Upload
others
View
1
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
UNIVERSIDADE DE CRUZ ALTA
UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM
ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE
DEISE JULIANA RHODEN
DOR MUSCULOESQUELÉTICA, ESTRESSE E RESILIÊNCIA EM
ENFERMEIROS ANTES E DEPOIS DA AVALIAÇÃO DE
MANUTENÇÃO DA CERTIFICAÇÃO DE ACREDITAÇÃO
HOSPITALAR
IJUÍ-RS, BRASIL
2019
2
DEISE JULIANA RHODEN
DOR MUSCULOESQUELÉTICA, ESTRESSE E RESILIÊNCIA EM
ENFERMEIROS ANTES E DEPOIS DA AVALIAÇÃO DE
MANUTENÇÃO DA CERTIFICAÇÃO DE ACREDITAÇÃO
HOSPITALAR
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Atenção Integral à Saúde, da Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ, RS), em associação ampla à Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI, RS), como requisito parcial para obtenção de título de Mestre em Atenção Integral à Saúde.
Orientadora: Profa. Dra. Eniva Miladi Fernandes Stumm
IJUÍ-RS, BRASIL
2019
Catalogação na Publicação
Aline Morales dos Santos Theobald CRB10/1879
R475d Rhoden, Deise Juliana.
Dor musculoesquelética, estresse e resiliência em enfermeiros antes e depois da avaliação de manutenção da certificação de acreditação hospitalar / Deise Juliana Rhoden. – Ijuí, 2019.
124 f.: il. ; 30 cm.
Dissertação (mestrado) – Universidade de Cruz Alta / Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Campus Ijuí). Atenção Integral à Saúde.
"Orientadora: Eniva Miladi Fernandes Stumm."
1. Enfermeiro. 2. Acreditação hospitalar. 3. Dor musculoesquelética. 4. Estresse ocupacional. 5. Cortisol salivar. 6. Resiliência psicológica. I. Stumm, Eniva Miladi Fernandes. II. Título.
CDU: 614.253.5 614.253.5:331.442
3
UNIVERSIDADE DE CRUZ ALTA E UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE
DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM
ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
aprova a Dissertação de Mestrado
DOR MUSCULOESQUELÉTICA, ESTRESSE E RESILIÊNCIA EM
ENFERMEIROS ANTES E DEPOIS DA AVALIAÇÃO DE
MANUTENÇÃO DA CERTIFICAÇÃO DE ACREDITAÇÃO
HOSPITALAR
Elaborado por:
DEISE JULIANA RHODEN
Como requisito parcial para obtenção de grau de Mestre em Atenção Integral à Saúde
_________________________________________ Profa. Dra. Eniva Miladi Fernandes Stumm
Orientadora
COMISSÃO EXAMINADORA
_________________________________________ Prof. Dr. Matias Nunes Frizzo (UNIJUÍ)
_________________________________________ Profa. Dra. Graziele de Lima Dalmolin (UFSM)
_________________________________________ Profa. Dra. Patricia Treviso (IPA)
Ijuí, 2019.
4
Dedico essa dissertação aos meus pais, sei o
quanto vocês sofreram com minha ausência
durante as intermináveis horas de estudo.
Também dedico essa dissertação ao meu
amor, Diego, que torceu tanto, em todos
momentos, que vibrou mais que todos com as
minhas vitorias e que me recebe com um
abraço apertado todos os dias... eu não achava
que seria capaz, mas você sempre soube.
5
AGRADECIMENTOS
É difícil escrever essa parte da dissertação. Talvez porque a gratidão não se
verifica através de análises estatística ou, porque não é pelo valor de p que
descobrimos o significado das pessoas em nossas vidas.
Não foi fácil chegar até aqui. Do processo seletivo, aprovação até a conclusão
do Mestrado, foi um longo caminho percorrido.
Em primeiro lugar agradeço a Deus, por me guiar, iluminar, dar força para
seguir em frente e não desistir e, principalmente por me acompanhar nas tantas idas
e vindas até Cruz Alta ou Ijuí.
Agradeço aos meus pais, Sônia e Aldo. Gratidão é pouco!!! Vocês são meu
porto seguro, lugar que sei que sempre posso voltar quando arrasada pelas
tempestades da vida ou em meio dos escombros das dores da alma. Agradeço tanto
por ter pais tão maravilhosos, admiro tanto a garra, honestidade, generosidade e a
imensa capacidade de amar que possuem. Certamente as maiores lições aprendi
com vocês. Vocês são minha inspiração, são tudo para mim!!!
Agradeço meu amado esposo Diego, por todo amor, carinho, compreensão e
apoio em tantos momentos difíceis dessa caminhada. Não teria começado sem a
sua motivação. Não teria persistido sem a sua força. Não teria conseguido sem
você! Obrigado por entender o quanto é importante pra mim crescer na minha
profissão, diante dos tantos desafios que ela impõe, por respeitar minha vontade de
querer ir além. Obrigado por ter permanecido ao meu lado mesmo sem os carinhos
rotineiros, sem a atenção devida e depois de tantos momentos de lazer perdidos.
Obrigado pelo seu sorriso, pela sua companhia e por me fazer tão feliz.
Agradeço a minha amiga de todas as horas Mariléia, por me acolher tantas
vezes em sua casa, por ouvir minhas angustias e me fazer rir dos momentos difíceis.
Obrigado pelo carinho e pela acolhida.
Agradeço ao hospital Vida e Saúde de Santa Rosa pelas inúmeras
oportunidades que tenho dentro dessa casa, por entender que esse mestrado
contribui com o meu trabalho na instituição. Obrigado por abrir as portas para minha
coleta de dados. Obrigado por ser meu segundo lar.
Obrigado aos meus colegas enfermeiros que tão prontamente aceitaram
participar dessa pesquisa e dedicaram-se tanto para que cada amostra fosse
perfeita. Em especial o Lauri, a Dorli e o Paulo por me substituir nos dias de aulas,
6
orientações, trabalhos, seminários, cursos, palestras... foram tantos! Obrigado pelo
apoio.
Obrigado a você Rosa, por me ajudar infinitas vezes e acreditar que mesmo
em meio às turbulências dessa batalha eu poderia conduzir minhas atividades no
hospital. Obrigado por acreditar em mim quando nem eu mesma acreditei.
Agradeço as lindas palavras Vanderli, obrigado! És minha inspiração! Nas
suas palavras encontro forças para seguir.
Agradeço a minha equipe de trabalho, colegas queridas da SRPA, por
entender a minha ausência no setor e cuidar da nossa casa com tanto carinho.
Obrigado por festejar comigo minhas vitórias e por chorar minhas dores. Vocês são
muito especiais para mim.
Agradeço a minha orientadora Professora Eniva, que me incentivou a fazer o
mestrado e me guiou por esse caminho, pela sua competência, paciência,
orientação e dedicação, muito obrigado! Tantas vezes nos reunimos e, embora em
algumas eu chegasse desestimulada, bastavam alguns minutos de conversa e
poucas palavras para que eu estivesse com o mesmo animo do primeiro dia.
Aos colegas de mestrado sou muito feliz e grata por conhecer e conviver com
vocês. Em especial agradeço aquelas que além de colegas tornaram-se confidentes,
terapeutas, conselheiras e amigas do coração Raida, Caroline, Clarisse, Aline,
Gabriela. Vocês são o presente que o mestrado me deu. Agradeço pela amizade.
Aos demais professores e funcionários da UNIJUÍ e da UNICRUZ que sempre
prestativos estavam prontos a ajudar. Agradeço em especial ao Giovano que
sempre muito eficiente respondeu as inúmeras dúvidas, agilizou qualquer demanda
e atendeu as solicitações.
Agradeço todas orientandas da Profe Eniva que, de uma forma ou de outra,
sempre nos auxiliaram trocando experiências, Marina, Vivi, Sabrina, Sandra, e em
especial a Cátia que possamos fazer mais viagens como aquela.
Agradeço ao Laboratório na UNIJUI em especial a Profe Eliana pela atenção
e dedicação que cuidou das minhas amostras.
Muito obrigado as minhas amigas que me auxiliaram na coleta dos dados
Elisangela, Carla e Camila vocês não imaginam como foram importante. Obrigado
pela ajuda!
A Profe Rosane por me auxiliar na compreensão dos dados dessa pesquisa.
Obrigado pelo carinho e atenção.
7
Por fim, agradeço a todos que posso ter esquecido de mencionar diretamente,
mas que de uma forma ou de outra contribuíram para a conclusão desse mestrado e
a realização dessa dissertação, meus sinceros agradecimentos.
8
Linda Alma
Somos arquitetos dos nossos sonhos, engenheiros
do nosso caminho. A caminhada nem sempre é fácil,
exige de nós resiliência, paciência, persistência, foco
e muita fé.
Somos capazes de nos apaixonar, na paixão saímos
do racional, damos lugar aos sonhos e felizmente
fazemos a diferença no mundo.
São de pessoas apaixonadas que o mundo precisa,
dispostas a fazer novos caminhos, construir novas
rotas, atravessar muros e construir um mundo novo.
Sei que a lei dos fortes prevalece, fortes são aqueles
que acreditam, que com atitudes, com determinação,
constroem e dão vida aos mais belos sonhos.
Falo de uma linda menina, disposta a construir
novos caminhos, com o coração repleto de amor,
com a alma leve como a brisa, com os olhos
brilhantes, como a luz do sol, que pelo conhecimento
e pelo profissionalismo faz a vida ser sentida do
amanhecer ao anoitecer.
Pulsa a vida, taquicardia do vento, na pele clara e no
sentimento, de sonhos que se expandem em
caminhos e horizontes de amor e fé.
A ti minha menina, são as Valentinas, Florences,
Marias, todas sintetizadas em uma linda alma,
humana, profissional e admirada, chamada Deise.
Que todos os dias sejam para você festejar e
celebrar o lindo caminho que você está construindo.
Com amor e profunda admiração!
Vanderli Machado de Barros
9
RESUMO
Introdução: a Acreditação Hospitalar é uma certificação de qualidade que traz
visibilidade e reconhecimento a uma instituição no que tange a qualidade
assistencial e ao compromisso com a segurança do paciente. É um processo
dinâmico, complexo, com uma gama de exigências aos enfermeiros que nela atuam.
As demandas que emergem desse processo e as pressões das inúmeras auditorias
sobrecarregam os profissionais e os predispõe ao adoecimento físico e psíquico,
caracterizado inicialmente por dores musculoesqueléticas e estresse. Objetivo
geral: verificar dor musculoesquelética nas diferentes regiões anatômicas, níveis de
estresse, cortisol salivar e capacidade de resiliência de enfermeiros no âmbito
hospitalar, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de
Acreditação da referida instituição de assistência à saúde. Objetivos específicos:
caracterizar os enfermeiros participantes da pesquisa com variáveis
sociodemográficas, ocupacionais e clínicas; mensurar níveis de estresse e de
cortisol salivar dos participantes da pesquisa; avaliar resiliência dos enfermeiros;
identificar presença e periodicidade de dor musculoesquelética nos participantes da
pesquisa nas diferentes regiões anatômicas; associar dor musculoesquelética com
níveis de estresse, cortisol salivar e resiliência. Metodologia: pesquisa de
abordagem quantitativa do tipo quase experimental. A coleta de dados ocorreu em
dois momentos antes e depois da avaliação de manutenção de Acreditação
Hospitalar, com o uso de quatro instrumentos: Caracterização Sociodemográfica,
Ocupacional e Clínica; Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares; Escala
Bianchi de Stress e Escala de Resiliência e, como marcador fisiológico do estresse,
o cortisol salivar. Foram convidados para integrarem à pesquisa todos os
enfermeiros que atuam em um hospital porte IV do interior do estado do Rio Grande
do Sul durante a visita de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar –
Nível 2. Após aplicados os critérios de inclusão e exclusão participaram 53
enfermeiros. As variáveis que integram os instrumentos de coleta de dados foram
analisadas com o uso de estatística descritiva e inferencial com o programa
Statistical Package for Social Science, versão 17.0. Resultados: constituíram esse
estudo três manuscritos. O primeiro, intitulado “Estresse e resiliência de enfermeiros
antes e depois da avaliação para manutenção da Certificação de Acreditação
Hospitalar” permitiu constatar que maioria dos enfermeiros encontrava-se em nível
10
médio de estresse, nos dois momentos avaliados. Maiores escores de estresse
foram atribuídos à coordenação das atividades da unidade e administração de
pessoal. Os participantes da pesquisa encontravam-se com capacidade de
resiliência média e alta. O segundo, intitulado “Análise do estresse, cortisol e dor
musculoesquelética em enfermeiros, antes e depois da avaliação da Certificação de
Acreditação Hospitalar” mostrou que não ocorreu associação significativa entre a dor
musculoesquelética referida pelos enfermeiros e o estresse fisiológico, segundo as
variações do cortisol salivar. Os locais onde os enfermeiros mais referiram dor foi
nos ombros, parte superior das costas e pescoço, indiferente do momento de
análise. O terceiro manuscrito, intitulado “Análise do estresse, dor
musculoesquelética e resiliência em enfermeiros frente os processos de Acreditação
Hospitalar” mostrou que a maioria dos enfermeiros apresentavam boas condições de
saúde, porém, com médios níveis de estresse, tanto antes como depois da
avaliação. A maioria dos que referiram dor encontravam-se em médio nível de
estresse, porém com capacidade de resiliência mediana. O fato de a resiliência ter
aumentado depois da avaliação é um fator positivo para sua saúde. Conclusão: os
enfermeiros perceberam a avaliação e as demandas do processo de acreditação
como estressante, pois encontravam-se em médios níveis de estresse e tinham dor
nos ombros, parte superior das costas e pescoço, indiferente do momento de
análise. Porém a capacidade de resiliência média e alta mostrou-se fator positivo no
que tangue a manutenção da saúde e enfrentamento ao estresse vivenciado. Os
resultados dessa pesquisa são instigantes, contribuem com reflexões sobre o tema,
conhecimento dos profissionais no intuito de compreender sua saúde, bem como
aos gestores, no intuito de planejar e implementar ações que os ajudem a melhorar
o enfrentamento e prevenir danos à saúde.
Palavras-chave: Enfermeiro. Acreditação Hospitalar. Dor Musculoesquelética.
Estresse Ocupacional. Cortisol Salivar. Resiliência Psicológica.
11
ABSTRACT
Introduction: Hospital Accreditation is a quality certification that brings visibility and
recognition to an institution regarding care quality and commitment to patient safety.
It is a dynamic process, complex with a range of demands on nurses working in it.
The demands that emerge from this process, the pressures of countless audits
overload professionals and predispose them to physical and mental illness, initially
characterized by musculoskeletal pain and stress. General objective: to verify
musculoskeletal pain in the different anatomical regions, stress levels, salivary
cortisol and resilience of nurses in the hospital, before and after maintenance
assessment of the Accreditation Certification of the referred health assistance
institution. Specific objectives: to characterize participants nurses of the research
with sociodemographic variables, occupational and clinical; measure stress and
salivary cortisol levels of research participants; assess resilience of nurses; identify
presence and periodicity of musculoskeletal pain in research participants in different
anatomical regions; associate musculoskeletal pain with stress levels, salivary
cortisol and resilience. Methodology: quasi-experimental quantitative approach
research. The data collection occurred at two moments before and after of the
evaluation, using four instruments: Sociodemographic Characterization, Occupational
and Clinical, Nordic Musculoskeletal Questionnaire, Bianchi Stress Scale and
Resilience Scale and as a physiological marker of stress, the salivary cortisol. All
nurses who work in a size IV hospital in the interior of the state of Rio Grande do Sul
were invited to participate in the research during the maintenance visit of the Level 2
Accreditation certification and after applying the inclusion and exclusion criteria, 53
nurses remained. The variables that integrate the data collection instruments were
analyzed using descriptive and inferential statistics using the Statistical Package for
Social Science program, version 17.0. Results: this study consisted of three
manuscripts. The first, entitled “Stress and resilience of nurses before and after the
evaluation to maintain the Hospital Accreditation Certification” showed that most of
the nurses were at medium stress level, in both moments evaluated. Higher medium
and high stress scores were attributed to the coordination of unit activities and
personnel management. Survey participants were medium and high resilient. The
second, entitled “Analysis of stress, cortisol and musculoskeletal pain in nurses,
before and after the Hospital Accreditation Certification assessment” showed that
12
there was no significant association between the musculoskeletal pain reported by
nurses and physiological stress, according to cortisol variations. salivary. The places
where nurses most reported pain was in the shoulders, upper back and neck
regardless of the moment of analysis. The third manuscript, entitled “Stress Analysis,
Musculoskeletal Pain and Resilience in Nurses in the Hospital Accreditation Process”
showed that most nurses had good health conditions, but with medium levels of
stress, both before and after the evaluation. Most of those who reported pain were at
medium stress level, but with medium resilience. The fact that resilience has
increased after evaluation is a positive factor for your health. Conclusion: the nurses
perceived the assessment and the demands of the accreditation process as stressful
because they were at medium stress levels and had pain in the shoulders, upper
back and neck, regardless of the moment of analysis. However, the ability of medium
and high resilience proved to be a positive factor in terms of maintaining health and
coping with the stress experienced. The results of this research are thought
provoking, contribute to reflections on the theme, knowledge of professionals in order
to understand their health, as well as managers, in order to plan and implement
actions that help them improve coping and prevent health damage.
Keywords: Nurse. Hospital Accreditation. Musculosketal Pain. Occupational Stress.
Salivary Cortisol. Psychological Resilience.
13
LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE A – Instrumento de caracterização sociodemográfica, ocupacional e clínica ......................................................................................... 108
APÊNDICE B – Orientações para a coleta de saliva ....................................... 109
APÊNDICE C – Documento de identificação das amostras para o laboratório .......................................................................................................... 110
APÊNDICE D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ...................... 111
14
LISTA DE ANEXOS
ANEXO A – Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO) 114
ANEXO B – Escala Bianchi de Stress (EBS) ................................................... 115
ANEXO C – Escala de Resiliência (ER) ............................................................ 118
ANEXO D – Autorização para a realização da pesquisa ................................ 120
ANEXO E – Parecer de aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNICRUZ ....................................................................................... 121
15
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Correlação entre os valores médios de cortisol antes da avaliação com os valores de cortisol depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospital em enfermeiros que trabalham no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS – Março/2019 e Junho/2019 ...................................... 68
16
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Perfil sociodemográfico e características de trabalho de enfermeiros que trabalham no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 .......................................................................................................... 49
Tabela 2 – Nível de estresse segundo os domínios da Escala Bianchi de Stress (EBS) em enfermeiros que atuam no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 ..................................................................................................................... 51
Tabela 3 – Estatística descritiva dos escores de estresse segundo os domínios da Escala Bianchi de Stress (EBS) em enfermeiros que trabalham no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 ......................................................................................... 52
Tabela 4 – Coeficiente de correlação de Spearman dos domínios da Escala Bianchi de Stress (EBS) e Resiliência em enfermeiros que trabalham no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 .......................................................... 53
Tabela 5 – Níveis de stress segundo os domínios da Escala Bianchi de Stress (EBS) e a Resiliência em enfermeiros que trabalham no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 ......................................................................................... 54
Tabela 1 – Coeficiente de correlação entre os valores de cortisol em enfermeiros que trabalham no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 .............. 67
Tabela 2 – Frequência de sintomas musculoesqueléticos, por região anatômica, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar em enfermeiros que trabalham no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS – Março/2019 e Junho/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 .......................................................................................................... 70
Tabela 3 – Estatística descritiva e teste t do valor de cortisol segundo os sintomas musculoesqueléticos nos últimos 7 dias referidos por enfermeiros que atuam no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 ................................... 71
17
Tabela 4 – Cortisol segundo os sintomas musculoesqueléticos nos últimos 7 dias referidos por enfermeiros que atuam no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 ..................................................................................................................... 73
Tabela 1 – Características de saúde dos enfermeiros que trabalham no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS – Março/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 .......................................................................................................... 88
Tabela 2 – Frequência da Resiliência segundo os níveis de estresse total da Escala de Bianchi de Stress (EBS) em enfermeiros que atuam no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 ......................................................................................... 89
Tabela 3 – Estatística de Resiliência segundo os níveis de estresse total da Escala Bianchi de Stress (EBS) em enfermeiros que atuam no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 ......................................................................................... 90
Tabela 4 – Nível de estresse total da Escala Bianchi de Stress (EBS) segundo os sintomas musculoesqueléticos nos últimos 7 dias referidos por enfermeiros que atuam no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 ................................... 91
Tabela 5 – Coeficiente de correlação dos domínios da Escala Bianchi de Stress (EBS), resiliência e o cortisol em enfermeiros, antes e depois da visita de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar, que trabalham no Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa/RS – Março/2019 e Junho/2019, Santa Rosa, RS, Brasil, 2019 ......................................................................................... 92
18
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
CNS Conselho Nacional de Saúde
EBS Escala Bianchi de Stress
ER Escala de Resiliência
HPA Hipotálamo-pituitária-adrenal
IACs Instituições Acreditadoras Credenciadas
IASP International Association for the Study of Pain
ONA Organização Nacional de Acreditação
QNSO Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares
SBA Sistema Brasileiro de Acreditação
SPSS Statistical Package for Social Science
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UNICRUZ Universidade de Cruz Alta
UNIJUÍ Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
19
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 22
2 OBJETIVOS ............................................................................................ 27
2.1 Objetivo geral ........................................................................................ 27
2.2 Objetivos específicos ........................................................................... 27
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................. 28
3.1 Acreditação Hospitalar ......................................................................... 28
3.2 O enfermeiro diante do estresse ocupacional ................................... 29
3.3 O cortisol ............................................................................................... 31
3.4 Dor osteomuscular e o estresse .......................................................... 32
3.5 Resiliência ............................................................................................. 35
4 METODOLOGIA ..................................................................................... 35
4.1 Delineamento do estudo ...................................................................... 35
4.2 Local do estudo ..................................................................................... 35
4.3 População do estudo ............................................................................ 35
4.4 Coleta de dados .................................................................................... 36
4.5 Instrumentos para coleta dos dados .................................................. 37
4.5.1 Questionário de caracterização sociodemográficas ............................... 37
4.5.2 Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO) .............. 38
4.5.3 Escala Bianchi de Stress (EBS) .............................................................. 38
4.5.4 Cortisol salivar ......................................................................................... 40
4.5.5 Escala de Resiliência (ER) ...................................................................... 41
4.6 Análise dos dados ................................................................................ 42
4.7 Aspectos éticos ..................................................................................... 42
5 MANUSCRITO I ...................................................................................... 44
6 MANUSCRITO II ..................................................................................... 62
7 MANUSCRITO III .................................................................................... 81
8 CONCLUSÃO ......................................................................................... 99
REFERÊNCIAS ...................................................................................... 101
APÊNDICE A – Instrumento de caracterização sociodemográfica, ocupacional e clínica ............................................................................ 108
20
APÊNDICE B – Orientações para a coleta de saliva .......................... 109
APÊNDICE C – Documento de identificação das amostras para o laboratório ............................................................................................. 110
APÊNDICE D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ......... 111
ANEXO A – Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO) ................................................................................................... 114
ANEXO B – Escala Bianchi de Stress (EBS) ...................................... 115
ANEXO C – Escala de Resiliência (ER) ............................................... 118
ANEXO D – Autorização para a realização da pesquisa ................... 120
ANEXO E – Parecer de aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNICRUZ .................................................................... 121
21
APRESENTAÇÃO
Esta dissertação apresenta uma introdução geral, seguida de objetivo geral,
específicos, notas da literatura e metodologia. Os resultados estão organizados sob
a forma de três manuscritos:
1) Manuscrito I - Estresse e resiliência de enfermeiros antes e depois da
avaliação para manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar;
2) Manuscrito II - Análise do estresse, cortisol e dor musculoesquelética em
enfermeiros, antes e depois da avaliação da Certificação de Acreditação
Hospitalar;
3) Manuscrito III - Análise do estresse, dor musculoesquelética e resiliência
em enfermeiros frente os processos de Acreditação Hospitalar.
Sequencialmente é apresentada a conclusão da Dissertação.
22
1 INTRODUÇÃO
Trabalhar, na atualidade, assim como nascer, crescer e desenvolver-se,
integra a vida. No contexto sócio cultural existente, o trabalho é indispensável para o
sustento e possibilita ao sujeito produzir e realizar-se pessoal e profissionalmente
(MICHELIN et al., 2018). As experiências profissionais tornam-se cada vez mais
desgastantes e estressantes, frente às exigências do mundo capitalista,
caracterizado pelo lucro e competitividade, essa realidade assemelha-se a do âmbito
da saúde.
As transformações nos processos de trabalho das organizações de
assistência à saúde, atreladas a competitividade e uma clientela cada vez mais
exigente, as instigam implementar sistemas de gestão, na perspectiva de um futuro
mais desafiador (OLIVEIRA et al., 2017). Os autores afirmam que a avaliação
externa é prevalente e, mais especificamente, no Brasil, são poucas as instituições
que optam por essa metodologia de trabalho.
A Acreditação Hospitalar é um processo dinâmico, com repercussões na
qualidade e na segurança dos serviços de uma instituição de assistência à saúde
(COSTA; DUNNINGHAM; DUNNINGHAM, 2018). Os impactos positivos desse
processo são descritos por Santos et al. (2018) como aquisição de habilidades,
qualificação dos profissionais, processos gerenciais alicerçados em indicadores que
norteiam ações assistenciais e padronização dos processos de trabalho. Em síntese,
os autores se reportam ao rompimento do paradigma de modelo tecnicista e
mecanizado de atendimento, de maneira a estimular mudanças na assistência, com
ênfase no paciente.
A Acreditação Hospitalar acontece por meio de processos de avaliação, nos
quais a instituição que deseja obter a certificação se submete, de forma voluntária e
contínua (ONA, 2018). A mesma, preconiza foco na qualidade da assistência, aliada
a disseminação da cultura de segurança com vistas a consolidar a educação
permanente e melhoria contínua. Dados da mesma fonte mostram que a
Acreditação Hospitalar oportuniza às instituições de saúde organizar seus processos
de trabalho, com vistas a obter melhor performance e, dessa forma, ampliar
visibilidade, responsabilidade e comprometimento com a assistência segura e de
excelência.
23
Historicamente, a enfermagem sempre esteve voltada a questões de
qualidade, Florence preconizava a qualidade do ambiente e dos cuidados aos
soldados (MEDEIROS; ENDERS; LIRA, 2015). Gradativamente, a enfermagem tem
evoluído na construção de seu corpo de conhecimentos científicos e,
consequentemente, com repercussões positivas na qualificação de sua prática.
Como líder da equipe, o enfermeiro projeta ações com a finalidade de prestar uma
assistência individual, humanizada e qualificada (SANTOS et al., 2018). O trabalho
do enfermeiro tem como objetivo planejar a assistência, supervisionar o trabalho
operacional e atender demandas administrativas e educacionais (KIRSCH; LASTA,
2017). Os autores vão além ao afirmarem que as atividades do respectivo
profissional interagem com todas as áreas de apoio, de maneira que favorece sua
interação com todos os processos de trabalho de uma instituição de saúde.
No processo de Acreditação Hospitalar, Araújo et al. (2017) afirmam que o
enfermeiro participa ativamente da reestruturação dos protocolos de trabalho e a
proximidade com o paciente favorece seu empoderamento quanto as evidências,
com vistas a qualidade e segurança em sua prática. Os autores exemplificam que a
natureza do seu trabalho, frente ao paciente, permite aos enfermeiros destacar-se e
tomar decisões assertivas tanto no âmbito assistencial como nas demandas
administrativas. Gabriel et al. (2018), vem ao encontro dessas colocações ao se
reportarem ao caráter das aptidões gerenciais do enfermeiro, que se sobressaem na
construção e na gestão dos processos de qualidade, necessários para a Acreditação
Hospitalar. Já Silva et al. (2017a) vão além, ao afirmarem que profissionais
qualificados, criativos, dinâmicos, resilientes e com bom relacionamento com a
equipe estão aptos para o alcance das metas organizacionais.
Em contrapartida, Araújo et al. (2017) enfatiza que o aumento de exigências
sobre os enfermeiros contribuem para tornar o ambiente inseguro e fragilizar a
segurança no cuidado. Nesse sentido, Carlesi et al. (2017) também complementam
que a pressão e a insegurança dos profissionais os tornam mais propensos ao erro.
Investigação sobre o impacto dos programas de Acreditação Hospitalar, na
perspectiva de enfermeiros, evidenciou falta de reconhecimento frente aos
obstáculos desse processo e exigências maiores sobre a equipe de enfermagem em
relação às demais categorias, além, da pequena participação e coesão da equipe
multidisciplinar, se constituíram em aspectos negativos no decorrer do processo de
Acreditação Hospitalar (GABRIEL et al., 2018).
24
Oliveira e Almeida (2017) afirmam que o enfermeiro, no seu cotidiano de
trabalho, convive com inúmeras situações que envolvem dor, sofrimento e morte,
sentimentos esses, que contribuem para a ocorrência de angústia em relação as
suas atividades. No que tange às demandas administrativas, ele é responsável pela
coordenação da equipe, atua na gestão e concretização da assistência, na gerência
dos recursos materiais, capacitação dos profissionais e na avaliação e melhorias da
assistência. Os autores citam sua atuação como desgastante, exposta a inúmeros
estressores emocionais e interpessoais e que requerem habilidade, conhecimento e
energia para seu enfrentamento.
Considera-se que as pressões psicológicas enfrentadas pelos enfermeiros
aliadas ao esforço mecânico intenso, requerido pelas suas atividades laborais, são
fatores que contribuem para o adoecimento. Essa afirmação vem ao encontro de
Oliveira e Almeida (2017), ao atribuírem o sofrimento psicológico no trabalho do
enfermeiro como fator desencadeante ou de agravo da dor musculoesquelética.
Petersen e Marziale (2017) vão além ao pontuarem que as exigências necessárias
para o desempenho da assistência e o desgaste físico decorrentes das atividades
cotidianas dos profissionais de saúde culminam em dor e tensão muscular. Silva et
al. (2018) e Oliveira e Almeida (2017) se reportam a resultados de investigações
sobre dor musculoesquelética, esta como fator prevalente nos enfermeiros e
relacionada a sua capacidade no trabalho.
Diversos estudos sobre estresse de profissionais de enfermagem relacionado
com a natureza de suas funções utilizam o cortisol salivar como marcador
metabólico, embasado na premissa de que ao serem expostos a estressores, o nível
do cortisol se eleva (ASSIS; RESENDE; MARZIALE, 2018; GARBELLOTTO et al.,
2018; PASTORE; FRANCISCO-MAFFEZZOLLI, 2018).
O estresse ocupacional é oriundo das condições de trabalho e características
individuais. Silva et al. (2017b) complementam que situações nas quais o indivíduo
percebe e avalia como estressoras, requerem o uso de habilidades emocionais para
superá-las ou reduzi-las, com vistas ao enfrentamento adequado. Os autores
explicitam ainda que se trata de esforços comportamentais e cognitivos utilizados
pelo profissional para poder conviver com situações estressantes. Para que isso
ocorra, os profissionais necessitam de conhecimento científico para reconhecer os
sinais e sintomas de estresses que emergem dos estressores laborais e, assim,
utilizar estratégias de enfrentamento eficazes para superá-los.
25
Quanto o enfrentamento ao estresse, Brolese et al. (2017) associam
capacidade de resiliência à aptidão do profissional no intuito de enfrentar situações
contrárias e desgastantes. Os autores pontuam que trata-se de um processo
contínuo, no qual o profissional desenvolve habilidades de crescimento pessoal para
o seu bem estar. Assim, um profissional resiliente possui habilidade de identificar um
fator estressante, compreender seu significado e superá-lo, isso requer mudança de
percepção do estressor, inclusive, como construtivo para sua vida. Em se tratando,
especificamente sobre Acreditação Hospitalar e, em busca de associar com as
diferentes colocações dos autores referentes a temática, considera-se que as
diversas situações desgastantes vivenciadas por enfermeiros no decorrer desse
processo o expõe a misto de sentimentos conflitantes que, se não identificados e
trabalhados adequadamente, com certeza poderão se constituir em potenciais
estressores, com risco de adoecimento. Cabe salientar que este estudo terá como
pano de fundo a certificação com a metodologia Organização Nacional de
Acreditação (ONA).
A partir dessas considerações, aliadas a experiência como profissional de
saúde em uma instituição hospitalar que encontra-se em franco processo de
manutenção da Certificação de Acreditação, entende-se ser relevante estudar dor
musculoesquelética, estresse e resiliência em enfermeiros inseridos nessa realidade
e conhecer as características das atividades profissionais que causam sofrimento ao
enfermeiro diante desse contexto. E, principalmente, por sentir instigada, a partir da
identificação de inúmeras situações estressoras e de angústia dos profissionais
enfermeiros.
Neste contexto questiona-se: em quais níveis de estresse, de cortisol salivar e
resiliência se encontram enfermeiros atuantes em um hospital geral, antes e depois
da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar? Em quais
regiões anatômicas e com que frequência esses profissionais sentem dor
musculoesquelética durante o respectivo processo? Embora os estudos sobre essa
temática tenham elucidado entraves, observam-se lacunas a serem supridas.
Espera-se que os resultados apresentados nesse estudo possam instigar gestores e
pesquisadores na construção de mais investigações sobre a temática, inclusive com
outras abordagens metodológicas que permitam fazer inferências e a obter mais
evidências científicas. Como também, que os resultados permitam colaborar com os
enfermeiros no sentido de ampliar e adquirir conhecimentos sobre o estresse, suas
26
consequências como dor musculoesquelética e também a resiliência, considerada
importante para auxiliá-los em melhor enfrentamento aos estressores ocupacionais e
dessa forma contribuir manter esses profissionais saudáveis, com plenas condições
de exercerem suas funções com vistas ao alcance dos objetivos institucionais,
profissionais e pessoais.
27
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Verificar a presença de dor musculoesquelética nas diferentes regiões
anatômicas, os níveis de estresse, a concentração de cortisol salivar e a capacidade
de resiliência de enfermeiros em uma instituição hospitalar antes e depois da
avaliação para manutenção de Acreditação Hospitalar.
2.2 Objetivos específicos
1) Correlacionar dor musculoesquelética, estresse fisiológico e psicológico e
resiliência dos enfermeiros antes e depois da avaliação de manutenção
da Certificação de Acreditação de uma instituição de assistência à saúde;
2) Caracterizar os enfermeiros participantes da pesquisa com variáveis
sociodemográficas, profissionais e clínicas;
3) Determinar os níveis de estresse e de cortisol salivar dos participantes da
pesquisa;
4) Avaliar a resiliência dos enfermeiros;
5) Identificar presença a frequência de dor musculoesquelética nas
diferentes regiões anatômicas dos participantes da pesquisa.
28
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Esse capítulo é constituído a partir de uma breve abordagem sobre assuntos
pertinentes à pesquisa, com vistas a embasar e contribuir com o tema do referido
estudo. Discute-se: Acreditação Hospitalar; o enfermeiro diante do estresse no
trabalho; dor musculoesquelética e resiliência.
3.1 Acreditação Hospitalar
A Acreditação Hospitalar é um processo onde instituições de saúde adquirem
visibilidade e reconhecimento, pelo compromisso com a qualidade em seus
processos de gestão e assistências. Está alicerçada na competência técnica
assistencial e incitação à melhoria contínua (ONA, 2018). No Brasil, os primeiros
movimentos de Acreditação deram-se nos anos 90, embasados nos moldes Norte
Americano (BOGH et al., 2018).
No cenário nacional, a Organização Nacional de Acreditação (ONA), fundada
em 1999, é uma das principais instituições acreditadoras (SANTOS; LIMBERGER,
2018). Com a finalidade de reger e estruturar o Sistema de Brasileiro de Acreditação
(SBA) e, também, encorajar instituições de saúde a aperfeiçoar seus processos de
gestão e zelar pela qualidade assistencial. A ONA estimula e norteia a criação de
Instituições Acreditadoras Credenciadas (IACS), as quais são responsáveis por
avaliar os serviços e instituições de saúde fundamentada e guiada pelas Normas
Orientadoras e pelo Manual Brasileiro de Acreditação (ONA, 2018).
A Certificação de Acreditação é um método de avaliação, que segue padrões
de qualidade e segurança para a assistência em saúde, pautados na educação
contínua dos profissionais que atuam nessas instituições (ONA, 2018). Dentre os
ganhos institucionais com a adesão aos programas de Acreditação destacam-se:
reconhecimento de que a instituição prima pela qualidade na assistência aos
pacientes e familiares; é comprometida com a segurança; além dessa se tratar de
uma ferramenta gerencial que visa e sustentabilidade e melhoria contínua dos
processos de trabalho através de padrões e requisitos (GABRIEL et al., 2018).
A avaliação é realizada in loco, com o objetivo de verificar evidências de que
os requisitos dos processos de trabalho são realizados, e se há interrelação entre
esses e seus resultados, em cada nível de complexidade. Os níveis de
29
complexidade de certificação são três: Acreditado Nível 1 – Segurança, onde são
avaliados requisitos de segurança e qualidade na assistência, nos serviços
prestados e qualificação profissional, com duração de dois anos; Acreditado Nível 2
– Gestão Integrada, considera que há evidência de correlação entre os processos,
monitorização e reflexão dos resultados ajustadas com estratégias pré-definidas,
duração de dois anos; Acreditado Nível 3 – Excelência em Gestão, observa
requisitos de gestão de excelência, com vistas a melhoria de resultados,
sustentabilidade e compromisso socioambiental, com duração da certificação por
três anos (GABRIEL et al., 2018). Caso a instituição não atinja os objetivos
pontuados, é oportunizada, uma nova avaliação, no intuito de aprimorar ou corrigir
as deficiências apontadas. Em casos onde não há evidências do cumprimento dos
requisitos em uma reavaliação, a instituição é considerada Não Acreditada (ONA,
2018).
Um dos grandes desafios enfrentados pelas instituições na busca pela
certificação, pontuada por Bogh et al. (2018), é a compreensão, por parte dos
colaboradores, de que todos precisam abraçar as implicações desse processo.
Gabriel et al. (2018) afirmam que a enfermagem tem um grande diferencial no
processo de Acreditação. O enfermeiro, enquanto liderança e facilitador da equipe
atua frente ao paciente, o que permite elaborar diretrizes e estratégias que
estabelecem condições favoráveis de trabalho para prestar cuidados com qualidade
e segurança. E com isso, são considerados os profissionais mais capacitados a
fazer frente aos processos de melhoria dos serviços de saúde.
3.2 O enfermeiro diante do estresse ocupacional
A habilidade física e psicológica do profissional para enfrentar as exigências
oriundas do cotidiano laboral denota sua capacidade para o trabalho. A exaustão
provocada pelo trabalho contribui para desordens psicofísicas e interfere no estado
de alerta, vigília e demais habilidades que requerem as atividades cotidianas do
enfermeiro (SILVA et al., 2018). Neste contexto, a enfermagem caracteriza-se como
uma profissão que, no cotidiano, depara-se com situações estressantes em seu
ambiente laboral. Dentre elas, se destacam: escassez de profissionais, sobrecarga
de trabalho, múltiplas responsabilidades, relações interpessoais conflitantes,
carência de materiais, além das novas tecnologias, que demandam dos enfermeiros
30
aprimorar constantemente suas competências assistenciais e gerenciais (JACQUES
et al., 2018). A responsabilidade de executar tarefas que impactam na vida de outras
pessoas é um constante estressor intrínseco ao trabalho do enfermeiro. A contínua
exposição a esses estressores presenciados no cotidiano sujeita esses profissionais
ao adoecimento (RODRIGUES et al., 2017).
Kotekewis et al. (2017) afirmam que os enfermeiros são submetidos a
situações desgastantes, dentre elas: atender as demandas dos pacientes e
familiares, constante risco de cometer erros, frustrações quanto aos tratamentos,
perdas, relações conflituosas e exigências institucionais. Para os autores, esses
desafios, inerentes a profissão, repercutem na atividade laboral com insatisfação,
insegurança, baixa qualidade na execução da assistência e até mesmo adoecimento
do profissional.
O estresse ocupacional é uma doença que acomete cada vez mais pessoas.
Puerto et al. (2017), concluíram, em seu estudo, que os principais estressores no
contexto hospitalar referem-se ao próprio ambiente, a estrutura organizacional, a
natureza do trabalho e as exigências de cada função. Neste sentido, Caram, Brito e
Peter (2019) afirmam que o enfermeiro depara-se no conflito de atender as
demandas assistenciais com excelência e cumprir as exigências burocráticas
determinadas pela instituição, esses estressores o remetem ao sofrimento moral.
O endocrinologista Hans Selye utilizou o termo “stress” para indicar uma
resposta do organismo a fatos que exijam dele adaptações além do seu limite
(SELYE, 1959). No que tange a saúde do trabalhador, o estresse ocupacional
compreende um conjunto de sinais e sintomas psicológicos e/ou físicos que podem
afetar a saúde, qualidade de vida e de trabalho, relacionamento profissional e até
mesmo familiar (RODRIGUES et al., 2017).
Silva, Santos e Nascimento (2016) deflagram que o estresse ocupacional está
dividido em três fases: reação de alarme, resistência e exaustão. A reação de
alarme se dá com a liberação de adrenalina e corticoides na corrente sanguínea,
com sintomas de taquicardia, taquipneia, irritabilidade, isolamento. A resistência é
caracterizada pela diminuição dos níveis de alerta, o que permite a compreensão do
agente estressor pelo organismo. A exaustão é quando não há energia necessária
para manter a resistência/adaptação.
O hipotálamo é uma importante estrutura situada no sistema nervoso central
que tem como função regular processos metabólicos básicos para a manutenção da
31
vida. Age nos sistema nervoso autônomo e sistema endócrino, estimula respostas
orgânicas a estímulos internos e externos o que possibilita ao organismo buscar
harmonia frente aos estressores (ROCHA et al., 2013). A constante exposição ao
estresse causa desordens no funcionamento do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal
(HPA) evidenciadas pelos níveis de cortisol (CAMPOS; DAVID, 2014).
3.3 O cortisol
O cortisol é um hormônio esteroide, produzido pelas glândulas adrenais,
caracterizado como importante marcador fisiológico do estresse. Em resposta a
estímulos estressores, o organismo incita reações como o aumento da concentração
de adrenalina e cortisol no sangue (ASSIS; RESENDE; MARZIALE, 2018). Galvão et
al. (2018) explicitam que a concentração plasmática do cortisol indica o nível de
estresse físico ou psicológico presente no organismo que, em resposta ao estresse,
aumenta a atividade cardiovascular e respiratória com o objetivo de prover energia
para inibir o estressor. Porém, Garbellotto et al. (2018) advertem que a exposição
crônica a estressores, com constates níveis altos de cortisol, acarreta em prejuízos à
saúde.
A secreção de cortisol se dá em um constante ritmo circadiano, com níveis
mais altos em torno de trinta minutos após acordar e diminui gradualmente ao longo
do dia (ASSIS; RESENDE; MARZIALE, 2018). Os valores de referência, utilizados
nessa pesquisa, para o cortisol salivar foram disponibilizados pelo laboratório Álvaro,
o qual analisará as amostras neste estudo: das 6h às 10h – <0,78ug/dL; das 16h às
20h – <0,24ug/dL; e das 23h30min às 00h30min – <0,20ug/dL. O cortisol é
encontrado na urina, no plasma e na saliva, sendo que sua dosagem salivar é
evidenciada como um indicador eficaz para definir a quantidade ativa no organismo
(PASTORE; FRANCISCO-MAFFEZZOLLI, 2018).
Cabe destacar que os níveis de cortisol sofrem interferências de doenças que
causam excessiva ou pouca produção de cortisol, como a Síndrome de Cushing,
causada pela exposição prolongada aos glicocorticoides (LOWITZ; KEIL, 2015) ou a
Doença de Addison, que tem como característica baixos níveis de cortisol devido a
insuficiência adrenal (PRETO et al., 2018).
Para fins de análise, a dosagem do cortisol salivar mostra-se um importante
biomarcador, com fácil acesso devido à praticidade da coleta. Tem sido amplamente
32
utilizado em pesquisas como marcador fisiológico do estresse. No entanto, o
pesquisador precisa estar atento para erros com as amostras e adesão dos
participantes da pesquisa em seguir o protocolo de coleta (GARBELLOTTO et al.,
2018). Alterações nas taxas de cortisol podem variar com situações estressoras do
cotidiano, como as pressões exigências do ambiente de trabalho (ROCHA et al.,
2013).
Rocha et al. (2013) afirmam, em seu estudo, a importância de verificar
marcadores fisiológicos, como os níveis de cortisol, e psicológicos, com o uso de
questionários, em pesquisas sobre estresse. Neste ínterim, reafirma a relevância em
mensurar o cortisol para atender os objetivos desse estudo.
3.4 Dor musculoesquelética e o estresse
Dor, fadiga, ansiedade, estresse são sintomas que impactam negativamente
na atividade ocupacional do indivíduo. Os sintomas musculoesqueléticos podem ser
definidos como manifestações que levam a limitações ou incapacidade no trabalho,
dentre os quais se destacam a dor, parestesia, sensação de peso, fadiga,
formigamento (BRASIL, 2003). Santos et al. (2017) afirmam ainda que dor
musculoesquelética se refere a um grupo de afecções inflamatórias e degenerativas
do sistema locomotor que ocorrem por uma desproporção entre a exigência
mecânica repetitiva e capacidade de recuperação do segmento corporal, devido ao
pouco tempo de recuperação.
Almeida e Dumith (2018) pontuam que, no Brasil, a dor musculoesquelética é
um problema de saúde pública com impactos negativos sobre a população. Os
autores explicitam que os sintomas musculoesqueléticos são uma das maiores
causas de faltas ao trabalho e, o segundo problema de saúde que faz com que
indivíduos necessitem receber benefícios sociais devido incapacidades temporárias
e permanentes.
Diversos estudos afirmam que enfermeiros são comumente acometidos por
dor musculoesqueléticas devido às características de suas atividades, geralmente
em pé, levantando peso, com postura inadequada, esforços repetitivos e sobrecarga
(BERNAL et al., 2015; OLIVEIRA; ALMEIDA, 2017; SILVA et al., 2018), o que
contribui significativamente para a incapacidade e afastamento desses, das suas
atividades ocupacionais. Como evidenciado no estudo de revisão integrativa de
33
Moraes et al. (2015), dores osteomusculares são as principais causas que levam
enfermeiros ao afastamento do trabalho.
Já Teixeira e Mantovani (2009) descrevem que enfermeiros acometidos por
sintomas musculoesqueléticos podem desenvolver vários graus de incapacidade
funcional, o que resulta em absenteísmo, presenteísmo, afastamentos temporários
ou permanentes das atividades. Essas faltas, acarretam em mais sobrecarga para a
equipe, o que expõe outros trabalhadores ao adoecimento, e assim, gera um ciclo
vicioso. Esse fenômeno também foi evidenciado no estudo de Silva et al. (2018).
Oliveira e Almeida (2017) mencionam que os distúrbios musculoesqueléticos
decorrentes do trabalho, não têm como causa somente os esforços físicos
desenvolvidos, mas atribuem como possíveis causas a organização do trabalho,
relações interpessoais, estresse, além dos fatores ergonômicos intrínsecos ao
ambiente. O que perpassa os aspectos físicos e abarca questões psicológicas do
indivíduo. Diversos autores associam o estresse ocupacional com a dor
musculoesquelética (OLIVEIRA; ALMEIDA, 2017; PETERSEN; MARZIALE, 2017).
Almeida e Dumith (2018) pontuam que o estresse é indicado como importante fator
de impacto sobre a dor. Nesse ínterim, é possível caracterizar dor como um sinal de
estresse, quando indivíduos susceptíveis se deparam constantemente com
estressores e situações tencionais, e em resposta, desenvolvem dor
musculoesquelética (RODRIGUES; SANTOS, 2015).
3.5 Resiliência
A origem da palavra resiliência vem do latim resiliens. Na física, refere-se à
capacidade de um material retornar ao seu estado normal após ser tencionado
(ANGST, 2009). Nas ciências humanas, Cruz et al. (2018) conceituam resiliência
como a capacidade da pessoa enfrentar, vencer e aprender com uma adversidade,
de forma a ser fortalecido ou transformado por ela. No entanto, os autores afirmam
que os estudos sobre resiliência nas ciências humanas são recentes e seu conceito
apresenta variações devido à complexidade e a diversidade de fatores envolvidos.
Rocha et al. (2016) descrevem a capacidade de resiliência como uma
reconfiguração interna que resulta em atitudes e percepções do sujeito, frente a
situações adversas ou abalos, que possuem características positivas e criativas para
o crescimento e desenvolvimento do indivíduo. Neste ínterim, alguns pesquisadores
34
acreditam que a flexibilidade e versatilidade são características da pessoa resiliente,
e outros apontam a resiliência como traço da personalidade ou temperamento
(ROCHA et al., 2016; SILVA et al., 2016; CRUZ et al., 2018).
Para Silva et al. (2016) resiliência denota a ideia de evolução. Após enfrentar
adversidades, pessoas resilientes são capazes de se recuperar, aprender e ficar
mais fortes para enfrentar desafios. Neste ínterim, a resiliência constitui um
mecanismo de defesa para ameaças de sofrimento ou adoecimento. A resiliência
pode ser uma característica pessoal ou grupal. Cruz et al. (2018) reiteram que a
resiliência de um grupo está relacionada ao fato do indivíduo sentir-se parte do
grupo e perceber a necessidade desse para seu desenvolvimento. Dessa forma,
sentir-se acolhido como membro de um grupo reflete na capacidade de resiliência
individual.
O bem-estar dos indivíduos sofre influência do estresse ocupacional, muitas
vezes, com repercussões negativas na atuação profissional (PRADO;
KUREBAYASHI; SILVA, 2018). No contexto do trabalho, a resiliência caracteriza-se
pelo crescimento pessoal e profissional, no sentido de desenvolver habilidades
impostas pela profissão. Para tal, o profissional precisa reconhecer suas limitações e
elaborar competências no intuito de melhorar sua atuação (BROLESE et al., 2017).
Para Brolese et al. (2017) diante das tantas adversidades enfrentadas no
cotidiano do enfermeiro, a capacidade de resiliência torna-se característica
indispensável para sua saúde psicológica. A aptidão de enfrentar as adversidades e
imprevisibilidades do trabalho em saúde, suportar as pressões e atender suas
responsabilidades, torna o enfermeiro um profissional resiliente. Neste sentido, é
importante que o enfermeiro tenha conheça o tema e desenvolva sua capacidade de
resiliência com vistas a enfrentar os desafios inerentes ao processo de Acreditação
Hospitalar.
35
4 METODOLOGIA
4.1 Delineamento do estudo
O método visa delinear o passo a passo para atingir o objetivo do estudo
(ANDRADE, 2010). Neste sentido, esta pesquisa trata-se de um estudo quantitativo
do tipo quase experimental.
No que tange a classificação do estudo como quantitativo, o mesmo tem
como propósito exprimir fatos, interpretações e opiniões em números, a fim de
analisar e classificar os dados com o uso de métodos estatísticos. Neste ínterim, as
pesquisas quantitativas se compreendem análise de dados que possam ser
quantificados (PRODANOV; FREITAS, 2013).
Quanto à classificação da presente pesquisa como quase experimental,
Lacerda e Costenaro (2018) descrevem-na como um tipo de delineamento que
permite a comparação de um mesmo grupo, avaliados antes e após uma
intervenção. Assim, o pesquisador poderá observar o que acontece, quando
acontece e com quem acontece ao decidir o que e quando irá analisar. Os mesmos
autores complementam que esse tipo de estudo é interessante ao analisar relações
de causa e efeito, o que vem ao encontro com a proposta dessa pesquisa.
4.2 Local do estudo
A presente pesquisa foi realizada no Hospital Vida e Saúde do município de
Santa Rosa, instituição filantrópica, porte IV, situado na região noroeste do estado
do Rio Grande do Sul (BRASIL, 2002). O mesmo disponibiliza 156 leitos de
internação e é referência para 22 municípios da respectiva área de abrangência. O
hospital é certificado como Acreditado Pleno – Nível 2 pela Organização Nacional de
Acreditação (ONA) desde março de 2019.
4.3 População do estudo
A população que compôs o estudo foram todos os enfermeiros (60) que
atuam na referida instituição. Foram elencados os seguintes critérios de inclusão:
ser enfermeiro e atuar na referida instituição. Já, os critérios de exclusão
36
compreenderam: enfermeiro que no decorrer da coleta de dados estivesse em
férias, atestado, licença maternidade; enfermeira gestante, pelo fato de que os níveis
de cortisol neste período encontram-se elevados, se comparado com não grávida
(ABRÃO; LEAL; FALCÃO, 2014); enfermeiro em tratamento com corticosteroides,
pois os níveis de cortisol podem variar com o uso desses medicamentos, e um efeito
dos mesmos, a longo prazo, pode ser a supressão do eixo hipotálamo-hipófise-
adrenal (GORDIJN et al., 2012); e enfermeiro com diagnóstico de Doença Addison,
na qual ocorre secreção inadequadamente de hormônios adrenocorticoides por
insuficiência da glândula suprarrenal (PRETO et al., 2018).
Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão elencados, 53
enfermeiros encontravam-se aptos a participar do estudo. Dentre os sete
profissionais não aptos a participar, três estavam gestantes, uma em licença
maternidade, dois em férias e um em tratamento com corticosteroides.
4.4 Coleta de dados
Essa etapa foi desenvolvida imediatamente após aprovação do projeto de
pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNICRUZ, e também mediante da
autorização da instituição onde foi realizado o estudo. A coleta de dados foi
precedida por contato prévio com os enfermeiros, durante a reunião da equipe na
semana que antecedeu o início da coleta de dados, no intuito de apresentar a
pesquisadora e a equipe que auxiliou na coleta dos dados e explicitar os objetivos e
finalidades da pesquisa, além de orientá-los como seria desenvolvida a coleta. Esta
reunião contou com a participação de um quantitativo considerável de profissionais,
que puderam fazer questionamentos sobre a pesquisa. Após a explanação, todos os
enfermeiros foram convidados a participar.
Considera-se importante ressaltar que a coleta de dados ocorreu duas
semanas antes da visita de avaliação para manutenção da Certificação de
Acreditação Hospitalar Plena – Nível 2, para a primeira amostra, e 60 dias após a
visita para a coleta da segunda amostra.
Na semana seguinte, para realizar a coleta de dados, a pesquisadora e três
coletadoras, devidamente treinadas para conduzir a coleta dos dados, aplicaram os
questionários aos profissionais e explicaram quanto a coleta das amostras de saliva.
Para tal, cada profissional, em seu horário de trabalho, foi convidado a comparecer
37
no anfiteatro da instituição e, individualmente, foram reorientados quanto o objetivo
da pesquisa e receberam o termo de consentimento. Após concordarem em
participar do estudo, o pesquisado foi convidado a responder o instrumento
composto pelos quatro blocos: instrumento de caracterização sociodemográfica,
ocupacional e clínica, Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO),
Escala Bianchi de Stress (EBS) e Escala de Resiliência (ER). O preenchimento do
questionário dava-se na presença da pesquisadora ou coletadora no local, com o
objetivo de sanar dúvidas ou dificuldades encontradas no transcorrer do
questionário. Depois de respondido, o questionário era revisado na busca de
inconsistências.
Após responder o instrumento, foi entregue a cada enfermeiro o kit para a
coleta das amostras salivares, para que o próprio participante as realizasse no dia
seguinte. Neste momento, foram realizadas as orientações quanto o passo a passo
de como realizar a coleta das amostras de saliva e seu devido armazenamento.
Como já citado anteriormente, essas orientações também foram entregues por
escrito.
4.5 Instrumentos para coleta dos dados
Os dados obtidos resultaram dos seguintes instrumentos: questionário de
caracterização sociodemográficas e ocupacionais (APÊNDICE A), Questionário
Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO) (ANEXO A), Escala Bianchi de
Stress (EBS) (ANEXO B), amostras salivares e Escala de Resiliência (ER) (ANEXO
C) que seguem descritos nos subitens subsequentes.
4.5.1 Questionário de caracterização sociodemográficas
O questionário de caracterização sociodemográficas e ocupacionais foi
elaborado pela pesquisadora e contemplou as seguintes variáveis: sexo, estado civil,
data de nascimento, turno de trabalho, carga horária, outro vínculo empregatício, e
se é portador de alguma doença.
38
4.5.2 Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO)
O Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO), traduzido e
validado para o português por Pinheiro, Tróccoli e Carvalho em 2002, foi utilizado
para verificar a ocorrência de sintomas osteomusculares em 10 regiões anatômicas.
Com resposta “SIM” ou “NÃO”, conforme a percepção dos participantes quanto aos
sintomas e sua atividade laboral, entre o período de 12 meses e sete dias que
precederam a entrevista (PINHEIRO; TRÓCCOLI; CARVALHO, 2002). O respectivo
instrumento restringe-se a ocorrência de sintomas osteomusculares nas regiões
anatômicas do corpo, sem destaque para severidade ou frequência. Quanto à
aplicação, os autores destacam uma fragilidade quanto a dados faltosos como, por
exemplo, casos em que o respondente deixa de assinalar a resposta “NÃO” quando
não apresenta o sintoma na região em questão, o que foi observado na aplicação do
mesmo.
Para esse estudo optou-se em referir-se a dor osteomuscular indicada no
instrumento como dor musculoesquelética, devido ao maior quantitativo de estudos
que utiliza essa terminologia.
4.5.3 Escala Bianchi de Stress (EBS)
Quanto à avaliação do estresse, esta pode ser construída a partir de variáveis
subjetivas ou com o uso de marcadores biológicos. A primeira contempla o uso de
questionários de percepção do sujeito, referente à compreensão quanto ao estresse
vivenciado. O segundo, marcadores biológicos, referem-se a respostas fisiológicas
do organismo diante da vivencia de situações percebidas como estressoras
(PASTORE; FRANCISCO-MAFFEZZOLLI, 2018).
A opção pelo uso da Escala Bianchi de Stress (EBS) ocorreu por se tratar de
um instrumento específico para enfermeiros. Construída e validada por Bianchi em
2009, a mesma mensura os níveis de estresse de enfermeiros, para aferi-los em
suas atividades laborais no contexto hospitalar. Contempla dados de categorização
e 51 itens que descrevem as atividades do cotidiano do enfermeiro, agrupadas em
seis domínios: relacionamento com outras unidades e supervisores (A);
funcionamento adequado da unidade (B); administração de pessoal (C); assistência
de enfermagem prestada ao paciente (D); coordenação das atividades (E); e
39
condições de trabalho (F); o que permitiu identificar as áreas mais estressantes
quando relacionadas ao nível de estresse referido (BIANCHI, 2009).
O nível do estresse do participante resultou da soma dos 51 itens, pontuados
em uma escala tipo Likert, de 1 a 7. O valor 1 referiu-se a uma atividade pouco
desgastante, o valor 4 como médio, e 7 como altamente desgastante. O valor zero
foi atribuído quando o enfermeiro não executa determinada atividade (BIANCHI,
2009).
A escala de Bianchi foi escolhida pois possibilita a análise do escore total de
estresse do enfermeiro, escore médio para cada item (estressor) e escore para cada
domínio. A possibilidade de verificar o escore total de estresse do enfermeiro leva
em conta a interpretação de cada atividade e seu potencial estressor e a
repercussão neuroendócrina. A soma dos valores por ele assinalados varia de 51
(quando o enfermeiro assinala como pouco desgastante todas as atividades) a 357
pontos (7 pontos para todas as atividades) (KIRHHOF et al., 2016).
Já o escore médio para cada item (estressor), possibilita identificar a
intensidade dos estressores para grupos de enfermeiros. Somam-se todos os
valores assinalados pelo grupo em questão, para cada item, e faz-se a subtração do
número de zeros assinalados. Assim obtém-se um total real desse estressor
analisado. Para obter o escore médio para um determinado grupo, divide-se o total
real do estressor pelo número de respondentes que assinalaram valores diferentes
de 0 naquele item. O valor resultante será a média real para cada estressor (item).
Essa média varia de 1,0 a 7,0, com valores traduzidos em decimais. Os escores
médios dos 51 itens podem ser comparados entre eles, o que resulta no estressor
de maior intensidade para o grupo de interesse. Pode-se também, comparar os
escores obtidos para os 51 itens de um enfermeiro, o que demonstra qual o
estressor mais intenso vivenciado por ele (BIANCHI, 2009).
O escore atribuído para cada domínio resultou da soma dos escores dos itens
que integram cada um deles e o resultado foi dividido pelo número de itens. Os 51
itens do instrumento estão divididos em seis domínios: relacionamento com outras
unidades e supervisores (nove itens: 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 50, 51); atividades
relacionadas ao funcionamento adequado da unidade (seis itens: 1, 2, 3, 4, 5, 6);
atividades relacionadas à administração de pessoal (seis itens: 7, 8, 9, 12, 13, 14);
assistência de enfermagem prestada ao paciente (quinze itens: 16, 17, 18, 19, 20,
21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30); coordenação das atividades da unidade (oito
40
itens: 10, 11, 15, 31, 32, 38, 39, 47); condições de trabalho para o desempenho das
atividades do enfermeiro (sete itens: 33, 34, 35, 36, 37, 48, 49) (BIANCHI, 2009).
A variação dos escores dos domínios também é de 1,0 a 7,0. Na análise de
escore médio para o enfermeiro, para cada item e para cada domínio, foi
considerado o nível de estresse com a seguinte pontuação de escore padronizado:
igual ou abaixo de 3,0 – baixo nível de estresse; entre 3,1 e 5,9 – médio; igual ou
acima de 6,0 – alto nível de estresse (BIANCHI, 2009).
4.5.4 Cortisol salivar
Para obter um marcador fisiológico de estresse dos enfermeiros participantes
da pesquisa, foi realizada a coleta de três amostras salivares. Após responder os
instrumentos que integram a pesquisa e, mediante explicação do passo a passo da
coleta pela pesquisadora, foi entregue a cada enfermeiro um kit com material de
coleta de saliva, que continha: três tubos Salivette (Salivette®, Sarstedt, Alemanha)
devidamente identificados com o número do participante e respectivos horários de
coletas (1ª, 2ª e 3ª coleta); orientações e recomendações por escrito para as coletas
(APÊNDICE B); e documento de identificação das amostras para o laboratório
(APÊNDICE C). As orientações e recomendações contemplaram: ingerir dieta leve
no café da manhã; não ingerir alimentos ou bebidas (exceto água) por trinta minutos
antes da coleta; não fumar por um período de 30 minutos antes da coleta de saliva;
antes de realizar a coleta é recomendado lavar a boca com água por meio de
bochechos leves; não é recomendável realizar a coleta se apresentar lesões orais
com presença de sangramento ativo ou potencial; não ter submetido a tratamento
dentário nas últimas 24 horas antes da coleta; não ter escovado os dentes nas
últimas 3 horas a fim de evitar sangramento gengival; e não ter ingerido álcool nas
12 horas anteriores à coleta, conforme Dalri et al. (2014).
Cada enfermeiro foi orientado a coletar três amostras de saliva. Os
enfermeiros que atuam nos turnos da manhã e à tarde coletaram ao acordar, uma
hora após iniciarem sua jornada de trabalho e uma hora antes de encerrarem o seu
plantão. Já os enfermeiros que atuam à noite, coletaram as amostras ao acordar no
dia do seu respectivo plantão e que não tivesse trabalhado na noite anterior, e as
demais amostras uma hora após começarem a trabalhar e uma hora antes de
41
encerrarem o seu plantão. Todos os horários devidamente identificados em cada
tubo Salivette.
Para obter a amostra, cada enfermeiro foi orientado a abrir o Salivette,
identificado com o respectivo horário da coleta, remover o swab e posicioná-lo sob a
lateral da língua para estimular a salivação por 3 a 5 minutos. Após perceber que ele
se encontrava saturado de saliva, devia ser retirado da boca e introduzido
novamente no tubo Salivette fechando-o firmemente. Após a coleta da saliva, o
material foi armazenado refrigerado, entre 2°C a 8°C, em recipientes térmicos
indicados pela pesquisadora e encaminhado ao laboratório de análises clínicas da
UNIJUÍ, com observação criteriosa quanto ao armazenamento, transporte e análise
das amostras. Os valores de referência para o cortisol salivar foram disponibilizados
pelo laboratório Álvaro, o qual analisou as amostras deste estudo, sendo: das 6h às
10h – <0,78ug/dL; das 16h às 20h – <0,24ug/dL; e das 23h30min às 00h30min –
<0,20ug/dL. O cortisol foi determinado através do método de análise de
Eletroquimioluminescência, considerado método padrão ouro para esse resultado.
4.5.5 Escala de Resiliência (ER)
Para avaliar a resiliência dos enfermeiros foi utilizada a Escala de Resiliência
(ER), desenvolvida com base na Resilience Scale de Wagnild & Young em 1993. A
mesma foi traduzida e validada para o português por Pesce et al. (2005), e verifica o
nível de adaptação psicossocial positiva do indivíduo diante de situações
importantes da vida. É autoaplicável e contempla 25 itens, com opções de resposta
tipo escala Likert: 1 (discordo totalmente); 2 (discordo muito); 3 (discordo pouco); 4
(nem concordo, nem discordo); 5 (concordo pouco); 6 (concordo muito) e 7
(concordo totalmente). A soma do valor atribuído a cada item, ao final, varia entre 25
pontos, condizente com menor resiliência, e 175 pontos, elevada resiliência (PESCE
et al., 2005). São classificados em: baixa resiliência, pontuação menos que 121;
média resiliência, pontuação de 121 a 146; e alta resiliência, pontuação acima de
147 (NAVARRO-ABAL; LÓPEZ-LÓPEZ; CLIMENT-RODRÍGUEZ, 2018).
A ER está dividida em três fatores: Fator I – compreende 14 itens da escala
atribuídos a resoluções de ações e valores (descritos nos itens: 2, 6, 8, 10, 12, 14,
16, 18, 19, 21, 23, 24 e 25); Fator II – 6 itens da escala, caracterizados por
independência e determinação (descritos nos itens: 5, 7, 9, 11, 13 e 22); e Fator III –
42
5 itens da escala, caracterizados por autoconfiança e capacidade de adaptação a
situações (descritos nos itens: 3, 4, 15, 17 e 20). Os fatores expõem situações
cotidianas de enfrentamento no âmbito das relações sociais, capacidade de resolver
conflitos, autonomia e sentido para a vida (BROLESE et al., 2017).
4.6 Análise dos dados
Os dados da pesquisa foram registrados e organizados no programa
Statistical Package for Social Science (SPSS), versão 17.0, observando possíveis
erros e inconsistências para assim corrigi-los antes de realizar a análise. A análise
ocorreu a partir de medidas descritivas (limite inferior e superior, quartis, mediana,
média e desvio padrão).
O escore total do nível de estresse do enfermeiro foi obtido a partir da soma
do escore médio de cada item, dividido pelo total de itens. Para o escore médio de
cada domínio realizou-se a soma dos escores médios dos itens que o integram, e o
resultado foi dividido pelo total de itens do domínio. Foi observada a pontuação
indicada de cada item para os domínios e, também, o escore total de estresse para
enfermeiro.
Foram aplicados testes não paramétricos: teste T de Wilcoxon para comparar
a relação entre as amostras e o coeficiente de correlação de Spearman para medir a
intensidade da relação entre as variáveis; Teste Qui-Quadrado, que considerou
correlação significativa ρ<0,05; teste t (não significativo p>0,05); teste exato de
Fisher, para aferir a significância estatística; correlação de Pearson para verificar o
grau de correlação; e coeficiente de correlação Spearman, para medir a intensidade
da relação entre as variáveis.
Os resultados foram apresentados em forma de tabelas e figuras de maneira
a facilitar a visualização e interpretação do leitor.
4.7 Aspectos éticos
Foram respeitados todos os aspectos éticos que regem pesquisas com seres
humanos conforme preconizado na Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de
Saúde (CNS) sobre pesquisas com seres humanos (BRASIL, 2012). O projeto foi
43
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNICRUZ (parecer nº 3.085.366,
CAAE nº 03781418.1.0000.5322) (ANEXOS D e E).
Os pesquisados foram informados quanto à participação voluntária na
pesquisa, para a qual não receberiam nenhum benefício financeiro. Foi lhes
garantido anonimato e sigilo das informações fornecidas e o direito de se recusar em
participar da pesquisa em qualquer momento da mesma (BRASIL, 2012). Ao
confirmar participar da pesquisa, foi solicitado a assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE D), que após lido, foi
assinado em duas vias, uma que ficou de posse de cada pesquisado e outra da
pesquisadora. O material resultante do estudo ficará sob cuidados da pesquisadora
por no mínimo cinco anos e após incinerados.
Quanto os riscos, os participantes foram informados de que sua participação
poderia causar desconforto, cansaço, tristeza por reviver situações emocionais de
estresse, relembrar momentos difíceis no ambiente de trabalho e sintomas físicos,
entre outros. Se isso ocorresse, a entrevista seria interrompida e, se necessário, o
trabalhador seria assistido por profissional habilitado no Serviço de Psicologia da
UNIJUÍ.
Os participantes do estudo também foram orientados que poderiam ser
beneficiados em participar da pesquisa pela oportunidade de refletir acerca de sua
vida profissional, avaliar níveis de estresse e sua capacidade de resiliência,
aspectos importantes e que podem contribuir na qualificação de sua atuação,
manutenção da saúde e prevenção de agravos.
Ao final da pesquisa, os resultados serão disponibilizados para a
administração e gerência de enfermagem da instituição e a pesquisadora,
juntamente com sua orientadora, se disponibilizarão para socializá-los com os
participantes da pesquisa.
Pretende-se também submeter os artigos científicos resultantes do estudo à
avaliação de periódicos da área, com vistas à publicação. Também serão
construídos resumos simples e expandidos, submetidos a eventos nacionais e
internacionais da área.
44
5 MANUSCRITO I
Estresse e resiliência de enfermeiros antes e depois da avaliação para
manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar
RESUMO
Introdução: a Acreditação Hospitalar é uma estratégia de gestão a qual certifica
instituições de saúde pela qualidade e segurança nos processos de trabalho. Para
atender demandas desse processo é exigido dos enfermeiros responsabilidades e
atribuições que podem impactar na saúde e na qualidade de vida desses
profissionais, manifestado por sintomas físicos e emocionais de estresse. A
resiliência é uma característica que auxilia os enfermeiros a superar essas
exigências e manterem-se saudáveis. Objetivo: analisar e comparar níveis de
estresse e de resiliência de enfermeiros, antes e depois da avaliação para
manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar. Método: pesquisa
quantitativa, quase experimental, com 53 enfermeiros de um hospital filantrópico de
porte IV, da região noroeste do estado do Rio Grande do Sul. A coleta de dados
ocorreu em março e julho de 2019, antes e depois da avaliação para a manutenção
da Certificação de Acreditação Hospitalar Nível 2. Dados coletados com instrumento
de variáveis sociodemográficas, clínicas e ocupacionais, Escala de Bianchi de
Stress e Escala de Resiliência. Empregou-se análise estatística descritiva com limite
inferior e superior, quartis, mediana, média e desvio padrão e aplicados os testes
não-paramétricos T de Wilcoxon e coeficiente de correlação de Spearman.
Resultados: a maioria dos enfermeiros teve nível médio de estresse, nos dois
momentos avaliados. Os maiores escores de estresse médio e alto conforme a
Escala Bianchi de Stress foram os do Domínio E – Coordenação das atividades da
unidade e do Domínio C – Atividades relacionadas à administração de pessoal. Os
participantes da pesquisa encontravam-se com capacidade de resiliência média e
alta. Conclusão: gerenciar pessoas, organizar a unidade e própria assistência ao
paciente são atividades desgastantes no processo de Acreditação Hospitalar e
elevam os níveis de estresse dos enfermeiros. Porém, a boa relação com os demais
setores e seus gestores são fatores estatisticamente significativos e provavelmente
relacionados à capacidade de resiliência média e alta.
45
Descritores: Enfermeiros. Estresse Ocupacional. Resiliência Psicológica.
Acreditação Hospitalar.
INTRODUÇÃO
As perspectivas para as instituições de saúde circundam a qualidade,
segurança e sustentabilidade (OLIVEIRA et al., 2019). Os autores preconizam que,
para acompanhar essa tendência, cada vez mais os serviços de saúde buscam
estratégias gerenciais no intuito de viabilizar a sustentabilidade organizacional a
partir de aperfeiçoamento e avaliação dos serviços prestados. Neste contexto, as
Certificações de Acreditação ganham mais espaço por se tratar de processos com
foco em avaliar, monitorar e certificar instituições de serviços de saúde que queiram
qualificar-se (BARBINO JUNIOR; SILVA; GABRIEL, 2019).
A Acreditação consiste em um processo externo que avalia a realidade da
instituição que assim a deseja, com visitas periódicas e foco em padrões de
qualidade, previamente definidos, conforme a metodologia da acreditadora escolhida
(OLIVEIRA et al., 2019). No Brasil, a Organização Nacional de Acreditação (ONA) é
a entidade que norteia as Instituições Acreditadoras Credenciadas (IACS) a
desenvolver esse processo de avaliação junto aos serviços de saúde (ONA, 2018).
A metodologia baseia-se no diagnóstico de problemas para desenvolver
oportunidades de melhorias (BARBINO JUNIOR; SILVA; GABRIEL, 2019).
Essas novas perspectivas institucionais impactam diretamente nas atividades
dos profissionais de saúde. Gabriel et al. (2018) garantem que são os enfermeiros
que assumem funções estratégicas na elaboração, condução e avaliação contínua
dos processos de melhoria assistencial. Os autores ainda reiteram que a equipe de
enfermagem é a base para desenvolver e solidificar programas de qualidade pela
característica de suas atividades. No entanto, demandas burocráticas que envolvem
todo o processo de Acreditação, tais como elaboração de protocolos, gestão de
indicadores, de custos, pessoal e treinamentos, são algumas das atribuições aliadas
às atividades assistenciais do enfermeiro. Nesse ínterim, Oliveira et al. (2017)
enfatizam que apesar da importante atuação do enfermeiro no enfoque gerencial do
processo de Acreditação, esse não deve ser o único foco de seu trabalho e, dessa
forma, as exigências referentes a assistência, tentem a aumentar com a
Acreditação, o que implica diretamente na saúde desse profissional.
46
As atividades estressoras do dia a dia do enfermeiro é tema de vários estudos
em diferentes países. Em pesquisa com 1840 enfermeiros de hospitais públicos
suíços, em 2015 e 2016, um em cada doze profissionais apresentou sinais de
Burnout e, ainda, um a cada seis deles pensavam em deixar a profissão. Cargas de
trabalho, físicas e mentais, estresse e altas exigências, foram associadas aos
sintomas de esgotamento (HÄMMIG, 2018). Outro estudo, com 2889 enfermeiros
chineses evidenciou que 68,3% deles apresentaram altos níveis de estresse
ocupacional e concluiu que esse agravo estava relacionado à sobrecarga de
trabalho, falta de pessoal e aumento das exigências, o que dificulta garantir a
qualidade e segurança do paciente (GU; TAN; ZHAO, 2019). Os autores afirmam
que os enfermeiros gastam energia e tempo extra em atualização e condução de
pesquisas, o que contribui para o aumento do estresse ocupacional.
O estresse ocupacional advém do ambiente de trabalho e está atribuído a
aspectos organizacionais, gestão, relações interpessoais e também da própria
assistência ao paciente (FREITAS et al., 2015). A exposição contínua a esses
estressores repercute na saúde física e psíquica do trabalhador e se manifesta de
diferentes formas: distúrbio do sono, hipertensão, diabetes, síndrome metabólica,
doenças psicossomáticas, síndrome de Burnout e depressão (RIBEIRO et al., 2018).
Conviver com situações estressoras e manter-se saudável requer do profissional
estratégias, como flexibilidade e versatilidade para transpor as adversidades e
superá-las. Neste sentido, a resiliência emerge e refere-se à capacidade de o
indivíduo enfrentar, vencer e sair fortalecido de experiências adversas (CRUZ et al.,
2018). A autora afirma que ter resiliência implica em reconhecer o estressor, tolerá-lo
e aprender com ele. Cruz et al. (2018) enfatiza que os estudos acerca da resiliência
na área da enfermagem são importantes pela característica da profissão.
Diante dos danos do estresse à saúde física e emocional do enfermeiro, da
lacuna de conhecimento sobre o estresse nos Processos de Acreditação, aliado a
ampliação de conhecimento acerca da resiliência, emergiu o interesse de realizar
esse estudo. O mesmo tem como objetivo analisar e comparar níveis de estresse e
de resiliência de enfermeiros, antes e depois da avaliação para manutenção da
certificação de Acreditação Hospitalar.
47
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa quantitativa do tipo quase experimental
(LACERDA; COSTENARO, 2018) que compreendeu todos os enfermeiros que
atuam em um hospital filantrópico de porte IV, situado na região noroeste do estado
do Rio Grande do Sul, Brasil. A coleta ocorreu em duas etapas, a primeira em março
de 2019 e a segunda em julho do mesmo ano, durante a visita de avaliação para a
manutenção da Certificação de Acreditação Nível 2. O mesmo integra a dissertação
de mestrado intitulada “Dor musculoesquelética, estresse e resiliência em
enfermeiros antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de
Acreditação Hospitalar”. O mesmo foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa
UNICRUZ, parecer n° 3.085.366, CAAE n° 03781418.1.0000.5322.
Todos foram convidados a integrarem-se a pesquisa, porém participaram
efetivamente da mesma 53 enfermeiros. Os critérios de inclusão elencados foram
ser enfermeiro e atuar no referido hospital. Os critérios de exclusão foram:
enfermeiros que no decorrer da coleta de dados estivessem em férias, atestado ou
licença maternidade, gestantes, em tratamento com corticosteroides e também
aqueles com diagnóstico de Doença de Addison. Os instrumentos de coleta de
dados foram: questionário com variáveis sociodemográficas, clínicas e ocupacionais,
Escala Bianchi de Stress (EBS) e Escala de Resiliência (ER).
A Escala Bianchi de Stress (EBS), construída e validada por Bianchi (2009),
contempla dados de categorização e 51 itens que descrevem atividades do cotidiano
do enfermeiro, agrupadas em seis domínios: Domínio A – Relacionamento com
outras unidades e supervisores; Domínio B – Funcionamento adequado da unidade;
Domínio C – Administração de pessoal; Domínio D – Assistência de enfermagem
prestada ao paciente; Domínio E – Coordenação das atividades; e Domínio F –
Condições de trabalho.
A EBS analisa escore total de estresse do enfermeiro, escore médio para
cada item (estressor) e escore para cada domínio. A soma varia de 51 (quando o
enfermeiro assinala como pouco desgastante todas as atividades) a 357 pontos (7
pontos quando muito desgastante) (KIRHHOF et al., 2016). O nível do estresse do
enfermeiro resulta da soma dos 51 itens, pontuados em uma escala Likert, de 1 a 7.
O valor 1 refere-se a atividade pouco desgastante, 4 como médio, 7 altamente
desgastante e zero quando o enfermeiro não executa a atividade (BIANCHI, 2009).
48
Já o escore médio possibilita identificar a intensidade dos estressores para
grupos de enfermeiros. Bianchi (2009) explica que é necessário realizar a soma dos
itens assinalados pelo grupo em questão, para cada item e, em seguida subtrair o
número de zeros marcados, assim, obtém-se um total real desse estressor. Para
obter o escore médio para um determinado grupo, divide-se o total real do estressor
assinalados pelo número de respondentes que marcaram escores que não fossem 0
naquele item. O valor resultante é a média real para cada item, que varia de 1,0 a
7,0. Os escores médios dos 51 itens podem ser comparados entre eles, o que
resulta no estressor de maior intensidade para o grupo de interesse. Também é
possível comparar os escores obtidos para os 51 itens de um enfermeiro, o que
permite identificar qual o estressor que de forma mais intensa é percebido por ele
(BIANCHI, 2009). Ainda com a EBS é possível identificar o escore para cada
domínio, a partir da soma dos escores dos itens de cada domínio e, o valor
encontrado, divide-se pelo número de itens. Este varia de 1,0 a 7,0: igual ou abaixo
de 3,0 – baixo nível de estresse; entre 3,1 e 5,9 – médio; igual ou acima de 6,0 – alto
nível de estresse.
Para avaliação da resiliência utilizou-se a Escala de Resiliência (ER),
desenvolvida com base na Resilience Scale de Wagnild & Young em 1993 e
traduzida e validada por Pesce et al. (2005). Ela verifica o nível de adaptação
psicossocial positiva do indivíduo diante de situações importantes da vida.
Contempla 25 itens em escala Likert: 1 (discordo totalmente); 2 (discordo muito); 3
(discordo pouco); 4 (nem concordo, nem discordo); 5 (concordo pouco); 6 (concordo
muito) e 7 (concordo totalmente). A soma de cada item varia entre 25 pontos para
menor resiliência e 175 pontos para elevada resiliência (PESCE et al., 2005). São
classificados em: baixa resiliência, pontuação menos que 121; média resiliência
pontuação de 121 a 146; e alta resiliência pontuação acima de 147 (NAVARRO-
ABAL; LÓPEZ-LÓPEZ; CLIMENT-RODRÍGUEZ, 2018). A ER compreende três
fatores: Fator I – 14 itens referentes a resoluções de ações e valores (descritos nos
itens: 2, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18, 19, 21, 23, 24 e 25); Fator II – 6 itens caracterizados
por independência e determinação (descritos nos itens: 5, 7, 9, 11, 13 e 22); e Fator
III – 5 itens caracterizados por autoconfiança e capacidade de adaptação a
situações (descritos nos itens: 3, 4, 15, 17 e 20).
Os resultados obtidos com a referida pesquisa são apresentados na
sequência em forma de tabelas e medidas descritivas (limite inferior e superior,
49
quartis, mediana, média e desvio padrão), de maneira a facilitar a visualização e
interpretação do leitor. Também foram utilizados os testes não paramétricos: teste T
de Wilcoxon para comparar a relação entre as amostras e o coeficiente de
correlação de Spearman para medir a intensidade da relação entre as variáveis.
RESULTADOS
Inicialmente, para melhor facilitar a compreeção, na Tabela 1 é explicitada a
caracterização dos participantes da pesquisa, com variáveis sociodemográficas,
clínicas e laborais. Nesta, verifica-se que a maioria dos participantes é do sexo
feminino, com idade inferior ou igual a 40 anos, com companheiro(a) e filhos.
Ainda em relação às variáveis contidas na Tabela 1, constata-se que quanto
ao turno de trabalho em que os participantes atuam, o maior percentual é dos que
atuam nos turnos diurnos, manhã e tarde, seguido da noite e misto. Verifica-se
também que mais da metade cumprem carga horária semanal de 36 horas seguido
de mais que 36 horas semanais. Evidencia-se também que mais de 60% dos
enfermeiros assumem função de supervisores e os demais coordenação e
assistência. Quanto ao tempo de atuação dos enfermeiros na referida instituição, o
mesmo varia de 0,17 a 34,67 anos e o tempo na unidade foi de 0,08 a 20 anos. Ao
serem questionados se possuíam outro emprego, a maioria respondeu que não e
praticamente a metade deles (47,2%) atua em unidades abertas, seguido de
fechadas (35,8%). E quanto a formação, 81,1% são especialistas, 5,7% mestres e
os demais, 13,2%, são graduados.
Tabela 1 – Perfil sociodemográfico e características de trabalho dos enfermeiros que
atuam em um Hospital do interior do estado do Rio Grande do Sul, 2019
Variáveis n %
Sexo Feminino 40 75,5
Masculino 13 24,5
Idade
20 a 30 anos 8 15,1
31 a 40 anos 31 58,5
41 a 50 anos 13 24,5
Mais de 50 anos 1 1,9
Estado civil Com companheiro(a) 44 83,0
Sem companheiro(a) 9 17,0
50
Filhos Sim 35 66,0
Não 18 34,0
Número de filhos
Um 17 32,1
Dois 16 30,2
Três 2 3,8
Turno de trabalho
Manhã 4 7,5
Tarde 10 18,9
Manhã e Tarde 16 30,2
Noite 11 20,8
Misto 12 22,6
Carga horária
Menos que 36 horas 3 5,7
36 horas 29 54,7
Mais que 36 horas 21 39,6
(LI;LS) (M;DP) (6;44) (37,6 ; 6,8)
Cargo
Supervisão 33 62,3
Coordenação e assistencial 11 20,8
Coordenação 9 17,0
Tempo de trabalho na instituição (LI;LS) (M;DP)
(0,17;34,67) (9,57;7,55)
Tempo de trabalho na unidade (LI;LS) (M;DP)
(0,08;20) (4,77;4,46)
Total 53 100,0
Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.
Sequencialmente, a Tabela 2 apresenta os níveis de estresse dos
participantes da pesquisa, segundo os domínios da EBS, antes e depois da
avaliação para manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar. Nesta
constata-se que, em relação aos itens que integram o Domínio A, referente ao
“relacionamento com as outras unidades e supervisores”, a maioria dos enfermeiros
encontravam-se em baixos níveis de estresse, nos dois momentos avaliados, antes
e após. Porém, evidencia-se que, em relação a esse mesmo domínio ocorreu leve
aumento de participantes em níveis médios de estresse e, inclusive, um pequeno
percentual encontrava-se em alto nível de estresse após a avaliação. Essa mesma
variação ocorreu em relação ao Domínio B, o qual se reporta as “atividades
relacionadas ao funcionamento adequado da unidade”.
Ainda referente aos dados da Tabela 2, no que tange as “atividades
relacionadas à administração de pessoal”, do Domínio C da EBS, verifica-se que,
antes da avaliação, o maior percentual era de trabalhadores em médio nível de
estresse, seguido de baixo e alto. Ressalta-se que esse foi o domínio da EBS que
mais enfermeiros encontravam-se em alto nível de estresse. Evidencia-se também
51
que, depois da avaliação, aumentou o percentual de trabalhadores em alto nível de
estresse e em baixo nível, enquanto que o percentual de enfermeiros em médio
nível de estresse diminuiu.
Tabela 2 – Nível de estresse segundo os domínios da Escala Bianchi de Stress
(EBS) em enfermeiros que atuam em um Hospital do interior do estado do Rio
Grande do Sul, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de
Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Brasil, 2019
Domínios EBS Momento de coleta
Nível de estresse
Baixo n(%)
Médio n(%)
Alto n(%)
A – Relacionamento com outras unidades e supervisores
AA 40(75,5) 13(24,5) -
DA 37(69,8) 15(28,3) 1(1,9)
B – Atividades relacionadas ao funcionamento adequado da unidade
AA 34(64,2) 18(34,0) 1(1,9)
DA 28(52,8) 23(43,4) 2(3,8)
C – Atividades relacionadas à administração de pessoal
AA 15(28,3) 34(64,2) 4(7,5)
DA 18(34,0) 29(54,7) 6(11,3)
D – Assistência de enfermagem prestada ao paciente
AA 21(39,6) 32(60,4) -
DA* 22(41,5) 26(49,1) 3(5,7)
E – Coordenação das atividades da unidade AA 12(22,6) 39(73,6) 2(3,8)
DA 12(22,6) 38(71,7) 3(5,7)
F – Condições de trabalho para o desempenho das atividades do enfermeiro
AA 22(41,5) 31(58,5) -
DA 25(47,2) 25(47,2) 3(5,7)
*Para dois (3,8%) enfermeiros todos os escores do domínio foram “0” (não se aplica). AA = antes da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar; DA = depois da avaliação de manutenção da certificação de Acreditação Hospitalar. Escores dos domínios: valor 1 quando achar a atividade “pouco desgastante”; 4 para “médio”; 7 para “muito desgastante”; e 0 caso “não executa a atividade”. Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.
Constata-se que, antes da visita, os itens que se referiam a “coordenação das
atividades da unidade” que compõem o Domínio E do instrumento, foram percebidas
com nível de estresse médio pela maioria dos enfermeiros (73,6%). Depois da visita,
esse mesmo domínio, também teve grande representatividade com nível médio de
estresse por 71,7% dos enfermeiros, sendo esse o domínio com nível de estresse
médio mais representativo. Verifica-se também que esses resultados foram
semelhantes aos do Domínio C “atividades relacionada à administração de pessoal”
e do E “assistência prestada ao paciente”.
A Tabela 3 apresenta resultados do uso de estatística descritiva nos escores
do estresse (1 quando achar a atividade “pouco desgastante”; 4 para “médio”; 7 para
52
“muito desgastante”, e 0 caso “não executa a atividade”), referidos pelos
enfermeiros. Nesta evidencia-se que no Domínio A o teste T de Wilcoxon, com os
escores antes e depois da avaliação, mostrou relação estatisticamente significativa
(p<0,05), o que demonstra que as médias dos escores diferem entre si. Nos demais
domínios não ocorreram diferença significativa entre as médias, nos dois momentos
avaliados.
Tabela 3 – Estatística descritiva dos escores de estresse segundo os domínios da
Escala Bianchi de Stress (EBS) em enfermeiros que atuam em um Hospital do
interior do estado do Rio Grande do Sul, antes e depois da avaliação de manutenção
da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Brasil, 2019
Domínios EBS
Estatística Descritiva T de
Wilcoxon p-valor LI LS Média DP Q1(25%) Md(50%) Q3(75%)
A AA 1,00 5,22 2,32 1,05 1,50 2,13 3,06 0,021
DA 1,00 6,33 2,62 1,17 1,88 2,33 3,28
B AA 1,00 6,00 2,90 1,34 1,75 2,67 4,00 0,152
DA 1,00 6,33 3,13 1,47 1,83 3,00 4,08
C AA 1,40 7,00 3,92 1,35 2,82 4,00 4,82 0,591
DA 1,00 6,50 3,81 1,39 2,73 3,60 5,00
D AA 1,14 5,67 3,30 1,28 2,13 3,47 4,33 0,853
DA 1,20 6,20 3,37 1,22 2,53 3,33 4,07
E AA 1,43 6,75 3,82 1,12 3,25 3,88 4,46 0,806
DA 1,14 7,00 3,75 1,17 3,13 3,88 4,38
F AA 1,14 5,75 3,31 1,08 2,69 3,17 4,07 0,862
DA 1,50 6,14 3,37 1,27 2,23 3,14 4,15
AA = antes da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar; DA = depois da avaliação de manutenção da certificação de Acreditação Hospitalar; A = Relacionamento com outras unidades e supervisores; B = Atividades relacionadas ao funcionamento adequado da unidade; C = Atividades relacionadas à administração de pessoal; D = Assistência de enfermagem prestada ao paciente; E = Coordenação das atividades da unidade; F = condições de trabalho para o desempenho das atividades do enfermeiro; LI = limite inferior; LS = limite superior; DP = desvio padrão; Q1 = quartil 1; Md = mediana; Q3 = quartil 3. Escores dos domínios: valor 1 quando achar a atividade “pouco desgastante”; 4 para “médio”; 7 para “muito desgastante”; e 0 caso “não executa a atividade”. Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.
Ainda em relação aos resultados contidos na Tabela 3, verifica-se que as
médias dos escores da EBS referentes aos Domínios C e E variaram de forma
semelhante, antes e depois da avaliação com vistas à manutenção da Certificação
de Acreditação Hospitalar, com níveis mais elevados de estresse. Constata-se
53
também que nos demais domínios da EBS ocorreu o inverso, ou seja, as médias dos
escores do estresse foram mais altas depois da avaliação.
A Tabela 4 apresenta os resultados do coeficiente de correlação de
Spearman entre os domínios da EBS e a resiliência dos participantes antes e depois
da avaliação. Esses mostram que existe forte correlação em cada domínio da EBS,
nos dois momentos em que os enfermeiros participantes da pesquisa foram
avaliados. Verifica-se também que não houve correlação entre resiliência e o valor
dos escores de estresse atribuídos pelos participantes em cada domínio da EBS.
Isso mostra que nem todos os participantes que têm uma resiliência alta são os que
se encontram em baixos níveis de estresse.
Tabela 4 – Coeficiente de correlação de Spearman dos domínios da Escala Bianchi
de Stress (EBS) e a Resiliência em enfermeiros que atuam em um Hospital do
interior do estado do Rio Grande do Sul, antes e depois da avaliação de manutenção
da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Brasil, 2019
Domínios EBS Domínios EBS AA com domínios DA
Resiliência AA com EBS AA
Resiliência DA com EBS AA
R p-valor R p-valor R p-valor
A – Relacionamento com outras unidades e supervisores
0,564 0,000* -0,052 0,712 -0,096 0,494
B – Atividades relacionadas ao funcionamento adequado da unidade
0,656 0,000* 0,031 0,824 0,037 0,791
C – Atividades relacionadas à administração de pessoal
0,584 0,000* 0,144 0,303 -0,011 0,935
D – Assistência de enfermagem prestada ao paciente
0,616 0,000* -0,035 0,804 -0,072 0,613
E – Coordenação das atividades da unidade
0,414 0,002* -0,037 0,791 -0,147 0,294
F – Condições de trabalho para o desempenho das atividades do enfermeiro
0,479 0,000* -0,144 0,304 -0,263 0,057
*Correlação significativa para p<0,01. AA = antes da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar; DA = depois da avaliação de manutenção da certificação de Acreditação Hospitalar. Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.
A Tabela 5 apresenta níveis de estresse dos enfermeiros conforme os
domínios da EBS nos dois momentos de avaliação. Nesta constata-se que em
relação ao Domínio A, dos enfermeiros que se encontravam em baixo nível de
estresse antes da avaliação, os maiores percentuais referem-se aos que
54
apresentavam mediana e alta resiliência, respectivamente. Na segunda avaliação
ocorreu redução do percentual de enfermeiros com nível médio de resiliência e
surgiu um com alto nível de estresse e média resiliência.
Tabela 5 – Nível de stress segundo os domínios da Escala Bianchi de Stress (EBS)
e a Resiliência em enfermeiros que atuam em um Hospital do interior do estado do
Rio Grande do Sul, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de
Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Brasil, 2019
Domínios EBS Momento da coleta
Resiliência
Baixo n(%)
Médio n(%)
Alto n(%)
A – Relacionamento com ou-tras unidades e supervisores
AA
Baixo 6(11,2) 23(43,4) 11(20,8)
Médio 2(3,8) 8(15,1) 3(5,7)
Alto - - -
DA
Baixo 7(13,2) 18(34,0) 12(22,6)
Médio 3(5,7) 5(9,4) 7(13,2)
Alto - 1(1,9) -
B – Atividades relacionadas ao funcionamento adequado da unidade
AA
Baixo 5(9,4) 20(37,7) 9(17,0)
Médio 3(5,7) 10(18,9) 5(9,4)
Alto - 1(1,9) -
DA
Baixo 5(9,4) 11(20,8) 12(22,6)
Médio 5(9,4) 11(20,8) 7(13,2)
Alto - 2(3,8) -
C – Atividades relacionadas à administração de pessoal
AA
Baixo 4(7,5) 8(15,1) 3(5,7)
Médio 4(7,5) 20(37,7) 10(18,9)
Alto - 3(5,7) 1(1,9)
DA
Baixo 5(9,4) 4(7,5) 9(17,0)
Médio 4(7,5) 17(32,1) 8(15,1)
Alto 1(1,9) 3(5,7) 2(3,8)
D – Assistência de enfermagem prestada ao paciente
AA
Baixo 5(9,4) 9(17,0) 7(13,2)
Médio 3(5,7) 22(41,5) 7(13,2)
Alto - - -
DA
Baixo 3(5,9) 9(17,6) 10(19,6)
Médio 7(13,7) 12(23,5) 7(13,7)
Alto - 2(3,9) 1(2,0)
E – Coordenação das ativida-des da unidade
AA
Baixo 4(7,5) 4(7,5) 4(7,5)
Médio 4(7,5) 25(47,2) 10(18,9)
Alto - 2(3,8) -
DA
Baixo 3(5,7) 5(9,4) 4(7,5)
Médio 6(11,3) 17(32,1) 15(28,3)
Alto 1(1,9) 2(3,8) -
F – Condições de trabalho para AA Baixo 5(9,4) 11(20,8) 6(11,3)
55
o desempenho das atividades do enfermeiro
Médio 3(5,7) 20(37,7) 8(15,1)
Alto - - -
DA
Baixo 4(7,5) 10(18,9) 11(20,8)
Médio 5(9,4) 12(22,6) 8(15,1)
Alto 1(1,9) 2(3,8) -
*Para dois enfermeiros todos os escores do domínio foram “0” (não se aplica). AA = antes da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar; DA = depois da avaliação de manutenção da certificação de Acreditação Hospitalar. Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.
Ainda em relação aos resultados contidos na Tabela 5, evidencia-se que o
Domínio E, referente à “coordenação das atividades da unidade”, foi o que
apresentou maior percentual de média resiliência, seguida de alta, antes da
avaliação, porém, depois da avaliação, ocorreu aumento do percentual de
enfermeiros com alta e baixa resiliência e, consequentemente, redução dos que se
encontravam com média resiliência.
Em síntese, com base nos resultados apresentados na Tabela 5, pode-se
afirmar que os enfermeiros que se encontravam em níveis de estresse médio e alto
também apresentaram resiliência média e alta, respectivamente, nos dois momentos
em que foram avaliados. Igualmente, em todos os domínios da EBS, os participantes
que se encontravam em estresse alto, independente do momento de avaliação,
antes ou depois, os maiores percentuais foram dos que se encontravam com
resiliência alta ou mediana, respectivamente.
DISCUSSÃO
As características sociodemográficas dos participantes dessa pesquisa
assemelham-se as de outros estudos com a mesma categoria profissional, o que
demonstra o perfil dessa força de trabalho (RIBEIRO et al., 2018; OLIVEIRA et al.,
2019). O sexo feminino foi predominante no estudo e a maioria vivia com
companheiro e filhos. Esse resultado evidencia a dupla jornada que inclui atribuições
do lar presente no cotidiano dos participantes da pesquisa e que, provavelmente,
contribui para o desencadeamento de estresse (ROCHA et al., 2016).
Em relação à formação dos enfermeiros que integram o estudo, chama
atenção o fato de a maioria ser especialista, o que demonstra a inserção qualificada
da mulher no mercado de trabalho e vem ao encontro de estudo com enfermeiros
chineses. Neste, os participantes encontravam-se em altos níveis de estresse
56
associados ao gasto de energia e tempo extra em especialização, atualização e
condução de pesquisas, condições essas que contribuem para aumento do estresse
ocupacional (GU; TAN; ZHAO, 2019).
No que tange aos domínios da EBS, constata-se que o fato de os enfermeiros
avaliarem a relação com as demais unidades e seus supervisores como pouco
estressante vem ao encontro de Lima e Bianchi (2010), pesquisa com 101
enfermeiros de um hospital de alta complexidade de São Paulo. Esse resultado
demonstra que o gradiente de autoridade referente à distância psicológica entre
trabalhador e supervisor, é baixo na instituição pesquisada, aspecto esse que
impacta positivamente na cultura de segurança do paciente, na qual as equipes
assumem responsabilidades individuais e coletivas (LEMOS et al., 2018).
Ainda em relação os níveis de estresse conforme os domínios da EBS,
pensa-se que o fato de as atividades administrativas que envolvem pessoas terem
sido percebidas pelos participantes da pesquisa como altamente estressante,
igualmente, vem ao encontro de Kirhhof et al. (2016). Nesse sentido, considera-se
que os fatores intrínsecos ao trabalho do enfermeiro como líder da equipe, o qual
inclui otimizar o trabalho, organizar a unidade, gerenciar a equipe, elaborar
treinamentos, escalas, e condução adequada na resolução de conflitos demandam
conhecimento que vai além de sua formação, portanto são condições que
contribuem para a ocorrência de estresse e efeitos dele decorrentes, tanto físicos
quanto psíquicos. Nunes e Gaspar (2017) avaliaram relação da liderança com
empenho organizacional de enfermeiros portugueses e concluíram que o
comportamento positivo dos líderes melhora o desempenho da equipe e da
instituição. Costa et al. (2017) complementam ao pontuarem que dificuldades de
relacionamento entre a equipe, de manter uma comunicação eficaz e falta de
conhecimento, dificultam o exercício da liderança dos enfermeiros. Os autores citam
o desafio do enfermeiro de liderar com interferências da equipe multiprofissional, ou
seja, profissionais de diferentes formações e responsabilidades, que precisam atuar
concomitantemente no processo do cuidado. Além desses desafios elencados, os
autores explicitam também que os enfermeiros têm dificuldade de perceber seu
papel no processo de trabalho e da dimensão da sua atuação na equipe
multidisciplinar.
Quanto aos níveis de estresse em que os enfermeiros se encontravam antes
e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar,
57
referentes às atividades dos Domínios C e E emergem questões que envolvem
relacionamento interpessoal e organização do trabalho. Nesse sentido, o enfermeiro
é referência enquanto coordenador da equipe, portanto, dentre suas atribuições uma
delas é a de promover ambiente propício para a assistência. Faria et al. (2017) se
reportam a complexidade de o enfermeiro coordenar sua equipe e articular com os
demais profissionais que integram a equipe multidisciplinar, com foco na qualidade e
na segurança do cuidado. Para tanto, Gabriel et al. (2018) vão além e enfatizam a
necessidade de os enfermeiros desenvolverem e aprimorarem habilidades de
relações interpessoais.
Quanto as atividades que integram o domínio “assistência de enfermagem
prestada ao paciente” da EBS, Gabriel et al. (2018) se reportam a esse profissional
como o mais indicado para gerenciar questões referentes melhoria assistencial
durante o processo de Acreditação. A proximidade com o paciente, seu papel de
líder frente à equipe de enfermagem e facilitador entre os membros da equipe
multidisciplinar reafirmam essa posição. Oliveira et al. (2017) afirmam que as
demandas necessárias para o enfermeiro atuar como um líder no processo de
Acreditação associam-se a atividades assistenciais, as quais repercutem em
sobrecarga física e psíquica do respectivo profissional e que pode ser evidenciada
por níveis elevados de estresse, com manifestações físicas e psíquicas.
O sofrimento no trabalho do enfermeiro é uma temática amplamente debatida
em nível mundial e evidenciam que o estresse ocupacional advém de fatores
organizacionais, assistenciais e de relações interpessoais, além de questões
subjetivas e individuais (ROCHA et al., 2016; GU; TAN; ZHAO, 2019; HÄMMIG,
2018). Enfermeiros utilizam fatores de proteção para melhor enfrentamento os
estressores ocupacionais (ROCHA et al., 2016). Nesse sentido, a capacidade de
resiliência dos participantes da pesquisa ora analisada variou entre alta e média nos
diferentes momentos desse estudo. Os autores também afirmam que a pessoa, ao
vivenciar sofrimento, constrói mecanismos individuais de defesa, com o objetivo de
diminuir os impactos negativos vivenciados. Brolese et al. (2017) complementam ao
afirmarem que a resiliência é um constante desafio vivenciado no dia a dia do
enfermeiro, e pode-se dizer que se constitui em processo diário de construção e de
desconstrução frente às adversidades.
Investigação de Cruz et al. (2018), sobre resiliência e saúde do trabalhador
mostrou que o indivíduo resiliente constrói mecanismos de defesa como fatores
58
protetores, com o intuito de diminuir efeitos negativos sobre sua saúde. Nesse
sentido, eles pontuam que a resiliência está relacionada à percepção de fatores de
risco e de proteção e que ela permite ao profissional elaborar ou aprimorar respostas
a estressores. Já Sousa e Araujo (2015) se reportam a resiliência como um processo
que não elimina riscos inerentes, mas limitam danos e promove estabilidade
emocional. Rocha et al. (2016) afirmam que a resiliência é um importante
mecanismo de resposta aos estressores do cotidiano do enfermeiro e concorda que
ela permite atenua-los e potencializar a proteção.
Os resultados dessa pesquisa aliados ao posicionamento dos autores
mostram que os enfermeiros, no decorrer da avaliação de manutenção da
Certificação de Acreditação Hospitalar vivenciaram o estresse de formas diferentes e
que isso está relacionado à subjetividade presente nas questões que envolvem o
estresse.
CONCLUSÃO
Os resultados da percepção do estresse dos enfermeiros no processo de
Acreditação evidenciam que nos dois momentos avaliados, antes e após a avaliação
da equipe, os níveis de estresse se mantiveram médios, mais especificamente
quanto à gestão de pessoas, coordenação e assistência de enfermagem. Esses
resultados podem ser utilizados por gestores, incluindo os participantes, no intuito de
desenvolver estratégias mais adequadas para reduzir o estresse e assim se
manterem saudáveis e, também, mais produtivos.
Outro aspecto merecedor de atenção é o fato de a maioria dos participantes
ter uma boa relação com os demais setores e gestores, fator estatisticamente
significativo e que deve ser mantido. Esse resultado pode estar diretamente
relacionado à capacidade de resiliência média e alta dos participantes, que contribui
para ações e reflexões com vistas a qualificar ainda mais as relações de trabalho e
saúde.
A construção dessa pesquisa contribui para reduzir a lacuna de conhecimento
sobre estresse do enfermeiro durante as avaliações para Acreditação Hospitalar,
ciente de que os resultados são instigadores e, logicamente, não esgotam o tema
estudado.
59
REFERÊNCIAS
BARBINO JUNIOR, L. R.; SILVA, L. G. C.; GABRIEL, C. S. Quality as perceived by nursing professionals in an accredited specialized hospital. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 72, supl. 1, p. 282-288, 2019. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v72s1/0034-7167-reben-72-s1-0282.pdf. Acesso em: 20 set. 2019. BIANCHI, E. R. F. Escala Bianchi de Stress. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 43, n. esp., p. 1055-1062, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v43nspe/a09v43ns.pdf. Acesso em: 03 nov. 2018. BROLESE, D. F. et al. Resilience of the health team in caring for people with mental disorders in a psychiatric hospital. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 51, p. e03230, 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v51/1980-220X-reeusp-51-e03230.pdf. Acesso em: 18 nov. 2018. COSTA, S. D. et al. O exercício da liderança e seus desafios na prática do enfermeiro. Journal of Management & Primary Health Care – JMPHC, [s.l.], v. 8, n. 1, p. 49-65, 2017. Disponível em: http://www.jmphc.com.br/jmphc/article/view/257/440. Acesso em: 09 dez. 2019. CRUZ, É. J. E. R. et al. Resiliência como objeto de estudo da saúde do trabalhador: uma revisão narrativa. Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p. 283-288, jan./mar. 2018. FARIA, C. C. de et al. Como o enfermeiro líder se comunica no hospital: uma análise das práticas discursivas. Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 152-158, jan./mar. 2017. Disponível em: http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/5283/pdf_1. Acesso em: 09 dez. 2018. FREITAS, R. J. M. de et al. Estresse do enfermeiro no setor de urgência e emergência. Revista de Enfermagem UFPE On Line, Recife, v. 9, supl. 10, p. 1476-1483, dez. 2015. GABRIEL, C. S. et al. Perspectiva de las enfermeras brasileñas sobre el impacto de la Acreditación Hospitalaria. Enfermería Global, Múrcia, v. 17, n. 49, p. 381-394, enero 2018. Disponível em: http://scielo.isciii.es/pdf/eg/v17n49/1695-6141-eg-17-49-00381.pdf. Acesso em: 18 nov. 2018. GU, B.; TAN, Q.; ZHAO, S. The association between occupational stress and psychosomatic wellbeing among Chinese nurses: a cross-sectional survey. Medicine, Hagerstown, v. 98, n. 22, p. e15836, May 2019 Disponível em: https://insights.ovid.com/crossref?an=00005792-201905310-00057. Acesso em: 20 set. 2019.
60
HÄMMIG, O. Explaining burnout and the intention to leave the profession among health professionals - a cross-sectional study in a hospital setting in Switzerland. BMC Health Services Research, Londres, v. 18, n. 785, p. 1-11, Oct. 2018. Disponível em: https://bmchealthservres.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12913-018-3556-1. Acesso em: 21 set. 2019. KIRHHOF, R. S. et al. Nível de estresse entre enfermeiros de um hospital filantrópico de médio porte. Revista de Enfermagem da UFSM, Santa Maria, v. 6, n. 1, p. 29-39, jan./mar. 2016. LACERDA, M. R.; COSTENARO, R. G. S. (org.). Metodologias da pesquisa para a enfermagem e saúde: da teoria à prática. Porto Alegre: Moriá, 2018. LEMOS, G. C. et al. A cultura de segurança do paciente no âmbito da enfermagem: reflexão teórica. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro, Divinópolis, v. 8, p. e2600, 2018. Disponível em: http://www.seer.ufsj.edu.br/index.php/recom/article/view/2600/1880. Acesso em: 09 dez. 2019. LIMA, G. F.; BIANCHI, E. R. F. Stress among hospital nurses and the relation with the socio-demographics variables. REME – Revista Mineira de Enfermagem, Belo Horizonte, v. 14, n. 2, p. 210-218, abr./jun., 2010. NAVARRO-ABAL, Y.; LÓPEZ-LÓPEZ, M. J.; CLIMENT-RODRÍGUEZ, J. A. Engagement, resilience and empathy in nursing assistants. Enfermería Clínica, Madrid, v. 28, n. 2, p. 103-110, Mar./Apr. 2018. NUNES, E. M. G. T.; GASPAR, M. F. M. A qualidade da relação líder-membro e o empenhamento organizacional dos enfermeiros. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 51, p. e03263, 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v51/0080-6234-reeusp-S1980-220X2016047003263.pdf. Acesso em: 09 dez. 2019. OLIVEIRA, J. L. C. de et al. Atuação do enfermeiro no processo de acreditação: percepções da equipe multiprofissional hospitalar. Revista Baiana de Enfermagem, Salvador, v. 31, n. 2, p. e17394, 2017. Disponível em: https://portalseer.ufba.br/index.php/enfermagem/article/view/17394/14625. Acesso em: 20 set. 2019. OLIVEIRA, J. L. C. de et al. Influence of hospital Accreditation on professional satisfaction of the nursing team: mixed method study. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 27, e3109, 2019. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v27/0104-1169-rlae-27-e3109.pdf. Acesso em: 09 dez. 2019. ORGANIZAÇÃO NACIONAL DE ACREDITAÇÃO – ONA. Manual Brasileiro de Acreditação: Organizações Prestadoras de Serviços de Saúde – Versão 2018. São Paulo: ONA, 2018.
61
PESCE, R. P. et al. Adaptação transcultural, confiabilidade e validade da escala de resiliência. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 2, p. 436-448, mar./abr. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v21n2/10.pdf. Acesso em: 05 jun. 2018. RIBEIRO, R. P. et al. Estresse ocupacional entre trabalhadores de saúde de um hospital universitário. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 39, p. e65127, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v39/1983-1447-rgenf-39-e65127.pdf. Acesso em: 21 set. 2019. ROCHA, F. L. R. et al. Organizational culture of a psychiatric hospital and resilience of nursing workers. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 69, n. 5, p. 765-772, set./out. 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v69n5/en_0034-7167-reben-69-05-0817.pdf. Acesso em: 20 jul. 2018. SOUSA, V. F. S.; ARAUJO, T. C. C. F. Estresse ocupacional e resiliência entre profissionais de saúde. Psicologia – Ciência e Profissão, Brasília, v. 35, n. 3, p. 900-915, 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pcp/v35n3/1982-3703-pcp-35-3-0900.pdf. Acesso em: 09 de dez. 2019.
62
6 MANUSCRITO II
Análise do estresse, cortisol e dor musculoesquelética em enfermeiros, antes
e depois da avaliação da Certificação de Acreditação Hospitalar
RESUMO
Introdução: as cargas físicas e emocionais estão presentes no cotidiano de trabalho
dos enfermeiros e aumentam durante as avaliações de manutenção da Acreditação
Hospitalar, o que impacta na saúde desses profissionais. Uma das manifestações
físicas dos estressores vivenciados nesse período é a dor musculoesquelética
decorrente das sobrecargas de trabalho e da tensão das auditorias. Objetivo:
analisar a relação entre estresse, cortisol salivar e dor musculoesquelética de
enfermeiros antes e depois do processo de avaliação para manutenção da
Certificação de Acreditação Hospitalar. Método: trata-se de pesquisa de caráter
quantitativa, quase experimental, realizada com 53 enfermeiros de um hospital
filantrópico de porte IV da região sul do Brasil. A coleta de dados ocorreu em março
e julho de 2019, nos períodos antes e após a avaliação para a manutenção da
Certificação de Acreditação Hospitalar Nível 2. Os dados foram coletados com os
instrumentos de variáveis sociodemográficas, clínicas e ocupacionais; cortisol
salivar; e o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares. A análise
estatística foi realizada com o programa Statistical Package for Social Science
(SPSS), versão 17.0, com uso de medidas descritivas (limite inferior e superior,
média e desvio padrão) e teste T de Wilcoxon, para comparar a relação entre as
amostras. Resultados: não foi encontrada associação significativa entre a dor
musculoesquelética referida pelos enfermeiros e o estresse fisiológico segundo as
variações do cortisol salivar. Os locais onde os enfermeiros referiram mais dor foi
nos ombros, parte superior das costas e pescoço indiferente do momento de análise,
ante e depois da avaliação. Conclusão: cabe aos gestores estarem atentos e
disporem de ações corporativas que contemplem a saúde e a motivação dos
profissionais. As avaliações são estressores ocupacionais vivenciados pelos
enfermeiros que vão além da ordem psíquica e se expressam em dor
musculoesquelética tanto antes quanto após os processos de avaliação de
Acreditação.
63
Descritores: Enfermeiros. Estresse. Cortisol Salivar. Dor Musculoesquelética.
Acreditação Hospitalar.
INTRODUÇÃO
O estresse ocupacional decorre da interação do indivíduo com o ambiente de
trabalho e essa resposta é individual e depende de cada profissional (COSTA et al.,
2019). Os autores pontuam ainda que o estresse ocupacional é o resultado da
interação entre demandas e controle no trabalho, e essa relação, quando
desequilibrada, pode levar ao adoecimento. No que tange ao enfermeiro no âmbito
hospitalar, o estresse impacta em sua saúde física e psíquica com consequências
no desempenho de suas atividades e na qualidade da assistência.
Selye (1946) estabelece os sintomas evidenciados no organismo decorrente
do estresse como a adaptação geral. Essa adaptação está dividida em três fases:
reação de alarme, resistência e exaustão. A reação de alarme é guiada pelo nervoso
autônomo simpático, atua na liberação de neurotransmissores e de hormônios
catecolaminérgicos pelas glândulas adrenais, como adrenalina e corticoides. A
resistência é mediada principalmente pelo cortisol, nessa fase o organismo busca a
homeostasia e é caracterizada pela diminuição dos níveis de alerta o que possibilita
o organismo a compreensão do agente estressor. Por último, a exaustão é quando
não há energia para manter a resistência/adaptação e o organismo não consegue
neutralizar o agente estressor.
Selye (1956) também afirma que o estresse vivenciado no dia a dia dos
profissionais desencadeia sinais e sintomas como: taquicardia, palidez, fadiga,
insônia, náusea, pressão no peito, tensão muscular, isolamento social, incapacidade
para se desprender das atividades laborais, exaustão e depressão. Campos e David
(2014) complementam que a constante exposição ao estresse causa desordens no
funcionamento do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA), evidenciadas pelos
níveis de cortisol. Os autores ainda pontuam que o cortisol é um importante
biomarcador do estresse, secretado em um constante ritmo circadiano, com níveis
mais altos em torno de trinta minutos após acordar e que diminui gradualmente ao
longo do dia. A exposição crônica a estressores, com constates níveis altos de
cortisol, acarreta em prejuízos à saúde (ASSIS; RESENDE; MARZIALE, 2018).
64
O processo de Acreditação Hospitalar é um estressor que se soma aos
vivenciados no cotidiano de trabalho do enfermeiro (SCHIESARI, 2014; FARIAS;
ARAUJO, 2017). Farias e Araújo (2017) salientam que a Acreditação é um processo
que analisa o desempenho das instituições de saúde baseada em uma metodologia
de avaliações de desempenho, na qual as mesmas cumprem requisitos para obter a
certificação. Uma das premissas desse processo é a busca pela melhoria contínua
em prol da segurança e qualidade da assistência (FARIAS; ARAUJO, 2017). Já
Schiesari (2014) afirma que as auditorias de Acreditação causam tensão nos
profissionais e os leva a exaustão e, assim, facilmente desanimam frente às
demandas inerentes.
Vários autores relacionam a dor musculoesquelética com o estresse e
também reforçam que o estresse ocupacional aumenta a percepção de dor nos
indivíduos (PEREIRA-JORGE et al., 2018; GUAN et al., 2019). A dor é definida pelo
International Association for the Study of Pain (IASP) (SBED, 2019), como uma
sensação ou experiência emocional desagradável associada ou relacionada a dano
real ou potencial dos tecidos e, cada indivíduo utiliza esse termo conforme suas
experiências. Guan et al. (2019) pontuam que a dor física impacta negativamente,
não apenas no corpo e na mente dos enfermeiros, mas também na qualidade dos
cuidados prestados por eles. Freimann, Pääsuke e Merisalu (2016) complementam
que a dor musculoesquelética é a causa mais comum de incapacidade entre os
enfermeiros.
Diante dos danos decorrentes do estresse na saúde dos enfermeiros aliados
ao posicionamento dos autores e vivencias da pesquisadora no âmbito hospitalar
busca-se, com a presente pesquisa, analisar a relação entre estresse, cortisol salivar
e dor musculoesquelética de enfermeiros antes e depois do processo de avaliação
para manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar. Entende-se que
conhecer as especificidades do trabalho do enfermeiro e, mais especificamente, das
dificuldades enfrentadas por eles nesse ambiente, é importante e pode contribuir
para ampliar a qualidade de vida e manter a saúde dos respectivos profissionais.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo quantitativo, quase experimental (LACERDA;
COSTENARO, 2018), desenvolvido em um hospital filantrópico de porte IV situado
65
na região sul do Brasil. Integraram o mesmo 53 enfermeiros que atenderam aos
critérios elencados pelas autoras: ser enfermeiro e atuar na referida instituição.
Foram excluídos aqueles que no decorrer da coleta de dados estavam em férias,
atestado ou licença maternidade, gestantes, em tratamento com corticosteroides e
com diagnóstico de Doença de Addison. Este estudo integra a dissertação de
mestrado “Dor musculoesquelética, estresse e resiliência em enfermeiros antes e
depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar”.
A coleta de dados ocorreu em dois momentos distintos, antes a após a
avaliação para manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar Nível 2 a qual
submeteu-se a referida instituição, sendo a primeira coleta em março e a segunda
em junho de 2019. Para tal foram utilizados os seguintes instrumentos de coleta de
dados: questionário com variáveis sociodemográficas, clínicas e ocupacionais;
Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO); e avaliação do
estresse dos enfermeiros através do cortisol salivar.
O Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO), traduzido e
validado para o português por Pinheiro, Tróccoli e Carvalho em 2002, foi utilizado
para verificar a ocorrência de sintomas osteomusculares em 10 regiões anatômicas.
É um instrumento autoaplicável, com respostas “SIM” ou “NÃO” (PINHEIRO;
TRÓCCOLI; CARVALHO, 2002). Os autores salientam que o respectivo instrumento
restringe-se a ocorrência de sintomas musculoesqueléticos, sem destaque para
severidade ou frequência.
Para obter o marcador fisiológico de estresse dos enfermeiros participantes
da pesquisa, foi realizada coleta de amostras salivares. Para tal, foi entregue a cada
participante um kit com material de coleta de saliva que continha três tubos Salivete
devidamente identificados para cada horário de coleta, juntamente com orientações
para a mesma. Essas informações foram baseadas em Dalri et al. (2014) e referem-
se a: ingerir dieta leve no café da manhã; não ingerir alimentos ou bebidas (exceto
água) por trinta minutos antes da coleta; não fumar por um período de 30 minutos
antes da coleta de saliva; antes de realizar a coleta é recomendado lavar a boca
com água por meio de bochechos leves; não é recomendável realizar a coleta se
apresentar lesões orais com presença de sangramento ativo ou potencial; não ter
submetido a tratamento dentário nas últimas 24 horas antes da coleta; não ter
escovado os dentes nas últimas 3 horas a fim de evitar sangramento gengival; e não
ter ingerido álcool nas 12 horas anteriores à coleta.
66
As amostras de saliva coletadas foram identificadas com o número de
identificação de cada participante, especificação da coleta a ser realizada e horário
de cada uma (1ª, 2ª ou 3ª coleta). Para obter a amostra, o profissional foi orientado a
abrir o Salivette (Salivette®, Sarstedt, Alemanha), remover o swab e posicioná-lo sob
a lateral da língua para estimular a salivação por 3 a 5 minutos. Após perceber que
ele se encontrava saturado de saliva, foi orientado a retirá-lo da boca e introduzi-lo
novamente no tubo Salivette fechando-o firmemente. Após a coleta da saliva, o
material foi armazenado refrigerado, entre 2°C a 8°C, e encaminhado ao laboratório
de análises clínicas da UNIJUÍ, com observação criteriosa quanto ao
armazenamento, transporte e análise das amostras. Os valores de referência foram:
das 6h às 10h – <0,78ug/dL; das 16h às 20h – <0,24ug/dL; e das 23h30min às
00h30min – <0,20ug/dL, sendo o cortisol determinado através do método de análise
de Eletroquimioluminescência, considerado método padrão ouro para esse
resultado.
Foram coletadas três amostras de saliva por participante, enfermeiros que
atuam nos turnos da manhã e à tarde coletaram ao acordar, uma hora após
iniciarem sua jornada de trabalho e uma hora antes de encerrarem o seu plantão. Os
enfermeiros que atuam a noite coletaram as amostras ao acordar, no dia em que
iriam trabalhar e não tivessem trabalhado na noite anterior, e as demais amostras
uma hora após começarem sua jornada de trabalho e uma hora antes de
encerrarem o seu plantão.
A análise estatística dessa pesquisa foi realizada com o programa Statistical
Package for Social Science (SPSS), versão 17.0. Os resultados obtidos com a
referida pesquisa são apresentados na sequência em forma de tabelas, gráficos e
medidas descritivas (limite inferior e superior, média e desvio padrão), de maneira a
facilitar a visualização e interpretação do leitor. Também foi aplicado o teste T de
Wilcoxon para comparar a relação entre as amostras.
67
RESULTADOS
Os participantes da pesquisa compreenderam 53 enfermeiros, 75,5% do sexo
feminino, com idade média de 31 a 40 anos (58,5%), com companheiro (83%) e
filhos (66%). Quanto à saúde desses profissionais, 9,4% são hipertensos, 1,9%
cardiopatas, 1,9% com espondiloartropatia e o mesmo percentual referiu depressão.
Quanto ao cargo que esses profissionais ocupam na referida instituição, 62% deles
são supervisores, 17% são coordenadores de área e 20,8% são coordenadores e
também assumem funções assistenciais. Quanto ao tempo em que atuam na
referida instituição de assistência à saúde, a média é de 9,57 anos, e de atuação na
unidade é de 4,77 anos.
Na Tabela 1 é explicitado o resultado do coeficiente de correlação entre o
cortisol salivar dos participantes da pesquisa nos três momentos de aferição – ao
acordar, no início e ao término do trabalho, antes e depois da avaliação de
Acreditação.
Tabela 1 – Coeficiente de correlação entre os valores de cortisol em enfermeiros que
atuam em um Hospital do interior do estado do Rio Grande do Sul, antes e depois da
avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e
Junho/2019, Brasil, 2019
AA DA
Cortisol Acordar Início
Trabalho Final
Trabalho Acordar
Início Trabalho
AA
Acordar 1
Início Trabalho
0,112(0,424) 1
Final Trabalho
-0,063(0,656) 0,032(0,823) 1
DA
Acordar 0,067(0,636) 0,018(0,899) 0,159(0,255) 1
Início Trabalho
-0,192(0,168) 0,103(0,462) -0,203(0,144) -0,240 (0,084) 1
Final Trabalho
0,168(0,228) 0,441(0,001)* -0,034(0,810) -0,219(0,115) 0,246(0,076)
*Correlação significativa para p<0,01. AA = antes da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar; DA = depois da avaliação de manutenção da certificação de Acreditação Hospitalar. Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.
68
Ainda em relação aos dados contidos na Tabela 1, evidencia-se que ocorreu
correlação significativa (p<0,01) entre os resultados do cortisol salivar, antes da
avaliação, no período do início do trabalho com o final do trabalho depois da
avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar. Os demais
resultados, antes e depois da avaliação, não obtiveram correlações estatisticamente
significativas nos diferentes períodos do dia em que foram analisadas as coletas de
saliva: ao acordar, no início e no final da jornada de trabalho. Sequencialmente são
mostrados esses resultados graficamente nos diferentes momentos de aferição do
cortisol salivar dos enfermeiros participantes da pesquisa. Nesses, constata-se a
subjetividade presente nas respostas individuais de cada participante, as quais
variaram consideravelmente, o que contribuiu para a não ocorrência de correlação
entre elas.
Nessa direção, ao correlacionar os valores do cortisol nos mesmos períodos
de coleta, antes com depois da avaliação, constata-se que não ocorreu correlação
entre eles. A partir desse resultado pode-se afirmar que a maneira como cada
profissional vivencia o momento de avaliação de manutenção da Certificação de
Acreditação Hospitalar é subjetivo, portanto, diverge de um para outro como
evidenciado na Figura 1.
Figura 1 – Correlação entre os valores médios de cortisol antes da avaliação com os
valores de cortisol depois da avaliação de manutenção da Certificação de
Acreditação Hospitalar em enfermeiros que atuam em um Hospital do interior do
estado do Rio Grande do Sul – Março/2019 e Junho/2019
Ao acordar
r=0,109; p=0,436
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
DA
69
Início do trabalho
r=0,203; p=0,145 Final do trabalho
r=0,316; p=0,021
AA = antes da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar; DA = depois da avaliação de manutenção da certificação de Acreditação Hospitalar. Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.
Já a Tabela 2 apresenta a frequência de sintomas de dor musculoesquelética
por região anatômica referida pelos participantes da pesquisa. Quando questionados
quanto à ocorrência desses sintomas nos últimos 12 meses, os locais em que eles
mais referiram dor foi região dos ombros, parte superior das costas e pescoço,
respectivamente. Alguns profissionais, porém, em menores percentuais, referiram
dor na parte inferior das costas, tornozelos/pés e punhos/mãos. Sobre as limitações
decorrentes desses sintomas, os enfermeiros referiram que a dor na parte inferior e
superior das costas foi a que mais os impossibilitou de realizar suas atividades.
Poucos foram os participantes da pesquisa que procuraram ajuda de algum
profissional de saúde em relação à ocorrência desse sintoma, porém a presença de
dor musculoesquelética na parte superior das costas, ombros e parte inferior das
0
0.2
0.4
0.6
0.8
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2
DA
AA
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8
DA
AA
70
costas foram as que levaram mais enfermeiros a buscar ajuda com profissionais da
área.
Tabela 2 – Frequência de sintomas musculoesqueléticos, por região anatômica
antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação
Hospitalar em enfermeiros que atuam em um Hospital do interior do estado do Rio
Grande do Sul – Março/2019 e Junho/2019, Brasil, 2019
Sintomas musculoesqueléticos PDF IAN CPS PR
AA DA
Divisão do corpo N(%) N(%) N(%) N(%) N(%)
Pescoço 37(69,8) 5(9,4) 12(22,6) 18(34,0) 19(35,8)
Ombros 43(81,1) 8(15,1) 16(30,2) 24(45,3) 22(41,5)
Parte superior das costas
41(77,4) 9(17,0) 16(30,2) 24(45,3) 19(35,8)
Cotovelos 6(11,3) - 3(5,7) 2(3,8) 4(7,5)
Punhos/mão 20(37,7) 5(9,4) 6(11,3) 9(17,0) 3(5,7)
Parte inferior das costas
34(64,2) 10(18,9) 13(24,5) 13(24,5) 14(26,4)
Quadril/Coxas 17(32,1) 4(7,5) 6(11,3) 9(17,0) 12(22,6)
Joelhos 17(32,1) 6(11,3) 7(13,2) 7(13,2) 7(13,2)
Tornozelos/Pés 23(43,4) 3(5,7) 8(15,1) 10(18,9) 6(11,3)
PDF = nos últimos 12 meses teve problemas (como dor, formigamento/dormência); IAN = nos últimos 12 meses foi impedido de realizar atividades normais; CPS = nos últimos 12 meses consultou algum profissional da saúde; PR = nos últimos 7 dias teve algum problema; AA = antes da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar; DA = depois da avaliação de manutenção da certificação de Acreditação Hospitalar. Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.
Ainda sobre os dados contidos na Tabela 2, constata-se que antes da
avaliação para manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar, 45,3% dos
enfermeiros referiram dor nos ombros e na parte superior das costas e, após a
avaliação, esse percentual foi um pouco menor. Ao relacionar se os enfermeiros
sentiam mais dor antes ou depois da avaliação, foi verificado um pequeno aumento
em relação às regiões anatômicas quadril/coxas/joelhos (de 17% para 22,6%),
cotovelos (de 3,8% para 7,5%) e pescoço (de 34% para 35,8%) após a avaliação.
Nas demais regiões anatômicas os enfermeiros referiram sentir mais dor antes da
avaliação.
A análise estatística descritiva dos valores de cortisol segundo os sintomas
musculoesqueléticos referidos pelos participantes da pesquisa, nos últimos sete dias
que antecederam a avaliação de manutenção da Acreditação, é explicitada na
71
Tabela 3. Nesta constata-se que os enfermeiros que referiram dor no pescoço antes
da avaliação apresentaram média dos níveis de cortisol mais elevada (0,436) ao
acordar do que nos outros períodos de coleta, início e final da jornada de trabalho.
Já, após a avaliação, o percentual de enfermeiros que referiu dor no pescoço
aumentou e a média do cortisol ao acordar diminuiu (0,324). Porém,
estatisticamente, essas médias de cortisol dos enfermeiros que referiram dor e
daqueles que não referiram não diferem entre si, pois o valor é maior que p>0,05.
Tabela 3 – Estatística descritiva e teste t do valor de cortisol segundo os sintomas
musculoesqueléticos nos últimos 7 dias referidos por enfermeiros que atuam em um
Hospital do interior do estado do Rio Grande do Sul, antes e depois da avaliação de
manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019,
Brasil, 2019
Sintomas osteomusculares
Horário coleta cortisol
Antes da Avaliação Depois da Avaliação
n
Média do
cortisol salivar
Desvio padrão
Teste t p-valor
n
Média do
cortisol salivar
Desvio padrão
Teste t p-valor
Pescoço
Não Acordar 35 0,392 0,188 0,482 34 0,343 0,204 0,774
Sim 18 0,436 0,223 19 0,324 0,246
Não Início 35 0,192 0,142 0,231 34 0,219 0,164 0,443
Sim Trabalho 18 0,279 0,284 19 0,183 0,165
Não Final 35 1,140 0,355 0,745 34 0,162 0,175 0,445
Sim Trabalho 18 1,110 0,323 19 0,210 0,235
Ombros
Não Acordar 29 0,347 0,178 0,017 31 0,331 0,207 0,863
Sim 24 0,479 0,204 22 0,342 0,237
Não Início 29 0,181 0,120 0,139 31 0,230 0,168 0,205
Sim Trabalho 24 0,270 0,267 22 0,173 0,155
Não Final 29 1,100 0,310 0,517 31 0,161 0,177 0,452
Sim Trabalho 24 1,170 0,381 22 0,205 0,226
Parte superior das
costas
Não Acordar 29 0,369 0,181 0,143 34 0,338 0,219 0,940
Sim 24 0,452 0,214 19 0,333 0,221
Não Início 29 0,182 0,103 0,151 34 0,224 0,165 0,291
Sim Trabalho 24 0,270 0,276 19 0,174 0,162
Não Final 29 1,100 0,310 0,517 34 0,186 0,220 0,713
Sim Trabalho 24 1,170 0,381 19 0,167 0,154
Cotovelos
Não Acordar 51 0,410 0,202 0,359 49 0,345 0,220 0,284
Sim 2 0,334 0,076 4 0,231 0,172
Não Início 51 0,206 0,167 0,547 49 0,211 0,168 0,258
Sim Trabalho 2 0,611 0,663 4 0,152 0,080
Não Final 51 1,140 0,348 0,582 49 0,173 0,189 0,643
Sim Trabalho 2 1,000 0,000 4 0,253 0,309
72
Punhos ou mão
Não Acordar 44 0,417 0,210 0,298 50 0,340 0,219 0,672
Sim 9 0,359 0,131 3 0,266 0,231
Não Início 44 0,215 0,176 0,716 50 0,204 0,160 0,811
Sim Trabalho 9 0,255 0,316 3 0,245 0,259
Punhos ou mao
Não Final 44 1,160 0,370 0,206 50 0,181 0,203 0,672
Sim Trabalho 9 1,000 0,000 3 0,152 0,093
Parte inferior das
costas
Não Acordar 40 0,410 0,217 0,832 39 0,296 0,207 0,033
Sim 13 0,395 0,138 14 0,447 0,216
Não Início 40 0,204 0,157 0,761 39 0,220 0,169 0,274
Sim Trabalho 13 0,277 0,308 14 0,167 0,145
Não Final 40 1,100 0,304 0,841 39 0,202 0,224 0,165
Sim Trabalho 13 1,230 0,439 14 0,116 0,063
Quadril/ Coxas
Não Acordar 44 0,404 0,204 0,838 41 0,321 0,223 0,347
Sim 9 0,419 0,185 12 0,386 0,198
Não Início 44 0,216 0,175 0,761 41 0,210 0,172 0,317
Sim Trabalho 9 0,250 0,322 12 0,195 0,140
Não Final 44 1,140 0,347 0,841 41 0,184 0,215 0,632
Sim Trabalho 9 1,110 0,333 12 0,160 0,126
Joelhos
Não Acordar 46 0,395 0,192 0,411 46 0,353 0,222 0,079
Sim 7 0,481 0,249 7 0,225 0,151
Não Início 46 0,213 0,198 0,502 46 0,210 0,169 0,672
Sim Trabalho 7 0,280 0,242 7 0,185 0,137
Não Final 46 1,150 0,363 0,007 46 0,163 0,166 0,397
Sim Trabalho 7 1,000 0,000 7 0,283 0,343
Tornozelos/Pés
Não Acordar 43 0,422 0,202 0,221 47 0,349 0,223 0,121
Sim 10 0,339 0,182 6 0,234 0,143
Não Início 43 0,204 0,160 0,400 47 0,204 0,161 0,785
Sim Trabalho 10 0,299 0,334 6 0,228 0,196
Não Final 43 1,140 0,351 0,732 47 0,183 0,202 0,602
Sim Trabalho 10 1,100 0,316 6 0,143 0,167
Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.
Ainda sobre os dados contidos na Tabela 3, antes da avaliação, os
enfermeiros que referiram dor nos ombros apresentaram média de cortisol mais
elevada (0,479) em relação àqueles que não referiram dor (0,347), e a diferença
entre essas duas médias foi estatisticamente significativa (0,017). Já, após a
avaliação, o número de enfermeiros que referiu dor nos ombros foi menor, assim
como as médias dos níveis de cortisol daqueles que referiram dor e dos que não
referiram, a diferença entre essas duas médias não foi estatisticamente significativa
(p=0,863). Em relação à região anatômica da parte superior das costas, os
enfermeiros que referiram dor apresentaram médias de cortisol ao acordar mais
elevadas (0,452) do que aqueles que não referiram dor (0,369).
73
Nesse sentido, antes da avaliação a média de cortisol das amostras referente
ao final do turno de trabalho foi estatisticamente significativa (p=0,007) entre aqueles
que referiram (1,000) e os que não referiram (1,150) dor nos joelhos. Já, após a
avaliação, uma relação estatisticamente significativa (p=0,033) foi observada entre
as médias dos níveis de cortisol ao acordar dos enfermeiros que referiram (0,447) e
daqueles que não referiram (0,296) dor na parte inferior das costas, o que
demonstra uma diferença significativa entre as médias. Ressalta-se que as demais
médias de cortisol comparadas pela dor referida pelos enfermeiros nas demais
regiões anatômicas contidas no instrumento não foram estatisticamente
significativas em nenhum dos três momentos em que o cortisol salivar foi aferido.
Ao finalizar a apresentação dos dados, a Tabela 4 apresenta os valores dos
níveis de cortisol abaixo e acima do valor de referência, segundo os sintomas
musculoesqueléticos referidos pelos enfermeiros participantes da pesquisa antes e
depois da avaliação. Nesta, verifica-se que a maioria dos enfermeiros encontrava-se
com o cortisol abaixo do valor de referência em todas as tentativas de relacionar
com a dor musculoesquelética, referida ou não, nas diferentes regiões anatômicas.
Tabela 4 – Cortisol segundo os sintomas musculoesqueléticos nos últimos 7 dias
referidos por enfermeiros atuam em um Hospital do interior do estado do Rio Grande
do Sul, antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação
Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Brasil, 2019
Sintomas osteomusculares
Horário coleta cortisol
Antes da Avaliação Depois da Avaliação
Cortisol abaixo do valor de referência
Cortisol acima do valor de referência
Cortisol abaixo do valor de referência
Cortisol acima do valor de referência
Pescoço
Não Acordar 33(62,3) 2(3,8) 34(64,2) -
Sim 17(32,1) 1(1,9) 17(32,1) 2(3,8)
Não Início 26(49,1) 9(17,0) 22(41,5) 12(22,6)
Sim Trabalho 13(24,5) 5(9,4) 13(24,5) 6(11,3)
Não Final 30(56,6) 5(9,4) 26(49,1) 8(15,1)
Sim Trabalho 16(30,2) 2(3,8) 14(26,4) 5(9,4)
Ombros
Não Acordar 28(52,8) 1(1,9) 31(58,5) -
Sim 22(41,5) 2(3,8) 20(37,7) 2(3,8)
Não Início 22(41,5) 7(13,2) 19(35,8) 12(22,6)
Sim Trabalho 17(32,1) 7(13,2) 16(30,2) 6(11,3)
Não Final 26(49,1) 3(5,7) 24(45,3) 7(13,2)
Sim Trabalho 20(37,7) 4(7,5) 16(30,2) 6(11,3)
Parte Não Acordar 28(52,8) 1(1,9) 33(62,3) 1(1,9)
74
superior das costas
Sim 22(41,5) 2(3,8) 18(34,0) 1(1,9)
Não Início 21(39,6) 8(15,1) 20(37,7) 14(26,4)
Sim Trabalho 18(34,0) 6(11,3) 15(28,3) 4(7,5)
Não Final 26(49,1) 3(5,7) 25(47,2) 9(17,0)
Sim Trabalho 20(37,7) 4(7,5) 15(28,3) 4(7,5)
Cotovelos
Não Acordar 48(90,6) 3(5,7) 47(88,7) 2(3,8)
Sim 2(3,8) - 4(7,5) -
Não Início 38(71,7) 13(24,5) 32(60,4) 17(32,1)
Sim Trabalho 1(1,9) 1(1,9) 3(5,7) 1(1,9)
Não Final 44(83,0) 7(13,2) 37(69,8) 12(22,6)
Sim Trabalho 2(3,8) - 3(5,7) 1(1,9)
Punhos ou mão
Não Acordar 41(77,4) 3(5,7) 48(90,6) 2(3,8)
Sim 9(17,0) - 3(5,7) -
Não Início 32(60,4) 12(22,6) 33(62,3) 17(32,1)
Sim Trabalho 7(13,2) 2(3,8) 2(3,8) 1(1,9)
Não Final 37(69,8) 7(13,2) 38(71,7) 12(22,6)
Sim Trabalho 9(17,0) - 2(3,8) 1(1,9)
Parte inferior das
costas
Não Acordar 37(69,8) 3(5,7) 38(71,7) 1(1,9)
Sim 13(24,5) - 13(24,5) 1(1,9)
Não Início 29(54,7) 11(20,8) 24(45,3) 15(28,3)
Sim Trabalho 10(18,9) 3(5,7) 11(20,8) 3(5,7)
Não Final 36(67,9) 4(7,5) 27(50,9) 12(22,6)
Sim Trabalho 10(18,9) 3(5,7) 13(24,5) 1(1,9)
Quadril/ Coxas
Não Acordar 42(79,2) 2(3,8) 39(73,6) 2(3,8)
Sim 8(15,1) 1(1,9) 12(22,6) -
Não Início 32(60,4) 12(22,6) 27(50,9) 14(26,4)
Sim Trabalho 7(13,2) 2(3,8) 8(15,1) 4(7,5)
Não Final 38(71,7) 6(11,3) 31(58,5) 10(18,9)
Sim Trabalho 8(15,1) 1(1,9) 9(17,0) 3(5,7)
Joelhos
Não Acordar 43(81,1) 3(5,7) 44(83,0) 2(3,8)
Sim 7(13,2) - 7(13,2) -
Não Início 35(66,0) 11(20,8) 30(56,6) 16(30,2)
Sim Trabalho 4(7,5) 3(5,7) 5(9,4) 2(3,8)
Não Final 39(73,6) 7(13,2) 35(66,0) 11(20,8)
Sim Trabalho 7(13,2) - 5(9,4) 2(3,8)
Tornozelos/Pés
Não Acordar 40(75,5) 3(5,7) 45(84,9) 2(3,8)
Sim 10(18,9) - 6(11,3) -
Não Início 31(58,5) 12(22,6) 31(58,5) 16(30,2)
Sim Trabalho 8(15,1) 2(3,8) 4(7,5) 2(3,8)
Não Final 37(69,8) 6(11,3) 35(66,0) 12(22,6)
Sim Trabalho 9(17,0) 1(1,9) 5(9,4) 1(1,9)
Pelo teste t da ocorrência de sintomas musculoesqueléticos cruzados com os valores de referência do cortisol AC e DC tiveram p>0,05 demonstrando que não existe relação significativa. Cortisol referência = coleta ao acordar <0,78ug/dl; coleta início do trabalho <0,24ug/dl; coleta final do trabalho <0,2ug/dl. Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.
75
Ainda sobre os dados da Tabela 4, mais especificamente no que tange aos
profissionais que referiram dor nos ombros, foram os que apresentaram níveis de
cortisol acima dos valores de referência no início da jornada de trabalho (13,2%).
Essa mesma relação ocorreu com os que referiram dor na parte superior das costas
(11,2%) e no pescoço (9,4%).
DISCUSSÃO
A enfermagem é uma profissão predominantemente feminina, característica
que reflete sua história (COSTA; FREITAS; HAGOPIAN, 2017). Não diferente, a
população desse estudo é, na maioria, mulheres, casadas e com filhos, perfil que
identifica uma força de trabalho que cada vez mais ganha espaço nesse mercado.
Brito et al. (2015) afirmam que mesmo com a carga de múltiplos turnos de trabalho,
ao dividir-se entre carreira e atribuições domésticas, a mulher consegue romper com
o sistema patriarcal e conquistar posições de liderança nas empresas.
Ainda em relação ao perfil sociodemográfico, com o delineamento clínico dos
participantes do estudo, é possível afirmar que a maioria dos enfermeiros apresenta
boas condições de saúde, porém, dentre aqueles que mencionaram ter doenças,
essas podem estar relacionadas com a exposição contínua a inúmeros estressores
ocupacionais no âmbito hospitalar. Diversos autores afirmam que a exposição
contínua a um estressor pode acarretar prejuízos à saúde do profissional, tais como
fadiga, depressão, distúrbios do sono, transtornos psicossomáticos, hipertensão,
lesões por esforços repetitivos e Síndrome de Burnout (CHAISE et al., 2018;
ESTEVES; LEÃO; ALVES, 2019; MALDONADO et al., 2019).
Quanto à correlação entre níveis de cortisol dos enfermeiros nos diferentes
períodos de coleta, antes e após a avaliação não ser estatisticamente significativa,
mostra que a subjetividade de cada participante interfere nas respostas ao estresse
vivenciado, ou seja, cada um percebe os estressores de forma diferente e também o
organismo responde diferente. Ribeiro (2017) vem ao encontro dessas colocações
ao afirmar que os estressores ocupacionais impactam de forma diferente em cada
profissional, e que fatores relacionados a estrutura psicológica de cada enfermeiro o
diferencia na percepção do estresse em diferentes proporções. Schiesari (2014)
complementa ao se reportar a Acreditação Hospitalar, a qual é um processo que
76
requer engajamento dos profissionais em prol das práticas de qualidade e segurança
do paciente e que está é uma preocupação e um constante desafio.
No que tange a dor nas diferentes regiões anatômicas, os participantes da
pesquisa referiram sentir com maior intensidade nos ombros, parte superior das
costas e pescoço. Dados semelhantes a esse estudo foram encontrados por Cargnin
et al. (2019) em pesquisa com 301 trabalhadores de enfermagem em um hospital de
Santa Catarina. Os autores constataram que nos últimos 12 meses, 51,4% dos
profissionais apresentaram dor lombar, seguido por 46,1% com dor no ombro e
40,9% na região cervical. Em relação aos últimos sete dias, 40,3% referiram dor na
região cervical e 34,7% nos ombros. Os dados da pesquisa também vêm ao
encontro da presente pesquisa, ora analisada, quanto à incapacidade que pode
ocorrer devido à dor na região lombar. Outro estudo com achados semelhantes foi
realizado em Tartu, na Estônia, por Freimann, Pääsuke e Merisalu (2016), os quais
evidenciaram que 56% dos enfermeiros apresentaram dor no pescoço no ano que
antecedeu a pesquisa. Eles afirmam também que problemas de saúde mental e
sintomas de estresse foram associados à dor musculoesquelética, de forma
estatisticamente significativa.
Avalia-se que o fato de a dor ter sido identificada por um quantitativo maior
dos enfermeiros antes da avaliação para manutenção da Certificação de Acreditação
Hospitalar nas regiões dos ombros, parte superior das costas, cotovelos, parte
inferior das costas e quadril e coxas, mostra que isso pode estar relacionado à
tensão e ao estresse vivenciado por eles e decorrente dos respectivos processos de
avaliação. Nesse sentido, Schiesari (2014) se reporta às avaliações de certificação
como estressantes aos profissionais e, inclusive, vai além ao pontuar que é
frequente que perturbações relacionadas a essa experiência sejam expressas
também com sentimentos de “depressão pós acreditação”. Na presente pesquisa
constatou-se um pequeno percentual de enfermeiros que apresentaram níveis de
cortisol acima do valor de referência, nos três períodos de coleta (ao acordar, início
do trabalho e final do trabalho), após a avaliação. Nesse sentido, Farias e Araújo
(2017) argumentam que a sobrecarga dos profissionais durante o processo pode ser
amenizada com uma boa comunicação entre gestores e profissionais. Siman et al.
(2015) complementam ao afirmarem que estímulos de recompensa são positivos e
que as instituições devem focar efetivamente no desenvolvimento e valorização dos
trabalhadores para o alcance da Acreditação. Concorda-se com os posicionamentos
77
dos autores, pois a enfermagem está diretamente implicada nas diferentes etapas
que integram o processo de Acreditação Hospitalar, portanto certamente vivencia o
estresse e os efeitos dele decorrentes.
Na construção dessa pesquisa identificou-se lacuna de conhecimento
evidenciada por escassa produção científica sobre essa temática, em especial sobre
estresse ocupacional, cortisol salivar e dor. Nos estudos encontrados, estresse e dor
musculoesquelética foram relacionados às altas demandas físicas e psicológicas
inerentes ao trabalho do enfermeiro (FREIMANN; PÄÄSUKE; MERISALU, 2016;
GUAN et al., 2019). Chaise et al. (2018) pontuam que profissionais expostos ao
estresse ocupacional são mais propensos a desenvolver dor musculoesquelética.
Nesse estudo, ao relacionar estresse ocupacional, níveis de cortisol salivar e dor
musculoesquelética, não houve correlação forte entre as variáveis. No entanto, os
inúmeros momentos de avaliação decorrentes da Acreditação Hospitalar (auditorias
internas, auditorias externas, autoavaliação, etc.) somam-se aos estressores do dia
a dia e, gradativamente, acomete a saúde do profissional, evidenciado nesse estudo
pela presença de dor musculoesquelética. Cargnin et al. (2019) afirmam que fatores
psicossociais podem influenciar na percepção e no limiar de dor dos profissionais.
Em seu estudo, elas constataram associação significativa entre dor
musculoesquelética e fadiga crônica em enfermeiros. As autoras ainda
complementam que as demandas físicas do trabalho estressam e fadigam a
musculatura, porém o cansaço e sobrecargas psicológicas interferem na capacidade
de trabalho e podem deixar o profissional mais exposto a doenças ocupacionais.
Karino et al. (2015) e Cargnin et al. (2019) afirmam que o aumento das
exigências decorrente dos avanços tecnológicos e do advento das competitividade e
lucratividade nas instituições de saúde, inevitavelmente resulta em pressões para o
alcance de metas e aumento da produtividade o que acomete a saúde dos
profissionais e sua qualidade de vida. Freimann, Pääsuke e Merisalu (2016)
complementam ao afirmarem que a resposta aos estressores vivenciados
compreende aspectos cognitivos, comportamentais e fisiológicos, com o objetivo de
propiciar melhor percepção da situação assim como suas demandas. Diversas
situações estressoras ocorrem no cotidiano de trabalho do enfermeiro, suas reações
variam de profissional para profissional, assim como suas reações e enfrentamento.
Nesse sentido, é comum ocorrer sintomas e manifestações psicopatológicas
inespecíficas tais como sinais indicativos de depressão ou ansiedade.
78
Esses resultados da pesquisa ora analisada são instigantes e ao mesmo
tempo nos rementem a reflexões e discussões que culminam com a possibilidade de
indicação de caminhos a serem percorridos por enfermeiros, gestores e/ou
assistenciais com vistas a ampliar competências e habilidades para um melhor
enfrentamento do estresse ocupacional e dos efeitos dele decorrentes, tanto físicos
quanto psíquicos, muitas vezes irreparáveis.
CONCLUSÃO
Os processos de avaliação que integram a Acreditação de uma instituição de
assistência à saúde, são estressantes para os enfermeiros, mesmo diante de
resultados que não se mostraram estatisticamente significativos. Porém, isso não
significa que sejam menos importantes, pois já existem sintomas de dor presentes e
que podem sim serem relacionadas ao estresse vivenciado no âmbito hospitalar e
reconhecido por vários autores.
A atuação dos enfermeiros é fundamental para manutenção da Certificação
de Acreditação Hospitalar, portanto requerem atenção especial, ou seja, ações
educativas com vistas a ampliar a compreensão sobre estresse ocupacional, cortisol
salivar e dor de maneira a melhor prepará-los para um enfrentamento mais
adequado de modo a se manterem saudáveis e prevenir a ocorrência de doenças
físicas e psíquicas.
REFERÊNCIAS
ASSIS, D. C.; RESENDE, D. V.; MARZIALE, M. H. P. Association between shift work, salivary cortisol levels, stress and fatigue in nurses: integrative review. Escola Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 22, n. 1, p. e20170125, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ean/v22n1/1414-8145-ean-2177-9465-EAN-2017-0125.pdf. Acesso em: 28 nov. 2018. BRITO, M. J. M. et al. Mulheres na gestão hospitalar: significando o trabalho gerencial em um hospital público. Revista Eletrônica Gestão e Saúde, Brasília, v. 6, n. 2, p. 1428-1445, 2015. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/rgs/article/view/2958/2658. Acesso em: 10 dez. 2019. CAMPOS, J. F.; DAVID, H. M. S. L. Análise de cortisol salivar como biomarcador de estresse ocupacional em trabalhadores de enfermagem. Revista Enfermagem
79
UERJ, Rio de Janeiro, v. 22, n. 4, p. 447-453, jul./ago. 2014. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v22n4/v22n4a02.pdf. Acesso em: 18 nov. 2018. CARGNIN, Z. A. et al. Non-specific low back pain and its relation to the nursing work process. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 27, p. e3172, 2019. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v27/en_0104-1169-rlae-27-e3172.pdf. Acesso em: 10 dez. 2019. CHAISE, F. O. et al. Dor, Dort e doenças cardiovasculares em profissionais do SAMU 192 de Porto Alegre/RS. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 29, n. 3, p. 204-214, set./dez. 2018. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rto/article/view/125537/151379. Acesso em: 10 dez. 2019. COSTA, K. S.; FREITAS, G. F. de; HAGOPIAN, E. M. Homens na enfermagem: formação acadêmica posterior à graduação e trajetória profissional. Revista de Enfermagem UFPE On Line, Recife, v. 11, n. 3, p. 1216-1226, mar. 2017. COSTA, M. V. C. da et al. Exercícios de alongamento na percepção de estresse em profissionais de enfermagem: estudo clínico randomizado. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, São Carlos, v. 27, n. 2, p. 357-366, 2019. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cadbto/v27n2/2526-8910-cadbto-2526-8910ctoAO1696.pdf. Acesso em: 09 dez. 2019. DALRI, R. C. M. B. et al. Carga horária de trabalho dos enfermeiros e sua relação com as reações fisiológicas do estresse. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 22, n. 6, p. 959-965, nov./dez. 2014. Disponível em: http://www.periodicos.usp.br/rlae/article/view/99967/98489. Acesso em: 18 nov. 2018. ESTEVES, G. G. L.; LEÃO, A. A. M.; ALVES, E. O. Fadiga e estresse como preditores do Burnout em profissionais da saúde. Revista Psicologia – Organizações e Trabalho, Brasília, v. 19, n. 3, p. 695-702, 2019. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rpot/v19n3/v19n3a08.pdf. Acesso em: 10 dez. 019. FARIAS, D. C.; ARAUJO, F. O. de. Gestão hospitalar no Brasil: revisão da literatura visando ao aprimoramento das práticas administrativas em hospitais. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 22, n. 6, p. 1895-1904, 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v22n6/1413-8123-csc-22-06-1895.pdf. Acesso em: 10 dez. 2019. FREIMANN, T.; PÄÄSUKE, M.; MERISALU, E. Work-related psychosocial factors and mental health problems associated with musculoskeletal pain in nurses: a cross-sectional study. Pain Research and Management, Nova York, v. 2016, n. 9361016, p. 1-7, 2016. Disponível em: https://www.hindawi.com/journals/prm/2016/9361016/. Acesso em: 10 dez. 2019. GUAN, J. et al. Occupational factors causing pain among nurses in mainland China. Medical Science Monitor, Nova York, v. 25, p. 1071-1077, Feb. 2019.
80
KARINO, M. E. et al. Cargas de trabalho e desgastes dos trabalhadores de enfermagem de um hospital-escola. Ciência, Cuidado e Saúde, Maringá, v. 14, n. 2, p. 1011-1018, abr./jun. 2015. Disponível em: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/21603/14750. Acesso em: 10 dez. 2019. LACERDA, M. R.; COSTENARO, R. G. S. (org.). Metodologias da pesquisa para a enfermagem e saúde: da teoria à prática. Porto Alegre: Moriá, 2018. MALDONADO, C. M. et al. Associação entre fatores de risco cardiovasculares e a presença de doença arterial coronariana. Archivos de Medicina, Manizales, v. 19, n. 2, p. 247-255, 2019. Disponível em: http://revistasum.umanizales.edu.co/ojs/index.php/archivosmedicina/article/view/3105/5033. Acesso em: 10 dez. 2019. PEREIRA-JORGE, I. M. et al. Identificação do estresse em trabalhadores do período noturno. Revista de la Facultad de Medicina, Bogotá, v. 66, n. 3, p. 327-333, 2018. Disponível em: http://www.scielo.org.co/pdf/rfmun/v66n3/0120-0011-rfmun-66-03-327.pdf. Acesso em: 10 dez. 2019. PINHEIRO, F. A.; TRÓCCOLI, B. T.; CARVALHO, C. V. Validação do Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares como medida de morbidade. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 36, n. 3, p. 307-312, 2002. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/rsp/2002.v36n3/307-312. Acesso em: 12 out. 2018. RIBEIRO, K. V. Estressores ocupacionais e níveis de estresse em enfermeiros de unidades de internação clínica. 2017. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017. SCHIESARI, L. M. C. Avaliação externa de organizações hospitalares no Brasil: podemos fazer diferente? Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 19, n. 10, p. 4229-4234, 2014. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/csc/2014.v19n10/4229-4234. Acesso em: 10 dez. 2019. SELYE, H. The general adaptation syndrome and the diseases of adaptation. The Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism, Nova York, v. 6, n. 2, p. 117-230, Feb. 1946. SELYE, H. The stress of life. Nova York: McGraw-Hill, 1956. SIMAN, A. G. et al. Estratégia do trabalho gerencial para alcance da acreditação hospitalar. REME – Revista Mineira de Enfermagem, Belo Horizonte, v. 19, n. 4, p. 815-822, out./dez. 2015. Disponível em: https://www.reme.org.br/artigo/detalhes/1043. Acesso em: 10 dez. 2019. SOCIEDADE BRASILEIRA PARA ESTUDO DA DOR – SBED. O que é dor? São Paulo, 2019. Disponível em: https://sbed.org.br/o-que-e-dor/. Acesso em: 10 dez. 2019.
81
7 MANUSCRITO III
Análise do estresse, dor musculoesquelética e resiliência em enfermeiros
frente os processos de Acreditação Hospitalar
RESUMO
Introdução: os enfermeiros, durante o processo de Acreditação Hospitalar,
vivenciam sobrecarga em suas atividades ocupacionais que resulta em aumento nos
níveis de estresse psicológico e fisiológico e compreende fator de risco para sua
saúde, evidenciado através de dor musculoesquelética. A necessidade de o
enfermeiro desenvolver características psíquicas e físicas que aumente sua
capacidade de resiliência é fator importante para se manterem saudáveis. Objetivo:
associar dor musculoesquelética, estresse fisiológico e psicológico e resiliência dos
enfermeiros antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de
Acreditação Hospitalar em uma instituição hospitalar do Noroeste do estado do Rio
Grande do Sul. Metodologia: estudo quantitativo, quase experimental, com 53
enfermeiros. A coleta de dados ocorreu em março e em julho de 2019, nos períodos
antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação
Hospitalar Nível 2. Os dados foram coletados com instrumento de variáveis
sociodemográficas, clínicas e ocupacionais, Escala de Bianchi de Stress, cortisol
salivar, Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares e Escala de Resiliência.
Para a análise estatística utilizou-se o software Statistical Package for Social
Sciences, versão 17.0. Foram utilizadas variáveis descritivas (limite inferior e
superior, média, desvio padrão e coeficiente de variação), teste Qui-Quadrado, teste
t, teste exato de Fisher, correlação de Pearson e coeficiente de correlação de
Spearman. Resultados: a maioria dos participantes do estudo era do sexo feminino
e apresentavam boas condições de saúde, porém apresentaram médios níveis de
estresse, tanto antes como depois da avaliação. Quanto à dor musculoesquelética, a
maioria dos que referiram dor encontravam-se em médio nível de estresse, nos dois
momentos de avaliação, o que exige atenção. Já a capacidade de resiliência
mediana da maioria dos enfermeiros representa um fator positivo para saúde desses
profissionais e, o fato de ter aumentado depois da avaliação, demonstra que os
estressores vivenciados pelos enfermeiros foram enfrentados de maneira adequada.
82
Conclusão: o estresse ocupacional é vivenciado pelos enfermeiros durante os
processos que integram a Acreditação Hospitalar e pode comprometer sua saúde
física, psíquica e a qualidade da assistência. Evidenciou-se que a individualidade
permeia a percepção do estresse e há necessidade de planejamento e
implementação de ações, coletivas e individuais, no intuito de ajudar os enfermeiros
para um melhor enfrentamento e promover a resiliência.
Descritores: Enfermeiro. Resiliência Psicológica. Estresse Ocupacional. Cortisol
Salivar. Dor Musculoesquelética.
INTRODUÇÃO
A Acreditação Hospitalar é uma forma de avaliação com base na qualidade e
segurança da assistência nas instituições de saúde, conforme padrões previamente
estabelecidos e com foco na educação permanente e oportunidades de melhoria
(ONA, 2018). O interesse das instituições de saúde em buscar certificações
nacionais ou internacionais cresce na medida em que os desafios na área da saúde
tornam-se mais complexos e dinâmicos. Andres et al. (2019) pontuam que as
organizações de assistência à saúde tendem a serem bem-sucedidas na medida em
que adotam cultura de colaboração, flexibilidade e gestão de riscos e, dessa forma,
focam na qualidade, segurança e sustentabilidade.
Enfermeiros têm importante papel no sucesso das instituições que buscam
Certificações de Acreditação. Características da profissão permitem empoderá-los
diante dos processos de trabalho e na construção de evidencias positivas, que
fundamentam essa metodologia (GABRIEL et al., 2018). Porém, vários autores
indicam a necessidade de um olhar atento à saúde desses profissionais devido às
exigências inerentes a esse processo, mais especificamente, a tensão e sobrecarga
(SCHIESARI, 2014; GABRIEL et al., 2018). Nesse sentido, Souza, Silva e Costa
(2018) se reportam ao estresse ocupacional como um processo no qual o
profissional interpreta as demandas/exigências do trabalho como estressoras, e
essas excedem sua capacidade de superá-las, o que compromete a sua saúde.
O estresse causa desequilíbrio no organismo que é controlado pelo sistema
nervoso autônomo em decorrência de estímulos externos e internos. Selye (1956)
descreve as fases de evolução do estresse como: alarme, resistência e adaptação e,
a exaustão, que ocorre em situações mais graves e impacta em diversos sistemas
83
do corpo humano. Veiga et al. (2019) pontuam que na exposição prolongada ao
estresse, sistemas como eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) e o sistema
nervoso autônomo estimulam hormônios, como o cortisol, que, em excesso,
prejudicam o sistema imunológico. Nesse sentido, o cortisol é considerado um
importante biomarcador do estresse, utilizado em diversos estudos (ASSIS;
RESENDE; MARZIALE 2018; VEIGA et al., 2019) Almeida e Dumith (2018)
explicitam que o estresse causa no organismo reações semelhantes às provocadas
pelas substâncias tóxico-químicas, relacionadas à perda da homeostase de diversos
sistemas do corpo humano. Nesse ínterim, muitos autores associam o estresse a dor
musculoesquelética percebida pelos enfermeiros diante situações estressoras
(EATOUGH; WAY; CHANG, 2012; MALMBERG-CEDER et al., 2017; ALMEIDA;
DUMITH 2018; CARGNIN et al., 2019). Cargnin et al. (2019) pontuam que as
adversidades enfrentadas por esses profissionais, em seu cotidiano de trabalho são
relacionadas às cargas físicas e psíquicas, que os predispõe à riscos a saúde e,
também, alteram sua percepção à dor. O que vem ao encontro com as colocações
de Leonelli et al. (2017) ao afirmarem que a dor musculoesquelética e o estresse
são sensações individuais que emergem em decorrência da subjetividade do
indivíduo.
Cruz et al. (2018) reportam-se a necessidade do profissional desenvolver
características psíquicas e físicas que o possibilite ser resiliente frente as
adversidades do trabalho. Oliveira e Nakano (2018) pontuam que a resiliência, no
âmbito da psicologia, é a capacidade que a pessoa tem de lidar com problemas,
adapta-se a mudanças, resistir às pressões e superar as adversidades, sem sofrer
abalo psicológico, emocional ou físico, através de estratégias de enfrentamento.
Nesse sentido, a capacidade de resiliência pode contribuir com os enfermeiros a
superar os estressores decorrentes das auditorias de Certificação de Acreditação
Hospitalar e, também, as dores musculoesqueléticas, referidas por eles, decorrentes
das pressões vivenciadas nesse período.
A presente pesquisa buscou associar dor musculoesquelética, estresse
fisiológico e psicológico e resiliência dos enfermeiros antes e depois da avaliação de
manutenção da Certificação de Acreditação na referida instituição de assistência à
saúde. E, a partir desses dados, conhecer como os enfermeiros reagem aos
estressores inerentes ao processo, contribuir com o conhecimento dos profissionais
sobre o tema e, também, permitir que enfermeiros e gestões, possam trabalhar
84
estratégias para manter a saúde dos profissionais e alcançar os objetivos
institucionais.
METODOLOGIA
Estudo quantitativo, quase experimental (LACERDA; COSTENARO, 2018),
desenvolvido em um hospital filantrópico de porte IV, situado na região noroeste do
estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Foram convidados a participar do estudo todos
os enfermeiros que estivessem de acordo com os critérios de inclusão, que foram:
ser enfermeiro e atuar na referida instituição; excluíram-se aqueles que no decorrer
da coleta de dados estavam em férias, atestado ou licença maternidade, gestantes,
em tratamento com corticosteroides e com diagnóstico de Doença de Addison. Após
a aplicação desses critérios a população final foi de 53 enfermeiros. Este estudo
integra a dissertação de mestrado “Dor musculoesquelética, estresse e resiliência
em enfermeiros antes e depois da avaliação de manutenção da Certificação de
Acreditação Hospitalar”. Aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa, parecer n°
3.085.366, CAAE n° 03781418.1.0000.5322.
A coleta de dados ocorreu em dois momentos distintos, antes a depois da
avaliação para manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar Nível 2. A
primeira coleta em março e a segunda em junho de 2019. Para tal, foram utilizados
os seguintes instrumentos de coleta de dados: questionário com variáveis
sociodemográficas, ocupacionais e clínicas; Escala de Bianchi de Stress (EBS);
Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO); Escala de Resiliência;
e o cortisol salivar.
A Escala de Bianchi de Stress (EBS), foi construída e validada por Bianchi
(2009). Ela integra dados de categorização e 51 itens que descrevem atividades do
trabalho do enfermeiro, reunidas em seis domínios: Domínio A – Relacionamento
com outras unidades e supervisores; Domínio B – Funcionamento adequado da
unidade; Domínio C – Administração de pessoal; Domínio D – Assistência de
enfermagem prestada ao paciente; Domínio E – Coordenação das atividades;
Domínio F – Condições de trabalho. O nível do estresse do enfermeiro resulta da
soma dos 51 itens, pontuados em uma escala Likert, de 1 a 7. O valor 1 refere-se a
atividade pouco desgastante, 4 médio, 7 altamente desgastante e zero quando o
enfermeiro não executa a atividade. Com a EBS é possível analisar o escore total de
85
estresse do enfermeiro, escore médio para cada item (estressor) e escore para cada
Domínio (BIANCHI, 2009).
Para verificar o escore total, a soma varia de 51 (quando o enfermeiro
assinala como pouco desgastante todas as atividades) a 357 pontos (7 pontos
quando muito desgastante), e quanto ao total de respostas, zero corresponde
nenhum nível de estresse; de um a 119 corresponde baixo nível de estresse; de 120
a 238, médio; e de 239 a 357, alto nível de estresse (KIRHHOF et al., 2016).
Para identificar a intensidade dos estressores para grupos de enfermeiros,
realiza-se o escore médio. Bianchi (2009) explica que se soma os itens assinalados
pelo grupo em questão e, em seguida, subtrai o número de zeros marcados, assim,
obtém-se um total real desse estressor. Para obter o escore médio para um
determinado grupo, divide-se o total real do estressor assinalados pelo número de
respondentes que marcaram escores que não fossem 0 naquele item. O resultado é
a média real para cada item, que varia de 1,0 a 7,0.
Ainda com a EBS é possível identificar o escore para cada domínio, a partir
da soma dos escores dos itens de cada domínio e, o valor encontrado, divide-se
pelo número de itens. Este varia de 1,0 a 7,0: igual ou abaixo de 3,0 – baixo nível de
estresse; entre 3,1 a 5,9 – médio; igual ou acima de 6,0 – alto nível de estresse. O
qual permite identificar qual o estressor que de forma mais intensa é percebido por
cada enfermeiro (BIANCHI, 2009).
Para identificar a ocorrência de sintomas musculoesqueléticos nos
enfermeiros foi utilizado o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares
(QNSO), traduzido e validado para o português por Pinheiro, Tróccoli e Carvalho em
2002. É um instrumento autoaplicável, com respostas “SIM” ou “NÃO”, conforme a
percepção dos participantes quanto aos sintomas e sua atividade laboral, em 10
regiões anatômicas, 12 meses e sete dias que antecedem a avaliação (PINHEIRO;
TRÓCCOLI; CARVALHO, 2002). Os autores salientam que o respectivo instrumento
restringe-se a ocorrência de sintomas musculoesqueléticos sem destaque para
severidade ou frequência e destacam uma fragilidade, quanto a dados faltosos,
quando o respondente deixa de assinalar a resposta “NÃO” ao referir-se que não
apresenta o sintoma na região em questão.
A resiliência dos enfermeiros foi avaliada a partir da Escala de Resiliência
(ER), desenvolvida com base na Resilience Scale de Wagnild & Young em 1993,
traduzida e validada para o português por Pesce et al. (2005). Verifica o nível de
86
adaptação psicossocial positiva do indivíduo diante de situações importantes da
vida. Integram o instrumento 25 itens, em escala Likert: 1 (discordo totalmente); 2
(discordo muito); 3 (discordo pouco); 4 (nem concordo, nem discordo); 5 (concordo
pouco); 6 (concordo muito) e 7 (concordo totalmente). A soma de cada item varia
entre 25 pontos para menor resiliência e 175 pontos para elevada resiliência
(PESCE et al., 2005) e são classificados como: baixa resiliência, pontuação menor
que 121; média resiliência, pontuação de 121 a 146; e alta resiliência, pontuação
acima de 147 (NAVARRO-ABAL; LÓPEZ-LÓPEZ; CLIMENT-RODRÍGUEZ, 2018). A
ER compreende três fatores: Fator I – 14 itens referentes a resoluções de ações e
valores (descritos nos itens: 2, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18, 19, 21, 23, 24 e 25); Fator II –
6 itens, caracterizados por independência e determinação (descritos nos itens: 5, 7,
9, 11, 13 e 22); e Fator III – 5 itens, caracterizados por autoconfiança e capacidade
de adaptação a situações (descritos nos itens: 3, 4, 15, 17 e 20).
Já o cortisol foi coletado a partir de três amostras de saliva. Cada participante
foi orientado a coletar três amostras. Enfermeiros que atuam nos turnos da manhã e
à tarde coletaram ao acordar, uma hora após iniciarem sua jornada de trabalho e
uma hora antes de encerrarem o seu plantão. Os enfermeiros que atuam de noite
coletaram as amostras ao acordar, no dia em que iriam trabalhar e não tivessem
trabalhado na noite anterior, e as demais amostras, uma hora após começarem sua
jornada de trabalho e uma hora antes de encerrarem o seu plantão. Foi-lhes
entregue um kit que continha: três tubos Salivette (Salivette®, Sarstedt, Alemanha)
devidamente identificados com o número do participante e horário de coleta, (1ª, 2ª
ou 3ª coleta); orientações quanto o passo a passo da coleta; e o documento de
identificação das amostras para o laboratório. As informações referiam-se a: ingerir
dieta leve no café da manhã; não ingerir alimentos, bebidas (exceto água) ou fumar
por trinta minutos antes da coleta; lavar a boca com água com bochechos leves
antes de realizar a coleta; não realizar a coleta se apresentar lesões orais com
presença de sangramento ativo ou potencial; não ter se submetido a tratamento
dentário nas últimas 24 horas antes da coleta; não escovar os dentes nas últimas 3
horas que antecederam a coleta a fim de evitar sangramento gengival e não ter
ingerido álcool nas 12 horas (DALRI et al., 2014).
Para obter a amostra, cada enfermeiro foi orientado a abrir o Salivette
(Salivette®, Sarstedt, Alemanha), remover o swab e posicioná-lo sob a lateral da
língua para estimular salivação por 3 a 5 minutos. Após perceber que o mesmo se
87
encontrava saturado de saliva, foi orientado retirar da boca e introduzir novamente
no tubo Salivette fechando-o firmemente. Após a coleta da saliva, o material foi
armazenado refrigerado, entre 2°C a 8°C, em recipientes térmicos indicados pelas
coletadoras e encaminhado ao laboratório de análises clínicas da UNIJUÍ, com
observação criteriosa quanto ao armazenamento, transporte e análise das amostras.
Os valores de referência, para o cortisol salivar, foram disponibilizados pelo
laboratório Álvaro, o qual analisou as amostras deste estudo sendo: das 6h às 10h –
<0,78ug/dL; das 16h às 20h – <0,24ug/dL; e das 23h30min às 00h30min –
<0,20ug/dL, o cortisol foi determinado através do método de análise de
Eletroquimioluminescência, considerado método padrão ouro para esse resultado.
Os dados que integram essa pesquisa constituíram um banco de dados que
com o auxílio do software Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão
17.0, e foram analisados. As variáveis descritivas foram exibidas com frequências
absolutas (n) e relativas (%) (limite inferior e superior, média, desvio padrão e
coeficiente de variação). Para cruzar as variáveis foram utilizados os seguintes
testes: teste Qui-Quadrado, que considerou correlação significativa p<0,05; teste t,
(não significativo p>0,05); teste exato de Fisher, para aferir a significância estatística;
correlação de Pearson para verificar o grau de correlação; e coeficiente de
correlação de Spearman, para medir a intensidade da relação entre as variáveis.
Para favorecer a visualização e interpretação do leitor, os resultados foram
apresentados em forma de tabelas.
RESULTADOS
Participaram dessa pesquisa 53 enfermeiros, desses, a maioria (75,5%) do
sexo feminino e 58,5% com média de idade entre 31 a 40 anos, 83% afirmaram viver
com companheiro e 66% deles possuem filhos. Os participantes atuam em uma
instituição de assistência à saúde com média de 9,5 anos, 30,2% atuam nos turnos
manhã e tarde, 20,8% à noite. Mais da metade (62,3%) atua na supervisão das
atividades das unidades, representada por atividades assistenciais ao paciente, 20%
deles agregam função de coordenação com assistencial, os demais (17%) atuam
exclusivamente como coordenadores. Em relação à carga horária desses
profissionais, mais da metade (54,7%) cumpre 36 horas semanais, 39,6% mais que
36 horas e os demais cumprem uma jornada menor.
88
Os dados contidos na Tabela 1 explicitam as doenças que acometem os
enfermeiros participantes do estudo. A maioria usa medicação contínua e afirma não
ter doença alguma. Dos que referiram ter uma enfermidade, os maiores percentuais
foram referentes à hipertensão, cardiopatia, espondiloartropatia e depressão.
Tabela 1 – Características da saúde dos enfermeiros que atuam em um Hospital do
interior do estado do Rio Grande do Sul – Março/2019, Brasil, 2019
Características n %
Portador de doença Sim 7 13,2
Não 44 86,8
Qual
Depressão 1 1,9
Espondiloartropatia 1 1,9
HAS 4 7,5
HAS, Cardiopata 1 1,9
Uso de medicação Sim 20 37,7
Não 33 62,3
Total 53 100,0
Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.
Sequencialmente, na Tabela 2, é relacionado o estresse percebido, com o
uso da EBE e a resiliência dos enfermeiros participantes do estudo, antes e depois
da avaliação de manutenção da Acreditação Hospitalar. Com base nessa
associação é possível afirmar que um quantitativo maior de enfermeiros encontrava-
se em níveis de estresse e resiliência médios, antes e depois da avaliação.
Chama atenção os elevados percentuais de enfermeiros que apresentavam
alta resiliência, 26,4% antes da avaliação e 35,8% depois da avaliação, com
destaque ao fato de ter ocorrido aumento da resiliência dos enfermeiros depois da
avaliação.
Ainda em relação aos dados contidos na Tabela 2, o resultado do teste Qui-
Quadrado mostra que não existe relação estatisticamente significativa entre estresse
percebido e resiliência (p>0,05) dos profissionais, nos dois momentos em que foram
avaliados.
89
Tabela 2 – Frequência da Resiliência segundo os níveis de estresse total da Escala
de Bianchi de Stress (EBS) em enfermeiros que atuam em um Hospital do interior do
estado do Rio Grande do Sul, antes e depois da avaliação de manutenção da
Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Brasil, 2019
Momento da coleta Escala Bianchi de
Stress (EBS) Resiliência
Baixo Médio Alto Total
AA*
Baixo 5(9,4) 10(18,9) 7(13,2) 22(41,5)
Médio 3(5,7) 21(39,6) 7(13,2) 31(58,5)
Total 8(15,1) 31(58,5) 14(26,4) 53(100)
DA*
Baixo 3(5,7) 7(13,2) 10(18,9) 20(37,7)
Médio 7(13,2) 17(32,1) 9(17,0) 33(62,3)
Total 10(18,9) 24(45,3) 19(35,8) 53(100)
*Teste Qui-Quadrado não significativo p>0,05. AA = antes da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar; DA = depois da avaliação de manutenção da certificação de Acreditação Hospitalar. Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.
A escala de resiliência compreende três fatores e, na Tabela 3, para cada um
desses foi aplicada estatística descritiva dos escores, divididos conforme os níveis
de estresse em que os participantes se encontravam, de maneira a possibilitar a
realização do Teste t e assim, verificar diferença entre a média dos que estavam
com baixo e médio nível de estresse. Com o referido teste constatou-se que não
existe diferença estatisticamente significativa entre níveis de estresse dos
participantes em cada um dos fatores da Escala de Resiliência nos dois momentos
de avaliação.
Antes da avaliação para manutenção da Certificação, no Fator 1, as médias
da resiliência variaram pouco em relação ao baixo e médio nível de estresse (82,5
para baixo nível e 80,52 para médio nível de estresse). Evidencia-se também que o
Coeficiente de Variação foi de 8,44 e 6,50, respectivamente, o que demonstra
pequena oscilação do valor do escore da resiliência para cada participante. Nos
demais fatores, os valores referentes ao coeficiente de variação também ficaram
abaixo de 30%, o que demonstra ter ocorrido variabilidade homogênea dos escores
da resiliência em relação à média da mesma para todos os enfermeiros.
90
Tabela 3 – Estatística de Resiliência segundo os níveis de estresse total da Escala
de Bianchi de Stress (EBS) em enfermeiros que atuam em um Hospital do interior do
estado do Rio Grande do Sul, antes e depois da avaliação de manutenção da
Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e Junho/2019, Brasil, 2019
Momento da coleta
Resiliência EBS
Nível de estresse
Estatística descritiva Teste t p-valor N Li Ls Média DP CV(%)
AA
Fator 1
Baixo 22 63 96 82,50 6,96 8,44 0,241
Médio 31 69 90 80,52 5,23 6,50
Total 53 63 96 81,34 6,03 7,41
Fator2
Baixo 22 11 37 25,45 6,74 26,47 0,317
Médio 31 18 34 26,97 4,17 15,45
Total 53 11 37 26,34 5,38 20,42
Fator3
Baixo 22 9 34 28,50 5,29 18,56 0,149
Médio 31 25 35 30,16 2,91 9,65
Total 53 9 35 29,47 4,11 13,94
Total
Baixo 22 114 166 136,45 14,04 10,29 0,716
Médio 31 115 154 137,65 9,64 7,00
Total 53 114 166 137,15 11,56 8,43
DA
Fator 1
Baixo 20 70 95 83,30 7,49 8,99 0,283
Médio 33 65 94 81,09 7,00 8,63
Total 53 65 95 81,92 7,20 8,79
Fator2
Baixo 20 22 40 27,35 4,74 17,32 0,933
Médio 33 9 42 27,21 6,35 23,33
Total 53 9 42 27,26 5,75 21,07
Fator3
Baixo 20 24 33 29,55 2,63 8,88 0,429
Médio 33 19 34 28,88 3,16 10,94
Total 53 19 34 29,13 2,96 10,17
Total
Baixo 20 117 165 140,20 12,68 9,04 0,422
Médio 33 109 165 137,18 13,43 9,79
Total 53 109 165 138,32 13,11 9,48
Li = limite inferior; Ls = limite superior; DP = desvio padrão; CV = coeficiente de variação. Resiliência: Fator I (Resoluções de ações e valores); Fator II (Independência e determinação); e Fator III (Autoconfiança e capacidade de adaptação a situações). Não significativo p>0,05. Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.
Na Tabela 4 é apresentada a relação entre os sintomas musculoesqueléticos
referidos nos últimos sete dias, com níveis de estresse percebido pelos enfermeiros
ao responderem a EBS nos dois momentos, antes e depois da avaliação para a
manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar. Nesta constata-se que o
resultado do teste exato de Fisher, entre dor referida nas diferentes regiões
anatômicas, quando relacionada com os níveis de estresse (baixo e médio), não
91
ocorreu relação estatisticamente significativa entre eles, nos dois momentos de
aferição.
Tabela 4 – Nível de estresse total da Escala de Bianchi de Stress (EBS) segundo os
sintomas musculoesqueléticos nos últimos 7 dias referidos por enfermeiros que
atuam em um Hospital do interior do estado do Rio Grande do Sul, antes e depois da
avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Março/2019 e
Junho/2019, Brasil, 2019
Sintomas osteomusculares
Antes da Acreditação Depois da Acreditação
EBS - Nível de estresse EBS - Nível de estresse
Baixo Médio *p-valor Baixo Médio *p-valor
Pescoço Não 16(30,2) 19(35,8) 0,557 15(28,3) 19(35,8) 0,247
Sim 6(11,3) 12(22,6) 5(9,4) 14(26,4)
Ombros Não 15(28,3) 14(26,4) 0,161 14(26,4) 17(32,1) 0,253
Sim 7(13,2) 17(32,1) 6(11,3) 16(30,2)
Parte superior das costas
Não 15(28,3) 14(26,4) 0,161 15(28,3) 19(35,8) 0,247
Sim 7(13,2) 17(32,1) 5(9,4) 14(26,4)
Cotovelos Não 22(41,5) 29(54,7) 0,505 20(37,7) 29(54,7) 0,285
Sim - 2(3,8) - 4(7,5)
Punhos ou mão
Não 20(37,7) 24(45,3) 0,277 20(37,7) 30(56,6) 0,282
Sim 2(3,8) 7(13,2) - 3(5,7)
Parte inferior das costas
Não 18(34,0) 22(41,5) 0,520 16(30,2) 23(43,4) 0,527
Sim 4(7,5) 9(17,0) 4(7,5) 10(18,9)
Quadril/Coxas Não 21(39,6) 23(43,4) 0,064 17(32,1) 24(45,3 0,500
Sim 1(1,9) 8(15,1) 3(5,7) 9(17,0)
Joelhos Não 18(34,0) 28(52,8) 0,431 18(34,0) 28(52,8) 0,697
Sim 4(7,5) 3(5,7) 2(3,8) 5(9,4)
Tornozelos/ Pés
Não 20(37,7) 23(43,4) 0,116 18(34,0) 29(54,7) 0,999
Sim 2(3,8) 8(15,1) 2(3,8) 4(7,5)
Teste exato de Fisher, relação significativa para p<0,05. Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.
Ainda em relação aos dados contidos na Tabela 4, constata-se que as
frequências de dor musculoesquelética e estresse segundo a EBS, em todas as
regiões anatômicas que contemplam o instrumento, a maioria dos que referiram dor
encontravam-se em médio nível de estresse, nos dois momentos de avaliação.
Finalizando a apresentação dos dados, na Tabela 5 é apresentada a
correlação dos Domínios da EBS, resiliência e níveis de cortisol salivar nos três
horários de coleta, nos dois períodos de coleta de dados dessa pesquisa, antes e
92
depois da avaliação para a manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar.
Os resultados permitem afirmar que não existe correlação entre essas variáveis.
Tabela 5 – Coeficiente de correlação dos domínios da Escala Bianchi de Stress
(EBS), resiliência e o cortisol em enfermeiros, antes e depois da visita de
manutenção da Certidão de Acreditação Hospitalar, que atuam em um Hospital do
interior do estado do Rio Grande do Sul – Março/2019 e Junho/2019, Brasil, 2019
Domínios EBS**
Cortisol AA Cortisol DA
AC IT TT R ACr IT TT R
A r 0,183 -0,034 0,150 -0,052 0,016 0,054 0,022 -0,096
p-valor 0,190 0,806 0,284 0,712 0,911 0,702 0,876 0,494
B r 0,124 -0,228 -0,003 0,031 0,068 0,158 -0,208 0,037
p-valor 0,375 0,100 0,982 0,824 0,630 0,259 0,134 0,791
C r -0,008 -0,099 -0,084 0,144 0,149 -0,219 0,001 -0,011
p-valor 0,952 0,482 0,550 0,303 0,287 0,116 0,996 0,935
D r 0,016 -0,079 0,051 -0,035 -0,105 -0,100 0,027 -0,072
p-valor 0,907 0,574 0,718 0,804 0,463 0,485 0,851 0,613
E r -0,083 -0,048 0,091 -0,037 0,050 0,078 -0,109 -0,147
p-valor 0,556 0,730 0,519 0,791 0,725 0,578 0,437 0,294
F r 0,069 -0,138 0,114 -0,144 0,040 -0,094 -0,139 -0,263
p-valor 0,621 0,323 0,416 0,304 0,778 0,502 0,320 0,057
Total r 0,085 0,001 -0,062 -0,020 0,033 -0,051 -0,006 -0,099
p-valor 0,545 0,992 0,659 0,886 0,812 0,716 0,963 0,482
R*** r -0,056 0,055 0,078 1 0,091 -0,031 -0,072 1
p-valor 0,689 0,697 0,580 - 0,516 0,824 0,606 -
*Correlação significativa com p<0,05; **Correlação de Spearman; ***Correlação de Pearson. AA = antes da avaliação de manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar; DA = depois da avaliação de manutenção da certificação de Acreditação Hospitalar; AC = ao acordar; IT = início do trabalho; TT = término do trabalho; R = resiliência; A = Relacionamento com outras unidades e supervisores; B = Atividades relacionadas ao funcionamento adequado da unidade; C = Atividades relacionadas à administração de pessoal; D = Assistência de enfermagem prestada ao paciente; E = Coordenação das atividades da unidade; F = condições de trabalho para o desempenho das atividades do enfermeiro. Escores dos domínios: valor 1 quando achar a atividade “pouco desgastante”; 4 para “médio”; 7 para “muito desgastante”; e 0 caso “não executa a atividade”. Fonte: Dados da pesquisa, Rhoden DJ, Ijuí, 2019.
Também na Tabela 5, o teste de correlação de Pearson demonstrou que as
médias não têm o mesmo comportamento, o que indica que cada indivíduo
responde de forma diferente ao estresse vivenciado no ambiente de trabalho.
93
DISCUSSÃO
A população estudada compreendeu 53 enfermeiros, predominantemente do
sexo feminino, característica da enfermagem e também evidenciada em outros
estudos (UENO et al., 2017; FALCÃO et al., 2019; SILVA; MALAGRIS, 2019). Ao
relacionar essa característica da população estudada com o estresse, Falcão et al.
(2019) afirmam que a mulher está mais exposta ao estresse devido à sobrecarga
das tarefas domésticas e profissionais. A maioria dos enfermeiros participantes do
estudo atua como supervisores das atividades de enfermagem, porém, um
percentual expressivo desses profissionais acumula atividades de coordenação de
unidade com atividades assistenciais. Damasceno et al. (2016) afirmam que cabe ao
enfermeiro coordenador da unidade gerir a assistência de enfermagem, com
atividades voltadas a gestão de pessoal, tais como: elaborar escalas, treinamentos,
seleção de pessoal e, assim, zelar para que a equipe de enfermagem tenha
condições favoráveis de prestar assistência aos pacientes. Cabe destacar que os
diversos requisitos necessários para manter a Certificação de Acreditação Hospitalar
somam-se as responsabilidades do enfermeiro coordenador, com a gestão dos
indicadores assistenciais, de custos e receitas da unidade e a formulação e
reestruturação dos protocolos de trabalho (SIMAN et al., 2015).
Os enfermeiros que participaram dessa pesquisa, na sua maioria,
apresentaram boas condições de saúde, porém algumas enfermidades foram
mencionadas, tais como hipertensão, cardiopatias, depressão, espondiloartropatias,
e essas podem estar relacionadas à exposição crônica ao estresse ocupacional.
Falcão et al. (2019) pontuam que altas exigências estimulam a ocorrência de
algumas enfermidades devido ao aumento da demanda associada ao pouco controle
do profissional sobre sua atividade laboral. Eles complementam que quando o
profissional mantém, por longo período, níveis de estresse elevado, aumenta a
tensão sobre o sistema nervoso central e cardiovascular.
Souza, Silva e Costa (2018) pontuam que o estresse, quando em baixas
doses, pode ser benéfico à saúde do enfermeiro, resultar em disposição, interesse,
entusiasmo. Porém, quando em doses maiores, é nocivo e se manifesta a partir de
sintomas, tais como: fadiga, irritabilidade, desatenção, o que o prejudica em seu
trabalho. Os autores ainda se reportam ao estresse ocupacional no cotidiano do
enfermeiro como oriundo de diversos aspectos de sua atividade laboral e com
94
implicações na vida pessoal. Nesse sentido, Wollesen et al. (2019) afirmam que
elevadas cargas de trabalho, pressão com tempo e prazos e a tensão de lidas com
vidas contribuem para o esgotamento profissional.
Os participantes desse estudo, na sua maioria, percebem suas atividades
laborais como estressantes, porém, em nível médio, esse resultado é merecedor de
atenção e ações com vistas ao risco de comprometimento da saúde e da qualidade
da assistência prestada por eles. Falcão et al. (2019) explicitam que níveis de
estresse alterados, por longos períodos, excitam o organismo, o que aumenta a
tensão dos sistemas cardiovascular e nervoso e expõe o profissional ao
adoecimento.
A análise da resiliência elevada dos enfermeiros participantes da pesquisa é
um fator positivo e importante para a manutenção da saúde, prevenção de danos e
qualidade da assistência. Nesse sentido, Flanders et al. (2019) afirmam que a
resiliência ajuda os profissionais a resistir diante da vivencia de situações
estressantes e também de suportar e enfrentar mudanças. Os autores avaliaram o
impacto de um programa de resiliência implantado em um hospital dos Estados
Unidos, específico para a equipe de enfermagem que atuava na Unidade de Terapia
Intensiva Pediátrica (UTIP). Eles concluíram que o programa apresentou resultados
positivos e as ações implementadas, com foco em aumentar a resiliência dos
profissionais, foi eficaz.
Entende-se que o fato de não existir relação significativa entre estresse
percebido pelos profissionais, segundo os níveis de estresse total da EBS e a
resiliência, não significa serem resultados menos importante, bem como a resiliência
dos enfermeiros ter aumentado depois do processo de avaliação para manutenção
da Certificação de Acreditação Hospitalar. Esses resultados demonstram que os
estressores vivenciados pelos enfermeiros antes da avaliação foram enfrentados de
maneira adequada, ou seja, concomitantemente, ocorreu aumento da capacidade de
resiliência após a avaliação, outro fator positivo para o enfrentamento adequado do
processo a que foram submetidos. Vários estudos apontam a alta resiliência como
fator positivo para os enfermeiros, Edward, Hercelinskyj e Giandinoto (2017)
associam, em seu estudo, maior resiliência a baixa rotatividade dos enfermeiros e
Rees et al. (2016) a relacionam com a redução do Burnout e do estresse.
No que tange aos sintomas de dor referidos pelos participantes da pesquisa,
o fato de que a maioria que referiu dor encontra-se com médio nível de estresse é
95
um indicador do dano que o estresse pode causar na saúde dos trabalhadores.
Eatough, Way e Chang (2012) afirmam que os estressores laborais são associados
a dor musculoesquelética dos profissionais. Wollesen et al. (2019) complementam
que quando os enfermeiros são expostos a diferentes estressores e tensões no seu
ambiente de trabalho, podem apresentar sintomas psicológicos, tais como: emoções
negativas, ansiedade e tensões. Os autores ainda pontuam que o aumento da
tensão muscular afeta as reações hormonais, circulatórias e respiratórias, o que
contribui para a ocorrência de dor musculoesquelética. Nesse sentido, a condição
dos enfermeiros que participaram da pesquisa é merecedora de ações e
intervenções educacionais com vistas a ampliar o conhecimento deles e, dessa
forma, auxiliá-los a enfrentar as adversidades no ambiente de trabalho de maneira
adequada e, principalmente no intuito de ampliar a capacidade de resiliência.
CONCLUSÃO
O estresse ocupacional ocorre nos enfermeiros que participam dos processos
que integram a Acreditação Hospitalar e pode comprometer sua saúde física e
psíquica, bem como a qualidade da assistência ao paciente e a imagem da
instituição de assistência à saúde. Diante disso, considera-se importante o
planejamento e a implementação de ações dos gestores, no intuito de ajudá-los para
um melhor enfrentamento, sem danos à saúde e a qualidade do trabalho
desenvolvido por eles. Aliado a essas ações destaca-se o quão é importante auxiliar
essa categoria profissional a ampliar sua capacidade de resiliência, condição sine
qua non para a manutenção da saúde e prevenção dos danos do estresse, muitas
vezes irreparáveis.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, L. M. S.; DUMITH, S. C. Association between musculoskeletal symptoms and perceived stress in public servants of a Federal University in the South of Brazil. Brazilian Journal of Pain, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 9-14, Jan./Mar. 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/brjp/v1n1/1806-0013-brjp-01-01-0009.pdf. Acesso em: 09 dez. 2019. ANDRES, E. B. et al. The influence of hospital accreditation: a longitudinal assessment of organisational culture. BMC Health Services Research, Londres, v.
96
19, n. 467, p. 1-8, July 2019. Disponível em: https://bmchealthservres.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12913-019-4279-7. Acesso em: 10 dez. 2019. ASSIS, D. C.; RESENDE, D. V.; MARZIALE, M. H. P. Association between shift work, salivary cortisol levels, stress and fatigue in nurses: integrative review. Escola Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 22, n. 1, p. e20170125, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ean/v22n1/1414-8145-ean-2177-9465-EAN-2017-0125.pdf. Acesso em: 28 nov. 2018. BIANCHI, E. R. F. Escala Bianchi de Stress. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 43, n. esp., p. 1055-1062, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v43nspe/a09v43ns.pdf. Acesso em: 03 nov. 2018. CARGNIN, Z. A. et al. Non-specific low back pain and its relation to the nursing work process. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 27, p. e3172, 2019. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v27/en_0104-1169-rlae-27-e3172.pdf. Acesso em: 10 dez. 2019. CRUZ, É. J. E. R. et al. Resiliência como objeto de estudo da saúde do trabalhador: uma revisão narrativa. Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p. 283-288, jan./mar. 2018. DALRI, R. C. M. B. et al. Carga horária de trabalho dos enfermeiros e sua relação com as reações fisiológicas do estresse. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 22, n. 6, p. 959-965, nov./dez. 2014. Disponível em: http://www.periodicos.usp.br/rlae/article/view/99967/98489. Acesso em: 18 nov. 2018. DAMASCENO, C. K. C. S. et al. O trabalho gerencial da enfermagem: conhecimento de profissionais enfermeiros sobre suas competências gerenciais. Revista de Enfermagem UFPE On Line, Recife, v. 10, n. 4, p. 1216-1222, abr. 2016. EATOUGH, E. M.; WAY, J. D.; CHANG, C. H. Understanding the link between psychosocial work stressors and work-related musculoskeletal complaints. Applied Ergonomics, Londres, v. 43, n. 3, p. 554-563, May 2012. EDWARD, K. L.; HERCELINSKYJ, G.; GIANDINOTO, J. A. Emotional labour in mental health nursing: an integrative systematic review. International Journal of Mental Health Nursing, Carlton, v. 26, n. 3, p. 215-225, June 2017. FALCÃO, D. A. et al. Estresse da equipe de enfermagem no serviço de pronto-atendimento de um hospital público. Revista de Enfermagem da UFPI, Teresina, v. 8, n. 2, p. 38-44, abr./jun. 2019. Disponível em: https://revistas.ufpi.br/index.php/reufpi/article/view/8352/pdf. Acesso em: 10 dez. 2019. FLANDERS, S. et al. Effectiveness of a staff resilience program in a pediatric intensive care unit. Journal of Pediatric Nursing, Philadelphia, v. 50, p. 1-4, Jan./Feb. 2020. Disponível em:
97
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0882596319304920. Acesso em: 10 dez. 2019. GABRIEL, C. S. et al. Perspectiva de las enfermeras brasileñas sobre el impacto de la Acreditación Hospitalaria. Enfermería Global, Múrcia, v. 17, n. 49, p. 381-394, enero 2018. Disponível em: http://scielo.isciii.es/pdf/eg/v17n49/1695-6141-eg-17-49-00381.pdf. Acesso em: 18 nov. 2018. KIRHHOF, R. S. et al. Nível de estresse entre enfermeiros de um hospital filantrópico de médio porte. Revista de Enfermagem da UFSM, Santa Maria, v. 6, n. 1, p. 29-39, jan./mar. 2016. LACERDA, M. R.; COSTENARO, R. G. S. (org.). Metodologias da pesquisa para a enfermagem e saúde: da teoria à prática. Porto Alegre: Moriá, 2018. LEONELLI, L. B. et al. Estresse percebido em profissionais da Estratégia Saúde da Família.Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 20, n. 2, p. 286-298, abr./jun. 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v20n2/1980-5497-rbepid-20-02-00286.pdf. Acesso em: 10 de dez. 2019. MALMBERG-CEDER, K. et al. Relationship of musculoskeletal pain and well-being at work – Does pain matter? Scandinavian Journal of Pain, Berlim, v. 15, n. 1, p. 38-43, Apr. 2017. NAVARRO-ABAL, Y.; LÓPEZ-LÓPEZ, M. J.; CLIMENT-RODRÍGUEZ, J. A. Engagement, resilience and empathy in nursing assistants. Enfermería Clínica, Madrid, v. 28, n. 2, p. 103-110, Mar./Apr. 2018. OLIVEIRA, K. S.; NAKANO, T. C. Avaliação da resiliência em Psicologia: revisão do cenário científico brasileiro. Psicologia em Pesquisa, Juiz de Fora, v. 12, n. 1, p. 1-11, jan./abr. 2018. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psipesq/v12n1/09.pdf. Acesso em: 10 dez. 2019. ORGANIZAÇÃO NACIONAL DE ACREDITAÇÃO – ONA. Manual Brasileiro de Acreditação: Organizações Prestadoras de Serviços de Saúde – Versão 2018. São Paulo: ONA, 2018. PESCE, R. P. et al. Adaptação transcultural, confiabilidade e validade da escala de resiliência. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 2, p. 436-448, mar./abr. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v21n2/10.pdf. Acesso em: 05 jun. 2018. PINHEIRO, F. A.; TRÓCCOLI, B. T.; CARVALHO, C. V. Validação do Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares como medida de morbidade. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 36, n. 3, p. 307-312, 2002. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/rsp/2002.v36n3/307-312. Acesso em: 12 out. 2018. REES, C. S. et al. Can we predict burnout among student nurses? An exploration of the ICWR-1 model of individual psychological resilience. Frontiers in Psychology, Pully, v. 7, n. 1072, p. 1-11, July 2016. Disponível em:
98
https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyg.2016.01072/full. Acesso em: 10 dez. 2019. SCHIESARI, L. M. C. Avaliação externa de organizações hospitalares no Brasil: podemos fazer diferente? Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 19, n. 10, p. 4229-4234, 2014. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/csc/2014.v19n10/4229-4234. Acesso em: 10 dez. 2019. SELYE, H. The stress of life. Nova York: McGraw-Hill, 1956. SILVA, J. M. da; MALAGRIS, L. E. N. Percepção do estresse e estressores de enfermeiros de um hospital universitário. Estudos e Pesquisas em Psicologia, Rio de Janeiro, v. 19, n. 1, p. 71-88, jan./abr. 2019. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revispsi/article/view/43007/29718. Acesso em: 10 dez. 2019. SIMAN, A. G. et al. Estratégia do trabalho gerencial para alcance da acreditação hospitalar. REME – Revista Mineira de Enfermagem, Belo Horizonte, v. 19, n. 4, p. 815-822, out./dez. 2015. Disponível em: https://www.reme.org.br/artigo/detalhes/1043. Acesso em: 10 dez. 2019. SOUZA, R. C.; SILVA, S. M; COSTA, M. L. A. S. Estresse ocupacional no ambiente hospitalar: revisão das estratégias de enfrentamento dos trabalhadores de Enfermagem. Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, São Paulo, v. 16, n. 4, p. 493-502, 2018. Disponível em: http://www.rbmt.org.br/details/389/pt-BR/estresse-ocupacional-no-ambiente-hospitalar--revisao-das-estrategias-de-enfrentamento-dos-trabalhadores-de-enfermagem. Acesso em: 10 dez. 2019. UENO, L. G. S. et al. Estresse ocupacional: estressores referidos pela equipe de enfermagem. Revista de Enfermagem UFPE On Line, Recife, v. 11, n. 4, p. 1632-1638, abr. 2017. VEIGA, G. et al. The effects of a relaxation intervention on nurses’ psychological and physiological stress indicators: a pilot study. Complementary Therapies in Clinical Practice, Amsterdã, v. 35, p. 265-271, May 2019. WOLLESEN, B. et al. Identifying individual stressors in geriatric nursing staff-a cross-sectional study. International Journal of Environmental Research and Public Health, Basel, v. 16, n. 19, p; E3587, Sept. 2019. Disponível em: https://www.mdpi.com/1660-4601/16/19/3587/htm. Acesso em: 10 dez. 2019.
99
8 CONCLUSÃO
A construção dessa dissertação permitiu alcançar os objetivos propostos e
que estão explicitados em cada um dos manuscritos. Nesse sentido, foi possível
traçar o perfil sociodemográfico, laboral e clinico dos participantes, verificar e
associar dor musculoesquelética nas diferentes regiões anatômicas, níveis de
estresse, concentração de cortisol salivar e capacidade de resiliência dos
enfermeiros que atuam em uma instituição hospitalar, antes e depois da avaliação
para a manutenção da Certificação de Acreditação Hospitalar – Nível 2.
Os enfermeiros contribuem para o alcance das metas institucionais no que
tange a Acreditação Hospitalar, porém, as auditorias e demandas que integram esse
processo são estressantes, aspecto esse merecedor de atenção devido ao impacto
do mesmo na saúde dos profissionais. A dor musculoesquelética relatada pelos
enfermeiros pode estar relacionada ao estresse e tensão vivenciados por eles no
decorrer do processo de avaliação. Considera-se que a resiliência média e alta dos
enfermeiros de constituiu em um fator positivo para manutenção da saúde e
prevenção de danos decorrentes do estresse, muitas vezes irreparáveis nessa
população do estudo.
Os resultados dessa pesquisa evidenciam que é importante desenvolver
ações e intervenções educacionais com os enfermeiros, como subsídios para
manutenção da saúde e prevenção de danos à saúde física, psíquica desses
trabalhadores, com repercussões na assistência e na própria imagem da instituição.
Espera-se que esses resultados possam contribuir com gestores, no sentido de
serem utilizados como indicadores que visem à prevenção dos danos decorrentes
do estresse, incluindo a dor musculoesquelética, muitas vezes irreparáveis. Espera-
se também, que os resultados dessa pesquisa auxiliem diretamente os enfermeiros,
no intuito de repensarem sobre a manutenção e proteção da sua saúde, pois
poderão ampliar sua compreensão e adotar medidas individuais que auxiliem para
melhor enfrentamento ao estresse ocupacional e, concomitantemente, aumentem
sua capacidade de resiliência frente aos novos desafios que virão.
Cabe destacar que mais pesquisas sobre essas temáticas devam ser
realizadas, inclusive com populações maiores, estudos comparativos, passiveis de
se fazer inferências. Considera-se importante também a construção de mais
investigações, inclusive com outras abordagens metodológicas, que possam melhor
100
elucidar o tema e que possibilitem aprofundar e melhor compreender todos os
aspectos que contribuem para essa experiência peculiar, com vistas a um melhor
enfrentamento, de maneira saudável, sem danos aos enfermeiros, pacientes e
instituição como um todo.
101
REFERÊNCIAS
ABRÃO, A. L. P.; LEAL, S. C.; FALCÃO, D. P. Salivary and serum cortisol levels, salivary alpha-amylase and unstimulated whole saliva flow rate in pregnant and non-pregnant. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, Rio de Janeiro, v. 36, n. 2, p. 72-78, 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v36n2/0100-7203-rbgo-36-02-00072.pdf. Acesso em: 15 nov. 2018. ALMEIDA, L. M. S.; DUMITH, S. C. Association between musculoskeletal symptoms and perceived stress in public servants of a Federal University in the South of Brazil. Brazilian Journal of Pain, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 9-14, Jan./Mar. 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/brjp/v1n1/1806-0013-brjp-01-01-0009.pdf. Acesso em: 09 dez. 2019. ANDRADE, M. M. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos de graduação. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. ANGST, R. Psicologia e resiliência: uma revisão de literatura. Psicologia Argumento, Curitiba, v. 27, n. 58, p. 253-260, jul./set. 2009. Disponível em: https://periodicos.pucpr.br/index.php/psicologiaargumento/article/viewFile/20225/19509. Acesso em: 14 nov. 2018. ARAÚJO, M. A. N. et al. Segurança do paciente na visão de enfermeiros: uma questão multiprofissional. Enfermagem em Foco, Brasília, v. 8, n. 1, p. 52-56. 2017. Disponível em: http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/984/362. Acesso em: 28 nov. 2018. ASSIS, D. C.; RESENDE, D. V.; MARZIALE, M. H. P. Association between shift work, salivary cortisol levels, stress and fatigue in nurses: integrative review. Escola Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 22, n. 1, p. e20170125, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ean/v22n1/1414-8145-ean-2177-9465-EAN-2017-0125.pdf. Acesso em: 28 nov. 2018. BERNAL, D. et al. Work-related psychosocial risk factors and musculoskeletal disorders in hospital nurses and nursing aides: a systematic review and meta-analysis. International Journal of Nursing Studies, London, v. 52, n. 2, p. 635-648, Feb. 2015. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0020748914002971?via%3Dihub. Acesso em: 09 dez. 2018. BIANCHI, E. R. F. Escala Bianchi de Stress. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 43, n. esp., p. 1055-1062, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v43nspe/a09v43ns.pdf. Acesso em: 03 nov. 2018. BOGH, S. B. et al. Hospital accreditation: staff experiences and perceptions. International Journal of Health Care Quality Assurance, Bradford, v. 31, n. 5, p. 420-427, June 2018.
102
BRASIL. Portaria n° 2.224/GM, de 5 de dezembro de 2002. Brasília, DF: Ministério da Saúde, [2002]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt2225_05_12_2002.html. Acesso em: 10 out. 2018. BRASIL. Ministério da Previdência Social. Instrução normativa INSS/DC nº 98, de 5 de dezembro de 2003. Aprova Norma Técnica sobre Lesões por Esforços Repetitivos – LER ou Distúrbios Osteomusculares relacionados ao trabalhador. Brasília: Ministério da Previdência Social, 2003. Disponível em: http://www.usp.br/drh/novo/legislacao/dou2003/mpasin98.html. Acesso em: 02 out. 2018. BRASIL. Resolução n° 466, de 12 de dezembro de 2012. Brasília, DF: Conselho Nacional de Saúde, 2012. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0466_12_12_2012.html. Acesso em: 02 jun. 2018. BROLESE, D. F. et al. Resilience of the health team in caring for people with mental disorders in a psychiatric hospital. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 51, p. e03230, 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v51/1980-220X-reeusp-51-e03230.pdf. Acesso em: 18 nov. 2018. CAMPOS, J. F.; DAVID, H. M. S. L. Análise de cortisol salivar como biomarcador de estresse ocupacional em trabalhadores de enfermagem. Revista Enfermagem UERJ, Rio de Janeiro, v. 22, n. 4, p. 447-453, jul./ago. 2014. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v22n4/v22n4a02.pdf. Acesso em: 18 nov. 2018. CARAM, C. S.; BRITO, M. J. M.; PETER, E. Acreditação hospitalar: a excelência como fonte de sofrimento moral para enfermeiros. Enfermagem em Foco, Brasília, v. 1, n. 1, p. 31-35, 2019. Disponível em: http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/1868/423. Acesso em: 18 nov. 2018. CARLESI, K. C. et al. Patient safety incidents and nursing workload. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 25, e2841, 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v25/0104-1169-rlae-25-e2841.pdf. Acesso em: 05 out. 2018. COSTA, D. C. R. N.; DUNNINGHAM, T. S.; DUNNINGHAM, T. S. Acreditação hospitalar: impacto na qualidade dos serviços de saúde. Revista Eletrônica Acervo Saúde, Campinas, v. supl. 12, p. S1197-S1201, 2018. CRUZ, É. J. E. R. et al. Resiliência como objeto de estudo da saúde do trabalhador: uma revisão narrativa. Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p. 283-288, jan./mar. 2018. DALRI, R. C. M. B. et al. Carga horária de trabalho dos enfermeiros e sua relação com as reações fisiológicas do estresse. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 22, n. 6, p. 959-965, nov./dez. 2014. Disponível em:
103
http://www.periodicos.usp.br/rlae/article/view/99967/98489. Acesso em: 18 nov. 2018. GABRIEL, C. S. et al. Perspectiva de las enfermeras brasileñas sobre el impacto de la Acreditación Hospitalaria. Enfermería Global, Múrcia, v. 17, n. 49, p. 381-394, enero 2018. Disponível em: http://scielo.isciii.es/pdf/eg/v17n49/1695-6141-eg-17-49-00381.pdf. Acesso em: 18 nov. 2018. GALVÃO, A. C. M. et al. Cortisol modulation by Ayahuasca in patients with treatment resistant depression and healthy controls. Frontiers in Psychiatry, Lausanne, v. 9, n. 185, p. 1-10, May 2018. Disponível em: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyt.2018.00185/full. Acesso em: 10 nov. 2018. GARBELLOTTO, G. I. et al. Associação do cortisol salivar com os componentes da síndrome metabólica. Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva, São Paulo, v. 31, n. 1, p. e1351, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abcd/v31n1/pt_2317-6326-abcd-31-01-e1351.pdf. Acesso em: 18 nov. 2018. GORDIJN, M. S. et al. Hypothalamic-pituitary-adrenal (HPA) axis suppression after treatment with glucocorticoid therapy for childhood acute lymphoblastic leukaemia. The Cochrane Database of Systematic Reviews, Chichester, v. 5, n. CD008727, p. 1-33, May 2012. Disponível em: https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD008727.pub2/epdf/full. Acesso em: 16 nov. 2018. JACQUES, J. P. B. et al. Sala de bem-estar como estratégia para reduzir o estresse ocupacional: estudo quase-experimental. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 71, supl. 1, p. 524-531, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v71s1/pt_0034-7167-reben-71-s1-0483.pdf. Acesso em: 06 de jul. de 2018. KIRHHOF, R. S. et al. Nível de estresse entre enfermeiros de um hospital filantrópico de médio porte. Revista de Enfermagem da UFSM, Santa Maria, v. 6, n. 1, p. 29-39, jan./mar. 2016. KIRSCH, G. H.; LASTA, J. B. Visão do enfermeiro no processo de acreditação hospitalar. Revista Saúde e Desenvolvimento, [s.l.], v. 11, n. 6, p. 22-31, jan./mar. 2017. Disponível em: https://www.uninter.com/revistasaude/index.php/saudeDesenvolvimento/article/view/632/361. Acesso em: 15 jul. 2018. KOTEKEWIS, K. et al. Enfermedades crónicas no transmisibles y el estrés de los trabajadores de enfermería de unidades quirúrgicas. Enfermería Global, Múrcia, v. 16, n. 2, p. 295-304, abr. 2017. Disponível em: https://revistas.um.es/eglobal/article/view/252581/210091. Acesso em: 15 jul. 2018. LACERDA, M. R.; COSTENARO, R. G. S. (org.). Metodologias da pesquisa para a enfermagem e saúde: da teoria à prática. Porto Alegre: Moriá, 2018.
104
LOWITZ, J.; KEIL, M. F. Cushing syndrome: establishing a timely diagnosis. Journal of Pediatric Nursing, Philadelphia, v. 30, n. 3, p. 528-530, 2015. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0882596315000639?via%3Dihub. Acesso em: 09 dez. 2019. MEDEIROS, A. B. A.; ENDERS, B. C.; LIRA, A. L. B. C. Teoria ambientalista de Florence Nightingale: uma análise crítica. Escola Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 518-524, jul./set. 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ean/v19n3/1414-8145-ean-19-03-0518.pdf. Acesso em: 18 nov. 2018. MICHELIN, S. R. et al. (Re)Conhecendo o quotidiano dos trabalhadores de um Centro de Saúde: um caminho para prevenção do Burnout e a promoção da saúde. Texto & Contexto – Enfermagem, Florianópolis, v. 27, n. 1, p. 5510015, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v27n1/0104-0707-tce-27-01-e5510015.pdf. Acesso em: 15 jul. 2018. MORAES, K. N. et al. Fatores relacionados ao absenteísmo por doença em profissionais de enfermagem: uma revisão integrativa. Revista Eletrônica Gestão e Saúde, Brasília, v. 6, n. 1, p. 565-590, 2015. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/rgs/article/view/2582/2305. Acesso em: 09 dez. 2019. NAVARRO-ABAL, Y.; LÓPEZ-LÓPEZ, M. J.; CLIMENT-RODRÍGUEZ, J. A. Engagement, resilience and empathy in nursing assistants. Enfermería Clínica, Madrid, v. 28, n. 2, p. 103-110, Mar./Apr. 2018. OLIVEIRA, J. L. C. de et al. Mudanças gerenciais resultantes da Acreditação hospitalar. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 25, e2851, 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v25/pt_0104-1169-rlae-25-e2851.pdf. Acesso em: 20 jul. 2018. OLIVEIRA, V. C.; ALMEIDA, R. J. Aspectos que determinam as doenças osteomusculares em profissionais de enfermagem e seus impactos psicossociais. Journal of Health Sciences, Londrina, v. 19, n. 2, p. 130-135, 2017. Disponível em: http://www.pgsskroton.com.br/seer/index.php/JHealthSci/article/view/4272/3565. Acesso em: 15 jun. 2018. ORGANIZAÇÃO NACIONAL DE ACREDITAÇÃO – ONA. Manual Brasileiro de Acreditação: Organizações Prestadoras de Serviços de Saúde – Versão 2018. São Paulo: ONA, 2018. PASTORE, C. M. A.; FRANCISCO-MAFFEZZOLLI, E. C. O uso de cortisol salivar como marcador biológico para o stress em pesquisas de comportamento do consumidor. Revista Brasileira de Marketing, São Paulo, v. 17, n. 3, p. 385-400, jul./set. 2018. Disponível em: http://www.revistabrasileiramarketing.org/ojs-2.2.4/index.php/remark/article/view/3700/pdf_363. Acesso em: 09 nov. 2018. PESCE, R. P. et al. Adaptação transcultural, confiabilidade e validade da escala de resiliência. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 2, p. 436-448,
105
mar./abr. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v21n2/10.pdf. Acesso em: 05 jun. 2018. PETERSEN, R. S.; MARZIALE, M. H. P. Análise da capacidade no trabalho e estresse entre profissionais de enfermagem com distúrbios osteomusculares. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 38, n. 3, p. e67184, 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v38n3/0102-6933-rgenf-38-3-e67184.pdf. Acesso em: 05 jun. 2018. PINHEIRO, F. A.; TRÓCCOLI, B. T.; CARVALHO, C. V. Validação do Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares como medida de morbidade. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 36, n. 3, p. 307-312, 2002. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/rsp/2002.v36n3/307-312. Acesso em: 12 out. 2018. PRADO, J. M.; KUREBAYASHI, L. F. S.; SILVA, M. J. P. Auriculoterapia verdadeira e placebo para enfermeiros estressados: ensaio clínico randomizado. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 52, p. e03334, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v52/1980-220X-reeusp-52-e03334.pdf. Acesso em: 05 jun. 2018. PRETO, C. et al. Doença de Addison: a dificuldade de diagnóstico. Nascer e Crescer, Porto, v. 27, n. 1, p. 39-42, 2018. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/pdf/nas/v27n1/v27n1a06.pdf. Acesso em: 17 nov. 2018. PRODANOV, C. C.; FREITAS, E. C. Metodologia do trabalho científico: Métodos e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo: Feevale, 2013. PUERTO, J. C. et al. A new contribution to the classification of stressors affecting nursing professionals. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 25, p. e2895, 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v25/0104-1169-rlae-25-e2895.pdf. Acesso em: 12 out. 2018. ROCHA, M. C. P. et al. Stress among nurses: an examination of salivary cortisol levels on work and day off. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 47, n. 5, p. 1187-1194, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v47n5/0080-6234-reeusp-47-05-1187.pdf. Acesso em: 03 nov. 2018. ROCHA, F. L. R. et al. Organizational culture of a psychiatric hospital and resilience of nursing workers. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 69, n. 5, p. 765-772, set./out. 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v69n5/en_0034-7167-reben-69-05-0817.pdf. Acesso em: 20 jul. 2018. RODRIGUES, C. C. F. M.; SANTOS, V. E. P. O corpo fala: aspectos físicos e psicológicos do estresse em profissionais de enfermagem. Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online, Rio de Janeiro, v. 7, n. 4, p. 3587-3596, out./dez. 2015. Disponível em: http://seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/2849/pdf_1762. Acesso em: 18 nov. 2018.
106
RODRIGUES, C. C. F. M. et al. Estresse entre os membros da equipe de enfermagem. Revista de Enfermagem UFPE On Line, Recife, v. 11, n. 2, p. 601-608, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/viewFile/11979/14532. Acesso em: 03 nov. 2018. SANTOS, E. C. et al. Prevalência de dor musculoesquelética em profissionais de enfermagem que atuam na ortopedia. Revista Dor, São Paulo, v. 18, n. 4, p. 298-306, out./dez. 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rdor/v18n4/pt_1806-0013-rdor-18-04-0298.pdf. Acesso em: 08 ago. 2018. SANTOS, A. P. A. et al. O enfermeiro no processo de acreditação hospitalar. Journal of Health Connections, Aracaju, v. 2, n. 1, p. 69-80, 2018. Disponível em: http://revistaadmmade.estacio.br/index.php/journalhc/article/view/4360/2156. Acesso em: 03 dez. 2019. SANTOS, J. A.; LIMBERGER, J. B. Indicadores de avaliação da assistência farmacêutica na acreditação hospitalar. Revista de Administração em Saúde, São Paulo, v. 18, n. 70, p. 1-17, jan./mar. 2018. Disponível em: http://www.cqh.org.br/ojs-2.4.8/index.php/ras/article/view/71/108. Acesso em: 10 nov. 2018. SELYE, H. Stress, a tensão da vida. São Paulo: Ibrasa, 1959. SILVA, D. P.; SANTOS, N. R. O.; NASCIMENTO, L. K. A. S. Fatores que influenciam o estresse ocupacional na enfermagem. Carpe Diem – Revista Cultural e Científica do UNIFACEX, Natal, v. 14, n. 2, p. 65-74, 2016. Disponível em: https://periodicos.unifacex.com.br/Revista/article/view/858/pdf. Acesso em: 06 out. 2018. SILVA, S. M. et al. Relação entre resiliência e burnout: promoção da saúde mental e ocupacional dos enfermeiros. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, Porto, n. 16, p. 41-48, dez. 2016. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/pdf/rpesm/n16/n16a06.pdf. Acesso em: 04 nov. 2018. SILVA, V. L. S. et al. Leadership practices in hospital nursing: a self of manager nurses. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 51, p. 03206, 2017a. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v51/1980-220X-reeusp-51-e03206.pdf. Acesso em: 06 out. 2018. SILVA, G. A. V. et al. Estresse e coping entre profissionais de enfermagem de unidades de terapia intensiva e semi-intensiva. Revista de Enfermagem UFPE On Line, Recife, v. 11, supl. 2, p. 922-931, Feb. 2017b. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/viewFile/13461/16153. Acesso em: 06 out. 2018. SILVA, T. P. D. et al. Musculoskeletal discomfort, work ability and fatigue in nursing professionals working in a hospital environment. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 52, p. e03332, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v52/en_1980-220X-reeusp-52-e03332.pdf. Acesso em: 12 out. 2018.
107
TEIXEIRA, R. C.; MANTOVANI, M. F. Enfermeiros com doença crônica: as relações com o adoecimento, a prevenção e o processo de trabalho. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 43, n. 2, p. 415-421, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v43n2/a22v43n2.pdf. Acesso em: 18 nov. 2018.
108
APÊNDICE A – Instrumento de caracterização sociodemográfica, ocupacional e
clínica
INSTRUMENTO DE CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA, OCUPACIONAL E CLÍNICA
Data de nascimento: ......./........./...........
Estado civil: ( ) sem companheiro ( ) com companheiro
Filhos: ( ) Sim ( ) Não Se sim, qual o número de filhos?..................
Se sexo feminino: Gestante: ( ) Sim ( ) Não
Turno de trabalho: ( ) Manhã ( ) Tarde ( ) Manhã e Tarde ( ) Noite ( ) Misto
Carga horária semanal nesta instituição:...........hs
Possui outro emprego ou vínculo empregatício: ( ) Sim ( ) Não
É portador de alguma doença: ( ) Sim ( ) Não Qual (is): .......................................
Faz uso de medicamentos: ( ) Sim ( ) Não
Nome: ........................................................... Dose ............... Horários ....................
Nome: ........................................................... Dose ............... Horários ....................
Nome: ........................................................... Dose ............... Horários ....................
Nome: ........................................................... Dose ............... Horários ....................
109
APÊNDICE B – Orientações para a coleta de saliva
Prezado (a) Enfermeiro (a)
Estamos desenvolvendo uma pesquisa denominada “DOR
OSTEOMUSCULAR, ESTRESSE E CAPACIDADE DE RESILIÊNCIA EM
ENFERMEIROS FRENTE AO PROCESSO DE ACREDITAÇÃO HOSPITALAR”.
Refere-se a uma pesquisa de Mestrado do Programa de Pós-graduação em
Atenção Integral à Saúde da Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do
Sul – UNIJUI e Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ. Com a pesquisa pretende-se
Verificar dor osteomuscular nas diferentes regiões anatômicas, níveis de estresse,
cortisol salivar e capacidade de resiliência de enfermeiros no âmbito hospitalar,
antes e após avaliação de manutenção da certificação de acreditação da referida
instituição de assistência à saúde.
Para a coleta do cortisol é necessário seguir algumas observações tais como:
· Dieta leve no café da manhã;
· Por um período de 30 minutos antes da coleta de saliva, não ingerir
alimentos ou bebidas (com exceção de água) e não fumar;
· Imediatamente antes da coleta, é aconselhável lavar a boca com água por
meio de bochechos leves;
· Não é recomendável a coleta em casos de lesões orais com sangramento
ativo ou potencial;
· Não ter submetido a tratamento dentário nas últimas 24 horas;
· Não ter escovado os dentes nas últimas 3 horas a fim de evitar
sangramento gengival;
· Não ter consumido álcool nas 12 horas anteriores à coleta.
110
APÊNDICE C – Documento de identificação das amostras para o laboratório
DOCUMENTO DE IDENTIFICAÇÃO DAS AMOSTRAS PARA O LABORATÓRIO
Instrumento Número: ...............................................
Nome completo: ...................................................................................................
Data de nascimento:......../......../..............
Tel:...............................................................
Data da coleta ......../............/...............
Hora da primeira coleta ...................... hs
Hora da Segunda coleta .................... hs
Hora da terceira coleta ..................... hs
Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino
Uso de medicamentos: ( ) Não ( ) Sim
Quais medicamentos:
Nome ________________________ Dose________ Horários______________
Nome ________________________ Dose________ Horários______________
Nome ________________________ Dose________ Horários______________
Nome ________________________ Dose________ Horários______________
Tabagista: ( ) Não ( ) Sim
Usa anticoncepcional oral: ( ) Não ( ) Sim
111
APÊNDICE D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Prezado (a) Senhor (a)
Estamos desenvolvendo uma pesquisa denominada “DOR
OSTEOMUSCULAR, ESTRESSE E CAPACIDADE DE RESILIÊNCIA EM
ENFERMEIROS FRENTE AO PROCESSO DE ACREDITAÇÃO HOSPITALAR”.
Este trabalho é uma pesquisa de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em
Atenção Integral à Saúde da Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do
Sul – UNIJUI e Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ.
Você está sendo convidado a participar desta pesquisa.
O documento a seguir, contém todas as informações necessárias sobre a
pesquisa a ser realizada. É muito importante a sua colaboração, porém, fica ao seu
critério participar ou não da mesma. Caso decida não participar desta pesquisa, não
irá acarretar problemas para ambas as partes, caso você concordar a participar,
basta ler atentamente esse documento e assinar as duas vias da declaração, assim
consequentemente ajudará a aprofundar conhecimentos na área.
Com essa pesquisa pretende-se verificar dor osteomuscular nas diferentes
regiões anatômicas, níveis de estresse, cortisol salivar e capacidade de resiliência
de enfermeiros no âmbito hospitalar, antes e após avaliação de manutenção da
certificação de acreditação da referida instituição de assistência à saúde.
A sua participação poderá incorrer em riscos, tais como: desconforto,
cansaço, tristeza por reviver situações emocionais de estresse, relembrar momentos
difíceis no ambiente de trabalho e sintomas físicos, entre outros. Se isso ocorrer, a
entrevista será interrompida e, se necessário, será assistido por profissional
habilitado, no Serviço de Psicologia da UNIJUÍ. Cabe destacar que ao participar da
pesquisa, poderá ser beneficiado pela oportunidade de refletir acerca de sua vida
profissional, avaliar níveis de estresse e capacidade de resiliência, aspectos
importantes e que podem contribuir na qualificação de sua atuação, manutenção da
saúde e prevenção de agravos.
Será garantido seu anonimato, e assegurado que as informações obtidas
serão utilizadas exclusivamente para fins científicos vinculados a este projeto de
pesquisa. Você terá acesso às informações e realizar qualquer modificação no seu
conteúdo, se julgar necessário. Tens liberdade para recusar-se a participar da
112
pesquisa, ou desistir dela em qualquer momento sem constrangimento. Você poderá
solicitar que as informações sejam desconsideradas no estudo, se assim o desejar.
As informações para esse estudo serão coletadas com três instrumentos:
Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO) que verifica a
ocorrência de sintomas osteomusculares em 10 regiões anatômicas com vistas à
percepção do sujeito no que diz respeito à relação dos sintomas e sua atividade
laboral, entre o período de 12 meses e sete dias que precedem a entrevista; Escala
Bianchi de Estresse, que avalia níveis de estresse, amostras salivares para verificar
concentração do cortisol salivar que será realizada através da coleta de saliva no
período que antecede e posterior a visita de avaliação de acreditação e Capacidade
de Resiliência que avalia a capacidade criar soluções diante das adversidades
presentes nas condições de trabalho.
Eu, Profª Drª. Eniva Miladi Fernandes Stumm, bem como a mestranda Deise
Juliana Rhoden assumimos toda a responsabilidade no decorrer da investigação e
garantimos que as informações somente serão utilizadas para esta pesquisa,
podendo os resultados vir a ser publicados.
Se houver dúvidas quanto à sua participação poderá pedir esclarecimento a
qualquer um de nós, nos endereços e telefones abaixo:
Profª Drª Eniva Stum - Departamento de Ciências da Vida (DCVida)-UNIJUI -
Campus Universitário. Ijuí/RS. Fone: 3332-0460 e celular (55) 99971-7239.
Deise Juliana Rhoden, endereço: Rua Doralino Leusin, 350, Centro, Santa
Rosa – RS. Telefone (55) 99969-9577.
Comitê de Ética em Pesquisa da UNICRUZ - Rod. Municipal Jacob Della Méa,
km 5,6 – Parada Benito – Cruz Alta, RS – CEP: 98.020-290 Fone: (55) 3321 1500 -
www.unicruz.edu.br
Todos os documentos ficarão sob a responsabilidade do pesquisador
principal, por um período de cinco anos e após serão deletados e/ou incinerados.
O presente documento foi rubricado e assinado em duas vias de igual teor,
ficando uma com o entrevistado ou responsável legal e a outra com a pesquisadora.
Eu, ________________________, CPF____________, ciente das informações
recebidas concordo em participar da pesquisa, autorizando-os a utilizarem as
informações por mim concedidas e/ou o meu prontuário.
113
___________________________
Assinatura do entrevistado
________________________________
Orientadora - Profª Drª Eniva Miladi Fernandes Stumm
CPF: 308.099.910-04
________________________________
Pesquisadora – Deise Juliana Rhoden
CPF: 005.989.440-70
Data: local/RS,______/______/________
114
ANEXO A – Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO)
115
ANEXO B – Escala Bianchi de Stress (EBS)
ESCALA BIANCHI DE STRESS
Este questionário tem a finalidade de levantar dados para conhecer a sua opinião
quanto ao desempenho de suas atividades. NÃO PRECISA IDENTIFICAÇÃO.
Assinale a alternativa que revele a sua percepção, levando em consideração os
números:
PARTE 1
Sexo: feminino ( ) masculino ( )
Faixa etária: ( ) 20 a 30 anos
( ) 31 a 40 anos
( ) 41 a 50 anos
( ) mais de 50 anos
Cargo: ( ) Supervisor ( )Coordenador
A que área pertence: ( ) Unidades abertas ( ) Unidades fechadas ( ) Unidades
ambulatoriais ( ) Administrativas
Tempo de formado: ( ) menos de 1 ano
( ) de 2 a 5 anos
( ) de 6 a 10 anos
( ) 11 a 15 anos
( ) mais de 16 anos
Cursos de pós-graduação: ( ) não ( ) sim Qual(is): _________________________
Tempo de trabalho nessa unidade:
116
PARTE 2
Nã
o s
e a
plic
a
Po
uco
d
esg
asta
nte
Mui
to
des
gas
tan
te
1 Previsão de material a ser usado 0 1 2 3 4 5 6 7
2 Reposição de material 0 1 2 3 4 5 6 7
3 Controle de material usado 0 1 2 3 4 5 6 7
4 Controle de equipamento 0 1 2 3 4 5 6 7
5 Solicitação de revisão e consertos de equipamentos
0 1 2 3 4 5 6 7
6 Levantamento de quantidade de material existente na unidade
0 1 2 3 4 5 6 7
7 Controlar a equipe de enfermagem 0 1 2 3 4 5 6 7
8 Realizar a distribuição de funcionários 0 1 2 3 4 5 6 7
9 Supervisionar as atividades da equipe 0 1 2 3 4 5 6 7
10 Controlar a qualidade do cuidado 0 1 2 3 4 5 6 7
11 Coordenar as atividades da unidade 0 1 2 3 4 5 6 7
12 Realizar o treinamento 0 1 2 3 4 5 6 7
13 Avaliar o desempenho do funcionário 0 1 2 3 4 5 6 7
14 Elaborar escala mensal de funcionários 0 1 2 3 4 5 6 7
15 Elaborar relatório mensal da unidade 0 1 2 3 4 5 6 7
16 Admitir o paciente na unidade 0 1 2 3 4 5 6 7
17 Fazer exame físico do paciente 0 1 2 3 4 5 6 7
18 Prescrever cuidados de enfermagem 0 1 2 3 4 5 6 7
19 Avaliar as condições do paciente 0 1 2 3 4 5 6 7
20 Atender as necessidades do paciente 0 1 2 3 4 5 6 7
21 Atender as necessidades dos familiares 0 1 2 3 4 5 6 7
22 Orientar o paciente para o auto cuidado 0 1 2 3 4 5 6 7
23 Orientar os familiares para cuidar do paciente
0 1 2 3 4 5 6 7
24 Supervisionar o cuidado de enfermagem prestado
0 1 2 3 4 5 6 7
25 Orientar para a alta do paciente 0 1 2 3 4 5 6 7
26 Prestar os cuidados de enfermagem 0 1 2 3 4 5 6 7
27 Atender as emergências na unidade 0 1 2 3 4 5 6 7
28 Atender aos familiares de pacientes críticos
0 1 2 3 4 5 6 7
29 Enfrentar a morte do paciente 0 1 2 3 4 5 6 7
30 Orientar familiares de paciente crítico 0 1 2 3 4 5 6 7
117
31 Realizar discussão de caso com funcionários
0 1 2 3 4 5 6 7
32 Realizar discussão de caso com equipe multiprofissional
0 1 2 3 4 5 6 7
33 Participar de reuniões do Departamento de Enfermagem
0 1 2 3 4 5 6 7
34 Participar de comissões na instituição 0 1 2 3 4 5 6 7
35 Participar de eventos científicos 0 1 2 3 4 5 6 7
36 O ambiente físico da unidade 0 1 2 3 4 5 6 7
37 Nível de barulho na unidade 0 1 2 3 4 5 6 7
38 Elaborar rotinas, normas e procedimentos 0 1 2 3 4 5 6 7
39 Atualizar rotinas, normas e procedimentos 0 1 2 3 4 5 6 7
40 Relacionamento com outras unidades 0 1 2 3 4 5 6 7
41 Relacionamento com centro cirúrgico 0 1 2 3 4 5 6 7
42 Relacionamento com centro de material 0 1 2 3 4 5 6 7
43 Relacionamento com almoxarifado 0 1 2 3 4 5 6 7
44 Relacionamento com farmácia 0 1 2 3 4 5 6 7
45 Relacionamento com manutenção 0 1 2 3 4 5 6 7
46 Relacionamento com admissão/alta de paciente
0 1 2 3 4 5 6 7
47 Definição das funções do enfermeiro 0 1 2 3 4 5 6 7
48 Realizar atividades burocráticas 0 1 2 3 4 5 6 7
49 Realizar tarefas com tempo mínimo disponível
0 1 2 3 4 5 6 7
50 Comunicação com supervisores de enfermagem
0 1 2 3 4 5 6 7
51 Comunicação com administração superior 0 1 2 3 4 5 6 7
118
ANEXO C – Escala de Resiliência (ER)
CONCORDO NEM CONCORDO
NEM DISCORDO
DISCORDO
TOTALMENTE MUITO POUCO POUCO MUITO TOTALMENTE
1. Quando eu faço planos, eu levo eles até o fim.
1 2 3 4 5 6 7
2. Eu costumo lidar com os problemas de uma forma ou de outra.
1 2 3 4 5 6 7
3. Eu sou capaz de depender de mim mais do que qualquer outra pessoa.
1 2 3 4 5 6 7
4. Manter interesse nas coisas é importante para mim.
1 2 3 4 5 6 7
5. Eu posso estar por minha conta se eu precisar.
1 2 3 4 5 6 7
6. Eu sinto orgulho de ter realizado coisas em minha vida.
1 2 3 4 5 6 7
7. Eu costumo aceitar as coisas sem muita preocupação.
1 2 3 4 5 6 7
8. Eu sou amigo de mim mesmo. 1 2 3 4 5 6 7
9. Eu sinto que posso lidar com várias coisas ao mesmo tempo.
1 2 3 4 5 6 7
10. Eu sou determinado. 1 2 3 4 5 6 7
11. Eu raramente penso sobre o objetivo das coisas.
1 2 3 4 5 6 7
12. Eu faço as coisas um dia de cada vez. 1 2 3 4 5 6 7
13. Eu posso enfrentar tempos difíceis porque já experimentei dificuldades antes.
1 2 3 4 5 6 7
14. Eu sou disciplinado. 1 2 3 4 5 6 7
15. Eu mantenho interesse nas coisas. 1 2 3 4 5 6 7
119
16. Eu normalmente posso achar motivo para rir.
1 2 3 4 5 6 7
17. Minha crença em mim mesmo me leva a atravessar tempos difíceis.
1 2 3 4 5 6 7
18. Em uma emergência, eu sou uma pessoa em quem as pessoas podem contar.
1 2 3 4 5 6 7
19. Eu posso geralmente olhar uma situação de diversas maneiras.
1 2 3 4 5 6 7
20. Ás vezes eu me obrigo a fazer coisas querendo eu não.
1 2 3 4 5 6 7
21. Minha vida tem sentido. 1 2 3 4 5 6 7
22. Eu não insisto em coisas as quais eu não posso fazer nada sobre elas.
1 2 3 4 5 6 7
23. Quando eu estou numa situação difícil, eu normalmente acho uma saída.
1 2 3 4 5 6 7
24. Eu tenho energia suficiente para fazer o que eu tenho que fazer.
1 2 3 4 5 6 7
25. Tudo bem se há pessoas que não gostam de mim.
1 2 3 4 5 6 7
Fonte: PESCE et al., 2005.
120
ANEXO D – Autorização para a realização da pesquisa
121
ANEXO E – Parecer de aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da UNICRUZ
122
123
124