocupaes habituais costumam produzir, nem tampouco as diversas atenes que a mente dispensa a todas as atividades de carter especulativo, seja qual for a finalidade perseguida. No. Trata-se da atividade que compreende desde a organizao do sistema mental at as mais complicadas combi- naes da arte experimental.

O segredo da funo criadora do esprito consiste em apresentar um campo frtil s concepes da inteligncia. O esforo cria a energia e esta, por sua vez, anima novos esforos e lhes d guarida; entretanto, para que estes se tornem teis e no se percam no vazio das coisas vs, devem ser conscientemente inspirados em razes de natureza construtiva e superior.

As energias produzidas pelo esforo devem ser aproveitadas para repor as que forem gastas no trabalho que cada um realiza em benefciode sua evoluo. Se o esprito, que , repetimos, a alma do movimento, no encontra no homem outra disposio alm de uma displicncia consentida, na verdade pouco ou nada o que pode fazer em favor de quem assim se comporta; e, como natural, a produo criativa de sua inteligncia diminuir consideravelmente.

A vida cria a vida. A funo criadora do esprito reside no princpio que substancia a sua fecundidade e se define por sua concepo genrica.

Uma mente vigorizada pelo poder fertilizante dos conhecimentos que passam a fazer parte do acervo prprio permite que o esprito exera sua funo criadora. Esprito e mente se refundem num s quadro de vastas perspectivas humanas e, pela ao contnua dos estmulos que fluem das satisfaes ntimas que a pessoa experimenta em suas nsias de superao os acertos que se traduzem em valores relevantes sem- pre exaltam o entusiasmo , estabelece-se a corrente construtiva que faz possvel intervir, com a eficincia dada pelo saber, em toda obra de reconstruo da vida humana ou de alcances ainda maiores, nas quais se requer um concurso leal e generoso.

noeS elementareS Sobre a mente

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Como voc define a palavra mente? J pensou alguma vez nisso?Pois muito bem; a mente viria a ser o espao onde atuam os pensamentos; como se dissssemos: a casa onde eles entram, se movem, de onde saem, onde se hospedam e, tambm, onde nascem ao calor de fecundas concepes.

Esta definio, to simples quanto profunda, imprescindvel para com- preender fatos e situaes da vida aparentemente inexplicveis ou no definidos, nem esclarecidos com preciso.

Convm saber que os pensamentos, semelhana do que ocorre com as pessoas, tm atuaes prprias. Podem chegar mente de um homem e exercer ali uma determinada influncia. Consideraremos, por exemplo, o caso de um indivduo de escassa cultura em cuja mente surja um pensa- mento que leva em si a inclinao ao roubo. Esse pensamento comea a atuar dentro de sua mente e, ao final de um breve tempo, faz com que o homem por ele perseguido pratique o ato que a inteno do roubo sugere.

Voc sabe como atuam os pensamentos?

O que acabamos de dizer basta para revelar a grande necessidade que existe de conhecer essa atividade. Os aspectos que em seguida adicionare- mos demonstraro ao leitor que essa necessidade realmente imperiosa.

Os pensamentos vivem, se movem e agem, passando de uma mente para outra com enorme facilidade, em busca de pontos de afinidade. Dentro de cada mente podem ir se alternando os mais variados pensamentos, sem que o homem suspeite da presena de tais hspedes, os quais ele confunde com elementos prprios e originais de sua mente.

Nos momentos em que um grande nmero de pessoas padece de pre-ocupaes afins como ocorre atualmente* , os pensamentos, quando por sua natureza se multiplicam, do lugar formao de um ambiente coletivo, seja de ansiedade, seja de temor, etc., que pressiona a todos os que participam do dito ambiente, diminuindo-lhe as energias necessrias para superar a situao ou transformando-o, por contgio, em atitudes blicas, etc.

Da a enorme importncia que tem o conhecimento de como atuam os pensamentos; o primeiro passo que devemos dar para aprender a nos esquivar da perigosa influncia do verdadeiro contgio mental que acabamos de descrever.

Saber como deve o homem selecionar os pensamentos para viver exclusivamente com aqueles que o beneficiam, porque lhe so teis, proporcionando-lhe motivos de satisfao espiritual e moral, eis a obra mais elevada a que podemos nos consagrar.

N.T.: Tendo publicado este artigo em julho de 1941, o autor se refere ao cenrio psicossocial da Segunda Guerra Mundial.

para uma maior capacitao mental

Eficcia da tcnica logosfica

Do ciclo de conferncias pronunciadas por Raumsol na sede da Escola de Logosofia, por ocasio de sua visita capital uruguaia,ocorrida em julho de 1941.

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Antes de comear minha conferncia desta noite, quero expressar que sinto uma profunda satisfao pela declarao que, por unanimidade, a honorvel Cmara dos Deputados da Repblica Argentina tornou publica, ao render uma justa e elevada homenagem ao povo uruguaio, pelo transcurso do 111 aniversrio de sua independncia. Isso reflete o esprito de irmandade que indiscutivelmente existe tanto na Nao Argentina quanto no Uruguai, esprito que tambm deve prevalecer em relao aos demais pases da Amrica, por ser to necessrio para asse- gurar a paz e a defesa de todo o continente.

Pois bem; vamos estudar hoje alguns aspectos interessantes que a observao logosfica nos apresenta.

Sempre que visito esta importante filial da Escola, que agrupa em seu seio to grande nmero de discpulos, percebo, enquanto me dedico tarefa de ministrar os ensinamentos que lhes dou em cada oportunidade, algo assim como se de pronto suas inteligncias se ilu- minassem, ao mesmo tempo que suas mentes se apresentassem geis e predispostas a uma maior atividade. Em seguida, essa ecloso de energias que faz vibrar seus espritos de entusiasmo e s alegria, e que continua por um tempo, at onde vocs so capazes de manter esse estado to excelente e que tantas satisfaes lhes oferece gra- dualmente vai diminuindo de intensidade, at desaparecer quase quepor completo. Seria natural que isso ocorresse, se vocs no fossem suficientemente preparados para evit-lo.

Quando me encontro entre vocs, imprimo s atividades logosficas um ritmo mais veloz; em consequncia disso, os pensamentos agem em todas as mentes com maior rapidez e, digamos assim, com maior deci- so e confiana, j que os resultados no se fazem esperar e so sempre de inegveis mritos.

A tendncia geral da mente humana permanecer inativa, entregue a fceis cavilaes ou desfrutando o torpor da inrcia. Somente ao brotar de vez em quando, por entre os prticos da reflexo, algum lampejo ou vislumbre de algo que lhe cause certa inquietude ou a impressione vivamente, que ela reage e se dispe a mudar de atitude, adotando uma postura mais em concordncia com as leis do movimento.

necessrio, pois, vencer essa tendncia to prejudicial, e que tanto atenta contra a normal evoluo do esprito.

Para isso, imprescindvel mobilizar todos os elementos mentais de que se disponha dentro de si e impedir que a vontade seja relaxada pela indolncia.

Alguns diro: Mas como, se eu trabalho, se no paro um minuto em minhas atividades! possvel que assim seja. Entretanto, costuma acontecer darem-se muitas voltas para fazer tal ou qual coisa, e o essen- cial e razovel realizar muitas coisas teis em pouco tempo, e no poucas e sem maior valor em muito tempo.

O homem, neste caso o discpulo, deve esforar-se em aumentar sua capacidade de produzir, e isso ele conseguir sem maiores dificuldades se utilizar com boa previso os conhecimentos que j se incorporaram a seu acervo pessoal. Ento, aproveitar o tempo com o mximo de benefcio. Por outro lado, toda atividade inteligente ndice de um bom estado mental; refiro-me ao pleno gozo da inteligncia em suas mais amplas prerrogativas. Em tal caso, todo labor orientado de forma sadia construtivo por excelncia.

de ressaltar, porm, que no se deve entender que necessariamente as atividades devero consistir em atividades externas, j que, antes de elasse verificarem, ter sido preciso ser gerado internamente o propsito. O dito labor interno o que particularmente quero destacar, por ser lgico que, para assegurar a fertilidade de qualquer atividade, sempre conve- niente preparar detidamente as imagens mentais(1) com as quais ser pre- ciso atuar no cenrio externo. Essa preparao trar como resultado um robustecimento dos recursos que cada um possua, ou seja, uma maior confiana em sua capacidade para encaminhar a soluo dos problemas que encare. Depois, o conhecimento cada vez mais profundo lhe conferi- r uma predisposio natural para atuar com certa espontaneidade.

Sabe-se que, na maioria dos casos, preciso um estudo prvio das situ- aes que se queiram enfocar ou que devam ser enfrentadas. Esse estudo, quando a inteligncia est suficientemente adestrada, efetua-se s vezes num tempo recorde, pelo poder de reflexo que se tem em tais circuns- tncias; tanto assim, que at se podem prever os resultados e, em con- sequncia, confiar neles pelo fato de provirem de uma atuao feliz.

No faz muito tempo, estando com alguns amigos que se manifestaram surpresos com a intensidade de minhas atividades, sobretudo no ambiente do pensamento, eu lhes disse que, de fato, tal atividade era considervel e que demandava um forte caudal de energia para encar-la; fiz notar, porm, que, embora muitos de meus trabalhos parecessem surgir como por encanto, por um chamado de minha vontade, tambm era certo que, antes dessa materializao de meu pensamento, havia desenvolvido uma ininterrupta atividade interna, um trabalho constante, metdico e sistemtico, totalmente desconhecido por aqueles que ignoram tal processo de gestao intermental, que culmina com uma manifestao concreta que atrai a ateno dos demais.

Devo, pois, aconselhar que este comportamento seja seguido por todos os que se aprofundem no ensinamento logosfico, se em verdade anelam obter um saldo positivo aprecivel e formoso na contabilizao das atuaes individuais.

Vou chamar a ateno para algo, a fim de que seja levado em conta em todas as oportunidades, e que no se deve confiar no acaso nem tampou- co confiar alm da conta em si mesmo, isto , mais do que seja permitido pelas possibilidades ou, em outras palavras, pela capacidade. Muitos con-

(1) Projetos, ideias, esquemas, etc.fiam em si mesmos sem terem uma base slida para isso; mais tarde sobre- vm as surpresas, os amargos contratempos e as aflies.

As foras de cada um tm que ser medidas pela capacidade de resistncia que as sustenta e pelas reservas de que se dispe para levar a bom termo um empreendimento. Se so estimadas com excesso de otimismo, ou seja, alm do que elas podem conter ou representar, corre-se o risco de provocar posteriormente um abatimento do nimo. A moral sofre um colapso e o decaimento e a desesperana no se fazem esperar.

O ideal seria que todos pudessem confiar em si mesmos, mas primei- ramente devem aprender a saber como e em virtude de quais mritos comearo a ter confiana no prprio conselho. A conscincia individual se esquiva habitualmente da responsabilidade. Isso prova, de forma definitiva, que a pessoa no se sente capaz de atuar com segurana.

A razo no cultivada carece de recursos que protejam a livre ao do pensamento.

Sobre este plano de compreenso, necessrio que se entenda, natural- mente, que o conselho da sabedoria manifestada seja pelo conhecimento ativo (aprendizagem logosfica, experincias, etc.), seja pela simples comu- nicao oral de todo necessrio, porquanto supre com vantagens as prprias deficincias. Refiro-me, neste caso, s deficincias que, de modo geral, so observadas em muitssimos seres, devido falta de ilustrao superior, o que constitui o porqu de seus desacertos. E todos sabem muito bem que, atrs dos desacertos, sobrevm os contratempos e os choques contra as mais adversas circunstncias.

Por outro lado, o campo mental de cada um deve ser preparado com ante- cedncia, toda vez que se queira atuar nele com eficcia, ao se desenvolver qualquer propsito de trabalho. Esse campo deve estar livre de embaraos, mesmo quando se queira utiliz-lo para uma distrao. Isso porque, assim como no possvel trabalhar onde tudo esteja em desordem, e assim como numa praa de esporte no se poderia realizar nenhum jogo se um conjun- to de obstculos impedisse os movimentos dos jogadores, j que estariam tropeando neles com perigo de ocorrerem acidentes pouco agradveis, do mesmo modo no se poderia atuar dentro do campo mental se uma srie de preocupaes embargasse o nimo e impedisse esse fcil desenvolvimentoque a inteligncia tanto necessita quando se prope realizar algo til.

Pois bem; cada atuao supe a utilizao de uma determinada rea mental, semelhana das sementeiras que so preparadas nos campos para diversos cultivos. Cada rea deve ser disposta convenientemente, a fim de que, ao ser utilizada pela inteligncia, no apresente dificuldades livre ao do pensamento. Dessa maneira, o governo da mente, acionando por meio da inteligncia, poder ocupar-se de muitas coisas a um s tempo, sem necessidade de desatender a nenhuma delas.

A maioria das pessoas, por no ter noo alguma sobre essa forma to eficaz de organizar a mente, mistura os assuntos e, ainda que pouco tenha andado no caminho de suas preocupaes, v-se em meio a uma confuso que dificulta o livre jogo de seus movimentos mentais.

sempre conveniente, antes de comear uma atividade, prefixar uma ordem e, toda vez que for possvel, ela no dever ser alterada, a menos que as circunstncias aconselhem um procedimento melhor que o adotado para cada caso em particular. Haver, ento, uma harmonia na conduo consciente de todos aqueles elementos de que venhamos a dispor para levar a bom termo o fim proposto, e seremos cada vez mais donos das situaes. A isso, discpulos, a Logosofia chama de estratgia mental.

Em toda operao, seja de que gnero for, em que deva intervir a inteli- gncia, preciso situar-se no terreno mais firme, a fim de evitar as surpresas da impreviso, que costuma ser um inimigo incmodo, pois se oculta por trs das linhas do entendimento para aparecer, de repente, nos momentos em que a pessoa percebe a falta de algo que poderia implicar, se possudo no devido tempo, uma vitria decisiva ou, mesmo no caso de uma mera obteno de um resultado, encher o esprito de satisfao.

Conclui-se de tudo isso que em nenhum caso se dever misturar a ordem que se tenha estabelecido para cada uma das atuaes, a fim de no provocar confuses inteis e prejudiciais que, depois, com suas consequncias deplorveis, transtornam a boa disposio da vontade, posta to incondicionalmente a servio da razo.

Toda interferncia na ordem estabelecida para cada atividade nociva e reduz consideravelmente as possibilidades de triunfo. No devemos fazerdas circunstncias que surgem de tal ou qual assunto uma generalizao que afete aqueles outros nos quais intervimos, pois se produz de imediato uma desorientao que deve ser evitada em todos os seus aspectos, devido ao fato de que sobrevm, por lgica consequncia, um estado precrio nas relaes entre a inteligncia, a razo e a vontade. No caso do discpulo, isso demonstraria que ele ainda est longe de ter realizado, como requer a evoluo do ser humano, um processo consciente, ao longo do qual teria inmeras oportunidades de conhecer, viver e experimentar muitos aspectos ou partes dessa verdade a que estivesse se familiarizando e que compreende a prpria vida do homem.

A tendncia comum, na generalidade das pessoas, foi sempre a de mistu- rar e confundir as diversas atividades de sua mente, fazendo que qualquer circunstncia que se vincule de modo adverso a uma de suas reas mentais afete todas as demais. Fica fcil observar o que ocorre mais tarde: uma espcie de comoo interna, difcil de prevenir ou dissimular; a razo parece ensombrecer-se; empalidecem as imagens que antes foram brilhantes para o entendimento, e o desgosto toma conta do nimo, pervertendo assim a boa disposio e minando os alicerces da resoluo tomada.

Estes estudos que estou apresentando ao discipulado que me escuta reve- lam, por si mesmos, a transcendncia e a vital importncia que tem o conhecimento da mente humana. A maioria dos sbios do mundo, os cien- tistas do passado e do presente, dedicaram-se to-somente a estudar a mente dos alienados, evitando com muito cuidado faz-lo com os normais, pois lhes teria sido necessrio estar de posse de uma sabedoria que, certa- mente, no manifestaram no transcurso de suas investigaes. Dir-se-ia que, para eles, a mente humana quer no apogeu de suas faculdades, quer em sua simples configurao comum era algo assim como uma gruta impenetrvel. Embora pudessem nela entrar, dificilmente poderiam depois encontrar a sada. E mais de uma vez se viu como foi para eles difcil sair-se bem, depois de estarem dentro do labirinto dos problemas que ocupam esta ou aquela mente e que, estorvando o andamento da reflexo, deixam sem sada o pensamento que se esfora para encontrar uma soluo.

Eu conheo profundamente essa gruta que tantos mistrios encerra para o homem, apesar de ele possu-la e us-la na medida de suas possibilidades.Na verdade, to insignificante o servio que ela presta, em comparao com tudo o que poderia fazer em benefcio exclusivo da prpria pessoa, que tudo que exceda aquilo que o homem vulgarmente conhece dela lhe parece algo estranho ou sobrenatural.

Entretanto, no bem assim, pois tudo est concebido dentro do quadro das leis que operam diretamente sobre a prpria existncia do ser humano.

medida que o homem for obtendo uma maior capacidade mental, e sua inteligncia alcance contornos mais amplos na esfera de seus conhe- cimentos, a magnitude de seu desenvolvimento interno lhe parecer cada vez mais natural e lgica. Ele at se espantar de haver tantos que estejam to longe de suspeitar as riquezas que possuem e que podem desfrutar, nesse mundo mental que se abre ao entendimento quando este se dispe a penetrar nele com firmeza, com deciso e, sobretudo, com sensatez.

diverSoS pontoS de enfoque do labor logoSfico

Da conferncia pronunciada por Raumsol no dia 11 de agosto de 1941, na Filial de Buenos Aires.

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Ao lhes dirigir a palavra nesta noite, no poderia deixar de experi- mentar uma profunda alegria, um inefvel prazer, aquele que somente concedido ao homem que, estando em paz com sua conscincia, pode exclamar: Tenho cumprido com meu dever.

Onze anos completa hoje esta querida Escola; onze anos que podem muito bem ser considerados sculos. E assim haver de ser apreciado quando couber posteridade reunir, em extensos volumes, os ensina- mentos que ministrei e o que foi vivido durante este espao de tempo verdadeiramente to curto.

Comecei a dar meus primeiros ensinamentos a um pequeno ncleo de discpulos, o qual, rodeando-me, compreendeu sem esforo seja por intuio inata, seja por hav-lo experimentado e sentido profun- damente no mundo interno de cada um que se tratava de uma obra transcendental para a vida humana. Dessa forma, comecei a lanar a semente que hoje est germinando em muitas mentes.

Se eu rememorasse neste momento as inumerveis passagens vividas e descrevesse a trajetria seguida por meu pensamento at o momento presen- te, necessitaria de um longo tempo. Mas sei que muitos de vocs conhecem grande parte da obra realizada, seja porque leram e talvez tenham meditado sobre muitos dos ensinamentos que dei, seja porque assistiram a numerosos atos em que me observaram atuando diretamente perante o discipulado.

Pois bem; mesmo que os ensinamentos dados j constituam um acer- vo enorme de inestimveis valores, posso hoje dizer que estes onze primeiros anos no foram mais que de preparao. A mente humana,por haver estado tanto tempo inativa e alheia aos conhecimentos supe- riores, no se encontra em condies de realizar num breve espao de tempo uma conquista to grandiosa, como a de organizar todos os recursos internos e transformar totalmente o aspecto vital de sua vida; refiro-me vida que ela anima. Por isso, com uma pacincia ilimitada, fui ministrando uma e outra vez, e inmeras vezes, ensinamentos que, em sua essncia, eram os mesmos, mas revestidos de diferentes formas, para que a compreenso fosse plena e houvesse no discpulo a convic- o de ter conseguido assimil-los em sua essncia.

J disse numa outra oportunidade, e volto a repetir, que esta Escola nica no mundo, e vou adicionar ainda algo mais: e continuar sendo nica por muito tempo. No se trata, aqui, de fazer com que os ensinamentos promovam certo brilho mental, intelectual, porque isto pode ser conseguido em qualquer outra parte. Trata-se de realizar verdadeiros processos internos que signifiquem nada menos que a criao de uma nova individualidade; de harmonizar, dentro da pessoa, todos os elementos que durante longo tempo estiveram pertur- bando a paz da alma. E necessrio que cada um compreenda, com toda a amplitude que a transcendncia do fato requer, que, se no forem cumpridos os princpios estabelecidos pelas leis que a Logosofia est dando a conhecer, o homem no poder chegar a nenhum porto seguro, nem conquistar o que tantas geraes do passado anelaram. Permanecer sempre o mesmo, sem poder, ento, ascender a um estado verdadeiramente super-humano.

H sculos que, no mundo, o homem se debate num mesmo ponto e, se uns poucos conseguem transcend-lo, muitos, a maioria, que somam milhares e milhes, permanecem nesse estado de transio entre o reino inferior ao homem e o superior. A vida, tal como ele a conhece, no pode satisfaz-lo, no pode atender aos anelos e s nsias de seu corao e de seu esprito, pois que, na forma como comumente se desenvolve, ela vegetativa, passiva. Existe, em meio a essa passividade, uma extraordin- ria agitao, um profundo desejar sem saber o qu; so desvelos que provocam constantes alteraes na funo normal da mente. E assim passam os dias e os anos, e as geraes se vo sem terem sabido por que vieram nem para que tiveram de existir aqui, quando poderiam, com um conhecimento pleno e real do que significa sua permanncia no mundo, realizar os mais elevados objetivos que esto fixados para o ser humano.E, enquanto me encontro trabalhando incansavelmente nesta obra, sempre rodeado de discpulos, fazendo com que experimentem e veri- fiquem a verdade dos ensinamentos e seus alcances para o futuro, con- templo o que est acontecendo no mundo, onde massas de homens se aniquilam; pretendeu-se e se pretende estabelecer uma nova ordem, com as mentes tais como se encontram no presente, o que no possvel, porque j o disse no incio a mente necessita tempo para realizar esse processo de reconstruo; no pode fazer isso de repente. Temos essa amarga experincia do que est sucedendo no mundo,* quando se quer transform-lo pela fora, pelo terror, e isto nunca haver de dar aos homens a felicidade que cada um conseguiria por si mesmo, seguindo uma rota bem definida, conquistando palmo a palmo, com o esforo prprio e com a ajuda dos conhecimentos, tudo aquilo que durante muito tempo ele deixou que se perdesse nos espaos da existncia.

Quantas vezes j ensinei aos discpulos como devem ser realizadas as observaes teis, tanto sobre a prpria atuao quanto sobre a dos demais, e em geral sobre todas as coisas. necessrio identificar-se com o grande ideal forjado e no se afastar jamais dessa imagem, caso se queira alcanar os elevados objetivos perseguidos e no desanimar, at obter, merc de uma perseverante atividade e consagrao, os mais valiosos resultados.

Acontece com frequncia que se malogram os frutos das melhores observaes que puderam ser feitas, por falta de adestramento mental, por ausncia de conhecimentos, por impacincia, que comum a todas as pessoas, e tambm porque h fatores que devendo ser considerados estranhos a esses propsitos que formam to grande ideal desempe- nham um papel importante, que perturba a boa disposio da pessoa. Refiro-me aos fatores estranhos que surgem atrados pelo amor-prprio, pela personalidade e pela intolerncia. Mas, se o discpulo leva em conta que os estudos que realiza no sero concludos amanh, que as obser- vaes que efetua no sero suficientes para um futuro imediato, seno que a cada dia ter de aumentar o volume desses estudos e observaes ao ampliar-se sua capacidade mental, ou seja, ao capacitar-se numa maior

N.T.: Tendo publicado este artigo em setembro de 1941, o autor se refere experincia da Segunda Guerra Mundial

proporo de condies para realizar novos e mais fecundos trabalhos, pensar, ento, com sensatez, que est realizando uma obra com obje- tivos voltados para o eterno, e no com uma durao determinada. Se ele enraza isso fielmente na conscincia, de modo que seja um conven- cimento inaltervel, nada poder inquietar seu esprito.

Ele deve saber que tudo o que o rodeia, tudo aquilo que estabelece con- tato com sua mente, est dentro do campo experimental em que ele ator e, ao mesmo tempo, espectador. A partir do momento em que o discpulo pensa que pode situar-se fora do campo experimental, seus erros e seus desvios comeam. preciso, pois, que em todo momento tenha presente que se encontra atuando sob o comando de uma ao fecunda em prol de sua efetiva evoluo consciente e, por conseguinte, para seu exclusivo bem, fazendo com que suas atuaes sejam cada vez melhores, e que tam- bm mais valiosos sejam os xitos que consiga. Quando se atua em con- junto, quando existe uma unidade na ao do pensamento, obtm-se um nmero de realizaes maior do que o que se obteria caso se atuasse de forma desunida ou separada e, portanto, desconectada.

Pois bem; uma coisa poder falar isoladamente, sem outra referncia ou apoio que as prprias afirmaes, e outra falar em nome de uma fora representada pela afirmao unnime de muitos que testemunham suas convices. E, quando se fala em nome de uma fora assim, deve-se estar como que imantado a ela, respeit-la e considerar-se parte integran- te dessa fora. Isso quer dizer que, se essa fora azul e a pessoa fala em nome dessa fora azul, todas as suas atuaes devero ser azuis. Isso porque, se fala em nome dessa fora azul e atua com a vermelha, nin- gum lhe dar crdito, e sua palavra no poder ter nenhum valor, nenhuma consistncia, j que existe tal contradio.

Acabo de definir algo muito importante, que vocs devem ter sempre presente, em todas as situaes em que se encontrem.

Prometi dar a um setor de discpulos, aqui nesta Filial, um ciclo de conferncias que ter um grande valor para as atividades futuras. medi- da que cada um v demonstrando sua consagrao e seu grande cuidado em superar-se, eu o irei incluindo nessas aulas especiais; mas quero que minha palavra no encontre a mente fria, que no encontre o campodescuidado, para que ela no se perca. Da que eu tenha anunciado ante- cipadamente esse ciclo, com o objetivo de que cada discpulo lavre sua terra e a oferea o mais preparada possvel para receber a nova semente, ou seja, os ensinamentos que vou ministrar.

O mundo est passando, e ainda passar, dias de dura prova. J se tem observado que fracassaram todos os sistemas, todas as iniciativas para melhorar as condies humanas no quadro de suas perspectivas comuns. E fracassaram, como no podia ser de outra forma, porque faltava o essencial: oferecer humanidade os conhecimentos que lhe so indispensveis para triunfar na luta e transcender, de uma vez para sempre, o estado de ignorncia em que se encontra.

Ao ser humano foi entregue uma vida. Esta vida foi sendo destruda por ele mesmo. Nossa obra reconstru-la, e, como para o homem imposs- vel buscar por onde quer que seja os elementos que necessita para realizar essa finalidade, a est a Logosofia falando-lhe alma, ao corao e mente, oferecendo-lhe esses elementos e at ensinando-lhe como deve utiliz-los para obter positivos e seguros resultados.

O homem comum olha para seu semelhante com a indiferena prpria da ignorncia. O homem que sabe no olha com indiferena para seu semelhan- te, porque se d conta de que h nele um mundo interno similar ao seu, com o qual pode pr-se em comunicao. Por meio dessa comunicao, pode confrontar estados e conhecer muito do que no teria podido, talvez, conhe- cer ao penetrar em si mesmo. Por isso, com o conhecimento logosfico possvel surpreender, na serena observao diria, nas mltiplas oportunida- des que o espao do dia oferece ao olhar do homem, inapreciveis motivos para profundos estudos, que depois se convertem em slidos conhecimentos.

No possvel andar s cegas pelo mundo, adormecida a inteligncia, obscurecido o olhar pelas turvas efervescncias mentais. necessrio fazer um chamado urgente a tudo o que interno, a tudo o que melhor, ao mais qualificado que existe dentro da pessoa, e afastar com a maior boa vontade todas as foras que se oponham a esse propsito, tratando de cimentar dia aps dia as bases da prpria felicidade.

O homem sofre porque no entende, porque no conhece, porque no sabe de onde provm seus males, nem por que surgem os obstculos queo fazem sofrer e chorar. Porm, dirigindo o olhar para alm da limitao humana, poder perceber e prevenir as correntes que agitam seu tempe- ramento e, ento, poder andar sobre as guas sem afundar, pois saber como manter-se acima das debilidades humanas. No ser levado pela mar, nem ser abandonado nas praias desertas, porque andar com fir- meza e saber, tambm, para onde vai.

Tudo isto o que estou ensinando, e o que a Logosofia descobre a todos os seres humanos. E repito: apesar do enorme manancial de ensinamentos j dados e publicados, estes onze anos no foram mais que de preparao. O que ainda devo revelar ao homem, os conhecimentos que ainda devo ministrar, sero de muito maior transcendncia. Entretanto, imprescindvel que as mentes estejam capacitadas o suficiente, para que esses conhecimentos no as ofusquem e, pelo contrrio, permitam que cada um seja o verdadeiro paladino deste grande ideal que plasmei nestes tempos, para bem dos homens.

No escutando a palavra do saber e mantendo-a escondida dentro de si que a pessoa poder emancipar-se de suas limitaes, de suas misrias, seno compreendendo-a e assimilando-a vida, fazendo depois com que ela se propague generosamente, dando-a com a mesma inteligncia com que lhe foi dada, ou com o exemplo dessa mesma inteligncia, procuran- do sempre levar ao entendimento dos demais, com a maior facilidade, os conhecimentos que se queira oferecer, sem fazer ostentao do que sabe, porque isto j seria um obstculo para quem o escutasse. O conhecimen- to simples, claro e inquestionvel. Vai em busca da mente sadia e tran- quila que o recebe e utiliza com inteligncia.

A Logosofia haver de marcar um grande passo na histria da evoluo humana e, ainda que exista resistncia em reconhec-la, se impor defi- nitivamente com a fora e responsabilidade dos fatos, com a palavra que no poder ser destruda, que viajar de um ponto a outro, levando a soluo que tanto se anela; e a ento ser possvel, no mundo, a criao de uma nova ordem, baseada no conhecimento, e nunca jamais no ter- ror ou na fora das armas. E, ao dizer baseada no conhecimento, isto encerra muitas coisas grandiosas.

Um conhecimento isolado, visto friamente, no representa nada; no obstante isso, necessrio entender que, se ele for avaliado em seu exatoalcance, ser algo mais do que cada um poderia supor. a identificao com um dos tantos fragmentos da prpria sabedoria, e ela, que compre- ende tudo, adverte que nenhum conhecimento isolado, ainda que em aparncia parecesse s-lo. O homem que sabe isto deve fazer culto pacincia, tolerncia inteligente; deve ser um constante examinador de si mesmo, um artista esculpindo sua prpria escultura, tratando de que ela no se mostre com os defeitos que possam ser observados nos demais.

Eu espero que tambm nesta filial se realize um trabalho fecundo, traba- lho que favorecerei de forma particular em todo instante que me seja pos- svel. Serei o primeiro a apoi-los e a indicar o caminho a seguir. Apesar disso, devo fazer observar que, para merecer sempre esta ddiva, vocs tero que trabalhar em prol desse grande ideal de superao humana, tal como o exige o prprio processo e as circunstncias atuais. Dessa maneira, vero dissolverem-se como que por encanto, um a um, os problemas que hoje parecem insolveis e que no so mais que fantasmas mentais. J disse uma vez que a luz afugenta os morcegos. , pois, imprescindvel afugent- los a todos, iluminando com difana claridade o recinto mental.

Neste campo de experimentao, dado a cada um observar o que no teria sido possvel se andasse disperso pelo mundo, e isso o que vocs sempre devem valorizar, o que devem estimar, e o que h de lev-los a perseverar para que no o percam jamais. Sejam conscientes de tudo que experimentem e realizem, porque s assim podero continuar com segu- rana aquilo que se propuseram.

Muitas vezes ainda ser necessrio que eu v delineando as perspectivas individuais, a fim de que no se afastem, por reflexos estranhos, dessa linha a seguir. necessrio que cada um compreenda que todo propsito, se queremos convert-lo em realidade, se queremos coro-lo de verdadeiro xito e depois desfrut-lo como foi pensado quando se achava em estado de propsito, tem de ser programado numa srie de trabalhos que no devem ser interrompidos. Se interrompermos o labor, se constantemente oscilarmos entre um estado e outro, muito lento ser o avano, muito pobres os resultados, e isto deve ser meditado, meditado muito profunda- mente, porque se trata do mais importante que possa existir na vida huma- na. E se isso tem tal transcendncia, no ponham em segundo plano aimagem do ideal que favorece seus esforos, pois correro o risco de no alcanar nunca o bem desejado ou anelado.

possvel que muitos dos discpulos que pela primeira vez me escutam no compreendam, suficientemente, o alcance de minhas palavras de hoje; se, porm, depois as comentam com os demais, estes lhes traro muitos outros ensinamentos relacionados com os que estou dando, e ento vo apreci-las melhor e alcanar uma compreenso mais clara sobre elas.

E tenham bem em conta o seguinte: a Logosofia beneficia enormemente a pessoa quando esta a pratica, quando todas as noes mentais que os ensina- mentos lhe possam sugerir a ajudam a levar realizao o que eles insinuam ou indicam. E , logicamente, na prtica, na experimentao, que o homem haver de recolher o fruto de seu esforo no campo mental, tal como ocorre nos demais aspectos comuns em que se recolhe, na experincia, aquilo que a teoria pde sugerir, se que ela tinha alguma conexo com a realidade.

De modo que a vida deve ser um contnuo praticar os conhecimentos; um contnuo adestramento mental; um contnuo esforo por transcender a espiral, e certamente ser muita a ventura de quem puder ver, cada vez que suba um pouco mais alto, o que era quando estava mais abaixo.

O ensinamento logosfico irrompe j no mundo, levando conhecimen- tos at aqui ignorados. Por isso, tantas vezes reitero aos discpulos a necessidade de se porem em condies de ajudar a muitos que havero de requerer o auxlio deste ensinamento.

Tratem de eliminar a inrcia mental. Tratem de ser sensatos consigo mesmos, donos de suas prprias aes, pois no penso que a vontade de vocs seja a de permanecer com a mente inativa por um longo perodo de tempo. Se algo se ope a que desenvolvam uma fecunda atividade mental, devem buscar a causa e elimin-la. E, assim como so enrgicos numa infinidade de circunstncias para coisas pequenas, que o sejam tambm para uma que grande.

Sejam enrgicos consigo mesmos, governando suas mentes e fazen- do com que elas rendam em seu benefc