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Disciplina: Relações Internacionais da América Latina
Profº Bruno Rosi
Aula 08:
O FIM DA GUERRA FRIA NA AMÉRICA LATINA
(1961-1989)
1. ASPECTOS GERAIS
Oposição conjunta aos EUA:
Consenso de Viña del Mar (1969)
III Assembleia Geral da OEA (1973)
Teologia da Libertação (final da década de 1960)
Grande crescimento da dívida externa (década de 1970)
Choque do Petróleo (1979)
Fim de estratégias desenvolvimentistas (década de 1980)
“Década perdida” e colapso dos regimes autoritários (década de 1980)
Declaração de Quito (1984): busca de saída articulada da crise
Consenso de Cartagena (1984)
Grupo de Contadora (1983): posicionamento de não intervenção e autodeterminação
Grupo de Apoio a Contadora (1985)
Grupo dos Oito
Ata de Contadora para a Paz e a Cooperação na América Central
Países grandes
Projetos desenvolvimentistas da década de 1930 começam a apresentar desgaste na
década de 1950 e exaustão na década de 1960:
1) Dependência de bens de produção (maquinaria e tecnologia) importados;
2) Desigualdade nas trocas comerciais com os países desenvolvidos
Desigualdades sócias e protestos; conflitos políticos
Crise nas contas externas; dependência de organismos internacionais (FMI e BIRD)
Governos autoritários
Países menores
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Baixo valor de matérias primas no comércio internacional
Proteção alfandegária inspirada pela Cepal
2. ESTADOS UNIDOS
Dwight D. Eisenhower (1953-1961)
John F. Kennedy (1961-1963)
Aliança para o Progresso
Desenvolvimento econômico e social através de fundos públicos e privados
Contra-insurgência
Conferência Extraordinária do Conselho Interamericano Econômico e Social da OEA
Punta Del Este (1961)
Declaração dos Povos da América
Carta de Punta Del Este
Melhorar condições socioeconômicas e modernizar estruturas políticas
Reforma agrária e fiscal sofrem oposição de conservadores e oligarquias
Posicionamento dúbio diante dos golpes de estado
Crise dos Mísseis 1962
Lyndon B. Johnson (1963-1969)
Assume após o assassinato de Kennedy (1963)
Apoio a governos autoritários, considerando que estes melhor validavam os interesses
dos EUA na região
Intensifica a participação dos EUA no Vietnã
Aumenta a ajuda militar em detrimento da ajuda econômica
Militares latino-americanos são beneficiados com a modernização de equipamentos e
profissionalização de oficiais
A ação dos EUA favorece a transformação dos militares em uma importante força
política na década de 1970
Richard Nixon (1969-1974) e Gerald Ford (1974-1977)
Política Externa Realista, ainda retoricamente voltada para o combate ao comunismo na
América Latina. Na prática, pouca atenção é voltada para a região
Distensão com a URSS e aceitação de uma realidade internacional multipolar
“Desinteresse” dos EUA permite algumas medidas reformistas
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Jimmy Carter (1977-1981)
Política Externa fortemente vinculada à defesa dos Direitos Humanos
América Latina volta a ocupar espaço na agenda diplomática
Adesão ao Pacto de São José (1969) e ao Tratado de Tlatelolco
Redução da ajuda econômica e militar para ditaduras, o que obriga latino-americanos a
buscar novos fornecedores de armas
A política de Carter provoca o afastamento de alguns países latino-americanos
Entrega do Canal ao Panamá
Invasão soviética ao Afeganistão (1979) e boicote aos Jogos Olímpicos (1980)
Ronald Reagan (1981-1989)
Segunda Guerra Fria
Política externa fortemente orientada para a defesa dos interesses dos EUA
Política intervencionista na América Latina
Escândalo Irã-Contras na Nicarágua
3. MÉXICO
Adolfo López Mateos (1958-1964)
Gustavo Díaz Ordaz (1964-1970)
Massacre de Tlatelolco (1968): repressão a protestos estudantis na Universidade
Nacional Autônoma do México (UNAM), poucos dias antes dos Jogos Olímpicos de
1968
Aproximação com os EUA
Controle dos meios de comunicação e impulso desenvolvimentista
Tratado de Tlatelolco (1969)
Luis Echeverría (1970-1976)
José López Portillo (1976-1982)
Miguel de la Madrid (1982-1988)
Moratória (1982)
Carlos Salinas (1988-1994)
4. AMÉRICA DO SUL
4
Tratado de Montevidéu (1960) cria a Associação Latino-Americana de Livre Comércio
(ALALC). Eventualmente todos os países latino-americanos aderem ao tratado (1968),
embora este já demonstrasse sinais de estagnação (1967)
Acordo de Cartagena cria o Pacto Andino (1969)
ANDES
4.1 COLÔMBIA
O país tem tido eleições para presidente há bastante tempo. Não houve presidentes
militares neste período. Em compensação há um eterno embate entre Liberais e
Conservadores, deixando de fora outros grupos políticos
Alberto Lleras Camargo (1958-1962)
Político liberal eloqüente e carismático, obteve apoio de Kennedy no quadro da Aliança
para o Progresso, atendendo às demandas de reformas vindas dos EUA. O país foi
enquadrado pelos EUA e por órgãos multilaterais como modelo de reformismo
democrático
As reformas não beneficiaram os setores rurais. Ao longo da década houve favelização
do país, que se converteu em centro de críticas do Congresso dos EUA ao denunciar a
invalidade da Aliança para o Progresso.
Guillermo León Valencia (1962-1966)
Carlos Lleras Restrepo (1966-1970)
Misael Pastrana Borrero (1970-1974)
Alfonso López Michelsen (1974-1978)
Julio César Turbay Ayala (1978-1982)
Belisario Betancur Cuartas (1982-1986)
Virgilio Barco Vargas (1986-1990)
Grupos guerrilheiros ocupam quase metade do país
Tráfico de drogas toma conta do país
4.2 VENEZUELA
O país tem tido eleições para presidente há bastante tempo. Não houve presidentes
militares neste período.
Rómulo Betancourt (1959-1964)
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Retoma uma antiga reclamação territorial sobre a fronteira com a Guiana (mais
exatamente com a Inglaterra; Laudo Arbitral de Paris, 1899). A reclamação coincide
com o período de independência da Guiana (1966) e contou com mediação dos EUA e
da Inglaterra. Apesar de diversas tentativas de diálogo, a questão permanece em aberto
(2012)
Enfrenta oposição da Frente de Libertação Nacional (FLN) e de sua guerrilha, as Forças
Armadas de Libertação Nacional (FALN). Ao final da década esta guerrilha perdeu
força e desapareceu
Denuncia o envio de armas a partir de Cuba para a guerrilha em seu país (1963).
Invocou o TIAR. Atendendo à Venezuela, a OEA rompe relações com Cuba (1964)
Raúl Leoni (1964-1969)
Sucessor de Betancourt, deu continuidade às políticas reformistas
Ação Democrática passa por divisões internas e se alia a grupos de direita para
combater a guerrilha. Acaba chegando enfraquecida às eleições
Rafael Caldera (1969-1974)
Candidato do Partido Social Democrata Cristão Copei, venceu a Ação Democrática
Estabeleceu diálogo com os grupos de esquerda, proscrevendo a luta armada.
Proclamou a anistia.
Alta dos preços do petróleo (1973) favorece o desenvolvimento econômico e social do
país, diminuindo os conflitos sociais
Obteve apoio de Richard Nixon, tendencioso a apoiar um reformista em lugar de
esquerdistas declarados ou conservadores mais combativos ao marxismo
Política externa de solidariedade com o Terceiro Mundo. Restabelecimento de relações
diplomáticas com Cuba e URSS; normalização das relações com a Guiana
Carlos Andrés Pérez (1974-1979)
Retorno da Ação Democrática
Aumento dos preços do petróleo favorece período de grande crescimento econômico
Manutenção da política reformista e da política externa de Rafael Caldera
Luis Herrera Campins (1979-1984) e Jaime Lusinchi (1984-1989)
Continuação das políticas reformistas e da política externa independente
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Apoio à Argentina na Guerra das Malvinas
Persistência das desigualdades sociais
País é afetado pela crise regional, apesar do diferencial do petróleo
4.3 EQUADOR
José María Velasco Ibarra (1960-1961)
Assume a presidência pela quarta vez. Declarou-se neutro em relação à Guerra Fria,
mas setores de seu governo demonstravam proximidade com Cuba. Intervenção da CIA
para afastar esses setores levam a crise interna e renúncia de Velasco.
Carlos Julio Arosemena (1961-1963)
Vice do antecessor, ficou estigmatizado como esquerdista.
Procurou trazer o país para o grupo dos não alinhados. Foi destituído do poder por um
golpe de estado militar (1963-1966)
Junta Militar (1963-1966)
José María Velasco Ibarra (1968-1972)
Presidente eleito pela quinta vez. Buscou uma política reformista e nacionalista:
Nacionalização de setores ligados a exportação de frutas e açúcar e produção de
petróleo
Crise econômica, diminuição das exportações e aumento da inflação
Congresso controlado por opositores; Velasco dissolve o congresso, assumindo poderes
ditatoriais com apoio do exército (1970)
Guerra do Atum:
Ampliação do mar territorial para 200 milhas náuticas confronta interesses de empresas
de pesca norte-americanas. Diversos barcos são apreendidos e multados
Tentativa de nacionalização do subsolo, fomento à industrialização e reforma agrária
Guillermo Rodríguez Lara (1972-1976)
Militar chegou ao poder dando um golpe para evitar a posse do populista Assad
Bucaram, possível vencedor das eleições de 1972
Continua as PEI e as medidas reformistas de Velasco
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Adesão do Equador a OPEP e criação da Corporação Estatal Petrolífera Equatoriana,
durante auge dos preços do petróleo
Desigualdades sociais elevadas; Lara é substituído por militares mais conservadores
(1976-1979)
Junta Militar (1976-1979)
Outros militares dão um golpe em Lara
Jaime Roldós Aguilera (1979-1981)
Presidente eleito democraticamente, marca o início da passagem dos governos
autoritários para a democracia na América Latina; morto em um desastre de avião, não
completou o mandato
Osvaldo Hurtado (1981-1984)
Vice do anterior, completou o mandato
4.4 PERU
Manuel Prado y Ugarteche (1956-1962)
Eleito democraticamente com apoio do APRA.
Introduz o debate sobre a nacionalização dos recursos do subsolo
Promete realizar a reforma agrária
Grupos de esquerda se radicalizam
Surgimento do Movimento da Esquerda Revolucionária (MIR), dissidência do APRA
ainda mais à esquerda (1962). MIR cria o Exército de Libertação Nacional (ELN),
grupo de guerrilha
Partido Comunista se divide entre maoístas e pró-soviéticos (1958-1963)
Luta camponesa se fortalece
Junta Militar (1962-1963)
Após a eleição de Haya de La Torre (APRA) em 1962, militares tomam o poder em um
golpe de estado
Fernando Belaúnde Terry (1963-1968)
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Reformista democrata, Belaúnde havia perdido a eleição de 1962 para Haya de La Torre
por uma pequena margem de votos. Em novas eleições (1963), saiu vencedor
Seu partido, Ação Popular (AP), fundado em 1956, era visto pelos militares como a
única opção contra o APRA.
Pretendia realizar reformas através da Aliança para o Progresso, mas sofreu severa
oposição do congresso, tanto do APRA quanto de odriístas. Enfrentou também os
primeiros levantes guerrilheiros do país
Procurou realizar reformas, entre as quais a abertura da Amazônia. Considerado muito
moderado tanto pela esquerda quanto pela direita, foi deposto por um golpe de estado
militar (1968)
Juan Velasco Alvarado (1968-1975)
Presidente militar, chegou ao governo através de golpe de estado
Os militares peruanos haviam sido doutrinados anos antes no Centro de Altos Estudos
Militares (CAEM), centro de preparação para a administração política e econômica do
país e promoção da segurança nacional
Os militares eram adeptos de uma doutrina nacionalista e reformista de progresso social
e desenvolvimento influenciada pela Cepal
Promoveram diferentes reformas, incluindo a reforma agrária e nacionalização de
empresas e promoção industrial
Obtiveram amplo apoio, até mesmo do Partido Comunista
Promoveram uma política externa independente. Declararam o país parte do grupo dos
não alinhados, estabeleceram relações com URSS e China e até mesmo questionaram o
bloqueio a Cuba. Também apoiaram o Panamá. Tiveram relação ambígua com os EUA
Ampliação do Mar Territorial para 200 milhas náuticas, exercendo maior controle da
pesca e prejudicando empresa estrangeiras
Aumento da repressão leva ao seu afastamento e substituição por Francisco Morales
Bermúdez
Francisco Morales Bermúdez (1975-1980)
Presidente militar
Fernando Belaúnde Terry (1980-1985)
Presidente eleito democraticamente, marca o fim da ditadura militar no país
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Peru experimenta explosão de violência: Sendero Luminoso e Tupac Amaru
Alan García Pérez (1985-1990)
Primeiro presidente eleito pelo APRA
4.5 BOLÍVIA
Víctor Paz Estenssoro (1960-1964)
Junta Militar (1964-1966) e René Barrientos (1966-1969)
René Barrientos lidera golpe de estado militar contra Estenssoro. Ainda que de forma
descontínua, foi a principal liderança política até 1969
Exército possui grande popularidade devido ao papel social a ele atribuído. O golpe
conta com apoio popular expressivo
Forte repressão às milícias de mineiros e guerrilha esquerdista
Assassinato de Ernesto Che Guevara (1967) confere grande credibilidade a Barrientos
Alfredo Ovando Candía (1969-1970) e Juan José Torres (1970-1971)
Militares reformistas e nacionalistas
Nacionalização de empresas estrangeiras, destacando-se a Gulf Petroleum
O radicalismo dos dois governos leva a um golpe conservador liderado por Hugo
Banzer
Hugo Banzer (1971-1978)
Entre 1978 e 1982 muitos governos militares com meses ou mesmo dias de duração
Hernán Siles Zuazo (1982-1985)
Presidente pela segunda vez, eleito democraticamente, marca o retorno do país à
democracia
Victor Paz Estenssoro (1985-1989)
Presidente pela quarta vez
4.6 CHILE
Jorge Alessandri Rodríguez (1958-1964)
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Político democrata reformista, com amplo apoio dos EUA através da Aliança para o
Progresso
Formação da Frente Revolucionaria de Ação Popular (FRAP) (1958), partido de
Salvador Allende, candidato nas eleições de 1964.
Suas reformas foram consideradas tímidas e muito criticadas pela oposição. As eleições
de 1964 tendem a candidatos com propostas de reforma mais profunda
Eduardo Frei (1964-1970)
Democrata cristão apoiado pelos EUA, derrotou Salvador Allende nas eleições
Propunha um amplo leque de reformas, entre elas reforma agrária, apoio a indústria e
fomento à exportação. O objetivo era a modernização da economia e da sociedade
Construiu alianças com conservadores e progressistas moderados
Enfrentou inflação alta, protestos sociais e perda de apoio político. Ao final de seu
governo era reforçada a percepção de fracasso da Aliança para o Progresso no país,
mesmo com o grande investimento dos EUA
Salvador Allende (1970-1973)
Após várias tentativas chega ao poder pela via democrática
Nacionalização da indústria do cobre
Aumento de salários e redistribuição de terras
Economia começa a dar sinais de crise (1972)
Restabelecimento de relações diplomáticas com Cuba, Alemanha Oriental, Vietnã e
China
Troca de visitas com Fidel Castro
EUA procuram obstruir acesso a financiamento internacional (FMI, BIRD e BID); CIA
apóia opositores
Oposição de militares e conservadores leva a golpe de estado (1973)
Augusto Pinochet (1974-1990)
Disputa do Canal de Beagle com a Argentina (1978). Conflito é solucionado com
intermediação do Papa João Paulo II e assinatura a Ata de Montevidéu (1979): Chile
toma posse da área em disputa; ao mesmo tempo a livre navegação e neutralidade da
região são garantidas.
Crescimento econômico seguindo os parâmetros do FMI (década de 1980)
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Patricio Aylwin Azócar (1990-1994)
RIO DA PRATA
4.7 ARGENTINA
Juan Domingo Perón (1946-1955)
Governos militares da Revolução Libertadora (1955-1958)
Arturo Frondizi (1958-1962) e Arturo Umberto Illia (1963-1966)
Membros da União Cívica Radical (UCR), foram ambos derrubados por golpes de
estado
Abertura do país a capitais estrangeiros e concessão para exploração de jazidas
petrolíferas a companhias estrangeiras, contrariando o compromisso histórico da UCR
sobre este assunto
Inflação e protestos sociais
Governos militares (1966-1973)
Crescimento dos grupos de esquerda e surgimento da luta armada: Montoneros e
Exército Revolucionário do Povo (ERP)
Juan Domingo Perón (1973-1974) e Isabel Martínez de Perón (1974-1976)
Eleito para o período de 1973 a 1979, tendo sua esposa como vice, Perón faleceu antes
de completar o mandato
Enfrentamento dos grupos de esquerda
Crise econômica
Governo controlado por militares de direita, derrubado por golpe de estado militar
Governos militares (1976-1983)
Disputa do Canal de Beagle com o Chile (1978)
Adolfo Pérez Esquivel recebe o Prêmio Nobel da Paz por sua militância a favor dos
direitos humanos (1980). O evento aumenta a pressão internacional pelo fim da ditadura
Guerra das Malvinas (1982)
Raúl Alfonsín (1983-1989)
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4.8 URUGUAI
Conselho Nacional de Governo (1952-1967)
Jorge Pacheco Areco (1967-1972)
Crescimento dos grupos de esquerda e surgimento da luta armada: Tupamarus
Juan María Bordaberry (1972-1976)
Realiza golpe de estado em 1973
Governos militares (1976-1985)
Julio María Sanguinetti (1985-1990)
Colorado, marca o retorno da democracia
4.9 PARAGUAI
Alfredo Stroessner (1954-1989)
Andrés Rodríguez (1989-1993)
Embora fosse um antigo colaborador, chega ao poder através de um golpe que derruba
Stroessner
Nova constituição limita mandato presidencial a cinco anos
4.10 GUIANA
Eleições parlamentares locais marcam ganho de autonomia (1953)
Partido Progressista Popular (PPP) sob liderança de Cheddy Jagan ganha a maioria dos
votos; o viés marxista de Jagan preocupa Londres e Washington; Londres envia tropas
para frear o ímpeto independentista
PPP se divide entre Jagan, indiano e marxista, com maior liderança no âmbito rural, e
Forbes Burnham moderado e africano, com maior liderança no âmbito urbano.
Intervenção dos EUA e Inglaterra aprofunda divisão. Surge o Congresso Nacional do
Povo (CNP), sob liderança de Burnham.
Com apoio da CIA Burnham se insurge contra Jagan e lidera a independência do país
(1965). É a principal liderança política até seu falecimento (1985). Governa com apoio
dos EUA e Inglaterra através de eleições fraudulentas e repressão a opositores
Presidentes
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Arthur Chung (1970-1980)
Forbes Burnham (1980-1985)
Morreu durante o mandato. Já havia ocupado os cargos de premier (1964-1966) e
primeiro ministro (1966-1980), sendo assim a principal liderança política até seu
falecimento
Desmond Hoyte (1985-1992)
Primeiro Ministro
Forbes Burnham (1966-1980)
Ptolemy Reid (1980-1984)
Desmond Hoyte (1984-1985)
Hamilton Green (1985-1992)
5. AMÉRICA CENTRAL
Comitê de Cooperação Econômica 1951 a convite da Cepal
Carta de São Salvador Organização dos Estados Centro-Americanos (ODECA)
Mercado Comum Centro-Americano (MCCA) (1958)
Pressões dos setores agroexportadores limitam o MCCA a uma Área de Livre Comércio
Guatemala e El Salvador colhem os melhores benefícios da integração, seguidos de
Costa Rica e Nicarágua. Honduras fica a margem do processo
Industrialização por substituição de importações e atração de montadoras através de
isenção de impostos agrava dependência do mercado externo
5.1 PANAMÁ
De 1968 a 1989 (intervenção norte-americana), o comandante da forças de defesa do
Panamá (conhecidas como Guarda Nacional até 1983) era o líder de fato do país
General Omar Torrijos (1968–1981)
Nacionalista e carismático, promoveu reformas econômicas e sociais variadas.
Converteu o país em um centro financeiro de importância internacional e logrou acordos
de nacionalização do canal com o Acordo Torrijos-Carter (1977)
Florencio Flores Aguilar (1981–1982) e Rubén Darío Paredes (1982–1983)
Período de transição após o falecimento de Torrijos
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Manuel Noriega (1983–1989)
Traficante de drogas
Relações com Washington se deterioram
Invasão norte-americana (1989)
5.2 COSTA RICA
Francisco Orlich Bolmarcich (1962-1966)
José Trejos Fernández (1966-1970)
José Figueres Ferrer (1970-1974)
Daniel Oduber Quirós (1974-1978)
Rodrigo Carazo Odio (1978-1982)
Luis Monge Álvarez (1982-1986)
Óscar Arias Sánchez (1986-1990)
Eleito democraticamente, estabeleceu com Vinicio Cerezo, presidente da Guatemala,
um plano de pacificação da América Central. Por essa ação Arias ganhou o Prêmio
Nobel da Paz (1987)
5.3 NICARÁGUA
Anastasio Somoza Debayle (1967-1972) e Junta Militar (1972-1974)
Somoza continua sendo o líder de fato
Anastasio Somoza Debayle (1974-1979)
Crescimento da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN)
Perda de apoio dos EUA durante o governo Carter
Assassinato de Pedro Joaquin Chamorro (1978) desencadeia ação Sandinista que
derruba Somoza
Junta Militar (1979-1985)
Revolução Nicaragüense (1979): Diversos grupos participam da queda de Somoza, mas
os Sandinistas são a liderança de fato
Daniel Ortega (1985-1990)
Antigo líder sandinista, já exercia liderança desde 1983
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Escândalo Irã-Contras
Pressionado pelos Contras, financiados pelos EUA, direcionou o país para Cuba e
URSS
Crise econômica, inflação elevada e medidas impopulares levam a perda de apoio
Acirramento da luta armada; gastos militares em 50% do orçamento
Violeta Chamorro (1990-1997)
Eleita pela União Nacional Opositora
Recebe um país exaurido economicamente
5.4 GUATEMALA
Miguel Ydígoras Fuentes (1958-1963)
Colaborou na tentativa de invasão a Baia dos Porcos (1961)
Sofreu um golpe de estado por permitir o presidente Arévalo retornar ao país e
possivelmente concorrer nas eleições daquele ano (1963)
Enrique Peralta Azurdia (1963-1966)
Coronel, aumentou a militarização do país contra as guerrilhas, sem sucesso
Julio César Méndez Montenegro (1966-1970)
Carlos Manuel Arana Osorio (1970-1974)
Kjell Eugenio Laugerud García (1974-1978)
Fernando Romeo Lucas García (1978-82)
Efraín Ríos Montt (1982-1983)
Óscar Humberto Mejía Victores (1983-1986)
Aprofunda-se o ingrediente étnico na guerra civil do país: meio urbano branco vs. meio
rural indígena
Aprofundamento da repressão contra os indígenas e da sociedade de modo geral;
isolamento internacional e crise econômica forçam a convocação de eleições
Vinicio Cerezo (1986-1991)
Presidente eleito democraticamente, estabeleceu com Oscar Arias, presidente da Costa
Rica, um plano de pacificação da América Central
Implementa diferentes reformas econômicas e políticas
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Inicia o diálogo com a guerrilha (Madri, 1987), assinando um tratado de paz (Oslo,
1990)
Rigoberta Menchú: denuncia o etnocídio indígena e recebe o Prêmio Nobel da Paz
(1992)
5.5 EL SALVADOR
Junta of Government (1960-1961)
Civic-Military Directory (1961-1962)
Eusebio Rodolfo Cordón Cea (provisional (1962)
Julio Adalberto Rivera Carballo (1962-1967)
Fidel Sánchez Hernández (1967-1972)
Arturo Armando Molina (1972-1977)
Eleito mediante fraude para evitar a chegada ao poder da coalizão liderada pelo
democrata-cristão José Napoleón Duarte
Carlos Humberto Romero (1977-1979)
Ditador militar, sofreu uma tentativa de golpe liderada por jovens oficiais reformistas,
inspirada nos acontecimentos da vizinha Nicarágua (1979)
Junta revolucionária de governo (1979-1982)
José Napoleón Duarte é a principal liderança deste período
Assassinato do padre Oscar Arnulfo Romero (1980), promotor de diálogo e pacificação
do país
Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN) surge em 1981, iniciando uma
nova guerra civil
Álvaro Magaña (1982-1984)
José Napoleón Duarte (1984-1989)
Democrata-cristão
FMLN lança a maior ofensiva de sua história (1989)
Apoiado pelos EUA, mas sem sucesso em pacificar o país
Alfredo Cristiani (1989-1994)
México e Costa Rica se oferecem para mediar o conflito entre governo e FMLN
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Com intermediação da ONU a guerra entre governo e FMLN chega ao fim (1990)
5.6 HONDURAS
Golpe de estado militar proscreve o Partido Comunista (1956)
Ramón Villeda Morales (1957-1963)
Eleito democraticamente, tenta realizar uma reforma agrária. Sofre um golpe de estado
militar (1963)
Oswaldo López Arellano (1963-1971)
Ditador, chega ao poder através do golpe que derrubou o antecessor. Abortou os
projetos de reforma do antecessor, mas implantou os seus próprios.
Enfrentou El Salvador na Guerra do Futebol (1969). Em suas origens estão a
dependência dos dois países da agroexportação e migração de trabalhadores através da
fronteira. A intervenção da OEA concluiu rapidamente o conflito, mas um tratado de
paz foi assinado somente em 1980.
Ramón Ernesto Cruz Uclés (1971-1972)
Oswaldo López Arellano (1972-1975)
Juan Alberto Melgar Castro (1975-1978)
Policarpo Paz García (Provisional) (1978-1982)
Roberto Suazo Córdova (1982-1986)
Eleito democraticamente, mas com pouca margem de manobra
Militares ampliam o controle sobre a segurança nacional
Pressionado por militares e Washington a cooperar com os Contras na Nicarágua
Economia beneficiada pelo envio de dólares por Reagan
José Azcona del Hoyo (1986-1990)
Enfrenta situação semelhante a do antecessor
6. CARIBE
6.1 REPÚBLICA DOMINICANA
Rafael Trujillo foi o líder político de fato de 1930 até seu assassinato em 1961, sendo
oficialmente presidente em parte deste período
Tentativa de assassinato de Rómulo Betancourt, presidente da Venezuela (1960)
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Após este atentado Trujillo é condenado na V Reunião de Consulta de Chanceleres
(Costa Rica, 1960) e perde apoio dos EUA. É assassinado no ano seguinte (1961), com
consentimento da CIA
Juan Bosch (1963)
Reformista, entre suas medidas declara a legalidade das forças políticas de esquerda no
país. Foi deposto por um golpe militar poucos meses após sua posse
Junta Militar 1963-1966)
Alguns militares pedem a volta de Juan Bosch. Lyndon B. Johnson desconfia de Bosch,
acreditando que a República Dominicana possa se tornar uma nova Cuba. Ordena uma
intervenção, a primeira do tipo em décadas (1965), com apoio da OEA que também
envia tropas (Brasil, Honduras, Costa Rica, Paraguai, Nicarágua, e El Salvador)
Joaquín Balaguer (1966-1978)
Presidente civil eleito
As forças de intervenção deixam a ilha. Balaguer faz um governo com repressão e exílio
de opositores, excluindo especialmente os grupos de esquerda. A intervenção dos EUA
causa profundo ressentimento na América Latina em geral
Antonio Guzmán Fernández (1978-1982)
Presidente eleito, cometeu suicídio pouco antes de completar o mandato
Jacobo Majluta Azar (1982)
Vice-presidente do anterior
Salvador Jorge Blanco (1982-1986)
Joaquín Balaguer (1986-1996)
6.2 CUBA
Dividida entre exportar a revolução e consolidar o comunismo na ilha
Confronto entre China e URSS abre espaço para a atuação cubana no continente,
mesmo com desaprovação da URSS
Ajuda a guerrilheiros : Venezuela (1963)
19
Adestramento de grupos de esquerda: Bolívia (1967)
Conferência de Solidariedade dos Povos da África, Ásia e América Latina em Cuba
(1966) decide apoiar a luta armada contra o imperialismo e cria a Organização de
Solidariedade dos Povos da África, Ásia e América Latina (OSPAAL)
Assassinato de Che Guevara (1967) enfraquece o projeto de exportar a revolução
Liderança de Fidel cresce nos anos 1970; preside a VI Reunião dos Países Não
Alinhados em Havana (1979)
6.3 HAITI
François “Papa Doc” Duvalier (1957-1971)
Eleito democraticamente para um mandato de seis anos, acabou se perpetuando no
poder através de um regime de terror. Profundo anticomunista, obteve apoio dos EUA e
de empresários norte-americanos. Através de uma reforma constitucional logrou passar
o poder para seu filho.
Jean-Claude “Baby Doc” Duvalier (1971-1986)
Deu prosseguimento às políticas do pai. O Haiti tornou-se conhecido como importante
eixo no tráfico de órgãos.
6.4 GRANADA
Eric Gairy (1974-1979)
Independência (1974)
Maurice Bishop (1979-1983)
Bishop depõe Gairy e lidera movimento identificado com o Terceiro Mundo e o
Socialismo (1979)
EUA não reconhecem o governo de Bishop
Bernard Coard (1983)
Depõe e assassina Bishop; instaura governo ainda mais à esquerda
Reagan intervém alegando crescimento da influência soviética e cubana; a invasão de
Granada é de modo geral aceita pela comunidade internacional e latino-americana
REFERÊNCIAS:
20
“O fim da Guerra Fria na América Latina (1961-1989)” (Cap. 8) In.: MOREIRA, Luiz
Felipe Viel; QUINTEROS, Marcela Cristina; SILVA, André Luiz Reis da. As Relações
Internacionais da América Latina. Petrópolis: Vozes, 2010.