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    Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes

    DIRETRIZES SBD 2009

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    Reproduo autorizada pela Sociedade Brasileira de Diabetes

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    Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes

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    Diretrizes SBD 2009

    Dra. Marlia de Brito Gomes

    Presidente da SBD Gesto 2008/2009

    Apresentao

    O processo de aprendizagem ba-

    seado em evidncias cientficas vem

    ganhando cada vez mais espao na

    medicina da atualidade. Sabe-se queo conhecimento encontra-se em cons-

    tante mutao, sendo necessria uma

    atualizao peridica. Foi pensando

    nissto que surgiram as Diretrizes da

    Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD),

    que agora chegam a sua edio 2009.

    A prescrio mdica deve ser reali-

    zada de forma consciente. No processo

    de tomada de deciso, devem ser con-

    sideradas as preferncias do paciente,

    aps esclarecimento dos riscos e be-

    nefcios da teraputica , as circunstn-

    cias do atendimento, o estadiamento

    da doena e os recursos disponveis.

    Alm dissto, a experincia profissional

    fundamental e faz muita diferena na

    conduta final, garantindo um melhor

    acompanhamento do paciente.

    essencial, portanto, entender que

    as evidncias so apenas um dos compo-

    nentes na tomada de deciso. Os mdi-

    cos envolvidos na ateno a seus pacien-

    tes utilizam as diretrizes como uma das

    formas de constante atualizao perante

    o avano extremamente rpido do co-nhecimento mdico e das opes farma-

    colgicas disponveis como instrumento

    de terapia. Especialistas de reconhecido

    saber foram convidados a elaborar e

    atualizar os temas apresentados desde

    a primeira edio das Diretrizes da SBD.

    Nesta edio, contamos tambm com a

    participao de profissionais de outras

    especialidades, permitindo uma aborda-

    gem multidisciplinar, aspecto que deve

    ser frequentemente enfatizado.

    Finalizando, gostaria de agradecer

    aos colegas que, generosamente, em-

    prestaram seu tempo dedicando-se

    produo deste importante e til tra-

    balho. Com isso, estamos contribuin-

    do para a misso da SBD, que servir

    de instrumento de atualizao e reci-

    clagem. Nosso objetivo final vale

    a pena destacar a qualidade da

    ateno ao paciente com diabetes.

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    2009 Diretrizes SBD

    SBDSociedade Brasileira de Diabetes

    DIRETORIA

    GESTO 2009

    Presidente

    Dra. Marlia de Brito Gomes

    Vice-Presidentes

    Dr. Balduno Tschiedel

    Dr. Mario Jos A. Saad

    Dr. Saulo Cavalcanti da Silva

    Dr. Nelson Rassi

    Dra. Reine Marie Chaves Fonseca

    Secretrio-GeralDr. Sergio Atala Dib

    Segunda Secretria

    Dra. Rosane Kupfer

    Tesoureiro

    Dr. Antonio Carlos Lerario

    Segundo Tesoureiro

    Dr. Domingos Malerbi

    Diretor para Assuntos Internacionais e Sociais

    Dr. Antonio Roberto Chacra

    Conselho Fiscal

    Dr. Milton Csar Foss

    Dr. Walter Minicucci

    Dr. Marco Antnio Vvolo

    Suplente

    Dr. Adriana Costa e Forti

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    Diretrizes SBD 2009

    AUTORES

    SBD/SBEM/ABESO

    Adolpho MilechAdriana Perez Angelucci

    Airton Golbert

    Alexandre Jos Faria Carrilho

    Ana Claudia Ramalho

    Anita Sachs

    Annelena Soccal Seyffarth

    Antonio Carlos Lerario

    Antonio Carlos Pires

    Antonio Roberto Chacra

    Antonio Rodrigues Ferreira

    Augusto Pimazoni Netto

    Balduino Tschiedel

    Bernardo Leo Wajchenberg

    Bruno Gelonese

    Carlos Antnio Negrato

    Celeste Elvira Viggiano

    Claudia Piepper

    Deise Baptista

    Durval Damiani

    Edgar D`vila Niclewicz

    Gisele Rossi GoveaHermelinda Pedrosa

    Ivan Ferraz

    Joo Felipe Mota

    Joo Roberto de S

    Jose Egidio P. de Oliveira

    Josefina Bressan

    Larcio Joel Franco

    Luciana Bruno

    Luciano Oliveira

    Luis H. Canani

    Marcia Nery

    Mrcio Mancini

    Marcos Tadashi Kikitami Toyoshima

    Marcos Tambascia

    Maria Tereza Zanella

    Marilia de Brito Gomes

    Mrio Jos A. Saad

    Marlene Merino Alvarez

    Mauro Scharf

    Milton Csar Foss

    Mirela Azevedo

    EDITORES

    Marlia de Brito Gomes

    Antonio Carlos Lerario

    Mnica Gabbay

    Nelson RassiPaula Pascalli

    Paulo Henrique de vila Morales

    Regina Clia Santiago Moiss

    Reginaldo Albuquerque

    Renata Szundy Berardo

    Roberta Arnoldi Cobas

    Roberta Coelho

    Ruy Lyra

    Saulo Cavalcanti da Silva

    Srgio Vencio

    Silmara Leite

    Sonia Grossi

    Walter Minicucci

    SOCIEDADE BRASILEIRA DE

    HIPERTENSO

    Eduardo Tibiri

    SOCIEDADE BRASILEIRA DE

    NEUROLOGIA

    Gerson Canedo de Magalhes

    SOCIEDADE BRASILEIRA DE

    PSIQUIATRIAMarco Andr Mezzasalma

    SOCIEDADE BRASILEIRA DE

    REUMATOLOGIA

    Mauricio Levy Neto

    SOCIEDADE BRASILEIRA DE

    CARDIOLOGIA

    Raul Santos

    SOCIEDADE BRASILEIRA DE

    INFECTOLOGIA

    Nanci Silva

    SOCIEDADE BRASILEIRA DE

    ANGIOLOGIA E CIRURGIA VASCULAR

    Carlos Eduardo Virgini Magalhes

    OUTROS

    Camila Barcia

    Daniel Deluiz

    Livia Ferreira da Costa

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    2009 Diretrizes SBD

    SUMRIO

    Epidemiologia do diabetes mellitus

    Classificao etiolgica do diabetes mellitusMtodos e critrios para o diagnstico de diabetes mellitus

    Anlise dos marcadores de resistncia insulina na clnica diria

    Princpios para orientao nutricional no diabetes mellitus

    Como prescrever o exerccio no tratamento do diabetes mellitus

    Medicamentos orais no tratamento do diabetes mellitus: como selecion-los de acordo com as caractersticas clnicas do paciente

    Uso da insulina no tratamento do diabetes mellitusdo tipo 2

    Tratamento combinado: drogas orais e insulina no diabetes mellitusdo tipo 2

    Diabetes mellitusdo tipo 2 no jovem

    Uso da insulina no tratamento do diabetes mellitusdo tipo 1

    Tratamento de crianas e adolescentes com diabetes mellitusdo tipo 1

    Alvos no controle clnico e metablico de crianas e adolescentes com diabetes mellitusdo tipo 1

    Mtodos para monitorar o tratamento da hiperglicemia

    Tratamento da hipertenso arterial no diabetes mellitus

    Tratamento da dislipidemia associada ao diabetes mellitus

    Uso de antiagregantes plaquetrios no tratamento do diabetes mellitus

    Preveno primria e secundria da doena macrovascular no paciente com diabetes mellitus

    Diagnstico de isquemia miocrdica silenciosa no paciente diabtico

    Retinopatia diabtica

    Tratamento da nefropatia diabtica

    Neuropatia diabtica

    Diagnstico precoce do p diabticoDiabetes mellitusgestacional: diagnstico, tratamento e acompanhamento ps-gestacional

    Tratamento do paciente idoso diabtico

    Crises hiperglicmicas agudas no diabetes mellitus

    Avaliao da funo endotelial e marcadores laboratoriais de estresse oxidativo no diabetes

    Aplicao de insulina

    Tratamento com insulina em pacientes internados

    Preparo pr e ps-operatrio do paciente com diabetes mellitus

    Cirurgia baritrica no paciente diabtico

    Transplante de pncreas

    Indicaes e uso da bomba de infuso de insulina

    Educao do paciente com diabetes mellitus

    Transtornos alimentares no paciente diabtico: diagnstico e conduta

    Avaliao do controle glicmico

    Gerenciamento eletrnico do diabetes

    Diabetes e drogas antipsicticas

    Doena arterial obstrutiva perifrica no paciente diabtico

    Diabetes mellitusps-transplante

    Manifestaes reumatolgicas do diabetes

    Diabetes e doena periodontal

    Disglicemias na gestao

    Cirurgia para diabetes

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    SUMRIO

    Indicao de vacinas ao paciente diabtico

    Sndrome metablica em crianas e adolescentesHIV, diabetes e sndrome metablica

    Depresso no paciente diabtico

    Degenerao vascular cerebral

    Definio de indicadores de desempenho dos programas de atendimento aos diabticos

    Consenso brasileiro para avaliao da hemoglobina glicada

    Todo o desenvolvimento, bem como suas respectivas fotos e imagens de contedo cientfico, de responsabilidade dos autores,no refletindo necessariamente a posio da editora e do laboratrio, que apenas patrocina sua distribuio classe mdica.

    Esta publicao contm publicidade de medicamentos sujeitos a prescrio mdica, sendo destinada exclusivamente a

    profissionais habilitados a prescrever, nos termos da Resoluo RDC Anvisa n. 96/08.

    AC Farmacutica Diretores: Silvio Araujo e Andr Araujo Coordenadoras editoriais: Roberta Monteiro e Christina Araujo Designer grfico: Vincius Nuvolari e Gabriel Meneses | Revisora ortogrfica: Patrizia Zagni Comercial: Selma Brandespim, Wilson Neglia, Rosngela Santos, Karina Maganhini, Fabiola Pedroso, Sidney Azevedo e

    Flvio CardosoSP Rua Dr. Martins de Oliveira , 33 - Jardim Londrina - CEP 05638-030 - So Paulo - SP - Tel.: (11) 5641-1870RJ Estrada do Bananal, 56 - Freguesia/Jacarepagu - CEP 22745-012 - Rio de Janeiro - RJ - Tel.: (21) 2425-1440

    proibida a duplicao ou reproduo deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrnico, mecnico, gravao,

    fotocpia, distribuio na Web, entre outros), sem permisso expressa da Editora.

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    CIP-BRASIL. CATALOGAO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

    D635

    Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2009 / Sociedade brasileira de diabetes. - [3.ed.]. - Itapevi, SP : A. Arajo

    Silva Farmacutica, 2009.400p. : il.

    Inclui bibliografia

    ISBN 978-85-60549-30-6

    1. Diabetes Mellitus. 2. Diabetes - Tratamento. I. Sociedade Brasileira de Diabetes

    09-5712. CDD: 616.462

    CDU: 616.379-008.64

    03.11.09 10.11.09 016092

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    2009 Diretrizes SBD

    Epidemiologia do diabetes mellitus

    MAGNITUDE DO PROBLEMA

    Uma epidemia de diabetes mellitus(DM) est em curso. Em 1985, estimava-se haver 30

    milhes de adultos com DM no mundo; esse nmero cresceu para 135 milhes em 1995,

    atingindo 173 milhes em 2002, com projeo de chegar a 300 milhes em 2030. Cerca de

    dois teros desses indivduos com DM vivem em pases em desenvolvimento, onde a epide-

    mia tem maior intensidade, com crescente proporo de pessoas afetadas em grupos etrios

    mais jovens, coexistindo com o problema que as doenas infecciosas ainda representam (B)1.

    O nmero de indivduos diabticos est aumentando devido ao crescimento e

    ao envelhecimento populacional, maior urbanizao, crescente prevalncia de

    obesidade e sedentarismo, bem como maior sobrevida de pacientes com DM.

    Quantificar a prevalncia de DM e o nmero de pessoas diabticas, no presente e no

    futuro, importante, pois permite planejar e alocar recursos de forma racional (D) 2.

    No Brasil, no final da dcada de 1980, estimou-se a prevalncia de DM na popula-

    o adulta em 7,6% (A)3; dados mais recentes apontam para taxas mais elevadas, como

    12,1% no estudo de Ribeiro Preto (SP) (A)4e de 13,5% em So Carlos (SP) (A)5.

    O Estudo Multicntrico sobre a Prevalncia do Diabetes no Brasil3 evidenciou a in-

    fluncia da idade na prevalncia de DM e observou incremento de 2,7% na faixa etriade 30 a 59 anos para 17,4% na de 60 a 69 anos, ou seja, um aumento de 6,4 vezes (A) 3.

    H marcantes diferenas na prevalncia de DM entre diversos pases e grupos

    tnicos. Descreveram-se taxas mais elevadas para Nauru, na Oceania, e para os n-

    dios Pima, no Arizona, nos Estados Unidos, onde praticamente metade da popula-

    o adulta apresenta DM (B)6.

    Outros aspectos a destacar so as repercusses de mudanas no estilo de vida,

    em curto perodo de tempo, em grupos de migrantes. No Brasil, um estudo reali-

    zado na comunidade nipo-brasileira mostrou aumento vertiginoso na prevalncia

    de DM, cuja taxa passou de 18,3%, em 1993, para 34,9%, em 2000, evidenciando o

    impacto de alteraes no estilo de vida, em particular do padro alimentar, intera-

    gindo com provvel suscetibilidade gentica (A)7.

    difcil determinar a incidncia de DM do tipo 2 (DM2) em grandes populaes, pois en-

    volve seguimento durante alguns anos, com medies peridicas de glicemia. Os estudos

    de incidncia so geralmente restritos a DM do tipo 1 (DM1), pois suas manifestaes iniciais

    tendem a ser bem caractersticas. A incidncia de DM1 demonstra acentuada variao geo-

    grfica, apresentando taxas por 100 mil indivduos com menos de 15 anos de idade: 38,4 na

    Finlndia, 7,6 no Brasil e 0,5 na Coreia, por exemplo (B)8. Atualmente, sabe-se que a incidncia

    de DM1 vem aumentando, particularmente na populao infantil com menos de cinco anos

    de idade (B)9.

    Frequentemente, na declarao de bito no se menciona DM pelo fato de serem

    suas complicaes, particularmente as cardiovasculares e cerebrovasculares, as causas da

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    Diretrizes SBD 2009

    morte. No incio do sculo XXI, estimou-se

    que se atriburam 5,2% de todos os bi-

    tos no mundo ao diabetes, o que torna

    essa patologia a quinta principal causa demorte. Parcela importante desses bitos

    prematura, ocorrendo quando ainda os

    indivduos contribuem economicamente

    para a sociedade (D)10.

    Dados brasileiros de 2006 mostram que

    as taxas de mortalidade por DM (por 100 mil

    habitantes) apresentam acentuado aumento

    com o progredir da idade, variando de 0,46 para

    a faixa etria de 0 a 29 anos a 223,3 para a de 60

    anos ou mais, ou seja, um gradiente prximo a

    400 vezes (B)11. Na maioria dos pases desenvol-

    vidos, quando se analisa apenas a causa bsica

    do bito, verifica-se que o DM, entre as prin-

    cipais, figura entre a quarta e a oitava posio.

    Estudos brasileiros sobre mortalidade por DM,

    analisando as causas mltiplas de morte, ou

    seja, quando se menciona DM na declarao

    de bito, mostram que a taxa de mortalidade

    por essa enfermidade aumenta at 6,4 vezes

    (B)12. Ao analisar a importncia do DM como

    carga de doena, ou seja, o impacto da morta-lidade e dos problemas de sade que afetam a

    qualidade de vida de seus portadores, por meio

    do Disability Adjusted Life of Years (DALY), verifi-

    ca-se que em 1999 DM apresentava taxa de 12

    por mil habitantes, ocupando a oitava posio,

    sendo superado pelo grupo das doenas infec-

    ciosas e parasitrias, neuropsiquitricas, cardio-

    vasculares, respiratrias crnicas, do aparelho

    digestivo, neoplasias malignas e doenas mus-

    culoesquelticas (C)13. Nessa comparao, deve-

    se considerar que o DM, como nica entidade,

    est sendo comparado a grupos de doenas e,

    mesmo assim, pode-se notar sua importncia.

    Sua natureza crnica, gravidade das

    complicaes e os meios necessrios para

    control-las tornam o DM uma doena

    muito onerosa no apenas para os indiv-

    duos afetados e suas famlias, mas tambm

    para o sistema de sade (D)14. Nos Estados

    Unidos, estimou-se que os custos dos cui-

    dados de sade para um indivduo com tal

    patologia eram o dobro ao triplo maiores

    dos que os para um sem a doena (C)15.

    Os custos do DM afetam todos, porm

    no so apenas um problema econmi-co. Os custos intangveis (dor, ansiedade,

    inconvenincia e perda de qualidade de

    vida, por exemplo) tambm apresentam

    grande impacto na vida das pessoas com

    essa patologia e suas famlias, sendo dif-

    ceis de quantificar.

    Os custos diretos com DM variam entre

    2,5% e 15% do oramento anual da sade,

    dependendo de sua prevalncia e do grau

    de sofisticao do tratamento disponvel. Es-

    timativas do custo direto para o Brasil oscilam

    em torno de 3,9 bilhes de dlares america-

    nos, em comparao com 0,8 bilho para a

    Argentina e 2 bilhes para o Mxico (C)16.

    Muitos indivduos com diabetes so

    incapazes de continuar a trabalhar em de-

    corrncia de complicaes crnicas ou per-

    manecem com alguma limitao no seu

    desempenho profissional. Estimar o custo

    social dessa perda de produtividade no

    fcil. Entretanto, em algumas situaes nasquais se tem feito essa estimativa, tais cus-

    tos so equivalentes ou mesmo superiores

    aos diretos com a sade. Por exemplo, em

    2007, as estimativas para os Estados Uni-

    dos dos custos diretos para o tratamento

    de DM foram de US$ 116 bilhes em com-

    parao com US$ 58 bilhes para os custos

    indiretos (C)15. Combinando as estimativas

    para 25 pases latino-americanos, pode-se

    inferir que os custos decorrentes da perda

    de produo pela presena de DM podem

    ser cinco vezes maiores que os diretos15.

    Tal fato se deveria ao acesso limitado boa

    assistncia sade, com consequente ele-

    vada incidncia de complicaes, incapaci-

    taes e morte prematura (D)16.

    PREVENO

    Preveno efetiva tambm significa

    mais ateno sade de forma eficaz.

    Isso pode ocorrer mediante preveno

    do incio de DM (preveno primria) ou

    de suas complicaes agudas ou crnicas

    (preveno secundria).A preveno primria protege indiv-

    duos suscetveis de desenvolver DM, ten-

    do impacto por reduzir ou retardar tanto

    a necessidade de ateno sade como

    a de tratar as complicaes do DM.

    Atualmente, a preveno primria de

    DM1 no tem uma base racional que se pos-

    sa aplicar a toda populao. As intervenes

    populacionais ainda so tericas, necessitan-

    do de estudos que as confirmem. As proposi-

    es mais aceitveis baseiam-se no estmulo

    do aleitamento materno e em evitar a admi-

    nistrao do leite de vaca nos primeiros trs

    meses de vida2. Entretanto, o recrutamento

    de indivduos de maior risco para participar

    de ensaios clnicos justificvel. As interven-

    es propostas tm se baseado em imuno-

    modulao ou imunossupresso (B)2,6.

    Quanto ao DM2, condio na qual a

    maioria dos indivduos tambm apresenta

    obesidade, hipertenso arterial e dislipide-mia, as intervenes devem abranger essas

    mltiplas anormalidades metablicas, o que,

    alm de prevenir o surgimento de diabetes,

    estaria tambm evitando doenas cardiovas-

    culares e reduzindo a mortalidade (A)2.

    H evidncias de que alteraes no estilo

    de vida, com nfase na alimentao e na re-

    duo da atividade fsica, associam-se a acen-

    tuado incremento na prevalncia de DM2. Os

    programas de preveno primria do DM2

    baseiam-se em intervenes na dieta e na

    prtica de atividades fsicas, visando a com-

    bater o excesso de peso em indivduos com

    maior risco de desenvolver diabetes, particu-

    larmente nos com tolerncia glicose dimi-

    nuda. Os resultados do Diabetes Prevention

    Program (DPP) demonstraram reduo de

    58% na incidncia de casos de DM mediante

    o estmulo a uma dieta saudvel e prtica

    de atividades fsicas, sendo essa interveno

    mais efetiva que o uso de metformina (A)17

    .

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    2009 Diretrizes SBD

    OFinnish Diabetes Prevention Study (DPS)17

    mostrou que reduo do peso em torno de 3

    a 4 kg em quatro anos diminuiu a incidncia

    de DM em 58% (A)18. Num estudo longitudi-nal com 84.941 enfermeiras e seguimento de

    16 anos, o controle de fatores de risco modifi-

    cveis, como dieta habitual, atividade fsica, ta-

    bagismo e excesso de peso, associou-se re-

    duo de 91% na incidncia de DM e de 88%

    nos casos com histria familiar de DM (A)19.

    Quanto preveno secundria, h evi-

    dncias de que o controle metablico estrito

    tem papel importante na preveno do sur-

    gimento ou da progresso de suas compli-

    caes crnicas, conforme evidenciou o Dia-

    betes Control and Complications Trial (DCCT)

    (A)20para o DM1 e o United Kingdom Prospec-

    tive Diabetes Study (UKPDS) para o DM2 (A)21.

    Outras medidas importantes na

    preveno secundria so:

    tratamento da hipertenso arterial edislipidemia, o que reduz substancialmen-

    te o risco de complicaes do DM (A)2;

    preveno de ulceraes nos

    ps e de amputaes de membros

    inferiores por meio de cuidados es-

    pecficos que podem reduzir tanto a

    frequncia e a durao de hospitali-

    zaes como a incidncia de ampu-

    taes em 50% (A)2;

    rastreamento para diagnstico

    e tratamento precoce da retinopatia,

    que apresenta grande vantagem do

    ponto de vista custo-efetividade, dada

    a importante repercusso nos custos

    diretos, indiretos e intangveis da ce-

    gueira (B)2;

    rastreamento para microalbumi-nria um procedimento recomend-

    vel para prevenir ou retardar a progres-

    so da insuficincia renal, permitindo

    intervir mais precocemente no curso

    natural da doena renal (B)2;

    medidas para reduzir o consu-

    mo de cigarro tambm auxiliam no

    controle do DM, visto que o taba-

    gismo se associa de modo intenso

    a mau controle dessa patologia e

    causalmente a hipertenso e doen-

    a cardiovascular em pessoas com

    ou sem DM (B)2.

    Concluses finais

    Grau de reco-mendao

    Concluso

    A frequncia do DM est assumindo propores epidmicas na maioria dos pases.

    Na maioria dos pases em desenvolvimento, o incremento da incidncia do DM ocorre com maior intensidade nos grupos

    etrios mais jovens.A incidncia do diabetes do tipo 1 est aumentando, particularmente na populao infantil com menos de cinco anosde idade.

    As estatsticas de mortalidade e hospitalizaes por diabetes subestimam sua real contribuio.

    As doenas cardiovasculares e cerebrovasculares so as principais causas de bito de portadores de diabetes.

    Parcela importante de bitos em indivduos com diabetes prematura, ocorrendo quando ainda contribuem economi-camente para a sociedade.

    Na atualidade, a preveno primria do diabetes do tipo 1 no tem uma base racional que se possa aplicar populao geral.

    Intervenes no estilo de vida, com nfase em alimentao saudvel e prtica regular de atividade fsica, reduzema incidncia de diabetes do tipo 2.

    Intervenes no controle da obesidade, hipertenso arterial, dislipidemia e sedentarismo, alm de evitar o surgi-mento do diabetes, tambm previnem doenas cardiovasculares.

    O bom controle metablico do diabetes previne o surgimento ou retarda a progresso de suas complicaescrnicas, particularmente as microangiopticas.

    Medidas de combate ao tabagismo auxiliam no controle do diabetes e na preveno da hipertenso arterial e dedoena cardiovascular.

    A

    B

    B

    B

    B

    D

    B

    A

    A

    A

    B

    Legenda

    A. Estudos experimentais e observacionais de melhor consistncia.B. Estudos experimentais e observacionais de menor consistncia.C. Relatos de casos Estudos no controlados.

    D. Opinio desprovida de avaliao crtica, baseada em consenso, estudos fisiolgicos ou modelos animais.

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    13

    2009 Diretrizes SBD

    Classificao etiolgica do diabetes

    mellitus

    Diabetes mellitus(DM) no uma nica doena, mas um grupo heterogneo de dis-

    trbios metablicos que apresenta em comum a hiperglicemia, a qual o resultado de

    defeitos na ao da insulina, na secreo de insulina ou em ambos.

    A classificao atual do DM baseia-se na etiologia e no no tipo de tratamento, por-

    tanto se deve eliminar os termos DM insulinodependente e DM insulinoindependente.

    A classificao proposta pela Organizao Mundial da Sade (OMS) (D)1e Associao

    Americana de Diabetes (ADA) (D)2e aqui recomendada inclui quatro classes clnicas: DM

    tipo 1 (DM1), DM tipo 2 (DM2), outros tipos especficos de DM e DM gestacional (Tabela

    1). Ainda h duas categorias, referidas como pr-diabetes, que so a glicemia de jejum

    alterada e a tolerncia glicose diminuda. Tais categorias no so entidades clnicas, mas

    fatores de risco para o desenvolvimento de DM e doenas cardiovasculares (DCVs).

    Tabela 1. Classificao etiolgica do DM

    DM1

    AutoimuneIdioptico

    DM2

    Outros tipos especficos de DM

    DM gestacional

    DIABETES MELLITUSDO TIPO 1

    O DM1, forma presente em 5% a 10% dos casos, o resultado da destruio

    de clulas betapancreticas com consequente deficincia de insulina. Na maioria

    dos casos, essa destruio de clulas beta mediada por autoimunidade, porm

    existem casos em que no h evidncias de processo autoimune, sendo, portan-

    to, referida como forma idioptica de DM1. Os marcadores de autoimunidade so

    os autoanticorpos anti-insulina, antidescarboxilase do cido glutmico (GAD 65) e

    antitirosina-fosfatases (IA2 e IA2B) (A)3-7. Esses anticorpos podem estar presentes

    meses ou anos antes do diagnstico clnico, ou seja, na fase pr-clnica da doena,

    e em at 90% dos indivduos quando se detecta hiperglicemia. Alm do compo-

    nente autoimune, DM1 apresenta intensa associao com determinados genes do

    sistema antgeno leucocitrio humano (HLA), alelos esses que podem suscitar o

    desenvolvimento da doena ou proteger contra esta (A)8,9.

    A taxa de destruio das clulas beta varivel, sendo, em geral, mais rpida

  • 5/23/2018 Diretrizes09 Final

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    14

    Diretrizes SBD 2009

    entre as crianas. A forma lentamente

    progressiva ocorre em adultos, sendo

    referida como latent autoimmune dia-

    betes in adults (LADA).O DM1 idioptico corresponde mi-

    noria dos casos e caracteriza-se pela au-

    sncia de marcadores de autoimunidade

    contra as clulas beta e no associao

    com hapltipos do sistema HLA. Os in-

    divduos com essa forma de DM podem

    desenvolver cetoacidose e apresentam

    graus variveis de deficincia de insulina.

    Como a avaliao dos autoanticorpos

    no se encontra disponvel em todos os

    centros, a classificao etiolgica do DM1

    nas subcategorias autoimune e idiopti-

    co pode no ser sempre possvel.

    DIABETES MELLITUSDO TIPO 2

    O DM2 a forma presente em 90% a

    95% dos casos e caracteriza-se por defeitos

    na ao e secreo da insulina. Em geral,

    ambos os defeitos esto presentes quando

    a hiperglicemia se manifesta, porm podehaver predomnio de um deles. A maio-

    ria dos pacientes com essa forma de DM

    apresenta sobrepeso ou obesidade, e ceto-

    acidose raramente se desenvolve de modo

    espontneo, ocorrendo apenas quando se

    associa a outras condies como infeces.

    DM2 pode ocorrer em qualquer idade, mas

    geralmente diagnosticado aps os 40

    anos. Os pacientes no dependem de insuli-

    na exgena para sobreviver, porm podem

    necessitar de tratamento com insulina para

    obter controle metablico adequado.

    Diferentemente do DM1 autoimu-

    ne, no h indicadores especficos para

    o DM2. H, provavelmente, diferentes

    mecanismos que resultam nessa forma

    de DM, e com a identificao futura

    de processos patognicos especficos

    ou defeitos genticos, o nmero de

    pessoas com essa forma de DM ir di-

    minuir custa de mudanas para umaclassificao mais definitiva em outros

    tipos especficos de DM.

    OUTROS TIPOS ESPECFICOSDE DM

    Pertencem a essa classificao

    formas menos comuns de DM cujos

    defeitos ou processos causadores po-

    dem ser identificados. A apresentao

    clnica desse grupo bastante variada

    e depende da alterao de base. Es-

    to includos nessa categoria defeitos

    genticos na funo das clulas beta,

    defeitos genticos na ao da insulina,

    doenas do pncreas excrino e outras

    condies listadas na tabela 2.

    Tabela 2. Outros tipos especficos de DM

    Defeitos genticos na funo das clulas betaMODY 1 (defeitos no gene HNF-4 alfa)

    MODY 2 (defeitos no gene da glicoquinase)

    MODY 3 (defeitos no gene HNF-1 alfa)

    MODY 4 (defeitos no gene IPF-1)

    MODY 5 (defeitos no gene HNF-1 beta)

    MODY 6 (defeitos no gene Neuro D1)

    DM mitocondrial

    Outros

    Defeitos genticos na ao da insulina

    Resistncia insulina do tipo A

    Leprechaunismo

    Sndrome de Rabson-Mendenhall

    DM lipoatrfico

    Outros

    Doenas do pncreas excrino

    Pancreatite

    Pancreatectomia ou trauma

    Neoplasia

    Fibrose cstica

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    15

    2009 Diretrizes SBD

    Tabela 2. Outros tipos especficos de DM

    Continuao - Tabela 2

    Pancreatopatia fibrocalculosa

    Outros

    Endocrinopatias

    Acromegalia

    Sndrome de Cushing

    Glucagonoma

    Feocromocitoma

    Somatostinoma

    Aldosteronoma

    Outros

    Induzido por medicamentos ou agentes qumicos

    Determinadas toxinas

    Pentamidina

    cido nicotnico

    Glicocorticoides

    Hormnio tireoidiano

    Diazxido

    Agonistas betadrenrgicos

    Tiazdicos

    Interferon alfa

    Outros

    Infeces

    Rubola congnita

    Citomegalovrus

    Outros

    Formas incomuns de DM auto-imune

    Sndrome stiff man

    Anticorpos antirreceptores de insulina

    Outros

    Outras sndromes genticas por vezes associadas a DM

    Sndrome de Down

    Sndrome de Klinefelter

    Sndrome de Turner

    Sndrome de Wolfram

    Ataxia de Friedreich

    Coreia de Huntington

    Sndrome de Laurence-Moon-Biedl

    Distrofia miotnica

    Sndrome de Prader-Willi

    OutrosMODY = maturity onset diabetes of the young.

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    16

    Diretrizes SBD 2009

    DIABETES MELLITUSGESTACIONAL

    Trata-se de qualquer intolerncia glicose, de magnitude varivel, com

    incio ou diagnstico durante a ges-

    tao. No exclui a possibilidade de

    a condio existir antes da gravidez,

    mas no ter sido diagnosticada. Simi-

    lar ao DM2, o DM gestacional associa-

    se tanto resistncia insulina quan-

    to diminuio da funo das clulas

    beta (B)10-12. O DM gestacional ocorre

    em 1% a 14% de todas as gestaes,

    dependendo da populao estudada,

    e relaciona-se a aumento de morbi-

    dade e mortalidade perinatais (B)13-16.

    Deve-se reavaliar pacientes com DM

    gestacional quatro a seis semanas

    aps o parto e reclassific-las comoapresentando DM, glicemia de jejum

    alterada, tolerncia glicose diminu-

    da ou normoglicemia. Na maioria dos

    casos, h reverso para a tolerncia

    normal aps a gravidez, porm existe

    10% a 63% de risco de desenvolver

    DM2 dentro de cinco a 16 anos aps

    o parto (B)17-19.

    PRDIABETESRefere-se a um estado interme-

    dirio entre a homeostase normal

    da glicose e o DM. A categoria gli-

    cemia de jejum alterada refere-se

    s concentraes de glicemia dejejum inferiores ao cr itr io diag-

    nstico para DM, porm mais ele-

    vadas que o valor de referncia

    normal. A tolerncia glicose di-

    minuda representa uma anorma-

    lidade na regulao da glicose no

    estado ps-sobrecarga, que diag-

    nosticada por meio de test e oral de

    tolerncia glicose (TOTG), o qual

    inclui a determinao da glicemia

    de jejum e de duas horas aps a so-

    brecarga com 75 g de glicose.

    Concluses finais

    Grau de recomendaoConcluso

    Classificao atual baseada na etiologia e no no tipo de tratamento D

    Classes clnicas: DM 1, DM 2, DM gestacional e outros tipos especficos de DM

    Pr-diabetes: glicemia de jejum alterada e tolerncia glicose diminuda

    D

    D

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    18

    Diretrizes SBD 2009

    Mtodos e critrios para o diagnstico

    de diabetes mellitusA evoluo para o diabetes mellitustipo 2 (DM2) ocorre ao longo de um perodo

    de tempo varivel, passando por estgios intermedirios que recebem a denomina-

    o de glicemia de jejum alterada e tolerncia glicose diminuda. Tais estgios se-

    riam decorrentes de uma combinao de resistncia ao insulnica e disfuno de

    clulas beta. J no diabetes mellitusdo tipo 1 (DM1), o incio geralmente abrupto,

    com sintomas indicando, de maneira slida, a presena da enfermidade1,2.

    Em 1997, o critrio diagnstico foi modificado pela American Diabetes Associa-

    tion (ADA), posteriormente aceito pela Organizao Mundial da Sade (OMS) e pela

    Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD)1,2.

    As modificaes foram realizadas com a finalidade de prevenir, de maneira eficaz,

    as complicaes micro e mascrovasculares do DM3-5.

    Atualmente, so trs os critrios aceitos para o diagnstico de DM:

    sintomas de poliria, polidipsia e perda ponderal acrescidos de glicemia casual

    acima de 200 mg/dl. Compreende-se por glicemia casual aquela realizada a qual-

    quer hora do dia, independentemente do horrio das refeies (A)1,2;

    glicemia de jejum igual ou superior a 126 mg/dl (7 mmol). Em caso de

    pequenas elevaes da glicemia, deve-se confirmar o diagnstico pela repe-

    tio do teste em outro dia (A)1,2; glicemia de duas horas ps-sobrecarga de 75 g de glicose acima de 200 mg/dl (A)1,2.

    Deve-se efetuar o teste de tolerncia glicose com os cuidados preconizados pela OMS,

    com colheita para diferenciao de glicemia em jejum e 120 minutos aps a ingesto de glicose.

    Reconhece-se um grupo intermedirio de indivduos em que os nveis de glicemia no

    preenchem os critrios para o diagnstico de DM. So, entretanto, muito elevados para

    serem considerados normais6. Nesses casos, consideraram-se as categorias de glicemia de

    jejum alterada e tolerncia glicose diminuda, cujos critrios so apresentados na tabela 1.

    Tabela 1. Valores de glicose plasmtica (em mg/dl) para diagnstico de diabetes mellituse seus estgios pr-clnicos

    Glicemia normal

    Categoria Jejum* Duas horas aps 75 g de glicose Casual

    Menor que 100 Menor que 140 -

    Tolerncia glicosediminuda

    Maior que 100 amenor que 126

    Igual ou superior a 140 amenor que 200

    Igual ou superior a 200(com sintomas clssicos)***

    Diabetes mellitusIgual ou superior a

    126Igual ou superior a 200

    -

    *Define-se jejum como a falta de ingesto calrica por, no mnimo, oito horas.**Glicemia plasmtica casual a realizada a qualquer hora do dia, sem se observar o intervalo desde a ltima refeio.***Os sintomas clssicos de DM incluem poliria, polidipsia e perda no explicada de peso.Nota: deve-se sempre confirmar o diagnstico de DM pela repetio do teste em outro dia, a menos que haja hiperglicemia inequvoca

    com descompensao metablica aguda ou sintomas bvios de DM.

  • 5/23/2018 Diretrizes09 Final

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    19

    2009 Diretrizes SBD

    GLICEMIA DE JEJUM ALTERADA

    Glicemia de jejum acima de 100 mg/

    dl e abaixo de 126 mg/dl A OMS ain-da no oficializou esse critrio, porm

    j existe uma recomendao da Fede-

    rao Internacional de Diabetes (Inter-

    national Diabetes Federation [IDF]) aca-

    tando o ponto de corte para 100 mg/dl.

    Tolerncia glicose diminuda

    Quando, aps uma sobrecarga de 75 g de

    glicose, o valor de glicemia de duas horas

    se situa entre 140 e 199 mg/dl (B)2-7.

    O mtodo preferencial para deter-

    minar glicemia sua aferio no plas-

    ma. Deve-se coletar sangue em um

    tubo com fluoreto de sdio, centrifu-

    gado, com separao do plasma, que

    dever ser congelado para posterior

    utilizao. Caso no se disponha desse

    reagente, a determinao da glicemia

    dever ser imediata ou o tubo mantidoa 40C por, no mximo, duas horas8.

    Para realizar o teste de tolerncia

    glicose oral, deve-se levar em conta al-

    gumas consideraes:

    perodo de jejum entre 10 e 16 horas;

    ingesto de pelo menos 150 g de

    glicdios nos trs dias anteriores reali-

    zao do teste;

    atividade fsica normal;

    comunicar a presena de infec-

    es, ingesto de medicamentos ou

    inatividade;

    utilizar 1,75 g de glicose por quilo-

    grama de peso at o mximo de 75 g8.

    As fitas com reagentes no so to

    precisas quanto as dosagens plasmti-

    cas, no se devendo utiliz-las para o

    diagnstico.Em julho de 20099, props-se a uti-

    lizao de hemoglobina glicada como

    critrio de diagnstico para diabetes

    mellitus. A alegao que a medida da

    A1c avalia o grau de exposio glice-

    mia durante o tempo e os valores se

    mantm estveis aps a coleta. As re-

    comendaes so as seguintes:

    Diabetes: A1c acima de 6,5% a ser

    confirmada em outra coleta. Dispens-

    vel em caso de sintomas ou glicemia

    acima de 200 mg%.

    Indivduos com alto risco para de-

    senvolver diabetes: A1c entre 6% e 6,5%.

    Concluses finais

    Grau de recomendao

    DM Glicemia de jejum acima de 126 mg% A

    DM Glicemia acima de 200 mg% aps duas horas no TOTG*

    DM Sintomas de diabetes: poliria, polidipsia, perda ponderal e glicemia ao acaso acima de 200 mg%

    A

    A

    Concluso

    DM A1c superior a 6,5% B

    IGT Glicemia aps duas horas no TOTG entre 140 e 199 mg% B

    IFG Glicemia de jejum entre 100 e 126 mg% B

    Risco para desenvolver diabetes mellitus A1c entre 6% e 6,5% D

    *TOTG: teste oral de tolerncia glicose; IGT: tolerncia glicose diminuda; IFG: glicemia de jejum alterada.

    Legenda

    A. Estudos experimentais e observacionais de melhor consistncia.

    B. Estudos experimentais e observacionais de menor consistncia.C. Relatos de casos Estudos no controlados.D. Opinio desprovida de avaliao crtica, baseada em consenso, estudos fisiolgicos ou modelos animais.

    REFERNCIAS

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    on the Diagnosis and Classification

    of Diabetes Mellitus. Diabetes Care.

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    and 2 hours glicose and HbA1c levels

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    teria and performance revisited. Diabe-

    tes Care. 1997;20:785-91.

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    4. Charles MA, Shipley MJ, Rose G, et

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    Diretrizes SBD 2009

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    Mellitus. Follow-up report on the diag-

    nosis of diabetes mellitus. Diabetes

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    2009 Diretrizes SBD

    Anlise dos marcadores de resistncia

    insulina na clnica diria

    A resistncia insulina, definida como uma resposta biolgica subnormal a uma

    determinada concentrao desse hormnio, uma condio fisiopatolgica de grande

    repercusso clnica. Estudos epidemiolgicos demonstram que indivduos que apresen-

    tam resistncia insulina tm chance maior de desenvolver diabetes mellitusdo tipo 2

    (DM2), alguns tipos de dislipidemia, hipertenso arterial, esteatoepatite no alcolica,

    doenas neurodegenerativas, algumas neoplasias, como de mama, pncreas e clon, e

    risco cardiovascular aumentado em duas a quatro vezes. Assim, tornou-se importante,

    na prtica clnica, estabelecer se um paciente apresenta ou no resistncia insulina.

    Os bons mtodos utilizados para avaliar a resistncia insulina so:

    teste de infuso qudrupla;

    teste de tolerncia endovenosa glicose (modelo mnimo de Bergman);

    teste de tolerncia oral glicose (TOTG);

    teste de tolerncia insulina (KITT);

    clampde glicose (clampeuglicmico hiperinsulinmico).

    H mtodos mais simples, que s usam a dosagem basal de insulina e/ou glicose.

    Desses, o mais amplamente utilizado o ndice homeostasis model assessment insulin

    resistance (HOMA-IR), calculado por meio da frmula glicemia de jejum (mmol/l = mg/dl 18) insulinemia de jejum (U/ml)/22,5.

    CRITRIOS PARA DEFINIR RESISTNCIA INSULINA

    Estudo recente realizado por Stern et al.1utilizou a maior coleo de resultados de

    clampeuglicmico associando dados de diferentes populaes. Permitiu o desenvolvi-

    mento de critrios clinicamente viveis e rotineiros, tendo como base a definio de re-

    sistncia insulina no mtodo padro-ouro (clampeuglicmico). Foram avaliados 2.321

    resultados de clamp, sendo 2.138 em indivduos no diabticos. Os resultados prticos

    resumidos desse estudo definem resistncia insulina na prtica clnica por meio de trs

    modelos. Veja-os a seguir.

    Critrios para diagnstico de resistncia insulina

    Modelo 1 utiliza ndice de massa corporal (IMC) e/ou HOMA-IR

    a) IMC > 28,9 kg/m2; ou

    b) HOMA-IR > 4,65; ou

    c) IMC > 27,5 kg/m2e HOMA-IR > 3,6

    Esses critrios do modelo 1 tm sensibilidade de 84,9% e especificidade de 78,7%.

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    Diretrizes SBD 2009

    Critrios para diagnstico de resistncia insulina

    Modelo 2 utiliza s critrios clnicos

    a) IMC > 28,7 kg/m2; ou

    b) IMC > 27 kg/m2e histria familiar de DM

    Os critrios do modelo 2 tm sensibilidade de 78,7% e especificidade de 79,6%.

    Critrios para diagnstico de resistncia insulina

    Modelo 3 utiliza variveis clnicas e determinaes de lipdios

    a) IMC > 28,7 kg/m2; ou

    b) IMC > 27 kg/m2

    e histria familiar de DM; ouc) histria familiar de DM negativa, mas triglicrides (TG) > 2,44 mmol/l

    Os critrios do modelo 2 tm sensibilidade de 78,7% e especificidade de 79,6%.Os critrios do modelo 3 tm sensibilidade de 81,3% e especificidade de 76,3%.

    Esse estudo certamente ser um

    marco na transio da pesquisa de

    resistncia insulina para a prtica

    clnica, por ter avaliado diferentes po-

    pulaes, pelo grande nmero de in-

    divduos analisados e, principalmente,

    por usar como parmetro de definio,

    para efeitos de comparao, o clamp

    euglicmico. Os trs modelos deriva-

    dos desse estudo devem ser difundidos

    como critrios para se definir resistn-

    cia insulina em estudos clnicos ou na

    prtica mdica (B, 1), mas o modelo 1

    apresenta melhor sensibilidade e deve,

    sempre que possvel, ser utilizado.

    Concluses finais

    Grau de recomendao

    Pode-se definir que um paciente tem resistncia insulina, na prtica clnica, quando se enquadra nos crit-rios dos modelos 1, 2 ou 3 propostos por Stern et al.1 A

    Concluso

    Legenda

    A. Estudos experimentais e observacionais de melhor consistncia.B. Estudos experimentais e observacionais de menor consistncia.C. Relatos de casos Estudos no controlados.D. Opinio desprovida de avaliao crtica, baseada em consenso, estudos fisiolgicos ou modelos animais.

    REFERNCIAS

    1. Stern SE, Williams K, Ferrannini E, DeFronzo RA, Bogardus C, Stern MP. Identification of individuals with insulin resistance

    using routine clinical measurements. Diabetes. 2005;54:333-9.

  • 5/23/2018 Diretrizes09 Final

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    23

    2009 Diretrizes SBD

    Princpios para orientao nutricional a

    pacientes com diabetes mellitus

    A orientao nutricional e o estabelecimento de dieta para controlar pacientes

    com diabetes mellitus(DM) em associao a mudanas no estilo de vida, incluindo

    atividades fsicas, so considerados terapias de primeira escolha (A)1-4.

    Comprovou-se que essa associao provoca melhora na sensibilidade insuli-

    na, diminui os nveis plasmticos de glicose e, de forma expressiva, a circunferncia

    abdominal e a gordura visceral, melhorando o perfil metablico com reduo nos

    nveis de colesterol de lipoprotena de baixa densidade (LDL-C) e triglicerdeos e

    aumento de colesterol de lipoprotena de alta densidade (HDL-C)2,5.

    Diversos estudos em pacientes com DM fundamentam as condutas referentes

    terapia nutricional e a exerccios fsicos como tratamento, as quais sero apresen-

    tadas a seguir.

    TERAPIA NUTRICIONAL

    A terapia nutricional desempenha papel preponderante na preveno do DM,

    no gerenciamento da doena j existente e na preveno do desenvolvimento das

    complicaes decorrentes dessa doena crnica4,6.As diretrizes nutricionais publicadas por importantes rgos como American

    Diabetes Association (ADA)6, European Association for Study of DM (EASD) e Dia-

    betes Care Advisory Comitee of DM (UK)7sobre o tratamento do DM enfatizam que

    alcanar as metas de tratamento propostas nessa doena crnica requer esforo

    envolvendo a equipe de sade com educadores em DM, nutricionista especializa-

    do e o portador de DM.

    A conduta nutricional dever ter como foco a individualizao, considerando

    todas as fases da vida, diagnstico nutricional, hbitos alimentares e sociocultu-

    rais, no diferindo de parmetros estabelecidos para populao em geral, conside-

    rando tambm o perfil metablico e o uso de frmacos6.

    A importncia do controle de peso corporal, na reduo dos riscos relaciona-

    dos ao DM, de grande importncia. O risco de comorbidades associadas ao ex-

    cesso do tecido adiposo aumenta com o ganho ponderal. Em razo dos efeitos

    da obesidade na resistncia insulina, a perda de peso um importante objetivo

    teraputico para indivduos com risco de desenvolver DM6.

    O componente diettico desempenha importante papel para o desenvolvimen-

    to da obesidade, devendo-se considerar os macronutrientes e micronutrientes do

    plano alimentar, alm da energia, como fatores de aumento de risco para o desen-

    volvimento da obesidade. Ateno especial deve-se dar s gorduras, envolvidas no

    balano energtico da dieta e na alterao do perfil lipdico, quando consumidas de

    forma desbalanceada. Ainda no se estabeleceu a melhor distribuio de macronu-

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    Diretrizes SBD 2009

    trientes da dieta para promover o ema-

    grecimento, entretanto sabe-se que a

    conduta nutricional deve-se basear na

    promoo da perda de peso gradual,manuteno do peso saudvel e pre-

    veno de ganho de peso6.

    Programas estruturados que enfa-

    tizam mudanas no estilo de vida, in-

    cluindo educao nutricional, reduo

    de gorduras (menos de 30% da inges-

    to energtica) e ingesto energtica,

    atividade fsica regular e contato regu-

    lar com profissionais, podem ocasionar

    perda de peso em longo prazo em tor-

    no de 5% a 7% do peso corporal (A)3-6.

    Dessa forma, exerccios e modificao

    comportamental so muito teis comoadjuntos a outras estratgias para per-

    da e manuteno de peso (A)2,4,6.

    A interveno nutricional direcio-

    nada a portadores de DM tipo 1 (DM1)

    aponta a importncia de integrar insuli-

    na, dieta e atividade fsica, reforando o

    ajuste da terapia insulnica ao plano ali-

    mentar individualizado como chave para

    adequado controle metablico (A)6.

    A nutrio equilibrada, estabeleci-

    da segundo concentraes adequadas

    de macronutrientes e micronutrientes

    prescritos de forma individualizada,deve-se basear nos objetivos do trata-

    mento. A ingesto diettica recomen-

    dada segue recomendaes semelhan-

    tes s definidas para a populao geral,

    considerando todas as faixas etrias8.

    As recomendaes de ingesto de

    calorias e macronutrientes esto suma-

    rizadas na tabela 1.

    Carboidratos (CHOs)1

    Sacarose

    Frutose

    Fibra alimentar2

    Gordura total (GT)3

    cidos graxos saturados (AGSs)4

    cidos graxos poli-insaturados (AGPIs)5

    cidos graxos monoinsaturados (AGMIs)6

    Colesterol7

    Protena8

    Tabela 1. Composio nutricional

    Ingesto recomendada

    Considerar as necessidades individuais

    Utilizar parmetros semelhantes aos da populao geral em todas

    as faixas etrias

    Carboidratos totais (45% a 60%)

    At 10%

    No se recomenda adio nos alimentos

    Mnimo de 20 g/dia ou 14 g/1.000 kcal

    At 30% do VET

    Menos de 7% do VET

    At 10% do VET

    Completar de forma individualizada

    Menos de 200 mg/dia

    15% a 20% (VET)

    Valor energtico total (VET )

    Macronutrientes

    CARBOIDRATOS

    A adoo do modelo diettico Die-

    tary Approaches to Stop Hypertension

    (DASH) associado interveno no es-

    tilo de vida pode aumentar a sensibili-

    dade insulina. Para os carboidratos,

    recomenda-se o uso de hortalias, le-

    guminosas, gros integrais e frutas, que

    devem ser consumidos segundo uma

    dieta saudvel (A).

    O acar de mesa ou produtos con-

    tendo acar (fonte de frutose) podem

    eventualmente ser ingeridos no contex-

    to de um plano alimentar saudvel (A),

    contudo se recomenda no ultrapassar

    10% do valor calrico total (D)9. Como a

    sacarose no aumenta a glicemia mais

    do que quantidades isocalricas de ami-

    do, pessoas com DM no necessitam

    restringir sacarose nem alimentos con-

    tendo sacarose, no entanto devem subs-

    titu-la por outra fonte de carboidrato ou,

    se adicionada, compens-la com doses

    adicionais de insulina ou outro medica-

    mento hipoglicemiante (A). Adoantes

    no nutritivos so seguros quando con-

    sumidos at o nvel dirio aceitvel de in-

    gesto estabelecido pela Food and Drug

    Administration (FDA) (A)1,2,4,10,11

    .

  • 5/23/2018 Diretrizes09 Final

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    2009 Diretrizes SBD

    Em relao ao efeito do ndice glic-

    mico dos carboidratos, pode-se afirmar

    que a quantidade do carboidrato na re-

    feio ou lanche mais importante quea fonte ou tipo dele (A)12. O mtodo de

    contagem de carboidratos considera-

    do pela ADA a chave do tratamento nu-

    tricional do DM1 (A)1.

    A aplicao clnica do ndice glic-

    mico na preveno e tratamento das

    doenas crnicas controversa. No h

    indcio da implementao de planos ali-

    mentares com baixo ndice glicmico na

    reduo da morbidade e mortalidade

    por doenas cardiovasculares e na re-

    duo da glicemia em DM. Estudos ob-

    servacionais no evidenciam o papel da

    dieta de baixo ndice glicmico e o risco

    de desenvolvimento de doena cardio-

    vascular. Estudos clnicos relatam modesta

    reduo no colesterol total (- 6,6 mg/dl) com

    a ingesto de alimentos de baixo ndice

    glicmico em comparao com alimentos

    de elevado ndice glicmico, porm no re-

    duzem outros fatores de risco como LDL-C,colesterol total, triacilgliceris, glicemia

    de jejum, insulina e peso corporal. No

    se encontraram evidncias suficientes

    para recomendar o uso de alimentos de

    baixo ndice glicmico como estratgia

    primria no plano alimentar (B)1,11,13.

    Carboidrato e gordura monoinsatu-

    rada juntos devem perfazer 60% a 70%

    da ingesto energtica14. Entretanto,

    deve-se considerar o perfil metablico e

    a necessidade de perda de peso quando

    se determina a quantidade de gordura

    monoinsaturada da dieta (B)3,4,6,14,15.

    FIBRAS

    Deve haver oferta adequada e su-

    ficiente de fibras. Recomenda-se o

    consumo de, no mnimo, 20 g ao dia

    ou 14 g/1.000 kcal6. As fibras solveis

    podem interferir na absoro da gli-

    cose alimentar, proporcionando picos

    glicmicos ps-prandiais menores16.

    Como para todas as pessoas, o con-

    sumo de fibras alimentares deve serencorajado, porm no h razo para

    recomend-lo em maior quantidade

    aos portadores de DM (A)6. Alto teor de

    fibras na alimentao pode afetar sig-

    nificativamente os hbitos alimentares

    e a palatabilidade desta, no havendo

    evidncias de que o alto consumo in-

    terfere na glicemia e no perfil lipdico

    de forma diferenciada. As fibras devem

    ter origem diettica, no sendo neces-

    sria suplementao se na alimenta-

    o diria estiverem presentes cereais

    integrais, hortalias, leguminosas e

    frutas em pores recomendadas pela

    pirmide alimentar para a populao

    brasileira17.

    GORDURAS

    A primeira meta para portadores de

    DM limitar a ingesto de cido graxosaturado, cido graxo trans e colesterol

    com a finalidade de reduzir o risco car-

    diovascular6. A recomendao para o

    cido graxo saturado atingir menos

    de 7% do total de calorias (A).

    A ingesto de gorduras saturada e

    trans positivamente se associa a mar-

    cadores inflamatrios e inversamente

    sensibilidade insulina18. Os cidos

    graxos trans devem ter seu consumo

    reduzido (D). De acordo com a Organi-

    zao Mundial da Sade, no se deve

    ultrapassar 2% do total de calorias.

    Os cidos graxos saturados e trans

    tambm so os principais determi-

    nantes dietticos das concentraes

    de LDL-C. Dessa forma, a reduo na

    ingesto desses cidos graxos e de co-

    lesterol pode reduzir as concentraes

    de LDL-C. A recomendao para inges-

    to do colesterol alimentar inferior a

    200 mg (D). Todavia, a reduo de ci-

    do graxo saturado tambm pode dimi-

    nuir as concentraes de HDL-C. Pou-

    cos estudos com portadores de DMdemonstram os efeitos das porcenta-

    gens de cidos graxos saturado, trans

    e do consumo de colesterol diettico

    sobre os lipdios plasmticos. Por essa

    razo, as metas dietticas para porta-

    dores de DM so as mesmas que para

    indivduos com doena cardiovascu-

    lar, j que ambos os grupos apresen-

    tam risco cardiovascular idntico6.

    Alguns estudos mostram que pla-

    nos alimentares com quantidades re-

    duzidas de cido graxo saturado e altas

    em carboidrato ou cido graxo cis-mo-

    noinsaturado diminuem as concentra-

    es de LDL-C de maneira equivalente3.

    Entretanto, planos alimentares com ele-

    vada quantidade de carboidrato (apro-

    ximadamente 55% do total de calorias)

    aumentam a glicemia, insulinemia e

    trigliceridemia ps-prandial quando

    comparados ao maior consumo de ci-do graxo monoinsaturado (30% a 40%

    do total de calorias). Alm disso, o plano

    alimentar rico em cido graxo monoin-

    saturado, quando comparado ao hiper-

    glicdico, pode repercutir em melhora

    na glicemia de jejum, sem promover

    ganho de peso quando isocalrico.

    Planos alimentares ricos em cido

    graxos poli-insaturados parecem ter

    efeitos similares aos cidos graxos mo-

    noinsaturados sobre os lipdios plasm-

    ticos. A suplementao com cidos gra-

    xos poli-insaturados n-3 pode reduzir

    as concentraes de triacilgliceris em

    diabticos19, bem como modular a res-

    posta inflamatria nesses indivduos20.

    Embora a suplementao possa provo-

    car pequeno aumento nas concentra-

    es de LDL-C, o incremento de HDL-C

    pode compensar esse efeito.

    O consumo de cido graxo n-3 de

  • 5/23/2018 Diretrizes09 Final

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    26

    Diretrizes SBD 2009

    fontes como peixes ou por meio de su-

    plementos mostra reduo nos riscos

    cardiovasculares21. Uma recente reviso

    indicou que o consumo de n-3 pode re-duzir a resistncia insulina22. Pode-se

    recomendar consumo de duas ou mais

    pores de peixes por semana, com ex-

    ceo dos fils de peixe fritos (B)21,23.

    Em estudos recentes com esteris

    de plantas e steres de estanol, veri-

    ficou-se que esses componentes blo-

    queiam a absoro intestinal de coles-

    terol diettico e biliar. Em portadores de

    DM, a ingesto de 2 g/dia de esteris de

    plantas e steres de estanol demonstra

    reduo nas concentraes de coleste-

    rol total e LDL-C24,25.

    PROTENA

    As necessidades proteicas variam de

    acordo com as fases da vida e a oferta

    deve ser suficiente para atender s de-

    mandas. Essa oferta deve constituir-se

    de um tero de protena de alto valorbiolgico e as protenas vegetais, como

    as leguminosas, devem ser includas a

    fim de suplementar a necessidade de

    aminocidos para a sntese e manuten-

    o dos tecidos. Alm disso, esses gros

    oferecem fibras solveis e amido resis-

    tente, que favorecem a resposta glic-

    mica ps-prandial.

    Pode haver catabolismo proteico

    aumentado em portadores de DM tra-

    tados com esquema de insulinizao

    convencional, sugerindo ser necessrio

    aporte proteico suficiente, assim como

    monitorar as reservas corporais de pro-

    tena, de forma a aumentar a demanda

    alimentar, se necessrio. Indivduos ex-

    postos cetoacidose podem necessitar

    de correo do estado nutricional por

    meio do aumento da oferta de energia

    e protenas na dieta (B).

    Para pessoas com DM, no h evi-

    dncias que sugiram que se deva mo-

    dificar a ingesto habitual proteica

    (15% a 20% das necessidades dirias

    de energia) caso a funo renal estejanormal (A)3,4,6.

    Desconhecem-se os efeitos a longo

    prazo de dietas com contedo proteico

    elevado e baixo em carboidrato. Embo-

    ra tais dietas possam promover perda

    de peso a curto prazo e melhorar o per-

    fil glicmico, ainda no se estabeleceu

    se essa perda de peso ser mantida por

    um perodo mais prolongado de tempo.

    O efeito de tais dietas no perfil de LDL-C

    plasmtico tambm um ponto inte-

    ressante (B)6.

    VITAMINAS E MINERAIS

    DM uma doena que frequente-

    mente se associa deficincia de micro-

    nutrientes26, por isso os indivduos com

    DM devem ter um suporte de vitaminas

    e minerais atingido diariamente por

    meio de fontes alimentares e plano ali-mentar balanceado27. O plano alimen-

    tar deve prover a recomendao para

    o consumo dirio de duas a quatro por-

    es de frutas, sendo pelo menos uma

    rica em vitamina C (frutas ctricas), e de

    trs a cinco pores de hortalias cruas

    e cozidas. Recomenda-se, sempre que

    possvel, dar preferncia aos alimentos

    integrais6.

    Estudos longitudinais so necess-

    rios para avaliar a segurana e os benef-

    cios da suplementao de cromo, mag-

    nsio, antioxidantes e outras terapias

    complementares no manejo do DM228.

    Em alguns grupos como idosos, gestan-

    tes ou lactentes, vegetarianos restritos

    ou aqueles em restrio calrica, a su-

    plementao de multivitamnicos pode

    ser necessria3. Outras excees so

    feitas ao folato, para prevenir doenas

    congnitas, e ao clcio, para prevenir

    doena ssea. Contudo, no h evidn-

    cias suficientes quanto ao benefcio da

    suplementao de vitaminas e minerais

    em portadores de DM que no pos-suem deficincia desses nutrientes (A).

    Em razo de o DM aumentar o es-

    tresse oxidativo, a terapia com antioxi-

    dantes tem despertado interesse dos

    pesquisadores, mas infelizmente no h

    estudos que examinaram os efeitos da

    interveno diettica sobre as concen-

    traes plasmticas de antioxidantes e

    biomarcadores inflamatrios em dia-

    bticos. Alguns estudos mostram be-

    nefcios com a utilizao de alimentos

    funcionais com potenciais efeitos an-

    tioxidantes, tais como caf, ch, cacau e

    canela29-31. No entanto, ressalta-se que a

    suplementao rotineira de antioxidan-

    tes com vitaminas E, C e caroteno no

    recomendada, devido carncia de

    estudos sobre a eficcia e segurana a

    longo prazo (A).

    Deficincias de cromo, potssio,

    magnsio e zinco podem agravar a in-tolerncia glicose. Nveis sricos de

    potssio e magnsio so facilmente

    detectveis, todavia a verificao da

    deficincia de zinco e cromo difcil32.

    Recentes estudos sinalizam que a suple-

    mentao de cromo pode apresentar

    importante papel na manuteno da

    homeostase glicmica33,34. Entretanto,

    a ADA enfatiza que os benefcios com

    a suplementao de cromo em diabti-

    cos ou obesos no tm sido claramen-

    te demonstrados, por isso no se deve

    recomend-los (D).

    Da mesma maneira, no h evi-

    dncias suficientes que demonstram

    a eficcia de suplementos herbceos

    em pessoas com DM35. Suplementos

    comercialmente disponveis para ven-

    da no so padronizados e variam em

    quantidade de ingredientes ativos, logo

    no so recomendados. Preparaes

  • 5/23/2018 Diretrizes09 Final

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    27

    2009 Diretrizes SBD

    herbceas tambm podem apresentar

    interaes com outros medicamentos36.

    Portanto, importante que profissio-

    nais da sade estejam atentos ao usodesses produtos por pessoas com DM

    devido a possveis efeitos colaterais e

    interaes erva-droga ou erva-erva.

    SAL DE COZINHA

    O consumo de sdio deve-se limitar

    a 2.400 mg por dia, o que equivale a 6 g

    de sal de cozinha. Segundo o Ministrio

    da Sade, o consumo populacional aci-

    ma dessa meta causa importante de

    hipertenso arterial. Deve-se evitar pro-

    dutos alimentcios que, alm de conter

    sal, so ricos em ingredientes fontes de

    sdio, os quais incluem conservantes e

    acidulantes, entre outros. So ricos em

    sdio, porm, ao contrrio do sal, no

    agregam sabor salgado aos alimentos,

    o que pode favorecer o consumo inade-

    quado. So exemplos desses alimentos

    no recomendados: embutidos, conser-vas, enlatados, defumados, salgados de

    pacote, macarro instantneo, pipoca

    para micro-ondas, temperos em cubos

    ou sache e molhos prontos9.

    Por outro lado, plano alimentar rico

    em temperos naturais, frutas, vegetais,

    laticnios magros e outros alimentos

    saudveis, associado a menor teor de

    sdio (menos de 2.300 mg/dia), pode

    auxiliar a reduzir a presso arterial. Esse

    padro alimentar reflete o preconizado

    pela dieta DASH (A). As recomenda-

    es da ADA ressaltam que portadores

    de DM e doena cardaca sintomtica

    podem ter os sintomas reduzidos com

    consumo de sdio de 2.000 mg/dia (C)1.

    LCOOL

    O excesso de bebida alcolica

    perigoso e pode induzir hipoglicemias

    prolongadas (at 16 horas aps sua

    ingesto). Deve-se sempre enfatizar a

    educao quando adolescentes e adul-

    tos iniciam a ingesta de lcool na rotinadiria37. Ao fazerem uso da bebida alco-

    lica, a ingesto diria deve-se limitar a

    uma quantidade moderada (uma dose

    ou menos por dia para mulheres e duas

    doses ou menos por dia para homens).

    Uma dose definida como 360 ml de

    cerveja, 150 ml de vinho ou 45 ml de be-

    bida destilada (D)3,4,6,38. Deve-se encora-

    jar o uso de algum tipo de identificao,

    como tenho DM37.

    O consumo de carboidratos coin-

    gerido com lcool em drinques mistos,

    por exemplo, pode elevar a glicemia

    (B)11. Deve-se tomar cuidado especial

    para prevenir a hipoglicemia noturna.

    Nesse sentido, carboidratos devem ser

    ingeridos antes e/ou durante e/ou aps

    a ingesto da bebida alcolica. Tambm

    pode ser necessrio ajustar a dose de

    insulina ou secretagogos de insulina,

    particularmente se houver a associaode exerccio fsico no perodo da inges-

    ta da bebida alcolica (ex.: festas com

    dana). Deve-se incentivar a monito-

    rao da glicemia durante a noite e no

    dia seguinte, aps a ingesto de bebida

    alcolica (D)6.

    RECOMENDAES ALIMENTARES

    COMPLEMENTARES

    Recomenda-se fracionar o plano

    alimentar em seis refeies, sendo trs

    principais e trs lanches. Quanto for-

    ma de preparo dos alimentos, deve-se

    preferir grelhados, assados, cozidos no

    vapor ou at mesmo crus. Pode-se in-

    dicar alimentos diet e light no contexto

    do plano alimentar, no os utilizando

    de forma exclusiva. Deve-se respeitar as

    preferncias individuais e o poder aqui-

    sitivo do paciente e da famlia (C)4,6

    .

    SITUAES ESPECIAIS

    CRIANAS E ADOLESCENTES

    Planos alimentares individualizados

    e regimes intensivos de insulina podem

    fornecer flexibilidade a crianas e ado-

    lescentes com DM para acomodar o

    tempo e os horrios de refeies irregu-

    lares, em situaes de variao de apeti-

    te e nveis de atividade fsica (A). As ne-

    cessidades de nutrientes para crianas

    e adolescentes com DM1 e 2 parecem

    ser similares s de outros indivduos de

    mesma idade (B)1,3,4.

    Dessa forma, sugere-se, para o cl-

    culo do plano alimentar de crianas e

    adolescentes com DM, o uso das reco-

    mendaes nutricionais por faixa etria

    e com as mesmas caractersticas para

    macronutrientes indicadas na tabela 1.

    Ressalta-se que o objetivo prioritrio da

    conduta nutricional nessa faixa etria

    manter crescimento e desenvolvimento

    adequados e, posteriormente, adequaraos aspectos relacionados ao controle

    glicmico (D)39.

    Recomenda-se o uso do mtodo de

    contagem de carboidrato como estra-

    tgia para individualizar e flexibilizar a

    ingesto alimentar para obter bom con-

    trole glicmico (A)6. O mtodo de conta-

    gem de carboidrato prioriza o total de

    carboidratos por refeio, considerando

    que sua quantidade determina a res-

    posta glicmica ps-prandial. Tal fato

    ocorre em razo de os carboidratos se

    converterem totalmente glicose, no

    perodo que varia de 15 minutos a duas

    horas, enquanto apenas parte das pro-

    tenas (35% a 60%) e somente 10% das

    gorduras podem ser convertidas gli-

    cose, no perodo de trs a quatro horas

    e cinco horas, respectivamente40.

    A hipoglicemia em crianas e ado-

    lescentes pode ocasionar danos seve-

  • 5/23/2018 Diretrizes09 Final

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    Diretrizes SBD 2009

    nutricional pr-gestacional determina

    o ganho de peso, assim a interveno

    precoce deve considerar IMC 19,8 kg/

    m2 como ponto de corte mnimo paraeutrofia no perodo pr-gestacional. No

    primeiro trimestre, as necessidades nu-

    tricionais so semelhantes s do pero-

    do pr-gestacional. Para amenizar nu-

    seas e vmitos, mais incidentes nesse

    perodo, recomendam-se seis a oito re-

    feies/dia pequenas e mais freqentes,

    alimentos com baixo teor de gordura e

    na forma de purs.

    Para o segundo e o terceiro trimes-

    tre, a determinao de energia ser

    pelo clculo de energia por quilograma

    de peso, tomando-se como referncia o

    IMC correspondente eutrofia.

    A distribuio energtica deve-se ba-

    sear nas recomendaes de alimentao

    saudvel e balanceada, com base na pi-

    rmide alimentar para a populao bra-

    sileira, suprindo o aporte de vitaminas e

    minerais e contendo 50% a 55% de car-

    boidratos, prioritariamente complexos,20% de protenas e 25% a 30% de gor-

    duras17. Deve-se estimular o consumo de

    fibras alimentares e o aumento da inges-

    to de gua como medidas corretivas ou

    preventivas da obstipao intestinal.

    Quanto distribuio do VET duran-

    te o dia, recomendam-se 10% no caf

    da manh, no lanche da manh e da

    noite e 30% no almoo e no jantar. Po-

    rm, ao considerar as condies clnicas

    e a insulinoterapia, o fracionamento de-

    ve-se ajustar individualmente, de forma

    a no permitir oscilaes glicmicas im-

    portantes ao longo das 24 horas do dia.

    As mesmas recomendaes a lac-

    tantes no diabticas devem ser segui-

    das pelas portadoras de DM.

    PESSOAS IDOSAS

    As necessidades energticas para

    ros, sobretudo nos menores de cinco

    anos6. A orientao alimentar de quan-

    tidades consistentes de carboidratos

    em horrios frequentes (trs em trshoras) de suma importncia para

    evitar essa complicao aguda. Nos

    episdios de hipoglicemia em que a

    criana esteja lcida, sugere-se o uso

    de 15 g de carboidratos de rpida ab-

    soro (uma colher de sopa de acar

    para 200 ml de gua ou 200 ml suco

    de laranja, ou 200 ml de refrigerante,

    ou cinco sachs (3 g) de mel, ou cinco

    balas macias)40. No se recomenda a

    ingesta de biscoitos doces ou chocola-

    tes para corrigir a hipoglicemia porque

    esses alimentos contm alto contedo

    de gorduras, que retardam a absoro

    do carboidrato, acarretando aumento

    exacerbado da glicemia mais tarde (D).

    Para crianas e adolescentes que j

    apresentam presso arterial igual ou su-

    perior a percentil 90 para idade, sexo e es-

    tatura, deve-se promover interveno nu-

    tricional adicional, objetivando o controledo peso e restrio do excesso de sdio6.

    Deve-se priorizar a restrio do uso exces-

    sivo de produtos industrializados (exs.:

    macarro instantneo, biscoitos salgados,

    enlatados, embutidos etc.) (D).

    Crianas e adolescentes com DM1

    necessitam ser triados para doena ce-

    laca, uma vez que apresentam maior

    prevalncia dessa doena em relao

    populao em geral. Deve-se atentar

    para dficit de crescimento, perda pon-

    deral ou sintomas gstricos (diarreias,

    dor abdominal, m absoro) sem ex-

    plicao e, caso se confirme o diagns-

    tico da doena, deve-se retirar todo o

    glten do plano alimentar. Casos de DM

    devem ser encaminhados de imediato a

    nutricionista6, para se substituir alimen-

    tos com glten (pes, bolos, macarro,

    biscoitos) por outros que apresentem

    funes similares (D).

    Nas ltimas dcadas, tm-se verifi-

    cado, no mundo todo, aumento da inci-

    dncia de sndrome metablica41e DM2

    em adolescentes, que, em geral, se as-sociam a excesso de peso e resistncia

    insulina1. No Brasil, verificou-se, em

    amostra representativa de adolescentes

    brasileiras de escolas pblicas, presen-

    a de alteraes metablicas naquelas

    com maior resistncia insulina e com

    sobrepeso42. Recomenda-se a incluso

    de hbitos alimentares saudveis e a

    reduo progressiva da ingesto ener-

    gtica, de maneira a assegurar as re-

    comendaes nutricionais para idade8

    no tratamento nutricional da sndrome

    metablica ou DM2 em jovens. A dimi-

    nuio de alimentos ricos em gorduras

    saturadas e trans, colesterol, sdio e o

    aumento da atividade fsica promovem

    benefcios no controle glicmico, na dis-

    lipidemia e na presso arterial (D)1.

    A teraputica nutricional direciona-

    da a crianas e adolescentes precisa ser

    realizada por nutricionista especialmen-te treinado para essa faixa etria. Deve-

    se dar ateno especial identificao

    precoce dos transtornos alimentares,

    sobretudo na fase da adolescncia.

    A nfase na educao nutricional da

    criana e da famlia fundamental para

    nortear todo o tratamento (D)6.

    GESTAO E LACTAO

    As necessidades nutricionais duran-

    te a gestao e a lactao so similares

    para mulheres com ou sem DM. O diag-

    nstico nutricional da gestante abrange

    a anlise conjunta do consumo alimen-

    tar, da bioqumica, da clnica e da antro-

    pometria por meio da utilizao de cur-

    vas que considerem a idade gestacional,

    o peso atual e a estatura de acordo com

    o IMC43, colocados em curva de acor-

    do com a idade gestacional. O estado

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    2009 Diretrizes SBD

    pessoas idosas so menores que para

    adultos jovens (B). Deve-se encorajar

    atividades fsicas (A). Na idade avana-

    da, principalmente aps os 75 ou 80anos de idade, a desnutrio mais co-

    mum que o excesso de peso, portanto

    se deve dar ateno quando se prescre-

    ver dietas para perda de peso (B)1,3,4.

    HIPERTENSO

    Uma modesta perda de peso afeta,

    de forma benfica, a presso sangunea

    (A). A meta deve ser reduzir a ingesto

    de sdio para 2.400 mg ou de cloreto de

    sdio para 6.000 mg por dia (B)1,3,4,10.

    DISLIPIDEMIAS

    Para indivduos com concentraes

    plasmticas de LDL-C elevadas, deve-

    se limitar os cidos graxos saturados e

    trans da alimentao a menos de 7% e

    reduzir a ingesto de cido graxo trans

    (ADA, 2009). O acrscimo de esteris deplantas favorece a reduo do coleste-

    rol total e LDL-C24. Para indivduos com

    triacilgliceris plasmticos elevados,

    recomendam-se ingesto adequada

    de fibras, reduo de carboidratos na

    contribuio total de calorias e aumen-

    to na quantidade de cidos graxos n-3e cis-monoinsaturado18,22. Para melhor

    controle metablico, indicam-se perda

    de peso modesta (5% a 10%) para in-

    divduos acima do peso e aumento da

    prtica de exerccios fsicos44.

    NEFROPATIAS

    A reduo da funo renal contribui

    para depleo de reservas de gorduras

    e protenas, especialmente de tecido

    muscular, o que requer ateno para o

    diagnstico nutricional a partir de an-

    tropometria e parmetros laboratoriais,

    a fim de se conhecer as reservas corpo-

    rais. No diagnstico de distrofia nutri-

    cional, dever haver correo por meio

    de oferta suficiente de energia. Na fase

    no dialtica, carboidratos constituem-

    se no principal substrato energtico,

    considerando-se haver ocorrncia fre-quente de dislipidemia e restrio pro-

    teica, que posterga o incio da terapia

    dialtica e reduz a sintomatologia ur-

    mica. Na presena de microalbuminria

    e indivduos com taxa de filtrao glo-

    merular superior a 70 ml/min, a oferta

    de protenas dever manter-se em 0,8 a1 g/kg/dia, a mesma que para a popula-

    o saudvel. Quando a taxa se encon-

    tra entre 70 e 30 ml/min, recomenda-se

    restrio proteica de 0,6 g/kg/dia (B)45.

    Na prescrio nutricional, necessrio

    ainda considerar as recomendaes de

    eletrlitos, minerais, vitaminas e lqui-

    dos, que, dependendo da fase da doen-

    a, devero seguir conduta nutricional

    especfica.

    DOENAS CATABLICAS

    Pode-se encontrar a energia ne-

    cessria para a maioria dos pacientes

    hospitalizados quando se fornecem

    25 a 30 calorias por quilo de peso

    atual ao dia (ingesto de 150 a 200

    g de carboidratos) (A). A necessida-

    de proteica oscila entre 1 e 1,5 g por

    quilo de peso corporal atual ao dia,sendo esse o limite superior forneci-

    do a pacientes em estado de maior

    estresse metablico (A)3,6,46.

    Concluses finais

    Concluso Grau de recomendao

    O estabelecimento de um plano alimentar para controlar pacientes com DM associado a mudanasno estilo de vida, incluindo atividade fsica, considerado terapia de primeira escolha

    Deve-se incentivar o consumo de carboidratos oriundos de hortalias, leguminosas, gros integrais,frutas e leite desnatado segundo os preceitos de uma dieta saudvel

    Pode-se substituir a sacarose por outros carboidratos e utiliz-la no contexto de um plano alimentarsaudvel

    Recomenda-se que o total de sacarose no ultrapasse 10% do valor calrico total

    Adoantes no nutritivos so seguros quando consumidos at o nvel dirio aceitvel de ingestoestabelecido pela FDA

    A carga glicmica oferece um modesto benefcio adicional em relao contagem de carboidrato

    No se verificam evidncias suficientes para recomendar o uso de alimentos de baixo ndice glic-mico como estratgia primria no plano alimentar

    A

    A

    A

    D

    A

    B

    B

  • 5/23/2018 Diretrizes09 Final

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    Diretrizes SBD 2009

    Continuao - Concluses finais

    Concluses finais

    Concluso Grau de recomendao

    O mtodo de contagem de carboidratos considerado a chave do tratamento nutricional do DM1

    Carboidrato e gordura monoinsaturada juntos devem perfazer 60% a 70% da ingesto energtica.Entretanto, deve-se considerar o perfil metablico e a necessidade de perda de peso quando sedetermina a quantidade de gordura monoinsaturada da dieta

    Como para todas as pessoas, o consumo de fibras alimentares deve ser encorajado (20 g/d ou 14g/1.000 kcal), mas no h razo para recomendar aos portadores de DM maior consumo de quan-tidade de fibras

    A recomendao para o cido graxo saturado atingir menos de 7% do total de calorias

    Os cidos graxos trans devem ter seu consumo reduzido

    A recomendao para ingesto do colesterol alimentar inferior a 200 mg

    Deve-se recomendar o consumo de duas ou mais pores de peixes por semana, com exceo dosfils de peixe fritos

    No h evidncias que sugiram que se deva modificar a ingesto habitual proteica (15% a 20% dasnecessidades dirias de energia) caso a funo renal esteja normal

    No h evidncias suficientes quanto ao benefcio da suplementao de vitaminas e minerais emportadores de DM que no possuem deficincia desses nutrientes

    O consumo