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XI JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2011 – UFRPE: Recife, 18 a 22 de outubro.
DESMATAMENTO E POLUIÇÃO: COMPREENSÃO DOS
EDUCANDOS DO ENSINO PÚBLICO DE SERRA TALHADA – PE
Izabela de Sousa Pereira1, Marcela Lúcia Barbosa
1, Aristóteles Philippe Nunes Queiroz
1, Alaídes Priscila de
Mélo Martins1 e Luciana de Matos Andrade Batista-Leite
2
________________
1. Bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET Biologia UAST) do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas da Unidade Acadêmica de Serra
Talhada, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UAST/UFRPE). Fazenda saco s/n. Margem Direita da BR-232, Sertão do Alto Pajeú. Zona Rural,
Caixa Postal: 063. CEP: 56903-960. E-mail: [email protected]
2. Professora Adjunto II da Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST/UFRPE). Fazenda saco s/n. Margem Direita da BR-232, Sertão do Alto Pajeú.
Zona Rural, Caixa Postal: 063. CEP: 56903-960. E-mail: [email protected]
Introdução
Desmatamento é definido como a retirada parcial ou
total da flora de uma determinada área num intervalo
grande de tempo [1]. Este processo afeta de forma
irreparável e direta a fauna e a flora da localidade. As
principais causas do desmatamento no Brasil são: o
aumento das áreas de pastagens e agrícolas, a extração
de madeira e a ampliação no setor imobiliário [2].
Segundo a FAO (Food and Agriculture
Organization), o Brasil foi o país que teve a maior taxa
de desmatamento na década de 1990, seguido da Índia,
da Indonésia, do Sudão e da Zâmbia [3]. A Floresta
Amazônica é uma das florestas brasileiras mais
afetadas, tendo aproximadamente 18% de sua área
total desmatada [4]. Nos anos de 2000 a 2008, o
desmatamento da Floresta Amazônica causou emissão
de 220 milhões de toneladas de carbono por ano
(tC/ano) [5], causando danos seríssimos a natureza,
dentre eles: intensificação do efeito estufa, mudanças
climáticas globais e aumento do buraco na camada de
Ozônio.
De acordo com o Geama (Grupo Executivo de
Ações de Meio Ambiente) [6], a poluição caracteriza-
se pela presença de poluentes formados por resíduos
sólidos, líquidos ou gasosos em quantidade superior a
capacidade de absorção do ambiente. Estes poluentes
tornam o meio ambiente impróprio e danoso à saúde
da fauna e flora, e, consequentemente, aos humanos.
Existem três tipos de poluição que afetam gravemente
o ecossistema: a poluição do ar, da água e do solo.
Para minimizar o desmatamento e a poluição é
necessário que a população tenha conhecimento dos
problemas ambientais que essas ações causam na
natureza. Assim, há necessidade que assuntos como
estes sejam abordados nas escolas e meios de
comunicação de todo o país, de modo a conscientizar
as pessoas a respeitar e utilizar de maneira sustentável
os recursos ambientais.
Dessa forma, este trabalho objetivou avaliar a
compreensão dos educandos do ensino público de
Serra Talhada-PE sobre desmatamento e poluição,
bem como elucidar conceitos e consequências para
estimular atitudes ecologicamente corretas.
Material e Métodos
A coleta de dados foi realizada com estudantes da rede
pública estadual da Escola Manoel Pereira Lins, localizada
no bairro Alto da Conceição, município de Serra Talhada,
Estado de Pernambuco.
Os educandos amostrados cursavam o Ensino
Fundamental II (8º e 9º anos) e Médio (1º, 2º e 3º anos).
Os dados foram obtidos durante o mês de junho/2011,
através de uma atividade de extensão: “Ações em prol do
meio ambiente” realizada pelo Grupo do Programa de
Educação Tutorial (PET BIOLOGIA UAST) da Unidade
Acadêmica de Serra Talhada, Universidade Federal Rural
de Pernambuco (UAST/UFRPE). Os procedimentos metodológicos basearam-se em
aplicação de questionários individuais, com intuito de
sondar o conhecimento prévio dos estudantes com relação
ao desmatamento e a poluição. O questionário proposto foi
elaborado com oito questões (a. dados pessoais: idade,
série e sexo; b. conhecimentos específicos: conceitos e
causas - sobre desmatamento e poluição), distribuídas de
forma objetiva e discursiva, com intervalo de aplicação de
15 minutos. Em seguida, foi proferida uma palestra educativa
dialogada, com duração de 50 minutos, cujo objetivo foi
realizar uma explanação sobre as questões abordadas no
questionário. As finalidades das palestras foram despertar
a curiosidade e o interesse dos estudantes acerca do tema
abordado.
As palestras foram preparadas e apresentadas no
Programa Computacional PowerPoint, com auxílio do
recurso audiovisual (Data Show). A técnica de abordagem
seguiu uma linguagem clara e adequada ao público-alvo.
As informações obtidas nos questionários aplicados
foram registradas em um banco de dados e tabulados numa
planilha do Programa Computacional Excel Windows.
Alguns fragmentos mêmicos foram transcritos, conforme
metodologia de Batista-Leite [7].
Resultados
Foram entrevistados 135 estudantes da Escola Estadual
Manoel Pereira Lins, sendo 57,04% do Ensino
Fundamental II e 42,96% do Ensino Médio, representados
por homens (43,70%) e mulheres (56,30%), entre idades
de 12 a 21 anos. A escola objeto de estudo não apresenta
em seu projeto pedagógico ações voltadas para educação
ambiental, sendo abordados apenas de forma pontual no
decorrer de algumas disciplinas.
XI JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2011 – UFRPE: Recife, 18 a 22 de outubro.
A. Ensino Fundamental II
A amostragem do 8º ano do Ensino Fundamental II
foi de 33 alunos, com idade entre 12 e 15 anos, sendo
48,48% pertencentes ao sexo feminino e 51,52% ao
sexo masculino e no 9º ano do Ensino Fundamental II
foram entrevistados 44 alunos. Dentre eles: 63,64%
representados pelo sexo feminino e 36,36% do sexo
masculino, com idade entre 13 a 17 anos.
Os entrevistados foram questionados sobre o
conceito de desmatamento: 4,54% deles disseram que
não sabiam e 95,46% afirmaram que sabiam. Destes,
83,11% acertaram o conceito, e 16,89% não
responderam corretamente, de acordo com o seguinte
fragmento mêmico:
[...] Pessoas que fazem queimadas e corta as arvore
[...] menina, 15 anos
Em seguida, os estudantes foram questionados o que
o desmatamento causa na natureza: 40,91%
associaram as causas a processos extremados
(desastres ecológicos) e 45,46% expressaram
sentimentos abstratos (tristeza) e 13,63% não
responderam.
Posteriormente, foram indagados se compreendiam o
que era poluição: 15,91% afirmaram que não e
84,09% afirmaram que sim, Dentre estes, 60%
responderam que poluição baseava-se em jogar lixos
domésticos ou industriais em lugares indevidos (ruas
ou rios) e 40% responderam associando a poluição a
desmatamento, queimadas e derretimento das geleiras,
conforme o seguinte meme:
[...] Lixo nos rios, desmatamento e derretimento da
geleira [...] menina, 15 anos
Na sequência das questões, os entrevistados foram
incentivados a responder sobre os tipos de poluição:
45,08% acertaram, exemplificando poluição dos solos
e rios, com maior predominância, e, em casos raros a
citação de poluição do ar. Os estudantes (14,39%) não
responderam e 40,53% citaram as poluições sonoras e
visuais, de acordo com o seguinte fragmento mêmico:
[...] Poluição sonora, poluição solar, poluição visuais
[...] menino, 16 anos
B. Ensino Médio
A amostragem do 1º ano do Ensino Médio foi de 12
educandos, onde 58,33% pertenciam ao sexo feminino
e 41,67% ao sexo masculino, com idades que variavam
de 15 a 19 anos. Foram entrevistados 31 alunos do 2º
ano do Ensino Médio, apresentando idades entre 15 e
19 anos, distribuídos no sexo feminino (64,52%) e
35,48% do sexo masculino. No 3º ano (15 estudantes)
do Ensino Médio foram amostrados 46,67% do sexo
feminino e 53,33% do sexo masculino. Os educandos se
concentravam em idades de 16 a 21 anos.
Inicialmente, foi questionado se os estudantes sabiam o
que era desmatamento: 4,44% disseram que não sabiam e
95,56% que sabiam. Destes, 14,57% não acertaram e
85,43% acertaram o que era desmatamento, conforme o
seguinte meme:
[...] É a retirada de mata nativa de algum lugar [...]
menina, 15 anos
Em seguida, foram indagados com relação às
consequências do desmatamento: 63,24% associaram a
processos extremados como desastres ambientais e
mudanças climáticas, e 29,16% correlacionaram a
sentimentos abstratos (tristeza), 7,60% não responderam.
Quando indagados se sabiam o que era poluição: 15,48%
afirmaram não saber e 84,52% afirmaram que sabiam.
Destes 43,79% não acertaram e 56,21% acertaram o
conceito, de acordo com o seguinte fragmento mêmico:
[...] É você sujar rios, terra e ar. Sem consciência [...]
menina, 15 anos
Posteriormente, foi solicitado que os educandos
exemplificassem os tipos de poluição: 73,62% citaram
corretamente, exemplificando na maioria das vezes a
poluição dos rios e do ar, 6,60% não responderam e
19,78% citaram poluição luminosa, sonora, visual e da
Terra, de acordo com o seguinte meme:
[...] Poluição sonora, poluição visual, poluição luminosa
e poluição da Terra [...] menino, 15 anos
Discussão
Os estudantes do Ensino Médio responderam de forma
similar, quando comparados com os educandos do Ensino
Fundamental II, fazendo menção dos mesmos conceitos e
exemplos. Todavia, foi perceptível o grau de envolvimento
e motivação durante o preenchimento dos questionários,
entre os estudantes do Ensino Médio foi mais baixo, com
demonstrações de falta de interesse, este fato pode estar
intrínseco a ausência de abordagens desta natureza em
sala de aula, embora possam vivenciar o desmatamento e
poluição no bioma Caatinga.
Outro fator que se faz necessário destacar em ambos os
Ensinos (Fundamental II e Médio), os estudantes não
acreditam na realidade local, de forma que durante as
palestras educativas estas informações eram recebidas de
forma surpresa, com olhares, expressões e palavras de
perplexo. Diante dos resultados obtidos os mais
expressivos foi perceber que os estudantes ao final da
palestra foram conscientizados da importância do bioma
Caatinga e, que principalmente, este bioma precisava ser
conservado, uma vez que pertencia ao universo deles e se
tratava de um bioma exclusivamente brasileiro.
Através do presente estudo foi possível verificar que a
maioria dos estudantes afirmaram saber o conceito de
XI JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2011 – UFRPE: Recife, 18 a 22 de outubro.
desmatamento e de poluição, mas muitos não
conseguem descreve-los corretamente. Igualmente
acontece com relação às causas do desmatamento e os
tipos de poluição. Desse modo, têm-se uma evidência
de que esses assuntos devem ser abordados com maior
ênfase nas escolas, com implementações de disciplinas
específicas no plano de curso, ou em projetos
pedagógicos como Educação Ambiental. Ao se investir no ensino de temas atuais e
corriqueiros como desmatamento e poluição, os
estudantes passam a conhecer os problemas ambientais
que essas ações causam a natureza. E assim,
consequentemente os alunos poderão enxergar o meio
ambiente com outro olhar, bem como, ter uma conduta
diferente, entendendo que a natureza deve ser
respeitada e que seus recursos devem ser utilizados de
maneira sustentável.
Agradecimentos
Ao Programa de Educação Tutorial - MEC,
SESu/SECAD pela bolsa concedida. À direção da
Escola Manoel Pereira Lins por autorizar e
disponibilizar as salas de aulas e os estudantes para a
realização da pesquisa.
Referências
[1] KAIMOWITZ, D.; ANGELSEN, A. Economic models of
tropical deforestation: a review. CIFOR – Center for
International Forestry Research, Bogor, Indonesia, 1998.
[2] RIVERO, S.; ALMEIDA, O.; ÁVILA, S.; OLIVEIRA, W.
Pecuária e desmatamento: uma análise das principais causas
diretas do desmatamento na Amazônia. Rev. Nova Economia,
v.19, n.1, p.41-66, 2009.
[3] HOUGHTON, A. R. Tropical deforestation as a source of
greenhouse gas emissions. In: MOUTINHO, P.;
SCHWARTZMAN, S. (Ed.) Tropical deforestation and climate
change. Belém, Pará: IPAM – Instituto de Pesquisa Ambiental da
Amazônia; Washington DC – USA: Environmental Defense, 2005.
[4] MARETTI, C. Ainda acontece depois de tantos anos. Disponível
em: <http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/areas_prioritarias
/amazonia1/ameacas_riscos_amazonia/desmatamento_na_amazon
ia/>. Acessado em: 15 set. 2010
[5] MOUTINHO, P. Desmatamento na Amazônia: desafios para
reduzir as emissões de gases de efeito estufa do Brasil.
Disponível em: <http://www.fbds.org.br/IMG/pdf/doc411.pdf>.
Acessado em: 20 de agosto de 2011.
[6] GEAMA. Poluição. Rio de Janeiro: Governo do Estado do Rio de
Janeiro, 2003. 24 p. (Programa de educação ambiental, v. 1).
Disponível em: <http://www.cbmerj.rj.gov.br/documentos/
trabalhos%20e%20pesquisas/PROGRAMA_EDUCACAO_AMB
IENTAL%20%20POUICAO.pdf>. Acessado em: 15 de agosto de
2011.
[7] BATISTA-LEITE, L.M.A. 2005. Estudo etnocarcinológico dos
catadores de Cardisoma guanhumi Latreille, 1825
(CRUSTACEA, BRACHYURA, GECARCINIDAE) do
estuário do rio Goiana, Pernambuco, Brasil. 129f. Tese
(Doutorado em Ciências Biológicas – ênfase Zoologia),
Universidade Federal da Paraíba.