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Natal | RN| Ano I, n. 02, fev./mai. [email protected] | www.grupocontar.com.br Jornal da Escola É possível alfabetizar sem letrar ou letrar sem alfabetizar? 2013| EDUFRN Profa. Estela Campelo da UFRN 9 772316 496006 00 ISSN 2316-4964 Seu aluno tem dúvidas do que quer ser quan- do crescer? Em 2013, a V Mostra de Profissões de Natal, oferecida anualmente pela UFRN, acontecerá no período de 05 a 07 de junho. Destinada, principalmente, aos estudantes do ensino médio, a mostra tem o objetivo de ajudar interessados na escolha do curso de graduação. Para mais informações, acesse: www.ufrn.br/mostradeprofissoes. A Revista Escolha, distribuída gratuitamente nas escolas, é uma fonte importante para orientar a opção por um dentre os vários cursos superiores da UFRN. Acesse: http://www.escolha.ufrn.br/ CONVERSA COM PROFESSORES LIÇÕES DE CASA ESCOLA EM QUADRINHOS Planeje bem o ano escolar: conheça as metas para a educação do plano de gestão da sua cidade, os programas nacionais e estabeleça parcerias com a UFRN. UFRN desenvolve projetos sobre educação, corpo e escola Para saber mais, consulte: www.paideia.sedis.ufrn.br ou www.paideia.sedis.ufrn.br/gepec. Compare o Projeto da sua escola com as orientações dos Referenciais Curriculares Municipais. Desafios e trabalhos realizados pela Escola Municipal Professor Ulisses de Góis para o ensino da LIBRAS. Saiba como a calculadora pode ser usada no ensino da Matemática. A professora Estela Campelo (UFRN) discute a alfabetização, o letramento e suas implicações na prática docente e aprendizagem escolar. Professora da Escola Estadual Dr. Maia Neto desenvolve atividades com seus alunos na biblioteca do Sesc (Natal-RN). EDITORIAL VIVENDO E APRENDENDO CHÃO DA ESCOLA NOTA 10 AGENDA DO PROFESSOR Mostra de profissões de Natal Revista Escolh@UFRN 02 03 04 05 06 08 02 Edição A professora Estela Campelo desfaz equívocos conceituais sobre as práticas de alfabetizar e de letrar e discute a aprendizagem da linguagem no contexto escolar.

CONTAR - Jornal da Escola

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Natal | RN| Ano I, n. 02, fev./mai. [email protected] | www.grupocontar.com.br

Jornal da Escola

É possível alfabetizar sem letrar ou letrar sem alfabetizar?

2013| EDUFRN

Profa. Estela Campelo da UFRN

9 772316 496006

0 0ISSN 2316-4964

Seu aluno tem dúvidas do que quer ser quan-do crescer? Em 2013, a V Mostra de Profissões de Natal, oferecida anualmente pela UFRN, acontecerá no período de 05 a 07 de junho. Destinada, principalmente, aos estudantes do ensino médio, a mostra tem o objetivo de ajudar interessados na escolha do curso de graduação. Para mais informações, acesse: www.ufrn.br/mostradeprofissoes.

A Revista Escolha, distribuída gratuitamente nas escolas, é uma fonte importante para orientar a opção por um dentre os vários cursos superiores da UFRN. Acesse: http://www.escolha.ufrn.br/

CONVERSA COM PROFESSORES

LIÇÕES DE CASA

ESCOLA EM QUADRINHOS

Planeje bem o ano escolar: conheça as metas para a educação do plano de gestão da sua cidade, os programas nacionais e estabeleça parcerias com a UFRN.

UFRN desenvolve projetos sobre educação, corpo e escolaPara saber mais, consulte: www.paideia.sedis.ufrn.br ou www.paideia.sedis.ufrn.br/gepec.

Compare o Projeto da sua escola com as orientações dos Referenciais Curriculares Municipais.

Desafios e trabalhos realizados pela Escola Municipal Professor Ulisses de Góis para o ensino da LIBRAS.

Saiba como a calculadora pode ser usada no ensino da Matemática.

A professora Estela Campelo (UFRN) discute a alfabetização, o letramento e suas implicações na prática docente e aprendizagem escolar.

Professora da Escola Estadual Dr. Maia Neto desenvolve atividades com seus alunos na biblioteca do Sesc (Natal-RN).

EDITORIAL

VIVENDO E APRENDENDO

CHÃO DA ESCOLA

NOTA 10

AGENDA DO PROFESSOR

Mostra de profissões de Natal Revista Escolh@UFRN

02

03

04

05

06

08

02

Edição

A professora Estela Campelo desfaz equívocos conceituais sobre as práticas de alfabetizar e de letrar e discute a aprendizagem da linguagem no contexto escolar.

Editorial

Planejamento escolar: gestão, programas e parceriasNeste Editorial, em decorrência da chegada do CONTAR - Jornal da Escola no início do pri-meiro semestre letivo de 2013, optamos em tratar, em especial, do planejamento pedagógico. Essa atividade, por vezes negligenciada, é uma das mais importantes da Escola, seja para a do-cência, para a direção, ou mesmo para a coordenação pedagógica, uma vez que é a base para ações, não apenas relativas à sala de aula, como também externa a ela. Daí, a necessidade de que o planejamento seja feito coletivamente, de modo a constituir-se em uma ação integrada.

Para que o seu planejamento e o da sua escola tenham sucesso, inicie avaliando as metas para a Educação do Plano de Gestão do novo prefeito da sua cidade. No âmbito da sua sala de aula, avalie o que deu ou não certo no ano anterior, destacando os motivos que levaram a tal resultado, de modo a decidir o que será mantido e como. Em seguida, reveja o projeto pedagógico da sua escola, bem como as Diretrizes Curriculares propostas pela esfera gover-namental a qual a sua escola está vinculada e analise o perfil do estudante que frequenta a escola e aquele que se quer formar, os objetivos de ensino para a turma com a qual atuará e outras informações que julgar importante. Posteriormente, faça um levantamento de todos os programas governamentais que contemplam a sua escola e o que eles propõem e dispõem em termos de infraestrutura, materiais didáticos e propostas metodológicas, por exemplo: o Programa Nacional Biblioteca na Escola – PNBE, com o objetivo de democratizar o acesso às fontes de informação, distribui acervos de obras literárias, de pesquisa e de referência e outros materiais relativos ao currículo nas áreas de conhecimento da educação básica; o Pro-grama Nacional do Livro Didático – PNLD que, por sua vez, visa prover as escolas públicas de ensino fundamental e médio com livros didáticos, dicionários e obras complementares de qualidade; o GESTAR que dispõe de metodologias para o ensino de conteúdos de Língua Portuguesa e Matemática, para os anos iniciais e finais do Ensino Fundamental; e outros. Todas estas informações ajudarão, na próxima etapa: a escolha das atividades e metodologias mais adequadas ao contexto escolar em que você atua.

Enquanto docentes da UFRN, não podemos deixar de destacar a importância de considerar a participação, na escola, de pro-fessores e estudantes da Universidade, seja em decorrência do cumprimento de estágios obrigatórios para a formação em dife-rentes áreas, ou por ocasião de programas, a exemplo do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID/UFRN que, com seus 420 licenciandos bolsistas, atuou, em 2012, em 30 escolas públicas de Natal. A participação desses alunos durante o planejamento pode contribuir, não apenas porque orientará os estudantes universitários a planejar suas ações na escola, mas, principalmente, por ser um espaço de conquista para que venham a colaborar com as atividades planejadas. Outra forma de colabo-ração destes estudantes e professores universitários pode ser dada diante do diagnóstico de um problema da escola, para o qual se pode solicitar que estudem e planejem alternativas de solução, por exemplo: atividades extras para atender estudantes com bai-xo desempenho, desenvolvimento de atividades de contra-turno, estruturação de laboratórios, proposição de sequências didáticas, orientações sobre a escolha profissional e outros.

Neste número, o CONTAR – Jornal da Escola traz a discussão de diferentes temáticas, além da divulgação científica e de experiên-cias escolares, voltadas para Educação Básica, que podem ajudar no planejamento escolar. O professor adjunto do Departamento de Educação Física/UFRN, José Pereira de Melo, divulga, na se-ção Vivendo e Aprendendo, as atividades de formação inicial e

continuada desenvolvidas pelo Grupo de Pesquisa Corpo e Cul-tura de Movimento – GEPEC; na seção Chão da Escola, trazemos algumas reflexões a respeito dos Referenciais curriculares para os anos iniciais do ensino fundamental, do município de Natal-RN, especificamente no que refere à Língua Portuguesa e Matemática; em Nota 10, Glaucianny Amorim Noronha e Merise Maria Maciel tratam da experiência da professora Maria José Lobato, como do-cente que ensina a LIBRAS e a língua portuguesa para os alunos surdos e a LIBRAS para os alunos e professores ouvintes da escola municipal Ulisses de Góis; na seção Lição de Casa o professor Pedro Franco de Sá descreve as contribuições do seu grupo de pesquisa para o ensino de Matemática na Educação Básica; Lucila Carvalho Leite e Luanna Priscila da Silva Gomes em Conversa com professores entrevistam a professora Estela Campelo acerca da alfabetização e letramento na prática do professor; por fim, a Es-cola em quadrinhos traz a experiência vivenciada pela professora Márcia Soares e alunos do 5o ano B da Escola Estadual Dr. Maia Neto, ao participaram do Café Literário na Biblioteca do SESC.

Profa. Dra. Claudianny Amorim NoronhaProfa. Dra. Tatyana Mabel Nobre BarbosaUFRN – Centro de Educação. Editoras do CONTAR Jornal da Escola e coordenadoras CONTAR: Grupo de Estudos em Ensino de Matemática e de Língua Portuguesa

VIVENDO E APRENDENDO CHÃO DA ESCOLA

UFRN desenvolve projetos sobre educação, corpo e escola

O interesse pelos estudos do corpo sempre mobilizou profissionais de diversas áreas do conhecimento, em especial, na área da Educação. Desde o surgimento das pedagogias ativas, temos presenciado a busca de intervenções pedagógicas centradas em compreender a corporeidade como paradigma educacional. Nesse sentido, o Grupo de Pesquisa Corpo e Cultura de Movimento – GEPEC/DEF/UFRN tem, como um dos seus propósitos, investigar a relação corpo e educação, tendo-se a Educação Física como foco dos estudos, a partir de investimentos acadêmicos que têm sido materializados em várias ações, como: a oferta do Curso de Especialização em Pedagogia do Movimento na Infância, a oferta de oficinas pedagógicas sobre corpo e educação e a implantação do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) de Educação Física. O PIBID visa a contribuir para a inicia-ção à docência na área e construir materiais pedagógicos em conjunto com a comunidade escolar, de modo a beneficiar as práticas corporais. Para saber mais, visite nossos sites: www.paideia.sedis.ufrn.br ou www.paideia.sedis.ufrn.br/gepec.

José Pereira de Melo Graduado em Educação Física, especialista em Educação Física Escolar, mestre e doutor em Educação Física. Docente da UFRN do Departamento de Educação Física e professor permanente dos Programas de Pós-Graduação em Educação e em Educação Física. Desenvolve projetos sociais na escola e realiza pesquisa sobre os seguintes temas: corpo, educação física escolar, pedagogia do esporte, formação de professores.

O que saber sobre os Referenciais Curriculares para o Ensino Fundamental?

Os Referenciais Curriculares para o Ensino Fundamental (anos iniciais) do município de Natal-RN se constituem numa fonte importante de consulta para as escolas. Publicados no ano de 2010, os Referenciais contaram, para sua elaboração, com uma ampla equipe de profissionais. O material apresenta um histórico acerca da organização da escolaridade na rede municipal de ensino, discute o processo da implantação dos ciclos em Natal e expõe os conceitos balizadores da educação, assumidos, oficialmente, a partir do documento. Há, ainda, discussões teórico-metodológicas relevantes para orientar o trabalho nas diferentes áreas. Na área de língua portuguesa, há ênfase na linguagem como interação, no ensino a partir dos gêneros textuais e das práticas de escrita, oralidade, leitura e análise linguística, apoiadas em conceituações elaboradas por autores respeitados nacionalmente, como Irandé Antunes, Sírio Possenti, Magda Soares, Telma Ferraz Leal, dentre outros. Além disso, apresenta os objetivos de ensino e suas respectivas habilidades e competências para cada uma das práticas de linguagem e para cada um dos primeiros anos do ensino fundamental. Na área de matemática, sugere a resolução de problemas, a utilização de jogos, o uso de tecnologias da informação, a história da matemática e o uso da linguagem verbal e não verbal como possibilidades metodológicas. Para organização curricular nessa área, apoia-se em quatro eixos que orientam os objetivos, os conhecimentos e as habilidades a serem desenvolvidos: números e operações, espaço e forma, grandezas e medidas, tratamento da informação. Mas é importante perguntar: Sua escola se reconhece nesse material? Já discutiu sobre ele? É possível pensar a aprendizagem em sua escola com base no que constam nos Referenciais? Seja para a área de língua portuguesa ou para a área de matemática, essas orientações devem ser estudadas em conjunto na escola, a fim de que se reflita criticamente acerca do que está proposto como política curricular de ensino. O ano escolar se inicia com uma nova gestão municipal. O acompanhamento dos projetos da nova gestão acerca do currículo nos anos iniciais do ensino fundamental deve ser contínuo e deve garantir a participação plena dos profissionais da educação na construção efetiva de uma rede educativa.

EXPEDIENTECONTAR – JORNAL DA ESCOLAISSN 2316-4964 00 00PUBLICAÇÃO QUADRIMESTRAL FINANCIADA PELO OBEDUC – CAPES/INEP

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTECENTRO DE EDUCAÇÃOPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE PRÁTICAS EDUCACIONAIS E CURRÍCULO

CONSELHO CIENTÍFICO

IRAN ABREU MENDES | DPEC/UFRN

CLAUDIANNY AMORIM NORONHA | DPEC/UFRN

LUCRÉCIO ARAÚJO DE SÁ JÚNIOR | DPEC/UFRN

MARCOS AURÉLIO FELIPE | DPEC/UFRN

MARGARETE FERREIRA DO VALE DE SOUSA | SME

MARGARIDA MARIA DIAS DE OLIVEIRA | DHIS/UFRN

MARIA DA CONCEIÇÃO PASSEGGI | DFPE/UFRN

MARIA DA PENHA CASADO ALVES | DLET/UFRN

MARIA DAS GRAÇAS S. RODRIGUES | DLET/UFRN

MARIA ESTELA HOLANDA CAMPÊLO | DFPE/UFRN

MARIA JOSÉ GADELHA | SME

MARTA MARIA DE ARAÚJO | DFPE/UFRN

TATYANA MABEL NOBRE BARBOSA | DPEC/UFRN

TELMA FERRAZ LEAL | UFPE

ELENY GIANINI | UFCG/parecerista ad hoc

CONSELHO PEDAGÓGICO

ALINE REGINA ALVES DE MOURA | SME

CLAUDENICE CARDOSO BRITO | UFRN – PPGED

GLAUCIANNY A. NORONHA | PPGECNM

LUANNA PRISCILA DA SILVA GOMES | SEEC

LUCILA CARVALHO LEITE | SEMEC

MÁRCIA MARIA SOARES | SEEC/SME

MARIA DA CONCEIÇÃO RÊGO DE ARAÚJO | SEEC

MARIA JOSÉ LOBATO | SME

MERISE MARIA MACIEL | SME/SMEC

RENATA LUCENA ALVES DE SOUTO | UFRN

APOIO TÉCNICOANDREZA MESQUITA | PPGECNM STANLEY DE OLIVEIRA SOUZA | UFRN

EDITORASTATYANA MABEL NOBRE BARBOSA | UFRNCLAUDIANNY AMORIM NORONHA | UFRN

Coordenador de editoração gráficaProf. Dr. Marcos Aurélio Felipe Centro de Educação – UFRN

Projeto GráficoIvana Lima

Editoração EletrônicaCarolina Costa e Ivana Lima

Revisão textualCristinara Ferreira dos Santos

IMPRESSOImpressão Gráfica e Editora Ltda

Catalogação da publicação da fonte. Bibliotecária Verônica Pinheiro da Silva.

CONTAR: jornal da Escola – EDUFRN – vol. 2 (fev.  2013) – Natal: EDUFRN, Grupo de Estudos em Ensino de Matemática e da Língua Portuguesa, 2013. -

v.:il..

Quadrimestral (fev/2013-mai/2013).

Projeto coordenado por Tatyana Mabel Nobre Barbosa e Claudianny Amorim Noronha, professoras do Departamento de Práticas Educacionais e Currículo-DPEC do Centro de Educação-CE da Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN.

1. Educação. 2. Leitura. 3. Escrita. 4. Matemática. 5. Língua Portuguesa. I. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. II. Grupo de Estudos em Ensino de Matemática e da Língua Portuguesa.

CDU 37C759

Profa. Dra. Tatyana Mabel Nobre BarbosaProfa. Dra. Claudianny Amorim Noronha(Centro de Educação – UFRN)

4 Nota 10 5Lição de casa

O Grupo de Pesquisa em Cognição e Edu-cação Matemática do Departamento de Matemática, Estatística e Informática da

Universidade do Estado do Pará foi criado em 2004 e tem como destaque a linha de pesquisa Tendências em Educação Matemática. Nessa li-nha, são desenvolvidos estudos sobre o ensino de matemática por atividades que é uma tendência ainda atual da Educação Matemática brasileira. Durante seus oito anos de existência, o grupo de Cognição e Educação Matemática tem desenvol-vido estudos sobre o ensino: das operações com frações por meio de calculadora, dos números decimais por meio da calculadora, das operações como números inteiros com calculadora, área de figuras planas com atividades em malhas quadri-culadas, volume de figuras espaciais, potenciação, funções afins, quadrática, exponencial e logarít-mica. Neste momento, destacaremos apenas os estudos envolvendo calculadora!

Os estudos do Grupo envolvendo calculadora têm como princípio o seu uso como recurso didáti-co, ou seja, a calculadora é usada para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem. “Como isso se dá?” Você pode estar se perguntando! A resposta está na construção de atividades que permitam aos estudantes descobrirem propriedades e regu-laridades por meio da realização de operações com a calculadora, seguidas de observação, reflexão e conclusão. Vejamos um exemplo simples desse tipo de atividade.

Os estudantes são divididos em grupos de até 4 componentes, cada grupo recebe uma calcula-dora simples. Em seguida, é solicitado aos grupos que escrevam na calculadora o seguinte núme-ro 2,30, apertem a tecla de igual e observem o que ocorreu. Depois é solicitado que repitam o procedimento para os seguintes números: 2,300; 2,3000; 2,30000; 45,10; 46,200 e para outros de

sua vontade. Após a realização do procedimento, os grupos são solicitados a registrar suas obser-vações e conclusões. Os resultados obtidos com esse tipo de atividade têm sido estimuladores por diversos aspectos: primeiro, a participação da tur-ma é total. A turma consegue tirar e enunciar conclusões compatíveis com a propriedade dos números decimais envolvida na atividade. Além disso, o ambiente da sala de aula se torna um ambiente de investigação e produção de ideias em que o professor se torna o grande orientador dos trabalhos, enquanto seus alunos são os protago-nistas da sua aprendizagem. Desse mesmo modo, já realizamos experimentos didáticos envolvendo as 4 operações básicas com os números decimais, com as frações, com números inteiros e com a potenciação de números naturais.

Caso você tenha interesse em conhecer com mais detalhes alguns desses trabalhos, acesse www.mestradoeducacao.uepa.br e procure em dis-sertações defendidas, ou entre em contato conosco e teremos prazer em trocar ideias sobre assunto!

A aprendizagem escolar da linguagem é sempre desafiado-ra. Imerso na cultura linguística do seu grupo de origem, ao ingressar na escola, o aluno se depara com gêneros

textuais novos, variantes linguísticas diversas e, principalmente, objetivos de comunicação, de interação e de aprendizagem da língua diferentes daqueles partilhados em seu contexto familiar. E quando esse aluno é surdo, outros elementos devem, ainda, ser considerados: a aquisição de segunda língua – a Língua Bra-sileira de Sinais (LIBRAS) – que, muitas vezes, não é partilhada pela família; os estigmas e preconceitos linguísticos; a escassez de material didático para a alfabetização bilíngue.

No entanto, deve-se reconhecer que o tema da inclusão tem ganhado força nos debates educacionais. Nesse sentido, a educação da pessoa surda tem sido marcada, recentemente, pela criação, em 2002, da Lei 10.436, que “reconhece a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como meio legal de comunicação e expressão”; e, em 2005, pelo Decreto 5.626, que instituiu as escolas e turmas bilíngues (Língua Portuguesa e LIBRAS) com o objetivo de atender os alunos com surdez em turmas regulares da educação básica.

Nessa nova realidade, não são raros os depoimentos de pro-fessores que atuam junto aos alunos surdos sobre as dificulda-des quanto às condições de trabalho, à qualificação profissional e aos materiais didático-pedagógicos específicos para esse contexto. Esses três componentes se somam como um grande desafio à atual geração de professores, cuja formação docente inicial, para a maioria, passou ao largo de uma qualifica-ção voltada às necessidades educacionais especiais, particularmente à educação linguística da pessoa com surdez.

Esse é o caso da professora Maria José Lobato, que atua num dos Complexos Bilíngues de Natal-RN criados em 2010. Maria José Silva Lobato, assim como os pro-fessores desses Complexos, ensina a LIBRAS e a língua portuguesa para os alunos surdos e a LIBRAS para os alunos e professores ouvintes da escola. Ela atua na Es-cola Municipal Professor Ulisses de Góis, situada na zona sul de Natal. Para ampliar o acesso e a real inclusão educacional da pessoa com surdez, a professora busca criar oportunidades, em diferentes situações, que venham a divulgar a utilização e o respeito à LIBRAS como idioma reconhecido legalmente: “É preciso melhorar as condições de comunicação entre os surdos e os ouvintes na escola”, relata.

A escola Ulisses de Góis tem buscado adaptar-se ao aluno surdo. Uma das iniciativas foi a criação do grupo de dança bilíngue. Com sessões de apresentação para a família dos alunos, o grupo resulta de um trabalho contínuo desenvolvido pela escola na formação e prática de comunicação bilíngue pelo seu quadro de profissionais. Tal projeto visa a investir no fim do estigma à LIBRAS e fortalecer a agenda de discussões da educação acerca do bilinguismo.

Outro desafio vivenciado pela escola é a escassez de materiais didáticos adaptados para ensinar a LIBRAS e a língua portuguesa ao aluno surdo e a LIBRAS aos professores e alunos ouvintes. Nesse sentido, um dos objetivos do projeto de mestrado da professora, em desenvolvimento junto ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática (UFRN), é elabo-rar materiais didáticos adaptados para ensinar alunos surdos e já dispõe, como resultado inicial, da criação de fontes bilíngues para computadores. O produto, elaborado em conjunto com o licenciando em Matemática da UFRN, Stanley de

Oliveira Souza, visa permitir a pro-dução de textos bilíngues, em língua portuguesa e em LIBRAS, facilitando, principalmente, o desenvolvimento de materiais didáticos e a comunica-ção escolar.

A professora lembra que quan-do os alunos têm respeitadas suas especificidades a educação se torna possível: “o ensino da LIBRAS e da língua portuguesa é condição para a educação de qualidade para alunos surdos e ouvintes”.

Para ter acesso gratuito às fontes bilíngues para computadores, entre no site www.grupocontar.com.br.

Pedro Franco de Sá[email protected]

Licenciado em Matemática, mestre em Matemática e doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Atualmente, é professor adjunto da Universidade do Estado do Pará e titular da Universidade da Amazônia. Tem experiência na área de Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: educação matemática, ensino de matemática por atividades, matemática no ensino fundamental e uso de novas tecnologias em sala de aula.

Ensino de matemática por atividades

A LIBRAS e os desafios da aprendizagem escolar da linguagem

Profa. Maria José Silva Lobato e a aluna Joana Dafne Macêdo Feitosa, acompanhada da mãe.

Glaucianny Amorim Noronha Mestre em Ensino de Ciências e Matemática pelo PPGECNM da UFRN, no qual desenvolveu sua dissertação como bolsista da CAPES/INEP – Observatório da Educação.

Merise Maria Maciel Mestre em Educação pelo PPGED da UFRN. É professora da Secretaria Municipal de Educação de Natal-RN, bolsista CAPES/INEP – Observatório da Educação.

Conversa com professoresConversa com professores 7

Conversa com professores6

PECIFICIDADES DA ALFABETIZAÇÃO – compreensão do nosso sistema de notação, que é alfabético/ortográfico e competências/habilidades voltadas à codificação, decodificação, compreen-são, expressão –, mas negligenciando o desenvolvimento de competências que possibilitem a inserção autônoma do alfabetizando nas práticas sociais de leitura e produção de gêneros textuais diversos, que circulam nos contextos intra e extraescolares. No letramento sem a alfabetização, a prática peda-gógica se caracteriza pelo que Magda Soares chama a “desinvenção da alfa-betização” porque, neste caso, as referi-das especificidades da alfabetização são ignoradas e as atividades do ensinar/aprender são focadas, apenas, nas prá-ticas sociais (voltadas para os gêneros textuais) que envolvem a língua escri-ta. Convém lembrar com Soares (2003, p.90) que, pelo fato de o letramento ser dependente da alfabetização, na práti-ca de ‘letrar sem alfabetizar’, os alu-

1 - Tendo em vista que a alfabe-tização e o letramento envolvem habilidades e competências especí-ficas, pode-se dizer que é possível alfabetizar sem letrar? E letrar sem alfabetizar?Estela: Sim, embora não seja desejá-vel, é possível alfabetizar sem letrar e letrar sem alfabetizar. Daí, decorre a possibilidade de encontrarmos ‘al-fabetizados que não são letrados’ e ‘letrados que não são alfabetizados’.

2 - Mas, considerando que a Profes-sora Magda Soares (UFMG) nos en-sina que alfabetização e letramento, apesar de serem processos distintos e específicos, são processos interde-pendentes e mesmo indissociáveis, como é possível ‘alfabetizar sem letrar’ ou ‘letrar sem alfabetizar’?Estela: A alfabetização sem o le-tramento acontece quando são trabalhadas/construídas, apenas, as competências relativas às ES-

das características fonológicas, finali-dades e composição dos gêneros tex-tuais (orais e escritos) que circulam na sociedade, mesmo antes de domi-narem a leitura e a escrita convencio-nais (VIEIRA, 2010, p.113).

4 - Quais têm sido os principais de-safios da escola para promover uma prática pedagógica de alfabetizar letrando?Estela: Penso que esses desafios, que são das mais diversas ordens, variam de escola para escola. Todavia, nas minhas andanças de trabalho pelas escolas, tenho verificado que, apesar da quantidade e da excelente quali-dade das publicações brasileiras, com relação à temática (e o Nordeste está muito bem representado, nesse sen-tido), um dos grandes desafios para que seja promovida uma prática peda-gógica de alfabetizar letrando diz res-peito às lacunas da formação docente. Tais lacunas têm acarretado muitos equívocos teórico-metodológicos que, logicamente, descaracterizam a práti-ca pedagógica de alfabetizar letrando, ainda que a escola e/ou o professor tenha(m) a intenção de promovê-la. Dentre tais equívocos, posso citar a falta de clareza acerca: a) da coerên-cia que deve ser buscada entre uma determinada concepção de linguagem

Graduada em Pedagogia pela Universida-de Federal do Rio Grande do Norte, mes-tre e doutora em Educação pela UFRN. É professora associada da UFRN. Seus trabalhos se constituem em referência nas seguintes temáticas: alfabetização de crianças, jovens e adultos; saberes docen-tes; análise de necessidades na formação de professores da educação infantil, do ensino fundamental e da alfabetização de jovens e adultos. Nesta entrevista, trata das especificidades entre a alfabetização e o letramento, desfazendo os principais equívocos conceituais e refletindo sobre a prática docente de alfabetizar e letrar.

Alfabetização e Letramento na Prática Pedagógica

Maria Estela Costa Holanda Campelo, UFRN – CENTRO DE EDUCAÇÃO

nos não conseguem chegar a níveis avançados de letramento. Assim sendo, além de Soares (2004), ou-tros estudiosos da área, como San-tos (2005), Santos e Albuquerque (2005) e Vieira (2010) recomendam com veemência a prática pedagógica de ‘alfabetizar letrando’.

3 - Como se caracteriza a prática pe-dagógica de alfabetizar letrando?Estela: Para mim, uma das expli-cações mais claras, nesse sentido, encontra-se na Tese de Doutorado da professora Giane Bezerra Vieira (UFRN/PPGEd). Segundo a profes-sora, alfabetizar letrando se traduz em oferecer aos alunos oportunida-des reais de análise e reflexão sobre a língua, por meio de um ensino sis-temático da base alfabética da língua escrita, aliado à vivência cotidiana de práticas letradas, que devem permitir aos alunos, em situações reais de uso da leitura e da escrita, a apropriação

e a prática de ‘alfabetizar na perspectiva do letramento’; b) do conceito de letra-mento, uma vez que o conceito de alfa-betização já é de uso corrente, embora, não raras vezes, os conceitos de ambos – alfabetização e letramento – sejam con-fundidos e sobrepostos (SOARES, 2003, p.90); c) das especificidades e diferenças entre a alfabetização e o letramento.

5 - Em se tratando de equívocos da for-mação docente do professor alfabetiza-dor, existe algum que, em sua opinião, seja mais prejudicial e, por essa razão, mais preocupante?Estela: Para mim, que sou formadora de professores alfabetizadores, qualquer equívoco da formação docente é preocu-pante porque vai ter repercussões indese-jáveis nos processos de ensinar-aprender a língua escrita. Todavia, um dos equívo-cos que mais me preocupa é decorren-te da não diferenciação, pelo professor, entre o processo de aquisição da língua (oral e escrita) e o processo de desenvol-vimento da língua (oral e escrita), dife-renciação insistentemente recomendada por Magda Soares (conferir, por exemplo, Soares, 2011, p.15). Já ouvi de alguns pro-fessores, afirmações como a que segue, além de posicionamentos análogos: “Meu aluno nunca vai estar alfabetizado; nem eu sou alfabetizada porque a alfabetiza-ção é um processo contínuo que dura

toda a vida”. Eu diria que essa afirma-ção (que diz respeito ao ‘desenvolvi-mento’) é uma meia verdade porque, de fato, a alfabetização é um processo contínuo que dura a vida toda; mas usar essa explicação como base para justificar a impossibilidade da alfabe-tização é perigoso porque é geradora de outros equívocos, com implicações conceituais, pedagógicas e políticas, que redundarão em perdas irrecu-peráveis na vida escolar dos alunos. Agora, convém esclarecer que no tra-balho pedagógico que tem como es-copo a AQUISIÇÃO da língua escrita, o professor não pode desfocar aquelas habilidades/competências que cons-tituem as especificidades da alfabeti-zação. O DESENVOLVIMENTO, que é contínuo e dura a vida toda, refere-se ao aperfeiçoamento das competên-cias/habilidades já construídas. Nesse sentido, convém relembrar o que nos ensina Emilia Ferreiro: quanto mais se lê, melhor se lê; quanto mais se escreve, melhor se escreve.

CONHEÇA ALGUMAS DAS PUBLICAÇÕES DA PROFESSORA ESTELA CAMPELO:

❧ A voz das crianças sobre sua educação escolar no Rio Grande do Norte. Revista Educação em Questão (UFRN. Impresso), v. 38, p. 238-266, 2010. Texto disponível em: http://www.revistaeduquestao.educ.ufrn.br/.

❧ A função reparadora na educação de jovens e adultos: uma leitura do cotidiano escolar. Revista Educação em Questão (UFRN. Impresso), v. 35, p. 210-233, 2009. Texto disponível em: http://www.revistaeduquestao.educ.ufrn.br.

❧ Dos Saberes Docentes à alfabetização de crianças: um contributo à formação de professores. In: 25ª Reunião da ANPED, 2002, Caxambu. Educação: manifestos, lutas e utopias, 2002.

❧ Oportunizar/obstar a alfabetização da criança: afinal, em que consiste a mediação do professor? II Colóquio Franco-Brasileiro de Educação e Linguagem. Natal/RN: Editora da UFRN, 1995. v. II. p. 186-194.

REFERÊNCIAS MENCIONADAS NA ENTREVISTA:

SOARES, Magda. Letramento e Escolarização. In: RIBEIRO, Vera Masagão. (Org.). Letramento no Brasil: reflexões a partir do INAF 2001. São Paulo: Global, 2003, p.89-113.

________. Letramento e Alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação. Campinas: Editora Autores Associados. n. 25, p.5-17. Jan/abr. 2004. (Publicação quadrimestral da ANPEd).

________. As muitas facetas da alfabetização. In: ________. Alfabetização e Letramento. 6a ed. 2ª Reimpressão. São Paulo: Contexto, 2011, p.13-25.

SANTOS, Carmi Ferraz. Alfabetização e escolarização: a instituição do letramento escolar. In: SANTOS, C. Ferraz; MENDONÇA, Márcia. (Orgs.). Alfabetização e letramento: conceitos e relações. Belo Horizonte: Autêntica, 2005, p.23-35.

________; ALBUQUERQUE, Eliana B. Correia de. In: SANTOS, C. Ferraz; MENDONÇA, Márcia. (Orgs.). Alfabetização e letramento: conceitos e relações. Belo Horizonte: Autêntica, 2005, p. 95-110.

VIEIRA, Giane Bezerra. Alfabetizar Letrando: investigação-ação fundada nas necessidades de formação docente. Tese (Doutorado em Educação). Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2010, 334 p.

ENTREVISTA CONCEDIDA À:

Lucila Carvalho Leite Professora da Secretaria Municipal de Educação de Parnamirim, mestranda (PPGED-UFRN) e bolsista CAPES/INEP-OBEDUC

Luanna Priscila da Silva Gomes Professora da Secretaria Estadual de Educação de Natal-RN e bolsista CAPES/INEP-OBEDUC-UFRN

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Tiragem: 4.000 exemplares. Distribuição gratuita. Venda, reprodução total ou parcial proibidas. Para submeter seu texto: [email protected]. A equipe editorial se resguarda ao direito de adequar o texto à linguagem e formatação do periódico como condição de publicação. Campus Universitário | Lagoa Nova | Natal - RN | CEP 59072-970 |Fone (084) 3342.2275 (Ramal 235)

Organização Apoio

Escola em Quadrinhos

Tiragem: 4.000 exemplares. Distribuição gratuita. Venda, reprodução total ou parcial proibidas. Para submeter seu texto: [email protected]. A equipe editorial se resguarda ao direito de adequar o texto à linguagem e formatação do periódico como condição de publicação. Campus Universitário | Lagoa Nova | Natal - RN | CEP 59072-970 |Fone (084) 3342.2275 (Ramal 235)

A Biblioteca do SESC está aberta ao público de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas. Visitas podem ser agendadas pelo telefone 3211-4615. Mais informações no site www.sescrn.com.br. O Café Literário é um evento trimestral e tem os alunos de escolas públicas dentre seus convidados.

Organização Apoio

Na ocasião, a escritora Salizete Freire realizou

a contaCão de histórias para os alunos.

Durante a atividade, os alunos expressaram os

sentidos que atribuem à leitura.

Café literário na biblioteca

Por Márcia Maria S. Rodrigues

(Professora da Rede pública - Bolsista Capes/INEP-OBEDUC, Grupo CONTAR-UFRN)

professora márcia soares

e alunos do 5O ano b da

escola estadual

dr. maia neto participaRAM

do café literário na

biblioteca do sesc-rn.

A atividade permitiu que os alunos compreendessem e

vivenciassem dinâmicas próprias ao espaCo público de

leitura e conhecessem parte do acervo da biblioteca.