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Controle da Murcha-de-Esclerócio com óleo essencial de Funcho (Foeniculum vulgare)
A Podridão-de-Escleródio ou Murcha-de-Esclerócio é causada por Sclerotium
rolfsii, um importante fitopatógeno habitante de solo, responsável pela
podridão de raízes e do colo, murcha e tombamento de plântulas que afeta
uma vasta lista de espécies de plantas hospedeiras, incluindo dicotiledôneas
e monocotiledôneas. Na ausência de hospedeiros, o fungo sobrevive no solo
por meio de escleródios e pelo crescimento micelial saprofítico, e sua
disseminação é feita, principalmente, pelo transporte de solo infestado. Vários
estudos têm comprovado o efeito de compostos isolados extraídos de óleos
essenciais e extratos de plantas, que atuam como fungicidas naturais,
inibindo a atividade fúngica e visando amenizar e/ou reduzir o uso abusivo de
agrotóxicos.
Avaliar o óleo essencial de Funcho (Foeniculum vulgare) in vitro, no controle
de Sclerotium rolfsii.
Coleta da planta: no município de Caxias do Sul (S / 29°09’78,0” e W
/51°08’65,9”).
Secagem da planta: estufa de ar, por 7 dias, à temperatura de 40°C.
Obtenção do microrganismo: O fungo S. rolfsii (Figura 1B) foi obtido de
cenoura de Vacaria/RS.
• EXTRAÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL DE FUNCHO
A extração ocorreu por hidrodestilação em aparelho Clevenger (Figura 1.A)
durante 1 h. Decorrido este tempo, foram feitas as medidas do rendimento do
óleo essencial (ml %, volume/massa). A análise química do óleo foi feita em GC
(HP 6890) e GC/MS (HP 6890/MSD5973), equipado com espectroteca (Wiley
275) no Laboratório de Óleos Essenciais da mesma instituição.
•TESTE IN VITRO
Foram utilizados discos de cultura jovem de S. rolfsii, de 5mm de diâmetro e
repicados para o centro de placas de Petri contendo meio BDA (Figura 1C),
acrescido de óleo essencial de funcho nas concentrações 0,01; 0,05; 0,10; 0,15
e 0,20% e controle (somente BDA), sendo que cada concentração foi feita em
cinco repetições. Após a inoculação, as placas de Petri foram mantidas em
BOD, à temperatura de 25° C, com fotoperíodo de 12 h. As medidas do
crescimento micelial (mm) foram realizadas nos 3°, 7° e 14°dias, com
Paquímetro Digital. Os dados analisados pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade usando o Graph Pad Prism 4.0.
C
FE
O óleo essencial de funcho mostrou-se eficiente no controle de S. rolfsii a
partir da concentração 0,10%.
Como perspectiva futura, será realizado o teste in vivo para confirmar este
resultado expressivo e tornar o óleo de funcho uma alternativa no controle
da Murcha-de-Esclerócio.
Letícia Soso; Pâmela Manoela Zimmer; Márcia Regina Pansera; Valdirene Camatti Sartori; Rute T. S. Ribeiro.
Centro de Ciências Agrárias e Biológicas/ Instituto de Biotecnologia / Laboratório de Controle de Doenças de Plantas
POLITEO, O.; JUKI, M. & MILO, M. Composição química e atividade antioxidante de
óleos essenciais de doze plantas de especiarias. Croatica química acta, v.4, n.79, p.545-552,
2006.
•SANTOS, A.C.A.; ROSSATO, M., AGOSTINI, F., SERAFINI, L.A., SANTOS, P.L., MOLON, R.,
DELLACASSA, E., MOYNA, P. Chemical Composition of the Essential Oils from Leaves and
Fruits of Schinus molle L and Schinus terebinthifolius Raddi from Southern Brazil. Journal of
Essential Oils Bearing Plants, 2009. v. 12, p. 16-25.
Figura 2. Efeito in vitro do óleo essencial de Funcho (Foeniculum vulgare) sobre o
desenvolvimento do patógeno S. rolfsii no 14º dia.Médias seguidas de mesma letra, não diferiram estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Figura 3. Avaliação do controle de S.rolfsii com óleo essencial de funcho nas concentrações 0
(A) ; 0,01 (B); 0,05 (C); 0,10 (D); 0,15 (E) e 0,20%(F) , no 14º dia de medições.
A B
D
C
E F
Figura 1. Aparelho Clevenger utilizado para a Extração do óleo essencial (A); Colônia do fungo S.
rolfsii com esclerócios , em placa de Petri(B) e disco de 5mm contendo fungo S.rolfsii em meio BDA
(C).
O rendimento do óleo essencial de funcho foi de1,6%. O composto majoritário
encontrado foi o trans-anetol com (79,49%), seguido de fenchona (6,04%) e
estragol (2,99%).
No teste in vitro, o óleo essencial de funcho, apresentou efeito inibitório do
fitopatógeno a partir da concentração 0,10%, durante os 14 dias de experimento,
conforme dados das Figura 2 e 3.
CBA
Esse resultado pode ser explicado por POLITEO et al., que afirma que o
trans-anetol e o estragol, presentes no óleo de Foeniculum vulgare Mill.,
popularmente conhecido como funcho, apresentam ação antimicrobiana,
antibacteriana e antifúngica.
SANTOS et al. 2006, relataram que a intensidade da atividade biológica dos
óleos essenciais depende de alguns constituintes químicos em especial, tais
como citral, pineno, cineol, cariofileno, elemeno, furanodieno, limoneno,
eugenol e carvacrol, porém é importante comentar que devido à
complexidade da composição química de um óleo essencial, torna-se difícil
relacionar a atividade biológica com as substâncias presentes. Geralmente,
a ação atribuída a um composto isolado pode não ser exata, devido a
possíveis interações que podem ocorrer entre os compostos do óleo.
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