Upload
vandiep
View
216
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
1
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ
PDE 2009/2010
Caderno Pedagógico
TÍTULO
Análise do espaço geográfico, sobre os aspectos culturais e demográficos.
Laercio Pereira de Andrade
Produção Didático-Pedagógica apresentado à Secretaria de Estado da Educação (SEED), como parte obrigatória na participação do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), sob a orientação do Professor Dr. Tarcisio Vanderlinde.
Assis Chateaubriand2010
2
SUMÁRIO
1 - Apresentação..................................................................................................3
1.1- Introdução ....................................................................................................4
2- UNIDADE 01................................................................................................5
2.1–TRANSITIVIDADE MIGRATÓRIS..........................................................5
2.2 - Sugestões de questões para debate.............................................................7
2.3- Sugestões - Textos indicados para leitura...................................................7
3 - UNIDADE 02...................................................................................................8
3.1- A OCUPAÇAO E A COLONIZAÇÃO DO OESTE DO PARANÁ PELAS
FRENTES NORTISTA E SULISTA..................................................................8
3.2- Sugestões de questões para debate..............................................................11
3.3- Sugestões – Textos indicados para leitura..................................................12
4 - UNIIDADE 03.................................................................................................12
4.1- A EXTENSÃO DA COLONIZAÇAO DA REGIÃO NORTE NO OESTE DO
PARANÁ..............................................................................................................12
4.2 - Sugestão de questões para debate..............................................................14
4.3- Sugestões – Textos indicados para leitura..................................................15
5 - UNIIDADE 04.................................................................................................15
5.1- ENCONTRO DAS FRENTES MIGRATÓRIRAS: HIBRISMO CULTURAL
NO OESTE DO
PARANÁ?.............................................................................................................15
5.2 - Sugestão de questões para debate...............................................................17
5.3 - Sugestões – Textos indicados para leitura..................................................18
6 - UNIIDADE 05..................................................................................................18
6.1- AMÁLGAMA DE COSTUMES: “O GOSTO E O
SABOR” ............................................................................................................................
.....18
6.2 - Sugestão de questões para debate................................................................21
6.3 - Sugestões – Textos indicados para leitura...................................................21
7 – Homenagem......................................................................................................22
8 – Referencia.........................................................................................................23
3
Apresentação
O nosso trabalho na escola passa pela observação das múltiplas
determinações: sua cultura, as influências do ambiente, as diferenças e
interferências do processo educacional, nelas próprias e no seu retorno,
trazendo o seu significado e as oportunidades criadas e realizadas.
Tais desafios trazem as inquietações humanas, as relações sociais,
econômicas, políticas e culturais, levando-nos a avaliar os enfrentamentos que
devemos fazer e que são, sem dúvida, o conhecimento em si, razão do nosso
trabalho e função essencial da escola (PARANÁ, 2008, p. 05).
Estadual de Ensino e demais profissionais da educação, a
oportunidade de discutir a temática apresentada, considerando como pano de
fundo a Geografia Cultural. No entanto, o desafio maior é, sem dúvida, a
elaboração do conhecimento em si, razão do nosso trabalho e a função
essencial da escola.
Este Caderno Pedagógico está composto de cinco unidades didáticas,
especificamente direcionadas ao trabalho pedagógico do professor e tem dupla
finalidade: 1) de um lado, busca dar subsídios teóricos que ampliem a
bagagem de conhecimentos dos educadores, direcionando-os a uma discussão
consistente sobre Educação Histórica e sua Cultura, apontando para a
necessidade de estar integrado à matéria, ao currículo, ao cotidiano escolar e
ao Projeto Político-Pedagógico; 2) por outro lado, pretende despertar a reflexão
acerca das questões históricas que apresentam, compreendendo a
abrangência das tomadas de decisão da sociedade em geral nesse processo
(Ibid., 2008, p. 06).
A referida Produção Pedagógica representa o compromisso de nós,
professores da Rede Pública Estadual de Ensino, debatermos temas de
relevância para o processo de ensino-aprendizagem, acerca do ensino da
Geografia, numa abordagem do espaço geográfico, sob a análise das “relações
culturais, bem como da constituição, distribuição e mobilidade demográfica”
(PARANÁ, 2008, p. 73). Tem como referência o projeto de aplicação
pedagógica voltado para a Geografia humana, tendo como tema de pesquisa a
“Educação Social para a convivência a partir de estudos e análises do
encontro de frentes migratórias no Oeste do Paraná”, norteada pelo
4
conteúdo estruturante “a dimensão cultural e demográfica do espaço
geográfico (PARANÁ, 2008 p. 73).
O material pretende oferecer aos colegas professores da Rede Pública
Estadual de Ensino e demais profissionais da educação, a oportunidade de
discutir a temática apresentada, considerando como pano de fundo a Geografia
Cultural. No entanto, o desafio maior é, sem dúvida, a elaboração do
conhecimento em si, razão do nosso trabalho e a função essencial da escola.
Introdução
“A população brasileira migra”, dizia sem ter dúvidas o antropólogo
brasileiro Darci Ribeiro (1993). Assim podemos dizer também sobre a
população chateaubriandense, um município jovem, emancipado em 1966,
também idealizado e com suas bases construídas nesta década.
Portanto, os alunos que hoje frequentam a educação básica no
município de Assis Chateaubriand são, indiretamente, fruto do movimento
migratório brasileiro, e especificamente, de um movimento interestadual que
tem origem no Sul (SC e RS), no Sudeste, basicamente em São Paulo e Minas
Gerais e no Nordeste, dando à região onde se localiza o município, o caráter
de “divisor cultural”, já que esta região do Estado foi a última área a ser
ocupada nos idos das décadas de 1960/1970 e delineia-se no encontro das
frentes migratórias citadas.
Considerando tal contexto, percebemos a necessidade da proposição
de encaminhamentos metodológicos no âmbito do ensino de Geografia que
possibilitem aos professores e educandos compreenderem a dinâmica dos
movimentos migratórios brasileiros a partir da trajetória de sua própria família.
Foi o deslocamento de milhares de brasileiros que espontaneamente
ou forçosamente migraram em busca de melhores condições de vida que deu
origem a configuração demográfica contemporânea no Brasil.
Entender para além do movimento da população brasileira, mas
compreender como cada cidadão, principalmente a própria família, faz parte
deste fenômeno, é um desafio que diz respeito à escola, ou mais precisamente,
ao processo de ensino e aprendizagem da disciplina de Geografia.
5
Nesta perspectiva, busca-se assegurar o proposto pelas Diretrizes
Curriculares de Geografia (2008), em preocupar-se:
Com os estudos da constituição demográfica das diferentes sociedades; as migrações que imprimem novas marcas nos territórios e produzem novas territorialidades, e com as relações político-econômicas que influenciam essa dinâmica. (PARANÁ, 2008).
Nesse sentido, o trabalho tem como proposta analisar a composição
demográfica do espaço geográfico do município de Assis Chateaubriand,
partindo do pressuposto das origens dos grupos migratórios sob os aspectos
culturais e sua influência na construção e organização do espaço local.
Unidade 01
TRANSITIVIDADE MIGRATÓRIA
Fonte: SEED, 2007. Livro Didático Público
A humanidade, sabiamente, é fruto de movimentos migratórios que levaram o homem, constantemente, a deslocar-se em busca de recursos, de trabalho ou simplesmente de aventura rumo ao desconhecido. Destruindo ou reconstruindo, conquistaram-se povos, exploraram-se novas terras, impuseram novas culturas. (HAESBAERT; GONÇALVES, 2006, p. 92).
O ato de migrar de cada sujeito migrante é sempre composto por
elementos de muita complexidade. O espaço entre a decisão de migrar até a
6
concretização do ato envolve sentimentos e perspectivas do migrante: a
sensação de não mais pertencer ao lugar de origem mistura-se com a
expectativa de pertencimento de outro lugar.
Jones Dari Goetter, em seu trabalho intitulado “Gente, migração e
transitividade migratória”, baseado em relatos de migrantes trabalhadores dos
Estados do Paraná, Mato Grosso, Acre e Mato Grosso do Sul, faz sua análise
da migração do sujeito pautado na transitividade migratória.
Assim ele define a transitividade migratória:
É a dialética de tempos e espaços que são ‘portados’ por toda ou todo migrante, que dificultam uma definição mais acurada sobre os lugares de pertencimento e de não pertencimento daquela ou daquele que migra. A transitividade migratória, por isso, se constituiria como parte dos movimentos de subjetivação no interior de experiências migratórias (GOETTER, 2009, p. 54).
A condição de transitividade migratória se caracteriza justamente pela
indefinição do migrante, para o migrante, de quais relações pertence ou não
pertence, ou mais se aproxima ou mais se distancia.
Em outras palavras o autor considera que:
A tensão entre a preponderância das relações do lugar de origem sobre o lugar de destino e a preponderância das relações de destino sobre as relações do lugar de origem, constituem-se como o epicentro da transitividade. (GOETTER, 2009, p. 59).
A condição da subjetividade é explicada pela indefinição do migrante,
“quais relações pertence ou não pertence, ou mais se aproxima ou mais se
distancia” (GOETTER, 2009). São elementos sentimentais importantes para a
construção e ajeitamento dos sujeitos migrantes nos lugares de destinos,
explica o autor.
A relação com o antigo lugar pode ser expressa de várias formas pelo
migrante. O cheiro e o sabor de uma comida por exemplo, podem trazer de
volta lembranças do antigo lugar.
A migração na forma descrita pelo autor, colocando o sujeito no centro
da questão, buscando a essência da complexidade do movimento migratório,
7
nos leva a compreender a migração como parte do tempo e espaço
responsáveis pela produção de experiências humanas, como parte do próprio
processo. Na explicação do autor, o movimento definitivamente não pára “o
movimento, o tempo, o espaço, o vento, etc.”.
Objetivo: abordar o processo migratório da população, levando-se em consideração os diversos aspectos tais como: culturais e econômicos, privilegiando o migrante como sujeito que porta frustrações, realizações, socializações, lembranças e experiências, na construção de seus próprios objetivos.
Materiais e recursos sugeridos: pesquisa na Internet, jornais, revistas, (Revista Nova Escola, agosto de 2009), confecção de murais, projetor multimídia, cartolina, figuras sobre a migração, elaboração de frases, relatório, entrevistas.
Disciplinas de apoio: Geografia, História e Língua Portuguesa.
Metodologia: leitura e debate do texto focando as discussões sobre os movimentos migratórios, considerando o perfil da população migrante e as interações culturais promovidas pelos movimentos migratórios. Em grupos, relacionar os diferentes movimentos migratórios, descrevendo o perfil destes movimentos. Trabalhar em grupos analisando as diferenças entre os movimentos migratórios dos séculos XX e XXI, considerando os movimentos: familiar, individual e coletivo.
Sugestões de questões para debate:
1 - O que leva a pessoa mudar de um lugar para outro?
2 - O que pode aproximar ou distanciar o migrante do lugar escolhido?
3 - Os movimentos migratórios do século XXI têm as mesmas características
dos movimentos do século passado?
4- Quando começa e quando termina uma migração?
Sugestões - Textos indicados para leitura:
GOETTERT, Jones Darci. Gentes, migração e transitividade migratória. Disponível em: < http://e-revista.unioeste.br/index.php/espacoplural/article/download/2452/1852 >. Acesso em 05 jun. 2010.
LOCH, Roseli Maria Soares. Para onde vais? SEED, 2007. Livro Didático Público. Geografia Ensino Médio 2 Edição.
8
POLATO, Amanda. Gente que chega, gente que sai. Disponível em: < http://revistaescola.abril.com.br/geografia/pratica-pedagogica/gente-chega-gente-sai-488822.shtml >. Acesso em 05 jun. 2010.
Unidade 02
A OCUPAÇAO E A COLONIZAÇÃO DO OESTE DO PARANÁ PELAS FRENTES NORTISTA E SULISTA
Os movimentos migratórios em território brasileiro deflagrados no final
da década de 1930 têm uma histórica ligação com o setor primário, ligado
diretamente na exploração da terra, no cultivo da agricultura.
Desde o ciclo da cana de açúcar no Nordeste brasileiro, até o ciclo do
café no Estado de São Paulo e Paraná, passaram-se quase dois séculos de
“vazio demográfico”.
Em grande parte das áreas interioranas brasileiras, entre os espaços
demográficos não ocupados, estão as terras paranaenses com destaque para
as terras das regiões Norte, Noroeste e Oeste, sendo as últimas, áreas do
Estado a serem ocupadas e colonizadas de forma planejada com critérios e
objetivos definidos pelas companhias para a introdução de novos habitantes,
destinados aos novos estabelecimentos agrícolas do país.
Sobre a ocupação da Região Oeste, pode ser considerada esta, a
última região geográfica a ser colonizada no Estado do Paraná, e seu processo
de ocupação está ligado ao movimento político-econômico denominado
“Marcha para o Oeste”, deflagrada durante a década de 1930, pelo governo
Getúlio Vargas.
Como área interiorana, esta região permaneceu por várias décadas à
margem da economia brasileira, recebendo atenção somente quando a
integração territorial sofria ameaças (GREGORY, 2002, p. 88).
Reportando o processo de ocupação das terras interioranas
paranaenses, duas frentes são destaques na colonização da área: 1) as frentes
oriundas do sudeste brasileiro, constituídas por mineiros e paulistas e 2) a
frente sulista constituída por gaúchos e catarinenses.
9
A primeira ocupa as terras paranaenses a partir da Região Norte,
enquanto a sulista penetrava pela Região Sudeste estendendo a ocupação até
a Região Oeste.
Sobre a ocupação das Regiões pelas frentes, Gregory (2002) destaca:
A marcha sulista encontrava incentivos maiores no poder central e na articulação com o poder regional, ao passo que a marcha nortista, como também é denominada, era vista como uma forma de manifestação de vigor econômico e de força política de São Paulo contra os quais a Revolução de 30 conseguiu aglutinar descontentamentos regionais. (GREGORY, 2002, p. 71).
Segundo Gregory (2002), essa dinâmica diferenciada tem a ver, dentre
outros fatores, com aspectos geopolíticos regionais do getulismo. A política de
ocupação desenvolvida pelo Governo Getúlio Vargas teve como destaque a
“Marcha para Oeste”, cujo objetivo era contemplar a ocupação das terras
através do processo de colonização, conforme destaca Serra, registrado por
Gregory (2002, p. 69):
O Programa Rumo ao Oeste é o reatamento da campanha dos construtores da nacionalidade, dos bandeirantes e dos sertanistas, com a integração dos modernos processos de cultura. Precisamos promover essa arrancada, sob todos os aspectos e com todos os seus métodos, a fim de suprimirmos os vácuos demográficos do nosso território e fazermos com que as fronteiras econômicas coincidam com as fronteiras políticas (GREGORY, 2002, p. 69 apud SERRA, 1991, p. 39).
Os discursos não só despertavam os interesses econômicos das
empresas colonizadoras, como também promoviam a ocupação das terras do
Oeste, culminando com a política integradora do Governo Federal, através da
colonização.
O incremento da ocupação das terras foi fundamentado em critérios
políticos e econômicos, pautado na intenção política de governo, que
viabilizava a colonização das terras devolutas, firmando acordo como o capital
privado que incluía a venda das terras às companhias a preços simbólicos.
Em contrapartida as colonizadoras ficavam com o ônus de toda a
infraestrutura, providenciando estradas e caminhos, ligando as áreas rurais aos
10
núcleos urbanos, assim como armazéns, créditos e comercialização de safras,
além de outras obrigações sociais.
Em troca de favorecimento na cessão de grandes áreas de terras
devolutas, mediante pagamentos apenas simbólicos, o Estado obtém das
empresas a aplicação do seu capital financeiro e de sua experiência na
estruturação dos espaços urbano e rural do território.
Em consequência se estabelece perfeita sintonia entre os interesses
políticos do Estado e os interesses econômicos dos grupos empresariais
(GREGORY, 2002, p. 67).
Percebem-se, no processo implementado na colonização dos
“espaços vazios”, os interesses políticos do Estado e os interesses econômicos
das empresas colonizadoras.
Ambos estabelecem perfeita sintonia. O Estado abre mão das vendas
das terras diretamente aos colonos, dando às empresas o direito de explorar a
mercantilização da terra. Porém, em compensação, recebe sem ônus o espaço
organizado e dotado de toda infraestrutura necessária para viabilizar o
desenvolvimento econômico e social da região.
Ao Estado interessava o desenvolvimento econômico da região, o que
resultaria além do crescimento populacional, aumento na arrecadação de
impostos.
As propagandas “boca a boca” realizadas pelos agentes das
companhias e também por pessoas que já conheciam a região ajudavam na
divulgação das qualidades das terras. Veículos de comunicação também eram
utilizados pelo Governo e companhias para destacar as vantagens em adquirir
terras na região.
Alta qualidade das terras oestinas; a abundância de rios, córregos e sangas; a ausência de morros, pedras e formigas e o fácil escoamento dos produtos eram elementos essenciais a serem ressaltados na propaganda veiculada em rádios, jornais impressos e folhetos, quer seja pelo Estado do Paraná, quer seja pelos agentes das empresas colonizadoras. (GREGORY; VANDERLINDE; MYSKIW, 2004, p. 27).
No processo de colonização tiveram destaque as seguintes
companhias colonizadoras: Indústria Madeireira e Colonizadora Rio Paraná S/A
11
- Maripá; Pinho e Terras Ltda.; Indústria Agrícola Bento Gonçalves;
Colonizadora Criciúma Ltda.; Sociedade Colonizadora União D’Oeste Ltda. e a
Colonizadora Norte do Paraná (CNP). Esta última foi responsável pela
colonização das terras onde está localizado o município de Assis
Chateaubriand (GREGORY; VANDERLINDE; MYSKIW, 2004, p. 27).
A presença de madeiras de lei como: pinheiro, cedro, peroba, cabriúva, angico e outras espécies, constituíam, para época, como umas das principais atividades econômicas da região.
Na foto a extração da madeira no Município de Assis Chateaubriand.
Fonte: Maior (1996).
Tendo como esteio da ocupação o potencial dos recursos Naturais,
notadamente o solo e o clima, a Região atraiu migrantes de áreas de
excedente populacional do país dando os contornos socioeconômicos atuais.
Objetivo: compreender o processo de ocupação do espaço geográfico regional, bem como a origem da composição demográfica dos mesmos e identificar a participação do capital privado no processo de ocupação e colonização da região em questão.
Materiais e recursos sugeridos: textos sobre o tema para a leitura, mapas políticos e demográficos, fotos antigas que representam a ocupação e a colonização, pesquisa de imagens na Internet e trabalhos associados ao tema. Disciplinas de apoio: Geografia, História e Língua Portuguesa.
Metodologia: debate com os alunos sobre o tema apresentado, pontuando com os mesmos os pontos principais abordados no texto. Identificar e caracterizar as correntes migratórias citadas no texto. Debater sobre o papel das companhias imobiliárias na colonização da região, incentivando os alunos a pesquisarem sobre as mesmas. Pesquisar a colonização da região focando como aconteceu o processo de ocupação pelas frentes migratórias.
Sugestões de questões para debate:
12
1- A Região Oeste do Paraná até seu processo de colonização era
demograficamente vazia? Justifique.
2 - Você concorda com o modo que aconteceu o processo de ocupação das
terras do Oeste do Paraná? Justifique a resposta.
3 – Como você analisa o papel das companhias na colonização das terras?
Sugestões – Textos indicados para leitura:
GREGORY, Valdir. Os eurobrasileiros e o espaço colonial: migração no Oeste do Paraná. Cascavel: Edunioeste, 2002
MAIOR, Laércio Souto. História do Município de Assis Chateaubriand: encontro das correntes migratórias na última fronteira agrícola do Estado do Paraná. Maringá: Clichetec, 1996.
Unidade 03
A EXTENSÃO DA COLONIZAÇAO DA REGIÃO NORTE NO OESTE DO PARANÁ
Localizado no extremo Oeste do
Paraná, o município de Assis
Chateaubriand foi colonizado pela
Colonizadora Norte do Paraná,
tendo recebido migrantes das duas
frentes migratórias: paulista e sulista
da cidade da Assis Chateaubriand,
em três décadas diferentes: 60/72 e
1990.
Foto montagem: Cladiney
Benedito Lúcio.
Tendo seu processo de colonização iniciado no final de década de
1950, pela Colonizadora Norte do Paraná, o município de Assis Chateaubriand,
via de regra, seguiu os mesmos moldes implementados pelas demais
13
companhias, em que o objetivo era o loteamento da área adquirida em médias
e pequenas propriedades e posteriormente a venda aos colonos.
Pode-se afirmar que o projeto desenvolvido pela Companhia na
ocupação da área teve resultado satisfatório, visto que a empresa era
constituída por pessoas que possuíam experiência no ramo imobiliário.
Portanto, sabiam que não bastava apenas a venda das terras. Seria necessário
também: planejamento de infraestrutura, a fim de dar aos futuros proprietários
condições de transporte, educação e outros serviços.
No tocante a origem dos colonos, dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE (Censo Demográfico de 1970) apontam para a
maioria da população como paranaenses.
No entanto são muito presentes os migrantes mineiros e paulistas,
seguidos por gaúchos e catarinenses. Considerando uma imigração
predominantemente do próprio Estado do Paraná, há que se considerar que
estes “paranaenses” constituem a geração seguinte dos primeiros imigrantes,
reforçando a ideia da continuação da frente colonizadora da Região Norte, no
Oeste paranaense.
Seguindo a tradição, os colonos oriundos das regiões Norte e
Noroeste, reproduziram aqui as mesmas atividades agrícolas de seu lugar de
origem. A principal delas era a formação de lavouras de café, associadas a
outras lavouras como o arroz, feijão e o milho, conhecidas como lavoura
branca.
A hortelã também foi cultivada no município até inicio da década de
1970. Os colonos oriundos da região Sul (Estados do Rio Grande do Sul e
Santa Catarina), também mantiveram suas atividades agrícolas tradicionais.
Diferente dos colonos do Norte, esses investiram na criação de porcos,
pequenos rebanhos leiteiros e no plantio de milho.
O contorno sociocultural diferente também teve influência na
organização do espaço agrícola do município. Sobre esta influência, o Senhor
João Carlos Taschetto, técnico da EMATER, ao nos conceder uma entrevista,
nos deu a seguinte explicação:
A propriedade do sulista apresenta uma estrutura de produção mais diversificada. Além da lavoura, cultiva a criação de
14
porcos, no sistema pocilga, a vaca de leite com ordenha em local próprio e a criação de galinhas, que ao invés do tradicional poleiro1 tinha local fechado onde pernoitavam. A propriedade não sulista apresenta uma estrutura voltada para a monocultura. (TASCHETTO, 2010)2.
Para Taschetto, o sulista trouxe do sul a tradição da diversificação da
produção nas pequenas propriedades, enquanto os migrantes da frente
paulista estão acostumados com a monocultura do café. Portando, a maioria
deles não tem a tradição da diversidade produtiva campestre. No entanto
nestes últimos anos, de acordo com Taschetto, houve uma mistura das
tradições no modo de se produzir no campo, a monocultura e a diversificação
estão sendo praticadas por sulistas, mineiros e paulistas.
Observa-se que há uma forte influência cultural no espaço geográfico
de Assis Chateaubriand, onde a diferença cultural entre as correntes
migratórias que constitui a demografia do município vai além do campo
culinário e linguajar, mas também é marcante no modo de produzir no campo.
Objetivo: compreender o processo de ocupação do espaço geográfico local, bem como a origem da composição demográfica do mesmo. Identificar a participação do capital privado no processo de colonização local. Debater sobre a diversidade cultural local devido a diferentes correntes migratórias e suas influências na organização do espaço geográfico do município.
Materiais e recursos sugeridos: textos sobre o tema para a leitura, mapas políticos e demográficos, fotos antigas que representem a ocupação e colonização, pesquisa de imagens na Internet e trabalhos associados ao tema. Disciplinas de apoio: Geografia, História e Língua Portuguesa.
Metodologia: debate sobre o tema apresentado, pontuando com os mesmos os principais pontos abordados. Identificar e caracterizar as correntes migratórias citadas no texto. Debater sobre o papel das companhias imobiliárias na colonização da região, incentivando os alunos a pesquisarem sobre as mesmas. Pesquisar a colonização local, focando como aconteceu o processo de ocupação pelas frentes migratórias. Entrevistar moradores antigos do município a fim de colher relatos sobre o início da colonização. Organizar exposição de fotos e documentos antigos, sobre o início da colonização local.
Sugestão de questões para debate:
1 Estrutura construída com varas de madeiras, que servia como local de pernoite das galinhas, denominada pelo linguajar caipira como “puleiro”.
2 Comentário proferido por João Carlos Taschetto, em 28 de fevereiro de 2010.
15
1 – O que mais atraía os migrantes para este município na época de sua
colonização?
2 - Na sua visão a constituição demográfica se reflete no desenvolvimento do
município? Justifique.
3 – Em sua opinião, ainda é possível notar a influência sociocultural na organização do espaço agrícola do município? Explique. Sugestões – Textos indicados para leitura:
GREGORY, Valdir. Os eurobrasileiros e o espaço colonial: migração no Oeste do Paraná. Cascavel: Edunioeste, 2002
MAIOR, Laércio Souto. História do Município de Assis Chateaubriand: encontro das correntes migratórias na última fronteira agrícola do Estado do Paraná. Maringá: Clichetec, 1996.
Unidade 04
ENCONTRO DAS FRENTES MIGRATÓRIRAS: HIBRISMO CULTURAL NO OESTE DO PARANÁ?
Estátua de cuia de chimarrão exposta na Praça Farroupilha no município de Assis Chateaubriand, anunciando a presença da cultura gaúcha no município.
Foto: Laércio Pereira de Andrade. (26/05/2010)
Laércio Souto Maior (1996, p. 55) destaca a observação do jornalista
Geraldo Mazza para quem “costumávamos dizer que no Oeste estava havendo
o encontro do “Chapéu de Couro” como o a “Bombacha”, isto é, do nordestino
com o gaúcho, figura onipresente no mapa nacional”.
16
Nas conclusões de Souto Maior, o jornalista descreve o encontro das
frentes migratórias no Oeste paranaense, tendo Assis Chateaubriand como
zona de contato entre as duas correntes migratórias, constituindo um espaço
de encontro das tradições gaúcha, nordestina, mineira e paulista,
características marcantes deste município.
No encontro, destaque para as tradições gaúchas e nordestinas que
trouxeram e difundiram na região o chimarrão, o churrasco, a rapadura, a
bombacha, o chapéu de couro, o vanerão3 e o forró4, elementos que se
constituem como indicadores de identidade étnica dos grupos migrantes,
produzindo o amálgama cultural.
Os costumes característicos dos grupos nos levam a uma análise da
convivência social que aponta para uma concepção de “hibridismo” na forma
destacada por Hall (2001) e Haesbaert e Gonçalves (2006).
Para Samuel Huntington, as identidades culturais, para se firmarem,
necessitam da “invenção” do outro ou mesmo da criação de “inimigos”. Sua
tese, no entanto, contesta a ideia de uma mistura cultural, ou seja, o hibridismo,
pois na sua visão, cada vez mais são emergentes as civilizações que partilham
das mesmas afinidades culturais, fortalecendo as diferenças culturais e as
identidades socioterritoriais (HASBAERT; GONÇALVES, 2006, p. 87-88).
Já para Hall (2001) “as identidades culturais não são fixas, pois sofrem
influência constate de outras manifestações culturais [...]; com isso novas
identidades “híbridas” surgem da fusão entre diferentes tradições culturais”
(HALL, 2001, p. 91-92).
Passado meio século da sua colonização, cabe indagar: no município
e região, a convivência das diferentes culturas promovidas pelas frentes
migratórias sofreu um processo “híbrido” ou fortaleceram as diferenciações
culturais?
Em nossa opinião, o encontro das frentes de imigração no Oeste do
Paraná se deu pela ótica do hibridismo e não pelo choque de civilizações,
como defende Huntington e posteriormente discutido por Haesbaert e
Gonçalves (2006).
3 Dança característica originada no Estado do Rio Grande do Sul.4- Festa popular brasileira, de origem nordestina. A dança praticada é conhecida também como bate chinelo
e arrasta-pé.4
17
A diversidade cultural está presente no município e região, podendo
ser presenciada de diversas maneiras. Do churrasco a tapioca, do café ao
chimarrão, as tradições se apresentam e representam as diferentes identidades
culturais locais e regionais, num verdadeiro amálgama cultural.
Churrasco e bom chimarrãoFandango trago e mulher.É disso que o velho gostaÉ isso que o velho quer.
(Música de: Gildo Campos/Berenice Azambuja)
O verso da música “é disso que o velho gosta”, dentre outros versos,
identificam a cultura gaúcha, falando do churrasco e do “bom chimarrão”.
Difundidos na região pelos migrantes do Sul, o churrasco e o chimarrão são
apreciados por outras culturas que aprenderam os costumes dos sulistas.
Objetivo: reconhecer e entender as influências das manifestações culturais dos diferentes grupos étnicos no processo de configuração do espaço geográfico local e regional.
Materiais e recursos sugeridos: pesquisa na Internet, jornais, revistas, murais, projetor multimídia, cartolinas, letras de músicas regionais, receitas culinárias.
Disciplinas de apoio: Geografia, História e Língua Portuguesa. Metodologia: debater sobre o tema apresentado, discutindo com os alunos os principais pontos abordados. Convidar pessoas do local, de etnias diferentes, para falarem da sua cultura e de sua relação com outras culturas existentes no município. Montar exposição de fotos e documentos antigos, sobre o início da colonização local. Organizar espaço para exposição das tradições culinárias de cada grupo étnico, representando as frentes migratórias.
Sugestão de questões para debate:
1.Em sua opinião, houve um processo híbrido ou um fortalecimento das
manifestações culturais? Justifique a resposta.
2.As manifestações culturais dos grupos são representadas com maior
evidência em que sentido? Na música, na culinária, na religiosidade ou em
outras manifestações culturais?
18
Sugestões – Textos indicados para leitura:
GREGORY, Valdir. Os eurobrasileiros e o espaço colonial: migração no Oeste do Paraná. Cascavel: Edunioeste, 2002.
MAIOR, Laércio Souto. História do Município de Assis Chateaubriand: encontro das correntes migratórias na última fronteira agrícola do Estado do Paraná. Maringá: Clichetec, 1996.
HAESBAERT, Rogério; GONÇALVES PORTO, Walter. A nova des-ordem mundial. São Paulo: Editora da UNESP, 2006.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
Unidade 05
Amálgama de Costumes: “o gosto e o sabor”
Num sentido muito genérico, gostaria de enfatizar que não vejo a ‘Geografia Cultural’ como uma área própria ou mesmo paradigma, mas como uma abordagem, uma dimensão do espaço – pois, no fundo podemos afirmar, de alguma forma, que ‘toda Geografia é cultural’. (HAESBAERT; GONÇALVES, 2009).
De acordo com as Diretrizes Curriculares de Educação Básica de
Geografia (2008), os estudos sobre aspectos culturais e demográficos do
espaço geográfico contribuem para a compreensão desse momento de intensa
circulação de informações, mercadorias, dinheiro, pessoas e modos de vida.
Daí a importância dos estudos da constituição demográfica das
diferentes sociedades: “as migrações que imprimem novas marcas nos
territórios e produz novas territorialidades, e com as relações político-
econômicas que influencia essa dinâmica”. (PARANÁ, 2008, p. 75).
Nesta atividade propomos como estudo da Geografia cultural,
elementos que compõem a complexidade de cada manifestação cultural, como
a herança transmitida de uma geração a outra.
Manifestações que criam e recriam o espaço geográfico, pela
manifestação cultural singular e também coletiva. Claval (2001) define a cultura
como sendo:
19
A soma dos comportamentos, dos saberes, das técnicas, dos conhecimentos e dos valores acumulados pelos indivíduos durante suas vidas e, em uma outra escala, pelo conjunto dos grupos de que fazem parte. (CLAVAL, 2001, p. 63).
Conforme definição do autor, a cultura deve ser entendida não como
um conjunto fechado imutável de técnicas e comportamentos, pois os contatos
entre povos de diferentes culturas são algumas vezes conflitantes, mas
constituem uma fonte de enriquecimento mútuo. (CLAVAL, 2001, p. 63).
No caso da região Oeste do Paraná, a abordagem da Geografia
Cultural deve partir do princípio de que pela forma de colonização, formou-se
no espaço geográfico um amálgama de costumes entre as diferentes frentes
migratórias responsáveis pela ocupação e colonização do espaço.
Costumes que podem ser identificados através de vários gostos e
sabores, difundidos pelos migrantes durante décadas em toda região.
As diferentes formas de manifestação desses elementos culturais,
pelas frentes, constituíram-se num processo híbrido, ocorrendo entre eles um
intercâmbio de culturas, ou seja, o “hibridismo cultural”. (HASBAERT;
GONÇALVES, 2006, p. 87).
A discussão sobre a especialidade cultural, antes de tudo, deve ser de
escala local, descobrindo no próprio município as potencialidades culturais
manifestadas por cada grupo de culturas diferentes, valorizando assim a
especialidade cultural do lugar.
20
Foto: Claudiney Benedito Lucio.
Costelão de chão: tradição gaúcha.
A diversidade étnica presente no município de Assis Chateaubriand e
Região estabeleceu um amálgama cultural. Rica em gostos e sabores e
oriunda da união de costumes diferentes trazidos pelos antigos colonizadores
da terra.
O costelão no chão (ver foto) é um exemplo da tradição gaúcha
bastante difundida no município e em toda Região Oeste do Paraná.
Constituem-se, entre outros, como uma das especialidades culturais do lugar.
Do café ao chimarrão, da tapioca5 a cuca alemã, do churrasco ao
frango afogado6 e o virado à paulista7, a região ganha componentes culturais
indissociáveis de qualquer análise própria da Geografia cultural. Neste
5 Comida típica nordestina feita com polvilho de mandioca. A tapioca pode ser apreciada pura ou com recheios.
6 Termo de linguagem cabocla, utilizado no interior paulista e em algumas regiões do Paraná, que se refere ao modo de cozinhar o frango.
7 Prato a base de feijão com farinha de milho, conhecido também como tutu de feijão.
21
amálgama de várias culturas, resta saber se essa rica mistura criou uma
cultura única para a região.
Objetivo: identificar e reconhecer as manifestações culturais dos diferentes grupos étnicos presentes na sociedade chateaubriandense no processo de configuração do espaço geográfico local e regional, tendo como pano de fundo a origem migratória dos antigos colonizadores.
Materiais e recursos sugeridos: pesquisa na Internet, jornais, revistas, murais, projetor multimídia, cartolinas, letras de músicas regionais, receitas culinárias e outros.
Disciplinas de apoio: Geografia, História e Língua Portuguesa. Metodologia: debater o tema com os alunos, abordando a dimensão cultural do espaço, identificando os principais elementos culturais desse processo. Convidar pessoas do local, de etnias diferentes, para falarem da sua cultura e de sua relação com outras culturas existentes no município. Organizar espaço para exposição das tradições: culinárias, musicais e causos, de cada grupo étnico, que se identificam com as frentes migratórias.
Sugestão de questões para debate:
3.Em sua opinião, de que forma é possível a identificação dos gostos e sabores
culturais? Justifique a sua resposta.
4.O amálgama de gostos e sabores culturais entre os grupos diferentes pode
ser aceito como um indicativo da identidade cultural regional?
5.De que forma esse amálgama cultural pode ser explorado economicamente?
Sugestões – Textos indicados para leitura:
GREGORY, Valdir. Os eurobrasileiros e o espaço colonial: migração no Oeste do Paraná. Cascavel: Edunioeste, 2002.
MAIOR, Laércio Souto. História do Município de Assis Chateaubriand: encontro das correntes migratórias na última fronteira agrícola do Estado do Paraná. Maringá: Clichetec, 1996.
HAESBAERT, Rogério; GONÇALVES PORTO, Walter. A nova des-ordem mundial. São Paulo: Editora da UNESP, 2006.
CLAVAL, Paul. A Geografia Cultural. Florianópolis: Editora da UFSC, 2001.
TARCISIO, Vanderlinde. Fragmentos de inconformidade: sociedade, territórios, espaços. Cascavel: Edunioeste, 2009.
22
Homenagem
Finalizo este trabalho dedicando este espaço em homenagem ao meu
pai, Senhor Rafael Pereira de Andrade (In memoriam).
Paulista de Salto Grande, mudou-se para a região do norte do Paraná
no início da década de 1950, fazendo parte da frente paulista, ajudando na
colonização da região.
Adquiriu seu primeiro lote de terra no município de Jaguapitã, norte do
Paraná, no ano de 1951. Antes de se mudar para Assis Chateaubriand,
Senhor Rafael passou por Cidade Gaúcha e Iporã, participando da colonização
destes municípios.
Atraído pelo solo roxo da região oeste, no ano de 1969, mudou-se para
Assis Chateaubriand, onde adquiriu um lote de terra totalmente coberto pela
mata virgem, desbravando-o e ali fixando morada com a família até abril de
1997, quando faleceu.
Foto (acervo próprio) tirada na década de 1940, em Palmital-SP
Na foto acima, o Senhor Rafael exibe sua junta de bois, com o arado
que era utilizado, na época, no preparo da terra para o cultivo de lavouras.
Ao contar um pouco da história de meu pai na ocupação e colonização
em terras paranaenses, faço uma homenagem a todos os colonos oriundos das
frentes migratórias paulistas e sulistas, que com bravura e sabedoria,
transformaram Assis Chateaubriand e região em um dos lugares mais
receptivos do nosso Estado.
23
REFERÊNCIAS
CLAVAL, Paul. A Geografia Cultural. Florianópolis: Editora da UFSC, 2001.
GOETTERT, Jones Darci. Gentes, migração e transitividade migratória. Disponível em: < http://e-revista.unioeste.br/index.php/espacoplural/article/download/2452/1852 >. Acesso em 05 jun. 2010.
GREGORY Valdir; VANDERLINDE, Tarcisio; MYSKIW, Marcos Antonio. Mercedes: uma história de encontros. Marechal Cândido Rondon: Editora Germânica, 2004.
HAESBAERT, Rogério; GONÇALVES PORTO, Walter. A nova des-ordem mundial. São Paulo: Editora da UNESP, 2006.
HAESBAERT Rogério. Entrevista concedida a Tarcisio Vanderlinde. Espaço Plural, Publicação CPEDAL, 2009. Disponível em < http://e-revista.unioeste.br/index.php/espacoplural/article/download/2452/1852 >. Acesso em 05 jun. 2010.
MAIOR, Laércio Souto. História do Município de Assis Chateaubriand: o encontro das correntes migratórias na última fronteira agrícola do Estado do Paraná. Maringá: Clichetec, 1996.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Educação Básica. Cadernos Temáticos da Diversidade. Curitiba: SEED, 2008.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Educação Básica. Diretrizes Curriculares da Educação Básica (DCE): Geografia. Curitiba: SEED, 2008. POLATO, Amanda. Gente que chega, gente que sai. Disponível em: < http://revistaescola.abril.com.br/geografia/pratica-pedagogica/gente-chega-gente-sai-488822.shtml >. Acesso em 05 jun. 2010.
RIBEIRO, Darci. Os brasileiros: teoria do Brasil. Petrópolis: Vozes, 1993.