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Cultura Brasileira Revisão da Primeira Unidade

Cultura Brasileira Revisão da Primeira Unidade. Relação de textos 1.Norton Godoy - “Somos todos um só: Pesquisa genética internacional mostra que não

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Relação de textos1. Norton Godoy - “Somos todos um só: Pesquisa

genética internacional mostra que não existem raças na espécie humana”

2. Roberto DaMatta – “A fábula das três raças”3. Claude Lépine – “Nossos antepassados eram

deuses”

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Norton Godoy - “Somos todos um só: Pesquisa genética internacional mostra que não existem

raças na espécie humana”

• O texto apresenta a tese hoje amplamente aceita no meio científico de que não existem raças humanas.

• A pesquisa genética demonstra que as diferenças genéticas entre grupos das mais distintas etnias são insignificantes e para que o conceito de raça tivesse validade científica, essas diferenças teriam de ser muito maiores.

• A constatação de que o entendimento do que raça supostamente é varia de país para país demonstra ainda mais a fragilidade desse conceito.

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raças na espécie humana”

• Trata-se, portanto, de um conceito cultural e não biológico.• A pesquisa genética aponta unidade na espécie humana.• Os índices de diferenças entre grupos humanos detectados

na análise do DNA estão muito abaixo do nível usado para diferenciar raças dentro de qualquer espécie animal.

• “Isso quer dizer que dois brancos europeus diferem mais entre si do que em conjunto diferem de um africano”.

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raças na espécie humana”

• “As diferenças genéticas das amostras colhidas nos dizem que, desde o princípio, as linhagens humanas rapidamente se espalharam para toda a humanidade, indicando que as populações sempre tiveram um grande grau de contato genético”.

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raças na espécie humana”

• É hoje consenso que a espécie humana surgiu na África há dois ou três milhões de anos e há 150 mil anos os descendentes daqueles primeiros humanos iniciaram um processo migratório rumo ao que é hoje a Europa e a Ásia.

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raças na espécie humana”• O modelo candelabro: afirma que o movimento migratório

aconteceu numa leva só e se espalhou pelos continentes europeu e asiático, dando origem a três diferentes raças biológicas (a branca européia, a amarela asiática e a negra, que permaneceu no continente africano).

• O modelo treliça: hoje amplamente aceito, argumenta que os descendentes dos antepassados que migraram para a Europa e a Ásia fizeram o caminho de volta à África. E repetiram a saída e a volta algumas vezes. Assim, os genes humanos foram intercambiados globalmente.

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raças na espécie humana”• Isso quer dizer que "da mesma forma que você percebe a

interligação da treliça quando olha para uma esteira de palha, com as modernas técnicas de estudo molecular você também encontra genes em uma determinada população compartilhados por toda a humanidade".

• Conclusão: "Não há ramos nem linhagens distintas; pela moderna definição de raça, não há raças na espécie humana".

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raças na espécie humana”• As adaptações: Os genes que determinam as

características físicas, como cor de pele, são tão poucos que perdem significado se comparados ao número total de genes. Eles apenas representam adaptações biológicas a uma determinada geografia.

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Roberto DaMatta – “A fábula das três raças” (texto adaptado)

• Destaca o racismo contido na “fábula das três raças”, isto é, a ideia de que o Brasil foi composto por três raças distintas: o índio, o negro e o branco.

• Primeiramente, a fábula incorre no erro de fiar-se na ideia de que existem raças humanas distintas.

• Em segundo lugar, atribui supostas qualidades herdadas “geneticamente” pelo povo brasileiro desses seus antepassados: “a ‘preguiça do índio’, ‘melancolia do negro’ e a ‘cupidez’ e estupidez do branco lusitano, degredado e degradado”.

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Roberto DaMatta – “A fábula das três raças” (texto adaptado)

• Em seguida, argumenta-se que são essas as causas para nosso suposto “atraso econômico-social, por nossa indigência cultural e da nossa necessidade de autoritarismo político”. Para DaMatta, isso representa uma completa negação da história e da mudança.

• “Ora estamos na Historia do Brasil vista, a meu ver, pelo seu prisma mais reacionário: como uma ‘historia de raças’ e não de homens; ora estamos fora do mundo conhecido”.

• Em todo caso, observo novamente, sempre com o conhecimento social sendo reduzido a algo natural como ‘raças’, ‘miscigenação’ e traços biologicamente dados que tais ‘raças’ seriam portadoras".”

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Roberto DaMatta – “A fábula das três raças” (texto adaptado)

• Outro problema da fábula:– “Tudo e uma questão de ‘tempo biológico’, nunca de tempo social e

historicamente determinado. Assim, o ‘tempo biológico’ tem suas razoes que o tempo dos homens concretos e históricos desconhece, de nada valendo qualquer rebelião contra ele”.

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Roberto DaMatta – “A fábula das três raças” (texto adaptado)

• Diferença entre Brasil e Estados Unidos:– "Naquele pais [EUA], (...) não ha escalas entre elementos étnicos:

ou você e índio ou negro ou não e! O sistema não admite gradações que possam por em risco aqueles que têm pleno direito a igualdade. (...) Nos Estados Unidos não temos um ‘triangulo de raças’ e me parece sumamente importante considerar como esse triangulo foi mantido como um dado fundamental na compreensão do Brasil pelos brasileiros". (63)

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Roberto DaMatta – “A fábula das três raças” (texto adaptado)

• A independência, obra dos estratos dominantes e não dos populares, "foi básica na medida em que apresentou a elite nacional e local a necessidade de criar suas próprias ideologias e mecanismos de racionalização para as diferenças internas do país (...) uma busca no sentido de justificar, racionalizar e legitimar diferenças internas".

• Onde foi nossa elite buscar tal ideologia? • "Creio que ela veio na forma da fabula das três raças e no 'racismo a

brasileira', uma ideologia que permite conciliar uma serie de impulsos contraditórios de nossa sociedade, sem que se crie um plano para sua transformação profunda". (68)

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Roberto DaMatta – “A fábula das três raças” (texto adaptado)

• "A fabula das três raças se constitui na mais poderosa forca cultural do Brasil, permitindo pensar o país, integrar idealmente sua sociedade e individualizar sua cultura". Tornou-se uma ideologia dominante.

• "...o mito das três raças [forneceu e ainda fornece] as bases de um projeto político e social para o brasileiro (através da tese do 'branqueamento' como alvo a ser buscado); permite ao homem comum, ao sábio e ao ideólogo conceber uma sociedade altamente dividida por hierarquizações como uma totalidade integrada por laços humanos dados com o sexo e os atributos 'raciais' complementares; e, finalmente, e essa fabula que possibilita visualizar nossa sociedade como algo singular - especificidade que nos e presenteada pelo encontro harmonioso das três 'raças'. Se no plano social e político o Brasil e rasgado por hierarquizações e motivações conflituosas, o mito das três 'raças' une a sociedade num plano 'biológico' e 'natural', domínio unitário, prolongado nos ritos de Umbanda, na cordialidade, no carnaval, na comida, na beleza da mulher (e da mulata) e na musica...".

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“O teu cabelo não nega” – Lamartine BaboO teu cabelo não nega, mulataPorque és mulata na corMas como a cor não pega, mulataMulata, eu quero o teu amor

O teu cabelo não nega, mulataPorque és mulata na corMas como a cor não pega, mulataMulata, eu quero o teu amor

Tens um sabor bem do BrasilTens a alma cor de anilMulata, mulatinha, meu amorFui nomeado teu tenente interventor

O teu cabelo não nega, mulataPorque és mulata na corMas como a cor não pega, mulataMulata, eu quero o teu amor

Quem te inventou, meu pancadãoTeve uma consagraçãoA lua te invejando faz caretaPorque, mulata, tu não és deste planeta

Quando, meu bem, vieste à TerraPortugal declarou guerraA concorrência, então, foi colossalVasco da Gama contra o batalhão naval

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Claude Lépine – “Nossos antepassados eram deuses”

• Crítica à “fábula das três raças” no que diz respeito à ideia implícita de harmonia e de passado idílico.

• Ressalta que até o século XIX nossa narrativa de nacionalidade só incluía a dita “raça” branca. Na Independência, inclui-se o índio como símbolo nacional. É somente após a abolição – e sobretudo com a urbanização e industrialização – que vai se passar a considerar o negro como parte integrante do povo brasileiro.

• Como elemento de integração nacional, o negro tem então seus valores e manifestações culturais expropriados e erigidos em símbolos da identidade brasileira.

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Claude Lépine – “Nossos antepassados eram deuses”

• Relata as impressões pouco lisonjeiras que determinados povos africanos tiveram dos europeus.

• Séculos XVI e XVII: os primeiros viajantes europeus admiraram-se diante “das cidades africanas, dos palácios dos reis, do luxo das cortes”. Falava-se então em “povos”, “nações”. Os europeus tinham que se submeter às leis locais e pagar aos reis para poder fazer comércio.

• No século XVIII: a linguagem muda e fala-se em “tribos” e “hordas”, em barbaridade e estupidez dos africanos. O balanço do poder já mudara em favor dos europeus e os países africanos já sofriam os efeitos negativos da presença europeia.

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Claude Lépine – “Nossos antepassados eram deuses”

• “Se a descoberta da América e do Índio havia suscitado a representação do bom selvagem, o mesmo não se deu com a África cuja imagem sempre foi negativa, com a exceção dos relatos dos primeiros capitães”.

• A grande mortandade de europeus em solo africano rendeu-lhe a representação de “túmulo do homem branco”.

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Claude Lépine – “Nossos antepassados eram deuses”

• Relatos dos séculos XV, XVI e XVII: terras prósperas e civilizadas, com boa densidade populacional, terra fecunda, mercados dinâmicos e agitados, cidades grandes e urbanizadas. Havia “cidades-palácio”, fortificadas, dotadas de mercado próprio.

• Páginas 8-12: a visão tradicional do mundo das populações do Benim. (Ponto a estudar no texto)

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Claude Lépine – “Nossos antepassados eram deuses”

• O tráfico de escravos: preexistente à chegada dos portugueses, mas sem uma utilização comercial em larga escala. Um tráfico que se dirigia ao norte e leste da África.

• “A chegada dos europeus transformou esse antigo tráfico; inverteu o sentido do fluxo de escravos e do ouro, desviando-o para o Atlântico. A partir do século XVII o ouro que, passando por Begho ia para o Norte, passou a encaminhar-se para a costa, provocando a ruína dos impérios construídos sobre o antigo tráfico transaariano”.

• Século XVIII: intensificação do tráfico transatlântico. O africano torna-se um desterrado, o cristianismo era incompatível com a sua visão do mundo e seus valores religiosos.

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Claude Lépine – “Nossos antepassados eram deuses”

• “Se o escravo africano pôde sobreviver, foi certamente porque conseguiu manter o contato com seus deuses, evocar seus antepassados, e conservar a certeza de que seu espírito voltaria à África”.

• P.16: relatos de formas de resistência dos bantos e sudaneses.

• “Essa cultura precisou fazer adaptações seletivas dos traços culturais africanos que podiam servir à sobrevivência do negro no mundo dos brancos”.

• Sucederam-se seleções, associações, reinterpretações.

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Claude Lépine – “Nossos antepassados eram deuses”

• A população da África representava em 1656 20% da população mundial, 13% em 1750 e 9% em 1960.

• Explica-se o declínio demográfico e despovoamento da África negra pelo tráfico de escravos, as guerras que então se multiplicaram, as mortes pela varíola trazida pelos europeus.

• As nações empobreceram, faltaram braços para a agricultura, a morte de líderes e chefes desorganizou as sociedades, o desequilíbrio entre os sexos (falta de homens) desestruturou o sistema matrimonial.

• Regiões inteiras transformaram-se em desertos.

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Claude Lépine – “Nossos antepassados eram deuses”

• “Quando os europeus colonizaram a África e estigmatizaram suas populações com o rótulo de ‘atrasadas’, ela já não era mais do que o fantasma do que tinha sido outrora”.

• “O Brasil se fez ao mesmo tempo às custas da ‘retribalização’ do continente africano”.

• “O negro brasileiro não é apenas o descendente dos escravos; ele é antes descendente de africanos, e filho dos deuses”.