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Nacionalismos e conflitos político-religiosos
DA Jugoslávia
à nova balcanização:
introdução
• Nascida aquando o fim da 1ª Guerra Mundial, a Jugoslávia, como o próprio
nome indica, era um Estado dos povos eslavos do Sul da Europa.
• Estes povos tinham, ao longo dos anos, vivido sob o domínio de sucessivos
impérios: bizantino, turco, húngaro, austríaco…
• Por essa razão, este Estado tornou-se uma entidade artificial que aglutinava
diferentes passados históricos, nacionalidades, línguas, religiões…cuja
tentativa de união se viria a revelar desastrosa.
Mapa da Jugoslávia
Cronologia
1918
• Nascimento da Jugoslávia
1939
• Jugoslávia na 2ª Guerra Mundial
1946
• Era de Tito
1980
• O pós-morte de Tito
1990
• O pós-colapso dos regimes comunistas
1991
• Eslovénia e Croácia declaram a independência
1992
• Bósnia-Herzegovina declara a independência
• Guerra da Bósnia-Herzegovina
1995
• Acordos de Dayton
1999
• Guerra do Kosovo
2001
• Slobodan Milosevic sai do poder
1918: Nascimento da Jugoslávia
• No fim da 1ª Guerra Mundial, quando os vencedores decidiram desmantelar o
Império Austro-Húngaro, os eslovenos e os croatas (que pertenciam a este império)
decidiram juntar-se aos sérvios (que já tinham o seu Estado independente).
• A Jugoslávia nasceu então com o nome de Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos
e tinha a sua capital em Belgrado (capital da Sérvia), sendo o rei da Sérvia,
Alexandre I, o governante do novo reino.
• A união, que era um anseio dos povos eslavos, resultou no domínio da Sérvia sobre
a região, exatamente o contrário do que havia sido proposto pelos croatas e pelos
eslovenos.
• Logo em 1921, as disputas nacionalistas levaram a graves conflitos étnicos.
• Aproveitando essa situação crítica, em 1929, Alexandre I impôs uma ditadura,
batizando o reino de “Jugoslávia” e impondo a nacionalidade jugoslava como a
única aceite pelo novo Estado, acreditando que, dessa forma, anularia a
fragmentação histórica, cultural e nacional dos diversos povos.
• O desentendimento manteve-se e foi agravado pelo assassinato dos deputados
croatas no parlamento e do rei Alexandre I por um nacionalista croata, em 1939.
Rei Alexandre da Jugoslávia/
Rei Alexandre Unificador
1939: Jugoslávia na 2ª Guerra
Mundial
• Nesse mesmo ano deflagrou a 2ª Guerra Mundial.
• Primeiramente, servos e croatas chegaram a acordo para que a Jugoslávia
permanecesse neutral.
• Depois, assinaram um pacto com Hitler.
• Churchill, no entanto, incentivou os generais sérvios a fazer um golpe de Estado e a
anular o pacto com a Alemanha.
• Hitler vingou-se ordenando um bombardeamento a Belgrado e enviando tropas para
um ataque coordenado com os vizinhos fascistas da Jugoslávia (Itália, Hungria,
Roménia, Bulgária e Albânia).
• Desta forma, em Abril de 1941, a Jugoslávia viu o seu território dividido entre os
países do Eixo.
• Deu-se então a formação do Estado Independente Croata que era liderado por um
partido nazi croata fiel aos congéneres alemães.
• Foi introduzida uma ditadura feroz e brutal que perseguiu judeus, ciganos e
principalmente sérvios.
• Em resposta, os outros povos da Jugoslávia criaram forças nacionalistas que levaram
a cabo uma cruel guerra civil que resultou na morte de mais de 1 milhão de pessoas.
Adolf Hitler na Eslovénia, Jugoslávia, 26 de 1941
Hitler exaltou: “Machen sie mir dieses Land wieder Deutsch!” (“Façam esta terra
alemã outra vez!”).
1946: Era de Tito
• Foi então que apareceu uma força antifascista de libertação e reconciliação nacional,
liderada pelos comunistas cujo chefe era Josip Tito.
• Apesar do apoio político dos soviéticos e dos ingleses, esta força venceu a guerra
praticamente sem ajuda do exterior.
• Em 1946, Tito venceu as eleições multipartidárias, transformando o reino da
Jugoslávia na República Popular Federativa da Jugoslávia e adotando uma
constituição soviética.
• Josip Tito soube reconhecer a diversidade do país e reorganizou-o, transformando-o
num Estado federal composto por seis repúblicas (Eslovénia, Sérvia, Croácia,
Bósnia-Herzegovina, Montenegro e Macedónia) e duas regiões autónomas
(Voivodina e Kosovo), integradas na Sérvia – a república maior e mais populosa.
• Cada uma das unidades da federação tinha certa autonomia nos seus assuntos internos,
inclusive com presidentes próprios.
• A repressão do governo a qualquer movimento étnico nacionalista foi violenta. E como só
existia um partido, a Liga dos Comunistas da Jugoslávia, a imposição do ideal socialista
acima das questões nacionais abrandou as tensões internas.
• No entanto, a Jugoslávia não queria ser um Estado dependente da metrópole comunista.
Tito era marxista, mas não soviético.
• Assim, nos anos 50, criou um sistema político e económico específico, designado por
autogestão (consistia na administração das empresas pelos seus trabalhadores em regime de
democracia direta) e levou a cabo a abertura ideológica, a descentralização administrativa, o
respeito pelos direitos humanos…
• Estaline decretou sanções económicas e tropas soviéticas posicionaram-se na fronteira da
Jugoslávia, que, no entanto, veio a receber o apoio do ocidente.
• Durante os 35 anos do seu governo, a personalidade carismática do marechal Tito foi o
cimento desta união.
• No plano externo, promoveu a política de não-alinhamento, dando visibilidade aos
Estados que não pertenciam aos blocos da Guerra Fria.
• As mudanças levadas a cabo por Tito trouxeram prosperidade à Jugoslávia que, nos
anos 60 e 70, obteve um admirável crescimento económico e social (melhoria do
nível de vida da população).
• No entanto, com a morte de Tito, em 1980, toda a Jugoslávia entrou em declínio.
Bandeira da Jugoslávia
Josip Broz Tito
Belgrado, Sérvia, Setembro de 1961, na Primeira Conferência dos Chefes de Estado e de Governo Não-Alinhados
“Seis repúblicas, cinco etnias, quatro línguas, três religiões, dois alfabetos e um partido“ – frase popular que caracterizava o regime de Tito.
1980: O pós-Morte de Tito
• Após a morte de Tito, em 1980, os nacionalismos reprimidos e os ressentimentos
antigos emergiram numa tensão crescente.
• O cargo de presidente da Jugoslávia passou a ser rotativo entre as seis repúblicas, mas o
sistema entrou em desordem e a unidade do país começou a ser abalada.
• Logo em 1981, os albaneses do Kosovo manifestaram o seu desejo de que a província
autónoma obtivesse o estatuto de república no interior da federação jugoslava, já que,
segundo a constituição da Jugoslávia, as repúblicas podiam separar-se da federação e
proclamar-se Estados soberanos. O nacionalismo albanês provocou o nacionalismo
sérvio que, por sua vez, provocou o nacionalismo dos outros povos.
1990: o pós-Colapso dos regimes
comunistas
• Os problemas internos da Jugoslávia agravaram-se quando o modelo socialista
começou a ruir no Leste Europeu: o socialismo não apresentava mais soluções para
os problemas da Jugoslávia.
• Organizaram-se eleições multipartidárias a nível das seis repúblicas. Na Eslovénia,
na Croácia, Bósnia-Herzegovina e Macedónia ganharam as forças nacionalistas; na
Sérvia e no Montenegro a vitória foi dada aos ex-comunistas.
• Os quatro governos das forças nacionalistas proclamaram como seu principal
objetivo a obtenção da independência; os dois governos dos ex-comunistas
declararam querer manter a República Popular Federativa da Jugoslávia.
• A desintegração da Jugoslávia não interessava aos sérvios, já que minorias sérvias
encontravam-se por toda a parte da Jugoslávia. Além disso, se as regiões se
separassem, a Sérvia afundaria numa grande crise, pois não teria o apoio económico
da Eslovénia e da Croácia.
• Dessa forma, o nacionalismo sérvio reacendeu-se e encontrou no político Slobodan
Milosevic o seu principal líder, este defendia a supremacia da Sérvia dentro da
Jugoslávia e era contra a independência de Kosovo.
Slobodan Milosevic
1991: Eslovénia e Croácia
declaram a independência
• Depois de uma série de conflitos, em Junho de 1991, a Eslovénia e a Croácia, as
duas repúblicas mais ocidentalizadas e mais prósperas da Federação, declaram a
independência da federação jugoslava.
• Dá-se então um conflito entre a Eslovénia e o exército federal que durou
oficialmente 10 dias. O vencedor foi a Eslovénia que viu, semanas depois, a sua
independência ser reconhecida pela Alemanha e, mais tarde, pelos países membros
das Comunidades Europeias.
Guerra de fim de semana na Eslovénia
• Na Croácia, o conflito apresentava-se mais grave, na medida em que no território
dessa república vivia uma forte minoria sérvia (entre 15 a 20% da população total),
que não ia aceitar a independência da Croácia perante a Jugoslávia, ameaçando
proclamar a sua própria independência perante a Croácia, sendo apoiados pela
república da Sérvia.
• A primeira guerra na Croácia durou meio ano. Os sérvios conseguiram controlar
cerca de 30% do território croata e deram-se por satisfeitos, pelo que foi assinado
um cessar-fogo em 1992, aquando da chegada da ONU.
• O conflito, no entanto, não ficou por aqui. Em Agosto de 1995, o exército croata
apoiado pela OTAN, derrotou em dois dias a força armada dos rebeldes sérvios.
Esta segunda guerra na Croácia recebeu o nome de Tempestade, causou milhares de
mortos e foi marcada por numerosas atrocidades.
1992: Bósnia-Herzegovina
declara a independência
• Na Bósnia-Herzegovina viviam juntos sérvios, croatas e muçulmanos eslavos (estes
últimos constituíam a maioria da população).
• E em Março de 1992, croatas e muçulmanos proclamaram a sua independência
perante a Jugoslávia, o que ia contra a constituição da Bósnia-Herzegovina que
declarava que este tipo de decisões tinha de ser consensual entre os três povos.
• Como resposta, os sérvios proclamaram a sua independência, separando-se da
Bósnia-Herzegovina.
1992: Guerra da Bósnia-herzegovina
• Logo em Abril de 1992, quando foi declarado oficialmente o reconhecimento internacional
deste país, começaram os conflitos.
• A aliança inicial existente entre croatas e muçulmanos depressa se rompeu, começando assim
uma luta de todos contra todos.
• A guerra na Bósnia-Herzegovina durou mais de 3 anos e foi marcada por uma série de
atrocidades como “limpezas étnicas”, campos de concentração, tentativas de genocídio,
torturas, violações, bombardeamentos de populações civis, deportações, massacres…
• Sarajevo, capital da Bósnia, foi cercada e por vários meses os moradores da cidade passaram
por situações críticas: o fornecimento de água, eletricidade e aquecimento foi cortado e a
ajuda humanitária que chegava até eles não bastava para suprimir as carências de toda a
população. As tropas federais (melhor seria dizer, da Sérvia) chegaram a ocupar 70% do
território bósnio.
• Mesmo com a instalação de bases da ONU no país e apesar da ajuda humanitária,
em nome da construção de uma “Grande Sérvia”, formada por todos os territórios
habitados por esta nacionalidade, deu-se o mais sangrento conflito europeu pós 2ª
Guerra Mundial, causando a morte de mais de 250 mil pessoas e forçando o êxodo
de 3 milhões de bósnios do país (números não oficiais).
• As atrocidades cometidas na Bósnia-Herzegovina foram ampla e instantaneamente
divulgadas pelos meios de comunicação.
Imagens das atrocidades cometidas na Guerra na Bósnia-Herzegovina
1995: Acordos de Dayton
• Finalmente, após muitos impasses e hesitações, uma força da OTAN sob o
comando americano impôs o fim das hostilidades na Bósnia e conduziu aos
Acordos de Dayton (1995).
• Três semanas após terem sido iniciadas as negociações de paz, os presidentes da
Bósnia, Croácia e Sérvia chegaram finalmente a um acordo para pôr fim a quatro
anos de conflito.
• O plano de paz elaborado nos Estados Unidos – e que seria assinado nos mês
seguinte em Paris – tinha como principais pontos a unificação de Sarajevo e a
realização de eleições democráticas na Bósnia. Os acordos acabaram por dividir o
território bósnio em duas comunidades autónomas, uma sérvia e outra croato-
muçulmana.
1999: Guerra do Kosovo
• No fim da década (1999), o pesadelo regressa aos Balcãs, desta vez à região do
Kosovo, à qual, em 1989, o governo sérvio tinha retirado a autonomia, impondo
uma segregação racial contra a maioria albanesa (90% da população).
• Em 1996, os albaneses de Kosovo formaram o Exército de Libertação de Kosovo e
passaram a lutar pela sua independência. A Sérvia reagiu violentamente a tal
manifestação e, em 1996, estourou mais um sério conflito separatista e étnico na
região: a Guerra de Kosovo.
• Desenrolou-se uma nova operação de “limpeza étnica” que a pressão internacional
não conseguiu travar.
• Somente em 1999 a OTAN interferiu no conflito, mesmo sem mandato da ONU,
e durante 78 dias bombardeou impiedosamente a região. Milosevic foi obrigado a
render-se e o Kosovo foi colocado sob a proteção das Nações Unidas.
• A situação do Kosovo até hoje não está resolvida. Apesar da Declaração de
Independência do Kosovo de 2008, muitos países opõem-se a esta independência,
não a reconhecendo, pelo que ainda persistem inúmeros conflitos no seu território.
Notícias e imagens da Guerra do Kosovo
2001: Slobodan Milosevic sai do
poder
• Em 2001, uma forte pressão interna obrigou Slobodan Milosevic a abandonar o
poder. O homem que prometera à nação sérvia o domínio sobre os seus vizinhos e
acabara por conduzir o país à derrota, à miséria e ao isolamento fora destituído.
• No mesmo ano, Milosevic foi entregue ao Tribunal Penal Internacional, que o
acusou de crimes contra a Humanidade.
Imagem do julgamento de Milosevic no
Tribunal de Haia, Países Baixos
2006: O Fim da Jugoslávia
• De toda a Jugoslávia só restaram a Sérvia e o Montenegro, que em 2003 fundaram
a República Federal da Sérvia e Montenegro.
• A 21 de maio de 2006, ocorreu um plebiscito, no qual 55,5% dos montenegrinos
expressaram seu o desejo de separação.
• A 3 de junho de 2006, o Montenegro declarou-se independente, e com isso
ocorreu o fim da Jugoslávia.
• Apenas dois dias depois, a Sérvia declarou-se também independente.
Bibliografia / Netgrafia
• Rados, Milan; Quem matou Jugoslávia?, Campo das Letras, 1999
• Rados, Milan; Mundo e Comunicação, uma história política contemporânea, Afrontamento,
2008
• http://en.wikipedia.org/wiki/Yugoslavia
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Kosovo
• http://www.infoplease.com/spot/yugotimeline1.html
• http://pt.wikipedia.org/wiki/Autogest%C3%A3o
Ana Bárbara L. Matos
Turma 5
Ano 1
História do Mundo Contemporâneo
2011/2012