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Conhecendo o Passado Autor José Aparecido Wagner

Conhecendo o Passado Autor José Aparecido Wagner · Conhecendo o Passado Capitulo - I Era noite, passava das vinte e duas horas, Monica caminhava apressada para sua casa, uma garoa

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Conhecendo o Passado

Autor – José Aparecido Wagner

Dedicatória

Dedico este livro a minha família e aos meus amigos que me incentivaram e deram apoio para que esta obra fosse publicada.

Graças ao meu sonho e muito trabalho que foi determinante em minha conquista.

Agradeço a todos que direta ou indiretamente ajudaram-me na conclusão do livro.

Direitos reservados

Todos os direitos são reservados.

Esta é uma obra de ficção, nomes e fatos não são reais.

Toda e qualquer semelhança será mera coincidência.

É proibida a cópia, reprodução, distribuição, exibição, criação de obras derivadas e uso comercial sem a minha prévia permissão.

Sumário

I – O Susto

II – O Sonho

III – Encontro com André

IV – A ira de Laís

V – Pedido de casamento

VI – A trama de Laís

VII – Laís conta para Monica sobre o filho

VIII – A fuga de Laís

IX – Nascimento do filho de Laís

X – Suelem revela sobre a doença de Luiz

XI – O reencontro de Luiz e Laís

XII – A cura de Luiz

XIII – Laís vai trabalhar na loja de Luiz

XIV – Monica e Laís se encontram

XV – A doença da mãe de Monica

XVI – A revelação do segredo da Mãe de Monica

XVII – A morte de Dona Alice

XVIII – Monica passa a ser amiga de Laís

XIX – Monica e Laís fazem a descoberta

XX – capitulo Final

Conhecendo o Passado

Capitulo - I

Era noite, passava das vinte e duas horas, Monica caminhava apressada para sua casa, uma garoa fina teimava em cair, o termômetro instalado no canteiro central da avenida marcava Cinco Graus, meados do mês de julho, o inverno estava rigoroso para os padrões de São Paulo.

Ela já estava a três quadras de sua casa quando sentiu que alguém a seguia, ela tremeu, não de frio, mas de medo.

Apertou o passo, seu coração batia forte, a respiração estava ofegante, enquanto caminhava remexia em sua bolsa à procura das chaves do portão de sua casa, encontrou-as, seguiu com elas em punho para abrir o portão com mais rapidez.

Diante do portão, colocou a chave, girou-a rapidamente, abriu o portão, entrou, retirou a chave, fechou-o com força e o trancou.

Ouvia as batidas do seu coração como se ele estivesse em sua boca, ficou encostada atrás do pilar observando se alguém passava, esperou por alguns minutos, mas ninguém passou por ali.

Monica entrou em casa ainda tremula, sentia suas pernas bambas, chamou sua mãe e sentou-se no sofá da sala.

Dona Alice, mãe de Monica, que estava em um dos quartos na parte superior da casa, ao ouvir sua filha chamar-lhe com a voz um pouco alterada desceu as escadas correndo e ao ver sua filha aflita perguntou.

- O que foi minha filha aconteceu alguma coisa?

- Mãe senta aqui ao meu lado.

Dona Alice sentou-se ao lado da filha que continuou.

- Eu vinha voltando para casa e uma coisa estranha aconteceu.

- O que aconteceu, conta logo minha filha, não me deixe aflita.

- Eu já estava aqui perto, há umas três quadras, quando senti que alguém estava me seguindo, mas quando eu entrei e tranquei o portão, fiquei esperando para ver se alguém passava e não apareceu ninguém. Agora fico imaginando se a pessoa voltou para trás por não ter me alcançado, se ele só quis ver onde eu morava, ou se foi fruto de minha imaginação.

- Ah! Filha, a partir de amanhã eu vou até o ponto de ônibus esperar você chegar.

- Não precisa mãe, eu desço do ônibus e venho rápido para casa.

- Minha filha, antes do Osvaldo seu pai falecer, ele me pediu para tomar conta de você, e tudo farei para te proteger.

- Eu sei mãe, mas a senhora vai sair do conforto de casa e passar frio e tomar chuva.

- Filha um dia você saberá o que é um filho para uma mãe.

- Ta bom mãe, se você prefere assim.

- Filha, eu acho que devemos orar e agradecer a Deus que a auxiliou para que nada acontecesse hoje.

As duas deram-se as mãos e oraram agradecendo por nada de ruim ter acontecido a Monica.

No outro dia, já em seu trabalho, Monica contou para Simone, sua amiga de trabalho o que havia ocorrido, e esta por sua vez não deu muita importância e disse.

- Deve ser um ladrão barato, estava ali parado esperando alguém passar e quando a viu resolveu segui-la, mas como você conseguiu entrar em casa rápido ele desistiu e fugiu.

- Tomara que você esteja certa, já me deixou menos tensa.

- Relaxa, você vai ver hoje ele não estará lá.

Monica saiu do trabalho e pegou o ônibus como de costume, a noite estava fria, mas já não chovia, e chegando ao ponto onde desceria deu o sinal, e assim que desceu encontrou sua mãe que tinha acabado de chegar.

Elas foram conversando para casa e de vez em quando uma delas olhava para traz a fim de ver se alguém as seguia.

Chegaram a casa sem nenhum problema, e isso se sucedeu por vários dias, até que Monica disse para sua mãe que não precisava mais ir ao ponto de ônibus para buscá-la.

- Mãe, eu acho que a Simone estava certa, era apenas um ladrão barato que estava naquele lugar parado à espera que alguém passasse, e por infelicidade fui eu que passei.

- Está certo filha, mas vou ficar no portão à sua espera.

O tempo passou e este assunto foi esquecido.

Capitulo ll

Monica estava em sua casa depois de um dia estafante de trabalho, tomou um banho, jantou e foi para a cama cedo, pois estava muito cansada e com sono, dormiu rapidamente e em pouco tempo já estava em um sono profundo, e foi neste momento que começou a sonhar, e em seu sonho um homem alto, magro e cabelos grisalhos apareceu e lhe disse.

- Oi, sou Norberto, um amigo, tentei falar com você e não consegui.

Em seu sonho ela estava parada diante a uma casa que ela nunca tinha visto, estava escuro e uma luz forte estava acesa atrás do homem e não a deixava ver o rosto dele, ela conseguia apenas ver as nuances clara, e o contorno de seu rosto.

- O que você quer me falar. – Perguntou ela.

- Ainda não posso lhe dizer, não tenho autorização.

- Como assim não tem autorização, e de quem? – Perguntou ela.

A imagem de Norberto foi desaparecendo e a luz ficou ofuscando sua visão e ela acordou assustada.

Que sonho foi este? Pensou ela, quem era aquele homem? O que queria me dizer? Meu amigo? Que amigo? Estas perguntas ficaram martelando a cabeça de Monica.

Era um sonho, mas parecia tão real. - Pensou ela consigo mesma.

Ela remexeu-se de um lado para outro na cama pensando no sonho que havia tido e demorou-se a dormir novamente.

Pela manhã, ao acordar, Monica ficou sentada um tempo em sua cama tentando entender aquele sonho, levantou, tomou um banho e foi tomar café, era um sábado, e já passava das 9 horas da manhã, chegando à cozinha encontrou sua mãe e foi logo dizendo.

- Mãe, eu tive um sonho muito esquisito, mas o estranho é que parecia tão real que eu fiquei pasma.

- Conte minha filha, como foi este sonho.

Ela contou o sonho com detalhes e ao acabar de relatar, notou que sua mãe estava um pouco tensa e calada, então perguntou a ela se estava com algum problema, ela desconversou e disse que não havia problema algum, só estava prestando atenção ao que a filha dizia.

- E aí mãe o que achou do sonho.

- Era apenas um sonho filha, deixa pra lá. – Desconversou ela.

Monica ficou intrigada com a atitude da mãe, mas deixou pra lá, afinal era sábado e ela tinha muita coisa para fazer.

Capitulo lll

Foi ao salão de beleza, cortou e pintou o cabelo, fez pés e mãos, fez também as sobrancelhas e saiu de lá renovada, ligou para suas amigas Thais e Bruna para combinarem uma balada, Bruna respondeu que não poderia ir porque já havia marcado de sair com um paquera, Thais por sua vez aceitou e avisou Monica que passaria na casa dela às 22 horas.

À noite conforme combinado, Thais foi à casa de Monica e as duas foram para uma Balada Tecno Dance que fica em um bairro onde a noite ferve, as Casas de Shows são muito animadas e atrai bastante o público jovem.

Entraram e o agito estava a toda, o pessoal estava bastante animado e por coincidência encontraram Bruna conversando animadamente com Guilherme, o paquera que ela havia falado, Bruna chamou-as para sentarem-se juntos a eles na mesa.

Ficaram conversando por um tempo, e em determinado momento Monica chamou Thais para irem até a pista de dança a fim de dançarem um pouco.

Estavam dançando quando percebeu que dois rapazes as observavam, Thais fez um sinal para Monica sobre os rapazes, e ela fez um sinal afirmativo com a cabeça que havia visto.

Quando estavam retornando para a mesa, foram abordadas no caminho por André e Daniel, dois amigos que haviam se interessado por elas.

Elas resolveram ouvir o que eles tinham a dizer e foram para um lugar mais reservado para conversarem.

André de cara simpatizou-se por Monica e Daniel por sua vez interessou-se por Thais, conversaram por um bom tempo e a conversa estava bastante animada, trocaram números de telefones e marcaram de sair novamente em outra oportunidade.

Monica e Thais voltaram para a mesa onde Bruna já havia engatado namoro com Guilherme.

Elas se despediram e foram embora, já estava amanhecendo quando Thais deixou Monica em casa.

Já eram 11 horas quando Monica acordou, tomou banho escovou os dentes e desceu para tomar café, depois ligou para Thais.

- Thais.

- Fala Monica.

- Vamos almoçar no Shopping hoje.

- Vamos sim, alguma coisa especial?

- Não, só queria conversar sobre os rapazes.

- Ta legal, você passa aqui?

- Passo sim, às 13 horas, pode ser?

- Ok, fechado.

E no horário marcado Monica chegou à casa de Thais e foram ao Shopping.

Lá chegando ficaram dando uma volta para verem as lojas e logo foram almoçar, pediram o almoço e foram sentar e aguardar o pedido, e enquanto aguardavam ficaram conversando.

- O que você achou do Daniel. – Perguntou Monica.

- Parece uma pessoa legal, já está formado, é um cara trabalhador, achei-o um cara do bem. E você o que achou do André?

- Também achei um cara bacana assim como o Daniel, também é formado, e eles trabalham juntos.

- Não sabia disso, também o som estava muito alto e eu não conseguia entender muito bem, mas se for assim melhor.

- Eu marquei de sair com o André hoje à noite.

- Hoje eu não vou poder sair à noite, eu fiquei de ligar para o Daniel na quarta feira e marcar alguma coisa para a semana que vem.

O almoço ficou pronto e foi entregue na mesa delas, almoçaram e continuaram a conversa sobre os rapazes, foram mais uma vez olhar as vitrines das lojas do Shopping, e também porque Monica havia gostado de uma roupa de uma determinada loja.

Entrou na loja, foi atendida por uma funcionária muito simpática, comprou o que estava precisando e saiu.

Monica levou Thais para casa e voltou à sua.

A noite conforme combinado, André foi à casa de Monica a fim de saírem, foram a um restaurante típico italiano, pediram pizza e ficaram conversando.

Depois de uma garfada e outra, e depois de muita conversa, André pediu Monica em namoro, e ela disse então.

- André, eu só aceitarei se for um namoro sério, nada de ficar, quero alguém para me completar, não desejo ficar de namoricos.

- Monica, eu também quero um namoro sério, e quando a pedi em namoro, é porque vi que você é a mulher ideal para mim.

- Sendo assim, aceito namorar você. – Disse Monica.

Ele levantou-se e deu um beijo em sua face fazendo com que ela ficasse ligeiramente ruborizada.

Terminaram o jantar e ficaram conversando sobre assuntos diversos e depois de um tempo ele a levou para casa, e lá chegando, ao se despedir beijou-a nos lábios carinhosamente e ela retribuiu da mesma maneira e combinaram um novo encontro para a próxima semana.

Na manhã seguinte ao acordar, Monica tomou um banho, colocou uma calça de jeans e camiseta e desceu para tomar café, encontrou sua mãe na cozinha e contou-lhe sobre seu namoro com André.

Sua mãe ficou contente e quis saber mais sobre o rapaz.

- Como ele é filha?

- Ah! Mãe, ele é um rapaz alto, bonito, trabalhador, é formado, inteligente.

- O que você achou dele?

- Eu gostei mãe, parece ser uma pessoa séria, me pediu em namoro à moda antiga, e eu disse que não queria apenas ficar e nem tão pouco namoro passageiro, eu gostei dele e parece que ele também gostou de mim.

- Filha, procure saber sobre sua família, quem são eles? O que fazem? Onde moram?

- Calma mãe, nós estamos apenas nos conhecendo, eu quero saber a real intenção por mim, quais são suas aspirações, depois sim vou conhecer a família dele, mas antes trarei aqui para a senhora conhecê-lo, agora me deixa terminar de me trocar senão vou chegar atrasada no emprego.

- Está certo filha.

Capitulo lV

Na segunda feira André encontrou Daniel no trabalho e começou a conversar com ele no restaurante da empresa.

- Como vai Daniel tudo bem?

- Tudo bem, e com você tudo em ordem?

- Tranqüilo.

- Me conta André, como foi o encontro com Monica?

- Foi bom, e tenho uma coisa para te contar.

- É coisa boa?

- Claro que sim, eu e Monica, estamos namorando.

- Verdade rapaz, parabéns, ela parece ser uma garota legal.

- E é mesmo, do tipo antigo, namoro sério.

Os dois continuaram com o bate papo enquanto almoçavam, e nem notaram que Laís ouvia tudo atentamente, justo ela que já havia namorado André há algum tempo atrás, mas ele havia terminado o namoro com ela por ser muito possessiva e ciumenta demais.

Ela estava almoçando com Solange que também ouviu toda a conversa entre eles, e Laís disse.

- Esse namoro não vai dar certo, ele ainda vai voltar pra mim.

- Esqueça ele, vocês já namoraram e foi um desastre.

- Não foi desastre coisa nenhuma, naquela época eu era muito nova, eu estava com a cabeça cheia de grilos, e começamos a namorar sem muito compromisso e assim que eu me apaixonei e fiquei grudada nele ele terminou comigo.

- Amiga você causava não é.

- Por que você diz isso?

- Você ficava em cima dele, não o deixava nem respirar.

- Tinha que cuidar se não outra aparecia.

- Mas homem não gosta de mulher ficar dando em cima deles.

- Se ele pensa que vai ficar com essa aí, está muito enganado, vou fazer o possível para separá-los.

- Nossa! Quanto veneno, hoje você está demais.

- Deixa comigo, vai ver com quantos paus se faz uma canoa.

- Ah, ah, ah, (risos), você não tem jeito mesmo, agora vamos voltar ao trabalho que está acabando o horário do almoço.

- Vamos lá que eu tenho muita coisa para fazer parada em cima da minha mesa.

Laís estava em sua mesa trabalhando, mas seu pensamento era André e Monica, o que fazer para separá-los, este pensamento não saia de sua cabeça, primeiro vou querer conhecê-la depois verei as armas que vou usar, mas este namoro não vai durar muito tempo.

O tempo passou e o namoro de André e Monica havia decolado, ela o admirava por ele ser gentil atencioso e sempre fazia de tudo para agradá-la, inclusive dona Alice gostava muito dele também, ele sempre foi muito gentil com ela, sempre que vinha à casa de Monica trazia flores para sua mãe.

Ele por sua vez já a amava, ela já fazia parte dos três pilares que o sustentava que eram a família o trabalho e o amor dela.

Eram sempre vistos juntos em todos os lugares.

Em um sábado pela manhã, André ligou para Monica.

- Monica, você programou alguma coisa para hoje à noite?

- Não, por quê?

- Vamos sair para jantar.

- Vamos, onde?

- Ainda não sei, mas na hora veremos.

- Ta legal, que horas você passa em casa para me pegar?

- Pode ser às 20 Horas?

- Pode sim, estarei esperando.

Enquanto o dia passava, André preparava uma surpresa para Monica, aquela noite deveria ser inesquecível.

À noite no horário marcado, André chegava à casa da Monica e ela já o esperava.

Naquela noite Monica até pressentia que algo estava para acontecer, por isso se aprontou com muito esmero, ela estava desconfiada que André estivesse aprontando alguma coisa.

Quando ela apareceu na porta para sair e André a viu, seus olhos brilhavam, ela estava linda em um vestido de seda preto, muito bem maquiada e com um perfume que lembrava flores, ele desceu do carro e foi abrir a porta do passageiro para Monica.

Foi nesse momento que Monica também o viu muito bem arrumado, e desta vez em um traje um pouco mais formal que o costumeiro, ele estava usando calça social e blazer combinando, seu perfume era levemente amadeirado.

Quando ela chegou perto e os olhos se cruzaram, ela teve a certeza, também já o amava, beijaram-se e ela perguntou.

- Com toda essa elegância, aonde vamos?

- Vamos jantar em restaurante aqui perto, nossa você parece que está bem curiosa.

- Claro você ligou para irmos jantar fora, aparece muito bem arrumado, é para ficar desconfiada.

- Calma hoje é um dia especial e queria fazer uma surpresa indo jantar fora.

- Nossa! Especial por quê? – Posso saber?

- Claro, daqui a pouco.

Capitulo V

Chegaram a um restaurante muito bonito e muito bem freqüentado e também muito requintado em todos os detalhes.

Eles entraram e foi recepcionado pelo Maitre, André se identificou dizendo que tinha uma reserva, e após a verificação, o Maitre os acompanhou a uma mesa de canto próxima ao piano, a mesa estava iluminada apenas por uma vela.

O lugar era bem romântico, e Monica admirada perguntou a André.

- André o que você está tramando?

- Nada, fique tranqüila.

O Maitre solicitou a um garçom que atendesse a mesa.

O garçom por sua vez entregou o cardápio a Monica e aguardou em um canto enquanto Monica e André decidiam o que iam comer.

Decidiram comer lasanha ao molho de quatro queijos.

O garçom sugeriu um excelente vinho da casa que imediatamente foi aceito por eles.

Em poucos minutos a mesa foi servida e o garçom serviu um pouco de vinho na taça de André para aprovação.

Após André ter provado e aprovado o vinho o garçom serviu as taças e deixou os dois jantarem e retirou-se.

Realmente o jantar estava uma delícia e os dois se deliciaram, e ao término do jantar, antes deles solicitarem a sobremesa, André fez um gesto ao garçom que pediu ao violinista, que havia sido contratado vir à mesa para tocar para Monica.

Monica ficou maravilhada com a surpresa que André havia feito para ela, mas o que ela não sabia, era que as surpresas estavam apenas começando.

Quando o violonista terminou de tocar, André retirou do bolso uma caixinha preta.

Monica viu a caixa nas mãos dele e seus olhos brilharam, pois já imaginava o que viria pela frente.

E ela tinha razão, André retirou um par de alianças de ouro muito lindo, fez a ela uma declaração de amor que a enrubesceu no mesmo instante, e com os olhos brilhando fez o pedido de casamento.

Ela abriu a boca e fechou-a novamente, pois a surpresa e a alegria eram muito grandes para ela absorver.

Ela ficou paralisada por alguns segundos para concatenar as idéias, ela levantou-se, pegou as mãos de André e disse.

- André, eu aceito seu pedido de casamento, confesso a você que foi a maior surpresa de minha vida, eu o amo e estou muito feliz com seu pedido.

Neste mesmo instante o violinista voltou a tocar agora uma música alegre e romântica.

André tomou a mão direita de Monica e colocou a aliança em seu dedo, e ela por sua vez fez a mesma coisa com André, que disse a partir de hoje estamos noivos.

A ação foi tão envolvente e tão emotiva que as pessoas que estavam nas mesas próximas levantaram-se e aplaudiram dando vivas e parabenizando-os.

Monica corou um pouco, envergonhada, mas muito feliz com o noivado.

O garçom trouxe um Pro Seco para o brinde do jovem casal de noivos que agradeceram a todos e convidaram os presentes que os acompanhassem no brinde, todos os presentes receberam uma taça e foi servido Pro Seco e todos levantaram suas taças e brindaram o casal.

Eles estavam radiantes de alegria, pediram a sobremesa, comeram, e eles conversaram sobre diversos assuntos, André solicitou a conta ao garçom que a trouxe logo em seguida.

André pagou, deixou a gorjeta para o garçom, agradeceu a todos os presentes por terem brindado ao lado deles e saíram.

No caminho de volta Monica não parava de olhar a aliança e André com um sorriso meio sarcástico perguntou a ela.

- O que foi Monica, o anel não combinou com seu dedo.

-Seu bobo. – Disse ela e completou.

- Hoje você me fez muito feliz, achei que você iria me fazer uma surpresa, mas não imaginei que fosse tudo isto ao mesmo tempo.

André sorriu e disse.

Demorei demais para fazer isso, há tempos já vinha pensando em fazer, só esperei a oportunidade certa.

Monica interrompeu André com um ar de preocupação e disse.

- Você errou o caminho, minha casa é do outro lado da avenida.

André sorriu e respondeu.

- Calma as surpresas não acabaram.

- André o que você está aprontando?

- Pronto chegamos. – Disse ele em frente a um prédio de apartamentos próximo a casa de Monica.

- Chegamos onde?

- Vem comigo. – Disse ele tirando umas chaves do bolso.

Eles foram até o portão de entrada social do prédio e abriu com uma das chaves, cumprimentou o porteiro e foram até o elevador, Monica segurou firme na mão de André e perguntou.

- Onde você está me levando André?

- Calma, eu disse que era uma surpresa.

Eles entraram no elevado e André apertou o quinto andar, quando o elevador chegou, eles desceram e foram ao apartamento número 501, ele entregou as chaves para Monica e disse.

- Abra.

Ela pegou as chaves com as mãos trêmulas e abriu a porta do apartamento, olhou dentro e pode ver a sala de visitas e nela havia uma faixa que dizia: “Parabéns Monica, você acaba de ganhar um apartamento”.

Ela olhou incrédula, não conseguia acreditar naquela surpresa e com os olhos cheios de lágrimas abraçou André e perguntou.

- O que você fez. – E ele respondeu.

- Monica você me ajuda a pagar, pense bem porque eu fiz um financiamento de 10 anos.

O sorriso no rosto de André não deixava dúvidas, ele amava muito Monica e se divertiu com a cara que ela fez.

Ela virou-se para ele e o beijou longamente, ele a apertou contra seu peito e retribuiu o beijo com muito amor.

Então Monica disse.

- Eu havia dito que era o dia mais feliz da minha vida, mas eu não tinha noção de como poderia terminar, agora sim posso dizer estou feliz, e sim claro que te ajudo a pagar, afinal em pouco tempo serei a senhora Alcântara.

Ela abriu um enorme sorriso e André a abraçou e disse.

- Vamos entrar e ver os outros cômodos do apartamento.

Foram à cozinha, que era pequena, mas muito funcional e conjugada com a lavanderia, ficaram ali conversando um pouco sobre como seria a disposição de fogão e geladeira, foram para um dos quartos, primeiro entraram no maior que era uma suíte, e novamente cogitaram sobre alguns móveis e de repente André disse.

- A cama ficaria muito bem aqui. – E deu um sorriso para Monica.

Ela olhou para ele e ficou ruborizada e fez um aceno afirmativo para ele e começou a rir.

André pegou a mão de Monica e foram para outro quarto, este um pouco menor e então André disse a Monica.

- Aqui, se Deus quiser, vai ser o quarto de nosso herdeiro, agora podemos ir, não vejo à hora estar totalmente mobiliado.

- Eu não vejo à hora de estar morando nele. – Disse Monica.

André levou Monica para casa, ele estava satisfeito, realmente aquele dia foi inesquecível para ambos, a cara de felicidade estava estampada em seu rosto.

André deixou Monica em casa e foi para a sua, o dia foi muito longo e ele não via à hora de deitar e dormir.

O domingo amanheceu maravilhoso, com sol forte e quase sem nuvens, André acordou e tomou banho escovou os dentes colocou calça jeans e camiseta e desceu para a cozinha e encontrou seus pais tomando café da manhã, e então disse.

- Bom dia, que bom encontrá-los, tenho algo importante para dizer.

- Puxa filho, parece bem importante mesmo, seu tom de voz me pareceu sério. – Disse Senhor Alberto Pai de André.

- E é pai, ontem dei um passo importante para o meu futuro.

- O que você fez meu filho. – Disse dona Elza, mãe de André.

- Ontem fiquei noivo da Monica.

- Puxa vida filho, que bom que você tomou um pouco de juízo, ela é uma moça muito boa. Disse Dona Elza.

- Agora seu sossego acabou. – Brincou Senhor. Alberto.

- Estou pensando em trazê-la aqui hoje, o que acha mãe.

- Meu filho, porque você não me avisou com antecedência, assim eu e seu pai prepararíamos alguma coisa para a data.

- Calma mãe, como à senhora sabe ela é bem simples, a mãe é viúva, e muito amiga da filha, e não precisa se preocupar com muita coisa é só caprichar um pouco no almoço.

- Filho, você tem cada uma.

- Vou ligar para Monica para saber se elas virão.

André ligou para casa de Monica de Dona Alice atendeu.

- Pronto.

- Dona Alice bom dia, é André namorado da Monica.

- Oi André, namorado não, noivo.

- A senhora já está sabendo Dona Alice?

- Sim, a Monica hoje acordou cedo, e quando eu estava fazendo o café da manhã ela me contou, você quer falar com ela.

- Sim, por favor.

- Já vou chamá-la, só um minutinho, parabéns.

- Obrigado Dona Alice.

- Oi André, o que aconteceu para você ligar tão cedo, se arrependeu. (risos).

André sorriu do outro lado do telefone e respondeu.

- Não me arrependi de nada, só estou ligando para saber se você e sua mãe querem vir almoçar aqui em casa hoje para oficializarmos para nossos pais nosso noivado.

- Vou perguntar para ela, mãe o André está perguntando se nós gostaríamos de ir almoçar na casa dele para a senhora conhecer seus pais, e também para oficializarmos nosso noivado.

- Vamos sim filha, acho uma boa idéia.

- André pode falar para seus pais que nós vamos sim, a que horas você acha melhor.

- Vou buscá-las às 11 horas, está bom para vocês.

- Está sim André, combinado então.

- Mãe, hoje a senhora vai conhecer os pais de André, estou muito ansiosa.

- Você está muito feliz não é filha.

- Estou sim mãe, ele é muito carinhoso, gentil, e depois do que ele fez ontem, não tenho dúvidas que eu o amo muito, e sei que ele me ama também.

Às 11 horas pontualmente André veio buscá-las.

- Bom dia dona Alice, como vai a senhora, faz um tempinho que nós não nos vemos, mas a Monica sempre fala da senhora.

- Monica também me fala muito sobre você, e é do jeito que ela falou.

- E o que ela falou sobre mim?

- Que você é uma pessoa doce, calmo, educado, atencioso.

Rumaram todos para a casa de André, e ao chegarem foram recepcionados na porta por Dona Elza mãe de André.

- Mãe, gostaria de apresentar Dona Alice mãe da Monica.

- Prazer em conhecê-la, até que enfim André as trouxe aqui, há tempos vínhamos pedindo para trazê-las, oi Monica como vai, parabéns.

- Dona Elza o prazer é todo meu, eu também sempre quis conhecê-la.

- Vamos entrar, a casa é de vocês.

Obrigado, disseram as duas.

Todos entraram na sala onde encontraram Senhor Alberto lendo o jornal dominical, ele levantou-se e estendeu a mão às visitas e cumprimentou-as, e elas retribuíram o cumprimento.

- Muito bonita sua casa Dona Elza. – Disse dona Alice.

Sentaram-se todos nos sofás e ficaram papeando um pouco para que as famílias se conhecessem.

Dona Elza pediu licença e foi até a cozinha para verificar se os assados já estavam prontos, colocou-os sobre a mesa, que já estava posta, voltou até a sala e avisou que o almoço já havia sido tirado.

Todos se levantaram e se dirigiram a cozinha, o almoço se transcorreu com muita harmonia, muito festivo, e muito alegre, conversaram sobre amenidades, gostos, e trocas de receitas.

- A Senhora cozinha muito bem Dona Elza. – Disse Monica.

- Obrigado. – Respondeu.

- Posso trazer a sobremesa. – Disse Dona Elza.

E com o assentimento de todos, Dona Elza trouxe a sobremesa que todos saborearam com prazer, e ao terminarem dirigiram-se para sala novamente e o pai de André disse.

- Acho que agora falta vocês escolherem uma data para o casamento.

André olhou para Monica e disseram.

- Já temos a data, dia 15 de março do ano que vem.

- Só faltam seis meses, não acham que é pouco tempo. – Disse Dona Elza.

- Não mãe, a Monica já tem todo o enxoval pronto, e eu já tenho tudo programado, não vai ter problema.

- Já que estão com tudo pronto, pegue um Pro Seco na geladeira e vamos brindar aos noivos. – Disse Senhor Alberto.

Dona Elza levantou-se, foi até a geladeira pegou um Pro Seco e algumas taças para o brinde.

Todos brindaram o noivado de André e Monica, agora com a data do casamento marcado.

Após os cumprimentos, Dona Alice pediu licença para retirar-se, pois já era tarde e ela não queria incomodar os anfitriões e mesmo com a insistência

para que ficassem até mais tarde, Monica e sua mãe disseram que precisavam ir embora.

André propôs-se a levá-las embora, e após fazerem as despedidas, foram todos para o carro.

No caminho de volta Monica e sua mãe enalteceu os pais de André, disseram que foram bem recebidas, sentiram-se em casa com a amabilidade dos pais de André e parabenizou-o pela família.

André as deixou em casa e voltou para a sua.

As duas entraram em casa e ficaram conversando um pouco sobre os acontecimentos do dia, estavam felizes, Dona Alice porque sua filha havia encontrado uma pessoa que lhe dava segurança e a fazia muito feliz, e Monica porque encontrou o amor de sua vida, e sabia que ele também a amava.

Monica deu boa noite a sua mãe e foi para seu quarto, o sono demorou a chegar, pois seu pensamento estava nos acontecimentos do dia, já era madrugada quando finalmente ela conseguiu dormir.

No outro dia pela manhã, André encontrou o amigo Daniel no intervalo para o café na empresa e começaram a conversar.

- Olá Daniel, como vai amigão tudo bem?

- Tudo bem, e com você rapaz, como vão às coisas?

- Maravilha, eu tenho uma novidade para te contar, eu e Monica ficamos noivos.

- Que coisa boa rapaz, quando foi isso?

- Foi no sábado, fomos a um restaurante e eu fiz o pedido, e ela aceitou.

Enquanto conversavam, Suelem que é amiga de Laís ouvia toda a conversa, e ela pensou consigo mesma, a Laís precisa saber disso e saiu depressa indo direto ao departamento onde ela trabalhava e a chamou para conversar.

- Laís, vem comigo ao toalete, preciso conversar com você.

- Nossa Suelem que cara é essa?

- Vamos indo, depois eu conto.

Chegando ao toalete, Suelem conta a Laís tudo o que tinha ouvido.

- É isso aí amiga, eu ouvi o André contar ao Daniel que ficou noivo da namorada e até já tinha data marcada para o casamento.

- Você tem certeza, não está brincando?

- Certeza absoluta, ele ficava quietinho em seu canto e ninguém sabia de nada, se você passar pelo departamento onde ele trabalha vai vê-lo ostentando a aliança.

- Vou fazer isso agora mesmo.

Laís saiu de lá com os olhos vermelhos e lágrimas escorriam pelo seu rosto, mas sua raiva falou mais alto e ela enxugou suas lágrimas com as palmas das mãos.

Fingindo ir tomar água, foi até perto de André e olhou fixamente em suas mãos, e assim que teve a certeza da veracidade da informação de Suelem, realmente ele estava noivo.

Saiu de lá com um brilho de tristeza em seu olhar prometendo fazer alguma coisa para estragar o noivado de André e Monica.

Capitulo Vl

A noite chegou, e Laís estava em sua casa pensando no que fazer para estragar o noivado deles quando teve um click.

Pegou o telefone e ligou para o Luis, um antigo namorado que gostava muito de Laís, e ela também gostava dele, só que o namoro não tinha continuado porque Laís era um pouco imatura na época e achava-o um pouco grudento e ela não quis mais nada com ele apesar de gostar dele.

- Alô.

- Luis, é você.

- Sim, Laís eu não acredito que você está me ligando.

- Queria saber como você está e também é porque faz tempo que nós não nos falamos e eu senti saudades.

- Meu Deus, eu devo estar sonhando, você está com saudades de mim.

- Nossa! Não posso ficar com saudades?

- Pode claro, fiquei surpreso só isso.

- Luis, eu estava pensando em sair para bater um papo, tomar algo, o que você acha?

- Eu acho o máximo, quando você quer ir?

- Sábado pode ser?

- Claro, eu passo em sua casa lá pelas 22 horas, está bom para você?

- Pra mim está bom, então te espero no sábado.

Quando Suelem desligou, pensou consigo mesma, para o que eu estou pensando em fazer, você vai cair como uma luva.

No sábado, conforme combinado, Luis foi à casa de Laís para saírem, ele estava muito contente porque realmente ele era muito apaixonado por ela.

Laís saiu muito bem produzida causando em Luis certa euforia.

- Aonde vamos. – Disse ele.

- Tem uma pizzaria nova aqui perto, dizem que é muito boa, vamos lá?

- Vamos sim, me indique o caminho que eu devo seguir, ou me dá o endereço que eu passo os dados para o GPS.

Ela deu o endereço, e eles seguiram para a pizzaria.

Chegando lá, começaram a conversar e Luis lembrou-se dos velhos tempos em que namorava Laís.

O garçom veio atendê-los, tirou o pedido e retirou-se.

Eles começaram a conversar animadamente, e em um determinado momento Luis perguntou se ela gostaria de reatar o namoro.

Laís por sua vez disse.

- Podemos reatar, mas eu não quero que ninguém saiba por enquanto, que isso fique apenas entre nós.

Luis ficou sem saber por que, mas concordou com Laís.

Jantaram e continuaram conversando mais um pouco, até que Luis pediu a conta, o garçom trouxe, ele pagou e saíram.

Já no carro, Luis perguntou para Laís se ela queria ir para algum outro lugar e ela respondeu com segundas intenções.

- Você é quem sabe Luis.

Luis era uma pessoa simples em seu jeito de ser e não via maldade nas pessoas e foi presa fácil para Laís.

Ele achou que era uma deixa para eles estreitarem o relacionamento e dirigiu-se para um motel ali perto.

Parou em frente ao motel e perguntou se ela queria entrar, ela fez sinal afirmativo com a cabeça e eles entraram.

Ele estava tenso e demorou um pouco a relaxar, ela fez um pouco de cerimônia, e por fim cedeu aos prazeres.

Ele se esforçou para agradar Laís, fez tudo com muito carinho, afinal sempre foi apaixonado por ela, e ela mesmo tendo pensamentos escusos também retribuiu aos carinhos de Luis.

Depois de terminado o ato, Luis percebeu que não havia usado preservativo e desculpou-se com Laís, mas ela disse que não havia problema, pois não estava em período fértil e confiava totalmente nele, assim ele ficou mais relaxado.

Foram tomar um banho, colocaram as roupas e foram embora.

Eles continuaram a sair por mais umas poucas semanas, e toda vez que saiam faziam sexo, só que usavam preservativos, mas o que ele não sabia é que os preservativos que Laís levava com ela estavam todos furados propositadamente.

Quando Laís percebeu algumas alterações hormonais que levavam a crer que estivesse grávida, terminou seu romance com Luis sem o menor pudor.

Ele ficou muito triste, pois a amava e não percebeu as intenções de Laís, e com lágrimas em seu rosto perguntou-lhe por quê?

E ela sem muitos rodeios disse que não estava mais a fim de continuar, que aquele namoro tinha sido um erro.

Ele foi embora magoado porque ela tinha brincado com seus sentimentos.

A primeira parte do plano de Laís estava concluída com o teste de gravidez nas mãos.

Capitulo Vll

O segundo passo foi descobrir onde a noiva de André morava, e não foi difícil, uma amiga comum entre ela e André, Suelem a amiga da empresa sabia onde Monica morava.

Na segunda feira Laís foi procurar Suelem em seu departamento para conversarem, e assim que a viu perguntou.

- Suelem, você sabe onde Monica mora?

- Nossa Laís, por que você quer saber?

- Eu queria ter uma palavrinha com ela, não precisa se preocupar, eu não vou brigar.

- Bom, vou te dar o endereço, mas não conte para ninguém que fui eu quem deu.

- Pode ficar sossegada, ninguém ficará sabendo, além do mais, só vou lá para conversar.

- Veja lá em amiga, afinal de contas sou colega do André, anota aí, Rua do Ouvidor n. 35, Bairro Independência.

Depois de ser informada sobre o endereço, Laís saiu com um sorriso maquiavélico no rosto.

Neste mesmo dia, Laís foi à casa de Monica para conversar, chegando lá apertou a campainha e dona Alice mãe de Monica foi atender a campainha no portão, chegando lá encontrou Laís um pouco tensa e dona Alice perguntou.

- Em que posso ajudar?

Laís respondeu um pouco tensa.

- Boa noite, eu queria falar com a Monica.

- A quem devo anunciar?

- Diz que é Laís.

- Só um minutinho que eu vou chamá-la.

Dona Alice entrou e encontrou a filha e lhe disse.

- Filha tem uma moça aí querendo falar com você, o nome dela é Laís.

- A senhora disse Laís mãe, a única pessoa que conheço com esse nome é a ex- namorada de André, o que será que ela quer comigo?

- Não sei filha, vai lá ver, mas toma cuidado, quer que eu vá com você?

- Pode deixar mãe, eu vou lá ver o que ela quer.

- Boa noite, você disse à minha mãe que deseja falar comigo, em que posso ajudá-la?

- Me ajudar, eu não sei se essa é a palavra mais certa, e eu não sei por onde começar.

- Pelo inicio de preferência.

- Está bem, se é assim que você quer, eu queria dizer que estou grávida do André, e eu não sei como isso pode acontecer.

Monica deu um passo para traz para assimilar o golpe da notícia, e antes de responder respirou fundo e disse.

- Olha Laís, você realmente pode estar grávida, mas com certeza não é do André.

- E como você pode ter tanta certeza?

- Eu conheço o André, ele já me falou sobre você e como foi conturbado o namoro de vocês.

- Mas o que eu posso fazer se ele veio me procurar, disse que estava carente, eu não resisti e naquele dia ficamos juntos.

- Laís, antes que esta conversa tome um rumo que eu não quero, é melhor você ir embora, eu não acredito em nenhuma palavra que me disse, eu conheço o André e tenho certeza que isto não aconteceu, só não sei o porquê você está fazendo isto, e também não sei o que você vai ganhar.

- Mas eu estou dizendo a verdade, eu estou realmente grávida, olha o teste de gravidez.

- Escute uma coisa Laís, você deve estar grávida sim, mas eu tenho certeza de que não é do André, e tem mais, existe um teste chamado DNA Fetal, vamos fazer o teste e tirar sua dúvida.

- Não existe dúvida, é do André mesmo.

- Está bem, vamos fazer o seguinte, eu vou chamar o André para vir aqui, e assim tiramos as dúvidas.

- Não é necessário chamar o André, você não acredita em mim.

- Para ser sincera, não acredito em você, e também não sei o que você quer fazendo isso, e para pormos um ponto final em definitivo nessa história vamos fazer o seguinte, quando seu filho nascer, vamos fazer um teste de paternidade, caso ele seja filho do André, coisa que eu acho difícil, eu mesma vou pedir para que ele arque com as conseqüências deste ato, agora se você me der licença eu tenho coisas mais importantes a fazer.

Monica entrou em sua casa e foi falar com sua mãe, e enquanto isso, Laís virou-se pelos calcanhares e saiu furiosa, seu plano tinha ido por água abaixo.

Enquanto isso Monica disse para sua mãe.

- Mãe, a senhora não vai acreditar o que esta moça veio fazer aqui.

- Vou acreditar sim minha filha, desculpe-me, mas eu ouvi a conversa, e tenho certeza que ela está mentindo.

- Mas ela mostrou o resultado do teste de gravidez.

- Acredito que ela esteja grávida, mas não do André, e você tem razão quando disse que ele não seria capaz de fazer uma coisa dessas com você, e seria bom chamá-lo aqui para ele tomar ciência dos fatos.

- Vou ligar para ele e pedir para que venha aqui.

- Faça isso minha filha.

Monica ligou para André que atendeu prontamente.

- Monica que surpresa, tudo bem?

- Mais ou menos.

- Como assim mais ou menos.

- Aconteceu uma coisa chata, e eu queria tirar isso a limpo, será que você poderia vir aqui em casa agora?

- Claro você quer me adiantar do que se trata.

- Não, é melhor conversarmos quando você chegar aqui em casa.

- Ok, você é quem manda.

Chegando a casa de Monica, André ficou a par da situação e disse.

- Não acredito numa coisa dessas, como ela teve coragem de fazer isso comigo, espero que vocês não tenham acreditado nessa cretina, amanhã vou tirar esta história a limpo.

- Claro que não acreditamos, só queríamos que você soubesse o que essa maluca veio nos dizer.

- Por que será que ela inventou essa história? – perguntou Dona Alice

- Eu acredito que foi porque soube que eu e Monica ficamos noivos, e o ciúme deve ter falado mais alto. – Respondeu André.

- Uma mulher dessas é capaz de tudo, bem que você havia me alertado sobre ela, mas eu não pensei que pudesse chegar a tanto. – Retrucou Monica.

- Se este filho não é do André, de quem será? – Perguntou novamente dona Alice.

- Não sei, mas esta história eu vou tirar a limpo, amanhã logo cedo, assim que eu chegar à empresa.

Do outro lado da cidade Laís chorava copiosamente por dois motivos, um deles era que seu plano havia fracassado e ela não conseguiu separar André e Monica, o outro motivo, agora ela estava grávida, todos os funcionários da empresa iriam saber do ocorrido e todos a olhariam com ar de reprovação, e sem saber o que fazer, decidiu que iria pedir para ser mandada embora da empresa, sairia da casa onde morava que é alugada e morava sozinha e voltaria para casa de sua mãe, que morava sozinha em uma cidade não muito distante dali, foi dormir, mas diante dos acontecimentos seus pensamentos estavam desordenados, pensava em André, em Monica, no que havia feito, e seu pensamento maior era Luis, ele era a maior vitima, ela não sabia se contava para ele sobre o filho, ela sabia que ele a amava muito e talvez não a perdoasse, resolveu que não contaria, ela iria criar o filho sozinha, e com todos esses pensamentos atordoando sua cabeça, ela demorou-se a dormir.

Capitulo Vlll

No outro dia cedo, ela acordou decidida, pediria para ser demitida logo cedo.

Chegando a empresa foi direto falar com seu chefe, não fez rodeio, e como ela sabia que a empresa tinha um PDV (Pedido de Demissão Voluntária) em aberto, devido à queda nas vendas, solicitou que colocasse seu nome na lista de dispensa.

Senhor João que era seu supervisor imediato, disse a ela que era uma boa funcionária e não queria demiti-la, mas ela disse que precisava viajar e resolver alguns problemas, até conseguir convencer o seu chefe.

Ele então assinou sua demissão e pediu para ela ir ao Departamento de Recursos Humanos da empresa, ela agradeceu ao chefe, despediu-se dos colegas de trabalho e foi ao RH.

Lá chegando encontrou com uma amiga que trabalhava no setor e disse que precisava viajar urgente para tomar conta de sua mãe e solicitou que a dispensasse de cumprir o aviso prévio, o que foi prontamente atendida devido à amizade que existi entre elas, assinou toda papelada e saiu da empresa rapidamente.

Foi para sua casa, e lá chegando pegou uma mala e colocou algumas roupas, avisou o porteiro do prédio onde morava que ira passar uns dias fora.

Já dentro de seu carro, ligou para sua mãe dona Lurdes e avisou que estava indo para a casa dela para passar alguns dias com ela.

Depois ligou para sua amiga Suelem e disse o que havia feito, e também sobre seu pedido de demissão.

- Você é louca. – Disse Suelem espantada. E continuou.

- Por que você não me contou o que queria fazer, eu a impediria dessa loucura, você fez isso só porque ele não a queria você nem gostava dele tanto assim, por que você foi fazer isso? – Por quê?

- Não sei, eu senti tanta raiva dele que não medi as conseqüências.

- Onde você está eu quero falar com você.

- Estou indo viajar, não conte a ninguém que nos falamos, e como você ficou sabendo do assunto?

- Menina, o André foi te procurar em seu departamento e conversou com o seu chefe o senhor João, e ele disse que você havia aderido ao plano de demissão, e então ele veio até mim e me perguntou sobre você, e eu disse que não sabia onde estava e perguntei o porquê dessa procura desesperada, e foi aí que ele me contou.

- Bom, não diga nada, não dê o numero do meu celular para ele e nem para ninguém da empresa.

- Agora me diga uma coisa, quem é o pai do seu filho?

- Ainda não posso falar, deixa a poeira baixar que eu te conto.

- E para onde você vai?

- Vou para casa da minha mãe, e mais uma vez te peço, não comente com ninguém, eu não quero que saibam onde estou.

- Fique tranqüila, vá com Deus, e se precisar de alguma coisa me avise.

- Obrigado, você realmente é uma grande amiga.

- Deixa pra lá, não esqueça, me ligue para dar novidades.

Laís foi então para casa de sua mãe, e uma hora e meia depois estava na porta da casa, do lado de fora a olhou e sentiu saudades do tempo que morava lá, lembrou-se de sua ingenuidade quando ainda era uma menina, lembrou também das palavras de sua mãe para tomar cuidado porque uma moça morando sozinha seria presa fácil para pessoas inescrupulosas.

Ficou um pouco mais ainda dentro do carro pensando em como falar para sua mãe sobre a gravidez, em ter saído da empresa, buzinou e sua mãe olhou pela porta da sala e veio abrir a garagem para ela entrar com o carro.

Após ter estacionado na garagem, saiu do carro e foi abraçar sua mãe dizendo.

- Que saudade mãe, como à senhora está?

- Tudo bem minha filha, aconteceu alguma coisa, porque você esta aqui no meio da semana, você não foi trabalhar?

- Não mãe, eu fui trabalhar, vamos entrar e eu conto para a senhora.

Ela tirou as malas do carro, sua mãe a ajudou.

- Venha filha, seu quarto continua o mesmo, não mudei nada, até parece que adivinhei que você voltaria.

- Mãe a senhora não existe mesmo.

- Tome um banho, descanse um pouco, depois conversaremos, estou fazendo um bolo, vou preparar um chá para tomarmos um lanche.

- Obrigado mãe, eu realmente preciso disto.

Sua mãe saiu do quarto e a deixou sozinha, Laís deitou-se na cama e ficou relembrando os fatos, cochilou um poço e logo que acordou foi tomar um banho, deixou a água cair pelo seu corpo para que lavasse também sua alma, enxugou-se, secou os cabelos, colocou uma roupa confortável, e foi à cozinha onde estava sua mãe.

Sua mãe já a esperava com a mesa posta com chá, bolo e outras guloseimas para agradar a filha.

Elas se sentaram à mesa e começaram a conversar em primeiro lugar para matar a saudade dos velhos tempos, dona Lurdes deixou Laís bem à vontade para que ela contasse o que havia acontecido.

Aos poucos Laís foi perdendo o medo de contar o que havia ocorrido e entrou no assunto, contou tudo, e todos os detalhes, não escondeu nada de sua mãe.

Sua mãe ficou horrorizada e disse.

- Por que você fez isso minha filha, você estragou sua vida, atrapalhou a vida dos seus amigos, perdeu o emprego, está grávida, e ainda por cima não teve escrúpulos em fazer o que fez com aqueles dois.

- Eu sei mãe, eu errei e estou arrependida.

- Filha, você vai ter que consertar todos os seus erros.

- Eu vou, mas por enquanto, deixe-me descansar e tentar absorver tudo isso, depois eu resolvo o que vou fazer.

Uma semana depois Laís voltou ao seu apartamento para rescindir seu contrato de aluguel.

Alugou um caminhão para levar seus pertences para a casa de sua mãe, ligou para sua amiga Suelem para saber como iam as coisas lá no emprego onde trabalhava, e a amiga disse que a poeira já havia baixado, e que tudo estava voltando ao normal.

Suelem disse também que Luis a havia procurado novamente e perguntou por Laís e ela disse não sabia sobre a amiga.

- Isso amiga, não conte nada, nem sobre mim, nem sobre meu filho.

- Pode ficar sossegada ninguém saberá de nada.

Laís voltou para casa de sua mãe para recepcionar o caminhão com seus pertences.

Poucos meses se passaram e o casamento de Monica e André estava por acontecer, Laís então resolveu escrever uma carta revelando que o filho que ela estava esperando não era de André, disse que estava arrependida do ato e pediu para que eles a perdoassem, disse que o ciúme a havia deixado cega, e também percebeu que o amor que existia entre Monica e André, mentira nenhuma os separaria.

Enviou uma carta a sua amiga Suelem e dentro dela colocou um envelope com a carta para Monica e André, e solicitou que a amiga colocasse no correio, o destinatário era para Monica e o endereço da casa dela, e no remetente constava o nome de Laís com o endereço antigo.

Suelem recebeu a carta e fez como sua amiga havia solicitado e colocou a carta no correio.

Três dias depois Monica recebeu a carta que Laís havia enviado, ficou um pouco receosa em abri-la, mas sua curiosidade falou mais alto e ela abriu, leu-a e chorou por dois motivos, o primeiro é porque teve a certeza que seu amado falava a verdade, e o segundo, ela perdoou o ato desesperado de Laís.

Monica ligou para André para contar-lhe sobre a carta, ele ficou aliviado por Laís ter se arrependido e ter trazido à verdade à tona, e o casamento seria realizado sem nenhuma dúvida entre eles.

O tão esperado dia do casamento chegou, Monica estava feliz e foi para a igreja emocionada, sua mãe não cabia em si e lembrou-se de seu marido Osvaldo, fez uma oração para ele e disse.

- Pronto Osvaldo, a promessa que eu fiz a você de proteger nossa filha foi cumprida, hoje é o dia do casamento dela, abençoai para nós esta união.

Monica disse para a mãe.

- O que foi mãe, falando sozinha.

- Só estava orando por você filha.

O casamento transcorreu sem nenhum imprevisto, a festa aconteceu em um bufê impecável próximo da igreja.

Os noivos viajaram para a lua de mel para uma cidade litorânea da região nordeste do Brasil onde a beleza das praias a fez muito famosa.

Laís não foi ao casamento, mas perguntou a amiga Suelem como foi, e esta lhe contou que foi um casamento normal sem muita pompa e sem imprevistos, e disse.

- Agora me diga Laís quem é o pai do filho que você está esperando.

- Por favor, Suelem, eu peço segredo sobre o pai de meu filho, não fale pra ninguém, e muito menos para o Luís, ele é o pai do meu filho, posso contar com sua discrição?

- Eu já imaginava que Luís é o pai de seu filho, pode contar com minha discrição, será nosso segredo.

Capitulo lX

Mais alguns meses se passaram e o filho de Laís nasceu, era um menino forte medindo 51 cm e pesando três quilos e meio, e ela deu o nome de Pedro, um nome bíblico que significa Rochedo.

Laís dava muito amor a seu filho, sempre cuidado com muito carinho pela mãe e pela avó, mas quando ele estava com seis meses, Laís precisou procurar emprego, pois não podia ficar dependendo da aposentadoria da mãe.

Dona Lurdes passou a tomar conta de seu neto enquanto Laís procurava emprego.

Em poucos dias Laís conseguiu um emprego perto da casa de sua mãe, ela estava feliz, as coisas aos poucos iam se acertando.

O tempo foi passando e Laís colocou seu filho em uma escola não muito distante de casa, pois sua mãe iria levá-lo e buscá-lo na escola e não queria dar mais trabalho a dona Lurdes.

Pedro foi crescendo e começou a perguntar pelo pai e Laís sempre inventava uma desculpa para fugir do assunto.

Uma noite Laís estava em casa jantando com sua mãe e seu filho, quando o telefone tocou, Laís levantou-se e foi atendê-lo, era sua amiga Suelem.

Após os cumprimentos Suelem disse.

- Laís, eu preciso falar com você e é urgente.

- O que aconteceu, você me parece aflita.

- Estou sim, mas prefiro falar com você pessoalmente.

- Você está me deixando preocupada, fala logo.

- Não quero falar por telefone, amanhã é sábado e estou pensando em ir até sua casa para conversarmos, pode ser?

- Está bem, quer vir de manhã, assim podemos conversar e depois saímos para almoçar e você me explicará a razão de sua preocupação.

No outro dia às 10 horas, Suelem estava no portão da casa de Laís, saiu do carro, tocou a campainha e Laís saiu para atendê-la.

- Laís que saudade, quanto tempo não a vejo, como você está?

- Tudo bem Suelem, eu também estava com muita saudade sua, entra venha conhecer minha mãe e meu filho.

As duas entraram e Laís apresentou sua mãe.

- Mãe, esta é a Suelem, minha amiga de quem tanto falo.

- Suelem, conheça dona Lurdes minha mãe.

- Olá dona Lurdes, muito prazer em conhecê-la.

- O prazer é todo meu, minha filha fala muito a seu respeito, da amizade que vocês sempre tiveram, e eu sempre falei para ela convidá-la para vir a nossa casa.

- Filho, venha até aqui na sala, quero te apresentar uma amiga.

- Olha Suelem, não é um menino lindo?

- É sim, e parece com... - Alguns segundos se passaram e Suelem completou.

- Com você Laís, é a sua cara.

- Muito prazer em conhecer a senhora dona Suelem, minha mãe fala muito da senhora.

- Deixe a dona e a senhora de lado, me chame de Suelem.

- Vou preparar um lanche disse dona Lurdes.

- Não precisa se incomodar dona Lurdes, eu e a Laís vamos almoçar fora.

- Mas antes de sair vocês vão tomar um lanchezinho sim.

- Ta bom mãe, a gente come um lanchinho rápido, pode preparar.

- Vem Suelem, vamos ao meu quarto, quero por as fofocas em dia.

- Vamos lá.

Capitulo X

Ao entrarem no quarto, Laís foi logo perguntando!

- O que aconteceu Suelem, você me deixou preocupada.

- O que eu tenho para te falar é muito chato, é sobre o Luís, pai do Pedro.

- O que aconteceu com o Luís, não vá me dizer que ele morreu?

- Não, pelo menos ainda não.

- Como assim não estou entendendo.

- Você sempre soube que o Luís é muito apaixonado por você.

- Você está querendo-me dizer que falou para ele sobre o Pedro?

- Não, espera eu falar, não coloque palavras na minha boca, nosso segredo está guardado, como eu disse Luís sempre foi muito apaixonado por você, e depois que você foi embora, ele nunca mais quis saber de ninguém.

- Vamos Suelem continue não me deixe nesta angustia.

- Está bem, o Luís ficou doente, ele está com Leucemia, já fez tratamento de quimioterapia, já fez várias transfusões, mas nada disso adiantou, e o único tratamento restante seria fazer um transplante de Medula Óssea, mas ele teria que achar um doador compatível.

- Não me diga uma coisa dessas, como isso aconteceu?

- Isso eu não sei.

Enquanto isso dona Lurdes bate na porta e entra no quarto e avisa que o lanche está servido, e ela nota pelo olhar das duas que as coisas não estão nada bem.

As duas vão até a cozinha para lanchar e mudam de assunto.

- Como está o casamento de Monica e André? – Perguntou Laís.

- Está tudo bem, eles tiveram um casal de filhos, o mais velho tem oito anos e a menina tem seis anos e os dois são muito bonitos como eu já lhe disse.

Elas tomaram o lanche e resolveram ir ao Shopping para ficarem mais a vontade para conversarem.

Chegaram ao Shopping, deram uma volta para olharem as lojas e sentaram-se em um banco num dos corredores do local.

- Conte mais Suelem.

- Então, como eu disse, ele precisa achar um doador compatível e no banco de doadores não tem nenhum, aí eu pensei, será que o Pedro é compatível?

- Suelem, você sabe o que está me dizendo, isso implicaria eu dizer para o Luís que ele tem um filho de doze anos, que eu escondi dele durante todos esses anos. E o que eu falo pro meu filho? - Olha filho este é seu pai que você sempre quis conhecer.

- Laís, eu acredito que chegou à hora de você fazer tudo isso que você me falou, não sei como nem a maneira mais sutil, mas você precisa fazer isso, primeiro para salvar o pai do seu filho, e eu sempre soube que você também gostava dele.

- Certo Suelem, mas como eu vou fazer isso? – Preciso pensar agora me diga uma coisa, você não está mentindo para mim?

- Eu poderia mentir sobre tudo, mas não sobre doença.

- Eu sei você sempre foi maravilhosa.

- Suelem, eu posso fazer uma pergunta?

- Claro.

- Por um acaso, você não está a fim do Luís?

Após uma pausa, Suelem respondeu.

- Não, eu estou namorando o Reginaldo, irmão do Luís, e nem ele sabe sobre seu filho.

As duas se levantaram, foram até a praça de alimentação do Shopping a fim de almoçarem, as duas ficaram por um tempo caladas até que Laís disse.

As duas almoçaram caladas até que Laís disse.

- Suelem, me de um tempo para pensar em toda essa história, eu quero conversar com minha mãe antes de fazer qualquer coisa.

- Laís, desculpe-me ter trazido más notícias, mas o Luís é meu amigo e eu sei que ele está precisando de você em todos os sentidos.

- Deixe-me pensar, assim que eu chegar a uma conclusão, eu a aviso, e, Suelem, obrigado por me avisar, obrigado pela sua discrição, e obrigado por tudo que você fez por mim.

- Vamos indo, eu deixo você em casa e já vou embora, eu não gosto de dirigir à noite.

Suelem levou Laís para casa, se despediu de dona Lurdes e também de Pedro, abraçou a amiga e disse.

- A decisão que você tomar, eu apoio, só espero que seja a mais sensata.

As duas tornaram a se abraçar e desta vez estavam com lágrimas nos olhos, pois a emoção era muito forte.

Suelem acenou com a mão e saiu com o carro rumo à sua casa.

Laís, sua mãe e seu filho entraram na residência, e como as lágrimas eram nítidas, sua mãe perguntou o que estava acontecendo.

Laís disse a Pedro.

- Você não tem dever de casa a fazer Pedro?

- Tenho sim mãe, vou lá fazer, quando eu terminar posso jogar vídeo game?

- Pode sim.

Pedro saiu e Laís chamou sua mãe para conversar em seu quarto e chegando lá dona Lurdes perguntou.

- O que foi minha filha, porque você está tão triste?

- São sei por onde começar mãe.

- Começa pelo começo filha e tudo que tiver ao meu alcance para ajudá-la, eu vou fazer.

- Está bem mãe, sente-se, lembra quando eu vim morar com a senhora, eu estava grávida, tinha saído do emprego.

- Sim minha filha, o que tem isso a ver com o dia de hoje.

- Lembra que eu disse que o filho era do André, e aconteceu todo aquele entrevero, então, na realidade o pai do Pedro chama-se Luís, aquele antigo namorado meu que a senhora gostava e dizia que era muito bonzinho.

- Eu não acredito como você pôde fazer isso com o Luís e com você também, eu sempre pensei que você não soubesse quem era o pai, mas nunca quis te recriminar, e porque você só está dizendo agora?

- A Suelem veio me dizer que ele está muito doente, e está precisando fazer um transplante de Medula Óssea, e não tem um doador compatível.

- Sim filha o que isso implica você?

- A mim nada mãe, mas sim ao meu filho, como ele é o pai, Pedro pode ser compatível e fazer a doação.

- Mas filha, doação não é só de pessoas que já morreram?

- Não mãe, este tipo de doação pode ser feito em vida, existe um procedimento e os riscos são mínimos ou quase nulos para o doador.

- Como é o transplante para o doador?

- Mãe, antes da doação o doador faz um rigoroso exame clínico, incluindo exames complementares para confirmar o bom estado de saúde. A doação é feita em centro cirúrgico sob anestesia, e tem duração de aproximadamente duas horas, são realizadas punções nos ossos posteriores da bacia com agulha onde é aspirada a Medula, retira-se muito pouco, em torno de quinze por cento do material do doador e que em pouco tempo o próprio organismo repõe, a única coisa que é preciso saber é se existe compatibilidade.

- E como saber se é compatível?

- Existem testes laboratoriais específicos a partir de amostras de sangue chamado exames de histocompatibilidade.

- E como fazer isso minha filha?

- Eu ainda não sei, estou pensando no que fazer.

- Eu quero fazer este teste mãe. – Disse Pedro.

- Filho você ouviu a conversa?

-Sim mãe, eu sempre quis conhecer meu pai, agora tenho a chance de conhecê-lo, e de até salvar a vida dele.

- Você é muito novo meu filho.

- Ele tem razão filha, acho que chegou à hora de tomar um rumo para sua vida.

- Acho que a senhora está certa mãe, amanhã vamos todos à casa de Luís, é hora de colocar tudo em pratos limpos. Eu não sei o que acontecerá, mas um novo rumo será tomado.

Laís ligou para Suelem e pediu o endereço de Luís, e pediu para que ela no dia seguinte estivesse na casa dele para ajudá-la.

Suelem respondeu que estaria lá.

No outro dia de manhã Suelem e Reginaldo foram a casa dele e o pretexto era fazer uma visita e preparar-lhe uma canja leve para que ele almoçasse, visto que já estava bastante debilitado.

À tarde a campainha da casa de Luís tocou e Suelem foi atender a porta já sabendo que era.

Suelem pediu para que entrassem e disse a Luís que ele tinha visita.

Capitulo Xl

Ao ver Laís entrando em sua casa acompanhada de sua mãe e de seu filho, Luís levantou-se e disse admirado.

- Eu não posso acreditar Laís você veio me visitar?

- Não é só isso, temos muito que conversar, sente-se, será demorado. E continuou.

- Você se lembra de minha mãe, você foi algumas vezes em casa e chegou a conversar com ela.

- Lembro sim, como vai à senhora dona Lurdes?

- Vou bem obrigado.

- Agora quero te apresentar Pedro.

As lágrimas começaram a brotar em seu rosto e ela não conseguia terminar a frase, e então Luís disse.

- Seu filho.

- Nosso filho. – Disse ela soluçando e as lágrimas vertendo fácil pelos seus olhos.

- O que você está me dizendo Laís, ele é meu filho?

Luís abraçou Pedro e também não conteve a emoção que era muito grande.

- Pai eu sempre quis conhecê-lo, sempre perguntei do senhor para minha mãe e ela sempre desconversou.

- Porque esconder de mim todos esses anos?

- Eu pensei que você soubesse do erro que cometi no passado e imaginei que você não me perdoaria, aí eu fiquei com muito medo e me refugiei na casa de minha mãe.

- Laís, você sempre soube do grande amor que eu sinto por você, e como não perdoar uma coisa que já está perdoada.

- Pai, eu tenho um pedido a fazer.

- Pode pedir meu filho, posso te chamar de filho não é?

- Claro que pode, esse é um dos motivos de eu ter vindo aqui, conhecer meu pai.

- E qual é o outro motivo filho.

Eu quero fazer o exame de compatibilidade.

- Não filho, você é muito novo, e existem alguns riscos.

- Eu já sei sobre tudo, ouvi tudo que minha mãe conversou com minha avó e tomei a decisão, vou fazer o exame.

- Você realmente é meu filho, sua obstinação, sua certeza do que vai fazer é igual a mim, e olhando para você parece que estou me vendo no espelho com doze anos, está bem filho, amanhã vamos ao Hospital do Câncer e vamos solicitar aos médicos para fazer o exame em você.

Luís insistiu para que eles se instalassem em sua casa para no outro dia irem até o hospital.

Laís disse que seu filho e sua mãe poderiam ficar, mas ela precisaria voltar, pois no outro dia precisaria ir à empresa pedir antecipação de suas férias, e ela voltaria à noite na segunda feira.

No outro dia pela manhã, Luís, dona Lurdes e Pedro foram ao hospital para fazer o exame.

Já no hospital, Luís foi informado que seria necessária uma autorização por escrito da mãe de Pedro para ser efetuada a coleta de material para o exame.

Dona Lurdes ligou para o celular de sua filha e avisou sobre a necessidade de sua presença no hospital.

Ela disse à sua mãe que já havia resolvido tudo na empresa, passaria em casa preparar uma mala para os três para que pudessem se instalar na casa de Luís, e pediu para que a aguardassem no próprio hospital que logo estaria lá.

Chegando ao hospital Laís pegou os documentos necessários, preencheu e assinou e os entregou no balcão para que os procedimentos fossem efetuados o mais rápido possível.

Os médicos foram reticentes quanto ao menino ser menor de idade, mas como ainda era apenas retirada de sangue para exames a coleta foi efetuada e enviada ao laboratório para analise.

Em três dias saiu o resultado do exame de sangue de Pedro e ele deu positivo em 99,99% compatível para Luís, e ao receber o exame das mãos de seu médico, ele chorou de alegria e eram vários motivos para tal, soube de seu filho, a doença poderia ser curada, e seu filho poderia salva-lo.

Como o menino era menor de idade, foi necessária uma autorização da justiça para efetuar o procedimento, Laís correu atrás de tudo, advogado, documentos, e ela conseguiu uma liminar na justiça para ser efetuado o transplante em tempo recorde.

De posse de todos os documentos em mãos ela voltou ao hospital onde foi aprovada a internação de Pedro para o transplante.

Como Pedro já havia feito todos os exames clínicos, ele foi para o Centro Cirúrgico, foi aplicada a anestesia e em aproximadamente duas horas, a Medula Óssea foi aspirada do osso posterior da bacia, e o procedimento foi um sucesso, tudo transcorreu sem anomalias.

Luís por sua vez submeteu-se a um tratamento que atacou suas células doentes para destruir sua Medula e aí sim ele pôde receber a medula sadia como se fosse uma transfusão de sangue.

Essa nova medula é rica em células chamadas progenitoras que, uma vez na corrente sanguínea, circulam e vão se alojar na Medula Óssea onde se desenvolvem.

Durante o período em que estas células ainda não eram capazes de produzir glóbulos brancos,

Luís teve que ficar internado em regime de isolamento para não ficar exposto a infecções e hemorragias.

Capitulo Xll

Luís ficou internado por mais duas semanas, e a recuperação da medula foi considerado um sucesso, e Luís estava pronto para receber alta e os médicos estavam ansiosos e felizes com a recuperação muito rápida.

Luís continuou o tratamento em regime ambulatorial diariamente e sempre acompanhado de Laís.

Este tempo em que Laís esteve ao lado de Luís, em primeiro acompanhando os exames depois a internação, os procedimentos de transplante, e todas as vezes que ela o levou ao hospital para receber tratamento ambulatorial, a fez refletir sobre seu passado com Luís, ela tinha um carinho muito grande por ele, e toda essa aproximação a fez vê-lo com outros olhos, os olhos do coração, e sem perceber estava perdidamente apaixonada por ele.

Laís precisou voltar para sua casa, pois as férias já estavam no fim.

No domingo de manhã Laís, sua mãe e seu filho deixaram a casa de Luís rumo à residência de dona Lurdes, Suelem veio se despedir deles e disse que tomaria conta de Luís juntamente com o irmão dele.

No caminho de volta a alegria pela recuperação de Luís fez com que a viagem fosse descontraída, muito diferente de quando eles estavam indo.

Quando estavam quase chegando a casa, Laís parou em uma padaria para comprar alimentos para um lanche.

Já em sua casa dona Lurdes preparou os lanches, fez café e todos se sentaram a mesa para comerem e Laís começou a falar sobre Luís, de suas qualidades, o tempo que passaram juntos, e que esta aproximação a fez pensar neles juntos, e dona Lurdes disse.

- Filha você está apaixonada por ele.

- Ah! Que é isso mãe, mesmo que eu estivesse ele não iria querer nada comigo, ele tem é gratidão isso sim.

- Não minha filha, você ainda não percebeu o brilho no olhar quando ele a está observando.

- Será mãe.

- Eu sei o que estou dizendo.

Nisso Pedro que estava ouvindo a conversa disse.

- Por que você não casa com ele mãe.

- Filho, você tem cada uma, primeiro ele teria que fazer o pedido.

- Quando se ama, não tem primeiro ou segundo lugar, tem que ir lá e falar.

- Mãe olha o que esse menino diz.

- Ele está certo minha filha, você está muito tempo escondida aqui em casa, é hora de procurar sua felicidade.

- Vou pensar mãe, prometo que vou pensar no assunto, mas agora eu vou tomar um banho e depois vou descansar.

Laís subiu para o andar superior da casa, tomou um banho, secou os cabelos e deitou-se na cama, pensou nas palavras de seu filho e de sua mãe e como estava com muito cansada adormeceu rápido.

No outro dia Laís acordou cedo, tomou banho, trocou-se e desceu para tomar café da manhã, encontrou sua mãe na cozinha, ela já havia preparado tudo, ela comeu pão com queijo branco e tomou café com leite, subiu escovou os dentes e maquiou-se, penteou os cabelos, colocou um sapato confortável e foi para a empresa.

Chegando a empresa foi à sua sala, ligou o computador, e as palavras de sua mãe voltaram à cabeça “Você está há muito tempo escondida, é hora de procurar sua felicidade”.

Desligou o computador e foi ao RH da empresa, conversou com sua amiga Daniela que era chefe do setor de Recursos Humanos, contou tudo sobre si, sobre Luís, e pediu para a empresa demiti-la.

Daniela disse que por ela ser uma ótima funcionária, não faltava ao emprego, iria abrir uma exceção e demitiria Laís, disse também que as portas da empresa estariam abertas caso ela quisesse voltar.

- Vá atrás do seu sonho, busque sua felicidade, você merece, é jovem, uma ótima mulher, é bonita, tenho certeza que você será uma esposa maravilhosa, a mulher que todo homem queria ter como companheira. – Disse Daniela.

Laís abraçou Daniela, agradeceu as palavras, agradeceu a amizade e disse.

- Daniela, eu nunca vou esquecer o que você fez por mim, não sei o que fazer para agradecê-la.

- Na verdade eu sei o que você pode fazer.

- Pode dizer que eu farei.

- Se você se casar, quero ser sua madrinha.

- Pode ter certeza que será, e muito obrigado por tudo.

- Que é isso, pode contar comigo.

- Laís despediu-se dos companheiros de trabalho e foi para sua casa, e chegando lá encontrou sua mãe que lhe perguntou.

- Aconteceu alguma coisa minha filha, o que você faz aqui nessa hora?

- Aconteceu sim mãe, como você disse que eu deveria procurar minha felicidade, então eu vou atrás dela.

- Não estou entendendo.

- Vou procurar o Luís e irei dizer que quero ficar com ele, se realmente ele me ama e me perdoou, ele vai me aceitar.

- Até que enfim minha filha, você pensou em você.

- Mãe, eu pedi para me mandarem embora do emprego e a Daniela que trabalha no RH da empresa e é minha amiga aceitou, agora vou atrás da minha felicidade, eu acho que mereço uma segunda chance.

- Vai sim filha, tem todo meu apoio.

Laís pegou o carro e dirigiu-se para São Paulo, onde mora Luís e chegando lá o encontrou tomando conta do jardim que fica no quintal na frente da casa.

Quando ele a viu, nem acreditou e disse.

- Pensei que você só fosse vir aqui no próximo final de semana.

Ele abriu o portão e ela o abraçou com lágrimas nos olhos e disse.

- Perdão Luís por tudo que lhe causei, vim aqui na esperança de que você me conceda uma segunda chance, eu me apaixonei por você, e você não sai do meu pensamento.

Suas lágrimas não demoraram a rolar pela sua face, e Luís começou a beijá-las, não as deixando cair, beijou seu olhos, sua face, até que suas bocas se encontraram, e os beijos foram trocados com muito amor e Luis disse.

- Você tem não só uma segunda chance como também o meu amor, eu a amo Laís, e sempre a amarei.

- Também o amo Luís, mas demorei-me demais para reconhecer isso, e quando a Suelem me procurou e me informou sobre sua saúde, me veio à lembrança do tempo em que nós namorávamos pela primeira vez, quando começamos a namorar a segunda vez e fizemos amor, e dele nasceu nosso filho, você pode ter certeza eu fiz a coisa certa pelo caminho errado, ele foi concebido com muito amor, eu sempre gostei de você de verdade, só que meu ego estava ferido, devido o noivado de André e Monica, e eu não consegui reconhecer o amor que eu sentia por você.

- Laís, eu a amo e agora sei que você também me ama, e é isso que importa, o passado ficou para traz, o importante é o presente, e o futuro nós faremos juntos, eu você e nosso filho.

- Então você me aceita?

- Laís, eu a amo, eu é que quero saber se você me aceita?

- Como assim?

- Laís, você quer casar comigo?

- Claro que aceito, é o que eu mais quero neste mundo.

- Então nós vamos à sua casa e eu vou pedir sua mão em casamento para dona Lurdes, será que ela vai permitir. – Brincou Luís.

- Como você é bobo Luís, claro que ela vai permitir, e tenho certeza que Pedro ficará muito feliz.

- Então vamos lá agora.

- Mas primeiro você terá que passar no hospital.

- Eu sei, vou tomar um banho, trocar de roupa, nós vamos ao hospital e depois direto para sua casa.

- Vamos lá então.

Ele a abraçou e a apertou contra o peito e disse.

- Há muito tempo esperava por isso.

Luís foi para o banheiro tomou um banho, barbeou-se, trocou de roupa e voltou para sala, estava muito elegante, havia colocado sua melhor roupa e disse brincando.

- Estou pronto para encarar minha sogra (risos).

Laís riu e disse.

- Você não tem jeito, sempre brincalhão, está pronto, podemos ir.

- Vamos, este dia promete.

E Luís tinha razão, ao passarem no hospital eles tiveram uma notícia excelente, os glóbulos vermelhos e brancos e as plaquetas do exame que ele havia feito anteriormente mostraram um aumento substancial, deixando os médicos bastante animados quanto à recuperação de Luís e ele disse.

- Um a zero.

Laís perguntou o que ele quis dizer com “um a zero”.

E ele respondeu.

- Estou vencendo os percalços da vida.

Pegaram a estrada e rumaram para casa de Laís, e ao chegarem diante da casa, Laís buzinou para que sua mãe abrisse o portão, mas quem veio abrir o portão foi Pedro.

- Mãe, você trouxe meu pai para nos visitar?

- Não meu filho, ele tem uma surpresa para você e sua avó.

- O que é mãe?

- Vamos entrar que ele conta.

Eles entraram e encontraram dona Lurdes na cozinha que ficou surpresa ao ver Laís e Luís juntos.

- Por que não me avisaram que viria, eu teria preparado um lanche para vocês.

- Foi repentino mãe, é que Luís quer fazer um pedido para a senhora e para Pedro.

- Nossa Laís, parece importante, vamos sentar lá na sala.

Eles sentaram-se, Luís e Laís em um sofá, e dona Lurdes e Pedro em outro, então Luís disse.

- Dona Lurdes, Pedro, estou aqui para pedir a mão de Laís em casamento.

Dona Lurdes chorou de alegria e disse.

- Claro que eu concedo a mão de minha filha em casamento, eu disse a Laís que deveria buscar a felicidade, e eu acho que ela encontrou em seus braços.

E Pedro exclamou bem alto.

- Legal Yes.

Todos riram e Luís perguntou a Pedro.

- Você está feliz.

- Sabe pai, posso te chamar de pai, meus amigos sempre levavam seus pais a qualquer evento na escola e eu não, eu sempre quis conhecê-lo pra brincar de bola, jogar vídeo game junto, e é um sonho que vou realizar.

- Pedro, agora você sabe que tem um pai, e que o ama muito, você devolveu minha vida em todos os sentidos, e eu serei eternamente grato, saiba que estarei sempre do seu lado para lhe apoiar, lhe dar segurança, carinho e compreensão, bronca quando precisar, vir você crescer como homem, enfim fazer parte da sua vida.

- Obrigado pai.

Continuaram a conversar mais um pouco até que dona Lurdes disse.

- Ai meu Deus, fiquei aqui conversando e esqueci-me de fazer o almoço.

- Não precisa mãe, vamos ao restaurante do Carlos e almoçamos lá, hoje não é dia de a senhora cozinhar, afinal de contas não é todo dia que se concede a mão de uma filha. – Brincou Laís.

- Está bem, só vou trocar de roupa e podemos ir você também Pedro vá se trocar.

Em poucos minutos eles estavam no restaurante, escolheram uma mesa, foram atendidos pelo senhor Carlos o dono do local.

- Dona Lurdes, bom dia, há quanto tempo não a vejo, sejam bem vindos. – Disse Carlos.

- Obrigado, você sempre muito gentil, você já conhece minha filha Laís, esse é meu neto Pedro, e por último meu genro Luís.

- Muito prazer em conhecê-los, esteja à vontade, o restaurante é de vocês.

- O prazer é todo nosso, muito obrigado pela hospitalidade e saiba que seu restaurante é muito bonito.

- Se quiser conhecer a cozinha fique à vontade.

Carlos deu-lhes o cardápio e eles sentaram-se para escolher os pratos, e de comum acordo escolheram lasanha quatro queijos, e para beber foi suco de laranja.

Após alguns minutos o pedido chegou à mesa e eles começaram a almoçar, e no meio do almoço um pensamento surgiu na cabeça de Luís, e ele perguntou a Laís.

E seu emprego como ficou, você não voltaria a trabalhar hoje?

- Sim, eu cheguei a ir trabalhar, mas eu pedi para sair, eles foram muito prestativos e me demitiram.

- E por que você fez isso?

- Fui procurar minha felicidade. – Disse Laís olhando nos olhos de Luís.

- Que moral hein pai.

- Não acredito que você fez isso por mim.

- Fiz por todos nós, olha a sua cara de alegria, olha a cara de satisfação de minha mãe, e olha a cara de felicidade de nosso filho, preciso dizer mais? – E continuou.

- Emprego eu arrumo outro.

Capitulo Xlll

- Então agora é que ficou bom.

- Por que você diz isso?

- Você não sabe, mas eu tenho uma pequena empresa de confecção de roupas para skatistas, e uma loja no Shopping que vende produtos para o esporte, e como eu havia ficado doente, eu deixei os funcionários antigos tomando conta, e sabe como é o que engorda o porco são os olhos do dono, não que eles sejam pessoas más, eles não se esforçam, e como sei que você cursou administração de empresas na faculdade, você poderia tomar conta para mim até eu melhorar, depois você ficaria na loja e eu na confecção ou vice versa, o que acha da minha proposta?

- Você deve estar brincando, eu não acredito numa coisa dessas, você está me propondo um emprego?

- Claro, vamos juntar o útil ao agradável, e agora vamos terminar o almoço e depois falamos a respeito disso.

- É verdade, temos muito tempo pela frente.

Almoçaram e voltaram para casa de dona Lurdes a fim de continuarem as conversas, e também para verificarem como ficaria a situação entre eles.

Decidiram que Laís iria morar com Luís de imediato, e dona Lurdes e Pedro iria morar com eles só no ano seguinte, pois Pedro estudava e não havia como mudar de escola faltando pouco tempo para o termino do ano letivo.

Pedro ficou um pouco chateado porque queria ir morar com os pais de imediato, mas aceitou depois de ouvir os argumentos dos pais.

Luís disse.

- Amanhã voltarei e iremos ao cartório dar entrada nas papeladas para oficializar nosso casamento.

Dona Lurdes deu um beijo carinhoso no rosto de Luís e disse.

- Você é um grande homem, tenho o maior prazer em você ser meu genro.

- Obrigado dona Lurdes, eu é que agradeço a Deus pela família que ganhei.

- Luís, porque você disse amanhã eu volto, se você está pensando que vai para casa sozinho está muito enganado, eu vou com você, e amanhã nós voltaremos e vamos ao cartório.

- Está bem, então vamos logo, porque daqui a pouco vai escurecer.

- Só vou pegar umas roupas e colocar numa mala e vamos.

Ela saiu foi até o quarto e em quinze minutos estava de volta pronta para sair.

Despediu-se da mãe e do filho e rumaram para casa de Luís.

Chegando lá já era quase noite, Luís abriu a garagem e Laís entrou com o carro, Luís pegou a mala no carro e entraram.

Luís ligou a TV e sentou-se no sofá e Laís foi tomar água e logo veio sentar-se ao lado de Luís, conversaram um pouco sobre amenidades, sobre o futuro, até que ele a chamou para irem deitar-se e ela disse.

Vá você na frente, tome um banho e descanse, vou ver a novela e irei em seguida.

Ele tomou o banho, colocou o pijama e foi deitar-se.

Logo depois Laís foi ao banheiro, tomou um banho, secou-se, pegou uma camisola preta que ela havia comprado para seu enxoval para a noite de núpcias que estava guardado há muito tempo e ela achou que esta seria a ocasião perfeita, e fez uma surpresa para Luís.

Quando a viu sair do banheiro, linda, maravilhosa, foi ao seu encontro, os olhos brilhavam e não demorou em as bocas se encontrarem e a troca de beijos foi imediata.

Um fogo acendeu a paixão em ambos e em pouco tempo estavam entregues ao amor.

- Eu queria que essa noite nunca acabasse. – Disse Laís.

- Eu te amo Laís, e espero que noites como essa continue em nossas vidas pro resto de nossos dias.

Entregues ao amor e ao sexo, Luís e Laís ficaram acordados madrugada a fora, se amando como se fosse aquela a noite de núpcias do casal.

No outro dia pela manhã Luís acordou Laís.

- Acorda dorminhoca.

Ela abriu os olhos, virou-se para o outro lado e disse.

- Deixa-me dormir só mais um pouquinho e deu uma risadinha, vamos ficar só uns minutinhos.

Ela estava tão linda e com vontade de ficar ali mais um pouco, e ele não resistiu deitou-se novamente, abraçou-a, e mais uma vez entregaram-se ao amor.

Eles levantaram e foram ao banheiro, tomaram um banho juntos, secaram-se, trocaram de roupa e foram para a casa de dona Lurdes.

Chegando lá dona Lurdes já os aguardava com um delicioso café da manhã com bolo que eles tomaram rapidinho, pois estavam com muita fome.

Após o café, quando já estavam de saída para irem ao cartório, dona Lurdes disse.

- Deixe-me chamar a dona Glória nossa vizinha, eu convidei-a para ir conosco.

Assim que dona Lurdes e dona Glória chegaram foram todos para o cartório a fim de preparar a papelada para os editais para o casamento, e como é necessário um mês para os proclamas o casamento ficou marcado para o dia vinte do mês seguinte, Dona Lurdes e dona Glória foram testemunhas da certidão.

Dona Glória disse a Laís.

- Parabéns Laís, você é uma moça muito boa e o Luís parece ser um rapaz maravilhoso, sua mãe estava certa quando disse que vocês formavam um par perfeito.

Todos voltaram para casa e ficaram conversando na sala, e após um tempo Luís disse para Laís.

- Precisamos voltar, quero mostrar a confecção e a loja do Shopping para você ir tomando ciência e fazer as avaliações necessárias.

Luís e Laís despediram-se de dona Lurdes e do filho e voltaram para São Paulo.

Desta vez Laís levou suas roupas e objetos de uso pessoal, alguma decoração e se alojou de vez na casa de Luís.

Após tudo estar no seu devido lugar, Luís e Laís saiu para visitar as empresas, a primeira a ser visitada foi à confecção que ficava mais próxima da residência, visitaram todos os setores, iniciaram pelo setor de estoque, foram para o setor de corte, passaram pelo setor de costura e acabamento, embalagem e expedição, em todos os setores Laís fez as anotações que achava relevante.

Depois foram conhecer o escritório e passaram pelos setores de Recursos Humanos, compras, financeiro e contabilidade, e da mesma forma tomou nota de tudo que achou importante.

Rumaram então para a loja do Shopping, e chegando lá foi apresentada aos funcionários, e ela conversou com todos eles, ficou observando o atendimento aos clientes, e assim passou o dia no Shopping, e como nos outros lugares, também fez várias anotações.

Ao retornarem para casa, Luís perguntou a Laís qual a impressão que ela teve das empresas.

Laís disse que de um modo geral as empresas eram eficientes e tinha potencial de crescimento, sugeriu algumas mudanças, mas isso levaria algum tempo.

Após um mês observando, anotando tudo de todos os setores, Laís sentou-se com Luís e propôs algumas mudanças nas empresas a fim de economizarem recursos financeiros.

O primeiro setor a sofrer mudanças foi compras, ela havia verificado que as compras eram efetuadas mensalmente, e recebiam um grande volume de mercadoria de uma só vez, então ela disse a Luís para fazer mudanças para entregas programadas semanalmente, ou seja, como os fornecedores tinham as mercadorias à pronta entrega não seria necessária que a entrega fosse feita de uma só vez sobrecarregando o recebimento da empresa e deixando o estoque de mercadorias totalmente lotado.

Com mais espaço no almoxarifado, conseguia-se ver a real necessidade de matéria prima, comprando-se apenas o necessário.

Laís também fez mudanças no financeiro, nas contas a receber e a pagar.

Na loja, Laís também havia notado a falta de interesse dos funcionários, como eles recebiam apenas salário fixo, não estava tão comprometido com a venda da mercadoria, se ela fosse efetuada ou não, seu salário era o mesmo.

Laís indicou para Luís que efetuasse mudança na forma de pagamento, indicou que fosse acrescida comissão de vendas, quanto mais o funcionário vender mais ele recebe.

Luís fez as mudanças sugeridas por Laís e passou a verificar de perto todas as mudanças.

Como já havia passado um mês da entrada da papelada do casamento e estava tudo certo para ser efetuada a cerimônia, Laís chamou a amiga Daniela com quem ela tinha trabalhado e prometido que ela seria a madrinha caso o casamento viesse ocorrer, o que foi aceito na mesma hora por ela.

E no sábado seguinte estavam todos diante do Juiz de Paz que realizou a cerimônia sem nenhum contra tempo, o que marcou o casamento foi às lágrimas, a emoção, e a felicidade estampada nos rostos.

Com o passar do tempo, as mudanças sugeridas por Laís e posta em pratica por Luís deram resultados excelentes, os funcionários da loja passaram a ter mais esmero com os clientes, e esforçando-se mais em vender, dando assim uma alavancada nas vendas, e com o incentivo da comissão de vendas os funcionários passaram a receber um salário mais alto fazendo assim com que trabalhassem mais satisfeitos.

Com as mudanças propostas na confecção, também houve resultados expressivos, com as entregas programadas o recebimento passou a ter mais espaço e administrar melhor os estoques de mercadorias, o material que tivesse estoque alto não precisava ser comprado, diminuindo assim as compras e melhorando no fluxo de caixa, uma vez que as entregas passaram a ser semanais.

Outras propostas feitas por Laís também foram colocadas em prática trazendo ótimos resultados para a empresa.

Laís mostrou-se uma grande administradora e em pouco tempo os lucros saltaram-se aos olhos, fazendo com que eles pensassem em abrir outra loja em outro centro de compras da região.

O final do ano chegou e Pedro foi aprovado na escola e de acordo com o combinado ele e a avó vieram morar na casa de Luís, onde tudo já havia sido preparado para acomodá-los, o quarto de Pedro era todo equipado com TV, DVD, computador de última geração, escrivaninha para estudo, e uma cama confortável, o quarto de dona Lurdes era mais simples, mas bastante aconchegante e confortável, deixando-a feliz.

Laís e Luís levaram Pedro para conhecer a confecção e a loja, levaram-no também para a escola em que Pedro iria estudar, e ele gostou do que viu, era uma escola de bom nível.

Capitulo XlV

O tempo passou e os negócios iam de vento em popa, até que um dia quando Laís e Luís estavam na loja do Shopping quando entrou na loja um casal e dois filhos e a mulher perguntou.

- Bom dia senhora, você está atendendo?

Quando Laís virou-se, quase não acreditou, estava diante de Monica, seu marido André e seus filhos, suas pernas tremeram, e ao ver quem a estava atendendo, Monica ficou sem reação, André estava boquiaberto diante de tamanha coincidência.

Laís os cumprimentou cordialmente e disse.

- Foi bom o destino tê-los trazido aqui, há muito tempo pretendia ter esta conversa com vocês, e acho que por esta obra do destino vou poder fazer umas correções que ficaram para serem feitas.

- Você não nos deve nada Laís, fique em paz. – Disse Monica.

- Não, eu preciso redimir o mal que eu causei no passado, em primeiro lugar quero pedir perdão a vocês pelo erro que cometi.

- Laís você já fez isso por carta. – Disse André um pouco constrangido.

- Eu sei que enviei uma carta e expliquei tudo, mas eu quero dizer isso olhando nos olhos de vocês, e mostrar toda minha sinceridade e mostrar que reconheci meu erro.

- Eu vejo nos seus olhos que são palavras sinceras, você já foi perdoada há muito tempo, e pode ter certeza que não ficou nenhum rancor de nossa parte. – Disse Monica.

- Obrigado, eu realmente precisava ouvir isso de vocês, e aproveito a oportunidade para apresentar minha família, este é Luís meu marido e pai do meu filho, e este é Pedro meu filho.

Todos apertaram as mãos cumprimentando-se, e depois das desculpas aceitas e apresentações, Laís perguntou o que eles estavam procurando.

Monica disse que o filho queria comprar um Skate e ela o trouxe para que eles indicassem o que deveriam comprar.

Laís deixou para Luís dar as informações necessárias, indicou o melhor Skate a ser comprado e mostrou também os acessórios de segurança como joelheira, capacete e protetores para o cotovelo para o caso de uma queda o menino não se machuque.

Pedro que sabia andar de skate muito bem fez uma demonstração do produto, a loja havia montado uma pequena rampa para skate dentro da loja.

Depois que Pedro fez uma apresentação que empolgou o filho de André e Monica que comprou o skate sugerido e também os itens de segurança, aproveitaram e compraram algumas roupas da grife de Luís para os dois filhos.

Depois das conversas, das desculpas, das vendas, Luís ofereceu um almoço a todos lá mesmo no Shopping como cortesia e como prova de amizade entre eles, o que foi aceito por André e Monica.

O almoço transcorreu em total harmonia, e o que parecia que seria constrangedor e frio, acabou se tornando amistoso e alegre.

- Laís passou a ter a amizade de André e Monica, e esta sugeriu que esquecessem o passado e uma nova vida a partir de agora fosse estabelecida, o que foi comemorado com muita alegria por todos, trocaram números de celulares e endereços e renovaram os votos de amizade.

Junior, filho de André e Monica pediu para que Pedro o ensinasse a andar de skate, proposta essa que foi aceita de imediato.

André, Monica e os filhos despediram-se de Laís, Luís e Pedro e prometeram voltar para estreitar a amizade criada.

- Não vai esquecer, você ficou de me ensinar a andar de skate Pedro. – Disse Junior

- Pode deixar Junior, não vou esquecer, pede para sua mãe te trazer aqui na loja em janeiro no dia quinze será um sábado o Alexandre da Silva o Paulistinha que é um dos maiores Skatista vai vir aqui na loja para tirar fotos e autografar os skates e este seu é da grife dele.

- Mãe a senhora me traz aqui não é? – Disse Junior

- Trago sim filho, já está marcado.

Eles foram embora e Laís sentiu uma sensação de alívio que há muito tempo não sentia a sensação do dever cumprido, receber o perdão de André e

Monica foi muito importante, sentiu que recebera uma segunda chance para viver em paz consigo mesma.

Laís comentou com seu marido o quão providencial foi à vinda de Monica e André na loja, o quanto aquilo lhe trouxe de paz de espírito e alento ao seu coração.

- Você é uma pessoa maravilhosa, sensível e amável, só demorou um pouco para perceber. – Disse Luís.

- Ainda bem que consegui me redimir, eles formam uma família muito linda, você viu só com as crianças se acertaram de primeira.

- Criança não tem maldade, faz amizade muito fácil, e tem outra, eles não sabem o que ocorreu no passado, podem até saber de alguma coisa, mas não tem a dimensão, mas realmente foi providencial a vinda deles aqui, o destino está conseguindo dar alento a todos os corações.

Enquanto isso em casa Monica e André conversava sobre o mesmo assunto, o encontro com Laís e Luís.

- Puxa André, eu nunca pensei que a Laís fosse fazer o que fez, foi muito elegante da parte dela.

- Isso ela deveria ter feito há muito tempo atrás.

- Puxa vida André, eu senti sinceridade nas palavras dela.

- Você tem razão, apesar de tudo, o tempo já apagou as mágoas.

- André, eu vou à casa de minha mãe, vou ver se ela está precisando de alguma coisa, quer ir junto?

- Não, vá você e mande lembranças, vou ficar e tomar um banho e assistir o jogo que está passando na TV.

- Ok, eu darei um beijo em seu nome.

Capitulo XV

Chegando à casa de dona Alice, Monica a encontrou deitada e perguntou.

- Mãe, você não está boa, aconteceu alguma coisa?

- Minha pressão está alta, não sei o que aconteceu.

- Você tem tomado os remédios corretamente?

- Sim, toda manhã eu tomo meus remédios, e o que a traz aqui minha filha?

- Mãe, a senhora não sabe com quem eu falei hoje.

- Com quem você falou?

- Lembra da Laís, aquela moça que aprontou aquela armação de estar grávida do André.

- Sim filha o que tem ela?

- Eu a encontrei no Shopping, e foi hoje de manhã, e a senhora não vai acreditar o que ela disse.

- Conte filha.

- Ela estava com o marido e o filho na loja que eu entrei para fazer compras, ela era a dona do local, ela foi muito gentil e pediu perdão para mim, pro André, conversamos muito, fiquei até com pena dela.

- Você está certa filha, não se deve guardar rancor nem raiva das pessoas.

- Mãe, eu estou achando à senhora meio pra baixo, tudo bem com a senhora?

- Acho que a pressão está alta, estou com um pouco de tontura.

- Mãe, a senhora quer que eu a leve ao médico?

- Seria uma boa minha filha, não estou me sentindo nada bem.

- Venha mãe eu a ajudo a levantar.

Monica a ajudou a levantar, amparou-a em seus braços e a levou até o carro, antes de sair com o carro ligou para seu marido e avisou que estava levando a mãe ao hospital próximo a casa dela.

- Aconteceu alguma coisa com dona Alice? – Perguntou André.

- Ela está com pressão alta e não está se sentindo bem, estou indo pro hospital, te encontro lá.

Monica levou-a ao hospital e assim que chegou foi recepcionada por uma enfermeira que a colocou em uma cadeira de rodas e a levou para a enfermaria.

Enquanto isso Monica entregava os documentos da mãe para o atendimento médico.

A enfermeira tirou a pressão de dona Alice e esta estava com 12 por 18 o que alarmou a enfermeira e a fez levar a ficha ao médico, e de posse da mesma o doutor Arnaldo foi vê-la imediatamente, receitou uma injeção de anti hipertensivo para baixar a pressão e a deixou em observação em um leito da enfermaria, mas o tempo passou e a pressão não baixava.

O médico doutor Arnaldo solicitou que dona Alice fosse internada e pediu a Monica para ir até o atendimento fazer a papelada da internação.

Enquanto Monica tratava da internação de sua mãe, André chegou ao hospital e vendo-a na recepção preparando a papelada foi ao seu encontro e inteirou-se dos acontecimentos.

O remédio mostrou-se ineficaz, pois a pressão não dava sinais de baixa, e em um determinado momento, subitamente dona Alice sofreu um AVC (derrame), mesmo estando sendo medicada com betabloqueadores e vasodilatadores e foi transferida para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital.

A tensão e o nervosismo de Monica a fez chorar compulsivamente, e André tentava acalmá-la de todas as maneiras, mas nada a fazia parar, além de ser sua mãe era também sua amiga, sua confidente, e só existia ela como parente, pois não tinha irmãos além de sua família.

Monica estava arrasada, não queria perder seu ente mais querido, ela e o marido passaram a noite no hospital e quando amanheceu o médico passou e fez uma nova avaliação em dona Alice.

Monica e André os aguardavam do lado de fora da UTI esperando por notícias.

Ao encontrar o médico perguntaram sobre a saúde de dona Alice e o médico informou que havia uma pequena melhora no quadro clinico, e se mantivesse essa evolução poderia transferi-la para um quarto semi-intensivo.

André, você pode ir para casa, eu fico aqui acompanhando o desenvolvimento do quadro clinico de minha mãe.

- Monica você não pode ficar assim, você precisa comer alguma coisa, vamos para casa, você toma um banho, troca de roupa.

- Não André, eu prefiro ficar aqui perto de minha mãe.

- Vou até a lanchonete do hospital e vou trazer alguma coisa para você comer.

André foi à lanchonete pediu um pratinho com alguns salgados e um copo de leite com chocolate e levou à Monica e disse.

- Monica, eu vou para casa, vou tomar um banho, trocar de roupa e vou para o trabalho, qualquer alteração, me avisa que eu venho imediatamente.

- Vá sim, eu fico aqui e te informo.

Passado um tempo, uma enfermeira entrou na sala de UTI e saiu rápido, foi chamar o médico, Monica ficou observando aquela movimentação, queria notícias e ficou aflita.

Ao passar o médico ela perguntou qual o motivo da movimentação com sua mãe, ao que o médico doutor Arnaldo respondeu.

- Houve uma melhora no quadro clinico de dona Alice e nós vamos levá-la para fazer uma tomografia, e assim que voltarmos ela será transferida para a Terapia Semi Intensiva, ela está lúcida e quer falar com a senhora, e eu disse a ela que assim que ela retornasse poderia falar consigo, isso deve demorar duas horas.

- Obrigado doutor Arnaldo.

O médico saiu e ela ligou para André dando a notícia.

- Que notícia boa Monica qualquer mudança me avisa.

- Vou até em casa tomar um banho, trocar de roupa, comer alguma coisa e volto para o hospital para ver mamãe, o médico disse que iria demorar um pouco até o exame ficar pronto, então estou indo aproveitar este tempo.

- Faça isso, aproveite para comer mesmo, não vá ficar de estomago vazio.

- Ok, eu vou fazer isso.

Monica foi para casa, tomou seu banho, ela estava muito suada pelo calor que estava fazendo e por ter ficado o dia e a noite no hospital, trocou de roupa, comeu alguma coisa, estava exausta, sentou-se para descansar um pouco.

Depois de algum tempo Monica retornou ao hospital, procurou o médico e ao localizá-lo foi informada que em poucos minutos sua mãe estaria instalada na Sala de Terapia Semi Intensiva.

Passado alguns minutos a enfermeira veio até Monica e informou que ela poderia ver a mãe, e solicitou para que não a deixasse nervosa e muito menos deixá-la agitada, pois seu estado de saúde ainda inspirava cuidados.

Capitulo XVl

Monica entrou no quarto e sua mãe abriu os olhos, e ao vê-la dona Alice começou a chorar e Monica pediu para que a mãe se acalmasse, caso contrário o médico iria pedir para que Monica saísse da sala.

Dona Alice conteve-se e disse.

- Sente-se aqui perto de mim, preciso falar com você, meu tempo é curto e eu preciso te contar algumas coisas que ficaram ocultas no passado.

- Como assim ocultas?

- É uma história um pouco longa, e antes de tudo peço que me perdoe de eu ter guardado isto de você durante todos esses anos.

- Não há nada a perdoar, a senhora sempre foi muito boa para mim, que segredo é esse que guardou de mim todo esse tempo?

- Eu vou continuar agora, mas sente-se, por favor. – E continuou.

- Você sempre soube que eu e seu pai, o Osvaldo a amamos demais, nós sempre quisermos ter uma filha, mas o Osvaldo não podia ter filho, nós tentamos tudo o que existia na época para poder engravidar, mas mesmo assim eu não conseguia.

- O que está me dizendo mãe, Osvaldo não é meu pai? - Perguntou Monica incrédula.

- Sim minha filha, deixe-me continuar, o Osvaldo sempre quis uma filha, era o seu sonho, poder passear, brincar, e ele sempre dizia, ela será sua companheira enquanto eu estiver trabalhando, será nossa flor dizia ele. Quando ele ficou doente, e sabia que não teria muitos anos de vida, ele me propôs arrumar uma pessoa para me engravidar, para que eu não ficasse sozinha quando ele se fosse.

- Mãe o que você está me dizendo.

- Calma filha, nós pensávamos que podia demorar até que ele falecesse e eu passasse da idade de ser mãe, eu fiquei pensativa, não sabia o que fazer, a vontade de ser mãe era muito grande, eu fiz de tudo para engravidar do Osvaldo, mas infelizmente não foi possível.

Monica chorava muito, suas lágrimas caiam pelo seu rosto, ouvia tudo isto atônita e dona Alice continuou.

- Depois de um tempo, enfim aceitei, seu pai ficou de procurar alguém em quem ele confiasse para me engravidar, a pessoa saberia que me engravidaria e o Osvaldo iria registrar como filha, e eles não poderiam comentar com ninguém o caso, este segredo deveria ir com a pessoa para o tumulo.

- Osvaldo uma noite chegou em casa com um conhecido, que até se parecia um pouco com ele, a pessoa já estava ciente de tudo e seu pai saiu e me deixou com ele em casa, e como eu vinha fazendo tratamento para engravidar, eu engravidei rápido, e quando Osvaldo soube que eu estava grávida, me fez a mulher mais desejada do mundo, a mulher mais amada, e quando você nasceu foi o dia mais feliz de nossas vidas, precisava ver a cara de alegria dele, não cabia em si de tanto contentamento.

Seu pai biológico veio visitá-la algumas vezes, quando você ainda era uma criança, e um dia disse que iria partir. Ele estava de partida para São Paulo onde tinha conseguido um emprego, e depois disso muito pouco o vimos a ultima vez que o encontramos, ele veio e trouxe uma boneca de pano que você não largava.

- Quem é ele mãe?

- Nunca mais o vimos, não sabemos onde está.

- Qual é o nome dele?

- Você lembra há alguns anos atrás, você me disse que havia sonhado com um homem e ele disse ser seu amigo.

- Sim eu lembro bem, foi logo depois daquele incidente de eu achar que havia um ladrão me seguindo, eu fiquei com aquilo na cabeça por um bom tempo, como era o nome mesmo, Ah já sei, ele disse que se chamava Norberto, a senhora até desconversou, disse que era apenas um sonho, é ele então?

- Sim filha, o nome dele é Norberto, a última vez que ele veio e lhe entregou a boneca, você tinha dois anos, pegou o presente e ficou perguntando. - Quem é ele mamãe? - Quem é ele mamãe? – E eu disse, ele é o senhor Norberto e você disse. – Norberto mamãe.

- Acredito que você tenha ficado com aquilo na memória e quando você sentiu aquela sensação de medo, deve ter trazido à lembrança e você sonhou com o nome dele.

- Não soube mais nada dele?

- Só soube que se casou com uma mulher chamada Lurdes e morava em São Paulo, me perdoa filha por não ter contado para você, mas nós tínhamos um pacto e eu sei como você reagiria quando soubesse.

- Mamãe o Osvaldo sempre foi e sempre será o meu pai, talvez eu quisesse conhecer o Norberto, saber se ele teve família, se eu tenho irmãos.

Monica falava e as lágrimas corriam pelo seu rosto e ela as enxugava com as palmas das mãos.

- Eu não sei filha, nós perdemos contato e nunca mais soubemos dele, sabemos apenas que se casou com uma mulher chamada Lurdes e é só, se teve filhos ou não, nunca soubemos.

As duas se abraçaram e mais uma vez dona Alice pediu perdão para a filha que disse.

- Eu a perdôo mamãe, o amor que você sempre teve por mim, a vontade de você ter um filho superou todas as barreiras.

A emoção tomou conta de mãe e filha que choraram muito abraçadas e dona Alice disse.

- Agora posso partir em paz.

- O que a senhora quer dizer com isso mãe?

- Eu sei que meu fim está próximo minha filha, eu vou encontrar-me com o Osvaldo, espero que ele me perdoe por eu ter contado a você sobre seu pai.

- Não diga uma coisa dessa mãe, eu preciso muito da senhora, você ainda vai viver muitos anos.

- Não Filha, minha hora está chegando, eu peço que tome conta das crianças, eu os amo muito.

- Mãe, você precisa se acalmar, eu vou chamar a enfermeira.

- Está bem minha filha, já me acalmei, não precisa chamar a enfermeira.

Neste momento o doutor Arnaldo entra no quarto juntamente com a enfermeira para o acompanhamento do quadro clinico de dona Alice, e quando a enfermeira tirou a pressão o médico disse.

- Acho que a senhora está muito emocionada dona Alice, acho que é hora de sua filha sair porque a senhora precisa descansar.

- Eu vou sair doutor, cuide dela pra mim, por favor. – Pediu Monica a enfermeira.

E esta respondeu que faria todo o possível para ver a mãe de Monica bem.

O médico pediu para que dona Alice repousasse, e todos saíram do quarto, o doutor Arnaldo e a enfermeira foram atender outra paciente e Monica foi até a lanchonete, pediu um chá e alguns salgados para matar a fome, ficou ali remoendo toda aquela história, estava aturdida, um pouco tonta até, e não conseguia raciocinar direito.

Aquela história era louca demais para ela poder assimilar naquele momento e vários pensamentos povoaram seu cérebro.

- Quem é meu pai?

- Onde mora?

- Tenho irmãos?

- O que fazem?

- Se parece comigo?

Enquanto estava perdido em seus pensamentos, nem notou que seu marido estava a sua frente.

- Puxa, você está ai, nem o vi chegar, que horas são? – Perguntou Monica.

- Já são oito horas. – Disse André, e continuou.

- Deixei as crianças com a dona Rita nossa vizinha e vim ver sua mãe, como ela está?

- Melhorou, e eu pude falar com ela.

- E por que você está com essa cara?

- Senta, preciso te contar uma coisa e vai demorar.

Monica contou toda a história para André, não deixou escapar nenhum detalhe.

- Meu Deus, que história é essa que você está me contando, fica até difícil de acreditar.

- Olha André, se não tivesse sido contado por ela, eu também não acreditaria, é uma história bem louca, preciso tomar um comprimido, estou com muita dor de cabeça.

- Você quer que eu compre.

- Não precisa ir comprar eu tenho dentro da bolsa.

Enquanto eles conversavam, notaram uma movimentação estranha na direção do quarto de dona Alice, levantaram depressa e foram ver o que estava acontecendo.

Monica perguntou à enfermeira o que estava acontecendo.

- Não podemos falar ainda, ela será transferida novamente para a UTI, mas ainda não posso dar mais detalhes. – Disse a enfermeira Vera que estava acompanhando o caso de dona Alice juntamente com o doutor Arnaldo.

Monica e André ficaram apreensivos na porta de entrada da UTI sem saber o que fazer.

A espera era angustiante, o tempo passava e ninguém aparecia para dar informações.

Capitulo XVll

A demora por informações foi quebrada com a saída da enfermeira Vera, e pela sua cara as notícias não eram boas.

- E então enfermeira como está minha mãe?

- Venha vamos nos sentar ali no banco. – Disse Vera.

Depois de acomodados ela continuou.

- Ela teve um aneurisma e não resistiu vindo a óbito infelizmente, fizemos todo o possível.

Monica entrou em desespero e começou a chorar copiosamente, André a abraçou e acariciou seus cabelos numa tentativa em vão de acalmá-la.

Os médicos disseram tratar-se de um aneurisma raro que deu na veia do cérebro e não em uma artéria como é mais comum, e como o aneurisma tinha mais de dois cm ele era considerado grande.

Monica ouviu atentamente as informações, a enfermeira disse que ela estava bem agitada e antes do aneurisma romper-se ela pediu para avisar a Monica que ela a amava muito.

Monica pediu par vê-la e a enfermeira assentiu que Monica entrasse, mas pediu para o fizesse bem rápido, pois existiam procedimentos no hospital que impediam a entrada, Monica entrou e viu sua mãe em cima da maca, ali totalmente inerte, fez uma oração, chorou muito, lhe agradeceu por tudo o que ela fez em vida.

Saiu da sala ainda em lágrimas, foi conversar com André e pediu para ele dar andamento ao sepultamento da mãe.

André correu atrás de toda documentação, a certidão de óbito, o caixão, a funerária, as flores, e como dona Alice já possuía túmulo onde estava enterrado seu marido Osvaldo, não foi necessário a compra de um jazigo.

O velório aconteceu na sala do cemitério e todos familiares e amigos estavam presentes para prestar o último adeus à dona Alice, a sala ficou repleta de flores tamanha era a amizade que dona Alice mantinha com a comunidade.

Monica chorou muito no enterro da mãe e por várias vezes foi consolada por amigos e pela família, e quando o caixão desceu para o túmulo todos

aplaudiram, e Monica jogou flores sobre o caixão e deu seu último adeus à mãe.

Ao final todos foram embora em silêncio, os últimos a sair foram Monica, André e os filhos.

Já em casa, Monica deitou-se um pouco, pois a cabeça doía muito, André foi à cozinha preparar-lhe um chá, e logo após foi levar o chá juntamente com biscoitos e um comprimido para a dor de cabeça.

Ela agradeceu, tomou o chá com os biscoitos, tomou o comprimido e ficou sentada na cama conversando um pouco com André, quando ele pediu para ela repousar um pouco.

Ela tirou os sapatos e deitou, devido ao cansaço e a emoção ela dormiu logo, e em pouco tempo o sono tornou-se pesado e ela começou a sonhar, e devido à conversa que teve com sua mãe, Norberto novamente apareceu para Monica e disse.

- Oi, não tenha medo, eu sou seu amigo.

E Monica respondeu em seu sonho.

- Você não é meu amigo, você é meu pai!

- Quem te contou como você soube?

- Foi minha mãe, ela me contou.

- Então agora posso partir em paz.

Quando Monica tentou responder, suas palavras não saiam da boca, a respiração ficou ofegante e ela acordou assustada.

Logo em seguida seu marido entrou no quarto e perguntou.

- O que aconteceu? – E ela respondeu.

- Tive um pesadelo com Norberto.

- Não fique assim Monica, foi apenas um sonho, esqueça e descanse mais um pouco.

Monica voltou a dormir, e desta vez dormiu bem e sem sobre saltos.

Os dias se passaram e Monica foi se conformando, e ela ia ao cemitério todo final de semana visitar o túmulo dos pais, e sempre que possível fazia uma limpeza.

Capitulo XVlll

Depois de seis meses da morte de dona Alice, Monica recebeu uma ligação de Laís.

- Monica, bom dia, é Laís, tudo bem?

- Oi Laís tudo bem, aconteceu alguma coisa?

- Acontecer não aconteceu, mas vai acontecer.

- Não entendi Laís.

- É brincadeira, o que eu quero dizer é que dia quinze do mês que vem será a inauguração de nossa nova loja de material de skate, e contará com a apresentação do Alexandre da Silva, o paulistinha, aquele Skatista famoso, e como sei que seus filhos gostam de skate, resolvi ligar. E como vão as coisas por aí, tudo bem?

- Mais ou menos, há pouco tempo perdi minha mãe que faleceu, mas estou levando a vida porque ela continua não é mesmo.

- Puxa Monica, meus pêsames, não fiquei sabendo, se eu soubesse iria até o velório te dar uma força, então foi por esse motivo que você não veio naquela outra apresentação?

- Sim, esquecemos totalmente, desculpe-me.

- Não tem problemas, é só você vir no próximo.

- Que dia você falou mesmo que será a inauguração?

- Dia quinze do mês que vem você vem não é, traga o André, as crianças, vai ser muito legal.

- Eu vou sim, estou precisando sair mesmo, nós vamos cedo, almoçamos aí no Shopping, ficamos para a apresentação, e à noite vamos ao cinema.

- Ótimo, estou aguardando vocês, e fala pro Junior trazer o skate, ele está gostando?

- Não sai de cima dele, ou melhor, não sai debaixo dele, vive caindo (risos).

- Então está marcado, estamos esperando vocês.

Monica ficou um pouco mais animada depois da ligação, já fazia algum tempo que ela não saía de casa e achou que era hora de se divertir, e levar as crianças para passear e aproveitar o mês de férias da escola das crianças.

Conforme combinado Monica, André e os filhos foram à inauguração da loja de Laís, e ao chegarem foram recebidos por Luís, Laís e Pedro.

- Laís, que loja maravilhosa, e como está cheia.

- Graças a Deus Monica, foi um sufoco conseguir conciliar tudo, daqui a pouco nossa atração principal chegará à loja, e isto aqui vai ficar uma loucura.

Pedro quando viu que Monica estava na loja perguntou por seu filho e ela disse que estava com o pai olhando a rampa de skate, e ele foi até lá.

- Junior, chega mais garoto, como vai?

- Oi Pedro, tudo bem, ta maneira a loja heim.

- Ficou da hora, você vai ver a hora que o paulistinha chegar, vem vamos tomar refrigerante, chama a Julia sua irmã.

Junior chamou Julia, e os três foram tomar refrigerante, Luís ficou conversando com André, e o assunto era futebol e carros e até de política comentaram um pouco.

Enquanto isso Laís e Monica saíram um pouco da loja e foram conversar em um banco no corredor do Shopping, ainda era cedo e o local ainda estava com pouco movimento, havia poucas pessoas circulando pelos corredores dando um pouco de sossego para elas conversarem e Laís disse.

- Monica, eu fiquei muito triste por sua mãe.

- É menina, foi assim de repente, num dia ela estava boa, no outro começou a passar mal, levei-a ao médico, e de um minuto para o outro já foi internada, logo depois foi para a UTI, teve uma pequena melhora e foi para o quarto Semi Intensivo, parecia que havia melhorado me deixaram falar com ela, conversamos um tempão, ela me contou um segredo do passado que me deixou pasma, fiquei desnorteada por vários dias e nem conseguia dormir direito.

- Puxa Monica, era um segredo antigo?

- Nem te conto, eu vivi a vida toda e não sabia de nada do meu passado.

- Puxa vida, guardado durante todos esses anos?

- Foi menina, uma história que poderia ter mudado toda minha vida.

- Como é isso, como pode ter ficado guardado por tanto tempo?

- Vou contar desde o começo.

Capitulo XlX

E Monica começou a contar tudo para Laís.

- Tudo começou quando eu vinha do trabalho de ônibus, eu desci dele e ia caminhando para minha casa quando senti que estava sendo seguida, corri para casa e contei para minha mãe que ficou assustada e todo dia me esperava no ponto de ônibus, e quando eu percebi que não havia mais perigo, falei para ela que não precisava mais me esperar, ela disse que tinha prometido para meu pai que me protegeria de qualquer coisa. Aquilo ficou na minha cabeça e algumas noites depois sonhei com um homem que dizia ser meu amigo, mas eu não conseguia ver o rosto dele, uma luz muito forte acesa atrás dele não me deixava ver o seu rosto, apenas seu contorno, aí eu acordei, e fiquei pensando que sonho esquisito. Depois sonhei com ele novamente e desta vez me disse que seu nome era Norberto.

- Puxa que coisa gozada, o nome do meu pai é Norberto, mas desculpa te cortar, pode continuar.

- Continuando, aí eu contei este sonho para minha mãe, percebi que ela ficou um pouco nervosa, mas achei que era do sonho e ela desconversou e ficou por isso mesmo. E antes de mamãe morrer, ela me chamou e me contou toda a história da minha vida, me pediu para perdoá-la e me contou que meu pai biológico na realidade era Norberto, e eu disse como assim, e a ela continuou dizendo que meu pai Osvaldo não podia ter filhos. Ela disse que ele foi embora quando eu tinha dois anos e nunca mais o viram.

- Não souberam mais nada dele, ele não fez nenhuma visita?

- Só meu pai o Osvaldo que o encontrou uma vez aqui em São Paulo, e ele disse que havia se casado com uma mulher chamada Lurdes.

Neste momento Laís interrompe Monica e diz.

- Você disse Lurdes?

- Sim por quê?

- Você tinha falado Norberto, e este é o nome do meu pai, agora você vem e diz Lurdes, por incrível que pareça, este é o nome de minha mãe, e nós morávamos em São Paulo, depois de um tempo fomos morar no interior, não é uma coincidência incrível?

- Laís, você não está brincando comigo.

- Não, estou falando sério, meu pai chamava-se Norberto, e minha mãe chama Lurdes.

- Laís, é uma coincidência incrível, não da para acreditar, desculpe perguntar, qual a sua idade?

- Não tem problema, eu tenho trinta e sete anos de idade, porque a pergunta.

- As coincidências estão ficando cada vez mais incríveis, eu tenho quarenta e um anos, quando meu pai biológico se foi, eu tinha dois anos.

- Minha mãe disse que morava aqui em São Paulo e quando meu pai veio para cá, ele passou a morar perto da casa da minha mãe e logo se conheceram e mamãe logo se apaixonou por ele, dizia que foi amor à primeira vista, e se casaram com um pouco mais de sete meses de namoro, e ela disse também que não deu três meses de casada e já ficou grávida.

- O destino não pode ter brincado conosco dessa maneira, eu sempre quis ter um irmão ou irmã e minha mãe dizia que não, tudo estava muito difícil e um filho só estava bom.

- Monica, você está querendo dizer que nós podemos ser irmãs?

- Se você tiver alguma alternativa diferente me informe, é muita coincidência, não tem outra explicação.

Neste momento as duas se abraçaram e começaram a chorar, e ao ver suas esposas chorando abraçadas, André e Luís vieram ao encontro delas e perguntaram que estava acontecendo.

- Vocês não vão acreditar. – disse Monica e Laís quase ao mesmo tempo.

- Nós podemos ser irmãs. – Disse Monica.

- O que, como assim? – Perguntaram André e Luís.

E Monica contou a história para eles que ficaram pasmos com as coincidências.

- Porque vocês não fazem um teste de DNA. - Sugeriu Luís.

- Boa idéia, assim vocês tiram as dúvidas. – Disse André.

- Eu não tenho dúvida. – Disse Monica ainda abraçada a Laís.

- Quando meu pai ficou doente, e ele não ia mais ao barbeiro, eu cortava o cabelo dele e guardei uma mecha de cabelo de recordação, podemos fazer o teste, assim tiramos a dúvida.

- Vamos fazer. – Disse Monica.

- Vamos. – Respondeu Laís.

Capitulo Final

E ficou acertado que procurariam um laboratório confiável para colherem as amostras a fim de eliminarem a dúvida.

Luís convidou todos para irem almoçar.

- Chama as crianças e vamos todos juntos. – Disse Laís.

Todos foram ali mesmo na praça de alimentação do Shopping e a conversa girou em torno da possibilidade de Monica e Laís serem irmãs.

Definiram um laboratório e as duas foram colher material para exame, e Laís trouxe os cabelos de seu pai e os entregou para fazer parte do exame.

Elas estavam muito contentes e muito apreensivas, cada uma tirou pequena quantidade de sangue para analise.

Foi feito um teste de DNA chamado de DNA Figer print ou impressão digital genética que fornece um alto grau de confiabilidade, algo em torno de 99,9% de certeza do resultado.

O exame ficaria pronto em trinta dias, e o resultado estaria disponível para retirada no próprio laboratório.

Passado os trinta dias o laboratório ligou para Monica avisando que o exame estava pronto para retirada.

Monica ligou para Laís para irem juntas buscar o resultado, combinaram o horário e local onde Monica passaria para pegar Laís para irem até o laboratório.

Chegando lá, foram à recepção e solicitou o resultado, a pessoa que trabalha na entrega de resultados procurou e encontrou e entregou a Monica que pegou o envelope e disse.

- Abre você.

- Não, abre você. – Respondeu Laís.

- Vamos abrir juntas. – Disseram as duas ao mesmo tempo.

Começaram abrir devagar e a ansiedade era grande, e por fim Monica, pois um ponto final na dúvida, ela terminou de abrir o envelope e o resultado estava lá.

“Positivo com 99,9% de probabilidade das duas amostras de sangue ser compatíveis com a mesma amostra de cabelo, ou seja, as duas amostras de sangue são filhas do mesmo pai.

As duas se olharam, se abraçaram e choraram muito, elas estavam muito emocionadas.

Levaram o exame para seus maridos e filhos verem o resultado que comprovava que as duas eram realmente irmãs.

Estavam muito felizes, faziam planos para o futuro e uma não largava a mão da outra com medo de se perderem novamente.

Marcaram um jantar de comemoração onde reuniriam toda a família.

Sábado foi o primeiro dia de uma nova família, que o destino trabalhou nos bastidores e uniu duas irmãs onde o Perdão e o Amor, venceram o Ódio e o Rancor.

FIM