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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
SEMINÁRIO I
DINÂMICA DA PAISAGEM DO CERRADO: REVISÃO DE LITERATURA
Joyce Rodrigues Lobo Orientadora: Maria Clorinda Soares Fioravanti
GOIÂNIA 2013
JOYCE RODRIGUES LOBO
DINÂMICA DA PAISAGEM DO CERRADO: REVISÃO DE LITERATURA
Seminário apresentado junto à Disciplina Seminários Aplicados do
Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Escola de
Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás
Nível: Doutorado
Área de Concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal
Linha de Pesquisa: Técnicas de Diagnóstico Aplicadas
a Patologia e Clínica Animal
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Clorinda Soares Fioravanti - UFG
Comitê de Orientação: Profª Drª Concepta MacManus Pimentel - UnB
Pesq. Dr. Fernando Brito Lopes - Embrapa/CNPAF
GOIÂNIA 2013
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................
2 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................
2.1 Dinâmica da paisagem................................................................................
2.2 Caracterização do bioma Cerrado...............................................................
2.3 Caracterização da paisagem da agropecuária em Goiás............................
2.4 Sazonalidade climática................................................................................
2.5 Desmatamento e sistema de produção agropecuário.................................
2.5.1 Ocorrência de desmatamento...................................................................
2.5.2 Uso do solo no Cerrado............................................................................
2.6 Ocupação antrópica moderna......................................................................
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................
REFERÊNCIAS.................................................................................................
1
3
3
6
10
15
17
17
19
23
30
31
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1
FIGURA 2
FIGURA 3
Distribuição dos biomas brasileiros com a disposição das três bacias
hidrográficas do Cerrado (destacando na região central do Cerrado,
o Estado de Goiás).............................................................................
Apresentação das unidades da Federação contidas no Cerrado
brasileiro...............................................................................................
Disposição no bioma Cerrado, com destaque para o Estado de
Goiás, de uso do solo classificado de acordo com o tipo de
ocupação territorial, conforme os levantamentos realizados no
âmbito das iniciativas PROBIO e PDIAP, respectivamente................
7
8
13
1 INTRODUÇÃO
Com a finalidade de compreender melhor a interação existentes entre a
paisagem e seus componentes novas áreas de pesquisa interdisciplinar como a
ecologia de paisagem e suas abordagens, entre estas a dinâmica da paisagem,
permitem avaliar a condição de determinada paisagem, relacionando suas
variáveis geográficas e ambientais com a interferência humana, ao longo de sua
história.
Estudos sobre o ambiente em seus aspectos físicos e ecológicos,
assim como a sua relação ou mesmo intervenção humana no âmbito político e
socioeconômico, determina a caracterização que no decorrer do tempo molda as
diferentes paisagens. Atualmente, têm sido inseridas em diferentes ciências com
o intuito de ser esclarecido o quanto a interação homem e meio-ambiente tem
influência de causa e consequência em diferentes áreas de estudo. Dessa forma,
como auxilio nessa investigação pode-se contar com a disciplina de ecologia de
paisagem (SOARES-FILHO, 1998).
A ecologia de paisagem traz avaliações sob duas abrangências
diferentes: uma com foco em aspectos geográficos avaliando a atuação humana
sob o ambiente em que está inserido, moldando sua paisagem e como este
ambiente está sendo administrado; e outra com foco ecológico em que se observa
a questão da conservação dos fatores biológicos dentro de seu espaço natural
(METZGER, 2001). Contudo, deve-se entender que uma paisagem se diversifica
espacialmente e é de grande relevância o fator tempo no desenvolvimento de um
ambiente, pois toda essa heterogeneidade influencia em processos bióticos e
abióticos e no manejo da diferenciação do espaço (RISSER et al., 1984).
Neste contexto torna-se importante utilizar tal ferramenta de pesquisa
para monitorar ecossistemas que mantém a sobrevivência biológica. Com a
produção de alimentos e socioeconomia de uma nação como o Brasil, o bioma
Cerrado tem importância inquestionável. O Cerrado é extenso territorialmente e
propício para a exploração de agricultura e pecuária, e tem-se tornado nos últimos
anos, com auxilio de políticas governamentais, o maior responsável por
exportações de commodities agrícolas. Em contrapartida, essa vantagem trouxe à
2
região do Cerrado intensa exploração de sua paisagem natural, devido à
transformação de vastas extensões territoriais em áreas de cultivo
comprometendo assim, a biodiversidade que ainda não foi bem investigada
ecologicamente para posterior exploração sustentável. Portanto, a presente
revisão abordará as condições de utilização dos recursos naturais do Cerrado
brasileiro envolvendo seus aspectos socioeconômicos, ambientais no âmbito de
uso do solo e preservação dos remanescentes naturais.
3
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Dinâmica da paisagem
Alexander Von Humboldt considerado o pioneiro da geografia física e
geobotânica trouxe para estas ciências o conceito entendido atualmente como
paisagem, dando a este seu caráter geográfico, determinando que no
entendimento de tal termo não estejam contidos apenas os aspectos físicos do
meio-ambiente, mas seu principal interventor, o homem (SOARES-FILHO, 1998).
Elementos físicos, biológicos e oriundos do homem agem e reagem
uns sob os outros de modo dinâmico contemplando-se em um conjunto
inseparável e característico, continuamente interagindo e evoluindo ao longo do
tempo. Deste modo, vão se definindo as diferentes paisagens sob diversas
interferências espaciais. A definição de paisagem não pode ser compreendida
como sendo uma simples disposição de elementos geográficos (BERTRAND,
2004).
Diferentes cenários como regiões de monocultura de soja, milho e
cana-de-açúcar, áreas de pastagem, cidades no interior de um país ou mesmo as
grandes metrópoles, tudo isso se caracteriza como paisagens mais facilmente
modificadas ou não. Têm por afinidade o fato de possuírem a interação de
componentes naturais e artificiais (criados pelo homem) podendo ter sido
acumulados conforme a evolução tecnológica ao longo de gerações, definindo
assim, a paisagem sob dois aspectos: os elementos próprios da natureza e os
criados pela evolução do homem ao longo do tempo (SANTOS, 2004).
Diante do exposto é compreensível que a paisagem não é fixa, assim
como o homem em sociedade se modifica em prol de seu conforto com inovações
tecnológicas e necessidade de crescimento em larga escala de produção, a
paisagem consequentemente vai se modificando conjuntamente adequando-se às
novas realidades sociais. Estas mudanças podem ser parciais na paisagem
retratando em parte vestígios de fases da evolução humana de algum tempo
passado. Porém, à medida que a sociedade progride não necessariamente
ocorrerá modificação da paisagem. De tal modo, ao se determinar um intervalo de
4
tempo, este está associado a um momento distinto do desenvolvimento social de
uma comunidade ou nação com seus elementos característicos na paisagem.
Igualmente, a paisagem vai se definido por uma acumulação de fases
determinadas pelo tempo que se diferenciam de acordo com o espaço.
Acrescenta-se que os elementos constituintes de determinada paisagem não se
modificam ao mesmo tempo, nem com a mesma intensidade, muito menos no
mesmo sentido. Portanto, a paisagem altera-se conforme as necessidades sociais
se modificam, podendo ser revigorada, extinguida ou reconfigurada com intuito de
atender aos preceitos sociais (SANTOS, 2004).
A delimitação das diferentes paisagens algumas vezes não é
facilmente visualizada, principalmente tratando-se de um ambiente natural. Uma
vez que espacialmente as distinções entre uma paisagem e outra ocorrem de
forma aleatória. Elas vão se definindo à medida que características dominantes
são observadas em um mesmo espaço físico permitindo o estabelecimento de
limites, o que também não pode ser dado como definitivo. As paisagens muitas
vezes podem se caracterizar pelas descontinuidades apresentando-se em pontos
distintos num mesmo território (BERTRAND, 2004).
O termo paisagem pode ser utilizado para se referir desde um pequeno
espaço no território até uma delimitação geográfica extensa que limita, por
exemplo, um Estado inteiro de um país ou mesmo todo o país. Uma vez que, o
dinamismo da paisagem advém não só dos aspectos naturais que a constituem,
mas sim de sua interação com aspectos culturais da população presente neste
cenário evoluindo conjuntamente. Afinal, paisagem é percebida como o espaço
que compreende diferentes populações (vegetais, animais e humanas)
adaptando-se às intervenções humanas e naturais (FORMAN, 1995).
A paisagem tem sido estudada, entre outras disciplinas, pela ecologia
de paisagem focando no relacionamento de seus elementos formadores que
coabitam em um mesmo espaço físico. Considerando que essa interação é
necessária para a sobrevivência de elementos presentes na superfície terrestre
como as populações de plantas, animais e humanos, também são inseridos nesse
ambiente os aspectos físicos que podem avaliar as partes mais densas da terra,
como as diferentes formações rochosas (VINK, 1983).
5
De tal modo, ecologia de paisagem atua na linha de pesquisa que
determina a estruturação, funcionamento e modificações que ocorrem na
paisagem. A abordagem dessas características possibilita o monitoramento de
modificações ecológicas nos padrões espaciais dos diferentes ecossistemas
(RISSER et al., 1984; FORMAN, 1995).
O homem entre os elementos constituintes de uma paisagem se
destaca como o principal modificador dos outros elementos interferindo na
estruturação e funcionamento da mesma. As inferências humanas no
dimensionamento dos processos bióticos e abióticos têm muita motivação e
geralmente são consequências da estruturação social do homem envolvendo
aspectos culturais, históricos e socioeconômicos que determina o uso dos
recursos naturais de um território, como o uso do solo. Portanto, na ecologia de
paisagem o homem é qualificado como um componente interativo e transformador
ao longo do tempo estabelecendo um processo evolucionário (NAVEH, 1991).
Neste contexto, a formação da paisagem tem como determinantes os
aspectos que constituem a estruturação social humana alternando-se por
conjunturas políticas, mercadológicas e ecológicas que determinam o uso do solo
para atender a necessidade de produção na agricultura e pecuária, sendo que a
paisagem encontra-se contida nesse cenário dinâmico com maior ou menor grau
de interação (WIENS, 2009).
A classificação da paisagem pode ser realizada à medida que esta vai
se definindo no espaço no decorrer do tempo, haja vista que os elementos
constituintes da paisagem até certo modo são constantes e dependentes do
tempo. Portanto, sujeitos a transformações no seu espaço geográfico.
Originalmente, a classificação da paisagem conta com fatores climáticos e
estruturais, bem como aspectos biogeográficos e advindos do homem
(BERTRAND, 2004). A classificação taxonômica é necessária ao definir, por
exemplo, os diferentes biomas de um país. E para melhor esclarecer como
funciona a dinâmica de uma paisagem é importante conhecer estes biomas e os
fatores determinantes de cada um. Dessa forma, nesta revisão será abordado o
bioma Cerrado.
6
2.2 Caracterização do bioma Cerrado
O bioma Cerrado é um território extensamente distribuído na região
Central do Brasil originalmente ocupando cerca de 205 milhões de hectares
(IBGE, 2006). Fato que o qualifica como o segundo maior bioma brasileiro depois
da Amazônia. Este território encontra-se sobre forte contraste climático o que
determina duas estações bem definidas: uma chuvosa e outra seca. Apresenta
vegetação característica da Região Neotropical determinando um sistema
vegetacional único, estratificado em fitofisionomias do tipo gramíneo-lenhosas,
arbóreas e florestais. Classificado em subsistemas: de campo, de cerrado, de
cerradão, de matas, de matas ciliares, de veredas e ambientes alagadiços
alternando desde campos abertos a densas matas e florestas secas (RATTER et
al., 2006).
Constituído de rica biodiversidade na qual foram estimadas 160 mil
espécies de plantas, fungos e animais. Quanto à vegetação, 800 espécies de
árvores e arbustos de grande porte e por diversas espécies terrestres (ervas e
subarbustos) já foram contabilizadas. Considerando as matas ciliares, as matas
mesófilas e outros habitat de ocorrência no bioma o número total de espécies de
plantas vasculares foram estimadas em cerca de 10.000 (RATTER et al. 1997).
Estudos têm sido realizados, mas sem registros oficiais do efetivo total
contabilizado até o presente momento.
A região do Cerrado apresenta-se distribuída por 10 Estados da
federação, além do Distrito Federal, sendo o Estado de Goiás o único que se
encontra completamente presente neste bioma (Figura 1). Este bioma se
configura em um ambiente rico em comprovada biodiversidade, mas grande parte
restrita ao seu ambiente (OLIVEIRA-FILHO & RATTER, 2002; SANO et al.,
2008a).
Em um território com tamanha extensão é previsível que seja ampla
também a sua variedade de espécies vegetais, animais e até mesmo
microbiológica. Se mensurados os elementos físicos engrandecem mais a
diversidade de constituintes desse ambiente. Outro aspecto de grande relevância
dentro desse cenário são os recursos hídricos disponíveis por todo território
(MYERS et al., 2000; COSTA et al., 2003; LIMA & SILVA, 2008)
7
FIGURA 1 – Distribuição dos biomas brasileiros com a disposição das três bacias hidrográficas do Cerrado, com destaque da região central do Cerrado, o Estado de Goiás
Fonte: FERREIRA (2009b)
Toda essa riqueza de biodiversidade corre sérios riscos, visto que
preocupações globais em virtude das mudanças climáticas vêm em busca de
alternativas para combustíveis mais ecológicos e ainda existe a necessidade de
produção de alimentos em massa, estes fatores transformaram o Cerrado em um
território produtor para essa demanda (GIBBS et al., 2008). Por outro lado, o
bioma Cerrado, bem como a Amazônia e outros ecossistemas se destacam
também como mantenedores de serviços ambientais com o papel de
absorvedores dos gases que intensificam o efeito estufa no país (FERREIRA et
al., 2009b).
8
Geograficamente no território do Brasil ao norte a região do Cerrado
encontra-se a margem da floresta Amazônica se estendendo continuamente ao
sul até apresentar-se em áreas isoladas em Estados das regiões Sudeste e no
Sul em menor proporção (Figura 2), alcançando latitude maior que 20° e uma
faixa de altitude do nível do mar de 1.800m. Áreas isoladas também estão
inseridas dentro da Bacia Amazônica aproximadamente 700 mil km² do total da
área de Cerrado. Ainda, a oeste existem áreas de Cerrado na Bolívia e Paraguai,
apesar de serem considerados mais pobres em espécies e vegetação, assim
como em Roraima e nos Lhanos Venezuelanos que ocorrem ao norte da
Amazônia (RATTER et al., 1997).
FIGURA 2 - Apresentação das unidades da Federação contidas no
Cerrado brasileiro Fonte: RATTER et al. (1997)
9
Quanto aos fatores ecológicos o bioma Cerrado ainda não tem seu
devido reconhecimento, pois esta região é dita como essencial para o país no
âmbito político econômico destacando-se no setor agropecuário e atualmente
com o crescimento da demanda por produção de biocombustíveis, referindo
também por gerar energia via hidroelétricas (SANO et al., 2001; PINTO et al.,
2005; OMETTO et al., 2007). Deste modo, os recursos naturais têm sido, com
maior ou menor intensidade, explorados em favor da agricultura e pecuária, bem
como extração de árvores para produção de carvão vegetal (FERREIRA et al.,
2009b).
Conforme já relatado nesta revisão, a biodiversidade do bioma Cerrado
é bastante considerável prevista devido sua extensão territorial, apesar de haver
muito a ser investigado. Tudo isso traz a reflexão de que no Cerrado devem ser
mantidos seus recursos naturais, como os recursos hídricos, solos, clima, cadeia
trófica e o papel de absorvedouro de gases de efeito estufa. Lembrando que
quanto aos recursos hídricos, no Cerrado estão incorporadas as nascentes de
três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul (São Francisco,
Araguaia/Tocantins e Paraná/Paraguai) (Figura 1), localizadas nos limites
fisiográficos deste bioma elevando assim a sua importância socioambiental
(FERREIRA et al., 2009b).
Diante dos aspectos expostos, compreende-se que a região do
Cerrado hoje tem papel fundamental como matriz produtiva, entendendo tal termo
como sendo o local gerador de produtos. Em se tratando do setor agropecuário
esta região é fonte produtora de alimentos entre outros insumos de origem agrária
e animal, gerando renda as federações e ao país. A exploração dos recursos
naturais, principalmente o uso do solo, ocorre na formação de pastagens
destinadas à bovinocultura de corte e leite e para a agroindústria como na
produção de cana-de-açúcar e terras de lavouras (milho, soja, feijão entre outros)
(DUSO, 2006; SILVA et al., 2013).
A formação de uma matriz produtiva ocorre historicamente e de acordo
com a cultura da região caracterizando o seu desenvolvimento no meio rural. As
atuações governamentais nesta região determinam se o regimento será
caracterizado por políticas de subsistência familiar ou de intensificação da
produção visando o mercado externo (BORILLI et al., 2008).
10
Portanto, em um mesmo território coexistem as matrizes produtivas e a
paisagística à medida que fatores humanos no meio urbano e rural determinam as
modificações que moldam a matriz produtiva, consequentemente a paisagem
também vai se modificando. Devidamente contextualizadas, estas matrizes
seguem modificando-se ora sendo influenciadas pela intensificação do uso da
terra, consequências de ações governamentais, ora por preocupações globais
com a conservação ecológica (BORILLI et al.; 2009).
2.3 Caracterização da paisagem da agropecuária em Goiás
No Brasil colônia, em meados dos séculos XVII e XVIII, em
consequência da ocupação de terra na região litorânea com o povoamento se
intensificando e a economia se fortalecendo, surgiu à necessidade da migração
para o interior do país, rumo ao centro. Para tanto, o transporte de mantimentos e
outros itens necessário para as expedições eram realizados utilizando os
rebanhos bovinos como força motriz. Deste modo, juntamente com o povoamento
humano na região central ocorreu à disseminação e ocupação do território pelos
rebanhos bovinos (SILVA et al., 2012).
As expedições rumo ao interior do Brasil ocorriam em busca de metais
preciosos. Somente com a decadência da atividade mineradora a bovinocultura
foi se estabelecendo, assim como a produção de açúcar na região litorânea,
deixando a bovinocultura com papel secundário na economia do país. Os bovinos
foram essenciais para a conquista e ocupação de territórios atuando como
coautor na história da colonização do Brasil Central (SILVA et al., 2012).
Somente a partir de 1920 aumentou a ocupação do Cerrado. Período
em que a indústria cafeeira era a principal atividade econômica, principalmente no
sudeste, mais especificamente em São Paulo. Nesta data o crescimento
populacional e o esgotamento de terrenos férteis novamente induziram à
necessidade de migração rumo ao interior do país. Os fatos citados aliados a
políticas governamentais do então presidente Getúlio Vargas, incentivando a
ocupação da região sul do Estado de Goiás que forneciam subsídios e assistência
técnica aos interessados motivaram a exploração do território do Cerrado (KLINK
11
& MACHADO, 2005). Neste contexto histórico de ocupação da região sul do
Cerrado houve a colaboração para a relativa conservação da região norte,
caracterizada pela dificuldade de acesso e distante dos grandes mercados
consumidores (SANO et al., 2009).
A intensificação do uso do solo na região do Cerrado iniciou-se após a
década de 70 com a produção de grãos (soja, milho, feijão, café e algodão),
principalmente na região de Goiás (JEPSON 2005; KLINK & MACHADO, 2005).
Logo em seguida às pastagens cultivadas tornaram-se a principal forma de uso
do solo no Cerrado (SANO et al., 2001; SANO et al., 2008a).
Fato que definiu a pecuária como a mais importante atividade na região
Central do Brasil, na qual coexiste considerável diversidade de sistemas
produtivos que alternam desde propriedades de baixa produtividade utilizando o
sistema extensivo de produção a confinamentos modernos com animais
eficientes. O grande desenvolvimento dessa atividade no Cerrado ganhou
destaque no cenário nacional. Em consequência desse crescimento e com o
intuito de aumentar à produtividade animal as pastagens nativas foram sendo
substituídas por cultivadas atingindo uma extensão de 12,7 bilhões de hectares
em 2006, somente no Estado de Goiás (MARTHA-JÚNIOR & VILELA, 2002;
IBGE, 2006). O efetivo total de pastagens cultivadas atualmente ainda não está
disponibilizado em dados oficiais
O Cerrado apresenta características que atraíram o povoamento e
permitem a atual exploração do solo. Entre tais características destacam-se a
declividade do território. Estudos realizados por FERREIRA et al. (2009b)
determinaram que 99% das áreas de agriculturas ocupam terrenos com baixa
declividade, entre 5º a 10º, enquanto 98% das áreas de pastagens apresentam
também com declividade entre 5º e 10º.
Esta característica tem colaborado com o atual cenário de exploração
do Cerrado por proporcionar a facilidade de manejo nos setores produtivos e
viabilidade para a mecanização da agricultura e também a urbanização que
ocorrem preferencialmente em áreas planas (JASINSKI et al., 2005).
Ainda com relação à declividade do terreno no mesmo estudo de
FERREIRA et al. (2009b) constatou-se que 85% da cobertura vegetal nativa,
remanescentes naturais, encontram-se com baixa declividade (5º a 10º) e são
12
consideradas áreas passiveis de conversão. Os outros 15% de remanescentes de
Cerrado constituem-se de relevo mais movimentado com declividade acima de
45º, provavelmente esta característica tenha colaborado para o maior condição de
preservação aliado ainda a maior presença de estruturas geológicas (rochas pré-
cambrianas) que se concentram na região nordeste.
A declividade do terreno assim como todos os outros aspectos
fisiográficos do Cerrado integrados a potencialidade hídrica e elevada
biodiversidade conservam inestimáveis processos ecológicos dando garantias aos
ecossistemas limítrofes. Em contrapartida, territórios de leve topografia e solos
desenvolvidos beneficia o setor agropecuário configurando o bioma Cerrado em
uma região estratégica ao fortalecimento socioeconômico do país (FERREIRA et
al., 2009a).
Esta conformação do Cerrado ligada a investimentos públicos e
infraestruturas estratégicas, como malha viária e rede elétrica, tornou a região o
grande celeiro agrícola da atualidade, ocupado principalmente pela bovinocultura
de corte seguida da produção leiteira e por monoculturas comerciais de soja,
milho entre outras culturas, e mais recentemente a de cana-de-açúcar. (SANO et
al., 2002). Porém, iniciativas como o Projeto de Conservação e Utilização
Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira - PROBIO
(MMA/CNPq/BIRD/GEF) por meio do mapeamento da cobertura vegetal indicou
que nas últimas décadas 26% do território do bioma Cerrado foi transformado em
pastagens cultivadas e outros 10% em áreas de agricultura (SANO et al., 2008a).
Com o objetivo de melhor qualificar a conversão ocorrida FERREIRA et
al. (2009a) esquematizaram o bioma Cerrado, como pode ser observado na
Figura 3, com ênfase para a região do Estado de Goiás, demonstrando entre os
anos de 2003 e 2005 o quanto da cobertura vegetal no estado de mata nativa foi
convertida em área plantada por conta da expansão agrícola. Configurando em
desmatamento na proporção de 31% de área expandida com vários tipos de
cultivos, sendo principalmente novas áreas de pastagens, observados
prevalentemente em municípios mais proeminentes no setor do agronegócio ao
sul do Estado.
Como visto, a intensificação da ocupação da região de Cerrado ocorreu
pela necessidade de produção e, para tanto, era necessário à disponibilidade de
13
solo fértil principalmente à atividade agrícola. A fertilidade dos solos do Cerrado
poderia ter sido um entrave para a sua utilização já que são pouco férteis, devido
ao elevado grau de intemperismo, principalmente em solos do tipo latossolos (rico
em minerais), antigos e predominantes na região (REZENDE, 2003; REATTO &
MARTINS, 2005).
FIGURA 3 - Disposição no bioma Cerrado, com destaque para o Estado de Goiás, de uso do solo classificados de acordo com o tipo de ocupação territorial, conforme os levantamentos realizados no âmbito das iniciativas PROBIO e PDIAP, respectivamente.
Fonte: FERREIRA et al. (2009a)
No atual cenário em que se encontra o bioma Cerrado estudos têm
projetado que as expansões dos desmatamentos irão ocorrer em todo o território,
porém com maior predominância ao norte e nordeste do Cerrado, regiões
apontadas como novas fronteiras agrícolas (FERREIRA et al., 2009a; FERREIRA
et al., 2009b).
A relação entre valor da terra e uso do solo também foi pesquisada por
FERREIRA et al., (2009b) que destacaram que as regiões sul e sudeste do
Estado de Goiás são detentoras das áreas com menor cobertura vegetal nativa
por terem sido convertidas em “Cerrado agrícola” e em função disso são
14
responsáveis por mais da metade do PIB estadual (destaque para Rio Verde),
possuem maior oscilação de preço de terra em Goiás. Já no quesito intensidade
de pobreza relacionada a remanescentes de Cerrado e preço da terra, o estudo
indica que quanto maior a intensidade de pobreza maior a conservação da
vegetação nativa, em índices municipais. Fato que pode ser confirmado em Goiás
onde as áreas de maior preservação da vegetação natural encontram-se no
corredor ecológico Paranã-Pireneus região de maior pobreza ao nordeste
goianiense. Estas áreas estão associadas também à baixa aptidão agrícola e
ausência de infraestrutura urbana e rodovias federais.
Outro fator a ser levado em consideração é a questão de que os solos
ao longo do território global se diversificam, em se tratando das pastagens há
regiões especificas que melhor subsidiam a produção de muitas espécies de
interesse zootécnico a produção animal (SILVA et al., 2013). Outros fatores
ambientais como a desigualdade da distribuição de luz, nutrientes e água
colaboram com a diversidade e desenvolvimento dos diferentes tipos de solo,
formando “mosaicos vegetativos”. O que caracteriza a heterogeneidade de fatores
envolvidos na formação de pastagens e na produção animal (SHIYOMI et al.,
1983).
Atualmente a agricultura de precisão pode contar com avanços
tecnológicos como o Sistema de Informação Geográfica (SIG) que pesquisam via
satélites à composição dos sítios de produção agroindustrial, assentamentos
urbanos e reservas florestais colaborando com mais informações. Para
exemplificar tal fato, as modificações na natureza bem como nos sítios de
produção podem ser mais bem compreendidos e detalhados com uma
visualização panorâmica, possibilitando assim o controle da agrobiodiversidade, a
aplicação de métodos de georreferenciamento e uso de bancos de dados. Esta
tecnologia possibilita a todos o monitoramento de mudanças na paisagem natural
e produtiva, com variações na composição da fauna, flora e intensidade agrícola
(SCHERR & MCNEELY, 2007; JOOST et al., 2010; SILVA et al., 2013).
15
2.4 Sazonalidade climática
A temperatura e a precipitação no decorrer do ano na região de
Cerrado podem ser definidas como as características mais marcante desta, pois
definem dois períodos climáticos bem distintos: um quente e úmido que determina
seis meses de chuva (outubro a março); e outro frio e seco definindo seis meses
de seca (abril a setembro). Este último bastante marcado pela frequente
ocorrência de incêndios na vegetação e deficiência hídrica nas camadas
superficiais do solo (FRANCO 2002; MIRANDA et al., 2002; OLIVEIRA FILHO &
RATTER, 2002; CIANCIARUSO et al., 2005).
Essa sazonalidade climática é típica de outras regiões semelhantes ao
Cerrado (savanas) pelo mundo com uma precipitação que alcança mais de 90%
de todo território variando de 800 a 2.000 milímetros no período de chuvas e no
outro período na estação de inverno apresenta-se com seca intensa, em que as
temperaturas médias no ano variam entre 18 e 28ºC. Características da
composição do solo (como a acidez, disponibilidade de cálcio e magnésio, alto
teor de alumínio, ferralíticos - latossolos) definem o terreno como bem drenado o
que determina a vegetação do cerrado ser intolerante a alagamentos (RATTER et
al., 1997).
A ocupação do Cerrado parece estar vinculada também às condições
climáticas da região, conforme destacam DINIZ-FILHO et al. (2009),
demonstrando a relevância da média mensal anual de precipitação como uma
variável importante neste processo. Segundo estes autores, o clima estaria
correlacionado em até 65% com a atual estrutura espacial do bioma (em
complemento com outras variáveis de ordem socioeconômica e geográfica).
Provavelmente, com o avançado estágio de conversão do bioma, somado ao uso
de técnicas apropriadas de irrigação, esta dependência à precipitação seja cada
vez menor, em comparação com o início da década de 1970 (momento da
expansão inicial da fronteira agrícola no Centro-Oeste brasileiro).
A referida sazonalidade climática produz oscilações na incidência de
irradiação solar, na variabilidade de precipitação pluviométrica e interfere na
diferenciação dos tipos de solos, fato que determina diversificação na natureza e
16
na produção de alimentos (GUSEWELL et al., 2005; TITTONELL et al., 2008;
MACHADO et al., 2010).
Em particular na atividade pecuária o principal fator de queda na
produção é devido à falta de chuvas no período seco, aliados ao frio (junho a
agosto). Entretanto, a atividade leiteira demanda maior cuidados por parte dos
pecuaristas, pois o volume de leite diminui na entressafra, por consequência da
redução da disponibilidade de alimentos e portanto da qualidade nutricional das
pastagens, onerando a atividade ao exigir suplementação do rebanho com
volumoso e/ou concentrado (JUNQUEIRA et al., 2008).
Esse fato determina a sazonalidade da produção brasileira de leite,
apresentando-se maior nas chuvas (verão) e menor na seca (inverno). Tudo isso,
reflexo do sistema de produção predominante na região baseado em pastagens,
com forrageiras abundantes no verão aumentando a produção e escassez dessas
no inverno. E, com o intuito da produção não diminuir drasticamente se faz
necessário o planejamento para a substituição de volumoso e o aumento da
suplementação proteica. Fato que acarreta ao produtor menor custo de produção
no verão, isto reduz o preço do leite neste período. Aliado aos fatores já
indicados, a maior parte do rebanho é constituída de animais de baixa
produtividade e qualidade. Assim, a sazonalidade da produção é acompanhada
pela sazonalidade do preço do leite (LINS & VILELA, 2006)
A sazonalidade climática que determina a sazonalidade na produção
de leite traz transtornos financeiros aos produtores, pois, ao mesmo tempo em
que a produção diminui aumenta os custos de produção devido à necessidade de
oferecer ao gado volumoso suplementar (cana e ureia, silagem de milho ou de
sorgo), pelo maior uso de concentrados e o maior gasto com mão de obra
(JUNQUEIRA et al., 2008).
2.5 Desmatamento e sistema de produção agropecuário
2.5.1 Ocorrência de desmatamento
O desmatamento da vegetação nativa do Cerrado ocorreu em favor do
desenvolvimento socioeconômico do país e do crescimento populacional, em que
17
pastagens nativas foram substituídas por pastagens cultivadas mais rentáveis do
ponto de vista da produção animal, bem como a produção de grãos em larga
escala, visando atingir o mercado externo. O desmatamento ocorre ainda por
conta do corte de árvores para produção de carvão vegetal destinado a indústrias
siderúrgicas brasileiras. Só no ano de 1994, aproximadamente 700 mil km² de
Cerrado foram convertidos para paisagens ocupadas pelo homem, ambiente
urbano e rural. Fato que despertou o surgimento de iniciativas emergenciais para
preservação do Cerrado (RATTER et al., 1997).
Considerando ainda que apenas no intervalo de tempo entre os anos
de 2003 e 2007 FERREIRA et al. (2007) indicaram em torno de 19.000 km² de
desmatamento monitorados pelo Sistema de Alerta do Desmatamento do Cerrado
(SIAD), o que colaborou para tornar a questão de desmatamento no Cerrado
alarmante.
Com o passar do tempo e por todo o bioma as áreas naturais são
convertidas e vem se espalhando comprometendo diferentes habitat. Mas, para
tal avaliação existem estimativas pessimistas e otimistas que dependem de
questões metodológicas avaliadas por limites geográficos e escala de
mapeamento, comprovando serem altas as taxas de conversão (KLINK &
MACHADO, 2005; FERREIRA et al., 2007).
As análises de regressão parcial realizadas por DINZ-FILHO et al.
(2009) explicaram 89% de variação no percentual de remanescente de
vegetação. A maior proporção da variância explicada pela sobreposição múltipla
entre a ocupação humana, variação climática e a estrutura geográfica (67%), bem
como pelo componente estruturado climaticamente pela ocupação humana (8%).
Baseado no processo interativo no tempo e no espaço da ocupação humana no
bioma, cenários futuros devem ser mais pessimistas quanto ao desmatamento.
Se o movimento de ocupação continuar em direção à região norte do bioma,
como esperado, pode-se predizer que as proporções de remanescente de
vegetação natural irão declinar rapidamente, indicando assim uma forte perda da
biodiversidade do bioma.
Os cenários futuros descritos por FERREIRA et al. (2009b) alertam que
se mantidas as mesmas políticas governamentais no sentido de conversão de
terras para aumentar a produção agropecuária, sem estratégias de preservação
18
de vegetação nativa aumentará em 13,5 % as áreas de desmatamento até o ano
de 2050 (160 mil km²), definindo uma taxa de conversão média de 40.000 km² por
década. E essas modificações irão expandir a fronteira agrícola no Cerrado em
direção às regiões norte e nordeste do país, sobretudo nos Estados da Bahia,
Piauí, Maranhão, Mato Grosso e Tocantins.
2.5.2 Uso do solo no Cerrado
Para o desenvolvimento normal das plantas considerando uma
vegetação nativa e com o solo em seu estado natural, este possui características
físicas (estrutura, permeabilidade, densidade e porosidade) que garantem o
crescimento e resurgimento da cobertura vegetal. Sobre tais condições, o solo é
utilizado pelas raízes amplamente (ANDREOLA et al., 2000). Ao se destinar o uso
do solo à agropecuária em geral de modo intensivo associado a um longo período
de tempo acaba por comprometer as propriedades físicas desse solo, geralmente
adversos ao desenvolvimento vegetal (SPERA et al., 2004).
O comprometimento de algumas propriedades físicas do solo ocorre
conforme o tipo de exploração agrícola, isto tem sido demonstrado em alguns
trabalhos (ANDREOLA et al., 2000; ALBUQUERQUE et al., 2001; SPERA et al.,
2004). As propriedades físicas e químicas do sofrem alterações provocadas por
espécies vegetais que possuem sistema radicular invasivo e com variadas
quantidades de fitomassa, tal fato tem sido divulgado em sistemas de rotação de
culturas sob plantio direto. A redução da produtividade de diferentes culturas pode
ocorrer em função também da compactação do solo (ALBUQUERQUE et al.,
2001).
Contudo, as restrições no desenvolvimento de plantas podem ser
indicadas pelas condições das propriedades do solo: densidade, porosidade total,
macro e microporosidade (SPERA et al., 2004). É valido considerar o suprimento
de água e quantidade de nutrientes insuficientes quando ocorrer redução no
desenvolvimento das plantas pela compactação do solo alertam UNGER &
KASPAR (1994).
Diante do exposto, as propriedades do solo (densidade, porosidade,
condutividade hidráulica, curva característica de retenção de água e resistência à
19
penetração) são utilizadas como indicadores de qualidade física, sendo
relativamente de fácil determinação e baixo custo de obtenção das medidas. Além
de permitir a comparação entre os sistemas de manejo e de uso do solo, os
atributos físicos também têm sido utilizados para estudar o efeito da conversão de
áreas nativas em lavouras ou pastagens (IMHOFF et al., 2000; BALBINO et al.,
2004; OLIVEIRA et al., 2004; LEÃO et al., 2006).
Para que o rendimento do potencial das pastagens na pecuária seja
alcançado, alguns aspectos ambientais são determinantes e estão vinculados à
espécie forrageira, ao clima e as propriedades físico-químicas do solo. Desse
último são impostas limitações ao desenvolvimento das plantas, pois este deve
fornecer o suficiente em nutrientes, água e oxigênio. Entre as limitações à
eficiência produtiva das pastagens estão o nível de fertilidade dos solos e a
toxicidade causada por elevados teores de alumínio e magnésio (IMHOOF et al.,
2000).
A evolução na produtividade da pecuária tem sido um processo
continuo e gradativo. Originalmente as pastagens têm servido de alimentação aos
bovinos até os anos de 1970 em que a maior proporção de áreas de pastagens
no Brasil era nativa ou “naturalizada”. A partir daí foi se intensificando o uso de
forrageiras cultivadas selecionadas no Brasil e na Austrália. Essa troca de
pastagens nativas por cultivares selecionados e adaptados às condições
edafoclimáticas da região, proporcionou expressivos ganhos na taxa de lotação
animal, no desempenho e na produtividade dos animais. Aliados aos
investimentos governamentais em infraestrutura e programas de desenvolvimento
para ocupação da região guiaram os produtores a tomar decisões quanto ao uso
em larga escala de pastagens cultivas (MARTHA-JÚNIOR & VILELA, 2002).
Por outro lado, havia falta de informações técnicas e de investimentos
na manutenção dessas pastagens (falta de adubação associada à baixa
fertilidade do solo). Esse manejo inadequado proporcionou redução na
porosidade total das camadas superficiais do solo comprometendo a reserva de
água disponível, especialmente à medida que a meso e a microporosidade do
solo diminuíram (BALBINO et al., 2001; MARTHA-JÚNIOR & VILELA, 2002).
Diante de tal situação foram surgindo alternativas complexas, mas que
melhoraram a eficiência no uso do solo com o intuito de manter a produtividade
20
agrícola, refletindo na recuperação e renovação de pastagens, essa alternativa
propunha a integração entre lavoura e pecuária. Esse sistema misto de produção
alterna continuamente a produção de grãos e a produção animal, que interage e
se completa biológica e economicamente (MACEDO, 2001). Porém, a eficiência
desse sistema pode estar comprometida pelo pisoteio dos animais que leva a
degradação física do solo e consequente compactação (IMHOOF et al., 2000).
Diante do exposto quanto ao uso do solo na agropecuária MARCHÃO
et al. (2007) avaliaram o impacto do sistema de integração lavoura-pecuária sobre
as propriedades físico-hídricos do solo e avaliaram o potencial uso dessas
propriedades como indicadores da qualidade física de um latossolo (solo com
predominância de minerais). Estes autores demonstraram que todos os sistemas
de uso e manejo do solo alteraram significativamente a densidade, umidade
volumétrica, resistência à penetração, porosidade total, macroporosidade,
microporosidade efetiva e água prontamente disponível do solo.
MARCHÃO et al. (2007) ao avaliarem os impactos no solo resultantes
do uso pela integração lavoura-pecuária em comparação a outros sistemas de
plantio e com o cerrado nativo, observaram incrementos na resistência à
penetração e na densidade do solo em todos os sistemas em comparação ao
cerrado nativo. A compactação resultante do pisoteio animal durante quatro anos
sob pastagem nos sistemas de integração lavoura-pecuária não atingiu valores
críticos que pudessem limitar cultivos anuais subsequentes. A porosidade total e a
macroporosidade foram maiores no cerrado e nos sistemas em plantio direto em
relação ao preparo convencional. Os atributos avaliados foram indicadores
confiáveis da qualidade físico-hídrica do solo.
Mais uma alternativa de uso do solo que vem se estabelecendo nos
últimos anos e tem ganhado apoio por estimativas realizadas pela FAO (2009)
indicando que, até 2030, o consumo mundial de madeira em toras aumentará
45% em relação ao consumo em 2005 e atingirá cerca de 2,44 milhões de m³.
Fato que se fez questionar a respeito da produção de madeira para esse aumento
da demanda. Na produção brasileira uma alternativa viável poderá ser o plantio
de árvores nas pastagens de baixa produtividade no Cerrado. Podendo ser
associada à arborização destas pastagens juntamente à lavoura de grãos como
21
alternativa para reduzir os custos com correção da fertilidade de solo (VILELA et
al., 2013).
Esse sistema agrossilvipastoril surge como uma alternativa para
conciliação dos conflitos de interesse da sociedade, que de um lado aumenta a
demanda por alimentos, bioenergia e produtos florestais, e do outro à
necessidade de redução de desmatamento e amenização da emissão de gases
de efeito estufa. Exigindo assim, soluções que permitam incentivar o
desenvolvimento socioeconômico sem comprometer a sustentabilidade dos
recursos naturais. A intensificação do uso da terra em áreas agrícolas e o
aumento da eficiência dos sistemas de produção podem contribuir para
harmonizar esses interesses (VILELA et al., 2013).
2.6 Ocupação antrópica moderna
Desconsiderando a ocupação primitiva do Cerrado realizada pelas
populações indígenas, aqui será abordada a ocupação “moderna” da área do
Cerrado Goiano que se iniciou no Século XVIII, com as expedições de Bandeiras
a procura de pedras preciosas que promoveram a ocupação com a abertura e
assentamento de povoados. Com o colapso da atividade mineradora, a região
passou a ser explorada pela criação extensiva de gado e culturas de subsistência
(FERREIRA, 2009).
No entanto, na década de 1930, com infraestrutura estratégica para a
região central como a ligação ferroviária entre São Paulo/SP e Anápolis/GO, e
criação de Goiânia a capital goianiense, vinculadas a políticas do Governo
Federal para o desenvolvimento e investimento em infraestrutura, culminaram na
expansão agrícola em meados da década de 1970. Entre as políticas de incentivo
à exploração agrária os interessados contavam com crédito subsidiado e a
isenção de imposto de renda para tais atividades. Os produtores dispunham
também de subsídios a combustíveis para áreas afastadas e o desenvolvimento
de tecnologias apropriadas para as condições de solos e clima da região (KLINK
& MACHADO, 2005; FERREIRA, 2009; SILVA et al., 2012).
22
O Estado de Goiás completamente incluído nos limites geográficos do
bioma Cerrado têm apresentado a ocupação antrópica mais intensa comparada
aos outros Estados. Dados do projeto Identificação de Áreas Prioritárias para
Conservação da Biodiversidade no Estado de Goiás (PDIAP) indicam uma
conversão da cobertura vegetal nativa da ordem de 65%. Constituindo-se a área
das bacias hidrográficas o cenário mais preocupante. Já que das bacias com área
superior a 50 mil hectares, apenas 53% atendem ao Código Florestal referente à
manutenção de vegetação nativa na forma de reserva legal e áreas de
preservação permanente (APPs). Aproximadamente 24.000 km2 de ambientes
ripários (as margens de cursos de água) se encontram desprotegidos no Estado
com implicação direta na qualidade dos recursos hídricos (BONNET et al., 2006;
BONNET et al., 2007; SANO et al., 2008b).
A atenção às bacias hidrográficas presentes no Cerrado deveria ser de
preocupação nacional já que podem refletir na dinâmica hídrica brasileira, pois
neste bioma estão contidas as nascentes das principais bacias hidrográficas do
Brasil que estão correndo risco por conta da degradação decorrentes da
antroponização. Os aspectos biogeográficos estão sendo comprometidos por
áreas degradadas refletindo na quantidade e qualidade da água fluida do bioma
Cerrado (FERREIRA, 2009).
Muito além da escala política, a manutenção ecológica do bioma
Cerrado (e de qualquer outro ecossistema) passa pelo planejamento e
monitoramento do uso do solo na escala de bacias hidrográficas, sobretudo pela
relação positiva entre a preservação da vegetação nativa e a qualidade dos
recursos hídricos (BONNET et al., 2006).
A intensa ocupação antrópica ocorrida no Cerrado foi e continua sendo
favorecida por algumas características como a topografia (em grande parte,
inferior a cinco graus de declividade), a infraestrutura (malha rodoviária e polos de
desenvolvimento ou consumo), a proximidade de mercados consumidores,
presença de ONGs e o valor da terra, fatores que determinam também o nível e
forma de ocupação agrícola do solo na região (KLINK & MACHADO, 2005;
FERREIRA et al., 2009b)
Atualmente entre as prioridades do Cerrado devem ser considerados a
grande diversidade de habitats e ecossistemas inseridos na região. Devem-se
23
considerar as análises espaciais do bioma para estabelecimento de políticas de
conservação das áreas remanescentes (KLINK & MACHADO, 2005).
A visão do passado, na qual os interesses políticos eram voltados para
o desenvolvimento econômico do país descuidaram da conservação do Cerrado,
visto que a intenção de fato era desmatar em favor do desenvolvimento. O foco
de conservação ambiental era voltado para a floresta Amazônica. Não obstante,
atualmente ainda há chances de serem desenvolvidas ações sociais que buscam
a conservação e uso sustentável desse bioma. Porém providencias devem ser
rapidamente tomadas, dada à escala de alteração e degradação já ocorridas,
criando novas áreas de preservação e fortalecimento de ações as áreas já
protegidas. Alguns critérios de prioridades no estabelecimento de ações
conservacionistas já foram estabelecidos, em 1998, foram apontadas 87 áreas
para conservação baseado no conhecimento biológico como riqueza de espécies
e distribuição de espécies endêmicas, raras, ameaçadas ou migratórias. Contudo,
apenas alguns anos atrás esse conhecimento tem sido colocado em uso
(CAVALCANTI & JOLY, 2002).
Além da grande extensão territorial, o Cerrado ainda é favorecido por
sua posição geográfica, heterogeneidade vegetal e presença de importantes
bacias hidrográficas, destacando-se assim por sua biodiversidade. A posição ao
centro do Brasil torna-se estratégica na interação da fauna e flora em seus
domínios biogeográficos formando corredores de migração importantes
(FERREIRA, 2009).
A conservação do Cerrado do ponto de vista político possui um
entrave, pois para esta região a importância que sua biodiversidade desempenha
no funcionamento dos ecossistemas ainda não foi bem estabelecida, nem mesmo
completamente investigada pelo meio cientifico, questões que seriam
fundamentais para estabelecer debates do conflito desenvolvimento e
conservação. No início da exploração do território, a falta desses conhecimentos
aliados a necessidades de crescimento prejudicaram sua preservação e manejo
(OLIVEIRA & MARQUIS, 2002).
Muito avanço tem sido feito em pesquisas sobre o Cerrado, porém de
baixo impacto para tomar decisões de conservação, talvez por falta de orientação
no sentido de solucionar os problemas ecológicos, ou determinar prioridades em
24
pesquisa que poderiam, por exemplo, identificar potenciais beneficiários dos
resultados científicos. Além disso, o conhecimento obtido não é amplamente
divulgado. A disseminação de melhores práticas ambientais deveria ser uma
prioridade, como ocorreu com a introdução da prática do plantio direto para a
conservação dos solos na agricultura no início dos anos 80. Esta prática
disseminou-se rapidamente entre os produtores e hoje prevalece nas principais
zonas agrícolas do Cerrado (RODRIGUES, 2002).
Não obstante, nas atividades de monocultura agrícola um grande
desafio será contornar os problemas advindos de décadas das práticas agrícolas
que exerceram alta pressão sobre o ambiente. Assim como há outros desafios a
serem contornados como a redução de erosões e perda de fertilidade dos solos,
bem como o assoreamento dos cursos d’água, à poluição do solo e da água e
amenização as emissões de gases de efeito estufa (VILELA et al., 2013).
Baseados nos conhecimentos já existentes do bioma sobre as
espécies e habitats, assim como do funcionamento de ecossistemas, devem ser
feitas recomendações de políticas publicas com o intuito de preservação. Já que
as transformações da paisagem são efeitos das queimadas, hidrologia, ciclagem
e estoques de carbono e por consequência do clima. É de grande validade o
envolvimento dos diferentes setores sociais, incluindo o setor produtivo. Para
tanto, devem ser criados instrumentos que promovam tal envolvimento como
mecanismos de compensação e/ou a atração do setor privado sempre em
beneficio da conservação do Cerrado (KLINK & MACHADO, 2005).
Cada vez mais surge à necessidade de buscar o desenvolvimento
sustentável na região do Cerrado o que requer longo prazo. Pois, envolve
realocação física de populações presentes em áreas de fronteira agrícola,
indefinição nas propriedades de terra, avaliações do uso do solo, respeito à
legislação e esclarecimento das relações ecobióticas, tudo isso constituindo
características fundamentais para o desenvolvimento de projetos sustentáveis.
Para que políticas de sustentabilidade sejam desenvolvidas é necessário que
atenda ao quesito de eficiência econômica e igualdade social no uso da terra
(FERREIRA, 2009).
A importância de programas sustentáveis no Cerrado se dá pela
expressiva biodiversidade, que pode ser devidamente explorada através do uso
25
sustentável, além de ser alternativa para conservação das áreas remanescentes,
mas podendo gerar renda, segurança alimentar e qualidade de vida para as
comunidades tradicionais e agricultores familiares. Essa atitude pode-se dar pelo
uso de plantas medicinais, frutas nativas, criação de abelhas silvestres, manejo
de animais silvestres, ecoturismo, turismo rural, condimentos, artesanato e
piscicultura (KLINK & MACHADO, 2005; FERREIRA, 2009; VILELA et al., 2013).
26
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atual paisagem do Cerrado brasileiro foi sendo moldada por
consequências históricas e culturais da sua população humana, fatores como: a
necessidade de produção de alimentos em larga escala, à modernização das
técnicas produtivas no campo e acréscimos constantes de investimentos
financeiros subsidiados por programas e políticas oficiais, em conjunto tais fatores
favoreceram o crescimento econômico do Brasil.
Por outro lado, estes fatores vêm proporcionando um avanço
indiscriminado sobre a paisagem do Cerrado nativo caracterizado por ser uma
região viável para ser utilizada pela agropecuária. Entre tais características
encontra-se a extensa área agricultável, com facilidade de mecanização,
consideráveis recursos hídricos, estratégicos centros consumidores e
propriedades físicas favoráveis.
Como o Cerrado, principalmente do ponto de vista ecológico, não é
devidamente valorizado em seus aspectos naturais, culturais e científicos tornam-
se necessárias estratégias urgentes, tanto de caráter científico como político, para
desenvolver atividades econômicas aliadas a manejos sustentáveis apoiadas por
políticas governamentais para a manutenção da cadeia produtiva do país.
A existência de legislação a favor da preservação do ambiente não se
faz suficiente para manutenção de um ecossistema é necessário haver
conscientização, política educacional e fiscalização por parte dos dirigentes para
melhor preservação do Cerrado. Todas estas medidas devem ser tomadas o mais
precocemente para que se tenha tempo de conhecer melhor a fauna e
principalmente a flora antes que seja destruída, lembrando que podem existir
diversos princípios de importância médica, entre outras, para a população.
27
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