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COMPARAÇÕES MORFOLÓGICAS E FISIOLÓGICAS ENTRE … · 6ª série do Ensino Fundamental, todos os grupos que compõem o reino animal, visto que são muitos grupos tornando o conteúdo

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COMPARAÇÕES MORFOLÓGICAS E FISIOLÓGICAS ENTRE OS DIVERSOS

GRUPOS QUE FORMAM O REINO ANIMAL.

MORPHOLOGICAL AND PHYSIOLOGICAL COMPARISONS AMONG THE

VARIOUS GROUPS THAT FORM THE ANIMAL KINGDOM

Autora: Vanda Jaremczuk1

Orientador: Carlos Eduardo Bittencourt Stange2

Resumo

Um dos conteúdos estruturantes das Diretrizes Curriculares da Educação Básica para o Ensino de Ciências é ‘sistemas biológicos’, que aborda a constituição dos sistemas do organismo, suas características de funcionamento e suas funções, nos diferentes grupos de seres vivos, buscando uma visão evolutiva que permita comparações. Considerando a dificuldade encontrada em se trabalhar na 6ª série do Ensino Fundamental o conteúdo ‘morfologia e fisiologia dos diversos grupos que formam o reino animal’, desenvolveu-se o presente trabalho com a finalidade de buscar metodologias variadas com o objetivo de simplificar o trabalho em sala de aula, melhorar a qualidade das aulas despertando nos alunos maior interesse e consequentemente atingir melhores níveis de aprendizagem na disciplina de Ciências. Para isso, iniciou-se o trabalho a partir de passeio dirigido em zoológico para observar características em representantes do reino animal, bem como, associar o conhecimento empírico dos alunos ao conhecimento científico sobre o conteúdo. Como não foram encontrados representantes de todos os grupos no zoológico, para complementar o trabalho, houve explanação de grupos através de apresentação de imagens na TV pendrive. Posteriormente foram desenvolvidas diversas metodologias, buscando o conhecimento científico, sendo todas voltadas à comparação entre os grupos com o objetivo de identificar a evolução entre eles. Os resultados obtidos foram baixos se analisados numericamente, no entanto significativos quando analisados em relação ao interesse dos alunos, qualidade da aula e aprendizagem significativa.

Palavras-chave: Metodologias; características; comparações; aprendizagem; reino animal.

1Especialista em Orientação Educacional, Graduada em Ciências com Licenciatura em Matemática e Direito,

Professora de Ciências do Colégio Estadual Álvaro Natel de Camargo – Ensino Fundamental e Médio. 2 Mestre em Educação, Metodologia de Ensino Superior, Professor efetivo do Departamento de Ciências

Biológicas da Unicentro/PR.

Abstract

One of the structuring contents of the Basic Education Curriculum Guidelines for Science Education is 'biological systems', which deals with the constitution of the body systems, their operating characteristics and their functions in different groups of living beings, aiming to an evolutionary view that allow comparisons. Taking into consideration the difficulty of teaching the content 'morphology and physiology of the various groups that form the animal kingdom' in the 6th grade of elementary school, this research was done in order to get various methodologies to simplify the work in the classroom, improve the quality of the classes wakening greater interest of the students and, consequently, achieve higher levels of learning in the subject of science. For this, the work started from walking at the zoo to observe characteristics that represent the animal kingdom, as well as associate the empirical knowledge of students to scientific knowledge about the content. As it was not found representatives of all groups at the zoo, to complement the work, there was explanation in groups through presentation using the TV Memory Stick. Subsequently, several methodologies have been developed, seeking scientific knowledge, and all focus on the comparison of groups with the aim of identifying the evolution among them. Numerically analyzing, the results were low, but significant when analyzed in relation to student interest, class quality and true learning.

Keywords: Methodology; features; comparisons; learning; animal kingdom.

1 Introdução

As Diretrizes Curriculares da Educação Básica para o Ensino de Ciências

estabelecem cinco conteúdos estruturantes, dentre os quais, encontramos o

conteúdo ‘sistemas biológicos’. Este conteúdo aborda a constituição dos sistemas do

organismo, suas características específicas de funcionamento, suas respectivas

funções e o funcionamento dos sistemas que constituem os diferentes grupos de

seres vivos, e complementa ainda que o trabalho deve partir do entendimento do

organismo como um sistema integrado e ampliar a discussão para uma visão

evolutiva, permitindo comparações entre os seres vivos.

Considerando esta necessidade de trabalhar de forma comparativa os

diversos grupos de seres vivos, encontra-se grande dificuldade em se trabalhar, na

6ª série do Ensino Fundamental, todos os grupos que compõem o reino animal, visto

que são muitos grupos tornando o conteúdo extenso, o tempo é escasso, e os

alunos, devido à faixa etária a que pertencem, apresentam dificuldades em

identificar, bem como, incluir os representantes em seus específicos grupos.

Desta forma, desenvolveu-se o presente trabalho com intuito de buscar

novas metodologias ou aprimorar metodologias já existentes, que possibilitem

explanar todos os grupos do reino animal de forma comparativa, simplificando o

trabalho em sala de aula, visando às comparações necessárias que o educando

necessita fazer, com intuito de melhorar a qualidade das aulas, despertar nos alunos

maior interesse, com o objetivo de melhorar a aprendizagem.

Para tanto, “a utilização de materiais diversificados, e cuidadosamente

selecionados, ao invés da ‘centralização’ em livros de texto é também um princípio

facilitador da aprendizagem significativa crítica”, (MOREIRA, 2005, p. 22). A

utilização de materiais variados que possibilitem uma prática comparativa em sala

de aula talvez possa facilitar a aprendizagem significativa, melhorando o

desempenho educacional.

No trabalho em questão foram desenvolvidas diversas metodologias para

trabalhar de forma comparada a morfologia e a fisiologia de todos os grupos que

compõem o Reino Animal, partindo de observações realizadas pelos alunos, quanto

às características encontradas em representantes dos diversos grupos. Para o

levantamento das informações realizou-se um passeio dirigido em um zoológico e

apresentação na TV pen drive, dos representantes não encontrados no passeio.

Outra atividade de suma importância no desenvolvimento do trabalho foi a

realização de pesquisa bibliográfica pelo educando, com intuito de levantar

conhecimento científico relacionado à morfologia e a fisiologia dos grupos do reino

animal, priorizando informações relacionadas à digestão, respiração e circulação, já

que estes sistemas se relacionam amplamente quanto a finalidade e funcionamento.

Com as informações coletadas construiu-se um painel identificatório e

comparativo dos representantes de cada grupo que possibilitou o trabalho

comparado entre todos os grupos do reino animal. Também foram utilizadas outras

metodologias como diagrama em chave e quadro sinótico.

A presente pesquisa teve por finalidade buscar inovações em metodologias

que possam resolver a questão; como trabalhar de forma simples e clara, fazendo

as necessárias comparações na morfologia e fisiologia em todos os grupos que

formam o reino animal.

Acredita-se que um trabalho mais prático, partindo do conhecimento

empírico do aluno, melhora a qualidade da aula bem como a aprendizagem do

educando.

Desta forma, buscam-se práticas escolares através de novas metodologias

com finalidade de provocar no aluno a ocorrência de uma aprendizagem significativa

em relação ao conteúdo estruturante ‘sistemas biológicos’, que contempla o

conteúdo básico, ‘morfologia e fisiologia dos seres vivos’ que compõem o reino

animal, possibilitando a realização de comparação, diferenciação, organização e

assimilação pelo educando, sendo necessárias para a continuidade da vida escolar,

bem como a ação deste no meio onde vive.

2 Objetivos e importância da utilização de metodologias variadas na

aprendizagem

Na disciplina de Ciências da educação básica, encontra-se grande

dificuldade para trabalhar o conteúdo comparações morfológicas e fisiológicas entre

os diversos grupos que formam o reino animal.

Tal dificuldade é ocasionada por diversas causas, dentre as quais, citam-se:

a abrangência do conteúdo e consequentemente o escasso tempo disponível em

sala de aula para explanação do mesmo; a dificuldade em realizar as comparações

necessárias na morfologia e fisiologia entre os diversos grupos do reino animal,

partindo da realidade e do conhecimento prévio do educando e principalmente a

seleção de metodologias a serem utilizadas para o desenvolvimento do trabalho,

com intuito de facilitar o trabalho e melhorar o aprendizado.

Como a maioria das aulas, se limita a utilização do livro didático e alguns

outros recursos como figuras e comparações, ao se deparar com tantas

informações, tantos grupos diversos, os alunos apresentam dificuldade em organizar

e assimilar o conteúdo, e como consequência, demonstram, falta de interesse,

resultando em aulas cansativas e baixa aprendizagem.

As Diretrizes Curriculares para o Ensino de Ciência (DCE – Ciências, 2008,

p. 68), “propõem uma prática pedagógica que leve a integração dos conceitos

científicos e valorize o pluralismo metodológico”, superando práticas pedagógicas

baseadas em um único método e aulas de laboratório que buscam tão somente a

comprovação de teorias e leis já apresentadas.

Defendendo a superação da utilização de uma única forma de trabalho em

sala de aula, encontramos Moreira, em sua obra Aprendizagem significativa crítica,

quando escreve, “aqui estou defendendo a diversidade de materiais instrucionais em

substituição ao livro de texto, tão estimulador da aprendizagem mecânica, tão

transmissor de verdades, certezas, entidades isoladas (...)” (MOREIRA, 2005, p. 22).

Isso não quer dizer que devemos abandonar os materiais que utilizamos em

nossas aulas, mas sim, que devemos buscar formas alternativas para desenvolver

nosso trabalho com os alunos, de forma que as aulas não sejam uma simples

repetição daquilo que se encontra escrito nos livros didáticos.

E para deixar clara esta ideia, nesta mesma obra e na mesma página

Moreira, complementa que “Não se trata, propriamente, de banir da escola o livro

didático, mas de considerá-lo apenas um dentre vários materiais educativos”. É

necessário também considerarmos em sala de aula obras com conhecimento

científico e não somente o livro didático.

Ao selecionar conteúdos a serem trabalhados em sala de aula deve-se,

considerar vários fatores, dentre eles, os interesses da realidade local e regional da

escola, o tempo disponível para o trabalho pedagógico e a disponibilidade de

materiais variados para se trabalhar o conteúdo em questão.

Desta forma, ao se trabalhar o conteúdo morfologia e fisiologia de todos os

grupos que compõem o reino animal, na 6ª série do Ensino Fundamental, surge

grande dificuldade, relacionada ao pouco tempo para se trabalhar conteúdo de tal

extensão e complexidade em relação à evolução dos filos, classes e ordens; bem

como, a necessária comparação que deve ser feita para que o aluno perceba as

diferenças e semelhanças entre os grupos; as relações que ocorrem entre eles; as

relações entre eles, o ambiente e o homem; e a importância de cada um, nas

relações ecológicas e na preservação do meio ambiente.

O presente trabalho teve como finalidade buscar metodologias diversificadas

com intuito de tornar as aulas mais interessantes e menos cansativas, possibilitando

ao aluno a apropriação do conteúdo de forma mais simples, compacta e clara.

Desta forma, o trabalho foi direcionado diretamente a alunos que estejam

frequentando a 6ª série do Ensino Fundamental e indiretamente a professores que

tenham interesse em utilizar metodologias variadas no desenvolvimento do conteúdo

comparações morfológicas e fisiológicas do reino animal.

As Diretrizes Curriculares para o ensino de Ciência, afirmam que,

Tão importante quanto selecionar conteúdos específicos para o ensino de ciências, é a escolha de abordagens, estratégias e recursos pedagógicos adequados à mediação pedagógica. A escolha

adequada desses elementos contribui para que o estudante se aproprie de conceitos científicos de forma mais significativa. (DCE – Ciências, 2008, p. 72).

Assim, o presente trabalho, teve por finalidade abordar variadas

metodologias para trabalhar o conteúdo em questão, com intuito de diminuir as

dificuldades encontradas, bem como, melhorar a qualidade das aulas e

consequentemente a aprendizagem do estudante.

Outrossim, poderá ser utilizado como base de pesquisa científica para outros

profissionais que sintam a necessidade de buscar práticas pedagógicas variadas

para desenvolver seu trabalho no dia a dia.

Partindo da dificuldade já mencionada, o presente trabalho teve por objetivo

buscar encaminhamentos metodológicos que possibilitassem desenvolver material

didático para ser utilizado com alunos, trabalhando assim, de forma comparada a

morfologia e a fisiologia de todos os grupos que formam o reino animal.

A principal finalidade é a realização do trabalho comparado, proporcionando

ao aluno a possibilidade de identificar e entender a evolução entre os grupos, bem

como, reconhecer representantes encontrados no ambiente em que o educando

está inserido, tornando o aprendizado, mais simples, fácil e interessante.

Para tanto, foram estabelecidas diversas metas como, estudar diversas

posições teórico-metodológicas e suas implicações na educação escolar, visando

encontrar metodologias adequadas para trabalhar de forma simples e clara o

conteúdo estruturante ‘sistemas biológicos’, que contempla o conteúdo básico

‘morfologia e fisiologia dos seres vivos do reino animal’, bem como a produção de

material didático, para utilizar em sala de aula, objetivando trabalhar o conteúdo

morfologia e fisiologia de todos os grupos que compõem o reino animal, de forma

comparada fazendo com que o aluno perceba as semelhanças e diferenças entre

eles e possa reconhecer representantes incluindo-os em seus respectivos grupos,

percebendo a evolução entre os mesmos, facilitando o entendimento e

consequentemente a aprendizagem dos alunos.

Com a pesquisa realizada pretendia-se descobrir se a utilização de

metodologias diferenciadas daquelas utilizadas no dia a dia, especialmente o

passeio dirigido; a observação concreta de características em representantes do

reino animal; a pesquisa bibliográfica; a utilização de quadro sinótico, painel

identificatório, mapa conceitual e diagrama em forma de chave; poderiam facilitar o

trabalho do conteúdo em questão, melhorar o interesse e principalmente o

desempenho na aprendizagem dos alunos.

3 O que diz a bibliografia sobre o assunto

Considerando as previsões estabelecidas nas Diretrizes Curriculares para o

ensino de Ciência, já citadas no texto, as quais afirmam a importância de se

escolher abordagens, estratégias e recursos pedagógicos adequados, como forma

de facilitar a apropriação de conceitos científicos de forma mais significativa,

encontramos diversos autores defendendo a ideia da aprendizagem cognitiva, como

sendo o ponto inicial para ocorrer à aprendizagem significativa.

Nesse contexto, Stange, na obra Abordagens sobre enfoques teóricos:

resumos de monografias sobre teorias de ensino e aprendizagem, analisa a teoria

de David Ausubel e escreve,

novas ideias e informações podem ser aprendidas e retidas, na medida em que conceitos relevantes e inclusivos estejam adequadamente claros e disponíveis na estrutura cognitiva do indivíduo e funcionem, desta forma, como ponto de partida a novas ideias e conceitos. (STANGE, 2004).

Este tipo de aprendizagem responsável pelo armazenamento organizado de

informações é a aprendizagem cognitiva.

Ainda, para Stange, a aprendizagem cognitiva é o ponto de partida para a

aprendizagem significativa, e neste sentido ele afirma que “uma aprendizagem

significativa ocorre quando a nova informação se relaciona com conceitos ou

proposições relevantes na estrutura cognitiva do aprendiz” (STANGE, 2004).

Com este entendimento, Corrobora Delizoicov, quando afirma que “o

conhecimento anterior que o aluno já detém, independentemente de sua

escolaridade, muitas vezes pode interferir na efetiva apreensão do conteúdo

veiculado na escola” (DELIZOICOV, 1992, p. 53).

Através do enfoque feito, pode-se concluir que, para que o aluno aprenda é

necessário considerar aquilo que ele já sabe, e a partir dos conhecimentos que já

possui trazer informações claras, precisas e relevantes para formar novo

conhecimento científico, evitando a utilização de conceitos e leis científicas somente

em situações de sala de aula, sem que sejam feitas comparações com situações do

dia a dia, onde geralmente prevalecem os conceitos do senso comum.

Desta forma, pode-se concluir que, ao utilizar técnicas como o passeio

dirigido, ou a apresentação de animais através da TV pen drive, para verificar e

analisar características dos representantes do reino animal, estarão sendo

consideradas informações e conhecimentos já existentes no cognitivo dos nossos

alunos, podendo através das comparações destes conhecimentos com o

conhecimento científico sobre o assunto, atingir a aprendizagem significativa.

De acordo com Krasilchik, outro fator relevante deve ser observado, pois “é

preciso que haja compatibilidade entre o conteúdo e a metodologia (...). É impossível

e desaconselhável separar esses dois elementos estreitamente interligados”

(KRASILCHIK, 1987, p. 74).

Cada conteúdo a ser abordado deve utilizar metodologia adequada,

conforme a extensão do conteúdo, a importância para a vida e o saber científico do

aluno, bem como o tempo disponível para se trabalhar em sala de aula.

Esta ideia fundamenta a problemática aqui apresentada, ou seja, a

problemática de se trabalhar um conteúdo amplo como o reino animal, visto serem

muitos grupos, o tempo ser escasso devido ao número reduzido de aulas, e devido à

faixa etária a que pertencem os alunos, apresentarem dificuldades em identificar

grupo por grupo, bem como, incluir os representantes em seus específicos grupos.

Como já mencionado, o principal objetivo do trabalho em questão é buscar

metodologias variadas que possam resolver ou amenizar a problemática

estabelecida.

Para tanto, uma estratégia que pode ser citada, é a utilização de

organizadores prévios, e para Moreira,

Organizadores prévios são materiais introdutórios apresentados antes do material de aprendizagem em si mesmo, em um nível mais alto de abstração, generalidade e inclusividade, para servir de ponte entre o que o aprendiz já sabe e o que deveria saber para que esse material fosse potencialmente significativo ou, mais importante, para mostrar a relacionabilidade do novo conhecimento com o conhecimento prévio. (MOREIRA, 2005, p. 16).

Nesta linha de raciocínio, pode-se concluir que, ao se utilizar uma estratégia

que propicie ao aluno relacionar o conhecimento comum ou empírico que o mesmo

já possui, com o conteúdo novo a ser aprendido, se favorece a aprendizagem.

Assim, os organizadores prévios podem despertar ideias centrais, bem como

proporcionar relações entre conhecimentos já assimilados com novos

conhecimentos a serem aprendidos, ou seja, conhecimentos que os alunos já

possuem quanto à identificação de características dos representantes do reino

animal, podendo distribuir estes em grupos, e posteriormente relacionar este

conhecimento com o conteúdo científico a ser trabalhado em pesquisa bibliográfica

desenvolvida pelos mesmos e também no trabalho do professor em sala de aula.

Tal ideia é defendida por Moreira, em Material de apoio ao minicurso sobre

Organizadores Prévios e Aprendizagem Significativa, quando escreve:

Os organizadores prévios podem tanto fornecer “ideias âncora” relevantes para a aprendizagem significativa do novo material, quanto estabelecer relações entre ideias, proposições e conceitos já existentes na estrutura cognitiva e aqueles contidos no material de aprendizagem, ou seja, para explicitar a relacionabilidade entre os novos conhecimentos e aqueles que o aprendiz já tem mais não percebe que são relacionáveis aos novos. (MOREIRA, 2008, p. 2).

Desta forma, podemos utilizar metodologias como trilhas interpretativas, ou

passeios dirigidos para despertar novas ideias ou relacionar conhecimentos já

existentes a novos conhecimentos que devem ser aprendidos.

Assim, optou-se pela realização de um passeio dirigido em um zoológico,

como forma de estabelecer conexões entre os conhecimentos que o educando já

possui sobre os diversos grupos que compõem o reino animal, bem como, despertar

a relação destes com os novos conhecimentos que deverão ser assimilados, ou

seja, incentivar a comparação entre os diversos representantes de animais

encontrados no zoológico, para posteriormente organizá-los nos diferentes grupos,

aos quais pertencem, fazendo as comparações entre semelhanças e diferenças,

estabelecendo novos conhecimentos relacionados a habitat, alimentação,

respiração, locomoção, entre outros.

Para fortalecer este pensamento, Lopes, defende trilhas interpretativas,

como sendo formas de metodologias que,

colocam as pessoas em contato com o ambiente natural, permitindo-lhes experiências relacionadas aos seus sentidos, como o olfato, ao sentir o cheiro de flores ou frutos, e especialmente a visão, para os mais variados objetos/situações de interesse de investigação que estão contidos na paisagem. (LOPES, 2007).

Por meio da utilização de situações diferentes e variadas podemos melhorar

o aprendizado dos nossos alunos. Para tanto, adaptamos a ideia das trilhas

interpretativas de Lopes, ao passeio dirigido no zoológico, o qual teve por finalidade

colocar o aluno em contato com o ambiente natural, com intuito de coletar

informações relacionadas a diversos representantes do reino animal e

consequentemente relacionar estas informações com o conhecimento empírico que

já possui, bem como com o conhecimento científico abordado posteriormente em

sala de aula.

Para Stange, Santos e Santos,

Durante el aprendizaje de nuevos conceptos, los alunos son modelados por las situaciones y por conocimientos que dominan progresivamente. Estas situaciones son las que dan sentido a los conceptos. Esta relación com las representaciones simbólicas del concepto nuevo, por medio de uma variedad de situaciones propicia sentidos al concepto y a los procedimientos que deseamos que aprendan nuestros alumnos. (STANGE, SANTOS e SANTOS, p. 4)

3

Utilizar metodologias que possibilitem relacionar o conhecimento do dia a dia

do aluno com conceitos novos a serem adquiridos facilita não somente o trabalho do

professor, mas principalmente a aprendizagem do aluno.

Outra técnica que merece respaldo é a pesquisa bibliográfica realizada pelo

aluno posteriormente ao passeio dirigido, o qual possibilitou o contato com o

conteúdo a ser desenvolvido.

Como o aluno já havia relacionado o conhecimento prévio sobre o assunto

com o conhecimento científico a ser assimilado, este sabia exatamente quais

informações seriam necessárias para realizar as comparações entre a morfologia e a

fisiologia dos diversos representantes dos grupos que formam o reino animal.

Outrossim, a necessidade de expor aos colegas, as informações pesquisadas

despertou no educando maior interesse pelo conteúdo.

Além da utilização de metodologias como os organizadores prévios para

introdução de um conteúdo e da pesquisa bibliográfica para levantamento do

conteúdo científico, no final do trabalho também são necessárias metodologias que

possibilitem comparações que possam sistematizar os conceitos científicos

adquiridos.

A construção do quadro sinótico possibilita comparações entre as

características com intuito de relacionar semelhanças e diferenças, bem como

visualizar a evolução entre os diferentes grupos que compõem o reino animal.

3 Durante a aprendizagem de novos conceitos, os alunos são modelados pelas situações e por conhecimentos que

dominam progressivamente. Estas situações são as que dão sentido aos conceitos. Esta relação com as

representações simbólicas do conceito novo, por meio de uma variedade de situações propicia sentidos ao

conceito e aos procedimentos que desejamos que nossos alunos aprendam.

A utilização de mapas conceituais e diagramas em forma de chave, também

são metodologias que podem ser utilizadas para sistematizar e relacionar

conhecimentos facilitando a aprendizagem.

Assim conclui-se, que ao utilizar metodologias variadas na prática escolar

possibilita-se provocar no aluno a ocorrência de uma aprendizagem significativa,

favorecendo a comparação, diferenciação, organização e assimilação do conteúdo

estruturante ‘sistemas biológicos’, que contempla o conteúdo básico, ‘morfologia e

fisiologia dos seres vivos’, que compõem o reino animal.

4 Implementação do trabalho

A seleção de materiais adequados que possam auxiliar na formação de

ideias, bem como, fornecer sustentabilidade teórica aos alunos, para se trabalhar na

6ª série do Ensino Fundamental, o conteúdo estruturante ‘sistemas biológicos’, que

contempla o conteúdo básico, ‘morfologia e fisiologia dos seres vivos’, que compõem

o reino animal, foi o principal objetivo para o desenvolvimento do trabalho em

questão.

Para tanto, pesquisou-se vários tipos de metodologias, visando que estas

colocassem o aluno em contato com a natureza, bem como com diversos

representantes do reino animal, possibilitando o levantamento de características

destes animais, com intuito de que tais características fossem utilizadas para

agrupar estes representantes, de acordo com suas semelhanças e diferenças,

despertando no aluno o conhecimento empírico já existente, para servir como

organizador prévio, para a transformação deste conhecimento, em conhecimento

científico.

Para isso foi realizada pesquisa bibliográfica de diversos autores que

defendem a necessidade de: utilizar metodologias variadas para se trabalhar com

alunos; atingir a aprendizagem significativa; utilizar o conhecimento empírico do

aluno como base para produção do conhecimento científico; utilizar organizadores

prévios para facilitar a aprendizagem; e utilizar recursos naturais como as trilhas

interpretativas para desenvolver o trabalho escolar.

Partindo da fundamentação teórica foram elaborados encaminhamentos

metodológicos para a implementação da pesquisa.

O trabalho foi iniciado no 2° semestre de 2010, mas a implementação da

pesquisa ocorreu no 2° semestre de 2011, em uma das duas turmas de 6ª série do

Ensino Fundamental do Colégio Estadual Álvaro Natel de Camargo – Ensino

Fundamental e Médio, do município de Espigão Alto do Iguaçu, Paraná.

A turma em questão foi selecionada através de sorteio e a outra turma de 6ª

série foi utilizada como turma controle. Trabalhou-se o conteúdo morfologia e

fisiologia dos seres vivos do reino animal nas duas turmas, sendo que na turma da

implementação, utilizou-se a metodologia pesquisada, e na turma controle utilizou-se

a forma tradicional.

Em ambas as turmas aplicou-se avaliação de sondagem, o pré-teste, com

o objetivo de identificar o que os alunos já sabiam sobre o conteúdo em questão.

Após a intervenção pedagógica a mesma foi repetida, como forma de verificar se os

objetivos propostos foram alcançados.

4.1 Pré e pós-teste:

Foi elaborada uma avaliação de sondagem sobre o assunto que seria

trabalhado durante a implementação. Esta avaliação foi validada antes de ser

aplicada nas turmas da implementação e controle. A validação ocorreu através da

aplicação da avaliação em outra turma de outro estabelecimento de ensino de

mesmo nível de conhecimento. A validação tinha por objetivo verificar a clareza das

questões da avaliação, para garantir a possibilidade de interpretação das mesmas

em relação às informações que estavam sendo solicitadas.

O teste aplicado era composto de duas questões, sendo que:

1ª questão – foi dividida em três alternativas com o intuito de se verificar:

a) Os conhecimentos prévios que o aluno possuía em relação à divisão do reino

animal em dois grandes grupos - vertebrados e invertebrados;

b) A capacidade do aluno em distribuir corretamente os representantes nomeados

no grupo a que pertencem.

2ª questão – foi dividida em três alternativas, com o objetivo de:

a) Identificar características relacionadas a adaptações de habitat, tipo de respiração

e formas de alimentação;

b) Fazer comparações entre as características relacionadas à respiração e

alimentação.

4.2 Conteúdo abordado

Durante o desenvolvimento da implementação foram trabalhados os

seguintes conteúdos:

- Semelhanças e diferenças entre representantes dos grupos do reino animal:

Proteção do corpo

Locomoção

Alimentação

Defesa

Sobrevivência

- Adaptações de cada grupo:

Ao ambiente

A alimentação

- Sistemas:

Digestivo

Circulatório

Respiratório

- Comparação entre os grupos:

Evolução

4.3 Passeio dirigido

Em ambas as turmas houve uma breve apresentação do conteúdo em sala

de aula. Posteriormente na turma controle o conteúdo foi trabalhado de forma

tradicional, através do livro didático, pesquisa bibliográfica, explicações orais e

desenvolvimento de atividades.

Na turma da intervenção pedagógica, realizou-se um passeio dirigido no

zoológico de Cascavel, com finalidade de observação e coleta de informações sobre

diferentes representantes do reino animal, que foram utilizadas para agrupar os

representantes de acordo com suas semelhanças e diferenças, bem como,

produção de material fotográfico utilizado para construção do quadro identificatório

dos diferentes grupos do reino animal. A ideia do passeio dirigido surgiu a partir do

artigo, “O potencial didático de trilhas interpretativas para o ensino de Ciências”, de

Lopes, 2007.

O local escolhido para o passeio dirigido foi o Parque Municipal Danilo

Galafassi, conhecido como Zoológico Municipal de Cascavel. Este foi inaugurado em

12 de dezembro de 1978, possui uma área de 17,91 hectares, e é parte integrante

do Parque Municipal Paulo Gorski - Complexo Lago Municipal e Zoológico - com

111,26 hectares.

O Zoológico, conta atualmente com cerca de 340 animais de

aproximadamente 71 espécies, sendo: 23 de mamíferos, 39 de aves e 09 de répteis,

distribuídos em 60 recintos específicos de acordo com as necessidades de cada

espécie, sendo algumas raras ou em risco de extinção, como jaguatirica, onça-

pintada, arara-vermelha entre outros. Também podem ser vistas algumas variedades

de peixes.

No Zoológico também se encontra o Centro de Educação Ambiental Gralha

Azul e Museu de História Natural, onde estão expostos ao público mais de 550

peças, entre animais taxidermizados, rochas, esqueletos e peças arqueológicas de

diversas regiões do Brasil. Fazem parte deste acervo, uma coleção do Filo

artrópodes, representantes da classe dos aracnídeos, em especial escorpiões, que

também serão utilizados para observação das características.

O zoológico possui um Programa de Educação Ambiental com guias que

prestam atendimento às escolas, realizando palestras e passeios monitorados,

proporcionando conhecimento sobre a fauna e flora da região.

Para a realização do passeio dirigido, os alunos foram orientados a se vestir

e se calçar de forma a se sentirem confortáveis e protegidos do sol e do ataque de

insetos.

O passeio foi realizado por diversas trilhas, as quais alternam representantes

de mamíferos, aves, peixes e répteis. No entanto, estas trilhas seguiram uma rota,

para apresentação dos animais aos alunos, pelo guia.

O grupo de alunos foi acompanhado por um guia, o qual passou informações

básicas e o histórico de cada animal.

Os alunos foram orientados sobre os interesses de observação, a

necessidade de realizar anotações sobre os animais vistos, considerando as

características observadas, as quais foram utilizadas no processo de identificação

em sala de aula.

a) Tópicos de observação e coleta de dados

As anotações foram baseadas nos seguintes tópicos, para levantar as

informações necessárias:

- Revestimento do corpo – possuem pelos, penas, escamas, escamas córneas ou

placas córneas. Em quais animais aparece cada tipo de revestimento.

- Presença de glândulas secretoras de substâncias – produzem algum tipo de

substância, urticante, odorífera, de camuflagem. Caso sim, nomear os animais, a

substância produzida e a função.

- Sustentação do corpo – como os animais se sustentam, possuem ossos,

carapaças, ou outra estrutura.

- Movimento – possuem órgãos locomotores como patas, asas, nadadeiras, ou são

rastejantes. São bípedes, quadrúpedes, ápodes.

- Alimentação – como os animais se alimentam, possuem boca, bico, dentes. Tipo

de alimentos que consomem: carne, sementes, vegetais.

- Glândulas mamárias – possuem glândulas mamárias, ou não, se são visíveis.

Como ocorre a alimentação dos filhotes dos animais que não possuem glândulas

mamárias.

- Respiração – utilizam o oxigênio do ar, da água. Possuem alguma forma especial

de respiração.

Todos os animais vistos foram fotografados e as fotos utilizadas em sala de

aula para explanação do conteúdo em si e construção de painel classificatório.

Como no zoológico não foram encontrados representantes de todos os

grupos do reino animal, utilizou-se a TV pen drive para através de figuras fazer

apresentação dos representantes dos grupos não encontrados.

4.4 Pesquisa bibliográfica

Continuando o trabalho, os alunos foram divididos em grupos para

realização de pesquisa bibliográfica, sendo que cada equipe ficou responsável em

pesquisar um grupo do reino animal.

A pesquisa bibliográfica é de grande importância para a aprendizagem e

consequentemente para a elaboração de conhecimentos. Neste sentido, para

Pádua,

Pesquisa é toda a atividade voltada para solução de problemas; como atividade de busca, indagação, investigação, inquirição da realidade; é a atividade que vai nos permitir, no âmbito da ciência, elaborar um conhecimento, ou um conjunto de conhecimentos, que nos auxilie na compreensão desta realidade e nos oriente em nossas ações. Nesse sentido, o conhecimento vai se elaborando (...), da reflexão sobre o que se conseguiu apreender através dela, dos resultados a que se chegou e das ações que foram desencadeadas a partir destes resultados. (PÁDUA, 2007, p. 31).

Quando o aluno participa da busca de informações e conhecimentos, ele

relaciona o conhecimento comum que possui com o conteúdo novo que está

aprendendo, ocorrendo assim a aprendizagem.

Assim para a autora já citada a “pesquisa tem uma intencionalidade, que é a

de elaborar conhecimentos que possibilitem compreender e transformar a realidade”

(PÁDUA, 2007, p. 31).

Desenvolver no aluno esta compreensão de mundo e capacidade de

transformar a realidade, deve ser o foco de cada profissional da educação ao

ensinar um determinado conteúdo.

a) Roteiro para a pesquisa

Cada grupo pesquisou os itens a seguir, dos grupos do reino animal que

recebeu:

Origem do nome do grupo;

Representantes do grupo;

Habitat;

Proteção e defesa;

Locomoção;

Tipo de respiração;

Formação do sistema digestivo;

Formação do sistema circulatório;

Curiosidades.

Após a pesquisa bibliográfica houve apresentação oral por parte dos alunos,

do conteúdo científico pesquisado, ocorrendo à socialização do conteúdo de cada

grupo com o restante da turma.

Durante a socialização do conhecimento científico da pesquisa bibliográfica,

construiu-se um painel identificatório, composto pelas principais informações

coletadas na visita ao zoológico, bem como da pesquisa bibliográfica, do material

fotográfico produzido no zoológico e da apresentação feita na TV pen drive. A opção

de construir painel identificatório, surgiu da leitura do artigo “Organizadores prévios

em La enseñanza de sistemática através de la técnica de los botones: Uma

aplicación Del Diagrama ADI”, de Stange, Santos e Santos, 2008.

b) Painel identificatório

FOTOS DOS REPRESENTANTES CARACTERÍSTICAS

R

E

I

N

O

A

N

I

M

A

L

V E R T E B R A D O S

MAMÍFEROS

AVES

RÉPTEIS

ANFÍBIOS

PEIXES

I N V E R T E B R A D O S

EQUINODERMOS

ARTRÓPODOS

MOLUSCOS

ANELÍDEOS

NEMATELMINTOS

PLATELMINTOS

CNIDÁRIOS

PORÍFEROS

Partindo das informações do painel trabalhou-se o conteúdo científico da

unidade didática, a qual contempla a digestão, a respiração e a circulação de todos

os grupos do reino animal.

Optou-se por se trabalhar estes três sistemas devido à possibilidade de

comparação na evolução dos diversos grupos, bem como a ampla relação existente

entre estes sistemas.

A partir do conteúdo científico levantado, construiu-se com os alunos, um

mapa conceitual como síntese da respiração do reino animal, um diagrama em

forma de chave como síntese da circulação do reino animal e um quadro sinótico

para comparar semelhanças e diferenças nas diversas características dos grupos

envolvidos.

c) Diagrama em forma de chave da circulação do reino animal

O diagrama em forma de chave teve por finalidade esclarecer o tipo de

circulação que é encontrado em cada grupo. Através desta metodologia os alunos

conseguem visualizar claramente as diferenças na circulação dos diversos grupos,

bem como a evolução entre os invertebrados e vertebrados.

- PORÍFEROS

- DIFUSÃO - CNIDÁRIOS - PLATELMINTOS - NEMATELMINTOS - FECHADA - ANELÍDEOS - MOLUSCOS - Cefalópodes - MOLUSCOS CIRCULAÇÃO - ABERTA - ARTRÓPODES LACUNOSA - EQUINODERMOS - SIMPLES - PEIXES - DUPLA - ANFÍBIOS INCOMPLETA - RÉPTEIS - RÉPTEIS - Crocodilianos - DUPLA - AVES COMPLETA - MAMÍFEROS

d) Mapa conceitual com síntese da respiração no reino animal

As relações existentes entre os diferentes grupos na respiração, foram

sintetizadas no seguinte mapa conceitual.

absorvem do ambiente liberam para o ambiente

poliquetos

gastrópodes o l ii i g i c o n r q s u u e s e t á t o c o e o s

tipos de respiração

entrada saída

tipos de respiração

tipos de respiração dos vertebrados

absorvem do ambiente liberam para o ambiente

RESPIRAÇÃO DIÓXIDO DE CARBONO

OXIGÊNIO

PULMÕES

DIFUSÃO PELE

TRAQUEIAS

BRÂNQUIAS

DIFUSÃO SIMPLES

Moluscos

Anelídeos

Poríferos

Nematelmintos

Platelmintos

Equinodermos

Artrópodes

Cnidários

Peixes

Anfíbios

Répteis

Aves

Mamíferos

INVERTEBRADOS

VERTEBRADOS

e) Quadro sinótico

Para facilitar a visualização do conteúdo explanado referente aos três

sistemas considerados como base norteadora do estudo relacionado à morfologia e

a fisiologia de todos os grupos que formam o Reino Animal, utilizou-se o quadro

sinótico a seguir representado.

Característica

Grupo

DIGESTÃO

RESPIRAÇÃO

CIRCULAÇÃO

MAMÍFEROS - Completo: boca a

ânus

- Dentes, glândulas

salivares e secre-

toras de enzimas

digestivas

- Modificações: ex:

boi rumem

- Pulmonar – grandes

pulmões com grande

superfície devido aos

alvéolos

- Dupla completa:

dois átrios e dois

ventrículos

- O sangue venoso e

arterial não se

misturam

AVES - Completo: boca a

ânus

- Bico, papo, moela

e cloaca

- Pulmonar – pul-

mões compactos

mas eficientes, para-

brônquios ligados a

sacos aéreos

- Dupla completa:

dois átrios e dois

ventrículos

- O sangue venoso e

arterial não se

misturam

RÉPTEIS - Completo: boca a

ânus

- Cloaca

- Pulmonar: grande

superfície devido a

complexos alvéolos

- Dupla incompleta:

dois átrios e um

ventrículo. Sangue

venoso e arterial se

misturam

- Crocodilianos: dupla

completa

ANFÍBIOS - Completo: boca a

ânus

- Não possuem

glândulas salivares

- Cloaca

- Branquial: fase

larval

Pulmonar e cutânea:

fase adulta.

- Dupla incompleta:

dois átrios e um

ventrículo. Sangue

venoso e arterial se

misturam

PEIXES - Completo: boca a

ânus

- Cloaca

Branquial - Simples: um átrio e

um ventrículo. No

coração só passa

sangue venoso

EQUINODERMOS - Completo: simples

- Glândulas de

enzimas digestivas

- Branquial

- Difusão no sistema

ambulacrário

- Aberta e lacunosa

ARTRÓPODES - Completo: simples

- Glândulas de

enzimas digestivas

- Traqueal: insetos

- Branquial: crusta-

ceos

- Fitotraqueias ou

fitopulmões: arac-

nídeos

- Aberta e lacunosa

MOLUSCOS - Completo: simples

- Glândulas de

enzimas digestivas

- Branquial

- Pulmonar: Gas-

trópodes

- Aberta e lacunosa

- Fechada: Cefa-

lópodes

ANELÍDEOS - Completo: muito

simples

- Sem glândulas

- Cutânea: difusão

pela pele

- Branquial: poli-

quetos

- Fechada

NEMATELMINTOS - Completo: muito

simples

- Sem glândulas

- Não possuem

- Difusão

- Não possuem

- Difusão

PLATELMINTOS - Incompleto: sem

ânus

- Células excretoras

especiais

- Não possuem

- Difusão

- Não possuem

- Difusão

CNIDÁRIOS - Incompleto: só

cavidade

- Duas etapas:

extracelular e depois

intracelular

- Não possuem

- Difusão

- Não possuem

- Difusão

PORÍFEROS - Não possuem

- Intracelular pela

fagocitose –

partículas são

circundadas por

vacúolos onde são

liberadas enzimas

digestivas

- Não possuem

- Difusão

- Não possuem

- Difusão

f) Atividades

E para finalizar o trabalho foram desenvolvidas várias atividades. Tais

atividades visavam:

- Reconhecer representantes dos diversos grupos, bem como identificar a qual

grupo pertencem e suas principais características;

- Agrupar diversos animais em vertebrados ou invertebrados;

- Identificar representantes em um ambiente, classificando-os em seus respectivos

grupos;

- Relacionar grupos a características apresentadas.

g) Andamento da implementação

A implementação transcorreu normalmente, sendo que os alunos

demonstraram grande interesse no trabalho, participando ativamente de todas as

atividades propostas. Houve uma pequena dificuldade no momento da realização da

pesquisa bibliográfica, já que alguns grupos deixaram alguns itens sem serem

pesquisados e na hora da apresentação oral faltavam informações para completar o

quadro identificatório proposto, o qual serviu de base para a construção do quadro

sinótico.

Para superar tal dificuldade, durante a apresentação dos grupos, houve

complementação por mim, através de explicações nas informações falhas.

A realização da implementação ocorreu a partir da segunda quinzena do

mês de setembro até aproximadamente final de novembro.

Houve parceria entre o Colégio Estadual Álvaro Natel de Camargo e a

Prefeitura Municipal, para que a implementação pudesse ocorrer.

A Prefeitura Municipal cedeu o transporte escolar para a viagem ao

zoológico de Cascavel, onde ocorreu o passeio dirigido, bem como patrocinou o

material para os alunos, composto de apostila compreendendo o conteúdo científico

da unidade didática.

O Colégio patrocinou o material para impressão das fotografias produzidas

no passeio dirigido e das imagens da apresentação em TV pen drive, as quais foram

utilizadas para construção do painel identificatório, bem como o material necessário

ao painel.

Os pais arcaram com as despesas de alimentação de seus filhos no dia do

passeio.

5 Resultados e discussões

Com intuito de coletar dados referentes ao conhecimento prévio dos alunos

da 6ª série A, turma de implementação do trabalho, bem como, dos alunos da 6ª

série B, turma controle, sobre o conteúdo “morfologia e fisiologia dos grupos do reino

animal”, foi aplicado pré-teste, sobre o assunto.

O referido pré-teste foi elaborado com o objetivo de coletar dados. Mas

anteriormente a aplicação às turmas as quais se destinava, foi validado através de

resolução do mesmo por uma turma de mesmo nível, ou seja, uma 6ª série de outro

estabelecimento de ensino.

O pré-teste foi aplicado anteriormente ao início do trabalho do conteúdo em

questão, em ambas as turmas, turma de implementação e turma controle, sendo

respondido individualmente sem nenhuma orientação sobre o conteúdo, já que

visava coletar informações sobre o conhecimento prévio dos educando, bem como,

sem consulta a qualquer tipo de material.

Para comparação de dados, optou-se por dois parâmetros específicos que

foram as médias das turmas no pré-teste e no pós-teste e a porcentagem de acertos

em relação à classificação dos representantes do reino animal constantes da

avaliação utilizada, em vertebrados e invertebrados, no pré-teste e pós-teste.

Como resultado do conhecimento prévio dos alunos, obteve-se para a turma

de implementação média 3,52 e para turma controle média 3,44, valores

representados no (Gráfico 1 – média do pré-teste por turma). A turma da

implementação do trabalho, apresentou melhor média em relação à turma controle,

mas ambas ficaram abaixo da média do sistema de avaliação nacional, que é 6,0.

Gráfico 1: média do pré-teste por turma Organização: Vanda Jaremczuk, 2012.

3,4

3,45

3,5

3,55

6ª série A 6ª série B

Observa-se no gráfico 1, que a 6ª série A, turma da implementação do

trabalho demonstrou maior conhecimento prévio sobre o assunto em questão, em

relação a turma controle. No entanto, essa diferença não pode ser considerada

significativa, já que a diferença é de 0,08.

Este conhecimento prévio, provavelmente foi adquirido nas séries anteriores,

ou pelo conhecimento empírico transmitido pela família ou pela sociedade na qual os

educandos estão inseridos.

Em ambas as turmas, as respostas apresentaram diversas informações em

relação à formação de grupos de acordo com as características dos animais, em

especial relacionadas aos ambientes em que os seres vivos são encontrados, bem

como, em relação ao tipo de alimentação. A grande maioria dos alunos classificou

os representantes do pré-teste, em terrestres ou aquáticos.

No entanto, poucos responderam o que se esperava, ou seja, a classificação

dos seres vivos em vertebrados e invertebrados. Na 6ª série A 28% dos alunos

acertaram a classificação, agrupando os representantes em vertebrados e

invertebrados, enquanto que na 6ª série B 24% responderam desta forma. Estes

resultados estão sistematizados no gráfico 2, (Gráfico - acertos em relação a

vertebrados e invertebrados, por turma no pré-teste).

Gráfico 2: acertos em relação a vertebrados e invertebrados, por turma no pré-teste Organização: Vanda Jaremczuk, 2012.

Durante o desenvolvimento do conteúdo ‘morfologia e fisiologia do reino

animal’, na 6ª série B ou turma controle, o trabalho foi desenvolvido somente em

sala de aula, de forma tradicional, utilizando-se principalmente o livro didático, e

metodologias como a pesquisa bibliográfica, a apresentação oral da pesquisa, a

confecção de cartazes, explicações feitas pela professora e realização de atividades.

Na 6ª série A, turma da implementação, foram realizadas todas as

metodológicas descritas neste trabalho, partindo-se do passeio dirigido como

22%

24%

26%

28%

30%

6ª série A 6ª série B

organizador de informações para a aprendizagem significativa e utilizando-se as

outras metodologias já descritas.

Após o término do trabalho, em ambas as turmas aplicou-se o mesmo teste

com intuito de verificação dos resultados da aprendizagem adquirida pelos alunos.

Como resultado do pós-teste a 6ª série A, turma da implementação, obteve

média 7,21 e a 6ª série B, turma controle, atingiu média 6,75. Estes resultados foram

sistematizados no gráfico 3, (Gráfico 3 – média do pós-teste por turma).

Gráfico 3: média do pós-teste por turma Organização: Vanda Jaremczuk, 2012.

Comparando o crescimento entre as médias da 6ª série A e 6ª série B, ou

seja, entre o resultado do pré-teste e do pós-teste, verifica-se que houve um

crescimento de 3,69 na média para a turma da implementação do trabalho 6ª série A

e de 3,31 na média, para a turma controle 6ª série B. Os resultados obtidos estão

representados no gráfico 4 (Gráfico 4 – crescimento entre as médias do pré-teste e

pós-teste).

Gráfico 4: crescimento entre as médias do pré teste e pós-teste Organização: Vanda Jaremczuk, 2012.

Analisando o resultado do crescimento das médias, a turma na qual ocorreu

a implementação do trabalho, apresentou melhor desempenho em relação à

aprendizagem.

Mesmo a diferença sendo pequena, ou seja, 0,38 da média, esta diferença

deve ser considerada. Afinal, o principal objetivo da presente pesquisa era utilizar

metodologias variadas com intuito de aproximar o conteúdo empírico ao conteúdo

científico através de organizadores prévios buscando facilitar o trabalho em sala de

6,4

6,6

6,8

7

7,2

7,4

6ª série A 6ª série B

3 3,2 3,4 3,6 3,8

6ª série A 6ª série B

aula, melhorar o interesse dos alunos e consequentemente melhorar os índices de

aprendizagem.

Ao se analisar o trabalho como um todo, conclui-se que o objetivo foi

atingido já que, a média da turma controle foi maior no pós-teste, mas

principalmente devido ao interesse e a participação demonstrado pelos alunos da

implementação durante o desenvolvimento de trabalho.

Quanto aos resultados obtidos na classificação esperada em vertebrados e

invertebrados, após o desenvolvimento do trabalho, 96% dos alunos da 6ª série A e

84% dos alunos da 6ª série B, acertaram a questão. Estes resultados estão

representados no gráfico 5, (Gráfico 5 – acertos em relação a vertebrados e

invertebrados, por turma no pós-teste).

Gráfico 5: acertos em relação a vertebrados e invertebrados, por turma no pós-teste Organização: Vanda Jaremczuk, 2012.

Desta forma, quanto à classificação dos representantes do reino animal, em

vertebrados e invertebrados, a diferença entre os resultados do pré-teste e pós-teste

foram de 68% para a 6ª série A e de 60% para a 6ª série B, valores representados

no gráfico 6 (Gráfico 6 – diferença de acertos em relação a vertebrados e

invertebrados, por turma).

Gráfico 6: diferença de acertos em relação a vertebrados e invertebrados, por turma Organização: Vanda Jaremczuk, 2012.

Analisando os gráficos 2, 5 e 6, percebe-se uma diferença de 8% entre as

duas turmas em relação ao item considerado. A turma da implementação

apresentou melhor resultado demonstrando na avaliação ter obtido conhecimento

científico superior, e que este conhecimento na hora da avaliação facilitou na

75%

80%

85%

90%

95%

100%

6ª série A 6ª série B

50%

60%

70%

6ª série A 6ª série B

classificação dos representantes em questão. Portanto, esta diferença pode ser

considerada significativa.

Pela análise dos dois itens considerados, através dos resultados obtidos no

trabalho realizado, a diferença nos resultados é significativa.

Assim, pode-se concluir que a forma como se trabalha o conteúdo

‘morfologia e fisiologia dos grupos do reino animal’, pode influir na aprendizagem

dos alunos, melhorando a qualidade das aulas, o interesse e participação dos alunos

e consequentemente também a aprendizagem. Portanto, a metodologia utilizada na

prática pedagógica merece reflexão.

6 Considerações finais

Nos últimos anos, a educação brasileira tem passado por momentos de

reflexão, em relação à prática pedagógica e ao ensino aprendizagem. Tais reflexões

surgem, devido aos baixos índices verificados em avaliações nacionais como a

Prova Brasil, o Enem entre outros.

Por sua vez, o professor como transmissor de conhecimentos, tem cada vez

mais se autoavaliado em relação a sua prática pedagógica em sala de aula. Todo

bom profissional está sempre em busca de inovações metodológicas que possam

dar conta de melhorar a qualidade das aulas e assim, corresponder às expectativas

dos alunos, que a cada dia estão mais exigentes devido à disponibilidade de novas

tecnologias.

Outrossim, o profissional da educação apresenta grande expectativa em

relação ao desenvolvimento escolar de seus alunos, buscando desenvolver alunos

pesquisadores, críticos e que sejam capazes de correlacionar o saber científico

escolar com o seu dia a dia podendo atuar na sociedade, conscientes da

importância do meio onde estão inseridos e capazes de ocasionar mudanças.

Nesta visão, para Suely Scherer, “educar é ousar, existir na complexidade,

na busca contínua da compreensão do desconhecido, questionando e se

alimentando da incerteza, participando da história, construindo-a”. (SCHERER, p.

46, 2005).

No entanto, não raramente os profissionais da educação têm se deparado

com dificuldades em se trabalhar alguns conteúdos, devido a problemas como: a

amplitude dos conteúdos, ao pouco tempo disponível para o trabalho em sala de

aula, a prática pedagógica repetitiva, entre outros.

Com o objetivo de buscar novas possibilidades que possam amenizar tais

dificuldades melhorando a prática pedagógica, desenvolveu-se este trabalho,

buscando experimentar metodologias variadas e diferenciadas para se trabalhar o

conteúdo ‘morfologia e fisiologia do reino animal’, na 6ª série do ensino fundamental.

Pelo estudo realizado se pode concluir que metodologias como o passeio

dirigido aproximam o conhecimento científico ensinado na escola, ao conhecimento

empírico que o aluno possui. Além disso, despertam no aluno maior interesse e

facilitam a assimilação de informações que precisam ser armazenadas por eles.

A diferença entre as médias dos alunos com os quais houve a

implementação e aqueles que o conteúdo foi trabalhado de forma tradicional foi

pequena, 0,38. Já, a diferença entre o percentual das duas turmas em relação à

classificação correta dos seres vivos em vertebrados e invertebrados foi mais

significativa, 8% superior no grupo com o qual se realizou o trabalho.

No entanto, durante as aulas, a 6ª série A, turma da implementação,

demonstrou mais interesse, participação, envolvimento, questionamentos, do que a

6ª série B com a qual se trabalhou de forma tradicional. Este envolvimento dos

alunos refletiu significativamente na qualidade da aula, inclusive facilitando o

relacionamento entre professor e aluno.

A possibilidade de utilização de metodologias variadas e organizadores

prévios para trabalhar conteúdos e consequentemente melhorar o trabalho do

professor em sala de aula, merece reflexão e análise especial por parte do corpo

docente.

Referências

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KRASILCHIK, M. O professor e o currículo de ciências. São Paulo: EPU: Editora da

Universidade de São Paulo, 1987.

LOPES, P. H. O potencial didático de trilhas interpretativas para o ensino de Ciências.

MOREIRA, M. A.. Aprendizagem significativa crítica. Porto Alegre, 2005.

MOREIRA, M. A.. Organizadores Prévios e Aprendizagem Significativa. Material de

apoio ao mini-curso sobre Organizadores Prévios e Aprendizagem Significativa. II Encontro

Nacional de Aprendizagem Significativa. Canela 24 a 28 de novembro de 2008.

PÁDUA, Elisabete Matallo Marchesini. Metodologia da Pesquisa: abordagem

teórico-prática. 13ª edição. Campinas - São Paulo: Editora Papirus, 2007.

PARANÁ. Secretaria de Estado de Educação. Superintendência de Educação. Departamento da Educação Básica. Diretrizes Curriculares Estaduais de Ciências para os anos finais do Ensino Fundamental. Curitiba, 2008.

SCHERER, Suely. Uma estética, possível para a educação bimodal: Aprendizagem e comunicação em ambientes presenciais e virtuais. São Paulo, PUC, 2005.

STANGE, C. E. B. Abordagens sobre enfoques teóricos: resumos de monografias sobre teorias de ensino e aprendizagem. Monografia. Programa Internacional de Doutorado em Ensino de Ciências, Universidade de Burgos, Espanha, 2004.

STANGE, C. E. B., SANTOS, J. M. T. dos SANTOS, S. Ap. Organizadores Previos en La

Enseñanza de Sistemática através de la Técnica de los Botones: Una aplicación del

Diagrama ADI.