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DIMENSIONAMENTO MECÂNICO DE UMA EMPILHADEIRA COM MECANISMO DE NIVELAMENTO Rafael Montes do Amaral Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Prof. Armando Carlos de Pina Filho, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL SETEMBRO DE 2016

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DIMENSIONAMENTO MECÂNICO DE UMA EMPILHADEIRA COM

MECANISMO DE NIVELAMENTO

Rafael Montes do Amaral

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador:

Prof. Armando Carlos de Pina Filho, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

SETEMBRO DE 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

DEM/POLITÉCNICA/UFRJ

DIMENSIONAMENTO MECÂNICO DE UMA EMPILHADEIRA COM

MECANISMO DE NIVELAMENTO

Rafael Montes do Amaral

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE

ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO MECÂNICO.

Aprovado por:

________________________________________________

Prof. Armando Carlos de Pina Filho, D.Sc. (Orientador)

________________________________________________

Prof. Ricardo Manfredi Naveiro, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Fernando Pereira Duda, D.Sc

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

SETEMBRO DE 2016

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Amaral, Rafael Montes do

Dimensionamento mecânico de uma empilhadeira com

mecanismo de nivelamento/ Rafael Montes do Amaral - Rio

de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2016.

VIII, 87 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Armando Carlos de Pina Filho

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica /

Curso de Engenharia Mecânica, 2016.

Referências bibliográficas: p. 86-87.

1. Máquina de elevação. 2. Equipamento Hidráulico.

3. Mecanismo de nivelamento. 4. Projeto Mecânico.

I. Pina Filho, Armando Carlos de. II. Universidade Federal

do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Engenharia

Mecânica. III. Título.

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Dedico este trabalho aos

meus pais, Bárbara Montes e

Marcos Vidigal

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iii

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer imensamente aos meus pais, Bárbara Maria Padão Montes

do Amaral e Marcos Vidigal do Amaral, primeiramente pelo amor que me oferecem ao

longo de toda a minha vida, pela boa educação que me deram, o que me permitiu me

tornar uma pessoa correta, e finalmente, pelo apoio, liberdade e compreensão durante os

meus anos de Universidade.

Agradeço também a outros familiares, que de alguma forma participaram dessa

etapa da minha vida, irmãos, tios, avós, primos. Em especial aos meus irmãos, Pedro e

Luiz, que estão sempre presentes em minha vida, e com quem sei que poderei contar para

qualquer situação.

Aos meus amigos, presentes em todos os momentos, tanto nos momentos de

alegria e diversão, quanto nos momentos de dificuldade. Amigos dos tempos de Campo

Grande, da Barra da Tijuca, e outros bons amigos. Um agradecimento especial aos amigos

da faculdade, que compartilharam comigo muitas alegrias e dificuldades ao longo de

todos esses anos.

À minha namorada, Sabrina, por seu companheirismo. Por estar presente durante

grande parte da minha vida universitária. Por me apoiar em minhas decisões, por entender

meus momentos de ausência para estudo, e por estar ao meu lado nos bons momentos de

lazer.

Por fim agradeço ao professor Armando, por ter aceitado me orientar nesse

projeto, sempre se mostrando solícito e prestativo, e contribuindo com valiosos conselhos

ao trabalho.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

DIMENSIONAMENTO MECÂNICO DE UMA EMPILHADEIRA COM

MECANISMO DE NIVELAMENTO

Rafael Montes do Amaral

Setembro/2016

Orientador: Armando Carlos de Pina Filho

Curso: Engenharia Mecânica

Historicamente a movimentação de carga é uma atividade fundamental para a

sociedade e para o homem. Seja na construção civil, na indústria, nos portos, ferrovias,

na agricultura ou em centros distribuidores, é indispensável o uso de meios que permitam,

erguer e transportar os mais variados tipos de carga. São tantas as diversas necessidades

específicas, que novos equipamentos destinados a aplicações únicas são constante objeto

de estudo dos fabricantes. O presente trabalho tem por objetivo desenvolver o conceito

de um equipamento voltado para a movimentação de carga em superfícies planas e que

possa atuar sobre pequenos aclives por meio de um mecanismo que permita seu

nivelamento. Após uma análise quanto a escolha da melhor configuração para o

equipamento, baseado nos tipos de equipamentos de elevação de carga do mercado e na

aplicação do equipamento em análise, decidiu-se por desenvolver o projeto de uma

empilhadeira manual motorizada. Foi feito um estudo quanto a viabilidade técnica do

mesmo e o dimensionamento e especificação dos seus componentes, englobando o

cálculo dos esforços envolvidos e a escolha dos materiais.

Palavras-chave: Máquina de elevação, Projeto de máquinas, Empilhadeira, Mecanismo

de nivelamento.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Mechanical Engineer.

MECHANICAL DESIGN OF A STACKER WITH A LEVELLING MECHANISM

Rafael Montes do Amaral

September /2016

Advisor: Armando Carlos de Pina Filho

Course: Mechanical Engineering

Historically the load transportation is a fundamental activity for society and for

men. Whether in construction, industry, seaports, railways, in agriculture or in

distribution centers, it’s imperative the use of means to allow the lifting and transportation

of all kinds of cargo. There are so many the different specific needs, that new equipment

for unique applications are constantly manufacturers’ object of study. The present work

aims to develop the concept of an equipment focused on cargo handling over flat surfaces,

as well as over sloped surface by way of a mechanism that allows its self levelling. After

an analysis regarding the choose of the best setting for the machine, based on the types of

lifting machines existent on the market and on the application of the equipment in

question, it was decided to develop the project of a powered hand stacker. A study about

the technical feasibility of it was done, as well as the design and specification of its

components, encompassing the calculation of the efforts involved and the choice of

materials.

Keywords: Lifting machine, Machine design, Stacker, Levelling mechanism.

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Sumário

1 Introdução.................................................................................................................. 1

1.1 Motivação .......................................................................................................... 1

1.2 Objetivo e requisitos do projeto ......................................................................... 1

1.3 Movimentação de carga ..................................................................................... 2

1.4 Pontes e pórticos rolantes .................................................................................. 5

1.4.1 Pontes rolantes....................................................................................................... 5

1.4.2 Pórticos rolantes .................................................................................................... 6

1.5 Empilhadeiras .................................................................................................... 7

2 Concepção do modelo ............................................................................................. 11

2.1 Modelo 1 .......................................................................................................... 11

2.2 Modelo 2 .......................................................................................................... 13

3 Conceito do equipamento ........................................................................................ 15

3.1 Aplicações previstas ........................................................................................ 15

3.1.1 Utilização em terreno plano ................................................................................ 15

3.1.2 Utilização em terreno irregular............................................................................ 16

3.1.3 Utilização em terreno inclinado .......................................................................... 16

3.2 Análise das solicitações ................................................................................... 17

3.2.1 Movimentação longitudinal ................................................................................. 18

3.2.2 Tombamento lateral ............................................................................................. 28

4 Dimensionamento e seleção dos principais componentes ....................................... 36

4.1 Seleção do material .......................................................................................... 37

4.1.1 Aços carbono comuns e microligados ................................................................. 38

4.1.2 Aços inoxidáveis ................................................................................................. 40

4.1.3 Escolha ................................................................................................................ 42

4.2 Forquilhas ........................................................................................................ 43

4.2.1 Escolha do perfil .................................................................................................. 44

4.2.2 Análise dos esforços ............................................................................................ 46

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4.3 Torre de elevação ............................................................................................. 52

4.3.1 Escolha do perfil .................................................................................................. 52

4.4 Cilindros hidráulicos ........................................................................................ 53

4.4.1 Simples ação ........................................................................................................ 54

4.4.2 Dupla ação ........................................................................................................... 55

4.4.3 Simbologia de cilindros hidráulicos .................................................................... 55

4.4.4 Regra dos 80% .................................................................................................... 56

4.4.5 Seleção do cilindro hidráulico de levantamento .................................................. 56

4.4.6 Seleção dos cilindros hidráulicos de nivelamento ............................................... 58

4.5 Motores hidráulicos ......................................................................................... 61

4.5.1 Principais tipos .................................................................................................... 61

4.5.2 Simbologia de motores hidráulicos ..................................................................... 63

4.5.3 Motor hidráulico da roda de tração ..................................................................... 64

4.5.4 Seleção do motor hidráulico ................................................................................ 70

4.6 Corrente ........................................................................................................... 72

4.6.1 Transmissão por correntes ................................................................................... 72

4.6.2 Seleção da corrente .............................................................................................. 73

4.7 Seleção das rodas ............................................................................................. 77

4.7.1 Seleção do produto .............................................................................................. 77

4.7.2 Determinação da capacidade de carga necessária ............................................... 77

4.7.3 Seleção do material da roda................................................................................. 78

4.7.4 Escolha ................................................................................................................ 79

4.8 Pinos ................................................................................................................. 81

5 Conclusão ................................................................................................................ 84

6 Referências Bibliográficas ...................................................................................... 86

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1 Introdução

1.1 Motivação

A motivação para o desenvolvimento do presente trabalho veio a partir da observação da

falta de equipamentos no mercado destinados à movimentação de cargas em superfícies

inclinadas. Esse tipo de equipamento seria útil para eventuais necessidades de mover

cargas sobre aclives, como nos casos de socorro a animais feridos em encostas, de resgate

em situações de emergência em terrenos acidentados, na possibilidade de um maior

aproveitamento dos espaços disponíveis em armazéns, almoxarifados, depósitos,

tornando possível a estocagem de material sobre rampas de acesso, por exemplo.

1.2 Objetivo e requisitos do projeto

Dada as observações descritas na seção 1.1, o projeto tem por objetivo desenvolver um

conceito diferenciado de equipamento para elevação de carga, bem como demonstrar seu

funcionamento, dimensionamento e especificação de seus componentes.

O equipamento em estudo deverá ser capaz de atender aplicações comuns de elevação de

carga em superfícies planas, e também a modos de utilização diferenciados:

Movimentação sobre superfície irregular;

Movimentação sobre superfície levemente inclinada.

O foco do projeto será sua viabilidade técnica. O viés econômico para a fabricação e

montagem de tal equipamento será considerado, porém não em detalhes. Aspectos

referentes ao estudo da influência do comportamento do solo sob compressão não serão

abordados. Limitações de tamanho e peso serão consideradas de modo a garantir boas

condições de manobra ao deslocamento manual e certa portabilidade à máquina.

Serão formuladas as equações que regem o carregamento do equipamento sobre

superfícies planas e superfícies inclinadas. Em seguida serão atribuídos valores às

variáveis com base na configuração final definida para o equipamento, e determinados os

esforços, torques necessários e máximas inclinações permitidas para o equipamento em

análise.

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1.3 Movimentação de carga

É o nome dado a atividade que consiste no levantamento, transporte e deslocamento de

determinada carga. Pode ser feita manualmente, ou com a utilização de equipamentos e

acessórios destinados a esse tipo de atividade.

Desde o princípio das civilizações o homem se utiliza da movimentação de cargas,

originalmente para construção civil, onde as cargas a serem movimentadas são de grande

massa. No começo se utilizava de engenhosos mecanismos para facilitar a tarefa de

carregar, descarregar mercadorias, construir. Desde alavancas, sistemas de polias até

mesmo guindastes de madeira, nos quais os aspectos de segurança eram precários, e na

maioria das vezes era necessário o esforço manual de enormes quantidades de operários,

tal como mostrado na Figura 1.

Figura 1 - Construção do Obelisco do Vaticano em 1586 (https://en.wikipedia.org/wiki/Domenico_Fontana)

Foi durante a Revolução industrial que as máquinas de movimentação de carga passaram

por grandes evoluções tecnológicas, como a utilização de outros materiais como ferro

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fundido e aço na produção dos equipamentos. Com o desenvolvimento de máquinas

hidráulicas e das máquinas a vapor, substituiu-se o esforço manual como fonte de

potência nesse tipo de tarefa, permitindo um grande avanço em termos de capacidade de

levantamento e velocidade. A Figura 2 ilustra uma ponte rolante movida à vapor, do

fabricante DEMAG, em uma linha de produção no período pós revolução industrial.

Figura 2 - Exemplo de ponte rolante movida a vapor em 1875 (http://en.academic.ru/dic.nsf/enwiki/2365934)

A mecanização dessa classe de equipamentos gerou um enorme aumento da

produtividade nas indústrias, construção civil, nos portos, escavações em minas, centros

distribuidores, comércio.

Atualmente, as máquinas de elevação e transporte devem atender a diversas normas de

segurança, operação, projeto, fabricação, ergonomia, de modo a mitigar os riscos

inerentes envolvidos no processo de transferência de carga.

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Existe uma enorme variedade de equipamentos destinados a operações de movimentação

de carga. Rudenko (RUDENKO, 1976) classifica as máquinas de levantamento em três

grandes categorias, conforme mostrado na Figura 3.

Figura 3 - Principais tipos de máquinas de elevação

Os equipamentos, segundo Brasil (BRASIL, 1988) podem ser descritos da seguinte

maneira:

Macacos – Destinam-se a elevação de cargas pequena altura, com ou sem

deslocamento horizontal, a pequena distância;

Talhas – São máquinas constituídas essencialmente por um redutor de velocidade

ligado a um tambor e polias de acionamento e suspensão de carga;

Dispositivos especiais – Tem a mesma finalidade das talhas usando, porém, sistemas

patenteados de multiplicadores de força;

Máquinas de elevação e transporte

Máquinas de elevação

• Macacos

• Talhas

• Talhas manuais portáteis

• Carrinhos manuais de talhas

• Talhas elétricas portáteis

• Monovias elétricas

• Teleférico monotrilho

• Guinchos

• Carrinhos de guindaste

Guindastes

• Guindaste giratório estacionário

• Guindastes móveis sobre trilhos

• Guindastes sem trilho

• Guindastes de locomotiva e de esteira

• Guindastes tipo ponte

• Guindastes flutuantes

• Guindastes de cabos

Elevadores

• Talhas pneumáticas

• Funiculares

• Empilhadeiras

• Elevadores verticais

• Elevadores tipo mastro

• Elevadores de cabine

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Guinchos – Compostos essencialmente de tambor com cabo, freio, redutor, motor,

chassi, destinam-se a elevação ou ao arraste de carga a grande altura ou distancia;

Monovias – São talhas dotadas de um sistema de translação sobre a aba inferior de

viga “I”, motorizadas ou manuais;

Pontes rolantes – Possuem uma estrutura horizontal em ponte que permite o

movimento transversal de um guincho;

Pórticos rolantes – Diferem das pontes por possuírem estrutura própria e autonomia

para sua translação;

Guindastes – Classifica-se como guindaste qualquer máquina de levantamento

dotada de lança. Também nessas máquinas a peça básica é o guincho.

Empilhadeiras – São equipamentos específicos para manuseio de cargas em pátios

de estocagem ou almoxarifados. Eles têm capacidade variando de 0,6 t a 6,0 t nas

linhas normais de fabricação.

Esse trabalho buscou estudar alternativas para o desenvolvimento de um conceito

diferenciado de equipamento, buscando uma configuração adequada dentro de duas das

principais categorias de equipamentos de elevação: Pontes e pórticos rolantes e

Empilhadeiras.

1.4 Pontes e pórticos rolantes

Pontes e pórticos rolantes são equipamentos capazes de erguer e movimentar cargas.

Podem atender a uma grande variedade de aplicações, podendo chegar a erguer milhares

de toneladas.

1.4.1 Pontes rolantes

Equipamentos de elevação e transporte de cargas. Geralmente tem propulsão própria.

Podem ser constituídos por uma viga ou duas vigas, que circulam ao longo de um caminho

de rolamento. O dispositivo de elevação de carga pode ser uma talha com guincho, no

caso de pontes monoviga, ou um carro guincho, no caso de pontes biviga.

Seus principais tipos de configuração são: Monoviga (Figura 4) e Biviga (Figura 5).

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Figura 4 - Ponte rolante Monoviga (http://www.demagcranes.pt/cms/site/pt/lang/pt/page114461.html#)

Figura 5 - Ponte rolante Biviga (http://www.demagcranes.pt/cms/site/pt/lang/pt/page114461.html#)

1.4.2 Pórticos rolantes

Pórticos rolantes são similares as pontes rolantes, porém apresentam a diferença de ter

uma estrutura própria que sustenta a viga principal. Assim como as pontes rolantes,

podem ter uma ou duas vigas, e apresentam a liberdade de poderem movimentar-se sobre

trilhos ou não e ainda com a possibilidade de fazer curvas, no caso de pórticos rolantes

sobre rodas.

Seus principais tipos de configuração são: Monoviga (Figura 6), Biviga (Figura 7),

cavalete móvel (Figura 8) e Semi-pórtico (Figura 9).

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1.5 Empilhadeiras

Define-se empilhadeira como um veículo auto propelido ou manual, com pelo menos três

rodas, projetado para realizar movimentação de cargas.

Empilhadeira são equipamentos versáteis, que auxiliam a movimentação de carga de

maneira ágil e eficaz, principalmente utilizadas para levantar, transportar e posicionar

cargas paletizadas. As empilhadeiras são equipamentos muito utilizados para transportes

Figura 6 – Pórtico rolante monoviga sobre rodas

(https://www.logismarket.pt/gh/projectos-

especiais/1999602185-1228749840-p.html)

Figura 7 - Pórtico rolante biviga sobre trilhos

(https://www.logismarket.pt/tecponte/portico-

rolante/2015147337-1228749840-p.html)

Figura 9 - Semi-pórtico monoviga

(http://www.brevil.ind.br/produto-

detalhe/6/semiportico-monoviga)

Figura 8 - Pórtico cavalete móvel

(http://www.demagcranes.pt/cms/site/pt/lang/pt/page1

14797.html)

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interno. Destinam-se tanto à movimentação vertical, como horizontal de materiais de

praticamente todos os tipos.

São aplicáveis nas mais variadas situações: Em linhas de produção (alimentação de

maquinas, movimentação de produtos de processo, produtos acabados ou matéria prima)

e na armazenagem, (carga e descarga, colocação em estoque seleção de itens para

expedição). Sendo utilizadas na movimentação de paletes, bobinas, fardos, sacaria, tubos

ou toras, tambores, peças volumosas, materiais quentes ou corrosivos, caçambas,

contêineres, contentores. (TOMÁZ, 2010)

Podem inclusive ser montadas com diversos tipos de implementos para diferentes

serviços (Figura 10).

Figura 10 - Diversos tipos de implementos para empilhadeiras (http://www.goodsenseforklift.com/en)

De uma maneira geral possuem menor robustez e menor capacidade de carga se

comparadas a guindastes e pontes rolantes, porém dado sua grande versatilidade, muitas

vezes podem substituir esses equipamentos.

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Existe uma enorme gama de capacidades possíveis dependendo do tamanho e tipo da

empilhadeira, podendo chegar a capacidades de mais de 50 toneladas, nas empilhadeiras

para serviços ultra pesados.

Os principais tipos de empilhadeira são diferenciados por sua configuração e aplicação,

e também pelo modo de propulsão, podendo ser motor de combustão (gás liquefeito,

gasolina ou diesel), motor elétrico, motor hidráulico ou mesmo manual.

Basicamente, os principais tipos de empilhadeira são:

Empilhadeira motorizada:

O tipo mais difundido, por sua versatilidade, capacidade de carga, e fácil manuseio. Trata-

se de um veículo auto propelido dotado de uma torre de elevação com as forquilhas para

o levantamento e transporte de carga. Possuem um contrapeso que garante que o

equipamento não tombe quando carregado. Podem ser elétricas, com energia proveniente

de baterias, o que as torna mais silenciosas e menos poluentes, ideal para serviços em

ambiente fechado. Ou movidas por motor de combustão, que normalmente tem maiores

capacidades de carga, mas apresentam a desvantagem de serem mais barulhentas e

emitirem gases tóxicos.

Figura 11 - Empilhadeira a diesel contrabalançada (http://www.equipmentondemand.com/product/10000-lb-

pneumatic-tire-forklifts/)

Empilhadeira manual:

Uma alternativa a empilhadeiras contrabalançadas. Geralmente é mais leve e mais

compacta, requer menos manutenção e seu manuseio é ainda mais simples. Existem

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modelos totalmente não motorizados, onde tanto a manobra e tração do equipamento,

quanto o acionamento do mecanismo de levantamento são feitos manualmente pelo

operador. Outros modelos apresentam uma unidade de potência, hidráulica ou

elétrica, que auxilia o manuseio da empilhadeira pelo operador, e permite um ganho

em termos de capacidade de carga e/ou velocidade de deslocamento. A Figura 12,

mostra modelos de empilhadeiras, totalmente manual e com unidade de potência

elétrica.

Figura 12 - Empilhadeira manual e empilhadeira semielétrica (http://www.paletrans.com.br/pt-br/produtos)

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2 Concepção do modelo

Para o desenvolvimento do equipamento, foram avaliados alguns modelos de

configurações possíveis, visando atender a proposta de aplicação em terrenos planos e

terrenos com pequenas inclinações. A escolha do modelo final foi feita pesando as

vantagens e desvantagens de cada modelo.

2.1 Modelo 1

O modelo 1 (Figura 13) é um Pórtico cavalete móvel adaptado para trabalhos em terrenos

inclinados.

Contém uma viga principal, por onde corre um trole com uma talha manual, ao qual a

carga é fixada e movimentada ao longo da viga principal. A coluna lateral que suporta a

viga principal está pinada à base do pórtico, e pode girar em torno dessa fixação através

do avanço do pistão dos cilindros hidráulicos que estão ligados às colunas laterais e às

bases.

Viga

Principal

Colunas

laterais

Cilindros

hidráulico

s

Rodas

Base

Figura 13 - Modelo 1: Pórtico cavalete móvel

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Quando utilizado em uma superfície plana, a operação de movimentação de carga se dá

de forma similar a um pórtico móvel convencional, com a carga suportada pela viga e

pelos cilindros hidráulicos.

Quando há a necessidade de um trabalho em aclive, os cilindros avançam até que a coluna

se encontre na vertical, e a viga principal paralela ao plano horizontal (Figura 14).

Figura 14 - Configuração convencional versus configuração alterada

É necessário que não haja deslizamento entra a roda do pórtico e a superfície do terreno

inclinado, o atendimento dessa condição depende do coeficiente de atrito entre a

superfície do pneu e do terreno, e do ângulo de inclinação do terreno.

A configuração convencional da Figura 14 ilustra como seria a utilização de um pórtico

convencional sobre um plano inclinado, havendo o risco de tombamento do equipamento,

em torno do ponto A. O não tombamento irá depender de inúmeras variáveis, como: as

dimensões do pórtico, a magnitude da carga içada, o peso próprio do pórtico e o ângulo

de inclinação do terreno.

A configuração alterada, obtida com o avanço dos cilindros hidráulicos, garante que,

idealmente, mesmo carregado, o pórtico não gire em torno do ponto A, ficando necessário

apenas garantir no projeto que não irá ocorrer deslizamento entre a roda e o terreno.

Contudo, esse modelo apresenta desvantagens. Como o fato de necessitar de grandes

cilindros hidráulicos, que são pesados e de alto custo, também não é facilmente operável

e nem apresenta uma boa portabilidade. Além disso, tem sua condição de estabilidade

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facilmente prejudicada, pois, como o levantamento é feito por cabos (ou corrente),

pequenos deslocamentos da carga podem ocasionar o tombamento do pórtico.

2.2 Modelo 2

O modelo 2 (Figura 15) é uma empilhadeira motorizada.

Figura 15 - Modelo 2: Empilhadeira hidráulica motorizada

O modelo 2 é uma empilhadeira hidráulica motorizada.

O funcionamento da empilhadeira é similar ao de empilhadeiras convencionais “All

terrain”, com rodas adequadas para a utilização em terrenos irregulares. Porém, além dos

rodízios, a empilhadeira conta com um par de cilindros hidráulicos laterais responsáveis

pelo nivelamento da torre de elevação. Os cilindros estão ligados por pinos à torre de

elevação e aos braços de apoio, o que permite a rotação da torre em relação aos braços.

Esse sistema permite, tanto a utilização em terreno tanto plano, quanto inclinado.

Torre de

elevação

Roldana

Corrente

de rolos

Cilindro de

levantamento

Rodas de

carga (2x)

Cilindros de

nivelamento

(2x)

Motor

hidráulico

Roda de

tração

Unidade

de

potência

Alavanca

de

comando

Conjunto das

forquilhas

Braços de apoio

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14

Para a utilização em superfícies inclinadas, um dos cilindros irá apresentar um avanço

maior que o do outro de modo a manter a carga erguida sempre na direção vertical (Figura

16).

Figura 16 – Vista frontal do nivelamento da carga sobre terreno inclinado

O equipamento conta com uma unidade de potência hidráulica, responsável por acionar:

O motor hidráulico ligado à roda de tração que irá auxiliar o deslocamento e manobra

do equipamento;

Os cilindros de nivelamento, responsáveis por garantir o nivelamento do

equipamento, tanto em operação em declive quanto em operação em superfície plana.

O cilindro de levantamento, responsável por erguer o garfo da empilhadeira junto a

carga.

O modelo 2 apresenta vantagens de tamanho, facilidade de utilização e maior estabilidade

se comparado ao modelo 1. Por essas razões, o modelo 2 foi o escolhido para esse projeto.

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15

3 Conceito do equipamento

O modelo de equipamento escolhido soma as aplicações de uma empilhadeira

convencional, ou seja, que opera sobre superfícies lisas e planas, a outras aplicações

específicas: a possibilidade de ser usada sobre terrenos irregulares e a capacidade de içar

cargas sobre pequenos aclives.

O conceito para o equipamento envolve um circuito hidráulico, com uma unidade de

potência responsável por acionar os atuadores lineares e rotativos. Um motor hidráulico

é responsável por fornecer torque a roda de tração auxiliando o deslocamento do

equipamento. O cilindro de levantamento suspende a corrente, que por consequência,

ergue o conjunto das forquilhas causando o levantamento da carga.

Quando for necessário utilizar o equipamento em uma superfície inclinada, dois outros

atuadores lineares laterais são responsáveis por nivelar a torre de elevação com a carga,

de modo a evitar um possível tombamento do equipamento. Tal mecanismo foi inspirado

na patente US4869054 (HOSTETLER, DAVID L e HOWARD 0. HERSHBERGER,

1989).

A escolha adequada das rodas irá garantir que o equipamento possa operar sobre terrenos

com superfícies acidentadas e irregulares e terrenos inclinados.

3.1 Aplicações previstas

3.1.1 Utilização em terreno plano

Aplicação convencional de empilhadeiras manuais e motorizadas. O equipamento pode

ser deslocado manualmente com pouco esforço em pavimentos planos e lisos, em

qualquer direção, e ser facilmente manobrado. Sendo aplicados para serviços de carga e

descarga, assim como para trabalhos de montagem e manutenção. Geralmente utilizados

para trabalhos em chão de fábrica, depósitos, armazéns, oficinas, conforme exemplifica a

Figura 17.

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16

Figura 17 - Empilhadeira manual (http://www.saur.com.br/pt/industrial/equipamentos-para-movimentacao-

manual/m-empilhadeira-manual)

3.1.2 Utilização em terreno irregular

Um tipo de operação específica que requer rodízios (ou rodas) adequados para a

movimentação. Alguns tipos de empilhadeiras manuais no mercado são capazes de

atender a essa aplicação. A operação se dá sobre superfície plana, tanto lisa, quanto

irregular, como pavimento mal-acabado, grama, terra batida, entre outras. Geralmente o

equipamento conta com um motor hidráulico ou elétrico para facilitar a movimentação,

como é o caso do equipamento da Figura 18.

Figura 18 - Empilhadeira do tipo "All terrain" (http://www.conhersa.com/elevadores-electricos)

3.1.3 Utilização em terreno inclinado

Esse tipo de aplicação introduz o conceito motivador para o desenvolvimento desse

equipamento. Permitindo a utilização da empilhadeira manual para diversos trabalhos em

aclives, o que nenhuma outra, dessa categoria no mercado, se propõe a atender.

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17

Figura 19 - Conceito de empilhadeira com mecanismo de nivelamento

O ângulo máximo para utilização sobre superfícies inclinadas depende dos coeficientes

de atrito estático e de rolamento entre a superfície das rodas e do terreno e das dimensões

do equipamento. Dessa maneira, alguns tipos de terreno (Tabela 1) serão considerados

para operação do equipamento, e o ângulo limite para operação será estabelecido com

base no tipo de terreno mais crítico.

Tabela 1 - Valores para coeficiente de atrito entre pneus de borracha e outras superfícies (EATON, 1998)

Valores aproximados - coeficiente de atrito

Superfícies em contato Estático - μs de Rolamento – μr

Pneu de borracha

Asfalto 0,8 0,012

Concreto 0,8 0,01

Macadame 0,7 0,015

Terra firme 0,5 0,025

Grama 0,4 0,045

3.2 Análise das solicitações

Para que o equipamento possa atuar de forma segura em todas as suas aplicações, deve-

se analisar as solicitações em cada caso. Deve-se garantir, que o equipamento não irá

deslizar plano abaixo quando necessitar se movimentar ou estacionar sobre um aclive.

Também é necessário certificar-se de que o equipamento não irá tombar lateralmente

quando executar a tarefa de levantamento.

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18

Essa seção se presta a analisar genericamente as condições de equilíbrio nos casos da

aplicação do equipamento, de modo a obter equações que permitam calcular os esforços

atuantes no equipamento, bem como o máximo ângulo de inclinação possível para cada

tipo de terreno.

3.2.1 Movimentação longitudinal

O conceito da empilhadeira prevê sua utilização sobre pequenos aclives de maneira

segura, assim como outras empilhadeiras existentes, a movimentação sobre superfícies

inclinadas segue uma recomendação específica, conforme ilustra a figura 20.

Nesse caso, as empilhadeiras se movem com os garfos na posição inferior, carregadas ou

não.

Figura 20 - Recomendação para movimentação de empilhadeiras sobre plano inclinado

(https://www.osha.gov/SLTC/etools/pit/workplacehazards/ramps.html)

Portanto, serão avaliadas as condições de equilíbrio das principais situações as quais a

empilhadeira está sujeita durante sua a movimentação longitudinal sobre plano inclinado.

São elas, a empilhadeira em movimento, ou parada no plano. A formulação desenvolvida

é uma adaptação da sequência demonstrada para veículos automóveis (NICOLAZZI,

MACHADO e ROSA, 2012).

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19

3.2.1.1 Determinação da posição do Centro de gravidade (CG)

Figura 21 - Diagrama de corpo livre (DCL) da empilhadeira em superfície plana;

Para encontrar a distância longitudinal do CG, faz-se primeiramente o diagrama de corpo

livre da empilhadeira sobre uma superfície plana (Figura 21). Supondo que RDI e RDII

sejam e as reações normais no eixo dianteiro e RT no eixo traseiro, e P o peso total do

veículo. Analisando no plano yz (Figura 22), o equilíbrio de forças na direção vertical,

tem-se que:

Figura 22 - DCL no plano longitudinal (yz)

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Do balanço das forças verticais:

∑ 𝐹𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙 = 0:

𝑃 = 𝑅𝐷 + 𝑅𝑇

Onde,

𝑅𝐷 = 𝑅𝐷𝐼 + 𝑅𝐷𝐼𝐼

Definindo uma variável x, tal que:

𝑥 = 𝑅𝑇

𝑃

Para obter a posição do CG:

∑ 𝑀𝐷 = 0:

𝑃 𝑎1 = 𝑅𝑇 𝑙

𝑎1 =𝑅𝑇 𝑙

𝑃

Ou ainda,

𝑎1 = 𝑥 𝑙

De forma similar, para o eixo traseiro:

∑ 𝑀𝑇 = 0:

𝑃 𝑎2 = 𝑅𝐷 𝑙

Ou ainda,

𝑎2 = (1 − 𝑥) 𝑙

Onde

𝑙 → Distância entre eixos

𝑎1 → Distância do CG ao eixo dianteiro

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𝑎2 → Distância do CG ao eixo traseiro

𝑅𝐷 → Reação resultante no eixo dianteiro medida no plano horizontal

𝑅𝑇 → Reação no eixo traseiro medida no plano horizontal

Para o cálculo da altura h do centro de gravidade em relação ao solo, fez-se uma análise

do carregamento da empilhadeira em plano com inclinação θ em relação a horizontal,

como mostrado na figura 23.

Figura 23 - DCL da empilhadeira parada em um aclive com inclinação θ

Novamente, analisando o plano yz com foco nas forças verticais:

Figura 24 - Esquema para cálculo da posição vertical do CG

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22

Do equilíbrio dos momentos em torno do ponto S, obtém-se:

∑ 𝑀𝑆 = 0:

𝑅′𝐼 (𝑐 + 𝑑) − 𝑃 𝑐 = 0

Do triângulo ABS, tem- se as seguintes relações:

(𝑐 + 𝑑) = (𝑙 + 𝑦) 𝑐𝑜𝑠𝜃

𝑐 = 𝑎2 𝑐𝑜𝑠𝜃 − (ℎ − 𝑟𝑐) 𝑠𝑒𝑛𝜃

𝑦 = (𝑟𝑇−𝑟𝑐) ∙ 𝑡𝑔𝜃

Reescrevendo a equação de equilíbrio de momentos:

𝑅′𝐼 (𝑙 + 𝑦) 𝑐𝑜𝑠𝜃 − 𝑃 𝑐 = 0

Ou ainda,

𝑅′𝐼 (𝑙 + 𝑦) = 𝑃 [𝑎2 − (ℎ − 𝑟𝑐) 𝑡𝑔𝜃]

Rearranjando a equação,

(ℎ − 𝑟𝑐) 𝑡𝑔𝜃 =𝑃 𝑎2 − 𝑅′

𝐼 (𝑙 + 𝑦)

𝑃

Definindo uma nova variável x’, tal que:

𝑥′ = 𝑅′𝐼𝐼

𝑃

1 − 𝑥′ = 𝑅′𝐼

𝑃

Rearranjando a equação com as definições de a2 e R’I, encontra-se a posição vertical do

CG:

ℎ = 𝑅𝐷 𝑙 − 𝑅′

𝐼 (𝑙 + 𝑦)

𝑃 𝑡𝑔𝜃+ 𝑟𝑐

𝑅′𝐼 → Componente vertical da reação na roda dianteira medida no plano inclinado

𝑅′𝐼𝐼 → Componente vertical da reação na roda traseira medida no plano inclinado

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𝑟𝑐 → Raio da roda de carga

𝑟𝑇 → Raio da roda de tração

𝜃 → Ângulo de inclinação com relação a horizontal

3.2.1.2 Empilhadeira parada em aclive

Figura 25 – DCL da empilhadeira parada sobre aclive

Equilíbrio de forças e momentos:

∑ 𝑀𝑇 = 0:

𝑅𝐼 𝑙 = 𝑃 𝑐𝑜𝑠𝜃 𝑎2 − 𝑃 𝑠𝑒𝑛𝜃 ℎ

Sabendo que,

𝑎2 =𝑅𝐷 𝑙

𝑃

Substituindo, tem-se:

𝑅𝐼 = 𝑅𝐷 𝑐𝑜𝑠𝜃 −𝑃 ℎ 𝑠𝑒𝑛𝜃

𝑙

∑ 𝑀𝐷 = 0:

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24

𝑅𝐼𝐼 𝑙 = 𝑃 𝑐𝑜𝑠𝜃 𝑎1 + 𝑃 𝑠𝑒𝑛𝜃 ℎ

Sabe-se que,

𝑎1 =𝑅𝑇 𝑙

𝑃

Substituindo, tem-se:

𝑅𝐼𝐼 = 𝑅𝑇 𝑐𝑜𝑠𝜃 +𝑃 ℎ 𝑠𝑒𝑛𝜃

𝑙

Determinação do máximo aclive

Para o caso da empilhadeira estacionada em um plano inclinado com freio na roda

traseira:

Para que não haja deslizamento, a componente da força peso na direção do aclive, não

deve superar a força de atrito estática.

Do equilíbrio de forças na direção x, tem-se que:

𝑃 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 𝜇𝑒 𝑅𝐼𝐼

Substituindo RII e rearranjando:

𝜃𝑚á𝑥 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 [𝜇𝑒

𝑎1

𝑙

1 − 𝜇𝑒 (ℎ𝑙

)] (1)

O tombamento longitudinal ocorre quando RI se iguala a zero, assim, o máximo ângulo

para que não ocorra o tombamento longitudinal é:

𝜃𝑚á𝑥 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 [𝑎2

ℎ ] (2)

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25

3.2.1.3 Empilhadeira em movimento

Com o movimento do veículo surgem outras forças, além do peso. São elas: a força de

atrito de rolamento na superfície de contato pneu-pista, a resistência aerodinâmica, que

atua no centro de pressão do veículo, e a resistência de inércia, que atua no centro de

gravidade. Dado que as velocidades previstas são baixas e aproximadamente constantes,

e de modo a simplificar os cálculos, serão consideradas nulas as resistências

aerodinâmicas e de inércia, restando apenas a resistência ao aclive – que depende do peso

– e a resistência de rolamento. Além disso, é considerado que a tração é traseira.

Figura 26 - DCL da empilhadeira subindo um aclive

Equilíbrio de forças e momentos:

Do equilíbrio de forças na direção do movimento do equipamento (direção x), como o

mostrado na figura 26, tem-se:

𝐹𝑀 = 𝑄𝑟 + 𝑄𝑆

Sendo:

FM → Força motriz no eixo traseiro

𝑄𝑟 = 𝑄𝑟𝐷 + 𝑄𝑟𝑇 → Resistência de rolamento

Q𝑟𝐷 , Q𝑟𝑇 → Resistência ao rolamento dos eixos dianteiro e traseiro.

𝑄𝑆 = Psenθ → Resistência ao aclive

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Assim sendo,

∑ 𝑀𝑇 = 0:

𝑅𝐼 𝑙 = 𝑃 𝑐𝑜𝑠𝜃 𝑎2 − 𝑄𝑠 ℎ

Substituindo QS e a2, tem-se:

𝑅𝐼 = (1 − 𝑥) 𝑃 𝑐𝑜𝑠𝜃 − (𝐹𝑀 − 𝑄𝑟) ℎ

𝑙

Analogamente para o eixo dianteiro:

∑ 𝑀𝐷 = 0:

𝑅𝐼𝐼 𝑙 = 𝑃 𝑐𝑜𝑠𝜃 𝑎1 + 𝑄𝑆 ℎ

Substituindo QS e a2, tem-se:

𝑅𝐼𝐼 = 𝑥 𝑃 𝑐𝑜𝑠𝜃 + (𝐹𝑀 − 𝑄𝑟) ℎ

𝑙

Determinação da máxima força motriz

Para o caso do veículo com tração traseira:

𝐹𝑀𝑚á𝑥 = 𝜇𝑒 𝑅𝐼𝐼

𝐹𝑀𝑚á𝑥 = 𝜇𝑒 [𝑥 𝑃 𝑐𝑜𝑠𝜃 + (𝐹𝑀

𝑚á𝑥 − 𝜇𝑟 𝑃 𝑐𝑜𝑠𝜃) ℎ

𝑙]

𝐹𝑀𝑚á𝑥 = 𝜇𝑒 𝑃 𝑐𝑜𝑠𝜃 [

𝑥 − 𝜇𝑟 (ℎ𝑙

)

1 − 𝜇𝑒 (ℎ𝑙

)] (3)

A resistência de rolamento foi tomada como sendo:

𝑄𝑟 = 𝜇𝑟 𝑃 𝑐𝑜𝑠𝜃

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Onde,

μe → Coeficiente de atrito estático

μr → Coeficiente de atrito de rolamento

Determinação do máximo aclive

Para o caso da empilhadeira em movimento em um plano inclinado com tração traseira

(Figura 26).

Do equilíbrio de forças na direção x, tem-se que:

𝐹𝑀 = 𝑄𝑟 + 𝑄𝑆

Substituindo Qr e QS:

𝐹𝑀 = 𝑃(𝑠𝑒𝑛𝜃 + 𝜇𝑟𝑐𝑜𝑠𝜃)

Igualando essa força com a força motriz máxima, 𝐹𝑀𝑚á𝑥, obtém-se o ângulo de inclinação

máximo para que não haja deslizamento do equipamento durante o movimento.

𝜃𝑚á𝑥 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 {𝜇𝑒 [𝑥 − 𝜇𝑟 (

ℎ𝑙

)

1 − 𝜇𝑒 (ℎ𝑙

)] − 𝜇𝑟} (4)

Para que não haja tombamento da empilhadeira em movimento, RI deve ser maior do que

zero, no limite:

𝜃𝑚á𝑥 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 (𝑎2

ℎ) (5)

A partir das equações literais obtidas, é possível calcular os esforços resultantes nos eixos

das rodas, o ângulo limite para operação da empilhadeira, e a máxima força trativa

permitida para qualquer tipo de veículo com tração traseira movimentando-se sobre

superfície inclinada.

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28

Nesse projeto serão estabelecidos os ângulos limites de operação para variados tipos de

terreno, e o torque requerido para propelir o equipamento, sempre respeitando a premissa

de que o equipamento não deverá tombar nem deslizar qualquer que seja a situação.

3.2.2 Tombamento lateral

Quando atuando em um plano inclinado, uma empilhadeira convencional está sujeita a

tombar lateralmente plano abaixo, conforme ilustrado na figura 16. Para a empilhadeira

em análise, um mecanismo de nivelamento garante que a empilhadeira não corra risco de

tombar, mesmo sobre um aclive.

A solução encontrada foi inspirada na Patente US4869054 (HOSTETLER, DAVID L e

HOWARD 0. HERSHBERGER, 1989), que conceitua um tipo de mecanismo para uma

máquina que realiza o roçamento de vegetações. Esse equipamento possui lâminas que

estão sempre paralelas ao terreno e que, ao girarem, fazem o corte da vegetação rente ao

solo. Para que as lâminas consigam sempre realizar o roçamento, independente da

inclinação do terreno, o equipamento é dotado de um mecanismo que permite responder,

através da atuação de cilindros hidráulicos, a alterações no terreno, mantendo sempre a

sua estrutura principal orientada verticalmente, o que evita um possível tombamento da

máquina. Esse mecanismo permite ao veículo roçar terrenos em diversas inclinações,

conforme observa-se na Figura 27.

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29

Figura 27 - Estado da arte da patente com suas aplicações

Esse tipo de tecnologia se provou viável e inclusive a companhia detentora da patente, e

outras concorrentes, comercializam máquinas roçadeiras com esse conceito de

nivelamento, como pode ser visto na Figura 28.

Figura 28 - Máquina roçadeira ATM 162HD em operação em terreno inclinado

(http://www.harperturfequipment.com/media/resources/turf/slope-mowers/Mower_20151231.pdf)

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30

Existe ainda, no mercado diversos equipamentos com mecanismos similares que

aumentam a produtividade dos equipamentos ao possibilitar que eles operem sobre

superfícies inclinadas. Outro exemplo de aplicação é o sistema de nivelamento utilizado

em colhedeiras, conforme mostra a figura 29.

Figura 29 - Sistema de nivelamento da Hillco Technologies empregado em uma colhedeira John Deere

(https://www.hillcotechnologies.com/john-deere-leveling-systems.html)

Serão analisadas as condições de equilíbrio da empilhadeira para a ocasião do

levantamento de carga em plano inclinado, em comparação com o caso de uma

empilhadeira convencional.

A figura 30 representa o diagrama de corpo livre de uma empilhadeira convencional

carregada em um plano com inclinação θ.

Figura 30 - Empilhadeira na configuração convencional sobre plano inclinado

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31

Do equilíbrio dos momentos no plano yz:

Figura 31 - DCL no plano yz

∑ 𝑀𝑥𝐴 = 0:

𝑅𝑇 = 𝑃 𝑐𝑜𝑠𝜃 𝑎1

𝑙

∑ 𝑀𝑥𝑇 = 0:

𝑅𝐷 = 𝑃 𝑐𝑜𝑠𝜃 𝑎2

𝑙

Do equilíbrio de forças e momentos no plano xy:

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32

Figura 32 - DCL no plano xy

∑ 𝐹𝑦 = 0:

𝑅𝐷𝐼 + 𝑅𝐷𝐼𝐼 + 𝑅𝑇 = 𝑃 cos 𝜃

Onde,

𝑅𝐷𝐼 + 𝑅𝐷𝐼𝐼 = 𝑅𝐷

∑ 𝑀𝑧𝐴 = 0:

𝑅𝐷𝐼 𝑘 + 𝑅𝑇 𝑘

2+ 𝑃 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 𝑃 cos 𝜃

𝑘

2

Substituindo RT e rearranjando a equação, obtém-se que:

𝑅𝐷𝐼 = 𝑃 [cos 𝜃 (𝑙 − 2 𝑎1

2 𝑙) − 𝑠𝑒𝑛 𝜃

𝑘]

O tombamento em torno do ponto A ocorre quando RDI se iguala a zero. O ângulo θ limite

para que não haja tombamento é dado por:

A

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33

𝜃𝑚á𝑥 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 [

𝑘 (𝑙 − 2 𝑎1)

2 ℎ 𝑙 ] (6)

Dessa maneira, para esse tipo de configuração, o máximo ângulo de inclinação sob o qual

o equipamento poderia operar, depende diretamente das suas dimensões principais. Com

o mecanismo de nivelamento, essa dependência pode ser contornada, permitindo ao

equipamento operar sobre maiores aclives.

A figura 33 ilustra novamente a empilhadeira sobre um plano inclinado, porém dessa vez

sob sua configuração alterada, com o mecanismo de nivelamento atuando.

Figura 33 - Empilhadeira na configuração alterada sobre plano inclinado

Do equilíbrio dos momentos no plano yz:

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34

∑ 𝑀𝑥𝐴 = 0:

𝑅𝑇 = 𝑃 𝑐𝑜𝑠𝜃 𝑎1

𝑙

∑ 𝑀𝑥𝑇 = 0:

𝑅𝐷 = 𝑃 𝑐𝑜𝑠𝜃 𝑎2

𝑙

Do equilíbrio de forças e momentos no plano xy:

Figura 34 - DCL no plano xy

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∑ 𝐹𝑦 = 0:

𝑅𝐷𝐼 + 𝑅𝐷𝐼𝐼 + 𝑅𝑇 = 𝑃 cos 𝜃

Onde,

𝑅𝐷𝐼 + 𝑅𝐷𝐼𝐼 = 𝑅𝐷

∑ 𝐹𝑦 = 0:

𝜇𝑒 (𝑅𝐷𝐼 + 𝑅𝐷𝐼𝐼 + 𝑅𝑇) = 𝑃 sen 𝜃

Substituindo-se, encontra-se o máximo ângulo abaixo do qual não há deslizamento das

rodas sobre a superfície do terreno.

𝜃𝑚á𝑥 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 (𝜇𝑒) (7)

∑ 𝑀𝑧𝐴 = 0:

𝑅𝐷𝐼 𝑘 + 𝑅𝑇 𝑘

2+ 𝑃 𝑠𝑒𝑛𝜃 ℎ cos 𝜃 = 𝑃 cos 𝜃 (

𝑘

2+ ℎ 𝑠𝑒𝑛 𝜃)

Substituindo RT e rearranjando a equação, obtém-se que:

𝑅𝐷𝐼 = 𝑃 cos 𝜃 (1

2−

𝑎1

2 𝑙 )

Nota-se que o tombamento não mais é influenciado pelo ângulo de inclinação θ. Assim

sendo, o ângulo limitante será aquele que faz com que ocorra um deslizamento das rodas

sobre a superfície.

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4 Dimensionamento e seleção dos principais componentes

Para esse trabalho, por se tratar de um produto conceitual, que à princípio está destinado

às mesmas aplicações de empilhadeiras convencionais, com o diferencial de poder atuar

em plano inclinado e em terrenos irregulares, as dimensões dos componentes da

empilhadeira, bem como outras especificações desejadas, foram determinadas baseadas

em valores encontrados em empilhadeiras similares no mercado.

A comparação (Tabela 2) foi feita com modelos dos fabricantes nacionais Paletrans e

Vonder, e com o fabricante espanhol Conhersa.

Tabela 2 - Especificações de outras empilhadeiras do mercado

Especificações Paletrans

LM 516

Vonder

6889000500

Conhersa ET

1000

Capacidade de carga kg 500 500 1000

Peso do equipamento kg 136 - 495

Elevação mm 1600 1600 1600

Comprimento útil do garfo mm 1150 1150 1150

Largura externa do garfo mm 535 550 -

Comprimento total mm 1540 1150 1900

Largura total mm 590 550 1500

Altura total mm 2010 2080 2140

Após a pesquisa acerca dos produtos similares do mercado, definiu-se as principais

especificações para o projeto da empilhadeira, conforme mostra a tabela 3.

A máxima inclinação será determinada para cada tipo de terreno na seção 4.5, com base

nas equações desenvolvidas na seção 3.2.

Tabela 3 - Especificações básicas da empilhadeira em análise

Carga a ser

erguida [kg]

Altura máxima das

forquilhas [mm]

Comprimento útil

do garfo [mm]

500 1600 1150

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4.1 Seleção do material

A escolha do material adequado a ser utilizado para a fabricação da estrutura do

equipamento e das suas forquilhas é fundamental, pois as propriedades desse material

irão influenciar diretamente no cálculo dos esforços e deflexões máximas atuantes nos

componentes, determinando se os componentes irão resistir ou não aos esforços durante

sua utilização. No caso da empilhadeira em análise, a escolha do material também deve

levar em conta os tipos de aplicação prevista para o equipamento.

Para a escolha do material adequado as propriedades levadas em conta foram,

principalmente:

Facilidade de obtenção do material - a escolha de um material de fácil obtenção é

importante para facilitar a fabricação e diminuir os custos envolvidos, melhorando a

viabilidade do produto;

Resistência mecânica - pode-se conceituar resistência mecânica como sendo, a

capacidade dos materiais de resistir a esforços de natureza mecânica, como tração,

compressão, cisalhamento, torção, flexão e outros sem romper e/ou deformar-se

(GONÇALVES e MARTINS, 2008).

Soldabilidade - é a capacidade que os materiais têm de ser unidos pelo processo de

soldagem, tendo por objetivo a continuidade das propriedades físicas (mecânicas) e

químicas, ou seja, a continuidade metalúrgica da junta soldada.

Resistência à corrosão – corrosão é definida como um ataque destrutivo e não

intencional de um metal. Para materiais metálicos, o processo de corrosão é

normalmente eletroquímico, isto é, uma reação química na qual existe a transferência

de elétrons a partir de uma espécie química para uma outra. Átomos metálicos,

caracteristicamente perdem ou cedem elétrons na que é chamada uma reação de

oxidação (CALLISTER JR., 2012). Essa reação geralmente tem o efeito de causar

degradação no material afetando negativamente suas propriedades mecânicas.

Considerando a aplicação prevista para o equipamento, o qual poderá ser utilizado

tanto indoor quanto outdoor, estando sujeito a impactos e ao efeito do tempo, uma

boa resistência mecânica e boa resistência à corrosão são desejáveis.

Dadas as propriedades de interesse para o material das forquilhas e da estrutura do

equipamento, a opção natural foi buscar um tipo de aço que melhor se encaixasse nas

características desejáveis. A opção pelo aço se dá devido às notáveis propriedades desta

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liga, à abundância das suas matérias-primas, sua enorme variedade de características –

existem mais de 3500 diferentes tipos de aço - e finalmente, pelo seu preço competitivo.

A figura 35 mostra uma divisão dos materiais metálicos:

Figura 35 - Tipos de materiais metálicos (PANNONI)

Esse trabalho buscou analisar alguns tipos de aço, de modo a escolher o material adequado

para a empilhadeira. Foram eles: Aços carbono comuns, aços microligados e aços

inoxidáveis.

4.1.1 Aços carbono comuns e microligados

É a quantidade de carbono presente no aço que define sua classificação. Basicamente,

pode-se definir o aço como sendo uma liga Ferro-Carbono, contendo geralmente de

0,008% até aproximadamente 2,11% de carbono, além de certos elementos secundários

(como Silício, Manganês, Fósforo e Enxofre), presentes devido aos processos de

fabricação. (CHIAVERINI, 2002)

Aços de alto teor de carbono possuem mais do que 0,6% de carbono e apresentam

elevada dureza e resistência após têmpera. São comumente utilizados em trilhos,

molas, engrenagens, componentes agrícolas sujeitos ao desgaste, pequenas

ferramentas, entre outros.

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39

Aços de médio teor de carbono possuem de 0,3% a 0,6% de carbono e são utilizados

em engrenagens, bielas e outros componentes mecânicos. São aços que, temperados

e revenidos, atingem boa tenacidade e resistência.

Aços de baixo teor de carbono possuem um máximo de 0,3% deste elemento e

apresentam grande ductilidade. São bons para o trabalho mecânico e soldagem, não

sendo temperáveis. Muito utilizados na construção de edifícios, pontes, navios,

automóveis, dentre outros. Nessa categoria estão os aços comuns e os aços

microligados. Podem ser de baixa liga (menos de 8% de elementos de ligas), ou de

alta liga (mais de 8% de elementos de liga). Estes aços apresentam maior resistência

mecânica que os aços de baixo carbono idênticos, mantendo a ductilidade e a

soldabilidade, e são destinados às estruturas onde a soldagem é um requisito

importante (Carbono baixo). Os principais aços estruturais de baixo carbono

comercializados pela fabricante Gerdau são: ASTM A36, ASTM A572 e ASTM

A588, conforme mostra a figura 36, extraída do catálogo.

Figura 36 - Características dos aços da linha ASTM (GERDAU)

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40

4.1.2 Aços inoxidáveis

Os aços inoxidáveis são altamente resistentes à corrosão numa variedade de ambientes,

especialmente o ambiente atmosférico. Seu elemento de liga predominante é o cromo;

uma concentração de pelo menos 11% de Cr em peso é requerida.

Aços inoxidáveis variam em sua composição desde ligas de ferro relativamente simples

com cerca de 11-12% de Cromo, a ligas complexas que incluem até mais de 25% de

Cromo, com quantidades substanciais de Níquel, Molibdênio e outros elementos de liga.

Principais características dos aços inoxidáveis:

Resistência à corrosão, manchas, ferrugem e pits;

Resistência à oxidação até 700°C e, em alguns casos, acima de 1000°C;

Limites elásticos variando de 200 N/mm2 até acima de 1500 N/mm2;

Resistência ao impacto e tenacidade em temperaturas criogênicas;

Pode ser fundido, forjado, usinado, polido e ligado através de técnicas de

soldagem;

Longa duração, aparência atraente;

Baixo custo de manutenção;

Baixa rugosidade superficial;

Material reciclável.

Os aços inoxidáveis podem ser divididos em três grupos principais, com base na fase

constituinte predominante na sua microestrutura metalúrgica: austeníticos, ferríticos e

martensíticos. Cada grupo apresenta propriedades próprias que lhes confere vantagens e

desvantagens.

Austeníticos:

Os mais comumente usados;

Excelente resistência à corrosão (18 % Cr);

Endurecem em trabalho;

Sujeitos a trincas a quente e precipitação de carbonetos

Normalmente não são necessários nem pré nem pós aquecimento;

Mais facilmente soldáveis;

Não magnéticos.

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41

Ferríticos:

Cromo (15-30%);

Boa resistência à corrosão;

Sujeito a crescimento de grãos;

É recomendado um recozimento posterior a solda;

Magnético.

Martensíticos:

Cromo (12-17%);

Resistência moderada à corrosão;

Endurecimento ao ar (têmpera);

Recomenda-se pré-aquecimento e recozimento após soldagem;

Magnético.

Dada as características de cada grupo, considerando a aplicação do equipamento em

análise. O grupo de aços inoxidáveis mais adequado para uma possível escolha é o

grupo dos aços inoxidáveis austeníticos, devido ao seu maior percentual de cromo, o

que lhe confere melhor resistência a corrosão (Figura 37), a sua melhor soldabilidade

em comparação com os outros grupos, e por ser o tipo mais comumente utilizado.

Figura 37 - Representação gráfica da resistência do aço inoxidável à corrosão/oxidação de acordo com o teor de

cromo

Entretanto, dentro do grupo dos aços inoxidáveis austeníticos, existem diversos tipos

classificados conforme a composição química (Figura 38), os quais apresentam

diferentes propriedades mecânicas e são próprios para diferentes tipos de aplicações.

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42

Figura 38 - Aços inoxodáveis da série 300 (CARBÓ, 2008)

4.1.3 Escolha

Após análise dos aços carbono comuns, aços carbono microligados e dos aços

inoxidáveis, três opções foram selecionadas como possíveis escolha final. O aço carbono

comum ASTM A36, o aço de baixo teor de liga ASTM A588 e o aço inoxidável 304.

Ainda que os aços ASTM A588 e o 304 apresentem ótima resistência à corrosão, o aço

ASTM A36 leva vantagem nos outros quesitos, como custo, melhor soldabilidade, e por

ser um item de catálogo dos fabricantes, não sendo necessária a fabricação de perfis sob

encomenda. Por esses fatores, o aço A36 foi escolhido para ser o principal material da

empilhadeira, estando presente na estrutura principal do equipamento, como os braços de

apoio e a torre de elevação, bem como no conjunto das forquilhas.

A tabela 4 resume as principais propriedades do aço estrutural ASTM A36.

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43

Tabela 4 - Principais propriedades do ASTM A36

(http://www.matweb.com/search/datasheet.aspx?matguid=afc003f4fb40465fa3df05129f0e88e6&ckck=1)

Propriedades Valor Unidades

Módulo de elasticidade 200 GPa

Coeficiente de Poisson 0,26 -

Módulo de cisalhamento 79,3 GPa

Massa específica 7850 kg/m³

Resistência à tração 400 - 500 MPa

Limite de escoamento 250 MPa

4.2 Forquilhas

As Forquilhas (ou garfos), formam o componente móvel da empilhadeira, que está em

contato direto e suporta a carga a ser movida. As forquilhas (Figura 39) estão unidas a

estrutura da empilhadeira por correntes, e sua movimentação se dá através do movimento

do cilindro hidráulico.

Figura 39 - Forças atuando no conjunto das Forquilhas

Cada forquilha será modelada como uma viga com uma extremidade engastada e uma

extremidade livre e carregada uniformemente. Conforme ilustra a Figura 40.

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44

Figura 40 - Viga em balanço com carga uniforme (BUDYNAS e NISBETT, 2011)

4.2.1 Escolha do perfil

Para a escolha do perfil de viga para as forquilhas, buscou-se uma viga capaz de fornecer

resistência suficiente para aguentar o peso da carga de projeto, e que fosse de certa forma

leve, para não tornar o equipamento demasiadamente robusto, uma vez que uma das

premissas do conceito para essa empilhadeira é que a mesma seja portátil e facilmente

manobrável.

A principal característica que cada forquilha deve apresentar é uma elevada resistência a

flexão. Da equação 8, nota-se a importância de se buscar um perfil com elevado momento

de inércia de área, quanto maior ele for menor será a tensão normal devido ao momento

fletor:

𝜎 = −𝑀 𝑦

𝐼𝑥 (BUDYNAS e NISBETT, 2011) (8)

Onde,

σ = tensão normal devido ao momento fletor;

M = momento fletor;

y = distância ao áxis neutral;

Ix = Momento de inércia de área.

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45

O momento de inércia de área, também chamado de segundo momento de área ou

segundo momento de inércia, é uma propriedade geométrica da seção transversal de

elementos estruturais. Fisicamente ele está relacionado com as tensões e deformações que

aparecem por flexão em um elemento estrutural e, portanto, junto com as propriedades

do material determina a resistência de um elemento estrutural sob flexão. O momento de

inércia de área da seção transversal de uma viga, em relação a um eixo que passe pelo seu

centro de gravidade, mede a sua rigidez, ou seja a sua resistência à flexão em relação a

esse eixo.

A viga também estará sujeita a uma tensão de cisalhamento devido ao momento criado

pela carga suportada:

𝜏 =𝑉 𝑄

𝐼 𝑏 (BUDYNAS e NISBETT, 2011) (9)

Onde

τ = tensão de cisalhamento devido ao momento;

V = força de cisalhamento;

Q = primeiro momento da área sujeita a força de cisalhamento;

I = momento de inércia de cisalhamento;

b = largura da seção.

Portanto, o perfil de viga escolhido para as forquilhas, foi a viga em “U”. Ela possui um

momento de inércia relativamente alto, não é tão pesada e acima de tudo possui boa

aplicabilidade para forquilhas.

A Figura 41 mostra as vigas “U” de mercado, da fabricante Gerdau, e o perfil que foi

escolhido.

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46

Figura 41 - Catálogo de vigas perfil "U" (GERDAU)

Para as forquilhas, dado a criticidade de sua operação, escolheu-se um material com maior

resistência mecânica e com proteção adicional contra corrosão. A opção foi pelo aço

patinável ASTM A588. A tabela 5 destaca suas principais propriedades.

Tabela 5 - Principais propriedades do ASTM A588 grau B

(http://www.matweb.com/search/DataSheet.aspx?MatGUID=3012ccf84b234c0f9603f388acc20995&ckck=1)

Propriedades Valor Unidades

Módulo de elasticidade 205 GPa

Coeficiente de Poisson 0,28 -

Módulo de cisalhamento 80 GPa

Massa específica 7870 kg/m³

Resistência à tração 483 MPa

Limite de escoamento 350 MPa

4.2.2 Análise dos esforços

Para analisar os esforços na forquilha, a massa do perfil de viga pode ser obtida

multiplicando a massa linear (peso nominal) pela massa específica do material utilizado.

Como a figura 41 refere-se ao aço A36, o peso nominal nela descrito não se aplica ao aço

A588. Para obtenção do peso nominal do A588, basta multiplicar a área do perfil, pela

massa específica do aço A588.

A Figura 42 demonstra o Diagrama de Corpo livre do conjunto das forquilhas.

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47

Figura 42 - Diagrama de corpo livre do conjunto das forquilhas modelado como viga em balanço uniformemente

carregada

R1: Reação no engaste

𝑅1 = 𝑤 𝐿, onde

w (densidade de carga distribuída) = 𝑃𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎

2𝐿𝐹𝑜𝑟𝑞𝑢𝑖𝑙ℎ𝑎+

𝑃𝐹𝑜𝑟𝑞𝑢𝑖𝑙ℎ𝑎

𝐿𝐹𝑜𝑟𝑞𝑢𝑖𝑙ℎ𝑎

L (comprimento carregado da forquilha) = 1,15 m’

𝑃𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 = 500 kgf = 4905 N

𝑃𝑓𝑜𝑟𝑞𝑢𝑖𝑙ℎ𝑎 = L × Peso Nominal𝐴588 × g = (1,15 × 15,66) × 9,81 = 176,7 N

Logo,

𝑅1 = 2629,2 N

V: Esforço cortante

𝑉(𝑥) = 𝑤 (𝐿 − 𝑥)

R1

M1

w

L

x

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48

Figura 43 - Gráfico do esforço cortante x Comprimento das forquilhas

Vmáx = V(0) = 2629,2 N

Vmín = V(L) = 0 N

M: Momento fletor

𝑀(𝑥) = −𝑤

2 (𝐿 − 𝑥)2 (10)

Figura 44 - Gráfico do momento fletor x Comprimento das forquilhas

Mmáx = M(0) = 1511,8 N.m

Mmín = M(L) = 0 N.m

Esforço cortante – V (N)

Comprimento - L (m)

Momento Fletor – M (Nm)

Comprimento - L (m)

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49

y: Deflexão da viga

𝑦(𝑥) =

𝑤 𝑥2

24 𝐸 𝐼 (4 𝐿 𝑥 − 𝑥2 − 6 𝐿2) (11)

Figura 45 - Gráfico da deflexão x Comprimento das forquilhas

ymáx = y(L) = 5,55 mm

ymín = y(0) = 0 mm

σ: Tensão de flexão

Como 𝑊𝑦 = 𝐼𝑦

𝑦 , substituindo na equação 8, tem-se que:

𝜎(𝑥) = −

𝑀 (𝑥)

𝑊𝑦 (12)

Deflexão – y (m)

Comprimento - L (m)

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Figura 46 - Gráfico da tensão de flexão x Comprimento das forquilhas

σmáx = σ (0) = 163,61 MPa

σmín = σ (L) = 0 Mpa

τ: Tensão cisalhante

De modo a simplificar o problema, a equação 9 foi ajustada. A variável Q aproximada

para o valor de Wy do catálogo, e sabendo que b = tw, tem-se:

𝜏 (𝑥) =

𝑉(𝑥) 𝑊𝑦

𝐼𝑦 𝑡𝑤 (13)

Figura 47 - Gráfico da tensão cisalhante x Comprimento das forquilhas

Tensão – σ (Pa)

Comprimento - L (m)

Tensão – σ (Pa)

Comprimento - L (m)

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τmáx = τ (0) = 8,46 MPa

τmín = τ (L) = 0 Mpa

Critério de falha de Von Mises:

Para um carregamento multiaxial, é necessário considerar a combinação de todas as

componentes de tensão presentes no elemento estrutural. O critério de falha escolhido

para o projeto será o Critério da Energia de Distorção ou Critério de Von Mises. Esse

critério é baseado na energia de distorção de um dado elemento e pode ser enunciado

como: "um elemento estrutural (dúctil) irá falhar se a energia associada à mudança de

forma de um corpo, submetido a um carregamento multiaxial, ultrapassar a energia de

distorção de um corpo de prova submetido a um ensaio uniaxial de tração". Para o caso

em análise, de um estado plano de tensões, a expressão matemática para a tensão

equivalente de Von Mises é:

σ𝐸𝑄 = √σ𝑥𝑥2 + σ𝑦𝑦

2 − σ𝑥𝑥σ𝑦𝑦 + 3𝜏𝑥𝑦2 < 𝜎𝑒𝑠𝑐

Onde σesc é a tensão de escoamento do material, obtida através de ensaio de tração e

indicada na tabela 5.

No carregamento da forquilha, uma das tensões principais é zero, a equação da tensão

equivalente de Von Mises pode ser reescrita como:

σ𝐸𝑄 = √[(σ𝑚á𝑥)2 + 3 ∙ (τ𝑚á𝑥)2] < 𝜎𝑒𝑠𝑐 (14)

Para o cálculo da tensão equivalente na equação 14, foram considerados as máximas

tensões envolvidas, por questões de sobrecarga e segurança, muito embora elas não

ocorram no mesmo ponto.

Portanto, para o carregamento das forquilhas, a tensão equivalente obtida é:

σ𝐸𝑄 = 164,27 𝑀𝑃𝑎

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52

O coeficiente ou fator de segurança para o dimensionamento desse componente é obtido

através da equação:

𝐹𝑆 =𝜎𝑒𝑠𝑐

𝜎𝐸𝑄=

350 𝑀𝑃𝑎

164,27 𝑀𝑃𝑎= 2,13

O fator de segurança obtido foi considerado satisfatório, uma vez que leva em conta a

criticidade do equipamento e visa manter as forquilhas compactas.

4.3 Torre de elevação

Para empilhadeiras convencionais, a torre de elevação atua como mero guia das

forquilhas, não estando sujeita a grandes esforços. Para o projeto da empilhadeira em

questão, devido ao mecanismo de nivelamento e à aplicação sobre terreno inclinado,

surgem esforços na torre de elevação.

Entretanto, como o nivelamento da torre ocorre com a carga no ponto mais baixo possível,

gerando um menor momento nas vigas da torre, e considerando ainda que existem chapas

de reforço nas vigas, os esforços de deflexão foram considerados desprezíveis.

4.3.1 Escolha do perfil

A escolha do perfil foi feita considerando que a principal função da torre de elevação é

servir de guia para os roletes das forquilhas e permitir que o levantamento de cargas seja

feito de modo seguro. Ainda assim, buscou-se um perfil com boa resistência.

Assim sendo o perfil escolhido foi o perfil U de abas paralelas. A figura 48 mostra as

características do perfil da viga U escolhida.

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53

Figura 48 - Dimensões do perfil da viga U (COMERCIAL GERDAU)

4.4 Cilindros hidráulicos

Cilindros hidráulicos são atuadores lineares capazes de transformar a energia hidráulica,

proveniente da pressurização de um fluido (geralmente óleo mineral), em energia

mecânica.

Basicamente os cilindros hidráulicos são constituídos de uma camisa metálica oca, com

um êmbolo móvel solidário a uma haste, elementos de vedação e conexões hidráulicas

para entrada e saída do óleo. O êmbolo divide o interior do cilindro em duas câmaras, ao

pressurizar-se cada uma delas, o êmbolo juntamente com a haste irá se deslocar realizando

o movimento linear do atuador, conforme mostra a figura 49.

Figura 49 - Principais partes de um cilindro hidráulico (http://www.ashm.mx/blog/page/3/)

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São diversos os tipos de cilindros hidráulicos: Cilindros de ação simples, de dupla ação,

diferencial, telescópico, amortecedor, entre outros. Sendo os principais tipos os de

simples ação e os de dupla ação.

Além disso, inúmeros são os tipos de ponteiras (Figura 50) que podem ser ligados à haste

por meio de solda, rosca, prendedores, tirantes.

Figura 50 - Alguns tipos de ponteiras para cilindros hidráulicos (http://www.grices.it/en)

4.4.1 Simples ação

Cilindros que possuem uma única conexão para entrada do fluido no interior do cilindro.

O cilindro ao ser acionado pela unidade de potência hidráulica move-se em uma direção.

O seu retorno para a posição da haste em repouso ocorre com o auxílio de uma mola

interna ou pela ação da gravidade. A figura 51 mostra esquematicamente o funcionamento

de um cilindro de simples ação com retorno por mola.

Figura 51 - Cilindro simples ação com retorno por mola

(http://www.peninsularcylinders.com/HH_Links/HH_LH_NFPA_Cylinders/HH_LH_NFPA_Spring%20Extend%20a

nd%20Return.htm)

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55

4.4.2 Dupla ação

Possuem duas conexões, uma para entrada e outra para o retorno do óleo. Nesse tipo de

cilindro, a movimentação da haste tanto para o avanço quanto para o recuo é feita

pressurizando-se o fluido de pressão em cada uma das câmaras, ou seja, são cilindros que

realizam trabalho tanto no avanço quanto no recuo. Na figura 52 pode-se observar a

configuração de um cilindro de dupla ação em uma vista em corte.

Figura 52 - Cilindro hidráulico de dupla ação (http://www.skf.com/my/products/seals/industrial-seals/hydraulic-

seals/general-technical-information/introduction-to-fluid-power/hydraulic-cylinders/index.html)

4.4.3 Simbologia de cilindros hidráulicos

A simbologia para cilindros hidráulicos, bem como de todos os outros componentes que

podem compor um circuito hidráulico ou pneumático, segue o padrão estabelecido na

norma específica, no caso a ABNT 8897, representado na figura 53.

Figura 53 - Simbologia para atuadores lineares segundo a norma ABNT 8897

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56

4.4.4 Regra dos 80%

A regra dos 80% é uma regra prática utilizada no dimensionamento de equipamentos

hidráulicos, e ele estabelece os limites de segurança dos cilindros hidráulicos. Todo

equipamento deverá ser utilizado no máximo até 80% de sua carga máxima para evitar

acidentes e incidentes. Caso o equipamento utilizado esteja acima da faixa de segurança,

deve-se utilizar um equipamento mais potente para realizar o trabalho com segurança.

Essa regra se aplica ao curso e a capacidade do cilindro.

Ao utilizar 100% do curso, corre-se o risco de provocar danos ao anel de vedação presente

no pistão do cilindro (anel de parada).

A importância da regra dos 80% para a capacidade de carga é que, a maioria das cargas

não é içada em seu centro verdadeiro. Isto resulta em cargas laterais para o cilindro. Levar

em conta um fator de segurança é a maneira mais simples de compensar as características

fora do centro no levantamento de um ponto. (TORVEL)

4.4.5 Seleção do cilindro hidráulico de levantamento

O cilindro de levantamento será responsável por erguer a carga até a altura desejada.

Conforme foi pré-estabelecido, essa altura para o projeto será de 1,6 m, o que determina

o tamanho total para o cilindro hidráulico estendido como sendo de no máximo 1,6 m.

O cilindro deve ser capaz de exercer uma força superior ao dobro da soma do peso do

conjunto das forquilhas e do peso da carga máxima permitida (500 kgf), conforme

observa-se no esquema da Figura 54.

Figura 54 - Força (F) do cilindro de levantamento

𝐹 > 2 × (𝑃𝑓𝑜𝑟𝑞𝑢𝑖𝑙ℎ𝑎 + 𝑃𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎)

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57

Esse resultado deve ser multiplicado por um fator de sobrecarga, por medida de

segurança.

Utilizando o Solidworks para o cálculo da massa, tem-se que:

(𝑃𝑐𝑜𝑛𝑗𝑢𝑛𝑡𝑜 𝑓𝑜𝑟𝑞𝑢𝑖𝑙ℎ𝑎 + 𝑃𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎) = 5680,0 𝑁

O valor mínimo para a força do cilindro:

𝐹 = 11360,0 𝑁

Para a escolha do cilindro adequado, o fabricante consultado foi a Parker Hannifin, que

trabalha com cilindros em diversos grupos de pressões nominais, de 17 a 345 bar.

Dado que o esforço que o cilindro irá executar não é tão elevado, a busca foi por faixas

de pressões menores, de modo a simplificar o dimensionamento da unidade de potência.

O diâmetro do pistão do cilindro hidráulico de interesse é dado pela equação:

𝑃 =𝐹

𝐴→ 𝐴 =

𝜋𝑑2

4=

𝐹

𝑃→ 𝑑 = √

4𝐹

𝜋𝑃

A tabela 6 mostra a máxima força do cilindro para os grupos de menores pressões e os

diâmetros do pistão que são necessários.

Tabela 6 - Diâmetros mínimos para haste em cada faixa de pressão (PARKER HANNIFIN, 2009)

Diâmetro

do pistão

(mm)

Força de empurre (KN) do cilindro

em várias faixas de pressão (bar)

17 34 52 69 103

51 3,5 7,0 10,5 14,0 21,0

64 5,5 10,9 16,4 21,8 32,8

76 7,9 15,7 23,6 31,4 47,2

83 9,2 18,5 27,7 36,9 55,4

89 10,7 21,4 32,1 42,8 64,2

102 14,0 28,0 41,9 55,9 83,9

114 17,7 35,4 53,0 70,7 106,1

127 21,8 43,7 65,5 87,4 131,0

140 26,4 52,8 79,3 105,7 158,5

152 31,4 62,9 94,3 125,8 188,6

178 42,8 85,6 128,4 171,2 256,8

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58

Dadas as possíveis opções, priorizou-se buscar valores intermediários para o diâmetro, de

modo a manter o equipamento portátil. Assim, a escolha final ficou pela faixa de pressão

de 34 bar.

Finalmente, o fator de segurança para o cilindro de levantamento pode ser determinado

por:

𝐹𝑆 = 𝐹𝑒𝑠𝑐𝑜𝑙ℎ𝑖𝑑𝑜

𝐹𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜=

21400

11360= 1,89

Esse fator de segurança foi considerado adequado, considerando que apresenta uma boa

sobrecarga às condições de capacidade de carga de projeto e se adequa à regra dos 80%

com sobras.

Com relação ao comprimento do cilindro, a fabricante oferece cilindros com avanços até

3000 mm. Para esse projeto, a escolha será por avanço de 900 mm, ou seja, o cilindro

totalmente estendido chega a uma altura de 1800 mm, permitindo que o cilindro não opere

com seu máximo curso, conforme a boa prática aconselha.

4.4.6 Seleção dos cilindros hidráulicos de nivelamento

Os cilindros hidráulicos de nivelamento são responsáveis por nivelar a torre de elevação

quando o equipamento for operar em aclive. O nivelamento deverá ocorrer sempre com

as forquilhas na posição inferior.

Para a correta seleção do cilindro, se faz necessário calcular o seu curso. O comprimento

do cilindro na posição recuada é a distância entre os seus olhais de fixação, enquanto que

na posição avançada, o incremento obtido pode ser calculado por meio da lei dos

cossenos. A Figura 55 mostra a comparação entre o cilindro na posição recuada, e na

posição totalmente estendida.

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59

Figura 55 - Esquema da atuação do cilindro de nivelamento

Percebe-se que o curso necessário para o cilindro é:

𝑐𝑢𝑟𝑠𝑜 = 𝐴𝐶′ − 𝐴𝐶

Da geometria determinada para o equipamento, tem-se que:

𝐴𝐶 = 500𝑚𝑚 ; 𝐴𝐵 = 400 𝑚𝑚; 𝐵𝐶 = 300 𝑚𝑚

E que, pela lei dos cossenos:

𝐴𝐶′2= 𝐵𝐶2 + 𝐴𝐵2 − 2 𝐵𝐶′𝐴𝐵 𝑐𝑜𝑠 (𝜃 + 90) (15)

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60

Onde, o ângulo a ser considerado deve ser o máximo permitido para a utilização segura

do equipamento. Tal ângulo foi estabelecido na seção 4.5.

𝜃 = 15,1°

Assim, o curso máximo será de, aproximadamente:

𝐶𝑢𝑟𝑠𝑜 = 60 𝑚𝑚

A escolha será por cilindros com um curso superior, conforme recomenda a boa prática.

Sendo assim, buscou-se cilindros com o curso de 200 mm.

A força que o cilindro deve exercer para mover a torre de elevação carregada das

forquilhas e da carga máxima de projeto é:

𝐹 = (𝑃𝑐𝑜𝑛𝑗𝑢𝑛𝑡𝑜)

𝑠𝑒𝑛𝜃

𝑐𝑜𝑠𝛽 (16)

Onde,

Pconjunto : Força peso resultante do somatório dos pesos de cada um dos componentes que

se move durante a ação de nivelamento.

Logo, a mínima força que o cilindro de nivelamento precisa superar é:

𝐹 = 2323,1 𝑁

Novamente buscou-se nas tabelas do catálogo da Parker, e optou-se pelo faixa de pressão

de 17 bar e pelo cilindro com pistão de 64 mm.

Dessa forma, o fator de segurança para o cilindro de nivelamento pôde ser determinado

por:

𝐹𝑆 = 𝐹𝑒𝑠𝑐𝑜𝑙ℎ𝑖𝑑𝑜

𝐹𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜=

5500

2323,1= 2,36

Considerando que o carregamento em superfície inclinada é crítico, dado que uma falha

pode não só ferir o operador e danificar a carga, como também causar um tombamento

no equipamento, o fator de segurança obtido foi considerado adequado.

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61

4.5 Motores hidráulicos

Os motores hidráulicos são atuadores rotativos, e tal como os cilindros hidráulicos,

transformam a energia de trabalho hidráulico, proveniente da pressurização de um fluido

(geralmente óleo mineral), em energia mecânica, porém nesse caso, em energia mecânica

rotativa, que é transferida ao objeto resistivo por meio de um eixo.

Basicamente, os motores hidráulicos consistem em uma carcaça com conexões de entrada

e saída, e um conjunto rotativo ligado a um eixo.

Motores são semelhantes a bombas construtivamente, no entanto, enquanto as bombas

recebem uma atuação rotativa para mover um fluido para fora do seu interior, os motores

hidráulicos recebem o fluido pressurizado em seu interior e entregam uma atuação

rotativa no seu eixo.

4.5.1 Principais tipos

Existe uma grande variedade de tipos e princípios construtivos para motores hidráulicos.

Cada tipo possui vantagens e desvantagens dada a aplicação.

Motores de palheta

As palhetas são montadas no rotor do motor, que por sua vez é montado deslocado do

centro da carcaça. Basicamente, o fluido ao passar pela cavidade da carcaça empurra as

palhetas causando a rotação do eixo. As palhetas são livres para entrar e sair do rotor, e

tem seu contato com a parede da carcaça garantido pela atuação de molas.

Figura 56 - Funcionamento de motores de palheta (PARKER HANNIFIN CORP, 2003)

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62

Motores de engrenagem

Um motor de engrenagem é um motor de deslocamento positivo que desenvolve um

torque de saída no seu eixo através da ação da pressão hidráulica nos dentes da

engrenagem. Consiste basicamente em uma carcaça com aberturas de entrada e de saída

e um conjunto rotativo composto de duas engrenagens. Uma das engrenagens, a

engrenagem motora, é ligada a um eixo que está ligado a uma carga. A outra é a

engrenagem movida, como mostrado na figura 57.

Figura 57 - Funcionamento do motor hidráulico de engrenagens (PARKER HANNIFIN CORP, 2001)

Motor orbital

O princípio de funcionamento dos motores orbitais é baseado na configuração de uma

engrenagem interna montada a um encaixe externo. O fluido ao ser impulsionado para a

cavidade do motor, move a engrenagem interna, que gira, entregando torque e rotação no

eixo de saída, que é solidário a engrenagem interna. A figura 58 mostra a visão das

engrenagens sem o eixo montado.

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63

Figura 58 - Motor orbital (www.orbitalmotors.net)

Motores de pistão axial

O motor de pistão é um motor de deslocamento positivo que desenvolve um torque de

saída no seu eixo por meio da pressão hidráulica que age nos pistões. O conjunto rotativo

de um motor de pistão consiste basicamente de placa de deslizamento, tambor de cilindro,

pistões, placa retentora, mola de retenção, placa de orifício e eixo.

Figura 59 - Motor de pistão axial (PARKER HANNIFIN CORP, 2003)

4.5.2 Simbologia de motores hidráulicos

A simbologia para atuadores rotativos, entre eles os motores hidráulicos, segue o padrão

estabelecido na norma específica, a ABNT 8897, representado a figura 60.

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64

Figura 60 - Simbologia para atuadores rotativos segundo a norma ABNT 8897

4.5.3 Motor hidráulico da roda de tração

Para a seleção de um motor para a roda de veículos móveis, alguns fatores devem ser

levados em conta para a determinação do máximo torque requerido, e posterior escolha

do motor adequado.

O motor hidráulico será responsável por fornecer torque para a roda de tração, o que irá

permitir ao equipamento uma melhor condição de deslocamento e manobra.

Como trata-se de uma empilhadeira manual, que será deslocada por uma pessoa

caminhando, o motor não precisa apresentar altas rotações, dado que a velocidade

requerida para o equipamento é baixa.

O torque de saída do motor deve ser suficiente para garantir que o equipamento possa

operar em todas as situações inseridas no seu conceito de funcionalidade, ou seja,

deslocar-se em superfícies planas e em aclives.

Os seguintes dados serão necessários para a escolha do motor adequado:

Peso do equipamento (P):

A força peso a ser utilizada é com o equipamento carregado, ou seja, considerando o peso

do equipamento mais a carga máxima de projeto. Para esse cálculo fez-se necessário

estimar o peso da unidade de potência, que não foi dimensionada no projeto. Essa unidade

contém basicamente, um motor, bomba hidráulica, filtro, conexões, mangueiras e

válvulas. Seu peso foi estimado em 40 kg. A massa do restante da estrutura pôde ser

obtida utilizando-se o software Solidworks.

Assim,

𝑃 = 9094 𝑁

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65

Raio da roda de tração (rT):

A roda de tração foi determinada na seção 4.7.

𝑟𝑇 = 415 𝑚𝑚

Velocidade máxima desejada (Vmáx):

A máxima velocidade linear desejada é a velocidade de uma caminhada normal, ou seja,

em torno de 5km/h.

𝑉𝑚á𝑥 = 5 𝑘𝑚 ℎ⁄ = 1,4 𝑚 𝑠⁄

Tempo de aceleração desejado (ta):

É o tempo que leva para tirar o equipamento do repouso e levá-lo até sua máxima

velocidade de projeto. Para o projeto, esse tempo será:

𝑡𝑎 = 5 𝑠

Máximo ângulo de inclinação (θmáx):

A partir da formulação desenvolvida na seção 3.2 determinou-se os ângulos máximos

inclinação nas situações de operação. A tabela 7 mostra todos os valores obtidos para

cada condição.

Considerou-se a posição vertical do centro de massa sendo aproximadamente 30% do

comprimento entre eixos, de modo a simular o equipamento carregado e com as

forquilhas na posição inferior.

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Tabela 7 - Máximos ângulos para cada tipo de terreno

Empilhadeira

Parada

Empilhadeira em

movimento

Piso μe μr

θ máx para

não

deslizamento

θ máx para

não

tombamento

θ máx para

não

deslizamento

θ máx para

não

tombamento

Asfalto 0,8 0,012 19,6 º 64,5 º 18,8 º 64,5 º

Concreto 0,8 0,01 19,6 º 64,5 º 18,9 º 64,5 º

Macadame 0,7 0,015 16,6 º 64,5 º 16,3 º 64,5 º

Terra firme 0,5 0,025 11,2 º 64,5 º 9,5 º 64,5 º

Grama 0,4 0,055 8,6 º 64,5 º 5,1 º 64,5 º

Assim sendo, os valores destacados na tabela 7 representam a inclinação crítica para cada

tipo de piso. Por questão de segurança, a máxima inclinação operacional será somente

80% do valor da inclinação crítica.

Para a escolha de um motor capaz de produzir torque suficiente para propelir o

equipamento em questão, é necessário determinar a Força Trativa Total (FTT) requerida

para a empilhadeira. A força trativa total é a soma das forças que se opõem ao movimento

do equipamento, ou seja, a força mínima necessária para que a empilhadeira consiga se

mover.

𝐹𝑇𝑇 = 𝑅𝑅 + 𝑅𝐴 + 𝐹𝐴

Onde:

FTT = Força trativa total

RR = Força necessária para superar a resistência ao rolamento

RA = Força necessária para superar a resistência ao aclive

FA = Força necessária para acelerar o veículo até sua velocidade final

Cada parcela da equação foi determinada à fim de se obter a força trativa total.

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67

Determinando a resistência ao rolamento

𝑅𝑅 = 𝑃 𝜇𝑟 𝑐𝑜𝑠 (𝜃𝑚á𝑥) (17)

A tabela 8 mostra os valores da resistência de rolamento para cada tipo de terreno

estudado.

Tabela 8 - Força de resistência ao rolamento para cada tipo de terreno

Piso θ máx (º) RR [N]

Asfalto 15,0 105,4

Concreto 15,1 87,8

Macadame 13,0 132,9

Terra firme 7,6 225,3

Grama 4,1 395,2

Determinando a resistência ao aclive:

𝑅𝐴 = 𝑃 𝑠𝑒𝑛 (𝜃𝑚á𝑥) (18)

Os valores obtidos para cada tipo de terreno estão ilustrados na tabela 9.

Tabela 9 - Força de resistência ao aclive na máxima inclinação para cada tipo de terreno

Piso θ máx (º) RA [N]

Asfalto 15,0 2356,9

Concreto 15,1 2373,8

Macadame 13,0 2049,6

Terra firme 7,6 1203,8

Grama 4,1 645,1

Determinando a força de aceleração:

𝐹𝐴 =

𝑃 𝑉𝑚á𝑥

𝑔 𝑡𝑎 (19)

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Assim,

𝐹𝐴 = 259,6 𝑁

Determinando a Força Trativa Total:

A força trativa representa a mínima força que deve ser imprimida para vencer as forãs

contrárias e permitir o movimento. Foram calculadas para cada tipo de terreno, no pior

cenário, ou seja, sobre a máxima inclinação operacional permitida. Conforme mostra a

tabela 10.

Assim,

Tabela 10 - Força trativa total para a inclinação limite de cada tipo de terreno

Piso θ máx (º) FTT [N]

Asfalto 15,0 2721,8

Concreto 15,1 2721,1

Macadame 13,0 2442,0

Terra firme 7,6 1688,7

Grama 4,1 1299,9

Determinando o torque requerido na roda de tração:

Para verificar que o veículo irá cumprir os requisitos desejados, é necessário calcular o

torque, baseado na força trativa total necessária e no raio da roda de tração.

𝑇 = 𝐹𝑇𝑇 × 𝑟𝑇 × 𝑟𝐹

Onde:

T: Torque na roda de tração

rT: Raio da roda de tração

rF: Fator de resistência

O fator de resistência considera algumas perdas, principalmente devido ao atrito entre as

rodas e seus eixos. Valores típicos entre 1,1 e 1,15. Para esse projeto o valor de 1,1 foi o

escolhido.

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Assim sendo, a tabela 11 ilustra os valores dos torques requeridos para cada tipo de

terreno na sua aplicação crítica, ou seja, na sua máxima inclinação permitida.

Tabela 11 - Torques requeridos para cada tipo de terreno

Piso θ máx (º) T [Nm]

Asfalto 15,0 564,8

Concreto 15,1 564,6

Macadame 13,0 506,7

Terra firme 7,6 350,4

Grama 4,1 269,7

Verificação do deslizamento:

Por último, deve-se verificar que o veículo seja capaz de transmitir o torque da roda de

tração para o terreno. O máximo torque trativo (MTT) que a roda de tração pode transmitir

é igual a máxima força trativa possível, formulada na seção 3.2 - equação 3, vezes o raio

da roda de tração. O torque na roda de tração deve ser menor do que o máximo torque

trativo para que a roda não patine sobre o terreno.

𝑀𝑇𝑇 = 𝐹𝑀𝑚á𝑥 × 𝑟𝑇

Assim, para cada caso, o comparativo (Tabela 12) entre o torque necessário para

movimentar o equipamento sobre o aclive e o torque limite que faz com que a roda

deslize.

Tabela 12 - Comparativo do torque requerido com o máximo torque permitido

T [Nm] MTT [Nm]

564,8 641,5

564,6 642,7

506,7 536,7

350,4 359,2

269,7 303,8

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4.5.4 Seleção do motor hidráulico

Para esse projeto, a escolha será por um motor do tipo orbital (ou gerotor), pois são

motores de baixa velocidade e alto torque, o que elimina a necessidade de utilizar

redutores, além de serem compactos e de fácil manutenção.

O máximo torque requerido irá pautar a escolha do motor. Para o equipamento em análise,

o máximo torque requerido ocorre quando o equipamento precisa operar em asfalto em

um plano inclinado de 15 graus.

Consultando o catálogo de motores orbitais do fabricante Danfoss, buscou-se o motor

orbital que atendesse a esse torque.

A busca foi feita em motores de tamanho médio. Séries OMP, OMR e OMH. A figura 61

mostra a faixa de torque máximo contínuo e de pico para cada série e modelo. Onde o

eixo horizontal representa o tamanho do motor, e o vertical os máximos torques.

Figura 61 - Faixas de torques para motores de médio serviço Danfoss (DANFOSS, 2016)

Como o torque máximo requerido é de 564,8 N.m, o motor escolhido deverá estar na faixa

de 500 a 600 N.m de torque máximo. O máximo torque será estabelecido como sendo

575 N.m. Dessa maneira, os motores que atendem são os maiores das séries OMP e OMR,

e todos os motores da série OMH. Buscando o motor mais compacto possível, o motor

escolhido foi o OMH 250.

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A figura 62 mostra o gráfico de performance do motor escolhido, e a tabela 13 destaca os

seus parâmetros.

A rotação necessária para o motor é:

𝑛 =𝑉𝑚á𝑥

𝑅=

1,4

0,415= 3,4 𝑟𝑎𝑑 𝑠⁄ = 32,5 𝑟𝑝𝑚

Figura 62 - Curva de performance do motor OMH 250 (DANFOSS, 2016)

Tabela 13 - Dados da condição de máximo torque do motor selecionado

Parâmetros do motor

Torque 575,0 Nm

Pressão 150 bar

Rotação 35 rpm

Vazão 15 l/min

Os parâmetros do motor hidráulico são fundamentais na etapa de dimensionamento da

unidade de potência hidráulica, etapa essa, que não será abordada nesse trabalho.

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4.6 Corrente

As correntes (Figura 63) são elementos de máquinas flexíveis, tal como correias e cabos

de aço. Elas são utilizadas para a transmissão de potência ou movimentação e transporte

de carga.

Figura 63 - Corrente de rolos dupla (FILHO, 2010)

4.6.1 Transmissão por correntes

As correntes são muito eficientes para a transmissão de potência onde é grande a distância

entre eixos, inviabilizando a utilização de engrenagens. Possuem um ótimo rendimento

(acima de 95% quando bem dimensionadas), são adequadas para trabalhos em condições

severas e diferentemente das correias, as correntes não apresentam o risco de

escorregamento. Por outro lado, operam em menores velocidades e demandam maiores

cuidados com lubrificação.

Os principais parâmetros a serem observados na hora de selecionar as correntes desejadas

no projeto são: a potência transmitida, relação de transmissão, características da máquina

movida e da motora, espaço disponível, confiabilidade requerida, condições de operação,

resistência a tração e o custo.

São diversos os tipos de correntes: Galle, Zobel, Fleyer, Correntes Silenciosas, Correntes

de Rolos, tal como mostram as figuras 64 a 68.

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73

4.6.2 Seleção da corrente

As correntes de rolos são o tipo mais utilizado e mais difundido no mercado, também são

as mais utilizadas em empilhadeiras. São mais baratas e de mais fácil manutenção, pois a

troca de rolos danificados é feita facilmente. Por essas razões, esse tipo de corrente será

o escolhido para o projeto. A figura 69 representa a vista lateral e a seção de uma corrente

de rolos, sua geometria e a respectiva nomenclatura.

Figura 65 - Corrente tipo Zobel (FILHO,

2010) Figura 64 - Corrente tipo Galle (FILHO,

2010)

Figura 67 - Correntes silenciosas (FILHO,

2010) Figura 66 - Corrente tipo Fleyer

(FILHO, 2010)

Figura 68 - Corrente de rolos (FILHO, 2010)

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74

Figura 69 – Dimensões de correntes de rolos simples e múltiplas (RENOLD)

A → passo [mm]

B → largura interna [mm]

C → diâmetro do rolete [mm]

D → altura do elo [mm]

E → espessura do elo interno [mm]

F → espessura do elo externo [mm]

G → diâmetro do pino [mm]

H→ Comprimento do pino [mm]

J → Extensão da conexão [mm]

K → Distância entre correntes múltiplas [mm]

Para esse projeto, a corrente irá transmitir potência à uma baixa velocidade, sendo apenas

uma forma de transmissão de movimento, erguendo e baixando o conjunto das forquilhas

mediante a atuação do cilindro de levantamento e não estará submetida a uma operação

contínua. Uma das extremidades estará pinada a estrutura da torre de elevação, enquanto

outra estará pinada ao conjunto das forquilhas, a interação com o cilindro hidráulico será

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através de uma polia guia conectada ao cilindro e onde a corrente estará apoiada, tal como

mostrado na Figura 70.

Figura 70 - Detalhe da montagem da corrente (http://www.paletrans.com.br/pt-br)

Portanto, os principais parâmetros a serem levados em consideração e especificados,

serão o comprimento da corrente, seu número de elos, as condições de operação e sua

mínima resistência a tração.

Especificação da corrente de rolos

Como mostrado na seção 4.4.4, a máxima força de tração na corrente acontece quando se

ergue a máxima carga de projeto, 500 kgf.

𝐹𝑡𝑟𝑎çã𝑜 = 5680 𝑁

Dado que os esforços envolvidos não são tão elevados, a escolha foi por correntes de rolo

simples. O catálogo consultado foi o do fabricante Renold (Figura 71)

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Figura 71 - Catálogo de corrente de rolos no padrão ANSI (RENOLD)

A corrente selecionada foi a corrente de rolos simples ANSI 40A1, e o real fator de

segurança obtido devido a essa escolha é dado por:

𝐹𝑆 =𝐹𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒

𝐹𝑡𝑟𝑎çã𝑜 =

21800

5680 = 3,84

É desejável um maior fator de segurança dado a criticidade do componente, e visando a

segurança na operação da empilhadeira. Um rompimento da corrente pode colocar em

risco a vida do operador e de pessoas próximas, bem como afetar a integridade da carga.

O fator segurança foi balizado pela recomendação para correntes de elevação de

fabricantes referência no segmento (GUNNEBO INDUSTRIES), que determinam fatores

próximos a 4 como adequados.

Para finalizar a especificação, é necessário calcular o número de elos da corrente:

Do projeto, tem-se que o comprimento da corrente é:

𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 1285 𝑚𝑚

Do catálogo, o passo:

𝑃𝑎𝑠𝑠𝑜 = 15,875 𝑚𝑚

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Logo o número de elos será:

𝑁º 𝑒𝑙𝑜𝑠 =𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

𝑃𝑎𝑠𝑠𝑜=

1285

15,875= 81 𝑒𝑙𝑜𝑠

4.7 Seleção das rodas

A escolha das rodas é fundamental para o bom funcionamento da empilhadeira. Em geral,

empilhadeiras manuais convencionais costumam ter rodízios de poliuretano, enquanto

que empilhadeiras motorizadas possuem rodas pneumáticas.

As rodas de carga e as rodas de tração diferem principalmente por sua furação. As rodas

de carga têm apenas com um furo para a montagem do pino de fixação, enquanto que a

roda de tração necessita ter a furação para receber o cubo da roda que possibilita a

montagem do motor hidráulico.

De modo a simplificar as especificações do projeto, opta-se por selecionar os dois tipos

de roda como se estivessem sujeitas ao mesmo carregamento, ou seja, a roda de tração

terá o mesmo material e mesma capacidade de carga das rodas de carga.

A seleção das rodas será baseada no critério de seleção do fabricante alemão Blickle.

4.7.1 Seleção do produto

Primeiramente deve-se escolher o produto (Figura 72). Por se tratar de um equipamento

que será auto propelido, a escolha foi por utilizar rodas, facilitando o acoplamento com o

motor hidráulico, e permitindo facilidades em termos de manutenção.

Figura 72 - Opções de rodízios e rodas

4.7.2 Determinação da capacidade de carga necessária

A capacidade de carga necessária das rodas é calculada como sendo a soma do peso morto

do equipamento com sua máxima carga adicional, dividido pelo número de rodas. O

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resultado é multiplicado por um fator de segurança, determinado escolhendo um valor

intermediário no guia do fabricante.

𝑇 =

𝐸 + 𝑍

𝑛 × 𝑆 (20)

Onde,

T: Capacidade requerida para cada roda;

E: Massa do equipamento descarregado = 387 kg

Z: Máxima carga adicional = 500 kg

n: Número de rodas utilizadas = 3

S: Fator de Segurança = 1,7

Logo,

𝑇 = 500 𝑘𝑔

4.7.3 Seleção do material da roda

Para uma escolha adequada do material para o rodízio ou roda, convém saber as

características de cada tipo, de modo a selecionar as que melhor se adequam a utilização

proposta do equipamento, ou seja, sobre qual tipo de piso o equipamento opera. A tabela

14 mostra uma breve descrição dos principais materiais disponíveis no mercado.

Tabela 14 - Descrição dos materiais disponíveis para rodas (NOVEX, 2015)

Material Descrição básica

Resina

termoplástica

Resistente à água, graxas, sais, ambientes com alcoóis, glicóis, ácidos orgânicos,

minerais fracos e vapor saturado. Excelente para aplicação em pisos lisos em bom

estado de conservação, para uso de cargas leves. Melhor opção em qualidade e

economia.

Poliuretano

injetado

Indicada para as mais diversas aplicações e ambientes industriais em geral exceto

em trabalhos com cargas estáticas. Resistente à abrasão, rasgo, umidade, graxas,

sais, ambientes com álcoois, glicóis, ácidos orgânicos, minerais fracos e alguns

solventes.

Policarbonato

Indicada para aplicações como, móveis, displays, expositores etc. Beleza, design

e qualidade, apresentam boa resistência química, não deformam com carga

estática, facilita a movimentação e possui alta durabilidade.

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Polipropileno

Indicada para cargas leves, oferece muita carga facilidade de movimentação e

baixa deformação com carga estática. Excelente relação custo benefício.

Resistente à água e ácidos, inclusive ao ácido sulfúrico em média concentração.

Nylon

Leveza e ampla gama de capacidade de carga, muito resistente a ambientes

agressivos, locais onde é comum presença de água, gorduras, óleos vegetais e

derivados de petróleo, sais e alguns ácidos. Oferece facilidade de movimentação,

menor esforço do operador para manobras e baixa deformação estática.

Pneumático

Indicada para aplicações em pisos irregulares e malconservados, onde é

necessário a facilidade de movimentação e amortecimento dos impactos e

vibrações, exceto em locais onde há componentes perfurantes como, pregos,

cacos de vidros etc. Oferece baixa resistência ao rolamento sobre superfícies

desniveladas.

Borracha sólida

Indicada para pisos rústicos e malconservados. Movimentação com suavidade,

baixo nível de ruídos, absorve choques, vibrações, resistente ao rasgo, à abrasão,

à tensão de ruptura e a produtos químicos exceto ambientes com óleos orgânicos

e minerais, soluções básicas, vapor saturado ou pisos claros. Dispensa

calibragem.

Celeron

Roda integral de Celeron, polímero à base de tecido de algodão com resina

fenólica, indicada em ambientes agressivos e altas temperaturas. Não provoca

faísca elétrica e é isolante, não deforma com carga estática proporcionando

facilidade de movimentação, suporta impactos, produtos químicos, óleos e

graxas.

Ferro fundido

Indicada para trabalhos que exigem a facilidade de movimentação, cargas e

temperaturas elevadas. Não indicada para áreas que necessitem de redução de

ruídos e conservação do piso.

Para esse projeto, a categoria da roda escolhida será a de rodas pneumáticas, pois esse

tipo de roda oferece o conjunto de características que mais se adequa à aplicação

idealizada para a empilhadeira. Essa escolha irá garantir que o equipamento possa atuar

em uma grande variedade de pisos e ser operado sobre superfícies irregulares, inclinadas,

e planas de maneira satisfatória.

4.7.4 Escolha

Consultou-se o catálogo do fabricante Blickle, para a escolha das rodas de carga. Três

opções se mostram mais adequadas (Figuras 73 e 74), dentro da categoria de rodas

pneumáticas (séries P, PS e PK), com capacidade de carga de no mínimo 500 kg.

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80

Figura 73 - Opções na série P (BLICKLE, 2016)

Figura 74 - Opção na série OS (BLICKLE, 2016)

As três opções atendem ao tipo de aplicação desejado. Entretanto a escolha foi pela roda

da série PS (Figura 75) PS 315/25-75K, por ter uma maior resistência (indicada pelo ply

rating), e também por ter um menor diâmetro e espessura, o que deixa o equipamento

mais compacto.

Figura 75 - Rodas pneumáticas da série PS (BLICKLE, 2016)

Já para a roda de tração, é necessário que a roda tenha a furação para o acoplamento do

flange de roda e do motor hidráulico (Figura 76). Nesse caso, a roda mais adequada é a

PA 420/4, conforme foi observado no catálogo (Figura 77).

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81

Figura 76 - Roda com furação para montagem do flange no cubo

Figura 77 - Opções na série PA

4.8 Pinos

São cinco os pinos de articulação que necessitam ser devidamente dimensionados para

suportar os esforços cisalhantes envolvidos na operação da empilhadeira: os quatro pinos

conectados aos olhais dos cilindros de levantamento, e o pino central conectado aos

braços de apoio e a estrutura da torre de elevação. Os pinos podem ser carregados em

cisalhamento simples ou duplo, conforme mostrado na figura 78.

Figura 78 - Pino de articulação em cisalhamento simples (a) e duplo (b) (NORTON, 2011)

Para cada caso a tensão de cisalhamento é obtida por:

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𝜏 =𝑃

𝐴 (𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠)

𝜏 =𝑃

2𝐴 (𝑑𝑢𝑝𝑙𝑜)

Onde P é a carga aplicada e A é a área sob cisalhamento. Nota-se que o cisalhamento

duplo é mais vantajoso para projetos de pinos de articulação, pois a tensão de

cisalhamento gerada é a metade daquela do carregamento simples. Logo, essa será a

solução adotada para todos os pinos.

Os pinos conectados ao cilindro hidráulico de levantamento deverão resistir ao esforço

cisalhante que atuará sobre eles durante a atuação do cilindro. Já o pino central dos braços

de apoio deverá resistir ao esforço cisalhante devido ao peso do equipamento. A tensão

cisalhante é inversamente proporcional ao diâmetro dos pinos, entretanto um pino de

grande diâmetro necessita de um olhal mais robusto conectado ao cilindro. Portanto, foi

decidido que todos pinos terão diâmetro de 20 mm, ficando assim, determinado também,

a diâmetro dos furos dos olhais dos cilindros, da estrutura do equipamento e dos braços

de apoio. Como os pinos terão mesmo diâmetro e serão do mesmo material, será

considerada as forças cisalhantes aplicadas no pior caso, que ocorre para o pino central

dos braços de apoio. Nesse caso, a máxima força cisalhante a qual o pino estará sujeito,

é a máxima força peso do equipamento, que ocorre quando o equipamento ergue a carga

máxima de projeto.

Pela teoria de Von Mises, no caso de cisalhamento puro, tem-se que:

𝜎′ = √(𝜎1 − 𝜎2)2 + (𝜎2 − 𝜎3)2 + (𝜎1 − 𝜎3)2

2 (21)

Onde,

𝜎1 = 𝜏, 𝜎2 = −𝜏, 𝜎3 = 0

Logo,

𝜎′ = √(2𝜏)2 + (−𝜏)2 + (𝜏)2

2= √

6𝜏2

2

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83

𝜎′ = 𝜏√3 =𝐹√3

2𝐴

Considerando que os pinos terão 20 mm e calculando a tensão cisalhante para o pior caso,

que é o do pino central dos braços de apoio:

𝜎′ =√3

2

𝐹

𝐴=

√3

2

9094 𝑁

𝜋 ∙ (20 𝑚𝑚)2

4

= 25 𝑀𝑃𝑎

A escolha do material será feita de modo a alcançar um fator de segurança alto, devido a

criticidade do componente.

Portanto, escolhendo-se o aço 1020 laminado a quente, com Sy = 125 MPa:

𝐹𝑆 =125 𝑀𝑃𝑎

25 𝑀𝑃𝑎= 5,0

O alto fator de segurança obtido foi considerado necessário, dado que os pinos são

elementos de responsabilidade e não podem cisalhar. A fixação dos pinos será por meio

de contra pinos.

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5 Conclusão

Analisando os resultados do projeto, e considerando a principal razão do desenvolvimento

desse trabalho, que foi a de demonstrar a viabilidade técnica do desenvolvimento de uma

máquina de elevação capaz de atuar sobre diversos pisos, nota-se que o objetivo foi

alcançado. É sim possível, do ponto de vista teórico e técnico, projetar um equipamento

que possa atuar com segurança tanto sobre superfícies planas e lisas, quanto sobre

superfícies levemente inclinadas. Foram demonstrados os meios de calcular as reações

normais, máximas inclinações, e torques necessários para a utilização em qualquer tipo

de terreno, bastando-se fazer as adequações necessárias nos valores das variáveis

envolvidas. O software SolidWorks permitiu a atribuição de valores as variáveis, obtidas

na formulação dinâmica e estática dos carregamentos, de maneira rápida e precisa,

principalmente ao calcular automaticamente as massas dos diversos componentes e a

posição do centro de massa do equipamento, tanto carregado, quanto descarregado.

No que diz respeito ao dimensionamento e especificação, os principais componentes

foram calculados com uma boa margem de segurança. Em condições normais de

operação, as forquilhas não irão fletir drasticamente e nem se deformar plasticamente. Já

os cilindros hidráulicos foram especificados de modo que serão capazes de suportar os

esforços envolvidos com sobra. A escolha dos cilindros foi pelo fabricante Parker

Hannifin, devido a seu grande renome e qualidade notória, e também ao material

disponibilizado online, o que permite a escolha do atuador considerando todos os

detalhes. Evidentemente um fabricante como esse não possui os cilindros mais baratos,

porém, é possível estudar outros fabricantes de modo a selecionar cilindros mais

acessíveis seguindo o procedimento adotado no projeto. A corrente de rolos foi

selecionada sob o mesmo ideal utilizado na seleção dos cilindros hidráulicos,

consultando-se um fabricante de grande qualidade, a Renold, e especificando uma

corrente que atenda o serviço com um robusto coeficiente de segurança, garantindo que

o elevar e abaixar de cargas seja feito em condições seguras. Foi ainda elaborado um guia

bem completo para seleção de motores de rodas, sejam eles hidráulicos ou elétricos. Tal

guia pode ser utilizado em outros projetos similares, de máquinas de elevação sobre rodas,

ou totalmente diferentes, no âmbito da robótica por exemplo. Da mesma maneira, os

motores foram selecionados segundo catálogos de fabricantes referência, nesse caso a

Parker.

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Percebe-se que o projeto apresentou ampla abrangência, desde as questões teóricas do

carregamento estático e dinâmico do equipamento sobre superfícies planas e inclinadas,

até o dimensionamento preciso dos principais componentes, passando pela escolha de

materiais, dos perfis de viga, cálculo dos esforços de deflexão, englobando diversas áreas

de conhecimento da engenharia mecânica.

O projeto foi especialmente desafiador por apresentar o conceito de um equipamento

único, sem igual no mercado. Equipamento esse, voltada para aplicações específicas,

como ocorre em diversos outros tipos de equipamentos, seguindo uma tendência de

equipamentos desenvolvidos para atividades individualizadas.

Ainda assim, o projeto pode ser mais aprofundado, chegando ao nível de um projeto

detalhado. Para projetos futuros, sugere-se o dimensionamento e seleção dos

componentes da unidade de potência hidráulica, especificando os circuitos hidráulico e

elétrico envolvidos. O dimensionamento do sistema de freios. Outra sugestão é o

desenvolvimento de um sistema de controle integrado, capaz de detectar uma variação na

inclinação da superfície, por meio de sensores de inclinação, e acionar o avanço dos

cilindros de nivelamento automaticamente.

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6 Referências Bibliográficas

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Iorque: McGraw-Hill, 2011. ISBN ISBN 978–0–07–352928–8.

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490

1668 1

511

1600

209

0

1881

A

C

B

Item DescriçãoA Conjunto Forquilha

B Montagem Braços de apoio

C Montagem Estrutura Empilhadeira

CotasEscalaOrientador

Autor

mmArmando Carlos de Pina

Universidade Federal do Rio de JaneiroRafael Montes do Amaral

Empilhadeira hidráulica com mecanismo de auto-nivelamento Equipamento - Vistas Ortográficas

1º Diedro1 : 20

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1668

160

0 CotasEscalaOrientador

Autor

mmArmando Carlos de Pina

Universidade Federal do Rio de JaneiroRafael Montes do Amaral

Empilhadeira hidráulica com mecanismo de auto-nivelamento

Máxima elevação do conjunto das forquilhas

1 : 20 1º Diedro

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580

462

1

150

152

1405

A1

A2

A3

A4

A6

A5

Item Qtd DescriçãoA1 2 Perfil U abas inclinadasA2 1 Tubo retangularA3 2 ChapaA4 2 ChapaA5 1 Tubo retangularA6 2 Rolete guia

Notas:

As peças serão unidas por meio de soldagem.

CotasEscalaOrientador

Autor

mmArmando Carlos de Pina

Universidade Federal do Rio de JaneiroRafael Montes do Amaral

Empilhadeira hidráulica com mecanismo de auto-nivelamento Montagem Conjunto Forquilha

1º Diedro1 : 10

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B3

B5

B7

B9

B8

B11

B4

B6

B1

B2

B10

Notas:

1 - O cilindro e os pinos de fixação de um do braço esquerdo foram omitidos para facilitar a visualização;

2 - Os pinos serão fixados por meio de contrapinos.

Item Qtd Descrição

B1 1 Braço direito

B2 1 Braço Esquerdo

B3 4 Espaçador

B4 2 Bucha

B5 2 Parafuso M 16

B6 2 Porca M16

B7 2 Roda

B8 2 Cilindro hidráulico nivelamento

B9 4 Pino

B10 1 Pino

B11 1 Peça de conexão

CotasEscalaOrientador

Autor

mmArmando Carlos de Pina

Universidade Federal do Rio de JaneiroRafael Montes do Amaral

Empilhadeira hidráulica com mecanismo de auto-nivelamento Montagem Braços de apoio

Explodida1 : 10

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C1

C2C1

C3

C4

C5

C6

C9

C8

C7

C11

C12

C13

C23

C22

C21

C20

C19C18C17

C16

C15

C14

Item Qtd DescriçãoC1 1 Polia de subidaC2 1 ClévisC3 1 PinoC4 1 Grampo UC5 1 Cilindro Hidráulico levantamentoC6 1 Torre de elevaçãoC7 1 Porca M8C8 2 Emenda da correnteC9 1 Parafuso esticador de corrente

C10 1 Corrente de rolos 50A1 - 81 elosC11 2 Porca M10C12 1 Alojamento da Unidade de potênciaC13 1 PinoC14 1 Alavanca de controleC15 1 Roda de traçãoC16 4 Porca M14,5C17 1 Flange de rodaC18 4 Parafuso M14,5C19 2 Porca M13,5C20 1 Suporte da roda de traçãoC21 1 PinoC22 1 Motor hidráulicoC23 2 Parafuso M13,5

Notas:1 - A unidade de potência deverá ser soldada à torre de elevação na montagem;

2 - Os pinos serão fixados por meio de contrapinos.

CotasEscalaOrientador

Autor

mmArmando Carlos de Pina

Universidade Federal do Rio de JaneiroRafael Montes do Amaral

Empilhadeira hidráulica com mecanismo de auto-nivelamento

1 : 10 Explodida

Montagem estrutura da empilhadeira