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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
1
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS
EDUCACIONAIS
QUATIGUÁ
2010
2
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
LEONICE TRISTÃO DA SILVA LOPES
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NRE: JACAREZINHO
MUNICÍPIO: QUATIGUÁ
NOME DO PROFESSOR PDE: LEONICE TRISTÃO DA SILVA LOPES
ÁREA/DISCIPLINA: HISTÓRIA
PROFESSOR ORIENTADOR: ROBERTO CARLOS MASSEI
1. UNIDADE DIDÁTICA
Desenvolvida por meio do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, na área de História, com o tema de intervenção Pedagógica – A Magia do Candomblé e a Umbanda.
4
(www.xangosol.com/fotos.HTM)
INTRODUÇÃO
No contexto do projeto de intervenção pedagógica: O negro, o processo de
formação da cultura brasileira e o ensino de História, serão abordadas as religiões africanas,
especialmente o Candomblé e a Umbanda.
Este estudo também quer retratar o início de um caminho que estamos buscando
percorrer: valorizar a cultura afro-brasileira, incluindo a preocupação em abordar a
religiosidade afro-brasileira. O intuito vem em consonância com a implementação da lei
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10639/03, a qual institui a obrigatoriedade do ensino da história da África e da cultura afro-
brasileira. (DIRETRIZES CURRICULARES, ENSINO DE HISTÓRIA, 2008. P.15).
Quando se fala em religiões africanas, especialmente aquelas que no passado, os
antropólogos e historiadores chamavam de “primitivas”, uma certa tradição em associá-las
num todo unitário. Entretanto, sob a aparente unidade, mal se disfarça uma extrema
diversidade. Animismo, práticas mágicas e rituais só adquirem significado preciso na
multiplicidade de experiência religiosa africana, quando relacionada à organização tribal.
(BASTIDE, 1975, p. 36).
Outra crença, igualmente difundida, é a de que os sistemas religiosos
“primitivos” têm natureza basicamente diversa da experiência vivida pelas grandes religiões
universais. Entretanto, em muitas religiões africanas encontram-se frequentemente elaboradas,
construções abstratas e uma imensa espiritualidade, como o que se expressa na idéia de um
deus incriado e criador. (BASTIDE, 1975, p. 38).
Para pensar sobre religião no Brasil, temos que levar em conta os traços culturais
que formaram o povo brasileiro e, no que se refere a nossa temática, considerar a imensidão
de caracteres do branco e do negro. Já é sabido que a contribuição cultural do africano sempre
foi posta sob um olhar etnocêntrico europeu, mas temos que aprender a reconhecer a
criatividade e perseverança dos seus descendentes em tentar reavivar seus costumes, suas
crenças. E o sincretismo com o catolicismo foi uma das formas de não deixar se apagar o seu
imaginário religioso africano. Outra forma é reinterar as crenças africanas o mais próximo de
suas origens, tentando hoje em dia, evitar mesclar ritos não africanos. (GOMES, 2003, p.15).
O sincretismo é explicado pela necessidade do negro em resistir ao domínio
religioso da igreja católica. Ele não parava por aí, pois era comum a mistura entre os cultos
africanos, devido ao contato entre negros de diferentes nações africanas, cujos laços de
parentesco ou de pertencer às mesmas etnias tinham se perdido estrategicamente para
diminuir as resistências (CADERNOS TEMÁTICOS, 2006, p.10).
O negro usava a fusão ou adaptação dos seus cultos com os da Igreja Católica
como forma de resistir, de fugir das punições corporais e de, mesmo geograficamente
distante, manter-se perto da África. Região que se configurava naquele momento e naquela
situação como objeto de desejo de muita gente por representar riquezas diferentes: para o
branco, o sentido material e para o negro no Brasil, o sentido espiritual e cultural. (SOARES,
2002, P. 45).
Alguns grupos étnicos vieram para a América como escravos negros no período
colonial, conseguiram manter a própria tradição cultural através da religião. Suas
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manifestações religiosas eram geralmente aceitas pelos brancos que consideravam uma forma
particular de assimilação do catolicismo. Assim, através do Candomblé, a religião africana
primitiva pode sobreviver e mesmo se expandir, funcionando como contracultura em face da
cultura dominante. (SOARES, 2002, p. 75).
No Brasil colonial, o catolicismo popular, apesar da objeção dos doutores da
Igreja Católica “deu brecha” às manifestações africanas, ainda que comedidas. Os negros não
tiveram uma efetiva catequização. Além disso, a Igreja Católica permitia a presença das
irmandades e confrarias de pretos, como forma de controle social, mas que para os negros
contribuíram na compra de algumas alforrias e numa forma de não destruir por completo, a
solidariedade étnica. (LODY, 1987. p. 28).
O país convive com um catolicismo sincrético, em que, por exemplo, aquele que
vai à missa, vai também ao terreiro buscar os passes para evitar os males da vida.
O sincretismo religioso entre as manifestações católicas e africanas no Brasil é
extremamente praticado, apesar de na teoria a igreja católica defender a sua ortodoxia.
(LODY, 1987, p. 46).
Busco consolidar os esforços teóricos metodológicos da oralidade tribal africana,
no sentido de uma memória depositária acumulativa de valores civilizatórios e seus conteúdos
teológicos e filosóficos, bem como a transmissão desse conhecimento passado de geração a
geração nas diversas denominações étnicas de cultos, como o Candomblé e a Umbanda.
(SILVA, 1996, P. 36).
O Candomblé procura resgatar, mesmo que seja uma tarefa difícil, suas raízes
africanas, enquanto cabe à Umbanda, status de religião efetivamente brasileira, por não se
preocupar em preservar as marcas africanas originais.(SILVA, 1996, p.49).
As Diretrizes Curriculares para o ensino de História, busca suscitar reflexões a
respeito de aspectos políticos, econômicos e culturais, sociais e das relações entre o ensino da
disciplina e a produção o conhecimento histórico.
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No documento (DCE) a organização do currículo para o ensino de história tem
como referência os conteúdos estruturantes, entendidos como conhecimentos que aproximam
e organizam os campos da História e seus objetos. (DIRETRIZES CURRICULARES PARA
O ENSINO DE HISTÓRIA, 2008, p. 24).
Os Conteúdos Estruturantes: Relação de Trabalho, Relações de Poder, Relações
Culturais podem ser identificados no processo histórico da constituição da disciplina no
referencial teórico que sustenta a investigação histórica.
Estes conteúdos estruturantes são carregados de significados, os quais delimitam
e selecionam os conteúdos e os temas históricos. (DIRETRIZES CURRICULARES PARA O
ENSINO DE HISTÓRIA, 2008, p. 25).
A LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) nº 9394/96, que data de
20 de dezembro de 1996, estabelece que no seu inciso III, do artigo 3º, que o ensino deverá
respeitar o “pluralismo das ideias e de concepções pedagógicas”. A heterogeneidade cultural é
o foco das escolas e do componente curricular. (LDB, 1996, p. 262).
Sob uma perspectiva de inclusão social, é essencial que a influência africana na
cultura brasileira tenha o mesmo valor e contribuição de outros povos, proporcionando
integração e conscientização de que formamos um todo pela soma das diversidades. E
conforme a demanda da comunidade afro-brasileira por reconhecimento, valorização e
afirmação de direitos, no que diz respeito à educação, passou a ser particularmente apoiada
com a promulgação da lei 10639/03, estabelecendo a obrigatoriedade do ensino de História e
cultura afro-brasileira e africana (LDB, 1996, p. 263). O que é preciso fazer é reconhecer a
relevância cultural da religiosidade afro-brasileira. As comunidades religiosas vêm buscando
valorizar suas raízes africanas para redimensionar seu papel na sociedade brasileira, porém,
uma vez inseridas, essas comunidades passam a fazer parte da realidade brasileira e, portanto
de grande interesse. Lembremos que são grupos sociais presentes, que partilham hábitos de
comportamento, seguem crenças e que vêem nelas o sagrado. (GOMES, 2003, p.135).
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A ÁFRICA COMO OBJETO DE DESEJO
A África é o berço de um leque diverso de culturas humanas. Praticamente não se
pode falar de algo que seja genuíno ou universalmente africano, isto é, seus sistemas sociais
vão de sociedades estratificadas que praticavam a escravidão até à comunidades sem classes.
(BASTIDE, 1975, p. 49).
As transações comerciais envolviam os negros como produtos, se avolumavam,
explicando a entrada de africanos sudaneses e bantos no Brasil colonial. Os sudaneses
trouxeram o Candomblé para o Brasil e os bantos adotaram essa religião, fazendo adaptações
a sua cultura.
Entre as principais etnias negras que vieram para o Brasil estão:
- Sudaneses: (África Ocidental), abrangendo os territórios da Nigéria; Benin (ex
Daomé) e Togo. Ainda os sudaneses podem ser organizados em vários grupos subdivididos
em pequenas nações como: iorubas ou nagô (subdivididos em kêto, ijexá, egbá, etc.) Jeje
(subdivididos em ewe ou fon) Fanti-ashanti Nações islamizadas (haussá; tapa; peul; fula e
mandinga).
- Bantos: (sul africano), provenientes dos territórios do Congo; Angola
(subgrupos de caçanjes, bengulas e outros) e Moçambique. (SILVA, 1996, p. 27).
9
(www. Fietreca.org.br/.)
Outra característica cultural genericamente difundida é a religião baseada no
culto aos antepassados e divindades (orixás, voduns e inquices). Este tipo de crença torna-se
patente, sobretudo entre os falantes de língua níger-congo e os povos influenciados por eles.
Em certos casos, como os iorubas da Nigéria, a elevação de algum antepassado de estirpe real
ou de algum herói a uma categoria elevada especial conferiu à religião básica, centrada no
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culto aos antepassados, a dimensão de uma espécie de politeísmo. E ainda dentro desse leque
cultural há os africanos cristianizados ou islamizados. Portanto, não há como definir o culto
do Candomblé, como culto de matriz africana, mas como identificação de nações étnicas
africanas, a exemplo dos iorubas. (SOARES, 2002, p. 77).
Culto aos orixás, de origem totêmica e familiar, é uma das religiões afro-brasileiras
praticadas principalmente no Brasil, pelo chamado povo do santo.
A religião que tem por base a anima (alma) da natureza, sendo portanto chamada
de anímica, foi desenvolvida no Brasil com o conhecimento dos sacerdotes africanos que
foram escravizados e trazidos da África para o Brasil, juntamente com seus orixás, inquices,
voduns, sua cultura e seu idioma, entre 1549 e 1588. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, p. 8).
Embora confinado originalmente à população de negros escravizados, proibido
pela Igreja Católica e criminalizado por alguns governos, o Candomblé prosperou nos quatro
séculos e expandiu consideravelmente desde o fim da escravatura em l888.
O Candomblé com suas danças e batuques é uma festa com suas divindades
geniosas, é a religião afro-brasileira mais influente no país. (NUNES, 1979.p.56).
OS TERREIROS DO CANDOMBLÉ
No Candomblé os terreiros são antes de tudo, um espaço físico que vai além da
relação transcendental e espiritual, tornavam-se também um espaço ideológico carregado de
ações políticas e sócio-culturais, como por exemplos, estabelecer estratégias de sobrevivência
e na época da escravidão, de projetos de liberdade. (SILVA, 1996, P.36).
O terreiro ou casa-de-santo é simultaneamente templo e morada. A vida cotidiana
dos mortais mistura-se com os rituais dos orixás. A família-de-santo (a mãe ou o pai e os
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filhos de santo) não são necessariamente parentes de sangue e divide os cômodos com os
deuses.(SILVA, 1996, p. 38).
O templo do Candomblé é tão digno de respeito como qualquer outro, seja ela
edificado ao ar livre, em contato com a natureza, ou em santuários individuais, salões públicos
para festas ou locais para iniciações religiosas, podendo ser chamado de roça, terreiro, casa-
de-santo e outros. O cômodo principal é o barracão onde os humanos e santos se encontram
em festas. (MURRAY, 1007, p. 47).
Por trás do barracão há várias instalações comuns a uma residência: sala de jantar
e de estar, cozinha e quartos, nem todos destinados aos mortais. Há os quartos de santo, onde
ficam os pejis (altares) e os assentamentos (Objetos e símbolos) dos orixás. Com exceção de
certas divindades como Exu e Ogum, que colocados em altares externos, forma de proteção
dos terreiros.
O ronco é um quarto especial onde os abiás (noviços) ficam recolhidos durante o
período de iniciação. Essa proximidade dos abiás com outros membros do terreiro é
fundamental, é assim que os iniciados entram em contato com os procedimentos rituais da
casa. O fiel do Candomblé aprende com os olhos e com os ouvidos. Ele deve prestar atenção
a tudo e não perguntar nada.
Os terreiros também têm uma área externa, onde estão as casas dos outros orixás.
A de Exú, por exemplo, fica perto da porta de entrada. (MURRAY, 1997, p. 59).
O assentamento é a representação viva do orixá pertencente, segundo a
concepção do povo de Candomblé, por isso tem que ser nutrido com diferentes tipos de
alimentos, de acordo com a preferência alimentar de cada divindade. Os sacrifícios de
animais, cujo sangue fomentará o axé e fortalecerá os papéis de cada integrante do terreiro.
A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO DOS TERREIROS
Ao reunir em um mesmo espaço o local de moradia e de culto, pode ser
genericamente uma reprodução dos padrões africanos de habitações coletivas, principalmente
entre os iorubas, que são chamados de egbes ou compounds-conjunto de casas que se
acumulam umas contra as outras e muitas vezes se interconectam, possuem quartos de
tamanhos distintos, abertos em geral para pátios e varandas.
O pátio do compound é dedicado a um deus (Exú) que garante a proteção
espiritual, somado as outras divindades internas dos núcleos familiares. Os mortos eram
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sepultados e cultuados no interior do compound. Assim, simultaneamente nos terreiros, os
orixás com seus quartos individuais, o culto aos mortos também permaneceu no quarto de
balé ou de egum (espírito dos mortos) e barracão, local de festas públicas, onde reproduz o
pátio interno do compound. (NUNES, 1979, 153).
OS TEMPLOS
(www.sobresites.com/candomblé)
Os templos do Candomblé são chamados de casas, roças ou terreiros. As casas
podem ser de linhagem matriarcal, patriarcal ou mista.
Casas pequenas, que são independentes, possuídas e administradas pelo babaloixá
ou yalorixá, dono da casa e pelo orixá principal respectivamente. Em caso de falecimento do
dono, a sucessão na maioria das vezes é feita por parentes consangüíneos, caso não tenha um
sucessor interessado em continuar, a casa será desativada. Não há nenhuma administração
central.
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Casas grandes, que são organizadas, tem uma hierarquia rígida, não é de
propriedade do sacerdote, nem toda casa grande é tradicional, é uma sociedade civil ou
beneficiente.
Casas de linhagem matriarcal (só mulheres) assumem a liderança da casa como
yalorixá.
Ilê Axé Iyá Nassô Oká- Casa Branca – Engenho Velho- considerada a primeira
casa a ser aberta em Salvador, Bahia.
Ilê Maroiá Lajié – mãe Olga de Alaketu, fundada em 1636 no Matatu de Brotas
por Otampe Ojavô.
Ilé Axé Opó Afonjá – Opó Afonhá – Salvador, Bahia e Coelho da Rocha, Rio de
Janeiro. (SILVA, 1996, P. 40).
( www.xangosol.com/fotos.HTM).
Kwe Kpodaba-Axé Podaba, fundada em 1851, Rio de Janeiro.
Ilé Omo Ojá Legi, Mesquita, Rio de Janeiro.
Zoogodô Bogum Malê Rondó – terreiro do Bogum, Salvador, Bahia.
Querebentam de Zomadônu-casa das minas, fundada mais ou menos em 1796 em
São Luiz do Maranhão.
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Ilê Axé Iyá Atara Magbá-Santa Cruz da Serra – Rio de Janeiro. Fundada e
dirigida por Omindarewa de Yemanjá.
Casas de linhagem patriarcal (só homens) assumem a liderança da casa como
babalorixá no culto aos orixás ou babaojé noculto aos egungum.
Ilê Agboulá – ilha de Itaparica
Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Oxipá – Ilê Oxipá, Salvador, Bahia.
Casas de linhagem mista, tanto homens como mulheres podem assumir a
liderança da casa.
Ilê Axé Oxumaré-casa de Oxumaré, Salvador, Bahia.
Ilê Axé Odó Ogé – terreiro Pilão de Prata, Salvador, Bahia.
Oba Ogunté – terreiro Oba Oguntém Recife, Pernambuco.
Kwe Ceja Houndé – Roça do Ventura, Cachoeira e São Félix, Bahia.
Ilê Axé Lejá Ogunté – casa deYemanjá – Maceió, Alagoas.(REVISTA
CANDOMBLÉ, 2008, p. 12).
(www.hojelusofonia.com/lusofonia/candomble).
15
A lei federal nº 6292/75 protege os terreiros de Candomblé no Brasil, contra
qualquer tipo de alteração de sua formação material ou imaterial. O Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e o Instituto Artístico Cultural da Bahia (IPAC) são
os responsáveis pelo tombamento das casas. (NUNES, 1979, p. 160).
No Brasil existe uma divisão nos cultos: Ifá, Egungum, Orixá, Vodum e Nkisi,
são separados por tipo de iniciação do sacerdócio.
Culto de Ifá só inicia Babalawos, não entram em transe.
Culto aos Egungum só inicia Babaojés, não entram em transe.
Candomblé Ketu inicia Iyawos, entram em transe com os orixás.
Candomblé Jeje inicia voduns, entram em transe com Vodum.
Candomblé Bantu inicia muzenzas, entram em transe com Nkisi.
SACERDÓCIO
Nas religiões afro-brasileiras o sacerdócio é dividido em:
Babalorixá ou Iyalorixá – sacerdotes de Orixás.
Babalaxé ou Iyalaxé-sacerdote e líder da sociedade.
Doté ou Dome – sacerdote dos Voduns.
Tatete ou Mameto – sacerdotes de Inkices.
Babalawo – sacerdote de Orunmila- Ifá do culto de Ifá.
Bokonon – sacerdote de Vodum Fá
Babalosaim – sacerdote de Ossaim.
Babaojé - sacerdote do culto aos Egungum. (REVISTA HISTÓRIA VIVA, 2007,
p. 10).
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A família de santo foi à forma de organização que estruturou os terreiros, onde
africanos e seus descendentes se reuniam, estabelecendo vínculos entre si, baseados em laços
de parentesco religioso, além de imanar os iniciados, expande para outros terreiros, parentes
de uma mesma família fundadora.
Cada terreiro de Candomblé é uma família hierarquizada, onde a figura central é
intitulada de mãe-de-santo ou pai-de-santo. (GOMES, 2003, P. 153).
A morte de uma dessas figuras abre sempre uma guerra sucessória. Na sucessão é
importante o critério de senioridade dos candidatos, seu grau iniciático, seu nível de
conhecimento sacerdotal. Mas isso não é suficiente. O resultado da escolha depende da
tradição sucessória da casa, do jogo político entre os membros que pleiteiam o cargo, da
situação jurídica do terreiro (propriedade) entre os herdeiros legais, que podem ou não querer
o cargo, mas sim só a propriedade imobiliária. Em geral, as casas não sobrevivem ao seu
fundador, é provável formação de novas casas pelos dissidentes. Como por exemplo, os
terreiros de Gantois e do Axé Opô Afonjá, originários da Casa Branca do Engenho Velho, que
é grande matriz cultural do Candomblé, fundado em meados do século passado e considerado
o primeiro(GOMES, 2003, p. 156).
Em alguns terreiros a sucessão se faz de mulher para mulher. Em caso de morte
de uma yalorixá, a sucessora é escolhida, geralmente entre suas filhas, na maioria das vezes
por meio de um jogo divinatório Opelle-Ifá ou jogo de búzios. O Candomblé de Gantois
sempre foi dirigido por mulheres, até recentemente a direção de Gantois era de Escolástica
Maria da Conceição Nazaré-conhecida como mãe Menininha, a mais famosa e venerada mãe-
de-santo de todos os tempos. Entretanto, a sucessão pode ser disputada ou pode não encontrar
um sucessor e conduz frequentemente a rachar ou ao fechamento da casa. (GOMES, 2003, P.
159).
17
(www.xangosol.com/fotos.HTM)
Cada um deles tem seu símbolo, o seu dia da semana, sua vestimenta e cores
próprias e como os homens, são temperamentais.
EXÚ
(www.orixasdobrasil.com.br)
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Orixá mensageiro entre os homens e os deuses, guardião da porta da rua e das
encruzilhadas. Só através dele é possível invocar os orixás.
Elemento: fogo.
Personalidade: atrevido e agressivo.
Símbolo: ogó (um bastão adornado com cabaças e búzios).
Dia da semana: segunda-feira.
Colar: vermelho e preto.
Roupa: vermelha e preta.
Sacrifício: bode e galo preto.
Oferendas: farofa com dendê, feijão, inhame, água, mel e aguardente.
Santo católico: demônio.
Características: mensageiro, comunicação, fecundidade, zombaria e vingança.
Local de culto: encruzilhada e cemitério. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, p. 12).
OGUM
(www.sobresites.com>candomblé>orixas)
19
deus da guerra, do fogo e da tecnologia. No Brasil é conhecido como deus guerreiro. Sabe
trabalhar com metal e sem a sua proteção, o trabalho não pode ser proveitoso.
Elemento: ferro.
Símbolo: espada.
Personalidade: impaciente e obstinado.
Dia da semana: terça-feira.
Colar: azul marinho.
Roupa: azul, verde escuro, vermelho ou amarelo.
Sacrifício: galo e bode avermelhados.
Oferendas: feijoada, xinxim, inhame.
Santos católicos: Santo Antonio (Bahia) e São Jorge (Rio de Janeiro).
Características: metalurgia, guerra, vidência.
Local de culto: estrada e caminhos. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, P. 15).
OXÓSSI
(www.sobresites.com./candomblé/)
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deus da caça. É o grande patrono do Candomblé brasileiro.
Elemento: florestas.
Personalidade: intuitivo e emotivo.
Características: agilidade e virilidade.
Símbolo: rabo de cavalo e chifre de boi.
Dia da semana: quinta-feira.
Colar: azul claro.
Roupa: azul ou verde claro.
Sacrifícios: galo e bode avermelhados e porco.
Oferendas: milho branco e amarelo, peixe de escamas, arroz, feijão e abóbora.
Santos católicos: São Miguel (Pernambuco), São Jorge (Bahia), São Sebastião (Rio de
Janeiro).
Local de culto: mata. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, P. 17).
OBALUAIÊ
(www.orixasdobrasil.com.br)
21
Deus da peste, das doenças de pele e atualmente da aids. É o médico dos pobres.
Elemento: terra.
Personalidade: tímido e vingativo.
Características: medicina, saúde, epidemia, morte.
Símbolo: xaxará (feixe de palha e búzios).
Dia da semana: segunda-feira.
Colar: preto e vermelho ou vermelho, branco e preto.
Roupa: vermelha e preta, coberta de palha.
Sacrifício: galo, pato, bode e porco.
Oferendas: pipoca, feijão preto, farofa e milho, com muito dendê.
Santos católicos: São Roque e São Lázaro.
Local de culto: cemitérios. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, P. 19).
OXUM
(www.sobresites.com>candomblé>orixas)
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deusa das águas doces, (rios, fontes e lagos). É também deusa do ouro, da fecundidade, do
jogo de búzios e do amor.
Elemento: água
Personalidade: maternal e tranqüila.
Características: criação, riqueza, feminilidade e fertilidade.
Símbolo: abebê (leque espelhado).
Dia da semana: sábado.
Colar: amarelo ouro.
Roupa: amarelo ouro
Sacrifício: cabra, galinha, pomba.
Oferendas: milho branco, xinxim de galinha, ovos, peixe de água doce.
Santos católicos: Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora
Aparecida.
Local de culto: rios, lagos e cachoeiras. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008. P. 21).
IANSÃ
(www.orixasdobrasil.com.br).
deusa dos ventos e das tempestades. É senhora dos raios e dona da alma dos mortos.
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Elemento: fogo.
Personalidade: impulsiva e imprevisível.
Características: metalurgia, guerra, ritos fúnebres, sensualidade, domínio sobre os mortos.
Símbolo: espada e rabo de cavalo (representando a realeza).
Dia da semana: quarta-feira.
Colar: vermelho, marrom escuro.
Roupa: vermelha.
Sacrifício: galinha e cabra.
Oferenda: milho branco, arroz, feijão e acarajé.
Santos católicos: Santa Bárbara.
Local de culto: cemitério. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008. P. 24).
OSSAIM
(www.orixasdobrasil.com.br)
Deus das folhas e das ervas medicinais. Conhece seus usos e palavras mágicas (ofós), que
despertam seus poderes.
Elemento: matas.
Personalidade: instável e emotivo.
Características: medicina, saúde, doença.
Símbolos: lança com pássaros na forma de leque e feixe de folhas.
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Dia da semana: quinta-feira.
Colar: branco rajado de verde.
Roupa: branco e verde claro.
Sacrifício: galo e carneiro.
Oferendas: arroz, feijão, milho vermelho e farofa de dendê.
Santos católicos: São Benedito, São Roque e São Jorge.
Local de culto: mata. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, p. 26).
NANÃ
(www.hojelusofonia.com/lusofonia/candomble)
deusa da lama e do fundo dos rios, associada a fertilidade, à doença e à morte. É a orixá mais
velha de todas, e por isso muito respeitada.
Elemento: terra.
Personalidade: vingativa e mascarada.
Características: procriação, comunicação, ancestralidade e ritos fúnebres.
Símbolo: ibiri ( cetro de palha e búzios ).
Dia da semana: sábado.
25
Colar: branco, azul e vermelho.
Roupa: branca e azul.
Sacrifício: cabra e galinha.
Oferendas: milho branco, arroz, feijão, mel e dendê.
Santos católicos: Santa Ana.
Local de culto: lama (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, p. 27)
OXUMARÉ
(www.sobresites.com>candomble>orixas)
deus da chuva e do arco-íris. É ao mesmo tempo de natureza masculina e feminina.
Transporta a água entre o céu e a terra.
Elemento: água.
Personalidade: sensível e tranqüilo.
Características: mensageiro, comunicação, transformação, crescimento.
Símbolo: cobra de metal.
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Dia da semana: quinta-feira
Colar: amarelo e verde.
Roupa: azul claro e verde claro
Sacrifício: bode, galo e tatu.
Oferendas: milho branco, acarajé, coco, mel, inhame e feijão com ovos.
Santo católico: São Bartolomeu
Local de culto: poço. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, P. 29).
YEMANJÁ
Considerada a deusa dos mares e oceanos. É a mãe de todos os orixás e
representada com seios volumosos, simbolizado a maternidade, a fecundidade.
Elemento: água.
Personalidade: maternal e tranqüila.
Símbolos: leque e espada.
Dia da semana: sábado
Colar: transparente, verde ou azul claro.
Roupa: branco e azul.
Sacrifício: porco, cabra e galinha.
Oferendas: peixes do mar, arroz, milho, camarão com côco.
Santos católicos: Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora dos Navegantes.
Local de culto: mar e praia. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, p. 30).
A seguir a figura da rainha do mar: Yemanjá.
27
YEMANJÁ
(www.orixasdobrasil.com.br.)
XANGÕ
deus do fogo e do trovão.Diz a tradição que foi o rei de Oyó, cidade da
Nigéria. É viril, violento e justiceiro. Castiga os mentirosos, e protege os advogados e juízes.
Elemento: fogo.
Personalidade: atrevido e prepotente.
Características: chefia realeza, justiça, virilidade.
Símbolo: machado duplo (oxé).
Dia da semana: quarta-feira.
Colar: branco e vermelho.
Roupa: branca e vermelha, com coroa de latão.
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Sacrifício: galo, pato, carneiro e cágado.
Oferendas: amalá ( quiabo com camarão seco e dendê ).
Santos católicos: São Jerônimo e São Pedro.
Local de culto: pedreira. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, p. 31).
(www.hojelusofonia.com/lusofonia/candomble)
OXALÁ
deus da criação. É o orixá que criou os homens. Obstinado e independente, é
representado de duas maneiras: oxaguiã, jovem e oxalufã, o velho.
Elemento: ar
Personalidade: equilibrado e tolerante.
Características: criação, paciência, sabedoria.
Símbolo: oparoxó (cajado de alumínio, com adornos).
Dia da semana: sexta-feira.
Colar: branco.
Roupa: branca.
Sacrifício: cabra, galinha, pomba, pata e caracol.
Oferendas: arroz, milho branco e massa de inhame.
Santos católicos: Jesus Cristo e Nosso Senhor do Bonfim.
Local de culto: todos os lugares. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, P. 32).
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(www.sobresites.com/candomble)
E ainda temos:
ERÊ/IBEJI
Características: espíritos infantis.
Santos católicos: São Cosme e São Damião. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, p. 33).
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(www.sobresites.com/candomble)
O Candomblé é uma religião iniciática e de possessão, extremamente ritualizada.
Para a sustentação social e religiosa do Candomblé, torna-se imprescindível a adesão de
novos fiéis, jovens, para garantir a continuidade do axé.
O noviço passa pelos ritos iniciáticos, é confinado ao ronco, onde permanecerá
isolado do mundo externo e aprendendo uma série de ritos litúrgicos.
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O iniciado é conhecido como abiã e deverá revelar se possui aptidão para o
estado de santo, ou seja, qual orixá deseja ser feito e então receberá suas primeiras insígnias,
formadas de fios de contas nas cores dos seus deuses tutelados. (SILVA, 1996, P. 50).
Um recém iniciado passa de um a seis meses vivendo dentro de severas
restrições. É o tempo de quelê, o período em que o abiã usa um colar de contas junto ao
pescoço. Enquanto usar o quelê, ele deve vestir branco, comer com as mãos e sentar-se só no
chão. Estão proibidas as relações sexuais e os pratos que não sejam o de seu orixá.
Outro momento do abiã no axé é o ritual do bori, que consiste no oferecimento de
comida a sua cabeça (ao ori), com o objetivo de fortificá-lo para receber o orixá, inúmeros
banhos, rituais também são realizados para a purificação do abiã. (SILVA, 1996, P. 51).
O oro é a cerimônia de assentamento do orixá, quando o iniciado tem sua cabeça
raspada e são sacrificados os animais, correspondentes ao orixá que está sendo assentado. A
cabeça do iniciado recebe sangue dos animais sacrificados, relacionando o corpo do iniciado
com o símbolo dos orixás. (SILVA, 1996, p. 52).
A saída do iaô marca a apresentação do iniciado à comunidade com a realização
de uma grande festa pública, que termina com o ajeum (degustação ritual), quando as comidas
feitas com as carnes dos animais sacrificados são servidas aos presentes.
As obrigações não terminam por aí, o iniciado que agora se chama iaô, terá ainda
de cumprir três rituais, depois de um ano, três anos e sete anos, com sacrifícios, toques e
oferendas. Só depois ele pode se candidatar a ebômi, o degrau seguinte da hierarquia.
(REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, P. 55).
(www.xangosol.com/fotos.HTM)
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O TOQUE
É o mesmo que festa e se refere a batida dos atabaques, que convoca os orixás. A
estrutura da cerimônia chamada ordem de xirê (brincadeira na língua ioruba), dividida a festa
em três partes: a primeira acontece à tarde, com o sacrifício, a oferenda e o padê de Exu; a
segunda é a festa em si, a noite, na presença do público, quando os filhos de santo incorporam
os orixás. E a terceira fase, o encerramento, com a roda de Oxalá, o deus criador do homem.
(SOARES, 2002, P. 77).
O SACRIFÍCIO
Acontece apenas diante dos membros da comunidade de santo e envolve no
mínimo dois animais: um, de duas patas, para Exu e outro de quatro patas, macho ou fêmea,
dependendo do sexo do orixá a ser homenageado. Quem realiza o sacrifício é o ogã oxogum,
um iniciado no Candomblé especialmente preparado para isso. Os bichos são mortos com um
golpe na nuca. Depois, a cabeça e os membros são cortados fora e o animal, sacrificado vai
sangrar até a última gota até ser destinado à oferenda.(SOARES, 2002, p. 79).
A OFERENDA
Depois do sacrifício, a moela, o fígado, o coração, os pés, as asas e a cabeça são
separadas e oferecidas aos orixás, homenageado num vaso de barro, chamado alguidar; O
sangue recolhido numa espécie de moringa, é derramado sobre o assentamento do santo, ou
seja, o local onde ficam seus objetos e símbolos. As partes restantes são destinadas ao jantar
oferecido aos orixás, ainda a tarde, e aos participantes, ao final da festa pública, à noite.
(SOARES, 2002, p. 81).
O PADÊ DE EXÚ
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Este também é um ritual fechado ao público, significa despacho de Exu. É ele
quem faz a ponte entre o mundo natural e o sobrenatural. Portanto, é ele quem convoca os
orixás para a festa dos humanos. Para isso, é preciso agradá-lo oferecendo comida (farofa com
dendê, feijão ou inhame) e bebida (água, cachaça e mel). As oferendas são levadas para fora
do barracão e a porta da entrada é batizada com a bebida. Já que é Exu o guardião da entrada e
das encruzilhadas ( por isso é comum ver oferendas em esquinas, nas ruas e em encruzilhadas,
nas estradas.
O tempo decorrido depois da feitura é um fator que permitirá ao iniciado ascender na
hierarquia do terreiro, podendo mesmo chegar ao cargo de pai-de-santo ou mãe-de-santo.
(LODY, 1987, p.67).
(www.xangosol.com/fotos.HTM)
CANDOMBLÉ KETU
É a maior e a mais popular nação do Candomblé. O Candomblé Ketu ficou
concentrado em Salvador, passou a se chamar Ilê Iyá Nassô mais conhecido como Casa
Branca do Engenho Velho, sendo a primeira nação Ketu no Brasil, de onde saíram os
Iyalorixás que fundaram o Ilê Axé Opô Afonjá e o terreiro de Gantois. (NUNES, 1979, p.
183).
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Olorum também chamado Oludumaré é o deus supremo, que criou as
divindades dos orixás (orisã) em ioruba. As centenas de orixás ainda são cultuados na África,
mas ficou reduzido num pequeno número que são invocados em cerimônias.
Na África cada orixá estava ligado originalmente a uma cidade ou a um país
inteiro. Tratava-se de uma série de cultos regionais.
No Brasil em cada templo religioso são cultuados todos os orixás, a
diferença está no idioma, no toque dos ilus (atabaque no ketu), nas cantigas, nas cores usadas
pelos orixás, os rituais mais importantes são: padê, sacrifício, oferendas, iniciação, axexê,
águas de Oxalá, peté de Oxum. (NUNES, 1985, p. 185).
A língua sagrada usada em rituais do ketu é o ioruba ou nagô, é derivado da
língua ioruba. O povo do ketu procura manter-se fiel aos ensinamentos dos africanos que
fundaram as primeiras casas, reproduzem os rituais, rezas. Lendas, cantigas, comidas, festas, e
os ensinamentos são passados oralmente.
As posições principais do ketu são chamadas de cargo ou posto, em
Iyoruba Oloyes, Ogãns e Ayoés em termos de autoridade. (NUNES, 1979, p. 190).
(www.orixasdobrasil.com.br)
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São momentos fundamentais e de extrema reverência aos orixás, são, portanto,
momentos esperados com ansiedade pelo povo-de-santo, isto é, simboliza o período no quais
os orixás descem a Terra, no corpo de seus filhos tutelados para danças, representando mitos e
distribuir o seu axé, por meio de movimentos, sons, sabores, palavras e gestos, que são as
várias formas de seu conteúdo. (SILVA, 1996, p. 203).
As festas funcionam também como uma vitrine pública da religião-ao som da
música vocal e instrumental, o povo-de-santo se orgulha de suas roupas da dança, de seus
orixás, do sabor da comida que serve da execução perfeita dos tambores. Para os que
assistem, elas são um verdadeiro espetáculo musical, como:
A música ritual (cantiga), ela dá forma a conteúdos que não podem ser expressos
em outras linguagens e tem funções ordenadoras, das palmas em seqüência rítmica (paó) ao
toque (xiró).
A dança caracteriza o momento do transe, em que os adeptos sutilmente
incorporam gestos, passos, movimentos e linguagens, traduzindo a personalidade do deus
tutelar (Ogum guerreando, Oxóssi caçando, Iansã espantando os eguns, Ogum com
sensualidade e suavidade feminina, Oiá e os passos rápidos, fluidez do vento), etc. (SILVA,
1996, p.208).
A orquestra do Candomblé é formada por três atabaques: o maior, rum; o médio,
rumpi e o pequeno, lê. Os atabaques percutidos com os aguidavis (varetas) identificamos
terreiros ketu e jêje, e percutir com as mãos identificam os terreiros angola-congo caboclo.
Os atabaques são utilizados para enviar e receber mensagens espirituais, sua
utilização é reservada aos alabês, considerado um orador e um comunicador das mensagens
sagradas. Findo o toque, os atabaques são cobertos por um pano branco, indicando o fim da
música e também o fim da festa, permanecendo assim sob a proteção de Oxalá. (SILVA, 1996,
p. 210).
(www.orixasdobrasil.com.br)
As festas também marcam a passagem do tempo para o povo-santo. O ano
litúrgico do Candomblé é organizado de acordo com a realização das festas dos orixás e estes
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comemorados paralelamente aos santos católicos. Sendo assim, a vida nos terreiros é uma
permanente produção de festas, das horas de xiré e de muito axé. (SILVA, 1996, p. 211).
(www.xangosol.com/fotos.HTM)
Muitas festas não tem dia certo para acontecer. As festas são normalmente
associadas aos dias santos do catolicismo. As datas podem variar de terreiro para terreiro, de
acordo com a disponibilidade e a possibilidade da comunidade. (CADERNOS TEMÁTICOS,
2006, p. 7).
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(www.orixas.com.br)
As principais festas ao longo do ano são:
Abril- feijoada para Ogum e festa de Oxóssi (associado a São Sebastião), em qualquer dia.
Junho: fogueira de Xangô (associados a São João e São Pedro), dias 24 e 29.
Agosto: festa para Obuluaiê (associado a São Lázaro e São Roque) e festa de Oxumaré
(associado a São Bartolomeu), em qualquer dia.
Setembro: começa o ciclo das festas chamado águas de Oxalá, que pode seguir até dezembro.
Festa de Erê, em homenagem aos espíritos infantis (associados a São Cosme e Damião). Festa
das iabás (esposas dos orixás) e festa de Xangô (associado a São Jerônimo), em qualquer dia.
Dezembro: festa das iabás, Iansã (Santa Bárbara), dia 4; Oxum e Yemanjá (associadas a
Nossa Senhora da Conceição) dia 8. Yemanjá é também homenageada na passagem do ano.
Janeiro: festa de Oxalá (coincide com a festa do Senhor do Bonfim), em Salvador, no segundo
domingo, depois do Dia de Reis, 6 de janeiro.
Quaresma: o encerramento do ano litúrgico acontece durante os quarenta dias que
antecederam a Páscoa, com o Lorogun, em homenagem a Oxalá. (CADERNOS
TEMÁTICOS, 2006, p. 8).
Nas festas, os homens na fileira à direita da porta. As mulheres do lado esquerdo,
separados para evitar um eventual namoro. O barracão é decorado à tarde. O teto de telha-vã
foi escondido por bandeirolas brancas e vermelhas, as cores de Xangô. As paredes enfeitadas
com flores, e folhas de palmeira de dendê desfiadas. Na madrugada, os filhos de santo fizeram
os sacrifícios para o orixá homenageado. Nas primeiras horas da manhã, as filhas de santo
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preparam a comida. Durante a tarde, foi feita a oferenda aos deuses, e Exu, o mensageiro dos
homens e os orixás, foi despachado. (CADERNOS TEMÁTICOS, 2006, p. 10).
Os orixás são invocados com cantigas próprias e os filhos de santo entram na
roda, um por um, na chamada ordem do xire, o filho de Ogum, seguido pelos filhos de
Oxóssi, Obaluaiê e assim por diante.
Ao som do atabaque, cada integrante da roda entra em transe, agora os filhos
incorporam os orixás e dançam até que o pai-de-santo autorize, com um aceno, sua saída, para
serem arrumados pelas camareiras chamadas equedes. Logo depois, eles voltam ao barracão,
vestindo roupas, colares e enfeites típicos dos seus santos. Ao ouvir seu cântico, cada um
começa a dançar sozinho com uma coreografia que conta a origem de cada incorporado.
(REVISTA HISTÓRIA VIVA, 2007, p. 12).
É quase meia-noite quando os atabaques tocam as cantigas de Oxalá. Saudado
Oxalá, é hora da comunhão com os deuses e os pratos são servidos. As divindades têm
defeitos humanos.
Em qualquer terreiro, a entrada dos orixás na festa segue sempre a mesma
seqüência da ordem do xiré. Depois de despachar Exu, o primeiro a entrar na roda é Ogum,
seguido de Oxóssi, Obaluaiê, Ossaim, Xangô, Oxum, Iansã, Nana, Yemanjá e Oxalá.
(REVISTA HISTÓRIA VIVA, 2007, p. 13).
Segundo a tradição, os deuses do Candomblé tem origem nos ancestriais dos clãs
africanos, divinizados há mais de 5000 anos. Acredita-se que tenham sido homens e mulheres
capazes de manipular as forças da natureza, ou que trouxeram para o grupo, conhecimentos
básicos para a sobrevivência, como a caça, o plantio, o uso das ervas na cura de doenças e a
fabricação de ferramentas. (SOARES, 2002, p. 81).
Os orixás estão longe de se parecer com os santos cristãos. Ao contrário, as
divindades do Candomblé têm características muito humanas, são vaidosos, temperamentais,
briguentos, fortes, maternais ou ciumentos. Enfim, tem personalidade própria. Cada traço da
personalidade é associado a um elemento da natureza e da sua cultura: o fogo, o ar, as águas,
a terra, as florestas e os instrumentos de ferro.
Na África, existem mais de 200 orixás. Na vinda de escravos para o Brasil,
grande parte dessa tradição se perdeu. Hoje, o número de orixás conhecido no país está
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reduzido a dezesseis. E mesmo desse pequeno grupo, apenas doze ainda são cultuados.
(SOARES, 2002, p. 83).
(www.xangosol.com/fotos.HTM).
A SABEDORIA DA MORTE E DA ADIVINHAÇÃO
Como toda religião, o Candomblé tem sua maneira própria de encarar a morte.
Segundo a crença, a alma vive o Orum, que corresponde mais ou menos, ao céu dos católicos.
Ela é imortal e faz várias passagens do Orum para a vida terrena. Cada um tem um controle
sobre essas viagens, quem tem uma boa experiência em vida, pode escolher um destino
melhor, na vida seguinte. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, p. 14).
Aqui na Terra nada que se refira aos deuses e ao futuro pode ser dito sem a
consulta ao Ifá, ou seja, o jogo de búzios, conchas usadas como oráculo. O Ifá revela o orixá
de cada um e orienta na solução de problemas.
O jogo usa dois caminhos: a aritmética e a intuição. Pela aritmética é contado o
número de conchas, abertas ou fechadas, combinadas duas a duas. Para interpretar todas as
combinações possíveis dos búzios, o pai-de-santo conhece de cor 250 lendas que traduzem as
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mensagens dos deuses, isso não é nada raro no Candomblé, onde nada é escrito. Toda
sabedoria é transmitida oralmente. (REVISTA CANDOMBLÉ, 2008, p.15).
No outro sistema de adivinhação, o intuitivo, o pai-de-santo estuda a posição
dos búzios em relação a outros elementos na mesa, com uma moeda ou um copo de água. Se o
búzio cai perto da moeda, por exemplo, pode indicar que não há problema com dinheiro. Mas
é preciso estar preparado: os orixás cobram pela consulta, uma obrigação, uma reza para o
santo católico e vela para o orixá. (LODY, 1987, p. 68).
Abiã – freqüentador ou simpatizante do terreiro, que ainda não foi iniciado.
Adés – coroas de contas com franjas que cobrem o rosto, simboliza o poder teocrático dos
descendentes dos iorubas.
Assentamento – conjunto de objetos (pratos, ferro, búzio, pedra), que representa o orixá.
Atabaque – instrumento de percussão usado na orquestra das cerimônias dos orixás.
Axé – energia vital, força mágica espiritual, elemento dinâmico da natureza. Todos os
indivíduos têm um axé individual e cada terreiro também tem um axé especial.
Axexê – cerimônia fúnebre do Candomblé de rito nagô.
Babalaô – adivinho; praticante dos jogos adivinhatórios.
Babalorixá – sacerdote, o mesmo que pai-de-santo.
Bori – ritos para o fortalecimento espiritual da cabeça (ori) de uma pessoa.
Candomblé – termo de origem banta que significa culto ou invocação.
Cauris – conchas, usadas no processo de adivinhação no jogo de búzios.
Descarrego – ritos (banhos, passes, etc.) que visam afastar as energias negativas e abrir os
caminhos de uma pessoa.
Despacho – oferenda alimentar ou sacrifício de animal feitos em homenagem a divindades
para obter sua ajuda e proteção na solução do problema.
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Egum – morto; ancestral; pessoa que atingiu o status de pertencer ao elenco de divindades
cultuadas. O egum distingue-se do orixá por ser um tipo de retorno ao mundo da natureza,
enquanto o orixá é a própria natureza, significando basicamente a vida. O egum é cultuado em
um local especial, como no quarto de balé no terreiro de Candomblé ou em terreiro dedicado
especialmente ao culto dos antepassados, chamados de egungum.
Ilê Ifé - Terra, o que é vasto, o que se alarga, segundo a concepção ioruba, foi criada por
Oludumaré ou Olorum.
Inquice – divindade, categoria de ser divino; termo empregado nos Candomblés das nações
angola e angola-congo.
Iaô – iniciado no Candomblé até o sétimo ano.
Ialorixá – mãe-de-santo.
Nagô – proveniente da nação ioruba.
Oduduá – chefe político, fundador do reino ioruba.
Ogã – homem que não entra em transe e ocupa cargos honoríficos.
Ogã Alabê – tocador de atabaques no Candomblé.
Ogã axogum – pessoa encarregada do sacrifício ritual de animais no Candomblé;
Ogã Pejigã – pessoa encarregada dos altares do terreiro.
Peji – lugar ou altar onde são colocados e cultuados objetos sagrados das divindades do
Candomblé.
Quelê – colar de contas usado rente ao pescoço, durante algum tempo, como símbolo da
recente iniciação.
Ronco – quarto onde são realizados os rituais da iniciação.
Vodu – nome pelo qual são conhecidas as religiões de origem africana no Haiti. Popularmente
designa feitiço, trabalho, magia feita para prejudicar alguém.
Vodum – nome genérico das divindades no terreiro de rito jeje. (REVISTA CANDOMBLÉ,
2008, p. 19).
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(www.xangosol.com/fotos.HTM)
No Candomblé, as vestimentas e as chamadas ferramentas, são signos essenciais da
entidade divina, o Orixá, mas é no movimento que se expressa sua natureza fundamental.
Assim, a dança da forma como ocorre no toque e nas cerimônias públicas, serve de apoio à
incorporação dos orixás e seus médiuns, quando se apresentam aos devotos. (REVISTA
HISTÓRIA VIVA, 2007, p. 14).
A dança africana expressa muitas coisas, muitos sentidos. No momento que uma filha-
de-santo dança para Oxumk ela está criando a água doce, não só através do movimento, mas
através da memória da estética africana. É a memória da tradição, da ancestralidade e do
antigo equilíbrio da natureza, da época na qual não existiam diferenças, nem separação entre o
mundo dos seres humanos e dos deuses. A beleza da dança é dada pela transmissão da
harmonia, que liga algo dentro e algo fora, o corpo e o espírito, a natureza e o homem.
A dança e a música são associadas à história das etnias africanas, a visão do mundo, a
organização da sociedade e as crenças religiosas e várias funções como aquela de fortificar o
grupo e o conhecimento a comunidade sobre ela mesmo, além de expressar a identidade
individual e espiritual da dançarina. (REVISTA HISTÓRIA VIVA, 2007, P. 15).
A dança sagrada contempla dois aspectos: um lado exterior e um lado interior. O
primeiro é transmitido por meio de movimentos, as roupas litúrgicas e os objetos sagrados. O
segundo é a transformação interna em algo diferente da identidade cotidiana, é o duplo
espiritual que encontra-se no Orum e vem ao mundo dos homens através do som produzido
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pelos atabaques(são três, de tamanhos diferentes, que são tocados em conjunto: o rum, o
rumpi e o lê).
O aspecto exterior são as roupas litúrgicas, os materiais com os quais são costurados,
que nos contam as fontes de subsistência, como por exemplo, uma roupa de conchas mostra
que a comunidade vive da pesca e nos indica qual seja sua posição na hierarquia social
(através da posição de algumas partes do vestido percebe-se que são mulheres iniciadas ou
não e há quanto tempo são filhas de uma divindade feminina ou não); as ferramentas, objetos
sagrados do orixá revelam a qualidade do orixá, a sua ligação metodológica e a sua função,
como por exemplo, o abebê, um leque e espada de Yemanjá relatam o lado guerreiro da
deusa, a sua ligação com o mundo feminino representado por meio da forma redonda do
abebê e da cor de prata, do mesmo que lembra a lua, elemento feminino por excelência.
A presença do ritmo no barracão rememora os atributos místicos das divindades. Desse
modo, um deus guerreiro, como Ogum, estabelece uma coreografia, na qual, os movimentos
serão ágeis, rápidos e vigorosos, adequando-se ao ritmo executado, diferente dos passos
lentos, ondulantes de Oxum, uma deusa das águas, de música de Oyá, e é caracterizada por
grande rapidez, agressividade, determinação. Percebe-se assim, a personalidade da deusa que
expressa o elemento ar em movimento, enquanto a música de Yemanjá é caracterizada por
movimentos lentos e amplos, que expressam o movimento das ondas do mar. (REVISTA
HISTÓRIA VIVA, 2007, p. 16).
(www.orixasdobrasil.com.br)
Cada divindade possui seu próprio repertório de danças e um repertório próprio de
cantigas nas quais são relatados os fatos místicos da vida. O adarum é o ritmo mais citado
como característica de Ogum. É um ritmo quente, rápido e contínuo, que pode ser executado
sem canto, ou seja, apenas pelos atabaques.
(www.orixasdobrasil.com.br)
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O aguerê é o ritmo de Oxóssi. É acelerado, cadenciado, e exige agilidade na dança. O
ritmo do obaluaê é o opanijé, um ritmo pesado, por pausas e lento. O barrum é
frequentemente escolhido para saudar oxumaré, ewá e oxalá. É um ritmo relativamente
rápido, dobrado e repicado.
A dança preferida de Xangô se faz ao som do alujá, um ritmo quente, rápido, que
expressa força e realeza, recordando através do dobrar rigoroso do rum, os trovões dos quais
Xangô é o senhor. (REVISTA HISTÓRIA VIVA, 2007, p. 17).
Na festa pública do Candomblé são reconhecíveis dois tipos de danças:
Um primeiro tipo, no começo da festa, o xerê (literalmente brincar), onde se canta para
todos os orixás, no mínimo três cantigas acompanhadas pelas danças. Essas danças são
precisas, porque são executadas ainda em estado consciente e seguem um padrão fixo, a
depender do orixá dono da festa. São danças de invocação e de preparação. Os movimentos
são de dimensão pequena e chamam-se “dançar pequenino”. Servem para concentrar energias,
mas também para as pessoas entrarem e prepararem-se para receber os orixás.
Um segundo tipo, são danças realizadas durante o transe, e é o próprio orixá que dança
nesse momento, seguindo o rítmo sagrado dos tambores. Nessa segunda parte, o andamento
da festa não é fixo, porque apesar se existir um padrão, não se pode saber exatamente quais
serão as coreografias que os orixás vão dançar, pois o andamento depende de várias causas
visíveis ou não.
A dança dos orixás são todas diferentes. Como por exemplo, as danças de Oyá ou
Iansã, ligada aos ventos e às tempestades. Nas coreografias de Oyá, os passos são pequenos e
rápidos, ela é o elemento ar em movimento, enquanto os braços movimentam-se com força
afastando qualquer um de sua frente. Todos esses aspectos e mais outros são expressados nas
suas danças, nas quais existem os seguintes aspectos gerais:
Um movimento circular, no começo para libertar o espaço sagrado. Essa rotação é feita
também com movimentos dos braços, que viram com o corpo todo e simbolizam o ar em
movimento.
Um movimento com linhas quebradas e continuamente mutante de direção.
Um movimento nervoso, com impulsos súbitos e rápidos, que descreve a eletricidade e
a impaciência dessa energia.
Um movimento fluído e leve, que expressa o ar leve e a doçura do orixá. Oyá – Iansã
ocupa muito espaço enquanto dança, às vezes abre os braços, puxa a cabeça para trás e roda
sobre si mesma, desenhando uma espiral com o próprio corpo. (REVISTA HISTÓRIA VIVA,
2007, p. 20).
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A dança de Yemanjá representa a onda do mar, e expressa o nível feminino da
fecundidade, da reprodução, do interno e por isso, é mais chegado ao nível baixo, aos órgãos
sexuais e da reprodução, ao útero.
As danças dos orixás são estruturadas em coreografias executadas no xirê, ou durante a
incorporação. São muitas e diferentes e ainda muito mais complexas. (REVISTA HISTÓRIA
VIVA, 2007, p. 21).
(www.orixasdobrasil.com.br.)
Afirmar que na essência dos rituais religiosos do Candomblé existe um sincretismo
total, seria descaracterizar as matrizes originais das nações étnicas africanas, o que se pode ser
afirmado, é que existe paralelismo entre os orixás e santos católicos, e que também existe
mistura de certos rituais da missa com os cultos, pelo povo-de-santo. (NUNES, 1979, p. 57).
Na verdade, quando analisamos os ritos religiosos percebemos que todos os sistemas
religiosos baseiam-se em categorias de pensamento mágico que fascina os fiéis, como, por
exemplo, a celebração da missa, que é carregada de atos simbólicos ou mágicos (as bênçãos, a
transubstanciação, aspergir água benta, a purificação dos incensos, as velas acesas, preces
para afastar maus espíritos e as missas fúnebres), tanto quanto o ritual de Candomblé ou
Umbanda.
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Através do sincretismo, africanizamos os santos católicos e santificamos os orixás,
voduns, inquices, caboclos. (LODY, 1979, P. 60).
A presença do sincretismo não descaracterizou a tradicionalidade dos cultos afros e
muitos adeptos dos cultos afros reconhecem os limites entre o santo católico e o deus
africano.
No tempo das senzalas os negros para poderem cultuar seus orixás, inquices e voduns
usaram como camuflagem um altar com imagens de santos católicos e por baixo os
assentamentos escondidos, e segundo alguns pesquisadores este sincretismo já havia
começado na África, induzida pelos próprios missionários para facilitar a conversão.
Depois da libertação dos escravos começaram a surgir às primeiras casas de
Candomblé e é fato de que ele tenha incorporado o Cristianismo, pois crucifixo e imagens
eram exibidos nos templos, os orixás eram frequentemente identificados com os santos
católicos. (LODY, 1979, p. 61).
(www. Sobresites.com/candomblé/)
Mesmo usando imagens e crucifixos, inspiravam perseguições por autoridades e pela
igreja católica que viam o Candomblé como paganismo e bruxaria, muitos mesmo não
sabendo o que era isso.
Nos últimos anos, tem aumentado um movimento “fundamentalista” em algumas casas
de Candomblé, que rejeitam o sincretismo aos elementos cristãos e procuram recriar um
Candomblé “mais puro”, baseado exclusivamente nos elementos africanos. (SILVA, 1996, p.
214).
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Nas religiões afro-brasileiras, que na maioria são religiões derivadas das religiões
tribais africanas, são contra o aborto e um dos motivos é o religioso. O africano vê o filho
como continuação da própria vida; filho é o bem mais precioso que o homem africano possa
ter, em conseqüência disso, foram trazidos para o Brasil, alguns conceitos:
No conceito social: amparam e orientam as adolescentes e mulheres grávidas.
No conceito religioso, Exum é quem governa o processo de fecundidade, cuida do
embrião, evita o aborto espontâneo, não aprova o aborto provocado, mantém a criança viva e
sadia na barriga da mãe até o nascimento. Uma mulher quando não consegue engravidar,
recorre a Oxum.( II SIMPÓSIO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E
AFRICANA, 2007).
(www.angelfire.com/ab/umbandista)
48
É uma religião formada dentro da cultura religiosa brasileira que sincretiza vários
elementos, incluindo outras religiões como o catolicismo, o espiritismo e as religiões afro-
brasileiras.
As raízes da Umbanda são difusas. Entretanto, podemos afirmar que ela foi criada em
1908 pelo médium Zélio Fernandino de Moraes sob a influência do caboclo das Sete
Encruzilhadas.
Mantém-se na Umbanda um sincretismo religioso com o catolicismo e seus santos.
(NEGRÃO, 1979, p.16).
Há discordância sobre as cores votivas de cada orixá conforme o local do Brasil e a
tradição seguida por seus seguidores. Da mesma forma quanto ao santo sincretizado a cada
orixá. Alguns exemplos:
Exu – Santo Antonio no Rio de Janeiro.
Ogum – São Jorge ou Santo Antonio, na Bahia.
Oxóssi – São Sebastião no Brasil, São Jorge na Bahia.
Xangô – São Jerônimo, São João Batista, São Miguel Arcanjo.
Yemanjá – Nossa Senhora dos Navegantes.
Oxum – Nossa Senhora da Conceição.
Iansã – Santa Bárbara.
Omulu – São Roque.
Oba – Santa Rita de Cássia, Santa Joana D!Arc.
Obaluaê – São Lázaro.
Nanã – Santa Ana.
Egunita – Santa Sara Kali
Oxalá – Divino Jesus Cristo, o ser cristalino. (NEGRÃO, 1979, p. 18).
Os fundamentos da Umbanda variam conforme a vertente que a pratica. Existem
alguns conceitos básicos:
49
(www. Sitiopt.com/...terreiro-de-umbanda e candomblé.HT)
A existência de uma fonte criadora universal, um deus supremo, chamado Olorum
Zambi.
A obediência aos ensinamentos básicos dos valores humanos, como fraternidade,
caridade e respeito ao próximo.
O culto aos orixás como manifestações divinas, em que cada orixá controla e se
confunde com um elemento da natureza do planeta ou de própria personalidade humana.
A manifestação dos guias para exercer o trabalho espiritual incorporado em seus
médiuns ou “aparelhos”.
O mediunismo como forma de contato entre o mundo físico e o espiritual, manifesta de
diferentes formas.
Uma doutrina, uma regra, uma conduta moral e espiritual que é seguida em cada casa
de forma variada e diferenciada, mas que existe para nortear os trabalhos de cada terreiro,
A crença na imortalidade da alma.
A crença na reencarnação e nas leis cármicas.
Um deus único e superior.
Como deus, em sua benevolência e em sua força emana de si e através dos orixás e dos
guias(espíritos desencarnados), seu amor, auxiliando os homens em sua caminhada para a
elevação cultural e espiritual.(NEGRÃO, 1979, p. 18).
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A Umbanda tem como lugar de culto, o templo, terreiro ou centro, que é o local onde
os umbandistas se encontram para a realização do culto aos orixás e dos seus guias, que na
Umbanda denominam-se giras
O chefe do culto no centro é o sacerdote ou sacerdotiza (pode ser babá, zelador,
dirigente, diretor), de culto, mestre ou mestra, sempre dependendo da forma escolhida em
cada casa.
Sãos os médiuns mais experientes e com maior conhecimento, que normalmente são os
fundadores do terreiro. São que coordenam as sessões/ giras e que vão incorporar o guia
chefe, que comandará a espiritualidade e a materialidade durante os trabalhos. (NEGRÃO,
1979, p. 20).
Como uma religião espiritualista, a ligação entre os encarnados e os desencarnados se
faz por meio dos médiuns.
Na Umbanda existem vários tipos de classes de médiuns, de acordo com o tipo de
mediunidade. Normalmente, há os médiuns de incorporação que irão emprestar seus corpos
para os guias e os orixás. (NEGRÃO, 1979, p. 21).
Há também os atabaqueiros que transmitem a vibração da espiritualidade superior por
via dos atabaques, criando um corpo energético favorável à atração de determinados espíritos,
sendo muitas vezes responsáveis pela harmonia do guia.
Há os corimbas, que são os que comandam os cânticos e as cambonas, que são
encarregadas de atender as entidades supervisionando todo o material necessário para a
realização dos trabalhos. (NUNES, 1979, p. 17).
51
(www. Paimaneco.org. filosofia-quimbanda.asp)
Segundo a Umbanda, as entidades que são incorporadas pelos médiuns podem ser
pretos velhos, boiadeiros, mineiros, crianças, marinheiros, ciganos, baianos, orientais, xamãs
e exus.
AS SESSÕES
O culto nos terreiros é dividido em sessões de desenvolvimento e de consulta e essas,
subdivididas em giras.
Nas sessões de consulta, onde comumente podemos encontrar pretos-velhos, caboclos,
ciganos. As pessoas conversam com as entidades afim de obter ajuda e conselhos para suas
vidas, curas, descarregos e para resolver problemas espirituais diversos. As ocorrências mais
comuns nessas sessões são o passe e o descarrego. No passe, a entidade reorganiza o campo
energético astral da pessoa, energizando-a e retirando toda a parte fluídica negativa que nela
possa estar.
O descarrego é feito com o auxílio de um médium, o qual irá captar a energia negativa
da pessoa e transferir para os assentamentos ou fundamentos do terreiro que contém
elementos dissipadores dessas energias. (NEGRÃO, 1996, p. 27).
Nos dias de consulta há o atendimento da assistência e nos dias de desenvolvimento há
as giras mediúnicas, que são fechadas à assistência, onde os sacerdotes educam e ensinam os
mecanismos próprios da mediunidade.
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Estes são alguns nomes de pretos-velhos que baixam prestando inúmeras caridades: Pai
Joaquim de Angola, Pai Joaquim do Congo, Tia Maria, Vovó Benedita, Vovó Maria Conga,
Vovó Maria Redonda, Vovó Cambinda, Vovó Luiza, Vovô Rei do Congo, Vovó Catarina de
Angola.
Caboclo – no culto da Umbanda, Oxóssi é o chefe da linha dos caboclos. O caboclo,
imagem do indígena nativo de nossa terra e quando incorporado, presta caridade, passes,
cantos, danças e anda de um lado para o outro. Conhecedores de muitas ervas, os caboclos
tem um papel muito importante. Já os remédios de ervas são plantas que combinadas ou
sozinhas, para aliviar a dor ou mesmo curar doenças.
Alguns nomes de caboclos: Caboclo 7 Estrelas, Caboclo 7 Flexas, Caboclo Guará,
Caboclo Jurema, Caboclo Jandira, Caboclo Pena Branca.(NEGRÃO, 1996, p. 30).
OS ORIXÁS
Os orixás são divindades manifestadas por deus (olorum), com suas qualidades divinas.
Para cada qualidade divina há um orixá, uma individualização de deus, como totalidade
original regendo um aspecto ou Estado na criação. Dentre esses Estados da criação, existem
elementos e sentidos nos quais se valem as leis divinas. Essas leis, imutáveis são o código
supremo da vida, que mantém o equilíbrio universal do Universo manifestado. Os poderes
divinos dos orixás são místicos, que se traduzem como poderes infinitos e em movimento
constante.
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(www. Alunosonline.com. br/relogiao/umbanda)
Cada mistério divino se manifesta no Universo como símbolos, elementos, sentidos,
movimentos e cores.
Sentidos – amor, conhecimento, justiça, lei, evolução, geração.
Elementos – cristal, vegetal, fogo, ar, terra e água.
Movimentos – caminhos, passos, passagens.
Símbolos – triângulo, símbolo do equilíbrio e da sabedoria.
Cruz – símbolo da fé e da evolução.
Pentagrama – símbolo da união dos quatro elementos básicos (fogo, água, terra, ar),
criando o tempo ou elemento cristalino.
Hexagrama – símbolo da justiça.
Heptagrama – símbolo da sagrada irradiação da vida.
Octograma – símbolo da união dos sete símbolos sagrados, gerando o símbolo maior.
Círculo – sómbolo da plenitude, todos os símbolos se manifestam dentre dele( Todo).
Cores – branca associada à fé, azul clara associada à vida; azul escuro, associada a lei;
verde, associada à evolução; rosa, associada ao amor; laranja, associada à justiça; amarelo,
associada à lei; vermelho, associado à justiça; marrom associado à evolução; roxo, associado
à geração; lilás associado à evolução; violeta associada à evolução; magenta associada ao
conhecimento; prata associada ao vazio.(NEGRÃO, 1983, p. 24).
Associados aos orixás temos:
Fé – Oxalá (masculino), Logunã (feminino).
Amor – Oxum (feminino), Oxumaré (masculino).
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Conhecimento – Oxóssi (masculino) e Oba (feminino).
Justiça – Xangô (masculino) e Iansã (feminino).
Lei – Ogum (masculino) e Iansã (feminino).
Geração – Yemanjá (feminino) e Omulu (masculino).
Evolução – Obaluaiyê (masculino) e Nanã Buruquê (feminino).
Elementos e cores:
Oxalá – cristalino – branco
Logunã – tempo – azul escuro.
Oxum – mineral – rosa.
Oxumaré – aquático – cristalino – azul claro.
Oxóssi – vegetal – verde.
Oba – vegetal – telúrico – magenta.
Xangô – ígneo – fogo – vermelho.
Egunitá – ígneo – fogo-laranja.
Ogum – eólico (ar) – vermelho/azul escuro.
Iansã – eólico (ar)- amarelo – vermelho.
Obaluaiyê – aquático – azul claro.
Nanã Buruquê – água – terra – lilás.
Yemanjá – aquático – azul claro.
Omulu – terra – água – roxo. (NEGRÃO, 1983, p. 23).
Ponto de Forças dos Orixás
Cada orixá como regente ou guardião de um estado na criação, tem no plano material,
locais específicos chamados pontos de força. Estes pontos de força podem ser tanto utilizados
pelos umbandistas para consagração a seus médiuns nos Orixás( Amaá), como para oferenda-
los (ebós).(NUNES, 1979, p. 29).
Oferendas
As oferendas são mistérios na criação e não podem ser confundidas com o que
antigamente se chamava comida do santo.
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Os elementos depositados em uma oferenda, são um elo de ligação que fazemos
quando oferecemos ao orixá, pedindo algo para nós ou nossos semelhantes. Eles se utilizam
desses elementos para agir diretamente sobre nós no plano material.
Cada orixá possui elementos próprios, portanto para suas oferendas devemos construí-
la baseados nas suas afinidades, como por exemplo:
Fitas – nas cores dos orixás, a branca; panos das cores dos orixás.
Pontos de Força
(www. Helenita89.vilabol.uol.com.br/umbanda.HTML)
Campos abertos: Ogum, Oxalá, Logunã.
Caminhos – Ogum, Iansã.
Floresta – Oxóssi, Obá.
Á beira do mar – Yemanjá, Omulu, Ogum.
Cemitérios: Omulu, Obaluayê, Nana Buruquê, Oxum.
Na beira dos rios, cachoeiras e corredeiras: Oxum, Oxumaré, Iansã.
Nas pedreiras: Xangô, Egunitá
Orixás neutros
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Exu é um orixá neutro, seu mistério é o vazio, sua cor é o preto, porém ele se utiliza de
todas as outras cores.
Pombagira – seu estado é o abismo. Sua cor primária é o preto, porém ela se utiliza da
cor vermelha com freqüência. A orixá pombagira é o abismo que existe dentro de cada ser,
infinito e que pode guardar toda a criação dentro de si.
Exú-mirim – é um orixá neutro. Ele rege um plano na criação, que é o plano das ideias.
Cada ideia que pensamos flui desse plano regido por Exu-mirim. Como ele é regido de alguns
mistérios vitais, como os impulsos e os atrasos, essa idéia que pensamos pode ou não
amadurecer. Ele é em si, o Orixá das intenções. Essas são as ideias, impressões, imprevisíveis.
Podem ter intenções boas ou más. Sua cor primária é o preto e vermelho. Suas velas são as bi-
colores. Seu ponto de força são os campos abertos, por onde as ideias podem fluir sem
barreiras. (NEGRÃO, 1983, p. 28).
Médiuns
A Umbanda crê que o médium tem compromisso de servir como instrumento de guias
ou entidades espirituais superiores. Para tanto, deve se preparar através do estudo,
desenvolvendo a sua mediunidade, sempre prezando a elevação moral e espiritual, a
aprendizagem conceitual prática da Umbanda, respeitar os guias e os orixás.
Uma das regras básicas da Umbanda é que a mediunidade não deve ser vivida
vaidosamente, não dever ser encarada como um fardo, mas como uma oportunidade para
praticar o bem e a caridade.
O médium deve sempre tomar banho de descarrego adequados aos seus orixás e guias,
estar pontualmente no terreiro com sua roupa sempre limpa, conversar sempre com o chefe
espiritual do terreiro quando estiver com alguma dúvida, problema espiritual ou material.
(NEGRÃO, 1983, p. 37).
Alguns terreiros utilizam-se de obras espíritas de Allan Kardec, mas a maioria segue as
orientações da literatura umbandista. Há livros umbandistas desde a década de l930.
Existem várias ramificações dentro da religião de Umbanda, entretanto na Umbanda
não se usa o sacrifício de animais em hipótese alguma.
Tanto o álcool como o ferro, podem ser utilizados magia para trabalhos para o bem;
abusos nunca tolerados e exibicionismo não são sinais de incorporações de luz.(NEGRÃO,
1983, p. 38).
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(www. Abratu.com.br)
Paramentos:
Na Umbanda, os médiuns usam como paramentos apenas roupas brancas, podendo
estar os pés descalços, representando a simplicidade e a humildade. Mas há Umbandas que
também utilizam roupas com cores de cada linha. Por exemplo, em guias de Ogum se utiliza
camisas ou batas vermelhas e calças e saias brancas. Nas guias de esquerda, as roupas são
pretas, sendo que as filhas de santo podem se vestir de vermelho e preto.
Também há os apetrechos dos guias, por exemplo os caboclos utilizam cocares, alguns
utilizam machadinha de pedra, chocalhos, etc. (BASTIDE, 1975, p. 210).
58
(revistagalileu.globo.com/...osarquetipos-da-umbanda.HTML)
A Umbanda é uma junção de elementos africanos (orixás e cultos aos antepassados),
indígenas (culto aos antepassados e elementos da natureza), Catolicismo (o europeu, que
trouxe o Cristianismo e seus santos que foram sincretizados pelos negros africanos),
espiritismo (fundamentos espíritas, reencarnação, lei do carma, progresso espiritual).
A Umbanda prega a existência pacífica e o respeito aos humanos e à natureza e a Deus,
respeitando todas as manifestações de fé, independentes da religião. Em decorrência de suas
raízes, a Umbanda tem um caráter pluralista, compreende a diversidade e valoriza as
diferenças. Não há dogmas ou liturgia universalmente adotadas entre os praticantes, o que
permite uma ampla liberdade de manifestação de crença e diversas formas válidas de culto.
59
(www.paimaneco.org.filosofia-quimbanda.asp)
A máxima dentro da Umbanda é “ Dê de graça, o que de graça recebeste com amor,
humildade, caridade e fé”. (NEGRÃO, 1983, p. 39).
A Umbanda apresenta como mensagem religiosa a prática da caridade fraternal, a paz e
a humildade. Ela também se propõe a produzir modificações existenciais que permitam a
melhoria de vida do ser humano.
As comunidades religiosas vêm buscando valorizar suas raízes africanas, para
redimensionar seu papel na sociedade brasileira. Porém, uma vez aqui inseridas, estas
comunidades passam a fazer parte da realidade brasileira. São grupos sociais presentes no dia-
a-dia, que partilham hábitos de comportamento, seguem crenças, como a maioria de nós, e
que vêem nelas o sagrado mesmo que para o censo comum se apresentem como profanas.
(NEGRÃO, 1983, p. 45).
(www. Angelfire.com/ab/umbandista)
60
BASTIDE, R. As Religiões africanas no Brasil. São Paulo: Pioneira, 1975.
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GOMES, Nilma L. Cultura Negra e Educação. Revista Brasileira de Educação. Rio de
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(Série Princípio)
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