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    UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE JOINVILLE – UNIVILLE

    PROGRAMA DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE PROCESSOS

    INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO DE NITRETAÇÃO EM CAVIDADES DE AÇO

    P20 DE MOLDES DE INJEÇÃO DE TERMOPLÁSTICOS

    EMERSON JOSÉ CORAZZA

    Joinville – SC

    2012

     

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    EMERSON JOSÉ CORAZZA

    INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO DE NITRETAÇÃO EM CAVIDADES DE AÇO P20

    DE MOLDES DE INJEÇÃO DE TERMOPLÁSTICOS 

    Dissertação apresentada ao Programa deMestrado em Engenharia de Processos da

    Universidade da Região de Joinvile  –  UNIVILLEcomo requisito final para obtenção do título deMestre em Engenharia de Processos.Orientadora: Prof a. Cintia MarangoniCo-Orientador: Prof. Carlos Maurício Sacchelli

    Joinville – SC

    2012

     

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    AGRADECIMENTOS

    Inicialmente, gostaria de agradecer a professora Cintia Marangoni, minha

    orientadora que tanto me ajudou neste projeto e também ao meu co-orientador o

    professor Carlos Maurício Sacchelli.

     A minha esposa Uara e a minha filha Isabel, todo o apoio para a execução deste

    projeto, sem elas não teria conseguido.

     Aos professores do Mestrado em Engenharia de Processos que também

    contribuíram para a realização deste projeto.

     À Universidade da Região de Joinville e a Universidade do Estado de SantaCatarina, em especial ao professor Ricardo Pedro Bom, por todo o apoio e a

    disponibilidade de seu laboratório para as realizações dos ensaios.

     A algumas empresas que contribuíram com os experimentos, entre elas cito a

    Brasimet, Ferramentaria Jofer e também a Diferro.

     Aos professores Moacir e Flávio da Sociesc, por todas as dicas e sugestões nas

    simulações.

     Ao Thomaz Guisard Restivo, da Protolab, por todas as informações prestadas.Irton da Embraco e também aos professores Claiton e Altair, da UNIVILLE.

    Enfim, todos os que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste

    projeto. 

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    RESUMO

    Na obtenção de produtos oriundos do processo de injeção de termoplásticos,observa-se que a qualidade, o tempo de fabricação e o custo da peça sãofortemente influenciados pelo molde de injeção. O tempo total para a obtenção dapeça injetada depende de vários ciclos, sendo que o de resfriamento demanda maiortempo, influenciado, além de outras variáveis do processo, pela condutividadetérmica do material do molde. Tratamentos superficiais são utilizados para aumentara resistência dos moldes ao desgaste, mas pouco é estudado sobre a influência nociclo de resfriamento. Assim, no presente trabalho buscou-se avaliar o efeito dotratamento de superfície por nitretação gasosa em moldes de injeção, em relação àtransferência de calor entre o material polimérico e o molde por meio de ensaios de

    injeção e de simulação utilizando o aplicativo Moldflow. Para tanto, dois insertos emaço P20 foram produzidos para caracterização física, por meio de microscopiaóptica, rugosidade, microdureza e condutividade térmica. Simulações foramrealizadas com o objetivo de determinar condições operacionais preliminares queforam utilizadas nos ensaios de injeção, cujos resultados demonstraram a reduçãodo ciclo de resfriamento no processo. A partir disto, novas simulações foramrealizadas contendo os parâmetros observados experimentalmente e foi verificadoque mesmo em condições ideais, o tratamento superficial empregado permite aredução do ciclo de injeção. Dessa forma, os resultados dos ensaios e dassimulações demonstraram que houve uma redução nas temperaturas do molde comtratamento superficial, em relação ao molde sem tratamento, devido a uma maior

    condutividade, e conseqüentemente, obteve-se uma redução do tempo deresfriamento no molde tratado. Por fim, simulações foram realizadas variando-se aconfiguração de entrada e saída dos canais do sistema de refrigeração no processoutilizando o molde nitretado e verificou-se que a distribuição dos canais em todas asregiões da peça torna a refrigeração mais homogênea e o processo mais eficiente.

    Palavras-chave: injeção; molde; resfriamento; tratamento de superfície; simulação. 

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    ABSTRACT

    In getting the products from thermoplastic injection process, it is observed that thequality, the manufacturing time and cost of the part are strongly influenced byinjection molding. The total time for obtaining the molded part is dependent onseveral cycles, and cooling the requires more time, affected and other processvariables, by the thermal conductivity of the mold. Surface treatments are used toincrease the wear resistance of the molds, but little is studied about the influence inthe cooling cycle. Thus, in the present study to seek estimate the effect of surfacetreatment by gas nitriding in injection molds, about heat transfer between thepolymeric material and the mold, by means of injection tests and simulation usingMoldflow. To this end, two inserts in steel P20 were produced physical

    characterization by means of optical microscopy, roughness, microhardness andthermal conductivity. Simulations were performed with the objective to determineoperating conditions preliminary in the experimental tests, whose resultsdemonstrated a reduction in the cooling cycle in the process. From this, newsimulations were performed containing the parameters observed experimentally andit was found that even in under ideal conditions, the surface treatment utilized allowsthe reduction of the injection cycle. Thus, the results of the tests and simulationsshow that a reduction in temperature of the mold surface treatment, relative to moldwithout treatment, due to greater conductivity, and consequently, there was obtaineda reduction of cooling time in the mold treated. Finally, simulations were performedout varying the configuration input and output channels of the system refrigeration in

    the process using nitrided mold and it was found that the distribution of channels inall part regions makes the refrigeration more homogeneous and the process moreefficient.

    Keywords: injection; mold; cooling; surface treatment; simulation.

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 – Modelo de máquina injetora e seus principais componentes ..................... 5

    Figura 2 – Diagrama esquemático representando os ciclos de injeção ...................... 6

    Figura 3 – Molde de injeção de duas placas e seus sistemas..................................... 9

    Figura 4 – Tipos de sistemas de refrigeração no molde ............................................ 13

    Figura 5 – Mecanismo de refrigeração adequado (A) e inadequado (B) ................... 14

    Figura 6 – Ilustração do forno de nitretação gasosa ................................................. 19

    Figura 7 – Microestrutura resultante de um processo gasoso ................................... 20

    Figura 8  – Gráfico da espessura da camada nitretada no aço P20, com relação ao

    tempo ........................................................................................................................ 20

    Figura 9 – Ilustração de medição dos parâmetros de Rp e Rv.................................. 26

    Figura 10 – Desenho com as dimensões (a) e ilustração da peça injetada (b) ......... 32

    Figura 11  –  Ilustração do molde (a) fechado, (b) aberto, indicando a posição dos

    insertos e pinos extratores ........................................................................................ 33

    Figura 12 – Insertos extraídos do molde da máquina injetora ................................... 34

    Figura 13  –  Projeto dos insertos do molde, com e sem cavidade, elaborado noaplicativo SolidWorks ................................................................................................ 35

    Figura 14 – Localização dos termopares no inserto do molde .................................. 37

    Figura 15 – Posição dos termopares no inserto do molde ........................................ 37

    Figura 16 – Pontos de medição da rugosidade na cavidade do molde ..................... 38

    Figura 17 – Modelo da peça (molde virtual), elaborado no aplicativo SolidWorks .... 40

    Figura 18 – (a) Máquina injetora Battenfeld 250 Plus e (b) molde com sistema parcial

    de refrigeração .......................................................................................................... 42Figura 19  – (a) Ilustração do reservatório de captação de água para refrigeração e

    (b) os reguladores de vazão da máquina .................................................................. 43

    Figura 20  –  Diagrama esquemático do sistema de refrigeração e dos pontos de

    medição das temperaturas ........................................................................................ 44

    Figura 21 – Aparelho de aquisição de dados dos termopares .................................. 45

    Figura 22  – Modelo da peça injetada e canais de refrigeração, gerado no aplicativo

    Moldflow .................................................................................................................... 46Figura 23 – Fotografia da balança de precisão ......................................................... 48

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    Figura 24 – (a) Modelo matemático, (b) modelo de malha de elementos finitos ....... 49

    Figura 25 – Detalhe da malha para melhor visualização ........................................... 50

    Figura 26 – Molde de injeção, elaborado no aplicativo Moldflow .............................. 50

    Figura 27 – Molde pronto, elaborado no aplicativo Moldflow .................................... 51

    Figura 28 – Diagnóstico final da análise de elementos finitos, gerado pelo aplicativo

    Moldflow .................................................................................................................... 51

    Figura 29 – Diagnóstico estatístico da malha, gerado pelo aplicativo Moldflow ........ 52

    Figura 30 – Variação de massa das peças no teste utilizando pressão de injeção de

    (a) 24,4 MPa e (b) 26,03 MPa ................................................................................... 55

    Figura 31 – Variação de massa das peças, no teste utilizando pressão de injeção de

    27,66 Mpa ................................................................................................................. 55Figura 32 – Variação de massa das peças, no teste utilizando pressão de injeção de

    29,29 MPa, tempo de resfriamento de (a) 30 e (b) 25 segundos .............................. 57

    Figura 33 – Variação de massa das peças, no teste utilizando pressão de 32,54 MPa

    e tempo de resfriamento 25 segundos ...................................................................... 57

    Figura 34 – Perfil de temperatura da água de refrigeração ....................................... 59

    Figura 35  –  Gráfico das variações de temperatura medidas nos termopares nos

    ensaios utilizando o molde sem tratamento .............................................................. 59Figura 36 – Gráfico das temperaturas no ponto 1685 ............................................... 60

    Figura 37  –  Gráfico das variações de temperatura medidas nos termopares nos

    ensaios utilizando o molde com tratamento superficial ............................................. 61

    Figura 38 – Gráfico das temperaturas no ponto 1047 ............................................... 62

    Figura 39 – Microestrutura da superfície nitretada (a) e do núcleo (b), com aumento

    de 200 x .................................................................................................................... 64

    Figura 40 – Camada branca, com aumento de 500 x ............................................... 65Figura 41 – Camada branca e nitretos, com aumento de 1000 x .............................. 65

    Figura 42 – Gráfico da condutividade térmica em relação às temperaturas ............. 67

    Figura 43 –  Gráfico de rugosidade (Ra), comparativo entre as superfícies analisadas

    .................................................................................................................................. 69

    Figura 44 – Gráfico da rugosidade (Ra) medidas em três pontos nas cavidades dos

    insertos ...................................................................................................................... 70

    Figura 45 – Gráfico da microdureza medida no corpo de prova em aço P20 nitretado

    .................................................................................................................................. 71

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    Figura 46  – Pontos de medição da peça com o tempo de resfriamento, no molde

    sem tratamento ......................................................................................................... 73

    Figura 47  –  Temperaturas resultantes do ensaio de simulação com o molde sem

    tratamento ................................................................................................................. 74

    Figura 48  – Gráfico comparativo das temperaturas na simulação e real, no molde

    sem tratamento ......................................................................................................... 75

    Figura 49  – Pontos de medição da peça com o tempo de resfriamento, no molde

    com tratamento ......................................................................................................... 76

    Figura 50  –  Temperaturas resultantes do ensaio de simulação com o molde com

    tratamento ................................................................................................................. 77

    Figura 51 – Gráfico comparativo das temperaturas medidas na simulação e real, nomolde nitretado .......................................................................................................... 78

    Figura 52  – Gráfico comparativo das temperaturas do topo da peça, medidas na

    simulação e real, nos moldes sem e com tratamento de superfície .......................... 80

    Figura 53 – Simulação com os canais de refrigeração com uma entrada e uma saída

    .................................................................................................................................. 81

    Figura 54  – Simulação com os canais de refrigeração com duas entradas e duas

    saídas ........................................................................................................................ 82Figura 55  –  Temperaturas resultantes do ensaio de simulação com sistema de

    refrigeração de duas entradas e duas saídas ........................................................... 82

    Figura 56 – Simulação com os canais de refrigeração com quatro entradas e quatro

    saídas ........................................................................................................................ 83

    Figura 57  –  Temperaturas resultantes do ensaio de simulação com sistema de

    refrigeração de quatro entradas e quatro saídas....................................................... 83

    Figura 58  –  Temperaturas resultantes do ensaio de simulação com sistema derefrigeração de quatro entradas e quatro saídas, diâmetro de canais de 10 mm...... 84

    Figura 59  –  Gráfico comparativo das temperaturas resultantes dos ensaios com

    diferentes canais de refrigeração .............................................................................. 85

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 – Propriedades de alguns materiais de moldes de injeção ........................ 10

    Tabela 2 – Propriedades do aço P20 ........................................................................ 11

    Tabela 3 – Composição química do aço AISI P20 (%) .............................................. 12

    Tabela 4  –  Condutividade térmica de alguns materiais utilizados em moldes de

    injeção ....................................................................................................................... 23

    Tabela 5 – Resultados obtidos por meio do aplicativo Moldflow ............................... 30

    Tabela 6 – Composição química do aço P20 (%) ..................................................... 35

    Tabela 7 – Características do poliestireno 158K ....................................................... 41Tabela 8 – Condições de processamento recomendadas para o poliestireno .......... 41

    Tabela 9 – Características da máquina, na unidade de injeção ................................ 42

    Tabela 10 – Características da máquina, na unidade de fechamento ....................... 43

    Tabela 11  –  Parâmetros utilizados na simulação de injeção com molde sem

    tratamento ................................................................................................................. 53

    Tabela 12 – Medidas do aço P20 .............................................................................. 66

    Tabela 13 – Medidas do aço P20 nitretado ............................................................... 66Tabela 14 – Rugosidade medida no aço P20 nitretado ............................................. 67

    Tabela 15 – Rugosidade medida no aço P20 ........................................................... 68

    Tabela 16 – Rugosidade medida no aço P20 polido ................................................. 68

    Tabela 17 – Rugosidade medida nas cavidades dos insertos .................................. 69

    Tabela 18 – Resultados dos ensaios de microdureza ............................................... 70

    Tabela 19  –  Parâmetros utilizados nas simulações utilizando o molde sem

    tratamento ................................................................................................................. 72Tabela 20  – Temperaturas medidas nos ensaios de injeção e de simulação, com o

    molde sem tratamento ............................................................................................... 74

    Tabela 21  –  Parâmetros utilizados nas simulações utilizando o molde com

    tratamento ................................................................................................................. 75

    Tabela 22  –  Temperaturas medidas nos ensaios de injeção e de simulação, no

    molde com tratamento ............................................................................................... 77

    Tabela 23 – Temperaturas do topo da peça, nos ensaio de injeção e simulação, nos

    moldes sem e com tratamento de superfície ............................................................. 79

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    Tabela 24  –  Temperaturas medidas em cada ponto de termopar no sistema de

    refrigeração de uma entrada e uma saída ................................................................ 82

    Tabela 25  –  Temperaturas medidas em cada ponto de termopar no sistema de

    refrigeração de duas entradas e duas saídas ........................................................... 83

    Tabela 26  –  Temperaturas medidas em cada ponto de termopar no sistema de

    refrigeração de quatro entradas e quatro saídas....................................................... 84

    Tabela 27  –  Temperaturas medidas em cada ponto de termopar no sistema de

    refrigeração de quatro entradas e quatro saídas, diâmetro de canais de 10 mm...... 85

    Tabela 28 –Temperaturas do topo da peça, com diferentes canais de refrigeração . 86

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    SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1 

    1. OBJETIVOS  ............................................................................................................3

    1.1 OBJETVO GERAL ................................................................................................ 3 

    1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................3

    2. REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................4 

    2.1 PROCESSOS DE MOLDAGEM ............................................................................4

    2.1.1 Peça injetada ......................................................................................................6 

    2.1.2 Molde..................................................................................................................8 

    2.1.3 Materiais de fabricação de moldes ................................................................... 10 

    2.1.3.1 Aço P20 ......................................................................................................... 11

    2.1.4 Sistema de refrigeração de moldes .................................................................. 12

    2.1.5 Estudos para redução do ciclo de injeção ........................................................ 15

    2.2 TRATAMENTOS DE SUPERFÍCIE ..................................................................... 17

    2.2.1 Nitretação ......................................................................................................... 18

    2.2.2 Influência de tratamentos em moldes de injeção ............................................. 212.3 PROPRIEDADES TÉRMICAS ............................................................................ 22

    2.4 CARÁCTERIZAÇÃO FÍSICA ............................................................................... 24

    2.4.1 Microscopia óptica ............................................................................................ 24

    2.4.2 Rugosidade ...................................................................................................... 25

    2.4.3 Microdureza Vickers ......................................................................................... 26

    2.5 SIMULAÇÃO DE PROCESSOS DE INJEÇÃO ................................................... 27

    2.5.1 Moldflow ...........................................................................................................29 3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 32

    3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O EXPERIMENTO...................................32

    3.2 MOLDE DE INJEÇÃO DO EXPERIMENTO ........................................................34

    3.2.1. Concepção e projeto do molde ........................................................................ 34 

    3.2.2 Tratamento de superfície do molde ..................................................................36

    3.2.3 Instrumentação do molde ................................................................................. 36

    3.3 CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISES DAS AMOSTRAS E DO MOLDE ................. 383.3.1 Análise de Rugosidade..................................................................................... 38

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    3.3.2 Microscopia óptica ............................................................................................ 39

    3.3.3 Microdureza Vickers ......................................................................................... 39

    3.3.4 Condutividade térmica ...................................................................................... 39

    3.4 GEOMETRIA DO COMPONENTE INJETADO E MATERIAL POLIMÉRICO

    EMPREGADO ........................................................................................................... 40

    3.4.1 Material polimérico utilizado ............................................................................. 40

    3.5 ENSAIOS DE INJEÇÃO ...................................................................................... 41

    3.6 SIMULAÇÃO NUMÉRICA COMPUTACIONAL ................................................... 46

    3.6.1 Configuração da máquina de injeção com os valores simulados ..................... 47

    3.7 COLETA DE AMOSTRAS PARA ANÁLISE DE VARIAÇÃO DE MASSA ........... 48

    4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................49 4.1 CONFECÇÃO DO SÓLIDO PARA SIMULAÇÕES .............................................49

    4.2 ENSAIOS DE INJEÇÂO ......................................................................................53

    4.2.1 Ajuste de condições em ensaios utilizando molde sem tratamento ................. 54 

    4.2.2 Ajuste de condições em ensaios utilizando molde tratado ............................... 56 

    4.2.3 Temperatura do molde e do sistema de refrigeração .......................................58

    4.3 CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS E DE MOLDES TRATADOS E NÃO

    TRATADOS ............................................................................................................... 644.3.1 Microscopia óptica ............................................................................................ 64

    4.3.2 Condutividade térmica ...................................................................................... 66

    4.3.3 Rugosidade ...................................................................................................... 67

    4.3.4 Microdureza Vickers ......................................................................................... 70

    4.4 ENSAIOS DE SIMULAÇÃO ................................................................................ 71

    4.4.1 Simulações com o molde sem tratamento........................................................ 72

    4.4.2 Simulações com o molde tratado superficialmente .......................................... 754.4.3 Ensaios de simulação com diferentes entradas e saídas de refrigeração ........ 81

    CONCLUSÃO .......................................................................................................... 87 

    REFERÊNCIAS .........................................................................................................90 

    ANEXOS ................................................................................................................... 99 

    ANEXO 1: DESENHO DO INSERTO COM AS CAVIDADES ..................................99 

    ANEXO 2: DESENHO DO INSERTO SEM AS CAVIDADES .................................100 

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    INTRODUÇÃO

    O crescimento acentuado na utilização de produtos confeccionados emmateriais termoplásticos, que vai desde as indústrias de utilidades domésticas à

    aeronáutica, aumentou a competitividade deste mercado de maneira significativa,

    fazendo com que as empresas relacionadas ao processo de injeção, aperfeiçoem

    suas técnicas e aumentem a qualidade de seus produtos.

    Em relação ao processo, o ciclo de injeção possui etapas bem caracterizadas:

    (1) aquecimento do termoplástico, (2) entrada do material polimérico no molde (3)

    troca de calor ou resfriamento e (4) ejeção da peça. Dentre estas fases, oresfriamento demanda o maior tempo, tendo forte influência nas características da

    peça formada, uma vez que se mal conduzido, pode levar à formação de defeitos

    como deformações, rechupes, tensões residuais indesejáveis e empenamento

    (HASSAN et al ., 2010a). Além disso, a interação entre material polimérico e o molde

    afeta diretamente o desempenho do referido processo. Em situações nas quais a

    troca do material não pode ser realizada, as ações buscando melhorias concentram-

    se nos parâmetros de operação e na estrutura do molde.Uma linha de pesquisa para a otimização do processo consiste no

    aperfeiçoamento do molde. Segundo Silva (2009), os projetos relacionados a moldes

    de injeção de termoplásticos têm sido aprimorados consideravelmente, visando

    diminuir o tempo de manufatura e baixar custos. O aumento da qualidade e da

    produtividade aliado a maiores exigências na área de injeção de termoplásticos faz

    com que os projetos de elaboração de moldes sejam cada vez mais efetivos e

    responsáveis pelo bom desempenho do molde, de seus componentes e da peça

    injetada.

    Porém, somente após a injeção do material polimérico e a extração da peça

    de dentro do molde, na maioria dos casos, é possível verificar se o projeto e

    confecção do molde foram executados de forma correta, ou se o mesmo apresenta

    falhas como o não preenchimento total das cavidades, pontos de injeção mal

    localizados, defeitos decorrentes da refrigeração deficiente, degradação do material,

    linhas de solda e de junção aparentes, além de bolhas de ar. Se isso ocorrer, será

    necessário realizar alterações no molde, acarretando mais tempo e custos de

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    produção (SACCHELLI, 2007). Fica claro, portanto, o quanto um molde bem

    projetado influenciará diretamente na peça final.

    Tratamentos superficiais nos moldes são empregados visando tanto a

    melhora de propriedades (durabilidade, resistência à corrosão, a desgastes e a

    fadiga térmica do mesmo) quanto à otimização do fluxo de calor, visto que o mesmo

    altera propriedades como a condutividade térmica do material (YOSHIDA, 1998).

    Dentre os vários existentes, o mais utilizado é o tratamento por nitretação, em

    virtude do custo relativamente baixo e boa eficiência. No entanto, segundo Ferreira

    (2001) sua aplicação ainda é pouco explorada em relação a ganhos que possam

    proporcionar no ciclo do processo, especialmente em relação ao ciclo de

    resfriamento no processo de injeção, refletindo diretamente na qualidade, naquantidade de peças produzidas, bem como no custo final da peça injetada (REES,

    1995; CUNHA, 2004; HARADA, 2004).

     Assim, a eficiência no sistema de refrigeração deve ser buscada, mas para

    isto ocorra o projeto do sistema de refrigeração do molde e a seleção dos

    parâmetros do processo de injeção (pressão, tempo, temperatura e velocidade de

    injeção, do molde e temperatura e vazão do fluido refrigerante) devem ser realizados

    corretamente, o que resulta em uma atividade complexa e com um tempo elevadopara realizar a interação de todas estas variáveis. Desta maneira, para auxiliar

    nessa questão, a melhor forma de se obter esses parâmetros é por meio da

    simulação do processo de injeção (SACCHELLI e CARDOSO, 2007).

    Com o uso de simulações para o projeto do molde e o conhecimento das

    propriedades térmicas durante o processo de injeção consistem em um diferencial

    nesta área, uma vez que ensaios para testes deste gênero demandam paradas no

    processo ou investimentos elevados em pesquisa e desenvolvimento por parte dasindústrias.

     Assim, neste estudo será avaliada a influência do tratamento de superfície por

    nitretação em um molde fabricado em aço P20, observando os resultados de

    caracterização realizados nas amostras nos ensaios e na simulação, com atenção

    especial para possíveis alterações na condutividade térmica do molde e

    consequentemente, no ciclo de moldagem por injeção. 

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    1. OBJETIVOS

    1.1 OBJETIVO GERAL

     Avaliar o efeito do tratamento superficial por nitretação gasosa em moldes de

    injeção em relação à transferência de calor entre material polimérico e molde.

    1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

    1) Caracterizar o material da cavidade do molde em aço P20 com e sem

    tratamento superficial com análises de rugosidade, microscopia e dureza;

    2) Avaliar por meio de análise de condutividade térmica, o desempenho do aço

    P20 com e sem o tratamento superficial, em sua troca térmica;

    3) Realizar simulação para coletar dados para os ensaios iniciais, como tempo de

    injeção, temperatura de injeção, temperatura do molde, pressão de injeção,

    tempo de resfriamento e tempo de ciclo;

    4) Realizar ensaios de injeção para avaliar as diferenças entre os moldes em aço

    P20, com e sem tratamento superficial;

    5) Avaliar experimentalmente a transferência de calor entre molde e peça, por

    meio da medição de temperatura em pontos específicos em moldes de injeção

    de termoplásticos com e sem tratamento superficial;

    6) Simular o processo de injeção utilizando o aplicativo Moldflow;

    7) Realizar a análise comparativa dos resultados experimentais obtidos com os

    simulados;

    8) Avaliar melhoras no projeto do molde nitretado em relação ao molde sem

    tratamento superficial.

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    2. REVISÃO DA LITERATURA

     Ao iniciar um trabalho visando o aperfeiçoamento de moldes de injeção de

    termoplásticos, se faz necessário entender primeiramente o que é um molde e como

    funciona a injeção de termoplástico. Devido à complexidade do sistema de injeção e

    ao custo elevado do molde, é importante a realização de um projeto adequado do

    mesmo, com um desenho detalhado da peça já existente, para posterior envio ao

    fabricante.

    Para o bom funcionamento de um molde e do resultado final da peça injetada

    é necessário que todo o ciclo de injeção esteja funcionando perfeitamente. Para

    estabelecer bons parâmetros de valores e medidas que garantam a eficiência do

    processo, é necessário elevado conhecimento do processo, que muitas vezes pode

    ser obtido via simulação.

     A proposta de melhorar a eficiência do ciclo de resfriamento de moldes,

    visando à redução do tempo dos ciclos de injeção é uma abordagem já existente,

    mas sendo pouco explorada no que se refere a fazê-lo com a aplicação de um

    tratamento de superfície por nitretação. Da mesma forma, tratamentos de superfícieatualmente são estudados apenas na condição de melhora de propriedades

    mecânicas do molde, como desgaste do mesmo (HECK, 2004; FERREIRA, 2001).

    Neste sentido, é necessário estudar a transferência de calor em moldes de

    injeção tratados superficialmente, buscando verificar a influência desta aplicação na

    redução do tempo de resfriamento, e por conseqüência, do ciclo total de injeção.

    2.1 PROCESSOS DE MOLDAGEM

    Dentre os processos de moldagem utilizados para os materiais poliméricos

    tem-se: injeção, extrusão, sopro, compressão e termoformagem. Segundo Sacchelli

    e Cardoso (2007), Bareta et al. (2008) e Fuh et al. (2004), o processo de injeção é

    responsável por cerca de 70 % dos produtos plásticos produzidos. Um dos motivospara este fato dá-se por este ser um processo que permite a fabricação de peças

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    injetadas de elevada complexidade geométrica, sendo utilizadas em diversas áreas,

    que vão desde as indústrias de utilidades domésticas à aeronáutica.

    O processo de moldagem por injeção possui algumas vantagens

    competitivas, como: elevados níveis de produção; possibilidade de utilização da

    peça recém injetada; grande flexibilidade de elaboração de peças, referente às

    formas, dimensões e precisão dimensional (peças inferiores a 1 mg até superiores a

    100 kg), tornando-se um dos principais processos industriais na fabricação de peças

    a base de polímeros (MANRICH, 2005; GUNAWAN e ANGGONO, 2006).

    O princípio básico da moldagem por injeção é de o material sólido ser fundido

    por aquecimento no canhão da máquina e injetado dentro da cavidade de um molde,

    no qual sofre um resfriamento e a peça é ejetada da máquina, resultando no produtofinal (SAIFULLAH et al., 2009; KENNEDY, 2008). Na Figura 1, é ilustrado um modelo

    de máquina injetora e seus componentes principais.

    Figura 1 – Modelo de máquina injetora e seus principais componentes.

    Fonte: Leães, 2008

    Conforme citado por Hassan et al.  (2010a), Shoemaker (2006) e Harada

    (2004), as etapas que envolvem o processo de moldagem por injeção, também

    conhecidas por ciclos de moldagem, são determinadas pela soma de todos os

    tempos de cada ciclo, que é composto por: fechamento do molde, injeção, recalque,

    plastificação, resfriamento, abertura do molde e extração da peça. Dentre estes, o

    mais importante é o resfriamento, pois consome a maior parte do tempo, de acordo

    com o ilustrado na Figura 2, sendo, entre outros, um dos fatores determinantes do

    custo final do processo.

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    Figura 2 – Diagrama esquemático representando os ciclos de injeção.Fonte: Adaptado de Telles, 2001

    O processo de injeção possui muitas vantagens, dentre as principais,

    segundo Kennedy (2008), estão relacionadas à produção, custo de mão de obra e

    qualidade da peça injetada. Entre as desvantagens, cita-se a de o molde ser umadas partes com maior custo desse processo.

    2.1.1 Peça injetada

    No processo de injeção, o resultado final da peça injetada depende tambémdas características do material empregado, neste caso, polímeros. Os polímeros são

    classificados, por suas características tecnológicas, em dois grupos: os termofixos,

    que não permitem reprocessamento e os termoplásticos, que podem ser amolecidos

    e endurecidos (pelos processos de fundição e resfriamento) inúmeras vezes. Os

    termoplásticos são recicláveis, podendo ser facilmente deformados, remodelados e

    novamente solidificados, por ação isolada ou conjunta de calor e pressão, mantendo

    a sua nova estrutura (VEIGA e BARROS FILHO, 2009). Por esta característica,

    termoplásticos são largamente utilizados.

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    Os termoplásticos são materiais que se fundem quando aquecidos e quando

    resfriados, tomam a forma do molde onde foram injetados. Esta propriedade

    reversível, de fundir sob aquecimento e solidificar por resfriamento, faz com que

    polímeros como o poliestireno, polietileno, polipropileno, entre outros, possam ser

    reciclados com maior facilidade, sendo assim de processamento fácil e de baixo

    custo (LOPES, 2007)

    Polímeros podem ser naturais ou sintéticos. Conforme Veiga e Barros Filho

    (2009), os termoplásticos são classificados como polímeros sintéticos e divididos em

    grupos segundo a estrutura química em: polietileno (PE), polipropileno (PP),

    poliestireno (PS), poli(metacrilato de metila) (PMMA), poli(cloreto de vinila) (PVC),

    poli(tereftalato de etileno) (PET), policarbonato (PC), poliamida (PA), poli(óxido demetileno) (POM) e acrilonitrila-butadieno-estireno (ABS).

    Os termoplásticos também podem ser divididos de acordo com a morfologia

    da cadeia polimérica em: amorfos (moléculas poliméricas sem uma configuração

    particular, como PS, PC, PVC e PMMA), semi-cristalinos (as moléculas formam

    arranjos ordenados durante o resfriamento e amorfo ou aleatório quando fundidos,

    como PE, PP, PET e PA) e líquido-cristalinos (cadeias ordenadas no estado sólido e

    líquido) (OSSWALD et al., 2006).Segundo Moratelli e Costa (2006), alguns polímeros liberam substâncias

    quimicamente agressivas durante o processamento, tais como ácido clorídrico, ácido

    acético ou formaldeído, atacando a superfície da cavidade do molde. Por esse

    motivo, o material polimérico a ser injetado é relevante para a definição do aço

    utilizado na fabricação do molde, para o sistema de refrigeração utilizado e também,

    para o tratamento superficial aplicado no mesmo.

    O PS é um dos termoplásticos aplicados para uso geral, na forma de resinacristal, por sua transparência e fácil coloração. Obtido pela polimerização do

    estireno, possui baixo custo se comparado ao ABS e o PET, e tem um

    processamento mais fácil que o PP (MONTENEGRO e SERFATY, 2002). O uso do

    PS nas indústrias é vasto, podendo ser aplicado em várias formas, como em

    embalagens, peças técnicas, etc. A sua grande utilização deve-se às suas

    propriedades de baixa absorção de umidade, fácil processamento, baixo custo e alta

    resistência a impactos. Devido a sua larga aplicabilidade, este polímero foi a matéria

    prima utilizada neste trabalho.

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    2.1.2 Molde

    Conforme já abordado, o molde é parte principal de um processo de injeção,

    pois é a ferramenta que recebe em sua cavidade o polímero por meio de pressão,

    transformando-o pela solidificação, na peça correspondente ao modelo base. As

    características de um molde influenciam em todo o processo de injeção e, portanto

    para o bom desempenho do processo é necessário não só estabelecer condições

    operacionais adequadas, mas também avaliar ganhos que possam ser obtidos a

    partir da fabricação do molde e de melhorias na transferência de calor entre molde e

    peça.De acordo com Harada (2006) e Gunawan e Anggono (2006), ao iniciar o

    desenvolvimento de um molde todas as informações necessárias devem ser

    coletadas para que durante a criação do projeto não se perca tempo com a busca de

    dados não informados. Assim, o projetista deve detalhar o desenho técnico com os

    cálculos de cada componente, fornecendo o máximo de informações possíveis,

    reduzindo assim a possibilidade de falhas durante a construção do molde. Tais

    falhas refletem em perdas durante o processo de injeção bem como emreprocessamento do molde, prejudicando o processo produtivo.

    Existem alguns fatores importantes no projeto de um molde e, segundo

    Postawa et al. (2008) e Manrich (2005), para que um molde de injeção desempenhe

    corretamente suas funções é necessário possuir uma ou mais cavidades com a

    forma da peça a ser produzida; permitir o enchimento das cavidades com o polímero

    fundido; facilitar o resfriamento do material polimérico dentro das cavidades e

    promover a extração das peças injetadas. Estas características são extensivamenteestudadas com o objetivo de produzir moldes que garantam a eficiência do

    processo. No entanto, nesta etapa do projeto a questão do tratamento superficial é

    abordada apenas em relação à durabilidade do molde, não se levando em

    consideração sua influência no processo.

    Para a eficiência do processo de produção de peças injetadas, os conjuntos

    são equipados com: sistema de alimentação (orientam o material fundido para

    dentro das cavidades por meio de pressão); sistema de refrigeração (dissipa o calor

    para que ocorra o resfriamento da peça, possibilitando sua extração); sistema de

    extração (empurra a peça injetada para fora do molde) e os elementos de

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    alinhamento (colunas e buchas, utilizadas para o alinhamento do conjunto fixo com o

    móvel), conforme ilustrado na Figura 3 (GUILONG et al., 2010; SILVA, 2009;

    OGLIARI et al., 2004). 

    Figura 3 – Molde de injeção de duas placas e seus sistemas.Fonte: Silva, 2009.

    Conforme afirmam Kennedy (2008), Cátic et al. (2006) e Ogliari et al. (2004),

    o molde é um dos itens mais complexos a ser desenvolvido dentro de um ciclo de

    etapas na construção de uma peça injetada. É indispensável considerar que os

    elementos do molde devem garantir a transformação do material polimérico na peça

    desejada, necessitando assim, de conhecimentos especializados e mão de obraqualificada para a confecção do mesmo.

    Moldes para injeção são conceituados em três tipos: (1) para materiais

    termoplásticos (trabalha com sistema de refrigeração nas cavidades); (2) para

    materiais termofixos (trabalha com sistema de aquecimento nas cavidades) e (3)

    para injeção de zamak, que é uma liga metálica composta por alumínio, manganês,

    cobre e zinco (molde com câmara quente) e alumínio (com câmara fria) (CRUZ,

    2002).

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    2.1.3 Materiais de fabricação de moldes

    De acordo com Bareta (2007a) os materiais que envolvem a fabricação de um

    molde de injeção são elementos chave em todos os sistemas envolvidos

    (alimentação, extração, refrigeração, estrutura, cavidades), e são selecionados de

    acordo com as características relevantes para cada projeto. São construídos de

    vários tipos, que vão desde os aços de alta liga (para séries mais longas), aços

    carbono (peças menos críticas e séries mais curtas), ligas de alumínio ou zinco

    (séries muito curtas ou protótipos), materiais não metálicos e metálicos  – chamados

    de moldes híbridos (produção de até 2.000 ciclos), as resinas epoxídicas.Na Tabela 1 são resumidas algumas das propriedades dos materiais

    utilizados em moldes de injeção, no qual segundo Bareta et al.  (2008), o aço P20

    apresenta os melhores resultados em relação às propriedades mecânicas e à

    resistência ao impacto do material injetado, em comparação aos demais moldes.

    Tabela 1  – Propriedades de alguns materiais de moldes de injeção. 

    Propriedades

    Aço

    P20

    Alumínio

    7075-T6 Zamak-5

    Resina

    epoxídica

    Aço

    H13

    Aço

    1045

    Densidade (mg/m³) 7,80 2,71 6,76 1,75 7,85 7,80

    Calor específico (J/kgK) 460 782,3 420 1.050 400 800

    Condutividade térmica

    (W/mK)

    29 138 109 1 27,6 40

    Fonte: Bareta (2007a), Villares Metals (2010).

    Os aços para moldes e matrizes, bem como para os de injeção determoplásticos, possuem como características mais importantes: uma boa

    usinabilidade em função de gravuras profundas, resistência uniforme, polibilidade,

    soldabilidade e dureza. Estas fazem com que seja o material utilizado na maioria dos

    moldes (SANT’ANNA, 2011; MORATELLI e COSTA, 2006; MANRICH, 2005).

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    2.1.3.1 Aço P20

    De acordo com informações de fabricantes como Heat Tech (2007), as

    classificações dos aços ferramenta são de acordo com suas características ou

    aplicações, no qual a mais utilizada é a da  American Iron and Steel Institute (AISI),

    que classifica os aços ferramenta para moldes com o símbolo “P”. 

    Segundo Meckley e Edwards (2009) bem como Bohórquez e Preciado (2005),

    o aço P20 é um dos materiais largamente utilizados para moldes de injeção de

    termoplásticos. É composto de Cromo-Níquel-Molibidênio (Cr-Ni-Mo), fabricado por

    degaseificação a vácuo, temperável e com dureza na faixa de 30-34 HRC. Já HeatTech (2007), Moratelli e Costa (2006) e Yoshida (1998), afirmam que a propriedade

    de dureza do aço P20 é de 28-32 HRC (unidade de dureza Rockwell), e que

    somente em casos especiais se observariam  valores superiores a estes. As

    propriedades do aço P20 são resumidas na Tabela 2.

    Tabela 2 – Propriedades do aço P20.Propriedade Valor

    Densidade (mg/mᶟ)  7,80

    Calor específico (J/kg.K) 460

    Condutividade térmica (W/m.K) 29

    Coeficiente de expansão térmica (K- ) 12 x 10-  

    Módulo de elasticidade (GPa) 200

    Fonte: Bareta et al . (2007b).

    O aço P20 possui excelentes propriedades mecânicas, dentre estas está a

    boa usinabilidade e soldabilidade, tanto no estado recozido quanto beneficiado,

    excelente polibilidade, boa uniformidade de dureza e reprodutibilidade (SANT’ANNA,

    2009; WANDER et al., 2007).

    Os aços são classificados ainda conforme a Norma Alemã Werk Nr (W. Nr),

    no qual se afirma que para o aço P20 existem três tipos, segundo Favorit Aços

    Especiais (2010). Os diferentes tipos de aço P20 se classificam conforme sua

    composição química, e são descritos na Tabela 3.

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    Tabela 3 – Composição química do aço AISI P20 (%).

    W.Nr. Carbono Manganês Silício Cromo

     Molibdênio

    Niquel V

    12.311 0,35 - 0,45 1,30 -1,60 0,20 - 0,40 1,80 - 2,10 0,15 - 0,25 -  -

    12.738 0,35 - 0,45 1,30 - 1,60 0,20 - 0,40 1,80 - 2,10 0,15 - 1,25 0,90 - 1,20  -

    12.711 0,50 - 0,60 0,50 - 0,80 0,15 - 0,35 0,60 - 0,80 0,25 - 0,35 1,50 - 1,80 0,07 - 0,12

    Fonte: Adaptado de Favorit Aços Especiais (2010).

     Alguns aços da série P20 são vendidos já beneficiados, como no caso do W.

    Nr 1.2738 ou também chamado P20+Ni, que segundo as Empresas Metalli aços

    especiais (2011), Villares Metals (2011) e Favorit Aços Especiais (2010), suas

    características são similares aos demais tipos de P20, como boa usinabilidade esoldabilidade, mas com diferentes composições químicas.

    Com base em todas as características do aço P20, afirma Sant’ Anna (2011)

    que este é o aço mais vendido para fabricação de moldes no Brasil, chegando a

    mais de 80% dos casos, levando-se em conta sua qualidade e maior custo/benefício

    no projeto de moldes de injeção. Por este motivo, o aço P20 foi o material definido

    para uso neste trabalho.

    2.1.4 Sistema de refrigeração de moldes

    Postawa et al . (2008) e Pirc et al. (2007) afirmam que a transferência de calor,

    durante o processo de moldagem por injeção, possui grande influência na qualidade

    final das peças que são produzidas, bem como sobre o tempo do ciclo demoldagem. A localização do sistema de refrigeração é um elemento importante na

    confecção do molde, já que o tempo de resfriamento pode representar até 70 % do

    ciclo de injeção.

    Um molde de injeção é um mecanismo complexo que, segundo Meckley e

    Edwards (2009), Saifullah et al . (2009) e Kennedy (2008), juntamente com o material

    injetado, afeta diretamente os padrões de preenchimento. Esta complexidade

    influencia o posicionamento dos canais de refrigeração, que podem levar a

    alterações na temperatura do molde. Essas variações afetam a viscosidade do

    material injetado e assim as características do fluxo final do material.

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    Segundo Hassan et al . (2010a) e Silva (2009), o controle da velocidade com

    que ocorre o resfriamento da peça injetada é de suma importância, pois permitirá

    condições adequadas ao fluxo do material no interior do molde, garantindo o

    resfriamento ideal, eliminando assim, defeitos aparentes na peça, reduzindo custos

    e aumentando a produtividade.

    Dessa forma, na confecção de moldes para injeção de termoplásticos, bem

    como na redução de ciclos do processo ou mesmo para promover melhorias na

    peça formada é necessário atuar no sistema de refrigeração, que precisa ser

    eficiente o suficiente para manter o molde relativamente frio, em comparação com o

    material a ser injetado, e garantir que a peça já esteja solidificada no momento da

    extração. Recomenda-se que a diferença de temperatura entre as superfícies dacavidade do molde deve encontrar-se entre 2 e 5 °C (HARADA, 2004).

    Conforme apresentado por Sacchelli (2007), existem sete tipos de

    refrigeração. São estes: em linha, circular, serpentina ou helicoidal, lâmina ou baffle, 

    cascata ou bubbler, pino térmico ou adaptado ao contorno da peça, conforme

    ilustrado na Figura 4. Cada tipo é utilizado de acordo com as necessidades

    específicas de cada projeto do sistema de refrigeração, seguindo um modelo mais

    apropriado ao desenho da cavidade e ao tamanho do molde (BRITO et al., 2004).

    Figura 4 –  Tipos de sistemas de refrigeração no molde.Fonte: Sacchelli, 2007

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    Os tempos de cada ciclo, inclusive o tempo de resfriamento, podem oscilar

    em função de variáveis como a matéria prima utilizada, a pressão da injeção, a

    espessura da peça injetada, a temperatura ambiente, entre outras (SAIFULLAH et

    al ., 2009; MALLOY, 2000). A temperatura do molde precisa ser o mais uniforme

    possível, dependo exclusivamente do projeto e do resfriamento do mesmo (ROMAN,

    1997).

     Assim, o sistema de refrigeração do molde ajuda a promover a regularidade

    dimensional da peça injetada, evitando problemas decorrentes de contrações

    térmicas (VOLPATO JÚNIOR, 2002). Na Figura 5 são caracterizados os efeitos de

    um processo de resfriamento adequado e um inadequado, que interferem no

    resultado da peça injetada e no tempo total de injeção.

    Figura 5 –  Mecanismo de refrigeração adequado (A) e inadequado (B).Fonte: Silva, 2009.

    Dessa forma, para que o sistema de refrigeração do molde seja eficiente é

    necessário que o mesmo tenha sido projetado corretamente, com boa distribuiçãodo mesmo e em condições adequadas ao fluxo do material (SILVA, 2009; BOM e

    LEÃES, 2008). Outros fatores que influenciam na busca de melhorias do sistema de

    refrigeração são: o tipo de polímero e a temperatura do processamento; temperatura

    do molde uniforme; a forma da peça; a condutividade térmica; a entrada do canal de

    refrigeração e a regulagem dos parâmetros de processo (MECKLEY e EDWARDS,

    2009; BRITO et al., 2004; HARADA, 2004).

    Existem quatro meios de refrigeração dos moldes, escolhidos de acordo com

    o material a ser injetado (SILVA, 2009). São eles:

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    a) água em temperatura ambiente  –  sendo o sistema mais utilizado devido à

    disponibilidade na natureza, baixo custo, baixa viscosidade e ser suscetível a

    tratamentos;

    b) água resfriada, metanol + CO2, gás CO2 e nitrogênio  – empregados quando

    há um superaquecimento do molde ou a temperatura necessita ficar abaixo

    de 3 °C);

    c) óleo e resistências elétricas  –  quando há necessidade de permanecer com

    uma temperatura acima de 80 °C;

    d) ar – similar ao da água, aplicado quando se deseja um resfriamento lento ou

    quando se torna difícil o emprego da água como meio refrigerante.

    Segundo Cruz (2002), uma boa refrigeração acarreta em boa estabilidadedimensional, baixo índice de deformação e boa estética da peça injetada,

    ressaltando a importância do sistema de refrigeração para o bom funcionamento de

    um molde de injeção.

    Trabalhos como o de Hassan et al. (2010b), que avaliam o efeito do sistema

    de refrigeração sobre o encolhimento e a temperatura do polímero durante a

    moldagem por injeção, concluem que não é necessário atingir uma ótima taxa de

    encolhimento para uma completa distribuição do produto, e sim, que o projeto dosistema de refrigeração deve ser otimizado para atingir os objetivos de ambos.

    Desta forma, o uso de diferentes materiais na fabricação dos canais de

    refrigeração, como na utilização de tubos de cobre, pode compensar as dificuldades

    encontradas em moldes com baixa condutividade, como as produzidas em resina.

    Estas alterações podem aumentar a durabilidade do molde e ainda, reduzir os

    tempos de ciclo em até 60% (GONÇALVES et al., 2006).

    No entanto, estes estudos não consideram moldes com tratamentossuperficiais, que devido à alteração em suas propriedades, podem mudar o tempo

    do ciclo de resfriamento. 

    2.1.5 Estudos para redução do ciclo de injeção

    Em um ciclo de moldagem por injeção, o processo de resfriamento ocupa

    cerca de dois terços do tempo total de ciclos. Portanto, um resfriamento eficiente

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    pode reduzir significativamente o tempo de ciclo e os custos operacionais (CHEN et

    al., 2009).

    Estudos sobre a redução do tempo de ciclo de injeção demonstram que, ao

    tentar resfriar o molde, mantendo a temperatura do líquido refrigerante muito baixa,

    a temperatura do molde no início do ciclo será abaixo da necessária para o

    processo. Defeitos no enchimento do molde e na superfície na peça moldada serão

    conseqüências desta condição (SMITH et al., 2008).

     Ainda objetivando esta redução no tempo dos ciclos de injeção de moldes

    termoplásticos, estudos recentes como os de Silva (2009) e Saifullah et al.  (2009),

    atestam ganhos com modificações de canais referentes à troca de calor, pois

    projetando o molde com materiais e dimensões adequadas ao sistema derefrigeração, o ciclo de resfriamento diminuirá, como também o custo final da peça

    injetada. Bom e Leães (2008) afirmam que um sistema eficiente de refrigeração,

    com diferenças menores de temperatura entre os moldes, minimiza efeitos

    indesejáveis, como o empenamento, e promove a distribuição uniforme de

    temperatura através do produto.

    Porém, a otimização dos projetos de construção de moldes, utilizando

    aplicativos de simulação, mostram que são mais eficientes os moldes que possuemcanais de refrigeração que contornam a parte central da cavidade, ou ainda tão

    perto quanto possível da superfície do molde, para aumentar a absorção de calor

    para longe do polímero fundido. Com esta configuração, observam-se reduções no

    tempo de ciclo, bem como melhorias na qualidade do acabamento da superfície, se

    comparado ao molde com refrigeração convencional (canais retos) (DIMLA et al.,

    2005). Neste sentido, muitas propostas de redução do ciclo de refrigeração são

    encontradas visando configurações diferentes de canais de refrigeração modificandoa quantidade e posição destes no molde.

    Uma proposta que aborda modificações na superfície do molde e não no

    sistema de refrigeração é a de Araújo Neto e Delorme (2004),  onde foi aplicado um

    revestimento DLC (diamond-like carbon), que usa carbonos semelhantes ao

    diamante, em um molde de aço. O efeito do revestimento melhorou a velocidade de

    escoamento e o preenchimento do material injetado, devido ao baixo coeficiente de

    fricção, e proporcionou uma redução de aproximadamente 30 % no tempo do ciclo

    de injeção.

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    2.2 TRATAMENTOS DE SUPERFÍCIE

    Os tratamentos térmicos são utilizados para alterar propriedades mecânicas

    (dureza, resistência ou ductilidade) de toda a massa do aço. Porém, inevitavelmente

    o deformam. Nos casos em que se torna desnecessário estes procedimentos,

    utilizam-se os tratamentos de superfície, a partir dos quais apenas uma fina camada

    superficial é modificada, não alterando a estrutura da peça e ainda, aumentando a

    dureza superficial, a resistência ao desgaste e a fadiga (WEN, 2009; YOSHIDA,

    1998).

    Tratamentos térmicos e de superfície são realizados em três fases: (1)aquecimento, (2) manutenção da temperatura e (3) resfriamento (MACHADO, 2006).

    Nestes, a peça é aquecida juntamente com produtos químicos, tais como carbono,

    nitrogênio ou boro. Os dois tipos mais utilizados industrialmente são por cementação

    e por nitretação.

    O tratamento de superfície é o complemento mais importante na linha de aços

    e deve ser selecionado de acordo com o material polimérico a ser utilizado e do

    número de ciclos de injeção desejado para o molde. Por exemplo, Sacchelli (2007)sugere que para o poli(óxido de metila) (POM), o material seja o aço P20, que

    poderia ser utilizado na cavidade com o tratamento de superfície de nitretação.

    De acordo com Sousa (2006) e Ferreira (2001), a procura por tratamentos de

    superfície vem aumentando, principalmente entre as indústrias de moldes, para

    melhorar a produtividade e vida útil desses materiais. Testes com alguns dos

    tratamentos de superfície existentes comprovam que a nitretação apresenta-se

    como a forma mais econômica e eficiente para prevenir os fenômenos de superfície,produzir o mínimo de distorções e elevar a dureza superficial a um custo

    relativamente baixo.

    Por esses fatores, já avaliados anteriormente, é que a nitretação foi definida

    para ser testada também nesse trabalho. É importante ressaltar que não é dada

    atenção à influência deste tratamento de superfície em propriedades como a

    condutividade térmica do molde, o que poderia resultar em melhorias no sistema de

    refrigeração, visto que o tratamento só é levado em conta para melhorar a

    durabilidade do molde.

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    2.2.1. Nitretação

     A nitretação é o processo de introdução superficial de nitrogênio no aço,

    elevando sua temperatura para formar uma camada dura de nitretos, aumentando a

    resistência ao desgaste e a fadiga térmica do aço. Esse tratamento de superfície

    produz menor distorção dimensional e tem menor tendência a causar trincas e

    empenamento no material do que a cementação, por utilizar temperaturas menores

    (SACCHELLI, 2007).

    O processo de nitretação eleva a dureza superficial, aumenta a resistência ao

    desgaste e a fadiga, melhora a resistência à corrosão e a resistência superficial aocalor. Em conseqüência, as peças submetidas à nitretação são menos suscetíveis a

    empenamento ou distorção (CHIAVERINI, 2008).

    Os aços nitretados exibem uma superfície com alta dureza, aproximadamente

    1.000 HV, e, portanto, várias propriedades físicas são melhoradas, assim como a

    resistência à fadiga térmica e à corrosão, tudo devido à morfologia dos nitretos.

    Ferreira (2001) destaca dois tipos de nitretação:

    a) gasosa, resultante da dissolução da amônia, dissociando o nitrogênio damolécula NH3 e levando-o para a superfície do aço, a uma temperatura entre

    500 a 590 °C;

    b) iônica ou por plasma, é um processo de introdução de nitrogênio atômico na

    superfície do material. É realizado em uma câmera sob vácuo, submetendo a

    uma descarga elétrica de alta tensão usada para formar o plasma no qual os

    íons de nitrogênio são acelerados para a superfície do aço.

    Os componentes a serem nitretados são submetidos a uma limpezadesengraxante para, posteriormente, serem inseridos em um forno de nitretação

    gasosa, como ilustrado na Figura 6 (MOREIRA, 2005).

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    Figura 6 –  Ilustração do forno de nitretação gasosa.Fonte: Moreira, 2005.

     A fim de comprovar os efeitos que os elementos de liga dos aços influenciam

    na qualidade da nitretação, Schneider et al. (2007) realizaram experimentos em aços

    da série W (AISI), separados por composição química, e constataram que o

    elemento silício (Si) é o que possui maior efeito sobre a profundidade da nitretação.

    O alumínio (Al) tem maior efeito sobre a dureza superficial e os elementos cromo

    (Cr), molibdênio (Mo) e vanádio (V) possuem pouco efeito em ambos.

    De acordo com Moreira (2005), a nitretação possui melhores resultados em

    aços com as seguintes especificações:

    1) carbono entre 0,2 e 1,2 %;

    2) elementos de liga: molibdênio, cromo, alumínio, vanádio e tugstênio;

    3) elementos como níquel, silício, manganês e cobre, possuem pouco ou

    nenhum efeito sobre a camada nitretada.

    Estudos realizados por Almeida (2009), baseados em análises

    microestruturais e no comportamento ao desgaste de aços ferramenta, comprovam

    a melhora nas propriedades do aço P20, com o tratamento de superfície por

    nitretação. Neste, a nitretação foi realizada pelo processo gasoso (Deganit-

    Brasimet), com os parâmetros de temperatura a 560 °C, atmosfera de 50 % NH3  – 

    50 % N2  – CO2 em pouca quantidade. Na Figura 7 é apresentada a microestrutura

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    resultante de um processo de nitretação gasosa por 8 h a 500 °C, ficando evidente a

    camada formada após o processo.

    Figura 7 –  Microestrutura resultante de um processo gasoso.Fonte: Ferreira, 2001.

     As espessuras e as condições das camadas resultantes do processo de

    nitretação são em função da temperatura, da composição do material e do tempo de

    tratamento. A camada de difusão determina a força da camada nitretada, bem como

    sua resistência à fadiga, enquanto que a camada de compostos (branca) determina

    as características tribológicas e resistência à corrosão (WEN, 2009).

    O tempo de exposição chega até 72 h, mas dificilmente ultrapassa a

    espessura de 0,80 mm, com dureza na ordem de 1.000 a 1.100 HV (CHIAVERINI,

    2008). Na Figura 8 é apresentado o gráfico com a espessura da camada nitretada,

    em relação ao tempo de exposição, com temperatura de 525 °C, destacando-se que

    quanto maior o tempo de processo maior será a formação da camada de nitretos.

    Figura 8 – Gráfico da espessura da camada nitretada no aço P20, com relação ao tempo.Fonte: Chiaverini (2008).

    Camada (Zona)de difusão

    Camada branca

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     A nitretação a gás pode ser realizada de duas formas: em estágio simples

    (com temperatura de 495 a 525 °C, com dissociação de amônia de 15 a 30 %),

    produzindo uma camada superficial rica em nitrogênio e frágil, chamada de camada

    branca; ou em estágio duplo (com temperatura até 565 °C, com dissociação de

    amônia de 65 a 85 %), obtendo uma redução da espessura da camada branca.

    Porém, este segundo estágio não é utilizado na maioria das aplicações, a não ser,

    por exemplo, pela redução do consumo de amônia (CHIAVERINI, 2008).

    Segundo Almeida (2009), a dureza do aço P20 sem o tratamento é de 370 HV

    e após a nitretação gasosa passa a ser de 690 HV, comprovando a influência do

    tratamento de superfície no aumento da qualidade de dureza e resistência ao

    desgaste do aço P20 sem tratamento.

    2.2.2 Influência de tratamentos em moldes de injeção

    Há poucas pesquisas relacionadas sobre a influência de tratamentos

    superficiais em moldes, porém sempre relacionadas à questão de propriedades domolde, ou como a superfície modificada afeta a injeção em relação a qualidade da

    peça, mas não do ponto de vista da transferência de calor e da alteração de

    propriedades como a condutividade térmica.

     A influência da nitretação a plasma em moldes de aço foi testada para avaliar

    as alterações em suas propriedades por Wen (2009). Foi observado que o aumento

    da temperatura de nitretação pode elevar a dureza da superfície, a espessura da

    camada de nitretos e sua profundidade, além do volume de nitretos na superfície doaço, melhorando assim, a dureza superficial, o desgaste e a corrosão. Este estudo

    revelou também que a nitretação não altera a microestrutura do núcleo do aço.

    Tratamentos de superfície são utilizados para melhorar a moldabilidade e

    modificar a superfície do molde, de forma que seja possível reduzir a adesão entre o

    polímero e o aço, diminuindo o coeficiente de atrito. Rossi et al. (2002) observaram 

    reduções no risco de perdas por empacotamento (peça injetada grudar no molde) e

    também, um aumento na rugosidade da superfície do molde, com este tipo de

    tratamento.

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    2.3. PROPRIEDADES TÉRMICAS

    Conforme largamente apresentado na literatura e também abordado por Silva

    (2009), a condutividade térmica é a capacidade que o material tem de conduzir,

    transferir calor automaticamente dos pontos de temperatura mais alta para os de

    temperatura mais baixa. A condutividade térmica “K” do material no estado fundido é

    a quantidade de calor conduzida por unidade de tempo, por um volume unitário,

    quando a temperatura sofre a variação de um grau; que pode ser determinada de

    acordo com a tabela e catálogos oferecidos pelos fabricantes do material.

    Dentre as medidas e propriedades existentes em um processo de injeção determoplásticos, a condutividade térmica é a que está ligada ao bom funcionamento

    do ciclo de resfriamento. Assim, as análises térmicas de condutividade, auxiliam de

    forma a medir a capacidade que os materiais (molde, injetado, refrigerante) possuem

    de transferir calor e, portanto, sua capacidade de resfriamento.

    O polímero injetado perde calor em contado com as paredes do molde e a

    velocidade de transmissão desse calor determina o tempo de resfriamento. Sendo

    assim, o bom dimensionamento dos canais de refrigeração, ajustes para um tempode ciclo de resfriamento menor e um controle da temperatura do líquido refrigerante

    (mantendo-a constante) visando alcançar estabilidade térmica, resultam em uma

    melhor distribuição da temperatura na superfície do molde e conseqüentemente um

    menor tempo de ciclo de injeção (POSTAWA et al., 2008; BARETA, 2007a).

     Atualmente, são realizadas análises dos materiais de moldes, sobre os

    sistemas de refrigeração, a qualidade final do material injetado e os resultados de

    cada material utilizado, observando as diferentes condutividades térmicas. Masainda, pouco é discutido sobre como melhorar essa condutividade térmica no

    processo de injeção.

    Em um estudo comparativo entre materiais alternativos e o aço P20 na

    confecção de cavidades de moldes de injeção, constatou-se que materiais como o

    alumínio possuem condutividade térmica muito superior ao do aço P20, reduzindo-

    se assim o tempo de resfriamento (BARETA, 2007a). Porém, não foram

    consideradas as durabilidades dos moldes, sabendo-se que a durabilidade do

    alumínio é inferior à do aço. Na Tabela 4 são demonstrados os valores de

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    condutividade térmica, que é a propriedade física que descreve a habilidade de

    conduzir calor, de alguns dos materiais utilizados em molde de injeção.

    Tabela 4 – Condutividade térmica de alguns materiais utilizados em moldes de injeção.Materiais Condutividade térmica (W / m.K)

    P20 29

     Alumínio 138

    Cobre 372

    Zinco 110

    Ferro 52

    Zamak 109

    Resina epóxi 1

    Fonte: Protolab (2011), Bareta (2007a).

    Estudos sobre a influência da condutividade térmica, realizados na injeção de

    polímeros, no processo de polimerização do termoplástico, demonstram que as

    propriedades mecânicas (resistência a tração e o módulo de flexão) do polímero

    moldado diminuem quando a condutividade térmica dos materiais utilizados em

    moldes aumenta. Esta alteração deve-se ao fato de que, com a baixa condutividadetérmica, há um aumento de temperatura na cavidade do molde e,

    conseqüentemente afeta a peça injetada (SILVA et al., 2007).

     As propriedades dos materiais para moldes são um fator importante a serem

    analisados no momento de sua definição, pois existem diferenças significativas, que

    causam diferentes tempos de ciclo. Materiais com baixa condutividade podem

    aumentar o tempo de ciclo, ou ainda, deformações como o empenamento da peça

    moldada, é causado pela influencia da condutividade térmica de moldes (KOVACS e

    BERCSEY, 2005).

    Desta forma, é importante analisar a questão da condutividade térmica em

    moldes fabricados com o mesmo material. Se um tratamento de superfície em um

    molde promover melhor transferência de calor (reduzindo o tempo de resfriamento),

    pode-se aliar este ganho ao de durabilidade já reconhecido pelo tratamento.

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    2.4 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA

    2.4.1 Microscopia óptica

     As análises micrográficas correlacionam a microestrutura do material a serem

    analisados com suas propriedades mecânicas, composição, processo de fabricação,

    entre outros. A Microscopia Óptica e a Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

    são métodos utilizados na identificação da microestrutura de materiais (MALISKA e

    SILVA, 2011).Os microscópios ópticos ficam limitados a um aumento máximo de

    2.000 vezes, pois é estabelecido pelos efeitos de difração da luz (com feixe de

    fótons), devido ao comprimento de onda da radiação incidente (DEDAVID et al.,

    2007). Conforme Maliska e Silva (2011) a Microscopia Óptica é a primeira técnica e

    a ferramenta mais usada para examinar a microestrutura de materiais, mas que

    precisa de uma preparação especial da amostra, como o ataque químico, antes da

    análise. A observação das ranhuras, examinadas por microscopia óptica, permite

    identificar quando ocorrem falhas coesivas e adesivas, e determinar as cargas

    críticas correspondentes (SILVA et al., 2011).

     A microscopia é importante na análise dos parâmetros de processos de

    injeção para uma caracterização metalográfica das amostras. Realizadas após as

    nitretações, tem o objetivo de se verificar as propriedades mecânico-metalurgicas

    das camadas e avaliar sua morfologia superficial (SKONIESKI et al., 2008b).Por meio destas análises, é possível verificar a espessura da camada

    nitretada, a presença da camada branca, verificar a zona de difusão do nitrogênio no

    aço, além de se observar as características microestruturais obtidas pelos

    tratamentos de nitretação (REIS e NEIDERT, 2011; ALMEIDA, 2009).

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    2.4.2 Rugosidade

     As avaliações de rugosidade também possuem grande importância, pois

    influenciam no comportamento dos componentes mecânicos, tais como: qualidade

    de deslizamento, resistência ao desgaste, resistência oferecida pela superfície ao

    escoamento de fluidos, entre outros. A rugosidade é o conjunto de irregularidades,

    reentrâncias nas superfícies, que podem ser analisadas por meio de aparelhos como

    o rugosímetro (ROSA, 2007).

    Os parâmetros de amplitude determinados na rugosidade, de acordo com

    Piratelli Filho (2011), são:i) rugosidade média ou aritmética (Ra), parâmetro determinado em função da

    linha média do perfil de rugosidade. Sendo o mais utilizado por ser aplicado

    no controle contínuo da rugosidade na linha de produção e por quase todos

    os equipamentos de medição apresentar esse parâmetro;

    ii) rugosidade total (Rz), definido como o maior valor das rugosidades parciais;

    iii) rugosidade máxima (Rt), que corresponde à distância vertical entre o pico

    mais alto e o vale mais profundo;iv) amplitude máxima de picos (Rp), altura máxima do pico do perfil, distância do

    pico máximo a linha média;

    v) amplitude máxima de vales (Rv), profundidade máxima do vale do perfil,

    distância do vale mais profundo a linha média;

    vi) rugosidade quadrática média (Rq), acentua o efeito dos valores do perfil que

    se afastam da média.

    Os parâmetros são medidos ao longo do comprimento de medição (lm 

    ), comono exemplo da Rp e Rv, na Figura 9.

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    Figura 9 – Ilustração de medição dos parâmetros de Rp e Rv. Fonte: Piratelli Filho, 2011.

    Em estudos, como os de Skonieski (2008a) e Silva (2004), confirma-se que a

    nitretação, conduz a um aumento da rugosidade de forma significativa e perfis com

    as maiores irregularidades, em comparação a amostras não nitretadas.

    De acordo com a empresa Nitrion (2010) e Wen (2009), quanto maior o tempo

    de tratamento e menor temperatura aplicada,  maior será a rugosidade, devido a

    essa deposição de forma desordenada do processo de nitretação. Fato esse que

    explica a nitretação gasosa causar maior rugosidade que a nitretação a plasma (que,em alguns casos, pode provocar a diminuição da rugosidade).

    2.4.3 Microdureza Vickers

    Segundo estudos de Reis et al. (2008) e Almeida Filho (1999) observa-se que

    as superfícies com menor rugosidade superficial apresentam valores mais elevados

    de dureza, em distâncias maiores da superfície, provavelmente devido a maior

    difusão do nitrogênio pela superfície do material.

     A espessura e a microdureza dependem de vários fatores como: a quantidade

    de nitrogênio nascente à superfície da peça, a pressão e a quantidade de nitrogênio

    no gás, a composição química e microestrutura original da peça, influenciam

    diretamente na espessura e na dureza superficial. Sendo assim, o perfil de

    microdureza Vickers também é utilizado para analisar a camada nitretada dos

    materiais (WANKE, 2003).

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    2.5 SIMULAÇÃO DE PROCESSOS DE INJEÇÃO

    O principal objetivo de qualquer tipo de simulação, de acordo com Nishimoto

    (2001), é antecipar possíveis problemas na fase inicial da elaboração de uma peça,

    no qual a modificação do projeto ainda representa pouco investimento e nenhum

    atraso na data de lançamento do produto.

     Assim, para auxiliar a melhora do processo de injeção, diferentes tipos de

    aplicativos de simulação deste processo são empregados visando antecipar

    possíveis erros. Além disso, os parâmetros do processo podem ser ajustados em

    diversas simulações determinando assim as melhores condições de moldagem(TATARA et al ., 2006), conseguindo com isso melhorar o processo como um todo.

    Sacchelli e Cardoso (2007) citam diferentes aplicativos que realizam a

    simulação do processo de injeção de termoplásticos, também conhecidos como

    aplicativos de CAE – Computer Aided Engineering. São estes: Moldflow, Moldex 3D,

    Moldcae, Planets, 3D-Sigma e CadMold . Todos podem ser utilizados para testar a

    eficiência dos moldes e ajustar parâmetros de funcionamento.

    O CAE faz uso do método de análise por elementos finitos (FEA), o qualdiscretiza um desenho de CAD em partes menores, resolvendo um conjunto de

    equações algébricas, obtendo-se os resultados desejados em função do

    carregamento e das condições de contorno. Assim, o aplicativo de CAE baseado em

    FEA são amplamente utilizados para o cálculo de tensões, deslocamentos,

    transferência de calor, escoamento de fluidos, entre outras aplicações (SANTOS et

    al., 2004).

    Conforme citado por Kennedy (2008), com a utilização destes tipos deaplicativos, a simulação da injeção da peça pode ser realizada antes mesmo da

    confecção do molde, prevendo o comportamento do material polimérico durante o

    preenchimento da cavidade e detectando possíveis falhas de projeto ou defeitos do

    molde. Dessa forma, problemas que poderiam surgir apenas depois de

    confeccionado o molde são evitados, melhorando a produtividade e a qualidade na

    fabricação do molde e conseqüentemente das peças injetadas.

    Nishimoto (2001) explica que existem ainda dificuldades na simulação de

    injeção de polímeros por meio de simuladores, tais como: pouco banco de dados de

    resinas nacionais; falta de modelo reológico seguro e único para todos os estados

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    do polímero e manuais incompletos e de difícil compreensão. Esses fatores ainda

    precisam ser eliminados, já que os sistemas precisam analisar resultados baseados

    em modelos físicos e matemáticos, sendo fundamental a introdução dos dados da

    geometria da peça e do material injetado, para que o resultado final esteja de acordo

    com a realidade.

     A simulação é um recurso bastante utilizado para o projeto de canais de

    refrigeração no molde. Kennedy (2008) explica que o posicionamento adequado dos

    canais de refrigeração em um molde é fundamental para controlar a viscosidade do

    material injetado e garantir a qualidade da peça injetada. Por meio de simulações

    pode-se então localizar o melhor sistema de refrigeração para cada tipo de molde,

    por meio de cálculos e dados sobre a densidade, temperatura e a pressão domaterial injetado, oferecendo a possibilidade de avaliar diferentes opções de projeto

    em termos de peça, material e projeto do molde.

    Na prática, este tipo de análise é difícil de ser realizada, pois demanda custos

    elevados e tempos que inviabilizam o custo de um projeto. Além disso, via simulação

    utilizando os tipos de aplicativo citados, obtêm-se mais informações de

    determinadas variáveis de operação, como a temperatura de superfície.

    Sendo a fase de resfriamento a mais significativa por estar diretamente ligadaao custo efetivo das empresas modernas, quanto maior o tempo gasto na produção

    da peça maior será o custo (SAIFULLAH et al., 2009). Por esta razão é tão

    importante compreender e otimizar o processo de transferência de calor de uma

    forma mais eficiente. Esta ação pode ser realizada com o uso de simuladores CAE,

    pois uma redução no tempo gasto em resfriamento aumentaria drasticamente a taxa

    de produção, reduzindo assim os custos.

    Para otimizar o conjunto de parâmetros de resfriamento e localizar o melhorlocal de posicionamento dos canais de refrigeração, Pirc et al.  (2007) utilizaram o

    Método dos Elementos de Contorno (BEM) em comparação ao Método de

    Elementos Finitos (FEM) (mesmo método utilizado pelo aplicativo Moldflow) e

    concluem que ambos são métodos importantes para encontrar os melhores

    parâmetros geométricos em função do seu custo real, além de reduzir as variáveis

    de otimização e tempo de CPU sobre estudos dos canais de refrigeração.

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    2.5.1 Moldflow

    Segundo Schubert et al.  (2002), aplicativos de simulação do processo de

    injeção como o Moldflow, são essenciais para diminuir os custos e reduzir o tempo

    despendido no desenvolvimento e na manufatura dos moldes, pois permitem a

    simulação do preenchimento da cavidade do molde de uma forma detalhada,

    tornando possível seu uso na identificação de parâmetros de processos realistas.

    Uma das principais dificuldades associadas ao uso deste tipo de aplicativo

    consiste no método de resolução das equações bem como na formação da

    geometria do sólido. Em relação ao primeiro fator, Sacchelli e Cardoso (2007)realizaram um estudo sobre o sistema de refrigeração, que comparou os resultados

    da simulação, utilizando o aplicativo Moldflow, com os dados obtidos no processo de

    injeção, em um molde de aço de duas cavidades. Verificou-se que dentre os

    métodos de resolução apresentados, o Cool+Flow (que é um método de cálculo que

    considera o Arrefecimento + Enchimento, adequada para a previsão do desempenho

    do molde e de parâmetros de processo) é o que mais se aproxima dos resultados

    reais.Bareta et al.  (2007b) utilizaram em seus estudos o Moldflow para identificar

    informações como: tempos de injeção e de pressão; pressões de injeção e de

    recalque e taxa de injeção, a fim de configurar a máquina injetora e otimizar os

    resultados do experimento.

    Com o mesmo objetivo, De Blasio (2007) utilizou o mesmo aplicativo para

    solucionar defeitos nos polímeros pelo processo de injeção, como rebarbas,

    manchas, peças incompletas entre outros, e atestou a eficiência do mesmo paraprevenir tais defeitos e otimizar os parâmetros do processo, ganhando economia de

    tempo, de energia elétrica e de material a ser injetado.

    O empenamento é inerente no processo de moldagem por injeção, mas o

    resfriamento uniforme da peça pode reduzir as diferenças dessas distorções.

     Aplicativos de simulação de injeção, como o Moldflow, podem analisar o

    resfriamento e otimizar ou minimizar o empenamento da peça moldada, utilizando

    formas especiais de canais de refrigeração (KOVACS e BERCSEY, 2005).

     Alguns dos resultados que são obtidos pelo aplicativo  Moldflow, segundo

    Miranda (2005), são descritos na Tabela 5.

  • 8/17/2019 Dissertacao Emerson Corazza - MEP 1

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    Tabela 5 –  Resultados obtidos por meio do aplicativo Moldflow.Parâmetro Finalidade

    Fill time (tempo de injeção) Tempo necessário para o polímero

    preencher a cavidade

    Pressure (pressão de injeção) Pressão necessária para o polímero

    preencher a cavidade

    Temperature at flow front   (temperatura da

    frente de avanço)

    Temperatura do material na região da frente

    de avanço

    Bulk temperature at end of