View
214
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Neste e-boletim serão divulgadas as actividades da Unidade de Saúde Pública do ACES Pinhal Litoral. Inclui um comentário do Presidente da ARS Centro, Dr. Azenha Tereso, do Delegado Regional de Saúde do Centro, Dr. João Pedro Pimentel, e da Diretora Executiva do ACES, Dra Isabel Poças
Citation preview
Centro a qualidade gráfica e de conteúdos e o âmbito multidis-ciplinar tão grato à Saúde Pú-blica. Auguramos, assim, os maiores sucessos nesta cami-nhada editorial que agora se inicia, na certeza de que contri-buirá para a formação e moti-vação dos profissionais da uni-dade e, no limite, para uma mais efetiva articulação com os restantes profissionais do ACeS em que esta unidade funcional se integra.
Desejo à equipa editorial os maiores sucessos e felicito a Unidade de Saúde Pública e o Agrupamento de Centros de Saúde do Pinhal Litoral por esta mostra de dinamismo e de salutar inquietude.
Decidiram os profissionais da Unidade de Saúde Pública do ACeS Pinhal Litoral editar um boletim, com periodicidade qua-drimestral, visando assumir-se como um “ponto de encontro” e de partilha e reflexão. Saúda-se, pois, esta iniciativa porque espe-lhando o sentir dos profissionais desta unidade funcional do ACeS – médicos de saúde pública, enfermeiros de saúde comunitá-ria, técnicos de saúde ambiental, assistentes técnicos e engenhei-ra sanitarista.
Nos termos da legislação em vigor, incumbe às unidades de saúde pública – unidades funcio-nais singulares dos agrupamen-tos de centros de saúde – asse-gurar a missão de observatório de saúde do âmbito geodemo-gráfico a que se reportam. Trata-se de uma missão da maior rele-vância ao planeamento de servi-ços de saúde, na medida em que a estimação das necessidades em serviços de saúde assenta na identificação prévia dos proble-
mas e necessidades de saúde.
Mas, acima de tudo, a atribui-ção chave dos serviços opera-tivos de saúde pública, inde-pendentemente do seu âmbi-to regional (departamento de saúde pública) ou local (unidades de saúde pública), consiste em desenvolver, em rede, atividades no âmbito da promoção e proteção da saú-de das populações.
Comemoramos, no presente ano, o 50º aniversário do Pro-grama Nacional de Vacinação. Encontramo-nos a comemo-rar os 35 anos da criação do Serviço Nacional de Saúde. São dois marcos do sistema de saúde português e, tam-bém, da Saúde Pública nacio-nal, porque espelhando aque-la que é a essência desta últi-ma: intervir, de forma organi-zada, em prol da saúde de todos.
Destaca-se no e-Boletim da Unidade de Saúde Pública do ACeS do Pinhal Litoral da ARS
S U M Á R I O
A flor do cato 1
Ponto de encon-tro
1
Comunicar em Saúde, valorizar as suas competên-cias
2
Comunicar ... 2
Maus tratos em Crianças e Jovens
3
Profissionais da USP
3
Rumo ao Bem-Estar
4
Os Técnicos de Saúde Ambiental
4
Quebra do sigilo profissional
5
Prevenção em saúde
5
Consulta do via-jante de Leiria
6
SNS, relembrar para refletir...
6
Não é comigo 7
O coaxar das rãs 7
Provérbio 7
Salvem o Bonsai! 8
U N I D A D E D E S A Ú D E
P Ú B L I C A
A C E S P I N H A L L I T O R A L
e-Boletim da Unidade de Saúde Pública
M A I O D E 2 0 1 5
Ana Silva
Clarisse Bento
Hélder Carreira
João Pedro Pimentel
Jorge Costa
José Manuel A Tereso
José Luís Ruivo
Maria Isabel Poças
Odete Mendes
Manuel Cardoso
Ruben Rodrigues
Rui Passadouro
C O R P O E D I T O R I A L
Jorge Costa
Odete Mendes
Rui Passadouro
A U T O R E S
N Ú M E R O I
Q U A D R I M E S T R A L
ACES PINHAL LITORAL
Conteúdos
“a atribuição chave dos serviços operativos de saúde
pública, (…) consiste em desenvolver, em rede,
atividades no âmbito da promoção e proteção da saúde das populações.”
“Ponto de encontro” José Manuel Azenha Tereso Presidente do Conselho Diretivo da ARS Centro
Editorial: A flor do cato Jorge Costa Coordenador da Unidade de Saúde Pública
A Unidade de Saúde Pública constitui-se como o espaço privilegiado de intervenção multidisciplinar em saúde na comunidade.
Com múltiplas atividades e responsabilidades nas áreas do planeamento, epidemiolo-gia, saúde ambiental e promo-ção da saúde, incorpora as funções de autoridade de saú-de, o que vem reforçar as suas intervenções de promoção e
salvaguarda da saúde pública e permitir uma acrescida legi-timidade e capacitação ope-racional.
Lutar pela sua afirmação local e reconhecimento institucio-nal é um desafio estimulante mas difícil, que exige um tra-balho prévio e permanente de uniformização de critérios e procedimentos entre os diferentes Profissionais e Serviços nos vários concelhos
abrangidos.
Este Boletim, ponto de encon-tro, de partilha e de reflexão, pretende dar testemunho do caminho que vamos fazendo, entre espinhos e flores… Com algumas desilusões mas sem desânimo, com angústias mas sem perder a esperança. E com a convicção de que é por aqui que devemos ir e que quere-mos ir.
P Á G I N A 2
C O N T E Ú D O S : E - B O L E T I M D A U N I D A D E D E S A Ú D E P Ú B L I C A
A C E S P I N H A L L I T O R A L
A Unidade de
Saúde Pública
constitui-se como o
espaço privilegiado
de intervenção
multidisciplinar em
saúde na
comunidade.
A minha saudação e o meu agradecimento a todos os profissionais da Unidade de Saúde Pública pelo caminho já percorrido e o meu bem-haja
a todos quantos, apesar das dificuldades, nos ajudaram a estar aqui.
É da natureza humana estar em comunidade e com ela partilhar o que observamos, aprende-mos, realizamos e até sonha-mos .Temos a necessidade de comunicar, e criar formas de expressão e vínculo uns com os outros. O Boletim Informativo da Unidade de Saúde Pública que agora se inicia , publicação de carácter quadrimestral, po-derá ser o veículo de informa-ção para os profissionais sobre
acontecimentos relevantes, o objecto de divulgação de activi-dades do serviço e das pessoas que o constituem, o instrumen-to de partilha dos objectivos e resultados atingidos pela Equi-pa , o promotor de uma maior aproximação entre as estruturas e as pessoas. Funcionar como o instrumento de coesão e envolvi-mento emocional de que as insti-tuições tão carenciadas estão.
Um Serviço/Unidade em contex-
to de mudança, necessita de garantir e construir boas formas de comuni-cação, que se adequem aos novos desafios que processos desta natureza impõem . Por isso felicito o Coordenador da Unida-de de Saúde Pública e toda a sua Equipa por esta iniciativa ,com votos do maior sucesso.
Comunicar... Isabel Poças Diretora Executiva do ACES Pinhal Litoral
“Um Serviço/
Unidade em
contexto de
mudança, necessita
de garantir e
construir boas formas
de comunicação,
que se adequem aos
novos desafios que
processos desta
natureza impõem.”
na o papel da Saúde Pública
na atualidade, são estas,
algumas das áreas, que com
certeza veremos tratadas,
com profundidade e rigor
técnico e científico, neste
Boletim Informativo.
No momento em que é editado o
primeiro número do Boletim
Informativo da Unidade de Saúde
Pública do ACeS Pinhal Litoral
saúdo os seus responsáveis por
esta iniciativa.
Os profissionais desta Unidade
dispõem, a partir de agora, de
um novo instrumento para divul-
gação dos programas e respeti-
vas atividades, mas também para
reflexão de temas da Saúde Pú-
blica. Este Boletim Informativo
será assim um fator de coesão da
Unidade.
A Epidemiologia, o Planeamento,
a Promoção da Saúde, disciplinas
nucleares da Saúde Pública, ocu-
parão aqui certamente um espa-
ço privilegiado de partilha que
possibilitará aos profissionais
da Unidade adequar melhor
as suas intervenções, susten-
tar e justificar as suas deci-
sões.
A Saúde Pública, entendida
como método de intervenção,
assume hoje particular rele-
vância, tendo em conta a mu-
dança de paradigma epidemi-
ológico, decorrente sobretu-
do do envelhecimento da
população e da cronicidade
das doenças. Mas também as
doenças infeciosas emergen-
tes e reemergentes apelam e
convocam a Saúde Pública
para uma ação concertada
com outros saberes.
É este o cenário que determi-
Comunicar a Saúde Publica, valorizar as suas competências João Pedro Pimentel
Diretor do Departamento de Saúde Pública da ARS Centro
Os profissionais desta
Unidade dispõem, a partir
de agora, de um novo
instrumento para
divulgação dos programas
e respetivas atividades,
mas também para reflexão
de temas da Saúde Pública.
A flor do cato (Cont.)
Maus Tratos em Crianças e Jovens: Um problema de Saúde Pública
P Á G I N A 3
Diz a sabedoria popular, que o melhor do mundo são as crian-ças, e apesar do sistema de pro-teção as considerar sujeitos titu-lares de direitos humanos, e ainda dos específicos da sua con-dição de criança, por vezes, ve-zes de mais, eles não são sufici-entemente garantidos por parte de quem delas deveria cuidar.
Falar de maus tratos, e de crian-ças e jovens em risco, é falar de promoção dos direitos humanos, de proteção das crianças/jovens, de prevenção, mas também de responsabilidades individuais e coletivas, que devem ser traduzi-das, sempre, num trabalho mul-tidisciplinar.
Apesar de todos os avanços, os maus tratos constituem ainda hoje, um verdadeiro problema de saúde pública a nível mundi-al, transversal a qualquer estrato socioeconómico e cultural.
Ainda que não consensual, o conceito de maus tratos, é defi-nido como “Qualquer ação ou omissão não acidental, perpetra-da pelos pais, cuidadores ou outrem, que ameace a seguran-ça, dignidade e desenvolvimento biopsicossocial e afetivo da víti-ma” (”Maus tratos em crianças e jovens -Guia Prático de Abordagem,
Diagnóstico e Intervenção” da DGS).
Fenómeno complexo, os maus tratos (negligência, mau trato físi-co, maus trato psicológico e sín-drome de Münchausen por procu-ração), produzem sempre, um impacto negativo na saúde e bem estar dos indivíduos.
Mas, para intervir, é fundamental entender o fenómeno, conhecer a sua dinâmica (fatores de risco, de proteção e crises de vida), tendo como filosofia de intervenção cri-térios de serenidade, ponderação, responsabilidade, evitando juízos de valor.
Constituindo os maus tratos, uma violação dos direitos fundamen-tais do ser humano, aos Serviços de Saúde, entidade de 1ª linha, compete num contexto de res-
ponsabilidades partilhadas, intervir pre-cocemente na detecção precoce de con-textos e fatores de risco, no reforço de fatores protetores, acompanhamento de casos e na sinalização dos mesmos.
De forma complementar à intervenção, sensibilizar a comunidade em geral para a prevenção dos maus tra-tos é um imperativo, pelo que perante o desafio da Saúde, diversas instituições em Leiria responderam ativamente e, durante o mês de abril, promoveram iniciativas integradas na Campanha “Maus Tratos em Crianças e Jovens: Si-lêncio???NÃO!!!”
Silêncio??? NÃO!!!, porque os maus tratos são ainda uma realida-de, ALERTAR SIM.... para impedir que aconteçam, INTER-VIR PRECOCEMENTE e PREVENIR SEM-PRE, no superior interesse da criança.
Médicos de Saúde Pública: Amália Assis, Ana Isabel Nascimento, Ana Silva, Clarisse Bento, Corneliu Tapu (ISP), Jorge Costa (Coordenador), José Luis Ruivo, Lourdes Costa, Odete Mendes, Ruben Rodrigues (ISP), Rui Passadouro, Vitor Sousa, Yaroslav Savaryn (ISP)
Enfermeiros: Dina Pascoal, Fátima Soares, Hélder Carreira
Técnicos de Saúde Ambiental: Anabela Cruz, Cátia Santos, Claudia Serrano, Helena Costa, Laurinda Lopes, Manuel Cardoso, Olinda Marques, Regina Costa, Rosália Campos, Teresa Gameiro
Assistentes Técnicos: Conceição Nolasco, Carolina Jordão, Fernanda Santos (CEI), Gracinda Coutinho, Helena Car-valho, Margarida Santos, Olinda Nogueira, Olívia Sousa (CEI), Rosário Correia
Engenheira Sanitarista: Paula Fernandes (DSP/ARSC)
Profissionais da Unidade de Saúde Pública
Odete Mendes Médica de Saúde Pública
C O N T E Ú D O S : E - B O L E T I M D A U N I D A D E D E S A Ú D E P Ú B L I C A
A C E S P I N H A L L I T O R A L
“aos Serviços de Saúde, entidade de
1ª linha, compete num contexto de
responsabilidades partilhadas, intervir
precocemente na detecção precoce
de contextos e fatores de risco, no
reforço de fatores protetores,
acompanhamento de casos e na
sinalização dos mesmos”
N Ú M E R O I
ISP: Interno de Saúde Pública
P Á G I N A 4
“intervenção é
efetuada a
diferentes níveis,
tais como:
habitacional,
escolar, industrial,
serviços e comércio,
assim como na
qualidade
ambiental (ar,
alimentos, água,
resíduos, solos,
entre outros)”.
Os Técnicos de Saúde Ambiental
Rumo ao Bem-Estar O Projeto de Intervenção Co-
munitária “Rumo ao Bem-
Estar”- Formar para Melhorar
os Cuidados de Higiene e Con-
forto dos Ajudantes de Ação
Direta (AAD), parte de uma
motivação pessoal e desenvol-
ve-se no âmbito do Ensino Clí-
nico do Mestrado em Enferma-
gem Comunitária da Escola
Superior de Saúde de Santa-
rém.
Com a sua inserção no campo
de atuação da Unidade de Saú-
de Pública, enquanto unidade
ímpar na procura da maximiza-
ção do nível de saúde de
uma comunidade, aspira-se
ao caminho certo para o
bem-estar físico, mental e
social ao nível dos cuidados
de higiene e conforto aos
utentes dependentes. Por
outras palavras, pretende-
se melhorar o seu estado
de saúde no sentido mais
amplo e de maneira ativa,
satisfazendo assim as ne-
cessidades de existência.
Ao dar relevância ao conhe-
cimento e à formação, en-
quanto vetores chave para
o desempenho profissional
dos AAD, ambiciona-se a
aquisição e desenvolvimento
de competências, permitin-
do a partilha de saberes e
experiências, bem como uma
análise crítica dos cuidados
prestados, capacitando e
perspetivando mudanças de
comportamento.
O Curso de Formação organi-
za-se em 6 módulos teóricos
e práticos, tendo como gru-
po alvo 13 AAD da IPSS AMI-
TEI, através da parceria esta-
belecida com a USP.
sional habilitado com o grau de licenciatura
para aplicar os princípios fundamentais da
saúde ambiental ao diagnóstico, avaliação,
prevenção, controlo e gestão dos fatores
ambientais que interferem no bem-estar
físico, psíquico e social das populações, afe-
tando a sua saúde. Esta intervenção é efetu-
ada a diferentes níveis, tais como: habitacio-
nal, escolar, industrial, serviços e comércio,
assim como na qualidade ambiental (ar,
alimentos, água, resíduos, solos, entre ou-
tros).
Este profissional desenvolve atividades de
identificação, caracterização de fatores de
risco para a saúde originados no ambiente,
participando no planeamento de ações da
saúde ambiental, com objetivo de prevenir e
promover a saúde, realizando ações de con-
trolo e vigilância sanitária de sistemas, es-
truturas e atividades com interação no am-
biente.
A saúde ambiental compreende todos os
aspetos da saúde humana, incluindo a qua-
lidade de vida, que poderá ser afetada por
fatores físicos, químicos, biológicos, sociais
e psicossociais do meio ambiente. A diver-
sidade das áreas de intervenção na área da
saúde ambiental coloca uma elevada exi-
gência de flexibilidade de formação, um
constante conhecimento e uma forte arti-
culação do binómio saúde e ambiente.
(PNS, 2011)
O Técnico de Saúde Ambiental é um profis-
Hélder Carreira Enfermeiro
Manuel Cardoso Técnico de Saúde Ambiente
C O N T E Ú D O S : E - B O L E T I M D A U N I D A D E D E S A Ú D E P Ú B L I C A
A C E S P I N H A L L I T O R A L
Quebra do sigilo profissional P Á G I N A 5
Na sua atividade profissional, o
médico pode ter acesso a informa-
ção privada dos seus doentes, que
estes lhe confiam porque sabem
que o médico guardará deles se-
gredo.
O segredo médico é, pois, uma
condição essencial da relação mé-
dico-doente e encontra-se previsto
no artigo 85º do código deontoló-
gico da Ordem dos Médicos (OM).
No entanto, este segredo é cada
vez mais partilhado devido à orga-
nização, em equipa, dos serviços
de saúde. É por isso, essencial ter
noção clara do dever de sigilo, que
é transversal a todos os profissio-
nais do setor da saúde.
O direito à reserva da intimidade
da vida privada e familiar é abor-
dado em diversos diplomas, entre
os quais destaco a Declaração Uni-
versal dos Direitos do Homem
(art.12.º), Convenção Europeia dos
Direitos do Homem (art. 8.º), Pac-
to Internacional De Direitos Civis e
Políticos (art. 17.º), Convenção de
Oviedo (art.10.º), Código Civil (art.
80.º), Lei de Bases da Saúde (Lei
48/90 de 24 de Agosto).
Já a Lei nº 12/2005, que define o con-
ceito de informação de saúde, refere
no nº 1 do art. 4º que “Os responsáveis
pelo tratamento da informação de
saúde devem tomar as providências
adequadas à protecção da sua confi-
dencialidade, garantindo a segurança
das instalações e equipamentos, o con-
trolo no acesso à informação, bem
como o reforço do dever de sigilo e da
educação deontológica de todos os
profissionais”.
A violação do segredo profissional tam-
bém está prevista no Código Penal ,
onde se refere no art. 195º que
“Quem, sem consentimento, revelar
segredo alheio de que tenha tomado
conhecimento em razão do seu estado,
ofício, emprego, profissão ou arte, é
punido com pena de prisão até um ano
ou com pena de multa até 240 dia.”
Existem, no entanto, situações em que o dever de denúncia é superior ao de-ver de segredo, como por exemplo “o médico revela segredo relativo a doen-ça grave e transmissível com vista à salvaguarda da vida e da saúde de ter-ceiros”. Trata-se da quebra do segredo médico justificado pelo direito de ne-cessidade, de acordo com o art. 34º do CP, em que o médico comete um ilícito
de modo a prevenir um mal maior. Relativa-mente ao HIV existem duas correntes dou-trinárias, uma totalmente contra a quebra do segredo e outra que admite a comunica-ção. Nesta segunda, o médico comunica, devendo essa ação estar a coberto de um direito de necessidade justificante. Acresce que se o médico estiver na posição de ga-rante (for médico de ambos os cônjuges) há um dever de comunicar (caso não o faça pode incorrer num crime por omissão).
No sentido da quebra do sigilo vai um parecer da CNECV que no seu ponto 2 refere “ (…) Se, mesmo as-sim, não conseguir persuadir o seu doente, a médica deve informá-lo que irá cumprir a sua obrigação de comunicar à mulher a seropositividade do seu marido e os riscos da sua transmissão, o que não pressupõe, neste caso, que-bra do sigilo médico”.
Por fim, na quebra do dever de sigilo deve ser sempre ouvido o Presidentes da Ordem dos Médicos, confor-me determina o código deontológico da OM. Acresce que, no processo clinico de-vem ser descritas todas as ações desenvol-vidas até à denuncia do segredo.
Juramento de Hipócrates – 300 AC - “Tudo o que
possa ver ou ouvir durante o
tratamento ou fora dele no que
respeita à vida dos homens, que de forma alguma
deva ser divulgado, o
calarei e conservarei
sempre como segredo.”
Rui Passadouro Médico de Saúde Pública
C O N T E Ú D O S : E - B O L E T I M D A U N I D A D E D E S A Ú D E P Ú B L I C A
A C E S P I N H A L L I T O R A L
N Ú M E R O I
ponder às diferentes necessidades das populações, justifica, por isso, a sua reorientação no sentido de dar priori-dade à prevenção de doenças e à pro-moção da saúde.
São, de facto, vários os estudos que demonstram que reais benefícios em saúde podem ser atingidos por um custo acessível, investindo na promo-ção da saúde e na prevenção da doen-ça.
Por outro lado, não nos podemos es-quecer que na evolução temporal de determinada doença, as alterações patológicas podem tornar-se fixas e irreversíveis.
Portanto, o objetivo primeiro é fazer
recuar o nível de deteção e intervenção sobre os precursores e fatores de risco da doença, pondo claramente a tónica na medicina preventiva, em detrimento de uma ação exclusivamente centrada na medicina curativa.
Importa reter que apesar de os resultados de uma intervenção preventiva não serem, muitas vezes, tão facilmente reconheci-dos como os de uma interven-ção terapêutica, não devemos nunca abandonar a ideia de “Prevenção” como estratégia major no exercício da Saúde Pública.
Nas últimas décadas, temos assis-tido a aumento sucessivo de cus-tos no sector da saúde, decorrente não só das alterações nos padrões demográficos e de doença (nomeadamente, populações cada vez mais envelhecidas e com mai-or prevalência de doenças cróni-cas), mas associado também a um desenvolvimento continuado de novas tecnologias de diagnóstico e terapêutica e às crescentes expe-tativas populacionais face aos cui-dados de saúde.
A necessidade atual de existência de sistemas de saúde que sejam financeiramente sustentáveis e simultaneamente capazes de res-
“a tónica na medicina
preventiva, em detrimento de
uma ação exclusivamente
centrada na medicina curativa”
Prevenção em saúde Ruben Rodrigues Interno de Saúde Pública
C O N T E Ú D O S : E - B O L E T I M D A U N I D A D E D E S A Ú D E P Ú B L I C A
A C E S P I N H A L L I T O R A L
Consulta do viajante de Leiria A Consulta de Viajante de Leiria teve início no Centro de Saúde Dr. Arnaldo Sampaio, em agosto do ano 2000. A sua implementação envolveu a Direção do Centro de Saúde da época, o Delegado de Saúde e a Direção Geral da Saúde.
O distrito de Leiria era então uma região empresarial, com alguma capacidade económica, verificando-se que muitos utentes viajavam quer com o objetivo de trabalho quer de lazer. Por falta de resposta local, deslocavam-se a Coimbra para fazer a consulta de viajante e, so-bretudo, a vacina da febre amarela, exigida para os países Africanos e por alguns da América Latina, nomeada-mente o Brasil. Seria uma mais-valia
para Leiria implementar essa consulta, evitando deslocações a um dos três Centros de Vacinação Internacional, Lisboa, Porto ou Coimbra. Tomada a decisão, Leiria foi o 4.º Centro de Vaci-nação Internacional implementado em Portugal.
Respondendo à procura, iniciou-se a consulta em dois períodos semanais, efetuada por uma médica e uma en-fermeira. Posteriormente optou-se por fazer a consulta em dois tempos: i) Educação para a saúde, conjunta para todos os utentes; ii) Atendimento para avaliação e aconselhamento de vaci-nas e medicação, feito com cada via-jante individualmente.
A procura foi evoluindo, em crescendo, tendo-se verificado a necessidade de criar períodos suple-mentares. Em 2014, a consulta foi reforçada com um novo período de consulta médica.
Ao longo dos anos a evo-lução do número de atendimentos, quer para consulta, quer para vaci-nas, foi sempre crescen-do apresentando-se em gráfico a evolução dos últimos 4 anos.
Para além da vacina da Febre-Amarela, são administradas ainda a da Febre Tifoide, Hepatite A e B, Cólera, Encefali-te Japonesa, Poliomielite, VASPR, Raiva e Meningite, assim como todas as do PNV no sentido de favorecer o seu cumprimento.
Para os utentes que já tenham feito a consulta de viajante, o serviço encontrou respos-ta para a adminis-tração de vacinas e medicação profi-lática da Malária ou outra e para resposta a eventu-ais problemas. Nas situações de ca-rácter urgente, mesmo por marca-ções de viagens não programadas atempadamente, tentam marcar-se as consultas, por vezes em tempos suple-mentares, a fim de satisfazer a necessi-dade do utente.
A equipa da consulta da viajante inicia-da, no ano 2000, pela Dra. Ana Silva e pela Enfª Júlia Rodrigues, é constituída atualmente por duas médicas de Saúde Pública e três enfermeiras.
Ana Silva Médica de Saúde Pública
Para além da vacina da Febre
Amarela, são administradas a da
Febre Tifoide, Hepatite A e B,
Cólera, Encefalite Japonesa,
Poliomielite, VASPR, Raiva,
Meningite e as do PNV
exorta o papel fundamental dos Cuida-dos Primários de Saúde (CPS) como ga-rante para as metas propostas naquele documento, como 1º nível de contacto, por cuidados essenciais de proximidade
(da educação para a saúde/prevenção ao tratamento) e continuados ao longo do ciclo de vida das populações.
Em Portugal, curiosamente pelo vanguardismo, em 1971, foram criados os primeiros Centros de Saúde através da “Legislação Gonçalves Ferrei-ra”, com forte enfoque nos CSP e na Saúde como um direito humano fundamental! Direito
este corroborado na Constituição da República, (1976), e “dever
de a defender e promover” (porque não há direitos sem deveres!).
Em 1979, é criado o Serviço Nacional de Saúde, um adulto jovem de 35 anos, considerado um dos melhores a nível internacional!...
E agora?!...
Em 1977, a 30º Assembleia Mundial da Saúde aprovou um documento bíblico – “Saúde para todos no ano 2000” – logo seguida, em 1978, com a Declaração de Alma-Ata (URSS) que
SNS, relembrar para refletir... Clarisse Bento Médica de Saúde Pública
Conferência Internacional sobre Cuidados de Saúde Primários
Alma-Ata, URSS, 6-12 de setembro de 1978
Alma-Ata alterou o modelo de cuidados centrado no
médico e incluiu os fatores sociais e económicos.
Tinha como objetivos gerais a equidade no acesso aos
cuidados e eficiência na prestação
P Á G I N A 6
C O N T E Ú D O S : E - B O L E T I M D A U N I D A D E D E S A Ú D E P Ú B L I C A
A C E S P I N H A L L I T O R A L
P Á G I N A 7 N Ú M E R O I
Outr
os
co
nte
údo
s...
as flores que exalam variados per-
fumes, e as rochas... sem dúvida.
Toda a paisagem vai mudando de
forma à medida que vai amanhe-
cendo. No início, as pedras e as
árvores parecem disformes mas,
pouco a pouco, vão-se transfor-
mando e transmitem-nos um senti-
mento de paz. Parece que se hu-
manizam e até falam connosco.
Recordam-nos a meninice.
E quanto vale, mais tarde, voltar
àquela aldeia cujos prados calcor-
reámos? O Sr. Américo e a D. Tere-
sa que, logo pela manhã, quando
A caça é uma atividade lúdica, muito
mais abrangente do que o conceito
restrito da palavra sugere. A sua
prática implica uma simbiose de
enorme riqueza, entre o mundo
rural e os praticantes da mesma,
nomeadamente a sua socialização.
É exigente e extremamente com-
pensadora e enriquecedora. A ne-
cessidade de "deitar cedo e cedo
erguer" faz quebrar hábitos arreiga-
dos nos citadinos. A beleza do
"nascer do sol", a nostalgia do ama-
nhecer no campo, em pleno sosse-
go, com o coaxar das rãs, o incon-
fundível canto do rouxinol, do cuco
e da poupa, o assobio dos melros
ao desafio (sim porque o canto de
um é sempre replicado por outro,
que se encontre por perto). Quem
sabe distinguir as suas melodias? E
quem já experimentou tais sensa-
ções?
A serra, a planície, o rio, as árvores,
Esta é uma história passada entre quatro entidades: “Toda a Gente”;
“Alguém”; “Qualquer Um” e “Ninguém”.
Havia um trabalho muito importante para ser feito e “Toda a Gente”
tinha a certeza de que “Alguém” o faria.
“Qualquer Um” poderia tê-lo feito, mas “Ninguém” o fez.
Então, “Alguém” zangou-se muito porque aquele era um trabalho de
“Toda a Gente”.
“Toda a Gente” pensou que “Qualquer Um” poderia fazer o trabalho,
mas “Ninguém” imaginou que “Toda a Gente” deixasse de fazê-lo.
No fim, “Toda a Gente” culpou “Alguém” quando “Ninguém” fez o
que “Qualquer Um” poderia ter feito.
“Não há melhor negócio que a vida.
Nós a obtemos a troco de nada”
pernoitávamos no seu palheiro,
nos presenteavam, para desjejum,
com o queijo que as martirizadas
mãos tinham moldado, o chouriço
cujos sabores permaneciam
"enquistados" no cérebro, e a boa
"pinga" que ajudava a empurrar....
É por tudo isto, que a caça, ao
contrário do que muitos aprego-
am como sacrifício e tortura de
animais, é para além de um exer-
cício mental e físico, um prazeroso
e enriquecedor contacto com a
natureza.
O coaxar das rãs José Luis Ruivo Médico de Saúde Pública
Não é comigo Rosário Correia Assistente Técnica
Provérbio Gracinda Rosa Assistente Técnica
sociados ao que então se entendia por saúde pública — vacinação, vigi-lância de saúde da grávida e da crian-ça, saúde escolar e atividades de au-toridade sanitária. Em que a Saúde Pública ocupava todo o espaço dos centros de saúde, qual árvore frondo-sa que a todos dava sombra.
Hoje a floresta tem muitas árvores. Os agrupamentos têm várias unidades, entre elas a Unidade de Saúde Publi-ca, que têm obrigatoriamente que se articular e desempenhar eficazmente o seu papel. Se não fizermos o que nos compete alguém o fará por nós.
Ao longo de várias reformas a Saúde Pública foi amputada de um braço
A nossa USP integra trinta e seis profissionais, entre eles treze médi-cos. Esses médicos têm como gene dominante a saúde pública. Reco-nheço que este gene tem vindo a perder a sua dominância, tem sido aparado de algumas das suas carac-terísticas individuais. Mas, a Saúde Pública é uma especialidade funda-mental, reconhecida, com profissio-nais que se destacam em todos os níveis, pela sua competência, pelo seu trabalho e pela sua criatividade.
Vivemos, atualmente, um período de grande incerteza quanto ao futu-ro, sendo a Saúde um dos sectores da sociedade onde mais se têm fei-to sentir as dificuldades. As reper-cussões da crise, na Saúde Pública, já levaram alguns de nós a atingir o ponto crítico da desmotivação.
Já não trabalhamos, felizmente, nos centros de saúde imaginados, nos anos 70, por Gonçalves Ferreira e Arnaldo Sampaio, que estavam as-
após outro e a árvore fron-dosa transformou-se num lindo bonsai. Um bonsai com história, antigo, resis-tente, robusto, um bonsai ainda cheio de potencialida-des.
Não percebo nada de bonsais, mas ouvi dizer que se não forem acari-nhados ou se acontecer algum corte descuidado, definha primeiro e morre depois.
Com o nosso tra-balho, competên-cia dedicação e imaginação ainda estamos a tempo.
Salvemos o Bonsai!
Salvem o Bonsai! Rui Passadouro Médico de Saúde Pública
C O N T E Ú D O S : E - B O L E T I M D A U N I D A D E D E S A Ú D E P Ú B L I C A
A C E S P I N H A L L I T O R A L
Os agrupamentos têm várias
unidades, entre elas a Unidade de
Saúde Publica, que têm
obrigatoriamente que se articular e
desempenhar eficazmente o seu
papel.
P Á G I N A 8 N Ú M E R O I
Centro de Saúde Dr. Arnaldo Sampaio
Estrada da Mata, nº 56
Marrazes
2419-014 LEIRIA
Tel.: 244 849 000/10
Fax: 244 849 001
Correio eletrónico:
“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Dei-xam um pouco de si, levam um pouco de nós.”
Antoine de Saint-Exupéry
Ponte Filipina - Pedrogão Grande Foto: Odete Mendes