Upload
trinhnhu
View
213
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
Consultoria da UNESCO para o Ministério da Cultura
Contrato nº: CLT00385/2014
Ref. PRODOC: 914BRZ4013 - INTERSETORIALIDADE,
DESCENTRALIZAÇÃO E ACESSO A CULTURA NO BRASIL
PRODUTO 1
Documento Técnico Analítico Situacional contendo
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato no
Contexto dos Interesses e das Pautas em Destaque no
Colegiado Setorial de Artesanato e do Sistema MinC
Selma Maria Santiago Lima
Consultora
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
2
LISTAGEM DE SIGLAS
ACAMUFEC - Associação Cultural de Amigos do Museu de Folclore Edison Carneiro APEX - Agência de Promoção às Exportações APL - Arranjos Produtivos Locais BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CDT/UNB – Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília CERTIFIC – Rede de Certificação Profissional e Formação Inicial e Continuada CITES - Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção CLT – Consolidação das Leis do Trabalho CNC - Conferência Nacional de Cultura CNFCP - Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular CNPC - Conselho Nacional de Políticas Cultural COB - Classificação Brasileira de Ocupações IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IFES – Instituto Federal de Ensino Superior IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional ISMC - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MEC - Ministério da Educação MEI – micro empreendedor individual MICSUL - Mercado de Indústrias Culturais do Sul MINC - Ministério da Cultura MTUR - Ministério do Turismo PAB - Programa do Artesanato Brasileiro PIB – Produto Interno Bruto PNC - Plano Nacional de Cultura PROMOART - Programa de Promoção do Artesanato de Tradição Cultural PRONATEC - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego PSI - Projeto Setorial Integrado SCDC - Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura SEBRAE - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SEC - Secretaria de Economia Criativa do Ministério da Cultura SEFIC – Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura SICAB - Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro SNC - Sistema Nacional de Cultura SNIIC - Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais SPC – Secretaria de Políticas Culturais do Ministério da Cultura UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
3
ÍNDICE
1. Apresentação 04
2. O Artesanato Brasileiro
2.1. Definindo um Conceito 07
2.2. Nomenclaturas e Categorização do Setor 12
2.3. Classificação das Peças 16
2.4. Funcionalidade do Artesanato 17
2.5. Classificação dos Núcleos de Produção Artesanal 19
2.6. Tipologias do Artesanato a partir da Matéria Prima 20
2.7. Dados sobre o Setor 29
2.8. Marcos Legais 25
2.9. Incentivos Fiscais 28
2.10. Programa do Artesanato Brasileiro - PAB 40
2.11. Artesanato Brasileiro para Exportação 42
3. O Artesanato no Sistema MINC 44
3.1. Secretaria de Economia Criativa 48
3.2. Programa de Promoção do Artesanato de Tradição Cultural -
PROMOART
49
3.3. Programa Cultura Viva – Pontos de Cultura 53
4. Pautas Nacionais para o Artesanato Brasileiro
4.1. 1ª Conferência Nacional de Cultura 56
4.2. 2ª Conferência Nacional de Cultura 59
4.3. 3ª Conferência Nacional de Cultura 64
4.4. Plano Nacional de Cultura 67
4.5. Estratégias para o Plano Setorial do Artesanato 98
5. Conclusão 107
6. Bibliografia 110
7. Anexos 114
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
4
1. APRESENTAÇÃO
O presente Documento Técnico compõe um conjunto de produtos a serem
apresentados pela presente Consultoria da UNESCO referente ao Contrato
CLT00385/2014 914BRZ4013, que tem como finalidade colaborar para a
construção de uma política pública voltada ao desenvolvimento da Economia
Criativa no Brasil, através da identificação de políticas que subsidiem a atividade
artesanal no país.
Neste primeiro produto buscamos conceituar a atividade artesanal a partir
de elementos e estudos já postos e consolidados em âmbito nacional, tendo
como referência a Portaria 29, de 05 de outubro de 2010, do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, voltada para a definição das
atividades e produtos do setor artesanal e base do Programa do Artesanato
Brasileiro/PAB, aliados a outros conceitos e propostas de compreensão,
observados na bibliografia pesquisada.
Após a coleta de dados bibliográficos que colaboraram para a definição
conceitual proposta, que consideramos de extrema importância para as
atividades desempenhadas nesta consultoria, apresentamos as estruturas e
políticas que o Ministério da Cultura dispõe atualmente voltadas para a atividade
artesanal, dentre elas a inclusão do segmento no Conselho Nacional de Políticas
Culturais e seu acompanhamento pela Secretaria de Economia Criativa e o
Programa de Promoção do Artesanato de Tradição Cultural (PROMOART),
desenvolvido pelo Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular/IPHAN.
Por último, apresentamos a síntese das demandas apontadas pelo
Colegiado de Artesanato que compões o Conselho Nacional de Políticas
Culturais, levantadas durante o Fórum nacional de Artesanato, realizado em
2013 e no decorrer da II e da III Conferências Nacionais de Cultura, onde
diversas metas foram apontadas, dentre elas algumas que possuem atividade
artesanal como elemento.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
5
Como metodologia para a elaboração deste documento, desenvolvemos
diversas atividades para levantamento de dados junto às algumas instituições,
conforme listamos a seguir:
- Reunião e consultas junto à pesquisadores da UNB que realizam
levantamentos de informações para a construção do PAB/SEMPE para a
Secretaria Especial de Micro e Pequenas Empresas.
- Busca de informações junto ao Programa de Promoção do Artesanato -
PROMOART junto ao Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, no Rio de
Janeiro. Esta atividade foi prejudicada devido à visita ao CNFCP ter acontecido
logo após a greve dos servidores do Ministério da Cultura, que impediu nossa
reunião e, consequentemente, a coleta de dados mais detalhados sobre o
Programa.
- Análises dos dados levantados pela Pesquisa de Informações Básicas
Municipais – MUNIC, elaborada pelo IBGE.
- Levantamento de dados a partir das propostas apresentadas ao Edital Vitrines
Culturais, lançado pelo Ministério da Cultura/Secretaria de Economia Criativa em
parceria com a Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da
República.
- Reunião com Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas –
SEBRAE/Nacional para levantamento de dados.
- Levantamento de pesquisas acadêmicas disponíveis sobre o tema.
- Levantamento de publicações sobre o tema.
- Levantamento de Pontos de Cultura que atuam na área de artesanato.
- Verificação dos artesãos e empreendimentos artesanais cadastrados no
Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais – SNIIC e nos
Cadastros Estaduais.
Estes procedimentos visam concluir o objetivo deste Documento Técnico
que busca elaborar uma análise situacional do segmento do artesanato de forma
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
6
integrada aos interesses em pauta no Colegiado Setorial de Artesanato e ações
e programas desenvolvidos pelas secretarias do sistema MinC, transversais ao
artesanato, onde tentamos identificar as políticas, programas e ações
desenvolvidas e a que medida elas podem ser consideradas contempladoras
das demandas apresentadas pelo segmento artesanato.
Ao finalizarmos esta consultoria, esperamos que este material venha
colaborar para uma política nacional para o setor, uma vez que tem em seu
intuito ainda a construção do Plano Setorial do Artesanato, com base nas
informações aqui apresentadas.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
7
Foto: site Brasil Lugar Bonito
2. O ARTESANATO BRASILEIRO
2.1 Definindo um Conceito
Uma das tarefas mais complexas de uma política pública é a definição de
conceitos que posam embasar programas e ações de determinadas áreas,
principalmente quando estes ainda não estão claramente incorporados a
sociedade, como é o caso que tratamos neste estudo e que procuramos clarear,
através de alguns caminhos norteadores obtidos em pesquisas bibliográficas
que podem melhor definir o que é a atividade do artesanato no Brasil.
Segundo o conhecimento popular e conforme descrito em grande parte das
enciclopédias, a expressão “artesanato”, que surgiu em fins do século XIX,
refere-se ao trabalho manual feito pelo artesão onde o mesmo possui seus
próprios meios de produção e realiza todas as etapas desta produção, desde a
extração da matéria-prima até a comercialização, de maneira individual ou
colaborativa, podendo também ser de base comunitária ou familiar.
Este desafio de conceituação permeia toda gestão pública ou privada que
busque tratar a atividade com o respeito e a responsabilidade que os milhões de
artesão brasileiro o merecem, e como bem cita Ângelo Azevedo Queiroz,
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
8
consultor legislativo da Câmara dos Deputados em documento acerca da
legislação existente no Brasil que dispõe sobre a profissão de artesão: “A
expressão do gênio inventivo do artesão, capaz de criar um aspecto estético,
com finalidade unicamente contemplativa, podia conviver perfeitamente com a
utilidade do objeto, de acordo com a finalidade para o qual fora concebido, tais
como cozinhar, sentar, dormir, carregar água, cobrir o corpo, alimentar, etc... Só
mesmo com a revolução industrial é que o artístico e o utilitário seguiram
caminhos diversos. Essa unidade ainda permanece na atividade artesanal e daí
surge o desafio de conceituá-la.”1
Este desafio da conceituação é enfrentado por diversos autores e
profissionais que lidam com a prática do fazer artesanal, sejam os próprios
artesãos, sejam aqueles que lidam com programas voltados para o setor, e que
nos fazem refletir também sobre as raízes deste fazer humano, como nos aponta
Marinho: “[...] para conceituar o artesanato com um mínimo de racionalidade é
preciso mergulhar na odisseia humana e fazer uma nova leitura da história, que
determinou culturas; dos medos, que impulsionaram mudanças; das estratégias
de sobrevivência; dos desafios de aprendizagem; das formas de dominação e
divisão do trabalho; e, finalmente, dos artifícios para o desenho e a construção
do próprio tempo” (2007, p. 03).2
Raul Córdola, renomado artista plástico pernambucano, na Revista de
Artes Visuais Segunda Pessoa, aponta “Eis o que é o artesanato: a obra material
do artesão; fruto do seu trabalho realizado através das mãos na confecção de
objetos destinados ao conforto do homem, carregados de expressões da cultura,
onde a máquina, se utilizada, será apenas ferramenta, nunca fator determinante
para sua existência.” E destaca a área dentro de nosso sistema de produção
como sendo um setor que “Mesmo marginalizado pelos programas de
desenvolvimento regionais e nacionais o artesanato continua sendo no Brasil
uma atividade cultural de grande importância econômica. Por sua informalidade
1 QUEIROZ, Ângelo Azevedo. A legislação existente no Brasil que dispõe sobre a profissão
de artesão, e os projetos sobre a matéria apresentados ao Congresso, 2 MARINHO, Heliana. Artesanato: tendências do segmento e oportunidades de negócios.
Rio de Janeiro: SEBRAE/RJ, 2007
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
9
escapa do planejamento da macroeconomia, e tem como área de atuação as
casas dos artesãos, a periferia das grandes cidades, longe dos sistemas
urbanos e das regiões fabris, e principalmente no mundo rural”. 3
O design brasileiro Eduardo Barroso Neto propôs durante o Seminário
Internacional Design Sem Fronteiras, realizado em novembro de 1996 em
Bogotá/Colômbia, a seguinte definição: “Podemos compreender como
artesanato toda atividade produtiva de objetos e artefatos realizados
manualmente, ou com a utilização de meios tradicionais ou rudimentares, com
habilidade, destreza, apuro técnico, engenho e arte”. E complementa ainda que
“deve resultar em algum objeto ou artefato novo e fruto da transformação de
matérias-primas e em pequena escala (eliminando desta categoria as atividades
agropecuárias ou pesqueiras, embora estas sejam, muitas vezes, denominadas
agricultura artesanal ou pesca artesanal, em oposição a agricultura e pesca
industrial, ou seja em grande escala”4 .
E como definição adotada para a política pública do governo federal,
observamos o que designa o Programa Brasileiro de Artesanato – PAB,
implantado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e
atualmente coordenado pela Secretaria Especial, onde artesanato “Compreende
toda a produção resultante da transformação de matérias-primas, com
predominância manual, por indivíduo que detenha o domínio integral de uma ou
mais técnicas, aliando criatividade, habilidade e valor cultural (possui valor
simbólico e identidade cultural), podendo no processo de sua atividade ocorrer o
auxílio limitado de máquinas, ferramentas, artefatos e utensílios.”5
O PAB define ainda o que “não é artesanato”, onde exclui a “simples
montagem, com peças industrializadas e/ou produzidas por outras pessoas”. A
expressão “simples montagem” propõe a exclusão de produções que, mesmo
manuais, são consideradas complemento de um processo industrial, não
3 CÓRDOLA, Raul. Afinal, o que é artesanato? Segunda Pessoa Revista de Artes Visuais –
Ano 3, Número 2. 2ou4 Editora. Disponível em http://www.segundapessoa.com.br/edicoes/1/ 4 BARROSO, Eduardo. Apostila Curso Artesanato – Módulo 1. Fórum Brasileiro de Economia
Solidária. 5 MDIC- Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Base Conceitual do
Artesanato Brasileiro. Brasília, 2012.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
10
caracterizando por si só como artesanato. Apontamos um exemplo citado por
Claire Santanna Freeman: os kits disponíveis no mercado para montagem de
bijuterias – compostos por peças industrializadas acompanhados de instruções
para algumas montagens predefinidas, que geram um produto final, vendido
como artesanato, mas resultado de um trabalho manual distanciado do processo
criativo.
Ainda, segundo Freeman “o trabalho artesanal com reciclagem, por outro
lado, pode ser manufaturado a partir do reaproveitamento de peças
industrializadas ou produzidas por outras pessoas, mas não será uma simples
montagem, exigirá uma adaptação ou uma transformação das peças – uma
escolha inteligente de técnicas, processos e formas para o resultado que se
deseja alcançar. Simplesmente excluir uma categoria de produto dos que se
quer incentivar não resolve as questões envolvidas na relação com o
consumidor. O problema requer uma estratégia para evitar que não se perca
uma referência cultural no artesanato pela mera substituição por fórmulas
prontas, adotadas sem a identificação ou o envolvimento criativo por parte do
produtor, por serem aceitas e até mesmo solicitadas pelo consumidor”.6
Em meio a tantas características que definem o que pode ser e o que não
pode ser considerado artesanato, destacamos algumas que colabora para a
definição mais específica da atividade artesanal, e dentre elas algumas que se
referem ao seu ambiente de produção, predominantemente encontrado em
localidades não industrializadas, onde observa-se que uma das principais
características de seu processo de criação está no fato deste processo ser
fortemente relacionado às estações e sazonalidades que a natureza propõe. O
ritmo de produção diferencia-se do predominante no sistema de produção em
série, industrial, sendo uma atividade que demanda paciência, seja para colher e
extrair o produto da terra ou do mar com o qual se vai laborar, seja para concluir
uma peça que não sendo fabricada de forma automática, requer boa
6 FREEMAN, Claire Santanna. Cadeia Produtiva da Economia do Artesanato – desafios para
o seu desenvolvimento sustentável. Editora e-livre, 2010. Disponível em www.editoraelivre.com.br
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
11
predisposição e concentração pessoal para sua confecção. Em muitas regiões
onde a principal fonte de subsistência é a pesca costuma-se dizer que “onde há
rede há renda e quando a rede não traz o peixe, a renda põe a mesa.”
Outro fator de relevância que podemos observar trata das relações sociais
do setor que, quando feito por comunidades tradicionais, revela a capacidade de
agregar pessoas em sua elaboração, daí sua tendência a promover grupos,
coletivos, cooperativas, que também se estendem ao artesanato feito
individualmente quando da comercialização e distribuição dos produtos. Esta
característica é claramente observada quando das feiras de economia solidária,
das ações que promovem o comércio justo e ainda de formas alternativas aos
sistemas de produção e comercialização vigentes no sistema capitalista que
vivemos. Ou seja, o Artesanato é ainda uma atividade criativa do homem que
revela não somente sua capacidade de aproveitamento dos elementos da
natureza como também a vocação à sociabilidade e colaboração entre as
pessoas.
De uma forma geral, e ainda com base nos diversos conceitos que servem
de parâmetro para os que pensam sobre artesanato no Brasil, observamos e
destacamos abaixo cinco elementos que são pontos fundamentais neste
segmento criativo em nosso país, tendo em algum momento ou outro, certo
destaque a depender da bibliografia pesquisada, mas vamos a estes pontos:
1. Habilidade e destreza manual do artesão para a confecção de objetos e
utensílios que configuram-se como peças únicas, mesmo que para isto ele
utilize-se de alguns instrumentos;
2. Sensibilidade para expressar-se culturalmente e a capacidade de retratar seu
cotidiano, dando identidade própria (seja pessoal ou local) às peças
produzidas, colaborando para a memória e tradição de sua comunidade ou
ainda inovando e apresentando uma criação própria contemporânea, mas rica
de simbologia cultural que lhe dê o valor agregado intangível de peça
artesanal;
3. Ambientes de produção voltados à relação com a natureza ou ainda com a
busca da consciência ecológica para a coleta da matéria-prima de trabalho,
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
12
onde o artesão demonstra a capacidade de reconhecer os elementos naturais
adequados para seu manuseio, bem como o tratamento a ser dado e o modo
de laboração e manipulação da matéria-prima a ser transformada em
artesanato;
4. A sazonalidade e temporalidade próprias para a sua produção, uma vez que
trata-se de transformação de material que não é facilmente comercializado ou
adquirido, devendo muitas vezes aguardar o tempo da colheita ou ainda a
oferta da matéria-prima para que se inicie sua produção. E ainda referimo-nos
à temporalidade específica do segmento quando, durante o próprio processo
de confecção, o artesão por vezes deve aguardar os tempos de adequação
das matrizes ou ainda da preparação desta matéria-prima para o manuseio e
transformação do material bruto em artesanato, a depender do tipo de
matéria-prima que utiliza e, por último,
5. Tendência a produzir e/ou comercializar de forma coletiva, seja a partir das
raízes da cultura tradicional popular, seja pela necessidade de melhor
organização grupal para que o trabalho produzido possa circular em feiras e
eventos e ser comercializado de forma a que o autor das peças seja
remunerado da melhor forma possível. Esta tendência é observada através do
estímulo a economia solidária e também pelas queixas dos próprios artesãos
com relação aos chamados “atravessadores” que se beneficiam de com a
aquisição de baixo custo das peças diretamente do artesão e obtendo lucros
exorbitantes com a revenda das peças.
2.2 Nomenclaturas e Categorização do Setor
Para uma compreensão mais adequada que daremos aos documentos
deste trabalho, apresentamos a seguir as definições para os termos utilizados no
setor, extraídas da Portaria N° 29, de 05 de outubro de 2010 do Ministério do
Desenvolvimento e Comércio Exterior, que serve de parâmetro para o Programa
do Artesanato Brasileiro com pequenas alterações feitas a partir de outras
definições observadas nas bibliografias de análise conceitual sobre artesanato
no Brasil.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
13
Artesão - É o trabalhador que de forma individual exerce um ofício manual,
transformando a matéria-prima bruta ou manufaturada em produto acabado.
Tem o domínio técnico sobre materiais, ferramentas e processos de produção
artesanal na sua especialidade, criando ou produzindo trabalhos que tenham
dimensão cultural, utilizando técnica predominantemente manual, podendo
contar com o auxílio de equipamentos, desde que não sejam automáticos ou
duplicadores de peças
Foto: internet/Carla Régia
Mestre Artesão – Indivíduo que se notabilizou em seu ofício, legitimado pela
comunidade que representa e/ou reconhecido pela academia, destacando-se
através do repasse de conhecimentos fundamentais da sua atividade para novas
gerações.
Arte Popular – Conjunto de atividades poéticas, musicais, plásticas, dentre
outras expressivas que configuram o modo de ser e de viver do povo de um
lugar. A arte popular diferencia-se do artesanato a partir do propósito de ambas
as atividades. Enquanto o artista popular tem profundo compromisso com a
originalidade, para o artesão essa é uma situação meramente eventual. O artista
necessita dominar a matéria-prima como o faz o artesão, mas está livre da ação
repetitiva frente a um modelo ou protótipo escolhido, partindo sempre para fazer
algo que seja de sua própria criação. Já o artesão quando encontra e elege um
modelo que o satisfaz quanto à solução e forma, inicia um processo de
reprodução a partir da matriz original, obedecendo a um padrão de trabalho que
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
14
é a afirmação de sua capacidade de expressão. A obra de arte é peça única que
pode, em algumas situações, ser tomada como referência e ser reproduzida
como artesanato. Características do Artista e da Arte Popular:
I – Pertence ao povo;
II – Revela a identidade cultural regional;
III – Personifica a peça;
IV – Produz obras assinadas;
V – Busca a realidade;
VI – Traduz o belo;
VII – Sozinho realiza a peça;
VIII – Apresenta elementos estéticos;
IX – Possui maior valor econômico que as peças artesanais;
X – Expressa emoção do momento da criação;
XI – Revela expansão cultural de um povo;
XII – Possui um espaço determinado nas galerias, exposições e eventos;
XIII – É auxiliada pelo folclore e pela globalização;
XVI – É feita por qualquer pessoa, independente do seu nível econômico
ou social; e
XV – Requer um olhar diferente para ser entendida.
A seguir, apontamos definições elaboradas pela Portaria N° 29 do MDIC,
mas que para as políticas culturais a serem desenvolvidas pelo Ministério da
Cultura, consideramos não são aplicadas ao setor artesanal em suas políticas e
abrangência de atuação. Tal decisão deve-se ao fato de que, mesmo sendo
consideradas atividades artesanais, muitas de suas características não
compõem as características consideradas primordiais para a produção de peças
artesanais, conforme apontamos enquanto pontos fundamentais na abertura
deste capítulo.
Trabalhos Manuais – Apesar de exigir destreza e habilidade, a matéria-prima
não passa por transformação. Em geral são utilizados moldes pré-definidos e
materiais industrializados. As técnicas são aprendidas em cursos rápidos
oferecidos por entidades assistenciais ou fabricantes de linhas, tintas e insumos.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
15
Normalmente é uma ocupação secundária, realizada no intervalo das tarefas
domésticas ou como passatempo. Em alguns casos, configura-se como
produção terceirizada de grandes comerciantes de peças acabadas que utilizam
aplicações de rendas e bordados como elemento de diferenciação comercial.
São produtos sem identidade cultural e de baixo valor agregado.
Características dos Trabalhos Manuais:
I. Segue moldes e padrões pré-definidos difundidos por matrizes
comercializadas e publicações dedicadas exclusivamente a trabalhos
manuais;
II. Apresenta uma produção assistemática e não prescinde de um processo
criativo e efetivo;
III. Utiliza matérias e técnicas de domínio público;
IV. Produtos baseados em cópias, sem valor cultural que identifique sua
região de origem ou o artesão que o produziu;
V. Normalmente utiliza matéria-prima industrializada ou semi-industrializada;
VI. Recebe influência global.
Produtos Típicos – Considera-se produto, o objeto resultante da atividade ou
de trabalhos manuais, respeitando os conceitos referenciados no início deste
documento. São produzidos a partir de matéria-prima regional e em pequena
escala. Compreendem: alimentos processados por métodos tradicionais; artigos
de perfumaria; cosméticos; e aromáticos. Utilizam embalagens, rótulos e
etiquetas artesanais. Devem revelar identidade cultural e observar a legislação
vigente que regulamenta a comercialização
Produtos Semi-Industriais – Embora tenham uma aparência similar aos
produtos artesanais, são produzidos em pequenas fábricas. A característica
predominante é o baixo custo de produção, de venda, e saturação do mercado.
Normalmente são lembranças, recordações de viagem ou souvenir destinado
aos turistas.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
16
2.3 Classificação das Peças
A classificação do produto artesanal está definida conforme a origem,
natureza de criação e de produção do artesanato e expressa os valores
decorrentes dos modos de produção, das peculiaridades de quem produz e do
que o produto potencialmente representa. A classificação do artesanato também
determina os valores históricos e culturais do artesanato no tempo e no espaço
onde é produzido.
Artesanato indígena – Resultado do trabalho produzido no seio de
comunidades e etnias indígenas, onde se identifica o valor de uso, a relação
social e cultural da comunidade. Os produtos, em sua maioria, são resultantes
de trabalhos coletivos, incorporados ao cotidiano da vida tribal.
Artesanatos de reciclagem – É o resultado do trabalho produzido a partir da
utilização de matéria-prima que é reutilizada. A produção do artesanato de
reciclagem contribui para a diminuição da extração de recursos naturais, além de
desenvolver a conscientização dos cidadãos a respeito do destino de materiais
que se destinariam ao lixo.
Artesanato tradicional – Conjunto de artefatos mais expressivos da cultura de
um determinado grupo, representativo de suas tradições e incorporados à vida
cotidiana, sendo parte integrante e indissociável dos seus usos e costumes. A
produção, geralmente de origem familiar ou comunitária, possibilita e favorece a
transferência de conhecimentos de técnicas, processos e desenhos originais.
Sua importância e valor cultural decorrem do fato de preservar a memória
cultural de uma comunidade, transmitida de geração em geração.
Artesanato de referência cultural – Sua principal característica é o resgate ou
releitura de elementos culturais tradicionais da região onde é produzido. Os
produtos, em geral, são resultantes de uma intervenção planejada com o
objetivo de diversificar os produtos, dinamizar a produção, agregar valor e
otimizar custos, preservando os traços culturais com o objetivo de adaptá-lo às
exigências do mercado e necessidades do comprador. Os produtos são
concebidos a partir de estudos de tendências e de demandas de mercado,
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
17
revelando-se como um dos mais competitivos do artesanato brasileiro e
favorecendo a ampliação da atividade.
Artesanato contemporâneo-conceitual – Objetos resultantes de um projeto
deliberado de afirmação de um estilo de vida ou afinidade cultural. A inovação é
o elemento principal que distingue este artesanato das demais classificações.
Nesta classificação existe uma afirmação sobre estilos de vida e valores.
2.4 Funcionalidade do Artesanato
A grande maioria das peças artesanais possuem sua funcionalidade, que
de fato considera-se a raiz da artesania. O desenvolvimento de produtos feitos
pela mão do homem para atender às suas necessidades de ferramentas de
trabalho seja no campo ou de uso doméstico, foi a base dos primeiros produtos
identificados como artesanato. A partir desta necessidade de fabricação própria
de suas peças utilitárias, o homem passa a expressar características pessoais,
sociais, históricas e todo o seu contexto cultural nestas peças, dando-lhes
formas e identidades únicas e agregando assim o valor cultural a estes produtos,
que hoje ultrapassa a necessidade cotidiana de objetos para uso laboral e entra
nos lares e ambientes enquanto objetos simultaneamente úteis, quando de seu
uso funcional, e artísticos enquanto objetos decorativos e conceituais. A seguir,
algumas funcionalidades definidas a partir dos elementos distintivos que
qualificam os produtos de acordo com seu uso e destino.
Conceitual – Objetos cuja finalidade principal é externar uma reflexão, discurso
ou conceito próprio de quem o produz, seja este um indivíduo ou comunidade.
Em feral estes produtos estão ligados à necessidade de auto-afirmação social e
cultural de um determinado grupo e por isto mesmo muitas vezes aproximam-se
da arte popular e com esta se confundem.
Adornos e/ou acessórios adereços – Objetos que visam complementar a
harmonia do conjunto, tanto no vestuário feminino quanto no masculino. No
artesanato normalmente estão inseridos no contexto da moda, compreendendo
as jóias, bijuterias, cintos, bolsas, fitas, entre outros.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
18
Decorativo – A principal característica do objeto decorativo é ornamentar
ambientes, dispondo formas e cores, com a finalidade de harmonizar espaços de
convívio.
Educativo – Objetos, geralmente em forma de jogos, que propõem
metodologias inovadoras, em contextos de ensino-aprendizagem de abordagem
interacionista, e que visam atuar na capacidade do usuário de se modificar, de
aprender novas habilidades e assimilar novos conhecimentos.
Lúdico – Objetos produzidos para o entretenimento de adultos e crianças e
representação do imaginário popular, intimamente relacionados com as práticas
folclóricas e tradicionais, tendo por finalidade facilitar e tornar a brincadeira
prazerosa, além de desenvolver a capacidade criadora e cognitiva, incluindo-se
nesta categoria alguns tipos de jogos, os brinquedos populares, instrumentos
musicais tais como berimbaus, instrumentos de percussão, bonecos, máscaras e
outros.
Religioso/místico/litúrgico – Peças que buscam traduzir uma crença ou um
conjunto de crenças relacionadas aos cultos e com aquilo que o artesão
considera como sobrenatural, divino e sagrado. São produtos de finalidade
ritualística e que podem ser utilizados em práticas religiosas ou místicas,
reforçando os sentimentos de fé e elevação espiritual.
Utilitário – Peças produzidas para satisfazer as necessidades dos seres
humanos sejam no trabalho ou na atividade doméstica. Peças cujo valor é
determinado pela importância funcional e não por seu valor simbólico.
Profano – Objetos artesanais e/ou de arte popular, que retratam cenas do
cotidiano do homem ou animal voltado para sexualidade.
Lembranças/souvenir – Objetos representativos de uma região ou evento,
adquiridos ou distribuídos com a finalidade de preservar, resgatar memórias e
presentear. A aquisição ou distribuição de lembranças/souvenir é prática
comum em várias culturas. Sua confecção e comercialização constituem
atividade econômica com interface nos setores turístico e de serviços,
principalmente os relativos à promoção de eventos.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
19
Foto: Der Rhor Thej
2.5 Classificação dos Núcleos de Produção Artesanal
Como destacamos em um dos cinco pontos primordiais que caracterizam o
artesanato no Brasil, a organização da produção e comercialização em núcleos
é uma das características do setor, e apresentamos a seguir as principais
organizações nucleares encontradas em nosso país.
Grupos de produção artesanal – organização informal de artesãos atuando no
mesmo segmento artesanal (até duas tipologias e que se valem de acordos
informais, como: aquisição de matéria-prima e/ou de estratégias promocionais
conjuntas e produção coletiva.
Núcleos de produção familiar – A força de trabalho é constituída por membros
de uma mesma família, alguns com dedicação integral e outros com dedicação
parcial ou esporádica. A direção dos trabalhos é exercida pelo pai ou pela mãe
(dependendo do tipo de artesanato que se produza) que organizam os trabalhos
de filhos, sobrinhos e outros parentes. Em geral não existe um sistema de
pagamentos prefixados, sendo as pessoas remuneradas de acordo com suas
necessidades e disponibilidade de um caixa único, podendo ser formais ou
informais;
Núcleos mistos – artesãos que trabalham com diferentes matérias-primas e
técnicas de produção, que se unem formalmente ou informalmente, para integrar
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
20
os processos de desenvolvimento de produtos, buscarem benefícios comuns e
estabelecer estratégias conjuntas de promoção e comercialização.
Associação – instituição de direito privado, sem fins lucrativos, constituída com
o objetivo de defender e zelar pelos interesses de seus associados. Regida por
estatuto social, com uma diretoria eleita em assembléia para períodos regulares.
A quantidade de sócios é ilimitada.
Cooperativa – entidade e/ou instituição autônoma de pessoas que se unem,
voluntariamente, com número variável de pessoas, não inferior a 20
participantes, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e
culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e
democraticamente gerida (CLT). O objetivo essencial de uma cooperativa na
área do artesanato é a busca de uma maior eficiência na produção com ganho
de qualidade e de competitividade em virtude do ganho de escala, pela
otimização e redução de custos na aquisição de matéria-prima, no
beneficiamento, no transporte, na distribuição e venda dos produtos.
Empresa artesanal - São núcleos de produção que evoluíram para a forma de
micro ou pequenas empresas, com personalidade jurídica, regida por um
contrato social. Como quaisquer empresas privadas, buscam vantagens
comerciais para continuar a existir. Empregam artesãos e aprendizes
encarregados da produção e remunerados, em geral, com um salário fixo ou
uma pequena comissão sobre as unidades vendidas.
2.6 Tipologias do Artesanato a partir da Matéria Prima
Também podemos classificar o artesanato a partir de sua matéria-prima,
que é considerada toda substância principal, de origem vegetal, animal ou
mineral, utilizada na produção artesanal, que sofre tratamento e/ou
transformação de natureza física ou química, resultando em bem de consumo.
Ela pode ser utilizada em estado natural, depois de processadas
artesanalmente/ industrialmente ou serem decorrentes de processo de
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
21
reciclagem/reutilização, e por vezes determina as ferramentas com as quais o
artesão deverá lidar.
A partir das principais matérias primas encontradas e utilizadas em nosso
país, apresentamos um diagrama elaborado por Barroso Neto, que aponta as
relações entre estas e os ofícios de delas derivam, sendo um bom quadro de
observação do segmento..
FIGURA 1 – Eduardo Barroso Neto
7
Mesmo sendo estas as principais matérias primas apontadas para uso em
nosso país, pelo que concordamos com o autor desta figura, listamos a seguir,
com maior detalhamento, todas as matérias consideradas pela Portaria N° 29 do
MDIC para base de definição do PAB, e com as quais buscaremos trabalhar
neste documento técnico.
7 BARROSO, Eduardo. Apostila Curso Artesanato – Módulo 1. Fórum Brasileiro de Economia
Solidária. (p 11)
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
22
Matéria-prima natural de origem animal, vegetal e mineral
Areia colorida – Técnica de composição de imagens com areia colorida em
recipientes transparentes. Em geral são usados sedimentos com pigmento
natural ou artificial.
Borracha – Esta tipologia abrange a produção artesanal que utiliza as borrachas
naturais, que é o produto sólido obtido pela coagulação de látices de
determinados vegetais, sendo o principal a Hevea Brasiliensis. A borracha é um
produto natural procedente do látex, de acidez neutra, com grande elasticidade,
inodoro e sem resíduo. Ela sofre uma série de preparos para adquirir os
requisitos da elasticidade, dureza, resistência etc., o que fazem dela um dos
produtos de consumo mais necessários no mundo moderno. No artesanato são
considerados os objetos confeccionados a partir da utilização da borracha
processada naturalmente.
Ceras, massas, gesso e parafina – Nesta tipologia enquadram-se a confecção
de objetos a partir de técnicas de modelagem de ceras, massas, gesso e
parafina.
I. As ceras são matérias-primas maleáveis produzidas tanto por animais,
como extraídas de vegetais. Como por exemplo, a cera de abelha, muito
utilizada na modelagem de miniaturas de figuras humanas, animais e
réplicas de casas.
II. A parafina é derivada do petróleo, matéria-prima essencial na fabricação
de velas, por sua propriedade combustível. Outras aplicações comuns à
parafina incluem: cosméticos, giz de cera, tintas, pinturas, entre outros.
III. O gesso é uma substância produzida a partir do mineral gipsita, composto
basicamente de sulfato de cálcio hidratado. Normalmente é encontrado
na forma de pó branco que, misturado à água, endurece rapidamente,
adquirindo forma definitiva de oito a doze minutos.
IV. As massas são resultantes de misturas de materiais, caracterizadas pela
sua consistência pastosa e maleável. Entre as mais usadas na produção
artesanal estão: a massa de porcelana fria ou biscuit e as argamassas,
que tem como componentes básicos cimento, areia e água.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
23
Chifres e ossos, dentes e cascos – Nesta tipologia são enquadrados os
artefatos em que predomina a utilização de chifres, cascos, dentes e ossos
como matérias- primas desde que não sejam de espécies constantes na lista
oficial da fauna brasileira ameaçada de extinção, e dos anexos I e II do
Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de
Extinção (CITES) e órgão ambiental do Estado.
Conchas e escamas de peixes – Tipologia caracterizada pela utilização dos
diversos tipos de conchas e escamas de peixes. São matérias-primas obtidas de
animais aquáticos.
Couro, peles, penas, cascas de ovos e crina de cavalo – Compreendem os
artigos trabalhados com couro, que é a pele curtida de animais, peles, penas,
cascas de ovos e crina de cavalo, utilizados como materiais para a confecção de
diversos artefatos para o uso humano, destacando-se os objetos de uso pessoal,
utilitários, artigos para decoração e instrumentos musicais.
Fibras vegetais – Fibra é a denominação genérica de qualquer estrutura
filamentosa, geralmente sob forma de feixe, encontrada nos tecidos animais e
vegetais ou em algumas substâncias minerais. São matérias-primas moles e
flexíveis e que, trançadas, possuem diversos usos, principalmente na
manufatura de cestarias e móveis.
I. Qualquer produto artesanal que contenha matéria-prima da fauna e da
flora silvestre deve conter a informação quanto a sua origem e registro
junto ao IBAMA. Todos os produtos de ordem natural devem conter a
informação quanto a sua ordem e registro junto ao IBAMA.
Fios e tecidos – Apesar dos fios e tecidos serem produzidos a partir de fibras
têxteis, constituirão uma tipologia específica devido à diversidade de produtos
confeccionados e técnicas que os utilizam como material básico. Os fios e
tecidos podem ser confeccionados com fibras:
I. Naturais - extraídas da natureza, livres de transformações químicas, e
beneficiadas pelo homem.
II. De origem animal - seda, lã, peles e couro de animais.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
24
III. De origem vegetal - algodão, linho, rami, cânhamo, juta, sisal, paineira,
coco, entre outros.
Madeira – Nesta tipologia serão considerados os produtos confeccionados com
madeira e seus derivados (MDF, aglomerados e compensados), compreendendo
desde móveis e utilitários produzidos na marcenaria, objetos e adornos feitos
com madeiras torneadas e outros decorrentes das diversas técnicas existentes
para processamento da mesma, excetuando-se os papéis artesanais que
constituem uma tipologia específica.
Metais – Entre os metais mais utilizados na produção artesanal encontram-se
chapas de ferro galvanizado, folhas de zinco, folha de flandres, alumínio,
estanho, bronze, cobre e prata.
Papel – Apesar de o papel ser um emaranhado de fibras vegetais, será
considerado como tipologia específica, devido à multiplicidade do seu uso na
produção artesanal. Entende-se por trabalhos manuais, nesta tipologia, desde as
folhas de papel reciclado e artesanal, bem como os objetos em que predomina o
papel como matéria-prima, sejam papéis artesanais ou industrializados, em
técnicas de montagem, colagem, dobraduras e modelagem de papel marchê.
Pedras – Enquadra-se nesta tipologia todo objeto resultante de intervenções
artesanais utilizando os mais diversos tipos de pedras existentes no Brasil.
Sementes, casca, raizes, flores e folhas secas – Nesta tipologia serão
considerados os produtos confeccionados com produtos florestais não-
madeireiros: sementes, cascas, raízes, flores e folhas secas.
Vidro – O vidro é uma substância obtida através do resfriamento de uma massa
líquida a base de sílica. Em sua forma pura, vidro é um óxido metálico super
resfriado, transparente e de elevada dureza. Sua manipulação só é possível
enquanto fundido (a 1550ºC), quente e maleável.
I. No artesanato a produção predominante é resultante da reciclagem, em
que o vidro é derretido a uma temperatura de 850ºC, possibilitando a
produção de novos objetos e utensílios. Nos processos de reciclagem os
cacos de vidro funcionam como matéria-prima balanceada, pois
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
25
economiza energia já que atinge o ponto de fusão em temperatura menor
que a massa a base de sílica.
Foto: Cabeça Feita
Matéria-prima de origem processada – artesanal, industrial e com
processos mistos
Argila (barro) – Enquadram-se nesta tipologia toda espécie de objeto produzido
com argilas, decorados ou não. A argila é caracterizada pela textura terrosa, de
granulação fina e que adquire plasticidade quando umedecida com água, rigidez
após secagem, e dureza após a queima em temperaturas elevadas (cerâmica).
São formadas essencialmente por silicatos hidratados de alumínio, ferro e
magnésio. Dentre os diversos tipos de argila, as mais utilizadas no artesanato
são:
I. Argilas de bola (Ball Clay): Argilas muito plásticas, de cor azulada ou
negra, apresenta alto grau de contração tanto na secagem quanto na
queima. Sua grande plasticidade impede que seja trabalhada sozinha, fica
pegajosa com a água. É adicionada em massas cerâmicas para
proporcionar maior plasticidade e tenacidade à massa. Vitrifica aos
1300°C.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
26
II. Grés: Argila de grão fino, plástica, sedimentária e refratária - que suporta
altas temperaturas. Vitrificam entre 1250 - 1300°C. Nelas o feldspato atua
como material fundente. Após a queima sua coloração é variável, vai do
vermelho escuro ao rosado e até mesmo acinzentado do claro ao escuro.
Em sua composição não entram argilas tão brancas ou puras como na
porcelana o que apresenta possibilidades de coloração avermelhada,
branca, cinza, preta, etc. Depois de queimadas são impermeáveis,
vitrificadas e opacas. A temperatura de queima vai de 1150°C a 1300°C.
III. Terracota ou argila vermelha: São plásticas com alto teor de ferro e
resistem a temperaturas de até 1100°C, porém fundem em uma
temperatura maior e podem ser utilizadas com vidrados para grés.
Quando queimada adquire coloração que vão do creme aos tons
avermelhados, o que mostra o maior ou menor grau da percentagem de
óxido de ferro.
IV. Massa para louça (faiança): A massa da louça é menos rica em caulim do
que a porcelana, e é associada a argilas mais plásticas. São massas
porosas, de coloração branca ou marfim, que requer e precisam de
posterior vitrificação.
V. Argila de Polímero: Material conhecido no Brasil como cerâmica plástica
cuja característica especial é a plasticidade e fácil manuseio.
VI. Porcelana: Produto branco impermeável e translúcido. Ela se distingue de
outros produtos cerâmicos, especialmente, da faiança e da louça, pela
sua vitrificação, transparência, resistência, completa isenção de
porosidade e sonoridade.
Fios e tecidos
I. Químicos - Fios de tecidos químicos são produzidos a partir de
transformações químicas de materiais e são divididos em artificiais e
sintéticos. Artificiais - produzidas a partir da celulose, substância fibrosa
encontrada na pasta de madeira ou no linter de algodão, daí serem
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
27
também conhecidas por fibras celulósicas. As fibras artificiais mais
conhecidas são viscose, o rayon, acetato e triacetato.
II. Sintéticas - São fibras obtidas através de síntese química a partir do
petróleo, sendo as mais usuais: poliéster (tergal), polipropileno, a
poliamida (nylon), acrílica (dracon), elastano (lycra). Os fios podem ser
linhas, cordões, cordas, meadas e tiras. São utilizados, entre outras
técnicas, na tecelagem manual, nos bordados, na confecção de rendas,
no crochê, no tricô e no macramé. Os tecidos podem ser artesanais e
industriais. São empregados em diversas técnicas que utilizam a costura
artesanal como técnica básica, na confecção de roupas e acessórios, no
patchwork, como base para bordados, na confecção de bonecos, entre
outros.
Materiais sintéticos – Sua origem é industrial e, geralmente são materiais de
baixo preço, com larga distribuição em todo o território nacional, principalmente
nos meios urbanos. As diferentes características dos materiais sintéticos são
usadas para classificá-los: os deformáveis termicamente são chamados
termoplásticos, os resistentes ao calor são chamados termofixos e os materiais
elásticos são chamados elastômeros.
I. O fator preço, em alguns casos, tem servido para a substituição de
matérias-primas naturais pelas sintéticas, mesmo na produção de
artesanato tradicional.
II. Nesta tipologia serão enquadrados os produtos em que predominam
esses materiais. Entre os mais conhecidos estão diversos tipos de
espumas, resinas, borrachas, isopor, plásticos, acrílico, fibras acrílicas,
massa epóxi.
Produtos que exigem certificação de uso
Alimentos e bebidas – Esta tipologia compreende a produção de alimentos
reconhecidos em seus Estados como típicos, produzidos em pequena escala, de
forma artesanal, que utilizam matéria-prima regional e, preferencialmente, sem
adição de essências e corantes artificiais.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
28
Aromatizantes de ambientes e cosméticos – Trabalhos que envolvem a
produção artesanal de aromatizantes (odorizantes) de ambientes e cosméticos,
produzidos com essências aromáticas próprias para perfumar o corpo ou o
ambiente. As essências são extraídas de flores, folhas, raízes, frutos obtendo-se
variedades de fragrâncias e cores.
Brinquedos – Os produtos destinados ao público infantil devem observar a
norma de certificação de brinquedos no Brasil, visto seu caráter compulsório
(obrigatório), conforme norma brasileira NBR 11786 – Segurança do brinquedo,
publicada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e
regulamentada pela Portaria Inmetro nº. 177, de 30 de novembro de 1998.
Portanto, os brinquedos e jogos educativos artesanais, para serem
disponibilizados no mercado, devem obter a certificação.
Concluindo este primeiro capítulo que trata de buscarmos linhas
norteadoras para a conceituação do artesanato brasileiro, apontamos ainda uma
observação de extrema importância para definição das políticas públicas
voltadas ao setor, principalmente quando originadas do Ministério da Cultura.
Trata-se da devida valoração cultural do artesanato, a partir de algumas
características de sua produção. A ausência de uma melhor definição destes
produtos e processos produtivos pode acarretar erros tais como a
implementação de programas e políticas públicas padronizadas para produtos e
artesão tão díspares quanto a multiplicidade da criatividade brasileira.
E como proposta de auxiliar nesta visão analítica, apresentamos outro
gráfico elaborado por Barroso Neto que bem expressa nosso conceito de
artesanato, quando buscamos unir os valores culturais e as escalas de produção
das peças, sendo estes pontos fortes e fundamentais para nossa definição de
artesanato no Brasil e concordando com o autor quando informa que “Neste
processo vamos observar que quanto menor é a escala de produção, tendendo
às peças únicas ou exclusivas seu valor nominal económico tende a ser maior,
valor este que eleva-se ainda mais quanto maior for seu valor cultural. Deste
modo, o direcionamento das políticas artesanais deve considerar as
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
29
especificidades do produtos com a capacidade económica dos consumidores
visados.” 8
2.7 Dados sobre o Setor
Segundo a Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC 2006),
realizada pelo IBGE em parceria com o Ministério da Cultura, 64,3% dos
municípios brasileiros possuem algum tipo de produção artesanal, sendo a
principal atividade artística nos municípios e como uma de nossas mais
importantes manifestações culturais, seguida em boa parte por atividades
ligadas à música e a dança.
Em 2006, conforme a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e
Investimentos - APEX, o Brasil exportou R$ 1,41 milhão em artesanato, sendo
R$ 847 mil oriundos de Minas Gerais, que lidera o ranking nacional no
segmento. No fim de 2006, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE) elegeu, por meio do prêmio TOP 100 de Artesanato, as cem
unidades produtoras mais competitivas do Brasil, de acordo com critérios de
gestão e foco em mercado. Em 2007, SEBRAE e APEX formaram parceria para
a divulgação do artesanato brasileiro no exterior; cerca de 2.700 artesãos
8 BARROSO, Eduardo. Apostila Curso Artesanato – Módulo 1. Fórum Brasileiro de Economia
Solidária. (p. 24)
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
30
envolvidos nos projetos de exportações da APEX venderam ao exterior US$ 11
milhões.
Com relação às informações sobre os brasileiros que vivem da produção
artesanal, existem no Brasil 8.5 milhões nesta situação, segundo pesquisa do
IBGE de 2001, e à época da pesquisa, faziam gerar uma arrecadação bruta
nacional de R$ 52 bilhões ao ano.
E conforme o relatório do IPEA/MDIC sobre a Distribuição Espacial da
Atividade Artesanal segundo a Pesquisa de Informações Básicas Municipais
Munic/2009, realizado pelo IBGE observamos que o Bordado é a atividade
artesanal mais presente na grande maioria dos municípios brasileiros (75%),
conforme vê-se abaixo:
Brasil: Atividades Artesanais Mais Significativas nos Municípios Atividades Artesanais
Quantidade de Atividades
% do Total de Atividades
% Acumulado % do Número de Municípios
Bordado 4.081 28,3 28,3 73,3
Madeira 1.900 13,2 41,5 34,1
Culinária típica 1.419 9,8 51,4 25,5
Barro 1.142 7,9 59,3 20,5
Material reciclável
954 6,6 65,9 17,1
Fibras vegetais 811 5,6 71,5 14,6
Tapeçaria 679 4,7 76,2 12,2 Couro 596 4,1 80,4 10,7
Fios e fibras 563 3,9 84,3 10,1
Frutas e sementes
496 3,4 87,7 8,9
Outros 437 3,0 90,8 7,9
Renda 374 2,6 93,4 6,7
Tecelagem 370 2,6 95,9 6,6
Pedras 178 1,2 97,2 3,2
Conchas 173 1,2 98,4 3,1
Vidro 105 0,7 99,1 1,9
Metal 84 0,6 99,7 1,5
Pedras preciosas
46 0,3 100,0 0,8
Totais 14.408 100,0
Fonte: MUNIC/IBGE – 2009 - Elaboração: IPEA/DISOC 9
9 MDIC/IPEA. Distribuição Espacial da Atividade Artesanal segundo a Pesquisa de
Informações Básicas Municipais Munic/2009 do IBGE. Brasília, 2012.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
31
Mesmo assim, apesar de ser a maior força de trabalho deste país, o
segmento artesanal nunca conseguiu se organizar. Sua profissão, apesar de não
ter ainda sido regulamentada pelo Congresso Nacional, compõe a Classificação
Brasileira de Ocupações – COB, mas pouco ou quase nunca é medida
oficialmente e sistematicamente pelo IBGE.
Com todas as dificuldades apontadas pelas novas tecnologias e modos de
produção mais adequadas ao sistema capitalista de produção e consumo, a
atividade artesanal vive em constante adequação á estas transformações e,
segundo Nestor Garcia Canclini “é necessário preocupar-se menos com o que
se extingue do que com o que se transforma”. Segundo ele, houve um aumento
no número de artesãos, uma vez que “seus produtos mantêm funções
tradicionais (dar trabalho aos indígenas e camponeses) e desenvolvem outras
modernas: atraem turistas e consumidores urbanos que encontram nos bens
folclóricos signos de distinção, referências personalizadas que os bens
industriais não oferecem (CANCLINI, 2008, p. 22).10
Segundo o relatório A legislação existente no Brasil que dispõe sobre a
profissão de artesão, e os projetos sobre a matéria apresentados ao Congresso,
elaborado pela Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados em 2004 “Não
encontramos nenhum lei federal que regulamenta a profissão de artesão.
Encontramos, todavia, três decretos federais que tratam da política da União
para o artesão e para o artesanato:
Ainda segundo a COB “Os profissionais desta família ocupacional criam e
confeccionam produtos artesanais utilizando-se de vários tipos de matérias
primas, tais como: fibras, madeira, pedras, sementes e cascas, tecidos, metais,
couro, látex dentre outros. Para tanto, utilizam-se de várias técnicas de
tratamento, preparação e transformação das matérias primas utilizadas.
Finalizam seus produtos de modo que os mesmos retratem a cultura local e
identifiquem seu autor. São responsáveis pela comercialização de seus produtos
10 CANCLINI, Néstor García. Culturas Híbridas - estratégias para entrar e sair da
modernidade. São Paulo: EDUSP, 2008. (p. 22)
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
32
como também do gerenciamento de seus negócios.” e estão cadastrados os
seguintes artesãos, com seus respectivos códigos:
7911-05 - Artesão bordador
7911-10 - Artesão ceramista
7911-15 - Artesão com material reciclável
7911-20 - Artesão confeccionador de biojóias e ecojóias
7911-25 - Artesão do couro
7911-30 - Artesão escultor
7911-35 - Artesão moveleiro (exceto reciclado)
7911-40 - Artesão tecelão
7911-45 - Artesão trançador
7911-50 - Artesão crocheteiro
7911-55 - Artesão tricoteiro
7911-60 - Artesão rendeiro
Apesar desta necessidade de reconhecimento profissional, vale relembrar
que, segundo o documento “Representatividade do Segmento Artesanal
Brasileiro”, emitido pelo Instituto Centro de Capacitação e Apoio ao
Empreendedor – CAPE “o segmento artesanal brasileiro foi o primeiro
exportador destas terras, quando Pêro Vaz Caminha levou ao Rei de Portugal no
ano de 1.500, um colar de continhas brancas e um cocar de penas vermelhas.
confeccionados manualmente pelos índios brasileiros. Somos os únicos que
podemos dizer com certeza que temos 510 anos de exportação para a Europa.”
11
Com muito pouco material de observação sobre a atuação do artesanato
no mercado brasileiro, o que gera uma dificuldade de levantamento de dados
para o setor, apontamos as informações mais recentes que encontramos em
nossa pesquisa, também disponibilizados pelo Centro CAPE, onde uma
pesquisa elaborada pelo Vox Populi buscou o perfil do artesão, a partir de um
total de 6.707 artesãos representados na 23ª Feira Nacional de Artesanato
realizada no Expominas em Belo Horizonte em 2012, sendo esta a 8ª rodada
11 CENTRO CAPE. Representatividade do Segmento Artesanal Brasileiro. Disponível em
http://www.centrocape.org.br/centrocape/
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
33
desta pesquisa que já aconteceu nos anos de 2005, 2007, 2009, 2010, 2011 e
2012, e de onde destacamos alguns pontos12:
I. 873 artesãos estiveram presentes na Feira e 5.834 artesãos, ainda que
ausentes, tiveram seus trabalhos representados na Feira, mas
responderam às questões de um segundo questionário tratando do
artesão representado;
II. Do total de artesãos, 75% é do sexo feminino e 25% masculino;
III. A cada ano a idade média do artesão aumenta, sendo em 2012, de 48
anos, e demonstrando a falta de renovação e inserção da juventude neste
segmento criativo;
IV. 44% tem o ensino médio, 36% ensino superior e 19% até a 8ª Série do
ensino fundamental, sendo que 1% não respondeu. Mas no decorrer dos
anos a escolaridade relativa ao ensino superior crescer de 29% em 2005
para 36% em 2012, demonstrando um interesse e maior oportunidade de
formação superior;
V. A maioria dos artigos tem a função de utilitário (77%), seguido por roupas -
Adornos e/ou acessórios adereços (73%) e decorativos 51%, conforme
tabela descritiva abaixo:
Tipo de artesanatos presente na Feira ARTIGOS UTILITÁRIOS 77,8%
Uso pessoal 45,0%
Mesa 40,4%
Cozinha 26,9%
Sala 21,5%
Banho 6,5% ROUPAS 73,2%
Mesa, Cozinha 60,1%
Cama, Quarto 25,3%
Banho 24,8%
Roupas 20,4%
Cortinas, Capas 6,6%
Enxoval para bebê 1,9%
ARTIGOS PARA DECORAÇÃO 51,8%
12 VOX POPULI. Relatório da Pesquisa de Perfil do Artesão 2005/2012. Disponível em
http://www.grupodedesenvolvimento.org.br/Content/uploads/bd2b00ee-b880-40ca-8680-0473774f49b1.pdf
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
34
Arranjos, adornos 41,3%
Animais 23,6%
Maquetes, esculturas, miniaturas 14,9%
Quadros, painéis, placas 13,6%
Iluminação 8,4%
ARTIGOS RELIGIOSOS, MÍSTICOS 28,5%
Artigos religiosos 20,2%
Decoração de natal 13,2%
Artigos místicos 6,2%
TAPETES 23,8%
BRINQUEDOS, JOGOS 21,0%
BIJUTERIAS, JÓIAS 18,0%
MÓVEIS 16,3%
PAPELARIA 14,8%
PRODUTOS GASTRONÔMICOS 8,6%
BEBIDAS 7,2%
CALÇADO 3,4%
COSMÉTICOS 3,2%
INSTRUMENTOS MUSICAIS 1,9%
ARTIGOS PARA ANIMAIS 1,0%
ARMAMENTO 0,2%
VI. Quanto a matéria prima, 62% é de origem têxtil, 52% material para
acabamento, 35% metais, 30% madeiras a afins e fibras, palhas,
sementes, folhas 28%. Neste ponto conforme o relatório, destacamos que
em 2012 houve uma continuidade de queda observada no consumo dos
materiais de origem animal, das plantas e essências naturais, das
miçangas/pedrarias e dos têxteis. Por outro lado, observa-se o crescimento
do uso de alguns produtos, com destaque para os materiais para
acabamento, as fibras/palhas/sementes/folhas, os plásticos/ borracha e os
materiais têxteis (em especial tecidos e linhas);
VII. Quanto ao modo de produção, 64% dos artesãos informaram que usam
ajudantes. Comparando o número médio de pessoas que trabalham para
os artesãos de 2005 a 2012, observou a pesquisa que o estudo de 2012
aponta 4,08 pessoas por artesão, mantém-se próximo da média de 5
ajudantes por artesão, observada nos anos anteriores;
VIII. Dos 1169 artesãos entrevistados somente 14% declarou ter exportado no
ultimo ano, sendo destes , a maioria da região Norte. Com relação à
exportação, de 2007 para 2008 houve um aumento de 52% nas
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
35
exportações dos artesãos entrevistados. Os números ainda apontam
também que o artesão que exporta: emprega 20% mais; vende mais no
mercado interno; tem um custo menor do que o artesão que não exporta.
2.8 Marcos Legais
Aos nos debruçarmos sobre os marcos legais para a atividade artesanal no
Brasil nos deparamos com a pouca atuação da legislação a favor desta atividade
que ainda busca a regulamentação da profissão do Artesão através do Projeto
de Lei 157/2012 que aguarda votação no Congresso Nacional, mas que depara-
se com toda a sorte de influências de outras pautas de maior força política, o
que provoca seu atraso.
Segundo o Projeto de Lei, denominado popularmente de Lei do Artesão ou
Estatuto do Artesão, a intenção através de sua aprovação é definir a profissão,
sua unidade produtiva e estabelecer ações de valorização profissional através
de normas que buscam, resumidamente, em identificar os profissionais;
contribuir para políticas públicas afirmativas; reforçar a consciência social da
importância das artes e ofícios artesanais; produção de dados estatísticos sobre
os artesãos; criar linhas de crédito especiais para fomento das atividades
artesanais; e criar a certificação de produtos artesanais.
Define ainda o Projeto de Lei que para o exercício profissional, o artesão
deverá requerer registro junto ao órgão federal responsável pela fiscalização das
relações de trabalho, que emitirá o Registro Profissional do Artesão, validado a
cada três anos, devendo cumprir requisitos previstos na Lei e com relação às
formas de organização da cadeia produtiva do artesanato, propõe que as
unidades produtivas artesanais sejam registradas com esta denominação
jurídica, de forma simplificada e gratuitamente, nas Juntas Comerciais, desde
que cumpram os requisitos estabelecidos na Lei, sendo a validade do registro
entre dois a cinco anos, nos termos do regulamento.
Ainda referente à necessidade de implementação de marcos legais por
parte do poder legislativo, foram registrados gargalos do setor artesanal por
diversos profissionais presentes ao I Seminário de Marcos Legais para
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
36
Economia Criativa Brasileira, realizado pelo Ministério da Cultura/Secretaria de
Economia Criativa, de onde destacamos as seguintes questões, apontadas a
partir de cinco eixos temáticos.
Eixo 1 - Produção simbólica da Diversidade Cultural:
Gargalo Transversal – Definição de ações de fomento ao setor;
Gargalos Específicos – Criação de edital específico de fomento ao
artesanato, regionalizando de forma a ampliar o acesso e assegurar maior
igualdade na distribuição de recursos federais
Eixo 2: Cultura, Cidade e Cidadania
Gargalo Transversal – Falta de estímulo a produção, circulação,
comercialização e intercâmbio da produção cultural.
Gargalos Específicos - Estimular a produção, circulação, comercialização e
intercâmbio da produção artesanal, garantindo o acesso aos pontos de
comercialização do artesão visitante, por meio de feiras e eventos
nacionais e regionais anuais, inclusive com a criação de feiras específicas
de produtos brasileiros nas 05 macrorregiões, com a efetiva participação
dos trabalhadores artesãos organizados na gestão destes eventos.
Eixo 3: Cultura e Desenvolvimento Sustentável
Gargalo Transversal – Incentivo à qualificação profissional; Estímulo à
pesquisa;
Gargalos Específicos - Ampliar e desenvolver programas públicos para
formação na área do artesanato, integrando os mestres artesãos e seus
conhecimentos, em parceria com instituições de ensino, visando à
capacitação técnica, ao estímulo à pesquisa, ao resgate de técnicas
tradicionais e garantindo ao artesão ensinar em estabelecimentos formais
de educação.
Eixo 4: Cultura e Economia Criativa
Gargalos Transversais – Articulação institucional; Iniciativas de fomento;
incentivo ao controle social.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
37
Gargalos Específicos - Criar um fórum interministerial com participação de
representantes do Setor de Artesanato, visando traçar estratégias
conjuntas voltadas para o desenvolvimento do setor artesanal e ampliar os
mecanismos de financiamento público e/ou privado, objetivando a
produção, divulgação e comercialização do artesanato e garantindo que,
onde houver dinheiro público, o artesão participe dos eventos sem custos.
Fortalecer o controle social sobre a aplicação destes recursos repassados
pelos órgãos públicos por meio de conselhos compostos por membros do
governo e da sociedade civil organizada do artesão.
Eixo 5: Gestão e Institucionalidade da Cultura
Gargalos Transversais – Articulação institucional e Criação de fóruns de
debate nos legislativos Estaduais e Municipais.
Gargalos Específicos - Promover espaços permanentes de diálogos e
fóruns de debate sobre o artesanato, aberto aos artesãos e suas
organizações nas casas legislativas do Congresso Nacional, Assembléias
Estaduais e Distrital, Câmaras Municipais e Ministérios que atuam na área,
inclusive objetivando a regulamentação da profissão do trabalhador
artesão.
Foto: Cape
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
38
2.9 - Incentivos Fiscais
Apesar de existirem diversas leis de incentivo fiscal voltadas às artes em
geral, tanto em âmbito nacional, quanto estaduais e municipais, observamos que
poucas propostas voltadas ao segmento do artesanato são contempladas ou
conseguem beneficiar de seus incentivos. E com vistas a compensar estas
diferenças visíveis nas leis tradicionais de incentivo fiscal com captação de
recursos por parte do proponente, a maioria dos governos estaduais apresenta
propostas de isenção ou redução do ISMC - Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e sobre Prestações de Serviços, conforme levantamento feito pelo
CDT/UNB13, que apresentamos a seguir.
UF Isenção/ redução
Detalhamento sobre a Legislação do ICMS e o Artesanato
AC Sim
Isenção de ICMS para artesãos cadastrados no SICAB (paga somente uma taxa da emissão da Nota Fiscal de R$14,28) CONVÊNIO ICMS 105/07, DE 13 DE AGOSTO DE 2007 Link: http://www.fazenda.gov.br/confaz/confaz/convenios/icms/2007/CV105_07.htm *Obs: CONVÊNIO ICMS 101, DE 28 DE SETEMBRO DE 2012 - Prorroga disposições de convênios que concedem benefícios fiscais. Link: http://www.fazenda.gov.br/confaz/confaz/convenios/icms/2004/..%5C2012%5CCV101_12.htm
AL Sim
Isenção de ICMS p/ emitir nota fiscal DECRETO Nº 35.245, DE 26 DE DEZEMBRO DE 1991 Link:http://tol.sefaz.al.gov.br/tol/modules/documentos/retornaDocumentoLink.jsp?NUM_DOCUMENTO=35245&NUM_ANO_DOCUMENTO=1991&COD_TIPDOC=DEC&COD_SETOR=
AP Não
AM Sim
RESOLUÇÃO 025/90 – SEFAZ/AM- Disciplina a isenção do ICMS sobre produtos de artesanato Link:http://www.sefaz.am.gov.br/areas/opcaosistemas/silt/normas/Legisla%C3%A7%C3%A3o%20Estadual/Resolu%C3%A7%C3%A3o%20GSEFAZ/Ano%201990/Arquivo/RG%20025%2090.htm)
BA Sim Isenção de ICMS para artesãos cadastrados no SICAB. DECRETO Nº 9.068 de 12 de abril de 2004 Link: http://governo-ba.jusbrasil.com.br/legislacao/77108/decreto-9068-04
CE Sim
Artesãos tem isenção de ICMS. DECRETO Nº 24.569, DE 31/07/1997 Link:http://www.legiscenter.com.br/minha_conta/bj_plus/direito_tributario/atos_legais_estaduais/ceara/decretos/1997/decreto_24569_de_04-08-
13 CDT/UnB. Resgatando A Cultura Para Competir No Mercado Inovador: Nova abordagem
de capacitação do Artesão Brasileiro. Brasília: CDT/UnB, 2012. (Pag. 122)
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
39
97.htm_
DF Sim Isenção de ICMS (Lei n° 83.290, de 13/03/79).
ES Sim Isenção de ICMS (Decreto n° 624-N, de 21/03/2001 e Regulamento Tributário do estado do Espírito Santo, art. 544).
GO Sim Convênio ICMS n° 130 de 17/12/2012
MA Sim
Isenção de ICMS e emissão de nota fiscal com Atestado da Coordenação Estadual Inciso VI, do Art. 1º, Anexo 1.1 do Anexo I do DECRETO Nº 19.714, DE 10/07/2003 http://www.legiscenter.com.br/minha_conta/bj_plus/direito_tributario/atos_legais_estaduais/maranhao/decretos/2003/decreto_19714_de_04-08-03.htm
MT Sim
Decreto Estadual nº 192/11 simplificou e disciplinou a aplicação da isenção tributária para o artesanato mato-grossense. O Decreto estipula que as suas mercadorias sejam isentas do ICMS, o artesão seja cadastrado no SICAB e possua a Carteira de Identidade do Artesão.
MS Sim Decreto n° 44.562/2007/Protocolo de Intenções n° 39/2007 - redução do ICMS de 7,12% ou 18% (conforme o caso) para 7% (o estado arca com 4%, restando 3% para as associações e cooperativas de artesãos.
MG Sim RICMS – 2002
PA Sim ICMS: DECRETO N.º 5.375, DE 11 DE JULHO DE 2002
PB Sim Isenção de ICMS - Inciso XXXIV, Art. 5º do Decreto 18.930/97 - PB (http://www.legiscenter.com.br/minha_conta/bj_plus/direito_tributario/atos_legais_estaduais/paraiba/decretos/1997/decreto_18930_de_19-06-97.htm)
PR Sim Decreto n° 40.035/2006 e Resolução Conjunta 05909 – SEDEIS/SEFAZ)
PE Sim Convênio ICMS n° 130 de 17/12/2012
PI Sim Decreto n°14.876/91
RJ Sim Regulamento do ICMS, Livro I, art. 9º, inciso LXVII
RN Sim Lei n° 11.390/2000
RS Sim Decreto Governamental n° 21.400 - 10/12/2002
RO Não -
RR Sim
Isenção total de ICMS para artesãos cadastrados na Coordenação estadual que possuem Carteira do Artesão. Inciso II, do Art 1º do Anexo I do DECRETO Nº 4.335-E, DE 03/08/2001 II – ARTESANATO - as saídas internas e interestaduais de produtos típicos de artesanato, promovida pelo próprio artesão ou por entidade da qual faça parte, quando confeccionado na sua própria residência e sem a utilização de trabalho assalariado (ver Convênio ICM 32/75); (http://www.legiscenter.com.br/minha_conta/bj_plus/direito_tributario/atos_legais_estaduais/roraima/decretos/2001/decreto_4335-e_de_23-08-01.htm) https://www.sefaz.rr.gov.br/legislacao.php
SC Sim LEI Nº 11390, DE 03 DE MAIO DE 2000 (DOE DE 03.05.2000)
SP Sim
DECRETO Nº 55.556, DE 11 DE MARÇO DE 2010 Link: http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/2010/decreto%20n.55.556,%20de%2011.03.2010.htm
SE Sim Decreto Governamental n° 21.400, de 10/12/2002
TO Sim Isento de recolhimento DECRETO Nº 2.912, de 29 de dezembro de 2006. Link: http://www.sefaz.to.gov.br/sefazto1/arquivos/LEGIS_1790.pdf
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
40
2.10 Programa Brasileiro do Artesanato - PAB
Segundo o documento de referência do PAB, o Programa do Artesanato
Brasileiro tem como principal objetivo gerar oportunidades de trabalho e de
renda, bem como estimular o aproveitamento das vocações regionais, levando à
preservação das culturas locais e à formação de uma mentalidade
empreendedora, por meio da preparação das organizações e de seus artesãos
para o mercado competitivo, com foco na cadeia produtiva do artesanato.
O PAB está vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior – MDIC, conforme Decreto n 1508, de 31 de maio de 1995,
compondo a estrutura do Departamento de Micro, Pequenas e Médias
Empresas, da Secretaria de Comércio e Serviços.
As ações do PAB têm como perspectiva a consolidação do artesanato
enquanto setor econômico de forte impacto no desenvolvimento das
comunidades, a partir da consideração de que a atividade artesanal é
disseminada em todo território nacional, possuindo variações e características
peculiares conforme o ambiente e a cultura regional. A produção artesanal
expressa características do ambiente e revela os traços culturais do artesão.
Portanto, a riqueza decorrente dessa diversidade ambiental e cultural é um dos
pontos fortes da produção artesanal brasileira, cujo valor agregado garante sua
competitividade no mercado.
O Programa atua na elaboração de políticas públicas envolvendo órgãos
das esferas federal, estadual e municipal, além de entidades privadas,
priorizando a geração de trabalho e renda, e o desenvolvimento de ações que
valorizem o artesão brasileiro, majorando seu nível cultural, profissional, social e
econômico.
Enquanto responsável pela elaboração de políticas públicas em nível
nacional, conta com a parceria das Coordenações Estaduais de Artesanato que
integram a estrutura de órgãos do estado e são unidades responsáveis pela
intervenção e execução das atividades de desenvolvimento do segmento.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
41
Sua estrutura orçamentária promove capacitação dos artesãos e
multiplicadores, feiras e eventos para comercialização de produtos artesanais e
estruturação produtiva do artesanato brasileiro, além de gestão e administração
do Programa. 14
Eixos de atuação do Programa do Artesanato Brasileiro - PAB
Gestão – visa promover a integração de iniciativas relacionadas ao artesanato e
a troca de experiências e aprimoramento na gestão de processos e produtos
artesanais.
Desenvolvimento do Artesanato – tem o objetivo de promover medidas para a
melhoria da competitividade do produto artesanal e da capacidade
empreendedora para maior inserção do artesanato brasileiro nos mercados
nacionais e internacionais
Promoção Comercial – o foco é a identificação de espaços mercadológicos
adequados à divulgação e comercialização dos produtos artesanais, a
participação em feiras, mostras e eventos nacionais e internacionais.
Sistema de Informação Cadastrais do Artesanato Brasileiro – SICAB - visa
conhecer e mapear o setor por meio de estudos técnicos e do cadastro do
artesão no Sistema com vistas à elaboração de políticas públicas para o
segmento.
Estruturação de núcleos para o artesanato – busca apoiar o artesão formalizado
em associações, cooperativas ou microempreendedor individual envolvidos em
projetos ou esforços para a melhoria de gestão do processo da cadeia produtiva
do artesanato por meio da construção ou reforma de espaços físicos
gerenciados pelos estados e municípios.
14 CDT/UnB. Resgatando A Cultura Para Competir No Mercado Inovador: Nova abordagem
de capacitação do Artesão Brasileiro. Brasília: CDT/UnB, 2012.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
42
2.11 Artesanato Brasileiro para Exportação
Carentes de maiores estruturas que possibilitem o escoamento da
produção, principalmente para o público do exterior, os artesãos brasileiros
recorrem a diversas formas de produção e comercialização de forma
colaborativas, destacando-se dentre elas os Projetos Setoriais Integrados.
Segundo Santos podemos considerar PSI uma operacionalização semelhante ao
consórcio, sendo que aqui não existe empresa jurídica comercial exportadora.
Cada participante fará a exportação diretamente através de sua empresa. Neste
caso, todos devem ser registrados como exportadores”15
O segmento artesanal no Brasil, em alguns casos com o apoio da Agência
de Promoção às Exportações - APEX, e em outros casos por iniciativa própria,
desenvolve diversos projetos que contemplam a execução de ações de
promoção de exportações, sendo que ao contar com o apoio da Agência, o
projeto é patrocinado em até 50% dos recursos necessários à execução das
ações programadas.
Para a aprovação, os projetos devem ser elaborados e apresentados por
instituições privadas sem fins lucrativos, representativas de setores da atividade
econômica, por cooperativas ou por grupo de empresas organizadas em
consórcios, com detalhamento das ações com os respectivos custos, além da
relação das empresas participantes, metas de exportação e geração de emprego
a serem obtidos até a conclusão do projeto.
Observamos um Termo de Participação em PSI de Artesanato destacamos
as características de participação do artesão, dentre elas:
Pagamento de uma Taxa de participação
Logística de exportação feita pela Instituição responsável pelo PSI;
Acréscimo de até 20% sobre os produtos, voltados para o custeio de
preparação para exportações (embalagens, transporte no próprio Estado,
logística, ex: articulação, conferência dos produtos e outros);
15 SANTOS. Evelynne Tabosa dos. Exportações de Artesanato do Ceará no Período de 2004
a 2006: Desafios e Oportunidades.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
43
Percentual de 30% no preço final dos produtos para o cliente (custeio
das exportações= Contêiner, despachante, taxas,armazenamento e outros)
Artesãos de outros Estados ou municípios devem custear o transporte de
seus produtos até a cidade sede da Instituição responsável pelo PSI;
Divulgação dos Produtos através do “Material Promocional do Projeto”,
feito pelo PSI;
Participação em Feiras no exterior e no Brasil;
Quantidade limitada de peças e peso e com suas devidas embalagens
Mostruário de 3 peças(coleção) que será utilizado em todos os eventos no
exterior, podendo ser vendido ou doado ao final do projeto.
Além dos PSIs, outras ações são desenvolvidas de forma colaborativa, e
hoje pode-se dizer que o produtor de artesanato brasileiro já possui uma maior
conscientização de sua importância e das necessidades e expectativas do
mercado internacional com relação às peças produzidas no Brasil. Dentre estas
ações apontamos algumas e suas respectivas instituições envolvidas, tais como:
Participação nas feiras Tendence e Ambiente/Frankfurt (Centro Cape,
Fazer Brasil e Instituto Cearense de Artesanato)
Participação na Maison Objet/Paris (Fazer Brasil, - Instituto Cearense de
Artesanato, Artest)
Participação na Intergift/Madri (Centro Cape, - Instituto Cearense de
Artesanato)
Participação na Revista O Brasil Feito a Mão realizado pelo Centro Cape
(todos estados brasileiros)
Participação no Projeto Comprador - Salão Especial realizado pelo Centro
Cape (Centro Cape, Fazer Brasil, - Instituto Cearense de Artesanato e
artesãos de todo o Brasil)
Projeto comprador Feira Nacional de Artesanato realizado pelo Centro
Cape (artesãos de todo o Brasil)
44
3. ARTESANATO NO SISTEMA MINC
Ao propor a elaboração do presente documento, tendo como base de
referência toda a política de participação social e escuta dos representantes de
setores criativos brasileiros, o Ministério da Cultura busca modificar a histórica
tendência de desenvolver programas, projetos e ações voltadas ao incentivo e
fomento da produção artesanal sem a participação dos próprios artesãos,
designando esta tarefa ao terceiro setor ou a agentes e agências de gestão ou
produção cultural.
Tal alerta nos é dado por Freeman, quando destaca que, ao negligenciar
a participação dos artesãos no desenvolvimento das políticas públicas, corre-se
“um risco maior de que o Estado esteja investindo em ações parcialmente
inclusivas. A oportunidade de desenvolver habilidades em gerir e procurar
soluções próprias é substituída por um processo”. 16
Sabemos que o MINC, durante a presidência de Fernando Henrique
Cardozo, concentrou sua política no incentivo de captação de recursos no
mercado e na promoção das iniciativas que tinham como base o marketing
cultural com o lema “cultura é um bom negócio”. Por mais tentativas e
discursos de conscientização do empresariado com relação ao marketing
cultural como estratégia de divulgação e seu investimento como opção natural
das empresas, o MINC falhou ao não promover outras ações de suporte a este
discurso e ao permitir que as deduções e usos de marcas ficassem ao doce
sabor do mercado, frustrando assim seus objetivos ao implantar as leis de
incentivo por isenção de impostos como estratégia de fomento à produção
cultural, fato este reconhecido e mensurado por diversos autores e pelo próprio
Ministério da Cultura.
Com o intuito de superar esta fase conturbada, e ainda com a intenção de
ampliar cada vez mais as instâncias de participação popular nas políticas
culturais, as recentes gestões do Ministério da Cultura vem desenvolvendo a
16 FREEMAN, Claire Santanna. Cadeia Produtiva da Economia do Artesanato – desafios
para o seu desenvolvimento sustentável. Editora e-livre, 2010. Disponível em
www.editoraelivre.com.br (pag. 41)
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
45
inserção de novos assentos para representantes de segmentos culturais no
Conselho Nacional de Políticas Culturais – CNPC.
Segundo a página de internet do MINC17 o CNPC, instalado em 19 de
dezembro de 2007, representa um marco político no processo de
fortalecimento das instituições do Estado e da participação social e trata-se de
um órgão colegiado integrante da estrutura básica do Ministério da Cultura,
sendo reestruturado a partir do Decreto 5.520, de 24 de agosto de 2005 e
tendo como finalidade propor a formulação de políticas públicas, com vistas a
promover a articulação e o debate dos diferentes níveis de governo e a
sociedade civil organizada, para o desenvolvimento e o fomento das atividades
culturais no território nacional.
Em agosto de 2011 reuniu-se pela primeira vez um Grupo de Trabalho
para Formação do Colegiado Setorial de Artesanato, que organizou juntamente
com os coordenadores do CNPC, da Secretaria de Articulação Institucional do
MINC e membros da Secretaria de Economia Criativa/MINC o Fórum Nacional
de Artesanato, voltado à eleição dos membros que iriam compor o primeiro
Colegiado do setor no âmbito do Ministério da Cultura.
Relativo ao processo de participação no Fórum e consequente
representação para a eleição de membros que comporiam o Colegiado de
Artesanato, destacamos que a metodologia de inscrição realizada
exclusivamente de maneira virtual dificultou a maior participação de artesãos
neste processo eleitoral. Muitas críticas foram apontadas, pelos próprios
artesãos, que reforçamos aqui no que se refere à divulgação do processo em si
e na flexibilização do modo de inscrição, uma vez que este segmento criativo,
apesar de ser o maior em todo o país como já observamos neste documento,
não possui em seu perfil profissionais com habilidades tecnológicas o suficiente
para que a categoria se fizesse representada durante o Fórum.
17 MINC. Conselho Nacional de Políticas Culturais. Disponível em
http://www.cultura.gov.br/cnpc/o-cnpc
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
46
Tal dificuldade foi refletida nos números finais do processo, onde das 27
Unidades da Federação, o sistema apresentou 270 inscrições, onde metade
(135) não foram validadas em sua maioria por falta de documentos,
comprovando a ausência de prática com o uso da internet e finalizando apenas
com 135 inscrições válidas. Deste quórum, saíram 15 candidatos
representando somente 09 estados brasileiros, conforme quadro que
observamos a seguir.
ELEIÇÃO PARA COLEGADO SETORIAL DE ARTESANATO
Estados Eleitores Validados p/
Estado
Candidatos Validados p/
Estado
Quociente Estadual
Vagas Delegados p/
Estado
Vagas Delegados
com Redistribuição
Eleitores Validados p/
Região
RR 11 3 6,6 6 6 0
TO 16 1 9,6 6 6 27
AL 27 2 16,2 6 6 0
PB 10 0 6 6 6 0
PE 23 2 13,8 6 6 60
GO 14 1 8,4 6 6 14
RJ 5 1 3 3 6 0
SP 7 2 4,2 4 6 12
RS 22 3 13,2 6 6 22 15 135
Total de Estados com Quórum Mínimo com Eleitores Validados 9
Total de Eleitores Validados dos Estados com Quórum Mínimo 135
Total de Candidatos Validados dos Estados com Quórum Mínimo 15
Total de Vagas dos Estados com Quórum Mínimo com Eleitores Validados 49
Total Final com Redistribuição de Vagas 54
Coeficiente Eleitoral com Eleitores Validados 1,67
As vagas do Colegiado deveriam seguir a seguinte destinação para os
representantes da sociedade civil: 05 – Representantes de Artesãos; 04 –
Representante de Instituições do Setor; 03 – Representantes do Segmento
Econômico e 03 – Representantes do Segmento Acadêmico. Mas como
somente 11 candidatos estavam presentes, o Fórum decidiu em distribuir as
vagas existentes entre os presentes de forma a concluir o processo de votação,
sendo eleitos por aclamação os seguintes delegados:
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
47
Representantes de Artesãos:
- Fernanda Bellinaso – São Paulo
- Nivaldo Jorge da Silva – Pernambuco
- Renato da Silva Moura – Tocantins
- Vânia Maria de Oliveira Santos – Alagoas
Representante de Instituições do Setor:
- Adriana Chaluppe dos Santos Araújo – Alagoas
Representante do Segmento Econômico:
- Reinaldo Custódio da Silva – São Paulo
Representantes Regionais:
Região Centro-Oeste – Abadia Maria de Oliveira
Região Norte – Darlindo Oliveira Pinto
Região Nordeste – Ivanilda Maria Morais e Silva
Região Sul – Marly Cuesta Télles de Conti
Região Sudeste – Edna dos Santos de Melo
Conselheiro:
- Renato da Silva Moura – Tocantins
Suplente:
- Abadia Maria de Oliveira – Goiás
Após eleição, o Colegiado Setorial de Artesanato do Conselho Nacional
de Políticas Culturais foi empossado em 14 de dezembro de 2012, e seguiu
com o objetivo de elaborar o Plano Setorial de Artesanato durante os 02 (dois)
anos de sua vigência, reunindo-se atualmente sob a articulação da Secretaria
de Economia Criativa, que também compõe o Colegiado junto a outros
representantes da Secretaria de Articulação Institucional/MINC; Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN; Ministério do Turismo e
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
48
3.1 Secretaria de Economia Criativa
Recentemente criada através do Decreto 7743, de 1º de junho de 2012, a
Secretaria de Economia Criativa – SEC do MINC é responsável por conduzir a
formulação, a implementação e o monitoramento de políticas públicas para o
desenvolvimento local e regional, priorizando o apoio e o fomento aos
profissionais e aos micro e pequenos empreendimentos criativos brasileiros. O
objetivo é contribuir para que a cultura se torne um eixo estratégico nas
políticas públicas de desenvolvimento do Estado brasileiro. No Conselho
Nacional de Política Cultural (CNPC), a SEC coordena quatro: Artesanato,
Arquitetura, Design e Moda.
Além da coordenação das atividades do Colegiado Setorial de Artesanato,
a Secretaria de Economia Criativa lançou o Edital Vitrines Culturais em parceria
com a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, vinculada à Presidência da
República e do SEBRAE, contando ainda com o apoio do IPHAN/MINC e do
Ministério do Desenvolvimento Agrário, por meio do projeto Talentos do Brasil
Rural Contemporâneo.
O Edital exigia que os candidatos fossem cadastrados no Sistema de
Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (SICAB), coordenado pelo
Programa do Artesanato Brasileiro (PAB) e seu objetivo foi promover, entre 12
de junho e 13 de julho de 2014, exposições e comercialização de artesanato de
alta qualidade de todos os estados do Brasil na Fifa Fan Fest e espaços
culturais de sete cidades-sede dos jogos: Manaus, Recife, Salvador, Belo
Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.
O edital teve 815 propostas enviadas, sendo 31 do Centro-Oeste, 184 do
Nordeste, 108 do Norte, 382 do Sudeste e 110 da Região Sul. Dos inscritos,
foram selecionados 241 projetos de artesãos e grupos de artesãos de 22
estados, sendo peças artesanais, de valor simbólico e estético, que expressam
atributos culturais brasileiros.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
49
No momento, a SEC juntamente aos membros do Colegiado Setorial de
Artesanato estão empenhados em realizar consulta pública para finalização do
Plano Setorial de Artesanato, que conduzirá as políticas para o setor, a serem
desenvolvidas nos próximos anos.
3.2 Programa de Promoção do Artesanato de Tradição Cultural
(PROMOART)
Desenvolvido pelo Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular/IPHAN,
em parceria com o Programa Mais Cultura, que integrava a Secretaria de
Articulação Institucional do Ministério da Cultura, o Programa de Promoção do
Artesanato de Tradição Cultural (Promoart) foi o política cultural mais
específica desenvolvida pelo MINC para o setor até o momento, tendo sido
criado para apoiar grupos produtores de artesanato tradicionais em busca do
desenvolvimento desse setor, conforme informações que apresentamos a
seguir, disponíveis na página oficial do Programa disponíveis em seu sítio da
internet. 18
A ideia, além de colaborar para a manutenção das práticas tradicionais do
artesanato brasileiro era também de proporcionar condições dignas de
sobrevivência aos artesãos e estímulo a sua arte, bem como a criação de um
mercado que reconhecesse o valor do artesanato no mundo
contemporâneo. Em seu primeiro ano, o programa beneficiou grupos de
artesãos com investimentos diretos nas esferas da produção, comercialização
e divulgação de produtos do artesanato brasileiro de tradição cultural.
O PROMOART é executado pela Associação Cultural de Amigos do
Museu de Folclore Edison Carneiro (Acamufec), por meio de convênio firmado
com o Ministério da Cultura, contando com a gestão conceitual e metodológica
do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP)/Departamento de
18 MINC. Programa de Promoção do Artesanato de Tradição Cultural – PROMOART.
Disponível em http://www.promoart.art.br/sele%C3%A7%C3%A3o-dos-polos
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
50
Patrimônio Imaterial/Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN), com o propósito de destacar a qualidade e a importância dos saberes
tradicionais específicos dos quais o artesão é portador,
Sua fase de implantação abrangeu 65 polos de todas as regiões do país,
estratégicos para o desenvolvimento de uma política nacional para o
artesanato, com a intenção de uma ampliação progressiva dos polos apoiados,
sendo que em cada um foi desenvolvido um projeto específico, um plano de
trabalho formulado com a participação de técnicos e artesãos. Estas atividades
de planejamento foram feitas a partir de diagnósticos prévios das
potencialidades e necessidades dos polos e da proposição conjunta de ações
em busca da valorização cultural e da sustentabilidade econômica e social do
artesanato.
Seleção dos Polos
Os 65 polos abrangidos na fase de implantação do Programa de
Promoção do Artesanato de Tradição Cultural estão distribuídos por todas as
regiões do país e foram selecionados, dentre mais de 150 opções, por uma
comissão de especialistas formada por Lélia Coelho Frota, Janete Costa e
Maureen Bisilliat.
A indicação desses polos foi resultado do trabalho continuado do Centro
Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP) que, ao longo de décadas,
realiza projetos de pesquisa, documentação, apoio e difusão de comunidades
artesanais por meio de projetos:
1. Projeto Artesanato Brasileiro – documentou o artesanato a partir de
tipologias por tecnologia e matéria-prima: rendas, tecelagem, madeira e
barro, no período de 1978 a 1988.
2. Sala do Artista Popular – iniciada em 1983, SAP já realizou documentação
e exposição de mais de 150 expressões do artesanato brasileiro,
ininterruptamente, ao longo de 27 anos de atuação;
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
51
Mapa dos Polos do Promoart – site Promoart
3. Projeto Piloto de Apoio ao Artesão – atuou nos municípios de Paraty (RJ) e
Juazeiro do Norte (CE) implementando ações de apoio aos artesãos locais,
em questões como acesso a matéria-prima, organização coletiva e
comercialização, nos anos de 1984 a 1986.
4. Programa de Apoio de Comunidades Artesanais – criado em 1998, o PACA
associou-se ao Programa Artesanato Solidário ao qual deu assessoria e
atuou diretamente em 26 polos de produção artesanal do país.
Entre os critérios que orientaram a seleção dos 65 polos destacam-se a
importância cultural, a alta qualidade do artesanato e a variedade de tipologias
e técnicas envolvidas na produção.
Parcerias institucionais
Desde seu início, o Programa vem estabelecendo inúmeras parcerias,
com recursos do Programa Mais Cultura e apoio financeiro do Banco Nacional
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
52
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). E ainda no plano nacional,
o Promoart busca integração com políticas públicas relacionadas ao meio
ambiente, ao desenvolvimento social, à educação e à saúde, entre outras.
Busca também estabelecer interlocução com programas e projetos de cultura e
artesanato estaduais e municipais, de modo a fortalecer essa área na
implementação do Sistema Nacional de Cultura.
Nos planos local e regional, são identificadas instituições estratégicas
que possam atuar no acompanhamento do programa nos polos. São órgãos
municipais e estaduais ou entidades de caráter associativista ou comunitário
envolvidas com o artesanato.
Em âmbito local, busca consolidar redes de participação e
responsabilidade voltadas para a sustentabilidade das iniciativas
empreendidas. Nos seis polos indígenas que abrange, conta ainda com a
parceria conceitual e de realização do Museu do Índio, da Funai.
Artesanato de tradição cultural
No mundo contemporâneo existe uma enorme gama de objetos que
podem ser definidos como artesanato. São produtos do fazer humano que
dependem basicamente das mãos de seu criador. Equipamentos e máquinas,
se utilizados, são submetidos à vontade do artesão.
O objeto artesanal é definido por uma dupla condição: a primeira,
determinada pelo fato de seu processo de produção ser essencialmente
manual; e a segunda, pela liberdade do artesão para definir o ritmo da
produção, a matéria-prima e a técnica que irá empregar, a forma que pretende
dar ao objeto, produto de sua criação, de seu saber, de sua cultura.
A maior ou menor inserção desses elementos no processo produtivo e o
modo como o artesão se posiciona na rede de relações sociais que se
estabelece no interior da sociedade em que vive irão determinar diferentes
artesanatos.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
53
O artesanato de tradição cultural, tradicional ou de raiz relaciona-se
exclusivamente a um tipo de objeto que traz em si a expressão de sua origem,
a marca forte da cultura em que foi gerado. É um objeto capaz de traduzir tanto
a sua identidade quanto a daquele que o produziu, seja um indivíduo ou uma
coletividade. É nessa identidade cultural flagrantemente expressa que reside o
maior valor desses objetos.
Artesanato não é mera mercadoria, traz embutido em si valores, crenças
e culturas. Não é produto de máquina. Sendo manual, é irregular. O artesanato
não é imutável, está em constante processo de mudança. Artesanato é ritmo, é
tempo de produção. Artesanato é também autoria. Sendo assim, seus
produtores, os artesãos, devem ter seus direitos de autor resguardados.
3.3 Programa Cultura Viva – Pontos de Cultura
Programa Cultura Viva, implantado em 2004 e atualmente executado pela
Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural (SCDC/MinC), foi elaborado
com o intuito de fortalecer o protagonismo cultural na sociedade brasileira,
valorizando as iniciativas culturais de grupos e comunidades, ampliando o
acesso aos meios de produção, circulação e fruição de bens e serviços
culturais, tendo como base os Pontos e Pontões de Cultura. De 2004 a 2012,
foram fomentados 3662 Pontos de Cultura em todo o país, dos quais 3034 já
foram conveniados, conforme informações do sítio de internet do programa.19
Os objetivos do Cultura Viva são: reconhecer iniciativas e entidades
culturais; fortalecer processos sociais e econômicos da cultura; ampliar a
produção, fruição e difusão culturais; promover a autonomia da produção e
circulação cultural; promover intercâmbios estéticos e interculturais; ampliar o
número de espaços para atividades culturais; estimular e fortalecer redes
estéticas e sociais e qualificar Agentes de Cultura como elementos
19 BRASIL, Ministério da Cultura. Programa Cultura Viva. Disponível em
http://www2.cultura.gov.br/culturaviva/cultura-viva/
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
54
estruturantes de uma política de base comunitária do Sistema Nacional de
Cultura.
Tais objetivos do Programa Cultura Viva aproximam-se totalmente com as
necessidades e características da atividade artesanal, apesar das dificuldades
já vivenciadas pelos seus beneficiados, principalmente pelas iniciativas que
forma contempladas com o apoio a Pontos de Cultura.
Conforme nos informa a Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural,
492 Pontos de Cultura possuem o artesanato dentre suas atividades principais,
sendo a maioria da Região Nordeste, conforme tabela a seguir.
UF REGIÃO QTDE TOTAL POR
REGIÃO
Goiás Centro Oeste 5
Mato Grosso do Sul Centro Oeste 6 31
Mato Grosso Centro Oeste 20
Alagoas Nordeste 32
Bahia Nordeste 21
Ceará Nordeste 6
Maranhão Nordeste 20
Paraíba Nordeste 25 171
Pernambuco Nordeste 6
Piauí Nordeste 16
Rio Grande do norte Nordeste 15
Sergipe Nordeste 30
Acre Norte 5
Amazonas Norte 53
Pará Norte 47 153
Rondônia Norte 7
Tocantins Norte 41
Espírito Santo Sudoeste 7
Minas Gerais Sudoeste 12 56
Rio de Janeiro Sudoeste 20
São Paulo Sudoeste 17
Paraná Sul 3
Rio Grande do Sul Sul 74 81
Santa Catarina Sul 4
Total 492
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
55
O Ponto de Cultura é a ação prioritária do Programa Cultura Viva, sendo
concebido como uma ação que estabelece a parceria direta entre estado e
sociedade, com o intuito de formar redes de articulação e impulsionar o
desenvolvimento cultural e social nas localidades onde os Pontos de Cultura
atuam, muitas vezes resgatando valores e práticas já abandonadas e
implementando novas práticas, como nos exemplifica José Márcio Barros. “O
convívio com os Pontos de Cultura revela também a maneira como dificuldades
e possibilidades do contexto em que atuam são manejadas, de forma a
possibilitar a sobrevivência aos desafios e se evitar a descontinuidade e
interrupção das atividades. Resistência e criatividade são colocadas à prova e
revelam tecnologias sociais nativas, fruto da experiência vivida na fronteira
entre o possível e o desejável. Este é o caso de um grupo de artesãs do interior
árido do norte de Minas Gerais, que, por meio do Ponto de Cultura, passaram a
tentar resgatar o plantio do algodão nas comunidades rurais da região, a fim de
baratear o insumo utilizado na tecelagem e incentivar o artesanato,
favorecendo a própria comunidade e o enfrentamento das características
ambientais. 20 (2011. p. 75)
A participação no Programa se dá através de seleção feita por Edital
público, onde o Ministério da Cultura em parceria com os Estados ou
Prefeituras Municipais seleciona as instituições que mais se adequam às
características do chamamento público. Após esta chancela e reconhecimento
do poder público, os pontos de cultura recebem recursos financeiros e apoio
técnico para o desenvolvimento de suas atividades originais, que sofrem um
impacto positivo principalmente no que tange à sustentabilidade financeira da
instituição, mesmo que o projeto apresentado não seja a única atividade do
ponto de cultura, como nos lembra Barbosa. “Essas atividades são muito
diversas e representam impacto diferenciado na instituição. Há casos em que o
projeto do ponto de cultura é central na organização e constitui sua principal –
às vezes, única – ação e fonte de financiamento, enquanto há casos em que o
20 BARROS, José Márcio e ZIVIANI, Paula in Pontos de cultura : olhares sobre o Programa
Cultura Viva / organizadores: Frederico Barbosa, Lia Calabre.- Brasília: Ipea, 2011.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
56
ponto de cultura é mais um projeto entre um conjunto de ações, programas e
projetos institucionais” (2011, p.29).21
Ao analisarmos mais detalhadamente as iniciativas que se declararam
atuantes no segmento artesanal, dentre as 492 apontadas pela SCDC, temos
um número pouco representativo de instituição originalmente voltada ao
artesanato, o que faz com que pensemos que as instituições cuja atividade
principal é o artesanato não buscam se inscrever nos editais do Programa
pontos de Cultura, reforçando a necessidade de desenvolvimento de políticas
mais formadoras para os gestores destas instituições, o que observaremos a
seguir quando da demanda do próprio setor.
4. PAUTAS NACIONAIS PARA O ARTESANATO BRASILEIRO
A pauta nacional de maior destaque realizada pelo Ministério da Cultura
voltada às políticas para o artesanato é a inclusão de representantes da
sociedade civil do setor no Conselho Nacional de Políticas Culturais. Tal
objetivo foi atingido com a inclusão oficial do Colegiado Setorial do Artesanato
no CNPC em 2012, fruto de uma série de debates com a sociedade civil para a
formulação de políticas específicas para o segmento.
Dentre estas estratégias de participação social, destacamos a instância
de maior significação, a Conferência Nacional de Cultura, realizada em três
edições - 2005, 2010 e 2013 e que retrata um breve histórico da construção
das pautas nacionais de políticas para o Artesanato.
4.1 1ª Conferência Nacional de Cultura
A 1ª CNC, ocorrida de 13 a 16 de dezembro de 2005, foi realizada após
reuniões setoriais nas cinco macrorregiões brasileiras, voltadas à preparação
da Conferência que aconteceu com a participação de delegados e
21 BARBOSA DA SILVA, Frederico A. B (Org.). Cultura Viva; as práticas de pontos e
pontões. Brasília: IPEA, 2011.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
57
observadores convidados de todo o país, através de debates sobre as
propostas provenientes das Conferências Estaduais e do Distrito Federal,
antecedidas pelas Conferências Municipais, Intermunicipais e pelos Seminários
Setoriais de Cultura.
De acordo com os levantamentos realizados pela Secretaria de
Articulação Institucional, setor do Ministério da Cultura responsável pela
coordenação e a realização da I CNC, aconteceram 438 conferências
municipais e intermunicipais, em 19 Estados e no Distrito Federal. O total de
participantes diretos nas conferências municipais e intermunicipais é, segundo
os dados levantados até o mês de julho de 2006, de 53.507 participantes. Do
Relatório Analítico da I CNC, apontamos os seguintes trechos que se
relacionam com a atividade artesanal22:
Entre as medidas propostas no campo da seguridade social, a
Conferência destaca a concessão de aposentadoria e remuneração para
Mestres Populares; a necessidade de concessão de subsídios a grupos e
famílias com legado/tradição familiar de culturas específicas (étnico-culturais,
artesanais, artísticas) e a adoção de alíquotas especiais para artistas no INSS.
A I Conferência Nacional de Cultura propôs a realização de um sistema
de cadastramento indispensável à boa avaliação dos que venham a ser
segurados, com a adoção de mecanismos de reconhecimento, com
participação de agentes responsáveis e comprometidos com a seriedade dos
instrumentos de valorização dos mestres da cultura popular, em todos os
segmentos que cultivem e pratiquem expressões de valor cultural. Estas
responsabilidades deverão, de acordo com a CNC, ser assumidas e
compartilhadas pela União e pelos Estados e Municípios. Além disto, a
Conferência propõe alíquotas especiais do INSS para os artistas.
Ao acervo da diversidade cultural brasileira se somam, portanto, todas as
modalidades de emanação da produção intelectual do povo brasileiro è de
22 MINC. Relatório Analítico da I Conferência Nacional de Cultura. (pag. 22)
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
58
cunho imaterial, os saberes praticados pelo povo: modos de vida, crenças e
manifestações artísticas, expressões das culturas indígenas e de
afrodescendentes, a memória, os registros, o legado de tradições de grupos ou
famílias, a exemplo dos que mantêm tradições festivas, religiosas, ritualísticas,
circenses, artesanais e dos que promovem ou celebram práticas sócio-
culturais, costumes e culturas tradicionais, em áreas urbanas e rurais, junto a
comunidades tradicionais ou periféricas, em locais marcados pela intervenção
humana ou pelos atributos naturais, e que, deste modo, passam a ser
identificados como lugares culturais.
Eixo II – Cultura é direito e cidadania - Sub-eixo I-A - Cultura e Educação -
Proposta nº 9 - 2. Que seja feito um cadastro de grupos e/ou famílias que
vivem de uma cultura específica, legado de tradição familiar, com a finalidade
de receberem subsídios anuais (para todos os cadastrados) como incentivo
(fomento) ao desenvolvimento de tais grupos. Ex: Circos, indígenas, ciganos,
afrodescendentes, artesãos e outros.
Proposta Prioritária 8 - Criar um programa nacional de formação cultural
integrado ao Sistema Nacional de Cultura e ao Plano Nacional de Cultura,
reconhecendo cultura como parte fundamental da educação para exercício de
plena cidadania. Esse programa deve articular as ações de educação formal,
em seus três níveis, e não formal, fomentando a capacitação, qualificação e
formação continuada dos profissionais que atuam na área, bem como, o
reconhecimento oficial do notório saber dos artistas e mestres populares para
sua atuação como educadores.
Proposta Prioritária 15 - Mapear, documentar, propagar e disponibilizar, ampla,
acessível e democraticamente, de maneira digital e impressa, informações
sobre a cadeia produtiva, os arranjos criativos e produção artística das
localidades brasileiras, considerando todos os seus formatos, segmentos e
variantes, inclusive as atividades individuais (indivíduos criadores),
independentes ou itinerantes, e incluindo os espaços públicos, identificando os
impactos econômicos e sociais através de estudo, diagnóstico e prospecção
destas atividades, para promover e fortalecer a atividade artística cultural.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
59
Foto: Giramundo do Pé de Pano
4.2 2ª Conferência Nacional de Cultura
A 2ª Conferência Nacional de Cultura, de 11 a 14 de março de 2010, teve
a realização de Pre-Conferências, com o intuito de garantir a sustentabilidade
das políticas públicas para a área cultural, o que deu a tônica das propostas
consolidadas pelos 14 setores artísticos, dentre eles o Artesanato com a
participação de 65 representantes. As reivindicações surgidas nos grupos de
debates das Pré-conferências Setoriais de Cultura colocaram em destaque
formas de financiamento da cadeia produtiva, além das sugestões para
elaboração e aprovação de leis que assegurem a continuidade das ações em
cada um dos segmentos.
Também foram realizadas as eleições dos novos delegados dos
Colegiados Setoriais para a composição do Conselho Nacional de Política
Cultural no biênio 2010-2011, assim como dos representantes dos setores que
ainda não têm colegiado para o assento no Plenário do CNPC, a exemplo do
segmento do Artesanato, que formou um Grupo de Trabalho voltado à
formação do futuro Colegiado Setorial do Artesanato.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
60
Antecedendo a 2ª CNC, foi realizada a Pré-conferência Setorial de
Artesanato23, um marco na relação do setor com o Ministério da Cultura, onde
os representantes participantes do evento, através de um processo
democrático de participação e de discussões, onde elaboraram cinco propostas
com base nos eixos da Conferência e elegeram seus representantes para a II
CNC conforme sugerido no regulamento da pré-conferência, sendo dois deles
de cada região do país. Ao final, apontaram as seguintes necessidades
consideradas fundamentais para o desenvolvimento do segmento no país:
(1) Criar edital específico de fomento ao artesanato, regionalizando de forma a
ampliar o acesso e assegurar maior igualdade na distribuição de recursos
federais.
(2) Estimular a produção, circulação, comercialização e intercâmbio da
produção artesanal, garantindo o acesso aos pontos de comercialização do
artesão visitante, por meio de feiras e eventos nacionais e regionais anuais,
inclusive com a criação de feiras específicas de produtos brasileiros nas cinco
macrorregiões, com a efetiva participação dos trabalhadores artesãos
organizados na gestão destes eventos.
(3) Ampliar e desenvolver programas públicos para formação na área do
artesanato, integrando os mestres artesãos e seus conhecimentos, em parceria
com instituições de ensino, visando à capacitação técnica, ao estímulo à
pesquisa, ao resgate de técnicas tradicionais e garantindo ao artesão ensinar
em estabelecimentos formais de educação.
(4) Criar um fórum interministerial com participação de representantes do Setor
de Artesanato, visando a traçar estratégias conjuntas voltadas para o
desenvolvimento do setor artesanal e ampliar os mecanismos de financiamento
público e/ou privado, objetivando a produção, a divulgação e a comercialização
do artesanato e garantindo que, onde houver dinheiro público, o artesão
23 BRASIL, Ministério da Cultura. Artesãos reivindicam inclusão do setor nas formas de
fomento do MINC.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
61
participe dos eventos sem custos. Fortalecer o controle social sobre a
aplicação destes recursos repassados pelos órgãos públicos por meio de
conselhos compostos por membros do governo e da sociedade civil organizada
do artesão.
(5) Promover espaços permanentes de diálogos e fóruns de debate sobre o
artesanato, aberto aos artesãos e suas organizações nas casas legislativas do
Congresso Nacional, Assembleias Estaduais e Distrital, Câmaras Municipais e
Ministérios que atuam na área, inclusive objetivando a regulamentação da
profissão do trabalhador artesão.
Durante o desenvolvimento da 2ª CNC, o grupo eleito durante a Pré-
Conferencia do Artesanato definiu as seguintes Estratégias Setoriais,
apontadas a partir dos Eixos Temáticos da II CNC:
Eixo 1: Produção Simbólica e Diversidade Cultural - Criar edital específico
de fomento ao artesanato, regionalizando de forma a ampliar o acesso e
assegurar maior igualdade na distribuição de recursos federais.
Eixo 2: Cultura, Cidade e Cidadania - Estimular a produção, circulação,
comercialização e intercâmbio da produção artesanal, garantindo o acesso aos
pontos de comercialização do artesão visitante, por meio de feiras e eventos
nacionais e regionais anuais, inclusive com a criação de feiras específicas de
produtos brasileiros nas 05 macrorregiões, com a efetiva participação dos
trabalhadores artesãos organizados na gestão destes eventos.
Eixo 3: Cultura e Desenvolvimento Sustentável - Ampliar e desenvolver
programas públicos para formação na área do artesanato, integrando os
mestres artesãos e seus conhecimentos, em parceria com instituições de
ensino, visando à capacitação técnica, ao estímulo à pesquisa, ao resgate de
técnicas tradicionais e garantindo ao artesão ensinar em estabelecimentos
formais de educação.
Eixo 4: Cultura e Economia Criativa - Criar um fórum interministerial com
participação de representantes do Setor de Artesanato, visando traçar
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
62
estratégias conjuntas voltadas para o desenvolvimento do setor artesanal e
ampliar os mecanismos de financiamento público e/ou privado, objetivando a
produção, divulgação e comercialização do artesanato e garantindo que, onde
houver dinheiro público, o artesão participe dos eventos sem custos. Fortalecer
o controle social sobre a aplicação destes recursos repassados pelos órgãos
públicos por meio de conselhos compostos por membros do governo e da
sociedade civil organizada do artesão.
Eixo 5: Gestão e Institucionalidade da Cultura - Promover espaços
permanentes de diálogos e fóruns de debate sobre o artesanato, aberto aos
artesãos e suas organizações nas casas legislativas do Congresso Nacional,
Assembleias Estaduais e Distrital, Câmaras Municipais e Ministérios que atuam
na área, inclusive objetivando a regulamentação da profissão do trabalhador
artesão (MINC, 2011).
Ainda referente aos resultados da II CNC, apresentamos o levantamento
das Metas do Plano Nacional de Cultura relativas ao segmento artesanal,
elaboradas durante as Pré-Conferências Setoriais para cada um dos cinco
Eixos do plano e apresentadas no âmbito da II Conferência Nacional de
Cultura. As metas que se destacaram com maior número de estratégias que
envolviam o Artesanato foram:
Meta 04 - Política nacional de proteção e valorização dos conhecimentos e
expressões das culturas populares e tradicionais implantada.
Meta 06 - 50% dos povos e comunidades tradicionais e grupos de culturas
populares que estiverem cadastrados no Sistema Nacional de Informações e
Indicadores Culturais (SNIIC) atendidos por ações de promoção da diversidade
cultural.
Meta 07 - 100% dos segmentos culturais com cadeias produtivas da economia
criativa mapeadas.
Meta 09 - 300 projetos de apoio à sustentabilidade econômica da produção
cultural local.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
63
Meta 17 - 20 mil trabalhadores da cultura com saberes reconhecidos e
certificados pelo Ministério da Educação (MEC).
Meta 18 - Aumento em 100% no total de pessoas qualificadas anualmente em
cursos, oficinas, fóruns e seminários com conteúdo de gestão cultural,
linguagens artísticas, patrimônio cultural e demais áreas da cultura.
Meta 22 - Aumento em 30% no número de municípios brasileiros com grupos
em atividade nas áreas de teatro, dança, circo, música, artes visuais, literatura
e artesanato.
Meta 24 - 60% dos municípios de cada macrorregião do país com produção e
circulação de espetáculos e atividades artísticas e culturais fomentados com
recursos públicos federais.
Meta 46: 100% dos setores representados no Conselho Nacional de Políticas
Cultural (CNPC) com colegiados instalados e planos setoriais elaborados e
implementados.
Meta 53 - 4,5% de participação do setor cultural brasileiro no Produto Interno
Bruto (PIB).
Foto: Guerreiro Espartano
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
64
4.3 3ª Conferência Nacional de Cultura
Realizada em 26 a 29 de novembro de 2013, a 3ª CNC envolveu 1.745
pessoas vindas de todos os estados do Brasil, reunindo 953 delegados, 162
convidados e 391 observadores, expositores, equipes de imprensa e suas
delegações, além da a própria organização do evento.
A Conferência tinha os seguintes objetivos, indicados na Portaria N° 33,
de 16 de abril de 2013, que institui seu Regimento Interno:
I - Propor estratégias de aprimoramento da articulação e cooperação
institucional entre os entes federativos e destes com a sociedade civil, povos
indígenas e povos e comunidades tradicionais que dinamizem os sistemas de
participação e controle social na gestão das políticas públicas de cultura para
implementação e consolidação dos Sistemas Nacional, Estaduais/Distrito
Federal, Municipais e Setoriais de Cultura, envolvendo os respectivos
componentes;
II - Avaliar a execução das Metas do Plano Nacional de Cultura a partir do
monitoramento do Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais;
III - Debater experiências de elaboração, implementação e monitoramento de
Planos Municipais, Estaduais/Distrito Federal, Regionais e Setoriais de Cultura
e socializar metodologias e conhecimentos;
IV - Discutir a cultura brasileira nos seus aspectos de identidade, da memória,
da produção simbólica, da gestão, da sua proteção e salvaguarda, da
participação social e da plena cidadania;
V - Propor estratégias para o reconhecimento e o fortalecimento da cultura
como um dos fatores determinantes do desenvolvimento sustentável;
VI - Promover o debate, intercâmbio e compartilhamento de conhecimentos,
linguagens e práticas, valorizando o fomento, a formação, a criação, a
divulgação e preservação da diversidade das expressões e o pluralismo das
opiniões;
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
65
VII - Propor estratégias para proporcionar aos fazedores de cultura o acesso
aos meios de produção, assim como propor estratégias para universalizar o
acesso dos brasileiros à produção e à fruição dos bens, serviços e espaços
culturais;
VIII - Fortalecer e facilitar a formação e o funcionamento de fóruns e redes em
prol da Cultura;
IX - Contribuir para a integração das políticas públicas que apresentam
interface com a cultura; e
X - Avaliar os resultados obtidos a partir da 2ª Conferência Nacional de Cultura.
O Texto Base da 3ª CNC24 apontou a importância do artesanato em dois
pontos fundamentais, um deles, tratando sobre a produção simbólica e
diversidade cultural menciona que “Nesse quadro, cabe ao Estado apoiar o
desenvolvimento da cultura em todas as suas dimensões, mas é inegável que
existem expressões artísticas e culturais mais frágeis, e que por isso merecem
um tratamento prioritário, seja porque a possibilidade de sua reprodução é
menor - como os espetáculos (teatro, dança, circo), as celebrações das
culturas populares e as obras artesanais - seja porque são originadas de
grupos econômica e socialmente excluídos e marginalizados, como os
indígenas, quilombolas, povos e comunidades tradicionais.”
Outro ponto que destacamos trata da cultura como desenvolvimento
sustentável, quando observa-se a necessidade da economia criativa como uma
estratégia de desenvolvimento sustentável,citando que um dos desafios da
área é “criar a infraestrutura de criação; produção; difusão/distribuição;
consumo/fruição, que pressupõe um conjunto de iniciativas adaptadas às
especificidades das diferentes cadeias produtivas”.
24 BRASIL, Ministério da Cultura. Texto Base da 3ª Conferência Nacional de Cultura.
Disponível em http://cncvirtual.culturadigital.br/wp-content/uploads/sites/6/2013/11/texto-base-III-CNC.pdf
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
66
Estas e outras orientações foram o ponto de partida das reflexões durante
a 3ª CNC que possibilitaram uma ampla discussão entre os representantes da
sociedade civil, do poder público e de convidados e observadores com
conhecimento dos temas.
Dentre um total de 614 propostas elaboradas nas Conferências
Municipais, Estaduais e Conferências Livres, 64 foram priorizadas para os
próximos anos e 20 foram escolhidas, através de votação eletrônica, após
consolidação de propostas que aconteceram nas quatro plenárias (uma para
cada eixo). Estas propostas servirão de eixo norteador das políticas públicas do
setor nas três esferas de governo.
Podemos considerar que, dentre as 64 propostas que foram priorizadas
na plenária final da 3ª CNC25, a grande maioria beneficia o desenvolvimento
cultural de uma forma geral e, consequentemente, a atividade artesanal no
Brasil, mas destacamos duas que consideramos estruturantes para o melhorias
no setor:
Eixo 1 - Implementação do Sistema Nacional de Cultura - Proposta 1.27
Criar fundos setoriais para os segmentos contemplados pelo Conselho
Nacional de Política Cultural: artes visuais; artesanato; circo; culturas afro-
brasileiras; arquivos; arquitetura e urbanismo; arte digital; culturas populares;
cultura indígena; dança; design; livro, leitura e literatura; música; moda;
patrimônio imaterial; patrimônio material; teatro; museus e demais segmentos
reconhecidos pelas respectivas comunidades, com ênfase em: a) Produção de
bens, equipamentos e manifestações culturais; b) Preservação, manutenção,
salvaguarda, pesquisa, conservação e restauro do patrimônio cultural material
e imaterial, inclusive com recursos oriundos de multas incidentes sobre
impactos ao patrimônio histórico e cultural; e c) Desenvolvimento da economia
criativa; d) Reafirmar a deliberação do Custo Amazônico dentro dos programas,
projetos, ações e editais do MINC, com a descentralização, levando em
consideração as especificidades regionais.
25BRASIL, Ministério da Cultura. Portaria da 3ª Conferência Nacional de Cultura.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
67
Eixo 4 - Cultura e Desenvolvimento - Proposta 4.20.
Garantir a valorização e potencialização dos territórios criativos, APLs (Arranjos
Produtivos Locais), museus e demais equipamentos culturais, por meio de
ações transversais a partir das criações culturais funcionais, como o design, a
arquitetura e urbanismo, moda e artesanato, no desenvolvimento sustentável,
na recuperação de áreas degradadas, na conservação e requalificação do
patrimônio cultural, promovendo também o mapeamento, a regularização e a
revitalização dos espaços públicos ociosos, para que sejam ocupados por
grupos culturais, através de concessão de uso ou outro instrumento jurídico
pertinente, com garantia de subsídio para a manutenção dos referidos espaços
durante todo o período de sua ocupação.
4.4 Plano Nacional de Cultura
O Plano Nacional de Cultura - PNC, foi instituído pela Lei 12.343, de 2 de
dezembro de 2010, e tem por finalidade o planejamento e implementação de
políticas públicas de longo prazo (até 2020) voltadas à proteção e promoção da
diversidade cultural brasileira. Diversidade que se expressa em práticas,
serviços e bens artísticos e culturais determinantes para o exercício da
cidadania, a expressão simbólica e o desenvolvimento socioeconômico do
País. Os objetivos do PNC são o fortalecimento institucional e definição de
políticas públicas que assegurem o direito constitucional à cultura; a proteção e
promoção do patrimônio e da diversidade étnica, artística e cultural; a
ampliação do acesso à produção e fruição da cultura em todo o território; a
inserção da cultura em modelos sustentáveis de desenvolvimento
socioeconômico e o estabelecimento de um sistema público e participativo de
gestão, acompanhamento e avaliação das políticas culturais.26
26 BRASIL, Ministério da Cultura. Texto de apresentação do PNC.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
68
Conforme descrito em suas nas diretrizes gerais para aprovação do Plano
Nacional de Cultura, “Diferentemente de outros povos do mundo, temos a
nosso favor uma notável capacidade de acolhimento e transformação
enriquecedora daquilo que nos é inicialmente alheio. Entretanto, os
desequilíbrios entre regiões e as desigualdades sociais – realimentadas por
discriminações étnicas, raciais e de gênero – também fazem parte da história
do País. Considerando essas duas faces da nossa realidade, o Estado
brasileiro, que representa o mais amplo contrato social vigente no território
nacional, tem o dever de fomentar o pluralismo, coibir efeitos das atividades
econômicas que debilitam e ameaçam valores e expressões dos grupos de
identidade e, sobretudo, investir na promoção da eqüidade e universalização
do acesso à produção e usufruto dos bens e serviços culturais.”27
Estes e outros desafios continuam sendo permanentemente enfrentados
através de uma listagem de Metas, que foram definidas com o intuito de serem
atingidas até 2020. Após diversos processos de escuta e escolha popular, com
participação da sociedade civil e gestores públicos, em instâncias como as
Conferências de Cultura em todos as esferas de poder público que envolvem a
área cultural, foram estabelecidas 53 metas que contam com a participação
efetiva de todos os entes federados para sua execução, contando com o
suporte e implantação do Sistema Nacional de Cultura. Conforme a publicação
As Metas do Plano Nacional de Cultura – 3ª Edição, “As metas refletem uma
concepção de cultura que tem norteado as políticas, os programas, as ações e
os projetos desenvolvidos pelo Ministério da Cultura (MinC). Essa concepção
compreende uma perspectiva ampliada da cultura, na qual se articulam três
dimensões: a simbólica, a cidadã e a econômica.”28
Dentre estas 53 metas do PNC, grande parte impacta no setor artesanato,
sendo que destacamos as que possuem o maior número de estratégias
setoriais prioritárias, conforme indicamos a seguir:
27 BRASIL, Ministério da Cultura. Plano Nacional de Cultura. Diretrizes Gerais.
28 BRASIL, Ministério da Cultura. Metas do Plano Nacional de Cultura. 3ª Edição. Brasília:
2013.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
69
Meta 4: Política nacional de proteção e valorização dos conhecimentos e
expressões das culturas populares e tradicionais implantada.
Meta 6: 50% dos povos e comunidades tradicionais e grupos de culturas
populares que estiverem cadastrados no Sistema Nacional de Informações e
Indicadores Culturais.
Meta 9: 300 projetos de apoio à sustentabilidade econômica da produção
cultural local.
Meta 14: 100 mil escolas públicas de Educação Básica desenvolvendo per-
manentemente atividades de Arte e Cultura.
Meta 17: 20 mil trabalhadores da cultura com saberes reconhecidos e certi-
ficados pelo Ministério da Educação (MEC).
Meta 18: Aumento em 100% no total de pessoas qualificadas anualmente em
cursos, oficinas, fóruns e seminários com conteúdo de gestão cultural,
linguagens artísticas, patrimônio cultural e demais áreas da cultura.
Meta 19: Aumento em 100% no total de pessoas beneficiadas anualmente por
ações de fomento à pesquisa, formação, produção e difusão do conhecimento.
Meta 22: Aumento em 30% no número de municípios brasileiros com grupos
em atividade nas áreas de teatro, dança, circo, música, artes visuais, literatura
e artesanato.
Meta 23: 15 mil Pontos de Cultura em funcionamento, compartilhados entre o
governo federal, as Unidades da Federação (UF) e os municípios integrantes
do Sistema Nacional de Cultura (SNC).
Meta 24: 60% dos municípios de cada macrorregião do país com produção e
circulação de espetáculos e atividades artísticas e culturais fomentados com
recursos públicos federais.
Meta 25: Aumento em 70% nas atividades de difusão cultural em intercâmbio
nacional e internacional.
Meta 46: 100% dos setores representados no Conselho Nacional de Política
Cultural (CNPC) com colegiados instalados e planos setoriais elaborados e
implementados.
Meta 51: Aumento de 37% acima do PIB, dos recursos públicos federais para a
cultura.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
70
Ainda, relacionando as Metas do PNC e as demandas e observações
apontadas pelos membros do Colegiado Setorial de Artesanato, apresentamos
abaixo um documento de construção coletiva, que ainda está passando por
alterações, mas que já aponta ricas observações com direcionamento para
resolução e sugestões de ações que contemplem o desenvolvimento do setor.
META 2
100% das Unidades da Federação (Ufs) e 60% dos municípios, com os dados
atualizados do Setor Artesanal no Sistema Nacional de Informações e
Indicadores Culturais (SNIIC).
Obter e divulgar informações atualizadas da cadeia produtiva do artesanato de
todos os estados e de 3.339 cidades do Brasil.
O objetivo do SNIIC no Brasil é coletar, organizar as informações sobre o
setor artesanal. A partir dos dados atualizados, os gestores da cultura poderão
planejar melhor as políticas públicas.
SUGESTÕES
Cadastrar 100% os mestres artesões, artesões, designers, produtores
culturais, delegados, grupos, coletivos, núcleos, comunidades, ONGs,
associações, cooperativas, federações, confederações, casa dos artesões,
centro de comercialização, área de reserva manejo da matéria prima e etc.
Criar calendário nacional e internacional de eventos do setor artesanal, com
agendas periódicas ou fixas de feiras, exposições, bienais, fóruns,
encontros, seminários, workshops, congressos, conferências, showroom,
showroom virtual e divulgar no SNIIC.
Integrar os cadastros do SNIIC do segmento artesanal relacionados aos
diversos cadastros existentes do governo.
Divulgar estatísticas, indicadores e outras informações sobre a demanda do
setor artesanal.
Divulgar comunidades artesãs, grupos de produção artesanal, núcleo de
produção familiar, associações, cooperativas, com projetos de
sustentabilidade econômica da produção artesanal local.
Difundir documentos, acervos iconográficos, sonoros e audiovisuais, fazer
inventários dos objetos artesanais dos artesões brasileiros.
Manter uma plataforma de consulta que permite acompanhar ações e
incentivar a pesquisa e a produção artesanal.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
71
META 3
Cartografia da diversidade das expressões culturais do artesanato realizada em
todo o território brasileiro.
Produzir um mapa das expressões culturais do artesanato em 80% das cidades
de todo o Brasil.
O objetivo da cartografia é sistematizar os dados da diversidade, para planejar
as políticas específicas do setor artesanal e ao mesmo tempo acompanhar o
impacto do Plano Nacional de Cultura (PNC) e dos Planos Setoriais e
territoriais.
É preciso fomentar a participação dos gestores públicos estaduais e municipais
e toda sociedade para colaborarem sobre a diversidade cultural. A integração
de diversas pesquisas e cadastros no SNIIC também contribuirá com a
formação de uma base de dados sobre a cultura no país.
SUGESTÕES
Solicitar dos Conselhos Municipais de Cultura e Casas de Cultura, o apoio
no cadastramento no SNIIC.
Cadastramento dos delegados do CNPC no SNIIC.
Integração de diversas pesquisas do segmento artesanal e cadastros no
SNIIC.
Criar encontro do artesanato, design e moda.
Aumentar as oficinas, com a participação das secretarias de cultura
estaduais e municipais para difundir, orientar à utilização do SNIIC.
Planejar políticas culturais específicas para setor artesanal.
META 6
50% das comunidades tradicionais de artesãs (indígenas, quilombolas,
caiçaras, ciganas, imigrantes, ribeirinhas e rurais), grupo de produção
artesanal, núcleo de produção artesanal familiar, associações e cooperativas,
cadastradas no SNIIC e atendidas por ações de promoção da diversidade
cultural.
Garantir que um número maior de povos e comunidades artesões tradicional e
atividades coletivas de culturas populares sejam atendidos por ações públicas
de promoção de diversidade cultural.
Fomentar a formação e a manutenção de grupos e organizações coletivas de
pesquisa, produção e difusão do artesanato e expressões culturais,
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
72
especialmente em locais habitados por comunidades, indígenas, quilombolas,
caiçaras, rurais e de outros grupos marginalizados.
SUGESTÕES
Criar prêmios estaduais e municipais da cultura artesanal tradicional dos
indígenas, quilombolas, caiçaras, ciganos, ribeirinhos, imigrantes e rurais.
Criar linhas de crédito e financiamento para cooperativas, associações e
micro empreendimento artesanais.
Registrar as comunidades artesãs tradicionais como patrimônio cultural
material e imaterial do Brasil, reconhecendo saberes-fazeres, dos produtos
artesanais, que remetem à história, à memória local e à identidade da
comunidade.
Criar ações para o crescimento humano pela inserção social e cultural.
Implantação de unidade móvel de apoio tecnológico para comunidades.
Reconhecimento da identidade territorial dos espaços rurais.
Formalização dos grupos e núcleos de produção artesanal por meio do
associativismo e do cooperativismo.
Implementar política de formação e manutenção das associações,
cooperativas e redes.
Campanha de divulgação do cadastramento no SNIIC.
Implantação de uma unidade de produção experimental móvel do
artesanato, design e moda.
Implantação de oficina de processamento de matéria prima.
Implantação e modernização de bibliotecas em áreas indígenas e
quilombolas e outras.
Criação de mais Pontos de Cultura, Pontos de Memória e bibliotecas para o
artesanato, que beneficiam povos e comunidades tradicionais.
Valorização, preservação da cultura e do patrimônio, resgatando as
técnicas tradicionais do artesanato nas comunidades caiçaras do litoral
paulista e de outros estados.
Interagir na logística e distribuição de matérias-primas e produtos
artesanais, de sua origem ao destino, favorecendo o acesso direto ao
consumidor final e ao atacadista.
Promover políticas públicas para as comunidades artesãs, para diminuir a
imigração dos jovens.
Preservar o patrimônio cultural com iniciativas que promovam a produção
sustentável das comunidades artesanais, fortalecendo a família unida e
gerando sua própria renda.
Promover o desenvolvimento econômico e social das comunidades
tradicionais de artesões.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
73
META 7
100% do setor artesanal com cadeias produtivas da economia criativa
mapeadas.
Mapear as cadeias produtivas do segmento artesanal da economia criativa.
A economia criativa é um setor estratégico e dinâmico, tanto do ponto de vista
econômico como social. Suas atividades geram trabalho, emprego, renda e
inclusão social.
A economia criativa é composta das atividades econômicas ligadas ao
segmento do artesanato, de acordo com definição da UNESCO, como
patrimônio natural e cultural.
SUGESTÕES
Ampliar o convênio com as universidades, para mapearem as cadeias
produtivas do setor artesanal.
Mapeamento sobre a existência de comunidades e grupos artesanais,
mestres artesões, produtos, técnicas e matéria primas utilizadas.
Criar observatório estadual de economia criativa para todos estados.
Mapear as áreas de reserva de manejo sustentável da matéria prima dos
artesanatos: área de extração de argila de Coaraci, Jupati em São
Sebastião da Boa Vista, Balata em Monte Alegre, Miriti em Abaetetuba
entre outros.
Identificar e catalogar matérias-primas que servem de base para produtos
artesanais e criar selo de reconhecimento dos produtos artesanais que
associem valores sociais, econômicos e ecológicos.
Criar incubadoras e centros de pesquisas, para amplificar as experiências
de formação na área de gestão de empreendimentos criativo do setor do
artesanato.
Lançar edital do artesanato nas olimpíadas 2016.
Ampliar os estudos e projetos para cadeia produtiva do setor artesanal.
Instalação do Observatório Brasileiro da Economia Criativa (Obec) e os
Observatórios Estaduais.
Realizar pesquisas qualitativas e quantitativas em parceria com o IPEA e
IBGE, criando indicadores que permitam medir economia do setor
artesanal.
Mapear a economia informal do setor artesanal através de pesquisas
primárias nos municípios.
Mapeamento de cadeias produtivas no âmbito dos programas: Brasil Plural
e Cultura Viva.
Estimular estudos para adoção de mecanismo de compensação ambiental
para as atividades artesanais.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
74
META 8
110 territórios criativos reconhecidos do segmento artesanal
Reconhecer 110 territórios com requisitos que os qualifiquem
Territórios criativos são bairros, cidades ou regiões que apresentam potenciais
culturais criativos capazes de promover o desenvolvimento integral e
sustentável, aliando preservação e promoção de seus valores culturais e
ambientais do segmento artesanal.
Sugestões
Articular parcerias para instituir territórios criativos nas cidades da Região
Norte: na Cidade de Icoaraci - Pará (Cerâmica Marajoara), e na Cidade do
Jalapão - Tocantins (Artesanato em Capim Dourado).
Reconhecer os territórios criativos no Estado de São Paulo: Região do
Grande ABC, Vale de Ribeira, Vale do Paraíba, Litoral Paulista, Região
Metropolitana de Campinas, Embu das Artes, Liberdade, Praça da
República e outras.
Reconhecer como Cidades Criativas da Região Oeste da Grande São Paulo
(Osasco, Barueri, Santana de Parnaíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Pirabora do
Bom Jesus), considerando o PIB regional, Índice Firjan de Desenvolvimento
Municipal, IDH e o grande potencial cultural.
Instalação de um escritório de Criativa Birô na Região Oeste da Grande São
Paulo.
Articular a institucionalização de territórios criativos.
Em convergência com os projetos de Turismo Comunitário e Cidades do
Turismo, articular e promover a institucionalização de territórios criativos
das comunidades artesãs.
Desenvolvimento de ações de qualificação e fortalecimento dos territórios
criativos das cidades-sede da Copa do Mundo e da Cidade-sede das
Olímpiadas.
META 9
300 projetos de apoio à sustentabilidade econômica da produção artesanal
local.
Desenvolver ao menos 300 projetos de apoio à sustentabilidade econômica da
produção artesanal local.
Objetivo do apoio é ajudar a transformar em empreendimentos no segmento
artesanal definido pela UNESCO como patrimônio natural e cultural e atuar
junto às cadeias produtivas das atividades artesanais, identificando
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
75
potencialidades e vocações, melhorando o desenvolvimento local e regional
por meio da economia da cultura. Esses projetos devem se basear em:
Levantamento de informações e dados da economia criativa no setor do
artesanato;
Articulação e estímulo ao fomento de empreendimentos criativos do setor
artesanal;
Educação para competências criativas;
Produção, circulação, distribuição dos objetos criativos do segmento
artesanal;
Consumo ou fruição de bens e serviços criativos;
Criação ou adequação de marcos regulatório para setor criativo do
segmento artesanal.
O QUE É PRECISO PARA ALCANÇAR ESTA META?
Implantar Observatório da Economia Criativa.
Ampliar os escritórios estaduais de apoio a empreendedores criativos nos
estados chamado de “Criativa Birô”, onde serão oferecidos serviços de
consultoria e assessoria técnica, além de atividades de formação a
profissionais artesões e empreendedores criativos.
Instalação de escritório de Criativa Birô na Região Oeste da Grande São
Paulo.
Estabelecer parcerias com instituições como Sebrai, BNDS, IBGE, IPEA,
entre outros.
SUGESTÕES DE PROJETOS
Projeto: Implantação do Artesanato nas Feiras Livres.
Projeto: Fortalecimento do Artesanato de Rua.
Projeto: Desenvolvimento e valorização do artesanato com melhorias e
redefinição de espaços.
Projeto: Jovem Artesão Criativo e Inovador.
Projeto: Mulher Artesã Micro empreendedora Brasileira.
Projeto: Estudo de melhoria da distribuição e a comercialização da
Comercialização da produção artesanal das associações, cooperativas e
micro empreendedor.
Projeto: Caravana do Artesanato nos Parques.
Projeto: Artesanato Escolar nas Olimpíadas 2016.
Projeto: Artesanato nos Bairro.
Projeto: Técnico e Desenvolvimento de Protótipos.
Projeto: Arte de Fazer Artesanato e Reciclar.
Projeto: Turismo Comunitário e Social.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
76
Projeto: Mulheres Rurais e Urbanas Fortalecendo sua Autonomia
Econômica.
Projeto: A Força das Mulheres Rurais no Artesanato Brasileiro
META 10
Aumento em 15% do impacto do setor artesanal na média nacional de
competitividade dos destinos turísticos brasileiros.
Aumentar o peso dos aspectos culturais no desenvolvimento do turismo.
O turismo é uma complexa combinação de inter-relacionamentos entre
produção e serviços, em cuja composição integra-se uma prática social com
base cultural, com herança histórica, a um meio diverso de relações sociais de
hospitalidade, troca de informações interculturais (Moech, 2002).
As características culturais de uma cidade, ou região são fundamentais para o
desenvolvimento do turismo local e os produtos artesanais desempenham um
papel importante como indutor do turismo que é apontado como uma
necessidade do bem-estar.
A dimensão dos aspectos culturais abrange a produção artesanal cultural das
comunidades artesãs associada ao turismo, a preservação do patrimônio
histórico cultural e a estrutura para apoio à cultura.
Para isso, as cidades têm o apoio do Termo de Cooperação Técnica nº 7/2007,
firmado entre os Ministérios da Cultura e do Turismo.
Sugestões
Criação de uma infra estrutura turística como elemento multiplicador na
divulgação e comercialização do artesanato.
Infra estrutura necessária: Implantação de sinalização turística,
urbanização, acessibilidade cultura e física para todos e os deficientes
físicos.
Implementar sinalização viária e placas indicativas dos locais públicos e
privados.
Implantação de estratégias integradas tais como a comercialização de
produtos regionais em pontos turísticos e as ambientações para
restaurantes e hotéis, com artefatos artesanais evidenciando a identidade
cultural local.
Criação de um novo Acordo de Cooperação Técnica entre o MinC e MTur.
Pesquisa de demanda de artesanato local, nacional e internacional.
Convergência das agendas do artesanato e turismo.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
77
Criação e modernização de equipamentos culturais com atividades
artesanais e culturais permanentes e acessibilidade cultural e física para
deficiente físico e todos.
Valorizar o patrimônio histórico e cultural do artesanato brasileiro.
Melhorar a competitividade dos negócios, ligados à produção artesanal,
associada ao turismo cultural e sustentável.
Aumentar os núcleos de produção familiar e grupos de produção artesanal.
Criar rota do setor artesanal para turismo cultural, sustentável, comunitário
e social.
Adequar as embalagens às diversas tipologias do artesanato.
Melhoria dos produtos artesanais em diversos aspectos: qualidade, custo,
design, embalagem, certificação a fim de adequá-lo ao mercado interno e
externo.
Diagnóstico de design dos produtos artesanais de maior volume de vendas.
Estruturar órgão da administração pública para gestão cultural e as
comunidades;
Realizar parceria com os correios, para reduzir tarifas de postagem dos
objetos artesanais.
Ampliar modernizações de museus e bibliotecas.
Criar e fortalecer a função do guia turístico teen.
Valorização dos traços e do saber-fazer artesanal.
Instituir fundo municipal à cultura.
Criar leis de incentivo à cultura.
Criar Centro de Referência em Cultura Popular e Desenvolvimento de
Artesanato, Design e Moda.
Consolidar espaços com infraestrutura destinada à feira de artesanato e dos
produtores rurais, com apoio do poder público e da iniciativa privada.
Promover o turismo cultural sustentável, aliando estratégias de preservação
patrimonial e ambiental com ações de dinamização econômica e fomento ás
cadeias produtivas artesanais.
META 11
Aumento do emprego formal do setor artesanal e cultural
Criar mais de 1,5 milhão de empregos formais no setor cultural
Os artesões são trabalhadores da cultura não tem emprego formal, com
registro em carteira ou mesmo outro tipo de contratação.
Avançar na qualificação do artesão, assegurando condições de trabalho,
emprego e renda, promovendo a profissionalização do setor artesanal, dando
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
78
atenção a áreas de vulnerabilidade social e de precarização urbana e a
segmentos populacionais marginalizados.
Os trabalhadores da cultura podem ser artesões, produtores culturais, técnicos
e muitos outros.
SUGESTÕES
Aprovação do Projeto de Lei do Artesão, em tramitação na Câmara dos
Deputados.
Criação do Mercado Central do Artesanato para os estados.
Diminuir em 30% (2,55 milhões) o número de artesões na linha abaixo da
pobreza.
Formalizar o artesão como microempreendedor individual (MEI).
Instalação de incubadoras nos estados.
Capacitação e certificação profissional dos mestres artesões.
Aumento de oferta de formação.
Aumentar em 300% números de feiras, exposições, rodadas de negócios e
etc.
Gerar empregos para os mestres artesões no ensino público, pontos de
cultura, centro de artes e esportes unificado, bibliotecas e equipamentos
culturais.
Criação de unidades produtivas artesanais.
Diminuir o alto índice de trabalho informal do setor artesanal.
Aumentar os rendimentos econômicos.
Promoção da melhoria da qualidade de vida das comunidades de artesões.
Aumentar o nível de escolaridade.
Criar a Previdência da Cultura.
META 12
100% das escolas públicas de Educação básica com a disciplina de
Arte e Artesanatos no currículo escolar regular com ênfase em cultura
brasileira, linguagens artísticas, patrimônio cultural.
Ter a disciplina de Arte e Artesanatos em todas as escolas públicas do Ensino
Básico.
Desenvolver ação conjunta entre os Ministérios da Cultura e da Educação a fim
de que o conteúdo do artesanato tradicional seja incluído no ensino básico
como disciplina.
Envolver os educadores de diferentes áreas em torno do artesanato tradicional
e contemporâneo, considerando-o um amplo campo de ação para estudos e
práticas multidisciplinares.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
79
Trabalhar o artesanato com crianças é uma forma de despertar a criatividade,
estimular a autoestima na criação de objetos de forma sustentável, através da
produção artesanal, a criança leva até as famílias o aprendizado.
SUGESTÕES
Mudanças das diretrizes curriculares por área do saber-fazer, tornando a
escola um ambiente dinâmico e criativo.
Melhorar das condições e infraestrutura da escola, para realizar as
atividades práticas de artes e artesanato.
Contratação de Mestre Artesões, Artesões e Professores.
META 13
20 mil professores de Arte e Artesanato de escolas públicas com formação
continuada.
Proporcionar aperfeiçoamento a 20 mil professores de Arte e Artesanatos do
Ensino Médio em escolas públicas.
Formação continuada com ênfase à cultura, às linguagens e ao patrimônio
cultural do artesanato, incluindo os temas dos saberes e fazeres das
expressões culturais tradicionais e populares do artesanato.
SUGESTÕES
Ampliar e desenvolver programas públicos, para formação na área do
artesanato, integrando os mestres artesões e seus conhecimentos, em
parceria com instituições de ensino, visando à capacitação técnica, ao
estímulo à pesquisa, ao resgate de técnicas tradicionais, garantindo ao
artesão, ensinar em estabelecimentos formais de educação. (Ministério da
Cultura-2010)
Reconhecer os saberes e fazeres dos mestres artesões como educador de
arte nas instituições de ensino formal.
Incorporar o tema artesanato aos programas do PET (Programa Especial de
Treinamento) e Monitoria a Iniciação Científica aos estudantes participantes
de pesquisa na área.
Aumentar em 200%, o número de vagas para graduação, pós-graduação e
mestrado profissional nas áreas de Artes, Design, Moda, Artesanato, Meio
Ambiente e Cultura.
Fortalecer programa de incentivo à formação continuada de professores de
artes e os mestres artesões.
Aumentar seus conhecimentos pedagógicos.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
80
Adquirir novos métodos e técnicas, através de oficinas, palestras,
seminários, encontros, grupo de estudo, cursos presenciais e a distância.
META 14
100 mil escolas públicas de Educação Básica desenvolvendo
permanentemente atividades de arte artesanatos e cultura.
Oferecer atividades de artesanato em 100 mil escolas públicas de Ensino
Básico em horário complementar ao turno escolar.
O artesanato na escola tem o objetivo de desenvolver a coordenação motora
das crianças, despertar sua criatividade, iniciativa de responsabilidade,
disciplina e uma prática cultural pedagógica, tornando a escola um ambiente
dinâmico, lúdico e criativo.
O artesanato é uma das atividades que ajuda melhorar a qualidade de ensino
nas escolas públicas unindo a prática, a teoria e o saber-fazer.
SUGESTÕES
Oferecer atividades artesanais nas escolas, reconhecendo os saberes e
fazeres dos mestres artesões no Programa Mais Educação de Período
Integral.
50% das escolas públicas de ensino básico em período integral.
Criar 1000 pontos de cultura nas escolas públicas como espaços culturais.
Valorização do território escolar.
Criar o atelier escolar.
Pesquisa, mapeamento e georreferenciamento.
Aumentar a oferta de atividades optativas de artesanato nas escolas:
Artesanato Tradicional, Artesanato Ecológico, Origami e Cultura Popular
Brasileira, A Arte do Origami na Geometria, A Matemática do Origami,
Origami para Ensino das Ciências, Origami da Fauna e Flora, Origami com
a Poesia Haicai, Dobradura Modular e outras categorias de artesanato.
Projeto Artesanal Arte de Ser Criança.
Projeto de Oficina de Artesanato Ecológico.
META 15
Aumento em 150% de cursos técnicos, habilitados pelo Ministério da Educação
(MEC), no campo da arte e cultura com proporcional aumento de vagas.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
81
Ampliar a oferta de vagas em cursos técnicos nas áreas, artesanato, designer,
moda e produção cultural.
Objetivo do Ministério da Educação de expandir a oferta de cursos técnicos
profissionalizantes, por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino
Técnico e Emprego (Pronatec).
O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) foi
criado pelo Governo Federal, em 2011, com o objetivo de ampliar a oferta de
cursos de educação profissional e tecnológica.
SUGESTÕES
Criação do Curso Técnico de Artesanato nos Estados, Distrito Federal e
Cidades com mercado artesanal.
Criação do Curso Técnico Artesanato e Design.
Criação do Curso Técnico de Moda Artesanal.
Criação do Curso Técnico Agricultura e Artesanato.
META 16
Aumentar em 300% de vagas de graduação, pós-graduação e mestrado
profissional na área do artesanato, com aumento proporcional do número de
bolsas.
Triplicar as vagas e as bolsas de estudos de graduação, pós-graduação e
mestrado profissional na área de artesanato.
Objetivo aumentar as vagas de graduação, pós-graduação mestrado
profissional, para estudar e pesquisar sobre as práticas artesanais tradicionais
e contemporâneas.
SUGESTÕES
Estimular a criação de cursos em parcerias com universidades e centros de
pesquisas para produção de conteúdo cultural do artesanato em software
livre.
Ampliar inserção do artesanato no ensino do design nas universidades,
criando disciplina do laboratório de Artesanato e Design, unido o saber
teórico e o saber prático do mestre artesão.
Padronizar as categorias de artesanato e suas tipologias.
Criar Curso de Mestrado Profissional em Artesanato, Design e Moda.
Linha de Pesquisa: Espaço e Problemas Socioambientais, Administração e
outras.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
82
Incentivar e apoiar a inovação e a pesquisa tecnológica no campo artesanal
e cultural, promovendo parcerias entre universidades, institutos, organismos
culturais e empresas para o desenvolvimento e o aprimoramento de
materiais, técnicas e processos.
META 17
20 mil trabalhadores artesões da cultura com saberes e fazeres reconhecido e
certificados pelo Ministério da Educação (MEC).
Reconhecer o saberes-fazeres de 20 mil trabalhadores artesões da área de
artesanato e dar a eles certificação profissional.
O Programa Rede Certific, do Ministério da Educação (MEC), é uma das
iniciativas do Governo Federal para a certificação profissional dos
trabalhadores artesões brasileira. Por meio desse programa, podem ser
certificados mestres artesões e artesões que têm conhecimentos muito
específicos.
SUGESTÕES
Reconhecer os saberes e fazeres dos mestres artesões, através de
concessão de bolsa-formação, para Certificação Profissional dos mestres
no Programa Certific.
Aprovação de Lei de Proteção e Reconhecimento dos Mestres e Mestras,
Griôs em tramitação na Comissão de Cultura da Câmara dos deputados.
META 18
Aumento em 100% no total de artesões e produtores culturais qualificadas
anualmente em cursos, oficinas, fóruns e seminários com conteúdo de gestão,
empreendedorismo, patrimônio cultural e áreas da cultura do setor artesanal.
Dobrar o número de pessoas qualificadas em cursos, oficinas, fóruns,
seminários, workshop na área do artesanato.
Esta meta tem como objetivo qualificar artesões, profissionais da cultura e
gestores para a área cultural.
SUGESTÕES
Dobrar realização de oficinas de qualificação e capacitação nas
comunidades de artesãs e organização coletiva: indígenas, quilombolas,
caiçaras, imigrantes, ribeirinhas, ciganas, rurais, associações e cooperativas.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
83
Investir cursos e treinamento de associativismo, cooperativismo,
empreendedorismo e gestão.
Promover a formação comunitária em gestão, preservação e manutenção
dos acervos locais tradicionais do setor artesanal.
Oficinas de transferência de tecnologia.
Promover circuito de palestras de artesanato, design, moda e artesanato.
Capacitar artesãos (oficinas e consultorias práticas e teóricas para grupos de
artesãos e dirigentes de associações e cooperativas do setor).
Habilitar familiares dos artesãos em gestão e comercialização.
Desenvolver estratégias de apoio ao associativismo e cooperativismo.
Aumentar a oferta de cursos, oficinas, fóruns e seminários oferecidos pelo
MinC.
Qualificar pessoas que contribui para a manutenção de espaços culturais e
instituições.
Ampliar as oficinas de preservação do patrimônio imaterial para os artesões
e produtores culturais.
Fomentar a capacidade dos artesões nos empreendimentos criativos em
parceria com o sistema S, universidades, centros tecnológicos, organizações
sociais e instituições de fomento.
Apoiar a realização de eventos técnicos para o aprimoramento das equipes
envolvidas na execução dos projetos (seminários, simpósios, missões e
etc.).
Curso do processo de embalagem das tipologias.
Feira de Artesanato e Culinária Artesanal.
META 19
Aumento em 100% no total de pessoas beneficiadas anualmente por ações de
fomento à pesquisa, formação, produção e difusão do conhecimento.
Dobrar o número de pessoas que recebem apoio para pesquisa na área de
artesanato.
Objetivo de promover e apoiar o desenvolvimento científico e tecnológico do
setor artesanal para transferência da tecnologia.
SITUAÇÃO ATUAL DA META
Observa-se que houve um decréscimo de -63%, em relação ao ano de 2010,
no número de pessoas beneficiadas por programas de fomento à pesquisa e
difusão do conhecimento, incluindo concessões de bolsas, prêmios de
pesquisas, residências artísticas e intercâmbio para formação, realizados
pelo Ministério da Cultura e suas as instituições vinculadas.
SUGESTÕES
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
84
200 pessoas para receberem apoio, para pesquisa acadêmica na área do
artesanato.
Ampliar os cursos e oficinas de capacitação oferecidas pelas unidades do
MinC.
Promover pesquisas, produção e difusão do artesanato em formato de
intercâmbio nacional e internacional, por meio de oficinas e experimentação
artesanais.
Criação de Centro de Referência em Artesanato-Design, com estrutura para
casa do artesão para capacitação, visando difusão do artesanato e da
economia criativa.
Prêmio Memórias das Comunidades Artesãs.
Reativar o Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural.
Aumentar a aproximação entre as instituições de ensino superior e as
comunidades artesãs como objeto de estudo e difusão de conhecimento.
Inserção do produto artesanal atendendo mercado da moda artesanal e
moda ecológica.
Criação do novo design para o artesanato respeitando os artesões e os
valores populares, culturais e coletivos.
META 22
Aumentar em 30% a quantidades de grupo e núcleo de produção artesanal nas
cidades.
Ter mais cidades com grupos e coletivos de produção artesanais.
É importante valorizar a existência de grupos, coletivos e núcleo de produção
artesanal locais, pois são espaços privilegiados para a experimentação e
inovação, tanto amadora como profissional. Além disso, são lugares nos quais
as manifestações artísticas podem ser divulgadas e a diversidade cultural,
valorizada.
SUGESTÕES
Criar grupo e coletivos de artesões jovens empreendedores.
Utilização dos espaços desocupados para criação de novos grupos,
coletivos e núcleo de artesões.
Manutenção de grupos e coletivos.
Criar a casa dos artesões.
Isenção de tributos e taxas e outras ações de fomento a esses grupos.
Criação de pontos de cultura.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
85
META 24
60% dos municípios de cada macrorregião do país com produção e circulação
dos artesanatos fomentados com recursos públicos federais.
Ter em cada região do Brasil, mais cidades que produzem artesanatos.
A produção artesanal e cultural brasileira conta com recursos públicos. Mas
esses recursos ainda estão bastante concentrados em algumas regiões. É
preciso, portanto, distribuí-los na produção e circulação de artesanato nas
cidades de todas as regiões do Brasil.
Projetos que se enquadram nesta meta são aqueles que envolvem feiras,
mostras, exposições das atividades do setor artesanal.
Podem ser contemplados projetos ligados à cultura popular, feiras, exposições,
workshops inter-relacionados com artesanato, moda, design e decoração, entre
outras áreas.
SUGESTÕES
Ampliar Centro de Referência do Artesanato e Design nos Estados.
Estabelecer uma rede pública integrada nacional de centros culturais
multiuso de gestão municipal ou comunitária, dotados de espaços e de
dispositivos técnicos adequados para a produção e o intercâmbio de
produções artesanais.
Ampliar em 200% as Casas dos Artesões nos Municípios.
Incentivar abertura de ateliês.
Aprovação do Projeto Lei Procultura em tramitação na câmara dos
deputados.
Apoio tecnológico para aumentar a presença do artesanato no exterior.
Fortalecer o Programa de Apoio Tecnológico à Exportação.
Apoio para a identificação e solução tecnológica para o setor artesanal.
Aumentar a competitividade dos produtos artesanais no mercado global.
Prêmio do Artesanato Tradicional.
Prêmio Mulher Artesã.
Prêmio Artesanato Sustentável.
Bolsa para formação em Artesanato Tradicional.
META 25
Aumento em 70% nas atividades de difusão cultural em intercâmbio nacional e
internacional do artesanato.
Aumentar o intercâmbio nacional e internacional de atividades que divulguem
as manifestações culturais brasileiras.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
86
Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural na Formação e Capacitação dos
Artesões na Europa, América Latina e Estados Unidos.
Aumentar em 100% a troca de experiência regional dos artesões nas
residências/ ateliês, para pesquisa e criação de novas peças artesanais,
com objetivo de produzir vídeo residência, catálogo de peças e produção do
DVD do artesanato brasileiro.
Ampliar o edital do MICSUL para exportar e fortalecer as políticas de
internacionalização do artesanato nos países da América do Sul.
Ampliar os recursos para editais que viabilizem passagens, diárias e
bolsas para atividades de intercambio.
Estabelecer intercâmbios e cooperação técnica com instituições nacionais
e internacionais para absorção e transferência de tecnologias.
Criar rede do setor artesanal para os países da América Latina e Europa,
para impulsionar o intercâmbio cultural e comercial.
Ampliar e fortalecer as políticas culturais para cooperação entre União
Européia, América Latina, Estados Unidos e Brasil, estimulando a
cooperação direta entre as cidades.
Contêiner com loja itinerante para circular nos países da Europa.
Participação nas feiras de presentes e artesanato do mundo.
Instalação de escritório de relações públicas na Europa e Estados Unidos
(Birô Internacional).
Fortalecer o conhecimento das raízes culturais latino-americanas, a
conservação de sua identidade cultural e do patrimônio.
Promover, difundir e comercializar os produtos artesanais provenientes
das mais significativas culturais da América Latina.
Promover Feira Latino americana de Artesanato.
META 26
Aumentar 200%, a quantidade de trabalhadores beneficiados pelo Programa de
Cultura do Trabalhador (Vale-Cultura).
Distribuir Vale Cultura para os trabalhadores artesões e produtor cultural
cadastrado no SNIIC.
O Vale Cultura é um benefício estimado no valor de R$ 50,00, que
determinadas empresas poderão conceder aos funcionários que ganham até
cinco salários mínimos, utilizando a renúncia fiscal e desconto de parte desse
valor no salário do funcionário.
O vale cultura oferece um crédito mensal, cumulativo e sem vencimento, para
ser utilizado em bens culturais, como comprar objetos artesanais, também
pode ser utilizado para custear cursos no âmbito cultural.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
87
Meta até 2020: 42 milhões de brasileiros podem aderir o vale cultura, com uma
estimativa e potencial de investimento na cadeia produtiva do setor cultural de
R$ 25 bilhões.
SUGESTÕES
Distribuir vale cultura para os artesãos cadastrados SNIIC.
Incluir o vale cultura nos acordos coletivos das categorias.
Triplicar a quantidade de feiras e exposição de artesanato.
Ter equipamentos culturais e locais para comercializar os objetos
artesanais.
Ampliar campanhas de sensibilização para adesão do vale cultura.
Estender o vale-cultura para os funcionários públicos.
Aumentar a divulgação para comprar os produtos artesanais.
Estender incentivos fiscais para adesão do Vale-Cultura.
META 28
Aumento em 60% números de pessoas que frequentam as feiras e exposições
do artesanato.
Aumentar o número de pessoas que vão a feiras, exposições e workshop de
artesanato.
Para que a cultura se transforme em um direito pleno é preciso que os
cidadãos tenham mais acesso aos serviços e bens culturais. Nesse sentido, é
preciso que eles possam participar de atividades fora do âmbito domiciliar ou
próximo de suas casas. Para isso, as políticas públicas devem, ao mesmo
tempo, ampliar a oferta de eventos e espaços voltados a atividades artesanais
e aumentar os estímulos para que os cidadãos frequentem mais feiras,
exposições e workshop de artesanato.
SUGESTÕES
Fortalecer políticas públicas na área artesanal para estimular o acesso,
ampliando a oferta do artesanato e a formação de público.
Elaborar calendário de eventos nacional e internacional.
Utilizar os equipamentos culturais para realizar as oficinas permanentes
de artesanato e exposições.
META 33
1.000 espaços culturais integrados ao artesanato em funcionamento com
diversas atividades artesanais e culturais.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
88
Criar mil espaços como os Centros de Artes e Esportes Unificados (CEUs)
Em 2010, o Governo Federal lançou o projeto dos Centros de Artes e Esportes
Unificados, que integram o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2).
São locais que reúnem ações de cultura, lazer, esporte, formação e
qualificação profissional, inclusão digital e serviços de assistência social. Esses
centros, criados especialmente em áreas de baixo desenvolvimento
econômico, também incluem outra política social, que é a criação de Centros
de Referência de Assistência Social ligados ao Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome (MDS).
SUGESTÕES
Criar programa anual de atividades artesanais.
Manutenção das atividades artesanais.
Manutenção permanente do equipamento cultural.
Utilização dos espaços para realização de feira de artesanato.
Contratação de Mestres Artesões.
META 38
Instituição pública federal de promoção e regulação de direitos autorais
implantadas.
Criar uma instituição pública federal para regular, mediar, promover e registrar
os direitos autorais.
A legislação sobre direito autoral não tem sido capaz de atender de forma
eficaz e equilibrada a todos os interesses envolvidos no campo autoral, que
abrangem artesões, produtores, investidores, consumidores e o público em
geral. Além disso, hoje não existe uma instituição pública do Governo Federal
que regule e promova a atividade de direitos autorais no Brasil.
SUGESTÕES
Garantir o direito de criação por sua obra e facilitar o registro do artesanato.
META 39
Sistema unificado de registro público de obras intelectuais protegidas pelo
direito de autor implantado.
Criar um sistema unificado para registro do artesanato
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
89
No Brasil não é obrigatório que o artesão registre sua peça, ou seja, que
declare publicamente que ele é o criador. No entanto, é muito importante que o
registro possa ser facilitado e estimulado, o que contribui para dar segurança
ao artesão, ao garantir o direito de criação por sua obra.
Para estimular os artesões a registrarem seus artefatos artesanais, é
importante que esse procedimento seja prático e acessível. Ao propor a criação
de um sistema unificado de registro dos artefatos, esta meta expressa o
objetivo de melhorar a gestão da informação dos direitos autorais. E, também,
de criar um banco de dados que possa simplificar a pesquisa e o acesso ao
conhecimento nesse campo.
SUGESTÕES
Os artesões devem registrar os artefatos artesanais de sua autoria em
diversos órgãos.
Alterar a lei autoral em vigor no Brasil para o artesanato.
Criar dispositivos de atualização da lei de direitos autorais em consonância
com os novos modos de fruição e produção artesanal que surgiram a partir
de novas tecnologias.
META 41
70% do artesanato e arquivos disponibilizando informações sobre seu acervo
no SNIIC.
Disponibilizar 100% das informações do acervo na internet sobre o segmento
artesanal.
O Objetivo é coletar, armazenar, difundir as informações do setor e dos objetos
artesanais em âmbito nacional dos mestres e artesões.
SUGESTÕES
Disponibilizar documentos, fotos, filmes do artesanato brasileiro no SNIIC.
Manter um catálogo do artesanato.
Resgatar informações do setor.
META 42
Política para acesso a equipamentos tecnológicos sem similares nacionais
formuladas para artesões e produtores culturais.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
90
Criar políticas para facilitar a importação de tecnologias usadas em atividades
artesanais.
Facilitar à importação com redução de tarifas para equipamentos tecnológicos
tais como: leptop, máquina fotográfica, filmadora, scanner, mesa digitalizadora,
smartphone e softwares para produtores, mestres artesões e os artesões
cadastrados no SNIIC.
SUGESTÕES
Acesso software para tratamento de imagens e vídeo.
Criar aplicativos para smartphone do artesanato.
META 43
100% das Unidades da Federação (UFs) com um núcleo de produção digital
audiovisual e um núcleo do artesanato, tecnologia e inovação.
Criar em todos estados um núcleo de produção audiovisual e um núcleo de
arte, tecnologia e inovação.
A cultura digital estimula o diálogo entre tecnologias da informação e
comunicação, cultura e arte e artesanatos.
SUGESTÕES
Criação de núcleo de produção colaborativa e catalogação de conteúdo
didático para promoção do artesanato brasileiro, por meio de publicações
com distribuição nacional em plataformas digitais.
Implantação de núcleo de produção digital nas comunidades indígenas,
quilombolas, caiçaras e rurais.
Oferecer apoio a pesquisas, a intercâmbios e a experimentações dos
mestres artesões, jovens artesões-artista e produtores culturais que
exploram novas mídias e tecnologias.
Premiação aos mestres artesões, que promova a inovação dos artefatos
artesanais sobre o impacto socioeconômico, cultural, tecnológico e
ambiental com valor histórico e étnico.
Produção de vídeo, explicando o passo a passo do fazer artesanato, como
registro da técnica utilizada e geração de renda.
Promover em rede a produção e as atividades artesanais independente em
todas as regiões do país, estados e cidades de grande importância
artesanal.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
91
Promover experiências de formação nos usos das TIC, que promova a
cidadania, gestão coletiva, troca e a prática da produção de conteúdo
artesanal, voltada à comunidade escolar.
META 46
100% dos setores representados no Conselho Nacional de Política Cultural
(CNPC), com colegiados instalados e planos setoriais elaborados e
implementados.
Instalar colegiados e elaborar planos de cultura para todos os setores
representados no CNPC.
O colegiado da setorial do artesanato recém-instalado está elaborando o Plano
Nacional de Artesanato, e a sociedade participará de encontros virtuais. A
expectativa é que o plano esteja aprovado pela Plenária do Conselho Nacional
de Política Cultural (CNPC) até o final de 2014.
O Plano Nacional de Artesanato terá sistemas de acompanhamentos,
avaliação e controle social.
SUGESTÃO
Incluir um eixo novo: Economia Verde;
Incluir um eixo novo: Promoção dos Direitos de Crianças e Adolescentes;
Incluir um eixo novo: Economia Criativa e Solidária.
Faltam metas para inclusão cultural e física para os deficientes;
Falta criar politica públicas de artesanato para Melhor Idade;
Implementar o Plano Nacional de Artesanato;
Incluir o Plano Nacional do Artesanato no PPA.
META 47
O Plano Setorial do Artesanato está representado no Conselho Nacional de
Política Cultural (CNPC) com diretrizes, ações e metas voltadas para infância e
juventude.
Incluir políticas culturais para jovens e crianças do setor do artesanato de
população 63 milhões que representa 33% da população brasileira.
As crianças e os jovens precisam ter políticas culturais exclusivas para o
artesanato que promovam a cidadania, valorizem a diversidade cultural e
garantam seus direitos.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
92
Os direitos humanos das crianças e adolescentes para viver em cidades
sustentáveis, socialmente inclusivas, superando barreiras, discriminação,
opressão e violação.
Diretriz - Promoção da cultura do respeito e da proteção aos direitos humanos
de crianças e adolescentes no âmbito da família, comunidades, coletivos,
instituições e da sociedade.
OBJETIVOS ESTRATÉGICOS
Promover o respeito aos direitos da criança e do adolescente nos: povos,
comunidades, organizações coletivas e nos meios de comunicação de modo a
consolidar uma cultura de cidadania.
Priorizar a proteção integral de crianças e adolescentes nas políticas de
desenvolvimento econômico e ambiental do setor artesanal.
Fortalecer a política de Assistência Social na oferta de serviços de proteção
social básica e especial às crianças, adolescentes das comunidades artesãs
que delas necessitem com base do índice IDH ou outros.
Ampliar o acesso e a oferta de políticas culturais que nas suas diversas
expressões e manifestações considerem o desenvolvimento de crianças e
adolescentes e o seu potencial criativo.
Prevenção e erradicação do trabalho infantil e de proteção ao adolescente
artesão.
Fortalecer as ações de convivência familiar e comunitária.
METAS
Meta 1 - Até 2020, produzido e distribuído a 100% das crianças e adolescentes
da rede pública de ensino fundamental e 100% das famílias beneficiárias do
Programa Bolsa Família e das atendidas pela estratégia de Saúde da Família,
material educativo para a disseminação dos direitos de crianças e
adolescentes.
Meta 2 – Até 2015, erradicado o analfabetismo de crianças maiores de 08 anos
e de adolescentes.
Meta 3 – Até 2020, implantados Pontos de Cultura, bibliotecas, telecentros e
cineclubes em 50% dos povos e comunidades tradicionais artesãs indígenas,
quilombolas, caiçaras e rurais.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
93
Meta 4 - Até 2020, 100% dos relatórios de impacto ambiental de projetos de
desenvolvimento econômico contemplando a análise das repercussões na vida
de crianças e adolescentes e as medidas para sua proteção integral.
Meta 5 – Até 2020, reduzida em 40% a violência física intrafamiliar de acordo
com o sistema nacional de informação em saúde.
Meta 6 - Até 2016, 5% dos recursos do FAT financiando programas e projetos
de aprendizagem, profissionalização e inserção de adolescentes artesões no
mercado de trabalho.
Meta 7- Até 2015, eliminada a ocorrência de trabalho infantil.
SUGESTÕES
Workshop para criação de novos grupos de produção artesanal de
adolescentes.
Formação e qualificação de Jovens Artesões-Design em empreendimentos
e negócios de Artesanato, Moda, Design e Decoração.
Criar bolsas, programas e editais específicos que diversifiquem as ações de
fomento ao artesanato, estimulando sua presença nos espaços culturais,
com destaque para a promoção de novos artesões-artistas.
Premiação aos jovens artesões, que promova a inovação dos produtos
artesanais sobre o impacto tecnológico, cultural, socioeconômico, e
ambiental com valor étnico e histórico.
Criar cursos de extensão para jovens das comunidades, organizações
coletivas de artesãs, para operar meios tecnológicos, produzindo e
difundindo comunicação cultural do setor artesanal.
400 bolsas de estudo a jovens artesões-artista das comunidades
indígenas, quilombolas e caiçaras, financiados com recursos públicos
federais.
Programa de formação de associativismo, cooperativismo, micro
empreendedorismo e meio ambiente.
Estabelecer programas de estímulo ao acesso de crianças e jovens aos
bens culturais de suas comunidades, por meio da oferta de transporte,
descontos e ingressos gratuitos e a realização de atividades pelas escolas,
como oficinas, visitas a museus, excursões ao cinema e ao teatro.
Criação de uma rede dos jovens artesões empreendedores e criativos.
Produção de roteiro para atividades artesanais, por meio de tecnologia de
bolso voltado a jovens das comunidades artesãs tradicionais.
Prêmio o Jovem Artesão Criativo
Prêmio o melhor origamista municipal, estadual e nacional.
Criar Programa Nacional do Artesanato Teen.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
94
Cadastramento de grupo de artesões da juventude negra na Rede Juventude Viva.
Curso de confecção e desfile de roupas artesanais afro-brasileiras.
Criar a feira nacional e internacional do artesanato eco escolar.
Programa Juventude e Trabalhos Artesanais nas Escolas.
Projeto do pequeno artesão do futuro.
Projeto do artesão quilombolinha.
Projeto do jovem artesão-artista quilombola.
Concurso de Dobradura modular em material reutilizado.
Incentivar a criação do Atelier do jovem artesão-artista.
Circuito Municipal do artesanato juvenil.
Contação de histórias, teatro e origami nas escolas públicas e bibliotecas. Criar vitrine virtual do artesanato teen nas unidades escolar.
Projeto Centro de Formação Juvenil.
Projeto Geração de Renda e oportunidade de trabalho para os
adolescentes.
Projeto Artesanato e Turismo Ecológico.
Projeto Artesanato em Movimento.
Projeto de Arte de Fazer o Artesanato e Reciclagem.
Projeto Artesanato ECO Solidário.
Projetos de Artesanato Jovens: grinalda de bandana, artes da biojoias,
decoupage em tênis, bolsas, carteiras, encadernação e bonecas.
META 49
Conferências Nacionais de Cultura realizadas em 2013 e 2017, com ampla
participação social e envolvimento de 100% das Unidades da Federação (UFs)
e 100% dos Municípios que aderiram ao Sistema Nacional de Cultura (SNC).
Garantir a participação da sociedade na elaboração e avaliação das políticas
públicas de cultura com amplo envolvimento dos estados e das cidades nas
Conferências Nacionais de Cultura de 2017 e 2021.
A Conferência Nacional de Cultura é realizada de quatro em quatro anos, é o
principal espaço de participação da sociedade na construção e
aperfeiçoamento de políticas públicas de cultura.
Por meio desse encontro é possível ampliar o diálogo entre os governos
Federal, municipais e estaduais, com os cidadãos que fazem cultura e com os
que usufruem dela.
Para fortalecer a gestão democrática e participativa, esses encontros precisam
contar com o envolvimento das cidades e dos estados que aderiram ao
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
95
Sistema Nacional de Cultura (SNC). Em relação à sociedade, é fundamental
que todos os setores e instâncias estejam representados.
SUGESTÕES
Melhorar acessibilidade nas conferências.
Aumentar adesão das Cidades no Sistema Nacional de Cultura, atualmente
38% das cidades aderia ao SNC.
Ampliar Campanha de Adesão do SNC.
Ampliar as discussões dos planos municipais de cultura.
Melhoria na organização das conferências.
Planejamento para realização das conferências para evitar mudanças de
datas.
Melhorar a distribuição e participação dos delegados.
Agilizar as publicações dos resultados (Tem cidades que nem publica).
Publicação na intriga as propostas e moções aprovadas nas conferências.
Melhorar o procedimento de aprovação do regimento.
Ampliar o acesso na internet.
META 50
10% do Fundo Social do Pré-Sal para a cultura.
Definir 10% dos recursos do Fundo Social do Pré-Sal para área da cultura
O Fundo Social (FS) foi criado pela Lei nº 12.351/2010 para ser constituído
como parte dos recursos de exploração e produção de petróleo. Sua proposta
é ser uma fonte de recursos para o desenvolvimento social e regional do Brasil.
Isso deve ser feito na forma de programas e projetos de combate à pobreza
dos povos, comunidades, organizações coletivas, artesões individuais e do
desenvolvimento artesanal.
Aplicação do Fundo Social obedecerá ao plano plurianual - PPA, a lei de
diretrizes orçamentárias - LDO e as respectivas dotações consignadas na lei
orçamentária anual – LOA.
Os recursos desse Fundo Social constituem importante estratégia para
complementar o financiamento das metas do Plano Nacional de Cultura (PNC)
e diversificar os mecanismos de promoção da cultura no segmento artesanal.
SUGESTÕES
Aprovação do Projeto do Fundo Social do Pré-Sal, em tramitação na
Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados;
Destinar verba do fundo Social do Pré-Sal, para as políticas públicas do
setor do artesanato;
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
96
Erradicação da pobreza diminuindo em 30% (2,55 milhões) o número de
artesões na linha abaixo da pobreza;
Fomentar o intercâmbio externo por meio de ações comunitárias conjuntas;
Aumentar a fonte de renda dos artesões (Atual ~ R$ 550,00).
Incentivar práticas voltadas para associativismo e cooperação entre
empresas, governos, comunidades e grupos de artesões.
Distribuir vale cultura para os artesões cadastrados no SNIIC.
Melhoria da qualidade de vida das comunidades;
Viabilizar o resgate da cidadania e da autoestima dos artesões.
Reduzir disparidades socioeconômicas em espaços rurais e urbanos.
META 51
Aumento de 37%, acima do PIB, dos recursos públicos federais para a cultura.
Aumentar os recursos públicos federais para a cultura de 0,061% para 0,084
do PIB.
Esta meta tem como objetivo aumentar os recursos orçamentários do Ministério
da Cultura. Esses recursos são essenciais para que as políticas públicas de
cultura possam ser realizadas.
Em 2013, os recursos públicos federais para cultura foi de R$ 3,67 bilhões,
que corresponderam a 0,076% do PIB.
SUGESTÕES
Elevar o volume de recursos destinados ao setor da cultura.
Aumentar os recursos para o segmento artesanal.
Aprovação da PEC 150/2003 em tramitação na Câmara dos Deputados.
META 52
Aumento de 18,5%, acima do PIB, da renúncia fiscal do Governo Federal para
incentivo à cultura.
Aumentar a renuncia fiscal do Governo Federal para incentivo à cultura de
0,028 para 0,033% do PIB
Os principais meios de fomento à cultura acontecem por meio de renuncia
fiscal, com desconto no Imposto de Renda das pessoas físicas e das
empresas. Há duas leis que regem essas doações e patrocínios são a Lei
Rouanet e a Lei Audiovisual.
SUGESTÕES
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
97
Aumentar o teto da renúncia fiscal na área cultural.
Criar o selo de patrocinador cultural.
Aumentar em 60% até 2020 os recursos da chamada renúncia fiscal.
Incentivar as pessoas físicas e as empresas patrocinarem projetos culturais.
Aprovação do Projeto de Lei ProCultura em tramitação na Câmara dos
Deputados.
Aumentar para 4,5% a participação do setor cultural no PIB brasileiro.
Investir na qualificação dos projetos culturais.
Ampliar e fortalecer a adesão do vale cultura.
Aumentar a participação da renuncia fiscal no segmento artesanal.
META 53
4,5 % de participação do setor cultural brasileiro no Produto Interno Bruto (PIB).
Aumentar para 4,0% a participação do setor artesanal no PIB brasileiro
O Produto Interno Bruto (PIB) é a soma de tudo o que é produzido durante o
ano em um país, estado, cidade ou região e é usado para medir o crescimento
econômico.
O rendimento do segmento informal artesanal, também entra na soma do PIB e
representa 2,8% do PIB brasileiro e necessita de políticas públicas duradoras
para o setor de alto potencial de crescimento.
Para conhecer o impacto real das atividades artesanais na economia brasileira,
será medida pela Conta Satélite da Cultura.
SUGESTÕES
Criar calendário nacional de feiras e exposição.
Ampliar a quantidade de feiras, exposição e etc.
Triplicar as casas dos artesões.
Formalizar os locais para comercialização dos produtos artesanais.
Criar rota de comercialização nas rodoviárias, ferroviária, equipamentos
culturais, ruas, calçadas, parques, e outras.
Campanha de divulgação do artesanato brasileiro.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
98
Imagem: Panoletos
4.5 Estratégias para o Plano Setorial do Artesanato
O Colegiado Setorial de Artesanato vem se reunindo desde sua posse
com o objetivo de elaborar, em parceria com o Ministério da Cultura, um
documento que venha registrar as necessidades e estratégias para a melhoria
do setor e que seja coerente com as políticas culturais do MINC. Para isto,
estão sendo feitas reuniões onde um documento é construído coletivamente e
que servirá de base para a consulta pública a ser realizada com a sociedade,
finalizando com a confecção do documento final que é o Plano Setorial do
Artesanato.
Procuramos organizar o documento a seguir, a partir do modelo
apresentado pela Secretaria de Economia Criativa, e ainda sugerindo órgãos
do próprio MINC que poderiam estar envolvidas com as estratégias apontadas.
Em alguns casos, obtivemos já informações sobre o andamento de programas
e ações que atendem às necessidades e estratégias apontadas, mas em sua
grande maioria, observamos que o Ministério da Cultura carece ainda de uma
maior mobilização com vistas a atender à demanda da categoria.
99
COLEGIADO SETORIAL DE ARTESANATO – ESTRATÉGIAS PARA O PLANO SETORIAL DE ARTESANATO
ESTRATÉGIA ÓRGÃO MINC SITUAÇÃO/COMENTÁRIO
1. CRIAÇÃO/PRODUÇÃO
1.1. Criar polos de artesanato estaduais, regionais e locais SEC/CNFCP Através do IPHAN/CNFCP, o Promoart
implantou/apoiou 65 polos artesanais de
Tradição Cultural de todas as regiões do país
Segundo o site Cultura Viva, foram
beneficiados 492 Pontos de Cultura que
desenvolvem atividades de artesanato no país
MINC e MDIC lançaram Edital de Apoio a
Arranjos Produtivos Locais em Economia
Criativa
1.2. Articular a criação de linhas de crédito para fomentar o
artesanato em todas as suas etapas de produção
SEC/SEFIC Proposto pelo Colegiado a reestruturação do
FICART do PRONAC/MINC para possibilitar o
financiamento do artesanato
1.3. Garantir que o Vale Cultura seja utilizado para a aquisição de
artesanato
SEFIC A aquisição de peças de artesanato foi inclusa
para uso do Vale Cultura, conforme Lei nº
12.761, de 27.12.2012.
1.4. Institucionalizar territórios específicos da produção artesanal SEC/SCDC/CNFCP Este idem é atendido elo item 1.1
1.5. Estimular o diálogo entre o Artesanato, o Design e a Moda
para valorização da cultura
SEC Proposta a realização de Seminário
Transdisciplinar pelo Colegiado para
realização pela SEC
1.6. Incentivar a criação de produtos que utilizem técnicas de
reciclagem e reaproveitamento de materiais, evitando
desperdício, exaltando trabalhos artesanais como produtos
que gerem renda
SEC/SCDC O Edital Vitrines Culturais, lançado pela SEC,
pontuou em nota alta o critério
Responsabilidade socioambiental nos sentido
Ecológico (Sustentabilidade) e de Inclusão
produtiva
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
100
COLEGIADO SETORIAL DE ARTESANATO – ESTRATÉGIAS PARA O PLANO SETORIAL DE ARTESANATO
ESTRATÉGIA ÓRGÃO MINC SITUAÇÃO/COMENTÁRIO
2. FORMAÇÃO / CAPACITAÇÃO
2.1. Estímulo à criação e implantação de Institutos Federais de
Artesanato e de cursos técnicos em nível médio e superior nas
instituições de ensino públicas
SEC/SPC A SEC, em parceria com a SPC vem
trabalhando junto ao MEC para a implantação
de IFEs na área cultural
2.2. Implantação de Programa Interministerial permanente de
qualificação dos artesãos
SEC/SPC Não observado
2.3. Melhoria da qualidade do produto e do processo produtivo do
artesanato brasileiro; pré-qualificação de produtos para
obtenção de selos e marcações; embalagens certificadas,
rotulagens de procedência; design do produto artesanal
respeitando a criatividade do artesão
SEC Não observado
2.4. Realizar Evento Intersetorial com participação de especialistas
e temas como Economia Verde e tecnologia, tecnologia e
informação
SEC Não observado
AÇÕES PROPOSTAS:
Qualificação para Inclusão digital dos artesãos;
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
101
COLEGIADO SETORIAL DE ARTESANATO – ESTRATÉGIAS PARA O PLANO SETORIAL DE ARTESANATO
ESTRATÉGIA ÓRGÃO MINC SITUAÇÃO/COMENTÁRIO
3. DIVULGAÇÃO
3.1. Assegurar a atualização, difusão e distribuição do Livro Base
Conceitual do Artesanato Brasileiro, contando com a consulta
aos artesãos
SEC/CNFCP Não observado
3.2. Estimular nas entidades artesanais na observância das
normas quanto aos conceitos básicos do artesanato brasileiro
SEC/CNFCP Não observado
AÇÕES PROPOSTAS:
Exposição Permanente do Artesanato Brasileiro nos principais aeroportos do país, em parceria com a Infraero e Estatais
Ampliação e difusão do programa de fomento ao artesanato, articulado com as ações nos territórios
Criar políticas e ações para difusão do artesanato brasileiro, incluindo a criação do Portal do Artesanato Brasileiro dentro do site do MINC
Incluir na rede de observatórios de economia criativa informações, estudos e pesquisas sobre a área de artesanato e torná-la de fácil acesso ao público em geral;
Criar sistema de informações que facilite a interação de diferentes atores em favor da divulgação de eventos e ações, circulação, etc;
Divulgar massivamente o Estatuto do Artesão em todos os meios e mídias de comunicação.
Promover a campanha de conscientização da importância do profissional artesão e seu ofício em todos os meios e mídias de comunicação.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
102
COLEGIADO SETORIAL DE ARTESANATO – ESTRATÉGIAS PARA O PLANO SETORIAL DE ARTESANATO
ESTRATÉGIA ÓRGÃO MINC SITUAÇÃO/COMENTÁRIO
4. DISTRIBUIÇÃO / COMERCIALIZAÇÃO
4.1. Fomentar circuitos itinerantes regionais e nacionais de
artesanato
SEC O Edital Vitrines Culturais está promovendo a
circulação, exposição e comercialização de
peças de 241 artesão/grupos artesanais
durante o período da Copa do Mundo
4.2. Apoiar a circulação/distribuição de bens e serviços do
artesanato nas: Cooperativas, Associações, Casa dos
Artesões, Pontos de Cultura e etc.
SEC Não observado
4.3. Articular a implantação de um Programa de Turismo Cultural
Artesanal Brasileiro em consonância com Plano Nacional de
Turismo (SEET)
SEC/MTUR Não observado
4.4. Inclusão de políticas e ações para a identificação de novos
mercados em níveis local, nacional e internacional;
SEC Não observado
4.5. Inclusão de políticas para o estímulo à difusão do artesanato
local nos eventos públicos
SEC O Edital Vitrines Culturais colabora com esta
estratégia
4.6. Em caso de exportação, adequar os produtos artesanais às
exigências técnicas do mercado externo conforme normas que
especificam padrões mínimos que o produto deve atender para
entrar no mercado
SEC Não observado
4.7. Garantir o acesso aos pontos de comercialização do artesão
visitante/nômade
SEC Não observado
4.8. Criar políticas públicas que visem à comercialização,
exposição e distribuição de bens artesanais brasileiros no
exterior que tenham caráter indentitário da cultura brasileira
SEC Não observado
4.9. Criar pontos de vendas e de e-commerce SEC Não observado
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
103
4.10. Criação de “Centros de Referência do Artesanato”, que
seriam espaços de Memória, Oficinas, Visibilidade, pesquisa,
etc., sobre/do Artesanato Brasileiro. A solicitação foi feita à
Ministra durante audiência com os Colegiados no final de 2013
SEC/CNFCP Não observado
AÇÕES PROPOSTAS:
Criar um circuito de feiras e eventos nacionais, regionais anuais e internacionais;
Promover feiras específicas de produtos brasileiros nas 05 macrorregiões;
Efetivar a participação dos trabalhadores artesãos organizados na gestão desses eventos
Estimulo e apoio a participação dos artesãos em feiras de artesanato no país por meio de compras de stands com preços subsidiados pelo governo, isenção de impostos e/ou isenção de outros encargos.
Nos eventos financiados com recursos de qualquer esfera do poder público, que o artesão participe dos eventos sem custos;
Facilitação do preço dos stands das feiras para os artesãos cadastrados no SNIIC/MinC.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
104
COLEGIADO SETORIAL DE ARTESANATO – ESTRATÉGIAS PARA O PLANO SETORIAL DE ARTESANATO
ESTRATÉGIA ÓRGÃO MINC SITUAÇÃO/COMENTÁRIO
5. FORTALECIMENTO DO PROFISSIONAL ARTESÃO
5.1. Aperfeiçoamento na gestão das associações e cooperativas e
nos meios de produção
SEC/CNFCP Não observado
5.2. Criar o fundo nacional para o fomento da atividade artesanal SEFIC Não observado
5.3. Criar um fórum interministerial com participação de
representantes do colegiado setorial de artesanato, visando
traçar estratégias conjuntas voltadas para o desenvolvimento
do setor artesanal
SEC Não observado
5.4. Criação da Secretaria Nacional do Artesanato no MINC SE Não observado
5.5. Fortalecer o controle social com a participação dos membros
do colegiado sobre a aplicação dos recursos repassados pelos
órgãos públicos, por meio de conselhos compostos por
membros do governo e da sociedade civil organizada do
artesão
Não observado
5.6. Promover espaços permanentes de diálogos e fóruns de
debate sobre o artesanato abertos aos artesãos e suas
organizações nas casas legislativas do Congresso Nacional,
Assembléias Estaduais e Distritais, Câmaras Municipais e
Ministérios que atuam na área
SEC/CNFCP Não observado
5.7. Fomentar circuitos de redes e coletivos e articular junto ao
poder público o fomento para a formalização de cooperativas,
associações, redes e coletivos, por meio dos fundos de cultura
SEC/CNFCP Não observado
5.8. Incentivar o cadastro dos artesãos no SNIIC/MinC SEC/CNFCP/SPC Não observado
5.9. Acompanhamento e mobilização para aprovação do PL
7755/2010, que regulamenta a profissão de artesão, através
da assessoria parlamentar do MinC
SEC/CNFCP/SE Não observado
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
105
5.10. Elaboração de Cartilha a ser distribuída nos Municípios e
Conselhos de Cultura, com explicações sobre o que se
constituem os colegiados e o CNCP
SEC/CNFCP/CNPC Não observado
AÇÕES PROPOSTAS:
Incentivo ao cadastramento dos artesãos no SNIIC, como pré-requisito para participar de editais e ações de fomento;
Treinamento SNIIC para os representantes dos colegiados do CNPC, com objetivo de serem multiplicadores nas suas Cidades ou Estados;
Campanha para divulgação do SNIIC, direcionada aos artesãos em parceria com entidades representativas da categoria a nível nacional, estadual e municipal;
Articular com Secretarias e/ou instituições para realizar o cadastro de artesãos que não tem acesso e facilidade na internet;
Simplificar os procedimentos de participação nas eleições para representação no CNPC e respectivos colegiados.
Estimular e facilitar o cadastramento/candidatura dos artesãos por suas entidades representativas e/ou pelos órgãos gestores de cultura dos municípios.
Ampliar a articulação e mobilização para viabilizar a participação da categoria no CNPC
Estimular a utilização do SNIIC como ferramenta para a mobilização da categoria em todo Brasil.
Criar editais específicos de fomento ao artesanato regionalizado, de forma a ampliar o acesso e assegurar maior igualdade na distribuição de recursos públicos;
Aprovação Imediata da Regulamentação da Profissão de Artesão do Projeto do Estatuto do Artesão- PL 7755/10
Articulação e mobilização da categoria junto aos parlamentares para a aceleração da votação do PL 7755/10
Adequar e aperfeiçoar a legislação tributária que venha favorecer os ciclos de produção, circulação/distribuição e consumo/fruição de artesanato;
Criação de regras diferenciadas para a previdência social do artesão, a exemplo dos pescadores artesanais e outras políticas de acesso.
Incentivar os artesãos para a obtenção da carteira nacional do artesão.
Estimular os municípios para a implantação da Casa do Artesão Produtor, aumentando o número de cidades com presença de grupos ou coletivos de artesãos produtores;
Promover a institucionalização de grupos e associações de artesãos para potencializar o trabalho coletivo de criação e produção, facilitando o fomento de ateliers coletivos e individuais.
Publicação da Cartilha reformulada e reeditada “O Artesão e a Previdência Social”, em parceria com o Ministério da Previdência e apoio de outras instituições.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
106
COLEGIADO SETORIAL DE ARTESANATO – ESTRATÉGIAS PARA O PLANO SETORIAL DE ARTESANATO
ESTRATÉGIA ÓRGÃO MINC SITUAÇÃO/COMENTÁRIO
6. MEMÓRIA/HISTÓRIA
6.1. Implantação de uma política nacional de proteção e
valorização dos conhecimentos e expressões do artesanato
SEC/CNFCP O Promoart colabora com esta estratégia
6.2. Estimular a capacitação técnica, visando pesquisas para o
resgate de técnicas tradicionais
SEC/CNFCP/SCDC O Promoart colabora com esta estratégia
6.3. Criar políticas públicas de valorização do artesanato
tradicional, estimulando a promoção da cultura local ligada às
tradições
SEC/CNFCP/SCDC O Promoart colabora com esta estratégia
6.4. Criar forma de identificação de saber identitário, garantindo a
perpetuação dos conhecimentos dos mestres de ofícios
SEC/CNFCP/SCDC O Promoart colabora com esta estratégia
6.5. Valorizar e fomentar pesquisas regionais com metodologias
capazes de serem replicadas
SEC/CNFCP O Promoart colabora com esta estratégia
AÇÕES PROPOSTAS:
Ampliar e desenvolver políticas públicas para formação na área do artesanato, integrando os mestres artesãos e seus conhecimentos, em parceria com instituições de ensino tais como Institutos Técnicos, Unidades Escolares, Pontos de Cultura, CEUs das Artes, Bibliotecas Públicas, etc, com a valorização da cultura e dos saberes dos nossos ancestrais na produção artesanal sustentável.
Instituir o Selo de identidade, regionalidade e propriedade do artesanato local, gerando reconhecimento do saber identitário;
Realizar pesquisas em parcerias com diversas instituições, criando indicadores que permitam medir a economia do setor artesanal (quantitativos e qualitativos);
Mapear a economia criativa informal através de pesquisas primárias nos municípios brasileiros (diferenciando os de grande e médio porte dos de pequeno porte), em parceria com as prefeituras municipais;
Instituir redes de trocas de informações com os poderes públicos que possam mapear estas produções
107
5. CONCLUSÃO
Ao nos depararmos com o desafio de elaborar uma análise situacional do
segmento do artesanato de forma que não resultasse em um documento
técnico econômico em suas análises e no desenho de um cenário muito
objetivo, nos deparamos também com a complexidade que envolve o setor e
com as dificuldades de informações e dados que pudessem apresentar uma
maior abrangência de atuação deste setor criativo em nosso país.
A diversidade de compreensões e a construção constante do conceito de
artesanato nos revela que, apesar de ser uma das artes mais antigas do
homem, esta atividade sofre um estigma de não-arte, por ser considerada por
muitos como arte “menor” por ser utilitária. Poucos percebem que, ao usar a
criatividade para soluções práticas; a destreza manual para a confecção de
suas próprias ferramentas de trabalho ou objetos de uso doméstico e ainda a
estética e a expressividade sentimental ou cultural ao dar personalidade ao seu
produto, temos no artesão um artista bem mais completo de habilidades.
E assim buscamos iniciar este trabalho, construindo um conceito como
ponto de partida para a elaboração do Plano Setorial do Artesanato. Para isto,
buscamos uma base conceitual já elaborada pelo próprio Governo Federal para
o Programa do Artesanato Brasileiro, mas também pesquisamos outros autores
e programas nacionais públicos e privados que colaboraram com pequenos
acréscimos nos auxiliando a clarear esta questão conceitual e de classificação
do artesanato e de todos os elementos que compõem e caracterizam seu
processo criativo e produtivo.
Também verificamos que, apesar de ser um segmento apoiado por
diversos organismos e instituições a nível nacional, tanto no sentido da
capacitação do artesão, como da sua produção e comercialização, e talvez por
esta complexidade de instituições que o permeiam, os entes e agentes que
trabalham neste setor carecem de uma melhor referência de política pública
para seu desenvolvimento. Neste sentido, faz-se necessário que estes
organismos e instituições governamentais busquem parcerias e sinergias em
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
108
seus programas de tal forma que possam, não só otimizar esforços e recursos
públicos, como também identificar mediadores oficiais para o setor,
colaborando assim para a proposta de construção política conjunta, como
preceitua o Plano Nacional de Cultura e uma gestão democrática e participativa
como consideramos a que ora gerencia nosso país.
Muito ainda há de ser feito também no sentido dos marcos legais para o
setor que, por exemplo, ainda não tem sua profissão regulamentada e pouco
há sobre a questão previdenciária parta os artesãos, sem falar nas questões
tarifárias que possam melhor viabilizar a produção e a comercialização.
Sabemos o quanto é importante resolver estas questões legais, principalmente
quando acreditamos que os benefícios de uma sociedade de igualdade social
necessita de igualdade de oportunidades aos seus cidadãos.
Mas, como bem sabemos que a representação do setor é recente na
participação em políticas públicas do Ministério da Cultura, sendo este seu
primeiro colegiado no Conselho Nacional de Políticas Culturais, acreditamos
que este seja o momento ideal para a apresentação de demandas e proposição
de estratégias com o intuito de colaborar com estas políticas públicas. E é com
esta intenção que apresentamos o histórico de participação da sociedade civil
nas políticas do MINC e os documentos oriundos do Colegiado Setorial de
Artesanato, em seu formato ainda de trabalho, mas que já oferece subsídios
bem estruturantes para que a Secretaria de Economia Criativa possa avançar
em sua missão de acompanhar as atividades do setor e colaborar com seu
desenvolvimento nacional.
Muito pode ser feito, e muito tem a ser feito, mas ações simples por vezes
impensadas podem ser soluções criativas para grandes problemas, tal como
nos indica Queiroz, ao tratar da valorização da profissão do artesão de forma
alternativa sem ser através dos difíceis caminhos das leis: “Uma forma de o
Estado intervir na questão, sem entrar na difícil seara da regulamentação, cujos
percalços veremos a seguir, é o reconhecimento, propriamente dito, da
profissão, por meio da inserção de datas comemorativas no calendário oficial
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
109
ou a comemoração de efemérides ligadas à profissão, em seu calendário de
eventos.” 29
Diversas podem ser as soluções para as necessidades que foram e
continuam sendo apontadas pela sociedade civil, mas acreditamos que esta
busca de soluções, feita de forma integrada entre os interesses em pauta no
Colegiado Setorial de Artesanato e as ações e programas desenvolvidos pelas
secretarias do sistema MINC, junto a outros órgãos governamentais parceiros,
devem ser o melhor caminho, e este documento procura colaborar com a
construção deste caminho.
Selma Maria Santiago Lima
Consultora
29 QUEIROZ, Ângelo Azevedo. A legislação existente no Brasil que dispõe sobre a
profissão de artesão, e os projetos sobre a matéria apresentados ao Congresso.
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
110
6. BIBLIOGRAFIA
ABEXA. Priorização dos Mercados Potenciais. Disponível em
http://www.grupodedesenvolvimento.org.br/conteudo/pesquisas/14129
Acesso em 08/06/2014
APEX. Analise de Mercado Externo. Disponível em
http://www.grupodedesenvolvimento.org.br/Content/uploads/61791125-
c18b-44a2-baab-d159fc740341.pdf Acesso em 27/05/2014
BARBOSA DA SILVA, Frederico A. B (Org.). Cultura Viva: as práticas de
pontos e pontões. Brasília: IPEA, 2011.
BARBOSA DA SILVA, Frederico e CALABRE, Lia (org). Pontos de cultura:
olhares sobre o Programa Cultura Viva. Brasília: IPEA, 2011.
BARROS, José Márcio e ZIVIANI, Paula in Pontos de cultura: olhares sobre
o Programa Cultura Viva / organizadores: Frederico Barbosa, Lia
Calabre.- Brasília: Ipea, 2011.
BARROSO, Eduardo. Apostila Curso Artesanato – Módulo 1. Fórum
Brasileiro de Economia Solidária. Disponível em
http://www.fbes.org.br/biblioteca22/artesanato_mod1.pdf Acesso em
20/04/2014
BRASIL, Ministério da Cultura. Artesãos reivindicam inclusão do setor nas
formas de fomento do MINC. Disponível em
http://culturadigital.br/setorialartesanato/ Acesso em 20/04/2014
__________________ Conselho Nacional de Políticas Culturais. Disponível
em http://www.cultura.gov.br/cnpc/o-cnpc
__________________ Cultura em números: anuário de estatísticas
culturais 2009. Brasília: MINC, 2009. Disponível em:
http://blogs.cultura.gov.br/blogdarouanet/files/2010/05/cultura_em_numeros
_2009_final.pdf Acesso em 25/04/2014
__________________ Cultura Viva: Programa Nacional de Cultura,
Educação e Cidadania. Disponível em
http://www2.cultura.gov.br/culturaviva/cultura-viva/ Acesso em 20/05/2014
__________________ Metas do Plano Nacional de Cultura. 3ª Edição.
Brasília: 2013. Disponível em http://pnc.culturadigital.br/wp-
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
111
content/uploads/2013/12/As-metas-do-Plano-Nacional-de-
Cultura_3%C2%AA-ed_espelhado_3.pdf Acesso em 05/05/2014
__________________ Plano Nacional de Cultura. Diretrizes Gerais.
Disponível em http://www2.cultura.gov.br/site/wp-
content/uploads/2008/10/pnc_2_compacto.pdf Acesso de 27/05/2014.
__________________ Plano Nacional de Cultura. Diretrizes Gerais.
Disponível em http://www2.cultura.gov.br/site/wp-
content/uploads/2008/10/pnc_2_compacto.pdf
__________________ Portaria da 3ª Conferência Nacional de Cultura.
Disponível em http://cncvirtual.culturadigital.br/wp-
content/uploads/sites/6/2013/12/Propostas_Aprovadas_III-CNC.pdf
__________________ Programa Cultura Viva. Disponível em
http://culturaviva.org.br/#lat=-3.0853645993889014&lng=-
48.48849948897632&zoom=4 Acesso em 10/06/2014
__________________ Programa de Promoção do Artesanato de Tradição
Cultural – PROMOART. Disponível em
http://www.promoart.art.br/sele%C3%A7%C3%A3o-dos-polos Acesso em
10/05/2014
__________________ Relatório Analítico da I Conferência Nacional de
Cultura. Disponível em http://www.cultura.gov.br/documents/10877/0/parte-
01/a5b473e4-2ad9-4d2b-8f91-658f9beff95f Acesso em 15/maio/2014
Acesso em 30/04/2014
__________________ Relatório da I Conferência Nacional de Cultura.
Disponível em http://www.cultura.gov.br/documents/10877/0/parte-
01/a5b473e4-2ad9-4d2b-8f91-658f9beff95f Acesso em 20/05/2014
__________________ Resultado da Plenária Final da III CNC. Disponível
em http://cncvirtual.culturadigital.br/wp-
content/uploads/sites/6/2013/12/Propostas_Aprovadas_III-CNC.pdf
__________________ Texto Base da 3ª Conferência Nacional de Cultura.
Disponível em http://cncvirtual.culturadigital.br/wp-
content/uploads/sites/6/2013/11/texto-base-III-CNC.pdf Acesso em
06/05/2014
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
112
__________________ Texto de apresentação do PNC. Disponível em
http://www.cultura.gov.br/plano-nacional-de-cultura-pnc- Acesso em
18/05/2014
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Distribuição Espacial da Atividade Artesanal segundo a Pesquisa de
Informações Básicas Municipais Munic/2009 do IBGE. Brasília, 2012.
__________________ Base Conceitual do Artesanato Brasileiro. Brasília,
2012.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior/IPEA.
Panorama do Comércio Internacional 2012/2013. Brasília. 2013
__________________ Distribuição Espacial da Atividade Artesanal
segundo a Pesquisa de Informações Básicas Municipais Munic/2009
do IBGE. Brasília, 2012.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior/PAB
/UNB. Resgatando a Cultura para Competir no Mercado Criativo: Nova
Abordagem de Capacitação do Artesão Brasileiro. Brasília, 2012
CANCLINI, Néstor García. Culturas Híbridas - estratégias para entrar e sair
da modernidade. São Paulo: EDUSP, 2008.
CDT/UnB. Resgatando A Cultura Para Competir No Mercado Inovador:
Nova abordagem de capacitação do Artesão Brasileiro. Brasília:
CDT/UnB, 2012. (Pag. 122)
CENTRO CAPE. Representatividade do Segmento Artesanal Brasileiro.
Disponível em http://www.centrocape.org.br/centrocape/ Acesso em
30/04/2014
CENTRO CAPE/APEX. Analise de Mercado. Disponível em
http://www.grupodedesenvolvimento.org.br/Content/uploads/560aa136-
2e81-4eeb-9444-f4a84424175c.pdf Acesso em 20/05/2014
CÓRDOLA, Raul. Afinal, o que é artesanato? Segunda Pessoa Revista de
Artes Visuais – Ano 3, Número 2. 2ou4 Editora. Disponível em
http://www.segundapessoa.com.br/edicoes/1/ Acesso em 30/04/2014
FREEMAN, Claire Santanna. Cadeia Produtiva da Economia do Artesanato
– desafios para o seu desenvolvimento sustentável. Editora e-livre,
2010. Disponível em www.editoraelivre.com.br Acesso em 08/06/2014
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
113
IBGE. Pesquisa de Informações Básicas Municipais – Perfil dos
Municípios Brasileiros – Cultura – 2006. IBGE, 2007. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/perfilmunic/cultura2006/c
ultura2006.pdf Acesso em 20/05/2014
LABREA. Valéria da Cruz Viana. Redes Híbridas de Cultura: o imaginário do
poder. Tese de Doutorado em Educação na UNB. Disponível em
http://www.hugoribeiro.com.br/biblioteca-digital/LABREA-Redes-hibridas-
de-cultura-o-imaginario-no-poder.pdf Acesso em 15/06/2014
MARINHO, Heliana. Artesanato: tendências do segmento e oportunidades
de negócios. Rio de Janeiro: SEBRAE/RJ, 2007 Disponível em:
http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/bds.nsf/1E54FD5A8D8594EE8325
735B006E1BBE/$File/NT0003610A.pdf Acesso em 27/05/2014
MASCÊNE, Durcelice Cândida TEDESCHI, Mauricio. Termo de referência:
atuação do Sistema SEBRAE no artesanato. Brasília; SEBRAE, 2010.
Disponível em
http://201.2.114.147/bds/BDS.nsf/4762969DAC2E2FBC8325770E005416F
C/$File/NT00043F22.pdf Acesso em 20/05/2014
QUEIROZ, Ângelo Azevedo. A legislação existente no Brasil que dispõe
sobre a profissão de artesão, e os projetos sobre a matéria
apresentados ao Congresso. Disponível em
http://www2.camara.leg.br/documentos-e-
pesquisa/publicacoes/estnottec/tema8/pdf/2004_10141.pdf Acesso em
10/05/2014
SANTOS. Evelynne Tabosa dos. Exportações de Artesanato do Ceará no
Período de 2004 a 2006: Desafios e Oportunidades. Disponível em
http://www.livrosgratis.com.br/arquivos_livros/cp094488.pdf Acesso em
23/05/2014
VOX POPULI – CENTRO CAPE. Relatório da Pesquisa de Perfil do Artesão
2005/2012 – Disponível em
http://www.grupodedesenvolvimento.org.br/Content/uploads/bd2b00ee-b880-
40ca-8680-0473774f49b1.pdf Acesso em 10/05/2014
Diagnóstico do Segmento Criativo do Artesanato ..................................... Consultora Selma Santiago
114
7. ANEXOS
Mapa do Artesanato Brasileiro
Portaria No 29 - Base conceitual do Artesanato
Representatividade do segmento artesanal brasileiro
Mapa de Polos do PROMOART
Estatuto do Artesão - Lei 157 de 2012
PL 7755-2010