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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO AVALIAÇÃO DA BIODEGRADAÇÃO DO DIBENZOTIOFENO UTILIZANDO LODOS ATIVADOS Paula Luciana Rodrigues de Sousa Orientador: Prof. Dr. Everaldo Silvino dos Santos Coorientadora: Profª. Dr a . Gorete Ribeiro de Macedo Natal/ RN Fevereiro/ 2015

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - repositorio.ufrn.br · Avaliação da biodegradação do dibenzotiofeno utilizando lodos ativados / Paula Luciana Rodrigues de Sousa. - Natal, 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

AVALIAÇÃO DA BIODEGRADAÇÃO DO

DIBENZOTIOFENO UTILIZANDO LODOS

ATIVADOS

Paula Luciana Rodrigues de Sousa

Orientador: Prof. Dr. Everaldo Silvino dos Santos

Coorientadora: Profª. Dra. Gorete Ribeiro de Macedo

Natal/ RN

Fevereiro/ 2015

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Paula Luciana Rodrigues de Sousa

AVALIAÇÃO DA BIODEGRADAÇÃO DO

DIBENZOTIOFENO UTILIZANDO LODOS ATIVADOS

Dissertação de mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Engenharia

Química da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, como requisito parcial para a

obtenção do título de mestre em Engenharia

Química, sob a orientação do Prof. Dr.

Everaldo Silvino dos Santos e coorientação da

Profa. Dr

a. Gorete Ribeiro de Macedo.

Natal / RN

Fevereiro / 2015

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Catalogação da Publicação na Fonte.

UFRN / CT / DEQ

Biblioteca Setorial “Professor Horácio Nícolás Sólimo”.

Sousa, Paula Luciana Rodrigues de.

Avaliação da biodegradação do dibenzotiofeno utilizando lodos ativados / Paula

Luciana Rodrigues de Sousa. - Natal, 2015.

74 f.: il.

Orientador: Everaldo Silvino dos Santos.

Coorientador: Gorete Ribeiro de Macedo.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro

de Tecnologia. Departamento de Engenharia Química. Programa de Pós-graduação

em Engenharia Química.

1. Resíduos industriais - Dissertação. 2. Indústria petroquímica - Dissertação. 3.

Biodegradação - Dissertação. I. Santos, Everaldo Silvino dos. II. Macedo, Gorete

Ribeiro de. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.

RN/UF CDU 628.54(043.3)

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SOUSA, P. L. R. - Avaliação da biodegradação do dibenzotiofeno utilizando lodos ativados.

Dissertação de mestrado, UFRN, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química. Área

de concentração: Engenharia Química. Natal – RN, Brasil, 2015.

Orientador: Prof. Dr. Everaldo Silvino dos Santos

Coorientadora: Profª. Drª. Gorete Ribeiro de Macedo

Resumo: Durante o processo de refino do petróleo tem-se como descarte um grande volume

de água, a qual carrega os contaminantes provenientes do processo. Uma classe de compostos

contaminantes, decorrente da indústria petroquímica, são os hidrocarbonetos poliaromáticos

(HPA’s). Visando avaliar a biodegradação do Dibenzotiofeno presente na água de refinaria

preparou-se um efluente sintético para ser tratado utilizando lodos ativados. Para isso,

realizou-se um planejamento composto central 2³ com triplicata no ponto central e 6 pontos

axiais tendo como variáveis independentes (fatores) a concentração inicial de DBT, o pH e o

tempo de biodegradação. A presença do DBT, e de seu derivado 2-HBF, no efluente final

tratado pelo sistema de lodos ativados foi monitorada efetuando-se uma extração líquido -

líquido com posterior análise em CLAE/UV utilizando-se uma metodologia otimizada no

presente estudo. A biodegradação do DBT foi verificada monitorando-se os parâmetros DQO,

pH, temperatura, SST, SSV, VFL, IVL. Quanto à adequação das análises cromatográficas, os

resultados indicaram que a metodologia avaliada pode ser utilizada no acompanhamento da

degradação de DBT e 2-HBF por lodos ativados, visto que foram obtidos ótimos valores de

linearidade, coeficientes de variação, assim também como percentuais de recuperação

bastante satisfatórios. Para os testes de eficiência de redução da DQO foi obtido um

percentual médio de 64,4 %. Os comportamentos crescentes dos resultados para os testes de

SST e SSV mostraram que os lodos ativados foram bem adaptados. As melhores condições

operacionais para redução de DQO foram verificadas quando operados com concentrações

medianas de DBT, maiores tempo para biodegradação, e pH tanto na faixa ácida quanto na

básica. A biodegradação do DBT foi confirmada avaliando-se a presença do 2-HBF. As

maiores concentrações de 2-HBF foram obtidas nos extremos das concentrações de DBT e de

pH, e em maiores tempos de biodegradação.

Palavras-chave: Dibenzotiofeno, 2-Hidroxibifenil, Lodos Ativados.

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SOUSA, P. L. R. - Dibenzothiophene biodegradation evaluation using activated sludge.

Master Thesis, UFRN, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química. Subject:

Chemical Engineering.

Orientador: Prof. Dr. Everaldo Silvino dos Santos

Coorientadora: Profª. Drª. Gorete Ribeiro de Macedo

Abstract

During the oil refining process a huge discard volume of water occurs, which carries the

contaminants from the process. A class of contaminant compounds resulting from the

petrochemical industry are the Polyaromatic Hydrocarbons (PAH's). To evaluate the

biodegradation of Dibenzothiophene in refinery water a synthetic wastewater was prepared to

be treated using activated sludge. For this, a 23 Composite Design (plus 3 central points and

six axial points) was carried out. The planning had as independent variables (factors) the

initial concentration of DBT, pH and time of biodegradation. Biodegradation of DBT was

assayed following the parameters COD, pH, temperature, SS, VSS, FVS, SVI. Concerned to

the chromatographic conditions, a methodology was validated in order to verify the presence

of DBT and its metabolite, 2-HBF, in the final wastewater treated by activated sludge system

using a liquid - liquid extraction coupled to HPLC / UV analysis. The parameters used for

validation were DL, QL, linearity, recovery and repeatability. As for optimization, the results

indicated that the studied methodology can be used in monitoring the DBT degradation and 2-

HBF by activated sludge, as they showed excellent linearity values, coefficients of variation,

so as satisfactory recovery percentage. COD reduction efficiency tests showed an average

percentage of 64.4%. The increasing trend for the results for the TSS and VSS tests showed

that the activated sludge was well tailored. The best operating conditions for the reduction of

COD were observed when operated with median concentrations of DBT, a higher time to

biodegradation, and pH in both the acidic range as the basic one. The biodegradability of the

DBT was confirmed by determining the presence of HBF-2. The highest concentrations of

HBF-2 were obtained in extreme concentrations of DBT and pH, and higher biodegradation

times.

Key Words: Dibenzothiophene, 2-Hydroxybiphenyl, Activated sludge.

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Dedico a meus pais, José e Marta,

minha fonte inesgotável de inspiração.

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus por todas as graças alcançadas nessa etapa, pelo zelo que

tens me cuidado e por tudo que tens me proporcionado até então.

Aos professores doutores Everaldo Silvino dos Santos e Gorete Ribeiro de Macedo, que

me acolheram tão bem em seus ciclos acadêmicos me orientando em todos os momentos.

À Equipe da ETE-UFRN, que possibilitou o acesso em todas as visitas realizadas.

Aos funcionários do PPGEQ, Mazinha e Medeiros pelo apoio administrativo por trás

desse trabalho.

Aos amigos do LEB, pela colaboração e orientação nos experimentos, por todos os

momentos de descontração tornando o local de trabalho mais agradável.

Um agradecimento especial à Júlia Medeiros que foi uma bolsista de IC bastante

presente; ao Francisco Canindé que além de técnico do LEB se mostrou um amigo muito

prestativo; ao Pedro Henrique pela amizade e enorme disponibilidade em dividir seus

conhecimentos; a Ruthinéia Jéssica e ao Carlos Padilha pelas constantes ajudas nas coletas e

orientações nos experimentos.

Às minhas eternas orientadoras, Aparecida Milhome e Sarah Abreu, as quais me

mostraram e ensinaram a amar a pesquisa, as quais muito colaboraram e colaboram para a

construção da minha carreira acadêmica.

Ás minhas amigas Eciane, Camila, Telma, Tânia, Elma, Germana, Luciana, Lucélia,

Karine e Sanyelle, bênçãos na minha vida, as quais me ensinaram o que é e o valor de uma

amizade verdadeira. Mesmo distantes se mostraram bastantes presentes com suas

brincadeiras, palavras de incentivo.

Ao eterno cafofo cearense, Angelinne, Fran e Sérgio, presentes de Deus para minha vida.

Obrigada pela enorme contribuição na realização de mais um sonho, por todas as risadas, por

terem sido meu suporte em todo esse período, sem vocês com certeza não teria conseguido.

À família PRECE pela enorme contribuição na vida de minha família, sempre

alimentando e incentivando nossos sonhos.

Agradeço a toda minha família, minha razão de viver. Aos meus irmãos Daiana, Paulo

Gleisson, Glauciane, Paulo Ricardo, João Alfredo, Fernando e Fernanda por todo o incentivo,

por esse amor inexplicável que nos une. As minhas sobrinhas Layane, Ana Lívia e Cecília

Maria, por esse amor puro e incondicional. Aos meus avós Maria, Euzinda e João Rodrigues

por esse amor tão fraternal com que sempre me acolhem.

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E um agradecimento mais que especial aos meus pais, José de Paula e Marta Maria,

minha fonte de inspiração. Obrigada por sempre terem as palavras corretas para me corrigir,

instruir, me reabastecer de ânimo quando necessário, me motivando a não desistir dos meus

sonhos. Obrigada por serem tudo em minha vida.

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“Em tempos de guerra, nunca pare de lutar.

Não baixe a guarda, nunca pare de lutar.”

Pra. Ludmila Ferber

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Lista de Figuras

Figura 2.1 – Produção de derivados de petróleo do Brasil no ano de 2012. Fonte: Anuário

Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás natural e Biocombustíveis

(2013)..........................................................................................................................................6

Figura 2.2 - Crescimento microbiano em relação ao tempo de exposição à matéria orgânica.

Fonte: Padovan (2010)..............................................................................................................15

Figura 2.3 - Esquema de formação dos flocos de lodos ativados. Fonte: Von Sperling

(1997)........................................................................................................................................16

Figura 2.4 - Estrutura química do DBT. Fonte: Inácio (2009).................................................21

Figura 2.5 - Esquema de Cromatografia Líquida de Alta Eficiência. Modificada pela autora.

Fonte: Nicésrio (2000)..............................................................................................................25

Figura 3.1 - Sistema experimental de lodos ativados. Fonte: Oliveira (2014)..........................28

Figura 3.2 - Ponto de Coleta do lodo biológico na Estação de tratamento de Esgotos da

UFRN........................................................................................................................................30

Figura 4.1 - Comportamento da DQO na etapa de adaptação..................................................39

Figura 4.2 - Comportamento do pH na etapa de adaptação......................................................40

Figura 4.3 - Comportamento da temperatura na etapa de adaptação........................................40

Figura 4.4 – Percentual de eficiência de redução da DQO e desvio padrão............................42

Figura 4.5 - Relação da concentração do DBT e o tempo na %E com o pH fixo no ponto

central........................................................................................................................................43

Figura 4.6 - Relação da concentração do DBT e o pH na %E com o tempo fixo no ponto

central........................................................................................................................................43

Figura 4.7 - Relação do tempo e pH na %E com a concentração do DBT fixo no ponto

central........................................................................................................................................44

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Figura 4.8 - Relação dos parâmetros e interações significativas para %E da

DQO..........................................................................................................................................45

Figura 4.9 - Comportamento do pH nos lodos ativados...........................................................46

Figura 4.10 – Comportamento da temperatura nos lodos ativados...........................................47

Figura 4.11 - Comportamento do VFL nos lodos ativados.......................................................50

Figura 4.12 - Comportamento do IVL nos lodos ativados........................................................50

Figura 4.13 – Cromatogramas individuais dos compostos: (A) 2-HBF e (B) DBT................51

Figura 4.14 – Percentuais de recuperação e desvio padrão na extração líquido – líquido para o

2-HBF e DBT............................................................................................................................53

Figura 4.15 – Percentual de redução do DBT no efluente final................................................54

Figura 4.16 – Concentração e desvio padrão do 2-HBF nos ensaios........................................55

Figura 4.17 - Relação da concentração do DBT e o tempo na concentração final de 2-HBF

com o pH fixo no ponto central................................................................................................56

Figura 4.18 - Relação da concentração do DBT e o pH na concentração final de 2-HBF com o

tempo fixo no ponto central......................................................................................................56

Figura 4.19 - Relação do pH e tempo na concentração final de 2-HBF com a concentração do

DBT fixa no ponto central........................................................................................................57

Figura 4.20 - Relação dos parâmetros e interações significativos para a concentração de 2-

HBF...........................................................................................................................................57

Figura 4.21 - Rotífero presente em amostra de lodos ativados (Aumento:

100X)........................................................................................................................................59

Figura 4.22 - Presença de filamentos e protozoários em amostra de lodos ativados (Aumento:

20X)..........................................................................................................................................59

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Lista de Tabelas

Tabela 2.1 - Microrganismos indicadores das condições de depuração...................................17

Tabela 2.2 - Conversão do IBL em 4 classes de qualidade e respectivas características do

sistema.......................................................................................................................................18

Tabela 2.3 - Análise elementar do óleo cru típico (% em peso)...............................................20

Tabela 2.4 – Técnicas estatísticas e suas finalidades................................................................26

Tabela 3.1 - Compostos constituintes do despejo sintético......................................................29

Tabela 3.2 – Fatores e níveis codificados para o planejamento central....................................31

Tabela 3.3 – Matriz para o planejamento composto central.....................................................32

Tabela 3.4 - Frequência e análises de amostras em lodos ativados. D – diária; S/n – número de

vezes na semana........................................................................................................................33

Tabela 4.1 – Resultados da eficiência de redução de DQO (%E) e desvio-padrão (S)............41

Tabela 4.2 – Concentrações dos SST nos lodos ativados (mg/L).............................................48

Tabela 4.3 – Concentrações dos SSV nos lodos ativados (mg/L)............................................49

Tabela 4.4 – Valores dos parâmetros da adequação das análises cromatográficas...................52

Tabela 4.5 – Relação dos valores de %E de redução de DQO e DBT e Concentração de 2-

HBF...........................................................................................................................................58

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Lista de Abreviaturas

2-HBF – 2-Hidroxibifenil

ABNT – Associação Brasileira de Norma Técnicas

ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

BDS – Biodessulfurização

BRMs – Biorreatores de Membrana

CAS – Lodos Ativados Convencionais

CG/MS – Cromatografia Gasosa/ Espectrômetro de Massas

CGAR – Cromatografia Gasosa de Alta Resolução

CL – Cromatografia Líquida

CLAE – Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

COD – Carbono Orgânico Dissolvido

COV – Compostos Orgânicos Voláteis

CV – Coeficiente de Variação

DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio

DBT – Dibenzotiofeno

DNA - Ácido Desoxirribonucléico

DQO – Demanda Química de Oxigênio

ETEs – Estações de Tratamento de Esgoto

GLP - Gás Liquefeito de Petróleo

HDS – Hidrodessulfurização

HPA’s – Hidrocarbonetos Poliaromáticos

IVL – Índice Volumétrico do Lodo

LD – Limite de detecção

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LEB – Laboratório de Engenharia Bioquímica

LPR – Lodo de Papel Reciclado

LQ – Limite de Quantificação

NUPPRAR - Núcleo de Processamento Primário e Reuso de Água Produzida e Resíduo

OC – Óleo Combustível

OD – Oxigênio Dissolvido

OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo

PETROBRÁS – Petróleo Brasileiro S.A.

pH – Potencial Hidrogeniônico

QAV – Querosene de Aviação

RLM – Reator de Leito Móvel

SRT – Tempo de Retenção dos Sólidos

SST – Sólidos Suspensos Totais

SSV – Sólidos Suspensos Voláteis

TDH – Tempo de Detenção Hidráulica

UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

US-EPA - United States Environmental Protection Agency

UV/ VIS – Ultravioleta/ Visível

VFL – Volume Final do Lodo

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Sumário

Pág.

1. INTRODUÇÃO 2

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5

2.1. PETRÓLEO 5

2.2. ÁGUA DE REFINARIA 7

2.3. LODOS ATIVADOS 9

2.4. HIDROCARBONETOS POLIAROMÁTICOS – HPA’s 18

2.5. COMPOSTOS SULFURADOS 19

2.6. CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA RESOLUÇÃO (HPLC) 24

2.7 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL 25

3. METODOLOGIA 28

3.1. SISTEMA EXPERIMENTAL DE LODOS ATIVADOS 28

3.2. ADAPTAÇÃO DO SISTEMA 29

3.2.1. Efluente sintético 29

3.2.2. Adaptação da biomassa 30

3.3. PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL 31

3.3.1. Estudo da biodegradação 32

3.4. FREQUÊNCIA DE AMOSTRAGEM DA CARACTERZAÇÃO DO

LODO ATIVADO

32

3.5. MÉTODOS ANALÍTICOS 33

3.5.1. Demanda Química de Oxigênio (DQO) 33

3.5.2. Determinação de pH e temperatura 33

3.5.3. Sólidos Suspensos Totais (SST) e Sólidos Suspensos Voláteis (SSV) 33

3.5.4. Volume Final de Lodo (VFL) 34

3.5.5. Índice Volumétrico do Lodo (IVL) 34

3.6. DETERMINAÇÃO POR CLAE 34

3.6.1. Extração líquido-líquido 34

3.6.2. Adequação das análises cromatográficas 35

3.7. ANÁLISE MICROSCÓPICA 36

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 38

4.1. SISTEMA EXPERIMENTAL DE LODOS ATIVADOS 38

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4.1.1. Adaptação do sistema 38

4.2. PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL 41

4.2.1. Eficiência de redução de DQO (%E) 41

4.2.2. Caracterização do lodo ativado 45

4.2.2.1. pH e temperatura dos lodos ativados 45

4.2.2.2. Sólidos Suspensos Totais (SST) e Sólidos Suspensos Voláteis

(SSV)

47

4.2.2.3. Volume Final do Lodo (VFL) 49

4.2.2.4. Índice Volumétrico do Lodo (IVL) 50

4.2.3. Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) 51

4.2.3.1. Metodologia 51

4.2.3.2. Adequação das análises cromatográficas 52

4.2.3.3. Extração líquido - líquido 53

4.2.3.4. Determinação do 2-HBF e DBT 53

4.3. ANÁLISE MICROSCÓPICA 58

5. CONCLUSÃO 62

6. REFERÊNCIAS 64

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

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Capítulo 1 - Introdução

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 2

1. Introdução

Desde a Revolução Industrial tem-se presenciado o grande avanço na indústria nos mais

diversos setores. Isto tem contribuído bastante para o mercado mundial, como na inovação das

máquinas, geração de emprego, disponibilidade de novos produtos, dentre outros pontos.

Recentemente, o Brasil teve um grande avanço na indústria petroquímica com a descoberta do

pré-sal, buscando autossuficiência sustentável na produção de petróleo.

Contudo, decorrente de todo esse avanço constata-se o aumento na emissão de efluentes

dessas indústrias contendo uma elevada carga de contaminantes que, embora possa ser

tratado, ao ser lançado no ambiente causa danos não apenas à flora e fauna, como também ao

ser humano, quando exposto por certo tempo e em determinadas concentrações. Dessa forma,

muitos pesquisadores têm voltado a atenção para essa questão, visando formas de reduzir essa

contaminação no final dos processos industriais, antes mesmo de ser lançada no ambiente,

bem como avaliando a contaminação dos ambientes onde já ocorre essa emissão.

Durante o processo de refino do petróleo tem-se como descarte um grande volume de

água, a qual carrega os contaminantes provenientes do processo. Vale ressaltar que a água de

refinaria deve ser tratada antes de ser lançada no ambiente. O Conselho Estadual de Meio

Ambiente (CONSEMA-RS) estipula valores de DQO para efluentes industriais lançados em

corpos hídricos, sendo estes valores relacionados com as vazões de lançamentos dos

efluentes.

Uma classe de compostos contaminantes decorrente da indústria petroquímica são os

hidrocarbonetos poliaromáticos (HPA’s). Os HPA’s são constituídos basicamente por átomos

de carbono e hidrogênio, assim também com dois ou mais anéis aromáticos, podendo também

conter outros componentes como enxofre e nitrogênio.

Várias metodologias têm sido desenvolvidas buscando a redução ou remoção desses

compostos antes da água de refinaria ser lançada no meio ambiente. Destaca-se dentre esses

compostos os que contêm o anel tiofênico, compostos esses que apresentam enxofre em sua

estrutura e que juntamente com outros HPA’s são denominados compostos recalcitrantes, ou

seja, de difícil biodegradabilidade, fato esse que inspira estudos mais aprofundados para

determinar condições ótimas para a biodegradação desses compostos.

O presente trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Engenharia Bioquímica da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte que vem desenvolvendo trabalhos na área

ambiental, por exemplo, Barros Jr. (2008) utilizou sistema de lodos ativados para verificar a

influência de moléculas tóxicas, presente em despejos de refinarias de petróleo, na

biodegradação da glicose. Oliveira (2014) utilizou o mesmo sistema para investigar a

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Capítulo 1 - Introdução

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 3

influência da aeração na formação de flocos de lodo ativado, assim também como na

eficiência de redução da matéria orgânica.

Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo geral avaliar o potencial da

biodegradação do DBT utilizando lodos ativados. De maneira específica, objetiva-se:

Adequar análises cromatográficas para quantificação e identificação do 2-Hidroxibifenil (2-

HBF) e Dibenzotiofeno (DBT) utilizando Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE);

Adaptar lodos ativados para degradação do DBT; Avaliar a biodegradação do DBT presente

em água de refinaria utilizando lodos ativados; Avaliar as condições operacionais por meio de

um planejamento composto central.

A presente dissertação está dividida em seis capítulos. O primeiro capítulo (Introdução)

em que se apresenta a importância do tema em estudo. O segundo capítulo (Revisão

Bibliográfica) que aborda os fundamentos bem como apresenta alguns trabalhos existentes na

literatura referente ao tema em estudo. O terceiro capítulo (Metodologia) em que se apresenta

o material e os métodos usados no desenvolvimento do trabalho. O quarto capítulo

(Resultados e discussão) em que se apresenta e se discute os principais resultados obtidos. No

quinto capítulo apresenta-se a conclusão do trabalho e finaliza-se, no sexto capítulo,

apresentando-se as referências consultadas.

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CAPÍTULO 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 5

2. Revisão Bibliográfica

O capítulo 2 apresenta os aspectos teóricos conduzidos no presente estudo. Algumas

propostas de temas importantes como, petróleo, água de refinaria, sistema de lodos ativados,

HPA’s, são apresentados e discutidos nesta revisão da literatura.

2.1. Petróleo

No Brasil, a primeira concessão para extrair material betuminoso data do ano de 1858, em

um decreto assinado pelo Marquês de Olinda concedido a José Barros Pimentel. Inicialmente

a aplicação desse material era destinada a produção de querosene para iluminação. A primeira

exploração ocorreu às margens do Rio Marau, na Bahia. Posteriormente, veio a constatação

de petróleo no recôncavo baiano viabilizando a exploração de outras bacias sedimentares

terrestres (Gomes, 2009).

O mundo tem assistido a um incessante crescimento na exploração do petróleo,

principalmente após a Segunda Guerra Mundial. Embora o petróleo seja a maior fonte

energética, o mesmo constitui fontes para obtenção de inúmeros subprodutos, como o

plástico, por exemplo (Schirmer, 2004).

De acordo com o relatório anual da British Petroleum, em 2012, com o aumento de 1,9

milhão de barris por dia, a produção mundial de petróleo cresceu 2,2%, passando de 84,2

milhões de barris/dia para 86,2 milhões de barris/dia. A Arábia Saudita, com 13,3% de

participação, liderou a produção mundial do óleo. Apesar do declínio da produção iraniana, os

membros da OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo - foram responsáveis

por cerca de 75% do aumento mundial. Com aumento de 215,1%, a Líbia recuperou quase

todo o terreno de extração perdido em 2011. Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Qatar,

Iraque e Kuwait registraram aumentos significativos. Quanto aos países que não fazem parte

da OPEP verificou-se um crescimento de 490 mil barris por dia, encabeçado por Estados

Unidos – com 13,9%, que apresentou o maior crescimento de produção do mundo em 2012 e

o maior da história do país -, Canadá, Rússia e China. Porém, Sudão, Sudão do Sul e Síria

tiveram quedas inesperadas, além de produtores tradicionais, como Reino Unido e Noruega. O

Brasil, com 2,7% da extração global, ocupou a 13ª posição do ranking, totalizando 2,1

milhões de barris/dia, equivalente a 2,5% do total mundial. (TN Petróleo, 2013).

O Brasil apresentou no ano de 2012 uma produção de derivados de petróleo total

equivalente a 120,3 milhões de m3. Destes, 85,3% correspondem aos derivados energéticos,

com 102,7 milhões de m3, e 14,7% aos não energéticos, com 17,7 milhões de m

3 (ANP,

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 6

2013), conforme pode ser observado na Figura 2.1. Deste total, a PETROBRAS deteve mais

de 90% da produção nacional de petróleo.

Figura 2.1 - Produção de derivados de petróleo do Brasil no ano de 2012. Fonte: Anuário

Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás natural e Biocombustíveis (2013).

A indústria do petróleo costuma ser dividida em dois setores, porém interdependentes, os

quais são: upstream e downstream. No upstream encontram-se as atividades de exploração,

prospecção e produção de petróleo. A exploração consiste na análise das possíveis áreas de

prospecção e produção, logo, compreende a geofísica e as avaliações geológicas preliminares

da região, as quais são indicadores da presença ou não de óleo e em quais condições ele se

encontra. A prospecção compreende as observações de campo, medições com instrumentos

sofisticados e a interpretação de dados. Por último, a produção engloba a engenharia de poços,

o estudo de reservas e reservatórios, os processos de produção e o desenvolvimento da

produção. O downstream está relacionado às atividades logísticas de escoamento do petróleo

e do gás natural, o refino e de abastecimento de produtos derivados. A logística de

escoamento se dá por meio de dutos (gasodutos e oleodutos) e navios de grande porte, pois o

objetivo é encaminhar o óleo prospectado nas plataformas de produção para as refinarias de

petróleo. A distância entre a área de produção e as refinarias, bem como das refinarias para o

mercado consumidor indica a viabilidade desta atividade (Cunha, 2009).

Paralelo ao crescimento na exploração, o petróleo trouxe vários efeitos relacionados à

poluição, provenientes tanto de sua produção (diversos estágios de refino) como do seu uso

(combustão nos veículos automotores). A dissipação de poluentes por refinarias, bem como

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 7

por veículos tem sido apontada como uma das principais causas da atual má condição

atmosférica, de modo que a preocupação em reduzir, ou mesmo tratar efluentes, se tornou

uma constante entre as principais tarefas de pesquisadores em todo o mundo (Schirmer,

2004).

O petróleo é uma substância de densidade menor que a água, oleosa, inflamável, com

cheiro característico de hidrocarboneto e cor variando entre o castanho escuro e o negro. Sua

composição é basicamente de compostos com apenas dois elementos, os quais formam uma

grande variedade de complexas estruturas moleculares. Independentemente das variações

físicas ou químicas, estudos relatam que quase todos os tipos de petróleo variam de 82 a 87%

de carbono em peso e 12 a 15% de hidrogênio. Além do alto teor de hidrocarbonetos que

formam o petróleo, geralmente se encontra o enxofre, nitrogênio e oxigênio em quantidades

pequenas, mas muito importantes (Gomes, 2009).

A presença de nitrogênio e enxofre no petróleo, assim também como em seus derivados

combustíveis é indesejável devido à liberação dos respectivos óxidos durante sua combustão

(NOx e SOx). Estes óxidos são considerados os principais poluentes atmosféricos, sendo

estritamente regulamentados por ocasionarem as chuvas ácidas e o efeito estufa. Como

estratégia para diminuir os níveis de emissão de NOx e SOx, tem-se estudado metodologias

para remoção do nitrogênio e enxofre do carvão, petróleo e derivados antes da sua combustão.

Processos biológicos têm sido aplicados com sucesso na remoção do nitrogênio, porém no

caso do enxofre, a remoção torna-se bem mais complicada, devido a sua difícil

biodegradabilidade em meios anaeróbicos, pelo que, geralmente os hidrocarbonetos contendo

enxofre são denominados de recalcitrantes (Inácio, 2009).

2.2. Água de refinaria

A ampla utilização de água pela indústria procede de sua disponibilidade e de suas

propriedades. A polaridade de sua molécula faz da água um bom solvente, facilitando a

dissolução e transporte de sais minerais. A utilização de água se dá praticamente em todos os

processos na indústria de refino de petróleo, tais como: resfriamento dos produtos e correntes

intermediárias, combate e prevenção de incêndio, geração de vapor de água, lavagem e

diluição de sais, lavagem de equipamentos e pisos, preparo e diluição de produtos químicos,

condensação do vapor de água utilizada na produção de energia elétrica, acionamento de

máquinas, assim também como para a rega de jardins e consumo humano (Amorim, 2005).

Em sua grande maioria, as refinarias têm sistemas próprios para tratamento da água bruta

a ser utilizada visando à remoção de suas impurezas, as quais podem ser prejudiciais ao

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Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 8

processo produtivo. O tratamento realizado constitui-se basicamente de duas etapas distintas:

a primeira é a clarificação seguida de filtração, a qual se destina à remoção dos sólidos

suspensos; a segunda etapa consiste na utilização de duas tecnologias ou a combinação das

duas, troca iônica ou osmose inversa, visando à remoção dos sólidos dissolvidos presentes na

água a ser tratada. (Amorim, 2005).

Os processos básicos empregados em refinarias possuem a seguinte classificação:

processos de separação (objetiva separar o petróleo em diversas frações, ou processar frações

que tenham sido anteriormente geradas e que seriam descartadas como resíduo, sendo de

natureza física); conversão (processo baseado em reações químicas de quebra das estruturas

de alta massa molecular que visam agregar valor econômico a frações do petróleo pouco

interessantes comercialmente, geralmente de alta massa molecular); tratamento e auxiliares

(tem por finalidade eliminar os efeitos indesejáveis destes compostos que estão presentes em

todos os produtos do refino) (Veronese, 2010).

Em média, de 246 a 340 litros de água por barril de óleo cru são utilizados no processo de

refino do petróleo (Chaves & Mioto, 2011). Isso dá uma visão da grande quantidade de água

utilizada em uma refinaria diariamente. De acordo com Mariano (2001), em uma refinaria são

produzidos quatro tipos de efluentes:

Águas contaminadas coletadas a céu aberto: contém os constituintes de eventuais

derramamentos, vazamento dos equipamentos. Também são incluídas as águas coletadas nas

canaletas dos tanques de estocagem do óleo cru e seus derivados, bem como as águas pluviais

das áreas de produção.

Águas de refrigeração: estas por não terem contato direto com as correntes de óleo

apresentam menos contaminantes que as águas de processo. Grande parte das águas de

refrigeração é reciclada ou tratada para controlar a concentração dos contaminantes e teor de

sólidos;

Águas de processos: por terem contato direto com o óleo das correntes de processos

estas são bastante contaminadas. Este efluente é gerado nos processos de dessalinização do

óleo cru, retificação do vapor, purga das caldeiras, etc.

Efluentes sanitários: são resíduos sólidos na forma de lama resultantes de diversas

etapas e unidades de tratamento.

Segundo Peres & Salati (2003) grandes quantidades de óleo, enxofre, compostos

nitrogenados e metais estão contidos nos efluentes gerados em uma refinaria. Os compostos

de enxofre presentes no petróleo, na maioria das vezes são removidos dos derivados, devido

as suas especificações, fazendo com que os efluentes contenham sulfetos. Os compostos

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nitrogenados presentes no petróleo geram a amônia presente nos seus efluentes. E ainda, os

metais que compõem o petróleo, tais como mercúrio, cádmio e chumbo são despejados juntos

com os efluentes (Barbosa, 2007).

Mesmo quando presentes em concentrações inferiores às letais, muitos dos compostos

tóxicos presentes nos despejos das refinarias de petróleo podem provocar danos à biota, seja

de ambientes terrestres ou aquáticos (Santaella et al., 2009).

A geração de efluentes líquidos é considerada um dos principais impactos ambientais do

refino do petróleo. Somado ao fato de uma refinaria demandar grandes quantidades de água

para suas operações constata-se a importância de se encontrar soluções para este problema. A

racionalização e o reuso da água têm sido apontadas como alternativas para a diminuição da

demanda de água e consequentemente dos efluentes líquidos (Barbosa, 2007).

Outro fator a ser destacado é que muito dos efluentes decorrentes dos processos de refino

apresentam alto teor de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e/ ou Demanda Química de

Oxigênio (DQO). Grandes quantidades de matérias orgânicas em efluentes hídricos

ocasionam a redução de oxigênio, logo, quanto maior o teor de DBO e/ ou DQO, maior a

quantidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria. Com isso, o oxigênio na água

disponível aos seres aquáticos é reduzido (Chaves & Mioto, 2011).

De acordo com a resolução n° 128/ 2006 da CONSEMA-RS, efluentes industriais podem

ser lançados em corpos hídricos desde que atendam as condições estabelecidas pela mesma.

Nesta, são estipulados diferentes teores de DQO, que estão relacionados com as faixas dos

valores das vazões de lançamento dos efluentes. Há convergências de opiniões no Ministério

do Meio Ambiente em estipular padrões genéricos de DQO para efluentes, pois estes devem

ser fixados por tipologias de atividades.

2.3. Lodos ativados

Existem vários estudos avaliando o potencial em se utilizar microrganismos para

tratamento de efluentes de caráter doméstico e industrial. Alguns utilizam cepas isoladas,

enquanto outros trabalham com culturas mistas, o que muitas vezes pode aumentar a

eficiência do processo.

Jin et al. (2003) estudaram as características dos flocos de lodos ativados, assim também

como seu impacto sobre a compressibilidade e sedimentação de lodos ativados nos

tratamentos de águas residuais em grande escala. Os resultados mostraram que a

compressibilidade e a sedimentação apresentaram melhores resultados em altos teores de Ca,

Mg, Al e Fe, assim também como a presença de flocos menores e baixo teor de filamentos.

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Almeida (2004) estudou a remoção da carga orgânica do soro do leite utilizando lodos

ativados e fermentação com a levedura Kluyveromyces marxianus (CBS 6556). Para o

tratamento com lodos ativados obteve ótimos valores de remoção de carga orgânica (DQO,

DBO e COD), Nitrogênio (N) e Fósforo (P), porém, primeiramente foi necessário realizar a

aclimatação do lodo. No processo fermentativo verificou-se a redução de DQO com o

aumento do tempo de fermentação. A combinação dos processos lodos ativados/ levedura

também se mostrou eficiente na remoção da carga orgânica.

Medeiros et al. (2005) avaliaram as implicações da salinidade no desempenho do processo

de lodos ativados para ao tratamento de um efluente proveniente de uma indústria química. Os

resultados mostraram uma diminuição na atividade biológica do lodo quando submetido às

concentrações de 15 e 20 g Cl-

. L-1

. Nesta última concentração verificou-se a ausência de

protozoários ocasionando uma turbidez do efluente tratado e perdas na floculação do lodo.

Em concentrações de 10 g Cl-

. L-1

o sistema mostrou-se eficiente na remoção do carbono

orgânico dissolvido (COD).

Ponezi et al. (2005) utilizaram um sistema de lodos ativados por batelada para avaliar a

biodegradação de água residuárias da indústria cítrica, sendo realizado o acompanhamento da

biodegradação apenas dos compostos pertencentes ao ácido cítrico. Os resultados mostraram

uma redução no teor de limoneno, o qual foi convertido em um terpeno secundário (α-

terpineol), possivelmente sendo utilizado com fonte de carbono pela microbiota presente no

meio. A redução parcial é citada como um problema a ser estudado, visto que seu acúmulo

pode vir a ocasionar problemas de toxicidade dos microrganismos nos reatores.

Izquierdo (2006) comparou o desempenho de uma unidade de tratamento de lodos

ativados aplicando o sistema de leito móvel (RLM) com o processo de lodos ativados de

aeração contínua para tratamento de efluentes sanitários. Os resultados mostraram que o

sistema de aeração contínua foi eficiente na remoção da carga orgânica, como já esperado,

porém, o sistema RLM mostrou resultados bem mais expressivos quanto à capacidade de

tratamento, qualidade do efluente tratado e de suportar vazões maiores.

Liao et al. (2006) verificaram a influência do tempo de retenção dos sólidos (SRT) na

estrutura, distribuição, tamanho e morfologia dos flocos de lodos ativados em um reator de

batelada, em escala de bancada. Os resultados mostraram diversidade na morfologia dos

flocos, o que poderia afetar a eficiência do processo. Quanto ao tamanho dos flocos não foi

observado influência dos SRTs. Outro resultado refere-se à capacidade de floculação, a qual

apresentou melhores resultados em SRTs maiores.

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Bezerra (2007) utilizou ensaios respirométricos para avaliar a biodegradabilidade do fenol

a partir de um lodo industrial de refinaria. Além disso, realizou uma caracterização de um

efluente de refinaria de Petróleo quanto à presença de fenol. Com o aumento da concentração

de fenol a capacidade de degradação da biomassa diminuiu drasticamente. Para uma

concentração de fenol de 200 mg/L, foi verificado uma inibição da capacidade de degradação

da biomassa ativa em cerca de 65%. No que se refere à caracterização do fenol, uma

concentração de 3,02 mg/L de fenol indica que este efluente necessitaria de tratamento antes

de ser despejado em corpos d’água receptores, obedecendo então a legislação em vigor.

Cordi et al. (2007) estudaram a redução da carga orgânica do efluente da fabricação de

queijos, soro do queijo, utilizando lodos ativados. O uso de coagulantes, a diluição do soro, o

tempo de retenção hidráulica e os sólidos em suspensão foram alguns parâmetros avaliados.

Quanto ao índice volumétrico do lodo os dados indicaram uma maior sedimentabilidade com

o coagulante Al2(SO4)3. O estudo mostrou a ocorrência de intumescimento filamentoso

(bulking) e aumento excessivo da biomassa dificultando a obtenção das melhores condições

de operação do sistema. Os melhores dados apresentados foram com o efluente nas diluições

100, 50, 25 e 10x, com tempo de detenção hidráulica (TDH) na faixa de 6 - 36 h e sólidos

suspensos entre 2800 - 10417 mg.L-1

.

Barros Jr. (2008) comparou o desempenho dos processos biológico e o combinado

(fotoquímico - biológico) para remoção de fenol, assim também como o emprego de biomassa

não adaptada e adaptada para biodegradação da glicose na presença de compostos tóxicos

selecionados, utilizando a técnica de respirometria. Os resultados mostraram que ao utilizar

um lodo não adaptado, houve redução na eficiência de remoção do fenol, diferentemente do

processo combinado fotoquímico – biológico. Quanto ao consumo de glicose na presença de

compostos tóxicos, verificou-se que o lodo adaptado apresentou sensibilidade reduzida aos

efeitos tóxicos em concentrações crescentes de fenol, óleo diesel, amônia e cloreto, o

contrário do lodo não adaptado.

Ferreira & Coraiola (2008) verificaram a eficiência do processo de lodos ativados em

estações de tratamento de esgoto de fluxo contínuo. Como parâmetros avaliou-se pH

(Potencial Hidrogeniônico), DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), DQO (Demanda

Química de Oxigênio), Sólidos sedimentáveis (SS), Temperatura, Oxigênio Dissolvido (OD),

SSV (Sólidos Suspensos Voláteis), SST (Sólidos Suspensos Totais), N (Nitrogênio), P

(Fósforo), Fenóis, Óleos e Graxas. Os resultados mostraram uma eficiência acima de 95% na

redução da carga orgânica do afluente tratado, viabilizando assim seu uso para alguns fins.

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Sassano (2008) verificou a viabilidade da integração dos processos fotoquímico e

biológico para tratamento de soluções aquosas contendo fenol. Os resultados indicaram a

necessidade de mais tempo para biodegradação do fenol quando se aumenta sua concentração.

Castro (2009) aplicou processo biológico aeróbio e anaeróbio para tratamento de efluentes

oleosos com elevada carga orgânica e substâncias surfactantes. Os resultados mostraram

maior eficiência de remoção da carga orgânica no processo anaeróbio. Quanto à remoção de

óleo lubrificante e surfactante não houve diferença significativa entre os processos. O

monitoramento pela DQO indicou que os processos aeróbio e anaeróbio podem ser aplicados

para redução da carga orgânica de efluentes oleosos.

Santaella et al. (2009) estudaram o desempenho do fungo Aspergillus niger (NA 400), sob

diferentes tempos de detenção hidráulica (TDHs) (4, 8 e 12 h), na remoção da matéria

orgânica (fenóis totais e compostos nitrogenados) em águas residuárias de refinarias de

petróleo após o tratamento primário. Como já esperado, o A. niger foi capaz de reduzir as

concentrações de DQO e fenóis totais. Os melhores resultados para redução da DQOsolúvel

foram obtidos em TDH de 8 horas.

Visando a remoção de substâncias refratárias e a redução da toxicidade de efluentes do

processo de refino de petróleo, Machado (2010) estudou a adição de carvão ativado em pó no

processo de lodos ativados. Os resultados indicaram inibição de bactérias nitrificantes no

lodo, possivelmente devido à presença de fenol na alimentação do sistema. Em termos gerais,

dos carvões avaliados (A-origem betuminosa; B-origem de madeira) o carvão A conferiu

melhores resultados, visto que apresentou maior área superficial para adsorção e

homogeneidade em sua superfície e tamanho das partículas. Quanto à redução da carga

orgânica verificou-se por meio da DQO que se atingiu os valores requeridos (150 mg/L)

quando se trabalhou com o carvão A.

Visando a remoção de nutrientes, Trapani et al. (2011), aplicaram técnicas de

respirometria para avaliar a atividade da biomassa utilizando uma planta piloto UCT- BRMs

atuando com alto SRT. Além disso, investigaram o potencial nitrificante de bactérias

heterotróficas e autotróficas. Observou-se uma redução nos parâmetros cinéticos da biomassa

heterotrófica quando comparada com o sistema de lodos ativados convencionais (CAS),

porém um aumento nos parâmetros quando em valores inferiores de SRTs. Em relação às

bactérias nitrificantes verificou-se que os parâmetros obtidos estão dentro da faixa proposta

para nitrificação em sistemas CAS, indicando assim, um bom desenvolvimento para a

atividade nitrificante operando com elevados SRTs.

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Silva Jr. (2011) objetivando a remoção de matéria orgânica e nitrogênio de efluentes

petroquímicos avaliou o desempenho de um sistema de tratamento biológico composto por

um filtro anaeróbio e um aeróbio, combinados em série. Os resultados indicaram que o filtro

anaeróbio teve eficiência reduzida na remoção de DQO (40%), diferentemente do filtro

aeróbio (80%).

Liao et al. (2011) avaliaram a influência da temperatura (tratamentos mesofílico (35 °C) e

termofílico (55 °C)) e concentração de OD nas características do lodo, bem como sua

capacidade de floculação. Os resultados mostraram que ao se operar nas mesmas

concentrações de OD o lodo termofílico teve baixa capacidade de floculação, enquanto o lodo

mesofílico apresentou baixa sedimentabilidade. Porém, ao se trabalhar na condição

termofílica aumentando a concentração de OD obteve-se uma ligeira melhora na floculação, o

que não afetou na decantação, indicando que o aumento de OD não reduz os microrganismos

filamentosos do lodo.

Koser (2012) verificou o desempenho de um sistema de lodos ativados com fluxo

contínuo e aeração intermitente, visando à remoção de nutrientes e matéria carbonácea na

Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) de uma empresa. Algumas variações foram

observadas nas condições avaliadas, mesmo assim, as eficiências de remoção obtidas pelo

sistema de lodos ativados foram melhores do que as alcançadas na empresa avaliada.

Chang et al. (2014) estudaram a biodegradação do naftaleno utilizando lodos ativados

aclimatados, empregando o enriquecimento de cultura em um biorreator contínuo visando o

tratamento de águas residuais. Os resultados indicaram o potencial dos lodos ativados para

biodegradar o naftaleno em concentrações de até 15 mg.L-1

. Outro resultado bastante

significativo refere-se ao fato de que a eficiência na biodegradação do naftaleno aumentou

com a redução da taxa de vazão do afluente.

Zhang et al. (2014) estudaram o efeito da adsorção sobre o processo de tratamento

biológico de águas residuais. Verificou-se um crescimento microbiano na primeira hora, ainda

na ausência de substrato na água. Além disso, percebeu-se que a capacidade de adsorção

aumenta linearmente com a carga do lodo. Logo, a adsorção deve ser considerada no

tratamento biológico de águas residuais.

Sassano (2008) relata a importância de se utilizar o sistema de lodos ativados para

tratamento de águas residuárias domésticas ou industriais quando é necessária uma elevada

qualidade do efluente e há pouca disponibilidade de área.

Silva (2001) observou as características físico-químicas para avaliação do potencial de uso

de lodos digeridos originários das estações de tratamento de esgoto doméstico. Esse estudo foi

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 14

realizado em duas estações de tratamento de esgoto (ETEs) com tratamento a nível

secundário, reator anaeróbio e em uma terceira ETE aeróbia. Para isso verificou o teor de

metais pesados. Como resultados, observou-se que os lodos das ETEs anaeróbias

apresentaram teores de metais pesados abaixo do especificado pelas normas brasileiras e

internacionais para sua utilização agrícola. Quanto a ETE aeróbia foi observado teor de cobre

acima do especificado, assim também como altas concentrações dos metais alcalinos e/ou

alcalinos terrosos (alumínio, sódio, ferro, cálcio, magnésio e manganês), indicando a

necessidade de tratamento do lodo para posterior utilização na agricultura.

O termo lodos ativados refere-se à massa microbiana floculenta que se forma quando

esgotos e outros efluentes biodegradáveis são submetidos ao processo de aeração. Sua

utilização parte do princípio que uma carga microbiana é constantemente fornecida

juntamente com a matéria orgânica e oxigênio em um reator. Os microrganismos consomem a

matéria orgânica, transformando-a por meio de metabolismo aeróbico, em biomassa

microbiana nova, dióxido de carbono, água e minerais (Barros Jr., 2008).

O sistema de lodos ativados possui como vantagens a rápida remoção da matéria orgânica,

a ausência de odor, baixos requisitos de área e flexibilidade operacional. Como desvantagem

pode ser citado o alto consumo de energia, a geração de um excesso de lodo e o fato de poder

ser afetado por compostos tóxicos (Sassano, 2008; Padovan, 2010).

A biomassa que constitui os flocos dos lodos ativados apresenta uma diversidade de

microrganismos enorme, contendo muitas espécies de bactérias, fungos, protozoários e

micrometazoários. Os flocos dos lodos ativados são constituídos basicamente por fragmentos

orgânicos não digeridos, por uma fração inorgânica, por células mortas e, principalmente, por

uma grande variedade de bactérias. A presença de bactérias filamentosas é de grande

importância na estrutura dos flocos, porém seu crescimento deve ser limitado, pois em

excesso não permite a sedimentação do lodo, resultando num fenômeno conhecido como

intumescimento filamentoso ou "bulking” (Cordi et al., 2007).

Assim como as bactérias filamentosas, os fungos não são comumente encontrados em

tratamentos biológicos, mas quando presentes não devem estar em excesso, pois são

microrganismos que aumentam a área superficial dos flocos, dificultando a sedimentação do

lodo. Os protozoários alimentam-se da matéria orgânica em decomposição ou bactérias, assim

também como de partículas orgânicas. Os rotíferos são de suma importância para a

clarificação do efluente final, visto que se alimentam do material suspenso e de bactérias que

não fazem parte dos flocos. A Figura 2.2 mostra a relação da microbiota presente nos lodos

ativados de acordo com o tempo de contato com o efluente. Verifica-se que a microbiota

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 15

predominante no lodo são as bactérias, as quais atingem seu crescimento ótimo

primeiramente, seguidos dos protozoários e rotíferos (Padovan, 2010).

Figura 2.2 - Crescimento microbiano em relação ao tempo de exposição à matéria

orgânica. Fonte: Padovan (2010).

Os flocos dos lodos ativados são o resultado de interações físicas e químicas entre

microrganismos, partículas inorgânicas, substâncias poliméricas extracelulares (EPS) e

cátions. Sendo o floco composto por células bacterianas e componentes carregados

negativamente, é possível haver uma importante ação de cátions no lodo (Li, 2005).

Zhang et al. (2014) estudaram o papel do processo de adsorção no tratamento biológico

utilizando lodos ativados, mostrando que os nutrientes utilizados pelos microrganismos dos

lodos ativados no seu processo de crescimento consistem na matéria orgânica adsorvida à

superfície dos microrganismos, e não diretamente relacionado com a matéria orgânica na

água, indicando assim que a matéria orgânica na água deve ser adsorvida primeiro na

superfície dos microrganismos, para em seguida ser utilizada no metabolismo microbiano

como mostra a Figura 2.3.

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 16

Figura 2.3 - Esquema de formação dos flocos de lodos ativados. Fonte: Von Sperling

(1997).

Em sistema de lodos ativados empregados no tratamento de efluentes domésticos foram

encontradas bactérias dos gêneros Pseudomonas, Achnobacter, Flavobacterium, Citromonas,

Zooglea, bactérias filamentosas como Nocardia sp, Sphaerotilus natans, Microthris parvicell

e Thiothrix (Cordi et al., 2007).

Bento et al. (2005) caracterizaram a microfauna presente nos tanques de aeração de uma

ETE do tipo lodos ativados correlacionando com os parâmetros físico-químicos e a eficiência

do processo. A presença de filamentos de Nocardia sp., flocos pequenos, Arcella sp. e

Euglypha sp. foi associada à baixa relação alimento/microrganismo (A/M). A constante

presença de Arcella sp., Euglypha sp. e Aspidisca sp. demostrou alta idade do lodo,

condições de oxigenação favoráveis a nitrificação, assim também como estabilidade

biológica. Micrometazoários caracterizam idade de lodo superior a 20 dias.

A microfauna é extremamente sensível às alterações no processo, sendo então alternadas

no sistema em resposta às mudanças nas condições físico-químicas e ambientais. Com isso, a

composição da microfauna dos lodos ativados aponta tendências do processo, quanto à

eficiência da remoção da DBO; a eficiência da remoção de sólidos suspensos (SS); as

condições de sedimentação do lodo; o nível de aeração empregado no sistema; a presença de

compostos tóxicos, como metais pesados e amônia; além de poder indicar a ocorrência de

sobrecargas orgânicas e de nitrificação (Bento et al., 2005).

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 17

No decorrer dos anos alguns modelos foram sugeridos para a verificação das condições

operacionais e a avaliação da eficiência dos sistemas de lodos ativados. Pode-se destacar o

trabalho desenvolvido por De Marco et al. (1991), o qual classificou as estações de tratamento

por lodos ativados baseado na densidade total dos protozoários presentes no tanque de

aeração. Bedogni et al. (1991) afirmam que a razão entre a densidade de ciliados predadores

de flocos e ciliados fixos está associada à eficiência do tratamento.

Madoni (1994) ressalta que as espécies dominantes estão fortemente relacionadas ao bom

desempenho do sistema, como pode ser verificado na Tabela 2.1.

Tabela 2.1 - Microrganismos indicadores das condições de depuração.

Microrganismos Característica do processo

Predominância de flagelados e amebas Lodo jovem, característica de início de operação

ou baixa Idade do Lodo (IL)

Predominância de flagelados Deficiência de aeração, má depuração e sobrecarga

orgânica

Predominância de ciliados pedunculados e livres Boas condições de depuração

Predominância de Arcella Boa depuração

Predominância de Aspidisca costata Nitrificação

Predominância de Trachelophyllum Alta idade do lodo

Predominância de Vorticella microstoma e baixa

concentração de ciliados fixos Efluente de má qualidade

Predominância de anelídeos Excesso de Oxigênio Dissolvido (OD)

Fonte: Madoni (1994).

Madoni (1994) ainda mostra outra correlação que foi realizada avaliando as condições

operacionais e os protozoários encontrados no tanque de aeração de 44 ETEs por lodos

ativados, após 20 anos de estudo para obtenção do Índice Biológico do Lodo (IBL), de acordo

com as características do sistema, como pode ser verificado na Tabela 2.2.

No Brasil, as análises físico-químicas consistem na forma de monitoramento dos sistemas

de tratamento de esgotos. A observação microscópica ainda é pouco utilizada para essa

finalidade, sendo geralmente realizada em períodos curtos e seus resultados são, na grande

maioria, subutilizados (Bento et al., 2005).

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

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Tabela 2.2 - Conversão do IBL em 4 classes de qualidade e respectivas características do

sistema.

Valor do IBL Classe Características

8 - 10 I Sistema muito bem colonizado com excelente atividade

biológica e ótima performance

6 - 7 II Lodo estável e bem colonizado, atividade biológica em

declínio e boa performance

4 - 5 III Insuficiente depuração biológica no tanque de aeração e

média performance

0 - 3 IV Fraca depuração biológica no tanque de aeração e baixa

performance

Fonte: Madoni (1994).

2.4. Hidrocarbonetos Poliaromáticos – HPA’s

Os HPA’s representam uma família de compostos orgânicos constituídos por dois ou mais

anéis aromáticos condensados. A massa molecular dos mesmos é inversamente relacionada

com suas solubilidades, a qual diminui com o aumento do número de anéis. Apresentam

características lipofílicas, sendo então, classificados como moderadamente a altamente

lipossolúveis, apresentando coeficientes de partição Octanol - Água (log KOA

) que variam

entre 3,37 e 6,75. Podem ainda ser relacionados com a volatilidade dessa classe de

substâncias, onde compostos com menores massas moleculares apresentam elevada pressão

de vapor e consequentemente ampla dispersão ambiental (Netto et al., 2000, Brito et al.,

2005).

Os HPA’s podem ser sintetizados a partir de hidrocarbonetos saturados na ausência de

oxigênio. A pirólise e a pirossíntese são os dois principais dispositivos que explicam a

formação destes compostos. Em temperaturas superiores a 500 ºC, as ligações carbono-

hidrogênio e carbono-carbono são rompidas formando moléculas pequenas e radicais livres.

Estes compostos combinam-se originando moléculas maiores e mais estáveis, as quais são

resistentes à degradação térmica (Ravindra et al., 2008).

Geralmente, a solubilidade dos HPA’s em água é baixa devido à baixa polaridade.

Todavia, seus derivados oxidados tais como fenóis, ácidos e cetonas são mais polares,

portanto mais solúveis em água. Assim como a pressão de vapor, os pontos de fusão exibem

uma ampla faixa de variação e os pontos de ebulição são acima de 200° C, sendo que muitos

desses compostos sublimam à temperatura ambiente (Menezes, 2011).

Na maioria das vezes, a estrutura química dos HPA’s determina suas propriedades físico-

químicas, a qual varia com o número de anéis e, portanto, com as massas moleculares. A

divisão destes compostos está relacionada à amplitude da sua estrutura: HPA’s de baixa massa

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 19

molecular (até quatro anéis aromáticos), e HPA’s de alta massa molecular (mais de quatro

anéis aromáticos). A presença dos anéis benzênicos na estrutura dos HPA’s permite que eles

tenham um elevado número de isômeros. Esta diversidade decorre da particularidade das suas

ligações e da substituição de um ou mais átomos de carbono dos anéis benzênicos por

oxigênio, nitrogênio ou enxofre (Chen & Liao, 2006).

O caráter onipresente dos HPA’s resulta da sua semi-volatilidade, o que lhe confere ampla

mobilidade no meio ambiente, podendo distribuir-se e depositar-se nos principais

compartimentos ambientais, ou seja, ar, água e solo (Castro, 2010).

Destaca-se que foram identificados mais de 500 HPA’s, mas a avaliação da exposição a

estes compostos é feita com base na seleção dos HPA’s que habitualmente estão presentes no

meio ambiente em concentrações mais significativas. Apenas 16 HPA’s são classificados pela

United States Environmental Protection Agency (US-EPA) como poluentes prioritários na

lista dos 188 poluentes atmosféricos perigosos, devido às suas propriedades carcinogênicas e

genotóxicas (US-EPA, 1990).

Os HPA’s têm recebido atenção especial pelo fato de alguns de seus componentes

evidenciarem forte potencial mutagênico e carcinogênico. Além disso, emissões

antropogênicas destes compostos acarretam problemas sérios, como poluição do ar, chuva

ácida e mudança climática global. Esses compostos estão presentes nos combustíveis fósseis e

são formados durante a combustão incompleta e pirólise da matéria orgânica. Os HPA’s

podem ser gerados durante incêndios florestais e erupções vulcânicas, além de serem

constituintes naturais de alguns tipos de alimentos e produtos petroquímicos. Portanto, podem

ser formados pelo gás de cozinha e no tráfego de automóveis sendo, também, uma das

diversas classes de carcinogênicos químicos presentes no cigarro (Castro, 2010; Meire et al.,

2007).

Os HPA’s, assim também como os seus derivados nitrados e oxigenados, são poluentes

orgânicos capazes de reagir com o ácido desoxirribonucléico (DNA), após transformações

metabólicas, o que os torna compostos potencialmente cancerígenos e mutagênicos (IARC,

2010).

2.5. Compostos sulfurados

O enxofre é um elemento químico não-metálico, inodoro, de cor amarelada que à

temperatura ambiente encontra-se no estado sólido. É uma substância comumente presente em

combustíveis líquidos derivados do petróleo, tais como a gasolina e óleo diesel. Porém, o

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 20

enxofre contido nos combustíveis de transporte são convertidos pela combustão em SOx

(Stanilaus et al., 2010).

Apresentando uma concentração que fica na faixa de 0,06 a 8,0%, conforme pode ser

observado na Tabela 2.3, o enxofre é o terceiro elemento mais abundante encontrado no

petróleo, podendo ser normalmente encontrado sob as formas de sulfetos, polissulfetos,

benzotiofenos e derivados, moléculas policíclicas com nitrogênio e oxigênio, gás sulfídrico,

dissulfeto de carbono, sulfeto de carbonila e enxofre elementar (muito raro) (Maass, 2012).

Todos os produtos sulfurados produzidos na combustão do enxofre apresentam um efeito

destrutivo e prejudicial ao meio ambiente (por ocasionar as chuvas ácidas), à saúde humana

(acarreta o aumento de doenças respiratórias), à vida útil de motores (é responsável pelo

desgaste corrosivo das peças e componentes na câmara de combustão, no sistema de injeção

ou nos anéis do pistão) (Parkash, 2010).

Tabela 2.3- Análise elementar do óleo cru típico (% em peso).

Elemento Percentual em peso (%)

Hidrogênio 11 – 14

Carbono 83 – 87

Enxofre 0,06 – 8

Nitrogênio 0,11 – 1,7

Oxigênio 0,1 – 2

Metais Até 0,3

Fonte: Thomas (2004).

Visando a remoção do enxofre desses compostos antes da combustão do carvão, petróleo

e seus derivados, tem-se investido em técnicas de hidrodessulfurização (HDS) e

biodessulfurização (BDS). Embora o hidrotratamento tenha se mostrado eficiente no processo

de remoção, outra temática aparece, visto que aumenta o consumo de hidrogênio e surgem as

reações secundárias, indesejáveis ao processo, fazendo-se necessários estudos buscando

outras técnicas.

A BDS baseia-se na remoção seletiva de átomos de enxofre a partir de compostos

orgânicos utilizando microrganismos. Esse processo torna-se viável pelo fato de que as

enzimas das bactérias clivam as ligações carbono-enxofre. A BDS pode ser operada à

temperatura ambiente e à pressão atmosférica, portanto, exige menos energia do que os

métodos convencionais de HDS para atingir os níveis exigidos pelas normas reguladoras. A

fração de CO2 gerada na BDS quando associada com a HDS não necessita de hidrogênio.

Logo, desponta como uma tecnologia viável, podendo substituir a HDS (Gray et al., 2003; Xu

et al., 2006). A Agência Nacional de Petróleo (ANP) estabelece na Resolução n° 50/2013 a

obrigatoriedade da comercialização de óleos diesel A e B com teores de enxofre de até 500

mg/Kg.

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A HDS consiste no processo atualmente utilizado pelas refinarias para remoção do

enxofre em combustíveis. A problemática resume-se ao fato que compostos contendo enxofre

tais como dibenzotiofenos heterocíclicos substituídos são difíceis de dessulfurar por HDS

(Alves et al., 2008).

O Dibenzotiofeno (DBT) é um hidrocarboneto poliaromático contendo enxofre na

estrutura principal (anel tiofênico), conforme observa-se na Figura 2.4. Devido as suas

propriedades químicas, como polaridade e basicidade, é considerado uma substância

indesejável nos produtos derivados do petróleo, sendo definido como poluente ambiental por

apresentar potencial carcinogênico e mutagênico (Pereira et al., 2000).

Figura 2.4 - Estrutura química do DBT. Fonte: Inácio (2009).

O DBT, considerado representativo dos compostos organosulfurados recalcitrantes

presentes nos combustíveis fósseis, tem sido usado como composto modelo para estudos de

dessulfurização, assim também como em misturas com alcanos, dentre outras matrizes (Costa,

2011).

De modo a diminuir a poluição por motores a diesel, o teor máximo de enxofre presente

em combustíveis autorizado foi severamente reduzido em certos países. No entanto, esta

tarefa torna-se impossível de ser alcançada com os catalisadores utilizados atualmente nas

unidades de HDS industriais, a menos que sejam utilizadas as condições de reação muito

rigorosas, o que acarretaria numa redução significativa da qualidade dos combustíveis. A

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dificuldade para a obtenção de uma HDS intensiva deve-se à presença de moléculas de HDS

resistentes, como o 4,6 – dimetil dibenzotiofeno (Michaud et al., 1998).

Estudos realizados por Kodama et al. (1973) constataram uma degradação parcial do DBT

através de sucessivas oxidações por um mecanismo semelhante ao da degradação do

naftaleno, avaliando duas espécies de Pseudomonas spp. Na via de Kodama, o DBT sofre

ataque no anel benzênico nas posições 2 e 3. Van Afferden et al. (1993) propõem uma via

metabólica na qual o DBT é convertido em quantidades estequiométricas a benzoato, sendo

totalmente mineralizado a CO2 e H2O, e sulfito que por oxidação abiótica é oxidado a sulfato

(Inácio, 2009).

Stringfellow & Cohen (1999) compararam a sorção de HPA’s por culturas bacterianas

puras e mistas para modelar a sorção de HPA’s por lodos ativados. Verificou-se que a sorção

de HPA’s não pode ser pré-determinada, pois a capacidade de degradação desses

hidrocarbonetos varia de acordo com a estirpe bacteriana presente. Das estirpes estudadas, o

grupo de bactérias Nocardioforms mostrou maior capacidade de sorção.

Chang et al. (2003) estudaram a biodegradação de HPA’s utilizando lodos ativados

municipal e petroquímico. Os resultados mostraram que o lodo petroquímico apresentou

maior potencial de degradação, assim também como uma maior degradação dos HPA’s de

menor massa molecular. Outro fator observado foi que a atividade microbiana de degradação

foi reforçada ao se trabalhar com todos os HPA’s no meio.

Kitauchi et al. (2005) identificaram bactérias presentes em amostras de lodo da parte

inferior de reservatórios de óleo bruto para posterior análise da degradação do DBT. Com

níveis de confiança superiores a 92%, os resultados indicaram que as cepas presentes eram

Gram-negativas e pertencentes ao grupo das Pseudomonas (P. fluorescens, P. cepacia, P.

stutzeri), assim também como a presença de Rhizobium leguminosarum. Quando o oxigênio

foi reduzido para 3 ppm as estirpes perderam quase todas as suas capacidades de degradação,

indicando então que para uma degradação eficaz é necessário uma aeração considerável do

meio.

Valentı´n et al. (2007) estudaram a capacidade de um fungo de podridão branca

(Bjerkandera adusta) em degradar HPA’s presentes no solo utilizando biorreatores do tipo

leito de lama. Verificou-se que o B. adusta foi capaz de degradar cerca de 30 mg de HPA’s /

kg de solo, após 30 dias de operação. Além disso, os resultados da degradação de HPA’s

obtidos a partir da fermentação de microflora endógena e uma cultura mista (fungos de

podridão branca + microrganismos endógenos) mostraram que a degradação de HPA’s

atribui-se principalmente à ação de fungos de podridão branca.

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Alves et al. (2008) avaliaram o processo de BDS do DBT com a Gordonia alkanivorans

(estirpe 1B) em hidrolisados enzimáticos de lodo de papel reciclado. A hidrólise foi realizada

a 35 °C com agitação orbital (150 rpm) por 120 horas, em condições assépticas. Os resultados

mostram que os hidrolisados de lodo de papel reciclado (LPR) podem ser utilizados como

nutrientes para dessulfurização do DBT por G. alkanivorans. Porém, o custo de formulações

das enzimas pode dificultar o processo, a menos que as enzimas adicionadas na hidrólise

sejam recuperadas e reutilizadas, o que pode ser obtido através de um processo com base em

um reator de membrana enzimática, onde uma membrana de ultrafiltração semi-permeável é

usada para manter as enzimas no reator, assim também como sua atividade.

Inácio (2009) investigou o processo de degradação/remoção do DBT por Rhizopus

arrhizus (UCP 402). Os resultados mostram que na ausência de glicose e em concentrações de

0,5 mM de DBT houve uma discreta inibição (21,28%) no crescimento. Na presença de

glicose ocorreu aumento na quantidade de biomassa e a maior inibição foi de 19,14%, na

concentração de 1,0 mM de DBT.

Bahuguna et al. (2011) estudaram a BDS do DBT pela estirpe bacteriana DMT-7,

identificada como Lysinibacillus sphaericus, em solo contaminado com petróleo. Logo,

verificou-se que a L. sphaericus é capaz de remover enxofre de muitos compostos

organossulfurados. Seus resultados mais expressivos para a conversão do DBT em 2-HBF é

de 60% após 15 dias, mostrando então seu potencial na BDS.

Costa (2011) estudou a capacidade da cepa Rhodococcus rhodochrous (NRRL B-2149)

utilizar como rota metabólica a via “4 S” para BDS do 4-metildibenzotiofeno tendo como

produto final o 2-HBF. Os resultados indicaram que a cepa avaliada utiliza a via “4 S” como

rota metabólica e não é inibida pelo produto final. Os melhores resultados foram obtidos

quando se trabalhou com 0,2 mM de 4-MDBT e 2,5 mL de inóculo (v/v) no meio contendo

glicose.

Fatone et al. (2011) analisaram a ocorrência, remoção e destino de HPA’s e compostos

orgânicos voláteis (COVs) em sistemas de tratamento de águas residuais usando sistema de

Biorreatores de Membrana (BRMs) comparando com resultados alcançados em CAS. Nos

biorreatores de membrana a biodegradação não foi influenciada pela elevada idade do lodo,

possivelmente devido à solubilidade destes compostos em água, diferentemente dos HPA’s,

que apresentaram maiores taxas de biodegradação em períodos de maiores tempos de

retenção, tendo assim uma relação logarítmica com a idade do lodo.

Maass (2012) verificou a degradação do DBT utilizando o microrganismo Rhodococcus

erythropolis (ATCC 4277) e meio de fermentação YM modificado (Extrato de Levedura,

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Bacto Peptona, Glicose e Carbonato de cálcio) adicionado de n-dodecano obtendo melhores

resultados na fase exponencial de crescimento do microrganismo (44 mmol DBT·kg Massa

Seca-1

·h-1

), reduzindo o tempo total de dessulfurização.

2.6. Cromatografia Líquida de Alta Resolução (CLAE)

A cromatografia líquida compreende uma importante metodologia que permite ao

cientista separar, identificar e quantificar componentes de misturas complexas. A CLAE

consiste em uma das práticas de separação de compostos mais utilizadas. São vários os fatores

que determinam tamanha popularidade, tais como: sensibilidade, fácil adaptação para

determinações quantitativas acuradas, adequação à separação de espécies não-voláteis ou

termicamente frágeis e, acima de tudo, sua ampla aplicabilidade a substâncias de grande

interesse para a indústria, para muitos campos das ciências (Cotta, 2008; Skoog et al, 2002).

Moret & Conte (2000) afirmam que os melhores métodos disponíveis para monitorar

HPA’s são a cromatografia líquida (CL) com detecção por fluorescência e ultravioleta e a

cromatografia gasosa acoplada ao espectrômetro de massas (CG/MS). Metodologias já

validadas mostram a vantagem da CL no fracionamento de misturas complexas de HPA’s de

amostras. Como exemplo, têm-se os procedimentos analíticos recomendados pela EPA-US

documentados nos métodos 550.1 (água potável), 610 (água residual), 8310 (resíduo sólido) e

TO-13 (ar). Todas essas metodologias são baseadas na CL com detector UV e fluorescência.

Embora a CLAE apresente uma eficiência mais baixa na resolução de HPA’s com baixa

massa molar ela se sobressai quanto à cromatografia gasosa (CG), pois as colunas de fase

reversa realmente separam um número de isômeros de HPA's que são difíceis de separar por

cromatografia gasosa de alta resolução (CGAR).

A Figura 2.5 ilustra o procedimento de utilização da CLAE, a qual se dá transportando a

amostra por uma fase móvel líquida, a qual migra por uma fase estacionária imiscível fixa na

coluna cromatográfica. As duas fases são escolhidas de modo que os componentes da amostra

se distribuam entre as fases móvel e estacionária. Após a introdução da amostra no sistema

cromatográfico, os componentes da amostra se distribuem entre as duas fases e viajam mais

lentamente que a fase móvel devido ao efeito retardante da fase estacionária. Os componentes

que sofrem mais interação na fase estacionária movem-se muito lentamente no fluxo da fase

móvel. Ao contrário, os componentes que interagem pouco com a fase estacionária movem-se

mais rapidamente. Como consequência, os compostos presentes na amostra sairão da coluna

em tempos diferentes. Na saída da coluna os componentes passam por um detector que emite

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 25

um sinal elétrico o qual é registrado, constituindo um cromatograma (Cotta, 2008; Skoog et

al., 2002).

Figura 2.5 - Esquema de Cromatografia Líquida de Alta Eficiência. Modificada pela

autora. Fonte: Nicésrio (2000).

2.7. Planejamento Experimental

Zamora et al. (2005) mostram alguns questionamento necessários para a embasamento e

realização de um trabalho científico, tais como: Quais variáveis são importantes neste

estudo?; Quais os níveis das variáveis serão trabalhados?; Qual a sequência de estudo?; O que

será o fator resposta?; Como otimizar o experimento com o mínimo de análises possíveis?.

Em pesquisas científicas é crucial verificar a influência de alguns parâmetros na obtenção

de uma melhor resposta. Estes parâmetros são testados em níveis, e muitas vezes os

pesquisadores são conduzidos a variar um parâmetro de cada vez, podendo assim não obter a

melhor resposta verdadeira. O planejamento experimental consiste numa importante

ferramenta para otimizar a resposta de um planejamento por meio da multivariação dos

parâmetros em análise, bem como da interação dos mesmos. Padilha (2013) ressalta que ao se

utilizar sistema multivariado, em vez do univariado, se obtêm uma redução no tempo de

análise, e consequentemente nos gastos com recursos.

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 26

Várias técnicas estatísticas podem ser empregadas em uma pesquisa, dependendo somente

do conhecimento inicial para a mesma. A Tabela 2.4 mostra os modelos empregados para

determinadas finalidades.

Tabela 2.4 – Técnicas estatísticas e suas finalidades.

Objetivo Técnicas

Triagem de variáveis Planejamentos fracionários

Avaliação da influência de variáveis Planejamentos fatoriais completos

Construção de modelos empíricos Modelagem por mínimos quadrados

Otimização RSM, simplex

Construção de modelos mecanísticos Dedução a partir de princípios gerais

Fonte: Neto et al. (2001).

A Metodologia de Superfície de Resposta (RSM) consiste numa coleção de técnicas

estatísticas em que o fator resposta (variável dependente) é influenciado por outras variáveis,

objetivando assim, vincular as variáveis independentes e seus efeitos no fator resposta por

meio de um modelo matemático PADILHA (2013).

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CAPÍTULO 3

METODOLOGIA

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Capítulo 3 - Metodologia

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 28

3. Metodologia

O capítulo 3 descreve os materiais utilizados e as metodologias aplicadas no decorrer do

estudo. A pesquisa foi conduzida no Laboratório de Engenharia Bioquímica (LEB) e no

Núcleo de Processamento Primário e Reuso de Água Produzida e Resíduo (NUPPRAR),

localizados na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

3.1. Sistema experimental de lodos ativados

O efluente tratado no experimento foi de caráter sintético devido às grandes flutuações de

composição da água de refinaria real, o que impossibilita o estudo isolado dos efeitos dos

parâmetros envolvidos no processo de tratamento.

Utilizou-se um sistema de lodos ativados descrito na Figura 3.1, o qual foi operado de

modo contínuo, consistindo de um tanque aerado com um volume útil de 4 L conectado a um

decantador de 2 L, ambos de vidro. A alimentação do tanque aerado se deu por meio de uma

bomba peristáltica a uma vazão definida para cada tempo de residência, conforme matriz do

planejamento experimental, e recirculação do lodo do decantador com mesma vazão,

caracterizando uma recirculação na proporção de 1:1.

Figura 3.1 - Sistema experimental de lodos ativados. Fonte: Oliveira (2014).

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Capítulo 3 - Metodologia

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 29

Para avaliar a eficiência de remoção do sistema foram realizados testes em triplicata

relacionados aos termos das concentrações de DQO na entrada e saída de cada ensaio do

planejamento experimental, de acordo com a Equação (1).

(1)

Sendo: E é a eficiência de remoção de DQO, DQOe é a DQO na entrada do processo e DQOs

é a DQO na saída do processo.

3.2. Adaptação do sistema

O sistema de lodos ativados foi alimentado com despejo sintético o mais próximo possível

da composição do efluente gerado em refinarias de petróleo, visando permitir o controle da

variação de possíveis agentes inibidores existentes nestes efluentes.

3.2.1. Efluente sintético

O efluente sintético preparado para o experimento constituiu de uma solução selecionada

de compostos orgânicos e micronutrientes, com concentrações conhecidas e facilmente

reprodutíveis, que são mostrados na Tabela 3.1.

Tabela 3.1 - Compostos constituintes do despejo sintético.

Compostos Concentração (mg/L)

Glicose 246

MgSO4. 7H2O 83,4

KH2PO4 21,6

NaHCO3 75

CaCl2 56,6

NH4Cl 92,2

Fonte: Barros Jr. (2008).

O DBT foi adicionado de acordo com as concentrações indicadas no planejamento

experimental, etapa a ser descrita no item 3.3.

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Capítulo 3 - Metodologia

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 30

3.2.2. Adaptação da Biomassa

A adaptação do lodo biológico realizou-se em um sistema de lodos ativados, utilizando-se

um inóculo pertencente a um sistema biológico de despejo da estação de tratamento de

esgotos do campus central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (ETE-UFRN),

como mostra a Figura 3.2.

Figura 3.2 - Ponto de Coleta do lodo biológico na Estação de tratamento de Esgotos da

UFRN.

Para relacionar a degradação da matéria orgânica presente no lodo com a curva de

crescimento dos microrganismos nele presentes, fez-se a etapa de adaptação para todos os

lodos ativados utilizados nos experimentos. Este processo se deu em um tempo médio

correspondente a 5 dias, no qual um volume de 6 L de lodo biológico passava pelo reator com

aeração, decantando logo em seguida. A aeração se deu no intuito de submeter o lodo

biológico aos processos aeróbico (8 h/dia) e anaeróbio (16 h/dia), permitindo assim que toda a

microbiota presente se desenvolvesse e então houvesse uma maior degradação da matéria

orgânica.

A verificação da degradação da matéria orgânica em toda esta etapa se deu pela análise de

DQO, procedimento a ser descrito no item 3.5.1, assim também como monitoramento do pH e

temperatura.

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Capítulo 3 - Metodologia

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 31

3.3. Planejamento Experimental

O Planejamento Composto Central permitiu avaliar a influência dos fatores: concentração

inicial do DBT (X1) em ppm, tempo (X2), em dias, necessário para ocorrer a biodegradação e

pH do efluente a ser tratado (X3). A variável dependente (resposta) foi dada como o

percentual de redução da DQO e a capacidade de biodegradação do composto DBT e

produção de seu metabólito, 2-HBF.

Destaca-se que os limites utilizados no planejamento experimental (Tabela 3.2) foram

estabelecidos baseados na literatura.

Tabela 3.2 - Fatores e níveis codificados para o planejamento composto central.

Fatores Níveis codificados

(-α=1,68) (-1) (0) (+1) (+α=1,68)

X1 0,98 2 3,5 5 6,02

X2 1,64 3 5 7 8,36

X3 3,64 5 7 9 10,36

Estudos realizados por Mello (2005) identificaram a presença de DBT nas concentrações

de 3,7 µg/ L em efluentes da plataforma Curimã, localizada em Paracuru – CE.

Com relação ao tempo para biodegradação, um estudo realizado por Soleimani et al.

(2007) em que se avaliou a BDS em compostos fósseis, a maior longevidade do lodos

ativados relatada foi para os tempos de 2,5 e 3,2 dias.

Foi utilizado tampão fosfato (NaH2PO4:NaHPO4).O controle do pH foi efetuado somente

no afluente em sua etapa de preparo com posterior monitoramento diário junto aos demais

pontos (lodos ativados e efluente). A maioria dos trabalhos são relatados na faixa de pH

próximo da neutralidade (Barros Jr., 2008; Silva Jr., 2011; Chang et al., 2014). No entanto,

Padovan (2010) avaliando o descoramento de um efluente industrial verificou uma maior

eficiência dos lodos ativados quando em pH ácido (5,0).

Para verificar a Eficiência de redução da DQO (%E) e o estudo da biodegradação do

composto DBT e presença do 2-HBF foi aplicado um planejamento experimental do tipo

composto central tendo na parte fatorial o planejamento fatorial fracionário 23, 6 pontos na

parte axial e 3 repetições no ponto central, totalizando 17 ensaios.

A Tabela 3.3 mostra a matriz do planejamento e os respectivos valores dos parâmetros

trabalhados para cada ensaio.

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Capítulo 3 - Metodologia

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 32

Tabela 3.3 – Matriz para o planejamento composto central.

3.3.1. Estudo da biodegradação

O tanque foi alimentado com o despejo sintético constituído da mistura básica apresentada

na Tabela 3.3 para cada ensaio. O efluente sintético adicionado do DBT nas concentrações

definidas pelo planejamento experimental foi bombeado para o reator com lodos ativados, já

adaptados.

O descarte dos lodos ativados do tanque de aeração foi realizado diariamente com o

auxílio de uma proveta de 200 mL, garantindo a manutenção da idade do lodo para cada

ensaio, como sugere Oliveira (2014).

A fim de se avaliar a influência dos fatores na capacidade de biodegradação dos

compostos DBT e produção de seu metabólito 2-HBF os resultados obtidos no planejamento

foram avaliados com auxílio do STATISTICA v. 7 (Statsoft/USA).

3.4. Frequência de amostragem da caracterização do lodo ativado

O lodo utilizado nos experimentos foi caracterizado pela determinação de pH, sólidos

suspensos totais (SST) e voláteis (SSV), volume final do lodo (VFL) e índice volumétrico do

lodo (IVL). A redução da carga orgânica foi avaliada em termos de redução de DQO. Todas

as análises foram realizadas em triplicata em uma frequência descrita na Tabela 3.4.

Ensaios C (X1) t (X2) pH (X3)

1 -1 (2) -1 (3) -1 (5)

2 1 (5) -1 (3) -1 (5)

3 -1 (2) 1 (7) -1 (5)

4 1 (5) 1 (7) -1 (5)

5 -1 (2) -1 (3) 1 (9)

6 1 (5) -1 (3) 1 (9)

7 -1 (2) 1 (7) 1 (9)

8 1 (5) 1 (7) 1 (9)

9 -1,68 (0,98) 0 (5) 0 (7)

10 +1,68 (6,02) 0 (5) 0 (7)

11 0 (3,5) -1,68 (1,64) 0 (7)

12 0 (3,5) +1,68 (8,36) 0 (7)

13 0 (3,5) 0 (5) -1,68 (3,64)

14 0 (3,5) 0 (5) +1,68 (10,36)

15 0 (3,5) 0 (5) 0 (7)

16 0 (3,5) 0 (5) 0 (7)

17 0 (3,5) 0 (5) 0 (7)

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Capítulo 3 - Metodologia

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 33

Tabela 3.4 - Frequência e análises de amostras em lodos ativados. D – diária; S/n – número de

vezes na semana.

Análise Frequência Afluente Lodo

Ativado Efluente

DQO S/3 X X X

pH D X X X

SST, SSV S/3 X X

VFL, IVL S/3 X

Fonte: Oliveira (2014).

3.5. Métodos analíticos

3.5.1. Demanda Química de Oxigênio (DQO)

A determinação de DQO foi definida de acordo com o Standard Methods (APHA, 2005),

a qual relaciona a quantidade de oxigênio consumido por materiais e substâncias orgânicas e

minerais. Para tal procedimento, adicionou-se dicromato, Cr2O72-

, em excesso para oxidação

dos redutores presentes em uma alíquota da amostra. Esta reação (Equação 2) ocorreu a

quente, em meio a ácido sulfúrico, catalisado por íons prata e na presença de mercúrio.

10CxHyOz + nCr2O72-

+ 4nH+

Ag+, calor 10xCO2 + 2nCr

3+ +(2n + 5y)H2O (2)

Sendo: n = 4x +y – 2z.

Os reagentes ácido sulfúrico, dicromato de potássio e sulfato de prata, utilizados para tal

procedimento foram da MERCK. Após a reação, as medições foram realizadas por método

colorimétrico com absorção da radiação visível a 600 nm, visto que é o comprimento de onda

onde o cromo-III apresenta maior absorção. O espectrofotômetro e o digestor utilizados foram

da MERCK.

3.5.2. Determinação de pH e temperatura

As medições de pH e temperatura foram obtidas por meio do método eletrométrico

utilizando um pHmetro (METTLER TOLEDO).

3.5.3. Sólidos Suspensos Totais (SST) e Sólidos Suspensos Voláteis (SSV)

A técnica para determinação de SST e SSV consiste em um método analítico

gravimétrico, na qual a amostra, a mais homogênea possível, foi submetida a uma operação de

filtração. O resíduo retido no filtro foi levado à estufa por 1 hora a temperatura de 104 ± 1 °C.

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Capítulo 3 - Metodologia

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 34

A resposta foi obtida pela diferença no peso do cadinho, Equação (3), representando os

sólidos suspensos totais (APHA, 2005).

(3)

Sendo: SST são os sólidos suspensos totais; A é o peso do cadinho + resíduo seco; e B é o

peso do cadinho.

O resíduo da medição dos SST foi submetido a uma mufla por 15 minutos na temperatura

de 550 50 °C. A resposta foi obtida pela diferença no peso do cadinho antes e após a

ignição, como demonstrado na Equação (4). Os sólidos restantes da análise de SSV

representam os sólidos fixos totais, enquanto que a perda de peso com a ignição são os sólidos

voláteis (APHA, 2005).

(4)

Sendo: SSV são sólidos suspensos voláteis; A é o peso do cadinho + resíduo antes da ignição;

e B é o peso do cadinho + resíduo depois da ignição.

3.5.4. Volume Final de Lodo (VFL)

Um volume de 1 L da amostra foi colocado em uma proveta graduada e, em seguida,

agitado com um bastão de vidro. Após 30 minutos fez-se a leitura do volume de lodo

sedimentado (APHA, 2005).

3.5.5. Índice volumétrico do lodo (IVL)

O IVL consiste no volume em mililitros ocupado por 1 g de suspensão. Para isso dividiu-

se o VFL pelo SST, como mostra a Equação (5) (APHA, 2005).

(5)

3.6. Determinação por CLAE

3.6.1. Extração líquido - líquido

A metodologia empregada para extração dos compostos em estudo foi adaptada de

Raimundo (2007). Filtrou-se 250 mL da amostra que foi transferida para um funil de

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Capítulo 3 - Metodologia

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 35

separação de 500 mL, adicionando-se, em seguida, 15 mL de diclorometano. Após agitação

manual de 1 minuto e separação das fases por 30 minutos, a fase orgânica foi extraída,

repetindo esse processo por mais duas vezes. O volume obtido foi pré-concentrado em

rotaevaporador (BUCHI) a 50 °C e rotação de 50 rpm, sendo então ressuspendido em metanol

para um volume de 10 mL.

3.6.2. Adequação das análises cromatográficas

A metodologia empregada para verificar a redução do DBT e presença do 2-HBF

utilizando CLAE fundamentou-se nos experimentos realizados por Maass (2012).

A metodologia utilizou a plataforma CLAE (Shimadzu), detector UV/ VIS, coluna CLC -

ODS (M) (250 mm X 4,6 mm), fase móvel composta por metanol: água deionizada (80: 20),

fluxo de 1 mL/min, temperatura da coluna de 45 °C e comprimento de onda de 254 nm.

De acordo com a ANVISA (2003), para utilização de métodos analíticos é necessário

avaliar alguns parâmetros, dentre os quais, foram estudados: linearidade, limite de detecção

(LD), limite de quantificação (LQ) e precisão.

A linearidade foi avaliada a partir do coeficiente de correlação (R2) obtido da curva de

calibração, sendo esta construída com 6 concentrações do analito. Para estimar os coeficientes

das curvas analíticas, foi utilizado o método da regressão linear. A determinação da

linearidade das curvas analíticas foi feita a partir de padrões analíticos preparados com

metanol, nas concentrações de 0,1; 0,5; 1,0; 2,5; 5,0 e 10 ppm e injetadas em triplicata. Após

as injeções foi calculada a média das áreas, a estimativa do desvio-padrão (s), o coeficiente de

variação (CV) e a equação da regressão linear da curva analítica para cada analito.

Os limites de detecção (LD) e de quantificação (LQ) foram calculados a partir do método

baseado nos parâmetros da curva analítica, os quais consideram o intervalo de confiança da

regressão linear. As equações utilizadas para o cálculo do LD e LQ são apresentadas nas

Equações (6) e (7).

(6)

(7)

Sendo: DPa é a estimativa do desvio padrão do coeficiente linear da equação e IC é a

inclinação ou coeficiente angular da curva analítica.

A precisão foi avaliada em termos de repetibilidade por meio do cálculo da estimativa do

coeficiente de variação (CV) para um número de 7 repetições, de acordo com a Equação (8).

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Capítulo 3 - Metodologia

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 36

(8)

A recuperação foi estimada pela eficiência do procedimento de extração de um método

analítico dentro de um limite de variação. Esse teste foi realizado separadamente para os 2

compostos em estudo, adicionando-os na concentração de 2 ppm no efluente sintético

submetendo-os às mesmas condições citadas nos itens 3.6.1 e 3.6.2.

3.7. Análise microscópica do lodo ativado

Um microscópio binocular com câmara fotográfica acoplada (modelo BX 51,

OLYMPUS) foi utilizado para verificar a aparência dos flocos biológicos, assim também os

microrganismos presentes.

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CAPÍTULO 4

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 38

4. Resultados e Discussão

No presente capítulo apresenta-se e faz-se a discussão dos resultados obtidos

experimentalmente para a adaptação dos lodos ativados utilizados nos ensaios e avaliação

da biodegradação do DBT em efluente sintético de água de refinaria.

4.1. Sistema experimental de lodos ativados

4.1.1. Adaptação do sistema

Todos os lodos ativados utilizados nos experimentos passaram pela etapa de adaptação, a

qual teve como função induzir os microrganismos a produzirem enzimas para reduzir o efeito

deletério causado por compostos tóxicos e/ ou metabolizá-los.

Nesta etapa os lodos ativados foram submetidos somente a aeração por 5 dias, sendo

monitorados pela análise de DQO, conforme Oliveira (2014), acrescida dos ensaios de pH e

temperatura. A análise de DQO foi revelada relacionando-se a redução da matéria orgânica

com a concentração de oxigênio consumido por materiais suspensos presentes nos lodos

ativados, substâncias orgânicas e minerais no processo de oxidação. Logo, a obtenção de uma

estabilidade nos valores de DQO foi um indicativo da máxima redução de matéria orgânica.

Testes preliminares apontaram que no tempo de 5 dias a degradação da matéria orgânica já

havia adquirido estabilidade caracterizando um lodo adaptado.

A Figura 4.1 mostra o comportamento dos resultados da DQO na etapa de adaptação dos

lodos ativados a serem utilizados nos testes de biodegradação do DBT, os quais estão

apresentados de 1 a 15. Este comportamento mostrou-se de acordo com o esperado, onde

ocorreu uma redução da DQO no início da adaptação seguida de uma estabilidade. De todos,

o ensaio 2 foi o que apresentou características de melhor adaptação, mostrando uma redução

brusca no início, do 1° para o 3° dia, porém adquirindo estabilidade logo em seguida, do 3°

para o 5° dia, fenômeno esse que pode está associado a uma maior atividade dos

microrganismos neste ensaio. Quanto aos demais ensaios, verificou-se uma redução no início

da adaptação, porém não tão brusca quanto à do ensaio 2.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 39

Figura 4.1 - Comportamento da DQO na etapa de adaptação.

A literatura (Barros Jr., 2008; Silva Jr., 2011; Chang et al., 2014) indica que o ideal para

um sistema de lodos ativados é que o pH esteja na faixa de neutralidade, visto que essa

condição proporciona uma maior disponibilidade e atividade dos microrganismos. Com

relação ao pH deste estudo, verificou-se que todos os ensaios encontram-se na faixa da

neutralidade, exceto os ensaios 8 e 9 que se mostraram ácido, e 10 que se mostrou na faixa

básica (Figura 4.2). Cutolo (2000) afirma que este comportamento ácido pode estar

relacionado a presença de fungos no sistema, resultante da ausência de nutrientes no meio,

como pode ser visto nos valores de DQO para os ensaios 8 e 9.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 40

Figura 4.2 - Comportamento do pH na etapa de adaptação.

A Figrura 4.3 mostra o comportamento da temperatura no período de adaptação dos lodos.

Os ensaios foram realizados à temperatura ambiente, sofrendo as variações climáticas da

cidade de Natal-RN.

Figura 4.3 - comportamento da temperatura na etapa de adaptação.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 41

Verificou-se que a maioria dos ensaios se manteve na faixa de temperatura de 27 a 29 °C,

com exceção do ensaio 6, o qual apresentou temperatura mínima de 23,3 °C resultante de um

dia chuvoso. Outras oscilações foram verificadas nos ensaios 11, 14 e 15, os quais

apresentaram temperaturas acima de 30 °C decorrentes de dias mais quentes.

4.2. Planejamento experimental

4.2.1. Eficiência da redução de DQO (%E)

A Tabela 4.1 apresenta os valores médios dos percentuais de eficiência de redução de

DQO (%E) e respectivos desvio-padrão (S).

Tabela 4.1 – Resultados da eficiência de redução de DQO (%E) e desvio-padrão (S).

Ensaio % E S Ensaio % E S

1 100 2,84 10 65,7 9,87

2 78,5 9,82 11 72,4 8,03

3 75,4 11,94 12 87,9 25,64

4 42,7 8,39 13 71,6 2,88

5 58,8 7,83 14 85,3 7,31

6 16,1 4,49 15 66,9 2,87

7 56,7 2,87 16 69,1 3,89

8 41,1 1,07 17 67 8,12

9 40,2 19,33

A Figura 4.4 mostra os percentuais quanto à eficiência (% E) e os desvios para os ensaios

de redução da DQO do planejamento experimental. Os resultados apresentados são referentes

à média das triplicatas para cada ensaio.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 42

Figura 4.4 – Percentual de eficiência de redução da DQO e desvio padrão.

Os ensaios apresentaram um percentual médio de 64,4% de redução de DQO. O ensaio

que apresentou maior %E foi o ensaio 1 com percentual de 100%. Este resultado foi obtido

quando operado à 2 ppm; 3 dias e pH 5,0. O ensaio 2, que apresentou melhores características

de adaptação, embora não tenha obtido 100% de redução, obteve um percentual de 78,5%, o

qual é bastante considerável. O diferencial entre os ensaios 1 e 2 é a concentração inicial do

DBT, 2 ppm para o ensaio 1 e 5 ppm para o ensaio 2. O ensaio que apresentou menor %E foi

o ensaios 6 com percentual de 16,1%. A condição para este ensaio foi: 5 ppm; 3 dias; pH 9.

Estes resultados indicam que ao aumentar a concentração do DBT é necessário mais tempo

para sua biodegradação.

Bento et al.(2005) realizaram os testes de DQO para verificar a eficiência dos tanques de

aeração de uma ETE do tipo lodos ativados em Florianópolis/SC, obtendo 80% de redução

média de DQO. Com isso verificou-se que embora a eficiência alcançada neste estudo tenha

sido inferior, ainda assim foi bastante relevante, visto que alguns ensaios apresentaram

percentuais iguais ou próximos a 100%.

Os gráficos de superfície de resposta a seguir revelam que as melhores eficiências foram

obtidas quando se operou em maiores tempo de biodegradação (Figura 4.5). No que diz

respeito ao pH verificou-se melhor %E tanto na faixa ácida (Figura 4.6) quanto na básica

(Figura 4.7). Quanto à concentração do DBT verificou-se maior %E na faixa mediana de

concentração (Figuras 4.5 e 4.6).

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 43

Figura 4.5 - Relação da concentração do DBT e o tempo na %E com pH fixo no ponto central.

Figura 4.6 - Relação da concentração de DBT e o pH na %E com o tempo fixo no ponto

central.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 44

Figura 4.7 - Relação do tempo e pH na %E com a concentração do DBT fixa no ponto central.

A maioria dos trabalhos com lodos ativados trabalha na faixa de pH próximo da

neutralidade (Barros Jr., 2008; Silva Jr., 2011; Chang et al., 2014). Porém, Padovan (2010)

avaliando o descoramento de um efluente industrial verificou uma maior eficiência dos lodos

ativados quando operado em pH ácido (5,0).

De acordo com o Diagrama de Pareto (Figura 4.8) verifica-se que o parâmetro que

apresentou influência mais significativa foi a interação do tempo com o pH. O efeito positivo

mostrou melhores resultados de %E em maiores valores de tempo e pH, indicando a presença

de microrganismos que apresentaram maior atividade em pH na faixa neutra para a básica, e

também que os mesmos necessitam de uma maior tempo para redução da DQO.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 45

Figura 4.8 - Relação dos parâmetros e interações significativas para %E da DQO.

Relacionado o Diagrama de Pareto (Figura 4.8) com os valores da Tabela 4.1 e a Figura

4.4 verifica-se que o pH básico não oferece a melhor condição, visto que o ensaio 6, o qual

opera em maiores tempo e pH foi o ensaio que apresentou menor %E. Exceto ao ensaio 1, o

ensaio 12, ponto axial do planejamento experimental, apresentou a melhor condição

trabalhada, apresentando um percentual de 87,5%, sendo operado à 3,5 pmm; 8,36 dias; pH

7.

4.2.2. Caracterização do lodo ativado

4.2.2.1. pH e Temperatura dos Lodos Ativados

O pH e a temperatura são considerados parâmetros determinantes para o crescimento dos

microrganismos, logo, ao se encontrarem em ambientes adversos sua atividade é diretamente

afetada.

A Figura 4.9 mostra o comportamento do pH dos lodos ativados nas condições

determinadas pelo planejamento experimental, apresentando ensaios nos tempos de 1,64; 3; 5;

7; 8,36 dias. Os ensaios que mais se destacaram foram 3, 7, 8 e 9, os quais sofreram

oscilações superiores a ±0,5, possivelmente decorrente da incapacidade do tampão em manter

a estabilidade do pH quando em contato com os lodos ativados.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 46

Figura 4.9 - Comportamento do pH nos Lodos Ativados.

No que diz respeito à temperatura do sistema, foi realizado apenas seu monitoramento,

pois os ensaios foram realizados à temperatura ambiente sofrendo as variações climáticas da

cidade de Natal-RN.

O que se percebe na Figura 4.10 é que grande parte dos ensaios se manteve na faixa de

temperatura entre 27 a 30 °C, com algumas exceções como nos ensaios 5 e 9 que

apresentaram temperaturas de até 23,9 °C resultantes de dias chuvosos, assim também como

os ensaios 12, 15, 16 e 17 que atingiram temperaturas superiores a 30 °C, decorrentes do

verão, período mais quente da cidade.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 47

Figura 4.10 - Comportamento da temperatura nos lodos ativados.

4.2.2.2. Sólidos Suspensos Totais (SST) e Sólidos Suspensos Voláteis

(SSV)

A Tabela 4.2 mostra o comportamento do teor de SST para cada ensaio. O que se observa

é que os ensaios 2 e 12 apresentaram um teor de sólidos bastante elevado quando comparado

aos demais ensaios. Esta alteração pode está associada à diferença na composição dos lodos

ativados, visto que foram realizadas várias coletas e em tempos diferentes na ETE – UFRN,

proporcionando distinções entre os ensaios.

Quanto aos demais ensaios observou-se um comportamento comum, onde ocorreu um

aumento do teor de sólidos, exceto para os ensaios 1, 3 e 13 que tiveram comportamento

inverso. Embora estes ensaios tenham apresentado uma tendência a diminuir o teor de SST

seu %E não foi tão afetado, visto que obtiveram uma média de 75,4% na redução de DQO.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 48

Tabela 4.2 - Concentrações dos SST nos lodos ativados (mg/L).

Dias Ensaios

1 2 3 4 5 6 7 8 9

1 1308,5 13529,5 416,0 614,5 434,5 1538,0 146,5 77,5 139,5

3 403,5 21154,5 829,0 1037,0 470,5 1746,0 178,0 150,0 155,0

5

451,0 866,5

184,5 125,0 157,0

7

551,5

163,5 129,5

Dias Ensaios

10 11 12 13 14 15 16 17

1 104,0 116,0 11427,5 2370,5 459,5 2183,0 1776,5 1848,0

3 204,0

13409,5 1935,0 491,5 2060,0 2038,5 1266,0

5 139,5

17726,5 2235,5 430,0 1955,5 2123,0 2241,0

7

17056,4

8

2864,0

Barros Jr. (2008) avaliando a biodegradação do fenol verificou uma tendência decrescente

na concentração de SST, a qual ele associa à má floculação do lodo, provavelmente

decorrente do efeito tóxico do fenol na atividade microbiana.

Quanto ao teor de SSV, Sant’Anna Jr. (2013) afirma que está associado ao material

particulado de origem orgânica que volatiliza a 500 – 550 °C. A razão SSV/ SST pode ser um

indicativo do conteúdo orgânico do material sólido, e para o caso dos lodos biológicos essa

relação é usada como indicativo do grau de mineralização desse material.

O comportamento da concentração de SSV deve ser semelhante ao do SST. Quanto aos

valores, deve ser igual ou menor. A Tabela 4.3 mostra os resultados para os ensaios dos SSV,

verificando que todos apresentaram comportamento semelhante aos dos SST.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 49

Tabela 4.3 - Concentrações dos SSV nos lodos ativados (mg/L).

Dias Ensaios

1 2 3 4 5 6 7 8 9

1 1221,0 13405,5 500,5 554,0 413,5 1488,0 121,0 49,0 131,0

3 373,0 20973,5 844,0 993,0 469,0 1673,0 136,0 104,0 123,0

5

401,5 518,0

141,5 101,0 129,0

7

254,0

86,5 90,5

Dias Ensaios

10 11 12 13 14 15 16 17

1 59,5 59,5 9040,0 217,95 427,5 1645,5 1620,5 1471,0

3 189,5

10127,0 175,0 585,5 1502,0 1695,5 1639,0

5 129,0

16388,5 183,0 428,0 1586,0 1742,5 1918,5

7

16056,4

8

1596,5

Padovan (2010) afirma que a queda nos valores de SST e SSV é indicativa de que o lodo

não foi adequadamente adaptado. Com isso verificou-se que somente os ensaios 1, 3 e 13

apresentaram características de adaptação inadequada.

Essa tendência em diminuir os teores de SST e SSV foi obtida quando o sistema operou

na faixa de pH ácida, indicando possível inibição da atividade dos microrganismos na

produção de microbiota.

4.2.2.3. Volume Final do Lodo (VFL)

Ferreira & Coraiola (2008) afirmam que o VFL é um indicativo da qualidade do efluente

final, ou seja, quanto maior a decantação do lodo, menor o teor de partículas suspensas e

materiais filamentosos, os quais são decorrentes do intumescimento do lodo,

consequentemente, caracterizando um efluente com baixo teor de DQO.

A Figura 4.11 mostra o comportamento obtido para o teste do VFL. Essa análise foi

realizada a fim de verificar o volume de lodo ocupado após 30 minutos de decantação.

Padovan (2010) relata que quanto menor o volume ocupado pelo lodo melhor a eficiência

do reator, contanto que os SSV não se alterem, indicando assim ótimo resultados para o VFL

médio (83 mL) obtido neste estudo.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 50

Figura 4.11 - Comportamento do VFL nos lodos ativados.

4.2.2.4. Índice Volumétrico do Lodo (IVL)

O IVL (Figura 4.12) representa o volume em mL ocupado por um grama de sólidos em

suspensão, indicando qualitativamente os padrões de sedimentabilidade do lodo.

Figura 4.12 - Comportamento do IVL nos lodos ativados.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 51

Observando os resultados para este ensaio verifica-se que os ensaios 1 e 12 foram os que

apresentaram resultados mais expressivos, onde ocorreram maiores reduções nos valores de

IVL final. Von Sperling (1996) sugere que os valores de IVL encontrem-se na faixa de 100 a

150 mL/g. Dos ensaios apresentados somente o 7 encontrou-se nesta faixa, o qual foi operado

à 2 ppm; 7 dias e pH 9.

Bento et al. (2005), estudando a relação da microbiota com o IVL, revelaram que os

maiores índices ocorreram quando observadas maiores densidades de micrometazoários. Para

isso sugerem a presença de protozoários para sistemas com problemas na sedimentação do

lodo.

4.2.3. Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE)

4.2.3.1. Metodologia

Para confirmar a presença dos compostos 2-HBF e DBT no efluente tratado empregou-se

a metodologia adaptada descrita por Maass (2012), diferindo apenas no comprimento de

onda, onde foi empregado 233 nm, sugerido por Silva (2009), e não 254 nm.

Para determinar o tempo de retenção de cada composto injetou-se uma solução padrão de

cada composto na concentração de 10 ppm, onde verificou-se um tempo de 4,8 minutos para

o 2-HBF e 12,05 minutos para o DBT. Figura 4.13.

Figura 4.13 – Cromatogramas individuais dos compostos: (A) 2-HBF e (B) DBT.

A

B

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 52

4.2.3.2. Adequação das análises cromatográficas

Para adequar a metodologia foi construída uma curva de calibração para os dois

compostos em estudo, composta por 6 pontos, onde as concentrações variaram de 0,1 a 10

ppm. A partir desta foi obtida a equação da curva e o coeficiente de correlação (R²). Este

último revela a linearidade da curva. De acordo com a Resolução n° 899 da ANVISA (2003),

o valor para R² deve ser igual ou maior que 0,99. Como verificado na Tabela 4.4, a curva

obtida apresentou valores de linearidade 0,9945 e 0,9991 para 2-HBF e DBT,

respectivamente, demonstrando assim que podem ser utilizados no estudo.

Tabela 4.4 - Valores dos parâmetros da adequação das análises cromatográficas.

Padrão

TR

(min)

N° de

Pontos Equação da curva R

2

LD

(ppm)

LQ

(ppm)

CV

(%)

2-HBF 4,8 6 y = 49736x +

8258,4 0,9945 0,498 1,660 4,047

DBT 12,05 6 y = 218653x +

11119 0,9991 0,153 0,509 1,207

Através das Equações 5 e 6 apresentadas no item 4.6.3., foram obtidos os valores de LD e

LQ. Nestas equações são levados em consideração os dados das curvas analíticas obtidas para

cada composto. De acordo com os resultados, foram obtidos os valores 0,498 e 1,660 ppm de

LD e LQ, respectivamente, para o 2-HBF. Enquanto o DBT apresentou valores 0,153 e 0,509

ppm de LD e LQ, respectivamente.

Calculou-se o desvio padrão e o coeficiente de variação das áreas obtidas das 7 injeções

de uma solução padrão na concentração de 5 ppm. Para o 2-HBF foi obtido o valor de 4,047

%, enquanto para o DBT obteve-se um CV no valor de 1,207 %. De acordo com a Resolução

n° 899 da ANVISA (2003), calcula-se o CV (%) pela Equação 8, onde o ideal é que os

valores não excedam a 5%, indicando que os resultados obtidos foram satisfatórios.

Ribani et al. (2003) chamam a atenção para não confundir repetitividade com precisão

instrumental, a qual é a medida feita pelas injeções repetidas, sequencias da mesma amostra,

seguida pela média dos valores da área ou altura dos picos e determinação do % CV.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 53

4.2.3.3. Extração líquido - líquido

A Figura 4.14 mostra os valores de recuperação obtidos no presente estudo, 100% para o

2-HBF e 90,19% para o DBT.

Figura 4.14 – Percentuais de recuperação e desvio padrão na extração líquido – líquido para o

2-HBF e DBT.

Ribani et al. (2004) informam que na recuperação para análise de resíduos são aceitáveis

intervalos entre 70 e 120% e precisão de até ± 20%. Contudo, valores de 50 a 120% de

recuperação e precisão de até ± 15% podem ser aceitáveis, dependendo da complexidade

analítica e da amostra.

4.2.3.4. Determinação do 2-HBF e DBT

A biodegradação do DBT foi confirmada avaliando a presença do 2-HBF. Costa (2011)

cita que alguns microrganismos podem utilizar a via “4S” sulfóxido-sulfona-sulfonato-sulfato

no processo de BDS para remoção do enxofre da molécula do DBT convertendo-a em 2-HBF

com liberação de sulfito. Para isso, verificou-se a presença do metabólito 2-HBF no efluente

tratado.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 54

A Figura 4.15 apresenta os percentuais de remoção do DBT, os quais apresentaram uma

média de 100%, indicando que os microrganismos presentes utilizaram o DBT como fonte de

energia, assim também como o potencial em utilizar sistema de lodos ativados para a

biodegradação do composto em estudo.

Figura 4.15 – Percentual de redução do DBT no efluente final.

A Figura 4.16 mostra os valores das concentrações de 2-HBF obtidos no efluente final

para cada ensaio.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 55

Figura 4.16 – Concentração e desvio padrão do 2-HBF nos ensaios.

As concentrações de 2-HBF obtidas apresentaram uma média de 0,061 ppm, indicando a

possível presença de microrganismos nos lodos ativados capazes de usar a rota “4S” para

produzir 2-HBF a partir de DBT.

Bahuguna et al. (2011), estudando a dessulfurização induzida do DBT pela estirpe

bacteriana Lysinibacillus spaericus, verificaram um aumento exponencial do 2-HBF no

período de 15 dias, resultando numa degradação de 60% do DBT.

De acordo com os gráficos de superfície de resposta obtidos pelo planejamento

experimental as maiores concentrações de 2-HBF foram obtidas nos extremos das

concentrações de DBT (Figuras 4.17 e 4.18); extremos do pH (Figuras 4.18 e 4.19); e em

maiores tempos de biodegradação (Figuras 4.17 e 4.19).

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 56

Figura 4.17 - Relação da concentração de DBT e o tempo na concentração final de 2-HBF

com o pH fixo no ponto central.

Figura 4.18 – Relação da concentração do DBT e o pH na concentração final de 2-HBF com o

tempo fixo no ponto central.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 57

Figura 4.19 - Relação do pH e tempo na concentração final de 2-HBF com a concentração do

DBT fixo no ponto central.

De acordo com o Diagrama de Pareto (Figura 4.20), verifica-se que o parâmetro que

apresentou influência mais significativa foi o pH.

Figura 4.20 – Relação dos parâmetros e interações significativos para a concentração do 2-

HBF.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 58

As maiores concentrações de 2-HBF foram obtidas quando o sistema foi operado em pH

básico, enquanto que as menores concentrações foram obtidas nos pontos centrais, onde

operou-se com pH 7,0. Com isso, verifica-se a importância em controlar o pH do sistema,

visto que uma variação do mesmo pode alterar a atividade dos microrganismos.

A Tabela 4.5 apresenta a relação dos resultados dos percentuais de redução de DQO com

os resultados obtidos por CLAE, a qual indica uma possível relação inversamente

proporcional na redução de DQO com a concentração de 2-HBF. Nos ensaios 6 e 7, dois dos

que apresentaram maiores concentrações de 2-HBF, foram obtidos menores percentuais de

redução da DQO.

Tabela 4.5 - Relação dos valores de %E de redução de DQO e DBT e Concentração de 2-

HBF.

Ensaios Redução

DQO (%)

Redução

DBT (%)

Concentração

2-HBF (ppm)

1 100,000 91,990 0,004

2 78,500 100,000 0,000

3 75,400 100,000 0,037

4 42,700 100,000 0,041

5 58,800 100,000 0,078

6 16,100 99,960 0,088

7 56,700 100,000 0,095

8 41,100 100,000 0,074

9 40,200 100,000 0,071

10 65,700 100,000 0,064

11 72,400 100,000 0,061

12 87,900 100,000 0,012

13 71,600 100,000 0,095

14 85,300 100,000 0,078

15 66,900 100,000 0,000

16 69,100 100,000 0,000

17 67,000 100,000 0,000

4.3. Análise microscópica

Uma amostra de lodos ativados foi coletada e analisada microscopicamente a fim de

verificar qual a microbiota presente, pois Sant’Anna Jr. (2013) ressalta a importância de

alguns microrganismos em sistema de lodos ativados.

As análises microscópicas mostraram a presença de alguns microrganismos comuns a

sistemas de lodos ativados, como a presença de rotíferos, protozoários próximos aos flocos,

assim também como filamentos, como pode ser verificado nas Figuras 4.21 e 4.22.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 59

Figura 4.21 - Rotífero presente em amostra de lodos ativados (Aumento: 100X).

Figura 4.22 - Presença de filamentos e protozoários em amostra de lodos ativados (Aumento:

20X).

As algas são responsáveis pelo aporte de oxigênio às bactérias, promovendo assim a

degradação dos poluentes. As bactérias filamentosas são responsáveis pelo suporte dos flocos

do lodo, porém não deve estar em grandes quantidades, pois pode ocasionar o intumescimento

do lodo. Os protozoários são indicadores da diversidade microbiana do meio. Os rotíferos são

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Capítulo 4 – Resultados e Discussões

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 60

microrganismos tidos como limpadores do sistema, pois são responsáveis pela remoção das

bactérias em suspensão, que não fazem parte da estrutura dos flocos SANT’ANNA Jr. (2013).

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CAPÍTULO 5

CONCLUSÃO

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Capítulo 5 - Conclusão

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 62

5. Conclusão

De acordo com a proposta deste estudo e os resultados obtidos as principais conclusões

foram:

O tempo de 5 dias utilizado para a etapa de adaptação foi satisfatório, fato que pode

ser confirmado pelos valores encontrados de SST e SSV.

O sistema de lodos ativados foi capaz de biodegradar o DBT em um efluente sintético

de água de refinaria;

A metodologia analítica desenvolvida para identificação e quantificação de 2-HBF e

DBT pode ser utilizada, visto que os resultados dos parâmetros da adequação das

análises cromatográficas foram satisfatórios;

De acordo com o planejamento experimental realizado, as melhores condições

operacionais para redução de DQO foram quando operou-se em concentrações

medianas de DBT, extremos de pH e maiores tempos;

De acordo com o planejamento experimental realizado, as condições operacionais que

proporcionaram uma maior concentração do metabólito do DBT, o 2-HBF, foram nos

extremos de concentração de DBT e pH, assim também como em maiores tempos.

Diante dessas conclusões, verifica-se o potencial em utilizar sistema de lodos ativados

para a biodegradação do DBT em água de refinaria, mostrando-se como um indicativo de

utilização para tratamento de outros efluentes industriais para biodegradação de diferentes

compostos tidos como recalcitrantes, contribuindo assim para a redução do teor de

contaminantes presentes nos efluentes descartados pelas indústrias.

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REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS

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Referências Bibliográficas

Paula Luciana Rodrigues de Sousa, Fevereiro/2015 64

6. Referências Bibliográficas

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