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CURSO BÍBLICO INTERNACIONAL ENCONTRO COM A PALAVRA Livro 8 ESTUDO DE I CORÍNTIOS VERSÍCULO POR VERSÍCULO (Corrigindo os Problemas da Igreja Local Com Equilíbrio) PR. DICK WOODWARD

CURSO BÍBLICO INTERNACIONAL - desfrutedeus.com · O Conselho Inspirado de Paulo Sobre o Casamento..... 48 CAPÍTULO 18 A História Anterior ao Casamento

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CURSO BÍBLICO INTERNACIONAL

ENCONTRO COM A PALAVRA

Livro 8

ESTUDO DE I CORÍNTIOSVERSÍCULO POR VERSÍCULO

(Corrigindo os Problemas da Igreja Local Com Equilíbrio)

PR. DICK WOODWARD

Toda glória e honra ao Senhor nosso Deus! Este material foi escrito e impresso pelo Ministério Cooperativo Internacional (ICM - International Cooperating Ministries) para ser uma bênção em sua vida.

É permitida a reprodução total e parcial deste livro, sem a autorização por escrito do ICM, para uso pessoal e na sua igreja.

“Portanto, fortifique-se na graça que há em Cristo Jesus. E as coisas que me ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, confia a homens fiéis, que sejam também capazes de ensinar a outros” (II Timóteo 2.1,2).

Woodward, Dick

Estudo de I Coríntios

Versículo por Versículo

Curso Bíblico InternacionalENCONTRO COM A PALAVRA

Tradução em Português: Ruth Gialluca

Correção Ortográfica: Lídia Damasceno Gialluca e Marlene Frade

Editoração Eletrônica: Elen Canto

Capa: Paulo Sergio Baeta e Jersio Dreissing

Impresso no Brasil por: Fine Graf Gráfica e Editora Ltda.

Supervisão Geral: Pr. Leandro Ferreira

E-mail: [email protected]

1ª Edição: Janeiro/2007 = 1.500 exemplares2ª Edição: Setembro/2010 = 3.000 exemplares3ª Edição: Janeiro/2014 = 3.000 exemplares 4ª Edição: Setembro/2014 = 3.500 exemplares

Nota ImportanteO material que você tem em mãos é um complemento dos estudos

que vêm sendo ministrados por uma rede variada de emissoras de rádio e pela internet (www.desfrutedeus.com) e é enviado, gratuitamente, ape-nas aos ouvintes que estão acompanhando, regularmente, os estudos por uma dessas emissoras. Para recebê-lo, basta solicitar, escrevendo para o endereço divulgado no final de cada aula.

Por se tratar de um curso, é necessário responder o questionário de cada livro; com isto você garante o recebimento do próximo, bem como de um lindo Certificado de Conclusão ao término do curso.

ÍNDICE

Introdução...................................................................................................06

CAPÍTULO 1A Primeira Igreja de Corinto ....................................................................................... 07CAPÍTULO 2“Acaso Cristo Está Dividido?”..................................................................................... 10CAPÍTULO 3“A Mensagem da Cruz”............................................................................................ 13CAPÍTULO 4Aquele Que é Espiritual e Aquele Que é Natural................................................ 16CAPÍTULO 5Palavras Ensinadas Pelo Espírito............................................................................ 20CAPÍTULO 6“Quem é Paulo?”....................................................................................................... 22CAPÍTULO 7Construindo Sobre o Alicerce................................................................................... 25CAPÍTULO 8O Sábio e o Louco........................................................................................................ 28CAPÍTULO 9“Administradores dos Mistérios”.............................................................................. 30CAPÍTULO 10Exemplos de Mártires............................................................................................ 33CAPÍTULO 11Disciplina na Igreja.................................................................................................. 35CAPÍTULO 12“Para Que o Irmão Seja Ganho”.............................................................................. 38CAPÍTULO 13Disputa Entre Discípulos........................................................................................ 40CAPÍTULO 14Soluções Específicas Para Pecados Sexuais......................................................... 42CAPÍTULO 15O Manual do Casamento...................................................................................... 44CAPÍTULO 16Vida Sexual no Casamento Cristão........................................................................ 46CAPÍTULO 17O Conselho Inspirado de Paulo Sobre o Casamento............................................ 48CAPÍTULO 18A História Anterior ao Casamento......................................................................... 51CAPÍTULO 19A Santidade do Celibato........................................................................................... 53CAPÍTULO 20Amor Pelo Irmão Mais Fraco............................................................................... 55CAPÍTULO 21“Tornei-me Tudo Para Com Todos”...................................................................... 58CAPÍTULO 22Correr Para Vencer................................................................................................... 61

CAPÍTULO 23Exemplos e Advertências.......................................................................................... 63CAPÍTULO 24Três Princípios do Amor...................................................................................... 65CAPÍTULO 25Homem e Mulher, Deus e Cristo ....................................................................... 67CAPÍTULO 26Ceia do Senhor ou Ceia de Vocês?......................................................................... 70CAPÍTULO 27Olhe Para Cima, Para Dentro, Para Trás e ao Redor................................................. 72CAPÍTULO 28“Quanto aos Dons Espirituais”............................................................................. 75CAPÍTULO 29Dons e Ministérios................................................................................................ 78CAPÍTULO 30Os Dons do Espírito Santo................................................................................... 81CAPÍTULO 31Cinco Impressões Digitais de Uma Igreja Saudável.............................................. 83CAPÍTULO 32Outras Cinco Impressões Digitais de Uma Igreja Saudável................................. 85CAPÍTULO 33O Corpo de Cristo................................................................................................... 88CAPÍTULO 34A Sinfonia do Amor............................................................................................. 90CAPÍTULO 35Um Conjunto de Virtudes.................................................................................... 93CAPÍTULO 36Amor Excêntrico.......................................................................................................... 95CAPÍTULO 37A Solução Que Jamais Falha................................................................................... 97CAPÍTULO 38A Edificação da Igreja............................................................................................ 99CAPÍTULO 39Com Decência e Ordem...................................................................................... 101CAPÍTULO 40“Tudo Seja Feito Para a Edificação da Igreja”.............................................................. 104CAPÍTULO 41O Que é o Evangelho?........................................................................................... 106CAPÍTULO 42Fé nos Fatos ............................................................................................................ 111CAPÍTULO 43Os Quatro Conquistadores.................................................................................. 113CAPÍTULO 44“O Corpo Espiritual”................................................................................................ 115CAPÍTULO 45Vitória Sobre a Morte......................................................................................... 118CAPÍTULO 46“Quanto à Coleta”..................................................................................................... 122

Introdução (ao aluno iniciante) Quando você se aprofunda na Palavra de Deus e deixa que a Palavra

transforme sua vida, coisas maravilhosas e tremendas acontecem.Bem-vindo ao ENCONTRO COM A PALAVRA. Juntos faremos um

estudo de toda a Bíblia, dividido em 13 livros. Essa jornada nos levará do Livro de Gênesis ao Apocalipse e nos dará uma visão panorâmica de cada livro da Bíblia. Observaremos a estrutura do livro, o seu contexto histórico e, o que é mais importante, buscaremos uma aplicação para nossas vidas, a partir do ensino de cada livro.

Algumas pessoas acham a Bíblia um livro confuso. Realmente, não é fácil relacionar os acontecimentos com a sua época e o seu significado. Mas, cada versículo da Bíblia é um pedacinho desse quebra-cabeça, cujo conteúdo é muito glorioso. Minha oração é que, no final dessa jornada, você tenha adquirido uma compreensão maior de cada livro da Bíblia, do modo como eles se completam, e possa situá-los dentro da história de Deus com o homem. No final, você terá uma compreensão de como Deus trabalhou nos tempos do Velho Testamento; terá também compreendido o que mudou com a vinda de Jesus Cristo e a razão da mudança; aquilo em que você antes cria no coração, será confirmado em sua mente, e você poderá testemunhar sua fé com mais confiança e conhecimento.

Espero que você faça todo o curso e convide outras pessoas para que nos acompanhem nesse estudo da Bíblia, o livro mais importante do mun-do. Faça suas malas e prepare-se para embarcar. Estamos prestes a partir!

Ferramentas que serão utilizadasSegundo o apóstolo Paulo, a única maneira de não passarmos ver-

gonha, quando se trata de Bíblia, é tornarmo-nos obreiros que manejem bem a Palavra. A única maneira de entender a Bíblia é saber usá-la. Por isso, o meu desafio é que você assuma o compromisso de estudá-la com dedicação e sinceridade. Nenhum livro merece mais dedicação e em-penho da nossa parte que a Bíblia. Se você quiser se aprofundar ainda mais neste estudo, além de dedicação e empenho há outras ferramentas que o ajudarão a ir mais fundo no conhecimento das Escrituras.

Antes de qualquer coisa você precisa de uma Bíblia e, se possível, adquira mais de uma tradução. Você também vai precisar de um cader-no para anotações.

Como qualquer outro trabalho, esse será cumprido com mais fa-cilidade e atingirá melhores resultados, se você possuir as ferramentas certas. O estudo da Bíblia fica mais produtivo, quando se utilizam os recursos disponíveis. Procure equipar-se com as ferramentas que men-cionamos e você se surpreenderá com os resultados.

ESTUDO DE I CORÍNTIOS VERSÍCULO POR VERSÍCULO

CBI - Encontro com a Palavra Livro 8 7

Capítulo 1

A Primeira Igreja de Corinto (I Coríntios 1.1-9)

Paulo escreveu sua primeira carta à igreja que ele plantou em Corinto, numa fase em que nela ha-via muitas questões que exigiram o conselho inspirado do maior missio-nário e plantador de igrejas para Je-sus Cristo que o mundo conheceu.

A igreja de Corinto sofreu um processo de divisão em razão de alguns crentes terem se polarizado em seus líderes, que foram desig-nados por Paulo para os ensinar e discipular.

Um homem que, provavel-mente, era líder na igreja, estava tendo um caso com sua madras-ta. Todos tinham conhecimento do fato, mas ninguém tomava atitude alguma a respeito dele.

Irmãos processavam outros nos tribunais de Corinto; quando a igreja se reunia para celebração da Santa Ceia, os crentes se embebe-davam com vinho.

Paulo tomou conhecimento des-ses problemas por meio da igreja reu-nida em muitos lares espalhados pela cidade. Além disso, alguns irmãos da igreja lhe tinham escrito, fazen-do perguntas sobre casamento,

adoração a ídolos, o papel da mu-lher na igreja, alguns aspectos de adoração na igreja, a função do Es-pírito Santo na igreja, ressurreição e mordomia.

Nos capítulos 1 a 5, Paulo tra-tou de questões como as divisões que havia entre eles e a imorali-dade; no capítulo 6, Paulo ques-tionou acerca dos processos que um irmão abria contra outro; nos capítulos 7 a 16, ele respondeu as dúvidas levantadas em cartas que lhe foram escritas.

Depois desse breve panorama da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios, vamos enfocar os seus primeiros versículos. No versículo de número um, Paulo apresentou-se como “chamado para ser após-tolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus”. No meio desta carta e também na sua Segunda Carta aos Coríntios, descobrimos que essa igreja questionou o direito de Paulo se auto-intitular apósto-lo. Por isso, imediatamente, Paulo se posicionou: “chamado para ser apóstolo de Cristo Jesus pela von-tade de Deus”.

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CBI - Encontro com a Palavra8 Livro 8

Paulo endereçou sua carta aos “santificados em Cristo Jesus e chamados para serem santos” (2). A palavra “santificado” sig-nifica “separado”. Quando você é separado para seguir a Cristo, ne-cessariamente se afasta do que é pecaminoso. Mas a ênfase nas Es-crituras, no que concerne à santifi-cação, não é separar-se do pecado, mas ser chamado para separar-se para Deus, que o chamou, a fim de ter um relacionamento com Ele (1.9). Este era o termo preferido de Paulo para se referir aos crentes como “santos”.

O fato de Paulo ter-se referi-do a esses crentes como “santos”, mesmo sabendo dos seus mui-tos problemas, deixa claro que ser santificado não significa viver sem pecado. Ser “santo” significa ser um “chamado” para viver se-parado para Cristo e separado do pecado.

Na segunda metade do versí-culo 2, Paulo escreveu: “...junta-mente com todos os que, em toda parte, invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso”. Esta carta não foi dirigi-da apenas à igreja de Deus em Co-rinto, mas a todos que invocavam o nome de Jesus Cristo, quando ela foi escrita e às futuras gerações

em todo o mundo. Isto quer dizer que ela foi escrita para mim e para você, ou seja, à “Igreja de Deus”, invisível e universal, e à “igreja de Deus em Corinto”, visível e reuni-da naquela cidade.

No versículo 3, lemos a sau-dação: “graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo”. Esta era a saudação pa-drão de Paulo, porque ele cria que se um crente tiver a graça, tem to-das as maravilhosas bênçãos que Deus pode lhe dar – não por mere-cimento nem esforço próprio, mas porque Deus é quem a dá.

Graça não é apenas um favor imerecido de Deus, mas também o poder, o carisma de Deus, que possibilita a um crente ser segui-dor de Jesus Cristo. O resultado de ter a graça de Deus estava eviden-ciado na vida dos crentes de Co-rinto que, como diz o texto, “foram enriquecidos... de modo que não lhes falta nenhum dom espiritu-al...” (5,7).

A Segunda Vinda de Jesus Cristo foi outro ensino muito im-portante de Paulo. Ele disse aos crentes do primeiro século, da ci-dade de Corinto, que eles estavam esperando a revelação do “nosso Senhor Jesus Cristo” (7) e, en-quanto eles esperavam a volta de

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Cristo, Paulo escreveu que Jesus poderia “mantê-los firmes até o fim, de modo que fossem irrepre-ensíveis no dia de nosso Senhor Jesus Cristo” (8).

O que fazia Paulo ter essa con-fiança de que os crentes da igreja

de Corinto, que tinham tantos pro-blemas, continuariam firmes até ao Dia da Vinda de Jesus Cristo? A confiança de Paulo era: “Fiel é Deus, o qual os chamou à comu-nhão com seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (9).

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Estes versículos do primeiro capítulo revelam o propósito des-ta carta. Como já comentamos, a Primeira Carta aos Coríntios foi es-crita para uma igreja com muitos problemas. Nos quatro primeiros capítulos Paulo tratou do problema das divisões na igreja. Ele soube dessas divisões pelos irmãos que se reuniam na casa de Cloe (11). A igreja em Corinto se reunia nos lares espalhados por toda a cida-de. Era assim que se reunia a igreja que Paulo fundou. Paulo recordou aos líderes da igreja de Éfeso, que ele tinha ensinado publicamente e de casa em casa. Podemos concluir que esses líderes foram incumbidos de cuidar das igrejas nos lares em Éfeso, bem como da supervisão e crescimento daqueles que se reu-niam com eles nas igrejas-lares (Atos 20.28). Durante os três pri-meiros séculos, a Igreja do Novo Testamento se reunia nos lares.

A igreja nos lares da cidade de Corinto estava polarizada em torno de seus líderes. Como Paulo foi quem chegou primeiro na cida-de para pregar o Evangelho, alguns

diziam: “Eu sou de Paulo, porque foi com ele que aceitei a Cristo”. Antes de se converter, Paulo era um gran-de estudioso, um rabino fariseu, que estudara aos pés do famoso rabino Gamaliel (Atos 22.3). Dizer que ti-nha se sentado aos pés de Gamaliel era o mesmo que dizer hoje que se formou em uma das Universidades mais prestigiadas do país. Em ou-tras palavras, Paulo tinha as me-lhores credenciais intelectuais que alguém poderia ter. A sociedade gre-ga dos tempos de Paulo valorizava muito a pessoa com alto nível inte-lectual e educacional. Os crentes da cidade de Corinto, que davam valor a esse tipo de credencial, respeita-vam muito Paulo e tinham menos respeito por Pedro.

Mas nem todo mundo em Co-rinto era intelectual. Havia muitos que amavam a pregação despre-tensiosa e realista de Pedro. Al-guns não entendiam tão bem o ensino de Paulo como entendiam a pregação de Pedro. Apesar de ser inculto, como descobrimos len-do suas cartas, Pedro enfatizava a aplicação das coisas espirituais.

Capítulo 2

"Acaso Cristo Está Dividido?" (I Coríntios 1.10-17)

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Havia um jovem chamado Apolo que, provavelmente, era um grego muito eloquente antes de se converter. Como os coríntios valori-zavam muito esse aspecto, alguns diziam: “Eu sou de Apolo porque me identifico com o que ele fala”.

E, finalmente, havia um gru-po muito temente dentro da igreja de Corinto. Paulo se referiu a es-sas pessoas como os “de Cristo”, aqueles que não seguiam homem algum, mas apenas a Cristo (12).

Depois de identificar todos os grupos da igreja, Paulo faz uma pergunta muito profunda: “Acaso Cristo está dividido?”.

Em um dos versículos Paulo enfocou o que realmente é salva-ção: “Fiel é Deus, o qual os cha-mou à comunhão com seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (9).

Agora, preste atenção! Se a salvação é essencialmente o cha-mado para um relacionamento com Cristo e se é possível termos esse relacionamento com o Cris-to Vivo e Ressurreto, então esta pergunta “Acaso Cristo está di-vidido?” feita por Paulo é muito significativa.

Na sua carta aos colossen-ses Paulo escreveu que Cristo em nossos corações é a nossa única esperança (Colossenses 1.27). A

pergunta dele foi basicamente a mesma coisa que dizer: “Como se sente Cristo, que vive em nós e com Quem temos comunhão, em relação a todas essas questões que nos dividem, tais como dife-rença de raça, classe social, forma de adoração, aborto, clonagem de seres humanos, doutrina ou qual-quer outra questão?”.

“Acaso Cristo está dividido?” Pense nisso. A resposta óbvia deve ser um “não!” em alto e bom som; a dedução óbvia tem que ser que, se Cristo realmente vive em nós, então não devemos nos dividir. Se estamos divididos, polarizados ao redor de nossos líderes, então existe alguma coisa errada no nosso rela-cionamento com Cristo e na manei-ra como enxergamos nossos líderes.

No versículo 13, Paulo refe-re-se a ele como um exemplo de como os líderes devem ser vistos. “Foi Paulo crucificado em favor de vocês? Foram vocês batiza-dos em nome de Paulo?”. É como se ele tivesse dito: “Eu morri por vocês na cruz? Então, por que alguns de vocês dizem ‘eu sou de Paulo’?”. Paulo não se dirigiu àqueles que se polarizaram junto aos outros líderes. Diplomatica-mente, ele se dirigiu àqueles que se diziam “de Paulo”.

ESTUDO DE I CORÍNTIOS VERSÍCULO POR VERSÍCULO

CBI - Encontro com a Palavra12 Livro 8

Ele também enfatizou que ti-nha batizado apenas alguns cren-tes em Corinto e, então, fez esta importante declaração, fazendo um paralelo do batismo com a pregação do Evangelho: “Pois Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho, não porém com palavras de sabedoria humana, para que a cruz de Cristo não seja esvaziada” (17). Ao fazer a distinção entre batismo e prega-ção do Evangelho, ele deixou cla-ro que não somos batizados para ser salvos, mas somos batizados porque somos salvos. O batismo é como uma cerimônia de casa-mento, em que declaramos publi-camente uma decisão particular nossa, tomada anteriormente.

Paulo usou todo o resto do ca-pítulo 1 e os capítulos 2, 3 e 4 explicando o que realmente acon-tece quando as pessoas ouvem a pregação do Evangelho, crêem nela e se convertem. Obviamen-te Paulo estava se dirigindo não apenas àqueles que se diziam “de Paulo”.

Muitos cometem o erro de tentar fazer do Evangelho de Jesus Cristo algo intelectualmente atra-ente, dando ao Evangelho uma abordagem lógica ou filosófica. Parece que o pensamento de al-guns é: “Se eu puder responder to-das as dúvidas intelectuais, então tenho certeza que serei salvo”.

Paulo argumentou que não foi isso o que aconteceu, quando ele pregou o Evangelho em Corinto. Ele afirmou que não tinha sido enviado para pregar o Evangelho em Corinto com base na sabedoria humana. Se ele assim o tivesse feito, a cruz de Cristo teria sido esvaziada do seu poder, e a fé deles teria sido firmada em sabedoria de homens. Ele afir-mou que esteve entre eles em meio a grande fraqueza e temor. Com muita mansidão e temor, Paulo afir-mou que, deliberadamente, tinha determinado não saber mais nada entre eles além de Cristo e Este cru-cificado. Quando Paulo proclamou o Evangelho naquela cidade, houve demonstração e testemunho do po-der do Espírito Santo.

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Capítulo 3

“A Mensagem da Cruz” (I Coríntios 1.18-2.5)

Se os crentes de Corinto tives-sem entendido e aplicado o que Paulo escreveu nesses versículos que acabamos de estudar (1-17), eles não teriam se dividido nem se polarizado em torno dos seus líderes.

No versículo 18, Paulo expli-cou qual é a mensagem da cruz e como o povo respondeu a ela: “a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus”. Paulo usou o termo “mensagem da cruz” para explicar que tinha ido a Corinto a fim de pregar o Evangelho como um mensageiro anuncia o decreto de um rei.

Paulo declarou ter determinado não conhecer nada além de Cristo e Este crucificado. A perspectiva histórica que obtemos, através do Livro de Atos, ajuda-nos entender melhor o que Paulo escreveu aos coríntios. No capítulo 17 de Atos, descobrimos que uma experiên-cia que o apóstolo teve em Atenas marcou profundamente o seu mi-nistério, na cidade de Corinto.

Quando Paulo estava em Ate-nas, foi convidado para pregar no Areópago, um lugar de muito pres-tígio, localizado no alto de Atenas, onde estudiosos, políticos e gran-des oradores eram convidados para se pronunciarem sobre im-portantes questões filosóficas do dia-a-dia e da cultura deles. Era uma grande honra ser convidado para debater ou ensinar naquele lugar.

Alguns estudiosos acreditam que Paulo tenha se rendido às pressões culturais daquele lugar onde a filosofia e os debates in-telectuais eram tão valorizados. A sua pregação ali iniciou-se a partir de uma inscrição que ele viu em um dos muitos altares a ídolos existentes naquele lugar, terminando com citações de po-etas e filósofos gregos. O sermão foi brilhante, mas não deu muitos resultados. Não existe nenhuma epístola aos atenienses e não há registro de que Paulo tenha funda-do alguma igreja naquela cidade. Apenas alguns poucos atenderam àquela mensagem tão boa.

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CBI - Encontro com a Palavra14 Livro 8

Dessa experiência em Ate-nas, Paulo foi direto para Corinto e quando chegou ali o Senhor lhe disse em visão: “Não tenha medo, continue falando e não fique ca-lado, pois estou com você, e nin-guém vai lhe fazer mal ou feri-lo, porque tenho muita gente nesta cidade” (Atos 18.9,10). Duran-te um ano e meio Paulo pregou o Evangelho em Corinto.

Lendo os capítulos 17 e 18 de Atos, descobrimos mais detalhes sobre a pregação do Evangelho em Corinto, em que contexto ela ocorreu, e também sobre o minis-tério de Paulo nessa cidade. Em Corinto, ele não usou nenhuma inscrição da cidade para iniciar sua pregação nem citou filósofos ou poetas gregos. Ele simples-mente anunciou dois fatos sobre Jesus Cristo: que Ele morreu pelos nossos pecados e ressuscitou dos mortos. Paulo pregou o Evange-lho puro e simples, sem entrar em debates. Ele apenas anunciou o Evangelho (I Coríntios 2.1-5).

Paulo concluiu esta carta com uma declaração do Evangelho e de como o anunciou em Corinto (15.1-4). Ele cria que pregando e anunciando a mensagem do Evan-gelho, que Jesus Cristo morreu pe-los nossos pecados e ressuscitou

dos mortos, ou seja, as Escrituras, o Espírito Santo derramaria o dom da fé para alguns que o ouvissem. Os que cressem eram aqueles sobre os quais Deus tinha falado com ele em visão, quando disse: “porque tenho muita gente nesta cidade”.

Por que alguns crêem e outros não?O que faz alguns crerem na

pregação do Evangelho e outros não? Será que é porque uns são mais espertos que outros? Paulo afirma que a fé é um dom de Deus e que o Espírito Santo derrama esse dom sobre os que crêem na pregação do Evangelho. O Espíri-to Santo leva essas pessoas a en-tenderem a verdade do que estão ouvindo. Elas crêem porque lhes é dado o dom da fé (Efésios 2.8; Fi-lipenses 1.29).

No versículo 19, Paulo citou o profeta Isaías: “Por isso uma vez mais deixarei atônito esse povo com maravilha e mais maravilha; a sabedoria dos sábios perecerá, a inteligência dos inteligentes se desvanecerá” (Isaías 29.14). Tam-bém no versículo 19 do capítulo 3, Paulo citou Jó: “Apanha os sábios na astúcia deles, e as maquinações dos astutos são malogradas por sua precipitação” (Jó 5.13).

ESTUDO DE I CORÍNTIOS VERSÍCULO POR VERSÍCULO

CBI - Encontro com a Palavra Livro 8 15

Deus estava prevendo, atra-vés de Isaías, que a inteligência do homem atuaria contra a Sua obra. Como uma prova do cumprimento dessa profecia Paulo perguntou: “Onde está o sábio? Onde está o erudito? Onde está o questionador desta era? Acaso não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?” (20). Deus abriu o Seu diálogo com o homem, perguntando: “Onde está você?”. Depois, Deus perguntou a Caim: “Onde está teu irmão?”. Mais tarde, Deus perguntou a Abraão: “Onde está tua mulher?”. A mesma pergunta está aqui: “Onde está o sábio?”. A essência destas pergun-tas é: “Onde está o homem espiri-tualmente sábio?”.

Por que a sabedoria do mundo é loucura para Deus? Esta é a res-posta de Paulo: “na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por meio da sabedoria humana” (21). Deus sabe que a sabedoria

começa com temor (ou reconhe-cimento) do nosso Deus Criador (Provérbios 9.10).

Paulo explicou como os ju-deus buscam a Deus: “Os judeus pedem sinais miraculosos”. E também explicou como as pessoas em Corinto buscavam, não somen-te a Deus, mas tudo na vida: “os gregos (buscam) procuram sabe-doria”. É por isso que a pregação pura e simples do Evangelho de Cristo, sem nenhum sinal, é pedra de tropeço para o judeu.

Os gregos achavam que o Evangelho era “loucura”, porque não o compreendiam por meio de um entendimento intelectual. Mas, para os “chamados”, independen-temente de serem judeus ou gre-gos, a pregação do Evangelho de Cristo crucificado é sabedoria e poder de Deus que opera o milagre de salvação em suas vidas, quan-do o ouvem e crêem nele.

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CBI - Encontro com a Palavra16 Livro 8

Capítulo 4Aquele Que é Espiritual e Aquele Que é Natural

(I Coríntios 2.6-16)

A partir do versículo 6 do ca-pítulo 2, Paulo iniciou uma das minhas passagens preferidas na Palavra de Deus:

“Entretanto, falamos de sa-bedoria entre os que já têm ma-turidade, mas não da sabedoria desta era ou dos poderosos desta era, que estão sendo reduzidos a nada. Ao contrário, falamos da sabedoria de Deus, do mistério que estava oculto, o qual Deus preordenou, antes do princípio das eras, para a nossa glória. Ne-nhum dos poderosos desta era o entendeu, pois, se o tivessem en-tendido, não teriam crucificado o Senhor da glória. Todavia, como está escrito: ‘Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente ne-nhuma imaginou o que Deus pre-parou para aqueles que o amam’; mas Deus o revelou a nós por meio do Espírito. O Espírito son-da todas as coisas, até mesmo as coisas mais profundas de Deus. Pois, quem conhece os pensa-mentos do homem, a não ser o espírito do homem que nele está?

Da mesma forma, ninguém co-nhece os pensamentos de Deus, a não ser o Espírito de Deus. Nós, porém, não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito proce-dente de Deus, para que enten-damos as coisas que Deus nos tem dado gratuitamente. Delas também falamos, não com pa-lavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensi-nadas pelo Espírito, interpretando verdades espirituais para os que são espirituais. Quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de en-tendê-las, porque elas são discer-nidas espiritualmente. Mas quem é espiritual discerne todas as coi-sas, e ele mesmo por ninguém é discernido; pois ‘quem conheceu a mente do Senhor para que pos-sa instruí-lo?’ Nós, porém, temos a mente de Cristo” (2.6-16).

Qualquer bom professor, como era Paulo, sabe a forma como as pessoas aprendem. Elas aprendem através da “porta dos

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 8 17

ouvidos”, isto é, pela audição. Isso inclui tudo o que ouvimos dos nossos pais, professores, pasto-res e de outras pessoas. Também aprendemos através da “porta dos olhos”, daquilo que vemos. O ato de aprender também inclui tudo o que lemos e observamos. É por isso que um sistema de en-sino áudio-visual é um método tão eficiente.

Nesta passagem do capítulo 2 de I Coríntios, Paulo mencionou os olhos, os ouvidos e a mente. A mente representa nossa vontade. É difícil ensinar pessoas que não querem aprender. Nosso Senhor disse: “Se alguém decidir fazer a vontade de Deus, descobrirá se o meu ensino vem de Deus ou se falo por mim mesmo” (João 7.17). Discípulos são seguidores de Cristo que estão aprendendo com a prática e passarão o resto de suas vidas praticando o que aprenderam. Essa é a essência da palavra “discípulo”. Por isso, Jesus procurava por pessoas que tives-sem a vontade de fazer e praticar o que viessem a conhecer.

A mensagem mais importan-te desse capítulo das Escrituras é que, para aprendermos uma ver-dade espiritual, devemos ter outra porta disponível para nós, a porta

do Espírito Santo. Paulo fez uma ilustração para explicar o que es-tava tentando ensinar. Ele nos de-safiou a pensarmos sobre o fato de que apenas o espírito do homem conhece os pensamentos do ho-mem. A única maneira de se co-nhecer os pensamentos de outra pessoa é tendo o espírito dessa outra pessoa dentro de nós.

Da mesma forma, o único que sabe o que Deus está pensando é o Espírito Santo. Quando temos o Espírito Santo, temos a capacida-de de conhecer os pensamentos de Deus. Quando temos o Espíri-to Santo dentro de nós, temos a mente de Cristo!

Paulo é enfático ao ensinar que a única maneira de conhecer-mos as verdades espirituais é ten-do o Espírito Santo, porque as ver-dades espirituais são aprendidas espiritualmente. Se você não tem o Espírito Santo não tem como conhecer verdades espirituais. No versículo 15, Paulo diz: “quem é espiritual discerne todas as coi-sas”. De quem ele estava falando? Ele estava falando da pessoa que creu no Evangelho e experimentou o milagre da salvação, através do qual recebeu o Espírito Santo. Essa pessoa não precisa ser intelectual nem formado em teologia para ter

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CBI - Encontro com a Palavra18 Livro 8

entendimento, (não que não seja bom alguém espiritual estudar e ir para um seminário).

Acho muito interessante pen-sar que os primeiros apóstolos, apesar da pouca instrução que possuíam, eles alcançaram todo o mundo daquela época para Jesus, porque eram espirituais, ou seja, eles tinham recebido o Espírito Santo. Existem dois milhões de pastores, aproximadamente, em todo o mundo, hoje, e menos de cem mil têm diploma teológico. O Cristo Vivo e Ressurreto ainda hoje alcança o mundo através de pes-soas como os primeiros apóstolos.

Nestes versículos Paulo de-fine dois tipos de homens e esse padrão está presente em toda a Bíblia. No Livro de Salmos, en-contramos a distinção entre o “ho-mem feliz”, ou “bem-aventurado”, e o “ímpio”(Salmo 1). Jesus fez re-ferência ao homem prudente e ao insensato (Mateus 7.24-27). Aqui vemos Paulo fazendo distinção entre o que é espiritual e o que é natural. A palavra que Paulo usou para “natural” foi “não espiritual”. Nesta passagem ele está simples-mente falando do homem que tem o Espírito Santo habitando nele e o que não O tem.

Hoje, quando pastores pregam

e ensinam as Escrituras, eles po-dem ver na congregação quem é e quem não é espiritual, ou seja, quem é natural. Ao pregar para os efésios, Paulo orou: “Oro também para que os olhos do coração de vocês sejam iluminados” (Efésios 1.18). Aqueles que transmitem a Palavra de Deus para as pessoas podem observar olhos se ilumina-rem com entendimento à medida que ouvem a Palavra de Deus.

Da mesma forma, às vezes é fácil visualizar o homem natural ou não espiritual, ao qual Paulo se referiu. Essa pessoa simplesmente não entende as coisas espirituais; na verdade, considera-as loucura. Por quê? Porque não tem o Espí-rito Santo e, por isso, seus olhos não foram iluminados com o en-tendimento. Às vezes, seus olhos estão fechados, porque sempre cai no sono quando ouve a Palavra de Deus!

Não podemos esperar que pessoas não espirituais entendam verdades espirituais ou tenham valores espirituais. Quando você compartilhar sua fé ou sua expe-riência com Cristo com pessoas naturais, ore para que o mesmo Espírito Santo que abriu os seus olhos e ouvidos abra também os olhos e ouvidos da pessoa com

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quem você está conversando, para que ela nasça de novo e receba o Espírito de Deus.

Tudo isso pode despertar al-gumas perguntas muito impor-tantes. Pela graça de Deus, você já creu no Evangelho e já nasceu de novo? O Espírito Santo vive em você? Você tem a “porta do Espí-rito”, que pode abrir a porta dos

seus olhos, ouvidos e da sua men-te para lhe ensinar verdades espi-rituais? Você tem acesso aos pen-samentos de Deus e à mente de Cristo porque tem o Espírito Santo vivendo em você? Ou você é na-tural, uma pessoa não espiritual, que não compreende verdades es-pirituais, e acha o Evangelho uma loucura?

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Capítulo 5

Palavras Ensinadas Pelo Espírito (I Coríntios 2.6-16)

O Espírito Santo tem muitos ministérios e funções. Ele é Con-solador e Conselheiro. Ele nos re-genera e nos faz novas criaturas de dentro para fora. Jesus referiu-Se ao Espírito Santo como “Paracle-to”. Esta palavra grega significa “Aquele que está ao nosso lado e ligado a nós para nos assistir”.

Um dos ministérios mais im-portantes do Espírito Santo é en-sinar. Quando Jesus introduziu o conceito do Espírito Santo nos Seus ensinos e o deu aos após-tolos, Ele especificou o que seria uma das funções do Espírito San-to: “Mas quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda a verdade. Não falará de si mes-mo; falará apenas o que ouvir, e lhes anunciará o que está por vir” (João 16.13). Certa ocasião, de-pois de ensinar para as multidões, Jesus Se isolou com os apóstolos para responder suas dúvidas e explicar Seu ensino em particular para eles. Ele disse que lhes ti-nha sido dado compreender o Seu ensino, mas o mesmo não tinha acontecido com os outros. O que

aconteceu para que os apóstolos entendessem o ensino de Jesus?

Jesus sempre fez essa obser-vação a respeito do Seu ensino. Depois de ensinar sobre casamen-to, Ele disse que apenas aqueles a quem lhes tinha sido dada essa condição, poderiam receber o Seu ensino sobre casamento (Mateus 19.11). Quando perguntaram a Jesus porque Ele ensinava por meio de parábolas, Ele respondeu que apenas aqueles a quem tinha sido dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos Céus O en-tenderiam (Mateus 13.11). É ób-vio que o que lhes fora dado para que compreendessem o ensino, foi o Espírito Santo.

O apóstolo João escreveu que temos uma unção sobre nós e essa unção pode nos ensinar. Ele conti-nuou dizendo que não precisamos de homem algum que nos ensi-ne, porque essa unção que temos dentro de nós nos ensina (I João 2.20,27).

O apóstolo Paulo concorda plenamente com seu Senhor e seus amigos apóstolos ao dizer

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que o Espírito Santo, que vive em nós, pode nos ensinar verdades espirituais. Ele expressou essa verdade ao declarar sua missão como um mestre da Palavra de Deus e declarou que ensinava ver-dades espirituais para pessoas es-pirituais com “palavras ensinadas pelo Espírito Santo”. Foi isso que ele quis dizer ao afirmar que ver-dades espirituais são discernidas espiritualmente e que ele ensinava verdades espirituais para pessoas espirituais (2.13).

Você já teve a experiência de ouvir um ensino ou pregação da Palavra de Deus e pensar: “Isso tem a ver com o que li (ou ouvi) na semana passada”? Sabe o que significa isso? É o Espírito Santo lhe ensinando a Palavra de Deus – “pa-lavras ensinadas pelo Espírito”. De acordo com Jesus, Paulo e o após-tolo João, a única maneira de com-preendermos a Palavra de Deus é tendo o Espírito Santo em nós como nosso Mestre, revelando-nos coisas espirituais. Esta é uma das razões por que Ele vive em você e uma das formas mais importantes de ministrar sobre você.

Seria injusto se a capacida-de para compreender verdades

espirituais tivesse como base a inteligência e a instrução das pes-soas. Nem todos têm a mesma in-teligência nem as mesmas oportu-nidades. Quem é que pode escolher o conjunto de características gené-ticas que determina a inteligência de uma pessoa e as circunstâncias da vida para sua educação?

Pedro não sabia escrever suas próprias cartas. Mesmo assim, quando as estudamos, aprende-mos verdades espirituais tremen-das! Ele deixou escrito que “Seu divino poder nos deu tudo de que necessitamos para a vida e para a piedade” (II Pedro 1.3). Ele não precisava saber ler e escrever para ser espiritual. Ele tinha o Espírito Santo dentro dele e não precisa-va que homem nenhum o ensi-nasse, porque o Espírito Santo o ensinava.

O mesmo entendimento espiri-tual está disponível para os crentes hoje. Jesus ensinou “Peçam, e lhes será dado ; busquem, e encon-trarão; batam, e a porta lhes será aberta” (Mateus 7.7). Se você vai à Palavra de Deus pedindo, bus-cando e batendo, o Espírito Santo abrirá a porta da Palavra de Deus para você e Ele será o seu Mestre.

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Capítulo 6“Quem é Paulo?” (I Coríntios 3.1-7)

Depois de estabelecer a dife-rença entre homem natural e ho-mem espiritual, Paulo apresentou uma terceira categoria de pes-soas, no capítulo 3 da Primeira Carta aos Coríntios: “Irmãos, não lhes pude falar como a espiritu-ais, mas como a carnais, como a crianças em Cristo” (3.1). Em ou-tras palavras, Paulo estava dizen-do: “E agora? Do que vou chamar vocês? De tratantes e salafrários de Corinto? Como posso me dirigir a vocês como homens espirituais, com toda essa divisão no meio da igreja por causa de seus líderes?”.

Portanto, temos o homem espiritual (aquele que recebeu o Espírito e compreende as coi-sas espirituais), o homem natural (aquele que não recebeu o Espí-rito de Deus e por isso não com-preende as coisas espirituais) e o homem carnal. Mas quem é esse homem carnal? Devemos nos lem-brar que o termo homem é usado por Paulo de forma genérica, tanto para homens como para mulheres.

Então Paulo estava sugerindo que existem três tipos de homens?

Talvez, mas existe outra maneira de interpretarmos essa passagem. O homem natural não pode ser es-piritual porque não tem o Espírito. Ele não tem escolha. Ele anda na carne sempre, porque não tem a capacidade de andar no Espírito.

O homem espiritual, por outro lado, tem o Espírito Santo. Mas será que ele é sempre espiritu-al? Ele sempre anda no Espírito? Não! Ele pode escolher. Ele pode andar no Espírito, viver no Espírito e produzir frutos no Espírito; mas nem sempre ele faz isso. Então, quando o homem espiritual não anda no Espírito, Paulo o chama de “carnal”.

Agora você pode dizer: “Hei, espera aí! Não existe esse negócio de homem carnal e espiritual”. Pen-se um pouco nisto. Será que exis-te outro tipo de homem espiritual? Jesus Cristo era o tempo todo cem por cento espiritual, mas será que nós somos? Deveríamos ser. Fomos chamados para ser e podemos ser, mas será que somos sempre cem por cento espirituais? Um teólo-go definiu a palavra “carne” como

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“natureza humana sem o cuidado (tratamento) de Deus”. De acor-do com o apóstolo Paulo, quando o homem espiritual confia na sua própria natureza e não busca ajuda de Deus ele é carnal.

Paulo iniciou esta carta lem-brando aos crentes de Corinto que eles eram santificados e chama-dos para serem santos, mas agora ele estava dizendo que eles não estavam vivendo de acordo com o chamado deles. A prova disso eram as divisões e a inveja que havia entre eles. Podemos assim parafrasear o que Paulo escreveu: “Tenho que tratar vocês como pes-soas que ainda andam na carne, porque é exatamente isso o que vocês estão fazendo. Na verdade, decidi tratá-los como nenês, por-que é isso que vocês são; nenês espirituais, que ainda não apren-deram que não conseguem fazer nada sem a ajuda de Deus. Vocês ficam tentando viver como santos com suas próprias forças”. Como crianças que eram, ainda não ti-nham desenvolvido o sistema di-gestivo, por isso tinham que ser alimentados com alimentos pré-di-geridos, como o leite. Nessa pas-sagem, Paulo lamenta o fato de ter que continuar a alimentá-los com comida de criança e tratar a igreja

de Corinto como se toda ela fosse um berçário.

Se o único alimento espiritu-al que você ingere é o que alguém como seu pastor já pré-digeriu para você, então você pode ser um nenê espiritual; talvez esteja se alimentando apenas do leite da Palavra. O leite é um excelen-te alimento para o nenê, mas, na sua primeira carta, Pedro exorta os nenês a desejarem o leite puro da Palavra, de modo que cresçam (I Pedro 2.2). Uma pessoa crescida só se alimenta estritamente de lei-te se estiver doente.

É muito importante acompa-nhar o raciocínio de Paulo e sua argumentação nesses quatro pri-meiros capítulos. “Afinal de con-tas, quem é Apolo? Quem é Pau-lo?”. Lembre-se que quando Paulo fez esta pergunta, ele estava tra-tando do problema de divisões na igreja, e ele próprio respondeu sua pergunta várias vezes ao afirmar que ele e Apolo eram apenas mi-nistros (servos), através dos quais os coríntios vieram a crer (5).

Paulo iniciou a maioria das suas cartas apresentando-se como servo de Jesus Cristo. Paulo e Apo-lo eram apenas servos de Deus de-signados para pregar o Evangelho e pastorear a igreja, na cidade de

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Corinto; então ele continuou a res-ponder sua própria pergunta: “Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fez crescer; de modo que nem o que planta nem o que rega são alguma coisa, mas unicamen-te Deus, que efetua o crescimen-to” (6,7). Paulo repreendeu os co-ríntios por se polarizarem em torno de seus líderes, causando divisões na igreja.

ResumoPaulo concluiu afirmando que

aqueles irmãos ainda estavam an-dando na carne, porque no meio deles havia muita intriga e inveja.

O comportamento deles também mostrava que eles eram apenas ne-nês espirituais. O ponto que Paulo defendeu foi que, como Deus é o poder por trás do grande milagre de salvação que eles tinham expe-rimentado, através da pregação do Evangelho, eles deveriam se pola-rizar em torno de Deus, não dos servos de Deus enviados a Corinto para plantar e molhar a semente plantada. Eles deveriam se render e seguir a Deus que havia enviado o Seu Filho ao mundo para sal-vação deles, bem como o próprio Paulo, para lhes contar essas boas novas.

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Capítulo 7

Construindo Sobre o Alicerce (I Coríntios 3.8-17)

No terceiro capítulo da Primei-ra Carta de Paulo aos Coríntios, o apóstolo usou uma metáfora muito interessante ao dizer que os cren-tes de Corinto eram o campo de Deus, sendo ele e Apolo os lavra-dores. Ele tinha plantado a semen-te do Evangelho e da Palavra de Deus nesse campo, Apolo tinha regado, mas Deus tinha dado vida à semente e a tinha feito crescer. No versículo 9, Paulo usou outra metáfora e disse àqueles mesmos crentes: “vocês são edifício de Deus”.

Pedro e Paulo ensinaram que o templo, no qual Deus agora ha-bita, é o corpo de um crente. Pe-dro acrescentou a essa metáfora o conceito de que somos pedras vi-vas em um templo que Deus está edificando hoje (I Pedro 2.5). Esta é uma figura muito bonita da Igre-ja de Cristo!

Dando continuidade à ilustra-ção do edifício, Paulo escreveu: “Conforme a graça de Deus que me foi concedida, eu, como sá-bio construtor, lancei o alicerce, e outro está construindo sobre

ele. Contudo, veja cada um como constrói. Porque ninguém pode colocar outro alicerce além do que já está posto, que é Jesus Cristo” (10,11). Paulo comparou a igreja em Corinto com um edifício, no qual ele tinha colocado o alicerce, quando pregou o Evangelho na-quela cidade e os primeiros mem-bros da igreja se converteram.

Paulo era um missionário e não queria pregar o Evangelho onde este já tinha sido anunciado. Ele queria lançar os alicerces. Po-rém, Paulo sabia que a construção da igreja requeria um trabalho de equipe, e outras pessoas, como Apolo e Pedro, continuariam o seu ministério em lugares como a ci-dade de Corinto. Eles construiriam sobre o alicerce que ele tinha lan-çado, quando pregou o Evangelho.

Agora, leia atentamente o avi-so que ele deu àqueles que esta-vam construindo sobre o alicerce que ele tinha lançado: “Se alguém constrói sobre esse alicerce usan-do ouro, prata, pedras precio-sas, madeira, feno ou palha, sua obra será mostrada, porque o Dia

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a trará à luz; pois será revelada pelo fogo, que provará a qualida-de da obra de cada um. Se o que alguém construiu permanecer, esse receberá recompensa. Se o que alguém construiu se queimar, esse sofrerá prejuízo; contudo, será salvo como alguém que es-capa através do fogo” (12-15).

Muitos estudiosos acreditam que Paulo estava se referindo ao Julgamento do Trono de Cristo, quando os crentes serão julgados. Outro julgamento apresentado nas Escrituras é o Julgamento do Grande Trono Branco, quando os incrédulos serão julgados e conde-nados à morte eterna (Apocalipse 20.11-15).

A questão do Julgamento do Trono de Cristo, entretanto, não é condenação. Ninguém será conde-nado nesse julgamento, mas sim avaliado. O que você fez da sua vida depois que aceitou a Cristo como Salvador? “É apenas uma vida que logo vai passar; só o que foi feito para Cristo é que vai durar”. O que você está edificando sobre o funda-mento de Cristo? Coisas que vão du-rar, como ouro, prata e pedras pre-ciosas ou coisas muito passageiras, como madeira, feno e palha?

Esta metáfora do julgamento sugere que estamos acumulando

madeira e palha misturadas com ouro, prata e pedras preciosas. Quando nós, crentes, formos ava-liados, Jesus Cristo vai passar pelo fogo tudo que acumulamos. Quando a madeira, o feno e a palha passam pelo fogo são con-sumidos, enquanto que o ouro, a prata e a as pedras preciosas são purificados.

A verdade que Paulo estava ensinando é que depois que so-mos salvos e agimos pela carne, tentando viver e servir a Cristo por nós mesmos, sem confiar nEle, es-tamos acumulando madeira, feno e palha. Quando somos espirituais e vivemos na dependência total de Cristo, então acumulamos metais e pedras preciosas. Quando o fogo acabar, a qualidade da nossa eter-nidade terá sido determinada.

Paulo não estava ensinando que somos salvos pelas nossas boas obras, mas que tudo que é consumido nesse fogo não se re-fere à nossa salvação. Na verda-de, ele estava apenas alertando aqueles que estavam construindo sobre o fundamento que ele sa-biamente tinha lançado na vida dos crentes de Corinto. Essa fun-dação era Cristo, o fundamento e alicerce da salvação dos coríntios que creram.

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Paulo continuou com a ilus-tração do edifício e concordou com Pedro, quando perguntou: “Vocês não sabem que são santuário de Deus e que o Espírito de Deus ha-bita em vocês? Se alguém des-truir o santuário de Deus, Deus o destruirá; pois o santuário de Deus, que são vocês, é sagrado” (16,17).

Paulo e Pedro concordavam que Deus não vive mais em tem-plos feitos por mãos humanas. Ele não vive mais na tenda, nem no Tabernáculo do deserto, nem no Templo de Salomão. Uma vez que somos crentes em Jesus Cristo, nosso corpo é o templo de Deus. Ele vive em nós e nós não pode-mos jamais violar esse templo.

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Capítulo 8

O Sábio e o Louco (I Coríntios 3.18-20)

No capítulo 3, Paulo retomou o tema que tinha iniciado no versí-culo 17 do primeiro capítulo: “Não se enganem. Se algum de vocês pensa que é sábio segundo os pa-drões desta era, deve tornar-se “louco” para que se torne sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura aos olhos de Deus. Pois está escrito: ‘Ele apanha os sábios na astúcia deles’; e também: ‘O Senhor conhece os pensamentos dos sábios e sabe como são fú-teis’” (3.18-20).

Paulo não estava dizendo que quando passamos a seguir a Cris-to deixamos de usar o cérebro! No capítulo 2, Paulo escreveu: “Delas também falamos, não com pa-lavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras en-sinadas pelo Espírito, interpre-tando verdades espirituais para os que são espirituais” (2.13). Muitas pessoas, como eu mesmo, nem sabiam que tinham cérebro até que aceitaram a Cristo! Eu ti-nha 19 anos quando me conver-ti e naquele tempo achava que a minha cabeça era apenas um nó

que impedia que minha coluna vertebral se desmontasse! Depois de conhecer a Cristo tomei consci-ência de que Deus me tinha dado uma mente. Com a unção do Es-pírito Santo, depois que aceitei a Cristo, passei a usar minha mente como jamais tinha usado. É isso o que acontece com muitos crentes.

O que Paulo quis dizer com “sabedoria deste mundo”? Muitas vezes as Escrituras usam a pala-vra “mundo” para se referir a um sistema de crenças, a um siste-ma de valores, à maneira como o mundo pensa ou ao que o mun-do considera importante. Foi isso o que Paulo quis dizer com “pa-drões desta era” (18). Isso nos faz concluir que não podemos esperar que pessoas não-espirituais ou na-turais tenham os mesmos valores de pessoas espirituais.

As Escrituras deixam bem claro que, quando nos tornamos crentes, passamos a ter valores espirituais, experimentamos a re-novação de nossas mentes (Roma-nos 12.2), vivemos em união com o Cristo Vivo, o Espírito Santo vive

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em nós e Deus passa a ser a Fonte de nossos valores e pensamentos.

Por isso, quando Paulo con-trastou a sabedoria deste mundo com a sabedoria de Deus, escre-veu a respeito do crente que “deve tornar-se ‘louco’ para que se torne sábio”. Salomão também escre-veu: “O temor do Senhor é o prin-cípio da sabedoria” (Provérbios 9.10). Ter “temor do Senhor” é a mesma coisa que ter “fé no Se-nhor”. Temer a Deus não significa ver Deus como um tirano, mas re-verenciá-Lo por crer nEle. Se você crê em Deus, tem temor de violar ou macular o templo no qual Ele vive.

Você tem temor de desobede-cer a Deus? Você crê em Deus a ponto de temer pecar e desobede-cer-Lhe porque acha que Deus o puniria? Este é um temor sadio a Deus e também uma evidência de fé, que é o princípio da sabedoria. Você começa a ser sábio quando crê em Deus. Se você quer ser sábio aos olhos de Deus, então esteja disposto a ser considerado como um louco pelo mundo. Você

é sábio nas coisas de Deus? Você é sábio nas coisas do Espírito? Você é sábio no conhecimento das Escrituras?

O mundo considera louco o povo de Deus espiritualmente sá-bio. Não devemos nos surpreender se a “sabedoria” do mundo é con-siderada loucura por Deus, porque, afinal, por causa dessa “sabedo-ria” eles não conhecem a Deus. O plano de Deus é salvar através da pregação do Evangelho. O homem não-espiritual ouve o Evangelho e diz: “Loucura!”. Mas Deus olha para a sabedoria do homem e diz: “Loucura!”.

Quando Jesus orou pelos após-tolos e pela Sua Igreja, disse: “Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Je-sus Cristo, a quem enviaste” (João 17.3). De acordo com Jesus, a vida eterna começa pelo conhecimen-to de Deus e do Seu Filho. Paulo concordou com Jesus ao escrever nesses versículos que aqueles que fazem essa grande descoberta são sábios, e aqueles que não têm a vida eterna são loucos

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Capítulo 9

“Administradores dos Mistérios” (I Coríntios 3.21-4.5)

Paulo chegou a uma conclu-são com referência ao primeiro problema da igreja de Corinto tra-tado nesta carta, ou seja, o pro-blema de divisão entre os crentes que estavam polarizados em torno dos líderes da igreja. A conclusão de Paulo encontra-se nos versícu-lo 21 a 23 do capítulo 3: “Por-tanto, ninguém se glorie em ho-mens; porque todas as coisas são de vocês, seja Paulo, seja Apolo, seja Pedro, seja o mundo, a vida, a morte, o presente ou o futuro; tudo é de vocês, e vocês são de Cristo, e Cristo, de Deus”.

Nesta passagem, Paulo diz que Deus conhece tudo o que você precisa para levá-lo à salvação e fazê-lo crescer na fé. Ao mesmo tempo ele afirma que você tem tudo que precisa para que esse milagre aconteça em sua vida. Por isso, se Deus achar que você precisa de Paulo, ele vai mandar Paulo para você. Se Ele achar que você precisa de Apolo, vai mandar Apolo. Se Ele achar que você pre-cisa de Cefas (Pedro), vai mandar Cefas. Deus usará as situações da

sua vida para o seu bem. Deus é a Força propulsora por trás de tudo. Por isso Paulo concluiu sua argu-mentação dizendo que eles não se gloriassem nos homens que Deus tinha enviado.

No capítulo 4, Paulo escre-veu que “todos os considerassem como servos de Cristo e encarre-gados dos mistérios de Deus”. Em outra tradução, ao invés de “en-carregados dos mistérios de Deus” encontramos a palavra “despen-seiros dos mistérios de Deus”. Na verdade, Paulo estava dizendo: “Somos apenas servos (escravos) de Cristo. Viemos para Corinto porque Cristo nos enviou e tudo o que aconteceu aqui foi por causa de Cristo e não por nossa causa”.

No capítulo 2, Paulo escreveu que havia ensinado sobre a “sabe-doria de Deus e os mistérios que estavam ocultos”. Um mistério é algo que ainda será revelado. Exis-tem dois motivos que caracterizam o mistério do Evangelho. Ele será revelado quando Jesus Cristo vol-tar e a história da humanidade for encerrada em Cristo. A Bíblia tem

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muito a nos dizer sobre o futuro. Mais adiante nesta carta, ao falar sobre a vida além da morte, Paulo escreveu: “Eis que eu lhes digo um mistério...” (15.51). As coisas do futuro são mistérios para nós ago-ra, mas um dia serão reveladas.

Entretanto, Paulo estava expli-cando aos crentes de Corinto que ele e os outros líderes, que tinham levado a salvação para aquela ci-dade, deveriam ser considerados como administradores dos misté-rios de Deus, futuros e presentes. Existem muitas coisas no Evan-gelho e nas Escrituras que ficam ocultas para nós até que o Espírito Santo nos revele. Neste sentido, toda verdade que Deus quer com-partilhar conosco é mistério. Paulo considerava a si próprio e os outros que ensinavam as Escrituras como despenseiros desses mistérios.

Ele continuou dizendo que “o que se requer destes encarrega-dos (ou despenseiros) é que sejam fiéis” (2). Em Lucas 16, lemos a parábola de Jesus que ensina esse conceito de administração ou mor-domia. Como filhos de Deus esta-mos administrando o que perten-ce a outra Pessoa. Paulo escreveu mais adiante nesta mesma carta: “Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo

que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de si mesmos?” (6.19).

Mordomos são administrado-res. Exercer essa mordomia sig-nifica não ter nosso tempo nem nossa energia para nós mesmos. Mordomia não tem a ver apenas com nosso dinheiro ou posses, mas com todas as áreas de nossas vidas. Nessa passagem, Paulo re-lacionou a mordomia aos mistérios de Deus, do presente e do futuro.

O que é mais importante com referência à mordomia é que seja-mos fiéis, porque um dia teremos que prestar conta da nossa admi-nistração e poderemos nos alegrar com as seguintes palavras do Mes-tre: “Muito bem, servo (mordomo) bom e fiel!”.

Depois de apresentar esse pensamento; no versículo 2, Paulo escreveu: “Pouco me importa ser julgado por vocês ou por qualquer tribunal humano”(3). Não pode-mos nos esquecer que Paulo esta-va se dirigindo aos seus seguido-res que o consideravam o melhor líder que a igreja tinha.

Na verdade Paulo estava lhes perguntando: “O que vocês realmente sabem a meu respei-to? Nem eu próprio me conheço e, por isso, não posso nem me

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CBI - Encontro com a Palavra32 Livro 8

julgar, uma vez que não conheço as verdadeiras motivações do meu coração. Só Deus sabe quais são as verdadeiras motivações do meu coração, e é por isso que Ele é o único que pode me julgar (Jere-mias 17.9,10; Salmo 139.23, 24). Por isso é o Senhor quem me julga; quando se trata de julgar

outras pessoas, exceto por causa do pecado, não julguem ninguém até que o Senhor venha”. De acor-do com Paulo, quando o Senhor vier, Ele “trará à luz o que está oculto nas trevas e manifestará as intenções dos corações. Nes-sa ocasião, cada um receberá de Deus a sua aprovação” (5).

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Capítulo 10

Exemplos de Mártires (I Coríntios 4.6-21)

Paulo levantou três perguntas muito profundas neste quarto ca-pítulo. A primeira foi: “Quem torna você diferente de qualquer outra pessoa?” (7). Um dos maravilho-sos feitos de Deus é o fato de um ser humano ser diferente de outro. Além disso, para cada um existe um plano dEle. No final do Evangelho de João, Pedro perguntou a Jesus qual era o plano dEle para João e o Senhor respondeu: “Se eu quiser que ele permaneça vivo até que eu volte, o que lhe importa? Quanto a você, siga-me!” (João 21.22).

Existem hoje na Terra mais de 6 bilhões de habitantes e cada um é único. Cada um de nós tem sua própria impressão digital. Com o auxílio de sofisticados aparelhos podemos ser identificados através das nossas vozes, já que não exis-tem duas vozes exatamente iguais; nossa estrutura dentária também é distinta. O DNA é outra confirma-ção de que para cada ser humano que Deus criou, Ele jogou a forma fora e começou tudo de novo. Ele tem feito isso desde que criou o primeiro homem.

A segunda pergunta também está no versículo 7: “O que você tem que não tenha recebido?”. Tudo o que você tem veio de Deus. Pense em como foi passiva sua participação na sua própria cria-ção. Você escolheu nascer? Foi você que escolheu os pais que te-ria? Por acaso você decidiu em que parte do mundo ou em qual perío-do da história queria nascer? Você determinou as habilidades ou dons espirituais que teria? Pense nisso e verá que não existe nada em você que não tenha vindo de Deus.

A terceira pergunta foi: “E se o recebeu, por que se orgulha, como se assim não fosse?”(7). Você tem algum direito de se orgu-lhar de alguma habilidade natural ou espiritual, como se não fosse Deus quem lhe tivesse dado?

Leia cuidadosamente estas respostas que Paulo deu falando por si mesmo e pelos outros após-tolos: “somos loucos por causa de Cristo... somos fracos... somos desprezados! Até agora estamos passando fome, sede e necessi-dade de roupas, estamos sendo

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tratados brutalmente, não temos residência certa e trabalhamos arduamente com nossas próprias mãos. Quando somos amaldiço-ados, abençoamos; quando per-seguidos, suportamos; quando caluniados, respondemos amavel-mente. Até agora nos tornamos a escória da terra, o lixo do mundo” (10-13).

Vemos claramente que se pa-gava um preço para ser seguidor de Cristo. Paulo e os outros após-tolos foram “exemplos de márti-res”. Mas, a intenção de Paulo não era causar um mal-estar entre os coríntios. Ao contrário, ele queria que eles tivessem no coração os valores celestiais e não os terrenos.

Antes de ir para cruz, Jesus orou: “Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho te glorifique” (João 17.1).

Dr. A. W. Tozer, um servo de Deus dos Estados Unidos, costu-mava pregar que todo discípulo de Jesus deveria fazer a seguinte oração: “Pai, glorifica o Teu nome e manda a conta para mim. Pode ser qualquer coisa, mas glorifica o Teu nome”. Todo discípulo de Je-sus deveria estar sempre disposto a “tomar sua cruz”. Paulo e os ou-tros apóstolos são exemplos ma-ravilhosos para todos nós. Foi por isso que ele insistiu com os corín-tios e com outros crentes para que seguissem o seu exemplo (16).

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Capítulo 11

Disciplina na Igreja (I Coríntios 5.1-5)

Depois de dedicar quatro ca-pítulos desta carta à questão da divisão na igreja, no quinto capí-tulo Paulo passa a tratar de outro problema.

Nas igrejas nos lares da cida-de de Corinto todos sabiam que havia imoralidade sexual entre eles. Um caso específico foi o de um homem que tinha relaciona-mento sexual com a mulher do seu pai, que deveria ser sua madras-ta. Paulo escreveu: “E vocês estão orgulhosos! Não deviam, porém, estar cheios de tristeza e expul-sar da comunhão aquele que fez isso?” (2). A maneira como Pau-lo tratou esta questão serve como um modelo bíblico do que chama-mos de “disciplina na igreja”.

A motivação da disciplina na igrejaO objetivo da disciplina na

igreja é o mesmo da disciplina que os pais aplicam em seus filhos, ou seja, o amor e a esperança de que a pessoa desviada seja restaurada e salva, no sentido pleno da pala-vra. O conselho inspirado do após-tolo Paulo foi: “Vocês não devem

ignorar o pecado na igreja. Devem confrontá-lo e buscar a restaura-ção do irmão em pecado”.

Além do nosso amor pelo ir-mão caído, a disciplina na igre-ja tem como base a premissa de que cada um de nós deve ser ca-paz de dizer à pessoa que busca conhecer Jesus Cristo: “Se você quiser saber como é um discípu-lo de Cristo, um nascido de novo, venha viver na minha casa por alguns meses”. Com a graça de Deus devemos ser capazes de en-carar esse desafio. Foi esse tipo de vida e de testemunho que es-palhou o Evangelho por todo o mundo romano nos primeiros sé-culos da História da Igreja.

Jesus convidou os doze após-tolos para viverem com Ele durante três anos. Essa experiência mudou para sempre a vida daqueles ho-mens. Da mesma forma, a igreja deve ser um exemplo para o mun-do, uma luz que “ilumina a todos”, como falou Jesus. Usando esta me-táfora, Jesus disse: “Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras

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e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus” (Mateus 5.16).

Os exemplos da igreja para o mundo constituem-se a parte prin-cipal do Evangelho que ela prega. Como Satanás sabe disso, sua es-tratégia é destruir esses exemplos. É por isso que ouvimos falar tanto de imoralidade no Corpo de Cristo, principalmente entre os líderes. O maligno quer desacreditar os líde-res, porque os escândalos morais e espirituais deles causam um im-pacto negativo entre as pessoas.

Como lidar com a imoralidade entre os crentes? Este capítulo da Carta de Paulo aos Coríntios é uma das respostas mais importantes do Novo Testamento para esta questão. De acordo com Paulo, um homem envolvido em pecado sexual deve ser confrontado pelos irmãos da igreja. O objetivo desta confronta-ção é levar o homem à confissão e abandono do pecado. As boas no-vas são que Deus o perdoará (I João 1.9). Sua restauração e reabilitação espiritual virão depois (Gálatas 6.1).

É importante observar que o pecado na igreja de Corinto não era uma coisa do passado. Ainda estava presente entre eles, quan-do Paulo escreveu esta carta. Pior ainda, “por toda parte se ouvia falar da imoralidade entre eles”.

Aparentemente, todos sabiam do fato, mas ninguém fazia nada a respeito. Paulo apresentou uma prescrição para este problema: “Apesar de eu não estar presen-te fisicamente, estou com vocês em espírito. E já condenei aquele que fez isso, como se estivesse presente. Quando vocês estive-rem reunidos em nome de nosso Senhor Jesus, estando eu com vo-cês em espírito, estando presente também o poder de nosso Senhor Jesus Cristo, entreguem esse ho-mem a Satanás, para que o corpo seja destruído, e seu espírito seja salvo no dia do Senhor” (3-5).

A estratégia da disciplina na igrejaA última parte da prescrição

de Paulo revela a estratégia do apóstolo, que é a última palavra a respeito da salvação do homem que está vivendo em pecado. Ele deve ser resgatado do seu peca-do. A igreja deve resgatar o irmão que se perdeu. Na Segunda Carta de Paulo aos Coríntios, o apósto-lo instrui a igreja a receber esse homem de volta na comunhão da igreja (II Coríntios 2.4-8).

A disciplina de líderes na igrejaA natureza dessa disciplina

leva alguns estudiosos a crer em

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que o homem envolvido nesse pe-cado era um líder na igreja de Co-rinto. Na sua carta aos pastores, Paulo deu a seguinte instrução a Timóteo: “Não aceite acusação contra um presbítero, se não for apoiada por duas ou três teste-munhas. Os que pecarem deverão ser repreendidos em público, para que os demais também temam” (I Timóteo 5.19,20). Comparan-do essa instrução dada a Timóteo com a prescrição para disciplina da igreja, no capítulo quinto da Primeira Carta aos Coríntios, con-cluímos que o homem envolvido deveria ser um líder na igreja.

No capítulo 4, Paulo repreen-deu aqueles crentes por o terem julgado e os instruiu para que não fizessem nenhum julgamento até a volta do Senhor. Mas, neste capítulo, ele repreendeu a igreja

por não ter julgado o irmão em pecado. Nem Paulo, nem Jesus jamais ensinaram qualquer coi-sa sobre nunca julgar. Jesus en-sinou que devemos julgar a nós mesmos antes de julgar outras pessoas (Mateus 7.1-5). Paulo ensinou que não devemos julgar as motivações das pessoas, por-que não conhecemos seus cora-ções. Porém, neste capítulo, ele está dizendo que devemos julgar e disciplinar aqueles que pecam dentro da igreja, principalmente os líderes.

Isso não quer dizer que se um líder estiver em pecado “perderá” sua salvação ou deverá ser exco-mungado da igreja. No entanto, se depois de ter sido confrontada, a pessoa continuar a pecar, sem confessar nem se arrepender, aí então ela será excluída da igreja.

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Capítulo 12

“Para Que o Irmão Seja Ganho” (I Coríntios 5.6-12)

A Igreja não tem tanta força nem tanta influência no mundo como Cristo gostaria que ela ti-vesse. Existem muitas razões para isso. Neste capítulo 5 de I Corín-tios descobrimos que uma dessas razões é a falta de disciplina na igreja. Se Paulo reagiu com tanta indignação à falta de disciplina na igreja de Corinto, como o plantador de igrejas reagiria nos dias de hoje? A igreja é o lugar da habitação de Deus no mundo. Pedro e Paulo fa-lam sobre os crentes serem como pedras vivas na edificação da Igre-ja que o Cristo Vivo está edificando no mundo de hoje (I Pedro 2.5; I Coríntios 3.9, 16).

Cristo Se importa com a pu-reza e o poder da Sua Igreja hoje? As duas coisas caminham juntas. Se a igreja não for pura, não será forte nem terá poder. Um dos pro-pósitos da disciplina na igreja é mantê-la pura e poderosa.

O propósito da disciplina na igrejaOutro propósito da discipli-

na na igreja é a restauração dos que caíram em pecado e não

simplesmente a punição das pes-soas envolvidas. No capítulo 18 de Mateus, o Senhor deixou a seguinte instrução: “Se o seu ir-mão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão. Mas se ele não o ouvir, leve consigo mais um ou dois outros, de modo que ‘qualquer acusação seja confirmada pelo depoimento de duas ou três testemunhas’. Se ele se recusar a ouvi-los, conte à igreja; e se ele se recusar a ou-vir também a igreja, trate-o como pagão ou publicano” (15-17).

Isso parece muito severo! Mas, qual é o propósito da disci-plina na igreja? “Para que o irmão seja ganho”. Por causa do amor, ele deve ser confrontado e disci-plinado. Se ele for realmente es-piritual, vai confessar seu pecado, arrepender-se e afastar-se dele. Ele será restaurado para o lugar de onde caiu e a igreja terá ganho o irmão. Mas, se ele não for um au-têntico irmão em Cristo e não pas-sar de uma “raposa com pele de ovelha”, então, por causa do amor

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a Cristo e à Sua igreja, para que a pureza da igreja seja preserva-da, ele deve ser tratado como um pagão, porque na verdade é isso o que ele realmente é.

Outro propósito da discipli-na na igreja é o amor por Cristo e pela Sua igreja. A glória de Deus, a glória de Cristo, a pureza, o po-der e o testemunho da igreja no mundo, tudo isso constitui o pro-pósito da disciplina na igreja. Se não aplicarmos essa disciplina, é como se não nos importássemos com nenhuma dessas coisas; com o que se glorifica a Deus e ao Cris-to Vivo e Ressurreto, também com o testemunho da igreja no mundo. Seria como se não nos importás-semos com os caídos e desviados.

No versículo 9, Paulo mostra que esta não foi a sua primeira carta aos coríntios: “Já lhes dis-se por carta que vocês não devem associar-se com pessoas imorais. Com isso não me refiro aos imorais deste mundo, nem aos avarentos, aos ladrões ou aos idólatras. Se assim fosse, vocês precisariam sair deste mundo” (9-10).

O Senhor não quer que nos re-tiremos do mundo. Foi assim que Ele orou: “Não rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do maligno” (João 17.15).

Fomos comissionados para nos relacionarmos com as pessoas deste mundo, com os imorais deste mundo. Isso pode chocá-lo; você pode não gostar da ideia; pode re-cusá-la, mas lembre-se: Jesus nos enviou ao mundo exatamente da mesma forma que o Pai O enviou. Ele se relacionou com as pessoas imorais? Leia os quatro Evangelhos e verá que foi isso o que Ele fez. Essas pessoas eram aquelas que atendiam à Sua pregação. Como você vai compartilhar o Evangelho com os pecadores se não tiver ne-nhum contato com eles?

Paulo estava dizendo aos corín-tios para se separarem dos imorais que professavam ser crentes: “Não ficarei mais no mundo, mas eles ainda estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, protege-os em teu nome, o nome que me deste, para que sejam um, assim como somos um” (11). Se um homem professa ser crente, mas não vive como crente, não se associe com ele. Cedo ou tarde as pessoas vão descobrir a conduta dessa pessoa. Jesus disse que seremos conheci-dos pelos nossos frutos. Se outras pessoas o virem com um irmão que não vive de acordo com o que pro-fessa, essas pessoas vão achar que você é tão falso quanto ele.

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Disputa Entre Discípulos (I Coríntios 6.1-8)

Capítulo 13

No capítulo 6 desta carta, Pau-lo trata de outro problema na igreja de Corinto. Os crentes não conse-guiam se entender, a ponto de le-varem suas questões para serem julgadas nos tribunais de Corinto.

Essa atitude era contra tudo o que Paulo lhes tinha ensinado. Por que os crentes iam para um tribu-nal pagão, diante de um juiz, um homem natural, ou seja, um ho-mem não-espiritual, para lhe dizer: “somos homens espirituais, mas estamos com um problema e não temos sabedoria para resolvê-lo. Apesar de termos o Espírito Santo e você não, precisamos da sabedo-ria que você tem”. Esse era o pro-blema que Paulo tinha em mente, quando escreveu no capítulo 2: “Mas quem é espiritual discer-ne todas as coisas, e ele mesmo por ninguém é discernido” (2.15). Além disso Paulo escreveu que um dia os crentes “julgarão o mundo” (6.2). Se nós faremos isso, por que não podemos julgar questões triviais do dia-a-dia? “Só o fato de haver entre vocês processos judi-ciais, significa que vocês já foram

totalmente derrotados”. Esta foi a essência do que Paulo escreveu no capítulo 6, versículo 7.

Além da vida hipócrita da-queles crentes prejudicar o teste-munho deles (capítulo 5), esses processos judiciais eram uma ne-gação a tudo que eles professavam crer. Por isso, o apóstolo deu esta solução: “Por que vocês não esco-lhem ser passados para trás?” (7). “Seria muito mais honroso, dian-te do Senhor, vocês simplesmente aceitarem suas perdas e prejuízos. Ao invés disso, vocês são os que praticam o que é desonesto e en-ganam seus próprios irmãos; com isso fazem a igreja e o próprio Cris-to parecerem uma grande tolice”. Esta foi a essência do que Paulo disse nos primeiros versículos des-te capítulo.

Solução espiritual generalizadaAo estudar esta epístola de

admoestação, você vai descobrir que Paulo apresentou uma solu-ção para cada problema que ele tratou na igreja de Corinto. Entre-tanto, nos capítulos 12 a 14 ele

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apresenta soluções espirituais que são mais genéricas. A solução ge-ral para todos os problemas que Paulo estava tratando na igreja dos coríntios encontra-se nos capítulos 12 a 14, principalmente no 13. O amor ágape que Paulo apresenta nesse capítulo não é egocêntrico. Por natureza, nosso “eu” está no centro de tudo que pensamos e fazemos. Mas Paulo afirma que quando Cristo vem para nossas vidas Ele nos dá um novo centro.

Quando Paulo teve seu encon-tro com Jesus Cristo na estrada de Damasco, encontrou um novo cen-tro para sua vida. Tudo em sua vida passou a girar em torno de Cristo. Deixou de julgar as coisas em tor-no do que ele ganharia e passou a considerar como a causa de Cris-to seria afetada. Paulo enfrentou todas as dificuldades da sua vida fazendo a pergunta: “O que Cristo vai ganhar com isso? Como esta situação pode glorificar a Cristo?”. Esta foi a perspectiva apresentada por Paulo para os crentes que esta-vam processando seus irmãos em Cristo. Não pense em resolver as questões buscando seus próprios interesses, mas sim como Cristo pode ser glorificado com a situ-ação. Uma solução centrada em Cristo e até resultando em perda para o seu lado pode servir para

honrar o seu amor por Cristo e por Sua Igreja, mesmo que você seja aparentemente “prejudicado”.

Solução espiritual específicaNo versículo 4, Paulo apre-

sentou uma solução alternativa: “Portanto, se vocês têm questões relativas às coisas desta vida, de-signem para juízes os que são da igreja, mesmo que sejam os menos importantes”. Paulo não estava su-gerindo que busquemos conselhos para qualquer questão em alguém menos sábio e com menos expe-riência. O que ele estava dizendo é que os crentes, as pessoas em quem habita o Espírito Santo, são muito mais qualificadas para en-tender os problemas de pessoas es-pirituais que pessoas que não têm o Espírito Santo, embora cultas.

Portanto, se você estiver com problemas com outro crente, seja relacionado a uma herança ou a assuntos profissionais, busque um servo de Deus que tenha experiên-cia relacionada à questão para aju-dar a solucionar o problema. Peça a essa pessoa que sirva de intermedi-ário em uma conversa entre os en-volvidos na questão e dê o seu jul-gamento. Este conselho inspirado de Paulo ainda hoje é levado muito a sério na chamada “Lei Canônica”, na Igreja Católica Romana.

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Capítulo 14Soluções Específicas Para Pecados Sexuais

(I Coríntios 6.9-20)

Alguns crentes intelectuais de Corinto aproveitavam-se do que Paulo ensinava sobre a liberdade espiritual em oposição ao lega-lismo e diziam: “Tenho liberdade para fazer o que quiser porque o Espírito Santo habita em mim. Sou livre para fazer tudo o que gosto”. Embora Paulo odiasse o legalismo, ele não ensinava que as pessoas que andam no Espíri-to têm liberdade para fazer tudo o que quiserem.

Ele iniciou esta passagem lem-brando que “os perversos não her-darão o Reino de Deus” (9) e con-tinuou dizendo que alguns deles eram imorais, adúlteros, envolvi-dos em prostituição, homossexua-lismo e outras práticas reprováveis. “Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus” (11).

Paulo estava questionando como essas pessoas podiam su-bestimar um milagre tão grande. Talvez alguns crentes de Corinto ti-vessem dificuldades em abandonar

seu antigo estilo de vida e lutavam para não caírem na tentação dos pecados sexuais. Isso é compre-ensível. Algumas dessas pessoas podem ter mais dificuldade em conseguir vitória nessa área que alguém que jamais teve esse estilo de vida. Mesmo assim, Paulo res-salta que novas criaturas em Cris-to não têm liberdade para pecar.

No versículo 12, Paulo citou a argumentação daqueles que pro-vavelmente usavam suas palavras nesta questão de liberdade espi-ritual: “Tudo me é permitido”. E acrescentou: “mas nem tudo con-vém”. “Tudo me é permitido”, e acrescentou: “mas eu não deixarei que nada me domine”.

Quando você se converte a Cristo, Ele o transforma e você não precisa viver como vivia antes. A partir desse ponto, existe apenas um poder que deve controlar sua vida: o poder do Senhor Jesus Cris-to Vivo, o poder do Espírito Santo. Uma vez que Jesus é o Senhor da sua vida, nada ou alguém mais pode ser. Não é admissível que um

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crente, sob o controle do poder do Espírito Santo e do senhorio de Je-sus Cristo seja dominado por algu-ma coisa ou por alguém.

No versículo 13, Paulo usou outra metáfora em sua argumen-tação: “Os alimentos foram feitos para o estômago e o estômago para os alimentos, mas Deus des-truirá ambos. O corpo, porém, não é para a imoralidade, mas para o Senhor, e o Senhor para o corpo“. Com estas palavras Paulo estava dizendo que Deus nos deu apetite por alimento e um estômago para digerir o alimento. Isso é bom, mas a Bíblia diz que nem por isso deve-mos comer mais que o necessário.

Nossos corpos não foram feitos para imoralidade sexual, mas para habitação de Deus. Quando Jesus morreu por você na cruz, Ele o com-prou; redimiu-o por um preço. Se Ele o comprou, Ele é o seu dono; você pertence a Ele. “Portanto”, dis-se Paulo, “glorifiquem a Deus com o seu próprio corpo” (20).

Existem muitas linhas de argu-mentação nesta passagem, mas to-das se encerram nesta: “Fujam da imoralidade sexual” (18). Nenhum outro pecado afeta o corpo como este. Porque o seu corpo é o templo de Deus e você é um com Ele. Se você é casado, não tem o direito de ter relações sexuais com outra pes-soa a não ser com o seu cônjuge. Paulo argumenta que nosso corpo, que é o templo de Deus, jamais pode se tornar a mesma carne com uma prostituta (16,19).

As Escrituras afirmam em várias passagens que não somos uma fortaleza. É por isso que não podemos cair em situações de ten-tação, esperando que o Senhor nos livre de cair em pecado. Ao contrá-rio, devemos fugir das tentações. Se realmente não queremos cair em pecado, devemos construir cercas de proteção ao nosso redor, criando padrões e uma estrutura que não nos comprometam com o pecado.

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Capítulo 15

O Manual do Casamento (I Coríntios 7)

No capítulo 7 da Primeira Car-ta aos Coríntios, Paulo não apenas trata de um assunto novo, como também inicia uma nova seção da carta. Foi através do grupo que se reunia na casa de Cloe que Paulo soube dos problemas que envol-viam a divisão na igreja, a questão da imoralidade e dos processos que alguns irmãos moviam con-tra os outros. A partir do capítulo 7, Paulo trata de um problema do qual tomou conhecimento, atra-vés de uma carta que a igreja lhe enviou.

Ao responder as dúvidas da igreja relacionadas ao casamen-to, Paulo apresentou o que muitos pastores consideram o “Manual do Casamento”, muito consultado quando membros de igrejas têm perguntas sobre casamento, di-vórcio, segundo casamento e ou-tras dúvidas relacionadas a estes assuntos.

Antes de apresentar o ensi-no específico deste capítulo, devo fazer algumas observações. A pri-meira é a respeito do que lemos logo nos dois primeiros versículos

deste capítulo: “... é bom que o homem não toque em mulher, mas por causa da imoralidade, cada um deve ter sua esposa, e cada mulher o seu próprio marido”. Isso pode fazer com que tenhamos uma péssima ideia sobre o casa-mento, não acham? A chave para compreendermos os versículos 1 e 2 encontra-se no versículo 26, onde Paulo escreveu: “Por causa dos problemas atuais, penso que é melhor o homem permanecer como está”. O que Paulo quis di-zer com “problemas atuais”?

Durante os três primeiros sé-culos, a igreja experimentou mui-tos períodos de perseguição. Essa é uma das razões porque os cren-tes se reuniam nos lares, antes do imperador romano Constantino le-galizar o cristianismo no Império Romano, no ano 313 d.C.

Durante três séculos a Igreja foi uma organização secreta. Este ca-pítulo deve ser lido tendo em mente “os problemas daquela atualidade”, ou seja, a perseguição aos cristãos. Essa é uma das razões por que Paulo escreveu que seria melhor

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para o solteiro, se continuasse no estado em que estava. Mas, se o solteiro estivesse sendo tentado, então, para evitar imoralidade, que se casasse, porque é melhor casar que queimar em paixão.

A segunda observação refere-se à divina inspiração deste ca-pítulo. Em alguns trechos desse Manual do Casamento Paulo es-creveu: “não tenho mandamento do Senhor, mas dou meu parecer”; também: “dou este mandamento, não eu, mas o Senhor”. Era como se Paulo estivesse dizendo: “Não sou eu quem está dizendo, mas o Senhor”; e outras vezes: “Não é o Senhor quem está dizendo, sou eu”. Algumas pessoas afirmam que quando Paulo disse “dou meu parecer”, ele não estava sendo di-vinamente inspirado. Observe que as últimas palavras de Paulo neste capítulo foram: “tenho o Espírito de Deus”. O que Paulo quis dizer foi que quando ele expressava o seu pensamento fazia-o inspirado pelo Espírito Santo (7.40).

Como Paulo indicou quando ele falava ou quando o Senhor fa-lava, qual é o significado dessas

frases? Paulo era muito cuidadoso no ensino de Jesus sobre casa-mento. Se os coríntios lhe tinham perguntado por carta o que Jesus havia ensinado com respeito ao casamento, como nos textos de Mateus capítulos 5 e 19, Paulo estava essencialmente lhes di-zendo: “Eu não preciso responder essa pergunta porque o Senhor já a respondeu”.

No entanto, algumas ques-tões se referiam a assuntos que não foram abordados por Jesus. Por exemplo, vamos supor que um homem e uma mulher se casem e que nenhum dos dois seja crente. Porém, a pregação do Evangelho chegou na cidade e um deles foi salvo mas o outro não. O que este casal deve fazer agora? Jesus não deixou nenhuma palavra específi-ca sobre uma situação como esta.

Ao tratar desta questão, no versículo 12 e seguintes, Paulo afirmou: “Aos outros, eu mesmo digo isto, não o Senhor”; não po-demos esquecer que esta instru-ção de Paulo foi inspirada, porque ele escrevia sob a inspiração do Espírito de Deus.

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Capítulo 16

Vida Sexual no Casamento Cristão (I Coríntios 7.1-6)

Em toda a História da Igreja, seguidores de Cristo têm se per-guntado: “Qual é o propósito da relação sexual na vida do casal? O sexo visa apenas à procriação? Este é o seu único propósito no casamento?”. Nos versículos 3 a 5, Paulo apresenta um conse-lho sobre a intimidade dos casais santificados de Corinto: “O mari-do deve cumprir os seus deveres conjugais para com a sua mulher, e da mesma forma a mulher para com o seu marido. A mulher não tem autoridade sobre o seu pró-prio corpo, mas sim o marido. Da mesma forma, o marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim a mulher. Não se recusem um ao outro, exceto por mútuo consentimento e durante certo tempo, para se dedicarem à oração. Depois, unam-se de novo, para que Satanás não os tente por não terem domínio próprio” (3-5).

A única justificativa aceitável para um cônjuge recusar o ou-tro, os seus direitos nessa área de intimidade sexual, é a separa-ção para oração e jejum. Um não

pode evitar o outro, a não ser de comum acordo, para que os dois se dediquem à oração e ao jejum. Depois, o relacionamento deve ser retomado, para que nenhum dos dois seja tentado.

Podemos tirar vários princí-pios muito importantes desses versículos. O primeiro é: os dois são uma só carne. O marido não tem direitos plenos sobre o seu corpo. E o oposto é verdadeiro – a mulher não tem plenos direitos sobre seu corpo, pois ele pertence a seu marido.

O segundo princípio é: a me-lhor defesa contra a tentação do adultério é uma boa ofensiva – ter um relacionamento sexual bom e satisfatório no casamento. Desta forma, você não estará tão vul-nerável diante de uma tentação, porque estará satisfeito. O Livro de Provérbios, no Velho Testa-mento, apresenta o mesmo con-selho ao jovem casado (Provérbios 5.15-20).

O terceiro princípio é a pala-vra-chave no relacionamento íntimo do casal: reciprocidade. Sempre

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surgem perguntas do tipo: O que é certo e o que é errado no relacio-namento conjugal? O que é normal e o que é anormal? Qual é a frequ-ência média de relações sexuais no casamento? O casal pode ter todas as respostas entendendo o que sig-nifica “reciprocidade”.

Outro princípio importante é que o relacionamento de cada cônjuge com Deus é vital para o casamento. Este relacionamento é individual, particular e, ao mesmo tempo, é essencial para a união dos cônjuges.

Jesus ensinou que o relaciona-mento do casal não é apenas físico. Ao projetar o casamento, Deus fez os cônjuges para serem um só em mente, corpo e espírito. O relacio-namento físico é a manifestação de alegria desses níveis mais pro-fundos de relacionamento. Paulo estava construindo sua argumenta-ção sobre esse princípio de Jesus,

apenas acrescentando a ideia de que o relacionamento que o casal tem com Deus continua sendo in-dividual, particular e, ao mesmo tempo, resulta em benefício para o relacionamento do casal. Os laços espirituais que fazem dos cônjuges um, não são apenas as orações que os dois fazem juntos, nem o fato de irem juntos à igreja. O homem e a mulher devem ter uma união espi-ritual com Cristo.

O que deve ser feito se você acha que o seu relacionamento conjugal está fraco e que vocês não têm mais a mesma identifica-ção que deveriam ter? Os dois de-vem buscar ter um relacionamento mais profundo com Deus. Os laços espirituais que unem um casal são tão fortes ou tão fracos quanto for o relacionamento deles com Cris-to. Portanto, se você quer fortale-cer o seu casamento, aproxime-se de Deus.

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Capítulo 17O Conselho Inspirado de Paulo Sobre o Casamento

(I Coríntios 7.7-16)

No meio da sua mensagem so-bre o casamento, Paulo deixa bem claro que ele era solteiro: “Gos-taria que todos os homens fos-sem como eu... Digo, porém, aos solteiros e às viúvas: É bom que permaneçam como eu” (7.7,8). Alguns estudiosos acreditam que, como membro do Sinédrio, Paulo teria sido casado, e concluem que ele pode ter ficado viúvo. Se ele nunca se casou ou se enviuvou, o princípio permanece o mesmo: se você está solteiro, continue solteiro.

No final deste capítulo, Paulo ensina outra vez às pessoas soltei-ras, virgens, que nunca tinham se casado, que melhor seria se per-manecessem solteiras. Todo este ensino precisa ser visto à luz do versículo 26, que se refere aos “problemas atuais”, ou seja, à per-seguição que os crentes daquela época enfrentavam. Paulo, ob-viamente, achava que seria mais fácil para um solteiro enfrentar a perseguição que para um homem casado, com filhos.

Paulo também acreditava que a volta do Senhor era iminente – outra razão para que os solteiros permanecessem como estavam. Além disso, segundo Paulo, os solteiros poderiam se concentrar totalmente em agradar ao Senhor. Em vários trechos deste capítulo, Paulo fala sobre permanecer sol-teiro, mas também diz que se você não consegue ficar solteiro, se o seu interesse sexual é muito for-te e você arde em paixão, então vá em frente e se case. Definitiva-mente, neste capítulo Paulo defen-de o celibato, o qual ele considera um dom. Aparentemente, o dom do celibato significa que você pode viver realizado e satisfeito sem o casamento porque está “casado” com o Senhor.

Nos versículos 10 e 11, Pau-lo trata do casal crente como trata do mesmo tipo de pessoas a quem ele se referiu nos versículos 24 e 25. A instrução para esses casais é para não se divorciarem, o que é consistente com o ensino de Je-sus. Ele escreveu: “Aos casados

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dou este mandamento, não eu, mas o Senhor: Que a esposa não se separe do seu marido”. Nosso Senhor fez apenas uma exceção a esta regra: infidelidade conjugal. Jesus ensinou que o casamento é um contrato baseado na exclu-sividade. Quando essa exclusivi-dade é violada, o contrato pode ser declarado quebrado. Deus não ordena aos crentes viverem com um cônjuge que não lhes dá exclusividade.

O versículo 12 começa com a resposta de Paulo a outra per-gunta sobre casamento, que os coríntios lhe haviam feito por carta. Aparentemente, eles lhe perguntaram como uma pessoa crente deveria agir no caso de estar casada com um incrédulo. Paulo respondeu: “Se um irmão tem mulher descrente, e ela se dispõe a viver com ele, não se divorcie dela. E, se uma mulher tem marido descrente, e ele se dispõe a viver com ela, não se di-vorcie dele” (12,13).

Jesus não tratou da questão “casamento misto”, no qual um cônjuge é crente e o outro não. Es-ses casamentos, muito provavel-mente, eram resultantes do fato de um cônjuge ter recebido a salva-ção depois de ter-se casado, uma

coisa que acontece muito hoje. É claro que também poderia ser o caso de um crente ter se casado com um incrédulo, o que a Bíblia proíbe (Coríntios 6.14).

Divórcio na BíbliaQuando o caso é casamento

misto, Paulo não dá a opção do divórcio para o cônjuge crente, mas para o incrédulo. Isto é justo por várias razões. Vamos supor, por exemplo, que um incrédulo tenha se casado com uma mulher que se converteu depois do casa-mento. Quando os dois eram in-crédulos, o casal era compatível; os dois tinham o mesmo sistema de valores; porém, depois que a mulher se converteu, o que ela deve fazer? A instrução de Paulo é para que ela mantenha o seu compromisso com seu marido; mas, se o marido olha para a mulher e diz: “Você não é mais a mesma mulher com quem me ca-sei. Eu quero me separar”. Neste caso, Paulo recomenda deixá-lo ir. A irmã ou o irmão não fica “de-baixo de servidão” (15).

Por outro lado, se um mari-do incrédulo disser: “É, você não é mais a mulher com quem me casei, mas eu ainda a amo e não quero me separar”. O conselho de

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Paulo, neste caso, é que o cônju-ge crente mantenha o casamento. Por que? Porque “... o marido des-crente é santificado por meio da mulher, e a mulher descrente é santificada por meio do marido” (14). A esperança é que, por fim, o crente leve o incrédulo a Cristo. Definindo o que significa querer manter o casamento é que ambos

têm que manter a exclusividade e serem fiéis um ao outro.

Paulo falou sobre a mulher estar “debaixo de servidão”. E quando o marido parte? Será que ela fica livre para se casar nova-mente? Eu acredito que sim. A minha interpretação é que “não estar debaixo da servidão” seja es-tar livre para se casar novamente.

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Capítulo 18

A História Anterior ao Casamento (I Coríntios 7.17-24)

Dividi o estudo deste capítulo tão importante sobre casamento, de acordo com as respostas de Paulo às perguntas que os coríntios lhe fizeram por carta. Com essas respostas, podemos concluir quais foram as questões levantadas na carta que eles tinham enviado.

Com base no princípio des-te trecho, podemos concluir que Paulo estava respondendo uma pergunta de quem ou sobre quem já tinha sido casado mais de uma vez. Pense em como era a cultu-ra na cidade de Corinto e como deve ter sido a vida dos membros daquela igreja antes de se conver-terem. Lembre-se de que, no ca-pítulo 6, Paulo escreveu que eles estiveram envolvidos em um estilo de vida de pecado inimaginável. Nesta parte da carta, Paulo trata da questão dos casamentos mis-tos, vindos dos mais diferentes e loucos estilos de vida, como era o caso de alguns casais na igreja de Corinto.

Observe nesta passagem que os versículos 17, 20 e 24 apresen-tam o mesmo princípio:

“... cada um continue viven-do na condição que o Senhor lhe designou e de acordo com o cha-mado de Deus” (17).

“Cada um deve permanecer na condição em que foi chamado por Deus” (20).

“Irmãos, cada um deve per-manecer diante de Deus na con-dição em que foi chamado” (24).

Deixe-me ilustrar esta situação com a história de um casal de ido-sos conhecido meu. Durante um período de dois anos eu tive opor-tunidade de conhecer esse casal bem de perto. Uma noite, depois do estudo bíblico realizado na casa deles, eles me perguntaram se eu poderia ficar mais um pouco, por-que queriam contar a sua história.

Ela tinha sido uma artista de circo antes de se converter e havia mantido uma vida extravagante. Chegou a se casar três ou quatro vezes até que conheceu o homem com quem estava casada naquele momento. Ele tinha sido um cri-minoso e também tinha se casado três ou quatro vezes. Durante umas férias em uma cidade grande, eles

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CBI - Encontro com a Palavra52 Livro 8

ouviram um pregador que estava realizando uma cruzada naquele lugar e foram salvos. A partir do momento em que começaram a es-tudar a Bíblia, surgiram as dúvidas: “Qual deve ser nossa atitude em relação à nossa vida juntos?”. Eles buscaram o conselho de um pastor que lhes disse: “Cada um de vocês busque o cônjuge do primeiro ca-samento e se a pessoa não estiver comprometida com ninguém, case-se novamente com ela. O relacio-namento que vocês estão vivendo é adúltero e deve ser desfeito!”.

Eles se amavam demais para se divorciarem, principalmente de-pois que tinham aceitado a Cristo e passaram a seguir o Senhor. Po-rém, cada vez que eles tinham re-lações sexuais, sentiam-se como se estivessem cometendo adultério e tinham um enorme sentimento de culpa. No estudo bíblico conduzido na casa deles, tínhamos acabado de estudar este capítulo sobre casa-mento e eles me perguntaram: “O que Paulo tem a nos dizer?”. Mos-trei esses versículos e destaquei que Paulo disse três vezes para que os crentes de Corinto mantivessem a situação em que viviam, quando se converteram a Cristo.

Paulo gostava de usar a pala-vra “chamado” para se referir à ex-periência da salvação, como vemos

nessa e em outras passagens. Creio que Paulo estava se dirigindo a ca-sais como aquele com quem eu es-tava conversando e o conselho do apóstolo foi: “Qual era a sua condi-ção, quando você conheceu a Cris-to? Mantenha a relação que você ti-nha quando se converteu”. Este foi o meu conselho para aquele casal idoso. Realizamos uma cerimônia de casamento para eles, na qual invocamos as bênçãos de Deus e a santificação sobre aquela união que já existia quando eles aceita-ram a Cristo.

Quando salvos, os pecadores são justificados. Todos os seus pe-cados são não apenas perdoados, mas como se eles nunca tivessem existido. Como podemos aplicar este princípio de justificação às pessoas que passaram por um ou mais casamentos e que tiveram uma vida muito conturbada? Será que elas são justificadas, com ex-ceção dos antigos casamentos que tiveram? Não! O que Paulo ensi-na nesses versículos é consistente com o Evangelho.

Não importa quem ou o que você era quando Deus o chamou. Mantenha o seu estado civil e peça a Deus que o abençoe. O seu pas-sado está sob o sangue de Jesus Cristo e isso inclui os seus antigos casamentos.

ESTUDO DE I CORÍNTIOS VERSÍCULO POR VERSÍCULO

CBI - Encontro com a Palavra Livro 8 53

Tudo o que Paulo escreveu no final do capítulo 7 da Primei-ra Carta aos Coríntios foi dirigida aos solteiros, que nunca tinham se casado e aos que eram viúvos ou divorciados. Como já comentamos antes, para compreender este en-sino de Paulo é necessário ter em mente o que ele escreveu no ver-sículo 26: “Por causa dos proble-mas atuais (perseguição), penso que é melhor o homem permane-cer como está”. Além disso, Paulo acreditava que o Senhor ia voltar logo: “O que quero dizer é que o tempo é curto... porque a forma presente deste mundo está pas-sando” (29,31).

Paulo queria que os solteiros permanecessem solteiros porque podiam se dedicar mais ao ser-viço do Senhor que os casados: “Gostaria de vê-los livres de pre-ocupações. O homem que não é casado preocupa-se com as coi-sas do Senhor, em como agradar ao Senhor. Mas o homem casado preocupa-se com as coisas des-te mundo, em como agradar sua mulher, e está dividido” (32-34).

Capítulo 19

A Santidade do Celibato (I Coríntios 7.25-40)

Esta afirmação de Paulo é válida também para a mulher. Ele queria que os solteiros permanecessem livres de compromissos no mundo.

Do começo ao fim deste capí-tulo, Paulo reforçou a ideia do ce-libato. Não deveríamos considerar estranho alguém no Corpo de Cris-to ser levado a servir ao Senhor sem distração alguma. Devemos refletir sobre o que Paulo escreveu neste capítulo, que o solteiro pode se dedicar mais ao serviço do Se-nhor – escolher um pastor solteiro seria uma sábia escolha para qual-quer igreja.

Paulo sempre deixou bem cla-ro que o casamento continuava sendo uma opção. “Você é casa-do? Não se separe. Você não tem compromisso com ninguém? En-tão não se importe em se casar. Mas, se você tem que se casar, não pense que fará nada errado!”.

Com relação à viuvez, Paulo escreveu: “A mulher está ligada a seu marido enquanto ele vi-ver. Mas, se o seu marido mor-rer, ela estará livre para se ca-sar com quem quiser, contanto

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CBI - Encontro com a Palavra54 Livro 8

que ele pertença ao Senhor. Em meu parecer, ela será mais feliz se permanecer como está; e pen-so que também tenho o Espírito de Deus” (39-40). É óbvio que o mesmo conselho aplica-se tam-bém aos homens que perderam suas esposas.

Se o seu cônjuge morreu, mes-mo que você tenha tido o casamen-to mais maravilhoso do mundo, você é livre para se casar. É normal e natural que você faça isso. Na verdade, logo depois de criar o ho-mem, Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corres-ponda” (Gênesis 2.18). Deus não quer que o homem nem a mulher passem a vida incompletos, mes-mo que seja apenas pelos últimos dez ou quinze anos de vida.

Ao concluir o estudo deste ca-pítulo sobre casamento, gostaria de enfatizar que nunca, em toda a história, este capítulo teve tanta

importância para a igreja como tem hoje. Em todo o mundo o ca-samento está sob forte ataque. Sa-tanás sabe que os casais são como arcos, dos quais os filhos são lan-çados como flechas no mundo. Salomão fez esta ilustração no Salmo 127.

No lugar de Satanás, sabendo de tudo isso, o que você tentaria fazer? Você iria tentar arrebentar esse arco, não iria? Você iria ten-tar acabar com o casamento, não iria? É exatamente isso que Sata-nás está fazendo; é por isso que a ocorrência de divórcios em todo o mundo tem sido epidêmica.

Para a glória de Deus, para nosso próprio bem espiritual e nossa felicidade, precisamos for-talecer nossos casamentos, o co-ração da família, a base, o centro e a força vital através da qual Deus quer povoar a terra com indivíduos que sejam o sal da terra e a luz do mundo.

ESTUDO DE I CORÍNTIOS VERSÍCULO POR VERSÍCULO

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Capítulo 20

Amor Pelo Irmão Mais Fraco (I Coríntios 8)

O capítulo 8 da Primeira Car-ta de Paulo aos Coríntios começa com a resposta a outra pergunta feita a Paulo pelos irmãos daquela igreja, através de uma carta, que dizia respeito a comer carne ofere-cida aos ídolos.

Antes de se converterem, mui-tos coríntios, para os quais Paulo escreveu esta carta, estavam en-volvidos na adoração a ídolos. A adoração que eles prestavam era grotesca e imoral, pois adoravam deuses tidos como a essência do amor erótico e essa idolatria envol-via prostituição nos templos; para este tipo de “adoração” eles tinham jovens disponíveis no templo, que praticavam até relações homosse-xuais com os que preferiam tal ati-vidade. Também ofereciam sacri-fícios de carne para esses ídolos. Essa carne depois era recolhida e vendida por um preço mais baixo nos mercados da cidade.

Seria correto um seguidor de Cristo comprar carne que tinha sido usada para idolatria e servi-la em sua casa? Havia divisão na igreja de Corinto por causa desta questão.

Muitos crentes da cidade de Corinto, antes de se converterem, eram adoradores de ídolos. Na verdade, a adoração a ídolos fazia parte da cultura grega. Certo es-tudioso afirmou que na época em que Paulo foi para Atenas, como lemos no capítulo 17 de Atos, era mais fácil encontrar um ídolo na cidade que um homem.

Essa adoração envolvia uma boa porção de carne oferecida a ídolos. Esta carne era recolhida por açougueiros que a vendiam nos mercados com preço reduzido. Por causa da perseguição aos crentes, naqueles dias, podemos concluir que eles passavam por dificulda-des financeiras e eram pobres. Os crentes tinham que se virar e mui-tos não viam nada de errado em comprar e comer essa carne que tinha sido oferecida aos ídolos.

Havia entre os crentes de Corinto aqueles que tinham uma consciência muito sensível. Paulo referiu-se a eles como tendo “cons-ciência fraca” (10). Talvez essas pessoas antes tivessem sido en-volvidas com a adoração a ídolos

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e com todo tipo de imoralidade sexual. Para eles não era certo comer carne que tinha sido usada nessas práticas pagãs. Quem esta-va certo e quem estava errado? Ao escrever o capítulo 8 desta carta, Paulo respondeu a esta pergunta.

Ele começou com algumas palavras sobre conhecimento. Para os gregos o conhecimento era mui-to importante. Eles valorizavam muito a capacidade intelectual e o conhecimento, por isso Paulo co-meçou falando sobre conhecimen-to: “Com respeito aos alimentos sacrificados aos ídolos, sabemos que todos temos conhecimento. O conhecimento traz orgulho, mas o amor edifica. Quem pensa co-nhecer alguma coisa, ainda não conhece como deveria” (1,2).

A questão não é o quanto você sabe, mas o quanto você ama. A questão não é o que é certo ou errado, mas o quanto você ama o irmão mais fraco que julga entre o certo e o errado.

Você pode estar pensando: “O que isto tem a ver com os dias de hoje? Eu não adoro ídolos, nem compro carne que serviu de sa-crifício a ídolos”. O que fizemos no estudo do capítulo sobre o ca-samento faremos neste, ou seja, vamos buscar os princípios do

capítulo 8 que se aplicam a nós.Paulo elogiou os que acredita-

vam não ter problema algum em comer aquela carne, entretanto ele disse que nem todos entendem que existe apenas um Deus verda-deiro e que os ídolos não passam de madeira, pedra, ouro e prata. Portanto, quando eles comiam a carne que tinha sido sacrificada aos ídolos, a consciência fraca dos irmãos se corrompia: “Contudo, tenham cuidado para que o exer-cício da liberdade de vocês não se torne uma pedra de tropeço para os fracos” (9).

Jesus Cristo ama aqueles que são considerados fracos ou de consciência fraca. Ele os amou o suficiente para morrer por eles. Paulo perguntou: “Você ama seu irmão o suficiente para abrir mão de um prato de carne?”. Mais uma vez a questão não é o que é certo ou errado, mas o quanto você ama o irmão que julga entre o certo e o errado.

Pense em alguma coisa na sua vida, na igreja ou cultura que, na sua opinião, devido ao seu discer-nimento, você não considera que seja errada. Ao mesmo tempo, tal-vez você conheça crentes que não têm o mesmo discernimento que você e que não vêem a questão

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com a mesma clareza; têm suas próprias razões para considerar tal atitude errada, e se virem você tendo tal atitude, podem ferir-se espiritualmente.

Você pode perguntar: “Por que minha liberdade tem que ser limitada pela mente ou consciên-cia fraca de outra pessoa?”. É aí que entra o amor. É por isso que Paulo diz que a questão não é o

conhecimento. O conhecimento ensoberbece e deixa a pessoa or-gulhosa, mas o amor edifica tan-to você quanto os outros. Jesus Cristo amou o irmão mais fraco a ponto de morrer por ele. E você? Quanto você ama seu irmão? Você está disposto, por causa do amor e não do conhecimento, a abrir mão daquilo que pode ofender um ir-mão mais fraco?

ESTUDO DE I CORÍNTIOS VERSÍCULO POR VERSÍCULO

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Capítulo 21

“Tornei-me Tudo Para Com Todos” (I Coríntios 9.1-23)

Vamos imaginar que um pas-tor esteja cuidando de uma igreja, cujos membros foram todos leva-dos a Cristo através dele. Com o crescimento da igreja, tornou-se necessária a formação de um gru-po de liderança e o trabalho de outros pastores. O que aconteceria se todos esses novos pastores fos-sem sustentados pela igreja, mas o pastor fundador não o fosse? Isto seria correto? Foi isto o que aconteceu em Corinto. Os pasto-res que edificaram a igreja sobre o fundamento que Paulo lançou eram sustentados por ela, mas Paulo nunca recebeu sustento dos crentes de Corinto. No capítulo 9, ele usou isto como exemplo para o fato de que ele estava aplicando o “princípio do irmão mais fraco” em sua própria vida. Ele considerava os irmãos de Corinto mais fracos nessa questão de dar e ofertar.

Aparentemente, algumas pes-soas na igreja de Corinto ques-tionaram o direito de Paulo de se intitular apóstolo. Não podemos esquecer que os apóstolos foram escolhidos porque tinham estado

com o Senhor, desde o Seu ba-tismo até Sua ascensão (Atos 1). Tomando este critério como base, Paulo não era qualificado para ser apóstolo. Paulo fala no capítulo 9 sobre o amor pelo irmão mais fra-co e escreveu: “Não sou livre? Não sou apóstolo? Não vi Jesus, nosso Senhor? Não são vocês resultado do meu trabalho no Senhor? Ain-da que eu não seja apóstolo para outros, certamente o sou para vo-cês! Pois vocês são o selo do meu apostolado no Senhor” (1,2).

Um apóstolo era um enviado como missionário. Paulo foi envia-do para Corinto, cuja população atingia o limite máximo do paga-nismo, e o resultado dessa ida de Paulo foi a salvação daquele povo. Eles eram o resultado da sua obra para o Senhor. Paulo argumentou que esses coríntios, antes pa-gãos, passaram a ser criaturas em Cristo e a prova suficiente do seu apostolado.

A argumentação de Paulo continuou: “Esta é minha defesa diante daqueles que me julgam. Não temos nós o direito de comer

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e beber? Não temos nós o direi-to de levar conosco uma espo-sa crente como fazem os outros apóstolos, os irmãos do Senhor e Pedro? Ou será que apenas eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar para termos sustento? (...) Se entre vocês se-meamos coisas espirituais, se-ria demais colhermos de vocês coisas materiais? Se outros têm direito de ser sustentados por vo-cês, não o temos nós ainda mais? Mas nós nunca usamos desse di-reito. Ao contrário, suportamos tudo para não colocar obstáculo algum ao evangelho de Cristo” (9.3-6,11,12).

Paulo tinha o direito de receber sustento da igreja de Corinto, mas não o fez. Ele não recebia susten-to da igreja de Corinto, nem da de Éfeso e nem da de Tessalônica. A igreja que o sustentava para que ele ministrasse nessas igrejas era a igreja de Filipos. Paulo considerava os filipenses maduros o suficiente para apoiarem seu ministério, e boas suas motivações, por isso ele estendeu à igreja de Filipos o gran-de privilégio de o ajudar.

Ele não queria que essa ques-tão se tornasse um tropeço para os crentes de Corinto. Se Paulo ti-vesse insistido para que esta igreja

o apoiasse no seu ministério, al-guns poderiam ter dito: “Ele está tentando tirar nosso dinheiro”. Por isso, Paulo fazia questão que o Evangelho fosse entregue de gra-ça em Corinto, assim não haveria nenhum impedimento para que o povo aceitasse a Cristo. Podemos perceber que ele estava imple-mentando o princípio do “irmão mais fraco” no seu relacionamento com a igreja de Corinto.

Essa argumentação do após-tolo levou-o a escrever um dos ver-sículos mais marcantes da Bíblia a respeito da chamada “filosofia do ministério”: “Contudo, quando prego o evangelho, não posso me orgulhar, pois me é imposta a ne-cessidade de pregar. Ai de mim se não pregar o evangelho!” (9.16). O compromisso de Paulo era não cobrar nada para lhes pregar, mas oferecer o Evangelho “gratuita-mente” (18); fazendo assim ele estava aplicando o princípio do amor pelo irmão mais fraco.

É nesse contexto que Paulo apresenta a filosofia do seu minis-tério: “Porque, embora seja livre de todos, fiz-me escravo de todos, para ganhar o maior número pos-sível de pessoas. Tornei-me judeu para os judeus, a fim de ganhar os judeus. (...) Para com os fracos

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tornei-me fraco, para ganhar os fracos. Tornei-me tudo para com todos, para de alguma forma sal-var alguns” (19,20 e 22).

Tudo que fazemos deve ser medido pelo impacto causado nos outros. Devemos estar centrados nos outros, no irmão mais fraco, não em nós mesmos, e tudo por

amor ao Evangelho! Paulo colocou o judeu religioso, o irmão mais fraco, o crente legalista, o sem lei e os perdidos, todos no centro da sua vida e do seu ministério. Ele se tornou servo dessas pessoas e era determinado a fazer qualquer coisa para que eles ouvissem o Evangelho.

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Capítulo 22

Correr Para Vencer (I Coríntios 9.24-27)

Paulo encerra o capítulo 9 usando ilustrações esportivas para encorajar os crentes de Corinto a perseverarem na fé. “Vocês não sabem que de todos os que cor-rem no estádio, apenas um ganha o prêmio? Corram de tal modo que alcancem o prêmio. Todos os que competem nos jogos se subme-tem a um treinamento rigoroso, para obter uma coroa que logo perece; mas nós o fazemos para ganhar uma coroa que dura para sempre. Sendo assim, não corro como quem corre sem alvo, e não luto como quem esmurra o ar” (24-26).

O primeiro exemplo esportivo que o apóstolo usa é o da corrida. Imagine uma corrida de dez qui-lômetros. Os corredores marcam o ritmo da corrida, olhando para a chegada, para a fita que partirão na linha de chegada. Se mantive-rem o ritmo certo, no momento em que romperem a fita terão dado tudo o que podiam para ganhar a corrida. Marcar o ritmo é essen-cial para se ganhar uma corrida. Os corredores não dão tudo o que

podem logo no início da corrida, porque podem desmaiar no meio da pista, antes do final dela. Ao mesmo tempo, eles não querem acabar a corrida com energia ar-mazenada que poderia ter sido usada para conseguir a vitória.

Paulo aplica este conceito à fi-losofia do ministério descrito neste capítulo (9.19-23). O seu objetivo como missionário era evangelizar o mundo e ele faria o que fosse necessário dentro da lei de Cristo para atingir este objetivo. Ele sabia que a recompensa pela conversão dos povos, através da sua prega-ção, era eterna.

Nos versículos 26 e 27, Pau-lo usa outra ilustração esportiva: “... não luto como quem esmurra o ar. Mas esmurro o meu corpo e faço dele meu escravo, para que, depois de ter pregado aos outros, eu mesmo não venha a ser repro-vado”. Talvez Paulo tenha sido um atleta durante sua juventude, já que usou várias ilustrações desse tipo em suas epístolas. No capítu-lo 6 de Efésios, Paulo escreveu so-bre luta; nesta passagem, depois

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de comparar sua perspectiva de vida e o seu ministério com um corredor durante uma competição, compara sua perspectiva de vida e ministério com a perspectiva de um boxeador durante uma luta.

Um boxeador se prepara me-ses para uma luta. Estuda filmes do seu adversário para identificar as fraquezas dele e estabelecer sua estratégia de vitória.

Seja como um corredor de longa distância, um boxeador, ou qualquer outro atleta que se pre-para para um desafio, Paulo tam-bém era focado no seu objetivo. Quando Cristo o salvou, na estrada de Damasco, também o chamou para um ministério e, para que este ministério fosse cumprido, Paulo traçou um plano de vida:

ele seria tudo para com todos para que levasse muitos a Cristo. As-sim como um atleta se submete a uma severa disciplina e a treinos, Paulo também se sacrificou para atingir seu objetivo. Ele não que-ria descobrir, no final da corrida, para a qual tinha convidado outros a também participarem, que ele tinha sido desqualificado.

Ah, se todo seguidor de Cristo tivesse esta filosofia de vida e de ministério! Esta deveria ser a nos-sa atitude, pois para isto fomos salvos e chamados. Deus seria glorificado, Cristo seria exaltado e a Grande Comissão seria cum-prida se mais crentes tivessem a filosofia de vida e de ministério que o apóstolo Paulo demonstrou nestes maravilhosos versículos!

ESTUDO DE I CORÍNTIOS VERSÍCULO POR VERSÍCULO

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Capítulo 23

Exemplos e Advertências (I Coríntios 10.1-22)

No capítulo 10 da Primeira Carta aos Coríntios, Paulo volta à questão da carne oferecida aos ídolos. Para aqueles que acredita-vam que era certo comer aquela carne, Paulo deixou uma advertên-cia: “Considerem o povo de Israel: os que comem dos sacrifícios não participam do altar?” (18). Em outras palavras: “Vocês não perce-bem que tipo de associação criam, quando comem essa carne? Como podem manter comunhão com Cristo e com o pão de Cristo, que representa o Seu Corpo, e ainda participar dessa idolatria e de tudo que está associado à ela?”.

Depois de citar alguns exem-plos do Velho Testamento, inclusi-ve a adoração aos ídolos, que os israelitas fizeram quando estavam no deserto, Paulo escreveu no ver-sículo 11: “Essas coisas aconte-ceram a eles como exemplos e foram escritas como advertência para nós, sobre quem tem chega-do o fim dos tempos”.

A palavra “exemplo” vem da palavra grega “tupos”, que significa “tipo”, usado para impressão nas gráficas no passado. Esses exemplos

mencionados por Paulo são alegorias destinadas a deixarem uma impres-são nos crentes de Corinto e em nós.

“Assim, aquele que julga es-tar firme, cuide-se para que não caia!” (12). Se você está pensan-do: “Ah! Eu não vou cair”, lembre-se do que aconteceu com Israel, porque você também pode cair em pecado. Você precisa tomar cuida-do para não repetir os erros que o povo de Deus cometeu, no Velho Testamento. A história do povo foi registrada para que, entre outras coisas, nós não caíssemos nos mesmos erros. E não foram apenas os israelitas que peregrinaram pelo deserto que pecaram. Salomão também caiu em erros e no final da sua vida disse mais ou menos isto: “Não façam o que eu fiz. Aprendam com a minha experiência para que não sofram as consequências que eu sofri. Permitam que minha vida seja uma advertência e um alerta para vocês” (Salmo 127.1,2 e o Li-vro de Eclesiastes).

Você não está imune de pas-sar por todas as tentações que Davi passou. Você não está imune de passar por todas as tentações

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que Salomão passou. Você não está imune de passar por todas as tentações que os israelitas passa-ram. Por que? Porque eles eram iguais a você. E hoje Deus usa os mesmos recursos que usava naquela época para realizar Sua obra: seres humanos imperfeitos. Pessoas imperfeitas sempre serão tentadas e estarão sujeitas a cair.

Entretanto, Paulo mostrou que há esperança para nós: “Não so-breveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens. E Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam tentados além do que po-dem suportar. Mas, quando forem tentados, ele mesmo lhes provi-denciará um escape, para que o possam suportar” (13).

O próximo versículo mostra que a saída que temos é “fugir”. Você não é a única pessoa que é tentada a fazer o que não é certo. Outras pessoas têm passado pe-las mesmas tentações. Você pode confiar que a tentação não vai se tornar tão forte que você não a possa suportar, porque Deus pro-meteu o escape e assim Ele fará.

Paulo menciona alguns peca-dos que os israelitas cometeram e que ele gostaria que os corín-tios evitassem, tais como idola-tria, imoralidade sexual, testar o Senhor e reclamar. No versículo 14 ele mencionou novamente a

idolatria ao falar da carne ofere-cida aos ídolos e como isso pode afetar o irmão mais fraco: “Por isso, meus amados irmãos, fujam da idolatria”. Comer aquela carne oferecida aos ídolos estava rela-cionado a comportamento imoral.

A adoração a ídolos tem co-nexão com o mundo espiritual: “Quero dizer que o que os pagãos sacrificam é oferecido aos demô-nios e não a Deus, e não quero que vocês tenham comunhão com os demônios” (20). Foi por isso que Paulo recomendou aos coríntios que fugissem e ficassem longe dos templos e de tudo que fosse relacionado a eles. Por esta razão ele enfatizou tanto a ques-tão da carne oferecida aos ídolos.

Este é um bom conselho para nós também: fugir da tentação imediatamente após o seu apare-cimento. Não pense que você é uma fortaleza e que pode escapar das tentações que surgem na sua vida. Lembre-se que seu espírito pode desejar isto, mas a carne é fraca. Não se renda à carne. A li-ção que aprendemos a respeito da tentação é que devemos orar para não cedermos à tentação. Ao ensi-nar a Oração do Pai Nosso, Jesus mostrou que devemos pedir diaria-mente para que Deus não nos dei-xe cair em tentação, mas nos livre do mal (Mateus 6.13; 26.40,41).

ESTUDO DE I CORÍNTIOS VERSÍCULO POR VERSÍCULO

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Capítulo 24

Três Princípios do Amor (I Coríntios 10.23-33)

Ao concluir este maravilhoso tratado sobre comer ou não car-ne oferecida a ídolos, Paulo repe-te o que escreveu no capítulo 8 a respeito de termos liberdade em Cristo. Tudo é permitido, ele dis-se, mas nem tudo é construtivo ou benéfico. Mais uma vez ele insistiu para que busquemos em primeiro lugar o bem do irmão e não o nos-so, deixando algumas instruções: “Comam de tudo o que se vende no mercado, sem fazer perguntas por causa da consciência” (25). Paulo recomendou que, se alguém convidasse para jantar e houves-se carne sobre a mesa, ninguém perguntasse: “Essa carne foi ofe-recida a ídolos?”. Ao invés disso, deveriam comer sem perguntar nada. Porém, se o anfitrião disses-se: “Gostaria de informar que esta carne foi oferecida a ídolos”, neste caso, por motivo de consciência, eles não deveriam comer. “... isto é, (por causa) da consciência do outro e não da sua própria?” (29), esclareceu Paulo.

Ele também antecipou a per-gunta que os coríntios fariam: “por que minha liberdade deve ser

julgada pela consciência dos ou-tros?” (29). Talvez você pergunte por que devemos ser guiados e limitados pelo que os outros pen-sam. A resposta é: para a glória de Deus! “Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus. Não se tornem motivo de tropeço, nem para judeus, nem para gregos, nem para a igreja de Deus” (10.31,32). Imaginemos uma pessoa incrédula recebendo um crente em sua casa para um jantar. Este anfitrião é um candi-dato à salvação e talvez pense que seguidores de Cristo não comem carne sacrificada a ídolos.

Outra resposta à pergunta dos coríntios, que Paulo antecipou, é a palavra “amor”. Observe que todos os problemas na igreja de Corinto são tratados por Paulo no capítulo do amor, inclusive este.

Existem três princípios que guiam a ética de Paulo descrita e prescrita no capítulo 9. Ele não buscava o seu próprio bem, mas o bem dos irmãos. Ele colocou o ju-deu, o pagão, o crente legalista e o irmão mais fraco no centro de sua

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vida. Ele não buscava glória pró-pria, mas a glória de Deus, mesmo em questões simples, como comer ou beber.

“O que glorifica a Deus? O que isso interfere na salvação ou na edificação dos irmãos? Estou bus-cando o meu próprio interesse ou o interesse do irmão?”. Estes são princípios maravilhosos que devem governar a ética de vida dos crentes e são para todos os crentes. Às ve-zes os discípulos jovens na fé não entendem a essência deles, mas, à medida que amadurecem, passam a aceitar os princípios que guiaram a filosofia de vida e do ministério do grande missionário, pastor, mes-tre e escritor de várias epístolas da Igreja do Novo Testamento.

Para ser líder na igreja, um se-guidor de Cristo deve crer e viver essa filosofia de vida e de ministé-rio apresentada por Paulo nos capí-tulos 8, 9 e 10 da Primeira Carta aos Coríntios. O amor é o fruto do Espírito e a prova de maturidade espiritual. O amor deve ser a cre-dencial de todo crente. O amor está no centro desta filosofia ética, que torna a vida do crente “Cristocêntri-ca” e, ao mesmo tempo, centrada no próximo. Se você crê e vive esta filosofia ética, Cristo, o evangelismo e a edificação dos outros estarão no centro da sua vida.

Todos que você conhece são uma oportunidade para evangelis-mo ou para edificação. Indepen-dentemente da pessoa ser crente ou não, seu desejo maior deve ser o de servi-la, para sua edificação ou salvação. Você precisa estar deter-minado a não fazer nada que impe-ça um incrédulo de vir a Cristo; se for um crente, sua obsessão deve ser não fazer nada que o ofenda ou que sirva como pedra de tropeço para sua fé, prejudicando seu cres-cimento espiritual.

Estes princípios: a glória de Deus, o evangelismo dos incré-dulos e a edificação dos crentes também resolvem aquelas ques-tões “cinzas” em nossos relacio-namentos, aquelas questões para as quais a Bíblia não se posiciona categoricamente.

Eu o desafio a assumir as prioridades que Paulo tinha no seu ministério, compartilhadas no ca-pítulo 9 e na conclusão do capítu-lo 10 desta carta. Assuma o com-promisso de ser servo de todo ser humano que encontrar, colocando-o no centro da sua vida. Compro-meta-se a ser tudo para com to-dos para que muitos sejam salvos. Assuma o compromisso também de não fazer nada que ofenda um religioso, um pagão ou um crente com quem você se relaciona.

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Nos capítulos 8,9 e 10 de I Coríntios, Paulo compartilhou esta sua filosofia de vida e de ministé-rio: “Você não consegue servir ao próximo e a você mesmo”. Mas, depois dos primeiros versículos do capítulo 11, Paulo abordou outro problema da igreja de Corinto: o papel da mulher no Corpo de Cris-to. No versículo 6 do capítulo 11, ele escreveu: “Se a mulher não cobre a cabeça, deve também cortar o cabelo; se, porém, é ver-gonhoso para a mulher ter o ca-belo cortado ou rapado, ela deve cobrir a cabeça”.

A partícula “se” neste ver-sículo é de significativa impor-tância. Na cidade de Corinto, a prostituição fazia parte da cul-tura e até da adoração pagã no templo. Se uma mulher quisesse que todos soubessem que ela era uma prostituta, uma mulher de comportamento diferente das ou-tras, ela não usava um véu, nem qualquer outra cobertura sobre a cabeça, e cortava seu cabelo cur-to. Por isso, na cultura de Corinto, usar o cabelo curto era sinal de prostituição.

Capítulo 25

Homem e Mulher, Deus e Cristo (I Coríntios 11.1-16)

Nas igrejas que se reuniam nos lares da cidade, algumas mu-lheres, por causa da revolução es-piritual pela qual tinham passado e em razão da liberdade que tinham em Cristo, consideravam-se livres para não usar mais nenhuma co-bertura sobre a cabeça, enquanto oravam ou profetizavam.

Paulo começou a tratar desta questão tão delicada no versículo 2: “Eu os elogio por se lembrarem de mim em tudo e por se ape-garem às tradições exatamente como eu as transmiti a vocês”. A palavra “tradições”, aqui, tem um significado especial. Aparente-mente, nas primeiras igrejas, eles tinham que tomar posição a res-peito de certas questões culturais, e Paulo manifestava sua opinião sobre o que achava mais sábio para eles dentro daquela cultura. Se não tivesse uma base específi-ca das Escrituras, usava o que ele próprio chamava de “tradições”.

Observemos no versículo 3, como ele continuou a tratar do problema das mulheres que esta-vam tirando o véu durante a ado-ração pública: “Quero, porém, que

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CBI - Encontro com a Palavra68 Livro 8

entendam que o cabeça de todo homem é Cristo, e o cabeça da mulher é o homem, e o cabeça de Cristo é Deus. Todo homem que ora ou profetiza com a cabeça coberta desonra a sua cabeça; e toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta desonra a sua cabeça; pois é como se a tivesse rapada. Se a mulher não cobre a cabeça, deve também cortar o cabelo; se, porém, é ver-gonhoso para a mulher ter o ca-belo cortado ou rapado, ela deve cobrir a cabeça. O homem não deve cobrir a cabeça, visto que ele é imagem e glória de Deus; mas a mulher é glória do homem. Pois o homem não se originou da mulher, mas a mulher do homem; além disso, o homem não foi cria-do por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem. Por essa razão e por causa dos anjos, a mulher deve ter sobre a cabeça um sinal de autoridade” (3-10).

O que Paulo quis dizer nes-ta passagem? Primeiro está claro que ele dizia que aquelas mulhe-res estavam erradas por tirarem a cobertura que usavam sobre a ca-beça, durante a adoração pública, em razão do que significava para a cultura de Corinto a mulher usar cobertura sobre a cabeça. Nes-se espírito de ser “tudo para com

todos” (9.22) e ser flexível para não perder nenhuma oportunida-de de ser uma testemunha, Pau-lo foi claro ao escrever que essas mulheres deveriam cobrir suas ca-beças. Ele explicou que “se” era vergonhoso naquela cultura usar cabelo curto ou não usar o véu, então elas deveriam usar o véu ou cabelo comprido por causa do tes-temunho que deveriam dar.

Para quem tinha sido um ra-bino judeu, Paulo escreveu algo maravilhoso. Ele escreveu que quando um homem orasse ou profetizasse, não deveria ter nada sobre a cabeça. Ainda hoje é cos-tume entre os judeus ortodoxos o uso do manto “tallith” sobre a ca-beça, durante a oração. Neste tex-to, Paulo escreveu que os homens não deveriam usar nenhum tipo de véu na presença de Deus.

Na verdade, Paulo estava es-crevendo que o relacionamento do marido e da mulher é extrema-mente parecido com o relaciona-mento entre Cristo e Deus. É claro que o Deus Pai está sobre o Filho e que a glória do Pai é a primei-ra preocupação do Filho. Ainda assim, ouvimos o Filho dizer: “Eu e o Pai somos um” (João 10.30). Nestas palavras, Jesus estava di-zendo que Ele e o Pai trabalham em perfeita harmonia.

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Tanto Paulo como Pedro fo-ram consistentes em usar o re-lacionamento entre Cristo e a Igreja e a unidade entre Jesus e o Pai como modelo inspirado da Bíblia para o casamento (I Pedro 3.1,7; Efésios 5.22-27). Paulo não disse neste texto que o ho-mem é tudo e a mulher é nada, mas que a mulher e o homem se relacionam da mesma maneira que Jesus, o Filho, se relaciona com o Deus Pai. O marido está sobre a mulher, no sentido de ter a responsabilidade pelo lar, pela família. Ele tem a autoridade acompanhada da responsabilida-de. Assim como o Pai está sobre o Filho, ainda que o Filho e o Pai sejam um e vivam em perfeita harmonia um com o outro e, de certa forma, Ele é igual a Deus, da mesma forma, o homem e sua mulher têm um relacionamento

de um estar sob a autoridade do outro e, ao mesmo tempo, em absoluta igualdade.

Estude atentamente os 16 primeiros versículos do capítulo 11 de I Coríntios e você descobri-rá como eles são profundos. Eles falam sobre o papel e a função do homem e da mulher tementes a Deus em um casamento, cujo cen-tro é Cristo. Também falam sobre o mesmo valor que têm o homem e a mulher; tratam de problemas essencialmente culturais, com aplicação cultural. Esses proble-mas culturais e suas aplicações devem ser diferenciados dos ensi-nos bíblicos sobre casamento, pois estes são supra-culturais, ou seja, estão acima de qualquer cultura. Por exemplo, a figura do relacio-namento do Filho com o Pai e de Cristo com a Igreja como modelo para o casamento cristão.

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Capítulo 26

Ceia do Senhor ou Ceia de Vocês? (I Coríntios 11.17-34)

No versículo 17 do capítulo 11, Paulo começa a abordar outro problema daquela igreja.

A celebração da Ceia, do Se-nhor na igreja de Corinto, era pre-cedida por um tipo de festa, para a qual as pessoas traziam comida de casa. Alguns membros da igre-ja eram escravos e muito pobres. Esses não podiam levar nada e, enquanto o resto comia, eles pas-savam fome. Ao invés de colocar toda a comida sobre uma mesa e repartir igualmente para todos, eles comiam em pequenos grupos. Al-guns se estufavam com tanta co-mida, enquanto outros passavam fome, olhando seus irmãos e irmãs comerem. Dá para imaginar esta cena em uma reunião de cristãos?

Devia também ter muito vi-nho, sendo que, quando chegava a hora da celebração da Ceia do Se-nhor, alguns estavam literalmen-te bêbados! Este foi o problema que Paulo passou a tratar nesta passagem: “Entretanto, nisto que lhes vou dizer não os elogio, pois as reuniões de vocês mais fazem mal do que bem. Em primeiro lugar, ouço que, quando vocês se

reúnem como igreja, há divisões entre vocês, e até certo ponto eu o creio” (11.17-18).

Paulo dá uma explicação ma-ravilhosa de como Deus usa as divisões entre os crentes: “Pois é necessário que haja divergências entre vocês, para que sejam co-nhecidos quais dentre vocês são aprovados” (11.19). O que pode-mos dizer de bom sobre as divi-sões entre os crentes é que Deus usa as diferenças para revelar aqueles que têm Sua aprovação.

A seguir, Paulo dá uma instru-ção frequentemente lida na cele-bração da Ceia do Senhor: “Pois re-cebi do Senhor o que também lhes entreguei: Que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e, tendo dado graças, partiu-o e disse: ‘Isto é o meu corpo, que é dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim’. Da mesma forma, depois da ceia ele tomou o cálice e disse: ‘Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isso sempre que o bebe-rem, em memória de mim’. Por-que, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 8 71

anunciam a morte do Senhor até que ele venha” (23-26).

Nesta passagem, Paulo apre-senta uma solução inspirada pelo Espírito para o terrível problema de profanação da Ceia do Senhor, na igreja de Corinto: “Se alguém estiver com fome, coma em casa, para que, quando vocês se reunirem, isso não resulte em condenação” (34).

Com base neste versículo, mui-tas igrejas hoje crêem que não é bí-blico ter uma cozinha na igreja ou mesmo oferecer qualquer tipo de refeição na igreja. Acho uma inter-pretação muito radical. O proble-ma não era o fato de que eles es-tavam comendo na igreja, mas sim que estavam cometendo o pecado da glutonaria, pois não repartiam com os irmãos, que não tinham o que comer e se embebedavam. Era isto que Paulo estava repreendendo nesta passagem. Eu não acho que Paulo estava proibindo os crentes de terem comunhão na igreja, compar-tilhando uma refeição. As Escritu-ras usam o “cear”, ou o fazer uma refeição em conjunto, como sim-bologia de um nível de comunhão mais profundo (Apocalipse 3.20; Lucas 14.16-24).

A Ceia do SenhorQual é o significado da Ceia do

Senhor? Depois de mais de vinte

séculos de História da Igreja, os se-guidores de Cristo ainda não entra-ram em um acordo a este respeito. Para alguns, o pão e o vinho literal-mente se tornam o corpo e o san-gue de Cristo. Isto é chamado de “transubstanciação”. Outros acre-ditam que o Espírito Santo apenas está com o pão e o vinho de uma forma muito especial. Isto é cha-mado de “consubstanciação”. Ou-tros, ainda, acreditam que a Ceia do Senhor é apenas um memorial simbólico do sacrifício do Seu cor-po e sangue, porque Jesus disse “façam isto em memória de mim”. Estes interpretam que, na noite an-terior à Sua morte na cruz, Jesus disse: “Essa foi a maneira que es-colhi para ser lembrado”.

É interessante que essa figura de Cristo, que Ele próprio apresen-tou à Igreja para que fosse obser-vada até que Ele volte, não é uma figura tão bonita. Na verdade é até mesmo uma figura trágica do Senhor. É a figura do Cristo cruci-ficado. Mas, é claro, quando per-cebemos que ela representa o amor de Deus, que trouxe salvação para o mundo, ela se torna linda! Ao tratar de um problema tão vergo-nhoso da igreja de Corinto, Paulo apresentou instruções muito impor-tantes sobre a Ceia do Senhor.

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As instruções do apóstolo Paulo referentes à celebração da Ceia do Senhor já foram lidas mi-lhões de vezes nas igrejas. Este é um assunto muito importante, por isso gostaria de continuar comen-tando-o em mais um capítulo.

O ensino de Paulo continua no versículo 27: “Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpado de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor. Exa-mine-se cada um a si mesmo, e então coma do pão e beba do cá-lice. Pois quem come e bebe sem discernir o corpo do Senhor, come e bebe para sua própria conde-nação. Por isso há entre vocês muitos fracos e doentes, e vários já dormiram. Mas, se nós tivésse-mos o cuidado de examinar a nós mesmos, não receberíamos juízo. Quando, porém, somos julgados pelo Senhor, estamos sendo dis-ciplinados para que não sejamos condenados com o mundo. Por-tanto, meus irmãos, quando vocês se reunirem para comer, esperem

Capítulo 27Olhe Para Cima, Para Dentro, Para Trás e ao Redor

(I Coríntios 11.17-34)

uns pelos outros. Se alguém es-tiver com fome, coma em casa, para que, quando vocês se reu-nirem, isso não resulte em con-denação. Quanto ao mais, quan-do eu for lhes darei instruções” (27-34).

Paulo dá uma instrução mui-to valiosa ao tratar da maneira blasfematória com que a igreja de Corinto lidava com respeito à Ceia do Senhor. Primeiro, ele deixa bem claro que o propósito desse sacramento instituído pelo Senhor Jesus Cristo é que nos reunamos para olhar para o alto. Isto é cha-mado de “comunhão” por alguns, porque o propósito é mantermos nossa união com Cristo.

Paulo afirma que participar dessa Mesa “indignamente” é um pecado muito sério. No versículo 30, ele escreveu: “Por isso há entre vocês muitos fracos e doentes, e vários já dormiram”. Quando disse “dormiram” Paulo estava se referin-do à morte, ou seja, por isso havia muitos que eram fracos, doentes e vários que já tinham morrido.

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Em primeiro lugar, essa cele-bração nos faz olhar para o alto, crendo no que a Ceia do Senhor representa. A Mesa representa o Evangelho que nos salva e também a união que temos com Cristo. Com o pão e o vinho, que se tornam parte de cada fibra do nosso corpo, atra-vés da digestão e, depois, da circu-lação, nós celebramos o milagre de estarmos em união com Cristo.

Depois, a Ceia do Senhor pede que olhemos para dentro de nós mesmos: “Examine-se cada um a si mesmo, e então coma do pão e beba do cálice” (28). Isto me faz lembrar de uma grande verdade que Jesus ensinou: que devemos julgar primeiro a nós mesmos, para depois julgarmos os outros (Mateus 7.1-5). Este é um impor-tante princípio que não podemos esquecer, quando abordamos a Ceia do Senhor.

Portanto, devemos ter dois olhares ao celebrarmos a Ceia do Senhor: (1) Devemos olhar para a cruz de Jesus Cristo e (2) deve-mos olhar para frente, para a volta de Jesus Cristo. A cruz de Cristo é o tema central das Escrituras. O Velho Testamento enfoca o signifi-cado da cruz, através do sacrifício de animais, e o Novo Testamento olha de volta para a cruz.

Lembre-se de que Jesus es-tava celebrando a Páscoa Judai-ca com Seus apóstolos judeus, quando transformou aquela forma de adoração judaica na principal forma de adoração cristã (conclu-são extra-bíblica). Esta é a única instrução que Jesus deu aos Seus apóstolos de como Sua Igreja deve-ria adorá-Lo! A refeição da Páscoa dos judeus comemora a libertação milagrosa dos filhos de Israel da cruel escravidão no Egito. Naquele dia, eles sacrificaram um cordei-ro, e um pouco do seu sangue foi espargido nos batentes das portas das casas. Quando o anjo do juízo, enviado por Jeová, via o sangue derramado ali, passava direto por aquela casa e não vitimava o seu primogênito (Êxodo 12.12,13).

Quando Jesus celebrou a Páscoa com os apóstolos, disse que eles não comeriam aquela refeição novamente até que ela fosse cumprida no Reino de Deus (Lucas 22.15,16). Ele estava dizendo que, quando morresse na cruz, seria o cumprimento de tudo o que a Páscoa do Cordeiro representava. Quando celebramos a Ceia do Senhor, olhamos de vol-ta para a cruz, depois olhamos para frente, pois Jesus disse: “... sempre que comerem deste pão

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e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha” (26). Portanto, quando nos reunimos para a Ceia do Senhor, olhamos para frente, para a esperança da Sua Segunda Vinda (Tito 2.13).

Finalmente, nesta admoes-tação envolvendo a Comunhão, Jesus e Paulo ensinaram que de-vemos olhar ao redor, quando parti-cipamos dessa Mesa. A comunhão não é apenas vertical, mas tam-bém horizontal. Existem muitas passagens, no Novo Testamento, que mencionam este ensino: “Por-tanto, se você estiver apresentan-do sua oferta diante do altar e ali se lembrar de que seu irmão tem algo contra você, deixe sua oferta ali, diante do altar, e vá primeiro reconciliar-se com seu irmão; de-pois volte e apresente sua oferta” (Mateus 5.23,24). João também foi muito claro e objetivo, no fi-nal do capítulo 4 de sua primeira carta, quando disse que, “se nós dizemos que amamos a Deus e

não amamos nosso irmão, somos mentirosos”, porque o relaciona-mento vertical com Deus e o rela-cionamento horizontal com nosso irmão são inseparáveis.

A Mesa da Comunhão também ensina uma disciplina espiritual. Paulo disse que devemos esperar até que todos estejam presentes para depois tomarmos nossa por-ção. Se as coisas não estiverem bem na comunhão horizontal com seus irmãos e você sabe que vai participar da Ceia do Senhor, vá se acertar com seu irmão ou irmã. Conserte seus relacionamentos ho-rizontais, porque você sabe que vai celebrar o relacionamento vertical, a sua comunhão com Cristo.

ResumoNesta passagem, Paulo ins-

trui como participar da Mesa do Senhor e manda que ao fazê-lo olhemos para cima, para dentro, para trás, para frente e, depois, ao redor, a fim de participarmos da Ceia do Senhor.

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Capítulo 28

“Quanto aos Dons Espirituais” (I Coríntios 12.1-11)

O capítulo 12 desta magnífi-ca carta pastoral é uma parte de suma importância. Os onze pri-meiros capítulos compreendem a parte destinada à correção; a par-tir do capítulo 12 inicia-se a parte construtiva da carta.

Nos onze primeiros capítulos, Paulo apresentou soluções especí-ficas para problemas específicos, dos quais tomou conhecimento através da igreja que se reunia na casa de Cloe e de cartas que tinha recebido da igreja. Porém, nos ca-pítulos restantes, Paulo apresenta soluções espirituais gerais, capa-zes de solucionar todos os pro-blemas da igreja de Corinto e das nossas igrejas hoje.

Os três primeiros capítulos des-ta nova divisão podem ser intitula-dos de “A Função do Espírito Santo”. Neles, Paulo ensinou aos coríntios, a você e a mim como o Espírito San-to quer trabalhar na igreja.

É impossível não questionar a situação espiritual dos coríntios. Paulo os chamou de “santos”, mas depois mencionou todos os proble-mas que eles tinham; chamou-os

de “carnais” e disse que eles eram bebês espirituais. No capítulo 12, Paulo apresenta o diagnóstico do estado espiritual dos coríntios: ignorantes espirituais! Eles não eram ignorantes quanto à existên-cia do Espírito Santo, mas eram ignorantes em relação à função do Espírito Santo na igreja.

No capítulo 13, Paulo tratou do que chamou, em outras pas-sagens, de “o fruto do Espírito” (Gálatas 5:22,23). O Espírito San-to opera duas obras muito impor-tantes na vida dos crentes. Uma destas obras ocorre dentro de nós e Jesus a chamou de “novo nasci-mento”. Se você fizer uma busca da preposição “sobre”, no Livro de Atos, verá que o Espírito Santo também trabalha sobre nós para que depois trabalhe através de nós como Seus agentes humanos.

A obra do Espírito Santo so-bre nós está associada ao minis-tério que exercemos. A evidência ou prova de que o Espírito Santo está operando em nós é o fruto do Espírito. A prova de que o Espírito veio sobre nós para nos usar é o

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que Paulo chama de “os dons do Espírito”. Os dons do Espírito nos equipam para vários tipos de mi-nistérios. No capítulo 12, Paulo fala como o Espírito Santo opera na igreja.

Paulo compartilha a segun-da solução espiritual, no capítulo 13. Este é o famoso “Capítulo do Amor” da Bíblia. Nele lemos que o amor é a grande evidência da obra do Espírito em nós. A essên-cia do capítulo do amor é que a obra do Espírito sobre nós jamais poderá substituir a dinâmica obra do Espírito em nós. Um princípio facilmente aplicável é o seguinte: “Não é uma questão de uma coisa ou outra, mas sim de uma e ou-tra”. Devemos todos orar, pedindo a obra milagrosa do Espírito Santo em nós e sobre nós.

No capítulo 14, Paulo vai en-sinar a ordem que deve prevalecer entre nós, quando o Espírito San-to trabalha em e sobre nós. Estes capítulos maravilhosos através dos quais Paulo ensina acerca de questões espirituais, são o coração desta carta.

No capítulo 15, Paulo vai apre-sentar a quarta solução espiritual, ao escrever uma obra-prima sobre a ressurreição, não apenas a mor-te e a ressurreição de Jesus, que

constituem o Evangelho que nos salva, mas sobre a nossa própria ressurreição – a ressurreição nos últimos dias e o poder de ressurrei-ção que opera diariamente em nós, dando-nos vitória sobre o pecado.

No capítulo 16, Paulo apre-senta a solução espiritual conclusi-va e dá instrução para uma coleta destinada aos santos sofredores de Jerusalém. O último capítulo desta carta é mais que um pós-escrito e uma despedida. Deliberadamen-te, Paulo coloca a mordomia entre os dons espirituais, que são solu-ções gerais para os problemas da igreja de Corinto. Encontramos a correção de Paulo quanto à “car-nalidade” daquela igreja, nos onze primeiros capítulos desta carta, e as soluções espirituais para todos os problemas da igreja em Corinto, também para nossas igrejas hoje, nos capítulos 12 a 16.

Existem duas observações que devem ser feitas nesta segunda par-te da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios. Paulo escreve que não devemos ser ignorantes a respeito das funções do Espírito Santo. O desejo de Paulo, que podemos per-ceber em toda carta, era que ne-nhum crente “fosse ignorante”.

Não podemos deixar de des-tacar uma segunda observação

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feita no final do capítulo 14: “Se alguém pensa que é profeta ou espiritual, reconheça que o que lhes estou escrevendo é manda-mento do Senhor. Se ignorar isso, ele mesmo será ignorado” (I Co-ríntios 14.37,38).

Paulo compartilha verdades espirituais maravilhosas nestes três capítulos e, no final, basi-camente escreve o seguinte: “Se vocês são realmente espirituais, então reconheçam as verdades escritas nesses mandamentos do Senhor. Se vocês continuarem ig-norantes, depois de eu ter com-partilhado estas verdades, será

porque escolheram continuar ig-norantes, por isso eu respeito a es-colha de vocês e deixo que vivam em sua própria ignorância”.

Paulo também escreveu, nes-tes capítulos que contêm soluções espirituais gerais, que é errado ig-norar a função do Espírito Santo. Se com o estudo destes capítulos você entender como o Espírito Santo funciona neste mundo e es-colher ignorar a obra dEle estará sendo desobediente e, como cren-te, pode perder o seu ministério. Paulo também vai falar que é erra-do idolatrar certos dons ou mani-festações do Espírito Santo.

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Capítulo 29

Dons e Ministérios (I Coríntios 12.1-6)

Os onze primeiros versícu-los do capítulo 12 levam-nos ao que considero ser o coração desta carta. Pretendo enfocar cada um destes versículos. No versículo 3, obviamente, o apóstolo Paulo está tratando da atividade demoníaca, associada à adoração de ídolos, na cidade de Corinto. O povo que es-tava adorando e oferecendo sacri-fícios aos ídolos estava adorando e oferecendo sacrifícios a demônios (10.19-21; 12.2, 3).

Quando o povo adorava ído-los, espíritos do mal o levavam a amaldiçoar Jesus. Paulo escreveu no versículo 3: “Por isso, eu lhes afirmo que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: “Jesus seja amaldiçoado”; e ninguém pode dizer: “Jesus é Senhor”, a não ser pelo Espírito Santo”.

A doutrina básica de comu-nhão nas igrejas do Novo Testa-mento pode ser resumida nesta frase: “Jesus é Senhor”. Jesus dis-se: “Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que

a mim, não pode ser meu discípu-lo. E aquele que não carrega sua cruz e não me segue não pode ser meu discípulo” (Lucas 14.26,27). No contexto desta passagem, Je-sus estava dizendo: “Da mesma forma, quem não desistir de tudo, não pode ser Meu discípulo” (Lu-cas 14:25-35).

O que significava tudo isso para aqueles que ouviram estas palavras de Jesus? Significava es-tar disposto a morrer por Ele, caso contrário não poderia ser Seu dis-cípulo. Jesus Cristo tem que ser mais importante ao que qualquer bem ou pessoa em sua vida, caso contrário, você não pode ser Seu discípulo. Paulo estava ensinando esta verdade ao escrever a dou-trina básica de comunhão para a Igreja do Novo Testamento.

Como o crente pode ter esta conquista em sua vida? De acordo com Jesus, para que alguém veja o Reino de Deus e usufrua um re-lacionamento com Ele, de acordo com o que Ele é, ou seja, como seu Rei, precisa nascer de novo. Foi isto que Jesus disse a Nicodemos

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(João 3.3,5). Paulo concorda com Jesus ao escrever que para decla-rarmos com a nossa boca e com a nossa vida “Jesus é Senhor” de-vemos ter uma experiência com o Espírito Santo, ou seja, devemos ter nascido de novo.

Com esta introdução, a par-tir do versículo 4 do capítulo 12, Paulo expõe seu ensino sobre as funções do Espírito Santo na igre-ja. O apóstolo enfatiza dois concei-tos neste capítulo. De acordo com Paulo, quando o Espírito Santo atua devidamente em uma igreja, essa igreja tem a marca da diversi-dade e da unidade. Observe quan-tas vezes Paulo repetiu estes dois conceitos neste capítulo. Como estes dois princípios antagônicos coexistem em uma igreja? Com a inspiração do Espírito Santo, Paulo une estes dois princípios opostos entre si, diversidade e unidade, quando diz que a igreja funciona como o corpo humano. É grande a diferença entre o olho e o ouvido, entre a mão e o pé, mas a diversi-dade funciona em perfeita união, porque todos os diversos membros de um corpo estão sob o controle da cabeça.

Na última metade do sécu-lo XX, houve um reavivamento do interesse pelo Espírito Santo.

Devemos ser cuidadosos na ma-neira como rotulamos nossas ex-periências com o Espírito Santo, para não criarmos divisão nem confusão. Por exemplo, você já ou-viu pessoas se referindo ao pastor, a outros crentes ou a igrejas como sendo cheios do Espírito? Isto im-plica que há crentes, pastores e igrejas que são cheios do Espírito e outros crentes, pastores e igrejas que não o são.

Será que é isso que está implí-cito quando a Bíblia usa a expres-são “cheio do Espírito”? Todos os crentes receberam o mandamento para serem “cheios do Espírito” (Efésios 5.18). No original grego, fica claro que este é um manda-mento e não uma opção para o dis-cípulo verdadeiro de Jesus Cristo.

O que significa ser cheio do Espírito? No Livro de Atos, lemos que Pedro, “cheio do Espírito”, pregou e milhares se converteram. Mais adiante, lemos novamente que “Pedro, cheio do Espírito”, fez isso e aquilo outro. E agora? Como estava Pedro entre um episódio e outro, quando a Bíblia afirmou que Pedro estava “cheio do Espírito”?

O Espírito Santo não é um líquido. O Espírito Santo é uma Pessoa. Ou nós temos a Pessoa do Espírito Santo em nossas vidas

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ou não temos. A questão não é o quanto do Espírito você tem, mas quanto de nós o Espírito Santo tem. Quando Ele tem tudo de nós, então estamos cheios do Espírito.

Um crente cheio do Espírito é um crente controlado pelo Espíri-to. Antes de ordenar que fôssemos cheios do Espírito, Paulo escreveu: “Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas dei-xem-se encher pelo Espírito” (Efé-sios 5.18). Assim como a pessoa bêbada está sob a influência ou controle do álcool, nós estamos sob a influência ou controle do Es-pírito Santo.

Paulo está dizendo, neste capítulo, que quando nós e os membros da nossa igreja estamos cheios do Espírito, a igreja é ca-racterizada por uma diversidade e unidade maravilhosas. Paulo explicou que “Há diferentes tipos de dons, mas o Espírito é o mes-mo” (4). Como os dons espirituais nos equipam para ministérios es-pirituais? “Há diferentes tipos de

ministérios” (5). Isto significa que há diferentes maneiras de servir a Deus. Existe diversidade de dons e, por causa dessa diversidade, existe uma diversidade de minis-térios. Em uma igreja controlada pelo Espírito, seus membros não têm os mesmos dons nem os mes-mos ministérios.

No versículo 6, Paulo escre-veu: “Há diferentes formas de atuação, mas é o mesmo Deus quem efetua tudo em todos”. Os dons e ministérios do Espírito não são dados conforme nossa vonta-de, mas conforme o Espírito quer (11). Concluímos, então, a par-tir dos versículos 4,5 e 6, que os dons são diversos, os ministérios são diversos e a maneira como Deus opera, através desses dons e ministérios, não é sempre a mes-ma. Paulo reforça a ideia de que é o mesmo Espírito quem trabalha e opera em e através desses diver-sos dons e ministérios. Essas ma-nifestações do Espírito são dadas para o proveito de toda a igreja.

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Capítulo 30

Os Dons do Espírito Santo (I Coríntios 12.7-11)

Esta passagem descreve os diversos dons espirituais da Igreja, que é o Corpo de Cristo. No versí-culo 8, Paulo escreveu: “Pelo Es-pírito, a um é dada a palavra de sabedoria”. Estou convencido de que, usando a expressão “palavra de sabedoria”, Paulo estava se re-ferindo ao dom de pregação e en-sino da Palavra de Deus, quando se sabe aplicar e ilustrar o que a Palavra significa para nós.

Paulo também explica que, “pelo único Espírito, Deus dá a outro, dons de curar” (9). Quanto ao dom de cura, não pense ape-nas em cura física. Lembre-se que a dimensão espiritual do ser humano é muito mais importante que a física, porque é eterna, e a dimensão visível e física de um ser humano é temporal. Por isto, a cura espiritual ou interior é mais importante que a exterior ou física.

No versículo 10, lemos: “a outro, profecia”. O profeta é aque-le, através de quem Deus fala. Na minha opinião, quando pastores, mestres ou evangelistas pregam com a unção do Espírito, o que sai

da boca deles é profecia, porque Deus está falando através deles.

Paulo continua: “a outro, dis-cernimento de espíritos” (10). Nos primeiros versículos deste capítulo 12, Paulo destacou que, antes de se converterem a Cristo, os coríntios eram completamente controlados por espíritos do mal, ligados à adoração a ídolos. Como podemos saber que estamos sen-do controlados pelo Espírito Santo e não por espíritos do mal? A res-posta é que precisamos da Palavra de Deus e do dom de discernimen-to no Corpo de Cristo.

Ainda no versículo 10, lemos: “a outro, variedade de línguas”. O que é isso que Paulo escreveu? Sabemos que no Dia de Pentecos-tes aconteceu um fenômeno mira-culoso e as barreiras das línguas foram quebradas. Quando Pedro pregou seu maravilhoso sermão e os apóstolos louvaram a Deus, uma só língua foi falada. Todos en-tenderam, independentemente da língua nativa de cada um. Foi um milagre. A mensagem de Pedro e dos apóstolos era para os ouvidos

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dos homens. Foi por isto que foi rotulada de “profecia” pelo profeta Joel e pelo autor do Livro de Atos (Joel 2.28; Atos 2.17,18).

Comentaremos mais sobre “línguas”, quando chegarmos no capítulo 14 desta carta, onde Pau-lo afirma que aquele que fala em línguas fala para Deus e não para homens. Paulo explica que os ho-mens não podem entender, porque o que fala em línguas fala no seu espírito, fala mistério; não línguas, mas mistérios (14.2). Não foi isso o que aconteceu no Dia de Pen-tecostes. Lucas, no Livro de Atos, e Paulo, nesta carta aos coríntios, descreveram dois tipos diferentes de línguas.

Veja a lista dos dons nos ver-sículos 8 a 10 e procure familia-rizar-se com eles. Olhe os dons espirituais listados no capítulo 12 de I Coríntios e tente descobrir que tipo de dom o Espírito Santo lhe deu. Depois, procure maneiras de exercitar os dons que você acha que o Espírito lhe deu.

Paulo conclui seu ensino sobre dons espirituais escrevendo: “Todas essas coisas, porém, são realiza-das pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, como quer” (11). É as-sim que o Espírito Santo trabalha. Ele dá dons como estes aos que pertencem ao Corpo, para equipá-los para seus ministérios.

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Capítulo 31Cinco Impressões Digitais de Uma Igreja Saudável

(I Coríntios 12.4-19)

Depois de falar como os dons espirituais se tornam ministérios, Paulo dá continuidade a outra par-te deste importante ensino. Ele toma os princípios da diversidade e da unidade, que são opostos en-tre si, e os une, ao falar que a igre-ja funciona como o corpo humano.

O que é a Igreja? Qual é a es-sência e a função da Igreja? Jesus disse: “... edificarei a minha igre-ja, e as portas do Hades não pode-rão vencê-la” (Mateus 16.18). Je-sus anda no meio das Suas igrejas (Apocalipse 1.12,13,20). Quais são as evidências de que nossa igreja faz parte da Igreja que Cristo está construindo e visitando hoje?

Existem mais de 60 bilhões de impressões digitais neste mun-do e cada uma é distinta da ou-tra. Agências de investigação em todo o mundo podem identificar você e eu pelas nossas impres-sões digitais. Será que a Igreja que Cristo está construindo tem “impressões digitais” que a iden-tificam? Em outras palavras, será que existem provas suficientes

de que a igreja que frequentamos faz parte da Igreja que Cristo está construindo?

Encontrei, no Novo Testamen-to, dez “impressões digitais” que podem identificar essa Igreja que Cristo está construindo e abençoan-do com Sua divina presença. Elas não apenas identificam a Igreja de Cristo, mas também nos ajudam a monitorar a saúde de uma igreja.

Essas “impressões digitais” podem ser encontradas em dois lugares. As cinco primeiras, bem no começo da Igreja, ou no que chamamos de “A Grande Comis-são”, que deu origem à Igreja. Jesus deu um mandamento aos apóstolos: “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, en-sinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” (Mateus 28.19,20).

O Livro de Atos é um registro de como os apóstolos e os discí-pulos de Jesus implementaram a

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Grande Comissão. O objetivo de pregar o Evangelho é fazer discí-pulos, batizá-los e ensiná-los. A Grande Comissão, literalmente, significa: “Fazer discípulos, bati-zando-os e ensinando-os”.

Assim, no Dia de Pentecostes, quando três mil judeus se conver-teram, os apóstolos sabiam o que fazer com eles. Lemos que aque-les que se converteram “se dedi-cavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações” (Atos 2.42). Foi o início da Igreja de Jesus Cristo e é aí que encontramos as cinco primeiras “impressões digitais” de uma igre-ja sadia.

Na “mão direita”, considere o “polegar” como o evangelismo. Os apóstolos pregaram o Evangelho e levaram os convertidos para a igre-ja. O “dedo indicador” representa o ensino. Em obediência à Grande Comissão, os apóstolos ensinaram

aqueles que se converteram no Dia de Pentecostes. O “dedo do meio” é a comunhão. Os discípulos que se converteram pela pregação dos apóstolos não foram apenas evan-gelizados. Eles permaneceram no ensino e na comunhão dos após-tolos. O “dedo anular” é adoração. Eles expressaram o amor deles por Cristo, através do partir do pão com os apóstolos. Isto quer dizer que eles celebravam juntos a Ceia do Senhor. Rotulei de “dedo min-dinho” a impressão digital da ora-ção, porque os novos discípulos permaneciam em oração com os apóstolos.

Encontrei mais cinco impres-sões digitais no capítulo 12 da Primeira Carta de Paulo aos Corín-tios, as quais creio que são a de-claração mais importante do Novo Testamento sobre a Igreja plane-jada por Cristo, para funcionar no mundo.

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Capítulo 32

Outras Cinco Impressões Digitais de Uma Igreja Saudável (I Coríntios 12.12-24)

No capítulo anterior mencio-nei que as impressões digitais da mão direita de uma igreja saudá-vel são: o polegar, o evangelismo; o dedo indicador, o ensino; o dedo do meio, a comunhão; o dedo anular, a adoração e o dedo min-dinho, a oração.

Neste capítulo, encontramos mais cinco impressões digitais de uma igreja saudável. De acordo com esta descrição inspirada de Paulo, de como a igreja funciona, o dedo polegar da mão esquerda é a uni-dade. Numa oração de Jesus, Ele pediu quatro vezes pela unidade da Sua Igreja (João 17.11,21-23). Por isso, só podemos esperar que esta seja uma marca visível da igreja.

A impressão digital do dedo indicador da mão esquerda é a diversidade. Paulo estava dizendo basicamente que, se formos exa-tamente iguais, um de nós será desnecessário. Paulo usa uma ilus-tração chocante na pergunta do versículo 17: “Se todo o corpo fos-se olho, onde estaria a audição? Se todo o corpo fosse ouvido, onde

estaria o olfato?”. Dá para imagi-nar um corpo feito só de olho ou só de ouvido? O corpo humano é marcado pela beleza da diversida-de e sem ela o corpo humano seria uma coisa horrorosa. Unidade sem diversidade é uniformidade. Uma igreja controlada pelo Espírito tem unidade sem sacrificar a diversida-de de dons e ministérios.

O dedo do meio é a plurali-dade: “O corpo não é feito de um só membro, mas de muitos” (14). Muitas igrejas têm pastores com dons maravilhosos e isso é muito bom, mas, quando a igreja se reú-ne, o pastor não deve ser o único a manifestar seus dons. Isto não é pluralidade. Os líderes sempre são referidos, no Novo Testamen-to, no plural. A igreja não funciona como um corpo deficiente, mas sim como um corpo saudável, no qual todos os membros funcionam bem. O Corpo de Cristo precisa que todos os membros funcionem como Deus planejou.

O dedo anular da mão esquer-da seria a compaixão ou o amor

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de um para com o outro. Se um membro sofre, todos os outros so-frem com ele. “Vejam como eles se amam!”. Esse era o comentário que faziam a respeito da primeira geração da Igreja. Que possamos dizer o mesmo hoje.

A impressão digital do dedo mindinho da mão esquerda po-deria ser chamada de igualdade. Todos os membros do corpo têm a mesma importância. Dentro do nosso aparelho auditivo existe um pequeno osso que controla nosso equilíbrio. Não podemos vê-lo, tão pouco nos lembramos que ele existe, mas se ele for removido, vamos direto ao chão. Na igreja existem os pequenos membros, aqueles membros do corpo que não vemos, mas que têm uma função vital na vida para o corpo. Todos os membros, os da frente ou os do fundo, os que todos vêem e os que são anônimos, são iguais em importância para o funciona-mento do Corpo de Cristo.

Unidade, diversidade, plu-ralidade, compaixão e igualdade – essas são as cinco impressões mais importantes da igreja, de acordo com este ensino do após-tolo Paulo, ao descrever a nature-za e a função da verdadeira Igreja de Cristo.

Problemas na manutenção da unidade e da diversidade

Paulo aborda vários proble-mas ao escrever sobre a diversida-de e a unidade da igreja. Podemos chamar o primeiro problema de “discriminação espiritual”. Exis-tiam, na igreja de Corinto, pessoas com dons do Espírito, como o dom de línguas, por exemplo. Quando alguém recebia o dom de línguas, achava que era mais espiritual que os que não o tinham recebido.

Esse problema de discrimi-nação espiritual existe hoje nas igrejas. Muitos acham que o dom de línguas é um “dom credencial”. Aqueles que têm o dom tratam os que não o têm como se não fos-sem tão espirituais. Isto é descri-minação espiritual. Se eu fosse um crente novo, ficaria sentido se fosse descriminado por não ter os mesmos dons que o resto dos membros tem. Paulo tratou da descriminação espiritual ao escre-ver: “E se o ouvido disser: ’Porque não sou olho, não pertenço ao corpo’, nem por isso deixa de fa-zer parte do corpo” (16).

O próximo problema enfoca-do por Paulo pode ser chamado de “depreciação espiritual”. Mui-tos crentes são inseguros espiri-tualmente e porque não têm os

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mesmos dons do grupo logo come-çam a depreciar ou subestimar os dons espirituais que Deus lhes deu.

Por último, outro problema que preocupava Paulo era o pro-blema da divisão espiritual. A or-dem em que as coisas acontecem é a seguinte: a discriminação es-piritual leva à depreciação espi-ritual e este problema pode levar à divisão no Corpo de Cristo. Se eu for tratado como membro de segunda categoria na igreja que frequento, acabo procurando outra igreja onde não serei tratado des-sa maneira. O problema de divisão

existe. Infelizmente, a discrimina-ção espiritual às vezes se manifes-ta quando os crentes se reúnem em grupos, de acordo com os dons que têm, excluindo aqueles que não receberam o mesmo tipo de dons espirituais que eles.

Em Sua oração pela Igreja, Jesus pediu quatro vezes que se-jamos um (João 17). Que trágico pensar que os crentes permitem que o diabo use a manifestação do Espírito Santo dada por Cristo a fim de cultivar e manter nossa unida-de, para causar divisão e fraturas nessa unidade pela qual Ele orou.

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Capítulo 33

O Corpo de Cristo (I Coríntios 12.27-31)

Como podemos resumir este estudo maravilhoso do apóstolo Paulo agora que estamos quase no fim do capítulo 12? Primeira-mente, devemos observar que o apóstolo enfatizou mais de uma vez que é Deus quem coloca to-dos no Corpo. Não temos os dons do Espírito que desejamos, mas os que Ele quer que tenhamos. Paulo escreve: “Todas essas coi-sas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, como quer... De fato, Deus dispôs cada um dos membros no corpo, segundo a sua vontade” (12.11,18). Obviamente Paulo es-tava se referindo ao Corpo de Cris-to, a Igreja. Em outras palavras, Deus une o Corpo de Cristo com a diversidade de dons e ministérios, da maneira que Ele quer; também com a unidade necessária para que todos trabalhem juntos, sob o controle do Cabeça, que é Cristo.

Observe que o dom de lín-guas, que os coríntios transforma-ram em um tipo de “dom creden-cial”, é o último a ser mencionado

em uma ordem de preferência (12.10). Se fôssemos tornar al-gum dom do Espírito em um tipo de credencial, o dom de línguas seria a última opção.

É evidente que Deus quer que essa diversidade de dons funcione em unidade no Corpo de Cristo. Toda essa gente diferen-te, ainda mais diferente devido à diversidade de dons do Espírito que recebeu, pode exercitar seus dons espirituais e trabalhar jun-tos de maneira sobrenatural, por-que todos são controlados pelo Cristo Vivo.

Paulo prioriza alguns minis-térios e papéis de liderança da igreja em outra lista. No versículo 28, ele escreveu: “Deus estabe-leceu primeiramente apóstolos”. Alguns dizem que Paulo estava se referindo aos Doze Apóstolos e ao ministério que eles tiveram. Outros dizem que a palavra “após-tolo”, aqui, significa “missionário” ou “enviado”. Portanto, podemos considerá-lo o dom dos missio-nários, ou daqueles que plantam igrejas, ou iniciam ministérios, por

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isso pode ser considerado como um dom apostólico.

Paulo continua: “em segun-do lugar, profetas”. Profetas são aqueles que falam por Deus ou aqueles, através de quem Deus fala, durante um ensino ou prega-ção da Palavra de Deus. Depois, “em terceiro lugar, mestres”. A Grande Comissão determina que os novos discípulos sejam ensina-dos. É por isso que encontramos pessoas na igreja com o dom de ensino. Depois, Paulo lista “os que realizam milagres, os que têm dons de curar, os que têm dom de prestar ajuda, os que têm dons de administração...” Esses dons práticos não tinham sido men-cionados antes. Nenhum dom é tão pastoral como o dom de cura pela fé e o dom da pregação da Palavra. As igrejas e ministérios precisam desesperadamente de bons administradores para imple-mentar a Grande Comissão! E aqui

encontramos a citação dos presta-dores de ajuda, ou seja, as pesso-as que ajudam a fazer as coisas acontecerem! Finalmente, no final da lista, Paulo menciona “os que falam diversas línguas”.

Paulo faz algumas perguntas ao concluir o capítulo: “São todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres? Têm todos o dom de realizar milagres? Têm to-dos os dons de curar? Falam todos em línguas? Todos interpretam?” (29,30). A resposta óbvia é “Não!” Se dois forem exatamente iguais, um passa a ser desnecessário. Se algum de nós tivesse todos os dons não precisaríamos dos outros membros do Corpo. Mas, da ma-neira como Deus organizou, nin-guém tem todos os dons. Por esta razão somos todos necessários e precisamos todos uns dos outros. Louvado seja Deus que nos fez to-dos diferentes uns dos outros e to-dos necessários ao Corpo de Cristo!

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Capítulo 34

A Sinfonia do Amor (I Coríntios 13)

O capítulo 13 desta carta é considerado o “Capítulo do Amor” da Bíblia. Entretanto, devemos ob-servar que, apesar disso, o “amor” não é o assunto principal desta passagem, mas sim os dons espi-rituais. Antes de comentarmos ver-sículo por versículo deste capítulo, veremos o contexto, no qual Paulo escreveu estas palavras inspiradas sobre o amor. Esta declaração so-bre amor vem depois de um ensino sobre os dons espirituais, que ter-minou com as seguintes palavras: “Entretanto, busquem com dedi-cação os melhores dons. Passo agora a mostrar-lhes um caminho ainda mais excelente” (12.31).

Depois desta introdução, Pau-lo escreveu o grande “Capítulo do Amor da Bíblia”. E a conclusão do capítulo 13 é o primeiro versícu-lo do capítulo 14: “Sigam o ca-minho do amor e busquem com dedicação os dons espirituais, principalmente o dom de profe-cia”. No início deste maravilhoso tratado do amor, Paulo admoesta para que busquemos com dedica-ção os melhores dons; e no final a

admoestação se repete, “busquem com dedicação os dons espiritu-ais” (12.31; 14.1).

Neste capítulo, Paulo contras-ta o amor com os dons espirituais, que eram supervalorizados pelos crentes de Corinto. Um joalheiro usa um fundo de veludo preto para exibir seus diamantes. Da mesma maneira, Paulo traz o assunto do amor em sua argumentação como um pano de fundo para que tenha-mos uma perspectiva melhor dos dons espirituais. Entendemos as-sim, porque no capítulo 12 ele en-sina sobre dons espirituais e volta a este assunto no capítulo 14.

O capítulo 13 apresenta a evi-dência dessa grande obra do Espí-rito Santo em nós. Este capítulo é como uma “Sinfonia do Amor” em três movimentos. O primeiro mo-vimento são os três primeiros ver-sículos, o qual intitulei de “Amor Comparado”.

Nestes três primeiros versícu-los, o apóstolo Paulo compara o amor com coisas que eram muito valorizadas pelos coríntios crentes dentro de uma cultura grega. Por

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exemplo, como crentes, eles valo-rizavam o dom de línguas e, como gregos, valorizavam a eloquência, o saber falar bem. Por isso, Pau-lo começa dizendo: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine” (13.1). Em ou-tras palavras, eu não vou passar de uma barulheira se falar em lín-guas muito bem, mas sem amor.

Paulo, então, compara o amor ao dom da profecia, sabedoria de mistérios, conhecimento e fé sufi-ciente para mover montanhas. Ele afirma que todas estas coisas, sem amor, nada são. E continua escre-vendo que mesmo que ele dê todo o seu dinheiro aos pobres e o seu corpo para ser queimado como mártir, mas não tiver amor, “nada disso valerá” (3). Ao comparar o amor a essas coisas que os cren-tes de Corinto valorizavam tanto, Paulo estava declarando: “Não há nada que eu faça, que eu tenha, ou que eu seja, que substitua a im-portância do amor na minha vida”.

O segundo movimento desta sinfonia intitula-se “Conjunto do Amor” (4-7). A respeito destes ver-sículos, o autor Henry Drummond escreveu: “O conceito do amor passa pelo prisma do intelecto

de Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, e se expressa do outro lado como um conjunto de virtudes”. Ele chamou este segundo movi-mento de “Amor Analisado”.

Existem na Bíblia diferentes palavras em grego para a palavra “amor”. “Eros” refere-se ao amor erótico. “Phileo” representa um tipo de amor entre irmãos. Mas, nestes quatro versículos, é o conceito de amor representado pela palavra grega “ágape”, que passa pelo pris-ma do intelecto de Paulo, inspira-do pelo Espírito Santo. Este amor ágape, amor altruísta, só pode ser compreendido através de um con-junto de virtudes. Paulo apresenta quinze virtudes nos versículos 4 a 7 e mostra que se você tiver este amor terá também estas atitudes.

O terceiro movimento desta sinfonia do amor está nos versícu-los 8 a 13. Chamo esse movimen-to de “Amor Recomendado”. No último movimento desta magnífica sinfonia do amor, Paulo mostra por que o amor é incomparável e por que cada uma das qualidades, com as quais ele comparou o amor no primeiro movimento não o podem substituir. Este último movimen-to se encerra com estas palavras: “Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor.

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O maior deles, porém, é o amor” (13). Ao contrastar e recomendar o amor neste terceiro movimento, Paulo mostra porque o amor é a coisa mais importante do mundo.

Por que a fé, a esperança e o amor são os três valores eternos? Fé é um valor eterno porque, de acordo com a Bíblia, sem fé não podemos chegar a Deus nem agra-dá-Lo (Hebreus 11.6). E a espe-rança? Esperança é a convicção, no coração do ser humano, de que existe algo de bom para acontecer em sua vida. No Livro de Hebreus, também lemos: “a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos” (He-breus 11.1). Em outras palavras, a fé dá substância à nossa espe-rança. A esperança é importante porque nos leva à fé. E a fé é im-portante porque nos leva a Deus.

Aqui, Paulo está dizendo que o amor é maior que a esperança e a fé, porque o amor não é algo

que nos leva a Deus. Este “Amor Ágape” descrito por Paulo é o pró-prio Deus (I João 4.8,16). Quan-do descobrimos esse amor ágape, descobrimos Deus; descobrimos a divina presença de Deus, porque esse amor é a essência do Seu ser. É por isso que Paulo conclui que esse amor é o que existe de mais importante no mundo.

Não é de se maravilhar que Paulo tenha iniciado este capítulo escrevendo: “Passo agora a mos-trar-lhes um caminho ainda mais excelente”. Segundo Paulo, este amor é incomparável e é a coisa mais importante do mundo. Po-demos entender porque, depois de falar sobre o amor ágape, ele escreveu: “Sigam o caminho do amor e busquem com dedicação os dons espirituais” (14.1). Os dons espirituais são importantes. Deseje-os. No entanto, faça do amor o seu maior objetivo, por que Deus é amor.

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Capítulo 35

Um Conjunto de Virtudes (I Coríntios 13.4-7)

No coração do capítulo 13 de I Coríntios, devemos examinar o “conjunto de virtudes”, que é a essência do amor, a essência de Deus. Paulo não poderia definir o amor, assim como não poderia definir Deus. Mas, aqui e em ou-tros dos seus escritos, o apóstolo afirma que se o Espírito Santo vive em nossos corações, essas quinze virtudes são a evidência desse mi-lagre (Gálatas 5.22,23). Isso quer dizer que, nesses versículos, o amor não é apenas analisado. Se quisermos conhecer mais sobre quem e o que Deus é, devemos examinar essas virtudes separa-damente, porque elas não apenas analisam o amor, mas são uma análise da essência de Deus.

Primeiro, Paulo afirma que o “amor é paciente”. No original, ao invés de “paciente” temos a pala-vra grega que indica que o amor é misericordioso, incondicional, que ele não se vinga, mesmo quando tem o direito e a oportunidade de fazê-lo.

A seguir, lemos que “o amor é bondoso”. Esta palavra em grego

significa “o amor é fácil de se con-viver”, ou seja, o amor é doce, é benigno, faz o que é bom. Todos estes conceitos estão contidos na palavra grega que foi traduzida por “bondoso”.

Paulo continua dizendo que o amor “não tem inveja”. As pala-vras de Paulo sugerem um com-promisso altruísta com o bem estar do outro. Um altruísmo san-tificado; um compromisso delibe-rado e altruísta com o bem estar daquele a quem se ama.

A próxima qualidade é: o amor “não se vangloria”. Quer dizer, a pessoa com esta qualidade não precisa impressionar ninguém.

A seguir, lemos: o amor “não se orgulha”. O amor não é arro-gante ou, em outras palavras, é humilde.

Continuando, lemos: “Não maltrata”. O amor tem boas ma-neiras, tem um comportamento cortês e educado, porque está vol-tado para o bem-estar do outro; depois, “não se ira facilmente”, não fica irritado por qualquer coi-sa. Entre estas duas qualidades,

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CBI - Encontro com a Palavra94 Livro 8

Paulo acrescenta que o amor “não procura os seus interesses”. Se você tem esta qualidade do amor, jamais será egocêntrico, porque o amor não busca as coisas sempre do seu jeito.

“Não guarda rancor”, o amor não fica com uma lista dos erros da pessoa que ama. A pessoa que ama com o amor ágape não tem o que se pode chamar de “memó-ria muito santificada”, que guarda uma lista de todos os erros da pes-soa que ama.

“O amor não se alegra com a injustiça”, significa que o amor não fica feliz com os erros ou falhas dos outros. “... mas se alegra com a verdade”, o que significa alegrar-se quando a verdade prevalece na vida daquele que você ama.

“Tudo sofre”; esta frase, no original grego, sugere que com esse amor, você quer que a pessoa amada prospere espiritualmente e quando ela erra, você não fica fa-lando para todo mundo, que quan-do a pessoa conta os erros dela, você sabe manter o sigilo.

“Tudo crê”, significa acreditar no melhor da pessoa amada. Este

amor tem fé para ver e crer no po-tencial da pessoa amada.

“Tudo espera”, significa que o amor espera com alegria pelo cumprimento do que vê e crê a respeito da pessoa amada.

“Tudo suporta”, significa que o amor persevera, enquanto es-pera o cumprimento do que crê e acredita que verá na vida da pes-soa que é objeto do seu amor.

Depois de apresentar estas quinze virtudes, Paulo escreve: “O amor nunca perece” (8). O origi-nal grego sugere que aquele que ama tem confiança para esperar, crer e suportar, porque sabe que este amor não vem dele. Este amor vem de Deus e este conjun-to de virtudes é uma expressão do milagre de Deus, existindo no homem , expressando-se através dele. Como Deus é amor e estas virtudes revelam o amor de Deus, este amor jamais perecerá, porque Deus jamais vai perecer. Nós fa-lhamos em não acessarmos, nem nos apropriarmos de Deus; falha-mos em não amar. Porém, este amor que Deus tem por nós, e através de nós, jamais perece.

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Capítulo 36

Amor Excêntrico (I Coríntios 13.4-7)

O “Capítulo do Amor” da Bí-blia afirma que o amor é incompa-rável, porque Deus é amor. O amor definido e recomendado neste ca-pítulo é o próprio Deus, porque este amor é Deus, é incomparável e insubstituível. Estas quinze vir-tudes não compreendem toda a lista de virtudes do amor ágape. Elas são apenas alguns exemplos que caracterizam a pessoa cheia do Espírito daquEle que em Sua essência é amor.

Ao examinar as quinze virtudes que definem e expressam o amor que é Deus, podemos afirmar que o amor é “excêntrico” porque ele é “descêntrico”. Os coríntios acusa-ram o apóstolo Paulo de ser “excên-trico”, ou de estar “fora do seu cen-tro”. Todos nós temos um centro, ao redor do qual nossas vidas giram. Para muitas pessoas, esse centro é o próprio “eu”, ou o interesse próprio. Os coríntios viram que o centro da vida de Paulo era diferente do cen-tro da vida deles e Paulo concordou com eles (II Coríntios 5.13).

Engenheiros espaciais cunha-ram a palavra “descêntrico”, que

define o fato de um satélite estar em uma órbita irregular e disfun-cional, ou seja, um satélite cujo centro de sua órbita foi trocado.

A palavra “descêntrico” descre-ve o que têm em comum as quin-ze virtudes que expressam o amor ágape. Se o Espírito Santo habita em você que tem este amor em sua vida, consequentemente você pas-sa a ser “excêntrico”, porque se tor-nou “descêntrico”. As pessoas do mundo vão considerá-lo excêntrico, devido a este centro de vida dife-rente; você será descêntrico porque o centro da sua vida mudou, quan-do Cristo estabeleceu residência em seu coração.

Outra observação sobre este conjunto de virtudes é que elas se manifestam exteriormente, porque foram antes vividas interiormen-te. Elas são uma expressão exte-rior de uma realidade interior. Por exemplo, poderíamos dizer que este amor é exteriormente indes-trutível, porque interiormente é incondicional. Quando você ama alguém com o amor ágape, pela graça de Deus, você pode dizer:

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CBI - Encontro com a Palavra96 Livro 8

“Meu amor por você não depende do que você faz ou deixa de fazer. Meu amor por você é incondicio-nal. Nada que você diga ou faça me fará deixar de amar você. Este amor é forte. Este amor aguenta qualquer coisa que você disser ou fizer, porque eu o amo com o amor de Deus”.

Aquilo que as pessoas con-sideram amor é condicional, por-que o amor humano geralmente se baseia no que a pessoa ama-da faz. Muitas vezes as crianças são amadas condicionalmente. Os pais chegam a dizer explicita ou sutilmente: “Se você tirar boas notas e não nos causar problemas, então nós o amaremos”. Isto deixa a criança insegura, porque mesmo que durante uma semana ela se comporte bem, como ter certeza de que na próxima conseguirá o mesmo comportamento?

Se uma mulher acredita que é amada pelo seu marido apenas

porque é boa parceira sexual, ela poderá alimentar dentro de si o pensamento: “E se eu ficar doente ou engravidar? E se eu não puder mais ter o mesmo desempenho na cama, será que ele vai me amar mesmo assim?”.

Se um homem acredita que é amado pela sua esposa simples-mente porque é um bom provedor para a família, poderá também ali-mentar dentro de si o pensamen-to: “E se eu perder meu emprego? E se eu ficar doente e não puder mais prover o necessário para mi-nha família, será que ela vai me amar mesmo assim?”.

Finalmente, este amor jamais se manifestará exteriormente se interiormente não ocorrer um mi-lagre espiritual. Você não pode amar ninguém com suas próprias forças. Nós temos a capacidade de expressar este amor apenas porque Deus é a fonte miraculosa desse amor interior.

ESTUDO DE I CORÍNTIOS VERSÍCULO POR VERSÍCULO

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Capítulo 37

A Solução Que Jamais Falha (I Coríntios 13)

Ao ler a Primeira Carta de Pau-lo aos Coríntios procure observar que o “Capítulo do Amor” pode ser uma solução espiritual para todos os problemas tratados até agora. Por exemplo, o primeiro problema tratado foi a divisão na igreja. Qual era realmente o centro desta ques-tão? Orgulho, arrogância, egocen-trismo e egoísmo. Mesmo tendo apresentado uma solução específi-ca nos quatro primeiros capítulos desta carta, ao ensinar que o amor é humilde e voltado para os inte-resses do outro, Paulo apresentou uma solução geral para o problema de divisão na igreja.

No capítulo 5, Paulo tratou do problema de um irmão que estava tendo um caso com sua madrasta. Observe que o coração da solução apresentada por Paulo para este problema foi o amor por Cristo, amor pela Sua Igreja e amor pelo ir-mão caído. Toda disciplina na igreja ensinada nas Escrituras é baseada no princípio do amor, da reconcilia-ção e da restauração do irmão.

No capítulo 6, o problema dos coríntios era que um estava

processando o outro na justiça co-mum da cidade e Paulo, buscan-do uma solução específica para este problema, perguntou: “Por que vocês não aceitam ser a par-te lesada? Por que não ser a parte que leva prejuízo, a fim de que se preserve o testemunho da igreja na cidade de Corinto?” (7). Como podemos perceber, o amor não busca levar vantagem em tudo, nem procura os seus próprios in-teresses. Portanto, o amor ágape seria a solução geral que resolveria o problema dos processos judiciais entre os irmãos de Corinto.

Certamente o espírito do en-sino específico sobre casamento no capítulo 7 é o amor ágape. Qual é a causa principal da maio-ria dos problemas no casamento dos crentes? O egoísmo. Qual é a solução geral para o egoísmo? O amor ágape, apresentado com cla-reza no capítulo 13.

Ao tratar da questão da carne oferecida aos ídolos, Paulo escre-veu: “O conhecimento traz orgu-lho, mas o amor edifica” (8.1). A solução específica apresentada

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por Paulo não determinava se era certo ou errado comer carne, mas quanto era amado o irmão mais fraco, que achava errado comer daquela carne. Jesus amou esse irmão mais fraco o suficiente para morrer por ele. Você o ama o sufi-ciente para abrir mão de um prato de carne?

Nos capítulos que tratam dos dons e ministérios do Espírito na igreja, o princípio do amor foi en-fatizado novamente, quando Paulo apresentou as soluções específi-cas, no capítulo 12. Os dons e mi-nistérios espirituais não são para edificar você mesmo, mas para edificar o irmão. Eles foram dados para todos os membros do Corpo. No capítulo 14, o conceito de que você deve edificar os outros mem-bros do Corpo é mencionado mais de quarenta vezes. Este capítulo é todo voltado para o amor que ser-ve e que se centraliza no outro.

Mesmo na aplicação da res-surreição, no capítulo 15, encon-tramos o amor. Quando você com-preende o Evangelho da morte e da ressurreição de Jesus Cristo que lhe salvou, a aplicação é que você deve

ser sempre abundante na obra do Senhor, para que outros experimen-tem essa salvação. E o amor, obvia-mente, é o espírito da coleta para os santos em sofrimento de Jerusa-lém, no capítulo 16. Isto também é um exemplo muito bonito de solu-ção geral encontrada no amor ága-pe, no capítulo 13.

Do começo ao fim da Primei-ra Carta de Paulo aos Coríntios, encontramos soluções específi-cas para problemas específicos. Quando Paulo encerra suas admo-estações específicas para as car-nalidades da igreja de Corinto, ele inicia o capítulo 12, escrevendo: “Irmãos, quanto aos dons espiri-tuais, não quero que vocês sejam ignorantes”. Com estas palavras ele começou a apresentar soluções gerais para os problemas da igreja. Junto com a obra do Espírito San-to, o amor ágape é o primeiro na ordem que resulta em edificação de toda igreja, em ressurreição, em mordomia, e a solução geral para todos os problemas da igreja de Corinto. Portanto, este “Capí-tulo do Amor” é o coração desta carta de Paulo aos coríntios.

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Capítulo 38

A Edificação da Igreja (I Coríntios 14.1-5)

No capítulo 14, Paulo trata novamente da questão do dom de línguas. Ao estudar este assunto no Livro de Atos ou nesta carta de Paulo, chegamos à conclusão que descrevi quando comentei a maneira como Paulo mencionou o dom de línguas no capítulo 12 desta carta. As línguas faladas no Pentecostes não são as mesmas às quais Paulo se refere nesta carta aos coríntios. As línguas faladas no Dia de Pentecostes são chama-das de profecia, porque um profeta é aquele que fala por Deus para os homens e aquelas línguas foram dirigidas aos ouvidos dos homens (Joel 2.28; Atos 2.17,18).

Neste capítulo, Paulo inicia o ensino sobre o dom de línguas afirmando que aquele que fala em línguas não fala aos homens, mas a Deus. As línguas, mencio-nadas muitas vezes neste capítulo, são dirigidas aos ouvidos de Deus e não aos ouvidos dos homens. “Pois quem fala em uma língua não fala aos homens, mas a Deus. De fato, ninguém o entende; em espírito fala mistérios” (2).

As Escrituras afirmam que Deus nos deu a música para nos apresentarmos diante dEle em ado-ração, expressando o inexprimível. É por isso que o povo de Deus tem sido sempre muito musical. Davi nos exortou a nos apresentarmos diante de Deus com cânticos (Sal-mo 100.2). Davi coordenava qua-tro mil levitas, que não faziam ou-tra coisa senão louvar a Deus com instrumentos feitos por ele próprio (I Crônicas 23.5).

Pela maneira como o capítulo 12 acaba, fica evidente que nem todo mundo tem o dom de lín-guas, nem deve esperar ter. Esse dom não deve ser considerado como um dom credencial, ou seja, um dom que atesta que a pessoa é realmente espiritual. Se algum dom da lista que Paulo apresen-tou pudesse ser considerado como um dom credencial, este seria o de profecia. Depois de dizer que aquele que fala em línguas fala com Deus, Paulo escreveu: “Mas quem profetiza o faz para edifica-ção, encorajamento e consolação dos homens” (14.3). Um profeta é

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aquele, através de quem Deus fala Sua Palavra para Seu povo, visan-do à edificação. Como o objetivo de todos os dons é a edificação da igreja (14.26), aquele que tem o dom de profecia é maior que aque-le que fala em línguas.

Paulo afirma, claramente, no versículo 4, que aquele que fala em línguas estranhas edifica apenas a si mesmo, mas a pessoa que profe-tiza, aquela através de quem Deus fala Sua Palavra, edifica a igreja. Foi por isso que Paulo escreveu: “Gostaria que todos vocês falassem

em línguas, mas prefiro que profe-tizem. Quem profetiza é maior do que aquele que fala em línguas, a não ser que as interprete, para que a igreja seja edificada” (5).

Mais uma vez, observe a ên-fase dada ao propósito de todos os dons espirituais, qual seja, a edificação da igreja. Portanto, de acordo com o ensino inspirado de Paulo, se houver manifestação de línguas na igreja, deve haver tam-bém um intérprete. Tudo o que acontece em uma assembleia deve edificar toda a assembleia.

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Capítulo 39

Com Decência e Ordem (I Coríntios 146-22)

O apóstolo Paulo foi enfático ao encorajar o exercício do dom de línguas durante as reuniões da igreja. Entretanto, lançou algumas regras para o exercício desse dom: não deve haver mais de duas ou três ocorrências em uma reunião; deve ocorrer uma de cada vez e deve haver sempre interpretação. A interpretação é ordenada para que todos sejam edificados. As lín-guas sem interpretação edificam apenas ao que as fala e isso é ina-ceitável para o apóstolo.

No versículo 6, ele escreveu: “Agora, irmãos, se eu for visitá-los e falar em línguas, em que lhes serei útil, a não ser que lhes leve alguma revelação, ou conheci-mento, ou profecia, ou doutrina?”. Em outras palavras, deve haver proclamação, pregação ou ensino da Palavra de Deus para que, atra-vés de mim, você seja edificado.

No versículo 9, ele conclui: “Assim acontece com vocês. Se não proferirem palavras com-preensíveis com a língua, como alguém saberá o que está sendo dito? Vocês estarão simplesmente

falando ao ar”. Em outra passa-gem, na tradução Revista e Atuali-zada de João Ferreira de Almeida, lemos: “Tendo, pois, tal esperan-ça, servimo-nos de muita ousadia no falar” (II Coríntios 3.12). Ou seja, devemos ser explícitos, cla-ros na pregação e fáceis de sermos entendidos!

Com relação ao dom de lín-guas, Paulo continuou: “Sem dúvida, há diversos idiomas no mundo; todavia, nenhum deles é sem sentido. Portanto, se eu não entender o significado do que al-guém está falando, serei estran-geiro para quem fala, e ele, es-trangeiro para mim” (10,11). Se a língua não é inteligível, como pode haver edificação? “Assim acontece com vocês. Visto que estão ansiosos por terem dons espirituais, procurem crescer na-queles que trazem a edificação para a igreja. Por isso, quem fala em uma língua, ore para que a possa interpretar. Pois, se oro em uma língua, meu espírito ora, mas a minha mente fica infru-tífera. Então, que farei? Orarei

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com o espírito, mas também ora-rei com o entendimento; canta-rei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento” (12-15).

Paulo ensinou que, mesmo que você esteja orando sozinho no seu quarto e experimente esse fenômeno, deve orar pedindo a interpretação para que seja ainda mais edificado; então aí ele volta a falar sobre o dom de línguas na assembleia: “Dou graças a Deus por falar em línguas mais do que todos vocês. Todavia, na igreja, prefiro falar cinco palavras com-preensíveis para instruir os outros a falarem dez mil palavras em lín-gua desconhecida ” (18,19).

O que ele continuou a enfati-zar foi que, no meio da assembleia, toda a igreja deve ser edificada com tudo o que acontece quando a igreja se reúne. Depois, ele resu-me tudo dizendo: “Irmãos, deixem de pensar como crianças. Com respeito ao mal, sejam crianças; mas, quanto ao modo de pensar, sejam adultos” (20). Em outras palavras, cresçam! Isto quer dizer que é melhor ter a inocência e a pureza de uma criança do que ser cínico, mas, principalmente, o que ele quis dizer foi: cresça no seu entendimento.

No capítulo 3, Paulo chamou os coríntios de “bebês” (3:1). No terceiro movimento dessa sinfo-nia do amor, no capítulo 13, ele ensinou que devemos colocar de lado nossas atitudes infantis. Ago-ra, aqui, pela terceira vez, ele diz aos coríntios que eles eram crian-ças, espiritual e intelectualmente falando.

A mulher falando na igrejaNos últimos versículos deste

capítulo, encontramos uma pas-sagem controversa que proíbe as mulheres de falarem na igreja. Paulo chega ao ponto de dizer que é uma vergonha para a mulher fa-lar na igreja. Um pouco de conhe-cimento cultural vai nos ajudar a compreender estes versículos.

Os estudiosos acreditam que, na igreja reunida nos lares de Co-rinto, o costume mandava que as mulheres e os homens sentassem em lados opostos da sala. Como o nível educacional das mulheres era baixo naquela cultura, temos a impressão que elas não compre-endiam o ensino e se envolviam em conversas entre si. Além dis-so, também ficavam perguntando ao marido o significado do que era ensinado, causando muita distra-ção, pois chamavam seus maridos

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do outro lado da sala. Isto explica por que elas deveriam esperar até que chegassem em casa para fa-zer perguntas a seus maridos.

No capítulo 11, Paulo deu instruções sobre as mulheres orarem e profetizarem na igreja.

Isto quer dizer que ele não proi-biu que as mulheres falassem na igreja. O que era vergonhoso para as mulheres eram os falató-rios e as perguntas aos maridos, feitas de um lado para o outro do recinto.

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Capítulo 40“Tudo Seja Feito Para a Edificação da Igreja”

(I Coríntios 14.26-36)

Nestes próximos onze versícu-los, Paulo faz um resumo do ensi-no do capítulo 14. Apesar de ter tratado da questão do dom de lín-guas e, como já comentamos, ter mencionado “línguas” muitas ve-zes, o verdadeiro tema deste capí-tulo é: “quando a igreja se reúne, tudo deve ser feito para edificação de toda igreja”.

O resumo do seu ensino tam-bém é uma instrução de como os crentes devem adorar quando a igreja está reunida. Se onde você vive, existem muitas igrejas, expe-rimente durante três meses visitar uma igreja diferente a cada domin-go. Você vai ficar impressionado com as diferentes formas de adora-ção. Vamos supor que você abrisse o Novo Testamento com a pergunta: de todas as igrejas visitadas, qual dentre elas é a correta na maneira de adorar a Deus? Você ia acabar descobrindo que a única instrução de Jesus para a Igreja sobre formas de adoração é a chamada “Ceia do Senhor” ou “Santa Ceia”. A passa-gem citada no início deste capítulo

do nosso estudo é a instrução mais completa do Novo Testamento refe-rente à adoração na igreja.

Observe alguns dos princípios que Paulo apresentou nos versícu-lo 26 a 36 deste capítulo 14 de I Coríntios. Em primeiro lugar, todos os presentes deveriam ser parti-cipantes. Quando nos reunimos, cada um de nós deve ter algo para compartilhar: um salmo, um ensi-no, uma revelação, uma língua ou uma interpretação (26).

A seguir, ele escreve que os profetas, os quais, acredito, sejam os pregadores e mestres da Pala-vra, não devem ser apenas um, mas dois ou três (29). Como esses dois ou três profetas são os que pregam a Palavra, se alguma coi-sa for revelada por alguém mais, o que estiver falando deve silenciar e deixar que os outros falem (30). A ideia é que, se todo mundo tiver alguma coisa para compartilhar e tiver uma oportunidade para fazê-lo, na sua vez, todos serão ins-truídos, consolados, exortados e edificados.

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Paulo descreve algo parecido com o que é considerado o método mais eficiente de ensino hoje em dia nos seminários e muito utili-zado nas faculdades. Nos seminá-rios, o professor é uma fonte para consulta e cada aluno tem a sua vez para apresentar e argumentar o seu tema diante da classe. Esse método é considerado a maneira mais eficiente de aprendizado por envolver discussão e interação. Foi essencialmente isso que Paulo es-creveu nestes onze versículos há quase dois mil anos.

Como são as reuniões das igrejas hoje? Será que as pessoas têm algo para compartilhar? Se você frequenta uma igreja onde esses princípios são aplicados, talvez um grupo pequeno, então todos os dias da semana você de-verá estar buscando, na Palavra, um salmo, um ensino, algo que o Senhor lhe revele pessoalmen-te, sabendo que, quando o Corpo se reunir, terá oportunidade para compartilhar. Se nunca lhe for dada oportunidade, jamais você buscará algo para compartilhar. Para que esta ordem de adoração funcione, todos devem trazer al-guma coisa e cada um deve ter a oportunidade para compartilhar o que trouxe. Na igreja, onde essa

ordem de adoração funciona, as pessoas têm oportunidade para exercitar seus dons, crescendo e amadurecendo. No Livro de He-breus, encontramos uma instru-ção para adoração semelhante (10.21-25).

As duas passagens possuem o mesmo princípio de adoração. Este princípio é que quando nos reunimos com outros crentes, nos-so objetivo deve ser buscar edificar e abençoar uns aos outros.

Posso fazer um pergunta par-ticular? Por que você vai à igreja? Muitos crentes frequentam a igre-ja pensando no que vão ganhar com isso. Observe que estas duas passagens instruem os crentes a receber do Senhor, antes de se reunirem. Quando eles se tornam parte da experiência de adoração, o objetivo passa a ser o que lemos nesta passagem: “E consideremos uns aos outros para nos incenti-varmos ao amor e às boas obras” (Hebreus 10.24).

Mesmo que para muitos o ca-pítulo 14 de I Coríntios seja “O Ca-pítulo do Dom de Línguas do Novo Testamento”, devemos saber que sua verdadeira ênfase está nes-tas palavras de Paulo: “Tudo seja feito para a edificação da igreja” (14.26).

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CBI - Encontro com a Palavra106 Livro 8

Vamos imaginar que eu lhe dê um pedaço de papel e uma cane-ta, e peça que você escreva sua resposta para a pergunta “O que é o Evangelho?” Imagine que sua resposta deva ser acompanhada de algumas referências bíblicas. Qual seria sua resposta?

Jesus comissionou Seus após-tolos e discípulos para proclama-rem o Seu Evangelho a toda cria-tura, de todas as nações da terra (Marcos 16.15). Se levarmos a sério a Grande Comissão, devemos começar conhecendo, principal-mente, o que é o Evangelho.

De acordo com o apóstolo Paulo, o Evangelho consiste em dois fatos sobre Jesus Cristo. Pau-lo escreveu: “Irmãos, quero lem-brar-lhes o evangelho que lhes preguei, o qual vocês receberam e no qual estão firmes (...) Pois o que primeiramente lhes trans-miti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, se-gundo as Escrituras, foi sepulta-do e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras” (I Corín-tios 15.1,3,4). Esta é a resposta

Capítulo 41

O Que é o Evangelho? (I Coríntios 15.1-4)

certa para a pergunta “O que é o Evangelho?”. O apóstolo iniciou esta carta dizendo que quando ele foi a Corinto estava determi-nado a não saber nada entre eles, a não ser Jesus Cristo e Este cru-cificado (2.1,2). Ele conclui a carta lembrando aos coríntios que havia pregado o Cristo crucificado e ressurreto.

Você já percebeu que para os autores dos quatro Evangelhos a Celebração da Ressurreição é mui-to mais importante que a Celebra-ção do Natal? Quando o apóstolo João escreveu seu Evangelho, de-dicou aproximadamente metade dos vinte e um capítulos aos 33 anos que Jesus viveu na terra, e a outra metade à Sua última se-mana de vida aqui. Dos oitenta e nove capítulos dos quatro Evange-lhos, quatro deles cobrem o nas-cimento e os trinta primeiros anos da vida de Jesus na terra; vinte e sete capítulos cobrem a última semana dEle na terra. Por que a última semana de vida de Jesus é tão importante e por que a Páscoa é tão mais importante que o Natal

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 8 107

para aqueles que escreveram as biografias inspiradas de Jesus?

A resposta óbvia a essas per-guntas é que durante esta única semana, Jesus morreu e ressusci-tou dos mortos para nossa salva-ção. Outra resposta, que não é tão óbvia, é que durante essa semana Jesus Cristo demonstrou vida eter-na, que é a estrutura ou a perspec-tiva, através da qual aqueles que crêem no Evangelho devem viver, morrer e estabelecer suas priorida-des de vida neste mundo.

No capítulo 15 de I Coríntios, depois de afirmar claramente que o Evangelho é a morte e a res-surreição de Jesus Cristo, Paulo enfoca, como com um raio laser, o segundo fato do Evangelho, a ressurreição de Jesus Cristo. Ele escreveu 58 versículos que mos-tram de maneira prática e devocio-nal qual deve ser o significado da ressurreição de Jesus Cristo para você e para mim. Neste impor-tante capítulo do Novo Testamen-to, o apóstolo Paulo retira o véu da sepultura e mostra que existe vida após a morte, vida depois da sepultura.

Todos os domingos, seguido-res de Jesus Cristo se reúnem para adorá-Lo, celebrando o segundo fato do Evangelho: Jesus Cristo

ressuscitou dos mortos. Você nun-ca se perguntou por que os após-tolos, que eram todos judeus, mudaram o dia de adoração de sábado para domingo, o primeiro dia da semana? Se você ler atenta-mente, observará que eles nunca chamaram o domingo de “Saba-th”. O primeiro dia da semana foi chamado pelos apóstolos “O Dia do Senhor”, porque foi neste dia que Jesus ressuscitou dos mortos. Todos os domingos a Igreja se re-úne para adoração, celebrando a ressurreição de Jesus Cristo, por-que no primeiro dia da semana Je-sus declarou e demonstrou o valor eterno e absoluto da ressurreição e da vida eterna.

Na obra-prima da ressurrei-ção, escrita por Paulo, a força pro-pulsora da sua mensagem é que a ressurreição de Jesus Cristo é a profecia, a prova, o protótipo e uma pré-estreia do milagre tremendo que acontecerá na Segunda Vinda de Jesus Cristo, a ressurreição de todos os crentes, tantos dos vivos como dos mortos. De acordo com Paulo, esse grande milagre está provado, previsto e proclamado na ressurreição de Jesus Cristo.

Jesus Cristo morreu e ressus-citou dos mortos para nos salvar. As boas novas (Evangelho) são

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CBI - Encontro com a Palavra108 Livro 8

que, quando Jesus morreu na cruz, Deus colocou sobre Seu Fi-lho amado todo o castigo que nós, seres humanos rebeldes, merecía-mos pelos nossos pecados. Dessa maneira, Deus exerceu e satisfez Sua justiça perfeita. Com a morte de Jesus na cruz, Deus também expressou o Seu amor perfeito. João, o apóstolo amado, apontou para a cruz e escreveu que Jesus “... é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos pe-cados de todo o mundo” (I João 2.2).

Quando você coloca sua fé no fato de que Cristo morreu em seu lugar e confia nEle como Seu Salvador, você passa a usufruir a salvação pela qual Jesus morreu e ressuscitou (Isaías 53; II Coríntios 5.21; I Pedro 2.24).

A palavra grega traduzida para “confessar”, na verdade é formada por duas palavras que significam “a mesma coisa” e “falar”. Portan-to, “confessar”, literalmente, sig-nifica “falar a mesma coisa” que Deus fala ou concordar com Deus. Este é o sentido, no qual somos exortados, no Novo Testamento, para confessarmos Jesus Cristo (I João 4.1-6).

Ao considerarmos o significado

da morte e da ressurreição de Jesus Cristo, eu o desafio a falar a mes-ma coisa e a concordar com Deus a respeito da morte de Jesus Cristo.

O profeta Isaías mostra como confessar que Jesus Cristo morreu por nossos pecados neste versículo: “Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se vol-tou para o seu próprio caminho; e o Senhor fez cair sobre ele a iniqui-dade de todos nós” (Isaías 53.6).

Este versículo começa e ter-mina com “todos nós”. O primeiro “todos nós” refere-se à má notícia de que cada um de nós se desviou para o seu próprio caminho. Você se inclui neste “todos nós”?

O último “todos nós” deste versículo refere-se às boas novas de que Deus colocou sobre Jesus Cristo os pecados ou as iniquida-des de todos nós. Você acredita que está incluído nesse “todos nós”? Quando, pela fé, você se incluir nos dois “todos nós” des-se maravilhoso versículo de Isaías, você estará confessando o valor eterno, que Jesus Cristo morreu pelos seus pecados.

O Capítulo da Ressurreição da BíbliaO assunto do capítulo 15 de

I Coríntios é sobre ressurreição. Neste capítulo, Paulo mostra que

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 8 109

a ressurreição, não apenas a de Jesus Cristo, mas também a res-surreição dos crentes que já mor-reram faz parte do Evangelho que ele pregou quando esteve em Co-rinto. Foi por isso que ele iniciou o capítulo dizendo: “Irmãos, que-ro lembrar-lhes o evangelho que lhes preguei, o qual vocês rece-beram e no qual estão firmes. Por meio deste evangelho vocês são salvos, desde que se apeguem fir-memente à palavra que lhes pre-guei; caso contrário, vocês têm crido em vão” (15.1,2).

Paulo então passa a enfocar o Evangelho que tinha pregado: “Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pe-cados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou no ter-ceiro dia, segundo as Escrituras” (3,4).

O Evangelho é constituído de dois fatos: a morte de Jesus Cristo e a ressurreição de Jesus Cristo. Muitos acreditam que o Evangelho consiste apenas de um fato: que Cristo morreu pelos nossos pecados. A morte de Jesus Cristo, quando colocamos nossa fé nela, significa perdão. Mas, colocar nossa fé no segundo fato do Evangelho, a ressurreição de

Jesus Cristo, significa comunhão com Cristo, aquEle que pode real-mente nos dar a graça de sermos tudo aquilo que Ele nos chamou para ser e fazer. Estes dois fatos constituem o Evangelho.

Nos próximos cinquenta e oito versículos, Paulo continua argumentando sobre o segundo fato do Evangelho, a ressurreição de Jesus Cristo. Provavelmente, a razão para isso seja porque, em carta que tinham enviado a Pau-lo, os coríntios tinham levantado perguntas e dúvidas a respeito da ressurreição. Talvez essa questão de ressurreição fosse um proble-ma intelectual para aqueles gre-gos, filosófica e intelectualmente sofisticados.

Este capítulo trata, princi-palmente, da ressurreição, mas inicia-se com uma declaração ex-plícita sobre o que é o Evangelho. Você compreende o que é o Evan-gelho? Pode ser que você não siga a Cristo porque nunca ouviu sobre o Evangelho. Os quatro primeiros versículos deste capítulo são uma declaração explícita sobre o que é o Evangelho ou Boas Novas. Jesus Cristo morreu na cruz, não apenas pelos pecados do mundo, mas pe-los meus e os seus pecados.

Se você está pensando em

ESTUDO DE I CORÍNTIOS VERSÍCULO POR VERSÍCULO

CBI - Encontro com a Palavra110 Livro 8

crer em Jesus e acha que jamais poderia viver como os seguidores de Cristo são chamados e instru-ídos a viver, você está absoluta-mente certo! Você não conseguirá viver dessa maneira, se não tiver o poder do Cristo Vivo e Ressurreto em sua vida. Por isso, precisamos compreender o segundo fato do Evangelho, a ressurreição de Jesus Cristo. Isso quer dizer que Ele está vivo, é real e você pode ter um relacionamento pessoal com Ele, que lhe dará a graça para viver da

maneira como um discípulo de Je-sus Cristo deve viver.

Se você ainda não confia em Cristo, gostaria de crer no Evan-gelho agora? Se fizer isto, então conhecerá a salvação. E depois de experimentar a salvação, acompa-nhe-me no estudo do resto deste capítulo maravilhoso e veja o que as Boas Novas de Ressurreição significam para você, tanto para hoje como para quando você tiver que encarar a inegável realidade da morte.

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 8 111

Capítulo 42

Fé nos Fatos (I Coríntios 15.1-11)

Ao estudarmos o Capítulo da Ressureição do Novo Testamento, precisamos entender que Jesus Cristo não é apenas uma figura his-tórica. Ele não é um profeta ou um mestre morto, nem um líder que viveu há muitos anos. Estudando a pessoa de Cristo nas Escrituras, descobrimos que Ele é a Palavra que se tornou carne, ou Deus em forma humana. Ele morreu na cruz pelos pecados do mundo em geral, e em particular pelos nossos peca-dos. Quando colocamos nossa fé nessa obra acabada de Cristo por nós na cruz, o resultado é a nossa salvação pessoal.

Entretanto, Jesus Cristo tam-bém ressuscitou dos mortos. Du-rante a Última Ceia, antes da traição de Judas, Jesus declarou a Seus discípulos que as coisas mudariam. Depois de Sua mor-te e ressurreição, Jesus estaria no mundo, de uma maneira que pos-sibilitaria um relacionamento com Ele ainda mais íntimo que aquele que eles tiveram, enquanto Ele es-teve em um corpo físico. E é isso o que tem acontecido há quase dois

mil anos. Quando você coloca sua fé pessoal no fato da ressurreição de Cristo, o resultado pode ser uma comunhão íntima com Ele.

Um dos maiores argumentos que testificam a ressurreição de Jesus Cristo é a vida e o ministério do apóstolo Paulo. O que foi que transformou Saulo de Tarso, o ho-mem que odiava os cristãos, no grande apóstolo de Jesus Cristo? A ressurreição de Jesus Cristo.

Não dá para explicar a vida do Apóstolo Paulo sem pensar em “ex-periência”. Ele teve pelo menos três grandes experiências. Ele teve a ex-periência na estrada de Damasco e também a experiência no deserto da Arábia. Paulo alegou que ficou no deserto da Arábia durante três anos, onde o Cristo Ressurreto lhe ensinou tudo o que ele comparti-lhou em suas obras-primas teo-lógicas (Gálatas 1.11-2.10). Ele também teve uma experiência en-volvendo o céu (II Coríntios 12.1-4). No seu capítulo da ressurreição, Paulo alega que o encontro que teve com o Cristo Vivo transformou sua vida. Ele escreveu: “... depois

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CBI - Encontro com a Palavra112 Livro 8

destes apareceu também a mim, como a um que nasceu fora de tempo” (15.8).

Depois Paulo fez a seguinte declaração a respeito de si mesmo: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e sua graça para comi-go não foi inútil; antes, trabalhei mais do que todos eles; contu-do, não eu, mas a graça de Deus comigo” (10). Alguns estudiosos consideram que neste texto Paulo se mostrou egoísta, mas, estudan-do seus escritos, vemos que não se trata de egoísmo. Preste aten-ção nesta importante qualificação do apóstolo: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou”. Paulo reco-nheceu que não foi ele quem fez todas essas coisas. Ele não estava se gloriando, mas apenas falando de fatos. Ele trabalhou mais que to-dos os outros apóstolos juntos, pela graça de Deus que lhe foi dada.

A ênfase de Paulo nesta pas-sagem é principalmente no resul-tado de todo este trabalho apos-tólico: “Portanto, quer tenha sido eu, quer tenham sido eles, é isto que pregamos, e é nisto que vo-cês creram” (11).

Ressurreição aplicadaNo versículo 12, Paulo reto-

ma este fato: se a ressurreição de Jesus Cristo é verdadeira, então a ressurreição dos seguidores de Cristo já falecidos também é ver-dadeira. O resto do capítulo não enfoca tanto a ressurreição de Je-sus Cristo, mas a ressurreição de todos os crentes.

Os coríntios não duvidaram apenas da ressurreição de Jesus, mas, principalmente, do ensino de Paulo sobre a ressurreição dos crentes. Por isso, até o final do capítulo, Paulo associa a ressur-reição de Jesus à ressurreição de todos os seguidores de Cristo.

Leia estes primeiros onze ver-sículos como uma introdução a este Capítulo da Ressurreição. Ob-serve que Paulo enfoca a ressur-reição de Cristo, tanto como uma parte do Evangelho, como uma transição para a questão da nossa própria ressurreição. Quando nos deparamos com a realidade da nossa própria morte, ou da mor-te de algum dos nossos queridos, este capítulo passa a ter um signi-ficado muito importante.

ESTUDO DE I CORÍNTIOS VERSÍCULO POR VERSÍCULO

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Capítulo 43

Os Quatro Conquistadores (I Coríntios 15.12-22)

A partir do versículo 12, Paulo argumenta que a ressurreição do crente está intrinsecamente ligada à ressurreição de Jesus. Se temos fé para crer no milagre da ressurreição de Cristo, devemos ter fé para crer que um dia seremos ressuscitados dos mortos. Entretanto, se Cristo não ressuscitou dos mortos, então não existe ressurreição dos mor-tos para ninguém. Procure sempre acompanhar a lógica do apóstolo Paulo. Ele escreveu: “Ora, se está sendo pregado que Cristo ressusci-tou dentre os mortos, como alguns de vocês estão dizendo que não existe ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, nem Cristo ressuscitou; e, se Cris-to não ressuscitou, é inútil a nossa pregação, como também é inútil a fé que vocês têm. Mais que isso, seremos considerados falsas teste-munhas de Deus, pois contra ele testemunhamos que ressuscitou a Cristo dentre os mortos. Mas se de fato os mortos não ressuscitam, ele também não ressuscitou a Cris-to. Pois, se os mortos não ressus-citam, nem mesmo Cristo ressus-citou. E, se Cristo não ressuscitou,

inútil é a fé que vocês têm, e ain-da estão em seus pecados. Neste caso, também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se é so-mente para esta vida que temos esperança em Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de compaixão” (15.12-19).

Você está acompanhando a argumentação de Paulo? Essas duas ressurreições estão intrinse-camente ligadas. A ressurreição de Jesus foi a prova de que a ressur-reição do crente é possível. O mi-lagre da nossa própria ressurreição leva-nos à dimensão eterna.

A seguir, Paulo passa a ensinar um assunto que para mim é fasci-nante. Ele escreveu: “Visto que a morte veio por meio de um só ho-mem, também a ressurreição dos mortos veio por meio de um só ho-mem. Pois da mesma forma como em Adão todos morrem, em Cristo todos serão vivificados” (21,22).

Na Carta aos Romanos, Paulo escreveu uma versão mais com-pleta deste ensino, o qual pode-mos chamar de “Os Quatro Con-quistadores” (Romanos 5.12-21). Nesta passagem, Paulo descreve

ESTUDO DE I CORÍNTIOS VERSÍCULO POR VERSÍCULO

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quatro conquistadores, nos quais podemos pensar como quatro reis. Primeiramente, Paulo fala do Rei Pecado. O pecado entrou no mun-do e abundou nele até conquis-tá-lo; depois, passou a reinar no mundo.

Paulo ensina que o Rei Mor-te veio logo depois do Rei Pecado. Quando a morte entrou no mundo, como uma consequência do peca-do, ela abundou até que conquis-tou toda a humanidade. Morte aqui significa tanto a morte física como a espiritual – “o salário do peca-do é a morte” (Romanos 6.23). Cedo ou tarde a morte conquista cada um de nós e a única razão porque a morte conquista todos nós é porque o pecado conquistou a todos. As duas primeiras coisas que Paulo descreve nestas pala-vras profundas, que escreveu aos romanos, são “as más notícias”.

Mas, depois Paulo anuncia as boas novas. Ele conta que o Rei Jesus entrou neste mundo e abundou nele até que conquistou e reinou, possibilitando que nós reinemos em vida, através de um relacionamento pessoal com Ele. Assim, o terceiro Rei é Jesus e o quarto é, potencialmente, você e eu, o Rei Você e o Rei Eu. Nós po-demos entrar nesta vida e abun-dar nela em Cristo (João 10.10).

Podemos reinar em vida através de Jesus Cristo e sermos mais que vencedores, através dEle (Roma-nos 5.17; 8.37). Tudo isso que foi bem explicado, na versão amplia-da da Carta aos Romanos, encon-tra-se de maneira simplificada nos versículos 21 e 22.

A expressão “em Cristo” é a mais bonita do Novo Testamento. Paulo usa estas duas palavras 97 vezes em suas cartas. O que sig-nifica estar em Cristo? Estar em Cristo é mais que estar em uma igreja ou em um ministério. Estar em Cristo significa estar localizado na Pessoa, relacionado com a Pes-soa da mesma maneira que um ramo está relacionado com a vi-nha. Jesus Cristo está vivo e ativo no planeta Terra como resultado da Sua ressurreição. Nós podemos habitar como ramos no Cristo Vivo e Ressurreto, com Ele sendo nossa Vinha (João 15.1-16).

Em seus escritos, o apóstolo Paulo conta que ele estava cons-tantemente em Cristo. Tudo o que fazia era em Cristo, por Cristo e para Cristo. Cristo se tornou o centro de sua vida. É esse o sig-nificado destas suas palavras: “... em Cristo todos serão vivificados”. Nós só experimentamos vida ver-dadeira depois que passarmos a viver em Cristo.

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Nestes versículos, Paulo ensina que existe uma ordem na ressurrei-ção. “Mas cada um por sua vez...”, afirma ele. Aqueles que já estuda-ram sobre a Segunda Vinda de Cris-to sabem que quando Cristo voltar chamará deste mundo aqueles que estão nEle. Lemos que “dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro” (I Tessalonicenses 4.16). Os crentes que estiverem vivos, quando Cristo voltar, serão radical-mente transformados para estarem preparados para o estado eterno. Comentaremos melhor este assun-to mais adiante. Mas, no versícu-lo 24, Paulo afirma: “Então virá o fim, quando ele entregar o Reino a Deus, o Pai, depois de ter destruído todo domínio, autoridade e poder”.

No versículo 30, Paulo levan-ta a seguinte pergunta: “Também nós, por que estamos nos expon-do a perigos o tempo todo?”. E continua: “Todos os dias enfrento a morte, irmãos; isso digo pelo orgulho que tenho de vocês em Cristo Jesus, nosso Senhor. Se

Capítulo 44“O Corpo Espiritual” (I Coríntios 15.23-46)

foi por meras razões humanas que lutei com feras em Éfeso, que ganhei com isso? Se os mor-tos não ressuscitam, ‘comamos e bebamos, porque amanhã morre-remos’” (31,32). De certa forma, ele continua com o assunto que iniciou no versículo 19: “Se é so-mente para esta vida que temos esperança em Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de compaixão”.

No versículo 33, Paulo re-preende os coríntios, citando um provérbio grego - “Não se deixem enganar: ‘As más companhias cor-rompem os bons costumes’”. Ele estava sugerindo que os crentes de Corinto tinham sido corrompidos pelos valores da cultura grega. No versículo 34, lemos: “Como justos, recuperem o bom senso e parem de pecar; pois alguns há que não têm conhecimento de Deus; digo isso para vergonha de vocês”. Pau-lo queria chocar os crentes de Co-rinto e fazê-los voltar aos valores de um seguidor de Cristo, para consi-derarem a ressurreição como parte vital desses valores. Ele estava en-focando os valores eternos de um

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crente e, essencialmente, dizendo: “Porque vocês se permitiram ter o caráter corrompido pela cultura na qual vivem? Por causa disso exis-tem pessoas na cidade de Corinto que ainda não conhecem a Deus. Vocês deveriam se envergonhar!”.

Estas palavras de Paulo são chocantes e deveriam recuperar os verdadeiros valores daqueles que crêem no Evangelho. Em sua carta aos romanos, o apóstolo recomen-dou aos que desejam descobrir e fazer a vontade de Deus que “se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional” (Romanos 12.1). Jesus ensinou que podemos ser a luz do mundo e o sal da terra (Mateus 5.13-16). Estas duas metáforas significam que devemos causar impacto e revolucionar nossa cul-tura, e não sermos impactados pela cultura em que vivemos. Pau-lo ensinou esta mesma verdade nestes versículos.

No versículo 35, ele inicia o que considero o coração desse gran-de Capítulo da Ressurreição. Nele, Paulo responde duas perguntas que os coríntios tinham feito: “Como os mortos são ressuscitados?” e “Que tipo de corpo terão?”. Estas duas perguntas são óbvias para qualquer um que reflita sobre a ressurreição dos crentes em Jesus. De que forma

acontece a ressurreição? Que tipo de corpo os ressuscitados terão?

Para responder a estas duas perguntas, Paulo usa a ilustração da semente na terra. É uma ilus-tração muito bonita, dentro da chamada “lógica inspirada” deste apóstolo. Como você pode perce-ber, os crentes de Corinto, como in-telectuais gregos que eram, diziam que não acreditavam em ressurrei-ção, porque não podiam compreen-dê-la. Acho que Paulo argumentou: “Olha, vocês acreditam em mui-tas coisas que não compreendem. Quando jogamos uma semente na terra, ela morre e deixa de ser uma semente. Deus lhe dá um novo cor-po. Pode ser o corpo de uma linda flor. Mesmo que vocês não compre-endam esse milagre, sabem que ele existe e crêem nele”.

Naquele tempo era comum as pessoas terem suas próprias hortas para sustento da família. Elas plan-tavam as sementes crendo que elas produziriam verduras e legumes. Por este motivo, Jesus e os escri-tores do Velho Testamento usaram tanto a metáfora de plantar e co-lher. Paulo argumentou que eles, pelo fato de terem seus jardins e hortas, criam no milagre da seme-adura e da colheita, mesmo sem compreender como uma semente se torna uma flor ou uma fruta.

ESTUDO DE I CORÍNTIOS VERSÍCULO POR VERSÍCULO

CBI - Encontro com a Palavra Livro 8 117

Paulo argumentou que o corpo humano é exatamente como uma semente; neste cenário, ele não é enterrado, mas plantado. Então, o apóstolo conclui: “Assim será com a ressurreição dos mortos. O cor-po que é semeado é perecível e ressuscita imperecível; é semeado em desonra e ressuscita em glória; é semeado em fraqueza e ressus-cita em poder; é semeado um cor-po natural e ressuscita um corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual” (42-44).

Esta é uma descrição muito bonita da ressurreição. As Escritu-ras ensinam que o homem é feito de pelo menos duas partes: a par-te física, tangível e material, que se pode ver, e a parte espiritual, aquela que não se vê. Quando o homem morre, a parte física se corrompe e é plantada na terra em corrupção. Como uma semente que deixa de ser semente para pro-duzir uma flor, assim, a fim de nos prepararmos para o estado eterno, nosso corpo corruptível tem que passar por um milagre que o fará incorruptível. Quando esse corpo é plantado, não tem honra, mas, quando ressuscitar, será em glória.

Quando morre, o corpo é a ex-pressão absoluta da fraqueza, por isso é plantado em fraqueza. Mas, quando ressuscitado, será levanta-do em poder.

Paulo, então, traz um grande ensino: “é semeado um corpo na-tural e ressuscita um corpo espi-ritual” (44). Um corpo espiritual? O que ele quis dizer com “corpo espiritual”? João afirmou que ain-da não foi revelada a natureza de um corpo ressurreto. Ele escreveu: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser, mas sabe-mos que, quando ele se manifes-tar, seremos semelhantes a ele, pois (então) o veremos como ele é (agora)” (I João 3.2).

O nosso corpo ressurreto vai ser exatamente igual ao corpo res-surreto de Jesus? No primeiro ca-pítulo de sua primeira carta, João ressaltou que ele viu e apalpou o corpo ressurreto de Cristo. Entre-tanto, no terceiro capítulo, João escreveu que ainda não foi reve-lado como serão nossos corpos ressuscitados.

No Capítulo da Ressurreição, o ensino de Paulo é claro: existe o corpo natural e o corpo espiritual. E mais, “Não foi o espiritual que veio antes, mas o natural; depois dele, o espiritual” (15.46).

Continue a estudar este capí-tulo, refletindo sobre o que Paulo quis dizer ao escrever que temos um corpo natural e que, através do milagre da ressurreição, Deus vai nos dar um corpo espiritual.

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Capítulo 45

Vitória Sobre a Morte (I Coríntios 15.47-58)

Os coríntios tinham duas dú-vidas a respeito da ressurreição do crente: como ele seria ressus-citado e que tipo de corpo teria. A resposta de Paulo foi: “Existem dois tipos de corpos. Existe o cor-po natural e o corpo espiritual. O corpo natural vem primeiro e é seguido pelo corpo espiritual. ‘O primeiro homem era do pó da terra; o segundo homem, dos céus. Os que são da terra são semelhantes ao homem terreno; os que são dos céus, ao homem celestial. Assim como tivemos a imagem do homem terreno, te-remos também a imagem do ho-mem celestial’” (47-49).

Paulo estava dizendo que fo-mos feitos para viver em dois mun-dos, não apenas em um. Recebe-mos um corpo físico para viver na Terra. Na parte mais importante deste capítulo, Paulo afirma que também fomos feitos pelo nos-so Criador para vivermos no céu. Nosso Deus um dia nos dará um corpo espiritual, que nos equipa-rará para vivermos no céu por toda eternidade.

Para viver nessa segunda di-mensão, a dimensão celestial, pre-cisamos experimentar o milagre da morte e da ressurreição. Paulo está dizendo que duas coisas precisam ser cumpridas, através do milagre da morte e da ressurreição. Nosso corpo corruptível tem que experi-mentar um milagre que o tornará incorruptível e nosso espírito mortal tem que experimentar um milagre que o fará imortal. Quando nosso corpo se tornar incorruptível e nos-so espírito se tornar imortal, pelo milagre da ressurreição, estaremos prontos para viver no céu com Deus e com Cristo para sempre!

Vida em duas dimensõesVocê já observou uma libélula

voando de flor em flor com suas maravilhosas asas duplas? Às ve-zes, ela fica parada no ar, como um helicóptero e pode ficar assim durante todo o dia. Essas criaturas são uma maravilha da aerodinâmi-ca. Com seu par de asas duplas elas podem voar continuamente.

A libélula passa de um a qua-tro anos de sua existência dentro

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d’água. Em um estudo laboratorial de uma libélula, durante o seu pri-meiro ano de vida, constataremos que esta criatura aquática possui dois sistemas respiratórios. A libé-lula que vive debaixo d’água tem um sistema respiratório, que a ca-pacita inalar água, através de seu estreito corpo, retirando oxigênio dela, como acontece com outros animais aquáticos; também cons-tataremos que essa criatura fas-cinante tem um segundo sistema respiratório, que um dia, quando ela entrar para a segunda dimen-são de sua vida, vai capacitá-la a inalar o ar.

Quando se encerra a primeira fase da vida da libélula na água, ela sai para a terra, estende suas asas magníficas sob o sol para se-cá-las e começa, de maneira glo-riosa, a segunda dimensão da sua existência. A libélula foi criada por Deus para viver sua existência em duas dimensões.

Neste maravilhoso Capítulo da Ressurreição, descobrimos que temos muito em comum com a li-bélula. De acordo com Paulo, nós também fomos criados por Deus para vivermos em duas dimen-sões. Deus nos deu um corpo ter-reno para vivermos aqui na Terra e vai nos dar um corpo celeste, que

nos capacitará a viver para sem-pre, na segunda e eterna dimen-são da nossa existência, no céu.

Falando de maneira figurada, se fizéssemos um estudo laborato-rial em um crente nascido de novo, descobriríamos que ele, assim como a libélula, está equipado com dois sistemas de vida. Todo crente verdadeiro está equipado com um corpo terreno, um sistema que o capacita a viver nesta primeira di-mensão de vida, e também desco-briríamos que todo crente verdadei-ro está equipado com o que Paulo chama de “nova criação”, ou “novo homem”, ou ainda “homem inte-rior”. De acordo com Paulo, essa obra miraculosa de criação do Es-pírito Santo, como o segundo siste-ma de respiração da libélula, é um prenúncio do corpo espiritual, que Deus dará a todo o que crê, com o qual será equipado para viver no céu eternamente.

Na segunda dimensão da sua vida, a libélula revela uma aero-dinâmica maravilhosa. Quando os crentes forem ressuscitados, e Deus der a você e a mim corpos espirituais, que nos equipararão para a segunda e eterna dimensão de vida, imagine como seremos!

Quase no final do Novo Tes-tamento, na Primeira Epístola de

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João, esse velho líder da Igreja re-flete sobre quem e o que somos como crentes, quem e o que se-remos também. João afirma que isso ainda não nos foi revelado, mas será algo maravilhoso, além de qualquer coisa que possamos imaginar, porque no céu seremos exatamente como é o Cristo Vivo e Ressurreto! (I João 3.1,2).

No versículo 50, Paulo regis-trou a empolgante conclusão do Capítulo da Ressurreição, ao es-crever: “eu lhes declaro que car-ne e sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem o que é pere-cível pode herdar o imperecível”. Esta é uma declaração muito pro-funda! Como é a dimensão celes-tial? Paulo está dizendo que nós não teremos corpos físicos no céu, porque o Reino de Deus é incor-ruptível e nossos corpos físicos são corruptíveis.

Nos versículos 51 e 52, Pau-lo continua: “Eis que eu lhes digo um mistério: Nem todos dormire-mos...” Isso quer dizer que nem todo mundo vai morrer, porque quando Cristo voltar pessoas es-tarão vivas. “... mas...”, Paulo continuou, “... todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a

trombeta soará, os mortos ressus-citarão incorruptíveis e nós sere-mos transformados”.

Mais uma vez, Paulo ensina um pouco sobre as coisas futuras e fala do chamado “Arrebatamento da Igreja”. Paulo escreveu que Je-sus Cristo virá e levará Sua Igreja deste mundo. Quando isso acon-tecer, os mortos em Cristo serão ressuscitados (I Tessalonicenses 4.13-18).

Paulo escreveu “num mo-mento, num abrir e fechar de olhos...”, para explicar que, se es-tivermos vivos quando Cristo vier, num instante seremos totalmente transformados para sermos pre-parados para o céu. A expressão grega usada nesta passagem é literalmente “em um átomo”, ou seja, na menor medida de tempo possível. Usando um termo mais atual, poderíamos dizer que sere-mos “atomizados”.

A questão é que temos que ser totalmente transformados pela morte e pela ressurreição, porque a carne e o sangue não podem entrar no Reino de Deus. Não podemos levar nosso corpo corruptível para o céu incorruptí-vel, conforme Paulo escreveu no versículo 53: “Pois é necessário que aquilo que é corruptível se

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revista de incorruptibilidade, e aquilo que é mortal, se revista de imortalidade”.

Depois vem a conclusão no versículo 54: “Quando, porém, o que é corruptível se revestir de in-corruptibilidade, e o que é mortal, de imortalidade, então se cumpri-rá a palavra que está escrita: ‘A morte foi destruída pela vitória’”. Em outras palavras, o milagre da ressurreição ocorreu e a morte foi conquistada. O significado literal da palavra “ressurreição” é “vitória sobre a morte”.

Todos os que crêem no Evan-gelho e têm entendimento dele, por experiência própria, não de-vem temer a morte. Através dessa transformação total e completa, que experimentaremos quando o Senhor voltar, venceremos o

problema da morte. A ressurreição eliminará o “ferrão” da morte. Por isso, para nós a sepultura é uma vitória. Nossa morte literal e nos-sa ressurreição literal removerão o “ferrão” do pecado e a força da lei que nos condena.

Não é de se estranhar que Paulo exclame: “Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cris-to” (57). Como sempre existe uma conclusão na lógica inspirada de Paulo, que devemos guardar no coração. Porque tudo isso é ver-dadeiro, ele escreveu: “Portanto, meus amados irmãos, mante-nham-se firmes, e que nada os abale. Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o trabalho de vo-cês não será inútil” (58).

ESTUDO DE I CORÍNTIOS VERSÍCULO POR VERSÍCULO

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Capítulo 46

“Quanto à Coleta” (I Coríntios 16)

Depois de nos elevar aos céus com o Capítulo da Ressurreição, Paulo nos traz de volta à terra com a maneira como ele inicia o último capítulo desta carta pastoral tão prática: “Quanto à coleta...” Des-cobrimos um episódio muito inte-ressante na vida e no ministério do apóstolo Paulo com o enfoque que ele dá a essa coleta, em particu-lar. Paulo teve dificuldade para ser aceito pelos crentes judeus de Jeru-salém, talvez porque antes de sua conversão, na estrada de Damasco, ele perseguia ferozmente os crentes messiânicos (Atos 8.1-3; 9.1, 2).

Acho muito tocante observar que aquele que antes odiava Cris-to e perseguia os Seus seguidores passou a fazer coleta para os cren-tes judeus que antes perseguia, que estavam passando fome em Jerusalém e na Judeia. A força que sempre fez a igreja de Jesus Cristo poderosa neste mundo é a graça de Deus que transforma vidas.

Nessas instruções referentes à coleta na igreja, Paulo deixou al-guns princípios de mordomia muito importantes. Esses princípios estão

claramente expostos na sequência desta carta (II Coríntios, capítulos 8 e 9). Estas são as instruções de Paulo neste capítulo: “No primeiro dia da semana, cada um de vocês separe uma quantia, de acordo com a sua renda, reservando-a para que não seja preciso fazer coletas quando eu chegar” (16.2).

Existem dois pontos muito importantes neste versículo. Um deles é a menção ao primeiro dia da semana. Não é interessante ob-servar que naquele tempo o “Dia do Senhor”, como os apóstolos costumavam mencionar, não fosse mais o sétimo dia da semana, mas o primeiro?

Existem muitas provas sobre a ressurreição de Jesus Cristo. Uma delas é que a Igreja escolheu o pri-meiro dia da semana para ser o dia de adoração, em razão de ter sido nesse que o Senhor ressuscitou dos mortos. Por isso, é importante o que Paulo escreveu, que “No primeiro dia da semana...” todos deveriam separar fundos para essa coleta.

A seguir, ele apresenta este princípio: “de acordo com a sua

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renda”. Qual é a base que deter-mina quanto o povo deve dar para a obra do Senhor? No Velho Testa-mento, o padrão era o dízimo, que correspondia à primeira décima parte da renda da pessoa. Deus estabeleceu o dízimo para o povo de Israel, como um padrão de me-dida, a fim de lhes mostrar que Ele era o primeiro em suas vidas. Deus sempre soube a medida do comprometimento daquele povo com Ele.

O povo de Deus também foi instruído a dar ofertas, além do dízimo. Eles também faziam sa-crifícios. Davi determinou que não ofertaria nada a Deus que não lhe fosse um sacrifício, que não lhe custasse alguma coisa (II Samuel 24.24).

Quando, porém, chegamos no Novo Testamento, a questão é mordomia. A mordomia engloba todos esses padrões, porque é o reconhecimento de que tudo que possuímos já pertence a Deus. Como mordomos desses bens que pertencem a Deus, devemos ser fiéis na maneira como admi-nistramos os recursos do Senhor. O critério do Novo Testamento para ofertar é “de acordo com a sua renda”. Na carta seguinte que Paulo escreveu aos coríntios, ele

ensina que a mordomia se baseia no que você tem e não naquilo que você não tem.

Também vemos aqui o prin-cípio da integridade, na maneira como as ofertas são administradas pelos responsáveis em entregar a coleta para os santos, que sofriam em Jerusalém. Paulo deu instru-ções para que fossem escolhidos homens que levassem a oferta (3). Vemos aqui o princípio da respon-sabilidade. Existe uma trágica ir-responsabilidade na prestação de contas dentro do Corpo de Cristo. Alguns ministérios não prestam conta dos milhões que recebem. Isso não deveria acontecer no Cor-po de Cristo. Veja como Paulo foi cuidadoso ao levantar a oferta, in-sistindo que houvesse prestação de contas.

Nos dois capítulos de II Co-ríntios que mencionei, Paulo se referiu aos padrões de ofertar dos filipenses, como exemplo para os coríntios (II Coríntios 8,9). A igreja de Filipos era a preferida de Pau-lo e o apoiava financeiramente de forma constante. Essa igreja era madura espiritualmente, com rela-ção aos princípios de mordomia, a ponto de Paulo permitir que eles fossem a base principal de apoio do seu ministério.

ESTUDO DE I CORÍNTIOS VERSÍCULO POR VERSÍCULO

CBI - Encontro com a Palavra124 Livro 8

No último capítulo desta car-ta, Paulo escreveu: “Se Timóteo for, tomem providências para que ele não tenha nada que temer en-quanto estiver com vocês, pois ele trabalha na obra do Senhor, as-sim como eu. Portanto, ninguém o despreze. Ajudem-no a prosse-guir viagem em paz, para que ele possa voltar a mim. Eu o estou es-perando com os irmãos” (10,11).

Timóteo é um personagem bíblico muito interessante. Ele pa-rece ser um jovem extremamente sensível e tímido. Quando Paulo queria transmitir uma verdade, ele a “embrulhava” em uma pessoa e, com frequência, Timóteo era essa pessoa. Quando Paulo quis mos-trar à igreja de Filipos como viver com Cristo, ele enviou Timóteo para viver com eles. Ele escreveu aos filipenses: “Espero no Senhor Jesus enviar-lhes Timóteo breve-mente, para que eu também me sinta animado quando receber notícias de vocês. Não tenho nin-guém que, como ele, tenha inte-resse sincero pelo bem-estar de vocês, pois todos buscam os seus próprios interesses e não os de Je-sus Cristo” (Filipenses 2.19-21).

No versículo 13, ele iniciou sua exortação final: “Estejam vi-gilantes, mantenham-se firmes

na fé, sejam homens de cora-gem, sejam fortes. Façam tudo com amor”. Paulo costumava en-cerrar suas cartas com este tipo de exortação. A partir daí, Paulo passa aos cumprimentos, como por exemplo, aos da casa de Esté-fanas, e menciona outras pessoas que ele conhecia. A maioria das cartas de Paulo termina com este tipo de cumprimento.

Preste atenção agora nos úl-timos versículos desta carta: “As igrejas da província da Ásia en-viam-lhes saudações. Áquila e Priscila os saúdam afetuosamen-te no Senhor, e também a igreja que se reúne na casa deles” (19). A igreja em Corinto se reunia na casa de pessoas como Cloe, Áquila e Priscila. “Todos os irmãos daqui lhes enviam saudações. Saúdem uns aos outros com beijo santo. Eu, Paulo, escrevi esta saudação de próprio punho. Se alguém não ama o Senhor, seja amaldiçoado. Vem, Senhor! A graça do Senhor Jesus seja com vocês. Recebam o amor que tenho por todos vocês em Cristo Jesus. Amém” (20-24).

A saudação de Paulo em to-das as suas cartas era: “A graça do Senhor Jesus seja com vocês”. Paulo cria que, se você tiver a gra-ça do Senhor Jesus Cristo, terá o

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CBI - Encontro com a Palavra Livro 8 125

favor, a bênção e o poder de Deus trabalhando em sua vida. Sem a graça de Deus a vida que ele viveu e usou como exemplo seria impos-sível. Por isso, não há nada que ele desejasse mais para o povo que a graça do Senhor Jesus Cristo.

Quando Paulo finalizava suas cartas desta maneira, era como se dissesse: “Pela graça de Deus pos-so viver esta vida, para a qual fui salvo e chamado, e você também pode, pela graça do nosso Senhor Jesus Cristo”. Paulo iniciou esta carta chamando os coríntios de “santos” e dizendo que eles foram

chamados para serem santos. Ele também escreveu que Deus é fiel e os tinha preparado para cumprir os propósitos, para os quais tinham sido chamados. Na verdade, Pau-lo conclui a carta do mesmo jeito que começou (1.1-3,9).

Espero que este estudo de I Coríntios o ajude a crescer na graça do Senhor Jesus Cristo. A graça do Senhor Jesus é o poder que você e eu devemos ter para viver a vida para a qual fomos salvos e para a qual fomos chamados para Deus, em Jesus Cristo, como santos que vivem em um mundo pecador.

ESTUDO DE I CORÍNTIOS VERSÍCULO POR VERSÍCULO

CBI - Encontro com a Palavra126 Livro 8

C.B.I. ENCONTRO COM A PALAVRA – QUESTIONÁRIO DO LIVRO 5ESTUDO DE I CORÍNTIOS VERSÍCULO POR VERSÍCULO

ALUNO(A):______________________________________________________RUA:__________________________________________________________BAIRRO:_____________________________FONE:______________________CEP:_______________CIDADE:______________________________________EST:________E-MAIL:______________________________________________NASC:_____/_____/_____ SEXO: ( )M ( )F EST. CIVIL:__________________ESCOLARIDADE:________________IGREJA:____________________________ESPOSO(A):_____________________________ NASC:____/____/____Aulas através de: ( )Rádio ( )Internet ( )CDs

Leia com atenção o livro e responda o questionário. Em cada questão, apenas uma das três alternativas está correta e deverá ser assinalada. Ao recebermos este questionário respondido, enviaremos GRÁTIS o próximo número, na medi-da que o estudo pelo rádio for avançando.

QUESTIONÁRIO01. A igreja de Corinto sofreu um processo de:

A( ) CrescimentoB( ) EsfriamentoC( ) Divisão

02. Os gregos achavam que o Evangelho era:A( ) Mais uma filosofiaB( ) LoucuraC( ) Uma boa religião

03. Paulo iniciou a maioria das suas cartas apresentando-se como:A( ) Servo de Jesus CristoB( ) ProfessorC( ) Missionário

04. Paulo gostava de usar a palavra “CHAMADO” para se referir:A( ) À experiência da salvaçãoB( ) Ao ministério apostólicoC( ) Aos dons espirituais

05. A palavra “EXEMPLO” vem da palavra grega:A( ) “Logos”B( ) “Charis”C( ) “Tupos”

06. Na cidade de Corinto, a prostituição:A( ) Era ignoradaB( ) Fazia parte da culturaC( ) Era reprimida

07. O objetivo de pregar o Evangelho é:A( ) Fazer discípulos, batizá-los e ensiná-losB( ) Ganhar o maior número possível de judeusC( ) Conter o avanço das religiões falsas

08. O capítulo 13 de I Coríntios é considerado :A( ) O capítulo dos dons espirituaisB( ) O capítulo do casamentoC( ) “O Capítulo do Amor” da Bíblia

09. Se levarmos a sério a Grande Comissão, devemos começar conhecendo: principalmente:

A( ) O que é uma religiãoB( ) O que é o EvangelhoC( ) O que é um ministério

10. Timóteo é um personagem bíblico muito:A( ) InteressanteB( ) DestemidoC( ) Introvertido

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MEU TESTEMUNHO

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