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jorge-eustaquio-da-silva
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Coordenadas esféricas
As coordenadas cartesianas são as melhores, mas não são as únicas. Para determinar o vetor , que vai da origem
ao ponto , podemos dar as três componentes cartesianas de , que vêm a ser as três coordenadas cartesianas de
, mas também podemos dar o tamanho do vetor, sua direção e seu sentido. Ou seja, o módulo e dois
ângulos que podem ser os ângulos e da figura. As coordenadas esféricas do ponto são, então, , e .
A relação entre as coordenadas cartesianas e esféricas é dada por
sendo as inversas dadas por
As coordenadas cartesianas referem-se à base fixa formada pelos vetores unitários , e . De fato, o vetor de
posição , que termina no ponto , tem projeções ao longo dos eixos dessa base que são exatamente as
coordenadas de . Note-se que
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Qual será a base que, para as coordenadas esféricas, desempenha o papel da base , , ? A pista está dada pelas
equações acima: devemos procurar os vetores que são os gradientes das funções , ,
.
Temos:
Logo, temos o primeiro vetor da base,
Analogamente, podemos calcular :
Finalmente, calculamos :
Verifica-se sem qualquer dificuldade que os vetores , e são ortogonais, e que é unitário. Contudo,
é tal que
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e é tal que
Em princípio não há qualquer problema em usar uma base de vetores não unitários. Porém, uma base ortonormal
tem os seus confortos,2 e então preferimos usar os vetores
Em termos desta base, seja um vetor que começa no ponto . Então podemos escrever
ou
Como um exemplo não-trivial do uso de coordenadas curvilíneas, vamos tratar do problema de Kepler (Terra em redor do Sol). Como se sabe, a trajetória de uma planeta está contida num plano que também contém o Sol. Assim, podemos, sem perda de generalidade, considerar o problema como sendo bidimensional o que nos permite utilizar coordenadas polares no plano.
A conexão entre as coordenadas polares e as cartesianas é dada pelas fórmulas
e pelas inversas
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Seja um vetor de posição. Como mostra a figura, suas componentes ao longo dos eixos e são
as coordenadas do ponto localizado na sua extremidade. Seja este ponto, e um ponto muito próximo,
de coordenadas . Se denota o vetor de a , temos
Se denotarmos por o quadrado da distância entre e , temos
Para construir uma base apropriada para as coordenadas polares, vamos calcular e :
ou seja,
Para ter uma base ortonormal, escolhemos
isto é,
Diferentemente de e , os vetores da base adaptada às coordenadas polares (Cartan falava na ``base natural'' das
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coordenadas polares) não são constantes. Fala-se, então, numa ``base móvel'', ou ``referencial móvel'' (moving frame). Já que são funções, calculemos suas diferenciais:
Estes dois vetores podem ser expandidos na base formada por e . Usando a notação de Cartan, pomos
Antes de prosseguir no cálculo, vamos fazer uma digressão sobre coordenadas curvilíneas num contexto um pouco mais geral.
Sejam ( , coordenadas curvilíneas num espaço que admite um sistema de coordenadas cartesianas. A expressão das
em termos das coordenadas cartesianas é conhecida. Construímos, calculando os gradientes das funções e normalizando, os
vetores , ( ), tais que
Diferenciando ambos os membros, temos
ou
Ora,
logo,
e, como , temos
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que dá
Daqui se conclui que
Vemos que as expressões em (43) podem ser simplificadas, pois e .
Para calcular , lembremo-nos de que, numa base ortonormal,
Comparando com (44), chegamos a
O produro escalar acima é facil de calcular:
Conclui-se então que
e que, portanto,
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