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FUNDAMENTOS DE GRAMÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA

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FUNDAMENTOS DE GRAMÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA

2012

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APRESENTAÇÃO

Estimados alunos,

As formas de se articular o conhecimento foram reavaliadas com o advento e

avanço dos veículos tecnológicos de divulgação da informação. As transformações

sociais, culturais e econômicas são arcabouços promovedores de modificações,

segundo certas necessidades e urgências.

Em um contexto representado pela criação e avanço das técnicas de lidar

com o conhecimento, a Educação à Distância une o produto humano ao tecido

tecnológico, irrompendo as distâncias geográficas, ampliando o alcance e a

abrangência das formas de comunicação, informação, além de reelaborar o

processo ensinar/aprender.

A revolução tecnológica não apenas diminuiu distâncias; fez a sociedade

perceber a inquestionável onipresença das mídias modernas aplicadas à educação

e à vida social; fez o indivíduo reagrupar as novas concepções em como lidar com a

informação e sua popularização. Desta forma, as novas posturas sociais sofreram

alterações nas formas de como se pesquisar e apreender o conhecimento. A partir

desse atual perfil, a Educação à Distância tem como aporte o movimento

(deslocamento) das atuais sociedades rumo ao futuro.

Com uma forte densidade social, a Educação à Distância apoia o

desenvolvimento social e humano valorizando e qualificando as iniciativas voltadas

para desenvolvimento dos indivíduos, ampliando as formas de se obter qualificação

educacional e profissional, capacitando pessoas para o exercício do trabalho e da

pesquisa.

A Educação à Distância propõe a transformação da educação, ultrapassando

os limites da sala de aula, transportando-a para a espacialidade do aluno segundo

sua conveniência e preferência, oportunizando soluções em culturas

internacionalizadas e unidas pelas relações sem fronteiras.

É sabido, também, do nível de disciplina e responsabilidade necessárias

para cursos de formato à distância. Portanto, a EAD representa uma reinvenção do

contato com o conhecimento em contextos profissional e acadêmico, levando não

2Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Unidade I

apenas informação além-fronteiras - intercambializada pela acessibilidade síncrona

e assíncrona de informações-, mas conduzindo pessoas ao mais inequívoco

elemento transformador de posturas sociais: o conhecimento.

Everaldo dos Santos Almeida - Professor

[email protected]

3Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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IUNIDADE

Generalidades gramaticais: elementos básicos

Concordância Verbal e NominalCraseHomófonas, homógrafas e parônimasOrtografiaPontuaçãoAcentuação gráficaRegência verbal e nominal

4Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Unidade I

CONCORDÂNCIA NOMINAL

Saiba como fazer a concordância nominal da forma correta.

Na língua portuguesa, existem conceitos e regras complicados, pelo menos

ao cidadão comum, que não está acostumado com a utilização da língua padrão, e

sim com a linguagem cotidiana, solta, despreocupada. Por exemplo, com qual

segurança o indivíduo usaria a frase escrita acima? "... conceitos e regras

complicados" ou "... conceitos e regras complicadas"? Como saber o certo? Vamos,

então, aos estudos:

Quando dois ou mais substantivos forem qualificados por um só adjetivo,

deve-se analisar se este funciona como adjunto adnominal ou como predicativo.

Como chegar à resposta? Simples: substitua os substantivos por um pronome; se o

adjetivo desaparecer com essa substituição, sua função será a de adjunto

adnominal; se não desaparecer, será a de predicativo.

Por exemplo: "Existem conceitos e regras complicados". Substituindo os

substantivos por um pronome teremos "Eles existem", e não "Eles existem

complicados". O adjetivo desapareceu com a substituição; é, então, adjunto

adnominal. Já na frase "Considero os conceitos e as regras complicados".

Substituindo os substantivos por um pronome teremos "Considero-os complicados".

O adjetivo não desapareceu; é, então, predicativo. E como qualifica o objeto direto,

denomina-se predicativo do objeto.

Adjetivo como adjunto Adnominal

Após os substantivos: Quando o adjetivo funcionar como adjunto

adnominal e estiver após os substantivos, tanto poderá concordar

com a soma destes quanto concordar apenas com o elemento mais

próximo. Por isso a frase apresentada inicialmente tanto poderá ser

escrita "Existem conceitos e regras complicados" quanto "Existem

conceitos e regras complicadas". Outros exemplos: "Ela escolheu

coordenador e assistente péssima" ou "Ela escolheu coordenador e

5Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Faculdade Atenas Maranhense – FAMA

assistente péssimos"; "Encontrei colégios e faculdades ótimas" ou

"Encontrei colégios e faculdades ótimos". O adjunto adnominal

concordará apenas com o elemento mais próximo, se a qualidade

pertencer somente a este (P. Exemplo: Comprei cerveja e carne

bovina), se os substantivos forem sinônimos (P. Exemplo: Magoaram

o povo e a gente brasileira) ou se formarem gradação (P. Exemplo:

Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho).

Antes dos substantivos: Quando o adjetivo funcionar como adjunto

adnominal e estiver antes dos substantivos, concordará apenas com

o elemento mais próximo. Por exemplo: "Existem complicadas regras

e conceitos"; "Ela escolheu péssima assistente e coordenador";

"Encontrei ótimas faculdades e colégios". Quando houver apenas um

substantivo qualificado por dois ou mais adjetivos, haverá duas

possibilidades de construção: colocar o substantivo no plural e

enumerar os adjetivos no singular, ou colocar o substantivo no

singular e, ao enumerar os adjetivos, também no singular, antepor um

artigo a cada um, menos no primeiro deles. Por exemplo: "Ele estuda

as línguas inglesa, francesa e alemã" ou "Ele estuda a língua inglesa,

a francesa e a alemã"; "As seleções brasileira, italiana e argentina

estão prontas para o torneio" ou "A seleção brasileira, a italiana e a

argentina estão prontas para o torneio".

Adjetivo como predicativo

Com o verbo após o sujeito: Se adjetivo funcionar como predicativo

do sujeito, este concordará com a soma dos elementos. Por exemplo:

"A casa e o quintal estavam abandonados"; "A casa e o quintal,

abandonados, foram invadidos pelos garotos"; "Abandonados, a casa

e o quintal foram invadidos pelos garotos".

Com o verbo antes do sujeito: O predicativo do sujeito

acompanhará a concordância do verbo, que tanto concordará com a

6Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade I

soma dos elementos quanto com o mais próximo. Por exemplo:

"Estava abandonada a casa e o quintal" ou "Estavam abandonados a

casa e o quintal"; "Parecia perdida a garota e os irmãozinhos" ou

"Pareciam perdidos a garota e os irmãozinhos".

Adjetivo como predicativo do objeto

É mais aconselhável concordar com a soma dos substantivos. Por isso o

mais indicado é "Considero os conceitos e as regras complicados", "Tenho como

irresponsáveis o chefe do setor e seus subordinados" e "Julgo culpados pela derrota

o treinador e os jogadores". Há gramáticos, porém, que admitem a concordância

apenas com o elemento mais próximo.

Pronto. Essa foi a primeira parte dos estudos da concordância nominal. Na

próxima semana, continuaremos a matéria. Até mais ver.

7Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Faculdade Atenas Maranhense – FAMA

CONCORDÂNCIA NOMINAL

1 - Adjetivo / substantivo: O adjetivo concorda com o substantivo a que se

refere em gênero e número. Se a palavra que funciona como adjetivo for

originalmente um substantivo, ficará invariável. Exemplos:

Rosas vermelhas e jasmins pérolaTernos cinza e camisas amarelas

2 - Adjetivo composto: Quando houver adjetivo composto, apenas o

último elemento concordará com o substantivo a que se refere; os

demais ficarão na forma masculina, singular. Se um dos elementos

for originalmente um substantivo, todo o adjetivo composto ficará

invariável.

Violetas azul-claras com folhas verde-musgoCalças rosa-claro e camisas verde-mar

3 - Obrigado / Mesmo / Próprio: Concordam com o elemento a que se

referem: A menina disse, em nome de todas as garotas: Muito

obrigadas.

Elas mesmas conversaram conosco.A própria autora virá para o debate.

Nota: Quando mesmo significar realmente, será advérbio, portanto ficará invariável. Exemplo: Os jovens resolveram mesmo a situação.

4 - Só / Sós: "Só" será pluralizável, quando significar sozinhos, sozinhas; será

invariável, quando significar apenas, somente. Exemplo:

As garotas só queriam ficar sós. (Somente queriam ficar sozinhas)

8Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

azul-marinho, azul-

celeste, ultravioleta e

qualquer adjetivo

composto iniciado por

cor-de-... são sempre

invariáveis.

Os adjetivos

compostos surdo-

mudo e pele-vermelha

têm os dois

elementos

flexionados.

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Unidade I

Nota: A locução a sós é invariável. Exemplo: Ela gostava de ficar a sós.5 - Quite / Anexo / Incluso: Concordam com o elemento a que se referem.

Exemplo:

Estamos quites com o Banco.As notas promissórias foram quites hoje pela manhã.Seguem anexas as certidões negativas.Inclusos, enviamos os documentos solicitados.

6 – Meio: Concordará com o elemento a que se refere, quando significar metade.

Será invariável, quando significar um pouco, mais ou menos. Exemplo:

Ela estava meio (um pouco)nervosa, pois já era meio-dia e meia(hora), e seu filho ainda não havia chegado.

7 - Casa dois / Página vinte: Numeral utilizado após substantivo, é cardinal (um,

dois, três...). Do contrário, usa-se o numeral ordinal (primeiro, segundo,

terceiro...). Exemplos:

Estamos na segunda página.Arrancaram a página duzentos.

8 - É proibido entrada / É proibida a entrada: Quando o sujeito for tomado em sua

generalidade, sem qualquer determinante, o verbo ser - ou qualquer outro verbo

de ligação - ficará no singular, e o predicativo do sujeito no masculino, singular.

Se o sujeito vier determinado, a concordância do verbo e do predicativo será

regular, ou seja, tanto o verbo quanto o predicativo concordarão com o

determinante. Exemplo:

Caminhada é bom para a saúde.Esta caminhada está boa.É proibido entrada de crianças.É proibida a entrada de crianças.Pimenta é bom?A pimenta é boa?

9 - Menos / Pseudo: São palavras invariáveis. Pseudo será hifenizado quando a

palavra seguinte se iniciar por H, R, S e Vogal. Exemplos:

9Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Havia menos violência antigamente.Aquelas garotas são pseudo-atletas.

10 - Muito / Bastante: Quando modificarem substantivo, concordarão com ele.

Quando modificarem verbo, adjetivo, ou outro advérbio, ficarão invariáveis. Se

puderem ser substituídos por vários ou várias ficarão no plural (bastantes

também pode ser substituído por suficientes); se puderem ser substituídos por

bem, ficarão invariáveis. Exemplos:

Bastantes(vários) alunos ficaram bastante(bem) irritados com o professor.

Há testemunhas bastantes(suficientes) para incriminar o acusado.

11 - Tal qual: Tal concorda com o substantivo anterior, e qual, com o posterior.

Exemplos:

O filho é tal qual o pai.O filho é tal quais os pais.Os filhos são tais qual o pai.Os filhos são tais quais os pais.

Nota: Se o elemento anterior é um verbo, tal fica invariável; se o elemento

posterior é um verbo, qual fica invariável. Exemplos:

Eles agem tal quais as ordens do pai.Eles agem tal qual forem as ordens do pai.

12 – Grama: Quando representar unidade de massa, será masculino. Exemplos:

Comprei duzentos gramas de presunto.Ele foi preso com um grama de cocaína.

13 – Silepse: Concordância irregular, também chamada concordância figurada. É

a que se opera não com o termo expresso, mas com outro termo latente, isto

é, oculto, mentalmente subentendido.

10Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade I

a) Silepse de gênero: São Paulo é linda. (Usa-se linda, por tratar-se da

cidade de São Paulo)

b) Silepse de número: Estaremos aberto nesse final de semana. (Usa-

se aberto porque o que estará aberto será o estabelecimento)

c) Silepse de pessoa: Os brasileiros estamos esperançosos. (Usa-se

estamos, pois nós somos os brasileiros)

14 - Possível: Em frases enfáticas, como o mais, o menos, o melhor, o pior,

possível concordará com o artigo. Exemplos:

Conheci garotas o mais belas possível.Conheci garotas as mais belas possíveis.

Pronto. Agora sim terminamos a concordância nominal. Estude bem essas

regras e fale cada dia melhor a nossa língua. Até mais ver.

11Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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CONCORDÂNCIA VERBAL

A concordância verbal é um dos aspectos gramaticais mais temidos pelos

estudantes. A única maneira de usar o verbo convenientemente, em relação à

concordância, é raciocinar, encontrar o sujeito a que o verbo se refere, a fim de

deixar este no mesmo número e pessoa que aquele. Hoje estudaremos apenas

alguns casos especiais.

Concordância verbal consiste no estudo do verbo quanto à maneira como ele

deverá surgir na frase (singular ou plural), dependendo de qual elemento seja o

sujeito da oração, ou até dependendo da própria existência do sujeito. Se o sujeito

for um substantivo singular, o mesmo ocorrerá com o verbo; se for um termo no

plural, o verbo também o será. Por exemplo: "O prédio ruiu"; "Os bombeiros

chegaram". Para se encontrar o sujeito, pergunta-se ao verbo "Que(m) é que...?".

Casos Especiais

Verbo SER: Decerto, se apresentarem a frase "O vestibular são as

esperanças dos estudantes" a maioria dirá que há inadequação, pois "O vestibular

são..." parece estar errado, não é mesmo?

Mas está certo, pois o verbo ser, quando tiver como sujeito e como

predicativo do sujeito elementos numericamente diferentes (um no singular, outro no

plural), deverá concordar com o plural, não importando a sequência em que os

elementos se encontrem na oração. Exemplo:

"O mundo dela são as suas bonecas"; "Nem tudo são alegrias na vida".

Essa concordância só não ocorrerá, se o sujeito for um nome próprio ou

indicar pessoa; nesse caso, o verbo ser concordará com a pessoa. Exemplo:

"O homem é cinzas"; "Mariella é as alegrias da família".

12Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade I

Outro caso especial do verbo ser ocorre em frases que indicam quantidade:

Qual é o certo? "Trezentos gramas de carne é (ou são) o suficiente para esse

prato"? A resposta é "Trezentos gramas de carne é o suficiente", porque o verbo ser

ficará no singular, quando o predicativo for uma expressão como "muito, pouco, o

bastante, o suficiente, uma fortuna, uma miséria, demais...". Exemplo:

"Duzentos mil reais é muito para essa casa"; "Quatro voluntários é o bastante para realizar o serviço".

O verbo ser também pode ser impessoal, ou seja, pode apresentar-se sem

sujeito. Isso ocorrerá quando indicar horas, datas ou distâncias.Ao indicar horas ou

distâncias, o verbo ser concordará com o numeral a que se refere; ao indicar datas,

tanto poderá ficar no singular, quanto no plural, com exceção do primeiro dia do

mês; nesse caso, ser ficará no singular. Exemplo:

"É uma hora"; São duas horas"; "É um quilômetro daqui até lá"; "São dois quilômetros daqui até lá"; "É vinte e nove de agosto"; "São vinte e nove de agosto".

Que você diria da frase "Bateram dez horas o relógio da matriz"? Certa ou

errada?Errada!

Os verbos DAR, BATER e SOAR concordam com o sujeito (relógio, torre,

campanário, sino), a não ser que esses elementos estejam com a preposição em;

nesse caso, não funcionarão como sujeito, e os verbos passarão a concordar com o

numeral. Exemplo

"Bateram dez horas no relógio da matriz"; "Bateu dez horas o relógio da matriz"; "Soaram quatro horas no sino"; "Soou quatro horas o sino".

"Viva os jogadores!" Quem nunca gritou frase desse tipo algum dia? Quem

nunca cometeu esse erro? Erro, porque o verbo VIVER, nas orações optativas, deve

concordar com o sujeito, que sempre estará posposto ao verbo. Exemplo:

13Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Faculdade Atenas Maranhense – FAMA

"Vivamos nós!"; "Vivam os artistas!".

Vivam as borboletas que parece bailarem quando voam! Quê?! "parece

bailarem"? Exatamente.Tanto se pode dizer "parece bailarem" quanto "parecem

bailar".

Quando o verbo PARECER estiver seguido de outro verbo no infinitivo e o

sujeito for um elemento no plural, ou flexiona-se o verbo parecer, ou o infinitivo.

Exemplo:

"As borboletas parecem bailar" (sujeito) (locução verbal)

Já em "As borboletas parece bailarem" o sujeito de "parece" é "as borboletas

bailarem", denominado de oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de

infinitivo, e o verbo parecer é intransitivo.

Essa última construção é equivalente a"Parece que as borboletas bailam",

retirando-se a conjunção "que" e colocando-se o verbo no infinitivo.

14Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade I

CRASE

Regras de uso e emprego.A palavra crase é de origem grega e significa fusão, mistura. Em gramática,

basicamente a crase se refere à fusão da preposição a com o artigo feminino a: Vou

à escola. O verbo ir rege a preposição a, que se funde com o artigo exigido pelo

substantivo feminino escola: Vou à (a+a) escola.

A ocorrência de crase é marcada com o acento grave (`). A troca de escola

por um substantivo masculino equivalente comprova a existência de preposição e

artigo: Vou ao (a+o) colégio.

No caso de ir a algum lugar e voltar de algum lugar, usa-se crase quando:

"Vou à Bolívia. Volto da Bolívia". Não se usa crase quando: "Vou a São Paulo. Volto

de São Paulo". Ou seja, se você vai a e volta da, crase há. Se você vai a e volta de,

crase para quê?

É erro colocar acento grave antes de palavras que não admitam o artigo

feminino a, como verbos, a maior parte dos pronomes e as palavras masculinas.

A tabela resume os principais casos em que a crase deve (ou não) ser

utilizada:

15Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Caso Uso obrigatório Uso proibitivo Uso facultativo

Antes de palavras masculinas

Quando estiver implícito “à moda de”: móveis à Luís 15;

Quando subentendido termo feminino: vou à [praça]João Mendes

Viajar a convite, traje a rigor, passeio a pé, sal a gosto, TV a cabo, barco a remo, carro a álcool etc.

 

Antes de verbos   Disposto a colaborar.  

Antes de pronomes  

Antes da maior parte deles: Disse a ela que não virá; nunca se refere a você.

Pronomes possessivos:Enviou a carta à sua família. Enviou a carta a sua família.

Quando "a" vem antes de plural  

A pesquisa não se refere a mulheres casadas.

 

Expressões formadas por palavras repetidas

  Cara a cara; ponta a ponta frente a frente; gota a gota.

 

Depois de "para", "até", "perante", "com", "contra" outras preposições

 

O jogo está marcado para as 16h; foi até a esquina; lutou contra as americanas.

 

Antes de cidades, Estados, países

Foi à Itália (voltou da Itália).

Chegou à Paris dos poetas (voltou da Paris dos poetas).

Foi a Roma (voltou de Roma).

Foi a Paris (voltou de Paris).

 

Locuções adverbiais, conjuntivas ou prepositivas de base feminina

Às vezes, às pressas, à primeira vista, à medida que, à noite, à custa de, à procura de, à beira de, à tarde, à vontade, às cegas, às escuras, às claras, etc.

 

Locuções femininas de meio ou instrumento:À vela/a vela; à bala/a bala; à vista/a vista; à mão/a mão. (Prefira crase quando for preciso evitar ambigüidade: Receber à bala).

Aquele, aqueles, aquilo, aquela, aquelas

Referiu-se àquilo; Foi àquele restaurante; Dedicou-se àquela

tarefa.

   

16Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade I

Com demonstrativo “a”

A capitania de Minas Gerais estava ligada à de São Paulo;

Falarei às que quiserem me ouvir.

   

17Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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HOMÔNIOS E PARÔNIMOS

São muito comuns os erros de grafia e pronúncia de palavras semelhantes

na Língua Portuguesa. A seguir, alguns mais corriqueiros, a partir dos quais vamos

esclarecer algumas dúvidas relativas ao assunto.

COMO SE FALA E SE ESCREVE? cumprimento ou comprimento?

descrição ou discrição? a fim ou afim?

acento ou assento?

Às vezes, ouvimos uma pessoa dizer "que tem muitos homônimos", ou seja,

que há outras pessoas com o nome igual ao dela. Para entendermos melhor como

isto ocorre, é necessário que conheçamos um pouco da formação das palavras.

HOMÔNIMO(ou palavras homônimas) quer dizer:

(do grego) HOMOS = igual + ONYMA = nome

São vocábulos que se pronunciam ou se escrevem da mesma forma, mas

têm sentidos diferentes. Ou seja, são palavras polissêmicas. Exemplo:

manga de camisa e a fruta manga.

POLISSEMIA (do grego) POLYS = muitos + SEMA = significação / sinal

Ocorre quando fazemos uso de um termo com vários sentidos. É o caso dos

homônimos.

Cecília Meireles faz uso de homônimos em sua poesia "Moda da menina

trombuda". Utiliza a palavra "muda" com dois sentidos: adjetivo / sem voz e verbo

mudar.

18Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade I

E a moda da menina muda da menina trombuda que muda de modos e dá medo. (...)

Entre os homônimos, há dois tipos especiais: os homógrafos (palavras

homógrafas) e os homófonos (palavras homófonas). E, claro, os homônimos

perfeitos (que são homógrafos e homófonos ao mesmo tempo). Vejamos:

Homônimo HOMÓGRAFO (ou palavras homógrafas) quer dizer: (do grego) HOMOS = igual + GRAPHEIN = escrita

São vocábulos que se escrevem da mesma forma, mas a pronúncia é

diferente. Exemplos:

Vou colher as frutas. (recolher) A colher de chá está suja. (utensílio de mesa e cozinha)

No seguinte trava-línguas, podemos observar o uso ambíguo de maria-mole

como palavra homógrafa. Ou seja, a mesma palavra utilizada como nome de um

doce e, por associação de idéia, como atributo de uma pessoa preguiçosa.

Maria-Mole é molenga, se não é molenga,Não é Maria-Mole. É coisa malemolente, Nem mala, nem mola, nem Maria, nem mole.

Homônimo HOMÓFONO (ou palavras homófonas) quer dizer: (do grego) HOMOS = igual + PHONE = som

São vocábulos que têm a mesma pronúncia, mas a grafia e o sentido são

diferentes. Exemplo:

Acerca de um assunto (a respeito de) Há cerca de dois anos (há um certo tempo)

Observe como a letra de "Vamos fugir", interpretada por Gilberto Gil, torna-

se interessante com o uso de um homônimo homófono bastante criativo: "regue"

(verbo regar) e "reggae" (ritmo musical).

(...) Vamos fugir 19

Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Pr'onde haja um tobogãOnde a gente escorregue Todo dia de manhã Flores que a gente regue Uma banda de maçã Outra banda de reggae...(...)

Homônimos Perfeitos

São vocábulos que se pronunciam e se escrevem da mesma forma, mas têm

sentidos diferentes. Exemplos:

(a)cerca de 100 metros (a uma certa distância de) (a) cerca de um quintal (o que está em torno de um terreno, de madeira, de plantas) cerca de 14h (aproximadamente) cumprimento ao mestre (saudação) cumprimento das tarefas (realização)

Observe o uso dos homônimos perfeitos nos versos da canção "Tire as mãos

de mim", interpretada por Chico Buarque de Hollanda. A brincadeira lingüística

consiste no uso da palavra "nós" como substantivo (laço apertado) e como pronome

(1ª pessoa do plural).

(...) Éramos nósEstreitos nósEnquanto tuÉs laço frouxo (...)

PARÔNIMOS (ou palavras parônimas) quer dizer: PARA = a lado de + ONYMA = nome

São vocábulos que têm grafia e pronúncia semelhantes / parecidas, mas

significados diferentes. Exemplo:

comprimento da camisa (tamanho)

20Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade I

cumprimento ao professor (saudação)

Observe como Gabriel, O Pensador faz uso de um parônimo como forma de

se referir a uma composição de Chico Buarque e Gil: "cale-se" (verbo no imperativo)

e "cálice" (substantivo/taça).

Alguns exemplos mais usados de Homônimos e Parônimos:

(Obs: lista completa no site www.dsignos.com.br)

Erros diversos relacionados à pronúncia ou à escrita das palavras:

21Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Faculdade Atenas Maranhense – FAMA

A publicidade e a literatura utilizam-se muito da homonímia ou polissemia

para criar a ambigüidade da mensagem (palavras iguais que levam à possibilidades

de interpretação pela aproximação dos diferentes sentidos). Os jogos de adivinhas e

os ditados populares também brincam com o duplo sentido das palavras:

22Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade I

23Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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ORTOGRAFIA I

A palavra Ortografia é formada por "orto", elemento de origem grega, usado

como prefixo, com o significado de direito, reto, exato e "grafia", elemento de

composição de origem grega com o significado de ação de escrever; ortografia,

então, significa ação de escrever direito. É fácil escrever direito? Não!! É, de fato,

muito difícil conhecer todas as regras de ortografia a fim de escrever com o mínimo

de erros ortográficos. Hoje tentaremos facilitar um pouco mais essa matéria. Abaixo

seguem algumas frases com as respectivas regras sobre o uso de ç, s, ss, z, x...

Vamos a elas:

01 - Uma das intenções da casa de detenção é levar o que cometeu graves

infrações a alcançar a introspecção, por intermédio da reeducação.

a) Usa-se ç em palavras derivadas de vocábulos terminados em TO:

intento = intençãocanto = cançãoexceto = exceçãojunto = junção

b) Usa-se ç em palavras terminadas em TENÇÃO referentes a verbos

derivados de TER:

deter = detençãoreter = retençãoconter = contençãomanter = manutenção

c) Usa-se ç em palavras derivadas de vocábulos terminados em TOR:

24Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade I

infrator = infraçãotrator = traçãoredator = redaçãosetor = seção

d) Usa-se ç em palavras derivadas de vocábulos terminados em TIVO:

introspectivo = introspecçãorelativo = relaçãoativo = açãointuitivo – intuição

e) Usa-se ç em palavras derivadas de verbos dos quais se retira a

desinência R:

reeducar = reeducaçãoimportar = importaçãorepartir = repartiçãofundir = fundição

f) Usa-se ç após ditongo quando houver som de s:

eleição

traição

02 - A pretensa diversão de Creusa, a poetisa vencedora do concurso, implicou a

sua expulsão, porque pôs uma frase horrorosa sobre a diretora Luísa.

a) Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados em NDER ou

NDIR:

pretender = pretensão, pretensa, pretensiosodefender = defesa, defensivocompreender = compreensão, compreensivorepreender = repreensãoexpandir = expansãofundir = fusãoconfundir = confusão

b) Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados em ERTER ou

ERTIR:

inverter = inversãoconverter = conversão

25Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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perverter = perversãodivertir = diversão

c) Usa-se s após ditongo quando houver som de z:

Creusacoisamaisena

d) Usa-se s em palavras terminadas em ISA, substantivos femininos:

LuísaHeloísaPoetisaProfetisa

Obs: Juíza escreve-se com z, por ser o feminino de juiz, que também se

escreve com z.

e) Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados em CORRER ou

PELIR:

concorrer = concursodiscorrer = discursoexpelir = expulso, expulsãocompelir = compulsório

f) Usa-se s na conjugação dos verbos PÔR, QUERER, USAR:

ele pôsele quisele usou

g) Usa-se s em palavras terminadas em ASE, ESE, ISE, OSE:

frasetesecriseosmose*Exceções: deslize e gaze.

26Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade I

h) Usa-se s em palavras terminadas em OSO, OSA:

horrorosagostoso*Exceção: gozo

03 – I. Teresinha, a esposa do camponês inglês, avisou que cantaria de

improviso.

II. Aterrorizada pela embriaguez do marido, a mulherzinha não fez a

limpeza.

a) Usa-se o sufixo indicador de diminutivo INHO com s quando esta letra

fizer parte do radical da palavra de origem; com z quando a palavra de

origem não tiver o radical terminado em s:

Teresa = TeresinhaCasa = casinhaMulher = mulherzinhaPão = pãozinho

b) Os verbos terminados em ISAR serão escritos com s quando esta letra

fizer parte do radical da palavra de origem; os terminados em IZAR

serão escritos com z quando a palavra de origem não tiver o radical

terminado em s:

improviso = improvisaranálise = analisarpesquisa = pesquisarterror = aterrorizarútil = utilizareconomia = economizar

c) As palavras terminadas em ÊS e ESA serão escritas com s quando

indicarem nacionalidade, títulos ou nomes próprios; as terminadas em

EZ e EZA serão escritas com z quando forem substantivos abstratos

provindos de adjetivos, ou seja, quando indicarem qualidade:

TeresaCamponêsInglêsEmbriaguezLimpeza

27Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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04 - O excesso de concessões dava a impressão de compromisso com o

progresso.

a) Os verbos terminados em CEDER terão palavras derivadas escritas com

CESS:

exceder = excesso, excessivoconceder = concessãoproceder = processo

b) Os verbos terminados em PRIMIR terão palavras derivadas escritas com

PRESS:

imprimir = impressãodeprimir = depressãocomprimir = compressa

c) Os verbos terminados em GREDIR terão palavras derivadas escritas

com GRESS:

progredir = progressoagredir = agressor, agressão, agressivotransgredir = transgressão, transgressor

d) Os verbos terminados em METER terão palavras derivadas escritas com

MISS ou MESS:

comprometer = compromissoprometer = promessaintrometer = intromissãoremeter = remessa

05 - Para que os filhos se encorajem, o lojista come jiló com canjica.

a) Escreve-se com j a conjugação dos verbos terminados em JAR:

Viajar = espero que eles viajemEncorajar = para que eles se encorajemEnferrujar = que não se enferrujem as portas

28Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade I

b) Escrevem-se com j as palavras derivadas de vocábulos terminados em

JA:

loja = lojistacanja = canjicasarja = sarjetagorja = gorjeta

c) Escrevem com j as palavras de origem tupi-guarani.

JilóJibóiaJirau

06 - O relógio que ele trouxe da viagem ao México em uma caixa de madeira caiu

na enxurrada.

1. Escrevem-se com g as palavras terminadas em ÁGIO, ÉGIO, ÍGIO,

ÓGIO, ÚGIO:

pedágiosacrilégioprestígiorelógiorefúgio

2. Escrevem-se com g os substantivos terminados em GEM:

a viagema coragema ferrugem• Exceções: pajem, lambujem

3. Palavras iniciadas por ME serão escritas com x:

MexericaMéxicoMexilhãoMexer• Exceção: mecha de cabelos

4. As palavras iniciadas por EN serão escritas com x, a não ser que

provenham de vocábulos iniciados por ch:

Enxada

29Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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EnxertoEnxurradaEncher – provém de cheioEnchumaçar – provém de chumaço

5. Usa-s x após ditongo:

ameixacaixapeixe• Exceções: recauchutar, guache

30Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade I

ORTOGRAFIA II

Regras para escrever corretamente

Não sabe como escrever uma palavra? É com S ou com Z? Para esse tipo

de dúvida, tão comum em português, deve-se entender que a língua tem,

basicamente, dois sistemas de escrita: regular e irregular.

Muitas vezes, as grafias não podem ser explicadas por nenhuma regra, pois

é a origem da palavra ou a tradição de uso que justificam a forma de escrever. Por

exemplo, a palavra "hoje" é escrita com "h" devido à etimologia do termo, pois a

forma latina é "hodie".

Em outras situações, no entanto, é possível prever a grafia, porque se pode

"adivinhar" sua forma. Por exemplo: a palavra "português", que é escrita com "s" e

não com "z". Logo, as outras palavras do mesmo grupo, como "francês", "japonês"

ou "norueguês", são também escritas assim, com S!

Os adjetivos que indicam lugar de origem são escritos com "s" e não com

"z". Verifique: português, portuguesa, portugueses, portuguesas, francês, francesa,

franceses, francesas, norueguês, norueguesa, noruegueses, norueguesas,

finlandês, finlandesa, finlandeses, japonês, japonesa, japoneses, japonesas...

Amplie a lista e confirme a regra!

Veja mais exemplos na tabela a seguir. Vamos mostrar primeiro exemplos de

casos irregulares.

31Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Dúvida Grafia correta Justificativa Como saber?

“Homem” ou

“omem”?Homem A origem da palavra é latina: “ homine”,

com “h”.

Memorizar ou consultar dicionário

“Casa”ou

“caza”?Casa A origem da palavra é latina:“ casa”.

Memorizar ou consultar dicionário

Observe agora casos regulares que se aplicam a substantivos e adjetivos.

Dúvida Grafia correta

Justificativa Como saber?

“Firmesa”ou

“firmeza”?Firmeza

Nos substantivos que derivam de adjetivos, o final da palavra (sufixo) é “esa”:

firme/firmeza.

Levantar outros casos que confirmam a regra: belo/beleza, bonito/boniteza, pobre/pobreza, rico/riqueza.

“Famoso” ou

“famozo”?Famoso Adjetivos com o sufixo

“oso” escrevem-se com “s”.

Lembrar de outros casos: gostoso/ dengoso/ oleoso/ saboroso.

“Chatice”ou “chatisse”? Chatice

Substantivos com terminação “ice” escrevem-se

com “c”.

Lembrar de outros casos: doidice/meninice.

32Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade I

Para grafar corretamente os verbos também podemos recorrer às

regularidades.

Dúvida Grafia correta Justificativa Como saber?

“Falou”, “falol”

ou “falô”?Falou

Verbos no passado, na terceira pessoa do singular, terminam em “ou”.

Em posição final de palavra ou sílaba, o “u” e o “l” concorrem. O verbo no passado, na terceira pessoa do singular, tem a terminação em “u”.

“Cantaram” ou

“cantarão”?

As duas formas podem estar corretas.

As duas formas estão na terceira pessoa do plural, mas cada uma indica um tempo verbal diferente.

No presente (“cantam”) ou no passado(“cantaram”), escreve-se com “m” no final. No futuro (“cantarão”), a nasalidade é marcada com “ão”.

“Falar” ou “falá”? Falar Verbo no infinitivo

O nome dos verbos são escritos sempre com “r” final.

“Pedisse” ou

“pedice”?Pedisse

Verbo no modo subjuntivo (que indica hipótese) tem a forma “isse”.

O sufixo “ice” é para substantivo (“chatice”) e a terminação “isse” é para verbo.

Para finalizar, vamos pensar nos casos de regularidades contextuais. Mas o

que é isso, afinal? Vejamos um bom exemplo. Quando o som é nasal, na escrita

podemos indicá-lo de diversas maneiras: "camponês", "canto", "anã", "linha".

A regularidade é chamada de contextual porque depende da posição da letra

na palavra ou sílaba. No caso da nasalização, analise a tabela a seguir.

33Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Ocorrência de nasalização Regularidades

homem, tatuagem, homenagem, triagem, tiragem, amém, também, ninguém

Em posição final de palavra, a nasalização do ditongo /ei/ é marcada na escrita com “m”.

banda, cantar, andou, brincava, mansa camponês, também

Em posição final de sílaba, a nasalização é marcada com “n”. Atenção: antes das letras “p” e “b”, o som nasal é representado por “m” e não “n”.

anã, manhã, sã, vilã, Em posição final, a vogal nasal é marcada com til.

linha, galinha, minha, tinha, latinha

O dígrafo “nh” também é marca de nasalidade (representa um fonema consonantal nasal).

Então? Não é bom constatar que sabemos mais do que imaginávamos? É

bem produtiva a compreensão das regularidades do sistema de escrita, não é

verdade? Se descobrirmos o princípio que gera uma grafia, podemos inferir muitas

outras formas relativas ao mesmo princípio... A nossa memória agradece!

34Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade I

PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação servem para marcar pausas (a vírgula, o ponto-e-

vírgula, o ponto) ou a melodia da frase (o ponto de exclamação, o ponto de

interrogação, etc.). Geralmente, estão ligados à organização sintática dos termos na

frase, eles são regidos por regras.

Vírgula: Ela marca uma pausa de curta duração e serve para separar

os termos de uma oração ou orações de um período. A ordem normal

dos termos na frase é: sujeito, verbo, complemento. Quando temos

uma frase nessa ordem, não separamos seus termos imediatos.

Assim, não pode haver vírgula entre o sujeito e o verbo e seu

complemento.

Quando, na ordem direta, houver um termo com vários núcleos a vírgula

será utilizada para separá-los.

Na fala de Madonna, a vírgula está separando vários núcleos do predicado

na segunda oração. Ex.:

"A obscenidade existe e está bem diante de nossas caras. É o racismo, a

discriminação sexual, o ódio, a ignorância, a miséria. Tem coisa mais obscena do

que a guerra?"

Utilizamos a vírgula quando a ordem direta é rompida. Isso ocorre

basicamente em dois casos:

- quando intercalamos alguma palavra ou expressão entre os termos

imediatos, quebrando a seqüência natural da frase. Ex: Os filhos, muitas vezes,

mostraram suas razões para seus pais com muita sabedoria.

"O que o galhofista queria é que eu, coronel de ânimo desenfreado, fosse

para o barro denegrir a farda e deslustrar a patente".

- quando algum termo (sobretudo o complemento) vier deslocado de seu

lugar natural na frase. Ex.:

Para os pais, os filhos mostraram suas razões com muita sabedoria.

Com muita sabedoria, os filhos mostraram suas razões para os pais.

35Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Ponto-e-vírgula: O ponto-e-vírgula marca uma pausa maior que a

vírgula, porém menor que a do ponto. Por ser intermediário entre a

vírgula e o ponto, fica difícil sistematizar seu emprego. Entretanto, há

algumas normas para sua utilização.

- usamos ponto-e-vírgula para separar orações coordenadas que já

apresentem vírgula em seu interior;

- nunca use ponto-e-vírgula dentro de uma oração. Lembre-se ele só pode

separar uma oração de outra.

Com razão, aquelas pessoas reivindicavam seus direitos; os insensíveis

burocratas, porém, em tempo algum, deram atenção a elas.

"Os espelhos são usados para ver o rosto; a arte, para ver a alma." Bernard

Shaw

- o ponto-e-vírgula também é utilizado para separar vários incisos de um

artigo de lei ou itens de uma lista. Ex:

[...] Considerando: A) a alta taxa de juros; B) a carência de mão-de-obra; C) o alto valor de matéria-prima; [...]

Dois Pontos: Os dois-pontos marcam uma sensível suspensão da

melodia da frase. São utilizados quando se vai iniciar uma seqüência

que explica, identifica, discrimina ou desenvolve uma idéia anterior,

ou quando se quer dar início à fala ou citação de outrem.

Observe: (Percebeu? Vamos iniciar uma seqüência de exemplos, daí os dois

pontos)

Descobri a grande razão da minha vida: você Já dizia o poeta: "Deus dá o frio conforme o cobertor". "Por descargo de consciência, do que não carecia, chamei os santos de que sou devocioneiro: - "São Jorge, Santo Onofre, São José!"

36Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade I

Aspas: As aspas devem ser utilizadas para isolar citação textual

colhida a outrem, falas ou pensamentos de personagens em textos

narrativos, ou palavras ou expressões que não pertençam à língua

culta (gírias, estrangeirismos, neologismos, etc)

O rapaz ficou "grilado" com o resultado da prova. Morava em um "flat" onde havia "playground".

Travessão: O travessão serve para indicar que alguém fala de viva

voz (discurso direto). Seu emprego é constante em textos narrativos

em que personagens dialogam. Leia o texto abaixo:

-Salve! - Como é que vai? - Amigo, há quanto tempo... - Um ano, ou mais.

Podem se usar dois travessões para substituir duas vírgulas que separam

termos intercalados, sobretudo quando se quer dar-lhes ênfase.

Pelé - o maior jogador de futebol de todos os tempos - hoje é um bem-sucedido empresário.

Reticências: As reticências marcam uma interrupção da seqüência

lógica do enunciado, com a conseqüente suspensão da melodia da

frase. São utilizadas para permitir que o leitor complemente o

pensamento que ficou suspenso.

Nas dissertações objetivas, evite reticências. Exemplo:

Eu não vou dizer mais nada. Você já deve ter percebido que... "Num repente, relembrei estar em noite de lobisomem - era sexta-feira..."

Parênteses: Os parênteses servem para isolar explicações,

indicações ou comentários acessórios. No caso de citações é

referências bibliográficas, o nome do autor e as informações

referentes à fonte também aparecem isolados por parênteses.

37Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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"Aborrecido, aporrinhado, recorri a um bacharel (trezentos mil-réis, fora despesas miúdas com automóveis, gorjetas, etc.) e embarquei vinte e quatro horas depois..." Graciliano Ramos.

"Ela (a rainha) é a representação viva da mágoa..." Lima Barreto.

O ponto: É usado para marcar o término das orações declarativas. O

ponto usado para marcar o final do texto é conhecido como ponto

final. Exemplo:

Quando os portugueses chegaram ao Brasil, em 1500, Pero Vaz de Caminha escreveu uma carta ao rei D. Manuel na qual informava sobre o descobrimento.

Exclamação: É usado no final dos enunciados exclamativos, que

denotam espanto, surpresa, admiração. Exemplo:

Atenção!, Alô!, Bom dia!.

Interrogação: É usado ao final dos enunciados interrogativos.

Exemplo:

- Tudo bem com você? - Tudo. E você? - Tudo bem!

38Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade I

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

Tabela traz regras do Manual de Redação da "Folha de S. Paulo" Veja como

usar corretamente os acentos. Para isso, é necessário saber o que são sílabas

tônicas, oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas - conceitos de acentuação tônica.

E atenção. No futuro, as regras podem mudar, com a entrada em vigor da

reforma ortográfica da língua portuguesa.

Por enquanto, estas continuam valendo.

Tipo de palavra Quando acentuar Exemplos Não acentue

Proparoxítonas sempre simpática, lúcido, sólido, cômodo  

Paroxítonas

terminadas em:LIISNUM, UNSUSRXPSÃ, ÃSÃO, ÃOSditongo, seguido ou não de S

fáciltáxitênishífenprótonálbum(ns)víruscaráterlátexbícepsímã, órfãsbênção, órfãoscárie, árduos

terminadas em ENS:hifens, polens.

Oxítonas

terminadas em: A, ASE,ESO, OSEM, ENS

VatapáIgarapéavô, avósrefém, parabéns

terminadas em I, IS, U, US: tatu, Morumbi, abacaxi

Tipo de palavra Quando acentuar Exemplos Não acentue

Monossílabos tônicosterminados em A, AS,E, ES,O,OS

vá, páspé, mêspó, pôs

 

Hiatosquando I,IS, U ou US estão sozinhos no hiato e são tônicos

saía, raízes, traíste, país, balaústre

quando a silaba seguinte começa com NH: rainha

39Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Ditongos abertosEI, EISEU, EUSOI,OIS

idéia, anéis réu (s), véu (s) destrói, lençóis

não ocorre ditongo em constroem e destroem

Gúe, gúi, qúe quando o U é tônico argúi, obliqúe, averigúem  

Ôo, êe quando a primeira vogal é tônica vôo, perdôo, vêem  

Verbos ter e virna terceira pessoa do plural do presente do indicativo

eles têm,eles vêm  

Derivados de ter e vir (obter, manter, intervir)

na terceira pessoa do singular,na terceira pessoa do plural do presente do indicativo

ele obtém, detém, mantémeles obtêm, detêm, mantêm

 

Acento diferencial

pôde (passado); pára (verbo); pêlo (cabelo), pélo, péla e pélas (verbo pelar); pólo (em geografia, física e esporte) e pôlo (ave); pôr (verbo); pêra (fruta) e péra (pedra); côa, côas (verbo coar); quê, póla e pólas (substantivos)

   

40Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade I

REGÊNCIA VERBAL

É a parte da Gramática Normativa que estuda a relação entre dois termos,

verificando se um termo serve de complemento a outro. A palavra ou oração que

governa ou rege as outras chama-se regente ou subordinante;

Os termos ou oração que dela dependem são os regidos ou subordinados.

Exemplo:

Aspiro o perfume da flor. (cheirar)/ Aspiro a uma vida melhor. (desejar)

1. Chegar/ ir – deve ser introduzido pela preposição a e não pela preposição

em.

Ex.: Vou ao dentista./ Cheguei a Belo Horizonte.

2. Morar/ residir – normalmente vêm introduzidos pela preposição em.

Ex.: Ele mora em São Paulo./ Maria reside em Santa Catarina.

3. Namorar – não se usa com preposição.

Ex.: Joana namora Antônio.

4. Obedecer/desobedecer – exigem a preposição a.

Ex.: As crianças obedecem aos pais./ O aluno desobedeceu ao professor.

5. Simpatizar/ antipatizar – exigem a preposição com.

Ex.: Simpatizo com Lúcio./ Antipatizo com meu professor de História.

Estes verbos não são pronominais, portanto, são considerados construções

erradas quando aparecem acompanhados de pronome oblíquo: Simpatizo-me com

Lúcio./ Antipatizo-me com meu professor de História.

6. Preferir - este verbo exige dois complementos sendo que um usa-se sem

preposição e o outro com a preposição a.

41Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Ex.: Prefiro dançar a fazer ginástica.

Segundo a linguagem formal, é errado usar este verbo reforçado pelas

expressões ou palavras: antes, mais, muito mais, mil vezes mais, etc.

Ex.: Prefiro mil vezes dançar a fazer ginástica.

Verbos que apresentam mais de uma regência

1 – Aspirar

a)no sentido de cheirar, sorver: usa-se sem preposição. Ex.: Aspirou o

ar puro da manhã.

b)b - no sentido de almejar, pretender: exige a preposição a. Ex.:

Esta era a vida a que aspirava.

2 – Assistir

a)no sentido de prestar assistência, ajudar, socorrer: usa-se sem

preposição.

Ex.: O técnico assistia os jogadores novatos.

b)no sentido de ver, presenciar: exige a preposição a.

Ex.: Não assistimos ao show.

c)no sentido de caber, pertencer: exige a preposição a.

Ex.: Assiste ao homem tal direito.

d)no sentido de morar, residir: é intransitivo e exige a preposição em.

Ex.: Assistiu em Maceió por muito tempo.

3 - Esquecer/lembrar

a)Quando não forem pronominais: são usados sem preposição.

42Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade I

Ex.: Esqueci o nome dela.

b) Quando forem pronominais: são regidos pela preposição de.

Ex.: Lembrei-me do nome de todos.

4 - Visara) no sentido de mirar: usa-se sem preposição.

Ex.: Disparou o tiro visando o alvo.

b) no sentido de dar visto: usa-se sem preposição. Ex.: Visaram os

documentos.

c) no sentido de ter em vista, objetivar: é regido pela preposição a.

Ex.: Viso a uma situação melhor.

5 - Querera) no sentido de desejar: usa-se sem preposição.

Ex.: Quero viajar hoje.

b) no sentido de estimar, ter afeto: usa-se com a preposição a.

Ex.: Quero muito aos meus amigos.

6 - Procedera) no sentido de ter fundamento: usa-se sem preposição.

Ex.: Suas queixas não procedem.

b) no sentido de originar-se, vir de algum lugar: exige a preposição de.

Ex.: Muitos males da humanidade procedem da falta de respeito ao próximo.

c) no sentido de dar início, executar: usa-se a preposição a.

Ex.: Os detetives procederam a uma investigação criteriosa.

7 - Pagar/ perdoar

43Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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a) se tem por complemento palavra que denote coisa: não exigem

preposição.

Ex.: Ela pagou a conta do restaurante.

b) se tem por complemento palavra que denote pessoa: são regidos

pela preposição a.

Ex.: Perdoou a todos,

8 - Informara) no sentido de comunicar, avisar, dar informação: admite duas

construções:

I. objeto direto de pessoa e indireto de coisa (regido pelas

preposições de ou sobre).

Ex.: Informou todos do ocorrido.

II. objeto indireto de pessoa ( regido pela preposição a) e direto de

coisa.

Ex.: Informou a todos o ocorrido.

9 - Implicara) no sentido de causar, acarretar: usa-se sem preposição.

Ex.: Esta decisão implicará sérias conseqüências.

b) no sentido de envolver, comprometer: usa-se com dois complementos,

um direto e um indireto com a preposição em.

Ex.: Implicou o negociante no crime.

c) no sentido de antipatizar: é regido pela preposição com.

Ex.: Implica com ela todo o tempo.

10- Custara) no sentido de ser custoso, ser difícil: é regido pela preposição a.

Ex.: Custou ao aluno entender o problema.

44Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade I

b) no sentido de acarretar, exigir, obter por meio de: usa-se sem

preposição.

Ex.: O carro custou-me todas as economias.

c) no sentido de ter valor de, ter o preço: usa-se sem preposição.

Ex.: Imóveis custam caro.

45Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Faculdade Atenas Maranhense – FAMA

REGÊNCIA NOMINAL

Alguns nomes também exigem complementos preposicionados. Conheça

alguns:

acessível a

acostumado a, com

adaptado a, para

afável com, para com

aflito com, em, para, por

agradável a

alheio a, de

alienado a, de

alusão a

amante de

análogo a

ansioso de, para, por

apto a, para

atento a, em

aversão a, para, por

ávido de, por

benéfico a

capaz de, para

certo de

compatível com

compreensível a

comum a, de

constante em

contemporâneo a, de

contrário a

curioso de, para, por

desatento a

descontente com

desejoso de

desfavorável a

devoto a, de

diferente de

difícil de

digno de

entendido em

equivalente a

erudito em

escasso de

essencial para

estranho a

fácil de

favorável a

fiel a

firme em

generoso com

grato a

hábil em

habituado a

horror a

hostil a46

Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade I

idêntico a

impossível de

impróprio para

imune a

incompatível com

inconseqüente com

indeciso em

independente de, em

indiferente a

indigno de

inerente a

insaciável de

leal a

lento em

liberal com

medo a, de

natural de

necessário a

negligente em

nocivo a

ojeriza a, por

paralelo a

parco em, de

passível de

perito em

permissivo a

perpendicular a

pertinaz em

possível de

possuído de

posterior a

preferível a

prejudicial a

prestes a

propenso a, para

propício a

próximo a, de

relacionado com

residente em

responsável por

rico de, em

seguro de, em

semelhante a

sensível a

sito em

suspeito de

útil a, para

versado em

47Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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IIFaculdade Atenas Maranhense – FAMA

UNIDADEGêneros textuais e retextualização

Texto - a construção das idéiasCoerência - construção do parágrafoCoesão - construção do parágrafoRedaçãoOralidade e Escrituralidade

48Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade II

TEXTO – a construção das idéias

Você sabe qual o conceito?

Você provavelmente está acostumado a ver a palavra texto. Mas sabe qual

o seu conceito? Para entendê-lo, pense nas duas seguintes situações:

1. Você foi visitar um amigo que está hospitalizado e, pelos

corredores, você vê placas com a palavra "Silêncio".

2. Você está andando por uma rua, a pé, e vê um pedaço de

papel, jogado no chão, onde está escrito "Ouro".

Em qual das situações uma única palavra pode constituir um texto?

Na situação 1, a palavra "Silêncio" está dentro de um contexto significativo

por meio do qual as pessoas interagem: você, como leitor das placas, e os

administradores do hospital, que têm a intenção de comunicar a necessidade de

haver silêncio naquele ambiente. Assim, a palavra "Silêncio" é um texto.

Na situação 2, a palavra "Ouro" não é um texto. É apenas um pedaço de

papel encontrado na rua por alguém. A palavra "Ouro", na circunstância em que

está, quer dizer o quê? Não há como saber.

Mas e se a palavra "Ouro" estiver escrita em um cartaz pendurado nas

costas de um daqueles homens que ficam nas esquinas do centro das cidades

grandes que anunciam a compra de ouro? Aí sim, nessa situação, a palavra "Ouro"

constitui um texto, porque se encontra num contexto significativo em que alguém

quer dizer algo para outra pessoa (no caso, vender/comprar ouro) e, então anuncia

isso.

Texto é, então, uma seqüência verbal (palavras), oral ou escrita, que forma

um todo que tem sentido para um determinado grupo de pessoas em uma

determinada situação.

49Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Faculdade Atenas Maranhense – FAMA

O texto pode ter uma extensão variável: uma palavra, uma frase ou um

conjunto maior de enunciados, mas ele obrigatoriamente necessita de um contexto

significativo para existir.

Constituindo sentidos

Agora, Leia o texto a seguir de modo a aprofundar ainda mais o conceito de

"texto".

Circuito Fechado

Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo; pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maços de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.

50Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade II

(Ricardo Ramos)

Você considera que em "Circuito fechado" há apenas uma série de palavras

soltas? Ou se trata de um texto? Por quê?

Na verdade, trata-se de um texto. Apesar de haver palavras, aparentemente,

sem relação, numa primeira leitura, é possível dizer, depois de outra leitura mais

atenta, que há uma articulação entre elas.

Vamos pensar mais sobre isso... Em "Circuito fechado" há, quase que

exclusivamente, substantivos (nomes de entidades cognitivas e/ou culturais, como

"homem", "livro", "inteligência" ou palavras que designam ou nomeiam os seres e

as coisas).

Verifique que pela escolha dos substantivos e pela seqüência em que são

usados, o leitor pode ir descobrindo um significado implícito, um elemento que as

une e relaciona, formando o texto.

Podemos dizer que este texto se refere a um dia na vida de um homem

comum. Quais palavras e que seqüência nos indicam isso?

Note que no início do texto, há substantivos relacionados a hábitos

rotineiros, como levantar, ir ao banheiro, lavar o rosto, escovar dentes, fazer barba

(para os homens), tomar banho, vestir-se e tomar café da manhã.

“Chinelos, vaso, descarga. Pia. Sabonete. Água. Escova, creme dental,

água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete,

água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa,

abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos,

caneta, chaves, lenço, relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos.”

Já no final do texto, há o voltar para casa, comer, ler livro, ver televisão,

fumar, tirar a roupa, tomar banho/escovar dentes, colocar pijama e dormir.

“Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo,

revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras,

cigarro e fósforos. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e

fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água.

Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.”

Descobrimos que a personagem é um homem também pela escolha dos

substantivos. Parece que sua profissão pode estar relacionada à publicidade.

51Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Faculdade Atenas Maranhense – FAMA

“Creme de barbear, pincel, espuma, gilete [...] cueca, camisa, abotoadura, calça, meia, sapatos, gravata, paletó [...] Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída [...] Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes [...] Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel.”

Também ficamos sabendo que na casa da personagem há quadros, pois o

narrador usa a palavra duas vezes: no momento do café e na volta para casa. No

escritório há "Relógio". Escolha intencional do autor, talvez para relacionar relógio e

trabalho, trabalho e rotina.

Depreendemos que o homem é um grande fumante, basicamente, pelo

número de vezes em que o narrador fala desse hábito, em vários momentos do dia

da personagem: 14 vezes. Além disso, é interessante notar como há sempre a

referência à dupla "cigarro e fósforo".

A palavra que explicita o início da ação do homem, ou da atuação da

personagem, num dia de sua rotina é "chinelos", usada no início do texto para

mostrar o momento do acordar/levantar e depois a hora de dormir.

Há também uma marcação de mudança de espaço, por meio dos termos

"carro", usado como que mostrando o horário de sair de manhã e a volta para casa,

à noite. No meio do texto há também o uso de um "táxi", provavelmente uma saída

do trabalho: um almoço? Um jantar? Uma visita a um cliente?

Enfim, "Circuito fechado" é uma crônica - um texto narrativo curto, cujo tema

é o cotidiano e que leva o leitor a refletir sobre a vida. Usando somente

substantivos, o autor do texto produziu um texto que termina onde começou. Essa

estrutura circular tem relação com o título ("Circuito fechado") e com os dias atuais?

Sem dúvida nenhuma, podemos compreender suas relações, não é mesmo? O

cotidiano repete-se, fecha-se em si mesmo a cada dia. Rotinas...

52Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade II

Para você pensar

Você sabia que o conceito de texto não se limita à linguagem verbal

(palavras)? O texto pode ter várias dimensões, como o texto cinematográfico, o

teatral, o coreográfico (dança e música), o pictórico (pintura), etc. Leia a reprodução

de um famoso quadro de Van Gogh chamado "Noite estrelada". Atente para suas

linhas, suas cores, sua perspectiva. Fazendo isso, você começa a lê-lo...

53Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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COERÊNCIA – construção do Parágrafo

A sua redação precisa fazer sentido.

Para que seu texto seja claro, compreensível e possa transmitir a idéia que

você queira passar, é importante que ele tenha duas características: coesão e a

coerência. Entenda o que são esses conceitos e saiba como utilizá-los em suas

redações.

Deve-se ter em mente que escrever não é apenas colocar palavras no

papel. É preciso trabalhar muito para ter um bom texto. Então aí vai uma dica: para

começar, pense no fim! Isso mesmo! Qual a finalidade do seu texto? O que você

quer com ele? Responda então, para si mesmo, às seguintes questões:

1- Qual a finalidade do texto? Para que ele serve?

2 - Qual o assunto? Sobre o que vou escrever?

3 - Quem vai ler o meu texto?

4 - Qual tipo de texto vou fazer?

Vamos a um exemplo concreto. Imagine que você vai escrever uma carta

(ou um e-mail) para um jornal comentando uma notícia sobre alimentos

transgênicos. Você deve, então, levar em consideração:

• a finalidade de sua carta (participar do debate, dando sua opinião);

• o que quer comentar (alimentação e transgênicos);

• para quem está escrevendo (os outros leitores do jornal);

• o tipo de texto: a carta ou e-mail.

Depois de ter pensado nisso tudo, você dá sua opinião, usando elementos

da carta e escolhendo argumentos que sustentem suas idéias. Assim, para

escrever sua carta, você - como autor - precisa elaborar um texto "coerente", ou

seja, que faça sentido. O texto deve ser coerente não só com suas idéias, mas

também coerente em relação ao seu objetivo, ao leitor que pretende atingir, ao

gênero textual que está desenvolvendo. 54

Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade II

Vamos pensar um pouco mais a esse respeito...

Coesão e coerência

Imagine a seguinte situação: na grande decisão de um campeonato, o

técnico de um dos times declarou aos jornalistas:

"Vamos respeitar o adversário, mas, agora, nosso time está coeso".

Agora, numa outra situação, a namorada diz para o namorado:

"Não adianta. Não vou mais perdoar você. Quero que tenha atitudes coerentes."

Na primeira situação, o técnico enfatizou o fato de seu time estar coeso,

como uma qualidade importante para ganharem o jogo. "Coeso" significa "unido",

"intimamente ligado", "harmônico".

Na segunda situação, a namorada cobra atitudes coerentes do namorado.

"Coerência" significa "harmonia", "conexão", "lógica".

Sem coesão e coerência, sua redação não existe! Quando muito, há um

amontoado desconexo de palavras colocadas lado a lado. Vamos a mais uma

reflexão? Desta vez, leia o trecho de uma crônica de Millôr Fernandes.

“As mulheres têm uma maneira de falar que eu chamo de vago-específica” - Richard Gehman“Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte."“Junto com as outras?"“Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e querer fazer qualquer coisa com elas. Ponha no lugar do outro dia.";“Sim senhora. Olha, o homem está aí."“Aquele de quando choveu?"“Não o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo."“Que é que você disse a ele?"“Eu disse para ele continuar."“Ele já começou?"“Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse."(...)

55Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Faculdade Atenas Maranhense – FAMA

(Millôr Fernandes. "Trinta anos de mim mesmo". São Paulo: Abril Cultural,

1973)

Veja como o humorista faz sua sátira, a partir de duas idéias básicas: "as

mulheres falam demais" e "somente as mulheres se entendem".

Comece a analisar pelo título a ironia do autor: "A vaguidão específica"

(como algo pode ser vago e específico, ao mesmo tempo? Só as mulheres, diria

Millôr e os que pensam como ele...). Para confirmar suas idéias, ele busca uma

"autoridade" para fazer a citação: Richard Gehman (quem seria? Um estrangeiro,

pelo nome. Novamente, o humorista brinca com uma idéia pronta: sendo "alguém

de fora" deve ter muito a nos ensinar...).

Quem participa da história narrada? Duas mulheres. São elas patroa e

empregada? Mãe e filha? Não sabemos. Qual é o assunto de que falam as duas

mulheres? Nós, leitores, não sabemos, mas as duas personagens sabem, não é

mesmo?

A que se referem as palavras e trechos: "isso", "outras", "alguém", "qualquer

coisa", "lugar do outro dia", "o homem", "Aquele", "o que a senhora foi lá e falou

com ele no domingo", "continuar", "começou"? Os leitores não sabem, mas as

mulheres sim e como as duas sabem do que estão falando, a "costura" do texto vai

sendo feito de forma coerente e coesa.

Você viu que Millôr Fernandes, intencionalmente, quis brincar com um

preconceito social a respeito da mulher e seu jeito de falar, considerado excessivo.

Assim, para entendermos o texto, como coerente e coeso, é preciso levar em conta

o fato do autor ser um humorista e seu texto trazer essa marca da "surpresa" ou do

"olhar sobre outro ângulo" - como numa piada.

COESÃO – construção do parágrafo56

Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade II

As partes de sua redação formam um todo?

Ao lado da coerência, a coesão é outro requisito para que sua redação seja

clara, eficiente. A seguir, mostramos alguns elementos que permitem que sua

redação seja coesa. Para entender melhor a coesão textual, analise como algumas

palavras/frases estão ligadas entre si dentro de uma seqüência, numa conhecida

fábula de Esopo.

O cão e a lebre

Um cão de caça espantou uma lebre para fora de sua toca, mas depois de longa perseguição, ele parou a caçada. Um pastor de cabras vendo-o parar, ridicularizou-o dizendo: “Aquele pequeno animal é melhor corredor que você”. O cão de caça respondeu: “Você não vê a diferença entre nós: eu estava correndo apenas por um jantar, mas ela por sua vida.”

Moral:O motivo pelo qual realizamos uma tarefa é que vai determinar sua qualidade final.

57Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Faculdade Atenas Maranhense – FAMA

Fábula Elementos de coesão

Um cão de caça espantou uma lebre para fora de sua toca, mas depois de longa perseguição,ele parou a caçada. Um pastor de cabras, vendo-o parar, ridicularizou-o dizendo:

“Aquele pequeno animal é melhor corredor que você. “

O cão de caça respondeu:

“Você não vê a diferença entre nós: eu estava correndo apenas por um jantar, mas ele por sua vida.”

1- No início da fábula, as personagens são indicadas por artigos indefinidos que marcam uma informação nova (ou não dita anteriormente): “Um cão de caça” + “uma lebre” + “Um pastor de cabras”, o que também sinaliza uma situação genérica, como é típico nas fábulas.

2- “Sua toca”: o pronome possessivo refere-se à casa da lebre.

3 - No lugar de repetir a palavra ”cão”, foi usado o pronome pessoal por três vezes:“ele” = cão“vendo-o” + “ridicularizou-o” = vendo o cão + ridicularizou o cão.

4- Para retomar o substantivo “lebre” foi usada uma expressão semelhante: “Aquele pequeno animal”.

5- No meio do texto, há o uso do artigo definido “o cão de caça e não mais “um cão” como no início. Aqui a referência ao animal está sendo retomada: já se sabe qual cão era.

6- A conjunção ”mas” indica um contraste: o cão corria por um jantar enquanto a lebre corria para salvar sua vida

Você percebeu que os sentidos do texto são "fios entrelaçados" e não

palavras soltas ou frases desconectas? São os elementos coesivos que organizam

o texto de forma a constituir também sua coerência.

A coesão textual pode ser feita através de termos que:

retomam palavras, expressões ou frases já ditas anteriormente

("anáfora") ou antecipam o que vai ser dito ("catáfora"). Na fábula,

58Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade II

são exemplos de anáforas os itens 2, 3, 4 e 5 da coluna à direita da

tabela;

encadeiam partes ou segmentos do texto: são palavras ou

expressões que criam as relações entre os elementos do texto.

Exemplo na fábula: item 6, a conjunção "mas" que, além de ligar as

duas partes do texto (uma que se refere à atitude da lebre e a outra,

ao cão), estabelece uma determinada relação entre elas, isto é, um

contraste.

A coesão por retomada ou antecipação pode ser feita por: pronomes,

verbos, numerais, advérbios, substantivos, adjetivos.

A coesão por encadeamento pode ser feita por conexão ou por justaposição.

1. A coesão por conexão traz elementos que:

a. fazem uma gradação na direção de uma conclusão: "até", "mesmo",

"inclusive" etc;

b. argumentam em direção a conclusões opostas: "caso contrário",

"ou", "ou então", "quer... quer"; etc;

c. ligam argumentos em favor de uma mesma conclusão: "e",

"também", "ainda", "nem", "não só... mas também" etc;

d. fazem comparação de superioridade, de inferioridade ou igualdade:

"mais... do que", "menos... do que", "tanto... quanto", etc

e. justificam ou explicam o que foi dito: "porque", "já que", "que", "pois"

etc;

f. introduzem uma conclusão: portanto, logo, por conseguinte, pois,

etc;

g. contrapõem argumentos: "mas", "porém", "todavia", "contudo",

"entretanto", "no entanto", "embora", "ainda que" etc;

h. indicam uma generalização do que já foi dito: "de fato", "aliás",

"realmente", "também" etc;

i. introduzem argumento decisivo: "aliás", "além disso", "ademais",

"além de tudo" etc;

59Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Faculdade Atenas Maranhense – FAMA

j. trazem uma correção ou reforçam o conteúdo do já dito: "ou

melhor", "ao contrário", "de fato", "isto é", "quer dizer", "ou seja",

etc;

k. trazem uma confirmação ou explicitação: "assim", "dessa maneira",

"desse modo", etc;

l. especificam ou exemplificam o que foi dito: "por exemplo", como,

etc.

2. Os elementos coesivos por justaposição estabelecem a seqüência do

texto, ou seja:

a. introduzem o tema ou indicam mudança de assunto: "a propósito",

"por falar nisso", "mas voltando ao assunto" etc;

b. marcam a seqüência temporal: "cinco anos depois", "um pouco mais

tarde", etc;

c. indicam a ordenação espacial: "à direita", "na frente", "atrás", etc;

d. indicam a ordem dos assuntos do texto: "primeiramente", "a seguir",

"finalmente", etc;

Para analisar o papel da coesão na construção dos sentidos de um texto,

faça a correlação entre os provérbios e os elementos coesivos respectivos,

preenchendo as lacunas, de tal forma que haja coerência entre as duas partes que

constituem esse tipo de texto:

Provérbios Elementos de coesão por conexão

Devagar ....... sempre se chega na frente. mas

Trate os outros ..... quer ser tratado. mais... do que

A aparência pode ser mudada, ..... a natureza não. e

Ao carneiro ......peça lã. como

60Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade II

....vale paciência pequenina ... força de leão. somente

Você percebeu que, nos casos acima, a precisão no uso dos elementos de

coesão faz toda a diferença na significação de cada provérbio, não é mesmo?

Para concluir, podemos afirmar que o texto é tanto produto como processo.

Ao escrever, o autor planeja seu texto, a partir de sua finalidade, deixando pistas de

sua intencionalidade. O leitor, por sua vez, vai perseguindo essas pistas, para

poder interpretar o texto. Nesse sentido, a coesão textual - ou pistas lingüísticas -

tem uma importante função na produção de todo e qualquer texto.

61Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Faculdade Atenas Maranhense – FAMA

Oralidade e Escrituralidade

Não existe ‘o oral’, mas ‘os orais’ sob múltiplas formas, que, por outro lado,

entram em relação com os escritos, de maneiras muito diversas: podem se

aproximar da escrita e mesmo dela depender – como é o caso da exposição oral

ou, ainda mais, do teatro e da leitura para os outros –, como também podem estar

mais distanciados – como nos debates ou, é claro, na conversação cotidiana. Não

existe uma essência mítica do oral que permitiria fundar sua didática, mas práticas

de linguagem muito diferenciadas, que se dão, prioritariamente, pelo uso da palavra

(falada), mas também por meio da escrita, e são essas práticas que podem se

tornar objetos de um trabalho escolar. (SCHNEUWLY, 2004, p. 135)

Muito se tem discutido, nos anos recentes, sobre as relações que se

estabelecem entre as modalidades oral e escrita no uso da língua[1]. As décadas

de 70 e 80 testemunharam uma abordagem dicotômica dos dois fenômenos, que

buscava e, por vezes, mistificava, semelhanças e diferenças de um oral tido como

puro e de uma escrita tão transparente e pura quanto.

O quadro 1, montado a partir das discussões presentes em Marcuschi

(2001a, p. 27-31), mostra as qualidades tidas como privativas de uma ou de outra

modalidade, nos anos 80[2]:

62Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade II

Cultura oral versus Cultura letrada

pensamento concretoraciocínio práticoatividade artesanalcultivo da tradiçãoritualismo…

  pensamento abstratoraciocínio lógicoatividade tecnológicainovação constanteanaliticidade…

Formas sociais orais versus Formas sociais escriturais

esquemas práticossaber fazercompetências culturais difusasdespossessão…

  conjunto de saberes objetivadoscoerentessistematizadospoder de mando e de dizer…

     

Fala versus Escrita

contextualizadadependenteimplícitaredundantenão-planejadaimprecisanão-normatizadafragmentária…

  descontextualizadaautônomaexplícitacondensadaplanejadaprecisanormatizadacompleta…

Quadro 1 – A perspectiva dicotômica das modalidades e de seu contexto de uso.

Ou seja, via-se a fala como desorganizada, variável, heterogênea e a escrita

como lógica, racional, estável, homogênea; a fala seria não-planejada e a escrita,

planejada e permanente; a fala seria o espaço do erro e a escrita, o da regra e da

norma, enquanto a escrita serviria para comunicar à distância no tempo e no

espaço; a fala somente aconteceria face a face; a escrita se inscreveria, a fala seria

fugaz; a fala é expressão unicamente sonora; a escrita, unicamente gráfica.

Estas semelhanças e diferenças levantadas também teriam origem ou

decorrência para as culturas e os contextos de uso da linguagem oral ou escrita e,

logo, para os letramentos: a escrita levaria, por si só, a estágios mais complexos e

63Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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desenvolvidos de cultura e de organização cognitiva e daria acesso por si mesma

ao poder e à mobilidade social.

Relações entre linguagem oral e linguagem escrita – um debate em aberto.

Em muito devido às mudanças históricas decorrentes das novas tecnologias

eletrônicas e digitais da comunicação e da informação, que colocaram em causa,

com suas mídias, muitas dessas constatações – como a situação face-a-face da

fala e a distância da escrita; a fugacidade da fala e a preservação do escrito etc. –,

da década de 90 em diante, começou-se a pensar relações menos simplistas e

dogmáticas entre a fala e a escrita nas sociedades complexas e letradas. Duas

posições ganharam relevo nestas discussões mais recentes:

a. existência de um contínuo ou gradação entre fala/escrita (lingüística

textual, análise conversacional, teorias de gêneros textuais); e

b. existência de relações complexas de constitutividade mútua entre fala e

escrita em contextos específicos de uso (teorias da enunciação e do

discurso).

No Brasil, o proponente e articulador principal da visão do contínuo é

Marcuschi (2001a; 2001b, dentre outros). Antes dele, já Kato (1986) apresentava

uma visão de continuidade entre as construções de fala e escrita na criança em

desenvolvimento:

Figura 1 – Relações de continuidade fala/escrita na criança.

Ou seja, a criança desenvolveria uma fala inicial sem contato com a escrita

(F1). Quando de seus contatos iniciais com a escrita (E1), sua fala seria modificada

64Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade II

por efeitos de letramento (F2… Fn), assim como sua escrita (E2…En) também

sofreria impactos desses processos.

Marcuschi (2001a, 2001b) apresenta visão mais sofisticada destas relações

de continuidade, fundada nos gêneros textuais. Para ele, “as diferenças entre fala e

escrita se dão dentro do continuum tipológico das práticas sociais de produção

textual e não na relação dicotômica de dois pólos opostos. Em conseqüência,

temos a ver com correlações em vários planos, surgindo daí um conjunto de

variações e não uma simples variação linear” (MARCUSCHI, 2001a, p. 37,

destaque do autor).

EXERCÍCIO

leia o texto a seguir; identifique e comente pelo menos três exemplos de

coesão por conexão e três exemplos de coesão por justaposição.

REVISTA EDUCAÇÃO - EDIÇÃO 133 – Editora Segmento Ltda – acesso

pelo site WWW.uol.com.br em 03/06/2008 às 12h58min

MUDANÇA DE HÁBITO

Número de leitores que

utilizam suporte

tradicional está em

declínio no mundo; para

especialistas, novas formas interagem com aquela já

consagrada.

Fabiano Curi

Regina Zilberman, da UFRGS: "A escola anda de patinete e a sociedade, de

avião"

65Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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A escola sempre se refere ao livro como algo positivo na educação de seus

alunos. Não poderia ser diferente, afinal as instituições de ensino se sustentam em

textos impressos para educá-los. Seus professores foram formados nessa cultura e

nada mais natural do que passar essa maneira de aprender para as novas

gerações.

Entretanto, uma ampla pesquisa da NEA (National Endowment for the Arts),

uma agência do governo norte-americano para o acompanhamento do

desenvolvimento das artes no país, apontou tendências nada reconfortantes para

os defensores do livro como principal instrumento de formação escolar. Entre 1984

e 2004, o número de adolescentes de 13 anos que nunca leram um livro aumentou

de 8% para 13%, enquanto o dos que lêem diariamente baixou de 35% para 30%.

Pode não parecer catastrófico, mas o problema aumenta consideravelmente

conforme a faixa etária: entre os jovens de 19 anos, ou seja, entre aqueles que

estão deixando a escola, esses números passaram de 9% para 19% entre os que

nunca leram e de 31% para 22% entre os que se dedicam todos os dias aos livros.

Os dados são mais reveladores quando notamos que nesses 20 anos o

número de crianças que lêem diariamente por prazer permaneceu praticamente

inalterado (de 53% para 54%), mas esse hábito cai vertiginosamente com o

avançar dos anos: entre os adolescentes de 17 anos a porcentagem era de 31%,

em 1984, de 25%, em 1999, e chegou a 22% em 2004. Ou seja, se o objetivo da

escola nos Estados Unidos é formar leitores, ela fracassa.

Outros números importantes da pesquisa (disponível em

www.nea.gov/research/toread.pdf) mostram a diminuição do capital empregado

pelas famílias anualmente na compra de livros e as conseqüências dessa

diminuição da dedicação aos textos: notas escolares proporcionais ao número de

livros que as pessoas têm em casa, maiores dificuldades para conseguir empregos

e remunerações consideravelmente inferiores entre os leitores que raramente

freqüentam as páginas dos livros.

O cenário desanimador nos Estados Unidos não é muito diferente daquele

encontrado em outros países ricos. Contudo, pelo menos nos dados de mercado

editorial, a América Latina mostra resultados distintos. Em uma avaliação do Centro

66Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade II

Regional para el Fomento del Libro en América Latina, el Caribe, España y Portugal

(Cerlalc), editores de vários países da região apontaram melhora do cenário no

último ano, principalmente em vendas no varejo, ou seja, nas livrarias, o que

significa diminuição da dependência do governo, que normalmente é o principal

comprador de livros para repassá-los ao ensino público. Além disso, a expectativa

do setor para o futuro próximo é otimista.

Seria precipitado diagnosticar os resultados alvissareiros da América Latina

como um maior equilíbrio no consumo de literatura no mundo, uma vez que a

estabilidade econômica da maior parte desses países foi responsável pelo aumento

de bens de consumo, inclusive culturais. A tendência global é outra, e está

direcionada para a diminuição do impresso. "De acordo com vários estudos que

conheço, é geral na maior parte dos países do mundo - isso em decorrência da

forte penetração da escrita virtual, dinamizada pela internet, que vem velozmente

mudando os hábitos de leitura das populações", argumenta Ezequiel Theodoro da

Silva, professor da Faculdade de Educação da Unicamp e presidente de honra da

ALB (Associação de Leitura do Brasil).

A mudança de suporte da leitura, ou seja, a migração de leitores de

impressos para sistemas audiovisuais e digitais trará conseqüências para a forma

de pensar das novas gerações, o que não significa um futuro sombrio. "Uma

concepção de leitura e de leitor deve contemplar, hoje, todos os meios e

linguagens, fazendo com que uma linguagem seja suporte para o entendimento das

demais. A escrita permitindo entender melhor a imagem e, vice-versa, a imagem

facilitando a compreensão crítica da escrita", reflete Silva.

"São linguagens distintas e uma não pode se sobrepor à outra", considera

Adilson Citelli, professor da Escola de Comunicações e Artes da USP e

pesquisador de comunicação e educação. Ele concorda com a afirmação de Silva e

diz que "precisamos ampliar o nosso conceito de leitura".

Regina Zilberman, professora de literatura na UFRGS e autora de diversos

livros sobre a leitura no Brasil, acredita que o padrão de leitura individual e

silenciosa deve se modificar, mas não enxerga problemas nisso. Ela lembra que há

alguns séculos a leitura era feita em voz alta para o público. "As coisas vão se

acomodando e o público se adapta."

Escola perdida

67Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Se a sociedade vai modificar suas formas de ler e de lidar com textos, o

mesmo não se pode dizer da sala de aula. "A escola anda de patinete e a

sociedade, de avião", brinca Regina. Ela desconfia que o ambiente escolar corre o

risco de se tornar dispensável caso não se prepare para abarcar outras formas de

leitura amplamente disseminadas pela mídia e cada vez mais acessíveis a todos os

grupos da população.

Para Citelli, a escola precisa se ressignificar. O professor argumenta que

hoje ela é uma instituição entre tantas outras e que precisa descobrir como vai se

especializar no trato do conhecimento. O grande objetivo da escola, segundo ele,

deve ser alfabetizar para a palavra.

Na opinião de Theodoro da Silva, o professor na escola deve "usar bom

senso e criatividade na preparação de suas aulas, entrelaçando as diferentes

mídias no seu planejamento de ensino e nas suas metodologias". Ele faz questão

de lembrar que as mídias digitais também se sustentam na "escrita".

De qualquer modo, são poucas as instituições de ensino e os professores

preparados para trabalhar com outras linguagens e, quando se sentem ameaçados

por suportes que não dominam, tendem a refutá-los. "Eu não vejo as linguagens

como coisas estanques, mas co-ocorrendo dinamicamente numa sociedade. Por

isso mesmo, nenhum meio deve ser demonizado mesmo porque são conquistas

culturais que servem para o enriquecimento da comunicação humana", pondera

Theodoro da Silva.

Para que serve a literatura?

Um grande jornal lançou este ano uma coleção de títulos de literatura

brasileira e a anunciou como a oportunidade de "colecionar conhecimento". Nada

mais evidente do que, em uma sociedade que valoriza amplamente o caráter

utilitário de tudo, tentar estabelecer para obras em que é impossível quantificar um

uso a possibilidade de acumular um "bem": o conhecimento. Como estratégia de

marketing, pode valer, mas se pararmos para pensar um pouco nos colocaremos a

questão: para que serve a literatura em um mundo no qual tudo precisa ter uma

aplicação? Para o prazer? Distração? Outros meios conseguem suprir essa

necessidade humana de forma muito mais imediata.

68Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade II

"Ainda que os veículos digitais e eletrônicos venham galopantemente

ganhando mais espaço no gosto ou preferência de grande parte da população,

percebo uma convivência equilibrada desses veículos com o livro e demais veículos

impressos", observa Theodoro da Silva. "Isso porque o livro, em sua forma

tradicional, é um fortíssimo instrumento cultural, enraizado na consciência dos

povos da forma como ele sempre se apresentou e vem sendo lido." Ele considera

ainda que "o livro impõe um modo de percepção, intelecção e fruição que é muito

diferente de outras mídias existentes".

Citelli indica que estamos desconsiderando uma dimensão programática no

sentido de uma dimensão pragmática, ou seja, de buscar razões práticas para tudo.

Para ele, a literatura não é para resolver problemas imediatos, é um compromisso

maior com o ser humano. "A temporalidade da literatura é outra."

Fim do livro?

Recentemente, a grande loja de comércio eletrônico Amazon lançou um

aparelho que permite armazenar cerca de 100 mil livros em formato digital, além de

jornais, blogs e outros arquivos de texto. Perguntado se a Apple, depois de

renascer investindo em música e vídeos, entraria também no mercado de suporte

para textos, seu presidente pop star, Steve Jobs, disse que não, pois as pessoas

não lêem mais livros. A afirmação ganhou manchetes de jornais, e o livro, mais uma

vez, foi decretado morto.

Bem mais comedida, a revista norte-americana The New Yorker publicou

uma matéria sobre as conseqüências para a população dos Estados Unidos que,

paulatinamente, se dedica mais aos audiovisuais e à internet do que a livros,

revistas e jornais. A reportagem cita uma série de estudos que apontam

características de grupos pouco afeitos ao texto escrito, como necessidade de

informações gráficas e de metáforas para compensar a falta de um vocabulário

passivo mais amplo. O autor do texto não acredita na extinção da leitura e da

escrita, mas considera sua diminuição e que a leitura por prazer ficará restrita a

grupos de interessados.

Para o professor da Unicamp Ezequiel Theodoro da Silva, o livro tem

qualidades que não são facilmente dispensáveis, a começar pelo seu formato. "O

veículo ou objeto cultural 'livro' possui uma portabilidade insubstituível e, além

disso, tem uma função importante junto a segmentos que ainda necessitam da folha

69Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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impressa para as práticas de leitura", diz. "O livro não precisa ser ligado numa

tomada para ser lido."

Mesmo que o impresso perca espaço para meios digitais, isso também não

significa o fim da literatura. A professora da

UFRGS Regina Zilberman salienta o crescimento de outros veículos de

divulgação de textos na própria internet por onde a produção literária pode se

disseminar.

70Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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IIUnidade III

UNIDADERedação documentacional

Aprendendo a se corresponder em diversas situações de trabalhoAvisoMemorandoCarta comercial modernaAtaCurrículoOfícioProcuraçãoRequerimentoDeclaraçãoE-mailCarta comercial modernaResenhaEstrutura de um artigo científicoModelo de um artigo científico

71Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Aprendendo a se corresponder em diversas situações de trabalho

AVISO - É um tipo de correspondência cujas características são amplas e variáveis.

O aviso pode ser uma comunicação direta ou indireta; unidirecional ou

multidirecional; redigida em papel próprio, afixada em local público ou publicada por

meio da imprensa.

Aviso é usado na correspondência particular, oficial e empresarial. Muitas

vezes, aproxima-se do comunicado, do edital ou do ofício.

Geralmente não traz destinatário, fecho ou expressões de cortesia.

Modelo de Aviso

EXERCÍCIO

72Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

ESTADO DO RIO GRANDE DO SULSECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA

POLÍCIA CIVILACADEMIA DE POLÍCIA CIVIL

DIVISÃO DE RECRUTAMENTEO E SELEÇÃO

Aviso nº 003/20..

CONCURSO PARA DELEGACIA DE POLÍCIA E CONCURSO PARA ESCRIVÃO DE POLÍCIA

A Comissão de Concurso designada para coordenar o Concurso Público de ingresso no Curso Superior de Formação de Delegado de Polícia e Concurso Público de ingresso no Curso Médio de Formação de Escrivão de Polícia comunica que foram publicados no Diário Oficial do Estado, edição de 20/05/..., segunda-feira, os Editais números 015 016/..., dispondo sobre os resultados das Provas de Capacitação Vocacional (3ª fase) de ambos os concursos.

Porto Alegre, 27 de agosto de 20..

Del. Pol. Fulano de TalPresidente da Comissão de Concurso

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Unidade III

Elaborar um aviso, comunicando prazo para os alunos pedirem opção e

transferência de curso na Universidade X.

MEMORANDO - Pode ser interno ou externo. O primeiro é uma correspondência

interna e sucinta entre duas seções de um mesmo órgão. O segundo pode ser

oficial e comercial. O oficial assemelha-se ao ofício; e o comercial, à carta

comercial. O papel usado para qualquer tipo de memorando é o de meio-ofício.

Sua característica principal é a agilidade (transmissão rápida e simplificada

de procedimentos burocráticos). Isso implica fazer os despachos no próprio

documento ou, se necessário, em folha de continuação.

Modelo de Memorando

EXERCÍCIO

73Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

TIMBRE

Memorando nº 32/DA Em 29 de agosto de 2008

Ao Sr. Chefe da Divisão de SeleçãoAssunto: Desligamento de funcionário

Cumprindo determinação da Presidência, comunicamos que foi desligado, hoje, desta Divisão, o digitador Mário Oliveira, posto à disposição da DS.

Atenciosamente,

Fulano de TalDiretor

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Redigir um memorando com o seguinte teor: Direção de Instituto comunica à

Seção de Pagamentos da Universidade o não-comparecimento ao serviço, por mais

de 30 dias, do servidor Paulo Lopes.

CARTA COMERCIAL MODERNA - É a correspondência utilizada pela indústria e

comércio.

Modelo de carta comercial moderna

EXERCÍCIO

74Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

TIMBRE

Rua X – Porto Alegre – Cx. Postal, 1000 10 de agosto de 2008

Fernando Barros & Cia. Ltda.

Prezados Senhores,

Seguiram, pela TAM, dez caixas dos medicamentos solicitados pelo Sr.

Marcelo Silveira.

Sua duplicata já foi encaminhada ao Departamento de Cobrança.

Atenciosamente,

Tiago AlmeidaDIRETOR

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Unidade III

Elaborar uma carta comercial moderna sobre o não-recebimento de

mercadoria solicitada..

ATA - É um resumo escrito dos fatos e decisões de uma assembléia, sessão ou

reunião para um determinado fim.

Normas: Geralmente, as atas são transcritas a mão pelo secretário, em livro

próprio, que deve conter um termo de abertura e um termo de encerramento,

assinados pela autoridade máxima da entidade ou por quem receber daquela

autoridade delegação de poderes para tanto; esta também deverá numerar e

rubricar todas as folhas do livro.

Como a ata é um documento de valor jurídico, dever ser lavrada de tal forma,

que nada lhe poderá ser acrescentado ou modificado. Se houver engano, o

secretário escreverá a expressão “digo”, retificando o pensamento. Se o engano for

notado no final da ata, escrever-se-á a expressão – “Em tempo: Onde se lê..., leia-

se...”

Nas atas, os números devem ser escritos por extenso, evitando-se também

as abreviações. As atas são redigidas sem se deixarem espaços ou parágrafos, a

fim de se evitarem acréscimos.

O tempo verbal preferencialmente utilizado na ata é o pretérito perfeito do

indicativo.

Quanto à assinatura, deverão fazê-lo todas as pessoas presentes ou,

quando deliberado, apenas o presidente e o secretário.

Permite-se também a transcrição da ata em folhas digitadas, desde que as

mesmas sejam convenientemente arquivadas, impossibilitando fraude.

Em casos muito especiais, usam-se formulários já impressos, como os das

seções eleitorais.

75Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Modelo de Ata

EXERCÍCIO76

Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

ATA DA 52ª SESSÃO ORDINÁRIA DE 2008

Aos quatorze dias do mês de agosto do ano de dois mil e oito, às quatorze horas, no Conselho de Terras da União, quinto andar, sala quinhentos e vinte e dois, do Edifício Ministério da Fazenda, na cidade .................., reuniu-se o Conselho presidido pelo Conselheiro-Presidente, Senhor................, presentes os Conselheiros, Senhores: ............................................................................................................ ;

Iniciados os trabalhos, o Senhor Procurador-Representante da Fazenda remeteu ao Relator-Conselheiro, Senhor ...................., o processo nº 347.097-99, do interesse de ........................... e outros, do qual tivera visita. A seguir, com a palavra o Conselheiro, Senhor ........................., iniciou-se a discussão do processo 986.632-99, do interesse de ............................... e outros, ocasião em que o Senhor Conselheiro-Relator rememorou as principais fazes do processo bem como suas implicações no âmbito do

Poder Judiciário, até que foi atingido o término da hora regional dos trabalhos, sustando-se, em conseqüência, a o

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Unidade III

Elaborar uma ata sobre uma reunião de condomínio.

CURRÍCULO - Como elaborar um currículo corretamente.

O currículo é o registro da sua história profissional. É a sua propaganda, e

como tal não pode ser apenas um pedaço de papel frio.

É um documento que deve ser elaborado para destacar suas habilidades e

realizações, de tal forma que soe como um tambor ou um clarim, anunciando quem

você é de maneira elegante e agradável.

O currículo deve ser uma mensagem breve e objetiva. Não é à toa que em

muitos países se utiliza a palavra francesa résumé (que significa resumo) para

designar currículo.

Normalmente o currículo chega ao seu potencial empregador antes de você.

Por isso, quanto melhor for a impressão que causar a seu respeito, mais

oportunidades poderá te propiciar.

Cuide bem do seu currículo para que ele o ajude a alcançar muitas

entrevistas, que são a primeira metade do caminho para conseguir um novo

emprego.

O currículo bem elaborado atrai, o currículo mal elaborado afasta.

Antigamente, destacar-se pelo currículo era usar papel rosa, agrupar o texto

em blocos densos, com informações que começavam com o seu curso de primeiro

grau, incluíam seus hobbies prediletos, estado da saúde e situação matrimonial.

Esqueça este tipo de currículo!

Hoje, o mercado de trabalho mudou e, conseqüentemente, mudaram os

currículos. O currículo moderno e eficaz deve evidenciar as suas habilidades,

conquistas e experiências. Seja você candidato a uma vaga de presidente,

vendedor ou escriturário, o que o seu currículo deve fazer é distingui-lo de uma

multidão de outros candidatos.

Um bom currículo...

77Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Faculdade Atenas Maranhense – FAMA

...apresenta um resumo breve, objetivo e conciso, mas ao mesmo tempo

claro, abrangente e verdadeiro sobre a sua experiência passada.

...deve ser cuidadosamente atualizado, corretamente escrito e

adequadamente formatado.

...faz você se destacar em uma pilha de outros currículos

...chama a atenção de quem o lê e aumenta as suas chances de

conseguir uma entrevista de emprego.

Funções do Currículo

Para quem está empregado, o currículo é importante porque pode ser solicitado para apoiar um processo de promoção, um convite para um novo

emprego ou para mostrar a clientes e fornecedores. Não se deve nunca descuidar

dele, caso queira causar uma impressão positiva.

Para quem está procurando emprego, o currículo tem duas funções básicas:

é uma ferramenta para gerar entrevistas de emprego

serve de guia para os seus entrevistadores

Facilite, portanto, o trabalho do seu entrevistador. Procure responder, no

currículo, as principais perguntas para as quais os entrevistadores querem resposta:

O que você quer?

Para responder a esta pergunta, o seu currículo deve comunicar clara e

especificamente quais são os seus objetivos. Coloque um sumário sucinto e objetivo

das suas expectativas. Por exemplo, cargo executivo na área industrial, para um

78Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade III

estilo mais aberto ou diretor/gerente da área industrial, para um estilo mais

específico.

Por que você quer?

Mostre a razão pela qual você considera merecer o cargo que está

pretendendo. Seu currículo deve enfocar o seu objetivo. Os itens da sua carreira

que não ajudam a justificar o foco central do seu currículo devem ser menos

enfatizados ou excluídos. Por exemplo, se o seu objetivo é ser diretor industrial e

você trabalhou durante um ano para um empregador em vendas de produtos de

consumo, esta experiência deve ter menção mínima ou não constar do sumário.

Em que você contribuiu?

Destaque as atividades que você desempenhou em cada emprego e que

resultaram em retorno para a empresa, seja institucional, financeiro ou de

relacionamento de mercado. O seu potencial empregador quer saber, logo à

primeira vista, se você é um empregado que traz resultados para a empresa ou se

apenas cumpre o seu papel.

Você se organiza e planeja para alcançar objetivos?

Um currículo bem organizado, com seqüência lógica, mostra a sua

habilidade de organizar atividades e tarefas, e o fato de saber o que quer, mostra

ambição e vontade de atingir esses objetivos.

Você se comunica?

Usar frases curtas é uma maneira eficiente de demonstrar objetividade e

concisão. Utilize o mínimo de palavras, evite advérbios subjetivos, como

extremamente, fortemente e outros. Inicie frases com verbos de ação, como

construí, reduzi, aumentei, implantei, administrei, supervisionei, melhorei, expandi,

organizei, treinei, encontrei, descobri, planejei etc. Mas ao mesmo tempo em que os

verbos podem vir na primeira pessoa, evite utilizar o pronome pessoal eu, pois ele

passa a impressão ofensiva de falta de modéstia, quando usado em demasia.79

Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Faculdade Atenas Maranhense – FAMA

Ao redigir seu currículo, tente criar uma impressão moderna, positiva,

agressiva e direcionada a realizações. Os entrevistadores analisam pilhas de

currículos e precisam entender rapidamente, na primeira leitura, exatamente o que

você pretende, por que e com que objetivos. Faça um esforço de preparação para

economizar o esforço de leitura deles. Isto pode resultar em ponto positivo para

você.

Você é positivo?

Seu currículo deve falar bem de você - claro que com base na verdade. Por

isso, enfatize os pontos positivos. Ninguém quer ler informações tristes, de pessoas

que choramingam. Mostre aspectos marcantes, primeiramente, e deixe os aspectos

menos relevantes para o final. Atinja o entrevistador com um impacto positivo logo

no início da leitura.

Seqüência de apresentação:

Basicamente, o que um empregador quer saber de você quando olha o seu

currículo são apenas três coisas:

Onde você já esteve?

O que você já fez por outra empresa?

O que pode fazer pela empresa dele?

Siga a seguinte seqüência de apresentação em seu currículo:

Objetivo conciso

Breve sumário de qualificações

Formação acadêmica

Resultados obtidos em decorrência das habilidades técnicas

Experiências profissionais mais relevantes (com datas e lugares)

Pontos fortes

80Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade III

Conhecimentos de informática

Primeira página

Procure manter o seu currículo, preferivelmente, em duas páginas. Um

currículo de três páginas é, hoje, considerado extenso.

Logo no início da primeira página, devem ser colocados o seu nome,

endereço e números de telefone. Não há outro lugar melhor para colocar essas

informações – como os currículos são lidos rapidamente, você pode perder uma

oportunidade se o leitor pensar que você esqueceu de colocá-las.

Em seguida, aparece o seu objetivo profissional, que não deve ultrapassar

uma linha. Por exemplo: 'Gerente de marketing/produto.'

Mencione depois, um resumo das suas qualificações profissionais. Por

exemplo: 'Economista com MBA em Marketing e dez anos de experiência em

planejamento de mídia e estudo de mercado.'

Ao colocar datas de títulos no currículo, certifique-se de incluir as datas de

início e final de cada curso do lado esquerdo da página.

Na relação de empregos anteriores, certifique-se de incluir as datas de

entrada e saída de cada emprego do lado direito da página, depois do nome de

cada empresa.

Não separe os cargos com textos, pois eles perdem o impacto do número e

da seqüência.

Segunda página

Faça uma relação de resultados obtidos em cada empresa, sempre de

maneira sucinta. Evite analisar, apenas informe.

Se foi promovido muitas vezes, enfatize isto, brevemente, no seu currículo.

As promoções que obteve são as melhores referências, pois denotam que

você foi um colaborador excelente, transmitem que o seu chefe o julga um bom

profissional e que executou bem suas funções, por isso foi promovido.

81Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Para registro de um emprego em que você obteve promoções, certifique-se

de incluir a data de entrada e a data de saída ao lado esquerdo da página e as

datas para cada título ao lado direito da página. Se você não seguir esta norma e

colocar todas as datas do lado esquerdo, uma rápida leitura poderá deixar a

impressão de que você troca de emprego com freqüência.

Se você for um executivo jovem, que ainda não acumulou muitos empregos,

tente montar o seu currículo em uma só página.

O que não colocar no currículo

Cores - O currículo deve ser agradável à leitura, portanto, deve ser

discreto. No máximo, utilize um papel de tom pastel em vez do

branco, mas nada além disso.

Para destacar as informações você pode usar os recursos de negrito

e itálico do seu processador de texto. Evite variar os tipos de fonte,

para não transformar o seu currículo em uma salada gráfica e irritar

quem o lê.

Listas extensas de qualquer natureza - Se a sua relação de

empregos é muito grande, selecione apenas os últimos cinco

empregos da sua carreira. E, mencione no sumário de qualificações

que você possui mais experiência do que o mencionado. Em alguns

casos é importante colocar todas as informações, como nos

currículos de cientistas ou médicos, para cujos empregadores os

artigos publicados são importantes, assim como o detalhamento dos

congressos de que o profissional participou. Mas, de maneira geral,

essas informações só entediam a quem vai ler o currículo.

RG, CPF e outros números de documentos - Não perca tempo

inserindo número do CPF ou do Título de eleitor, ou mesmo da

Carteira profissional. Se alguém tiver interesse nestes documentos,

será o Departamento Pessoal no momento em que for efetivar a sua

contratação. Nunca antes.

82Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade III

Razões de ter deixado o emprego anterior - Esta informação é

importante para o seu empregador, mas deve ser discutida no

momento certo. E, o momento certo é a entrevista pessoal. Portanto,

não inclua esta informação no currículo.

Referências - A lista de referências deve ser impressa à parte, e

você deve tê-la à mão na entrevista, para apresentá-la ao

entrevistador no momento em que for solicitado. (Para mais

informações, leia o artigo "Sem boas referências, você pode perder a

chance de um ótimo emprego", na edição número 1 do jornal virtual

Carreira & Sucesso, que pode acessado pelo endereço

www.catho.com.br/jcs)

Raça, religião e filiação partidária - Ninguém tem interesse em

conhecer estas suas convicções, seja para benefício ou para prejuízo

da sua carreira. Ao contrário, colocando essas informações pode

parecer que você é quem tem preconceito com relação a esses itens.

Salário anterior e pretensão salarial - Alguns especialistas

recomendam colocar salário e pretensão no currículo, mas a postura

do Grupo Catho é de não recomendar esta prática. Salário, conforme

a nossa experiência, é um tema para ser discutido pessoalmente

durante a entrevista e não para estar no currículo. Quando o anúncio

pede, pode-se escrever alguma coisa geral como Aceito discutir

propostas ou Estou aberto para discutir a questão salarial.

Formato e aparência do currículo

Antes de escrever o modelo final, revise-o com duas ou três pessoas para

checar as informações e verificar a correção ortográfica. Erros de português,

gramaticais, ortográficos ou de concordância, comprometem seriamente o currículo

de qualquer pessoa. Não tenha vergonha de pedir ajuda.

Graficamente, o seu currículo precisa ser atraente. Lembre-se de que ele é a

propaganda do produto mais importante do mundo: você!

83Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Faculdade Atenas Maranhense – FAMA

Deixe margens largas e muitos espaços em branco. Não faça a composição

gráfica com letras muito pequenas porque há pessoas que enxergam mal –

respeite-as.

Procure não variar a fonte das letras, mas aproveite os recursos de

sublinhar, colocar em negrito ou em itálico, e até o uso de letras maiúsculas para

enfatizar.

A impressão deve ser feita em laser porque o resultado gráfico é bonito e

muito limpo. Para a reprodução de quantidades maiores, sugerimos o processo de

offset em um papel de boa qualidade, branco ou em tom pastel claro.

Inclua fotografia, se considerar que a sua aparência pessoal é boa e pode

ajudar a causar uma boa impressão. Prefira o tamanho 4,5 x 6 cm. Deve ser uma

ótima fotografia, nítida, em que você esteja sorridente e inspire confiança. A

fotografia diferenciará imediatamente o seu currículo dos outros e o tornará mais

pessoal. Pode colar uma fotografia em cada currículo ou, se usar serviços de uma

gráfica, pode deixar que a fotografia faça parte do fotolito, imprimindo-a na primeira

página do seu currículo.

Há muito mais o que dizer a respeito de currículo, porque a sua elaboração

exige, ao mesmo tempo, simplicidade na apresentação e complexidade na

avaliação dos elementos que o compõem.

Modelo de currículo para cada situação

Há três modelos básicos de currículo. Situações funcionais específicas

podem exigir que se envie um determinado tipo de currículo. Você terá que

identificar qual é o mais adequado para o empregador que tem a vaga para a qual

você quer se candidatar.

Currículo cronológico. Geralmente este currículo apresenta a lista

dos empregadores em ordem cronológica inversa, ou seja, inicia-se a

relação pelo emprego mais recente. É o currículo mais utilizado e

também o mais apreciado pelos executivos contratantes, porque

facilita a avaliação do leitor com relação ao crescimento da carreira e

84Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade III

continuidade no emprego do candidato.É também um modelo que

permite ao candidato um formato adequado para relatar os resultados

que alcançou nos empregos anteriores.

Não deve usar este modelo quem:

Mudou de emprego com freqüência

Mudou de carreira várias vezes

A razão é pelo impacto visual. Numa relação em que os registros de empregos

ficam próximos uns dos outros, destacam-se as datas e as atividades, ficando

bastante fácil, para o leitor, confrontar esses quesitos.

Currículo funcional. Este modelo dá preferência de enfoque às

funções desempenhadas e não aos empregadores. Permite que o

profissional não fique constrangido por ter trabalhado em um

determinado lugar ou pela seqüência de seus empregadores.

Também possibilita dar menos ênfase à experiência que não está

relacionada com o cargo pretendido.

Neste modelo de currículo, o candidato seleciona somente as experiências

relevantes vinculadas à colocação que pretende. Sem, no entanto, omitir nada,

porque um currículo deve ser verdadeiro – a relação cronológica dos empregadores

é apresentada no final.

A estratégia é chamar a atenção do entrevistador, de imediato, para as habilidades

e talentos mais importantes do seu currículo para aquela determinada vaga. O

currículo funcional tem a desvantagem de ser muito inflexível. Você só pode usá-lo

quando pretende um determinado cargo, e a definição do seu produto é restrita, o

que pode ser bom, mas também pode ser ruim.

Currículo cronológico-funcional. É, dos modelos de currículo, o

mais forte e comunicativo. Associa a ordem cronológica inversa dos

empregadores com os cargos, realçando a experiência funcional em

85Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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cada emprego. Utilize esse modelo se você possui boa estabilidade

de emprego e uma ampla base de experiência.

Este é o modelo de currículo preferido por uma grande parcela dos recrutadores. A

razão é simples: este modelo poupa tempo e agiliza a seleção.

Um entrevistador experiente observa, de imediato, num currículo formatado desta

maneira, várias informações importantes ao mesmo tempo, como experiência,

estabilidade e progressão funcional de um candidato. Mas tem a desvantagem de

poder parecer, para o entrevistador, que o candidato esteja querendo ocultar

instabilidade funcional.

EXERCÍCIO

Elaborar e apresentar o seu Curriculum Vitae em formato tradicional e outro

em formato eletrônico, e imprimir, (Plataforma Lattes) disponível no sítio

www.cnpq.br .

86Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade III

OFÍCIO - É uma correspondência externa usada principalmente pelos órgãos

de governo e autarquias. O papel utilizado é o tamanho-ofício.

Modelo de Ofício

EXERCÍCIO

Redigir um ofício com o seguinte teor: o Sr. Secretário da Agricultura solicita,

em ofício, ao Sr. Secretário de Transportes a cessão, por 30 dias, de uma picape,

para servir à Comissão X da cidade X.

87Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

TIMBREESCOLA NORMAL REGINA COELI

Of. Nº 12/08 São Paulo – SPEm 10/07/08

Senhora Delegada,

Vimos, por este meio, apresentar a V. Sª a professora do Ensino Médio II Maria de Fátima Vaz, lotada nesta Escola, e titular da cadeira de Física, que, por indicação superior, ficará à disposição da Primeira Delegacia de Ensino até dezembro do corrente ano.

Solicitamos, por outro lado, que seja encaminhado, até o dia 5 (cinco) de cada mês, o atestado de efetividade da referida professora, a fim de que a mesma não seja prejudica em relação à pontualidade dos vencimentos.

Sendo o que se apresenta no momento, subscrevemo-nos,

Atentamente

Ana Maria CésarDIRETORA

À Srª ProfessoraAmélia X M.D. 1ª Delegacia de EnsinoRua X, .......CEP ........... P. Alegre

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Faculdade Atenas Maranhense – FAMA

PROCURAÇÃO - É o instrumento por meio do qual a pessoa física ou

jurídica outorga poderes a outra. A procuração pública é lavrada em cartório;

a particular é geralmente conservada sem registro.

Estrutura da procuração

a. Título: Procuração.

b. Qualificação: nome, nacionalidade, estado civil,, profissão, CPF e

residência do outorgante (constituinte ou mandante) e também do

outorgado (procurador ou mandatário).

c. Finalidade e Poderes: parte em que o outorgante declara a

finalidade da procuração, bem como autoriza o outorgado a

praticar os atos para os quais é nomeado.

d. Data e assinatura do outorgante.

e. Assinatura das testemunhas, se houver. Essas assinaturas

costumam ficar abaixo da assinatura do outorgante, à esquerda.

f. As firmas devem ser todas reconhecidas em cartório.

88Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade III

Modelo de procuração

89Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

PROCURAÇÃO

Por este instrumento particular de procuração, eu, Fulano de Tal, brasileiro, casado, residente e domiciliado em Porto Alegre, na Rua Dr. Flores, ........................ ap........................, aluno da Faculdade de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, aprovado no quinto semestre do Curso Bacharelado, nomeio e constituo meu bastante procurador o senhor Ângelo Morais, brasileiro, solteiro, maior de idade, residente e domiciliado em Porto Alegre, na Rua do Parque, ..............., com o fim especial de efetuar minha matrícula na referida Faculdade, no sexto semestre.

Porto Alegre, 2 de janeiro de 2008-07-21

Assinatura

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EXERCÍCIO

Elaborar uma procuração, autorizando alguém a receber uma

importância em dinheiro.

REQUERIMENTO - É um documento específico de solicitação e, por meio

dele, a pessoa física ou jurídica requer algo a que tem direito (ou pressupõe

tê-lo), concedido por lei, decreto, ato, decisão etc.

Estrutura do Requerimento

a. Invocação: os termos devem ser escritos pro extenso.

b. Texto: inicia-se pelo nome do requerente, sua qualificação (ou

representação, se for pessoa jurídica), exposição do ato legal em

que se baseia o requerimento e o objeto desse mesmo

requerimento.

c. Fecho: em que entram as expressões:

Nestes termos N. Termos

ou

Pede deferimento P. Deferimento

90Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade III

Modelo de requerimento

91Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

Senhor Prefeito do Município de Vacaria – RS.

Prodesa – Indústria e Comércio S.A., com sede na Rua Av. Assis Brasil, 2086, em Porto Alegre, por seu Presidente e Representante Legal, Luís Carlos Soares, industrial, brasileiro, casado, residente em Porto Alegre, na Rua Filadélfia, 1260, nos termos do Decreto nº ...................., assinado por V. Exª, em 10 de março de ..............., em que concede isenção de impostos sobre serviços de qualquer natureza, por 10 (anos), a indústrias que venham a instalar-se nesse município em .............., vem, respeitosamente, requerer a V. Exª se digne outorgar-lhe a referida isenção, para o que junta a esse a documentação exigida pelo citado decreto.

Termos em quePede deferimento

Vacaria, 30 de junho de 2008

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EXERCÍCIO

Elabore um requerimento, solicitando justificativa de faltas e abono

das mesmas.

DECLARAÇÃO - É um documento que se assemelha ao atestado,

mas que não deve ser expedido por órgãos públicos, geralmente.

Modelo de declaração

EXERCÍCIO92

Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

DECLARAÇÃO

Declaramos que o senhor João Armando Ferraz pertence ao quadro de funcionários de nossa empresa desde 2 de maio de 1990, recebendo mensalmente dois salários mínimos.

Porto Alegre, 22 de outubro de 2007.

Mário BarcellosDiretor-Presidente da Cia. X

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Unidade III

Elaborar uma declaração (assunto livre)

E-MAIL - A motivação pra o estudo do e-mail surgiu a partir da constatação –

empírica, num primeiro momento, e, depois, confirmada em pesquisa – de

que esse gênero de texto estava se impondo como substituto da carta

comercial e também de gêneros afins como os memorandos (sem falar dos

telefonemas).

É até dispensável sublinhar o impacto que provocou o surgimento da

internet sobre praticamente todos os ramos da atividade humana, afetando

seu modo de agir e de pensar.

O e-mail (electronic mail: correio eletrônico) é uma das conseqüências

do surgimento da internet, que nasceu dos anos 60.

Marcuschi (2002, p. 16) caracteriza o e-mail como sendo de relação

temporal assíncrona, de duração limitada, texto curto, formato de estrutura

fixa, participantes em número variado e conhecidos, de função interpessoal,

com tema livre ou combinado, semiose: puro texto corrido, e mensagem

gravada automaticamente.

Características lingüístico-gramaticais e formais do e-mail:

A análise contrastiva entre as cartas comerciais e os e-mails sob o

aspecto lingüístico-formal revela, sem dúvida, maior formalidade naqueles e

mais informalidade nestes. Nas cartas comerciais, é o burocratês que se

realiza de forma evidente.

RESENHA- É um tipo de trabalho que exige conhecimento do assunto, para

estabelecer comparação com outras obras da mesma área e maturidade

intelectual para fazer avaliação e emitir juízo de valor.

Resenha é, portanto, um relato minucioso das propriedades de um

objeto ou de suas partes constitutivas; é um tipo de redação técnica que

93Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Faculdade Atenas Maranhense – FAMA

inclui variadas modalidades de textos: descrição, narração e dissertação. Ela

contribui pra desenvolver a mentalidade científica e levar o iniciante à

pesquisa e à elaboração de trabalhos monográficos.

A resenha crítica é também denominada de resensão crítica. Ela

combina resumo e julgamento de valor.

Seu objetivo é fornecer informações para que o leitor decida quanto à

consulta ou não do original. Daí a resenha dever resumir as idéias da obra,

avaliar as informações nela contidas e a forma como foram expostas e

justificar a avaliação realizada.

ExemplosTome-se, por exemplo, a resenha de um CD de Cássia Eller,

publicada na Veja, de 4 de dezembro de 2002. As apreciações ou juízos

avaliativos são os seguintes:

“Quando morreu, em dezembro de 2001, Cássia Eller estava empenhada em realizar uma metamorfose artística. Cansada do rótulo de roqueira barulhenta, ela queria consolidar a imagem de excelente intérprete, o que de fato era.”

Tome-se agora a resenha de Marília Pacheco Fiorillo, publicada na

Veja, de 6 de novembro de 2002. Ela aborda Homem duplicado, obra de

José Saramago. Afirma, avaliando:

“Saramago conta que imaginou o livro a partir do título. Naturalíssimo, pois o título por si só é quase um gênero literário, aquele que trata do duplo do ‘doppelgänger’, do gênero maléfico.”

A leitura e a redação de resenhas constituem exercícios que

melhoram a qualidade da leitura e da redação.

Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi, em Fundamentos de

metodologia científica (1995, p. 245), apresentam modelo para a prática de

resenhas científicas.

94Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade III

a. Referência bibliográfica:

- Autor.

- Título da obra.

- Elementos de imprensa (local da edição, editora, data).

- Número de páginas.

Exemplo:

GARCIA, Othon. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever, aprendendo a pensar. 8. ed. Rio de Janeiro: FGV, 1980. 522 p. 14 x 21 cm.

EXERCÍCIO

Elabore uma resenha sobre a lei seca.

95Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Estrutura de um artigo científico

1.1 CONCEITO O artigo científico relata informações e resultados de uma pesquisa de

maneira clara e concisa. Sua característica principal é ser publicado em periódicos

científicos.

As orientações que se seguem são baseados na NBR 6022/2003 da

ABNT, portanto, caso deseje publicar o artigo em um periódico específico é

importante que seja verificado o "Regulamento para Publicação" do periódico no

qual se pretende publicar. É extremamente importante se reconhecer o formato

básico exigido. O artigo pode ser rejeitado por não se encontrar no formato padrão,

mesmo que apresente um bom conteúdo.

1.2 FUNÇÕES Existem várias razões para se publicar um artigo técnico ou uma publicação

científica, como:

• Divulgação científica - A publicação de um artigo científico ou técnico

é uma forma de transmitir à comunidade técnico-científica o conhecimento de

novas descobertas, e o desenvolvimento de novos materiais, técnicas e métodos

de análise nas diversas áreas da ciência.

• Aumentar o prestígio do autor - Pesquisadores com um grande

volume de publicações desfrutam do reconhecimento técnico dentro da

comunidade científica, alcançam melhores colocações no mercado de trabalho, e

divulgam o nome da instituição a qual estão vinculados.

• Apresentação do seu trabalho - Muitas instituições de ensino e/ou

pesquisa, e várias empresas comerciais freqüentemente requerem que os seus

profissionais apresentem o progresso de seu trabalho e/ou estudo através da

publicação de artigos técnico-científicos.

96Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade III

• Aumentar o prestígio da sua instituição ou empresa - Instituições ou

empresas que publicam constantemente usufruem do reconhecimento técnico

de seu nome, o que ajuda a atrair maiores investimentos e ganhos para esta

organização.

• Se posicionar no mercado de trabalho - O conhecido ditado em inglês

"Publish or perish", ou seja, "Publique ou pereça", provavelmente nunca foi tão

relevante como nos dias de hoje. Redigir um artigo técnico lhe trará uma boa

experiência profissional, e contribuirá para enriquecer o seu currículo,

aumentando assim

suas chances de obter uma melhor colocação no mercado de trabalho.

1.3 TIPOS DE ARTIGO CIENTÍFICO • Artigos originais São contribuições destinadas a divulgar resultados pesquisa original que

possam sem generalizados ou replicados. Incluem estudos controlados e

randomizados, estudos de testes diagnósticos e de triagem e de outros

estudos descritivos e de intervenção, bem como a pesquisa básica com animais de

laboratório.

• Relatos de casos ou Caso clínico São trabalhos de observações clínicas originais acompanhados de

análise e discussão. Tratam de pacientes ou situações singulares, doenças

raras ou nunca descritas, assim como formas inovadoras de diagnóstico ou

tratamento. O texto é composto por uma introdução breve que situa o leitor quanto à

importância do assunto e apresenta o objetivo da apresentação do caso; por um

relato resumido do caso; e por comentários que discutem aspectos relevantes e

comparam o relato com outros casos descritos na literatura.

• Artigos de revisão Avaliação crítica sistemática da literatura sobre determinado assunto,

devendo conter conclusões. A organização do texto do artigo, com exceção da

Introdução, Discussão e Conclusão, fica a critério do autor.

97Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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• Artigos especiais São textos não classificáveis nas categorias acima, que o Conselho

Editorial da revista julgue de especial relevância para as ciências da saúde

ou ensino na área da saúde. Sua revisão admite critérios próprios, não

havendo limite de tamanho ou exigência prévias quanto às referências

bibliográficas.

1.4 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DE UM ARTIGO ORIGINAL

ITENS PRELIMINARES ARGUMENTAÇÃO ITENS COMPLEMENTARES

Título, e subtítulo(se houver);Resumo;

Palavras-chave (em português).

INTRODUÇÃO;MATERIAL E MÉTODO;

RESULTADOS;DISCUSSÃO/CONCLUSÃO.

Resumo em língua estrangeira;

Palavras-chave em língua estrangeira;Referências

Bibliográficas;Apêndice e/ou anexo.

1.5 ITENS PRELIMINARES Título, e subtítulo (se houver):Faça um título curto, que chame a atenção, e

além de tudo, que reflita o tema principal do artigo.

Nome do autor e afiliação: Escreva o seu nome e a sua afiliação de forma

uniforme e sistemática em todas as suas publicações para que seus artigos

possam ser citados de forma correta por outros autores.

RESUMO O resumo redigido pelo próprio autor do trabalho na língua original, deve

constituir a síntese dos pontos relevantes do trabalho, tais como: tema,

98Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade III

problema de pesquisa, justificativa, objetivo(s), material e método proposto, os

resultados alcançados, as conclusões e recomendações.

O resumo deverá conter menos de 250 palavras. O resumo deve ser

digitado em um só parágrafo.

As pessoas se baseiam no Resumo para decidirem ler ou não o restante de

um artigo. Assim, resuma de maneira precisa os tópicos principais do artigo e as

conclusões obtidas através do seu trabalho. Limite o número de tópicos para

evitar confusão na identificação da mensagem principal do artigo. Não inclua

referências, figuras ou equações nesta seção.

Palavras-chave em língua portuguesa È necessário a inclusão de um conjunto de palavras-chave que

caracterizem o seu artigo. Estas palavras serão usadas posteriormente para

permitir que o artigo seja encontrado por sistemas eletrônicos de busca. Por isso,

você deve escolher palavras-chave abrangentes, mas que ao mesmo tempo

identifiquem o(s) assunto(s) de que trata o artigo.

1.6 CORPO DO TRABALHO - ARGUMENTAÇÂO A argumentação do trabalho é composta pela introdução, material e método,

resultados, discussão e conclusão, no caso de artigo original. São na verdade, o

verdadeiro conteúdo do trabalho. É evidente que todos as demais que compõem

o artigo são importantes e essenciais. Na verdade, são nesses itens que

serão concentrados todos os esforços de compreensão e entendimento, discussão

e análise, síntese e demonstração do conhecimento.

INTRODUÇÃO A introdução é um apanhado geral do conteúdo do artigo científico

sem entrar em muitos detalhes. Apenas poucos parágrafos são o suficiente.

Deve descrever brevemente a importância da área de estudo e especificada a

relevância da publicação do artigo, ou seja, explicar como o trabalho contribui

para ampliar o conhecimento em uma determinada área da ciência, ou se ele

apresenta novos métodos para resolver um problema. Apresenta-se uma revisão

99Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Faculdade Atenas Maranhense – FAMA

da literatura recente (publicada nos últimos 5 anos), especificando sobre o tópico

abordado, ou forneça um histórico do problema.

Definição do problema - Definir o problema ou tópico estudado, explicar

a terminologia básica, e estabelecer claramente os objetivos e as hipóteses. Os

artigos são freqüentemente rejeitados para publicação porque os autores

apresentam apenas os objetivos, mas não as hipóteses.

A introdução deve ser finalizada com a apresentação do(s) objetivo(s) do

trabalho.

Para se escrever uma introdução informativa para o artigo é

necessário estar familiarizado com o problema. A introdução deve apresentar

a evolução natural de sua pesquisa. Ela pode ser elaborada após escrever

Discussão e Conclusões.

MATERIAL E MÉTODO Descreve o tipo de estudo/delineamento; a população alvo do estudo

(especificação e caracterização com os critérios de inclusão e exclusão) - trata-se

da delimitação do universo que será pesquisado, seja seres animados ou

inanimados. Consiste em explicitar o que foi pesquisado: pessoas, coisas,

fenômenos, enumerando suas características comuns, como por exemplo, sexo,

faixa etária, organização a que pertencem,

comunidade onde vivem, etc.; a amostra utilizada(s) quando a pesquisa não

abrange a totalidade do universo pesquisado, surgindo a necessidade de se

investigar apenas uma parte dessa população; as variáveis estudadas, os

procedimentos adotados e as técnicas utilizadas. Essas últimas correspondem

à prática de coleta de dados e análise dos dados (observação, entrevista,

questionário).

Os procedimentos metodológicos empregados para o levantamento de

dados e sua utilização no processo de análise, devem estar claros no artigo.

Esses procedimentos devem estar adequados ao problema a ser investigado e aos

objetivos definidos pelo autor.

100Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade III

RESULTADOS Descrição panorâmica dos dados levantados para propiciar ao leitor a

percepção adequada e completa dos resultados obtidos de forma clara e precisa,

sem interpretações pessoais.

Quando pertinente, deve-se incluir ilustrações como quadros, tabelas e

figuras (gráficos, mapas, fotos, etc.). A apresentação de tabelas/quadros com

os dados obtidos aparecem nesse item, no entanto, os comentários devem ser

guardados para a seção Discussão. Uma vez que artigos com tabelas irão obter

um maior número de citações porque outros pesquisadores podem usar os

dados como base de comparação,

construa as tabelas com sublegendas adequadas para as linhas e colunas.

Se possível, utilize figuras, gráficos, e outras representações diagramáticas

atrativas para ilustrar claramente os dados. Gráficos e tabelas devem sempre ter

legendas, dizendo exatamente o que representam.

Falhas comuns em artigos técnicos incluem o uso inapropriado de tabelas e

figuras que confundem os leitores, e a falta de análises estatísticas adequadas.

Tabelas devem ser incluídas quando se deseja apresentar

um número pequeno de dados. Não devem ser usadas para listar dados

levantados para se plotar um gráfico. Neste caso apenas o gráfico deve ser

apresentado.

A seção Resultados deve ser apenas longa o suficiente para apresentar as

evidências do estudo.

DISCUSSÃO/CONCLUSÕESApresente argumentos convincentes e adequados, prova matemática,

exemplos, equações, análises estatísticas, padrões/tendências observadas,

opiniões e idéias além da coleção de números coletados e tabelados. Devem

ser feitas comparações com resultados obtidos por outros pesquisadores,

caso existam. Sugira aplicações para o trabalho.

Resumir, apontar e reforçar as idéias principais e as contribuições

proporcionadas pelo trabalho faz parte da discussão/conclusão. A finalização do

artigo pode dizer o que foi aprendido através do seu estudo. A conclusão deve ser

analítica, interpretativa, e incluir argumentos explicativos. Deve ser capaz de

101Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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fornecer evidências da solução de seu problema através dos resultados obtidos

através do trabalho. Cada objetivo deve

ser analisado e confrontado com os achados da pesquisa.

Deve-se ainda comentar sobre os planos para um trabalho futuro com

relação ao mesmo problema, ou modificações a serem feitas e/ou limitações do

método utilizado que poderão ou não serem superadas.

Não apresente conclusões que o trabalho não evidenciar. Isso

denuncia a sua fragilidade de argumentação e falta de conhecimento lógico

do conteúdo desenvolvido. Não faça projeções em cima do provável, do

inexistente, simplesmente para apontar um determinado local de chegada ou

compreensão.

1.7 ITENS COMPLEMENTARES Resumo em língua estrangeira ou Abstract:O Abstract é a versão do Resumo em inglês. Por uma questão de coerência,

ele deve possuir tamanho e significado compatíveis com o resumo em língua

portuguesa. Algumas línguas são mais concisas que outras, mas é inaceitável que

o Resumo e o Abstract contenham divergências. Além disso, a versão em inglês

não deverá ser apenas uma tradução literal ou convencional do resumo, mas sim

uma tradução científica, com a tradução precisa dos termos e expressões técnicas,

ou o seu trabalho poderá ser rejeitado para publicação.

Palavras-chave em língua estrangeira ou Key words:É necessário a inclusão de um conjunto de palavras-chave que

caracterizem o seu artigo. Estas palavras serão usadas posteriormente para

permitir que o artigo seja encontrado por sistemas eletrônicos de busca. Por isso,

você deve escolher palavras-chave abrangentes, mas que ao mesmo tempo

identifiquem o(s) assunto(s) de que trata o artigo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: consultar manuais.

102Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade III

Ao se elaborar um trabalho é imprescindível a menção dos documentos que

serviram de base para sua produção. Para que esses documentos possam ser

identificados, é necessário que os elementos que permitam sua identificação sejam

reconhecidos, e isto só acontecerá através das referências bibliográficas. A

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define padrões para

apresentação de trabalhos, sem esses padrões fica difícil localizar e identificar as

fontes utilizadas no trabalho científico.

103Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Modelo de um artigo científico

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Unidade III

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Unidade III

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Unidade III

109Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Relatório

É um tipo de comunicação escrita que expõe ou descreve atos ou fatos

referentes a uma

instituição, empresa ou entidade, em que devem constar análise e

apreciação de quem o produz.

Existem relatórios que são produzidos em decorrência de normas legais,

administrativas ou

estatutárias e são apresentados dentro de prazos e modelos previamente

estabelecidos.

Como fazer ?Utilizaremos, como exemplo um Modelo-Síntese de Relatório Administrativo.

Este modelo de relatório é mais utilizado por empresas e entidades. Vamos

conhecer um pouco sobre ele.

Conceito: é o documento elaborado com a finalidade de avaliar o

desempenho de um a empresa, entidade ou instituição. A sua elaboração é

essencial para acompanhar e melhorar o funcionamento destas organizações. É

através do relatório que o dirigente ou gestor toma conhecimento dos dados e

informações relativos às diversas áreas da organização e de suas atuações.

A redação do relatório administrativo deve utilizar uma linguagem mais

técnica referente à área de atuação da organização, porém, sua linguagem deve

ser clara e objetiva;

A apresentação das informações e dos dados é feita de forma descritiva,

devendo-se fazer, também, uma análise dos fatos ocorridos;

Em sua elaboração é comum a utilização de tabelas e gráficos, que têm o

objetivo de sintetizar os dados e informações, bem como, ilustrar fenômenos

ocorridos;

A estrutura usual de um relatório administrativo é a seguinte:

a) Capa;

b) Folha de rosto; 112

Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade III

c) Sumário;

d) Introdução ou apresentação;

e) Conclusão e logo após local,

f) Data e assinatura do relator (logo abaixo da conclusão);

g) Referências;

h) Anexos.

113Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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MODELO DE RELATÓRIO ADMINISTRATIVO DE UMA ONG DA ÁREA DE

PROTEÇÃO AMBIENTAL:

a) Capa:

ORGANIZAÇÃO AMIGO DOS BICHOS

Rua Tamanduá Bandeira, s/n, Bairro Mico Preto. Salvador-Ba

Tel: 232546-1254 . CNPJ: 215245212/0001

(Logomarca da Organização)

RELATÓRIO DE ATIVIDADES

(Janeiro à Dezembro de 2003)

Relator: João dos Pássaros - Diretor

Requerente: Organização financiadora nome..........................

114Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade III

Salvador-BAFevereiro de 2004

b)Folha de rosto:

ORGANIZAÇÃO AMIGO DOS BICHOS

Rua Tamanduá Bandeira, s/n, Bairro Mico Preto. Salvador-Ba

Tel: 232546-1254 . CNPJ: 215245212/0001

RELATÓRIO DE ATIVIDADES

(Janeiro à Dezembro de 2003)

Relatório elaborado pela Assessoria Técnica – ASTEC, contendo o resultado do desempenho da organização do exercício de 2003.

Equipe Responsável : Fulano de Tal; Beltrano. Coordenador: João do Pássaros

115Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Faculdade Atenas Maranhense – FAMA

Salvador-BAFevereiro de 2004

c) Sumário (em uma página inteira)

SUMÁRIO

1.0) INTRODUÇÃO..............................................................................................................p.

1.1) Organização de passeatas............................................................................................p.

1.2) Campanhas de Mobilização contra a utilização de cobaias em laboratórios.................p.

1.3) Campanhas de vacinação animal................................................................................p.

1.4) Palestras em universidades e escolas.........................................................................p.

1.5) Capacitação de guardas florestais.................................................................................p.

1.6) Captação de recursos..................................................................................................p.

1.7) Aumento do quadro de funcionários e voluntários........................................................p

2.0) CONCLUSÃO.................................................................................................................p.

3.0) REFERÊNCIAS.............................................................................................................p.

4.0) ANEXOS....................................................................................................................... p.

116Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade III

d) Desenvolvimento da apresentação ou introdução, dizendo quais os

objetivos e motivos do relatório (em outra página);

e) Desenvolvimento de cada item do sumário, descrevendo as atividades e

analisando-as criticamente.

Dizer se surtiu o efeito esperado, como, quem participou e quando ocorreu

cada uma delas (em outra página);

f) Desenvolvimento da conclusão, fazendo as devidas considerações finais e

sugestões propostas.

(em outra página);

g) Referências: lista de locais ou fontes onde foram encontrados os dados

utilizados.

(em outra página);

h) Anexos : Contendo tabelas, documentos, folderes utilizados nas

campanhas, fotos, gráficos etc...

117Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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IFaculdade Atenas Maranhense – FAMA

UNIDADETipologia textual acadêmica

Dissertação IDissertação IIDissertação IIINarração - técnicas de reaçãoDescrição

118Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade IV

Dissertação I

Dissertar é o ato de discorrer sobre determinado assunto, buscando sempre

argumentações que levem a alguma conclusão.

Para elaborar uma dissertação de vestibular, o aluno deve, antes de

começar a escrever, planejar cuidadosamente o texto. O planejamento da

dissertação deve seguir rigorosamente os seguintes aspectos:

1) Ler atentamente o tema, buscando as mensagens que o autor da frase

quis passar ao leitor, ou seja, descobrir a intenção do autor ao escrever

a frase.

2) Reler o tema, anotando as palavras-chave - palavra que encerra o

significado global de um contexto, ou que o explica e identifica-o.

3) Interpretar o tema denotativamente: definir o sentido do tema, ou seja,

alcançar com a inteligência a intenção do autor, buscando as

mensagens que ele quis passar ao leitor, partindo das palavras-chave e

elaborando perguntas relacionadas ao tema.

4) Interpretar, se necessário,conotativamente o tema: compreender o

significado das palavras usadas em sentido figurado.

5) Delimitar a idéia apresentada pelo tema: reestruturar o tema com suas

próprias palavras, de acordo com a interpretação feita anteriormente, ou

seja, escrever um pequeno parágrafo, demonstrando o que você

entendeu do tema.

6) Decidir qual será o objetivo final de seu texto, ou seja, qual será a

conclusão a que se quer chegar.

7) Refletir sobre os argumentos que poderão ser utilizados para chegar à

conclusão escolhida, selecionando aqueles que mais condizem com o

tema.

8) Elaborar a dissertação.

Método 1 para elaborar a dissertação: A primeira providência é

perguntar ao tema por quê? Escolha duas ou três respostas, que

serão utilizadas como argumentos no desenvolvimento. Por exemplo:

"As cidades modernas estão tornando-se desumanas."119

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Faculdade Atenas Maranhense – FAMA

Por quê?

1. Tem ocorrido o inchaço populacional.

2. O trânsito torna-se a cada dia mais violento.

3. A poluição prejudica a saúde do homem.

Escritas as respostas, passaremos a pensar na introdução:

Introdução: Para elaborar a introdução, pode-se reescrever o tema,

reestruturando-o sintaticamente. Para isso, utilize suas próprias palavras, não

apenas substituindo as do tema por sinônimos e apresente os três argumentos das

respostas. Por exemplo:

"Viver bem nas cidades modernas, a cada dia que passa, torna-se mais difícil, pois o número de habitantes tem aumentado exageradamente, a violência no trânsito parece ter-se tornado incontrolável e os índices de poluição crescem cotidianamente, o que leva as metrópoles a serem consideradas desumanas."

Pronto. Eis aí um rascunho da introdução. Depois, passe-o a limpo,

aprimorando-o, ou seja, melhorando sua estrutura sintática.

A introdução deve conter aproximadamente 5 linhas.

Desenvolvimento: O desenvolvimento da redação é a apresentação dos

argumentos, cada um em um parágrafo diferente, utilizando elementos concretos,

exemplos sólidos, que sejam importantes para a sociedade de um modo geral.

No primeiro parágrafo do desenvolvimento da redação citada, argumenta-se

sobre as causas e as conseqüências do inchaço populacional, exemplificando.

No segundo parágrafo, discute-se acerca do trânsito, que está cada dia mais

caótico e violento.

No terceiro parágrafo, apresenta-se a poluição como elemento importante na

discussão sobre a desumanização das cidades modernas.

Cada parágrafo do desenvolvimento também deve conter aproximadamente

5 linhas.120

Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade IV

Conclusão: A conclusão pode iniciar-se com uma expressão que remeta ao

que foi dito nos parágrafos anteriores, tentando buscar uma solução. A ela deve

seguir-se uma reafirmação do tema e um comentário sobre os fatos mencionados

ao longo da dissertação. Por exemplo:

"É imprescindível que todos os cidadão se conscientizem de que cada um deve tentar minimizar os problemas urbanos, diminuindo os índices de poluição, racionalizando o trânsito e conseguindo moradia decente para todos. Só assim se conseguirá viver humanamente nas cidades modernas."

Esse foi o objetivo escolhido antes de iniciar a dissertação: a conscientização

de que, se os principais problemas das grandes cidades não forem diminuídos, não

haverá possibilidades de se viver humanamente.

121Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Dissertação II

A dissertação é dividida em três partes - Introdução, desenvolvimento

e conclusão.

Introdução:

O primeiro parágrafo da dissertação deve conter a informação do que

será argumentado e/ou discutido no desenvolvimento.

A introdução deve ser elaborada em um parágrafo de

aproximadamente cinco (05) linhas, só em um parágrafo, nunca mais do que

um parágrafo.

Tudo o que for citado na introdução deve ser discutido no

desenvolvimento; o que não for citado na introdução não deve ser discutido

no desenvolvimento.

A introdução é uma espécie de índice do desenvolvimento.

Desenvolvimento:

É a redação propriamente dita. É onde os argumentos devem ser

discutidos.

Cada argumento deve ser discutido em apenas um parágrafo. Um

argumento nunca deve ultrapassar um parágrafo só e, em um mesmo

parágrafo, não se devem discutir dois argumentos.

Os assuntos a serem inclusos no desenvolvimento devem ser

importantes para a sociedade de um modo geral. Os assuntos pessoais, ou

os muito próximos dos acontecimentos cotidianos, devem ser evitados.

122Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade IV

Tenha sempre em mente que o examinador de sua dissertação

provavelmente seja uma pessoa culta, que lê bons jornais e revistas e tem

bastante conhecimento geral, portanto não generalize, demonstre toda a sua

cultura adquirida nas leituras de revistas, jornais e livros.

Conclusão:

A conclusão é o encerramento da dissertação, portanto nunca

apresente informações novas nela; se ainda há argumentos a serem

discutidos, não inicie a conclusão.

Procure terminar a redação com conclusões consistentes, e não com

evasivas.

Este parágrafo deve concluir toda a redação, e não apenas o

argumento do último parágrafo do desenvolvimento.

A conclusão deve ser elaborada em um parágrafo de

aproximadamente cinco (05) linhas; só em um parágrafo, nunca mais do que

um parágrafo.

Obs.: Apesar de a conclusão ser o encerramento da redação, ela já

deve estar praticamente preparada no momento de escrevê-la. Quando fizer

o planejamento, antes de começar a redação, pergunte-se A que conclusão

quero chegar com os argumentos que apresentarei?

As três maneiras:

01) Resumo / Argumentação / Perspectiva.

Este é o método da pergunta ao tema. Pergunta-se ao tema Por quê?,

dando, posteriormente, três respostas com frases completas, que tragam

argumentos importantes.

123Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Trabalhe hoje com o tema:

Um dos únicos bens que a miséria não extingue é a solidariedade.

Introdução - Resumo:

Na introdução, pode-se apresentar o resumo daquilo que será

discutido no desenvolvimento.

Procede-se da seguinte maneira: Reescreva o tema com suas

próprias palavras (Paráfrase), acrescentando a isso as três frases

apresentadas como respostas à pergunta feita ao tema.

Importante: Tente REESCREVER o tema mesmo. Evite apenas trocar

as palavras por sinônimos. Tente reestruturar sintaticamente o tema.

Algumas idéias para o tema apresentado:

a. O homem é bom por natureza. A solidariedade é

inerente ao ser humano.

b. Mesmo o homem que perde sua bondade, que é

corrompido pela sociedade, pode ser solidário com seus

semelhantes. Por exemplo, os traficantes do Rio de

Janeiro que ajudam a comunidade.

c. A solidariedade pode existir até por necessidade. Alguns

podem agir solidariamente, porque, se assim não o

fizerem, correm o risco de também não serem ajudados.

d. Os miseráveis são solidários entre si, pois, se não o

forem, ninguém o será, nem a elite, nem o governo.

124Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade IV

Desenvolvimento - Argumentação:

Discuta sobre cada frase apresentada nas respostas que você deu à

pergunta Por quê?.

Não se esqueça de que cada argumento deve ser discutido em um

parágrafo, só em um parágrafo, e também não se esqueça de que não se

discutem dois argumentos em um só parágrafo.

Não generalize.Trabalhe com argumentos concretos, consistentes, que realmente

sejam importantes para a sociedade de um modo geral.

Escolha dois ou três argumentos apenas, para serem discutidos no

desenvolvimento. Não se empolgue. É melhor discutir profundamente poucos

argumentos do que superficialmente muitos.

Conclusão - Perspectiva:Apresentar perspectiva na conclusão é expor soluções para os

problemas discutidos, visando à conscientização geral. É iniciar a conclusão

com frases como:

É necessário que todos se conscientizem de que...É imprescindível que a sociedade se conscientize de que...É preciso que haja uma conscientização por parte dos cidadãos para que...

02) Trajetória histórica / Comprovação / Conclusão.

Introdução - Trajetória histórica:

125Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Buscar a argumentação no passado, trazendo-a posteriormente para o

presente, ou seja, apresentar um fato histórico ou uma personagem

importante para a sociedade de um modo geral do passado e outro fato ou

personagem do presente.

Duas idéias para o tema apresentado:Passado (Séc. XVII) - ZumbiPresente (Séc. XX) - Madre Tereza de Calcutá

Desenvolvimento - Comprovação:Discutir sobre os fatos ou personagens apresentados, cada um em um

parágrafo.

Conclusão - Conclusão:Iniciar a conclusão com uma conjunção coordenativa conclusiva (logo,

portanto, por conseguinte, por isso, então...).

Deve-se tomar muito cuidado nessa conclusão, pois uma conjunção

liga orações, no entanto, nesse caso, ela estará ligando a conclusão ao resto

da redação. Deve-se concluir a redação toda, e não somente o último

parágrafo do desenvolvimento.

03) Paráfrase / Exemplificação / Retomada da tese.

Introdução - Paráfrase:Parafrasear o tema é reescrevê-lo.

Tome cuidado para não apenas substituir as palavras por sinônimos.

Tente reestruturar sintaticamente o período.

126Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade IV

Veja o que o Michaelis - Moderno Dicionário da Língua Portuguesa

registra como sinônimo de paráfrase:Explicação ou tradução mais

desenvolvida de um texto por meio de palavras diferentes das nele

empregadas.

Agora veja o que diz o Dicionário Aurélio:Modo diverso de expressar

frase ou texto, sem que se altere o significado da primeira versão. Portanto

sua frase deve ser mais desenvolvida que a frase apresentada como tema, e

as palavras devem ser diferentes, e não sinônimas.

Desenvolvimento - Exemplificação:Buscar exemplos importantes para a sociedade de um modo geral.

Exemplos que mostrem sua cultura, seu conhecimento do mundo, seu grau

de informação.

Anda mal de informações? Então leia jornais, revistas, livros.

Interesse-se pelo mundo. Busque informações as mais variadas possíveis.

Conclusão - Retomada da tese:Retornar à introdução para concluir a redação. É parafrasear a sua

introdução, ou seja, parafrasear a paráfrase feita anteriormente, com o intuito

de encerrar o assunto.

Pronto. Aí estão as três maneiras simples de se elaborar a

dissertação. Um aviso: de nada adianta você memorizar tudo o que está

escrito aqui se não praticar; dissertação só se aprende na prática, então

PRATIQUE.

Até mais ver.

127Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Dissertação III

Perguntas e respostas

A dissertação é o gênero de texto exigido dos vestibulandos em

grande parte dos vestibulares do país - ou seja, se você quer garantir sua

vaga em uma universidade, dificilmente vai conseguir escapar de aprendê-la.

A professora Marleine de Toledo, formada em direito e letras pela

USP, dá dicas sobre o assunto:

Como fazer uma boa dissertação?A dissertação exige amadurecimento no assunto tratado,

conhecimento da matéria, pendor para a reflexão, raciocínio lógico, potencial

argumentativo, capacidade de análise e de síntese, além do domínio de

expressão verbal adequada e de estruturas lingüísticas específicas.

Como começar uma dissertação?Normalmente, o aluno de redação manifesta sua angústia: "Não sei

como iniciar". Não sabe como iniciar, porque não sabe como desenvolver e

como concluir, simplesmente porque não organizou um plano. Nas palavras

de Boaventura, "o plano é o itinerário a seguir: 'um ponto de partida', onde se

indica o que se quer dizer, e 'um ponto de chegada', onde se conclui. Entre

os dois, há as etapas, isto é, as 'partes' da composição. Construir o plano é,

em última análise, estabelecer as divisões".

Como estruturar uma dissertação?

128Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade IV

No livro "Como Ordenar as Idéias", Edivaldo M. Boaventura resume

muito bem aquilo que o bom-senso diz a respeito de todo o texto escrito: "A

arte de bem exprimir o pensamento consiste em saber ordenar as idéias. E

como se ordenam as idéias? Fazendo a previsão do que se vai expor". É

preciso pensar nas partes do seu texto.

Como você resumiria essas "partes" da argumentação?A argumentação deve iniciar-se com a apresentação clara e definida

do tema ou do juízo que se tem em mente e irá ser comprovado. A "segunda

parte" da argumentação destina-se a oferecer as provas ou argumentos que

confirmem a tese. É comum colocarem-se os argumentos em ordem

crescente de importância. A "terceira fase" consiste em exibir contra-provas

ou contra-argumentos e refutá-los, isto é negá-los. Na "última parte", ou

síntese recapitulam-se os argumentos apresentados e conclui-se, com a

reafirmação da tese.

Pode-se dizer que a argumentação é uma demonstração?Se um limite da argumentação é a dissertação expositiva, o outro é a

demonstração. Para Tércio Sampaio Ferraz Júnior, jurista e filósofo do

direito, a demonstração fundamenta-se na idéia de evidência, que é a força

perante a qual todo pensamento do homem normal tem de ceder. Assim, no

raciocínio demonstrativo, toda prova consiste em uma redução à evidência.

Já a argumentação abrange as "técnicas discursivas que permitem provocar

ou aumentar a adesão dos espíritos às teses" que lhes são apresentadas.

Portanto, como dizem Chaïm Perelman e Lucie Olbrechts-Tyteca em seu

"Tratado da Argumentação - A Nova Retórica", não se deve confundir "os

aspectos do raciocínio relativos à verdade e os que são relativos à adesão".

O que é dissertação argumentativa?

129Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Na verdade, há dois tipos de dissertação. Podemos falar em

dissertação expositiva, em que se expressam idéias sobre determinado

assunto, sem a preocupação de convencer o leitor ou ouvinte. Já a

dissertação argumentativa implica a defesa de uma tese, com a finalidade de

convencer ou tentar convencer alguém, demonstrando, por meio da

evidência de provas consistentes, a superioridade de uma proposta sobre

outras ou a relevância dela tão-somente.

Mais especificamente, o que é argumentação?Uma argumentação é uma declaração seguida de provas. Pierre

Oléron define o ato de argumentar como: "método pelo qual uma pessoa - ou

um grupo - intenta levar um auditório a adotar uma posição através do

recurso a apresentações ou a asserções - argumentos - que visam mostrar a

validade ou fundamento daquela".

Qual a diferença entre argumentação e dissertação?Nenhuma. A argumentação é uma dissertação com uma

especificidade, a da persuasão. Dissertando apenas, podemos expor com

neutralidade idéias com as quais não concordamos. Por exemplo, um

professor de filosofia que não concorde com as idéias de Karl Marx pode

expô-las com isenção, dissertando sobre elas. Mas se for um marxista

convicto e quiser influenciar seus discípulos, tentará provar-lhes, com

raciocínios coerentes e argumentos convincentes, que essas idéias são

verdadeiras e melhores: estará, então, argumentando.

O que é preciso para argumentar?Para argumentar é preciso, em primeiro lugar, saber pensar, encontrar

idéias e concatená-las. Assim, embora se trate de categorias diferentes, com

objetos próprios, a argumentação precisa ter como ponto de partida 130

Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade IV

elementos da lógica formal. A tese defendida não se impõe pela força, mas

pelo uso de "elementos racionais" - portanto toda argumentação "tem

vínculos com o raciocínio e a lógica", como disse Oléron na obra já citada.

Lógica – Argumento: Um conjunto de enunciados articulados entre si

Heidi Strecker*

Especial para Página 3 - Pedagogia & Comunicação

A noção de argumento é fundamental para a lógica. Argumento é um

conjunto de enunciados que estão relacionados uns com os outros.

Argumento é um raciocínio lógico.

Observe o seguinte argumento:

Todos os homens são mortais.Sócrates é homem.Logo, Sócrates é mortal.

Este é um argumento formado por duas premissas e uma conclusão.

Os dois primeiros enunciados são as premissas e o último enunciado

é a conclusão. Os fatos apresentados nas premissas servem de evidência

para a conclusão, isto é, são eles que sustentam a conclusão.

Para que o argumento seja válido, não basta que a conclusão seja

verdadeira. É preciso que as premissas e a conclusão estejam relacionadas

corretamente. Distinguir os raciocínios corretos dos incorretos é a principal

tarefa da lógica.

Os argumentos sempre apresentam uma ou mais premissas e uma

conclusão.

Silogismo categórico é um argumento composto por três enunciados,

sendo duas premissas e uma conclusão.

Vejamos um exemplo:

131Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Todo molusco é invertebrado. premissaO caracol é um molusco. premissaLogo, o caracol é invertebrado. conclusão

Observamos que este argumento tem a mesma forma lógica do

primeiro argumento apresentado. Ambos são silogismos categóricos. Ambos

são argumentos válidos. Todos os argumentos que apresentarem esta forma

lógica serão argumentos válidos.

Todo A é B.C é A.Logo, C é B.

ProposiçõesTanto as premissas quanto a conclusão de uma argumento são

proposições. Proposição é uma frase informativa cujo conteúdo pode ser

verdadeiro ou falso. Proposições são enunciados simples compostos de

quantificador, termo/sujeito, cópula e termo/predicado.

Vamos observar:

Levando em conta que:termo/sujeito = homem

132Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade IV

termo/predicado = mortal

Podemos representar esta proposição da seguinte maneira:

Todo S é P.

Vejamos esta outra proposição:

Todo metal é condutor de eletricidade.

Se observamos bem, vemos que esta última proposição pode ser

representada da mesma maneira:

Todo S é P.

Concluímos que a lógica não se interessa particularmente pela

hombridade de Sócrates ou pelas propriedades dos metais. Não é o

conteúdo das proposições que interessa à lógica. A lógica tem grande

interesse nos raciocínios e naquilo que torna alguns argumentos válidos e

outros inválidos.

Verdade e validadeJá sabemos que argumento é a passagem de uma ou mais premissas

a uma conclusão. Sabemos também que é preciso que a conclusão derive

das premissas. Pois bem, quando a conclusão é uma conseqüência

necessária das premissas, dizemos que o argumento é válido. Quando a

conclusão não é uma conseqüência necessária das premissas, dizemos que

o argumento é inválido.

A validade de um argumento, portanto, depende se sua estrutura,

depende da maneira como este argumento está organizado. Vejamos o

argumento abaixo:

133Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Todos os ziriguiduns são tchutchucas.Pedrinho é um ziriguidum.Logo, Pedrinho é um tchutchuca.

Este é um argumento válido. Isto quer dizer que, mesmo não sabendo

o que significa ziriguidum ou tchutchuca, sabemos com certeza que, se as

duas premissas forem verdadeiras, a conclusão também será verdadeira.

134Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade IV

Naração – técnicas de redação

Narração: o enigma

Você gosta de uma boa história? Pois saiba que o enigma, um dos tipos de

narrativa mais populares, pode ser a chava para que sua redação prenda o leitor.

Veja abaixo dicas e elementos do gênero, trechos que servem de exemplo, e saiba

quem são os maiores escritores de tramas. Aproveite para conhecer também a

fábula e a crônica, outras derivações da narrativa. Quem é o assassino? O

mordomo, diriam alguns...

O mistério de um crime a ser desvendado é um dos modelos o mais bem

sucedidos de enigma... Leia a seguir um trecho em que aparece o mais famoso

detetive de todos os tempos, Sherlock Holmes que, acompanhado do dr. Watson,

está prestes a resolver um grande mistério: o que seriam os uivos apavorantes do

cão, que assustava quem vivia no castelo de Baskerville? Quem ou o que matou os

herdeiros do Castelo, dando início a uma tradição de maldição?

O Cão dos Baskervilles[...] “Onde está ele?”, cochichou Holmes, e eu vi pela expressão de sua voz que ele, o homem de ferro, estava abalado até a alma. “Onde está ele, Watson?”“Lá, acho eu.” Apontei para a escuridão.“Não, lá!”

Novamente o grito de agonia passou pela noite silenciosa, mais alto e muito mais perto do que nunca. – E um novo som misturou-se com ele, um troar sussurrado e diminuindo como o murmúrio baixo e constante do mar.“O cão!”, exclamou Holmes. “Venha, Watson, venha! Deus nos livre de chegarmos tarde demais!”Ele havia começado a correr rapidamente pela charneca, e eu o seguia nos seus calcanhares. Mas agora, de alguma parte por entre o terreno irregular imediatamente à nossa frente, veio o último grito desesperado e depois uma pancada forte e ensurdecedora. Paramos e ficamos ouvindo. Nenhum outro som rompeu o silêncio da noite sem vento.

135Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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(Sir Arthur Conan Doyle. "O Cão dos Baskervilles". Rio de Janeiro, Francisco

Alves, 1987)

Enredo, personagens e narradorA narrativa de enigma tem como personagens o criminoso, a vítima, os

suspeitos, o detetive. Analise o trecho "o homem de ferro estava abalado até a

alma". Veja como ela indica uma característica fundamental de Sherlock Holmes:

seu jeito de ser que nunca demonstra medo ou descontrole emocional. Assim

costumam ser os detetives das histórias de suspense e enigma.

A narrativa se desenvolve a partir de um crime cometido, e o leitor

acompanha todos os procedimentos da investigação, por meio do olhar do narrador.

Uma das características da narrativa de enigma é o fato de que a história da

investigação é freqüentemente contada por um amigo do detetive, no papel de

narrador. Esse, na maioria das vezes, reconhece estar escrevendo um livro e, assim

como o leitor, desconhece o que vai acontecer, ao longo da história - o que ajuda a

criar o suspense...

A linguagemRepare como, no trecho selecionado "O Cão de Baskerville", adjetivos e

locuções adjetivas auxiliam na caracterização do ambiente sombrio.

• homem de ferro,

• grito de agonia,

• novo som,

• grito mais alto,

• grito muito mais perto,

• último grito desesperado,

• noite silenciosa,

• troar sussurrado,

• grito desesperado,

• murmúrio baixo e constante do mar,

136Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade IV

• pancada forte e ensurdecedora,

• noite sem vento.

Observe também o papel dos advérbios: rapidamente, imediatamente que

dão à cena rapidez nas ações de investigação por parte do detetive e seu ajudante.

Analise ainda a escolha de termos que ajudam a criar o suspense:

"cochichou Holmes"; "nenhum outro som rompeu o silêncio da noite". Veja que

"cochichar" indica que os dois personagens estão em uma situação em que os

mínimos gestos são importantes. No uso do verbo "romper" há a idéia de que o

silêncio pode ser prenúncio de ataque, de morte, mas nada é forte suficientemente

para "romper com o silêncio", para acabar com ele.

O mais famoso dos detetivesO detetive Sherlock Holmes é britânico, culto, um verdadeiro aristocrata,

criado por Conan Doyle (1859-1930). Holmes desvenda seus mistérios de maneira

sutil e elegante. O detetive, protagonista de aventuras interessantes, chegou a ser

tão famoso que muita gente não acredita que seja uma personagem. Seu amigo

inseparável, John Watson, é o narrador dos seus casos. Watson é inteligente, mas o

mestre o supera de longe, no uso do raciocínio dedutivo.

Agatha ChristieChamada de "a rainha do crime", Agatha Christie foi autora de cerca de 84

romances policiais, escritos ao longo de meio século. Foi a criadora do famoso

detetive Hercule Poirot e de Miss Marple, simpática velhinha inglesa, perspicaz na

observação de detalhes da conduta humana.

De modo geral, pode-se dizer que a narrativa de enigma tem um único

detetive, uma vítima e um culpado. O culpado não deve ser o detetive, nem alguém

muito óbvio para o leitor: a governanta, a camareira, o mordomo. Não há

desenvolvimento de romances ou paixões; não há aprofundamento na descrição

psicológica, apenas o suficiente para o leitor compreender a mentalidade do

criminoso e, principalmente, nada pode ser explicado pelo acaso ou pelo

sobrenatural. Tudo deve ser explicado de modo racional.

137Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Descrição

Introdução: A descrição é um texto, literário ou não, em que predominam

verbos de estado e adjetivos que caracterizam pessoas, ambientes e objetos. É

muito raro encontrarmos um texto exclusivamente descritivo. Quase sempre a

descrição vem mesclada a outras modalidades, caracterizando uma personagem,

detalhando um cenário, um ambiente ou paisagem, dentro de um romance, conto,

crônica ou novela.

Assim, a descrição pura geralmente aparece como parte de um relatório

técnico, como no caso da descrição de peças de máquinas, órgãos do corpo

humano, funcionamento de determinados aparelhos (descrição de processo).

Dessa maneira, na prática, seja literária ou técnico-científica, a descrição é

sempre um fragmento, é um parágrafo dentro de uma narração, é parte de um

relatório, de uma pesquisa, de dissertações em geral.

Mas o estudante precisa aprender a descrever; a prática escolar assim o

exige. Geralmente pede-se u texto menor que a narração ou a dissertação. Um

texto descritivo com aproximadamente 15 linhas costuma conter todos os aspectos

caracterizados que permitam ao leitor visualizar o ser ou objetivo descrito. Para

tanto, o observador deve explorar as sensações gustativas, olfativas, auditivas,

visuais, táteis e impressões subjetivas.

O que se descreve: Podemos descrever o que vemos (aquilo que

está próxima), o que imaginamos (aquilo que conhecemos mas não está

próximo no momento da descrição) ou o que nossa imaginação cria, qualquer

entidade inventada: um ser extraterreno, uma mulher que você nunca viu, uma

futurista, um aparelho inovador etc.

Como se descreve: De acordo com os objetivos de quem escreve, a

descrição pode privilegiar diferentes aspectos:

pormenorização – corresponde a uma persistência na caracterização

de detalhes;

dinamização – é a captação dos movimentos de objetivos e seres;138

Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade IV

impressão – são os filtros da subjetividade, da atividade

psicológica, interpretando os elementos observados.

A organização da descrição: No processo de composição de uma

redação descritiva, o emissor seleciona os elementos organiza para levar o

receptor a formar ou conhecer a imagem do objetivo descrito, isto é, a concebê-

lo sensorial ou perceptualmente.

A descrição é fundamentalmente espacial. Eventualmente pode aparecer um

índice temporal, porém sua função é meramente circunstancial, serve apenas

para precisar o registro descritivo.

Observe como Vinícius de Morais descreve a casa materna, priorizando o

espaço, mas situando-a num tempo subjetivo que só existe nas impressões

interiorizadas da lembrança do observador:

A casa materna

Há, desde a entrada, um sentimento de tempo na casa materna. As grades do portão têm uma velha ferrugem e trinco se oculta num lugar que só a mão filial conhece. O jardim pequeno parece mais verde e úmido que os demais, com suas plantas, tinhorões a samambaias que a mão filial, fiel a um gesto de infância, desfolha ao longo da haste.É sempre quieta a casa materna, mesmo aos domingos, quando as mãos filiais se pousam sobre a mesa farta de almoço, repetindo uma antiga imagem. Há um tradicional silêncio em suas salas e um dorido repouso em suas poltronas. O assoalho encerado, sobre o qual ainda escorrega o fantasma da cachorrinha preta, guarda as mesmas manchas e o mesmo taco solto de outras primaveras. As coisas vivem como em prece, nos mesmos lugares onde as situaram as mãos maternas quando eram moças e lisas. Rostos irmãos se olham dos porta-retratos, a se amarem e compreenderem mudamente. O piano fechado, com uma longa tira de flanela sobre as teclas, repete ainda passadas valsas, de quando as mãos maternas careciam sonhar.A casa materna é o espelho de outras, em pequenas coisas que o olhar filial admirava ao tempo que tudo era belo: o licoreiro magro, a bandeja triste, o absurdo bibelô. E tem um corredor à escuta de cujo teto à noite pende uma luz morta, com negras aberturas para quartos cheios de sombras. Na estante, junto à escada, há um tesouro da juventude com o dorso puído de tato e de tempo. Foi ali que o olhar filial primeiro viu a forma gráfica de algo que passaria a ser para ele a forma suprema de beleza: o verso.

139Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Na escada há o degrau que estala e anuncia aos ouvidos maternos a presença dos passos filiais. Pois a casa materna se divide em dois mundos: o térreo, onde se processa a vida presente, e o de cima, onde vive a memória. Embaixo há sempre coisas fabulosas na geladeira e no armário da copa: roquefort amassado, ovos frescos, mangas espadas, untuosas compotas, bolos de chocolate, biscoito de araruta – pois não há lugar mais ´propício do que a casa materna para uma boa ceia noturna . E porque é uma casa velha, há sempre uma barata que aparece e é morta com uma repugnância que vem de longe. Em cima ficaram guardados antigos, os livros que lembram a infância, o pequeno oratório em frente ao qual ninguém, a não ser a figura materna, sabe por que queima, às vezes, uma vela votiva. E a cama onde a figura paterna repousava de sua agitação diurna. Hoje, vazia.A imagem paterna persiste no interior da casa materna. Seu violão dorme encostado junto à vitrola. Seu corpo como se marca ainda na velha poltrona da sala e como se pode ouvir ainda o brando ronco de sua sesta dominical. Ausente para sempre da casa, a figura paterna parece mergulhá-la docemente na eternidade, enquanto as mãos maternas se faziam mais lentas e mãos filiais mais unidas em torno da grande mesa, onde já vibram também vozes infantis.

(Vinícius de Morais)

Elementos predominantes na descrição:

• Frases nominais (sem verbo) ou orações em que predominam verbos de

estado ou condição.

Sol já meio de esguelha, sol das três horas. A areia, um borralho de quente.

A caatinga, um mundo perdido. Tudo, tudo parado: parado e morto.(Mário Palmério)

Efetivamente a rua era aquela; e o velho palácio estava na minha frente. Era um palácio de trezentos anos, cor de barro, que me parecia muito familiar quanto ao desenho de sua alta porta, aos ornatos das colunas e ao lançamento da escada do vestíbulo.(Cecília Meireles)

•Frases enumerativas: seqüência de nomes, geralmente sem verbo.

“A cama de ferro; a colcha branca, o travesseiro com fronha de morim. O lavatório esmaltado, a bacia e o jarro. Uma mesa de pau, uma cadeira de pau, o tinteiro, papéis, uma caneta. Quadros na parede.” (Érico Veríssimo)

•Adjetivação: caracterizadores qualificando nomes.140

Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade IV

A pele da cabocla era desse moreno enxuto e parelho das chinesas. Tinha uns olhos graúdos, lustrosos e negros como os cabelos lisos, e um sorriso suave e limpo a animar-lhe o rosto oval de feições delicadas. (Érico Veríssimo)

•Figuras de linguagem: recursos expressivos, geralmente em linguagem

conotativa? A mais usadas na descrição são a metáfora, a compara;’ao, a

prosopopéia, a onomatopéia e a sinestesia.

O rio era aquele cantador de viola, em cuja alma se refletia o batuque das estrelas nuas, perdidas no vácuo milenarmente frio do espaço...Depois ele ia cantando isso de perau em perau, de cachoeira em cachoeira... (Bernardo Elis)

•Sensações: uso dos cinco sentidos, ou seja, das percepções visuais,

auditivas, gustativas, olfativas e táteis.

Os sons se sacodem, berram...Dentro dos sons movem-se cores, vivas, ardentes...Dentro dos sons e das cores, movem-se os cheiros, cheiro de negro...Dentro dos cheiros, o movimento dos tatos violentos, brutais...Tatos, sons, cores, cheiros se fundem em gostos de gengibre... (Graça Aranha)

A descrição convencional

Leia o texto abaixo e observe a técnica descritiva explorada pelo autor, para

descrever convencionalmente um canário.

A praça, o templo. Lugar de encontro. Os homens reunidos para a discussão, para o divertimento, para as rezas. Perguntas e perguntas, respostas, respostas, diálogos com Deus, passeatas, sermões, discursos, procissões, bandas de música, circos, mafuás, andores carregados, mastros e bandeiras, carrosséis, barracas, badalar de sinos, girândolas e fogos de artifício lançados para o alto, ampliando, na direção das torres, o espaço horizontal da praça. Joana, descalça, vestida de branco, os cabelos ouro esvoaçado, traz sobre o peito a imagem emoldurada de São Sebastião. Por cima dos ombros, encobrindo-lhe braços, mãos, e tão comprida que quase chega ao solo, estenderam uma toalha de crochê, com figuras de centauro. As setas grossas, no tronco do santo, parecem atravessá-lo, cravar-se firmes em Joana. Por trás, numa fila torta, cantando em altas vozes, com velas acesas, muitas mulheres. A noite de dezembro não caiu de todo, alguma luz diurna resta no ar. Posso ver que os olhos de Joana

141Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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são azuis e grandes; e que seu rosto, embora desfigurado, pois ela ainda está convalescente, difere de todos que encontrei, firme e delicado a um tempo. Adaga de cristal. (...) Meio cega, ausente das coisas, febril, as pernas mortas. (Osman Lins)

Nesta descrição, impressões líricas compõem a imagem mística de uma

mulher enferma. A linguagem moderna de Osman Lins alterna a concisão das

frases nominais com a sinuosidade das frases verbais.

As frases nominais, telegráficas, abrem o texto, formando, num único

parágrafo, uma seqüência de enumerações, onde estão justapostos elementos de

natureza diversa: o humano X o divino, o concreto X o abstrato. O segundo

parágrafo estende-se entre breves frases nominais e frases de maior complexidade:

“Por cima dos ombros, encobrindo-lhe braços, mãos, e tão comprida que quase

chega ao solo, estenderam uma toalha de crochê, com figuras de centauro.”

As impressões do autor, através da adjetivação, registram fartamente os

aspectos visuais:”os olhos de Joana são azuis e grandes.” As sensações auditivas

aparecem num flagrante: “cantando em altas vozes.”

O subjetivismo está não apenas na manifestação do autor, em 1ª pessoa,

mas também nas captações pessoais, únicas, metafóricas: “As setas grossas, no

tronco do santo, parecem atravessá-la, cavar-se firmes em Joana”; “firme e delicado

a um tempo. Adaga de cristal.”

Há, ainda, fragmentos de descrição estática (“Joana descalça, vestida de

branco (...) traz sobre o peito a imagem de São Sebastião.” E dinâmica (“ os cabelos

de ouro esvoaçando”; “cantando em altas vozes”).

Assim, o texto compõe o retrato de um cenário e das pessoas que o animam,

entre objetos, cores e movimentos liricamente caracterizados.

A descrição original

Veja como, aos olhos de um observador sensível, até uma prosaica cena

ganha impressões inesperadas.

O esmagamento das gotas142

Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade IV

Eu não sei, olhe, é terrível como chove. Chove o tempo todo, lá fora fechada e cinza, aqui contra a sacada, com gatões coalhados e duros que fazem plaf e se esmagam como bofetadas um através do outro. Agora aparece a gotinha no alto da esquadria da janela, fica tremelicando contra o céu e se esmigalha em mil brilhos apagados, vai crescendo e balouça, já vai cair, não cai ainda. Está segura com todas as unhas, não quer cair e se vê que ela se agarra com os dentes enquanto lhe cresce a barriga, já é uma gatona que se prende majestosa e de repente zup, lá vai ela, plaf, desmanchada, nada, uma viscosidade no mármore.

(Júlio Cortázar)

Júlio Cortazar transforma em testemunho descritivo a experiência de

observar a chuva e particularizá-la na gota pendente da janela. A tímida e indefinida

impressão inicial (“Eu não sei, olhe, é terrível como chove”) dá lugar a uma dinâmica

caracterização que atribui movimento e vida a uma gota de chuva, através da

concentração de imagens visuais e onomatopéias (plaf,zup), personificando sua

resistência e aniquilamento: “fica tremelicando (...), vai crescendo e balouça, (...).

Está segura com todas as unhas, não quer cair (...) ela se agarra com os dentes

enquanto lhe cresce a barriga”; “se prende majestosa”.

As experiências sensoriais na descrição

A descrição está intimamente ligada à experiência das sensações físicas e

das percepções subjetivas. O leitor capta impressões sensoriais e psicológicas

transmitindo-as através de recursos expressivos de linguagem. Assim, a descrição

traduz com palavras a especialidade de uma imagem bem como estados de

espírito, traços de personalidade e comportamento que seres e objetivos suscitam

no observador.

Sensações visuaisAs sensações visuais e/ou percepções visuais são as mais freqüentes e

estão relacionadas a cor, forma, dimensões, linhas etc. Quando especificamente

relacionadas as cores, são chamadas cromáticas.

Companheiros de classe

143Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Os companheiros de classe eram cerca de vinte; uma variedade de tipos que me divertia. O Gualtério, miúdo, redondo de costas, cabelos revoltos, mobilidade brusca e caretas de símio – palhaço dos outros, como dizia o professor; (...) o Maurílio, nervoso, insofrido, fortíssimo na tabuada: cinco vezes três, vezes dois, noves fora, vezes sete? ... lá estava Maurílio, trêmulo, sacudindo no ar o dedinho esperto... olhos fúlgidos no rosto moreno, marcado por uma pinta na testa; o negrão, de ventas acesas, lábios inquietos, fisionomia agreste de cabra, canhoto e anguloso, incapaz de ficar sentado três minutos, sempre à mesa do professor e sempre enxotado, debulhando um risinho de pouca-vergonha (...) (Raul Pompéia)

Sensações auditivasMuito comuns, as sensações e/ou percepções auditivas estão relacionadas

ao som (intensidade, altura, timbre, proveniência, direção, ausência etc).

Está sempre a rir, sempre a cantar. Canta o dia inteiro, num tom arrastado, apregoando as revistas que vende.(Graciliano Ramos)

Sensações gustativasAs sensações e/ou percepções gustativas relacionam-se ao paladar (doce,

azedo, amargo, salgado etc).

E a saliva daqueles infelizes Inchava em minha boca, de tal arteQue eu, para não cuspir por toda parte,Ia engolindo aos poucos a hemoptise. (Augusto dos Anjos)

Sensações olfativasAs sensações e/ou percepções olfativas relacionam-se a cheiro (um

perfume, o hálito, uma fragrância etc).

A avenida é o mar dos foliõesSerpentinas cortam o ar carregado de éter, rolam das sacadas...

(Marques Rebelo)

144Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade IV

Sensações táteis

As sensações e/ou percepções táteis resultam do contato da pele com os

objetos (aspereza, calor, frio etc.).

A tua mão é dura como casca de árvore, ríspida e grossa como um cacto. (Cassiano Ricardo)

Observe,a seguir, como Graça Aranha mescla, de forma original, todos os

sentidos, num texto denso de imagens:

Carnaval

Maravilha do ruído, encantamento do barulho. Zé Pereira, bumba, bumba. Falsetes, zombeteiam. Viola chora e espinoteia. Melopéia negra, melosa, feiticeira, candomblé.

Tudo é instrumento, flautas, violões, reco-recos, saxofones, pandeiros, liras, gaitas e trompetes. Instrumentos sem nome, inventados no delírio da improvisação, do ímpeto musical. Tudo é canto. Os sons se sacodem, berram. Lutam, arrebentam no ar sonoro dos ventos, vaias, klaxons, aços estrepitosos. Dentro dos sons movem-se cores, vivas, ardentes, pulando, dançando, desfilando sob o verde das árvores, em face do azul da baía no mundo dourado.Dentro dos sons e das cores, movem-se os cheiros, cheiro de negro, cheiro de mulato, cheiro branco, cheiro de todos os matizes, de todas as excitações e de todas as náuseas. Dentro dos cheiros, o movimento dos tatos violentos, sons, brutais, suaves, lúbricos,meigos, alucinantes. Tatos, sons, cores, cheiros se fundem em gostos de gengibre, de mendublim, de castanhas, de bananas, de laranjas, de bocas e de mucosas. Libertação dos sentidos envolventes das massas frenéticas, que mexericam, de Madureira à Gávea na unidade do prazer desencadeado. (Graça Aranha)

Numa fusão dos cinco sentidos, o autor percorre um canário carnavalesco,

registrando as sensações que produzem sons, cores, cheiro, tatos e gostos. Frases

nominais e enumerativas caracterizam um espaço vibrante e dinâmico (“maxixam,

gritam,tresandam”), além do impressionismo provocado pelas combinações

sinestésicas em “viola chora e espinoteia”, “os sons se sacodem”, “cheiro de todos

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os matizes”, “tatos alucinantes” e “gostos de gengibre”. A técnica de enumeração e

repetição vocabular utilizada pelo autor reproduz a intensidade das sensações e a

dinâmica do contexto carnavalesco.

Observe agora, num texto em versos, o aproveitamento das sensações:

Natureza morta

Na sala ao sol seco do meio-dia sobre a ingenuidade da faiança portuguesa os frutos cheiram violentamente e a toalha é fria e alva na mesa.

Há um gosto áspero de ananases e um brilho fosco de uvaias flácidas e um aroma adstringente de cajus, de pálidas carambolas de âmbar desbotado e um estalo oco de jabuticabas de polpa esticada e um fogo bravo de tangerinas.

E sobre esse jogo de cores, gostos e perfumes a sala toma a transparência abafada de uma redoma. (Guilherme Almeida)

Aguçando os cinco sentidos, o poeta intensifica a composição do cenário,

através do olfato (“os frutos cheiram violentamente”), do tato (“a toalha é fria”), da

visão (“um brilho fosco”), do paladar (“um gosto áspero”) e da audição (“um estalo

oco”). Nessas sinestesias estão os cruzamentos inesperados e subjetivos das

sensações que empolgam o observador.

Sensações espaciais

Além das sensações físicas percebidas pelos cinco sentidos, existem as

experiências pessoais de espaço (perspectiva, ângulo, dimensão, direção), como

por exemplo altura, largura, profundidade. Há ainda as experiências relacionadas a

medidas, como peso, volume, força, densidade, pressão.

Antônio Vítor veio andando em grandes passadas e mesmo antes de atingir o pequeno terreiro onde, em frente à casa ciscavam galinhas(...)

146Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade IV

Parou ao lado da porta da casa de barro batido, mais alta do lado direito que o do esquerdo, uma construção apressada e baixa, aumentada depois para o fundo, e olhou o céu, a alegria estampada no rosto caboclo.

(Jorge Amado)

Sensações subjetivasFaz também parte da descrição a sensibilidade “interna” do universo do

observador (sensações inerentes ao ser humano): alegria, tristeza, amor, ira,

náusea, fome, fadiga, vontade, nostalgia, enfim, estados emocionais.

A força de meu pai encontraria resistência e gastar-se-ia em palavras. Débil e ignorante, incapaz de conversa ou defesa (...).

O coração bate-me forte, desanima, como se fosse parar, a voz emperra, a vista escurece, uma cólera doida agita coisas adormecidas cá dentro. A horrível sensação que me furam tímpanos com pontas de ferro. (...) Sozinho, vi-o de novo cruel e forte, separando, espumando. E ali permaneci, miúdo e insignificante, tão insignificante e miúdo como as aranhas que trabalham na telha negra.

(Graciliano Ramos)

EXERCÍCIO

Elabore uma dissertação sobre o seguinte assunto:

“Dominar a norma culta de um idioma é plataforma mínima de sucesso para profissionais de todas as áreas. Engenheiros, médicos, economistas, contabilistas e administradores que falam e escrevem certo, com lógica e riqueza vocabular, têm mais chance de chegar ao topo do que profissionais tão qualificados quanto eles mas sem o mesmo domínio da palavra.”

Revista Veja, 12 de setembro de 2007.

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UNIDADERetextualização

AmbigüidadeClichêO uso do ondeEu ou mimPor que, por quê, porque, porquêPronome – mesmoPronomes relativos - que, quem, cujo, onde, como, quandoVícios de linguagemFiguras de linguagemVírgula - quando usar, ou nãoFiguras de sintaxe ou de construçãoO verbo fazer

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Unidade IV

Ambiguidade

Evite-a para fazer uma boa redaçãoA ambigüidade é um dos problemas que podem ser evitados na redação. Ela

surge quando algo que está sendo dito admite mais de um sentido, comprometendo

a compreensão do conteúdo. Isso pode suscitar dúvidas no leitor e levá-lo a

conclusões equivocadas na interpretação do texto.

A inadequação ou a má colocação de elementos como pronomes, adjuntos

adverbiais, expressões e até mesmo enunciados inteiros podem acarretar em duplo

sentido, comprometendo a clareza do texto. Observe os exemplos que seguem:

"O professor falou com o aluno parado na sala"

Neste caso, a ambigüidade decorre da má construção sintática deste

enunciado. Quem estava parado na sala? O aluno ou o professor? A solução é,

mais uma vez, colocar "parado na sala" logo ao lado do termo a que se refere:

"Parado na sala, o professor falou com o aluno"; ou "O professor falou com o aluno,

que estava parado na sala".

"A polícia cercou o ladrão do banco na rua Santos."

O banco ficava na rua Santos, ou a polícia cercou o ladrão nessa rua? A

ambigüidade resulta da má colocação do adjunto adverbial. Para evitar isso,

coloque "na rua Santos" mais perto do núcleo de sentido a que se refere: Na rua

Santos, a polícia cercou o ladrão; ou A polícia cercou o ladrão do banco que

localiza-se na rua Santos"

"Pessoas que consomem bebidas alcoólicas com freqüência apresentam sintomas de irritabilidade e depressão."

Mais uma vez a duplicidade de sentido é provocada pela má colocação do

adjunto adverbial. Assim, pode-se entender que "As pessoas que, com freqüência,

consomem bebidas alcoólicas apresentam sintomas de irritabilidade e depressão"

ou que "As pessoas que consomem bebidas alcoólicas apresentam, com

freqüência, sintomas de irritabilidade e depressão".

149Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Uma das estratégias para evitar esses problemas é revisar os textos. Uma

redação de boa qualidade depende muito do domínio dos mecanismos de

construção da textualidade e da capacidade de se colocar na posição do leitor.

Ambigüidade como recurso estilístico

Em certos casos, a ambigüidade pode se transformar num importante

recurso estilístico na construção do sentido do texto. O apelo a esse recurso pode

ser fundamental para provocar o efeito polissêmico do texto. Os textos literários, de

maneira geral (como romances, poemas ou crônicas), são textos com predomínio

da linguagem conotativa (figurada). Nesse caso, o caráter metafórico pode derivar

do emprego deliberado da ambigüidade.

Podemos verificar a presença da ambigüidade como recurso literário

analisando a letra da canção "Jack Soul Brasileiro", do compositor Lenine.

Já que sou brasileiroE que o som do pandeiro é certeiro e tem direção Já que subi nesse ringueE o país do suingue é o país da contradiçãoEu canto pro rei da levadaNa lei da embolada, na língua da percussãoA dança, a muganga, o dengoA ginga do mamulengoO charme dessa nação(...)

Podemos observar que o primeiro verso ("Já que sou brasileiro") permite até

três interpretações diferentes. A primeira delas corresponde ao sentido literal do

texto, em que o poeta afirma-se como brasileiro de fato. A segunda interpretação

permite pensar em uma referência ao cantor e compositor Jackson do Pandeiro - o

"Zé Jack" -, um dos maiores ritmistas de todos os tempos, considerado um ícone da

história da música popular brasileira, de quem Lenine se diz seguidor. A terceira

leitura para esse verso seria a referência à "soul music" norte-americana, que teve

grande influência na música brasileira a partir da década de 1960.

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Unidade IV

O recurso à ambigüidade no texto publicitário

Na publicidade, é possível observar o "uso e o abuso" da linguagem

plurissignificante, por meio dos trocadilhos e jogos de palavras. Esse procedimento

visa chamar a atenção do interlocutor para a mensagem. Para entender melhor,

vamos analisar a seguir um anúncio publicitário, veiculado por várias revistas

importantes.

Sempre presenteFerracini Calçados

O slogan "Sempre presente" pode apresentar, de início, duas leituras

possíveis: o calçado Ferracini é sempre uma boa opção para presentear alguém;

ou, ainda, o calçado Ferracini está sempre presente em qualquer ocasião, já que,

supõe-se, pode ser usado no dia-a-dia ou em uma ocasião especial.

Se você não se julga ainda preparado para uma utilização estilística da

ambigüidade, prefira uma linguagem mais objetiva. Procure empregar vocábulos ou

expressões que sejam mais adequadas às finalidades do seu texto.

151Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Clichê

Lugar comum prejudica redaçãoEntre os vícios de linguagem mais recorrentes, e que por esse motivo

merecem atenção redobrada no processo de elaboração do texto, está o emprego

de clichês, também conhecidos como "chavões" ou "lugares-comuns".

São termos ou expressões que, pela utilização excessiva e muitas vezes

abusivas, apresentam-se bastante desgastados e com significado sedimentado pela

repetição de idéias generalizantes ou estereotipadas.

Podemos apontar, como exemplo mais imediato, os provérbios ou ditos

populares que. São frases cunhadas na experiência que se tornaram emblema.

Podem ser aplicadas às mais variadas situações do cotidiano de determinado grupo

sócio-cultural, como "Quem vê cara não vê coração", "De cavalo dado não se olham

os dentes", "Quanto maior a nau maior a tormenta" etc.

Evite estas expressões

Não se encontram expressões tão "batidas e repisadas" pelo emprego

repetitivo somente na linguagem coloquial ou popular.

Se analisarmos com cuidado algumas citações de pensadores famosos,

freqüentemente utilizadas em diferentes tipos de textos, até naqueles considerados

mais rebuscados, é possível verificar que muitas deixaram há tempos de ser

"originais", servindo apenas de recurso para "florear" ou "preencher" o texto ou

mesmo para demonstrar falsa erudição.

Temos, como exemplos, "Há mais mistérios entre o céu e a terra do que

supõe nossa vã filosofia" (Shakespeare, em sua obra Hamlet), "Só sei que nada sei"

(Sócrates), "Tudo vale a pena quando a alma não é pequena" (Fernando Pessoa),

entre outras.

152Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade IV

Certifique-se da autoria

Se você quiser mesmo fazer uma citação dessas, um cuidado: não erre a

autoria. É gafe imperdoável escrever, como fez um estudante pré-vestibular, "'O

homem é o lobo do homem', como dizia Maquiavel". Quem disse a frase, na

verdade, foi o também filósofo Thomas Hobes

Além desse descuido, a citação encontrava-se fora de contexto, já que não

era possível identificar claramente a relação estabelecida pelo autor entre a

expressão citada e a temática do texto.

Conseqüentemente, em vez de erudição, o aluno acabou demonstrando falta

de conhecimento sobre o tema; e "o tiro saiu pela culatra".

Clichês modernos

Outras expressões, apesar de nem tão antigas, já apareceram - e continuam

aparecendo - de forma tão recorrente, sobretudo na mídia, que acabaram se

tornando clichês.

Assim, se voltarmos a atenção para alguns artigos de jornais e revistas ou

notícias veiculadas pelos telejornais, não será muito difícil encontrar frases

"formulares" do tipo:

"Chega ao fim a novela da negociação de Ronaldo para o Milan da Itália."

"Uma das mulheres mais belas de todos os tempos." "O sonho do hexa virou pesadelo." "Desde os primórdios a cobiça (...)" "O país é uma das maiores economias do mundo." "O racismo é uma chaga social (...)" "Fechar com chave de ouro" "O homem foi encontrado em petição de miséria" "Ressurge o fantasma do autoritarismo (...)" "Agora é preciso colocar a casa em ordem" "Voltar à estaca zero" "Amarga decepção" "Calorosa recepção" "Crítica construtiva" "Deixamos para trás os tempos de inflação galopante" "Foi desbaratada a quadrilha (...)" "Será preciso correr atrás do prejuízo (...)"

153Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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"A atleta já está de passaporte carimbado para as Olimpíadas."

"Guga encerrou o torneio em grande estilo." "Esta é mais uma obra faraônica"

Emprego inadequado ou abusivo

O emprego inadequado ou abusivo de tais expressões pode, portanto,

comprometer tanto a construção de sentido do texto quanto a imagem do autor, uma

vez que se revelam a ausência de originalidade e de domínio do repertório

lingüístico próprio ao tratamento do tema e, ainda, certa limitação no que se refere

ao conhecimento de mundo do escritor.

É evidente que essas expressões, quando utilizadas de forma original e

contextualizada, podem ser muito úteis no processo de elaboração do texto, mas

para isso é necessário tornar-se um escritor proficiente, capaz de manipular de

maneira eficiente sutilezas semântico-estilísticas, como a ironia e a metáfora.

Para atingir esse grau de competência, no entanto, as habilidades

lingüísticas devem ser desenvolvidas por meio da leitura e da interpretação de

textos cada vez mais complexos, dos mais variados gêneros discursivos, e com

uma prática contínua de atividades tanto orais quanto escritas. E exige do estudante

dedicação e disciplina.

154Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade IV

O uso do onde

"Se essas são as únicas modalidades onde seu filho é campeão..." "Se essas são as únicas modalidades onde seu filho é campeão..."

Essa frase ouvi em uma propaganda de televisão, veiculada há alguns anos.

Qual a sua inadequação gramatical?

O problema da frase reside no uso do pronome "onde", que serve apenas

como indicativo de "lugar". Por exemplo:

• "A casa onde moro é aprazibilíssima"; • "A fazenda onde estive pertence a seu amigo".

As frases que não apresentarem indicação de lugar, deverão ter o pronome

"onde" substituído por "em que" ou "no qual", "na qual", "nos quais", "nas quais",

dependendo do gênero (masculino ou feminino) e do número (singular ou plural) do

elemento imediatamente anterior.

Na frase apresentada não há a indicação de lugar, por isso não se pode

utilizar o pronome "onde". Em seu lugar deve-se usar "em que" ou "nas quais", já

que o elemento imediatamente anterior é feminino, plural. A frase, então, deveria ser

assim estruturada:

Se essas são as únicas modalidades em que (ou "nas quais") seu filho é

campeão...

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Eu ou mim

“Custou para mim ou para eu acreditar?”“ Custou para eu acreditar nela.”

Apesar de o Word corrigir a frase "Custou para mim acreditar nela" para

"Custou para eu acreditar nela", o uso de mim está adequado ao padrão culto da

língua. O pronome eu exerce a função sintática de sujeito. Para se descobrir qual o

sujeito de um verbo, basta ao aluno perguntar a ele: "Que(m) é que .......?" Por

exemplo:

• Eu fiz o trabalho ontem.

Pergunta: Quem é que fez o trabalho ontem?

Resposta: eu = sujeito do verbo fazer.

Façamos o mesmo exemplo com a frase apresentada:

• Basta para mim ter Teté ao meu lado.

Há dois verbos: bastar e ter. Analisemos o verbo bastar:

Pergunta: Que é que basta?

Resposta: ter Teté ao meu lado = sujeito do verbo bastar.

Observe que o sujeito do verbo bastar é uma oração, pois onde houver verbo

haverá uma oração. O sujeito representado por uma oração se chama oração

subordinada substantiva subjetiva (OSSS).

Num período, há a chamada ordem direta, que é a colocação do sujeito no

início da oração, com o verbo logo após ele. Se a frase apresentada for escrita em

ordem direta, ou seja, se a oração subordinada substantiva subjetiva iniciar o

período, haverá a seguinte frase: "Ter Teté ao meu lado basta para mim". Percebeu

como o adequado é usar mim mesmo?

• Para mim basta ter Teté ao meu lado.

156Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade IV

• Ter Teté ao meu lado basta para mim.

• Para mim, ter Teté ao meu lado basta. [a vírgula é optativa]

• Basta para mim ter Teté ao meu lado.

Sempre que houver bastar, custar, faltar ou restar e, no mesmo período,

houver outro verbo no infinitivo, este não poderá ser flexionado, ou seja, sempre

ficará invariável. Veja alguns exemplos:

• Basta para os alunos estudar todos os dias.

• Basta para eles estudar todos os dias.

• Basta para nós estudar todos os dias.

Isso ocorre porque os alunos, eles e nós não exercem a função de sujeito de

estudar, e sim a de complemento do verbo bastar (objeto indireto).

A frase apresentada, portanto, deve ser assim corrigida:

Custou para mim acreditar nela.

157Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Por que, porque, por quê ou porquê?O uso correto segundo a gramática

• Por que (separado, sem acento) Utiliza-se nas interrogativas, sejam diretas ou

indiretas. É um advérbio interrogativo. Exemplos:

Por que ele foi embora? (interrogativa direta)Queremos saber por que ele foi embora. (interrogativa indireta)

Dica: Coloque a palavra "motivo" ou "razão" depois de "por que". Se der

certo, escreva separado, sem acento.

Queremos saber por que motivo ele foi embora.

Por que pode também equivaler a pelo qual, pela qual pelos quais, pelas

quais, sendo o que, nesse caso, um pronome relativo. Exemplo:

Aquele é o quadro por que ela se apaixonou.

Dica: Substitua por que por "pelo qual, pelos quais, pela qual ou pelas

quais":

Aquele é o quadro pelo qual ela se apaixonou.

• Porque (junto, sem acento) Estabelece uma causa. É uma conjunção

subordinativa causal, ou coordenativa explicativa. Exemplos:

Ele foi embora porque cansou daqui.Não vá porque você é útil aqui.

Dica: Substitua porque por "pois".Ele foi embora pois se cansou daqui.

Também utiliza-se porque com o sentido de "para que", introduzindo uma

finalidade:

Ele mentiu porque o deixassem sossegado.

158Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade IV

• Por quê (separado, com acento) Em final de frase ou quando a expressão

estiver isolada, usa-se por quê. Exemplos:

Ele foi embora por quê?Você é a favor ou contra? Por quê?

• Porquê (junto, com acento) Equivalendo a causa, motivo, razão, porquê é um

substantivo. Neste caso ele é precedido pelo artigo o. Exemplo:

Não quero saber o porquê de sua recusa.

Dica: Substitua "porquê" por "motivo".

Não quero saber o motivo de sua recusa.

159Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Pronome - mesmo

Você sabe utilizar o pronome?

A célebre plaquinha e o erro crasso que geraram comunidades no Orkut.

"Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado no andar".

A frase, colada ao lado da porta de elevadores em cada andar dos edifícios,

traz o pronome "mesmo" empregado de maneira incorreta e virou motivo de piada

na Internet.

Quem lê a frase percebe que ela é um pouco "estranha": quem é "o mesmo",

que poderia estar parado no andar? Mas o que muita gente não sabe é que o

motivo dessa estranheza é o emprego inadequado da palavra.

A placa que encontramos na porta dos elevadores é conseqüência de uma

lei municipal aprovada pela Câmara de Vereadores da cidade de São Paulo. A

norma obriga todos os edifícios da cidade a terem a tal placa na porta dos

elevadores. E a lei estendeu-se por todo o país, difundindo o erro de gramática em

edifícios de todo o Brasil.

O motivo do erro é simples. Diz a gramática que não se deve usar a palavra

"mesmo" como pronome pessoal. A frase colocada nas placas dos elevadores

160Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade IV

deveria ser corrigida, e a palavra "mesmo" substituída por "ele": "verifique se ele se

encontra..."

Esse erro ocorre porque, para evitar a repetição, muita gente utiliza "o

mesmo", "a mesma", já que os pronomes "ele" e "ela" devem ser usados com

cuidado. Na frase:

"Conversamos com o juiz e o mesmo afirmou que...", Tem-se a impressão de que não existe erro, uma vez que, para muitos, esse

é um exemplo que segue rigorosamente a norma culta. No entanto, frases como

essa são deselegantes. O melhor é substituir a palavra "mesmo" por um pronome

pessoal "e ele afirmou que..." ou por um pronome relativo "o qual afirmou que...".

Outro exemplo corriqueiro:

"Favor desconsiderar o nome do aluno José do 8° ano, pois o mesmo acabou de entregar a carta de advertência assinada pelo responsável".

A forma correta é bastante simples, basta substituir "o mesmo" pelo pronome

pessoal adequado: "ele" (...pois ele acabou de entregar a carta...).

Mesmo como pronome demonstrativo. Na verdade, o pronome

"mesmo" é demonstrativo. Sua função é retomar uma oração ou

reforçar um termo de natureza substantiva. Dessa forma, tem-se:

"Ele é uma pessoa extremamente caridosa e espera que eu faça o mesmo".

Na frase, o verbo vicário (fazer) e o pronome demonstrativo "mesmo" (que equivale

a isso), juntos, evitam a repetição do conteúdo da oração anterior. Temos, portanto,

um exemplo correto do emprego da palavra "mesmo".

Já não é o caso do seguinte exemplo: "Aos repórteres, o bandeirinha que

anulou o gol afirmou conhecer as novas regras e o significado das mesmas". O

emprego incorreto deve ser corrigido para "Aos repórteres, o bandeirinha que

anulou o gol afirmou conhecer as novas regras e o significado delas".

Sem medo do 'mesmo' Para usar corretamente a palavra "mesmo",

observe as seguintes regras:

161Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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A palavra "mesmo" pode ser usada com valor reforçativo: "Ele

mesmo recebeu os convidados". "Ela mesma recebeu os

convidados".

A palavra "mesmo" como adjetivo, com sentido de adequado,

conveniente, exato, idêntico etc: "Seu projeto é mais bom que

ruim. Forma correta de se usar o adjetivo, pois se comparam

qualidades de um mesmo ser".

"A leitura é ela mesma infinita".

A palavra "mesmo" e o período composto por subordinação (as

formas reduzidas são mais enfáticas): "Mesmo ferido no braço,

o assaltante voltou para a sala de projeção e assistiu ao fim do

filme". Por ser um texto jornalístico, optou-se pela forma

reduzida da oração subordinada adverbial. "Mesmo que",

"ainda que" e "embora" são conjunções adverbiais concessivas

que exprimem um fato contrário ao da oração principal.

A palavra "mesmo" usada como advérbio. Nesse caso, a

palavra "mesmo" possui sentido de "até", "ainda" etc: "Ele

recebeu os primeiros socorros próximo à praia, mas como seu

estado de saúde era bom, foi liberado ontem mesmo". "De

acordo com as empresas especializadas, ainda são muito

poucas, mesmo nas grandes capitais, as instituições que

adotam circuito fechado de tevê (CFTV) com sistema digital,

que, assim, promete ser a grande vedete da segurança nas

escolas nos próximos anos".

Expressões como "dar na mesma"; "na mesma" ou "dar no

mesmo". Essas expressões são corretas e indicam o sentido de

"no mesmo estado", "na mesma situação": "A sua situação

162Fundamentos de Gramática de Língua Portuguesa

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Unidade IV

continua na mesma". "Com rendimentos tão baixos, deixar o

dinheiro na conta corrente ou na poupança dá no mesmo".

163Fundamentos de Gramática da Língua Portuguesa

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Pronomes relativos: que, quem, qual, cujo, onde, como, quando

Os pronomes relativos têm por função básica unir orações diferentes

fazendo com que as idéias nelas expressas complementem-se, evitando assim

repetições desnecessárias. Exemplos:

1) Eu vi um homem. O homem era jovem.O homem que eu vi era jovem.

Neste exemplo, o pronome relativo que funciona como objeto direto.

O pronome que pode ainda funcionar como sujeito:

2) Eu estou vendo um filme. O filme é muito interessante.Eu estou vendo um filme que é muito interessante.

Ou ainda como complemento antecedido pelas preposições a, de, em, com,

por, para:

3) A peça estréia hoje. Eu te falei da peça.A peça de que te falei estréia hoje.

O pronome relativo quem também é antecedido por preposições:

4) A funcionária é muito gentil. Pedi à funcionária informações sobre o hotel.A funcionária a quem pedi informações sobre o hotel é muito gentil.

Os pronomes o(a) qual, os(as) quais concordam em gênero e número com o

substantivo que substituem e são introduzidos por preposições.

5) Ela estudou para o exame. O exame parece bastante difícil.O exame para o qual ela estudou parece bastante difícil.

Os pronomes cujo(s) , cuja(s) também concordam em gênero e número com

o substantivo que substituem, podem ser precedidos por preposição e indicam

relações de posse.

6) O edifício fica logo ali. As paredes do edifício foram pichadas. O edifício cujas paredes foram pichadas fica logo ali.

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Unidade IV

Onde funciona como adjunto adverbial de lugar e pode ser antecedido por

preposição. Quando combinado com a preposição "a" forma aonde, e indica uma

destinação; quando combinado com a preposição "de" forma de onde (ou donde), e

indica uma origem.

7) Ele vem de uma cidade. A cidade fica no norte do país.A cidade de onde ele vem fica no norte do país.

8) Este cinema é mantido pela fundação cultural. Nós vamos a este cinema.Este cinema aonde vamos é mantido pela fundação cultural.

9) Este espaço pertence ao clube Porto Belo. Muitas atividades de lazer e esportes realizam-se neste espaço.Este espaço, onde se realizam muitas atividades de lazer e esportes, pertence ao clube Porto Belo.

Quando funciona como adjunto adverbial de tempo.

10) Sábado fez sol. Fomos ao litoral no sábado.Sábado, quando fomos ao litoral, fez sol.

Como funciona como adjunto adverbial de modo, de maneira.

11) O modo como a reunião foi conduzida deixou todos os participantes tranqüilos.

Na linguagem oral, tende-se a utilizar o pronome relativo que de forma mais

ampla. Neste contexto, as substituições por outros pronomes acabam muitas vezes

não acontecendo.

É importante salientar que este uso não é propriamente "errado", mas

inadequado para situações em que a linguagem formal (ou padrão) estiver sendo

exigida.

Retomando alguns dos exemplos mencionados, poderemos entender, numa

linguagem informal, construções do tipo:

A peça que te falei estréia hoje.

O edifício que as paredes foram pichadas fica logo ali.165

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O modo que a reunião foi conduzida deixou todos os participantes

tranqüilos.

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Unidade IV

Vícios de linguagem

Os erros de português mais comuns

Vícios de linguagem é o nome que se dá ao modo de falar ou escrever que

não está de acordo com a norma culta. O "erro" torna-se "vício" quando se torna

comum ou freqüente na expressão de uma ou mais pessoas.

A tabela a seguir resume os principais casos.

Vícios de Linguagem

Barbarismo Todo erro que se relaciona à forma da palavra.

cacoépia: seja, em vez de seja.cacografia: rúbrica, em vez de rubrica.estrangeirismo: exame antidoping.

Arcaísmo Emprego de palavras que caíram desuso. Mui fremosa senhorita.

Anfibologia ou ambigüidade

A mensagem apresenta mais de um sentido devido à má disposição das palavras na frase.

O garoto viu o roubo do carro. (O garoto estava no carro e viu o roubo ou viu o carro ser roubado?)

CacófatoPalavra inconveniente, ridícula ou obscena resultante da união das sílabas de palavras vizinhas.

A boca dela era horrível.

Solecismo Erro de sintaxe.

Concordância: Fazem muitos anos. (Nesse caso fazer é impessoal.)Regência: Esse é a música que ele mais gosta. (Essa é a música de que ele mais gosta.)Colocação: Me faça um favor... (Faça-me um favor...)

Pleonasmo Repetição de palavras inúteis, pois nada acrescentam ao que já foi dito.

Subiu para cima. Entrou para dentro.

Eco É a rima em prosa, sem intenção estilística.

Infelizmente, essa idéia me veio à mente somente de repente.

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Figuras de linguagem

Figuras de linguagem são formas de expressar o pensamento ou o

sentimento de modo vivo, enérgico, vibrante, capaz de impressionar o ouvinte ou

leitor e escapar ao uso corriqueiro que se faz das palavras e da língua. Podem ser

classificadas em figuras de palavras, figuras de construção e figuras de

pensamento.

Entre as figuras de palavras, distinguem-se dois principais grupos: o das

metonímias e o das metáforas.

Metonímia: A palavra assume outro sentido que não o literal ou

denotativo, por meio de uma associação de sentidos tem como base

a contigüidade (e não a similaridade) entre os elementos. Ou seja, é

uma analogia por sentidos próximos, relativos. Veja os exemplos:

“ Adoro ler Shakespeare.”

O famoso poeta inglês, morto há mais de 400 anos, não pode ser lido.

Seu nome é usado na frase para representar a sua obra. Você adora é

ler os livros de Shakespeare.

“Tomamos vinte latas de cerveja!”

Ainda que os sujeitos da frase possam ter ficado bem bêbados, eles não

tomaram as latas, mas a cerveja que estava dentro delas.

A metonímia ainda tem variações:

o Sinédoque: Uma palavra que expressa um elemento menor

representa algo de expressão maior. (Obs. Há uma grande

controvérsia entre gramáticos sobre a sinédoque ser uma

variedade da metonímia ou vice-versa.)

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Unidade IV

“Ganharás o pão com o suor do teu rosto.”

Pão, no caso, vale por toda a alimentação. Suor do rosto significa

esforço, trabalho.

“ Luíza completou 15 primaveras ontem.”

Não foram só primaveras, mas também verões, invernos e

outonos, ou seja, "primavera" aí significam "anos".

o Antonomásia: É a designação de uma pessoa não pelo seu

nome, mas pela qualidade ou circunstâncias que o tornaram

famoso:

“O poeta dos escravos” expressão usada para designar Castro

Alves.”

“Cidade Maravilhosa”, é um modo de se referir ao Rio de Janeiro.

Metáfora: A mais famosa figura de linguagem, a metáfora é, assim

como a metonímia, uma figura de palavras - isto é, o efeito se dá pelo

jogo de palavras que se faz na frase. A metáfora consiste em retirar

uma palavra de seu contexto convencional (denotativo) e transportá-

la para um novo campo de significação (conotativa), por meio de uma

comparação implícita, de uma similaridade existente entre as duas:

“ Buscava o coração do Brasil.”

Ora, o Brasil não possui o órgão biológico em questão. Portanto,

coração significa aí o centro vital, a essência, o âmago do país.

“ Achamos a chave do problema.”

O problema não é nenhuma fechadura, mas para resolvê-lo (ou abri-

lo) o elemento que se diz ter achado é tão necessário quanto uma

chave para abrir uma porta.

A metáfora possui algumas variações:

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o Personificação: Atribuição de ações, qualidades ou sentimentos

próprios do ser humano a seres inanimados.

“ Uma noite triste.”

A noite em si é neutra no que toca a sentimentos. Somos nós

que podemos lhe atribuir emoções.

“ O furacão rugia, expressando sua fúria.”

Comparam-se aqui os sons do furacão aos rugidos de uma fera,

bem como a sua intensidade à expressão de um sentimento

humano ou animal, a fúria.

o Hipérbole: É o exagero puro e simples.

“ Era louco por seu time.”

Com isso, quer se dizer que o sujeito gostava demasiadamente,

amava seu time, a ponto de perder a razão.

“ Rios de lágrimas, derramei por você.”

Por mais que alguém chore, não formará sequer um riacho...

o Símbolo: É a metáfora que acontece quando o nome de um ser

ou coisa concreta assume um valor convencional e abstrato.

“ A cruz pode enfrentar a espada.”

Não se trata, naturalmente, de usar o crucifixo como arma...

Quer-se dizer, por exemplo, que a religião cristã, simbolizada

pela cruz, pode enfrentar a violência, simbolizada pela espada.

"E acreditam nas flores vencendo o canhão."

O verso de Geraldo Vandré tem sentido semelhante: as flores

simbolizam a paz; o canhão, a guerra.170

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Unidade IV

o Sinestesia: É a figura em que se fundam as sensações visuais

com auditivas, gustativas, olfativas, táteis. A figura dos sentidos.

“ O doce sabor da liberdade”

Enquanto abstração que é, a liberdade não tem sabor nem doce,

nem salgado.

“ Queria pintar a casa com uma cor quente.”

Ninguém se queimará ao encostar numa parede vermelha, no

entanto, por estar associada ao fogo, a cor transmite a sensação

de calor. Por isso, pode ser chamada de "cor quente".

o Catacrese: uma variedade de metáfora natural da língua, de

emprego corrente, que serve para suprir a inexistência de um

nome específico para determinada coisa.

“ Nariz do avião, pé da mesa, boca da noite, dente de alho,

embarcar no trem, etc.”

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Vírgula – Quando usar, ou não

O uso da vírgula é um dos casos que mais representa dúvida para quem

escreve. A tabela abaixo resolve os principais deles. Veja também dicas de

português dadas por professores e respostas às dúvidas de gramática mais

comuns.

Os principais casos de uso da vírgula

Vírgula proibida Exemplo

Entre sujeito e predicado ou entre predicado e sujeito

O ministro das Relações Exteriores da França está em Brasília/Está em Brasília o ministro das Relações Exteriores da França.

Entre verbo e seu(s) complemento(s)

O presidente disse aos governadores que não aceita a proposta; O ministro informou aos jornalistas que não participará da entrevista; O ministro apresentou todos os projetos de privatização aos investidores presentes.

Vírgula obrigatória Exemplo

Depois de orações adverbiais antepostas

Se não chover, haverá jogo;Quando a economia entrou em colapso,o ministro renunciou; Ao deixar o governo, o prefeito voltará a dar aulas na universidade.

Antes do que introduz oração explicativa

Nosso time, que ganhou o torneio neste ano, foi vice dessa competição em 55 e 56.

Quando há elipse do verbo Os cariocas preferem praia; os paulistas, shopping.

Para separar conjunções contíguas

Irá a São Paulo, mas, se não receber o cachê antes, não cantará; Disse que, quando for a Brasília, tentará uma audiência com o presidente.

Antes de mas (com sentido de porém), porém, contudo, entretanto, todavia, portanto, por isso etc

Jogou bem, mas perdeu; Estudou, porém foi reprovado; O acordo não será renovado, portanto os empregos serão mantidos.

Antes de e que introduza oração de sujeito diferente do da anterior, se, sem a

Fifa pune Maradona, e Pelé recebe prêmio.

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Unidade IV

vírgula, houver a possibilidade de entender o sujeito da segunda oração como complemento do verbo da primeiraPara separar adjuntos adverbiais de natureza diferente

Ontem à noite, no Pacaembu, sem sete titulares, sob chuva forte, o Corinthians derrotou o Juventude.

Vírgula optativa Exemplo

Com expressões adverbiais breves, antepostas ou intercaladas

O São Paulo enfrenta neste sábado mais um desafio (ou O São Paulo enfrenta, neste sábado, mais um desafio); O governador participará em Brasília de uma reunião com o ministro da Fazenda (ou O governador participará, em Brasília, de uma reunião com o ministro da Fazenda).

Depois de no entanto, entretanto, por isso, porém, contudo, portanto, todavia, quando essas palavras ou expressões iniciarem o período

No entanto o presidente deixou claro que não aceitará a proposta da oposição (ou No entanto,o presidente deixou claro que...).

Atenção: essa opção não existe quando essas palavras ou expressões não iniciarem o período

O presidente aceita participar da reunião, no entanto avisa que não aceitará a proposta da oposição.

Antes de orações adverbiais de alguma extensão que venham depois da principal

O prefeito deixará o partido se a Câmara aprovar a CPI sobre títulos públicos (ou O prefeito deixará o partido, se a Câmara aprovar a CPI dos títulos públicos);O jogador não disputará a próxima partida porque foi suspenso pelo Tribunal de Justiça da CBF (ou O jogador não disputará a próxima partida, porque foi suspenso pelo Tribunal de Justiça da CBF).

Fonte: Manual de Redação da Folha de S. Paulo

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Unidade IV

Figuras de sintaxe ou de construção

Cara de erro, mas são propositaisA partir dos aspectos lógicos e gerais observados na língua (norma culta), a

gramática formula princípios que regem as relações de dependência ou

interdependência das palavras na oração. Por outro lado, ensina que outros fatores

podem interferir na sintaxe ou construção das sentenças, alterando a concordância,

a regência ou a colocação.

Essas variações chamam-se figuras de sintaxe ou construção, uma

classificação das figuras de linguagem, assim como as figuras de pensamento e as

metáforas (figuras de palavras). A tabela resumo os principais exemplos:

Figuras de construção

Elipse Omissão de termos que podem ser subentendidos facilmente.

Exemplo Quanta perversidade no mundo! (Subentende-se o “há”.)

Zeugma Variedade de elipse; omissão de termo anteriormente expresso.

Exemplo O inocente foi, preso; o culpado, solto. (Subentende-se o segundo “foi”.)

Assíndeto Falta de conjunção entre elementos coordenados.

Exemplo Estava mudo, pálido, trêmulo, assustado. (Repare que poderia haver um “e” entre os dos últimos termos da frase.)

Pleonasmo Repetição de idéias (com as mesmas palavras ou não) para realçá-las ou enfatizá-las.

Exemplo Vi com meus próprios olhos. (Está claro que ninguém pode ver com os olhos alheios.)

Polissíndeto Repetição do conectivo entre elementos coordenados.

Exemplo Foi e voltou e correu e pulou e brincou. (A repetição do “e” enfatiza a quantidade de ações enunciadas.)

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Hipálage É atribuir-se a uma palavra o que pertence a outra na mesma frase.

Exemplo :“Em cada olho um grito castanho de ódio”. (Note que, pela lógica, “castanho” se refere a “olho”. A frase é do escritor Dalton Trevisan.)

Hipérbato É a inversão da ordem natural das palavras numa oração ou das orações num período.

Exemplo “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas...” (A ordem natural ou direta seria: “As margens plácidas do Ipiranga ouviram...”)

Anáfora Repetição da(s) mesma(s) palavra(s) no começo de cada um dos termos da oração.

Exemplo “Este amor que tudo nos toma, este amor que tudo nos dá, este amor que Deus nos inspira, e que um dia nos há de salvar...”

Silepse Também chamada de concordância ideológica. Faz-se a concordância com a idéia subentendida e não com a palavra expressa. Pode referir-se ao gênero, número ou pessoa.

Exemplos: Deixei a agitada São Paulo. (Silepse de gênero, a rigor São Paulo é masculino.)

Grande parte dos eleitores estavam longe de aprovar os descaminhos da CPMI. (Silepse de número: a idéia é de plural, embora, a rigor, o sujeito – “Grande parte” – esteja no singular.)

Os que conseguimos pular fora, pulamos. (Silepse de pessoa: a frase deveria ser “Os que conseguiram pular fora, pularam”, mas quem a enuncia se inclui entre os que praticaram as ações expressas pelo verbo).

EXERCÍCIO

ATIVIDADE DA UNIDADE V: A partir da leitura de jornais e revistas, encontre e comente casos de ambigüidades, presença de clichês, vícios de linguagem e inadequações quanto ao uso do pronome “onde”. Pode-se, também, registrar trechos de diálogos cotidianos

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Unidade IV

O verbo fazer

"Fazem quase três meses que entrei na faculdade"

Fazem quase três meses que entrei na faculdade.

É extremamente comum se ouvir esse tipo de frase no Brasil.

É até capaz de alguns dizerem que se deve considerá-la certa, pois grande

parte dos brasileiros já incorporou essa expressão em seu linguajar.

O meu intuito, porém, é ensinar a língua padrão, e não me resignar às

manifestações lingüísticas populares.

A gramática normativa da língua portuguesa determina que o verbo fazer, na

indicação de tempo decorrido e de fenômeno da natureza, seja impessoal, ou seja,

nesses casos, o verbo fazer não tem sujeito, por isso não tem com quem concordar,

devendo ficar, obrigatoriamente, na terceira pessoa do singular.

A frase apresentada, portanto, tem de ser corrigida para:

“Faz quase três meses que entrei na faculdade.”

Se o verbo fazer vier acompanhado de outro verbo, formando, assim, uma

locução verbal, passará a impessoalidade a este verbo (verbo auxiliar), e os dois

ficarão no singular.

Outros exemplos:

“Amanhã fará quinze anos que Zulmira faleceu.”“ Deve fazer oito meses que ela se foi.”“ Eu não o via fazia três anos”

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REFERÊNCIAS

MATTAR, João. Metodologia científica na era da informática. 3. ed., ver. e atualizada. – São Paulo: Saraiva, 2008.

ZANOTTO, Normelio. E-mail e carta comercial: estudo contrastivo de gênero textual. Rio de Janeiro, RJ: Lucerna; Caxias do Sul, RS: Educs, 2005.

THEREZO, Graciema Pires. Redação e leitura para universitários. Campinas, SP: Editora Alínea, 2007.

MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. – 6. ed. – São Paulo: Atlas, 2004.

ANDRADE, Maria Margarida de; MEDEIROS, João Bosco. Comunicação em língua portuguesa: para os cursos de jornalismo, propaganda e letras. 3. ed. – São Paulo: Atlas, 2004.

GOLD, Miriam. Redação empresarial: escrevendo com sucesso na era da globalização. – 3. ed. – São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

SCHOCAIR, Nelson Maia. Gramática do português instrumental. Niterói, RJ: Impetus

, 2006.

UOL Educação. Disponível em: <http://educação.uol.com.br>. Acesso em: 26 jul. 2008.

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