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Comunicação e Linguagem
Viviane Favaro Notari
Mestra em Estudos Linguísticos - UEM
Pós-graduada em Metodologia do ensino da Língua Portuguesa - Unicesumar
Graduada em Letras-Português - UEM
É Mestra em Letras, pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da
Universidade Estadual de Maringá (UEM), na área de concentração
Estudos Linguísticos e na linha de pesquisa Ensino e aprendizagem de
línguas. Tem Pós-graduação lato sensu em Metodologia do Ensino de
Língua Portuguesa pelo Centro Universitário Cesumar (UNICESUMAR).
É Graduada em Letras-Português pela Universidade Estadual de Marin-
gá (UEM). Realiza pesquisas e publicações, especialmente, na área de
ensino-aprendizagem de língua materna, com ênfase para aquisição da
escrita e letramento. Tem experiência como revisora de textos e elabo-
ração de materiais didáticos para educação a distância. Atualmente, é
revisora de textos em uma empresa de consultoria educacional.
Yara Dias Canali
MBA Gestão de Pessoas - Unicesumar.
Graduação Pedagogia - Uninter.
Graduação Letras - UEM.
Possui MBA em Gestão de Pessoas pelo Centro Universitário Cesumar (Uni-
cesumar), graduação em Pedagogia pela Universidade Internacional (Unin-
ter) e graduação em Letras Português e Literaturas Correspondentes (Licen-
ciatura) pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Tem experiência
em revisão de texto e em produção de materiais didáticos da Educação a
Distância. Atualmente, é Designer Educacional em uma consultoria educa-
cional e colunista em blogs de bastante acesso na internet.
Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) ao nosso livro Comunicação e Linguagem. Tratare-
mos, aqui, de assuntos que são relevantes para a comunicação e para a linguagem.
Iniciaremos nosso estudo abordando recursos que ajudam o texto a ser compreendido:
a coesão e a coerência. Esses dois recursos são elementos importantes para que aquilo
que se escreve tenha textualidade.
Abordaremos, também, o processo comunicativo, uma vez que entendemos que o ob-
jetivo da linguagem é estabelecer a comunicação. Veremos a relação entre a linguagem
e a comunicação, os elementos envolvidos na comunicação e aquilo que é preciso para
que se estabeleça uma comunicação com qualidade. Ampliando nosso conhecimento a
respeito da comunicação, veremos a linguagem e a competência linguística, a linguagem
e a comunicação e o processo da comunicação, abordando, ainda, as funções da lingua-
gem, a argumentação, a compreensão e a interpretação, qualidade na comunicação,
variação linguística e norma padrão.
Finalizaremos nosso estudo com a comunicação no ambiente organizacional que pode
ocorre por meio da comunicação dirigida, que pode ocorrer em textos impressos, de for-
ma oral ou e forma eletrônica e, ainda, em formas específicas. Traremos a definição e tra-
remos exemplo para que você, aluno(a), possa compreender melhor cada um dos tópicos
abordados no nosso livro Comunicação e Linguagem.
Bons estudos!
Comunicação e Linguagem
Coesão e coerência: a construção da textualidadeunidade 1
Coesão e coerência: a construção da textualidadeViviane Favaro NotariYara Dias Canali
Prezado(a) aluno(a), quando elaboramos um texto, fazemos uso de recursos que auxiliarão para que
ele seja compreendido. No que tange à produção textual, dois elementos são bastante relevantes para
dar textualidade ao que se escreve. Tratam-se da coerência e da coesão.
Nesta unidade, abordaremos, portanto, os conceitos de coerência e coesão, descrevendo como esses
elementos contribuem para atribuir a textualidade aos enunciados. Primeiramente, para iniciarmos nos-
so conteúdo, trataremos, brevemente, da Linguística textual, que abrirá os caminhos para que, assim,
possamos explanar sobre os dois pontos principais que estarão em foco.
Ao discorrermos a respeito da coerência, abordaremos os casos de coerência semântica, sintática,
pragmática e estilística, verificando ocorrências que exemplifiquem cada um desses conceitos. Veremos,
ainda, a coerência no texto, trazendo textos que mostram diferentes situações de coerência. Para fina-
lizar o tema, discorreremos acerca dos fatores de coerência, ou seja, dos pontos que levam o texto a
estabelecer seu sentido pretendido.
Quando falarmos de coesão, será possível compreender que os elementos coesivos dão clareza ao
texto, contudo a coesão não é considerada uma condição necessária para isso. Discorreremos sobre a
coesão referencial e a coesão sequencial, sendo que, na primeira, notamos que o refente faz com que
as palavras tenham relação entre si, já na segunda, respectivamente, a sequência faz com que texto
progrida e se desenvolva.
Esperamos que você possa compreender a coerência e a coesão como elementos distintos e que se
relacionam para dar textualidade aos enunciados.
Comunicação e Linguagem
Coesão e coerência: a construção da textualidade
Comunicação e Linguagem
Coesão e coerência: a construção da textualidade
Considerações iniciaisQuerido(a) aluno(a), a linguagem, seja ela verbal ou não verbal, oral ou escrita,
é essencial para concretização da comunicação em sociedade. Especialmente por
esse motivo, ela vem sendo estudada, ao longo do tempo, por diferentes perspecti-
vas teóricas. Nesse contexto, consolida-se a Linguística, uma ciência que “tem por
finalidade elucidar o funcionamento da linguagem humana, descrevendo e expli-
cando a estrutura e o uso das diferentes línguas faladas no mundo” (FIORIN, 2013,
p. 42). Para cumprir esse objetivo, essa ciência desdobra-se em diversas vertentes,
que tinham o propósito de contribuir para o estudo da língua e da linguagem.
Uma dessas vertentes linguísticas foi a Linguística Textual, que surgiu na
Europa, na década 60, com o intuito de “descrever fenômenos sintático-semânticos”
que ocorriam “entre enunciados ou sequências de enunciados” (KOCH, 2000, p. 11).
Nessa época, os estudos eram, ainda, muito voltados à gramática estrutural. Com
o avançar dos estudos, a Linguística textual foi ganhando outras características e
objetos, passando do estudo exclusivo de palavras ou frases soltas para a análise
de textos, que, para essa teoria, como destaca Koch (2000, p. 14), é a “unidade
básica de comunicação da linguagem”. Dessa forma, Marcuschi (1986, p. 12-13)
sintetiza que
a Linguística textual trata o texto como um ato de comunicação unificado
num complexo universo de ações humanas. Por um lado, deve preservar a
organização linear que é o tratamento estritamente lingüístico abordado no
aspecto da coesão e, por outro, deve considerar a organização reticulada
ou tentacular, não linear portanto, dos níveis de sentido e intenções que rea-
lizam a coerência no aspecto semântico e funções pragmáticas.
Comunicação e Linguagem
Coesão e coerência: a construção da textualidade
Observa-se, então, que a coesão e a coerência, foco desta unidade, são conceitos
desenvolvidos na Linguística Textual, responsáveis por instaurar a textualidade.
Embora ambos os fatores sejam importantes para a compreensão e a constituição
de um texto, atualmente, coesão e coerência são consideradas noções distintas. A
coerência é responsável pela construção de sentidos para o texto, envolvendo, nesse
processo, fatores linguísticos, cognitivos e interacionais (KOCH, 2004). A coesão, por
sua vez, diz respeito às formas como palavras, frases e orações estão relacionadas
entre si em uma sequência textual (FÁVERO, 1991), envolvendo, assim, fatores
gramaticais e lexicais em sua constituição.
Nesse sentido, pode haver construções textuais coerentes, sem a presença de
elementos coesivos, assim como é possível a existência de sequências escritas com
presença de elementos coesivos, mas que não constituem textos, como vemos, res-
pectivamente, nos exemplos a seguir.
Exemplo 1
Encontro marcado. Ela, frieza, decisão. Ele, arrependimento, vergonha.
Procuravam a melhor saída. Nenhum acordo favorável. Divórcio.
Exemplo 2
O casal, cheio de decisão, marcou a data de assinatura do divórcio, porque se
ama muito e deseja, acima de tudo, viver o resto da vida junto; para isso, brigaria
na justiça por liberdade e pelos bens que cada um adquiriu antes de casar.
Nota-se que, no exemplo 1, apesar de não ter elementos coesivos que liguem a
sequência das informações, é possível atribuir um sentido (um casal que se encontra
para decidir sua situação afetiva e, sem acordos satisfatórios, se divorcia). Em con-
trapartida, no exemplo 2, há elementos coesivos que permitem uma ligação entre
Comunicação e Linguagem
Coesão e coerência: a construção da textualidade
as informações (porque, e, por isso), porém o sentido proposto é incoerente, uma vez
que as informações apresentadas se contradizem (um casal que deseja viver junto
toda a vida não marcaria a data do divórcio nem brigaria por liberdade).
A partir dessas considerações, caro(a) aluno(a), é possível afirmar que, ainda
que apresentem definições distintas,
a coerência e a coesão têm em comum a característica de promover a inter
-relação semântica entre os elementos do discurso, respondendo pelo que
se pode chamar de conectividade textual. A coerência diz respeito ao nexo
entre os conceitos e a coesão, à expressão desse nexo no plano lingüístico
(VAL, 2004, p. 7).
Coesão e coerência são, portanto, responsáveis por fazer com que um conjunto de
palavras seja, de fato, um texto. Nas seções a seguir, serão discutidas as particula-
ridades de cada um desses fatores, com o intuito de fazê-lo(a) compreender o que
é essencial para a textualidade dos enunciados.
Atividade
1. A Linguística Textual é uma vertente linguística que surgiu na década de 60, na
Europa, e, a partir de seu desenvolvimento, teve o objetivo principal de:
a. estudar aspectos estritamente gramaticais.
b. analisar um texto considerando aspectos linguísticos e semânticos.
c. estudar aspectos estritamente semânticos.
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Coesão e coerência: a construção da textualidade
d. problematizar as formas de reflexão acerca do discurso.
e. apresentar a língua como um sistema, uma estrutura, que deve ser vista apenas como
forma.
CoerênciaCaro(a) aluno(a), a coerência está relacionada com estabelecer sentido ao texto.
Ao tratarmos de coerência, é relevante que nos façamos valer da definição apre-
sentada por Koch e Travaglia (2009, p. 53):
É a coerência que faz com que uma seqüência lingüística qualquer seja vista
como um texto, porque é a coerência, através de vários fatores que per-
mite estabelecer relações (sintático-gramaticais, semânticas e pragmáticas)
entre os elementos da seqüência (morfemas, palavras, expressões, frases,
parágrafos, capítulos etc.), permitindo construí-la e percebê-la, na recepção,
como construindo uma unidade significativa global.
Diante da visão dos autores, podemos inferir que é por meio da coerência que a
textualidade se faz presente nas sequências linguísticas. No entanto, ainda assim,
difícil se faz defini-la por intermédio de um conceito, dessa forma, traremos situa-
ções que tornarão possível a sua percepção.
Quando o conceito de texto é estudado, um dos temas recorrentes a ser discutido
é a construção incoerente. Muitas vezes, esses comentários estão relacionados ao
raciocínio lógico. Vejamos algumas frases que exemplificam essas ocorrências:
Comunicação e Linguagem
Coesão e coerência: a construção da textualidade
(1) Ana já havia feito o almoço quando chegamos, mas ainda fazia o almoço.(2) Paulo estava doente, no entanto faltou ao trabalho.
(3) A geladeira está grávida.
No exemplo da frase (1), a incoerência se deve ao fato de, primeiramente, mos-
trar uma ação acabada e que, não obstante, continuou sendo executada. A incoe-
rência da frase (2) se dá por as duas frases não se oporem uma à outra, visto que
o fato de João faltar ao trabalho é uma consequência de estar doente. Na frase (3),
constata-se a incoerência por se atribuir a gravidez a um objeto.
É possível perceber que, mais do que a combinação de elementos linguísticos,
para estabelecer a coerência, são necessários conhecimentos anteriores. De acordo
com Koch e Travaglia (2000, p. 12),
o juízo de incoerência não depende apenas do modo como se combinam
os elementos lingüísticos no texto, mas também de conhecimentos prévios
sobre o mundo e do tipo de mundo em que o texto se insere, bem como do
tipo de texto.
Ou seja, a incoerência nas frases (1), (2) e (3) só foram percebidas devido aos
conhecimentos que trazemos de mundo que nos fazem detectar a inconsistência
naquilo que está enunciado nos três exemplos.
No nosso quarto exemplo para elucidar a coerência, trazemos um texto com-
posto, somente, por substantivos precedidos de artigos.
(4) O casamento
O amor.O anel.
O pedido.
Comunicação e Linguagem
Coesão e coerência: a construção da textualidade
A preparação.A espera.
A ansiedade.
O dia.O vestido.A igreja.
O paiA marcha.A entrada.
O altar.Os noivos.
O sim.
Além do texto “O casamento” ser, visivelmente, um poema, é possível compre-
endê-lo e perceber que ele estabelece coerência pelos fatos que são narrados, ainda
que seja somente com poucas palavras, sem quase nenhuma descrição. Nesse caso,
a coerência se dá quando o leitor ativa seus conhecimentos prévios já a partir do
título “O casamento”, percebendo toda a relação entre o texto e um casamento.
O exemplo (5) apresenta o mesmo tema contado em prosa e com a presença de
elementos coesivos.
(5)Eram completamente apaixonados um pelo outro, mas, ainda assim, Tereza não imaginava a surpresa que Antônio lhe preparava. Ele, ao passar pela loja, fitou o anel e decidiu comprá-lo. Pediu a amada em casamento durante o
pôr do sol no lugar em que se conheceram.Depois disso, vieram os preparativos. Eram tantos detalhes até a chegada do grande dia, que ainda parecia
distante, causando-lhes grande ansiedade.O tempo, porém, foi generoso em sua espera e, quando menos esperavam, o grande dia chegou. Tereza não
conteve as lágrimas quando se viu no espelho com seu vestido de noiva.No caminho até a igreja, sentia o coração sair pela boca, mas se acalmou quando encontrou seu pai que,
abraçando-a fortemente, disse-lhe o quanto estava linda. A marcha nupcial anunciou sua chegada e ela caminhou feliz até o altar onde encontrou seu amado. Os noivos
transbordavam amor entre sorrisos e olhares. Ao dizerem sim um ao outro, foram felizes para sempre.
Comunicação e Linguagem
Coesão e coerência: a construção da textualidade
Nesse exemplo, é mais fácil perceber que o texto é coerente, uma vez que, cla-
ramente, os fatos são apresentados e todos eles têm uma relação entre si, dentro
daquilo que o leitor espera referente ao casamento.
Para Koch e Travaglia (2000, p. 21),
a coerência está diretamente ligada à possibilidade de se estabelecer um
sentido para o texto, ou seja, ela é o que faz com que o texto faça sen-
tido para os usuários, devendo, portanto, ser entendida como um princípio
de interpretabilidade, ligada à inteligibilidade do texto numa situação de
comunicação e à capacidade que o receptor tem para calcular o sentido
desse texto.
Os autores trazem, ainda, uma importante consideração a respeito do tema ao
dizerem que, “portanto, para haver coerência, é preciso que haja possibilidade de
estabelecer no texto alguma forma de unidade ou relação entre seus elementos”
(KOCH; TRAVAGLIA, 2000, p. 21). O exemplo (6) nos permite esclarecer essa
relação.
(6) – A campainha.
– Estou ocupada.– Ok.
O diálogo apresentado pode parecer incoerente se não analisarmos o contexto.
Ao dizer “a campainha”, o que se pretende é avisar que a campainha está tocando
e o intuito é que o outro atenda à porta. Ao receber a resposta “estou ocupada”,
entende-se que o outro não poderá atendê-la e, portanto, seu “ok.” é uma maneira
de dizer “eu atenderei a porta então”.
Comunicação e Linguagem
Coesão e coerência: a construção da textualidade
Van Dijk e Kintsch (1983, apud KOCH; TRAVAGLIA, 2000) consideram a coe-
rência em diferentes tipos. Ao apresentarem a coerência semântica, inferem que
o texto não pode ter contradição, visto que a semântica está ligada às relações de
sentido entre as estruturas.
(7) Por gostar tanto da cor do céu, Eliana usava sempre roupas vermelhas.
Considerando a cor do céu azul, a frase do exemplo (7) se mostra contraditória,
uma vez que se espera que as roupas de Eliana não sejam vermelhas, mas sim da
cor do céu, isto é, azul.
A coerência sintática está relacionada aos meios sintáticos usados para expres-
sar a coerência. Exemplos são a ordem sintática da frase, os elementos coesivos, a
seleção lexical.
(8) A - Raul foi ao show, porque no entanto não tinha ingresso.
B - Raul foi ao show, no entanto, porque não tinha ingresso, não pode entrar.
No exemplo (8), em A, vemos que o recurso sintático utilizado não tem relação
com a frase, desse modo, ela está incoerente. Já em B, é possível compreender o sen-
tido da frase e o motivo de Raul não ter entrado no show.
A coerência pragmática está relacionada ao fato de o texto seguir uma sequên-
cia de atos de fala. Essas falas devem estar ligadas com as mesmas condições de
uma situação comunicativa.
(9) - Vamos ao cinema?
- Hoje almocei macarronada.
Comunicação e Linguagem
Coesão e coerência: a construção da textualidade
No exemplo (9), temos uma situação incoerente, pois a resposta dada à pergunta
“vamos ao cinema?” não tem relação alguma. Ocorreu uma incoerência, uma vez
que não se espera que a resposta seja o prato que comeu na refeição quando se
convida para ir ao cinema.
Na coerência estilística, espera-se que o enunciado mantenha o mesmo padrão
de estilo. Por exemplo, ao fazer uso da linguagem culta, aquele que enuncia não
deveria fazer uso de uma linguagem coloquial.
(10)Prezado chefe,
Por meio deste, gostaria de, gentilmente, requerer minhas férias para o período de 20 de abril a 20 de maio, haja vista que irei juntar as escovas de dente e vou cair na estrada.
Atenciosamente,Marcelo.
A mudança de linguagem no bilhete de Marcelo para o chefe foi incoerente.
Embora seja possível entender que ele vai se casar e gostaria de viajar, o fato de
ele mudar de uma linguagem culta para a coloquial causa estranheza, tanto pela
mudança como por não ser comum enviar, para o chefe, bilhetes tão descontraídos.
Saiba mais
Para esclarecer ainda mais o tema coerência, vamos assistir à aula do professor Kalife, que tem por
objetivo melhorar a redação dos seus alunos por meio do entendimento da coerência. Disponível em:
Youtube.com.
Comunicação e Linguagem
Coesão e coerência: a construção da textualidade
Coerência e textoCaro(a) aluno(a), para falarmos de coerência e texto, podemos, baseados em
Koch e Travaglia (2000), dividir a produção de texto em três fases:
a. na primeira fase, o autor do texto tem uma intenção comunicativa;
b. na segunda fase, o autor do texto traça um plano para conseguir seu obje-
tivo de comunicar aquilo que deseja;
c. na terceira fase, o receptor deverá compreender a mensagem, para isso,
o produtor do texto realiza aquilo que for necessário para se expressar
verbalmente.
Diante dessas informações, podemos perceber, então, que, nem sempre, para que
a ideia do autor seja compreendida pelo receptor, o texto deve seguir um roteiro
comum. Vejamos o texto Circuito fechado, de Ricardo Ramos (1978, p. 21-22).
Circuito fechadoChinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma,
creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água
quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias,
sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, reló-
gio, maço de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato,
bule, talheres, guardanapo. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona,
cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, bloco de notas,
espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis,
cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relató-
rios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio.
Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco
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Coesão e coerência: a construção da textualidade
de papel, caneta, projetor de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro
-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos,
talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova
de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel,
cigarro, fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel,
relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, tele-
fone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de
cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa,
cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras. Cigarro e fósforo. Poltrona,
livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa,
sapatos, meias, calça, cueca, pijama, chinelos. Vaso, descarga, pia, água, escova,
creme dental, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.
Embora não apresente elementos coesivos, o texto de Ricardo Ramos tem coe-
rência. A princípio, pode causar estranheza, no entanto, com uma leitura mais
atenta, é possível perceber a coerência do texto por meio das relações semânticas
entre as palavras, que têm a ver com o dia a dia do personagem. Assim, é possível
perceber que o texto descreve o dia de um homem, desde que acorda até quando
vai dormir ao final do dia; isso só é possível porque ativamos em nossa memória o
conhecimento de que as palavras têm entre elas uma ligação.
Agora, vejamos um exemplo de texto que tem elementos coesivos, mas que,
embora possua coerência, requer que o leitor compreenda o texto.
FelizFeliz, feliz, feliz. O fim da história dela terminou assim: só, feliz!
Realizada. Plena. Cheia de conquistas.
Antes disso, foi uma criança tímida que, dificilmente, se enturmava com molecada
Comunicação e Linguagem
Coesão e coerência: a construção da textualidade
da rua. Sentia as bochechas pegarem fogo quando as crianças gritavam seu nome
na tentativa frustrada de terem sua atenção. Na escola, colecionava boas notas e
a admiração de seus professores, mas, no recreio, dificilmente era vista brincando
com os outros alunos.
Quando a adolescência chegou, trouxe, na bagagem, uma segurança que não
é comum para essa fase, e ela despertou para o mundo. Fez amigos que estão com
ela até hoje, outros que foram extremamente leais enquanto mantiveram o contato.
Não teve inimigos, mas muitas meninas invejavam seu cabelo e seu jeans rasgado.
Logo veio a primeira paixão, a segunda, a terceira. Ela se divertia com o novo
e, quase sempre, lidava bem com o fim.
Aí veio a faculdade, as festas memoráveis e um sentimento que não conhecia.
O cara de cicatriz no queixo e olhos castanhos tirou, pela primeira vez, um “eu te
amo” da boca dela. E eles estudaram, viajaram, foram a muitas festas juntos. Ela
conheceu uma felicidade que só aqueles que se apaixonam perdidamente sabem
descrever.
Todos os seus planos incluíam a ele.
Até que ele se sentiu no direito de questionar seus sonhos e interferir neles.
O texto Feliz, de Yara Dias (2017, on-line), também não segue um roteiro
comum. A história inicia com o final da personagem sendo narrado. Em uma
leitura desatenta, poderia passar despercebido para o leitor que a personagem ter-
minou sozinha e feliz, e a coerência do texto ficaria comprometida sem essa inter-
pretação. O texto, entretanto, se faz coerente e interessante exatamente pelo fato
de fugir do óbvio e exigir essa atenção de quem o lê.
A Figura 1.1 apresenta um texto em sua forma de construir a palavra sim.
Comunicação e Linguagem
Coesão e coerência: a construção da textualidade
Figura 1.1 - Sim
Fonte: Elaborada pelas autoras.
Composto por duas palavras, sendo uma delas repetida inúmeras vezes, a men-
sagem que a Figura 1.1 passa para o leitor é a de que o um sim é feito de muitos
nãos. Considerando que as duas palavras se opõem em significado, é fácil pensar
que há uma contradição ao ver um sim ser escrito por repetidos nãos. A análise e
a interpretação da mensagem que o texto quer passar, todavia, nos levam a per-
ceber que ele é, sim, coerente.
Dessa forma, é possível entender que a coerência pode se estabelecer de diferen-
tes formas no texto e que, para um texto ser considerado coerente, é preciso ativar
memórias, interpretar e analisar com atenção.
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Coesão e coerência: a construção da textualidade
Atividade
2. Para Koch e Travaglia (2000), é difícil definir o que é a coerência por meio de um
conceito, uma vez que ela está vinculada com a possibilidade de estabelecer sentido
ao texto. Diante de tudo que foi visto até aqui a respeito da coerência, podemos
dizer que ela:
a. pode ficar ausente no texto, desde que haja relações semânticas entre as palavras.
b. é a relação lógica entre as ideias do texto.
c. é estritamente ligada à coesão.
d. só está presente em texto em prosa.
e. juntamente com a coesão são elementos independentes que não têm relação com a
Linguística
Fatores de coerênciaDiante de tudo que expusemos até aqui sobre coerência, já ficou claro que, para
se estabelecer a coerência, são necessárias algumas ordens, sejam elas linguísticas,
cognitivas, discursivas, culturais ou interacionais.
Os elementos linguísticos, por exemplo, são, inquestionavelmente, relevantes para
que um texto tenha sentido, embora não seja possível compreender o texto somente
considerando as palavras que o compõem. Para Koch e Travaglia (2000, p. 59),
esses elementos servem como pistas para ativação dos conhecimentos arma-
zenados na memória, constituem o ponto de partida para a elaboração de
Comunicação e Linguagem
Coesão e coerência: a construção da textualidade
inferências, ajudam a captar a orientação argumentativa dos enunciados
que compõem o texto etc.
Algumas vezes, para estabelecer coerência, é necessário, também, conhecimento
de mundo. Ainda de acordo com Koch e Travaglia (2000, p. 60),
o nosso conhecimento de mundo desempenha um papel decisivo no esta-
belecimento da coerência: se o texto falar de coisas que absolutamente não
conhecemos, será difícil calcularmos o seu sentido e ele não parecerá desti-
tuído de coerência.
Em outros momentos, a coerência se faz presente por meio do conhecimento
partilhado. Por mais que todos nós trazemos conosco conhecimentos de mundo,
é impossível que duas pessoas partilhem dos mesmos conhecimentos, por isso, no
processo de comunicação, tendo um pouco de conhecimento comum, aquele que
enuncia e aquele que recebe a mensagem poderão estabelecer coerência em seu
diálogo, ainda que um traga uma informação nova ao outro.
Pegue sua camiseta branca e leve-a para a lavanderia.
Essa frase é um exemplo de contexto situacional, pois a situação ocorre no ato
da comunicação. O receptor deve identificar “sua camiseta branca” que, em outro
contexto, poderia perder o sentido e deixar de ser coerente. Há outros exemplos
de conhecimento partilhado que envolvem informações que são identificadas no
próprio texto, aquelas que são, culturalmente, conhecidas e as que são do conheci-
mento geral do enunciador e do receptor.
Comunicação e Linguagem
Coesão e coerência: a construção da textualidade
Grande parte daquilo que lemos exige de nós que façamos inferências para que
possamos compreender o que é dito. A inferência é a relação não explícita que
fazemos para compreender e interpretar o texto.
Mariah é formada em odontologia.
Inferências:Mariah fez faculdade.
Mariah é dentista.
Mais pontos devem ser considerados para que a coerência se estabeleça, e os
fatores de contextualização são um deles. Para que se compreenda uma mensa-
gem, é preciso que esses fatores sejam bem definidos. Vejamos um exemplo em que
isso é essencial.
Julia,Deixei aquele vestido reservado na nossa loja preferida do shopping central da cidade. Passe lá ainda hoje, pois
mais clientes se interessaram por ele. A vendedora não vai esperar muito tempo. Ela, inclusive, pediu para avisar que sua outra encomenda chegou.
Um beijo,Lorena.
Sem os fatores de contextualização, o bilhete de Lorena não faz sentido, haja
vista que não é possível identificar qual seria aquele vestido, shopping central,
qual cidade e a outra encomenda.
A coerência também ocorre por meio da intertextualidade, em que a informa-
ção passada deve ser relacionada com o intertexto, ou seja, vestígios de outro texto
no texto que se está lendo. Isso ocorre muito em paródias, piadas e, até mesmo, em
algumas críticas em que somente quem compreender o intertexto poderá entender
a mensagem.
Comunicação e Linguagem
Coesão e coerência: a construção da textualidade
Para encerrarmos nossas considerações sobre coerência, é necessário entender que
ela “não é apenas um traço ou uma propriedade do texto em si, mas sim que ela
se constrói na interação entre o texto e seus usuários, numa situação comunicativa
concreta” (KOCH; TRAVAGLIA, 2000, p. 81).
Atividade
3. Com relação aos fatores de coerência, ordens linguísticas, cognitivas, culturais ou
interacionais são importantes para que a coerência seja estabelecida. A respeito
disso, assinale a alternativa que apresenta a definição correta de um dos fatores de
coerência.
a. A intertextualidade é um fator de coerência, porque a coerência só ocorre no texto.
b. Os elementos linguísticos são fatores de coerência, visto que é possível entender o texto
valendo-se das palavras que o compõem.
c. A inferência é a relação do que interpretamos claramente no texto.
d. Os fatores de contextualização, por serem facultativos, não têm relação com a coerência,
mas sim com a coesão.
e. Conhecimento de mundo tem demasiada relevância na coerência do texto, uma vez que
não entender o assunto dificulta nossa compreensão.
Comunicação e Linguagem
Coesão e coerência: a construção da textualidade
CoesãoDiferente do que vimos com a coerência, que é fundamental para que um texto
se constitua como tal, a coesão não é uma condição necessária para isso, no entanto
não é menos verdade, também, que o uso de elementos coesivos dá ao
texto maior legibilidade, explicitando os tipos de relações estabelecidas entre
os elementos lingüísticos que o compõem. Assim, em muitos tipos de tex-
tos (...) a coesão é altamente desejável, como mecanismo de manifestação
superficial da coerência (KOCH, 2000, p. 19).
Pode-se, a partir disso, definir coesão de acordo com diferentes autores, como sin-
tetizado no quadro a seguir.
Autor(es) Definição
Halliday e Hassan (1976, apud KOCH, 2000, p. 17)
“relação semântica entre um elemento do texto e algum outro elemento crucial para a sua interpretação”.
Fiorin e Savioli (1990, p. 271)
“a conexão interna entre os vários enunciados presentes no texto dá-se o nome de coesão. Diz-se, pois, que um texto tem coesão quando seus vários enunciados estão organicamente articulados entre si, quando há
concatenação entre eles”.
Koch (2000, p. 19)“o conceito de coesão textual diz respeito a todos os processos de
seqüencialização que asseguram (ou tornam recuperáveis) uma ligação linguística significativa entre os elementos que ocorrem na superfície textual”.
Val (2006, p. 6)“manifestação linguística da coerência; advém da maneira como os conceitos
e relações subjacentes são expressos na superfície textual”.
Quadro 1.1 - Definições de coesão
Fonte: Elaborado pelas autoras.
Cada uma dessas definições, caro(a) aluno(a), apresenta sua especificidade, em
virtude da época em que foi expressa, da corrente teórica e do autor. Ainda assim,
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é possível observar que todas elas se referem à relação, à conexão, à ligação e/ou
à articulação entre elementos do texto. Dessa forma, a coesão é caracterizada pelo
encadeamento linguístico das partes que compõem um texto, ou seja, diz respeito
aos diferentes recursos utilizados pelo autor para relacionar, linguisticamente, os
elementos do enunciado construído, contribuindo para a construção do sentido.
Para essa concatenação, são utilizados vários mecanismos textuais. É importante
mencionar que, de modo geral, cada autor descreve mecanismos específicos para aná-
lise da coesão. Halliday e Hassan (1976, apud KOCH, 2000), por exemplo, citam cinco
mecanismos: referência, substituição, elipse, conjunção e coesão lexical. Com o avançar
das pesquisas, críticas foram surgindo em relação a essa abordagem, especialmente
pela proximidade entre referência e substituição. Neste material, seguiremos a abor-
dagem de Koch (2000), que considera a função dos mecanismos coesivos em cada
construção textual, propondo, então, duas principais modalidades de coesão: referencial
e sequencial, as quais descreveremos nas seções seguintes.
Atividade
4. Nesta unidade, apresentamos diferentes definições de coesão, um conceito desen-
volvido a partir da Linguística Textual. Considerando essas definições, assinale a
alternativa correta.
a. Coesão, segundo Koch (2000), diz respeito ao conceito de reestruturação do enunciado,
para estabelecer uma relação semântica entre os termos.
b. Para Val (2006), a coesão é uma manifestação linguística da coerência e refere-se ao
modo como há ligações entre elementos da superfície textual.
c. Segundo Halliday e Hassan (1976), a coesão é uma relação apenas sintática entre ele-
mentos do texto.
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d. A coesão, para Fiorin e Savioli (1990), ocorre quando não há articulação entre os enun-
ciados do texto.
e. Koch (2000) define cinco mecanismos para análise da coesão: referência, substituição,
elipse, conjunção e coesão lexical.
Coesão referencialO conceito de “referência”, segundo o dicionário Aurélio, diz respeito ao “1. Ato
ou efeito de referir; 2. O que se refere; 3. Alusão, menção” (FERREIRA, 2010, p.
649). O termo “referencial”, por sua vez, refere-se àquilo que faz referência. Logo,
podemos definir coesão referencial como a presença, em um texto, de elementos que
remetem, aludem, recuperam e/ou antecipam outros elementos já mencionados ou
por mencionar no texto.
Para Koch (2000, p. 30), os termos que fazem remissão são denominados “forma
referencial ou remissiva”, e os termos que são referidos, “elementos de referência ou
referente textual”.
A partir dessas definições, nota-se, de acordo com Koch (2000, p. 30), que “um
nome, um sintagma, um fragmento de oração, uma oração ou todo um enunciado”
podem ocupar o lugar de um referente textual, o qual vai se construindo enquanto
o texto se desenvolve. Observemos os exemplos a seguir para entendermos melhor
esses conceitos.
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Figura 1.2 - Charge com retomada textual
Fonte: Elaborada pelas autoras.
A charge da Figura 1.2 é composta por três quadros. No primeiro, um sujeito lê
a orientação de uma placa pendurada no portão de uma residência (“Cuidado, cão
bravo”). No segundo quadro, o sujeito fica indignado com os dizeres da placa e mos-
tra-se superior ao cão, afirmando que este deve respeitá-lo. Por fim, o “cão bravo”
aparece e o sujeito se rende, subornando o cão com um pedaço de carne, para poder
transitar sem ser atacado pelo animal. Na frase do segundo quadro (“Ele acha
que me amedronta? Esse bicho sabe como me respeitar”), há o uso de um pronome
pessoal de terceira pessoa do singular, “Ele”, e de um pronome demonstrativo, “esse”
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(acompanhado do substantivo masculino “bicho”). Pelo contexto, é possível com-
preender que ambos os pronomes estão, sintática e semanticamente, retomando o
substantivo “cão”, presente na placa que se repete em todos os quadros da charge.
Um processo semelhante ao observado nas construções do exemplo anterior ocorre
nesta charge:
Figura 1.3 - Charge com termo introdutor
Fonte: Elaborada pelas autoras.
Essa charge é composta por quatro quadros, nos quais um garoto conversa com
seu pai, com o intuito de entender por que não pode brincar de boneca. O pai usa
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o argumento de que essa brincadeira é de menina. Não satisfeito com a resposta,
o filho busca respaldo na lei e assegura ao pai que “todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza”, exigindo, em seguida, que o pai lhe dê uma
boneca. Na frase do último quadro, há o uso de um pronome demonstrativo, “isto”,
para introduzir uma nova informação, ou seja, o filho utiliza uma forma referen-
cial para apresentar ao pai o texto da lei, uma informação nova, não presente
anteriormente no texto.
Os exemplos das Figuras 1.2 e 1.3 ilustram, então, o funcionamento da coesão
referencial, em que se recorre a termos linguísticos para retomar (ele/esse) ou ante-
cipar (isto) referentes textuais. Esses termos são caracterizados, respectivamente,
como anáfora e catáfora.
Saiba mais
Na escrita e na fala cotidianas, é muito comum encontrarmos divergência no uso dos pronomes
demonstrativos em relação ao que preveem as gramáticas normativas. Para compreender a função
e a aplicação esperadas pelas normas desses pronomes, assista a esta videoaula com o professor
Pasquale, disponível em: Youtube.com
De acordo com Koch (2000, p. 30), seguindo a proposta de Kallmeyer et al.
(1974), anáfora e catáfora se manifestam, de modo geral, nos textos por meio de
formas remissivas: (1) não referenciais e (2) referenciais. É importante mencionar
que a autora propõe que as formas remissivas não referenciais dividem-se em pre-
sas e livres; para os propósitos deste material, apresentaremos uma descrição ape-
nas da divisão geral. Sendo assim, as formas remissivas não referenciais são as que
apresentam somente “instruções de conexão”, sem orientação de sentido, as quais
estão sintetizadas e exemplificadas no quadro a seguir.
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Forma remissiva Tipo Exemplo
Artigo
Definido (o, a, os, as)
“(...) As revistas, as revoltas, as conquistasDa juventude são heranças
São motivos pras mudanças de atitudeOs discos, as danças, os riscos
Da juventudeA cara limpa, a roupa suja
Esperando que o tempo mude (...)” (Engenheiros do Hawaii – Terra de gigantes).
Indefinido (um, uma, uns, umas)
“Uma menina me ensinouQuase tudo que eu seiEra quase escravidão
Mas ela me tratava como um rei (...)” (Legião Urbana - Ainda é cedo).
Pronomes
Pessoais (ele, ela, eles, elas)
“Eduardo e Mônica eram nada parecidosEla era de Leão e ele tinha dezesseisEla fazia Medicina e falava alemão
E ele ainda nas aulinhas de inglês (...)” (Legião Urbana – Eduardo e Mônica).
Demonstrativos (este, esse, aquele, isto, isso, aquilo, tal, o
mesmo)
“(...) Tua tristeza é tão exataE hoje o dia é tão bonitoJá estamos acostumados
A não termos mais nem isso(...)” (Legião Urbana – Há tempos).
Possessivos (meu, teu, seu, nosso, dele)
“A tempestade que chega é da cor dos teus olhos
CastanhosEntão me abraça forte
Me diz mais uma vez que já estamos Distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo (...)” (Legião Urbana – Tempo Perdido).
Indefinidos (algum, nenhum, tudo, todos, vários, cada um,
cada qual)
“Não tinha medo o tal João de Santo CristoEra o que todos diziam quando ele se perdeu
(...) (Legião Urbana – Faroeste Caboclo).
Interrogativos (que? qual? quanto?)
“(...) Que país é esse? (...)” (Legião Urbana – Que país é esse?).
Relativos (que, o qual, quem)
“Estátuas e cofresE paredes pintadas
Ninguém sabe o que aconteceu (...)” (Legião Urbana – Pais e filhos)
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Numerais
Cardinais (quantidade)
“(...) Voltamos a viverComo há dez anos atrás
E a cada hora que passa envelhecemos dez semanas (...)” (Legião Urbana – Teatro dos
Vampiros).
Ordinais (ordem, posição ou lugar)
“(...) Mas de repenteSob uma má influência dos boyzinhos da
cidadeComeçou a roubar
Já no primeiro roubo ele dançouE pro inferno ele foi pela primeira vez (...)”
(Legião Urbana – Faroeste Caboclo).
Multiplicativos (número de vezes)
“(...)” O que nos devemQueremos de dobroQueremos em dólarO que nos devem
Queremos em dobroQueremos agora (...)” (Engenheiros do
Hawaii – Ouça o que eu digo, não ouça ninguém).
Fracionários (fracionamento de unidade ou todo)
“(...) Já me acostumei com a tua voz
Com teu rosto e teu olhar
Me partiu em dois E procuro agora o que é
minha metade (...)” (Legião Urbana – Sete cidades).
AdvérbiosDe lugar (lá, ali, aí, aqui, onde,
abaixo, acima)
Dizia ele ''Estou indo pra BrasíliaNesse país lugar melhor não há
Tô precisando visitar a minha filhaEu fico aqui e você vai no meu lugar'' (Legião
Urbana – Faroeste Caboclo).
Quadro 1.2 - Principais formas remissivas não referenciais
Fonte: adaptado de Koch (2000).
As formas remissivas referenciais, por sua vez, dizem respeito a termos que
apresentam tanto instruções de conexão quanto de sentido. A caracterização dessas
formas está resumida e ilustrada no quadro a seguir.
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Forma remissiva Descrição Exemplo
Expressões ou Grupos nominais definidos
São expressões introduzidas pelo artigo definido e que
buscam retomar, parcial ou totalmente, “o elemento de
referência que as precede no texto” (KOCH, 2000, p. 45).
“Responsável pela venda de ingressos, o Atlético-GO ainda não se posicionou oficialmente, mas diz que não participou da decisão de proibir a entrada. Por
meio da assessoria, o clube afirma que vai averiguar o que ocorreu, embora considere que não houve superlotação no Olímpico” (GONÇALVES, 2017,
on-line).
Nominalizações
São “formas nominalizadas (nomes deverbais)” mediante
as quais “se remete ao verbo e argumentos da oração anterior”
(KOCH, 2000, p. 46).
“O IBGE classifica o trabalhador por conta própria como aquele que desenvolve a própria atividade econômica e não possui empregado. A categoria abrange de camelôs a advogados” (SILVEIRA;
TREVIZAN, 2017, on-line).
Expressões sinônimasOcorre quando a forma remissiva é considerada
sinônima do referente textual.
“Na década de 1990 e 2000 era mais fácil ver grandes jogadores do futebol nacional brilhando em
gramados europeus. Romário (PSV e Barcelona), Rivaldo (Barcelona e Milan), Kaká (Milan),
Ronaldinho (PSG e Barcelona), Ronaldo (PSV, Barcelona, Inter de Milão e Real Madrid) são alguns
atletas que brilharam e marcaram seu nome na história atuando no Velho Continente” (GABRIEL...,
2017, on-line).
Nomes genéricos
Ocorre quando a forma remissiva é imprecisa, vaga, ao retomar ou antecipar o
referente textual.
“A televisão ao vivo é em sua maior parte sem censura, então todos os tipos de situações podem
acontecer. Então, a seguir, estão 9 coisas insanas que as pessoas realmente viram ao vivo” (AS 9..., on-line).
Hiperônimos
Ocorre quando a forma remissiva retoma ou antecipa
o referente textual por meio de palavras genéricas.
“Os bombeiros atenderam a ocorrência, mas disseram que ninguém se machucou. Todos ocupantes do carro
conseguiram sair do veículo antes que ele caísse” (CARRO..., 2017, on-line).
Lexema idênticoOcorre quando a forma
remissiva é idêntica ao referente textual.
Segundo a Defesa Civil, a casa ao lado da empresa foi interditada. Os moradores vão ficar em casa de parentes. Outras quatro casas tiveram danos
parciais. Os moradores dessas casas puderam voltar. A prefeitura disse que vai prestar apoio psicológico às
vítimas (VIZINHOS..., 2017, on-line).
Lexema com instrução de sentido
Ocorre quando a forma remissiva tem como referente textual o sentido do nome, do sintagma, do fragmento de
oração, da oração ou de todo um enunciado.
“(...) os registros escritos por crianças em aquisição formal da escrita muito têm a dizer a respeito das múltiplas e heteróclitas relações que essa criança estabelece com a linguagem. Essa hipótese nos
orientou em trabalhos anteriores” (NOTARI, 2017, on-line).
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ElipseOcorre quando o referente
textual é omitido na retomada.
“As aulas começavam sempre com a oração do Pai Nosso e terminavam com uma Ave Maria. Todos
tinham hinário e sabiam de cor o Hino Nacional, o da Independência, o da Bandeira, do Paraná e de Maringá. Aprendiam também canções especiais
para o Dia das Mães, Dia dos Pais, das Crianças e outras datas” (CARVALHO, 2017, on-line).
Quadro 1.3 - Principais formas remissivas referenciais
Fonte: adaptado de Koch (2000).
Pense nisso
O uso de formas remissivas, muitas vezes, pode estabelecer relações ambíguas. De que modo,
então, o leitor compreenderá qual o referente textual? Você, aluno(a), já se deparou, durante a leitura
de um texto ou a conversa com um colega, com alguma situação de ambiguidade textual? Como
fez para descobrir qual o referente e compreender a informação? Segundo Koch (2000, p. 48),
“havendo no contexto dois ou mais referentes potenciais para uma forma remissiva, a decisão do
leitor/ouvinte terá de se basear nas predicações feitas sobre elas, levando em consideração todo o
contexto em que estão inseridas”.
A partir das explicações e das exemplificações anteriores, é possível compreender
que a coesão referencial permite que o texto não seja um amontoado de palavras
desconexas. Assim,
O que se coloca como mais importante no uso desses elementos de coesão
é que cada um deles tem valor típico. Além de ligarem partes do discurso,
estabelecem entre elas um certo tipo de relação semântica: causa, finalidade,
conclusão, contradição, condição, etc. Dessa forma, cada elemento de coe-
são manifesta um tipo de relação distinta (FIORIN; SAVIOLI, 2007, p. 279).
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Coesão e coerência: a construção da textualidade
Vimos, nesta seção, as características das formas remissivas que retomam ou
antecipam referentes textuais. A seguir, estudaremos, com mais detalhes, os ele-
mentos que estabelecem relações semânticas, que são classificados, de acordo com a
proposta de Koch (2000), a qual seguimos neste material, como coesão sequencial.
Atividade
5. Koch (200) distingue, como forma referencial ou remissiva, os termos que realizam
a remissão, e, como elementos de referência, os termos que são referidos. A respeito
de coesão referencial, podemos dizer que:
a. a coesão referencial faz com que o texto não seja tão somente um aglomerado de pala-
vras que não possuem relação entre si.
b. a coesão referencial não tem relação com a coerência.
c. a coesão referencial ocorre apenas de forma anafórica.
d. a coesão referencial ocorre apenas de forma catafórica.
e. a coesão referencial é composta por formas remissivas que apresentam, sobremaneira,
instruções de conexão.
Coesão sequencialO termo sequência, de acordo com Ferreira (2010, p. 694), dentre outros sig-
nificados, refere-se a “1. Ato ou efeito de seguir. 2. Aquilo que vem em seguida;
continuação de algo iniciado anteriormente”. Sequencial diz respeito àquilo que dá
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sequência. Dessa forma, podemos pensar em coesão sequencial como mecanismos
que pretendem fazer o texto progredir, propondo um segmento para suas partes.
Koch (2000, p. 49) afirma que
A coesão seqüencial diz respeito aos procedimentos linguísticos por meio dos
quais se estabelecem entre segmentos do texto (enunciados, partes de enun-
ciados, parágrafos e mesmo seqüências textuais), diversos tipos de relações
semânticas e/ou pragmáticas, à medida que se faz o texto progredir.
A partir dessa definição, podemos compreender o que a autora entende por
texto: um todo formado por partes interdependentes, as quais estão relacionadas
por diversos mecanismos que dão sequência a esse todo. Assim, a progressão tex-
tual pode se dar por meio de sequenciação parafrástica ou de sequenciação frástica.
Vamos entendê-las um pouco melhor?
Entende-se por sequenciação parafrástica, segundo Koch (2000, p. 49), os “pro-
cedimentos de recorrência” utilizados na progressão textual, ou seja, é o processo de
fazer o texto progredir “reescrevendo/detalhando” uma mesma informação (sem o
uso de mecanismos estritos). O esquema a seguir mostra os principais procedimen-
tos de recorrência:
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Figura 1.4 - Procedimentos de sequenciação parafrástica
Fonte: adaptada de Koch (2000).
Quando há recorrência de termos, nota-se a repetição de um mesmo elemento
lexical (Exemplo a). A repetição de uma mesma estrutura sintática preenchida
por elementos lexicais distintos caracteriza a recorrência de estruturas (Exemplo
b); o inverso desse procedimento, ou seja, um mesmo conteúdo semântico exposto a
partir de diversas estruturas lexicais, evidencia a recorrência de conteúdos semân-
ticos (Exemplo c). A recorrência de recursos fonológicos, tanto segmentais quanto
suprassegmentais, consiste na repetição de sons de consoantes (aliteração), vogais
(assonância) e/ou na presença de ritmo, rima etc. (Exemplo d). Por fim, a função
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de indicar ao leitor se o texto comenta ou relata um fato, se é retrospectivo, prospec-
tivo ou está no presente cabe à recorrência de tempo e aspecto verbal (Exemplo e).
Exemplo ACafé com pão
Café com pão
Café com pão
Virge Maria que foi isso maquinista?
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
(trem de ferro, trem de ferro).
• Observa-se, nessa construção, a repetição de elementos lexicais (como “Café
com pão” e “Muita força”), a qual busca representar os sons produzidos por
um trem em movimento.
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Exemplo BE agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio
não veio a utopia
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e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José? (Carlos Drummond de ANDRADE – E agora José?)
• Nota-se, caro(a) aluno(a), que o texto, em vários momentos, apresenta a
mesma construção sintática (por exemplo, o sujeito seguido de um verbo
intransitivo: a luz apagou; o povo sumiu, a noite esfriou), mas os elementos
lexicais mudam a cada passagem (isto é, em cada construção, há um sujeito
e um verbo diferentes).
Exemplo C“Capitu quis que lhe repetisse as respostas todas do agregado, as alterações do
gesto e até a pirueta, que apenas lhe contara. Pedia o som das palavras. Era minu-
ciosa e atenta; a narração e o diálogo, tudo parecia remoer consigo. Também se
pode dizer que conferia, rotulava e pregava na memória a minha exposição. Esta
imagem é porventura melhor que a outra, mas a ótima delas é nenhuma. Capitu
era Capitu, isto é, uma criatura mui particular, mais mulher do que eu era homem.
Se ainda o não disse, aí fica. Se disse, fica também. Há conceitos que se devem incu-
tir na alma do leitor, à força de repetição” (Machado de ASSIS – Dom Casmurro).
• Nesse trecho do livro Dom Casmurro, é possível notar que o autor faz uma
descrição de Capitu, de sua características, e as informações circulam em
torno dessa descrição. Na passagem: “Capitu era Capitu, isto é, uma criatura
mui particular, mais mulher do que eu era homem”, vê-se um mesmo conte-
údo semântico (descrição de quem era Capitu) exposto a partir de diversas
estruturas lexicais (uma criatura mui particular, mais mulher do que eu era
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Coesão e coerência: a construção da textualidade
homem).
Exemplo D“Se acaso me quiseres
Sou dessas mulheres
Que só dizem sim
Por uma coisa à toa
Uma noitada boa
Um cinema, um botequim” (Chico BUARQUE – Folhetim).
• Vemos, nesse trecho de Folhetim, a presença, especialmente, de rimas (qui-
seres/mulheres; sim/botequim; à toa/boa) e de aliterações dos sons sibilante
(recorrência “s”, “c” e “z”) e nasal (repetição de “m” e “n”), que conferem ao
poema uma melancolia e fluidez que são frutos da própria história contada
nele.
Exemplo E “Levantei-me num salto, como se tivesse sido atingido por um raio. Esfreguei
bem os olhos. Olhei ao meu redor. E vi aquele homenzinho extraordinário que me
observava seriamente” (Antoine de SAINT-EXUPÉRY – O pequeno príncipe).
• Destaca-se, nesse trecho do livro “O pequeno príncipe”, a descrição de ações,
isto é, um relato de algum acontecimento passado pelo personagem. A defi-
nição do tempo é marcada pelo uso dos verbos no pretérito perfeito do
indicativo (levantei; esfreguei; olhei; vi), no pretérito perfeito do subjuntivo
(tivesse) e no pretérito imperfeito (observava).
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Coesão e coerência: a construção da textualidade
A sequenciação frástica, por sua vez, diz respeito à progressão “por meio de
sucessivos encadeamentos, assinalados por uma série de marcas linguísticas”, as
quais estabelecem relações específicas entre os enunciados do texto (KOCH, 2000, p.
55). É diferente da parafrástica, porque, nesta, há retornos que “bloqueiam” o fluxo
informacional; já na frástica, o texto progride sem rodeios e com uso de conectores
que marcam a interdependência entre os enunciados do texto. Os procedimentos
utilizados para essa sequenciação estão sintetizados no esquema a seguir.
Figura 1.5 - Procedimentos de sequenciação frástica
Fonte: adaptada de Koch (2000).
A sequenciação frástica com procedimentos de manutenção temática refere-se
ao uso de termos que fazem parte de um mesmo campo lexical/semântico, o que
possibilita ao leitor criar esquemas mentais para a interpretação geral do texto,
como ocorre no exemplo seguinte, em que as palavras destacadas pertencem a um
mesmo campo lexical:
A Polícia Civil identificou os suspeitos de envolvimento no tiroteio na Cruzada São Sebastião, no Leblon, Zona Sul do Rio, que deixou três feridos na noite desta quarta-feira (MENDONÇA, 2017, on-line).
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A relação/articulação entre tema e rema marcam a progressão temática. O
tema refere-se à primeira informação de uma oração, seria o ponto de partida da
informação. O rema é o responsável pelo desenvolvimento do tema, apresentando
informações novas que fazem o tema progredir.
O jogo contra Níger seria uma oportunidade de testar algumas opções. O meia Helio Junio, por exemplo. Convocado para ocupar a vaga de Vinicius Junior, o jogador do São Paulo chegou à Seleção já com o Mundial em
curso. Quem já tem recebido chances também pode ganhar mais tempo de jogo. É o caso do atacante Vitinho, do Corinthians, que entrou nas duas partidas até aqui. Vitinho chegou a ser titular do Brasil no início do Sul-
Americano, mas se machucou (SOUZA, 2017, on-line).
A informação destacada é o tema da mensagem, é, então, o ponto inicial, a par-
tir do qual o parágrafo foi desenvolvido. Todas as demais informações completam
a inicial e propõem um encadeamento de ideias, permitindo que novas informa-
ções (rema) sejam acrescentadas para que o texto progrida.
Com base nisso, Koch (2000), seguindo a proposta de Danes (1970), destaca
cinco tipos de progressão temática:
• linear (“quando o tema de um enunciado passa a rema no enunciado
seguinte” – KOCH, 2000, p. 58).
• com um tema constante (“em um mesmo tema, são acrescentadas, em cada
enunciado, novas informações temáticas” – KOCH, 2000, p. 58).
• com tema derivado “quando, de um ‘hipertema’ são derivados temas par-
ciais” – KOCH, 2000, p. 59).
• por desenvolvimento de um rema subdividido (“desenvolvimento das par-
tes de um rema” – KOCH, 2000, p. 59).
• com salto temático (quando se omite “um segmento intermediário da cadeia
de progressão temática”, o qual é inferido mediante o contexto – KOCH,
2000, p. 60).
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Coesão e coerência: a construção da textualidade
O último procedimento observado no esquema é a sequenciação frástica por
encadeamento, a qual estabelece “relações semânticas e/ou discursivas entre ora-
ções, enunciados ou sequências maiores do texto” (KOCH, 2000, p. 60). Essas rela-
ções manifestam-se por justaposição ou conexão.
A coesão sequencial frástica por justaposição, em um dos casos, utiliza-se de
partículas para marcar uma sequência entre as partes menores ou maiores da
estrutura textual. Ressalta-se que há justaposição sem partículas, mas, nesse caso,
não tem relação direta com a coesão, e sim com a coerência. No caso de uso de
partículas, notam-se três níveis de justaposição:
• nível dos enunciados metacognitivos – elementos que demarcam ou suma-
rizam partes ou sequências do texto.
Exemplo
Do que foi dito até aqui parece possível inferir que as cartografias dos gêneros musicais são, em parte, produzidas para tentar da conta do modo como diferentes setores da economia midiática influenciam na constituição dos
gêneros (JANOTTI Jr., 2003, p. 33).
• marcadores de situação ou ordenação no tempo e/ou espaço – sinalizam
uma organização/ordenação textual.
Exemplo
Na MPB é fundamental a problemática da nacionalidade, como diz José Roberto Zan. Num primeiro momento, quando o samba se converte em símbolo da brasilidade, a noção de nação é central para a mediação dos conflitos
entre o Estado e as massas urbanas; posteriormente, quando se traz para o campo da canção o “engajamento estético” do modernismo, rompe-se com a hegemonia do samba (ULHÔA, 2001, p. 52).
• marcadores conversacionais – são diversos, mas se destacam os que marcam
introdução, mudança ou quebra do tópico.
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Coesão e coerência: a construção da textualidade
Exemplo
As noções de voz e autoria em uma canção, levando-se em conta a própria natureza performativa do ato de cantar, ganham contornos específicos no universo da música popular massiva. A propósito, a regravação de
Caetano Veloso de um antigo sucesso do cantor popular Fernando Mendes, “Você Não me Ensinou a te Esquecer”, fez enorme sucesso como trilha sonora do filme Lisbela e o Prisioneiro (Guel Arraes, 2003) mostra a corporificação
da canção na voz do cantor baiano, que ampliou as possibilidades de produção de sentido diante do antigo sucesso popular (adaptado de JANOTTI Jr., 2004, p. 193).
Outro mecanismo de coesão sequencial frástica é a conexão, que apresenta
conectores interfrásticos para relacionar as partes do texto. Esses conectores podem
ser “conjunções, advérbios sentenciais (também chamados advérbios de texto) e
outras palavras (expressões) de ligação que estabelecem, entre orações, enunciados
ou partes do texto diversos tipos de relações semânticas e/ou pragmáticas” (KOCH,
2000, p. 62).
De forma geral, essa conexão se dá por: relações lógico-semânticas, que se utilizam
de conectores de tipo lógico, marcando relações de causalidade, mediação, disjun-
ção, temporalidade, conformidade e modo; relações discursivas ou argumentativas
(em que se produz dois ou mais enunciados, sendo o primeiro tema que desenca-
deará o segundo), realizadas por conectores, que marcam relações pragmáticas,
retóricas ou argumentativas, expressos por conjunção, disjunção argumentativa,
contrajunção, explicação ou justificativa, comprovação, conclusão, comparação,
generalização, especificação/exemplificação, contraste e correção/redefinição.
Fiorin e Savioli (1990) apresentam alguns elementos de coesão, que interpreta-
mos como de sequenciação frástica por conexão, e suas funções, os quais sintetiza-
mos no quadro a seguir.
Comunicação e Linguagem
Coesão e coerência: a construção da textualidade
Elemento Função
assim, desse modoTêm valor exemplificativo e complementar. A sequência introduzida por eles serve normalmente para explicitar,
confirmar ou ilustrar o que se disse antes.
eIndica uma progressão semântica que adiciona,
acrescenta algum dado novo.
ainda
Serve, dentre outras coisas, para introduzir mais algum argumento a favor de determinada conclusão, ou para
incluir um elemento a mais dentro de um conjunto qualquer.
aliás, além do mais, além de tudo, além dissoIntroduzem um argumento decisivo, apresentado como
acréscimo, como se fosse desnecessário, justamente para dar o golpe final no argumento contrário.
isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavrasIntroduzem esclarecimentos, retificações ou
desenvolvimentos do que foi dito anteriormente.
mas, porém, contudo e outros conectivos adversativosMarcam oposição entre dois enunciados ou dois
segmentos do texto.
embora, ainda que, mesmo queSão relatores que estabelecem, ao mesmo tempo, uma
relação de contradição e de concessão.
mesmo, até, até mesmo, ao menos, pelo menos, no mínimo
Estabelecem gradação entre os componentes de uma certa escala
Quadro 1.4 - Alguns elementos de coesão e suas funções
Fonte: adaptado de Fiorin e Savioli (1990, p. 280-281).
Saiba mais
Na Língua Portuguesa, existem outros diversos elementos que têm a função de concatenar as
partes do texto. O Quadro 1.4, adaptado de Fiorin e Savioli (1990), apresentou apenas alguns
desses conectivos e suas respectivas funções. Para ter acesso a outros conectivos, consulte o link:
redacaoparaconcursos.com.br
Comunicação e Linguagem
Coesão e coerência: a construção da textualidade
Vamos praticar um pouco essa teoria, caro(a) aluno(a)? Observe a letra da
canção “Trem-bala”, de Ana Vilela:
Não é sobre ter todas pessoas do mundo pra siÉ sobre saber que em algum lugar alguém zela por ti
É sobre cantar e poder escutar mais do que a própria vozÉ sobre dançar na chuva de vida que cai sobre nós
É saber se sentir infinitoNum universo tão vasto e bonito é saber sonhar
Então, fazer valer a pena cada versoDaquele poema sobre acreditar
Não é sobre chegar no topo do mundo e saber que venceuÉ sobre escalar e sentir que o caminho te fortaleceu
É sobre ser abrigo e também ter morada em outros coraçõesE assim ter amigos contigo em todas as situações
A gente não pode ter tudoQual seria a graça do mundo se fosse assim?
Por isso, eu prefiro sorrisosE os presentes que a vida trouxe pra perto de mim
Não é sobre tudo que o seu dinheiro é capaz de comprarE sim sobre cada momento sorriso a se compartilhar
Também não é sobre correr contra o tempo pra ter sempre maisPorque quando menos se espera a vida já ficou pra trás
Segura teu filho no coloSorria e abrace teus pais enquanto estão aqui
Que a vida é trem-bala, parceiroE a gente é só passageiro prestes a partir
A canção é toda construída por meio de sequenciação textual, que liga um
enunciado ao outro e leva à compreensão do todo. De modo geral, em vários
momentos, há uma comparação de situações, em que o eu-lírico afirma “não é ser
X, mas sim Y” (por exemplo, “Não é sobre ter todas pessoas do mundo pra si / É
sobre saber que em algum lugar alguém zela por ti”). Nessa construção, destaca-
se o uso de diversos elementos coesivos, os quais proporcionam essa concatenação
de informações. É importante mencionar que analisaremos alguns elementos aqui,
para exemplificar a teoria vista anteriormente, mas uma análise mais minuciosa
destacaria muitos outros.
Comunicação e Linguagem
Coesão e coerência: a construção da textualidade
O primeiro conectivo destacado na canção é o “e”, que instaura uma adição
entre duas partes, ou seja, soma as ideias “cantar” e “poder escutar”. O mesmo fun-
cionamento é observado no uso de “também”, que pretende acrescentar uma nova
informação (ter morada) à ideia inicial (ser abrigo). Na sequência, há o uso de
“assim”, que pretende confirmar ou explicitar a informação anterior (ou seja, com-
plementa a informação de que, sendo abrigo e tendo morada em outros corações,
pode-se ter amigos em todas as situações). Por fim, vemos a utilização de “porque”,
que introduz uma explicação (quando menos se espera a vida já ficou pra trás), a
qual justifica o argumento inicial (não é sobre correr contra o tempo pra ter sempre
mais).
Em síntese, notamos que os mecanismos de coesão sequencial frástica
se constituem em fatores de coesão textual na medida em que garantem
a manutenção do tema, o estabelecimento de relações semânticas e/ou
pragmáticas entre segmentos maiores ou menores do texto, a ordenação e
articulação de seqüências textuais (KOCH, 2000, p. 56-57).
Com base no exposto, é possível concluir que coesão referencial e coesão sequen-
cial dizem respeito a diferentes funcionamentos de mecanismos textuais que pre-
tendem construir a coerência do texto. Assim, esses dois tipos convivem em um
mesmo texto, buscando ora retomar/antecipar termos, ora dar seguimento ao texto
por meio de relações semânticas/pragmáticas.
Comunicação e Linguagem
Coesão e coerência: a construção da textualidade
Indicação de leitura
Nome do livro: A coerência textual
Editora: Linguística Contexto
Autor: Ingedore Villaça Koch e Luiz Carlos Travaglia
ISBN: 85-85134-60-7
O livro de Koch e Travaglia, mais do que apresentar a coerência, aborda situações em que ela
ocorre para facilitar que o leitor identifique e reconheça as ocorrências em circuntâncias comuns do
dia a dia e de leituras. Os autores abordam a coerência no texto, pincelando sutilmente a relação de
coerência e coesão.
Indicação de leitura
Nome do livro: A coesão textual
Editora: Linguística Contexto
Autor: Ingedore Villaça Koch
ISBN: 85-85134-46-1
O livro “A coesão textual” foi abordado em diversos momentos desta unidade, para descrever e
exemplificar conceitos relacionados a esse fator textual. Koch apresenta, nesse material, uma descrição
detalhada do funcionamento dos elementos coesivos na construção do texto, auxiliando o leitor a
identificá-los em leituras cotidianas, assim como a utilizá-los com propriedade em sua escrita.
Comunicação e Linguagem
O processo comunicativounidade 2
O processo comunicativoViviane Favaro NotariYara Dias Canali
Vimos, caro(a) aluno(a), na unidade anterior, que o objetivo principal da linguagem é estabelecer
a comunicação. Nesta unidade, estudaremos, mais especificamente, a relação entre a linguagem e a
comunicação, os elementos envolvidos nesse processo e o que é necessário para mantermos uma comu-
nicação com qualidade e êxito.
A partir desse objetivo, a presente unidade iniciará tratando da linguagem e da competência linguís-
tica, da linguagem e da comunicação e do processo da comunicação, explorando, ainda, as funções
da linguagem.
Em seguida, abordaremos a argumentação, a compreensão e a interpretação, que são elemento
que se ligam no momento da comunicação. A qualidade na comunicação também será abordada,
trazendo a definição dos ruídos da comunicação que comprometem essa qualidade.
Finalizaremos este estudo contemplando a variação linguística - considerando os diferentes tipos de
variação - e a importância da norma padrão para nós.
Comunicação e Linguagem
O processo comunicativo
Comunicação e Linguagem
O processo comunicativo
Linguagem e Competência linguística
Diferentes períodos históricos apresentam diversificadas maneiras de descrever e
interpretar a linguagem. Noam Chomsky foi um dos estudiosos que se dedicou a
compreender as características da língua e da linguagem, dando início a uma ver-
tente linguística denominada gerativismo. Para essa vertente, a linguagem é uma
capacidade inata do ser humano, e a língua é uma “faculdade mental natural”
(KENEDY, 2012, p. 129). Dessa forma, os sujeitos já nascem com uma capacidade
biológica para se comunicarem. Podemos observar essa característica, de acordo
com Chomsky, quando as crianças elaboram construções que não foram expressas
anteriormente por nenhum adulto.
Nesse sentido, Chomsky
define a língua como um infinito de frases. Esse “infinito” dá à definição de lín-
gua um caráter aberto, dinâmico, criativo. Não se trata, entretanto, de qualquer
criatividade, mas de uma criatividade governada por regras. A língua não se
define só pelas frases existentes mas também pelas possíveis, aquelas que se
pode criar a partir de regras. Os falantes interiorizam um sistema de regras que
os torna aptos a produzir frases, mesmo as que nunca foram ouvidas, mas que
são possíveis na língua (ORLANDI, 2006, p. 39-40).
A partir disso, compreendemos que, para a visão gerativa, há, na mente dos
falantes, um sistema de regras, que os permite entender e elaborar diferentes sequ-
ências linguísticas. Nessa proposta, a língua é considerada sob dois vieses que se
complementam: interior e exterior, denominados por Chomsky, respectivamente,
Comunicação e Linguagem
O processo comunicativo
como língua-I e língua-E. A língua-I é a presente na mente do indivíduo, que já
a conhece, é aquela que é adquirida e usada por ele; a língua-E diz respeito à
empregada pela comunidade linguística que pretende se comunicar. Em síntese, a
língua-I é a competência linguística de cada indivíduo, e a língua-E refere-se ao
desempenho linguístico.
Nas palavras de Kenedy (2013, p. 54-55), a competência está relacionada à
capacidade individual de elaborar “e compreender expressões linguísticas compos-
tas pelos códigos da língua-E”. Ou seja, todo indivíduo tem biologicamente a capa-
cidade de entender e manifestar a língua empregada pela comunidade linguística
da qual faz parte. Essa capacidade se manifesta em diversos contextos: na fala, na
audição, na escrita, na leitura e, inclusive, no silêncio, uma vez que ela está abri-
gada na mente de cada um.
Assim, todos temos uma competência linguística que se torna ativa no momento
que entramos em uma conversa, quando nos comunicamos por meio da língua-E.
Percebemos, então, que o ser humano tem a competência de gerar, compreender e
reproduzir diversas manifestações comunicativas na comunidade linguística da qual
participa. Logo, um dos propósitos da linguagem e da competência linguística é a
comunicação. Exploraremos, a seguir, a relação entre a linguagem e a comunicação.
Linguagem e comunicaçãoComo vimos no tópico anterior, para que a comunicação se concretize, é necessá-
rio o desenvolvimento da linguagem, tanto verbal quanto não verbal. Na litera-
tura linguística, muitos autores se dedicaram a explicar o funcionamento dessa lin-
guagem. Nos estudos desenvolvidos por Geraldi (1984), por exemplo, observamos
a caracterização de três concepções de linguagem: como expressão do pensamento,
como instrumento de comunicação e como forma de interação.
Comunicação e Linguagem
O processo comunicativo
Grosso modo, a concepção de linguagem como expressão do pensamento entende
que é na mente que se dá a formação da expressão, o que é exteriorizado, por meio
da linguagem, é somente uma tradução. Sendo assim, a “enunciação é um ato
monológico, individual, que não é afetado pelo outro nem pelas circunstâncias que
constituem a situação social em que a enunciação acontece” (TRAVAGLIA, 1996, p.
21). Pode-se pensar, a partir disso, que há uma maneira certa de expressão, pri-
vilegiando a norma padrão culta da linguagem (FUZA; OHUSCHI; MENEGASSI,
2011).
A concepção de linguagem como instrumento de comunicação interpreta a lin-
guagem como um código, “ou seja, um conjunto de signos que se combinam segundo
regras e que é capaz de transmitir uma mensagem, informações de um emissor
a um receptor” (TRAVAGLIA, 1996, p. 22). Dessa forma, o objetivo da linguagem
é transmitir uma mensagem, por meio da variedade linguística padrão (FUZA;
OHUSCHI; MENEGASSI, 2011).
A terceira maneira de conceber a linguagem parte de uma perspectiva dia-
lógica e considera que “as situações ou ideias do meio social são responsáveis por
determinar como será produzido o enunciado”. Assim, a linguagem é um pro-
cesso de interação entre o sujeito e o meio social do qual faz parte, o que permite
que as condições sociais influenciem a construção da expressão (FUZA; OHUSCHI;
MENEGASSI, 2011, p. 489).
Podemos observar, então, que, embora essas concepções e esses modos de ver a
linguagem sejam, de certo modo, dicotômicos e impliquem em diferentes formas de
ensinar e compreender a língua e a comunicação, de modo geral, no processo de
uso da língua, estão envolvidos sujeitos, leitor, interlocutor, texto (oral ou escrito),
ambiente etc. Esses elementos caracterizam o processo comunicativo, melhor abor-
dado na concepção de linguagem como instrumento de comunicação, foco do nosso
próximo tópico.
Comunicação e Linguagem
O processo comunicativo
O processo da comunicaçãoSabemos, caro(a) aluno(a), que o ser humano se constitui socialmente, por meio
de interações sócio-históricas-ideológicas. Dessa forma, está sempre se comunicando,
tanto de forma oral quanto escrita. Nesse processo comunicativo, junto com aquele
que emite uma mensagem, outros elementos estão envolvidos, como o receptor
(aquele para quem a mensagem é enviada) e a mensagem a ser enviada/recebida.
A construção da estrutura comunicativa foi estudada e descrita por Roman
Jakobson. O pesquisador esquematiza todos os fatores envolvidos na comunicação
da seguinte maneira:
Figura 2.1 - Esquema situação comunicativa
Fonte: adaptada de Jakobson (2003, p. 123).
Comunicação e Linguagem
O processo comunicativo
Observa-se, no esquema, que, de um modo geral, o processo comunicativo ini-
cia-se com o remetente, também chamado de emissor, que, como antecipamos, é
responsável por enviar uma mensagem, a qual será recebida pelo destinatário, ou
receptor. Para que essa mensagem possa ser compreendida, remetente e destinatá-
rio precisam compartilhar o mesmo código, ou seja, o sistema linguístico utilizado
precisa ser comum a ambos. Imaginemos, por exemplo, um brasileiro (remetente)
tentando entrar em contato (mensagem) com um coreano (destinatário) que não
domina o sistema linguístico da língua portuguesa. É fácil concluir que essa men-
sagem não terá êxito na recepção, não sendo, de fato, compreendida.
A transmissão dessa mensagem, então, dependerá, ainda, do meio pelo qual
ela será enviada (canal) e da situação comunicativa, bem como dos objetos reais
envolvidos no processo (contexto). O canal caracteriza-se por ser um meio “físico
e uma conexão psicológica entre o remetente e o destinatário”, que permite a eles
“entrarem e permanecerem em comunicação” (JAKOBSON, 2003, p. 123). Segundo
Martelotta (2012, p. 33), na comunicação face a face, o ar pode ser considerado o
canal, pois através dele, “as ondas sonoras se propagam” e a mensagem chega ao
destino. Já na comunicação a distância, os canais podem ser o telefone, as faixas de
frequência de rádio, o e-mail, aplicativos de mensagem de texto etc.
O contexto, por sua vez, envolve “todas as informações referentes às condições
de produção da mensagem: o emissor, o destinatário, o tipo de relação existente
entre eles, o local e a situação em que a mensagem é proferida” (MARTELOTTA,
2012, p. 32-33). Para entendermos o funcionamento desse fator, observemos
a figura a seguir:
Comunicação e Linguagem
O processo comunicativo
Figura 2.2 - Exemplo de contexto - ambiguidade
Fonte: adaptada de Santos (2016, on-line).
Notamos, na Figura 2.2, que há dois sentidos possíveis para mensagem inicial
(“Vendo pôr do sol”) transmitida pelo remetente, que se instauram em virtude de
o vocábulo “vendo” poder se referir ao gerúndio tanto do verbo “ver” quanto do
verbo “vender”. Para que se compreenda a qual dos verbos a mensagem diz res-
peito, a situação comunicativa é essencial, pois desfaz a ambiguidade (atestando
que “vendo” refere-se a ver) e leva o destinatário a compreender a informação (de
que o remetente está “olhando/apreciando” o pôr do sol). Em síntese, “conhecer um
conjunto de informações que vai além, desde elementos relacionados ao momento
Comunicação e Linguagem
O processo comunicativo
da produção dessa mensagem até dados referentes ao conhecimento do assunto em
pauta” (MARTELOTTA, 2012, p. 32-33), é fundamental para que o processo comu-
nicativo se efetive.
É importante ressaltar que esses elementos são a base do processo comunica-
tivo, mas não são garantias de que a comunicação sempre terá sucesso, ou seja,
as pessoas envolvidas nesse processo carregam valores ideológicos e crenças
particulares, que nem sempre coincidem, logo, embora a mensagem passe por
todo o percurso, ela pode não ser compreendida, pode receber resistência de uma
das partes em aceitá-la, o que interromperia o fluxo, dentre outras situações
que podem estar envolvidas. Assim, é importante que haja uma cooperação
entre remetente e destinatário, além de “algum tipo de interesse comum que
crie uma conexão psicológica entre os participantes, sem a qual a comunica-
ção seria prejudicada” (MARTELOTTA, 2012, p. 32-33). Estudaremos as nuances
desse processo comunicativo em tópicos posteriores.
Jakobson (2003) propõe que cada um desses elementos efetiva uma função
específica para a linguagem. Caracterizam-se, assim, seis funções da linguagem, as
quais exploraremos na seção seguinte.
Funções da linguagemO uso das palavras relaciona-se, em todo processo comunicativo, aos usuários
da língua e às situações concretas da comunicação. Dessa forma, a linguagem, em
sua manifestação real, tem, a todo tempo, uma função específica, que direciona/
orienta/envolve a construção e a interpretação da mensagem. Cada função mani-
festada pela linguagem, então, diz respeito a um elemento comunicativo específico,
como sintetizado no esquema a seguir.
Comunicação e Linguagem
O processo comunicativo
Elemento comunicativo FunçãoRemetente Emotiva
Destinatário ConativaContexto Referencial
Mensagem PoéticaCanal Fática
Código Metalinguística
Quadro 2.1 - Funções da linguagem e seus elementos correspondentes
Fonte: adaptada de Jakobson (2003).
Atividade
1. Cada elemento da comunicação apresenta uma função da linguagem correspon-
dente. Com base nisso, assinale a alternativa correta.
a. O remetente tem como função da linguagem correspondente a poética, para expressar
os sentimentos daquele que envia a mensagem.
b. O código tem como função da linguagem correspondente a metalinguística, que faz uso
do código para explicar o próprio código.
c. O destinatário tem como função da linguagem correspondente a emotiva, que tem o
intuito de convencer o remetente.
d. A mensagem tem como função da linguagem correspondente a conativa, buscando
transmitir uma informação de forma imparcial.
e. O canal tem como função da linguagem correspondente a referencial, que tem o propó-
sito de manter o canal em uso, tentando-o.
Comunicação e Linguagem
O processo comunicativo
É importante ressaltar que, nas mensagens, há o predomínio de uma função, mas
isso não pressupõe a existência exclusiva desta. Várias funções podem fazer parte
de uma mesma mensagem, uma vez que o usuário da língua pode usar diversos
recursos para efetuar a comunicação. Assim, apesar de distinguirmos “seis aspec-
tos básicos da linguagem, dificilmente lograríamos, contudo, encontrar mensagens
verbais que preenchessem uma única função”, logo, a “diversidade reside não no
monopólio de alguma dessas funções, mas numa diferente ordem hierárquica de
funções” (JAKOBSON, 2003, p. 123). Conheceremos, agora, as especificidades de
cada função.
Função emotivaComo visto no Quadro 2.1, quando a mensagem enfoca o remetente, caracteriza-
se a função emotiva, que prioriza os sentimentos, as emoções, as opiniões e os pen-
samentos desse sujeito. Por esse motivo, as mensagens com predomínio dessa função
fazem uso da primeira pessoa, especialmente do singular.
O uso constante de palavras que expressem sensações, emoções e estado de espí-
rito do remetente (as interjeições), assim como o de termos que marquem o posicio-
namento, o julgamento ou o juízo de valor dele (expressos, geralmente, por adjeti-
vos) e de sinais de pontuação (por exemplo, exclamação e reticências) são algumas
particularidades da construção dessa função.
Em síntese, a função emotiva “visa a uma expressão direta da atitude de quem
fala em relação àquilo de que se está falando” (JAKOBSON, 2003, p. 123-124).
Ela é mais presente em músicas, biografias e diários. Observemos o exemplo a
seguir para compreendermos melhor o funcionamento dessa função.
Comunicação e Linguagem
O processo comunicativo
Agora eu quero ir – Anavitória
Encontrei descanso em você
Me arquitetei, me desmontei
Enxerguei verdade em você
^Me encaixei, verdade eu dei
Fui inteira e só pra você
Eu confiei, nem despertei
Silenciei meus olhos por você
Me atirei, precipiteiE agora...
Agora eu quero ir
Pra me reconhecer de volta
Pra me reaprender e me apreender de novo
Quero não desmanchar com teu sorriso bobo
Quero me refazer longe de você
Fiz de mim descanso pra você
Te decorei, te precisei
Tanto que esqueci de me querer
Testemunhei o fim do que era agora
(...)
Eu que sempre quis acreditar
Que sempre acreditei que tudo volta
Nem me perguntei como voltar nem porque
(...)
Na letra da música “Agora eu quero ir”, constata-se o uso de pronome pessoal de
primeira pessoa do singular (eu), de pronome oblíquo átono de primeira pessoa do
singular (me), de pronome oblíquo tônico de primeira pessoa do singular (mim),
Comunicação e Linguagem
O processo comunicativo
de pronome possessivo de primeira pessoa do singular (meu). Além disso, é fre-
quente a presença de verbos conjugados na primeira pessoa do singular (encontrei,
quero etc.). Toda essa construção contribui para formar a subjetividade do eu lírico,
que demonstra seus sentimentos, o que pensa e quer para a sua vida. Nota-se,
ainda, que há marcas de destinatário (você, te etc.), que é para quem toda a emo-
ção expressa na letra é dirigida. Nesse exemplo, esse destinatário está em segundo
plano; quando ele é o foco, temos a função conativa.
Função conativaInfluenciar as atitudes do destinatário é o objetivo principal da função conativa,
que coloca esse receptor como foco de sua mensagem. Busca-se, assim, convencer ou
influenciar o outro, por meio de uma linguagem apelativa. Nesse sentido, o cha-
mamento, a ordem, a sugestão, o pedido etc. são características da construção das
mensagens. Por isso, a segunda pessoa do discurso é mais utilizada nessa função, a
qual tem “sua expressão gramatical mais pura no vocativo e no imperativo”.
Mensagens com essas características são vistas, de modo mais frequente, em
propagandas, que têm função de convencer o destinatário a comprar determinado
produto ou a se comover com determinada situação, por exemplo, como vemos na
imagem a seguir.
Comunicação e Linguagem
O processo comunicativo
Figura 2.3 - Exemplo de função conativa
Fonte: adaptada de Costa (2006, on-line).
Ao interpretarmos o outdoor da Figura 2.3, notamos que o intuito da mensagem
transmitida é “impressionar” o receptor, fazendo-o pensar a respeito da relação
bebida alcoólica versus direção. Para isso, faz uso de uma linguagem imperativa,
que pretende assustar e comover quem a lê (o destinatário); além disso, no fim, faz
um apelo, em tom de ordem (Não vacile no trânsito), marcado pelo verbo conju-
gado no imperativo, que firma, de fato, a intenção de atingir o outro e de fazê-lo
mudar de atitude, passando a não beber e dirigir. Por meio dessa mensagem, pode-
mos ver o funcionamento da função conativa.
Comunicação e Linguagem
O processo comunicativo
Função referencialJakobson (2003, p. 123) afirma que, embora cada texto tenha a sua função
predominante, ter uma orientação para o contexto é “tarefa dominante de nume-
rosas mensagens”. Dessa forma, a função referencial caracteriza-se por enfocar o
conteúdo, o assunto da mensagem, fazendo “referência a acontecimentos, fatos,
pessoas, animais ou coisas, com o objetivo de transmitir informações” (MAIA, 2005,
p. 33), de forma imparcial e neutra. Para isso, faz uso de linguagem objetiva, clara
e sem ambiguidade, com a presença predominante da terceira pessoa do singular.
Textos científicos, acadêmicos e jornalísticos (que não expressam opinião, apenas
divulgam a notícia) são exemplos de mensagens com essa função, como vemos a
seguir:
Em nono corte seguido, BC reduz juro para 7,5% ao ano, perto do piso histórico
Selic recua ao menor patamar desde abril de 2013, ou seja, em pouco mais de quatro
anos. Mercado estima que taxa terá nova queda em dezembro, para 7% ao ano.
Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou nesta quar-
ta-feira (25) a redução da taxa básica de juros da economia brasileira de 8,25%
para 7,5% ao ano.
Esse foi o nono corte consecutivo na Selic, o que levou a taxa ao menor patamar
desde abril de 2013, ou seja, em pouco mais de quatro anos. A queda de 0,75 ponto
percentual já era amplamente esperada pelos economistas do mercado financeiro.
A decisão desta quarta marca a redução no ritmo de corte dos juros, que havia
sido de 1 ponto percentual nos últimos quatro encontros do Copom. O próprio BC já
havia indicado que essa desaceleração aconteceria.
Fonte: MARTELLO, Alexandro. Em nono corte seguido, BC reduz juro para 7,5%
ao ano, perto do piso histórico. 25 out. 2017. G1. Disponível em: g1.globo.com.
Comunicação e Linguagem
O processo comunicativo
Observamos, caro(a) aluno(a), que o propósito do texto é informar uma notí-
cia sem apresentar um juízo de valor em relação ao conteúdo explorado, apenas
expondo informações de forma neutra. Não há, então, marcas de remetente, e
o foco está na informação de dados e decisões do Selic, caracterizando a função
referencial.
Função poéticaCom foco na mensagem, a função poética busca explorar o modo como essa
mensagem é construída e articulada. Assim, “realça a elaboração da mensagem
e caracteriza-se pela criatividade da linguagem” (MAIA, 2005, p. 33). Objetiva
explorar a palavra e a sua materialidade, mostrando os “recursos imaginativos
criados pelo emissor”. Essa função é, então, “afetiva, sugestiva, conotativa, ela é
metafórica. É a linguagem figurada presente em obras literárias, em letras de
música, em algumas propagandas, na fala fantasiosa de crianças” (PASCHOALIN;
SPADOTO, 2010, p. 442). Nessas construções, o uso de figuras de linguagem tam-
bém é muito frequente. Para compreendermos melhor o funcionamento da função
poética, observemos o texto a seguir.
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O processo comunicativo
Figura 2.4 - Exemplo de texto com função poética
Fonte: adaptada de Almeida (2012, on-line).
Essa imagem retrata um poema concreto, produzido por Augusto de Campos.
Observamos que, mais do que a mensagem transmitida (de que o luxo é um lixo),
o foco do texto está no modo como essa mensagem é construída, por meio: da repe-
tição da palavra luxo, que, na exposição, forma a palavra lixo; também, da seme-
lhança entre a grafia das duas palavras, que só se diferenciam pela troca de duas
vogais, o que dá a sonoridade do poema. Em síntese, há um jogo entre o sentido
particular de cada palavra e a disposição visual delas, que leva à compreensão da
mensagem e caracteriza a predominância da função poética.
Comunicação e Linguagem
O processo comunicativo
Saiba mais
Vimos que, nas mensagens em que há o predomínio da função poética, o aparecimento de figuras
de linguagem é comum, que são recursos utilizados na comunicação para deixar a mensagem mais
persuasiva e significativa. Para conhecer melhor as características e o funcionamento de algumas
figuras de linguagem mais comuns, assista ao vídeo do Professor Noslen, disponível no Youtube.
Função fáticaA função fática caracteriza-se quando o foco da comunicação está no canal.
De acordo com Jakobson (2003, p. 126), as mensagens com o predomínio
dessa função “servem fundamentalmente para prolongar ou interromper a
comunicação, para verificar se o canal funciona (...), para atrair a atenção do
interlocutor ou confirmar sua atenção continuada”. Desse modo, não só os signos
linguísticos estão envolvidos na comunicação, mas gestos (como balançar a
cabeça afirmativa ou negativamente, levantar o polegar, dentro outros), sons
não significativos etc. também constituem a mensagem. Um exemplo de função
fática é visto na figura a seguir.
Comunicação e Linguagem
O processo comunicativo
Figura 2.5 - Exemplo de texto com função fática
Fonte: Elaborada pelas autoras.
Observamos que, no diálogo, um personagem testa o canal comunicativo, para
conferir se a mensagem está sendo transmitida corretamente por meio dele. A res-
posta da outra personagem apenas atesta que o canal está funcionando. Além de
testar o canal, a função fática tem os propósitos de: iniciar a comunicação (“Olá”,
“Bom dia”), prolongar a comunicação (“E aí?” “Como foi?” “Continua...”), evitar o
silêncio (“Está frio, hoje, não é?”, “Parece que vai chover...”), confirmar a comuni-
cação (“Ok.”, “Entendido”) e interromper a comunicação (“Aguarde um momento”,
“Até breve”).
Comunicação e Linguagem
O processo comunicativo
Função metalinguísticaQuando o foco da mensagem está no próprio código, há a função metalinguís-
tica. Código, segundo Chalhub (2002, p. 48), é definido como um “sistema de
símbolos com significação fixada, convencional, para representar e transmitir a
organização dos seus sinais na mensagem, circulando pelo canal entre a emissão
e a recepção”. Assim, o uso do código para explicar o próprio código caracteriza a
metalinguagem. Veja o exemplo:
PoesiaCarlos Drummond de Andrade
Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.
Fonte: CASTELLI Jr., Walther. Modernismo e idiossincrasia na poesia de Carlos Drummond
de Andrade. Unicamp. Disponível em: www.unicamp.br.
Observamos que Carlos Drummond usa o poema para falar a respeito da difi-
culdade de dar forma à poesia. Por meio do modo escrito da linguagem (utilizando
a língua portuguesa como signo), o poeta expõe o que sente em relação ao escrever
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O processo comunicativo
poesia, ao fazer poético. A construção do poema leva o interlocutor a sentir as
angústias do escritor ao compor os versos, que não “saem”. Em síntese, há, nessa
mensagem, o predomínio da metalinguagem, em que a linguagem é usada para
falar dela mesma. Esse tipo de construção é comum no cotidiano, por exemplo,
quando consultamos um dicionário para compreender o sentido de determinada
palavra, quando, por meio da língua portuguesa, explicamos algo relacionado
ao funcionamento dessa língua, enfim, todas as vezes em que utilizamos o código
combinando elementos que se voltem para o próprio código.
Atividade
2. Há, segundo a proposta de Jakobson (2003), seis funções da linguagem. Analise
o texto a seguir e assinale a alternativa que apresenta a função da linguagem
predominante nesse texto.
Tô virado já tem uns três dias
Tô bebendo o que eu jamais bebi
Vou falar o que eu nunca falei
É a primeira e a última vez
Eu sosseguei
Ontem foi a despedida
Na balada, dessa vida de solteiro
Eu sosseguei
Mudei a rota em meus planos
E o que eu tava procurando, eu achei em você
Fonte: JORGE E MATEUS. Sosseguei. Vagalume. Disponível em: <https://www.
vagalume.com.br/jorge-e-mateus/sosseguei.html>. Acesso em: 20 out. 2017.
a. No texto, há o predomínio da função metalinguística, que enfoca o código.
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b. No texto, há o predomínio da função emotiva, que enfoca o remetente.
c. No texto, há o predomínio da função conativa, que enfoca o destinatário.
d. No texto, há o predomínio da função fática, que testa o canal comunicativo.
e. No texto, há o predomínio da função referencial, com foco no assunto da mensagem.
Vimos, prezado(a) aluno(a), que a mensagem a ser transmitida sempre tem
um intuito: falar das emoções, convencer o outro, dar ênfase ao assunto, explorar os
mecanismos de construção dessa mensagem, testar o canal comunicativo, explicar
o próprio código etc.; tudo isso compõe e instaura o funcionamento da linguagem.
Para que haja uma compreensão dessa mensagem, portanto, os envolvidos no pro-
cesso comunicativo precisam interpretar a argumentação envolvida na construção
do texto. A partir de agora, entenderemos melhor como se manifestam e se carac-
terizam esses três elementos: compreensão, interpretação e argumentação.
Argumentação, compreensão e interpretação
Como vimos até aqui, a linguagem cumpre, no processo comunicativo, diferentes
funções. O objetivo principal dela é proporcionar a comunicação. De acordo com
Chiavenato (2006, p. 127-128), a comunicação acontece “quando uma informa-
ção é transmitida a alguém, e é então compartilhada também por esse alguém”;
para que, de fato, ela ocorra, precisa-se de “que o destinatário da informação rece-
ba-a e compreenda-a. A informação simplesmente transmitida – mas não recebida
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– não foi comunicada. Comunicar significa tornar comum a uma ou mais pes-
soas determinada informação”. Dois conceitos, então, são fundamentais no processo
comunicativo: compreensão e interpretação.
Quando a mensagem é transmitida pelo remetente, o destinatário, a princípio,
precisa decodificá-la, isto é, reconhecer os símbolos utilizados na mensagem (sejam
eles gráficos ou sonoros) e a relação deles com o significado. Depois disso, essa men-
sagem necessita ser compreendida, processo em que a temática e o assunto são
reconhecidos e as inferências são requisitadas. Nesse momento, o destinatário ativa
seus conhecimentos de mundo, para que o assunto possa fazer sentido e a mensa-
gem, realmente, signifique para ele. Dessa forma, “a compreensão da mensagem
reclama aptidões que englobam processamento de informações e conhecimento da
estrutura da língua e do mundo que o cerca” (MEDEIROS; HERNANDES, 2004, p.
210).
Estabelece-se, então, a compreensão quando, como afirmam Rosa e Landim
(2009, p. 144), há uma “tentativa de tornar comum os conhecimentos, as ideias,
as instruções, ou qualquer outra mensagem, seja ela verbal, escrita ou corporal”.
A partir dessa troca, espera-se que o destinatário seja capaz de avaliar a mensa-
gem que recebeu, de pensar criticamente a respeito dela, de julgar ser favorável,
contrário ou imparcial ao conteúdo, às opiniões, aos argumentos do remetente.
Instaura-se, assim, no processo comunicativo, a interpretação da mensagem. É
importante reconhecer que a interpretação não é única, e sim específica a cada
destinatário, uma vez que está relacionada aos conhecimentos e à bagagem dele.
Sendo assim, a construção da mensagem pelo remetente deve ser elaborada de
modo que, além de significar, possa ser interpretada, da maneira como ele pre-
tende, pelo destinatário. Para isso, é fundamental, na construção da mensagem, um
trabalho argumentativo.
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Segundo Zanini (2017, p. 48), produz-se argumentação mediante acontecimentos,
comprovações, explicações que pretendem convencer o destinatário de que o posiciona-
mento do remetente (daquele que constrói a mensagem) é o que deve ser considerado
e o que tem credibilidade. A presença de argumentos na transmissão da informação
tem, então, o intuito de convencimento, de persuasão. Para tanto, como apresenta
Platão e Fiorin (1996), o remetente pode fazer uso, dentre outros, de
• argumentos que se baseiam no consenso – referem-se a hipóteses que são
admitidas como verdadeiras social e coletivamente.
• argumentos que se baseiam em provas concretas – referem-se a comprova-
ções que fornecem credibilidade ao argumento utilizado (recorrer a dados
estatísticos, por exemplo).
• argumentos de autoridade – referem-se ao apoio em autores consagrados
em área específicas, que têm prestígio a respeito dos conhecimentos compar-
tilhados e que dão credibilidade à construção da mensagem.
• argumentos da competência linguística – referem-se à habilidade de utilizar
o vocabulário e a variedade linguística adequados ao contexto comunicativo.
Baseando-se nesses tipos de argumentos, o remetente produz sua mensagem,
com intuito de persuadir o destinatário. Em síntese, quando o remetente envia
uma mensagem, ele espera que o destinatário possa compreender os argumentos
utilizados e interpretar a informação, dando credibilidade à opinião do remetente,
fazendo com que o propósito da comunicação (produzir sentidos e gerar respostas)
possa ser atingido e, com isso, ter qualidade na comunicação, assunto de nosso pró-
ximo tópico.
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A qualidade na comunicaçãoComunicar, etimologicamente, significa tornar comum. A comunicação faz parte
do processo de evolução do ser humano. Podemos dizer que a humanidade só evo-
lui, porque o homem passou a se comunicar. Caminha e Silva (2015, p. 3) enten-
dem a comunicação
como o processo de troca de significados entre indivíduos por meio de
um código comum – signos, sinais, símbolos, linguagem falada ou escrita.
Envolve a transmissão de mensagem entre uma fonte e um destinatário. A
partir dessa concepção vemos delineados os dois principais personagens do
processo de comunicação, o transmissor ou emissor - que é a fonte da infor-
mação - e um receptor, ao qual se dirige a mensagem.
As autoras completam ao dizerem que
o processo de comunicação permeia por várias diretrizes como a linguís-
tica, a semiótica, os processos de evolução social, a tecnologia. Enquanto o
homem vivia no estado de barbárie – cidades organizadas sem posiciona-
mento político – bastava-lhe para sua sobrevivência sistemas rudimentares
de comunicação (CAMINHA; SILVA, 2015, p. 4).
Hoje, considerando que somos seres que praticam a comunicação, necessitamos,
então, de uma maneira para realizar esse processo com qualidade, haja vista que,
se identificarmos uma forma para expressar claramente nossa mensagem, mais
resultados obteremos disso.
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Como vimos anteriormente, no processo comunicativo (ilustrado na Figura 2.1),
um emissor codifica sua mensagem e a envia por meio de um canal para seu
receptor decodificá-la e, assim, elaborar uma nova mensagem, que será o feedback
do emissor. Quanto maior a qualidade na mensagem do emissor, mais precisão o
receptor terá ao decodificá-la e, consequentemente, o retorno do emissor será mais
satisfatório.
Entendemos, prezado(a) aluno(a), que, para obtermos êxito naquilo que escre-
vemos/falamos, devemos fazer uma comunicação de qualidade. Como, então, ter
qualidade na comunicação? Uma boa comunicação necessita de clareza, concisão
(não divagar e não inserir muitas informações complementares antes da informa-
ção principal), saber se adaptar às diversas situações comunicativas, boa argu-
mentação e coerência. Busca-se, assim, que a comunicação faça sentido a todos os
envolvidos no processo.
No Quadro 2.2, Brizon (2016, on-line) aponta algumas falhas que podem ser
evitadas na comunicação.
AmbiguidadeQuando provoca o duplo sentido na mensagem. Ex.: “João disse ao amigo que havia
chegado”. (Quem havia chegado? João ou o amigo?).
RedundânciaQuando há repetição desnecessária de termos na mensagem que interfere na clareza. Ex.:
“Subir pra cima”; “Descer pra baixo”.
Incoerência
Perda de sentido na mensagem, quando uma informação contradiz a outra, alternando a lógica interna do texto, na qual as ideias devem fazer sentido para que o leitor as assimile de forma plausível. Ex.: “Estão derrubando muitas árvores e por isso a floresta consegue
sobreviver”.
ObscuridadeQuando a mensagem não tem clareza, não possui inteligibilidade, é incompreensível,
confusa ou tenta esconder um significado. Ex.: “O caráter polivalente dos estrategistas em campo maximizará a performance da equipe.”
EcoQuando há o emprego de termos de características fonéticas sonoramente parecidas. Ex.:
“O procedimento para o desenvolvimento do empreendimento, neste momento, está em fase de conhecimento.”
HipérboleFigura de linguagem que dá ênfase exagerada no significação da mensagem. Ex.:
“Morrendo de sede”; “Correndo feito um louco”.
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CacófatoQuando há união dos sons de duas ou mais palavras vizinhas e que produzem um som feio, desagradável, impróprio ou com sentido equivocado. Ex.: “Nunca mais eu acho uma como
ela”; “Tirar o pirulito da boca dela”.
PreciosismoQuando a mensagem contém expressões rebuscadas, prejudicando a naturalidade do estilo.
Também se encaixam casos de prolixidade, quando se fala demais, quando há pouco a dizer. Ex.: “Magnífico Excelentíssimo Magnânino Voluptuoso ministro…”.
BarbarismoQuando se faz o emprego de palavras com erro de pronúncia. Ex.: “Rúbrica, ao invés de
rubrica”; “Telexpectador ao invés de telespectador”.
SolecismoQuando se cometem erros quanto às normas de concordância, regência ou colocação. Ex.: "As convicções do político vão de encontro às do público, por isso, concordam" ao invés de
"As convicções do político vão ao encontro às do público, por isso, concordam".
VulgarismoQuando se faz o uso linguístico popular em contraposição à linguagem culta da mesma
região privilegiada/exigida em determinado contexto comunicativo. Ex.: “Ozi vamu cumê i bebê batanti”; “Adevogado”; “Dois quilo”; “Eu vi ela”.
Quadro 2.2 - Evitando falhas na comunicação
Fonte: adaptado de Brizon (2016, on-line).
A partir do quadro de Brizon (2016, on-line), pudemos, então, caro(a) alu-
no(a), perceber falhas que ocorrem na comunicação, por meio, por exemplo, da
ambiguidade, da redundância e da incoerência, e, ao compreendê-las enquanto
falhas, podemos evitar que elas ocorram.
Atividade
3. Segundo Brizon (2016, on-line), a ambiguidade é uma das falhas da comunicação,
visto que, por meio dela, a frase terá um duplo sentido, não sendo possível assim, ter
clareza na mensagem transmitida. Qual dos itens a seguir também é considerado
falha na comunicação?
a. Funções da linguagem.
b. Coerência.
c. Norma Padrão.
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d. Obscuridade.
e. Coesão.
Ruídos na comunicaçãoOs ruídos são as interferências que prejudicam o entendimento da mensagem
que se pretende passar ao receptor. Vejamos a Figura 2.6 que tem o processo da
comunicação sofrendo a interferência dos ruídos.
Figura 2.6 - Os ruídos no processo da comunicação
Fonte: adaptada de Lição… (on-line).
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Por algum motivo, ao emitir a mensagem, o emissor não conseguiu traduzi-la
com clareza e gerou o primeiro ruído. Ao decodificá-la, ocorreu um novo ruído,
visto que a interpretação do receptor não foi a desejada pelo emissor. Logo, o
retorno dado por ele não pode ser o almejado, uma vez que a mensagem não foi
entregue com qualidade.
No Quadro. 2.3, Brizon (2016, on-line) apresenta exemplos de ruídos na
comunicação.
Físico Fisiológico Psicológico Semântico Pessoa
Interferências externas causadas
pelo ambiente, como sons em alto
volume, mas há também outros
fatores, como calor, frio, iluminação, chuva, vento etc.
Interferências causadas pelas
pessoas envolvidas no processo, mas
que são de natureza física, como fome,
sede, odores, dores, doenças etc.
Interferências causadas pelas
pessoas envolvidas no processo, mas que estão com a atenção voltada
para outra situação, deixando a mente
vagar ou em estado de preocupação.
Interferência causada pelos
significados diferentes que
podem ter uma palavra, frase, texto técnico ou gesto e que atrapalham a
compreensão.
Interferências causadas pelas pessoas
envolvidas no processo, como emoção,
valores, interesses, nível de conhecimento, questões familiares etc.
Quadro 2.3 - Ruídos na comunicação
Fonte: Brizon (2016, on-line).
Tomando por base Brizon (2016, on-line), entendemos que os ruídos podem
ocorrer não apenas de forma física, como também fisiológica, psicológica, semân-
tica e, ainda, por pessoas.
Saiba mais
Maurício Gois - que é empresário, palestrante, autor e estrategista – elenca 21 ruídos que
podem acontecer na comunicação verbal, enfraquecendo a realização do seu trabalho. Veja em:
editoraproexito.com.br.
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Variação linguísticaA língua, enquanto atividade social, é
um conjunto de usos concretos, historicamente situados, que envolvem sem-
pre um locutor e um interlocutor, localizados num espaço particular, inte-
ragindo a propósito de um tópico conversacional previamente negociado.
[...] é um fenômeno funcionalmente heterogêneo, representável por meio de
regras variáveis socialmente motivadas (CASTILHO, 2000, p. 12).
Isto é, devemos considerar que a língua poderá sofrer mudanças no espaço e no
tempo, uma vez que ela é heterogênea e pode, então, sofrer alterações.
Leite e Callou (2002, p. 12) ressaltam que “um território com 8,5 milhões de
quilômetros quadrados, com uma população hoje estimada em 170 milhões de
habitantes – com índice ainda alto de analfabetismo – não poderia apresentar um
quadro linguístico homogêneo”. As autoras completam:
a diversidade que existe em qualquer ponto espelha uma pluralidade cul-
tural e não se pode presumir para expansão do português no Brasil uma
forma linguística única, pois a época em que se deu a colonização, a origem
dos colonizados e as consequências linguísticas de um contato heterogêneo
são aspectos que devem ser considerados (LEITE; CALLOU, 2002, p. 12).
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Figura 2.7 - As diversidades no Brasil
Fonte: adaptada de MARKUS MAINKA, 123RF.
Considerando o exposto por Leite e Callou (2002), é possível perceber os moti-
vos que fazem com que, em nosso país, haja tantas variações na língua. As pessoas,
contudo, nem sempre consideram certas essas variações e buscam, muitas vezes,
na gramática, uma forma de desconstruir as construções de outras regiões. Bagno
(2008, p. 69) enfatiza
que é preciso ensinar a escrever de acordo com a ortografia oficial, mas não
se pode fazer isso tentando criar uma língua falada “artificial” e reprovando
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como “erradas” as pronúncias que são resultado da história social e cultural
das pessoas que falam a língua em cada canto do Brasil.
Ou seja, para Bagno (2008), embora seja necessário ter uma forma oficial para
que a escrita seja ensinada, é preciso reconsiderar as formas variadas de comuni-
cação. Veremos, a seguir, que essas mudanças podem ocorrer, especialmente, por
meio de variações geográficas, variações sociais ou variações estilísticas.
Variação geográficaEssa variação está ligada com as diferenças na fala que são determinadas pela
região. Isso vale tanto para variações de um país para outro, por exemplo, Brasil
e Portugal, quanto para variações de falantes de regiões distintas, como Sul e
Nordeste.
No caso do Brasil, percebemos claramente que existem diferenças, por
exemplo, entre os falares gaúcho, paulista, carioca, baiano etc., assim como
também percebemos diferenças entre a fala de indivíduos provenientes de
zona rural e a de indivíduos urbanos nas diferentes regiões. As variações
regionais ocorrem em todos os níveis linguísticos [...] (GÖRSKI, 2009, p. 77).
Essas diferenças podem ser notadas em expressões, nome dado a objetos e ali-
mentos, gírias, bem como no sotaque que cada uma das regiões apresenta.
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Figura 2.8 - Variação linguística no nome de alimentos
Fonte: adaptada de ILDIPAPP, 123RF.
Variação socialCom relação à variação social, Mateus (2005, p. 11) nos diz que
o modo como nos dirigimos a pessoas hierarquicamente superiores é diverso
do que usamos para falar com aqueles que nos são familiares. Um locutor
de televisão utiliza expressões que não empregaria no seu dia a dia, e que
são diferentes, até, das que usa um locutor de rádio. O uso oral de uma
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língua distingue-se do seu uso escrito. Uma conversa através da Internet tem,
por seu lado, características particulares em consequência da adaptação a
este recentíssimo meio de comunicação.
Para Görski (2009, p. 77), essa variação
está relacionada a fatores concernentes à organização socioeconômica e
cultural da comunidade. Entram em jogo fatores como a classe social, o
sexo, a idade, o grau de escolaridade, a profissão do indivíduo. São exem-
plos típicos de variação social: a vocalização do -lh- > -i- como em mulher/
muié; a rotacização do -l- > -r- em encontros consonantais como em blusa/
brusa; a assimilação do –nd- > -n> como em cantando/cantano; a concor-
dância nominal e verbal como em os meninos saíram cedo/ os menino saiu
cedo.
As marcas da variação social se apresentam, assim, tanto na classe social da
qual o indivíduo é pertencente como em relação ao seu sexo, sua idade, sua esco-
larização e, inclusive, sua profissão.
Göeski (2009, p. 77) apresenta um ponto importante para pensarmos referente
à variação:
tanto a variação geográfica como a variação social estão intimamente
associadas às forças internas que promovem ou impedem a variação e a
mudança e à identidade do falante. É como se o indivíduo, ao manifestar-se
oralmente, já revelasse a sua origem regional e social. É como se ele, pela
sua forma de falar, se identificasse como pertencente ou não a determinada
comunidade e a determinado grupo social.
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Pela fala da autora, podemos inferir que essas marcas da variação, tanto geo-
gráfica quanto social, são, de certa forma, identidades de seus falantes que, ainda
que tentem camuflar sua origem, acabam por dar sinais de sua região e/ou grupo
social de origem.
Variação estilísticaNo que tange à variação estilística, Göeski (2009, p. 78) expõe que,
em contextos socioculturais que exigem maior formalidade, usamos uma lin-
guagem mais cuidada e elaborada – o registro formal; em situações familia-
res e informais, usamos uma linguagem coloquial – o registro informal. Mas,
o que observamos na prática é que as situações cotidianas de interação
são permeadas por diferentes graus de formalidade, mais do que por uma
oposição polarizada.
Ao pensarmos, por exemplo, em um julgamento que ocorre em um tribunal, não
podemos imaginar outro diálogo senão aquele formal, recheado de termos próprios
da área de direito que, muitas vezes, para os leigos, se faz de difícil compreensão,
mas que, naquela situação, não pode, nem deve, ser exposta de outra forma. O
mesmo não aconteceria, hipoteticamente, em um diálogo entre pai e filho, ainda
que o pai fizesse uma correção na conduta do filho, visto que, em ambiente fami-
liar, a linguagem coloquial é a que melhor se adéqua.
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Figura 2.9 - Diálogo entre juíza e advogado
Fonte: WAVEBREAK MEDIA LTD, 123RF.
Ainda nas palavras de Göeski (2009, p. 78), percebemos que,
nas várias formas de interação, a língua que utilizamos muda, de alguma
maneira, para adaptar-se ao interlocutor e ao contexto de situação. A varia-
ção, portanto, é inerente à fala e à própria comunidade de fala e está relacio-
nada aos diferentes papéis sociais exercidos por cada um dos participantes.
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A variação pode proporcionar uma comunicação não satisfatória, por exemplo,
quando os falantes não compartilham o mesmo léxico, o que causaria um ruído.
Não podemos considerar, porém, que essa variação é apenas prejudicial para a
comunicação, pelo contrário, ela evidencia a riqueza da língua, do sistema linguís-
tico e dos contextos comunicativos.
Considerando os tipos de variações, podemos concluir, querido(a) aluno(a), que
não faz sentido mantermos o preconceito linguístico, seja ele pelo sotaque regional
que a pessoa carrega, seja por marcas de níveis sociais – principalmente aquelas
que marcam um nível menor de escolaridade –, de gênero ou idade. Diferente da
estilística, o respeito ao outro cabe em todos os lugares.
Pense nisso
O conhecimento serve para encantar as pessoas, não para humilhá-las (Mário Sérgio Cortella).
Saiba mais
Para pensar melhor a respeito das questões abordadas referentes ao processo comunicativo, à
qualidade na comunicação, aos ruídos e à variação linguística, assista ao filme Narradores de Javé,
disponível no Youtube.
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4. A variação linguística é um movimento natural, visto que a língua sofre mudanças
no espaço e no tempo. Considerando os tipos de variação linguística, assinale o
exemplo que retrata a variação geográfica:
a. “Ao chegar à padaria, pedi 5 cassetinhos”.
b. “O excelentíssimo senhor deverá avaliar as provas contra o incomensurável ato de violência”.
c. “Nóis vai tudo de busão”.
d. “Estamos aqui de boa na lagoa”
e. “Vó, a senhora faz falta aqui”.
Norma padrãoCom relação à norma padrão, Leite e Callou (2002, p. 15) pontuam que
a hegemonia da língua portuguesa não dependeu de fatores linguísticos,
mas sim históricos, e só nos dois últimos dois séculos e meio ocorreu uma
normatização do português falado no Brasil em direção a um chamado
“padrão”, que, apesar de intrinsecamente variado e regional e socialmente,
passou a gozar de prestígio e a representar a “norma” para o bem falar e o
bem escrever.
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Corroborando essa ideia, Görski (2009, p. 78-79) mostra-nos que,
quando nos reportamos à gramática normativa, de imediato nos vem à
mente a palavra “norma”. Em termos gerais, a noção de norma corresponde
à regra. No caso da gramática normativa, trata-se de prescrição de regras
a serem seguidas sob pena de se incorrer em erro. Mas, no âmbito dos estu-
dos linguísticos, a norma diz respeito à língua em funcionamento nas mais
diferentes situações comunicativas.
A norma padrão é necessária para definirmos o modelo ideal de escrita, o que
não significa, todavia, que essa escrita seja absoluta. Para Mateus (2005, p. 15), “a
existência de uma norma padrão é necessária como referência da produção linguís-
tica e como garantia da aceitabilidade de um certo comportamento no contexto
sócio-cultural em que estamos inseridos”. Ou seja, precisamos da norma para que
aquilo que produzimos seja melhor aceito, mas isso não anula as variações linguís-
ticas que ocorrem.
A noção de norma padrão, por vezes, confunde-se com a de norma culta. Görski
(2009, p. 80) define alguns pontos que aproximam as duas normas:
(i) A regra básica de concordância verbal normatizada em português é que o
verbo deve concordar com o sujeito; a norma culta também contempla essa
regra de concordância, pelo menos quando se trata de ordem SV (sujeito-
verbo) como em Os meninos chegaram. (ii) A regra padrão de concordância
nominal é que os elementos determinantes e modificadores devem concor-
dar em gênero e número com o núcleo nominal dentro de um sintagma; a
norma culta efetiva esse uso, pelo menos em sintagmas nominais simples
como em meus filhos pequenos.
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Há, ainda, os pontos que as diferem:
(i) A regra geral de colocação do pronome átono (clítico) é a ênclise, como
em Ele veio interromper-me; porém, salvo alguns poucos casos, a tendência
de uso do brasileiro é a próclise: Ele veio me interromper. (ii) A expressão
do tempo verbal futuro do presente é feita, na norma padrão, mediante a
desinência –rei (cantarei); na norma culta encontramos o uso generalizado
da perífrase ir + INF (vou cantar). (iii) A norma padrão prevê a omissão dos
pronomes sujeitos, uma vez que a informação número pessoal já aparece na
desinência verbal (estudo; estudas); a norma culta tende a realizar o sujeito
(eu estudo; tu estudas) (GÖRSKI, 2009, p. 80).
A autora conclui afirmando que “nem a norma padrão nem a norma culta
equivalem à língua portuguesa: a primeira corresponde a um ideal abstrato de
língua tida como correta; a segunda, a uma variedade da língua portuguesa”
(GÖRSKI, 2009, p. 80-81). Assim, caro(a) aluno(a), podemos considerar que a
norma padrão é relevante para a língua, visto que, por meio dela, podemos ado-
tar uma escrita que será aceita em diferentes meios e compreendida por diversos
sujeitos, facilitando a comunicação.
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Atividade
5. A norma padrão se faz necessária para que possamos ter uma escrita - e, também,
uma fala - que seja aceita e entendida. Sabendo disso, assinale a alternativa que
compreende a uma frase que adotou a norma padrão corretamente:
a. Vamos todos juntos à igreja.
b. Haviam muitos livros na estante.
c. Fazem 5 anos que não nos vemos.
d. Minha mãe deu o dinheiro para mim fazer as compras.
e. Fomos ao salão fazer a sombrancelha.
Saiba mais
Em 2011, uma grande polêmica foi gerada no Brasil após o MEC disponibilizar para estudantes
livros com erros gramaticais e alegar que a intenção foi mostrar que há mais de uma maneira de se
falar corretamente. Leia a matéria que explica o caso disponível em: oglobo.globo.com.
Comunicação e Linguagem
O processo comunicativo
Indicação de leitura
Nome do livro: As funções da Linguagem
Editora: Ática
Autor: Samira Chalhub
O livro “As funções da linguagem”, de Samira Chalhub, discute, com riqueza de detalhes, os assuntos
sucintamente abordados nesta unidade. A leitura é recomendada para aprofundar os conhecimentos
iniciados neste material. Consulte o livro disponível em: www.academia.edu.
Comunicação e Linguagem
A comunicação no ambiente organizacionalunidade 3
A comunicação no ambiente organizacionalViviane Favaro NotariYara Dias Canali
Caro(a) aluno(a), até aqui, nossos estudos nos levaram à compreensão do objetivo da linguagem e
à relação da linguagem e da comunicação. Nesta unidade, complementaremos os estudos anteriores
abordando os propósitos que a linguagem adquire no ambiente organizacional, tema que ajudará
você a desenvolver melhor e com mais eficiência a comunicação no meio profissional.
Para essa abordagem, estudaremos o que é ambiente organizacional, quais as características das
comunicações oral e escrita e o que é necessário para a construção de um texto coeso e coerente nesse
ambiente, o que nos leva à abordagem de aspectos textuais e gramaticais.
Por ser tratar de comunicação em ambiente organizacional, veremos, ainda, os tipos de comunica-
ção dirigida, que podem ser textos impressos, comunicação oral, comunicação eletrônica e comunica-
ção específica. Vamos lá?
Comunicação e Linguagem
A comunicação no ambiente organizacional
Comunicação e Linguagem
A comunicação no ambiente organizacional
Habilidades para construção de texto no ambiente organizacional
Querido(a) aluno(a), antes de adentrarmos em nosso objetivo de explicar as
habilidades para construção do texto no ambiente organizacional, importante se
faz que compreendamos como é esse ambiente. Latorre (2015, p. 21) aponta que
a organização pode ser entendida como unidades planejadas intencionalmente
construídas e reconstruídas a fim de atingir objetivos específicos em um conjunto
de atividades e forças coordenadas conscientemente por duas ou mais pessoas.
Corroborando essa ideia, Nascimento et al. (2016, on-line) afirmam que
a “organização é uma combinação de esforços individuais que tem por finali-
dade objetivos coletivos, independente do que ela faz ou de seu tamanho”. Para
Maximiniano (2012, p. 4), “as organizações são grupos sociais deliberadamente
orientados para a realização de objetivos”.
Assim, podemos inferir que um ambiente organizacional é um lugar em que
pessoas desenvolvem atividades para atingirem determinado objetivo. Para tanto,
a comunicação é indispensável para estabelecer a unidade de entendimento entre
os indivíduos que visam à mesma finalidade.
Saiba mais
Embasado em Chiavenato (2003), o site Portal Educação traz a notícia “O ambiente
organizacional”, publicada em 2013. Bastante relevante para a compreensão desse ambiente, o texto
explora como interferem no ambiente organizacional as mudanças nos aspectos políticos, sociais e
econômicos. www.portaleducacao.com.br.
Comunicação e Linguagem
A comunicação no ambiente organizacional
No ambiente organizacional, é realizada, dentre outras, a comunicação dirigida,
esta, no entanto, necessita ser bem elaborada para que se tenha êxito naquilo que
busca transmitir, para isso, são necessárias habilidades de construção de texto. Esse
texto pode se manifestar, especialmente, de forma oral e escrita.
A comunicação oral é constantemente praticada, refere-se ao uso da fala para
transmitir uma informação. No ambiente organizacional, a depender do contexto
em que essa comunicação é manifestada, alguns cuidados precisam ser tomados.
A manifestação falada da linguagem é imediata, por isso, há um envolvimento
maior entre emissor e receptor. Este precisa estar atento ao diálogo, para que com-
preenda corretamente a informação e possa passá-la adiante, em caso de neces-
sidade. Aquele deve ter uma postura condizente com o exigido nesse ambiente:
deve apresentar uma linguagem em tom acessível a todos os presentes, não fazer
rodeios para chegar à informação principal, ser polido na manifestação da lingua-
gem corporal (que acompanha a fala) e saber adaptar o seu discurso aos diferentes
contextos da organização (sabendo usar construções linguísticas formais e menos
formais, conforme o gênero discursivo determina).
Dessa forma, observamos que a comunicação oral tem como característica prin-
cipal a rapidez, com a transmissão e o retorno rápidos da mensagem (ROBBINS,
2005), o que nem sempre é marcante na escrita. Muito se fala, hoje em dia, que a
escrita está intrinsecamente ligada à leitura. Soares (1999, p. 68) apresenta outra
concepção:
frequentemente tomam a leitura e a escrita como uma mesma e única habi-
lidade, desconsiderando as peculiaridades de cada uma e as dessemelhan-
ças entre elas (uma pessoa pode ser capaz de ler, mas não ser capaz de
escrever; ou alguém pode ler fluentemente, mas escrever muito mal).
Comunicação e Linguagem
A comunicação no ambiente organizacional
Ou seja, embora tenham uma relação entre si, o fato de uma pessoa ser consi-
derada uma boa leitora não garante a ela uma boa escrita, mesmo que esse seja
um dos passos para a sua melhoria, não é fator único e decisivo. Soares (2003, p.
1-2) completa:
o que poderíamos chamar de acesso ao mundo da escrita – num sentido
amplo – é o processo de um indivíduo entrar nesse mundo, e isso se faz
basicamente por duas vias: uma, através do aprendizado de uma “técnica”.
Chamo a escrita de técnica, pois aprender a ler e a escrever envolve relacionar
sons com letras, fonemas com grafemas, para codificar ou para decodificar.
Envolve, também, aprender a segurar um lápis, aprender que se escreve de
cima para baixo e da esquerda para a direita; enfim, envolve uma série de
aspectos que chamo de técnicos. A outra via, ou porta de entrada, consiste
em desenvolver as práticas de uso dessa técnica. Não adianta aprender
uma técnica e não saber usá-la.
Para Garcez (2001, p. 61), antes da escrita, devemos esclarecer as seguintes
dúvidas:
• Quais os objetivos do texto que vou produzir?
• Que informações quero transmitir?
• Qual o gênero de texto mais adequado aos meus objetivos?
• Que estruturas de linguagem devo usar?
As questões levantadas por Garcez (2001) são relevantes para a eficácia daquilo
que se escreve, haja vista que, se esses pontos estiverem bem definidos, as chances
de alcançarem o objetivo de se fazerem compreender pelo interlocutor são maiores.
Comunicação e Linguagem
A comunicação no ambiente organizacional
Antes de elaborarmos um texto, devemos ter em mente nossa intenção ao escre-
vê-lo e aquilo que desejamos transmitir, depois, é definido o meio em que o texto
será vinculado, isso ajudará, inclusive, na definição da linguagem que adotaremos.
Após respondermos às questões levantadas, devemos entrelaçar as ideias para
que elas possam, assim, compor, de forma harmônica, o texto.
Ao escrever, nossa preocupação inicial é captar as idéias e ordená-las com
uma determinada hierarquia, de modo que as principais idéias sejam enfa-
tizadas. Qual a nossa idéia central? Como pretendemos defendê-la? Que
exemplos são mais interessantes? Quem devemos citar? Que palavras esco-
lher? Como devemos nos dirigir ao leitor? Em que medida devemos explicar
todas as idéias? Ou deixá-las implícitas? (GARCEZ, 2001, p. 111).
Novamente, a autora nos bombardeia com questões que precisam ser definidas
para a elaboração de um bom texto. Podemos, então, caro(a) aluno(a), perceber
que não basta, apenas, sabermos o que queremos transmitir ao escrevermos, por
qual meio e com qual linguagem, precisamos, ainda, ordenar nossas ideias.
A organização das ideias e como elas se relacionam entre si se dão por meio da
coesão textual, uma vez que esse recurso, já abordado anteriormente, faz a articu-
lação que é precisa para estabelecer a coerência do texto. Segundo Garcez (2001,
p. 122), “na elaboração de um texto, criam-se laços de citações entre seus próprios
elementos constituintes, de maneira que se forme um tecido harmonioso, uma rede
bem urdida de relações gramaticais e de significado”. As ideias estarão, portanto,
organizadas e transmitindo a mensagem almejada.
Comunicação e Linguagem
A comunicação no ambiente organizacional
Figura 3.1 - A função coesão no texto
Fonte: adaptada de Garcez (2001).
Para que se pratique esse entrelaçamento de ideias, é importante que o autor
do texto releia o texto que já elaborou para verificar quais as técnicas de coesão
já foram adotadas anteriormente. Além disso, em uma nova leitura, o olhar no
texto muda e novas considerações podem ser realizadas para seu melhoramento
(GARCEZ, 2001).
A partir de uma releitura, é possível considerar alguns pontos importantes, consi-
derando a visão que o leitor poderá ter desse texto. Vejamos o Quadro 3.1, em que
é apresentada, para aquele que escreve, uma leitura distanciada, como se ele não
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A comunicação no ambiente organizacional
tivesse elaborado o texto e fosse somente um leitor. Assim, ele deve fazer avalia-
ções quanto:
Ao leitorInserir o leitor no texto ou tratá-lo de forma neutra e distanciada. A opção escolhida foi
mantida durante todo o texto? O leitor que você tem em mente é atendido durante todo o texto?
Ao gênero de textoQue plano de escrita utilizar para a situação. O formato é adequado à situação?
As exigências referentes ao gênero foram respeitadas ou há ambiguidades e inconsistências?
Às informações
O que informar e o que considerar pressuposto. As informações fornecidas são suficientes ou o texto ficou muito denso, exigindo muito do leitor? A introdução de informações novas é bem realizada? Há informações irrelevantes que podem ser
dispensadas? Há excesso de informação? Há informações incompletas ou confusas? As informações factuais estão corretas?
À linguagemFormal ou informal. A linguagem está adequada à situação? A opção escolhida tornou
o texto harmonioso ou há oscilações súbitas e inadequadas?
À impessoalidade ou subjetividade
O posicionamento adotado como predominante mantém-se ou essa opção não ficou consistente no texto?
Ao vocabulárioAs escolhas estão adequadas ou há repetições enfadonhas e pobreza vocabular? Algum termo pode ser substituído por expressão mais exata? Há clichês, frases feitas, excesso de
adjetivos, expressões coloquiais inadequadas, jargão profissional?
Às estruturas sintáticas e gramaticais
O texto está correto quanto às exigências da língua padrão? As transições entre ideias estão corretas e claras? Os conectivos são adequados às relações entre as ideias? A
divisão de parágrafos corresponde às unidades de ideias?
Ao objetivo e à situaçãoEstá de acordo com o objetivo estabelecido inicialmente? As ideias principais estão
evidentes?
Quadro 3.1 - Leitura distanciada do texto
Fonte: Garzes (2001, p. 125-126).
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A comunicação no ambiente organizacional
Vimos, então, que as habilidades de escrita consistem em:
DEFINIR O OBJETIVO DO TEXTO E O MEIO DE CIRCULAÇÃO
ENTRELAÇAR AS IDEIAS
RELER O TEXTO
Saiba mais
O site Dicas de Escrita apresenta quatro práticas para quem deseja desenvolver habilidades de
escrita. Segundo a autora do site, elas são: leitura, escrita, estudo e obter feedback. Se você também
pretende adotar essas práticas e melhorar seu texto, leia o texto disponível em: www.dicasdeescrita.
com.br.
Esses três pontos são relevantes para conseguirmos adquirir as habilidades neces-
sárias para melhorar nossa escrita, contudo outros dois aspectos são relevantes
para dar mais qualidade ao que escrevemos. São os aspectos textuais e os aspectos
gramaticais.
Aspectos textuaisNo que tange aos aspectos textuais, importante se faz que observemos a sin-
taxe de construção de frases e períodos, a coesão e a coerência, o vocabulário, o
parágrafo (este nem sempre presente em todos os textos elaborados em ambientes
organizacionais) e o tipo de texto.
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A comunicação no ambiente organizacional
Sintaxe de construção de frases e períodos
Observar: adequação dos conectivos e palavras de relação; corrigir fragmentação e truncamento de ideias; evitar acúmulo de ideias em um mesmo período; construir
paralelismo sintático.
Coesão e coerência
Reescrever observando: distinguir a ideia central; eliminar ideias incompatíveis ou sem importância para o desenvolvimento da ideia central; especificar generalizações; articular
as relações lógicas entre as ideias por meio de conectivos; eliminar repetições; desfazer ambiguidades.
VocabulárioEliminar ou substituir palavras repetidas; utilizar palavra mais adequada; eliminar gíria,
expressões coloquiais, clichês.
ParágrafoAgrupar ideias complementares ou dependentes; distribuir ideias por parágrafos
diferentes.Relacionar os parágrafos ligando uma ideia a outra.
GêneroManter o tom conforme o gênero.
Evitar mudanças injustificáveis de nível.Observar estruturas peculiares.
Quadro 3.2 - Os aspectos textuais
Fonte: adaptada de Garcez (2001, p. 142).
Vimos, por meio do Quadro 3.2, que a análise mais detalhada - feita a partir
dos aspectos textuais - é relevante para que o texto atenda ao seu objetivo com
maior precisão.
Aspectos gramaticaisPara, gramaticalmente, melhorarmos nosso texto, é relevante observarmos a
ortografia, a acentuação, a pontuação, a concordância, a regência.
A ortografia é a parte da gramática que estabelece os padrões de escrita das
palavras por meio do alfabeto, o qual, na Língua Portuguesa, é composto por:
a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, k, l, m, n, o, p, q, r, s, t, u, v, w, x, y, z
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A comunicação no ambiente organizacional
A ortografia de uma língua é definida por uma convenção. A melhor maneira
de dominar a ortografia das palavras é mediante estudo e práticas de leitura e
escrita. É o caso, por exemplo, de palavras como:
exceção dislexia tênue
intrínseco perspicácia ignóbil
Nesses exemplos, podemos notar que, mais do que entender a regra para a for-
mação de tais palavras, podemos aprender a escrevê-las corretamente por percebê-
-las inúmeras vezes em leituras.
A acentuação é definida por Bechara (2009, p. 67) como
o modo de proferir um som ou grupo de sons com mais relevo do que
outros. Este relevo se denomina acento. Diz-se que o acento é de intensi-
dade (acento de força, acento dinâmico, acento expiratório ou icto), quando
o relevo consiste no maior esforço expiratório. Diz-se que o acento é musical
(acento de altura ou tom), quando o relevo consiste na elevação ou maior
altura da voz.
Entre doidos e doídos, prefiro não acentuar.
No exemplo, podemos perceber que as palavras “doidos” e “doídos” se diferem não
apenas por seu acento, mas por seu significado que, em nada, é semelhante. Vemos,
assim, a importância da acentuação das palavras para sua significação correta.
O texto é construído não apenas de palavras, frases e orações. Essas são orga-
nizadas no texto com “princípios de dependência e interdependência sintática e
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A comunicação no ambiente organizacional
semântica recobertos por unidades melódicas e rítmicas que sedimentam esses prin-
cípios” (BECHARA, 2009, p. 515). Quem garante essa sonoridade ao texto é a
pontuação que, se mal empregada, “produz efeitos tão desastrosos à comunicação
quanto o desconhecimento dessa solidariedade a que nos referimos” (BECHARA,
2009, p. 515).
Se o homem soubesse o valor que tem a mulher viveria a sua procura.
Na frase do exemplo observamos nitidamente o poder de uma pontuação bem
empregada. Certamente, os homens, ao lerem a frase, inseriram a vírgula após o
verbo “tem”. Já as mulheres, provavelmente, fizeram uso da vírgula após “mulher”.
Cada uma das inserções dá diferente significado à frase, mudando, por completo,
seu sentido.
Outro relevante aspecto gramatical é a concordância. Ela pode ser nominal ou
gramatical.
Diz-se concordância nominal a que se verifica em gênero e número entre o
adjetivo e o pronome (adjetivo), o artigo, o numeral ou o particípio (palavras
determinantes) e o substantivo ou pronome (palavras determinadas) a que
se referem. Diz-se concordância verbal a que se verifica em número e pessoa
entre o sujeito (e às vezes o predicativo) e o verbo da oração (BECHARA,
2009, p. 441).
As amigas aguardavam ansiosas pela festa.
Na frase, observamos que artigo, verbo e adjetivo concordam com o sujeito:
feminino e plural. Essa concordância estabelece a coerência da frase.
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A comunicação no ambiente organizacional
Temos, ainda, como parte importante a ser vista na gramática a regência
que, assim como a concordância, pode ser nominal e verbal. A regência nominal
é aquela estabelecida entre o substantivo e os termos regidos por esse nome. A
regência verbal é a relação que se estabelece entre o verbo e os elementos que o
complementam.
Vou sair.Aonde você vai?
Sair é verbo intransitivo, não precisa complemento.
Alguns verbos não exigem o complemento em suas frases, para outros, no entanto,
isso é essencial para seu entendimento.
Essa é, somente, uma pincelada nos aspectos gramaticais. Vale ressaltar que, difi-
cilmente, esgotaríamos esse conteúdo, por isso, a necessidade de que você, caro(a)
aluno(a), busque mais conhecimento na área para garantir um estudo mais apro-
fundado sobre o tema.
Pense nisso
O escrever não tem fim (Fedro).
Modelos de comunicação dirigidaComo vimos, é necessário que, no ambiente organizacional, haja uma comunica-
ção clara e objetiva. É importante que as empresas, então, se adaptem ao cenário
em que estão inseridas, o que inclui considerar os diferentes públicos e os variados
meios pelos quais as informações circulam. Nesse contexto, a comunicação de massa
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A comunicação no ambiente organizacional
vai perdendo espaço e ganha notoriedade um tipo específico de comunicação, a
dirigida. Tendo em vista que, atualmente, diversificados segmentos compõem o
mercado, as empresas precisaram direcionar a comunicação para públicos específi-
cos, assim, surgiu “uma veiculação mais especializada e direta, com uma explosão
de mídias segmentadas e interativas, e, que favorecem um contato mais próximo
com o cliente” (LAS CASAS; GARCIA, 2007, p. 282). Dessa forma, a comunicação
dirigida tem o intuito de elaborar mensagens eficientes e personalizadas, que sejam
capazes de conquistar o público-alvo específico.
Para que essa comunicação se efetive, as organizações fazem uso de textos. Cada
texto, a depender de quem produz e de para quem é direcionado, apresentará: um
estilo específico, com escolhas precisas dos recursos lexicais e fraseológicos; um tema,
que orienta o que pode, deve ou vai ser abordado; uma estrutura composicional
própria, que diz respeito a um molde por meio do qual o indivíduo adapta seu
dizer. Em síntese, as informações são elaboradas mediante gêneros discursivos dis-
tintos e singulares. De acordo com Bakhtin (1992, p. 262, grifos do autor), “cada
enunciado particular é individual, mas cada campo de utilização da linguagem
elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os quais denominamos
gêneros do discurso”. Ou seja, toda comunicação humana, oral ou escrita, realiza-se
a partir de tipos textos, que têm tema e estilo mais variáveis e estrutura composi-
cional menos flexível, caracterizando o gênero no qual se enuncia.
Assim, a elaboração de textos no ambiente organizacional, com foco na comuni-
cação dirigida, também se realiza por gêneros, apresentando modelos de textos que
pretendem atingir um público exclusivo. A seguir, veremos alguns tipos de textos
que circulam nesse ambiente.
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Atividade
1. Um dos tipos de comunicação que ganhou destaque atualmente é a dirigida. Em
relação às características dessa modalidade, assinale a alternativa correta.
a. A comunicação dirigida tem o objetivo de enviar mensagens para um público geral, divul-
gando os resultados da empresa.
b. A comunicação dirigida tem o objetivo de enviar mensagens para um público específico,
com o intuito de conquistá-lo.
c. A comunicação dirigida tem o objetivo de manter contato com o público-alvo da empresa
por meio de veículos de massa.
d. A comunicação dirigida tem o objetivo de divulgar os resultados alcançados pela empresa
em veículos informatizados.
e. A comunicação dirigida tem o objetivo de manipular um público abrangente, para divul-
gar os produtos da empresa.
Saiba mais
No ambiente organizacional, uma forma de comunicação que tem ganhado destaque é a dirigida.
Um dos responsáveis pela divulgação dessas mensagens é o profissional de Relações Públicas. Para
compreender, brevemente, o funcionamento dessa profissão, assista ao vídeo disponível em: www.
youtube.com.
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A comunicação no ambiente organizacional
Textos Impressos “Impresso”, dentre outras definições, significa “que se imprimiu”, “papel impresso
para uso em correspondência, serviços administrativos etc.” (FERREIRA, 2010, p.
413). Textos impressos são, portanto, materiais físicos que circulam socialmente e
pretendem estabelecer a comunicação. No ambiente organizacional, com o pro-
pósito de estabelecer uma comunicação dirigida, alguns textos impressos que se
destacam são: carta, ofício, ata e memorando. Vamos entender um pouco mais as
características de cada um deles?
Carta
A carta caracteriza-se por ser uma forma de comunicação escrita direcionada ao
público externo. O envio dela tem o objetivo de fazer uma solicitação, uma recla-
mação, um convite, um agradecimento ou, ainda, a transmissão de informações.
Toda carta apresenta uma construção composicional semelhante, com a presença
de:
• Cabeçalho (local e data);
• Endereçamento (nome do destinatário e endereço);
• Saudação inicial ou vocativo;
• Texto com a apresentação do assunto;
• Saudação final ou despedida;
• Assinatura.
A linguagem utilizada pode ser formal ou menos formal a depender da situação
comunicativa e do intuito da carta. O estilo de escrita deve se adaptar ao assunto
e ao destinatário. A seguir, um exemplo de carta com comunicação dirigida.
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Maringá-PR, 30 de dezembro de 2016
João da Silva
Rua Rio Grande do Norte, 1820, Jardim Aclimação, Maringá-PR, 87033-510
Senhor João,
Encerramos o primeiro quadrimestre de nossa parceria. Visando à transparência
e ao controle das mensalidades, enviamos esta carta com a descrição dos valores
apresentados para nós desde a assinatura do contrato:
Mês/ano Data do pagamento Valor
Set./2016 05/09/2016 90,00
Out./2016 05/10/2016 90,00
Nov./2016 05/11/2016 90,00
Dez./2016 05/12/2016 90,00
Total 360,00
Agradecemos por confiar em nosso trabalho e desejamos que nossos laços se
estendam pelos próximos anos.
Atenciosamente,
Dr. Alexandre Vinicius Macário
Odontologia Macário
Pelo exemplo, observamos que essa carta foi emitida de uma empresa (Odontologia
Macário) para um de seus clientes (o paciente João da Silva), com o propósito
de informar os valores recebidos, agradecer pela parceria e firmar laços futuros.
Caracteriza-se uma comunicação dirigida pelo fato de a empresa direcionar uma
carta personalizada (com dados exclusivos) e única a um de seus clientes.
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Ofício
Abordar assuntos institucionais é o objetivo do ofício. Desse modo, ele é uma
forma de correspondência por meio da qual se trocam informações de caráter
técnico ou administrativo (APOSTILA..., on-line). A estrutura composicional desse
gênero é formada por:
• Título (abreviado - Of.), seguido da sigla do órgão expedidor e da esfera
administrativa com numeração;
• Local e data;
• Endereçamento (forma de tratamento, nome do destinatário e endereço);
• Vocativo;
• Texto com a apresentação do assunto e o objetivo do Ofício.
• Saudação final cortês.
• Assinatura, nome e cargo do remetente.
Apresentamos, a seguir, um exemplo de comunicação dirigida por meio de ofício.
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Figura 3.2 - Exemplo de Ofício
Fonte: Oliveira et al. (2012, on-line).
A figura anterior apresenta como é a construção de um ofício, exemplificando a
estrutura do documento e o modo como o assunto institucional (pleitear a constru-
ção de pavilhões) deve ser abordado (com linguagem formal, técnica e cortês, que
marca a relação profissional entre remetente e destinatário).
Ata
A ata é um relatório que descreve as decisões, os acordos e os fatos ocorridos em
uma reunião. Ela registra, portanto, um resumo fiel dos principais acontecimentos
de uma reunião. Em relação à estrutura composicional, a ata deve aparecer em
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texto único, sem divisão de parágrafos. Por se tratar de um documento oficial, não
pode apresentar rasuras. Nesse caso, quando manuscrita, se houver erro, deve-se
utilizar o termo “digo” e, em seguida, a grafia correta; caso seja digitada e notem-se
erros após a impressão, deve-se redigi-la novamente e submetê-la à nova aprova-
ção. Os termos obrigatórios da ata são:
• Cabeçalho (com número da ata e o nome do órgão que a assina);
• Texto (que se inicia com a descrição temporal e local – dia, mês, ano, data
e lugar da reunião – escrita por extenso);
• Fechamento;
• Assinatura (do presidente, do secretário e, em alguns casos, dos demais
participantes).
Figura 3.3 - Exemplo de Ata
Fonte: adaptada de Oliveira et al. (2012, on-line).
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A Figura 3.3 apresenta um exemplo de como deve ser redigida uma ata no
ambiente organizacional. Ressalta-se que ela é um modelo, por isso, há espaços em
branco, para serem preenchidos em um contexto real de registro. Observamos que
o intuito do documento é descrever, em detalhes, o que ocorreu durante a reunião,
para que se firme um registro oficial das decisões e das discussões ali abordadas.
Memorando
Caracteriza-se por ser uma comunicação estritamente interna, entre setores iguais
ou hierarquicamente distribuídos. O propósito pode ser uma comunicação adminis-
trativa ou a divulgação de decisões, projetos etc. Deve ter como base a agilidade,
simplificando os processos burocráticos. A estrutura composicional é semelhante a
do ofício:
• Título (com a palavra Memorando, seguida do número);
• Local e data;
• Endereçamento (forma de tratamento, nome do destinatário e endereço);
• Assunto;
• Vocativo;
• Texto;
• Saudação final;
• Assinatura.
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Figura 3.4 - Exemplo de Memorando
Fonte: Oliveira et al. (2012, on-line).
Observamos, nesse exemplo, que o reitor envia uma mensagem ao diretor
para informar ausência na cerimônia de colação de grau. Redige-se, então, uma
comunicação dirigida que circulará internamente, para agilizar a divulgação da
informação.
Apresentamos, aqui, uma síntese da estrutura e dos objetivos dos principais tex-
tos impressos para comunicação dirigida. Na sequência, descreveremos as caracte-
rísticas de textos orais, exemplificando algumas de suas ocorrências.
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Atividade
2. A comunicação dirigida no ambiente organizacional pode ocorrer de forma
impressa, oral, eletrônica e específica. Qual das alternativas a seguir apresenta tex-
tos de circulação impressa?
a. Carta, seminário e e-mail.
b. Ata, ofício e memorando.
c. Ofício, reunião e site.
d. Mural, memorando e e-mail.
e. Boletim informativo, carta e comitê.
Comunicação dirigida oralA comunicação dirigida oral é um importante meio de comunicação, uma vez
que traz a proximidade necessária para que determinadas informações sejam pas-
sadas. Vale lembrar, todavia, que o emprego desse meio de comunicação não
anula as demais formas, tão somente simplifica o contato, principalmente, na esfera
empresarial.
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Figura 3.5 - A comunicação dirigida oral
Fonte: CATHY YEULET, 123RF.
Cesca (1997) trata de exemplos relevantes de comunicação oral dirigida. No
que contempla o universo empresarial, vamos nos atear a: conferência, palestra,
convenção, seminário, brainstorming e workshop.
ConferênciaNa conferência, expõe-se um assunto que seja de grande domínio do conferen-
cista. Este, normalmente, é bastante reconhecido por sua competência na área. É
possível, ainda, ao final da conferência, dar a oportunidade para a plateia realizar
perguntas (CESCA, 1997).
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PalestraA palestra é realizada para um número pequeno de pessoas, que, geralmente,
têm certo conhecimento sobre o tema abordado. Assim como na conferência, é
aberto para a plateia questionar (CESCA, 1997).
ConvençãoA convenção é realizada para o conhecimento e a troca de informações e experi-
ências. Nela, é realizada a exposição de vários temas e toda a dinâmica do evento
é organizada por seu coordenador (CESCA, 1997).
SeminárioNo seminário, também há a presença de um coordenador e a exposição é rea-
lizada por uma ou mais pessoas. “Geralmente divide-se em três fases: exposição,
discussão e conclusão. As divisões podem ser adotadas pela área” (CESCA, 1997,
p. 20).
BrainstormingLiteralmente, brainstorming seria uma tempestade cerebral. Nele, as pessoas se
dispõem a tratar ideias relacionadas a um problema. É uma reunião que tem uma
fase criativa e outra avaliativa. A seleção da melhor sugestão é feita pelo coorde-
nador (CESCA, 1997).
WorkshopSão encontros em que são realizadas exposição e demonstração do objeto (pro-
duto) que deu origem ao evento (CESCA, 1997).
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Vimos, assim, caro(a) aluno(a), alguns exemplos de comunicação dirigida que
podem ser executados na empresa para facilitar a comunicação entre as pessoas
nela envolvidas e trazer mais resultados positivos para a ela.
Atividade
3. A comunicação dirigida oral traz maior proximidade entre quem enuncia e quem
recebe a mensagem. Em qual tipo de comunicação dirigida ocorre a troca de infor-
mações e experiências, realizando a exposição de vários temas?
a. Workshop.
b. Convenção.
c. Brainstorming.
d. Palestra.
e. E-mail.
Comunicação dirigida eletrônica A internet revolucionou o mercado de trabalho e, com ela, trouxe, além da faci-
lidade para a comunicação, recursos que facilitam a comunicação na empresa, seja
ela com clientes ou com os próprios funcionários. Vejamos alguns recursos que as
empresas têm adotado e que proporcionam resultados positivos.
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Figura 3.6 - A comunicação dirigida eletrônica
Fonte: RANCZ ANDREI, 123RF.
Correio eletrônico (e-mail)O e-mail também tem sua utilidade dentro da empresa. “Todas as comunicações
escritas impressas da empresa podem ser transformadas em eletrônicas e enviadas
também por e-mail” (CESCA, 2006, p. 120). Isso pode ser realizado tanto como
uma mensagem escrita quanto anexando o arquivo (documento, vídeo, som, ima-
gem) e enviando.
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Figura 3.7 - Modelo de e-mail
Fonte: Elaborada pelas autoras.
Por meio da Figura 3.7, podemos observar que, no e-mail, a pessoa que o envia
deve inserir o destinatário e o assunto, em seguida, a mensagem é inserida, podendo
editá-la por meio de recursos simples de formatação de texto.
IntranetTrata-se de uma comunicação dirigida que vem a ser mais utilizada pelos fun-
cionários que trabalham na parte administrativa, no entanto os demais funcioná-
rios, em determinadas empresas, também têm acesso a computadores. “O uso da
intranet possibilita manter o público interno sempre informado e ainda oferecer
ferramentas colaborativas de comunicação” (COMUNICAÇÃO...2015, on-line).
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A comunicação no ambiente organizacional
Redes Sociais CorporativasÉ uma rede social que se limita ao uso dos funcionários da empresa, com objeti-
vos específicos que sempre estarão relacionados à empresa. “As redes sociais corpo-
rativa são ambientes propícios para a equipe dar ideias, sugestões e compartilhar
procedimentos e conhecimentos” (COMUNICAÇÃO...2015, on-line).
NewsletterÉ uma publicação da empresa que atinge tanto os seus clientes fixos como poten-
ciais clientes. “Assim como jornais e revistas, ela tem periodicidade, linha editorial,
linha visual, etc. Pode ser enviada inclusive em formato de jornal, impressa, mas
o mais comum é por meios eletrônicos, em especial, via e-mail” (CAMONA, 2016,
on-line).
É possível, assim, observar que a comunicação dirigida eletrônica refere-se a
meios práticos e que facilitam, e muito, a comunicação dentro de uma empresa, por
serem recursos de fácil acesso e entrega, praticamente, instantânea.
Comunicação e Linguagem
A comunicação no ambiente organizacional
Atividade
4. Com a evolução da tecnologia, a comunicação em empresas ganhou recursos que
a tornou mais fácil. Qual dos meios de comunicação corresponde a uma comuni-
cação dirigida eletrônica?
a. Ata
b. Workshop
c. Brainstorming.
d. Newsletter.
e. Facebook.
Comunicação dirigida específica Já vimos, prezado(a) aluno(a), que a comunicação dirigida se estabelece de
diferentes formas, e existem meios que são específicos para essa comunicação, como
o audiovisual, o quadro de avisos, o folheto, a caixa de sugestões e o manual de
integração.
Comunicação e Linguagem
A comunicação no ambiente organizacional
Figura 3.8 - Comunicação dirigida específica
Fonte: adaptada de ЕВГЕНИЙ КОСЦОВ, 123RF.
AudiovisualO audiovisual é um meio de comunicação que podemos dividir em diferentes
formas. No CD-ROM, por exemplo, são armazenados dados e informações, tanto
áudio quanto vídeo, conteúdos que podem ser de grande valia para a empresa. As
teleconferências são reuniões entre pessoas que não estão em um mesmo ambiente,
mas que, pelo som e imagem, conseguem estabelecer a comunicação. A vídeorre-
vista da empresa é uma forma de oferecer aos funcionários as informações sobre
a empresa e seu meio, facilitando a visualização do trabalhador; ela pode ser
Comunicação e Linguagem
A comunicação no ambiente organizacional
disponibilizada em TVs, no próprio trabalho, em reuniões ou enviadas na casa dos
colaboradores. Deve ter uma linguagem simples e laços interativos (COSTA, 2009).
Quadro de avisosComo o próprio nome sugere, é um quadro em que avisos da empresa serão
colocados. Para que haja o resultado esperado com esse meio de comunicação, é
fundamental que ele esteja em uma posição estratégica, ou seja, todos os funcioná-
rios precisam passar por ele. Além disso, ele precisa, fisicamente, atrair os olhares
dos funcionários (CESCA, 1995).
FolhetoOs folhetos são importantes para que a empresa repasse informações, tanto para
os funcionários quanto para clientes e/ou população, com um tema específico. Esse
tema pode ser de uma reforma dentro da própria empresa (destinado aos funcio-
nários) ou de alguma comemoração da empresa (destinado a funcionários, clientes
e população), por exemplo (CESCA, 1995).
Caixa de sugestõesA caixa de sugestões é um meio de comunicação dirigida em que o funcionário
deixa suas sugestões de melhorias na empresa. Para que haja estímulo, é possível
que, ao adotar a sugestão, a empresa recompense seus funcionários, haja vista que
a melhoria alcançada se deve ao fato de o colaborador ter compartilhado uma
ideia; ademais, isso fará com que os demais trabalhadores se motivem a deixar
mais sugestões (CESCA, 1995).
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A comunicação no ambiente organizacional
Manual de integraçãoO colaborador recebe o manual de integração quando é contratado pela empresa.
Esta visa integrá-lo informando seus direitos e deveres. Para Cesca (1995, p.
92), “seu conteúdo deve ser composto de: apresentação pela diretoria; histórico da
empresa; descrição do ramo de atividade; normas do trabalho; serviços beneficen-
tes e quaisquer outras informações que a empresa entenda necessárias”.
Esses são exemplos de comunicação dirigida específica, da qual a empresa faz uso
para passar informações aos seus colaboradores e, inclusive, para clientes ou comunidade.
Vimos, assim, caro(a) aluno(a), que, para uma comunicação de qualidade, seja ela oral
ou escrita, existem maneiras de transmitir a mensagem adequadas e meios de comunica-
ção, que são os recursos que a empresa pode adotar para divulgar as informações.
Atividade
5. A comunicação dirigida tem o objetivo de enviar mensagens para um público espe-
cífico, com o intuito de conquistá-lo. Sabendo que esse tipo de comunicação é clas-
sificada em diferentes tipos, assinale a alternativa que corresponde à comunicação
que traz mais proximidade entre enunciador e receptor.
a. Comunicação dirigida oral.
b. Comunicação dirigida impressa.
c. Comunicação dirigida eletrônica.
d. Comunicação dirigida específica.
e. Comunicação dirigida gramatical.
Comunicação e Linguagem
A comunicação no ambiente organizacional
Indicação de leitura
Nome do livro: Técnica de redação: o que é preciso para bem escrever
Editora: Martins Fontes
Autor: Lucília H. do Carmo Garcez
ISBN: 85-336-1429-8
Os manuais reunidos no livro de Garcez oferecem a instrução necessária para o trabalho de escrita
nos diferentes níveis e para as mais diversas áreas.
Querido(a) aluno(a), finalizamos, juntos, mais uma etapa dos seus estudos.
Vimos assuntos que são de grande importância para a comunicação e para a lingua-
gem. Iniciando pela coesão e coerência, pudemos observar como esses dois recursos po-
dem dar textualidade para aquilo que se escreve.
Por compreendermos que o objetivo da linguagem é estabelecer a comunicação, abor-
damos o processo comunicativo. Exploramos a relação entre a linguagem e a comunica-
ção, os elementos envolvidos na comunicação e aquilo que é preciso para que se estabe-
leça uma comunicação com qualidade.
Vimos, ainda, a linguagem e a competência linguística, a linguagem e a comunica-
ção e o processo da comunicação, abordando, também, as funções da linguagem, a
argumentação, a compreensão e a interpretação, qualidade na comunicação, variação
linguística e norma padrão.
No que tange a comunicação no ambiente organizacional, vimos a comunicação diri-
gida. Esta pode ocorrer de forma em textos impressos, de forma oral, eletrônica ou espe-
cífica. Por meio de exemplos, vimos sua ocorrência.
Esperamos que você, caro(a) aluno(a), tenha aprendido mais sobre a comunicação e
a linguagem, mas que seus estudos não se limitem a este material. Busque sempre mais
conhecimento que enriqueça sua formação.
Até breve.
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