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UESC Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente CULTIVO DE TILÁPIA EM TANQUES-REDE NA BARRAGEM DO RIBEIRÃO SALOMÉA FLORESTA AZUL – BAHIA JOAQUIM MOURA COSTA SAMPAIO ILHÉUS, BAHIA 2005

CULTIVO DE TILÁPIA EM TANQUES-REDE NA BARRAGEM … · 27,55 ºC, respectivamente. A implantação do projeto de piscicultura em tanques-rede na barragem mostrou viabilidade técnica

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UESC

Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente

Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente

CULTIVO DE TILÁPIA EM TANQUES-REDE NA BARRAGEM DO RIBEIRÃO SALOMÉA

FLORESTA AZUL – BAHIA

JOAQUIM MOURA COSTA SAMPAIO

ILHÉUS, BAHIA

2005

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JOAQUIM MOURA COSTA SAMPAIO

CULTIVO DE TILÁPIA EM TANQUES-REDE NA BARRAGEM DO

RIBEIRÃO SALOMÉA FLORESTA AZUL – BAHIA

Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Sub-programa Universidade Estadual de Santa Cruz, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Sub-área de concentração: Planejamento e Gestão Ambiental no Trópico Úmido Orientador: Prof. Dr. Luís Gustavo Tavares Braga

ILHÉUS, BAHIA 2005

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I

JOAQUIM MOURA COSTA SAMPAIO

CULTIVO DE TILÁPIA EM TANQUES-REDE NA BARRAGEM DO RIBEIRÃO SALOMÉA – FLORESTA AZUL – BAHIA

Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Sub-programa Universidade Estadual de Santa Cruz, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Sub-área de concentração: Planejamento e Gestão Ambiental no Trópico Úmido Orientador: Prof. Dr. Luís Gustavo Tavares Braga

Ilhéus-BA, 15/06/2005.

Luís Gustavo Tavares Braga – DSc UESC/DCAA (Orientador)

Eliana Nogueira – DSc IESB/DF

Neylor Alves Calasans Rego – PhD UESC/ DCAA

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II

Dedico esta Dissertação a Deus, à minha

família: esposa, filha, pais, irmãos, cunhados e

sobrinhos pelo apoio e auxílio ao longo de

minha vida e pela valorização do estudo como

forma de crescimento pessoal.

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III

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer às seguintes pessoas e instituições, sem as quais não

teria sido possível a realização deste trabalho:

Aos professores, que me auxiliaram ao longo de minha vida e em especial

aos meus atuais professores que dão continuidade ao trabalho de seus

predecessores, na figura paciente e competente do meu orientador Dr. Luís Gustavo

Tavares Braga.

À Bahia Pesca, nas pessoas do Dr. Max Magalhães Stern e Dra. Maria

Silvinez Marques Dell’Orto, Diretores da Bahia Pesca (SEAGRI/BA), pela valorização

da busca de novos conhecimentos e melhoria profissional.

Ao casal de amigos Thales Rodrigues Silva Junior, Engenheiro de Pesca, e à

Dra. Maria Silvania Marques Rodrigues, pelo apoio constante durante todas as

etapas deste e de outros trabalhos.

À Associação dos Pequenos Agricultores e Piscicultores de Floresta Azul,

pela colaboração em ceder seu projeto de piscicultura e seus associados para que

fosse possível a realização desta dissertação.

À Prefeitura Municipal de Floresta Azul, Prefeito Raimundo Sálvio e Secretário

de Agricultura Alcimar Ferreira.

Aos colegas do Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio ambiente,

Turma VI, pelos momentos de grande alegria que passamos juntos.

Aos colegas de trabalho, em especial ao Dr. Marcos Rocha, da Bahia Pesca –

Salvador (SEAGRI/BA), pelo enriquecimento do conteúdo e auxílio na elaboração

desta dissertação.

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IV

Aos amigos e colegas Luciana Rosário Nascimento, Lauro Borges, Antônio

Carlos Souza e Vânia Bastos da Bahia Pesca - Ilhéus (SEAGRI/BA), pela ajuda na

aplicação do questionário social nos membros da associação.

Ao casal de professores Dr. Agenor Gaspareto e Dra. Irene Mauricio Cazorla

pela ajuda na elaboração do questionário e análise estatística desta dissertação,

respectivamente.

À professora Dra. Andréia Gomes pelos ensinamentos de economia,

aplicados nesta dissertação.

Aos amigos da CEPLAC (Comissão Executiva do Plano da Lavoura

Cacaueira), Laboratório de Água, Sr José Raimundo e Sra Isabel e Helena, pela

grande ajuda na realização das análises da água.

À EMBASA (Empresa Baiana de Águas e Saneamento), proprietária da

Barragem de Saloméa, por permitir a implantação deste projeto, mediante licença

ambiental.

À Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), pelo comprometimento de

seus professores e funcionários, que sempre estiveram solícitos para sanar minhas

dúvidas. E a todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para a conclusão

deste trabalho, minha sincera gratidão.

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V

SUMÁRIO

Resumo viii

Abstract ix

1 INTRODUÇÃO........................................................................................ 1

1.1 Objetivos.................................................................................................. 4

1.1.1 Objetivo geral.......................................................................................... 4

1.1.2 Objetivos específicos............................................................................... 4

2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................. 5

2.1 O desenvolvimento da aquicultura.......................................................... 5

2.2 Cultivo de peixes em tanque-rede........................................................... 10

2.3 A tilápia e sua importância para a piscicultura........................................ 15

2.4 A qualidade da água na aquicultura........................................................ 17

2.5 Aspectos ambientais da Barragem do Ribeirão Saloméa....................... 22

2.6 Aspectos sócio-econômicos da Barragem do Ribeirão Saloméa............ 27

3 METODOLOGIA..................................................................................... 30

3.1 Levantamento da ictiofauna da Barragem do Ribeirão Saloméa............ 30

3.2 Estudo zootécnico................................................................................... 31

3.3 Avaliação da qualidade da água............................................................. 33

3.4 Levantamento preliminar sócio-econômico dos associados................... 35

3.5 Análise estatística.................................................................................... 35

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................. 37

4.1 Composição da ictiofauna....................................................................... 37

4.2 Análise do desempenho da tilápia........................................................... 38

4.3 Viabilidade técnica e econômica............................................................. 42

4.4 Avaliação da qualidade da água............................................................. 44

4.5 Levantamento preliminar sócio-econômico dos associados................... 54

5 CONCLUSÕES....................................................................................... 58

REFERÊNCIAS....................................................................................... 59

ANEXOS................................................................................................. 67

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VI

LISTA DE TABELAS

1 Parâmetros físico-químicos da água para aquicultura............................

20

2 Localização e definição dos pontos de coleta de água...........................

34

3 Desempenho e sobrevivência da tilápia na fase de engorda e custo de produção por Kg de peixe produzido.......................................................

39

4

Matriz de correlação entre os parâmetros da água................................. 47

5

Média, desvio padrão, intervalo de confiança, e resultado do teste F para parâmetros que não mostraram diferenças significativas............... 52

6 Escolaridade dos associados do projeto de piscicultura da Barragem do Ribeirão Saloméa...............................................................................

55

7 Renda dos associados do projeto de piscicultura da Barragem do Ribeirão Saloméa....................................................................................

55

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VII

LISTA DE FIGURAS

1 Mapa do uso do solo na Bacia Hidrográfica do Ribeirão Saloméa.........

25

2 Rede hidrológica da área da microbacia do Ribeirão Saloméa..............

26

3 Biomassa acumulada da tilápia ao longo do experimento, segundo as três densidades.......................................................................................

40

4 Conversão alimentar da tilápia em função do tempo nas três densidades..............................................................................................

42

5 Dados do pH da água nos pontos de coleta...........................................

46

6 Dados sobre a precipitação pluviométrica (mm) dos municípios de Floresta Azul e Ibicaraí correspondentes às chuvas médias mensais para a Barragem do Ribeirão Saloméa entre 2004 – 2005.....................

46

7 Dados da alcalinidade total da água nos pontos de coleta.....................

48

8 Correlação do pH, cálcio e magnésio com precipitação.........................

50

9 Dados de condutividade da água nos pontos de coleta..........................

50

10 Dados de oxigênio dissolvido na água nos pontos de coleta..................

53

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VIII

CULTIVO DE TILÁPIA EM TANQUES-REDE NA BARRAGEM DO RIBEIRÃO SALOMÉA – FLORESTA AZUL – BAHIA

Autor: JOAQUIM MOURA COSTA SAMPAIO

Orientador: Prof. Dr. LUÍS GUSTAVO TAVARES BRAGA

RESUMO

Visando ao desenvolvimento sustentável da piscicultura na Barragem do Ribeirão Saloméa, Bahia, avaliou-se a dimensão do impacto ambiental provocado na qualidade da água da barragem pela implantação de um cultivo superintensivo de tilápia em tanques-rede, e o impacto sócio-econômico desta produção na comunidade. Foram efetuadas capturas de peixes na barragem e a identificação taxonômica das espécies foi feita com o auxílio de lupas e chaves. Foi realizado um experimento com três tratamentos, correspondendo a três densidades (150, 200 e 250 peixes/m3, respectivamente) de tilápia da linhagem Chitralada com peso inicial médio de 30 gramas. Os peixes foram alimentados com ração comercial com 32% de proteína bruta e as biometrias realizadas a cada 16 dias. Para a avaliação da qualidade da água efetuou-se quatro coletas em diferentes locais e profundidades da barragem durante o período de cultivo. Foram feitos entrevistas e questionários individuais com os associados envolvidos na atividade para avaliação sócio-econômica. No levantamento da ictiofauna presente na barragem detectou-se a presença de quatro espécies de peixes teleósteos: Oreochromis niloticus, Astyanax bimaculatus, Conodon sp e Hoplias malabaricus. Houve diferença significativa para a biomassa produzida por tanque-rede em função da densidade de peixes (F(2,6) = 89,92; p = 0,000), entretanto, isto não ocorreu para ganho de peso (F(2,6) = 2,216; p = 0,190) e conversão alimentar (F(2,6) = 3,338; p = 0,106). A sobrevivência variou de 89,13 a 90,19% e o custo médio por quilograma de pescado produzido para as três densidades estudadas foi de R$ 2,068. O pH médio (5,88) manteve-se ligeiramente ácido durante todo o cultivo. Os valores médios para oxigênio dissolvido e temperatura no local dos tanques-rede foram 7,55 mg/L e 27,55 ºC, respectivamente. A implantação do projeto de piscicultura em tanques-rede na barragem mostrou viabilidade técnica e econômica, não causou alteração na qualidade da água, e proporcionou melhorias econômicas para os associados. Palavras-chave: aquicultura; densidade de estocagem; impacto ambiental; Oreochromis niloticus; desenvolvimento sustentável.

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IX

TILAPIA CULTURE IN NET-CAGES AT RIBEIRÃO SALOMÉA DAM – FLORESTA AZUL – BAHIA

Author: JOAQUIM MOURA COSTA SAMPAIO

Adviser: Prof. Dr. LUÍS GUSTAVO TAVARES BRAGA

ABSTRACT

With the aim of supporting the sustainable development of pisciculture at the Ribeirão Saloméa Dam, Bahia, the extent of the environmental impact to the dam water quality caused by the implementation of an intensive culture of tilapia in net enclosures was assessed as well as the socioeconomic impact of this production in the community. Fish samples were captured in the dam and the taxonomic identification was carried out using a dissecting microscope and identification keys. We carried out an experiment with three treatments, each treatment corresponding to a different density (150, 200 and 250 fish/m3, respectively) of the Chitralada strain of tilapia at an initial weight of 30 grams. The fish were fed a commercial feed with 32% of crude protein. Biometric measurements were taken every 16 days. In order to evaluate water quality, four samples were collected in different locations and depths in the dam during the study. In order to assess socioeconomic aspects, individual interviews and questionnaires were carried out with the cooperative members associated with the activity of tilapia culture. The results of the ictiofauna survey registered four species of teleostei fishes: Oreochromis niloticus, Astyanax bimaculatus, Conodon sp. and Hoplias malabaricus. There was significant difference in the biomass produced per net enclosure in the three densities (F(2,6) = 89,92; p = 0,000); however, this was not observed for weight gain (F(2,6) = 2,216; p = 0,190) and feed conversion (F(2,6) = 3,338; p = 0,106). Survivorship ranged from 80.13% to 90.19% and the average cost per kilogram of fish produced under the three densities studied was R$ 2.068. The mean pH (5.88) remained slightly acidic throughout the study. The mean values for dissolved oxygen and temperature in the net enclosures were 7.55 mg/L and 27.55C, respectively. The implementation of a pisciculture project in net enclosures at the dam was technically and economically viable in addition to not causing changes in water quality and providing economic improvements for the cooperative members. Keywords: aquaculture; stocking density; environmental impact; Oreochromis niloticus; sustainable development.

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1 INTRODUÇÃO

O cultivo de peixes vem assumindo importância cada vez maior no panorama

do abastecimento alimentar, uma vez que a alta taxa de crescimento demográfico

condiciona um aumento populacional que poderá colocar em risco a oferta de

alimentos. A produção aquícola mundial teve um crescimento de 187,6% entre os

anos de 1990 e 2001, passando de 16,8 milhões de toneladas para 48,4 milhões.

Nesse mesmo período, as capturas pesqueiras passaram de 86,8 milhões de

toneladas para 93,6 milhões, demonstrando um aumento de apenas 7,8%, em

função de reduções significativas dos volumes capturados em alguns anos

(BORGHETTI et al., 2003).

Dentre os sistemas de cultivo, a piscicultura tradicional, em viveiros

escavados em solo natural, exige áreas com pouca declividade e livres de

inundações, o que é um fator limitante na Região Sul da Bahia, devido ao relevo

acidentado e à carência de água nos meses de verão. Aliado a isso se soma a

necessidade de um manancial com vazão em torno de 60 m³/hora por hectare para

implantação da piscicultura, no sistema intensivo (BAHIA PESCA, 2000). A criação

de peixes em tanques-rede – sistema de cultivo super intensivo com renovação

contínua de água – principalmente em locais onde não é possível a drenagem para

a despesca, é uma alternativa que vem crescendo e apresenta vantagens do ponto

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de vista técnico, ecológico, social e econômico sobre o extrativismo e a piscicultura

tradicional, já que é perfeitamente adaptada à realidade regional (KUBITZA, 2000a;

SCHIMITTOU, 1993).

Alguns reservatórios de água, inicialmente destinados ao abastecimento

humano, geração de energia elétrica e irrigação, entre outras finalidades, vêm sendo

progressivamente utilizados para instalação de projetos de piscicultura em tanques-

rede. Essa situação pode ser observada em uma barragem construída em 2000, na

microbacia hidrográfica do Ribeirão Saloméa, localizada no município de Floresta

Azul, com finalidade inicial de abastecimento de água dos municípios de Ibicaraí,

Floresta Azul, Firmino Alves e Santa Cruz da Vitória que apresentavam restrições no

fornecimento de água para a população.

Um projeto de piscicultura intitulado “Piscicultura superintensiva em tanques-

rede”, desenvolvido pela Bahia Pesca, em parceria com a Associação dos Pequenos

Agricultores e Piscicultores de Floresta Azul e a Prefeitura local, foi solicitado em

2000 e implantado em 2003. A Associação viu na aquicultura mais uma atividade

capaz de promover o desenvolvimento economicamente sustentável da região,

gerando desta forma uma alternativa de renda para a população local, além de

possibilitar a recuperação dos estoques naturais pesqueiros, já que se observa

redução destes recursos, devido ao elevado esforço de pesca na região sobre as

espécies locais, ainda pouco estudadas (BAHIA PESCA, 2000).

O conhecimento sobre a ictiofauna na Barragem do Ribeirão Saloméa é

essencial para a definição de estratégias para implantação de qualquer sistema de

produção aquícola, porém, as únicas informações obtidas foram embasadas nos

depoimentos dados por pessoas ligadas à Associação dos Pequenos Agricultores e

Piscicultores de Floresta Azul. Portanto, estudos na barragem fazem-se necessários

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para que se possa atingir três aspectos fundamentais: o desenvolvimento

econômico; a eqüidade social, econômica e ambiental e a sustentabilidade

ambiental (SCHIAVETTI; CAMARGO, 2002). Estes aspectos mostram a

interdependência entre o desenvolvimento socio-econômico em longo prazo e a

preocupação com o processo de degradação ambiental. Portanto, através da

determinação de dados zootécnicos, do estabelecimento de mecanismos adequados

para o cultivo de tilápia em tanques-rede e do monitoramento das alterações

provocadas na qualidade da água, poder-se-á maximizar o processo produtivo deste

cultivo superintensivo, possibilitando, assim, melhorias sócio-econômicas para a

comunidade local baseandas no desenvolvimento sustentável da piscicultura na

Barragem do Ribeirão Saloméa.

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1.1 Objetivos

1.1.1 Geral

Objetivou-se com este trabalho, obter índices zootécnicos sustentáveis tanto

no aspecto ambiental (qualidade da água) quanto no sócio-econômico, visando

fornecer informações que possibilitem maximizar o processo produtivo de tilápias em

tanques-rede na Barragem do Ribeirão Saloméa e minimizar o potencial impactante

da atividade.

1.1.2 Específicos

⇒ Executar o levantamento da ictiofauna local;

⇒ Avaliar o desempenho da tilápia em tanques-rede, utilizando três

densidades de estocagem;

⇒ Avaliar os parâmetros físico-químicos de qualidade da água durante o

cultivo; e

⇒ Avaliar o impacto da produção de peixes junto a Associação dos

Pequenos Agricultores e Piscicultores de Floresta Azul.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 O desenvolvimento da aquicultura

A aquicultura foi praticada durante séculos como uma arte e somente a partir

dos anos cinqüenta (século XX) é que ela passou a ter conotação de ciência. E

como ciência vem tornando a tarefa dos pesquisadores e estudiosos da área cada

vez mais difícil, já que, a cada ano, em cada país, surge uma nova modalidade de

prática aquacultural, que parece não se enquadrar em nenhuma definição conhecida

(ROSENTHAL, 1994; SILVA, 1996).

Dentre as classificações dos níveis tecnológicos adotados em aquicultura,

destacam-se: as que classificam os níveis tecnológicos de aquicultura baseados no

fluxo de água dos tanques de cultivo, variando de sistemas estáticos até de alto

fluxo; as que classificam estes níveis sob a ótica dos ecossistemas, baseados nos

três níveis (limitado, intermediário e alto) de intervenção ambiental em aquicultura; e

as classificações relacionadas aos níveis de produtividade dos sistemas de criação,

que além de considerar o fluxo de água dos tanques, os níveis de intervenção

ambiental, consideram a qualidade e a quantidade de alimento, o uso de aeração

suplementar dos tanques e a estocagem dos peixes. O sensato é que o empresário

rural interessado em aquicultura faça um estudo sobre a economicidade do sistema

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de produção (tecnologia) que deseja adotar, e averigue se esta tecnologia se

adequa à região onde ele está inserido (CYRINO; GRŸSCHEK, 1997).

De acordo com Borghetti et al. (2003), a produção aquícola mundial tem

crescido significativamente na última década (187,6%), enquanto a produção

proveniente das capturas tem registrado apenas um leve aumento (7,8%) no mesmo

período. Além disso, a aquicultura teve um crescimento anual médio cinco vezes

maior do que os apresentados pela bovinocultura, avicultura e suinocultura,

surpreendendo até as melhores projeções traçadas por especialistas. A Organização

para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO) (1996) projetou metas de

produção mundial que seriam alcançadas somente em 2010. Entretanto, estas foram

atingidas já em 1998 (FAO, 2000).

Para Silva (1996), este aumento na produção mundial está relacionado à

expansão das áreas cultivadas e à intensificação dos cultivos mediante tecnologias

modernas que demandam o emprego de insumos como água, alimentos, fertilizantes

e produtos químicos. Observa-se que qualquer discussão sobre essa atividade

deverá passar pelos três aspectos: o econômico, o social e o ecológico. No aspecto

econômico, a aquicultura, além de ser uma forma eficaz de emprego de capital, gera

alimento e desenvolve a indústria de insumos. No social, proporciona emprego e

renda. Em contrapartida, no ecológico, os resíduos orgânicos e inorgânicos, gerados

na aquicultura, lançados nos mananciais, podem contaminar o meio ambiente.

Contudo, pelo fato de requerer condições hidrobiológicas favoráveis, torna-se uma

aliada no combate à poluição e destruição dos ecossistemas aquáticos.

Segundo dados da FAO (2000), a demanda de carne de pescado vem

crescendo aceleradamente no mundo inteiro, tanto em função dos programas de

saúde que indicam alimentos de baixo teor de gorduras saturadas e com valor

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biológico elevado, quanto pela exaustão dos estoques pesqueiros (marinhos ou

continentais) explorados pela pesca extrativista. Diferentes autores (CLEMENT;

LOVELL, 1994; CYRINO; GRŸSCHEK, 1997) afirmam que a carne de pescado

apresenta maior digestibilidade por conter menos tecido conjuntivo (3%) quando

comparada ao dos mamíferos (17%), e conter 26% de proteína, todos os

aminoácidos, vitaminas do complexo B, menos de 1,5% de matéria mineral e apenas

5% de gordura.

Embora seja inegável a qualidade da carne de peixe, sua maior produção e

consumo ainda estão concentrados nos países asiáticos e nórdicos. A Ásia continua

a liderar a produção de aquicultura mundial, sendo a China, as Filipinas, a Tailândia

e a Indonésia os principais produtores (BAO-TONG, 1994). Mas, de acordo com a

FAO (2000), haverá uma expansão geográfica da aquicultura em relação às

espécies cultivadas e por causa das tecnologias utilizadas. E, segundo a própria

Organização, é pouco provável que a Ásia continue dominando a produção como

tem ocorrido nos últimos noventa anos. O crescimento econômico nos próximos 30

anos fará com que um número maior de pessoas passe a ser consumidora de

pescado.

Conforme FITZSIMMONS (2000), os países desenvolvidos, como os Estados

Unidos, incrementam cada vez mais as suas técnicas aquícolas. Avanços em

tecnologia, sistemas de cultivo superintensivo, controle de doenças, melhores taxas

de conversão alimentar e alta produtividade teoricamente criam novas oportunidades

para a indústria de pescado. Entretanto, barreiras relacionadas ao clima e à

escassez de água de qualidade limitam seriamente o crescimento da aquicultura em

qualquer país. Para satisfazer à demanda de pescado, os Estados Unidos

dependem cada vez mais das importações.

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Estudos realizados revelam que o consumo per capita de pescado nos

Estados Unidos, em 1997, foi de 6,63 kg, tendo sido o terceiro ano em queda

sucessiva do consumo devido, principalmente, à falta de provisão por parte da

indústria. Se menos pescado é colocado no mercado, menos então é consumido.

Entretanto, o consumo per capita aumentou em 1998. As importações americanas

de tilápia passaram de 13.642 toneladas em 1993, para 37.650 toneladas em 1999.

O país gastou US$ 82,83 milhões com a importação de tilápia em 1999, sendo

Taiwan, China, Equador, Costa Rica e Honduras os maiores fornecedores

(CARNEIRO et al., 1999; FITZSIMMONS, 2000).

Segundo Borghetti et al. (2003), no Brasil o ritmo de crescimento da

aquicultura tem sido maior que o verificado em escala mundial, passando de 20,5 mil

toneladas em 1990, para 210 mil toneladas em (2001), representando um aumento

de 925%. A aquicultura mundial obteve no mesmo período um crescimento de

187%. Outros fatores importantes, apresentados por Zaniboni (1997), como

extensão territorial, as riquezas hidrológicas (drenadas por solo, em sua maioria de

boa qualidade) e a grande biodiversidade tornam o Brasil um candidato em potencial

ao desenvolvimento da aquicultura mundial, apresentando a melhor condição natural

para o desenvolvimento da piscicultura interior.

Mesmo com esse quadro favorável para a aquicultura, a organização da

produção é fator preponderante para a comercialização. É necessário o

envolvimento dos setores privados e governamentais em campanhas de divulgação

do produto, além de articulações institucionais e negociações com indústrias de

insumos, órgãos de tributação estadual e municipal para diminuição dos custos

destes insumos. Só através destas ações é que os pequenos produtores terão

condições de atuar neste mercado globalizado de forma competitiva

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(CASTAGNOLLI, 1997; COELHO, 1997).

Embora o Brasil seja um dos países com maior potencial hídrico em todo o

mundo, os resultados da piscicultura brasileira são modestos, ocupando o 19o lugar

no “ranking” internacional em produção aquícola. Um grande número de espécies

nacional e exótica é aqui explorado, mas com índices de produtividade muito abaixo

das médias mundiais, principalmente em função da adoção de práticas extensivas

de produção de caráter doméstico e amador (BORGHETTI et al., 2003; LOVSHIN,

1997).

Segundo Cyrino e Grÿschek (1997) falta ao Brasil uma política de

desenvolvimento da área. O estabelecimento desta política, calcado em projetos

regionalizados de difusão de informação e transferência de tecnologia, e centrada

em programas educacionais e mercadológicos que visem aumentar o consumo per

capita de peixes, colocaria o país no grupo dos maiores produtores de pescado

cultivado do mundo em curto prazo. Recentemente, a criação de uma secretaria

Especial de Aquicultura e Pesca (SEAP), criada pelo governo federal em 2003,

sinaliza uma preocupação e interesse governamental pelas atividades de aquicultura

e pesca.

Para Schmittou (1997), embora a produção mundial da aquicultura esteja

crescendo, a produção cultivada poderia aumentar ainda mais se houvesse um

aumento na produtividade, na área cultivada, pela expansão da produção em águas

interiores ou pela costa. A piscicultura tradicional em viveiros, para se expandir,

necessita do uso de novas terras. A piscicultura em tanques-rede é uma alternativa

que vem crescendo, apresentando vantagens do ponto de vista técnico, ecológico,

social e econômico quando comparada ao extrativismo e a piscicultura tradicional.

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2.2 Cultivo de peixes em tanques-rede

Tanques-rede ou gaiolas flutuantes são estruturas de rede ou tela, fechadas

de todos os lados, que ao mesmo tempo em que confinam o peixe, permitem

continuamente a troca de água, removendo os metabólitos e fornecendo oxigênio.

Há relatos sobre o uso de tanques-rede para o cultivo de peixes desde o final do

século XIX. Entretanto, o cultivo superintensivo em tanques-rede, até há pouco

tempo, era limitado pela disponibilidade de alimento de qualidade industrializado

(COCHE, 1982; CONTE, 2002).

No Chile, os tanques-rede são a base da indústria de cultivo de peixes, onde

são instalados em zonas geográficas protegidas dos ventos, podendo, em alguns

locais, produzir até 6.000 toneladas por ciclo (CASTAGNOLLI, 1997). Segundo

Wurmann (informação verbal)1, o Brasil ainda não fez os estudos necessários para

que se possa trabalhar com grandes tanques-rede, tanto nos aspectos operacionais

quanto nos ligados ao manejo adequado para engorda de juvenis, e principalmente

nos relacionados à engenharia de construção destes tanques, no que se refere à

segurança da armação de suporte e das telas, de forma que se garanta a colheita

dos peixes em grandes reservatórios.

O cultivo de peixes e crustáceos em tanques-rede é uma das modalidades da

aquicultura que mais se expande, respondendo por cerca de 10% da produção

mundial da aquicultura. O cultivo em tanques-rede viabiliza o aproveitamento de

mananciais aquáticos (rios, lagos, lagoas e açudes) na produção intensiva de

peixes, incrementando a produção de pescado em águas interiores. Esta

1 Palestra proferida por Carlos Wurmann no World Aquaculture, em Salvador, em maio de 2003.

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modalidade de cultivo pode ser feita de acordo com as necessidades do piscicultor,

segundo as características dos corpos d’água (OSÓRIO, 1995; SCHMITTOU, 1997).

Para Kubitza (2000), o cultivo em tanques-rede apresenta vantagens, como:

menor investimento inicial para a implantação da produção quando comparado a

construção de viveiros; possibilita o aproveitamento de recursos aquáticos; permite o

cultivo de diferentes espécies em um mesmo corpo d’água; assegura maior controle

do estoque e melhor observação dos peixes do que o cultivo em viveiros; e minimiza

os custos no tratamento de doenças. Dentre as desvantagens pode-se destacar:

limitação de acesso ao alimento natural, demandando o uso de rações mais

completas e de custos mais elevados, onerando a produção; aumento de problemas

nutricionais; maior estresse, aumentando assim a ocorrência de doenças e

mortalidade dos peixes; facilidade para roubos e vandalismos; e risco de fuga dos

peixes por rompimento das redes e telas.

As especificações (formas, material etc) para se construir um tanque-rede

dependerá das características do lugar e da espécie que será cultivada. O

recomendável é que em lugares com águas pouco profundas (com menos de 2

metros de profundidade) construa-se tanques-rede fixos. Em lugares onde o vento e

a correnteza são muito fortes deve-se colocar tanques-rede submersos. Portanto,

pode-se construir tanques-rede flutuantes e fixos, de superfície ou submersos,

individuais ou modulares (BARD et al., 1974).

De acordo com a Bahia Pesca (1997), no geral, os tanques-rede podem ter

formato retangular, cúbico ou cilíndrico. O que se observa é que tanques-rede

retangulares beneficiam a passagem da corrente de água homogeneamente através

de sua superfície lateral, enquanto nos cilíndricos a corrente tende a circundar a

superfície lateral do tanque-rede ao invés de atravessá-la. Quanto à posição, os

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tanques-rede devem ser posicionados com a lateral de menor dimensão na direção

predominante da correnteza.

A renovação de água está relacionada com o tamanho e o número de

aberturas livres apresentados pelo material usado nas laterais dos tanques-rede,

assim como com a espessura do material entre as aberturas. Dentre os tipos de

materiais usados para a construção de tanques-rede, podem-se destacar os

flexíveis, como as redes de nylon, ou rígidos, como plástico perfurado, aramados de

metal e telas rígidas. O ideal é que o tanque-rede seja de um material resistente,

durável, leve, não provoque lesões nos peixes, facilite a renovação de água,

resistente à colonização por microrganismos, não corrosível e de baixo custo

(BOYDE, 1997; CONTE, 2002).

Deve-se também observar a flutuabilidade dos tanques e se as malhas estão

em perfeitas condições. Dependendo da qualidade da água, deve-se tratar as

malhas com pintura antiincrustante à base de cobre, para se evitar a colmatação,

que é o entupimento devido ao crescimento de algas e outros microrganismos. Este

tratamento pode ser aplicado em todas as malhas, especialmente nas muito

pequenas, já que são mais rapidamente colonizadas e bloqueadas por

microrganismos (BOYD, 1997; ONO; KUBITZA, 1997a).

Segundo relatos de Ono e Kubitza (1997a), o tamanho da malha também

deve ser observado. Para reter alevinos maiores que 20 g, eles aconselham o uso

de malhas de 13 mm. Alevinos menores devem ser cultivados em viveiros até

atingirem o tamanho adequado para serem estocados nas gaiolas. A utilização de

malhas menores que 13 mm induzem à colmatação, exigindo que se faça limpezas

periódicas ou a substituição das malhas, aumentando desta forma o custo com mão-

de-obra e inviabilizando a produção em grande escala.

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A produção por ciclo, no cultivo de tilápias em tanques-rede, depende

principalmente do tanque-rede utilizado. Os tanques-rede de baixo volume ou até 6

m3 podem produzir 200 a 300 kg de peixe/m3 por ciclo. Já nos tanques-rede acima

de 10 m3 a produção pode variar entre 30 a 100 kg/m3. Essa diferença se deve à

maior taxa de renovação de água em tanques-rede de baixo volume se comparados

aos de grande volume, o que permite a manutenção de uma melhor qualidade da

água no interior dos tanques-rede de baixo volume (KUBITZA, 2000).

De acordo com trabalho realizado por Sampaio et al. (1998), os alimentos

usados em cultivo de tanques-rede devem ser nutricionalmente completos e estáveis

na água, de preferência na forma extrusada, e flutuantes. É importante que o

alimento permaneça dentro do tanque-rede até ser totalmente consumido. A

quantidade de alimento a ser ministrada dependerá de alguns aspectos, tais como:

tamanho dos peixes, produtividade primária, densidade de estocagem e

características da alimentação. Recomenda-se alimentar os peixes com várias

porções ao longo do dia. Este procedimento evitará a deterioração do alimento,

mantendo, portanto, a qualidade da água; aumentará a oportunidade de consumo

dentro da população e melhorará o aproveitamento do alimento.

Outro ponto importante ressaltado por Ono e Kubitza (1997a) é a qualidade

dos alevinos. Esta qualidade está embasada no potencial genético para o cultivo em

tanques-rede, o que inclui a escolha da espécie, variedade ou grupo específico de

peixes, sanidade, tamanho relativo à sua idade, além de outras características

físicas e biológicas.

O manejo dos peixes em tanques-rede é, de modo geral, similar ao de

viveiros. Deve-se, entretanto, controlar com periodicidade os principais parâmetros

físico-químicos e biológicos dentro e fora dos tanques, objetivando identificar, o mais

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cedo, possíveis problemas e tomar as medidas necessárias para corrigi-los (BAHIA

PESCA, 1997). Contudo, existe uma variável que diferencia os cultivos em viveiro

dos em tanques-rede: a capacidade de suporte. Esta variável está diretamente

relacionada com a densidade de estocagem, que varia de acordo com o

planejamento do cultivo e da espécie produzida (YI; LIN, 2001). Sabe-se que a

biomassa de peixes cultivados em tanques-rede tenderá a ser menor do que em

viveiros, devido à pouca mobilidade dos peixes em confinamento. Esta restrição na

movimentação dos peixes os impede de buscar alimento natural e de buscarem

locais com melhor disponibilidade de oxigênio (BAHIA PESCA, 2000).

Para a Bahia Pesca (1997), embora neste cultivo haja necessidade do uso de

rações nutricionalmente completas (maior custo de produção), com índices de

conversão alimentar, em geral, mais elevados do que no cultivo em viveiros, a

facilidade que este cultivo permite no manejo com a alimentação, movimentação dos

peixes e despescas, além de redução da incidência de problemas de off-flavor

(sabor desagradável) nos peixes, poderá compensar em parte este custo de

produção.

Entre as várias espécies de peixes utilizadas neste sistema de cultivo em

águas continentais, a principal é a tilápia (Oreochromis niloticus) devido às

vantagens de rápido crescimento e fácil adaptação em diferentes tipos de cultivos

(FAO, 2000; MEURER et al., 2003). A produção de tilápias em tanques-rede vem

crescendo não somente no Brasil, mas em vários países onde existem grandes

reservatórios, devido ao fato desta espécie (filtradora e onívora) aceitar alimentos

completos e concentrados (BOZANO et al., 1999).

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2.3 A tilápia e sua importância para a piscicultura

O nome tilápia é originário de um grupo da família Cichlidae endêmico da

África. Fósseis de tilápia, com 18 milhões de anos, foram encontrados no Lago

Victória, na África, sugerindo uma possível origem marinha. O cultivo de tilápias

começou em 1924, no Quênia, e em 1937, no Congo. Somente nos anos cinqüenta

(século XX) é que surgiram as primeiras informações sobre esta espécie como peixe

promissor para a aquicultura (SILVA, 1996; CONTE, 2002).

A tilápia do Nilo, ou tilápia nilótica, é a tilápia mais produzida no mundo, e a

segunda espécie de peixe mais cultivada, perdendo somente para as carpas

(CONTE, 2002). Pinturas egípcias originárias do Egito sugerem que esta espécie foi

cultivada há mais de 3000 anos (SILVA, 1996). A tilápia também é conhecida como

Saint Peter’s fish (KISSIL, 1996) em referência a uma passagem bíblica sobre a

multiplicação dos peixes; golden perch (SIPE, 1991); cherry-snaper (FITZGERALD,

1979); e Florida red tilapia (BAYLEY; RAKOCY, 1992).

Conforme Fitzsimmons (2000), o cultivo de tilápia nas Américas iniciou-se,

numa escala pequena, entre 1960 e 1970, como cultura de subsistência para os

produtores. Já nas décadas de 80 e 90 (século XX), houve um aumento considerável

na produção, devido a melhorias na infraestrutura e tecnologia usadas na aquicultura

de alguns países do continente americano.

A tilápia, no Brasil, foi largamente disseminada nos anos setenta (século XX)

como um peixe promissor para a aquicultura nacional. Após tornar-se um dos

maiores fracassos, tornando-se até indesejável, reapareceu nos viveiros de nosso

país embalada por novas tecnologias e sofisticadas seleções genéticas. Isto

estimulou os atuais criadores que acreditam que a tilápia será capaz de revolucionar

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a piscicultura brasileira. Confirmando ou não as previsões, atualmente a tilápia é a

segunda espécie mais cultivada em água doce, perdendo apenas para as carpas

(AFONSO et al., 1993; CARVALHO-FILHO, 1995; GURGEL; FERNANDO, 1994).

De acordo com Lovshin (2000), a primeira espécie de tilápia introduzida no

Brasil foi a tilapia Rendalli em 1953. A tilápia Zanzibar (O. urolepis hornorum) e a

tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) foram introduzidas no Nordeste do Brasil em

1971. Esta última, atualmente, é conhecida na Costa do Marfim como tilápia

Brasileira, pois é cultivada do norte do Brasil (Amazonas) ao sul do país (Rio Grande

do Sul). Recentemente, foi introduzida no Brasil a tilápia Tailandesa ou Chitralada.

Esta tilápia é descendente de uma linhagem de O. niloticus, levada do Egito ao

Japão, que foi domesticada por muitos anos na Tailândia. A tilápia híbrida vermelha

da Flórida foi introduzida no Ceará em 1981.

A FAO (1996) relatou um aumento na produção de tilápia para 1,1 milhão de

toneladas, ou seja, um incremento de 28%, atribuído exclusivamente à aquicultura.

Kubitza (2000) afirma que a produção anual de tilápia cultivada deve aproximar-se

de 40 mil toneladas, sendo os maiores produtores de tilápia os estados do Paraná,

Santa Catarina e São Paulo. Embora o Paraná seja o maior produtor no Brasil, no

período de inverno, as baixas temperaturas comprometem a produtividade,

colocando em risco os estoques e onerando a produção. Em seguida, encontram-se

São Paulo e Santa Catarina, que também apresentam as mesmas limitações. O

Nordeste brasileiro, junto com a região Centro-oeste e o estado de Minas Gerais, por

apresentarem temperaturas adequadas o ano inteiro, poderão produzir tilápia a

baixo custo se adotarem estratégias adequadas de manejo nutricional e alimentar

nas diferentes fases de cultivo.

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A tilápia do Nilo se destaca por suas características aquaculturais positivas,

tais como: alimenta-se dos itens básicos da cadeia trófica, tem rápido crescimento, é

resistente a doenças, a superpovoamento e a baixas concentrações de oxigênio

dissolvido, adapta-se aos mais diversos sistemas de criação e é aceita nos

mercados de lazer (pesque-pague) e alimentício (frigoríficos) (MEURER, et al.,

2003). É uma espécie adequada para os países tropicais e sub-tropicais porque

apresentam conforto térmico entre 27 e 32 ºC. Essa espécie, também é a que mais

se adaptou ao cultivo em tanques-rede, por apresentar um bom desempenho em

sistema superintensivo de produção. Além disso, apresenta boas características

organolépticas como carne saborosa, baixo teor de gordura, ausência de espinhos

em forma de “Y” (mioceptos) e rendimento de filé em torno de 30 a 38% (CONTE,

2002; HILSDORF, 1995; SILVA, 1996).

2.4 A qualidade da água na aquicultura

Para a Bahia Pesca (1997), a viabilidade técnica do projeto está

intrinsecamente relacionada com a qualidade da água. A água dentro dos tanques

depende diretamente de como se encontra a água circundante e da velocidade de

renovação da água entre o tanque-rede e a água que o rodeia. No ambiente natural

os peixes podem buscar alimento e locais com melhores condições de qualidade de

água. Contudo, isto não é possível nos tanques-rede, pois os peixes se encontram

confinados. Portanto, além do posicionamento dos tanques-rede e da flutuação do

nível da água, é muito importante que parâmetros como oxigênio dissolvido,

produtividade, temperatura, pH, turbidez, possíveis fontes de contaminação sejam

analisados antes da implantação do projeto.

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A classificação de corpos de água é estabelecida pela Resolução do

Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA 20/86). As águas que constituem

estes corpos são divididas em três categorias: águas doces, águas salobras e águas

salinas. As águas doces são classificadas como classe especial e classes 1, 2, 3 e

4. Dentre estas, as águas das classes 1 e 2 são utilizadas na criação natural e/ou

intensiva (aquicultura) de espécies destinadas à alimentação humana.

No Brasil, há uma regulamentação referente à qualidade dos efluentes

urbanos e industriais, mas não há uma lei que contemple uma política de controle

dos efluentes provenientes da aquicultura. Logo, uma legislação que planeje e

favoreça uma adequada utilização dos recursos hídricos faz-se necessária e

urgente, já que apenas 0,7% da água disponível em todo o planeta encontra-se

presente nos rios, lagos, lençóis subterrâneos etc. Portanto, é necessário que se

evite o uso desmedido da água e que se avalie as conseqüências advindas da sua

escassez; afinal, a água é um elemento vital para o ecossistema e fundamental para

a vida humana (COSTA, 1991; OLIVEIRA, 1996; SILVA et al., 2000).

A qualidade da água, onde será implantado o cultivo de peixes, deve ser a

primeira variável a ser analisada, pois o consumo de alimento e o crescimento dos

peixes serão reduzidos se houver deterioração da qualidade da água durante o

cultivo (ONO; KUBITZA, 1997a). Para Sampaio et al. (1998), grande parte dos

problemas de qualidade da água, na piscicultura intensiva, está relacionada ao uso

de alimentos de má qualidade e manejo nutricional inadequado. O que se sabe é

que, para que se tenha uma boa qualidade da água, deve haver um equilíbrio

dinâmico entre variáveis físicas, químicas, biológicas e tecnológicas. Este conjunto

de variáveis é que tornará viável, com sustentabilidade, o cultivo de organismos

aquáticos.

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Este autor cita ainda que os fabricantes de ração deveriam arcar com o

compromisso de produzir rações com ingredientes de alta qualidade, para que

índices de conversão alimentar se aproximassem da unidade. E os produtores, em

contrapartida, deveriam se responsabilizar por armazenar de forma adequada esta

ração e adotar estratégias adequadas de alimentação, como ajustes corretos nos

níveis e freqüência de arraçoamento, adequação da granulometria das rações de

acordo com o crescimento dos peixes e realizar monitoramento criterioso dos

parâmetros da água.

Conforme Boyd (1982, 1997), os principais parâmetros de qualidade da água

em aquicultura são: temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido, turbidez,

transparência, dióxido de carbono, pH, amônia total, nitritos e nitratos, alcalinidade,

dureza, condutividade, produtividade primária e poluentes, ou seja, os critérios para

se avaliar a qualidade da água estão embasados em valores qualitativos ou

quantitativos, que especificam os parâmetros permissíveis para a manutenção de

um ambiente que propicie um bom desenvolvimento dos peixes.

Na Tabela 1 estão apresentados alguns parâmetros físico-químicos

permissíveis para aquicultura. Trabalhos realizados por Ono e Kubitza (1997a,

1997b, 1997c) indicam que valores abaixo ou acima da concentração hidrogeniônica

(pH) podem prejudicar o crescimento e a reprodução, podendo causar mortalidade

dos peixes. Tanto o oxigênio dissolvido (OD) quanto o gás carbônico (CO2) dentro

dos tanques-rede estão relacionados com as concentrações encontradas na água

do ambiente onde estes tanques estão instalados e com a taxa de renovação de

água. Valores baixos de oxigênio prejudicarão o potencial de crescimento dos

peixes, enquanto que as altas concentrações de CO2 na água poderão trazer

dificuldades respiratórias. Portanto, uma combinação de alta concentração de CO2 e

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baixa concentração de oxigênio dissolvido causarão muito estresse aos peixes,

podendo levá-los à morte. A amônia pode ocorrer em duas formas: na forma não

ionizada (NH3), tóxica aos peixes, e na forma ionizada (NH4+), pouco tóxica. A

relação entre NH3 e NH4+ será função do pH e da temperatura da água. Ou seja,

quanto maior o pH maior a concentração de NH3 na água. Níveis acima do citado na

Tabela 01 de amônia não ionizada (NH3) podem prejudicar o crescimento, causando

estresse aos peixes.

Tabela 1 – Parâmetros físico-químicos da água para aquicultura

Variáveis Índices permissíveis

Ph 6,5 e 8,5 (variação diária < 2,0)

Oxigênio Dissolvido (DO) Acima de 5mg/L

Gás Carbônico Abaixo de 10 mg/L

Concentração de amônia não ionizada < 0,05mg/L Fonte: (SAMPAIO et al., 1998)

Segundo Esteves (1988), o nível de eutrofização da água, que é o aumento

da concentração de nutrientes, especialmente fósforo e nitrogênio e tem como

principal conseqüência o aumento da produtividade primária, também deve ser

avaliado. O excesso destes nutrientes na água poderá formar uma densa população

de fitoplâncton nas camadas superficiais dos reservatórios. Isto ocorre porque o

crescimento da biomassa planctônica depende dos processos fotossintéticos do

fitoplâncton.

Ono e Kubitza (1997a, 1997c) afirmam que, quando há um equilíbrio entre a

fotossíntese e a respiração do fitoplâncton, a composição química da água torna-se

constante. Quando ocorre um desequilíbrio, a respiração excedendo a fotossíntese,

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poderá ocorrer um balanço negativo nos níveis de oxigênio dissolvido no sistema. Se

a fotossíntese superar a respiração, poderá ocorrer uma sobrecarga de material

orgânico, ou seja, o fitoplâncton se desenvolverá rapidamente e ao atingir uma

biomassa crítica entrará num processo de senescência e morte (parcial ou total).

Esta morte súbita do fitoplâncton produzirá resíduos orgânicos que além de

consumir oxigênio, elevará o pH e formará metabólitos altamente tóxicos,

principalmente o nitrito (NO2-), um intermediário da oxidação da amônia a nitrato,

que pode causar toxidez aos peixes a partir de 0,3 mg/L.

Qualquer criação de organismos aquáticos demanda uma análise dos

parâmetros supra citados, já que a baixa qualidade do solo e da água poderá

estressar os peixes, causar perda de apetite, deixar-los mais susceptíveis a doenças

e parasitos, diminuir o ritmo de crescimento e aumentar a mortalidade. Estes

eventos poderão proporcionar uma menor produção e, conseqüentemente, baixar a

lucratividade do cultivo (BOYD, 1982, 1997).

Embora Schimittou (1997) considere todos os parâmetros de qualidade da

água citados acima importantes, sabe-se que os aquicultores se preocupam mais

com aqueles que causam estresse aos peixes, que de alguma forma limitam a

produção, como pH, alcalinidade, temperatura, oxigênio dissolvido, concentração de

amônia, baixa qualidade do alimento e densidade populacional. O importante é que

o produtor tenha consciência de que quanto melhor for a qualidade da água, melhor

será o resultado do cultivo, já que uma água de baixa qualidade influenciará no

crescimento, na reprodução, na saúde, na sobrevivência e na qualidade do peixe.

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2.5 Aspectos ambientais da Barragem Saloméa

Segundo os autores Garrido (2000), Biawas e Tortejada (2000), a construção

de barragens – para garantir disponibilidade de água para fins domésticos e

agricolas – é uma prática que vem sendo exercida desde as antigas civilizações,

como a egípcia. Aproximadamente no ano 4.000 a.C., sobre o rio Nilo, foi construída

a primeira barragem com o objetivo de desviar seu leito e construir a antiga cidade

de Mênfis. Com o aumento da população global, nos séculos XIX e XX, houve

necessidade de um maior volume de água para sustentar as necessidades de usos

doméstico, agrícola e industrial. Contudo, ao final da primeira metade do século XX,

só havia no mundo aproximadamente cinco mil barragens com 15 metros de altura.

Atualmente, existem mais de quarenta mil, sendo a maioria localizada na China.

Conforme Garrido (2000) e Oliveira (2001), o programa de combate às secas,

implantado para enfrentar a prolongada seca ocorrida no Nordeste entre 1877 e

1880, caracterizado como o período das soluções hidráulicas, deu início à

construção de barragens no Brasil. Contudo, somente em 1970, com o Programa

Nacional de Conservação de Solos, que mais tarde se transformou em Programa

Nacional de Microbacias Hidrográficas 1987/1988, é que se iniciaram no país

experiências em manejo de microbacias hidrográficas. Hoje, é significativo o número

de barragens no Brasil, sejam estas construídas para o combate à seca, a geração

hidroenergética, o abastecimento urbano, ou para múltiplos usos da água.

As grandes barragens estão entre os projetos de desenvolvimento mais

polêmicos, sendo causadoras de debates extremamente polarizados. A implantação

de barragens, mesmo sendo projetadas dentro de técnicas modernas, produz

conflitos entre defensores e opositores. Para os primeiros, as construções de

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barragens trazem benefícios sociais e econômicos, uma vez que se aumenta o

fornecimento de energia elétrica, o controle de enchentes, a irrigação para

agricultura e o fornecimento de água para pequenas e grandes cidades. Os

opositores argumentam que há negligência quanto aos impactos ambientais e sócio-

econômicos, que vão desde a destruição de uma biodiversidade singular até o

deslocamento de populações humanas vulneráveis, e que estes superam os

benefícios acumulados. Contudo, nem todos os projetos de grandes barragens são

iguais. O reconhecimento das diferenças entre os impactos ambientais, sociais e

econômicos dentre os projetos torna-se a base para um entendimento global a

respeito desta questão (AZEVEDO; BALTAR, 2000; BISWAS; TORTAJADA, 2000).

A Bacia Hidrográfica do Rio Cachoeira – BHRC (ANEXO A), no sul da Bahia,

constitui-se em significativo manancial hídrico. Possui uma área de drenagem em

torno de 4.830 km2, abrangendo treze municípios: Firmino Alves, Floresta Azul,

Santa Cruz da Vitória, Itajú do Colônia, Ibicaraí, Lomanto Júnior, Itapé, Buerarema,

Jussari, Itabuna, Ilhéus (microrregião Ilhéus-Itabuna), Itororó e Itapetinga

(microrregião Itapetinga). Essa bacia origina-se nas nascentes do rio Colônia, que

após estender-se por 100km, tem sua confluência com o rio Salgado, no município

de Itapé, onde passa a se chamar rio Cachoeira. Dentre as unidades geo-ambientais

da BHRC, destacam-se as microbacias hidrográficas do Ribeirão Saloméa e a do

Riacho de Areia (SCHIAVETTI; CAMARGO, 2002).

A Barragem do Ribeirão Saloméa (Figura 1), inserida na microbacia

hidrográfica do Ribeirão Saloméa (Figura 2), cuja bacia de captação ocupa 3.600

dos 5.800 ha da microbacia, tem como finalidade principal, mas não exclusiva, o

abastecimento de água dos Municípios de Ibicaraí, Floresta Azul, Santa Cruz da

Vitória e Firmino Alves (OLIVEIRA, 2001). Segundo informações da Prefeitura

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Municipal de Floresta Azul, a Barragem do Ribeirão Saloméa apresenta

profundidade máxima em torno de 8 metros, com uma área estimada de espelho de

água de 50 hectares.

Relatórios realizados pela EMBASA (1995, 1997) sobre a caracterização

climatológica da bacia hidrográfica do Ribeirão Saloméa, antes da construção da

barragem, informam que as variações térmicas na bacia apresentaram amplitudes

máximas de 23,2º C, com valores mínimos absolutos (10º C) ocorrendo em junho e

julho. O período de maior insolação na bacia em estudo ocorreu entre os meses de

novembro a março, sendo considerado o mês de janeiro como o mais ensolarado.

Como a bacia encontra-se sob o domínio da Zona de Altas Pressões Subtropicais do

Atlântico Sul, predominam os ventos alísios de SE. Foi observado que houve uma

influência direta dos ventos na evaporação, obtendo-se os maiores valores desta no

período de setembro a março, quando os ventos se apresentaram mais fortes e

quando ocorreram os maiores índices pluviométricos.

Dados obtidos do trabalho de Oliveira (2001) indicam que a bacia de captação

da barragem do Ribeirão Saloméa apresenta as seguintes características: 60% da

declividade está classificada entre 10-20% e >30%; predominância de solos

Latossolo Vermelho-Amarelo (42,5%) e Argissolo Vermelho-Amarelo/Alissolo

Hipocrômico (57%); 80% de sua área é representada pela cultura do cacau; em

97,3% de sua área ocorre a unidade geológica do Complexo Ibicaraí-Buerarema

com baixa propensão à erosão; e precipitação pluviométrica de 50mm/mês nos

meses menos chuvosos.

A autora informa também que, apesar da magnitude da barragem do Ribeirão

Saloméa, do seu alto custo de implantação, R$ 7.400.000,00 (sete milhões e

quatrocentos mil reais), e do fornecimento de água para uma população de

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25

aproximadamente 60 mil habitantes, não foi realizado o Estudo do Impacto

Ambiental (EIA) e nem o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA).

Figura 1 – Mapa do uso do solo na Bacia Hidrográfica do Ribeirão Saloméa.

Fonte: (Banco de Dados Núcleo Bacia Hidrográfica (NBH/UESC), 2000).

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26

Figura 2 - Rede hidrológica da área da microbacia do Ribeirão Saloméa.

Fonte: (Banco de Dados Núcleo Bacia Hidrográfica (NBH/UESC), 2000).

RioSalgado

S a l o m é a

R i b e i r ã

R i b e i r ã o P a t i o b

a

Escala: 1: 110.000

Ibicaraí

Almadina

Sta. Cruz da Vitória

14º48’14º48’

39º41’

39º41’

Rios

Estrada pavimentada

Estrada de trafego permanente

Bacia de captação da barragem

Local da barragem

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27

2.6 Aspectos sócio-econômicos da Barragem do Ribeirão Saloméa

A comunidade situada às margens da Barragem do Ribeirão Saloméa é

formada basicamente de pequenos produtores e trabalhadores rurais, que encontrou

na pesca artesanal uma fonte de alimentação alternativa, rica em proteína. No Brasil,

a pesca – apesar do imenso litoral brasileiro e do alto teor protéico do pescado – não

representa uma atividade economicamente expressiva quando comparada à

agropecuária. Também não possui números representativos no cenário

internacional, permanecendo ainda fortemente artesanal (BAHIA PESCA, 2000;

EMBASA, 1995; SCHIAVETTI; CAMARGO, 2002; SOUZA e SILVA, 2003; SOUZA e

SILVA; DUCHROW, 2002).

Compreende-se por pesca artesanal aquela que é desenvolvida ao longo da plataforma continental e nos estuários, utilizando embarcações de pequeno porte como propulsão a remo, vela e motor de centro, operacionalizadas por pescadores artesanais, que utilizam técnicas simples em todo o seu processo produtivo, estando agregados em associações e colônias de pescadores espalhadas ao longo da costa brasileira (SOUZA e SILVA; CARVALHO, 1997).

As características socio-econômicas da comunidade rural do entorno da

Barragem do Ribeirão Saloméa não diferem das demais, com elevado índice de

pobreza, apesar de estar na vizinhança de uma área potencialmente rica em

recursos naturais. Os escassos recursos financeiros dos produtores, a dificuldade de

acesso à educação e a crise econômica regional, são agravados por políticas

agrícolas incompatíveis com a globalização da economia e pelos entraves causados

por agentes financeiros (BAHIA PESCA, 2000). Entretanto, as características

socioculturais do trabalho das comunidades de pesca são distintas das de outras

categorias sociais por este trabalho não se desenvolver na terra (embora dependa

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28

da infra-estrutura existente no continente), por gerar produtos extremamente

perecíveis o que leva a comunidade a desenvolver uma cultura particularizada de

beneficiamento e comercialização do pescado, e vive agregada em colônias de

pescadores que estiveram durante um bom período, sob a tutela da Marinha de

Guerra do Brasil, o que talvez explique não terem se engajado em lutas sociais,

como as comunidades rurais (SOUZA e SILVA; DUCHROW, 2002).

Estes aspectos socioculturais mostram que o setor pesqueiro não deve ser

tratado do mesmo modo que o rural (CALLOU, 1986, 2003). Contudo, para Souza e

Silva e Duchrow (2002), o que se percebe é que a pesca artesanal foi tratada, pela

Extensão Pesqueira, com as mesmas estratégias persuasivas de comunicação, na

perspectiva de modernização da pesca, que as utilizadas pela Extensão Rural.

Talvez o estabelecimento de um modelo para o desenvolvimento rural que se utilize

de metodologias participativas como a cooperação entre instituições estatais e não

estatais que atuem com a pesca artesanal, a exemplo do Prorenda Rural/Projeto

Renascer, seja uma ação de extensão contemporânea válida para o

desenvolvimento da atividade pesqueira.

Nobre e Amazonas (2002) afirmaram que a proteção dos recursos hídricos,

da paisagem natural e da qualidade ambiental é condição determinante para o

desenvolvimento de uma região. Tal condicionante, bem administrada, certamente

favorecerá o resgate de aspectos da cultura regional e a dinamização da agricultura

em dificuldade, possibilitando, assim, a criação de novas atividades econômicas

como a aquicultura, que poderá propiciar um desenvolvimento regional através do

uso sustentável dos recursos naturais. Acredita-se, ainda, que uma nova atividade

produtiva, introduzida e acompanhada com responsabilidade, possibilitará maior

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valorização do poder de aglutinação social e uma busca espontânea pelo processo

organizativo, além da própria preservação do ecossistema.

O sistema de criação em tanques-rede apresenta-se como grande alternativa

para a Região Sul da Bahia, pois, além dos benefícios econômicos auferidos com a

dinamização da piscicultura, vantagens sociais também serão observadas, a

exemplo do aumento da oferta de empregos, de produtos aos consumidores,

melhoria da dieta alimentar e da qualidade de vida da população rural e

comunidades tradicionais (BAHIA PESCA, 2000; OSÓRIO, 1995; SALDANHA et al.,

1998; SANCHES; HAYASHI, 1998).

Embora a aquicultura seja considerada uma atividade de baixo impacto

ambiental, a proteção dos recursos hídricos e biológicos é condição sine qua non

para o sucesso social, econômico e ambiental da atividade.

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30

3 METODOLOGIA

O trabalho foi conduzido na Barragem do Ribeirão Saloméa, situada a 2 km

da sede do município de Floresta Azul e inserida na microbacia hidrográfica do

Ribeirão Saloméa, localizada entre as coordenadas 14º45’ e 14º55’S e 39º35’ e

39º45’W (Figura 2), com uma área de 5.820 hectares.

Os dados utilizados neste trabalho foram coletados durante o processo

produtivo do projeto de piscicultura superintensiva em tanques-rede da Associação

dos Agricultores e Piscicultores de Floresta Azul, implantado na Barragem do

Ribeirão Saloméa e financiado pela Bahia Pesca e Banco do Nordeste. O projeto

encontra-se em conformidade com a legislação ambiental, licenciado pela Empresa

Baiana de Águas e Saneamento S.A. (EMBASA) e Centro de Recursos Ambientais

(CRA), órgãos responsáveis pela barragem.

3.1 Levantamento da ictiofauna da Barragem do Ribeirão Saloméa

As coletas para o estudo preliminar da ictiofauna foram realizadas com o

auxílio dos pescadores locais, que normalmente realizam suas capturas utilizando

tarrafas, redes de espera e anzol. Os peixes capturados foram insensibilizados com

água e gelo, acondicionados em sacos plásticos e estocados em caixas de isopor.

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31

Em seguida, os animais foram encaminhados para o Laboratório de Nutrição Animal

da Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, Bahia. A identificação taxonômica

das espécies (FIGUEIREDO; MENEZES, 2000; BRITSKI et al., 1984) foi feita com o

auxílio de lupas e chaves de identificação apropriadas para os peixes da região

Sudeste e do São Francisco, já que não há chaves específicas para as regiões Sul e

Sudoeste da Bahia.

3.2 Estudo zootécnico

Para o estudo zootécnico dos peixes, foram utilizados 9 tanques-rede

(ANEXO B) instalados na barragem do Ribeirão Saloméa, cada um apresentando

volume útil para cultivo de 4 m3, estando os mesmos, durante o cultivo, com

espaçamento entre si de 2 metros e dispostos em linhas distanciadas 30 metros uma

da outra. A profundidade do local onde estavam localizados os tanques-rede na

barragem era de 8 metros.

Os tanques utilizados no experimento – tanto para a fase de pré-engorda

quanto para a de engorda – apresentavam dimensões de 2,0 m x 2,0 m x 1,2 m, de

comprimento, largura e profundidade, respectivamente, e foram confeccionados

utilizando-se telas de aço galvanizado, revestidos com PVC, de malha de 25 mm.

Para a fase de pré-engorda, os tanques-rede foram revestidos internamente com um

outro tanque-rede confeccionado com tela de PVC flexível de malha 5 mm

(berçário), para evitar que os alevinos (peixes com peso aproximado de 1,0 g e 2,5

cm de comprimento) escapassem.

Também para evitar a fuga e predação dos peixes, os tanques-rede possuíam

tampas confeccionadas com tela de PVC com malha de 15 mm. Os tanques eram

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32

providos de uma estrutura denominada comedouro, construído com tela do mesmo

material das tampas, em forma circular, com 1,2 m de diâmetro e malha de 4 mm. O

comedouro apresentava altura de 0,6 m, dos quais 0,2 m ficavam fora da água e

0,4 m ficavam submersos. Estes comedouros tinham como principal função evitar o

desperdício de ração.

Foram utilizados alevinos machos de tilápia tailandesa da linhagem Chitralada

obtidos pelo processo de reversão sexual na estação de piscicultura da BAHIA

PESCA, localizada em Jequié. Os peixes foram transportados até o local do

experimento em sacos plásticos com oxigênio puro sob pressão. Os sacos foram

estocados, ainda fechados, dentro dos tanques-rede, permanecendo ali por 20

minutos para promover o equilíbrio térmico da água do ambiente com a água do

saco de transporte dos peixes. Em seguida os sacos foram abertos, as águas

misturadas lentamente, e os alevinos liberados.

Os dados coletados para este trabalho abrangeram a fase denominada de

engorda, iniciada com juvenis pesando 31,35 ± 5,96 g. Como os alevinos chegaram

ao projeto com peso médio de 1,0 g, estes foram mantidos por 48 dias nos tanques

denominados berçários (fase pré-engorda) até alcançar o peso supra citado. O

experimento, realizado durante os meses de outubro de 2004 e fevereiro de 2005,

correspondeu a um período de 130 dias. Para um melhor acompanhamento no

desenvolvimento dos peixes foi realizada a primeira biometria (pesagem dos peixes)

em agosto de 2004, ainda na estação de piscicultura da BAHIA PESCA, em Jequié.

A partir do recebimento dos alevinos, foram realizadas biometrias a cada 16 dias

com 10% da população de cada tanque, a fim de observar o desenvolvimento e

sanidade dos peixes e ajustar o fornecimento de ração.

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Foram definidos três tratamentos com três repetições: 600, 800 e 1000

juvenis por tanque-rede, correspondendo às densidades de 150, 200 e 250

peixes/m3, respectivamente. Os peixes foram alimentados com uma única marca de

ração comercial extruzada flutuante com 32% de proteína bruta (PB) e granulometria

com 4 mm de diâmetro até alcançarem peso de aproximadamente 350 g, quando foi

utilizada uma ração com mesmo teor protéico e granulometria de 6 mm até o final do

cultivo. A mudança na granulometria da ração de 4 para 6 mm foi realizada apenas

em função da aceitação pelos peixes (tamanho da abertura bucal). A freqüência

alimentar foi de 4 refeições diárias e a quantidade de alimento foi determinada em

função da biomassa de peixes estocada em cada tanque-rede, com os percentuais

desta biomassa variando de 7,0 a 1,6%. O arraçoamento foi realizado manualmente

e o acesso aos tanques-rede através de um barco. Foram determinados os valores

médios de ganho de peso, ganho de biomassa, consumo de alimento, conversão

alimentar e sobrevivência dos peixes. Para se determinar o custo parcial de

produção por quilograma, considerou-se os seguintes itens: ração (R$ 1,10/kg),

alevinos (R$ 40/milheiro), mão-de-obra (salário mínimo proporcional ao tamanho do

projeto mais encargos de 50%), manutenção (2,5% a.a.) e depreciação (12,5% a.a.),

representando aproximadamente 94% do custo total de produção.

3.3 Avaliação da qualidade da água

A qualidade da água na Barragem do Ribeirão Saloméa foi avaliada através

do monitoramento dos parâmetros físico-químicos entre agosto de 2004 e fevereiro

de 2005. As amostras de água para análise em laboratório foram coletadas com uma

garrafa coletora de 300 mL em PVC da ALFAKIT. Os dados coletados in situ foram

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obtidos através do aparelho “Water Checker U-10 Horiba” (HORIBA, 1991). Para

ambas as situações foram determinados 5 locais (pontos) ao longo do espelho

d’água, os quais foram localizados por GPS (ANEXO C).

Ponto 1: Barragem – ponto que dista aproximadamente 50 m do dique da barragem.

Ponto 2: Tanque-rede – ponto onde estão localizados os tanques-rede, localizado a

77 m do ponto 1.

Ponto 3: Poste 1 – ponto localizado a 518 m do ponto 2.

Ponto 4: Poste 2 – ponto localizado a 1172 m do ponto 3.

Ponto 5: Origem – ponto localizado a 159 m do ponto 4.

Com exceção do ponto 5, em todos os outros foram coletados dados na

superfície, a meia profundidade e no fundo da barragem (Tabela 2).

Tabela 2 – Localização e definição dos pontos de coleta de água

Coordenadas Geográficas Ponto de Coleta

Profundidade (m)

Superfície 0,30 Meio 4,00 0430656 (latitude)

8359732 (longitude) Ponto 01 Barragem Fundo 8,00

Superfície 0,30 Meio 4,00 0430676 (latitude)

8359806 (longitude) Ponto 02

Tanque-rede Fundo 8,00 Superfície 0,30 Meio 2,00 0430549 (latitude)

8360308 (longitude) Ponto 03 Poste 1 Fundo 4,00

Superfície 0,30 Meio 1,00 0430363 (latitude)

8361465 (longitude) Ponto 04 Poste 2 Fundo 2,00

0430296 (latitude)

8361609 (longitude)

Ponto 05 Origem

0,30

Foram realizadas quatro coletas, sendo a primeira antes da implantação dos

tanques-rede. Posteriormente, três coletas foram realizadas durante o período de

cultivo, sempre pela manhã, entre 09:00 e 12:00 horas. As amostras foram

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conduzidas (refrigeradas a 4ºC) para o Laboratório de Análises de Água do Centro

de Pesquisa da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) onde foram efetuadas as análises de

pH, alcalinidade total e dureza total.

As análises de temperatura do ar e da água e oxigênio dissolvido (mg/l) e

taxas de saturação de oxigênio (%) foram realizadas in situ, no mesmo período

supra citado, através do “Water Checker U-10 Horiba” (HORIBA, 1991). A

transparência foi estimada através de disco de Secchi (20 cm de diâmetro),

mediante a sua imersão na água, sempre próxima das 9 h, até que não fosse mais

visível o contraste entre as cores do mesmo.

3.4 Levantamento preliminar sócio-econômico dos associados

Os dados, para a análise sócio-econômica, relativos aos participantes da

Associação dos Pequenos Agricultores e Piscicultores de Floresta Azul da Barragem

do Ribeirão Saloméa foram gerados a partir de informações obtidas em reuniões

com os associados e em entrevistas auxiliadas por questionários individuais, com

dados relativos a aspectos sociais (faixa etária, estado civil, nível de instrução,

componentes familiares, situação de moradia etc), econômicos (renda dos

associados) e ambientais (conservação dos recursos naturais, preservação do meio

ambiente, piscicultura, captura de animais etc) (ANEXO D).

3.5 Análise estatística

Para analisar a existência de diferenças significativas entre as médias dos

parâmetros avaliados foi utilizado o teste F, segundo modelo de um fator

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36

(densidade) completamente aleatório. Além disso, foi utilizado o teste de

comparações múltiplas de Tukey (FONTELES FILHO; IVO, 1990) para analisar

quais densidades eram diferentes.

No caso dos parâmetros da água foi utilizado o modelo de blocos ao acaso,

onde o tempo foi considerado bloco e o ponto de coleta o fator. Também foi utilizado

o teste Tukey para analisar as diferenças entre os pontos de coleta, quando foi

encontrada diferença entre os pontos.

Os dados referentes à situação sócio-econômica dos associados foram

apresentados apenas em termos descritivos, utilizando-se apenas valores absolutos

e porcentagens, nos dois momentos, antes e depois, tendo em vista que se trata

praticamente de um censo.

O nível de significância utilizado no trabalho foi de 5% e em todos os casos foi

apresentado o valor da estatística junto com o p-valor. Os dados foram analisados

utilizando-se do pacote estatístico Statistical Package for Social Science-SPSS

(NORUSIS, 1993).

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37

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Composição da ictiofauna

O levantamento parcial da ictiofauna da Barragem do Ribeirão Saloméa

apresentou quatro espécies de peixes teleósteos: Oreochromis niloticus

(tilápia), Conodon sp (corró), Astyanax bimaculatus (piaba) e Hoplias

malabaricus (traíra). As duas primeiras espécies pertencem à família Cichhidae

e as duas últimas, às famílias Characidae e Erythrinidae. Os resultados obtidos

corroboram com os depoimentos da Associação dos Pequenos Agricultores e

Piscicultores de Floresta Azul.

Segundo os pescadores da Barragem do Ribeirão Saloméa, a principal

espécie de peixe de valor comercial capturada é a tilápia. As capturas desta

espécie só se tornaram significativas após o início dos peixamentos realizados

pela Bahia Pesca, já que antes dos primeiros povoamentos estas capturas

ocorriam em pequeno volume. Contudo, mesmo pequena, a ocorrência de

tilápias nas capturas dos pescadores foi determinante para a implantação do

projeto na Barragem do Ribeirão Saloméa. Para evitar o superpovoamento, as

tilápias utilizadas nos peixamentos passam pelo processo de reversão sexual,

diminuindo significativamente sua proliferação. Outros fatores que devem estar

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contribuindo como controle para evitar o superpovoamento na barragem, é a

presença da traíra como predador e o elevado esforço de pesca realizado

pelos pescadores da região.

A tilápia, mesmo sendo uma espécie exótica, tem sua presença

verificada no Brasil desde 1971 (PROENÇA; BITTENCOURT, 1994). Na Bahia,

esta espécie está sendo largamente disseminada com o apoio do Governo do

Estado através de peixamentos em açudes, distribuição e vendas para

pequenos produtores (BAHIA PESCA, 2000).

O conhecimento da ictiofauna é fundamental para o manejo da pesca, já

que algumas espécies de peixes podem ser afetadas por qualquer alteração do

meio, seja através dos deslocamentos de seus habitats, nas mudanças de suas

rotas migratórias, da diminuição do número ou até mesmo da extinção das

espécies. A produção de peixes em um lago não significa um aumento no

consumo de água, entretanto, uma redução no influxo fluvial poderá causar

uma diminuição no nível das águas, limitando a entrada de nutrientes para os

vegetais e inibindo a reprodução, o que provavelmente se refletirá na ictiofauna

(BAHIA PESCA, 1997; COSTA, 1991; GURGEL et al., 2003).

4.2 Análise do desempenho da tilápia

Pode-se observar (Tabela 3) que, ao final do cultivo, não houve

diferença significativa na análise do peso médio final nas diferentes densidades

populacionais testadas (F(2,6) = 2,216; p = 0,190), consequentemente também

não houve diferença significativa no ganho de peso total e ganho de peso

diário. Resultados semelhantes também foram obtidos por Carneiro et al.

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(1999), com densidades de 25, 50, 75 e 100 tilápias vermelhas da Flórida por

m3, por Watanabe et al. (1990) com densidades de estocagem de 100, 200 e

300 tilápias vermelhas/m3 em tanques-rede de 1m3 e por Mainardes-Pinto et al.

(2003) com densidades de 200, 250 e 300 tilápias (O. niloticus)/m3. Os

resultados obtidos no experimento parecem indicar que a limitação de espaço

não interferiu no crescimento da tilápia. Carneiro et al. (1999) e Le Coz et al.

(1990) também fizeram inferências semelhantes entre o crescimento dos

peixes, densidade de estocagem e condições ambientais.

Tabela 3 – Desempenho e sobrevivência da tilápia na fase de engorda e custo

de produção por Kg de peixe produzido

Densidade (no peixes/m3) Parâmetro

150 200 250

Peso Médio Final (g) / peixe 681,77a 657,80a 640,60a

Ganho de Peso Total (g) / peixe 649,10a 626,76a 610,96a

Ganho de Peso Diário (g) / peixe 5,02a 4,85a 4,73a

Biomassa Final (Kg)* 368,03a 474,76b 570,91c

Conversão Alimentar 1,54 : 1a 1,53 : 1a 1,53 : 1a

Sobrevivência (%) 89,96a 90,19a 89,13a

Custo de Produção (R$/Kg) 2,063a 2,089a 2,051a (*) Médias com letras diferentes na mesma linha diferem estatisticamente, segundo o teste de Tukey (P<0.05).

Na Figura 3 estão ilustradas as curvas ajustadas para a biomassa (Y)

em função do tempo (X) nas três densidades, para as quais se verificou um

bom ajuste, sendo que o coeficiente de variação superou 99%.

A hipótese de igualdade de médias, em todos os tempos, foi rejeitada,

ou seja, houve diferença significativa nos valores da biomassa final nos três

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tratamentos (F(2,6) = 89,92; p = 0,000), com a densidade de 250 superior às

demais, conforme Tabela 3 e Figura 3.

Figura 3 – Biomassa acumulada ao longo do experimento, segundo as três densidades.

Desta forma verificou-se uma relação direta entre o incremento da

biomassa total e o aumento da densidade de estocagem, sendo o tratamento

com 250 peixes/m3 superior aos demais tratamentos, com uma produtividade

média final de 142, 72 kg/m3 e 570,91 kg de peixe por tanque-rede. Conte

(2002) e Conte et al. (2003) obtiveram resultados semelhantes a partir de um

teste estatístico que usava a variável de Dummy para medir uma possível

diferença na biomassa acumulada entre as densidades de estocagens de 500

a 600 peixes/m3 e de 300 a 400 peixes/m3. De acordo com os autores, o teste

0

100

200

300

400

500

600

700

0 20 40 60 80 100 120 140

Tempo (em dias)

Bio

mas

sa a

cum

ulad

a (K

g) Tratamento 1: 600

y = 0,0066x2 + 1,8821x +15,239; R2 = 0,9967Tratamento 2: 800

y = 0,0087x2 + 2,3876x +19,814;R2 = 0,9951Tratamento 3: 1000

y = 0,0109x2 + 2,8847x +23,372;R2 = 0,9935

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41

estatístico indicou que o parâmetro estimado desta variável é diferente de zero,

portanto, a biomassa acumulada nas densidades citadas acima, também pode

ser considerada diferente.

Para analisar a relação da conversão alimentar (C.A.) ao longo do tempo

foi utilizado o modelo logarítmico. A Figura 4 ilustra a qualidade e similaridade

de ajuste deste modelo para as três densidades. Apesar dos valores de C.A.

nos três tratamentos serem similares (F(2,6) = 3,338; p = 0,106) (Tabela 3),

considerou-se o tratamento com a maior densidade de estocagem (250

peixes/m3) como o mais viável economicamente, pois, com a mesma

conversão alimentar, obteve-se uma maior biomassa final e um peso médio

final considerado adequado para comercialização. Resultados semelhantes

foram encontrados por Albinati et al. (2001), Clark et al (1990) e Bozano et al

(1999). Embora alguns autores afirmem que quanto menor a densidade de

estocagem melhor o desempenho dos peixes, a grande maioria concorda que o

aumento destas densidades melhora os índices de conversão alimentar e

diminui a heterogeneidade entre os peixes (BOZANO et al., 1999). As taxas de

sobrevivência também não apresentaram diferenças significativas (p>0,05)

entre os tratamentos, variando de 89,13 a 90,19% (Tabela 3), sendo

consideradas boas para este tipo de cultivo. As taxas de sobrevivência obtidas

por Carneiro et al. (1999) também não apresentaram diferenças

estatisticamente significativas, variando entre 96,0 e 98,1%, enquanto que

Barbosa et al. (2000) obtiveram taxas entre 81,7 e 88,2%.

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42

1000: y = 0,5384Ln(x) - 0,6448R2 = 0,7755

800: y = 0,5006Ln(x) - 0,5168R2 = 0,769

600: y = 0,4761Ln(x) - 0,405R2 = 0,706

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

0 20 40 60 80 100 120 140

Tempo (em dias)

Con

vers

ão a

limen

tar

Figura 4 – Conversão alimentar em função do tempo nas três densidades juntas.

4.3 Viabilidade técnica e econômica

Os resultados obtidos para ganho de peso, sobrevivência, conversão

alimentar e custo por quilograma de pescado produzido para as três

densidades populacionais (150, 200 e 250 peixes/m3) são considerados

satisfatórios quando comparados a valores conseguidos em cultivos

comerciais, como os obtidos na microrregião do Baixo Sul do Estado da Bahia

(DELL`ORTO et al., 2003), e por Conte et al (2003).

Como os gastos com ração representam o principal custo variável, a

conversão alimentar torna-se um dos principais itens no resultado econômico

em cultivos superintensivos. Neste experimento, as médias dos índices de

conversão alimentar para os três tratamentos foram 1,53:1, abaixo dos obtidos

por Albinati et al. (2001), Kubitza (2000) e Bozano et al., 1999. Este resultado

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43

foi conseguido utilizando-se uma ração comercial nutricionalmente completa,

através de um programa de acompanhamento biométrico a cada 16 dias, o que

permitiu a correção do arraçoamento semanal, evitando excesso no

fornecimento de ração.

Os resultados absolutos de ganho de peso, sobrevivência e conversão

alimentar que determinam o custo de produção e, consequentemente, a

viabilidade econômica do projeto, depende diretamente da qualidade do

ambiente de cultivo. Isto significa dizer que os valores dos parâmetros supra

citados obtidos em um determinado ambiente de cultivo não podem

simplesmente ser aplicados em um outro ambiente sem que se façam as

devidas adequações. Esta situação é verificada ao comparar os resultados

obtidos na Barragem do Ribeirão Saloméa com os obtidos em um cultivo na

região de Paulo Afonso, com densidades de estocagem de 200, 300 e 400

peixes/m3. Enquanto os melhores resultados de produtividade na barragem

foram conseguidos numa densidade de 250 peixes/m3, em Paulo Afonso esta

situação aconteceu numa densidade de 400 peixes/m3 (ALBINATI et al., 2001).

A viabilidade econômica de um projeto de piscicultura também está

relacionada à sua capacidade de produção, ou seja, o tamanho do projeto

determina diretamente o seu lucro. Para a determinação da viabilidade

econômica do projeto foram considerados: a realização de 3 ciclos de cultivo

ao ano; apenas um funcionário operacional; durabilidade dos equipamentos por

12,5 anos; e uma taxa de manutenção anual de 2,5% do valor dos

equipamentos.

De acordo com os dados apresentados na Tabela 3, o menor custo de

produção ocorreu no tratamento com 250 peixes/m3, sendo, portanto, utilizado

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44

este para a determinação da lucratividade do projeto. Supondo que a produção

anual com 3 ciclos de produção seja de 34.254,6 kg, o custo total de produção

será de R$ 70.256,18. Com um preço médio de venda de R$ 2,80/Kg,

praticado na região, a receita bruta anual será de R$ 95.912,88. Portanto, um

lucro anual de R$ 25.656,70 e uma lucratividade de 26,75%, considerados

bons, no atual momento, para a atividade.

4.4 Avaliação da qualidade da água

Foram analisados os parâmetros físico-químicos da água nos cinco

pontos de coleta. Dentre os cinco pontos, dois merecem destaque: o ponto

dois, onde estavam localizados os tanques-rede, e o ponto cinco, por estar

localizado no início do lago e apresentar a água sem as alterações provocadas

pelo barramento. A seguir será apresentada a análise dos parâmetros que

mostraram diferenças significativas entre os pontos.

Embora o pH tenha decrescido do ponto 5 para o ponto 1, este

continuou ligeiramente ácido durante todo o cultivo, em todos os pontos e em

todas as coletas, conforme Figura 5. De acordo com Esteves (1988), esta

constante acidez pode ser explicada pela presença do dióxido de carbono

(CO2), que pode estar presente no ambiente aquático proveniente da

atmosfera, chuva, águas subterrâneas, decomposição e respiração de

organismos. Neste trabalho, os dados obtidos parecem indicar que a chuva

(Figura 6) pode ter interferido no pH, já que o efeito das águas de chuva (pH

entre 5 e 6) sobre o pH de águas continentais é mais acentuado,

principalmente quando estas últimas possuem pouca capacidade de

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45

tamponamento, como também pelos dados relativos à concentração de

oxigênio dissolvido nos pontos de coleta durante o cultivo (Figura 10), onde

observou-se uma redução dos níveis de oxigênio disponível entre outubro/2004

e fevereiro/2005.

O CO2 na água geralmente está combinado com outros compostos,

sendo que a molécula da água é um dos compostos que mais rapidamente

reage com o dióxido de carbono. Assim que o CO2 se difunde na água, parte

se combina com a água formando o ácido carbônico (H2CO3), o que pode

explicar o pH levemente ácido da água da chuva. Contudo, por o ácido

carbônico ser um ácido fraco ele sofre duas dissociações: a primeira, formando

os íons hidrogênio (H+) e bicarbonato (HCO3-); a segunda, fornecendo os íons

hidrogênio e carbonato (CO32-), ou seja, dependendo do pH pode-se detectar

uma destas formas do carbono inorgânico. Analisando a Figura 5, observou-se

que o pH em agosto, outubro e dezembro de 2004 manteve-se entre 5,0 e 6,2,

indicando a formação do H2CO3. Entretanto, o mês de fevereiro de 2005

apresentou um pH entre 6,0 e 6,6 favorecendo a formação do íon HCO3-. Como

o pH não se apresentou acima de 10,3, o íon CO32- não poderia ser formado.

Correlações significativas e importantes foram encontradas para o pH

com magnésio, magnésio com dureza total, bicarbonato com alcalinidade e

condutividade com dureza (p<0,01), conforme pode ser observado na matriz de

correlação, contida na Tabela 4. Houve outras correlações significativas a 5%,

porém seus valores não alcançaram o valor de 0,500. Segundo Esteves (1988),

embora o pH seja considerado uma das variáveis ambientais mais importantes,

é também uma das mais difíceis de se analisar, já que pode ser influenciada

por vários fatores.

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46

5,0

5,2

5,4

5,6

5,8

6,0

6,2

6,4

6,6

6,8

Ponto1 Ponto2 Ponto3 Ponto4 Ponto5

pH

18/08/2004 21/10/2004 21/12/2004 21/02/2005

Figura 5 – Dados do pH da água nos pontos de coleta.

Figura 6 – Dados sobre a precipitação pluviométrica (mm) dos municípios de Floresta Azul e Ibicaraí correspondente às chuvas médias para a Barragem do Ribeirão Saloméa entre 2004 – 2005.

Fonte: (CEPLAC/CEPEC/CLIMATOLOGIA, 2005).

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

140,00

160,00

180,00

Janeiro Fevereiro Marco Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

Meses

mm 2004

2005

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47

Tabela 4 – Matriz de correlação entre os parâmetros da água

Parâmetros Ph Cálcio Magnésio Condu-tividade

Alcalinidade total

Dureza Total Potássio Sódio Fósforo Nitrogênio Coreto Bicarbonato Sólidos totais

Ph 1,000 -,491* ,772** -,128 -,293 ,465* ,153 -,048 -,027 ,139 ,104 -,301 -,152 ,028 ,000 ,591 ,209 ,039 ,520 ,841 ,910 ,560 ,661 ,197 ,522 Cálcio 1,000 -,395 -,184 ,019 ,068 -,147 -,158 -,305 -,298 ,418 -,064 -,250 ,085 ,438 ,936 ,777 ,537 ,506 ,192 ,203 ,066 ,790 ,287 Magnêsio 1,000 ,333 -,047 ,772** ,239 -,159 ,274 -,136 ,371 -,089 ,263 ,152 ,844 ,000 ,310 ,502 ,242 ,568 ,108 ,708 ,263 Condutividade 1,000 ,442 ,494* ,105 ,114 ,453* -,322 ,450* ,443* ,989** ,051 ,027 ,659 ,631 ,045 ,166 ,046 ,050 ,000 Alcalinidade 1,000 ,101 ,397 -,107 -,051 ,116 -,140 ,988** ,470* Total ,672 ,083 ,654 ,831 ,625 ,556 ,000 ,036 Dureza 1,000 ,026 -,187 ,225 -,264 ,717** ,052 ,423 Total ,914 ,431 ,340 ,261 ,000 ,829 ,063 Potássio 1,000 -,247 -,124 ,193 -,256 ,403 ,132 ,294 ,604 ,415 ,276 ,078 ,580 Sódio 1,000 -,049 -,388 ,163 -,071 ,144 ,839 ,091 ,492 ,765 ,546 Fósforo 1,000 -,092 ,012 -,017 ,451* ,700 ,959 ,943 ,046 Nitrogênio 1,000 -,679** ,160 -,248 ,001 ,499 ,291 Cloreto 1,000 -,204 ,360 ,388 ,119 Bicarbonato 1,000 ,492* ,028 Sólidos Totais

1,000

O primeiro valor da célula refere-se a estimativa do coeficiente de correlação de Pearson, o segundo refere-se ao p-valor. * Correlação significativa ao nível de 0,05 (2-caudas). ** Correlação significativa ao nível de 0,01 (2-caudas).

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48

Na Figura 7 observa-se que a alcalinidade, expressa em mg/L de

CaCO3, apresentou um padrão de comportamento em todos os pontos e em

todas as coletas, diminuindo do ponto 1 para o ponto 5. O maior valor da

alcalinidade foi verificado no ponto 1, que estava localizado próximo ao dique

da barragem, representando a água com o maior tempo de residência na

barragem. O contrário foi verificado com a água mais nova localizada na

entrada da barragem (ponto 5), que está sujeita a uma maior renovação.

20

25

30

35

40

45

Ponto1 Ponto2 Ponto3 Ponto4 Ponto5

Alc

. Tot

al (m

g/l)

18/08/2004 21/10/2004 21/12/2004 21/02/2005

Figura 7 – Dados da alcalinidade total da água nos pontos de coleta.

A Figura 7 também ilustra uma variação temporal que poderá estar

relacionada ao dióxido de carbono. O carbonato de cálcio, na presença de CO2

dissolvido, pode solubilizar-se como bicarbonato de cálcio. Contudo, para que

se mantenha uma determinada concentração de bicarbonato de cálcio em

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49

solução é necessário que haja uma concentração de dióxido de carbono livre

correspondente para manter o equilíbrio. A Figura 7 mostrou uma diminuição

na alcalinidade com os dados coletados nos meses de outubro/2004 e

fevereiro/2005, meses que apresentaram um maior volume de chuva durante o

cultivo, portanto, indicando uma provável dissolução de CO2. Caso o CO2 seja

retirado do sistema (elevação de temperatura), o bicarbonato de cálcio solúvel

pode ser convertido em carbonato de cálcio insolúvel e CO2, o que aumentaria

a alcalinidade. Estes fatos corroboram com a Tabela 4, onde se verifica a

correlação entre alcalinidade e bicarbonatos.

Embora os valores para alcalinidade estejam abaixo dos recomendados

por Boyd (1982), não foram verificadas alterações comportamentais nos

peixes. De acordo com Costa (1991) e Esteves (1988), a alcalinidade das

águas límnicas, geralmente, é interpretada como os tipos e quantidades de

compostos que, em conjunto, impelem o pH para a faixa alcalina, e que

depende principalmente de compostos como bicarbonatos e carbonatos, ou

seja, é a capacidade que um sistema aquoso tem de neutralizar (tamponar)

ácidos.

A dureza reflete principalmente o teor de íons de cálcio e magnésio que

estão combinados a carbonato ou bicarbonato, podendo estar também

combinados com sulfatos e cloretos (ESTEVES, 1988). Observou-se que em

fevereiro, mês mais chuvoso durante o cultivo, houve um aumento dos valores

de dureza e condutividade, e que estes parâmetros podem estar

correlacionados com a concentração do íon magnésio. A Tabela 4 e as Figuras

8 e 9 corroboram este fato. Segundo Costa (1991), para a flora e a fauna

límnica, a dureza da água é fator altamente relevante como condição

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50

ambiental, estando, geralmente, relacionada com a produtividade biológica de

um corpo límnico. Contudo, ela por si só não tem significado biológico, porque

essa produtividade depende de combinações dos elementos presentes na

água.

Figura 8 – Correlação do pH, cálcio e magnésio com precipitação.

80

90

100

110

120

130

140

150

Ponto1 Ponto2 Ponto3 Ponto4 Ponto5

Con

dutiv

idad

e(m

icro

mho

.cm

-1)

18/08/2004 21/10/2004 21/12/2004 21/02/2005

Figura 9 – Dados de condutividade da água nos pontos de coleta.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0 30 60 90 120 150

Precipitação mensal (mm)

pHcalciomagnesio

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51

A Tabela 5 refere-se à análise dos parâmetros que não apresentaram no

decorrer do cultivo diferenças significativas. Observou-se que, como não houve

alteração do fósforo e do nitrogênio na água da barragem durante o estudo,

não ocorreu processo de eutrofização, já que o aumento da concentração de

componentes nitrogenado e fosfatado dissolvidos na água é indicador deste

processo.

Na Figura 10 estão apresentados os dados relativos à concentração de

oxigênio dissolvido nos pontos de coleta durante o cultivo. Os maiores valores

ocorreram sempre a 0,30 m (superfície) em todos os pontos de coleta,

provavelmente em função da constante ação dos ventos a partir da região

central do lago em direção a sua montante. Situação descrita por Esteves

(1988) como uma difusão de oxigênio dentro de um corpo d’água devido,

principalmente, ao seu transporte em massas de água.

Valores de oxigênio abaixo de 7,0 mg/L foram observados entre outubro

de 2004 e fevereiro de 2005. Percebeu-se que em fevereiro de 2005, mês com

maior aporte de água durante o cultivo, houve uma sensível redução da

concentração de oxigênio disponível, através da redução da transparência e

conseqüente diminuição da taxa de fotossíntese do fitoplâncton. Os valores

observados para transparência ficaram em torno de 1,0 metro, significando que

esta pouca transparência pode não estar relacionada à produtividade primária

do ambiente, e sim, à concentração de matéria orgânica em suspensão

originária da vegetação localizada no entorno do lago e em quase toda sua

bacia de captação.

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52

Tabela 5 – Média, desvio padrão, intervalo de confiança, e resultado do teste F para parâmetros que não mostraram diferenças significativas

Intervalo de confiança de 95%

Teste F Parâmetro Ponto n Média Desvio

padrão Limite inferior

Limite superior

F(4,12) p-valor

Potássio mg/L 1 4 2,98 a 1,79 0,13 5,82 1,896 ,176 2 4 2,05 a 0,31 1,56 2,54 3 4 1,95 a 0,37 1,36 2,54 4 4 1,78 a 0,33 1,25 2,30 5 4 1,33 a 0,88 -0,08 2,73 Total 20 2,02 1,00 1,55 2,48 Sódio mg/L Na 1 4 9,81 a 0,55 8,94 10,68 0,207 0,930 2 4 9,79 a 0,56 8,90 10,68 3 4 9,67 a 0,55 8,80 10,54 4 4 9,47 a 0,44 8,77 10,17 5 4 10,56 a 4,02 4,17 16,95 Total 20 9,86 1,69 9,07 10,65 Fósforo mg/L P 1 4 0,24 a 0,35 -0,31 0,79 1,810 0,192 2 4 1,09 a 1,22 -0,85 3,03 3 4 0,59 a 1,04 -1,07 2,25 4 4 1,24 a 1,40 -0,99 3,46 5 4 0,18 a 0,25 -0,22 0,58 Total 20 0,67 0,97 0,21 1,12 Nitrogênio mg/L N 1 4 1,23 a 0,35 0,67 1,78 ,273 ,890 2 4 1,40 a 0,00 1,40 1,40 3 4 1,40 a 0,57 0,49 2,31 4 4 1,23 a 0,35 0,67 1,78 5 4 1,23 a 0,67 0,16 2,29 Total 20 1,30 0,41 1,10 1,49 Cloretos mg/L Cl- 1 4 18,95 a 4,53 11,74 26,16 1,397 0,293 2 4 18,30 a 3,93 12,05 24,55 3 4 19,80 a 4,08 13,30 26,30 4 4 22,28 a 8,84 8,20 36,35 5 4 21,10 a 7,31 9,47 32,73 Total 20 20,09 5,59 17,47 22,70

(*) Médias com letras iguais não diferem estatisticamente, segundo o teste de Tukey.

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53

Segundo os autores Costa (1991), Esteves (1988) e Silva (1996), o

oxigênio dissolvido (OD) é uma das variáveis mais importantes para

caracterização de ecossistemas aquáticos, sendo suas principais fontes a

atmosfera e a fotossíntese. A presença de oxigênio no meio aquático se deve à

solubilidade deste gás na água, influenciado por trocas na interface

água/atmosfera (ventos, chuvas, ondas etc).

5

6

7

8

9

10

11

12

13

ponto1 ponto2 ponto3 ponto4 ponto5

Oxi

gêni

o D

isso

lvid

o (m

g/l)

18/08/2004 21/10/2004 21/12/2004 21/02/2005

Figura 10 – Dados de Oxigênio dissolvido da água (mg/L) nos pontos de coleta.

Quanto à temperatura, foi observado um aumento a partir do mês de

setembro. Os menores valores de temperaturas foram observados no mês de

agosto de 2004 (23 ºC), com aumento a partir deste período até alcançar os

maiores valores no mês de fevereiro de 2005 (29 ºC). Excetuando-se o mês de

agosto, as temperaturas mantiveram-se na faixa considerada de conforto

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térmico (entre 27 e 32 ºC) para a tilápia (KUBITZA, 2000) durante todo o

cultivo. Apesar do mês de agosto apresentar temperaturas consideradas

abaixo do conforto térmico, não ocorreu diminuição no ritmo de crescimento

dos peixes.

Ao final do experimento foram obtidos 4241,10 kg de tilápia. Este volume

de pescado não promoveu alterações perceptíveis e significativas na qualidade

da água da Barragem do Ribeirão Saloméa. Apesar disso, devido à importância

do reservatório, futuras ampliações do projeto devem ser monitoradas, para

que não haja comprometimento da qualidade da água para o abastecimento da

população.

4.5 Levantamento preliminar sócio-econômico dos associados

Ao todo foram entrevistados doze associados, sendo que oito

participaram nos dois momentos, um só do primeiro, pois se desligou do

projeto, e três que se associaram depois.

Em relação à idade, essa variou de 30 a 64 anos, sendo a idade média

igual a 47,9 anos, com um desvio padrão de 11,6 anos. Dos doze

entrevistados, duas eram mulheres e dez homens; onze (91,7%) católicos e

apenas um (8,3%) adventista; dez eram casados ou tinham companheiro(a) e

dois eram solteiros. A maioria não havia nascido na comunidade (66,7%).

Quanto à escolaridade, observou-se que a maioria (83,3%) havia estudado até

a quinta série do ensino fundamental, conforme pode ser observado na

Tabela 6.

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55

Com relação à renda, essa variou de R$ 180,00 a 900,00 reais, sendo

que a maioria (75%) ganhava até 300,00 reais por mês, perfazendo uma renda

média igual a 320,00 reais, com um desvio padrão de 210,02 reais, conforme

ilustra a Tabela 7.

Tabela 6 – Escolaridade dos associados do projeto de piscicultura da Barragem do Ribeirão Saloméa

Escolaridade

Nº de entrevistados Porcentagem Porcentagem

Acumulada

Ensino Fundamental 1ª Série 5 41,7 41,7

3ª Série 1 8,3 50,0

4ª Série 1 8,3 58,3

5ª Série 3 25,0 83,3

Ensino Médio 2 16,7 100,0

Total 12 100,0

Tabela 7 – Renda dos associados do projeto de piscicultura da Barragem do Ribeirão Saloméa

Renda (R$)

Nº de

entrevistados

Porcentagem Porcentagem de casos válidos

Porcentagem Acumulada

180 1 8,3 10,0 10,0

200 1 8,3 10,0 20,0

240 3 25,0 30,0 50,0

260 2 16,7 20,0 70,0

300 2 16,7 20,0 90,0

900 1 8,3 10,0 100,0

Total 10 83,3 100,0

Não informaram 2 16,7

Total 12 100,0

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56

Dos doze entrevistados, 7 (58,3%) residiam na cidade de Floresta Azul e

o restante nas fazendas circunvizinhas. O tempo médio dos que residiam na

comunidade foi de 28,25 anos com um desvio padrão de 14,78 anos, variando

de 7 a 50 anos. A distância média da residência até a barragem foi de 7,67 Km,

com um desvio padrão de 4,40 Km. A menor distância foi de 2 Km e a maior 15

Km.

Sobre a avaliação dos recursos naturais, nove entrevistados foram

ouvidos no início e onze ao final do projeto. Antes do projeto, 88,9%

consideravam em bom estado a água da Barragem do Ribeirão Saloméa.

Ninguém considerava ótimo. Ao final do projeto, 36,4% consideravam boa e

45,5% consideravam ótima a qualidade da água da barragem. Em algumas

Tabelas, a soma não foi necessariamente de 100% uma vez que alguns

entrevistados responderam mais de um item ou não responderam.

Antes (66,7%) e depois (54,5%) do projeto, a maioria respondeu

positivamente que sabiam o que era Área de Preservação Permanente. Dos

que consideravam que sabiam, 11,1% (antes) e 27,3% (depois) disseram:

“Onde ninguém pode entrar para produzir nela, não pode caçar animal, não

pode derrubar árvores”, “Mata Atlântica, onde o governo toma conta”; “Reserva

Florestal”; “Áreas que o Ibama protege”. Contudo, o senso comum antes do

projeto (55,6%) e depois (18,2%)“ era: “É uma floresta com vigia”; “São plantios

de árvores e conservação das margens dos rios”; “Área de preservação da

área da barragem, para preservar a água da natureza”; “É a área que é

preservada”; “Uma área onde não se pode pescar, nem caçar”; “Uma área

sombria”.

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57

Sobre o clima, 88,9% dos entrevistados achavam que o clima havia

mudado antes do projeto e 81,8% depois. A causa principal, para eles, foi a

escassez de chuvas ou as chuvas fora de época.

Sobre o tema piscicultura, 55,6% (antes) e 72,7% (depois) sabiam que

era criação de peixes. E 55,6% (antes) e 81,8% (depois) disseram que se

usavam tanques-rede para criar peixes. Ao serem perguntados como um

projeto de piscicultura poderia ajudá-los, antes (44,4%) e depois (72,7%)

disseram que na renda familiar.

Analisando os resultados das entrevistas com os associados, percebeu-

se que a implantação do projeto de piscicultura na Barragem do Ribeirão

Saloméa trouxe melhorias econômicas para os mesmos, devido a um

incremento no nível da renda familiar. Observou-se também que a exigência de

trabalhos coletivos proporcionou um aumento na sociabilização entre os

associados, assim como um aumento na conscientização da necessidade de

preservação do ecossistema do qual a Barragem do Ribeirão Saloméa faz

parte.

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58

5 CONCLUSÕES

No levantamento da ictiofauna presente na barragem, detectou-se a

presença de quatro espécies de peixes teleósteos: Oreochromis niloticus,

Astyanax bimaculatus, Conodon sp e Hoplias malabaricus,

A criação de tilápias em tanques-rede na Barragem do Ribeirão Saloméa

demonstrou viabilidade técnica e econômica, sendo que o aumento da

densidade de estocagem não influenciou no crescimento dos peixes e

proporcionou aumento de biomassa total.

A qualidade da água da Barragem do Ribeirão Saloméa não foi alterada

com a produção de tilápia em tanque-rede.

A produção de peixes tem proporcionado maior mobilização dos

associados, devido aos constantes trabalhos coletivos exigidos pela

piscicultura em tanques-rede como: acompanhamento biométrico,

transferências, despescas e manutenção da estrutura dos tanques-rede.

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ANEXOS

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ANEXO A – Mapa da Bacia Hidrográfica do Rio Cachoeira (Banco de Dados Núcleo

Bacia Hidrográfica (NBH/UESC), 2000)

Região Cacaueira

Bacia Hidrografica do Rio Cachoeira

Rio Salgado

Rio Colônia

Rio Cachoeira

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ANEXO B – Detalhamento de Fixação dos Tanques-Rede (BAHIA PESCA, 1997)

N.A.

TANQUE-REDE ALEVINAGEM

TANQUE-REDE ENGORDA

CABO GUIABANDEIROLA

TAMBOR PVC 200 L

CABO DE ANCORAGEM

FUNDO ESCALA - 1 :

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ANEXO C – Localização dos pontos de coleta de água na Barragem do Ribeirão Saloméa (Mapa construído a partir de GPS –

Garmim 12, 2004)

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ANEXO D – Questionário para avaliação sócio-econômica

______________________, ______ de _________________ de ______. Identificação:

Nome:

Idade: Religião:

Endereço

Estado Civil: Nascido na comunidade: ( ) SIM ( ) NÃO

Escolaridade: Renda:

Onde Reside

Há quanto tempo mora na comunidade?

A que distância fica sua residência da Barragem?

Denominação Situação Água encanada: ( ) SIM ( ) NÃO

Luz elétrica: ( ) SIM ( ) NÃO

Tipo de construção da moradia:

Nome Parentesco Sexo Idade InstruçãoAtividade

Principal *¹ Quanto R$/mês

ParticipaçãoComunitária

*¹ (Aposentadoria; Parentes; Salário regular; Diarista; Comércio; Agricultura; Pesca; outras) *² (Mutirão; Grupo Religioso; Clubes de Serviços; Associação; Cooperativas; Sindicatos; outros)

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Meio Ambiente: Como você avalia os itens abaixo, pensando na conservação dos recursos naturais?

Péssimo Ruim Regular Bom Ótimo Não sabe

Cidade

Zona Rural: (campo)

As pessoas do Município:

Sua Associação:

Barragem de Saloméa

Água da Barragem

Água Potável

Entorno da Barragem

Projeto de Piscicultura

PENSAMENTOS SOBRE MEIO AMBIENTE - GERAL

Condição: ( )produtor rural ( )produtor familiar ( )assentado

( )trabalhador ( )professor rural ( )outra condição

O que lembra para você a palavra MEIO AMBIENTE?

O que faz você pensar que o MEIO AMBIENTE não vai bem ou que está precisando de ajuda?

E que faz você pensar que o MEIO AMBIENTE está bem?

Você sabe o que é Área de Preservação Permanente? ( )sim ( )não

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Para você, o que é a Área de Preservação Permanente?

Você acha que o clima da região mudou? ( ) sim ( ) não

Como?

Você acha que as matas ajudam a manter o clima estável? ( ) sim ( ) não

Como?

Você cria passarinhos? ( ) sim ( ) não

Por que?

Você costuma pescar? ( ) sim ( ) não

Onde?

Qual o tipo de pescaria?

Quando? ( ) Todo dia ( ) Toda semana ( )Todo mês ( ) Raramente

Horário da pescaria? ( ) Manhã ( ) Tarde ( ) Noite ( ) Madrugada

Quais os peixes mais pescados?

O que é piscicultura?

O que é tanque-rede?

Para você, em que um projeto de PISCICULTURA pode te ajudar?

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Considerando a região em que você vive, qual é a gravidade dos seguintes problemas?

Você faz isso? Cód.: (1) sempre faz 2) às vezes faz (3) não faz (4) não se aplica a questão (0) ns/nr

Nada

grave

Pouco

grave

Mais ou

menosGrave

Muito

grave

Não

sabe

Você faz

isso?

Pegar passarinho

Caçar

Comer caça

Vender caça

Jogar lixo fora do lugar

Desmatar a beira dos rios ou lagos

Derrubar uma mata

Derrubar mata para fazer pastagem

Derrubar mata para tirar madeira de lei

Derrubar mata para fazer carvão/lenha

Derrubar uma árvore

Vender animais silvestres

Comprar animais silvestres

Colar papéis nos muros

Faltar ao trabalho

Fazer queimada em pastagem

Fazer queimada em matas

Destruir a paisagem

Na sua opinião, quais são os principais problemas ambientais do lugar em que você mora?

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Como você avalia o grau de agressão dos seguintes ambientes? Nada

agredido

Pouco

agredido

Mais ou menos

agredido

Muito

agredido

Não sabe

Florestas (MATAS)

Rios (da Região)

Considerando a região em que você vive, qual é a necessidade de conservação dos seguintes recursos naturais?

Nenhuma Pequena Média Grande Muito grande Não sabe

Água

Solo

Madeira

Animais

Ar

Você se sente esclarecido ou informado pela: televisão/ rádio/ jornal, o suficiente sobre os problemas ambientais?

Sim Alguns problemas sim,

outros não

É insuficiente, poderiam

esclarecer mais

Não

esclarecem

Não

respondeu

Você conhece o nome de um órgão ou grupo ambientalista? Qual?

( ) Sim

( ) Não

Os órgãos ou grupos ambientalistas esclarecem o suficiente sobre os problemas ambientais?

Sim Alguns problemas

sim, outros não.

É insuficiente, podem

esclarecer mais.

Não

esclarecem Não sabe

Não

respondeu

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O trabalho dos órgãos ou grupos ambientalistas pelo meio ambiente melhorou ou piorou sua vida?

( ) Melhorou O que melhorou?

( ) Piorou O que piorou?

( ) Ficou igual

( ) Não sei

E a escola esclareceu para você o suficiente sobre os problemas ambientais?

Sim Alguns problemas sim,

outros não

É insuficiente, poderia

esclarecer mais

Não

esclarece

Não

respondeu

Na sua opinião, quem mais prejudica o meio ambiente do lugar e região em que você vive?

E quem mais pode contribuir para a solução dos problemas ambientais do lugar em que você vive? (entidades, pessoas,...).

De que maneira você pode colaborar com a preservação do meio ambiente do lugar em que você mora? (ações, práticas,...).

Como você se informa sobre questões ambientais?

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Grande Médio Pequeno NenhumQual o seu interesse por questões ambientais?

O que vem a ser biodiversidade?

Qual o principal benefício da biodiversidade?

Qual o principal prejuízo da destruição da biodiversidade?

O que são matas ciliares?

As matas ciliares das fazendas da região estão protegidas?

( ) sim ( ) não ( ) não sabe

Você estaria disposto a recuperar a cobertura vegetal das áreas degradadas (plantio de mudas)?

( ) sim ( ) não ( ) não sabe

Que apoio gostaria de receber para fazer isso?

Você considera correto alguém capturar ou matar animais ou aves com a finalidade de comercializar?

( ) sim ( ) não ( ) não sabe

Por que?

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Você considera correto alguém coletar plantas ou partes de plantas com a finalidade de comercializar?

( ) sim ( ) não ( ) não sabe

Por que?

Nesta região há uma área protegida ou não destruída?

( ) sim ( ) não ( ) não sabe

Quantos hectares?

Há captura para tráfico de animais ou aves nesta região?

( ) sim ( ) não ( ) não sabe

Que animais ou aves são capturados para compra e venda?

Que plantas, sementes ou cipós são coletados para compra e venda?

Qual o destino das plantas, sementes ou cipós coletados nesta região?

( ) vender na cidade ( ) vender em outras cidades ( ) fregueses

( ) vender para outros estados ( ) vender para fora do país

Qual o destino dos animais e aves capturados vivos nesta região?

( ) vender na cidade ( ) vender em outras cidades ( ) fregueses

( ) vender para outros estados ( ) vender para fora do país

Qual o destino dos animais e aves caçados nesta região?

( ) alimentação da família ( ) restaurantes de caça ( ) fregueses

( ) alimentação de cachorros e gatos