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7/27/2019 DECLOGO DO PERFEITO CONTISTA
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DECLOGO DO PERFEITO CONTISTA HORACIO QUIROGALies de MestreI
Cr num mestre Poe, Maupassant, Kipling, Tchekov como na prpria divindade.
II
Cr que sua arte um cume inacessvel. No sonha domin-la. Quando puderes faz-lo,
conseguirs sem que tu mesmo o saibas.
III
Resiste quanto possvel imitao, mas imita se o impulso for muito forte. Mais do que qualquer
coisa, o desenvolvimento da personalidade uma longa pacincia.
IV
Nutre uma f cega no na tua capacidade para o triunfo, mas no ardor com que o desejas. Ama
tua arte como amas tua amada, dando-lhe todo o corao.
V
No comea a escrever sem saber, desde a primeira palavra, aonde vais. Num conto bem-feito,
as trs primeiras linhas tm quase a mesma importncia das trs ltimas.
VI
Se queres expressar com exatido esta circunstncia Desde o rio soprava um vento frio -,
no h na lngua dos homens mais palavras do que estas para express-la. Uma vez senhor de
tuas palavras, no te preocupa em avaliar se so consoantes ou dissonantes.
VII
No adjetiva sem necessidade, pois so inteis as rendas coloridas que venhas a pendurar num
substantivo dbil. Se dizes o que preciso, o substantivo, sozinho, ter uma cor incomparvel.
Mas preciso ach-lo.
VIII
Toma teus personagens pela mo e leva-os firmemente at o final, sem atentar seno para o
caminho que traaste. No te distrai vendo o que eles no podem ver ou o que no lhes importa.
No abusa do leitor. Um conto uma novela depurada de excessos. Considera isso uma verdade
absoluta, ainda que no o seja.
IX
No escreve sob o imprio da emoo. Deixa-a morrer, depois a revive. Se s capaz de reviv-la
tal como a viveste, chegaste, na arte, metade do caminho.
X
Ao escrever, no pensa em teus amigos nem na impresso que tua histria causar. Conta como
se teu relato no tivesse interesse seno para o pequeno mundo de teus personagens e como se
tu fosses um deles, pois somente assim obtm-se a vida num conto.