Deir el-Bahari

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Deir el-Bahari, templo de Hatshepsut no Egito

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FAAP FUNDAO ARMANDO ALVARES PENTEADO CURSO DE ARQUITETURA

BIANCA ATALLA E CAROLINA DULCINOTI

DEIR EL-BAHARI

So Paulo 2011

SUMRIO

INTRODUO.......................................................................................................... 1. O EGITO.................................................................................................................. 1.1. PERDOS EGPCIOS........................................................................................... 1.1.1. Pr Dinstico...................................................................................................... 1.1.2. Antigo Imprio.................................................................................................. 1.1.3. Mdio Imprio.................................................................................................... 1.1.4. Novo Imprio..................................................................................................... 1.2. ARQUITETURA EGPCIA............................................................................. .... 2. A FARA HATSHEPSUT................................................................................. .... 3. TEMPLO DE EL-BAHARI..................................................................................... 3.1. O TEMPLO........................................................................................................... 3.2. Os ESCAVADORES E RESTAURADORES DE DEIR EL-BAHARI............ 3.3. ARQUITETURA DO TEMPLO DE HATSHEPSUT..................................... .... 3.4. LOCALIZAO.............................................................................................. .... 3.5. DESCRIO DO TEMPLO............................................................................ .... 3.5.1. O Templo do Vale......................................................................................... .... 3.5.2. Primeiro Terrao........................................................................................... .... 3.5.3. Segundo Terrao........................................................................................... .... 3.5.3.1 Capela de Anubis 3.5.3.2 Capela de Hator.. 3.5.4 Terceiro Terrao............................................................................................. .... CONCLUSO.............................................................................................................

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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS......................................................................... 25

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INTRODUO Aps a concluso dos estudos da disciplina, onde foram abordadas algumas construes de culturas diversas, houve a proposta do aprofundamento em um edifcio dentre elas, o que resultou neste trabalho. A construo escolhida foi o Templo de Deir el-Bahari, erguido para a rainha Hatsheptsut durante a XVIII dinastia Egpcia. A escolha do edifcio partiu do gosto e interesse pela histria egpcia e em especial sobre a dita rainha-fara. O desenvolvimento do trabalho se trata de explicar a arquitetura do templo detalhadamente e inserir o mesmo na cultura egpcia, na poca e local onde foi construdo.

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1. O EGITO

Na Antiguidade, o Egito foi uma das regies mais importantes. Possui importante localizao geogrfica, influenciando a organizao de seus povos ao longo do rio Nilo, localizado por sua vez, entre o Deserto Oriental e o Deserto Ocidental. A rea na borda do Nilo, aps as cheias, tornava-se uma terra extremamente frtil da qual os egpcio aprenderam a tirar o melhor proveito. Toda a vida da regio era organizada em torno da cheia do Nilo, que alm da produo, o comrcio tambm era beneficiado com navegao. Possuam uma sociedade estamental, bem organizada onde todos tinham direito ao aprendizado, mas esse era condizente com sua classe.

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Fara e Famlia Vizer representante do Fara, geralmente um membro da famlia Classes Privilegiadas Nobres (parentes do Fara), Sacerdotes (mdicos e alquimistas) Classes No privilegiadas Escribas (assalariados), Arteses, Soldados, Camponeses e Escravos

A poltica do Egito baseava-se numa Monarquia Teocrtica, onde o rei representava o Deus, o que explica a f que os habitantes depositavam em seu governante, erguendo construes esplendidas. Eram politestas, ou seja, acreditavam em vrios deuses com representao zoomrfica, parte animal e parte humana, j que acreditavam que os animais eram a representao de seus deuses. Sua forma de arte ento explicada por sua religio e poltica. Na pintura no havia a liberdade de criao ou novas tcnicas, isso porque a mesma no tinha uma funo decorativa e sim de registro e culto ao Fara. caracterizada pela mimese1, rica em smbolos, cores e sinais, simultaneidade, hierarquia de tamanho, ausncia de sombra e linearidade. A funo da pintura se repetia na escultura, suas caractersticas eram a ausncia de movimento, simetria, falta de expresses faciais, contraposto, ausncia de vos. Eram feitas em granito, pedra calcria, madeira e ouro. Era dado maior tratamento frontal e lateral que o ao posterior, devido a sua funo de culto. As esculturas pintadas ficavam no interior das pirmides ou palcios, j no exterior, nas pirmides, o mesmo no acontecia.

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Repetio das imagens

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1.1 Perodos Egpcios 1.1.1. Pr Dinstico Perodo onde comea a se formar o Egito, vrias tribos comeam a se agrupar em torno do rio. Muitos especialistas defendem que os rios Africanos desse perodo secaram, causando a migrao da populao. 1.1.2. Antigo Imprio (3000 a.C. 2100 a. C.) As tribos j agrupadas em torno do Nilo se unem. Mtodos para a agricultura, pecuria e extrativismo so desenvolvidos, possibilitando um excedente de produo e

consequentemente a exportao. 1.1.3. Mdio Imprio (2100 a.C. 1580 a.C.) No fim do Antigo Imprio, ouve uma crise interna no Egito, os Faras do Mdio Imprio conseguiram estabilizar a regio, o que possibilitou o desenvolvimento da cultura, arte e religio. Entretanto no fim desse perodo uma nova crise possibilita a invaso dos hicsos, povo nmade de origem asitica, por volta de 1750 a.C. 1.1.4. Novo Imprio (1580 a.C. 715 a.C.) Os egpcios conseguem expulsar os hicsos do territrio. O Novo Imprio foi marcado por conquistas territoriais e expanso de relaes comerciais. Importante citar tambm que aqui governa Hatshepsut, importante figura de discusso desse trabalho. No final do perodo ocorrem novamente crises internas que tomam grandes propores culminando a partir do sculo VII a.C. em diversas invases que causam sua queda. 1.2. Arquitetura Egpcia Seria errado definir a arquitetura egpcia como um sistema esttico de coordenadas ortogonais, j que esta uma manifestao das crenas. Notamos que os monumentos esto organizados pela sntese das foras verticais e horizontais, mas ambos tendem um mesmo propsito: a correo de um entorno constante de validade eterna, dai a representao de suas crenas.

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2. A FARA HATSHEPSUT A quinta Fara da XVIII Dinastia que governou o Egito de 1479 a 1458 a.C., filha primognita de Tuthmosis I e sua esposa Ahmose viu-se obrigada pela tradio a ser posta em segundo plano. Quando seu pai morreu sem deixar um filho varo, subiu ao trono seu meio-irmo Tuthmosis II, filho com a segunda esposa, Mut-Nefert. Para que existisse legitimidade do trono, este casou-se com Hatshepsut. Mais tarde, com a morte do marido e somente filhas, Neferu-Ra e Merit-Ra Hatshepsut, frutos do casamento criou-se um novo problema quanto a quem assumiria o trono. Entretanto seu marido havia tido um filho varo com a esposa secundria, Isis, esse menino que tinha por volta de cinco anos se tornou o novo rei, com o nome de Tuthmosis III. Contudo havia um porm, o menino deveria desposar a filha mais nova Neferu-Ra, mas isso nunca chegou a acontecer.

FIGURA 1 - Esttua de Hapu-Seneb. Museu do Louvre. (Foto. Chuzeville).

Depois do ano sete, tendo exercido com seu enteado um governo conjunto a contra gosto a situao comeou a mudar, e Hatshepsut colocou cada vez mais o garoto em segundo plano. Com o intuito de assumir o poder inteiramente, a rainha cercou-se de pessoas poderosas, influentes e fiis colaboradores. O mais importante apoio foi, provavelmente, seu sumo sacerdote de Amn, visir e chefe de todos os templos, Hapu-Seneb. Outra pessoa importante foi Sen-en-Mut, seu homem de confiana e chefe de todas as obras, o arquiteto da poca.

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Hapu-Seneb lhe concedeu um belssimo mito religioso, a teogamia. Em sua histria ela era a filha carnal do deus Amon, o qual fecundou a rainha assumindo a aparncia fsica de seu pai. Assim Amn, o deus mais poderoso, concedia sua paternidade, de modo que ela deveria ser a rainha do Egito. J Sen-en-Mut usou toda sua genialidade e talento construindo para a rainha o templo Dyeser-Dyeseru2. Um sonho de materiais exticos e eternos, uma quase confisso de amor a sua rainha. At onde se tem informao, o reinado de Hatshepsut durou vinte anos os quais foram militarmente tranquilos e prsperos em expedies comerciais, principalmente Punt, um pas mtico que seria provavelmente a atual Somlia. Sendo assim, seu poder e influncia se estenderam muito alm do Egito, at a sua morte, quando sucedida por Tuthmosis III.

FIGURA 2 - Esttua-cubo de Sen-en-Mut y Neferu-Ra. Museu Egpcio do Cairo. (Archivos IEAE).

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O nome egpcio mais frequente do templo da rainha. Significa: "Amn o nico entre os nicos"

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FIGURA 3 - Valle Dos Reis. Tumba de Hatshepsut. KV 20. (Archivos IEAE).

3. TEMPLO DE DEIR EL-BAHARI Quando a rainha finalmente conseguira subir ao trono j havia decidido que construiria um templo de milhes de anos na mesma zona, onde Heteo Neb-Hepet-Ra havia construdo um magnfico templo funerrio. Ao que parece a construo do templo comeou logo no reinado de Tuthmosis II e foi retomado quando a rainha foi coroada, no stimo ano de seu reinado. Para levar a construo em diante, foi necessrio primeiramente desmontar outro templo que fora construdo para Amen- Hotep e sua me, a rainha Ahmose-Nefert-Ary, que ocupava a rea do quadrante sudeste, onde hoje seria o segundo terrao do templo da rainha. A origem da construo, sua forma inicial, desde os tempos do marido ou talvez do pai de Hatshepsut, praticamente desconhecida, uma vez que a prpria rainha tenha modificado repetitivamente o curso do projeto. Aps reinar 21 anos, Hatshepsut desaparece das pginas da histria. Mais 20 anos depois, seu sucessor Tuthmosis III teria apagado seus nomes e suas representaes das paredes da construo. Desse modo, ler as mensagens deixadas por ela no terceiro terrao tornou-se a tarefa mais importante do arquelogos e estudiosos.

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Para o projeto e construo do templo contou-se com muitos arquitetos sob a ordem de Sen-em-Mut. O arquiteto construiu um templo que submergia do corao da montanha, na parede rochosa de Deir el-Bahari. Para chegar at o santurio, era preciso subir por terraos sucessivos desde o vale, lentamente em uma progresso que evocava as distintas etapas do avano espiritual necessrias para ascender por uma simblica colina de onde a rainha ressurgiria como uma deusa. Desde o ponto de vista teolgico, parece claro que se elegeu o stio rochoso de Deir elBahari para instalar o templo. Por se tratar de uma rea cuja topografia era considerada sagrada, visto que ali se identificavam os chifres da cabea da vaca sagrada Hat-Hor, senhora do ocidente, cujo corpo se estende representado nas colinas ao Sul at chegar a um lugar chamado Ta set Neferu, atual Vale das Rainhas. Tambm se estabeleceu como elemento arquitetnico dominante o uso de linhas horizontais. Tal efeito estava representado pelos terraos apoiados contra o stio e os muros demarcados e estes, pelos prticos, tudo isso dividido por rampas de acesso. Assim, se visualiza uma simblica dupla unio do novo edifcio religioso. De um lado, o templo do Deus Amn em Karnak, cujo eixo central se comunica com a calada do novo templo funerrio, e de outro, com a prpria tumba da rainha no Vale dos Reis. A presena das cenas do nascimento divino da rainha (a teogamia) e as da capela de Anubis se misturam estabelecendo a origem divina de Hatshepsut como uma filha mortal do prprio deus Amn, origem a qual uma vez morta seria divinizada. Assim fica claro, em Deir el-Bahari que o que se evoca o nascimento e renascimento de uma divindade: a rainha Hatshpsut Maat-K-Ra. Mas o templo tambm um lugar santo construdo para a glria do deus imperial de Tebas, Amn-Ra, em suas diversas manifestaes. Nos causa a sensao de que, em um s templo, mesclam-se vrios santurios, intimamente entrelaados entre si em uma expresso da arquitetura simblica e religiosa, destinada a amparar a divina personalidade da rainha na outra vida. Anos depois de sua construo, quando o cristianismo se estabeleceu no Egito, as runas do templo serviram de abrigo para eremitas, sendo fundado um monastrio que lhe deu o nome pelo qual hoje chamado "O convento do norte".

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3.1. O templo de conhecimento que os templos egpcios comeavam a ser construdos de dentro para fora seguindo um ritual que a arquitetura egpcia impunha em suas construes sagradas. O desenho do templo previa que os rituais seriam desenrolados desde o templo principal, junto ao vale e o rio, passando ao longo de uma calada que conduziria a uma ascenso progressiva a um dos jardins, ante-sala dos terraos, at alcanar o santurio. O templo de Hatshepsut, que entrou para a lista de Patrimnio Mundial da UNESCO, tem sua inquestionvel presena em livros que lidam com a histria da arquitetura no mundo 3.2. O escavadores e restauradores de Deir el-Bahari O templo se foi revelando progressivamente aos exploradores desde o fim do sculo XVIII. Em 1743, o viajante ingls Pococke realizou uma breve descrio de um lugar chamado Deir El-Bahari. Na transcorrncia da Expedio Napolenica ao Egito, em 1798, Jollois e Devilliers, membros da Comisso des Savants em suas exploraes da parte ocidental de Tebas puderam ver sob os restos e runas uma fileira de esfinges e uma porta monumental com um teto em forma de abboda. Champollion, Wilkinson, Lepsius y Dminchen tambm visitaram as runas do dito monumento. Mariette o descobriu nas escavaes de 1858 a 1866. Logo, Edouard Naville prosseguiu em suas tarefas de 1892 at 1897 e Baraize de 1910 at 1937. Os americanos sob a direo de Winlock descobriram brilhantes resultados em 1911 a 1931. Desde 1961 a zona foi ocupada por uma misso do Centro de Arqueologia Mediterrnea da Universidade de Varsvia sob a direo de sucessivos empregados dos quais o primeiro foi Leszek Dabrowski. Atualmente a misso polaca desenvolve seus trabalhos na reconstruo com a Organizao de Antiguidades do Egito. Estudiosos polacos e arquelogos, que foram enviados por Kazimiers Michalowski para Deir el Bahari em 1961, foram os ltimos de uma longa srie de jornadas e pesquisas visitando o stio local. Kazimierz Michalowski manteve-se organizando tal misso ao local desde 1961 at 1981. Portanto, a nica empresa arquitetnica que tem tido como objeto de investigao por quase dois sculos a fara-mulher da 18 dinastia, filha do grande Tuthmosis I, irm e esposa de Tuthmosis II, que governou o Egito por aproximadamente 3500 ano atrs.

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Figuras 4 e 5 Templo de Hatshepsut. Incio das restauraes de 1960 (ao fundo, escavaes do templo de Tuthmosis III). (PCMA Archives)

Em 1968, uma equipe de preservao da propriedade cultural foi levada ao terreno; trabalhando pelas prximas duas dcadas sob direo de Zygmunt Wysocki. Foi decidida com a Organizao de Antiguidades Egpcias (EAO) a reconstruo completa de certas partes do templo. Assim, o prtico superior e as paredes do terrao superior foram restaurados at sua altura real. Algumas das estruturas arquitetnicas como balastres e colunas foram reconstrudas com o calcrio extrado ao lado de antigas pedreiras localizadas a noroeste de Tebas. O terrao superior do templo foi o elemento mais importante de todo o edifcio. Nele, Hatshepsut incorporou a informao mais importante, impondo o papel o templo destinado vida religiosa do Egito, informao sobre pocas de seu reinado e at sobre seus planos para o futuro. O prtico superior contm textos e imagens ilustrativas da coroao de Hatshesut como rei do Egito. A idia contida a continuao da narrao presente nos dois terraos abaixo deste. Duas rampas que ligam para os terraos intermedirio e superior respectivamente foram restaurados. No p da rampa mais alta, encontram-se esttuas de dois falces reais sentados que tambm foram restaurados. Cenas de um ritual dirio aparecem na parede sul de um ptio. L, Hatshesut aparece, algumas vezes com Tuthmosis III e outras com sua filha Neferur e sua me Ahmes, na performance dos rituais com a esttua de Amun-Re.

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Inicialmente o ptio possua duas fileiras de colunas em todos os quatro lados. leste, isto , o lado de entrada, Hatshepsut instalou uma terceira fileira de colunas. Ao mesmo tempo, ela fez uma entrada na parede sul, providenciando acesso a um complexo de duas capelas morturias. Uma foi pretendida ao seu pai Tuthmosis I e a outra para si mesma. Para a instalao dessa entrada sul, foi necessrio remover as colunas da parede que separava o Ptio das capelas, assim a terceira fileira de colunas enfatizava a segunda, eixos transversais do tempo no Terrao Superior. Depois de tantos anos de trabalho hoje o templo est quase plenamente recuperado em seu antigo esplendor, todavia se trabalha na zona do santurio, no ptio do peristilo3 para concluir sua restaurao e recomposio total.

3.3. Arquitetura do Templo de Hatshepsut As dinastias precedentes a de Hatshepsut, construam seus templos como um sistema de massas megalticas representado pelas grandes pirmides, o novo templo da rainha trouxe um novo conceito que estava se estabelecendo no Egito, o das estruturas trilticas. Ento a sempre presente pirmide nas construes some no templo da rainha, na medida em que a montanha assume a funo da mesma. O arquiteto Sen-em-Mut trouxe nesse templo um avano na arquitetura, a construo no somente traada ou escavada na geografia existente, mas tambm uma sequncia aberta de pilastras e vigas semelhante da arquitetura grega.

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Galeria de colunas isoladas, em torno de um edifcio ou de um ptio.

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FIGURA 6 - Organizao Ortogonal e Axial

A ideia de eixos horizontais e verticais presentes em seus edificios reproduzem a orientao do Nilo e o caminho solar, de modo a representar seu conceito de eternidade. Essas foras foram durante muitos sculos expressas nas pirmides egpicias. No caso do templo de Hatshepsut em especial, o eixo vertical unificou-se com o longitudinal atrves do movimento ascendente das rampas. Na construo predomina o sistema triltico utilizando colunas proto-dricas4. Contou para isso, com o seu arquiteto Sen-em-Mut, dando lhe instrues de como desejava a construo do templo de Amon, que deveria se basear na morada dos deuses no pas conhecido como Punt.

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Colunas proto-dricas - So colunas em que o baco chega a substituir por completo o capitel

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FIGURAS 7 e 8 - Sistema trilitico (http://www.flickr.com/photos/c-j-b/3186098601/sizes/l/in/photostream)

Sen-em-Mut tinha uma posio social e talento arquitetnico comparveis com seu antecessor Imhotep. Houve na arquitetura uma grande mudana, na materializao do espao ortogonal organizado axialmente. O sistema ortogonal j no disposto sobre superfcies das massas megalticas ou escavado no interior dessas, mas executado como uma sequncia aberta de pilastras e vigas. Assim, j no simboliza a seguridade existencial mediante massas indestrutveis, mas o termino de uma ordem abstrata e repetitiva. Como a montona repetio das largas e convencionais oraes pelos mortos, a repetio egpcia de unidades arquitetnicas formava, sem exceo da mesma e angustiante busca de certeza. O templo funerrio da rainha Hatshepsut est organizado conforme um eixo longitudinal que prolonga o eixo principal do grande templo de Amon em Karnak, do outro lado do Nilo. Um muro definia originalmente o recinto, que consta de trs terraos conectados mediante largas rampas escalonares situadas na parte central. Na frente do segundo e terceiro terraos so formadas linhas regulares de pilastras e na terceira rampa ainda se pode ver os restos do templo propriamente dito, com um ptio transversal e uma capela funerria longitudinal, escavada na parede rochosa. Esta distribuio deriva evidentemente dos templos das pirmides do Antigo Imprio, s que aqui a montanha assume a funo da pirmide,

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presente tambm no movimento ascendente das rampas. O smbolo do eixo vertical se unificou com o tema da viajem longitudinal nas novas snteses significativas. A articulao arquitetnica aqui mais variada e afinada do que as estruturas megalticas da IV dinastia. Tanto que a aparncia exterior dos prticos apresenta a forma quadrangular das pilastras, seu interior est subdividido por colunas redondas e os muros esto decorados com belos relevos. No ngulo nordeste do segundo terrao levanta-se uma capela consagrada a Anubis, precedida de uma coluna proto-drica. Nas pilastras que formavam a frente da sala hipstila, no terceiro terrao, havia altas esttuas de Osiris com o rosto da rainha. Em geral, o templo de Hatshepsut parece ter sido desenhado na melhor fase da historia egpcia, quando a singularidade fundamental representada na organizao do espao ortogonal estava suficientemente bem fundada como que para permitir a reparao da escala humana e os detalhes significativos j tentados por Imhotep em Sakara. Disso se deduz que foi necessrio um processo de abstrao e sistematizao espacial para permitir um uso mais variado dos detalhes caractersticos. Este processo foi simplificado pelo fato de que os primeiros obeliscos foram erguidos durante o Imprio Mdio e convertidos logo em um smbolo tpico da dimenso vertical. A materializao programtica do espao ortogonal culminou com a grande sala festiva de Tuthmosis III (1504-1450 a.C. ) em Karnak. O seu estilo, com dois nveis de terraos, imita o Templo de Mentuhotep II (em segundo plano), construdo 500 anos antes. No interior do Templo de Mentuhotep existe uma longa passagem para oeste, que d acesso ao tmulo do rei, nas profundezas da montanha. No templo funerrio uma pirmide emblemtica sobrepassa a grande sala hipstila, esta unidade principal se erguia em um terrao delimitado por uma coluna exterior e duas ordens de pilastras quadrangulares (prtico). A cmera funerria bastante simples. As salas de pilares monumentais so escavadas na rocha. E a sala hipstila decorada com baixo relevo relativo a historia do Imprio e vida da rainha. O eixo central lembra o santurio de Amn em Karnak, uma das evidencias da ligao da rainha com esse deus.

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FIGURA 9 Perspectiva e Planta Deir El-Bahari

FIGURA 10 Foto do Templo de Hatshepsut (http://www.welt.de/reise/article4052314/Luxor-leuchtet.html)

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FIGURA 11 Foto do Templo de Hatshepsut (http://womenshistory.about.com/od/hatshepsut/ig/HatshepsutFemale-Pharaoh/Djeser-Djeseru.html)

FIGURA 12 Implantao dos Templos de Tuthmosis III e de Hatshepsut

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3.4. Localizao Deir el-Bahari encontra-se em frente Tebas, antiga capital do Egito, na margem ocidental do Nilo, integrando-se na paisagem da escarpa montanhosa.

FIGURA 13 Mapa de localizao

FIGURAS 14 Fotos de satlite (Google Earth)

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3.5. Descrio do Templo

FIGURA 15

1. Primeiro Terrao 2. Segundo Terrao 3. Prtico Norte 4. Prtico Oeste

5. Capela de Anubis 6. Capela de Hator 7. Terceiro Terrao 8. Capela de Ra-Horajty

9. Capela de Tuthmosis I 10. Cmara de Oferendas de Hatsheptsut 11. Santurio

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3.5.1. O Templo do Vale O chamado Templo do Vale formava parte de todos os conjuntos funerrios reais existentes na orla ocidental de Tebas. O mesmo estava localizado no limite com o terreno cultivado e constava de um desembarcadouro e um edifcio que compreendia dois terraos, antecipando a arquitetura do templo. Desde ali, partia uma fileira de esfinges que conduzia ao ptio inferior. 3.5.2. Primeiro Terrao Esse primeiro terrao acessvel por uma rampa, neste existe um grande ptio cercado por muros baixos e largos com um grande prtico duplo. Antes de ascender a esse patamar havia dois lagos em forma de T cercados de plantas ornamentais, a maioria proveniente de Punt e duas figuras Osiracas no inicio e fim da rampa, das quais hoje s resta uma. A balaustrada da rampa de acesso ao segundo terrao mostra a rainha sob a aparncia de um leo. O fundo do ptio termina no prtico inferior com onze pilares, atrs de onze colunas de ambos os lados da rampa.

FIGURA

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Figura

Osiraca

do

incio

da

rampa

(http://www.flickr.com/photos/c-j-

b/3187024492/sizes/z/in/photostream/)

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3.5.3. Segundo Terrao O prtico do segundo terrao decorado no lado sul com relevos representativos da expedio a Punt e no lado norte, no prtico mdio, com relevos do nascimento de Hatshepsut. Na parte norte, ao fundo desse terrao existe um segundo prtico suspenso por quinze colunas fasciculadas, onde abaixo desembocam quatro nichos inacabados.

FIGURAS 17 e 18 Registros do nascimento de Hatshepsht localizados no prtico mdio

3.5.3.1 Capela de Anubis No extremo norte do segundo terrao h uma capela dedicada a Anubis, composta de uma sala hipstila com doze colunas e trs pequenos santurios. 3.5.3.2 Capela de Hator No extremo sul do segundo terrao havia uma capela escavada na rocha dedicada a deusa Hator. Nela consta um vestbulo com pilares Hathricos, uma sala hipstila com doze colunas que d acesso ao santurio propriamente dito. O acesso ao recinto era feito atrves de uma segunda rampa de largura menor que a principal.

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3.5.4 Terceiro Terrao O acesso a esse terrao termina em uma porta de granito rosa que adentra em um ptio transversal rodeado de colunas, onde encontramos duas partes bem diferenciadas. No lado sul, a capela de Tuthmosis I e a cmera de oferendas da rainha, escavada na rocha. A cmera de oferendas decorada com nichos osiracos e uma representao de Senen-Mut, quase que escondido atrs da porta. A capela tem nos seus muros imagens das procisses de sacerdotes que levam oferendas, como vestidos, flores e unguento. No teto podia ser observado um mapa do cu representando as constelaes. No lado norte esto algumas salas dedicadas a Ra-Hor-Ajti. Atravs de uma porta temos o acesso um vestibulo com colunas nas quais h um nicho dedicado a rainha representada como uma mulher de idade, alm da sala de Amn e Amnonet. Nesse terrao se encontram vinte e duas colunas decoradas originalmente com esttuas de Osris com o rosto da rainha, tendo cada uma cinco metros de altura.

FIGURA

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Terceiro

Terrao

(http://womenshistory.about.com/od/hatshepsut/ig/Hatshepsut-Female-

Pharaoh/Djeser-Djeseru---Osiris-Statue.html)

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CONCLUSO Uma das mais importantes caractersticas do templo com certeza a sua localidade e insero. De forma que essas proporcionam, o sumio completo da pirmide, uma vez que as montanhas rochosas assumem seu papel e determina a forma de construo, uma parte de materiais comuns a poca e outra a partir da escavao da rocha. Semelhante ao templo j existente ao seu lado, o templo da rainha erguido atravs de patamares sucessivo at chegar at a montanha, o que nos lembra, de certo modo, as pirmides de ponta. Essa semelhana demonstra que a arquitetura apersar de mudar em vrios aspectos, continua com um fim morturio e uma inteno de chegar cada vez perto do cu, dos deuses.

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REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS El Templo de Hatshpsut en Deir El-Bahari, La Escalera Hacia el Cielo para el Dios de Tebas. 26p. Disponvel em: .

Acesso em: 26 out. s 8:16. Deir el-Bahari, Templo of Hatshepsut. 14p. Disponvel em:

. Acesso em: 16 nov. s 8:39. DISCOVERY CHANNEL, BRASIL. EGITO: Faras e Rainhas. Disponvel em: Acesso em: 02 nov. s 15:42. KOSTOF, Spiro. Historia de La arquitectura. Alianza Forma, 2000. 418p. (vol 1) BAINES, John. O mundo egpcio: deuses, templos e faras. Edies Del Prado, 1996. (vol 1) ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 14724