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1 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL – MESTRADO ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM GESTÃO E TECNOLOGIA AMBIENTAL Fernando Sansone de Carvalho A ECOEFICIÊNCIA DOS PROCESSOS DO SISTEMA DE GESTÃO DE UMA FÁBRICA DE COLCHÕES E ESTOFADOS BASEADO NAS SUAS NÃO CONFORMIDADES – ESTUDO DE CASO Santa Cruz do Sul, agosto de 2011

Dissertacao Fernando Sansone Mta v17!7!11 Revisado Final

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  • 1

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL MESTRADO

    REA DE CONCENTRAO EM GESTO E TECNOLOGIA AMBIENTAL

    Fernando Sansone de Carvalho

    A ECOEFICINCIA DOS PROCESSOS DO SISTEMA DE GESTO DE UMA FBRICA DE

    COLCHES E ESTOFADOS BASEADO NAS SUAS NO CONFORMIDADES ESTUDO DE CASO

    Santa Cruz do Sul, agosto de 2011

  • 2

    Fernando Sansone de Carvalho

    A ECOEFICINCIA DOS PROCESSOS DO SISTEMA DE GESTO DE UMA FBRICA DE

    COLCHES E ESTOFADOS BASEADO NAS SUAS NO CONFORMIDADES ESTUDO DE CASO

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao Mestrado em Tecnologia Ambiental, rea de Concentrao em Gesto e Tecnologia, Universidade de Santa Cruz do Sul UNISC, como requisito parcial para a obteno do ttulo de Mestre em Tecnologia Ambiental.

    Orientador: Prof. Dr. Jorge Andr Ribas Moraes Co-orientador: Prof. Dr. Enio Leandro Machado

    Santa Cruz do Sul, agosto de 2011

  • 3

    RESUMO

    Este trabalho apresenta uma proposta de indicador inovador dentro da Tecnologia

    Ambiental, que a avaliao da ecoeficincia de uma empresa pelo vis de suas no

    conformidades de seu sistema de gesto. Esta uma nova abordagem que no descarta as

    tradicionais ferramentas de avaliao da ecoeficiencia de uma empresa; ela na verdade

    incrementa as avaliaes e baseia-se no controle da exceo ou das no conformidades

    ocorridas. As ferramenas tradicionais consideram os valores de medio dos processos

    adotados a partir da premissa de que o processo sempre ser executado com perfeio e

    sem erros, sendo que, na prtica, qualquer processo passvel de erro ou no conformidade

    e, para cada no conformidade, existe um gasto financeiro para consert-lo ou remedi-lo

    com a utilizao de recursos ambientais, seja matria-prima, insumos, embalagens, gua ou

    energia. O estudo foi feito em uma indstria de colches e estofados, tendo validade para

    qualquer empresa. A metodologia utilizada para essa pesquisa baseou-se nos estudos da

    curva ABC; levantamento das no conformidades do processo selecionado; utilizao da

    ferramenta GAIA Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais; Matriz de Leopold;

    Avaliao de Aspectos e Impactos Ambientais; as quais serviram de balisadores para o

    desenvolvimento do indicador proposto INCA Indicador de No Conformidade e

    Ambiental; o qual poder ser implementado pelas organizaes visando uma gesto capaz

    de sistematizar a produo sustentvel.

    Palavras-chave: no conformidade, indicador ambiental, ecoeficincia ambiental, colches e

    estofados.

  • 4

    ABSTRACT

    This paper proposes a novel indicator in the Environmental Technology, which is the

    evaluation of eco-efficiency of a company from the perspective of its non-compliance of its

    management system. This is a new approach that does not rule out the traditional tools of

    eco-efficiency assessment of a company, it actually increases the assessments and is based

    on control of non-compliance or exception occurred. Tools to consider the values of

    traditional measurement of processes adopted from the premise that the process will always

    run smoothly and without error, and in practice any process is error-prone or non-

    compliance, and for each non-compliance, there is a finance expense for repair or remedy it

    with the use of environmental resources, whether raw materials, supplies, packaging, water

    or energy. The study was done in an industry mattresses and upholstery furniture, and

    applies to any company. The methodology for this research was based on studies of the ABC

    curve; survey of non-compliance of the selected process; use of the tool GAIA -

    Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais; Leopold Matrix, Evaluation of

    Environmental Aspects and Impacts, which served as tag for the development of the

    proposed - INCA - Indicador de No Conformidade e Ambiental, which may be implemented

    by organizations seeking a management able to systematize sustainable production.

    Keywords: non-conformities, environmental indicator, environmental eco-efficiency,

    mattresses and upholstery furniture.

  • 5

    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1: Exemplo de estrutura e de preenchimento das RNCs .............................. 15

    Figura 2: Relatrio de Ao Corretiva/Relatrio de Ao Preventiva .................... 17

    Figura 3: Detalhamento das principais etapas utilizadas na metodologia da pesquisa ......... 18

    Figura 4: Aspectos relevantes para as diferentes categorias de indicadores de

    ecoeficincia ........................................................................................................................ 32

    Figura 5: Avaliao de desempenho ambiental e seus indicadores segundo a norma ISO

    14031 ............................................................................................................................. 33

    Figura 6: Indicadores de desempenho ambiental operacional indstria .............. 33

    Figura 7: Indicadores de desempenho ambiental operacional servios ................ 34

    Figura 8: Indicadores de desempenho de gesto ambiental .................................... 34

    Figura 9: Vista area da unidade fabril de Candelria (2009) .................................. 43

    Figura 10: Fabricao do bloco de espuma .............................................................. 44

    Figura 11: Descrio de Processo DP 11 Produo de Espuma ............................. 45

    Figura 12: Laminadora de mantas ............................................................................ 46

    Figura 13: Volume de resduo gerado na montagem dos colches ......................... 47

    Figura 14: Produto para avaliao ............................................................................ 49

  • 6

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Classificao da severidade dos aspectos de sada ................................. 37

    Tabela 2 Classificao da probabilidade de ocorrncia ......................................... 38

    Tabela 3 Referencial para Classificao da Sustentabilidade do Negcio ............. 58

  • 7

    LISTA DE ABREVIATURAS

    5W2H What, When, Where, Why, Who, How, How Much

    AIA Avaliao de Impacto Ambiental

    CNTL Centro Nacional de Tecnologias Limpas

    CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

    DDS Diviso para o Desenvolvimento Sustentvel

    EEA European Environmental Agency

    EMA Environmental Management Accounting

    EMAS Environmental Management and Audit Scheme

    EMS Environmental Management System

    EPA Environmental Protection Agency

    GAIA Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais

    IEFM ndice de Eficincia do Fluxo de Massa

    ISO International Organization for Standardization

    MOVERGS Associao das Indstrias de Mveis do Estado do Rio Grande do Sul

    NBR Norma Brasileira

    ONU Organizao das Naes Unidas

    PDCA Plan (planejamento), Do (execuo), Check (verificao), Act (ao)

    PF Produto Final

    PR Produto Reutilizvel

    RAC/RAP Relatrio de Ao Corretiva/Preventiva

    RES Recurso classificado como Resduo

    RNC Relatrio de No Conformidades

    RNRE Recurso No Renovvel Econmico

    RRE Recurso Renovvel Econmico

    RS Rio Grande do Sul

    SENAI Servio Nacional de Aprendizagem Industrial

    SGA Sistema de Gesto Ambiental

    SGQ Sistema de Gesto da Qualidade

    TDI Tolueno Diisocianato

    TNT Tecido No Tecido

  • 8

    UNISC Universidade de Santa Cruz do Sul

    WBCSD World Business Council for Sustainable Development

  • 9

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1: Classificao da severidade dos aspectos de sada ................................. 37

    Quadro 2: Classificao dos requisitos legais ........................................................... 38

    Quadro 3: Classificao das medidas de controle .................................................... 39

    Quadro 4: Entradas e Sadas do processo produtivo para a fabricao de colches .. 48

    Quadro 5: Resumo da curva ABC ordenada por lucro ........................................................... 49

    Quadro 6: Balano de Material ................................................................................ 50

    Quadro 7: Avaliao de Aspectos Ambientais .......................................................... 55

    Quadro 8: Matriz de Leopold ................................................................................... 56

    Quadro 9: Verificao da Sustentabilidade da Organizao ....................................... 57

    Quadro 10: RNC Registro de No Conformidades ................................................. 60

    Quadro 11: Relatrio de No Conformidades alterado ............................................ 63

    Quadro 12: INCA Indicador de No Conformidade e Ambiental ........................... 66

  • 10

    SUMRIO

    1. INTRODUO .................................................................................................................... 11

    1.1. Objetivos .................................................................................................................. 12

    1.1.1. Objetivo geral .......................................................................................................... 12

    1.1.2. Objetivos especficos .................................................................................................. 12

    1.2. Justificativa ................................................................................................................. 13

    1.3. Metodologia ............................................................................................................... 14

    1.4. Estrutura do trabalho ................................................................................................. 18

    2. REVISO BIBLIOGRFICA .................................................................................................. 19

    2.1. Histrico do Setor de Colches no Brasil .................................................................... 19

    2.2. Competitividade das Indstrias de Colches .............................................................. 21

    2.3. Gesto Ambiental e o Setor de Colches ................................................................... 22

    2.4. Impacto Ambiental e Ecoeficincia ............................................................................ 23

    2.5. Ecogesto e as No Conformidades do Sistema de Gesto .................... 26

    2.6. Ferramentas de Gesto .............................................................................................. 27

    2.6.1. Curva ABC de Produtos .............................................................................................. 28

    2.6.2. Diagrama de Ishikawa ................................................................................................ 28

    2.6.3. No Conformidade ..................................................................................................... 29

    2.6.4. Indicadores de Desempenho ...................................................................................... 30

    2.7. Ferramentas Ambientais ............................................................................................ 30

    2.7.1. Indicadores de Ecoeficincia .................................................................................... 31

    2.7.1.1. ndice de Eficincia do Fluxo de Massa ........................................................... 35

    2.7.2. Avaliao de Aspectos Ambientais ............................................................................. 36

    2.7.3. Matriz de Leopold ....................................................................................................... 39

    2.7.4. Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais GAIA ..................................... 40

    3. RESULTADOS ..................................................................................................................... 42

    3.1. Processo Produtivo de Colches .............................................................................. 42

    3.1.1. Etapas do Processo ..................................................................................................... 43

    3.1.1.1. Fabricao da Espuma .................................................................................. 43

  • 11

    3.1.1.2. Laminao das Mantas ................................................................................. 45

    3.1.1.3. Montagem do Colcho ................................................................................. 46

    3.1.1.4. Embalagem ..................................................................................................... 47

    3.2. Classificao dos produtos da empresa pela curva ABC ............................................. 48

    3.3. Diagnstico do processo produtivo do produto selecionado .......................... 50

    3.3.1. No Conformidades encontradas ............................................................................... 59

    3.4. Prognstico do processo produtivo ...................................................................... 61

    3.5. Indicadores de desempenho da Ecogesto .......................................................... 64

    4. CONCLUSO ................................................................................................................... 68

    4.1. Implicaes Gerenciais ............................................................................................... 68

    4.2. Implicaes Ambientais .............................................................................................. 69

    4.3. Indicaes para outras pesquisas ............................................................................... 70

    4.4. Consideraes finais ................................................................................................... 71

    REFERNCIAS ......................................................................................................................... 72

  • 11

    1. INTRODUO

    Atualmente as questes ambientais ganham cada vez mais destaque na mdia, seja

    pelo noticirio de catstrofes atribudas s mudanas climticas ou por flagrantes de crimes

    ambientais de grandes empresas. De uma forma ou de outra, notrio que existe um

    crescente interesse da populao sobre as questes ambientais que veio na carona da

    evoluo industrial.

    Hoje, o poder pblico comea a fiscalizar mais as empresas por meio de legislaes

    cada vez mais rigorosas, com aplicaes de pesadas multas e, inclusive, com prises de

    alguns empresrios acusados de crime ambiental. Com isso fica claro que a tecnologia e o

    conhecimento na rea ambiental sero impulsionados e o nmero de estudos abordando o

    tema aumentar, visando o melhor entendimento do assunto e melhores formas de

    vivermos de forma sustentvel em nosso planeta, garantindo a perpetuidade de nossa

    espcie.

    Alguns dos benefcios de um trabalho cientfico aplicado no mbito empresarial podem

    ser: melhorar um processo, aperfeioar os resultados de uma empresa e solucionar ou

    mitigar um problema ambiental.

    Dentro de empresas que possuem um universo numeroso de produtos, processos,

    setores, etc., muito comum, nestes casos, adotar estudos que foquem de alguma forma

    naqueles que sejam mais representativos e importantes dentro da organizao, sendo um

    dos caminhos mais comuns o trabalho com a curva ABC.

    Esta pesquisa tambm abrangeu alguns destes propsitos citados anteriormente, haja

    visto que no existem muitas publicaes referentes especificamente ao desempenho

    ambiental da rea da indstria de colches no sul do pas.

    comum, em algumas organizaes deste segmento, haver uma preocupao com a

    imagem da empresa alinhada com as questes ambientais, aumentando suas vendas e

    melhorando sua imagem atravs da adoo de selos verdes, que no so fruto de um

    organismo certificador ou algo desta natureza. Suas agncias de publicidade criam os selos e

    os colocam em seus produtos, a fim de melhorar a imagem da empresa e dos seus produtos.

    Os conceitos de eficincia ambiental, produo mais limpa, ecoeficincia, etc., devem

    ser encarados com certa relatividade, pois eles so referncia entre um mtodo atual de

  • 12

    fazer as coisas e um novo mtodo que consegue, de alguma forma, impactar menos o

    ambiente (ou trazer algum benefcio); mas, com o passar do tempo, so inventados outros

    novos mtodos e a referncia para dizer o que ecoeficiente, ou produzido de forma mais

    limpa, passa a ser sempre a ltima tecnologia empregada.

    Desta forma, prope-se, em primeiro lugar, fazer um diagnstico da situao atual da

    organizao, visando identificar o que a empresa produz erroneamente dentro ou fora do

    seu controle; ou o que ela executa desnecessariamente, designado nesse trabalho de no

    conformidades; para depois, aplicando ferramentas consagradas de avaliao ambiental,

    levantar os pontos crticos da produo do seu principal produto, propor melhorias nos

    processos produtivos e, em seguida, criar indicadores de controle e sistematizar o novo

    mtodo de fazer as coisas.

    1.1. Objetivos

    1.1.1. Objetivo geral

    Aplicar procedimentos de Diagnstico e Prognstico da Ecogesto para uma empresa

    produtora de Colches.

    1.1.2. Objetivos especficos

    Classificar os produtos da empresa selecionada pela curva ABC;

    Diagramar o processo produtivo do produto selecionado, que foi determinado pela

    curva ABC;

    Identificar os impactos ambientais gerados pelo produto selecionado a partir da curva

    ABC;

  • 13

    Priorizar e elaborar proposies para a adequao de no conformidades ambientais e

    econmicas;

    Propor indicadores de gesto capazes de sistematizar a produo sustentvel.

    1.2. Justificativa

    No mercado de colches do Brasil as empresas tm a atuao dos concorrentes em

    mbito regional, no sofrendo uma ao efetiva de fbricas geograficamente distantes. Uma

    das hipteses para essa ocorrncia que h um grande volume dos produtos

    manufaturados e um impacto no custo do frete para transportar os produtos at os clientes.

    Esse fato faz com que as empresas, de modo geral, vivam em uma realidade de pouca

    concorrncia e com pouco interesse na mudana ou na melhoria dos seus processos, salvo

    quando surge, por exemplo, uma ao forte da concorrncia ou a fora de uma lei

    ambiental, fazendo com que saiam da inrcia para promover alguma modificao. Sendo

    assim, essa rea da indstria tem muito a evoluir e este trabalho visa a contribuir no sentido

    de melhorar o desempenho ambiental e, por consequncia, os resultados financeiros

    daquelas organizaes.

    A classificao dos produtos pela curva ABC importante porque existe uma grande

    variedade de produtos na empresa e o trabalho seria extenso demais caso fossem

    abordados todos, ao passo que, atravs da classificao pela curva ABC, pode-se dirigir os

    esforos queles que so os mais representativos em termos de vendas, de volume

    produzido e de faturamento.

    O monitoramento da gesto ambiental por meio de indicadores traz como benefcio

    para as organizaes a possibilidade da medio, j que s se gerencia o que se mede, sendo

    possvel, inclusive, a comparao de desempenho entre empresas.

    As normas brasileiras da srie NBR ISO 14001 (certificao ambiental), 14031 e 14032

    (que tratam da Gesto Ambiental Diretrizes para avaliao do desempenho ambiental e

    exemplos da avaliao, respectivamente) so adotadas por algumas empresas e, como so

    normas internacionais, podem ser usadas para comparativo de qualquer empresa.

    A realidade que poucas so as empresas desse segmento que possuem a certificao

    na norma ISO 14001; e mesmo as que tm, no adotam os mesmos indicadores e a forma de

    gerenciamento do seu sistema, o que dificulta o comparativo de desempenhos.

  • 14

    1.3. Metodologia

    A Metodologia tem como funo posicionar os pesquisadores e ajud-los a refletir e a

    instigar um novo olhar sobre o mundo: um olhar curioso, indagador e criativo (SILVA, 2001).

    Neste trabalho, a metodologia usada foi uma pesquisa de natureza aplicada, com

    abordagem qualitativa de objetivo exploratrio procedido como estudo de caso,

    desenvolvido em uma empresa fabricante de colches do Rio Grande do Sul.

    Os levantamentos dos dados ocorreram por meio de entrevistas semiestruturadas ao

    gerente da rea industrial, visando obter o conhecimento do processo produtivo para

    posterior anlise e propor crticas e sugestes de melhorias. Tambm se evidenciou o

    processo por meio de registros fotogrficos, os quais serviram para demonstrar como a

    organizao processa seus produtos e como ocorrem as no conformidades.

    Aps a caracterizao da empresa estudada e da famlia de produtos escolhida para a

    investigao, a qual foi feita a partir da aplicao da curva ABC (WERKEMA, 1995), tambm

    se utilizou de ferramentas de diagnstico para identificar os impactos ambientais por meio

    da Matriz de Leopold (LEOPOLD, 1971); Avaliao de Aspectos e Impactos Ambientais

    (SENAI/CNTL, 2003); Indicador de Ecoeficincia de Fluxos de Massa IEFM (OLIVEIRA et al,

    2005) e Gerenciamento de Aspectos e Impacto Ambiental GAIA (LERPIO, 2000).

    As no conformidades foram relacionadas partindo de informaes existentes na

    empresa e por ela disponibilizadas. Toda e qualquer ocorrncia de no conformidade, em

    qualquer que seja a atividade de qualquer processo, registrada em um documento

    chamado de Relatrio de No Conformidade, ou simplesmente RNC. Estas no

    conformidades foram base para o incio do levantamento dos dados utilizados para

    verificar a ecoeficincia dos processos dentro do sistema de gesto, uma vez que cada no

    conformidade resulta em desperdcio de recursos para efetuar sua correo.

    A metodologia para a etapa de prognstico foi apoiada em trabalhos de

    implementao de Produo Mais Limpa do CNTL Centro Nacional de Tecnologias Limpas

    SENAI-RS (SENAI, 2003). Cumprida esta etapa, priorizaram-se as proposies para a

    adequao das no conformidades ambientais e econmicas encontradas. Para a soluo

  • 15

    das no conformidades utilizou-se o mtodo cientfico de resoluo de problemas, baseado

    na metodologia do PDCA (Plan, Do, Check e Action) adotado pela empresa, o qual aponta

    para dois caminhos: um para no conformidades que geram impactos pouco expressivos no

    negcio da empresa e outro que gera impactos significativos.

    No caso de gerar pouco impacto no negcio da empresa, aps o registro da no

    conformidade, identifica-se o responsvel pelo registro e o responsvel pela tomada da ao

    corretiva, que deve ser igualmente registrada no RNC, incluindo a data na qual foi

    preenchido o registro, conforme fragmento de documento da empresa representada na

    figura 1:

    Figura 1: Exemplo de estrutura e de preenchimento das RNCs

    J no caso em que h a gerao de impactos significativos no negcio da empresa,

    deve-se adotar uma ao imediata para interromper os efeitos da no conformidade.

    Caso no haja urgncia para a tomada de uma ao imediata, rene-se as pessoas com

    conhecimento tcnico para ajudar a resolver a no conformidade, gestores das reas de

    interesse, responsveis diretos pela ocorrncia ou afetados diretamente com o problema,

    identificando-se a causa raiz da no conformidade, relacionando suas origens ou principais

    causas de acordo com os 6 grupos:

    Mo de obra: negligncia, falta de treinamento de pessoal, inaptido,

    descumprimento do padro, falta de comunicao, etc.;

    Material: desacordo com o padro, mudana, dosagem errada, fora de validade,

    conservao inadequada, manuseio inadequado, preparo errado, defeito, compra errada de

    material, entrega errada, etc.;

    Mtodo: falta ou inexistncia de mtodo formal para a realizao da tarefa,

    mtodo inadequado ou ineficiente, acesso ao mtodo difcil ou impossvel, ritmo

    inadequado, processo de fabricao inadequado ou ultrapassado, etc.;

  • 16

    Meio ambiente: leiaute inadequado, ergonomia falha, intempries, iluminao

    deficiente, ventilao ineficiente, falta de condio de trabalho, desastres climticos,

    sazonalidade, mercado, etc.;

    Mquinas: Equipamento com defeito, falta de manuteno preditiva ou preventiva,

    defasagem tecnolgica, desgaste, regulagem inadequada, projeto ultrapassado (obsoleto),

    erro de operao da mquina, etc.; e

    Medidas: dimensional fora do padro, falta ou inexistncia de padro de

    medidas, falta de calibrao dos instrumentos de medida, erro de dosagem, super ou

    subdimensionamento, falta de instrumento de medida, etc.

    Identificados os grupos que podem ser as causas da no conformidade, procura-se, a

    partir desse levantamento prvio, descobrir a causa principal que gerou o efeito, valendo-se

    do consenso do grupo.

    Para as causas fundamentais criado um plano de ao baseado no 5W2H (What,

    When, Where, Why, Who, How, How Much) resumido em: aes a serem tomadas para

    impedir que a no conformidade ocorra novamente, local onde a ao deve ser

    implementada, quem ser o responsvel pela implementao, prazo estipulado para

    concluso e dia em que a ao foi efetivamente implementada. Alm do registro dos

    participantes, tambm h um espao para o acompanhamento, que o fechamento depois

    de evidenciada a eficcia das aes.

    A figura 2 apresenta o relatrio utilizado pela empresa para o preenchimento dos

    RAC/RAP para a soluo ou a preveno da no conformidade:

  • Figura 2: Relatrio de Ao Corretiva/

    Por fim, feita a proposio da criao de indicadores de gesto para

    evoluo da sistematizao

    A figura 3 mostra o fluxograma com

    metodologia desta pesquisa.

    Relatrio de Ao Corretiva/Relatrio de Ao Preventiva

    a proposio da criao de indicadores de gesto para

    o da produo sustentvel.

    fluxograma com o detalhamento das principais etapas

    desta pesquisa.

    17

    a proposio da criao de indicadores de gesto para acompanhar a

    o detalhamento das principais etapas utilizadas na

  • Figura 3: Detalhamento das principais etapas utilizadas na metodologia da pesquisa

    1.4. Estrutura do trabalho

    No primeiro captulo

    e especficos), a justificativa da escolha da rea estudada

    chegada aos resultados desejados.

    O segundo captulo

    reviso bibliogrfica fundamenta

    autores sobre as metodologias aplicadas

    O terceiro captulo abord

    escolhido a partir da curva A

    encontradas. Aps um prognstico dos processos analisados

    aplicao da metodologia,

    A concluso apresenta

    para trabalhos futuros e a avaliao d

    no.

    Detalhamento das principais etapas utilizadas na metodologia da pesquisa

    balho

    apresentada a introduo, com a descrio

    ), a justificativa da escolha da rea estudada e a metodologia utilizada para

    aos resultados desejados.

    apresenta o desenvolvimento do corpo do trabalho,

    reviso bibliogrfica fundamenta-se por meio do estado da arte, revendo os conceitos de

    metodologias aplicadas e as definies mais aceitas no meio cientfico

    aborda a descrio dos processos produtivos do principal produto

    escolhido a partir da curva ABC, seguido de um diagnstico das no conformidades

    um prognstico dos processos analisados, dos resultados obtidos

    , sugere-se o monitoramento do sistema por meio de indicadores

    A concluso apresenta o fechamento do trabalho, trazendo algumas recomendaes

    os e a avaliao dos objetivos propostos, se estes

    18

    com a descrio dos objetivos (gerais

    e a metodologia utilizada para a

    o corpo do trabalho, no qual a

    , revendo os conceitos de

    as definies mais aceitas no meio cientfico.

    a descrio dos processos produtivos do principal produto

    das no conformidades

    resultados obtidos e da

    se o monitoramento do sistema por meio de indicadores.

    algumas recomendaes

    , se estes foram atendidos ou

  • 19

    2. REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1. Histrico do Setor de Colches no Brasil

    No Brasil, o setor de colches est integrado ao contexto do segmento moveleiro.

    Neste sentido, a abordagem inicial nesta etapa ser feita para o setor moveleiro.

    O setor moveleiro composto por vrias indstrias dos segmentos de madeira, metal

    e outros materiais em todo territrio nacional. A indstria brasileira de mveis est entre as

    mais importantes do segmento das Indstrias de Transformao no Pas, no s pela

    importncia do valor da sua produo, mas tambm pela sua gerao de empregos dentro

    da indstria nacional.

    Segundo fontes da Associao das Indstrias de Mveis do Estado do Rio Grande do

    Sul MOVERGS, de 2009, no Rio Grande do Sul existem 2,7 mil indstrias moveleiras. No

    Brasil, so 14.657 indstrias. A indstria moveleira gacha formada por um conjunto de

    2.700 empresas, das quais 86% produzem mveis de madeira, 8% mveis de metal, cerca de

    5% mveis estofados e 1% outros mveis.

    O setor de mveis gacho composto principalmente por pequenas e mdias

    empresas, cerca de 42% faturam at R$600 mil/ms; 16% faturam de R$ 601 mil a R$ 1,2

    milhes; 32% faturam de R$ 1,2 a R$5 milhes/ms e apenas 10% faturam acima de R$ 5

    milhes/ms. No RS, o setor moveleiro emprega aproximadamente 39 mil pessoas. No Brasil

    so 239.688 mil empregados.

    Sobre a indstria moveleira gacha, em 2009, ainda segundo a MOVERGS:

    Houve faturamento de R$3,85 bilhes, representando 18% do Faturamento

    Nacional;

    Houve exportao de U$200 milhes, representando 28% das Exportaes

    Nacionais;

    As exportaes do estado representam 9,9% sobre o valor total do faturamento; e

    A indstria de mveis gacha responsvel por 18% da produo nacional e por

    28% das exportaes brasileiras.

    Em valores monetrios, o setor produziu, em 2009, R$19 bilhes, o que equivalente a

    1,3% do valor do faturamento da indstria de transformao, a excludas as indstrias

    extrativas mineral e a construo civil.

  • 20

    As indstrias de colches no tm uma entidade nacional de classe separada; no geral,

    esto associadas junto a outras indstrias de mveis no Brasil, talvez pelo fato de as

    indstrias de colches no movimentarem um valor considervel, j que representam

    menos de 5% do setor moveleiro.

    Essa indstria vem h muito tempo trabalhando no sentido de satisfazer uma

    necessidade bsica de todos, que a de todos os dias dormirem para repor suas energias,

    sendo que desde sempre o homem buscou o melhor e mais confortvel lugar para dormir.

    Foi esta busca que fez os ancestrais do homem desenvolverem os colches, desde os mais

    primitivos (feitos de pele de animais e folhas) aos mais sofisticados que existem hoje em dia.

    Com o passar do tempo o colcho foi virando um verdadeiro smbolo do luxo, isso aconteceu nas culturas mais avanadas tais quais as Egpcias, Romanas e Gregas. Em 3400 a.c. o Rei Tut dormia em uma cama feita de bano (madeira nobre), enquanto os cidados dormiam sobre folhas de palmeira. Estima-se que o primeiro colcho foi desenvolvido pelos romanos. Ele era feito de palha, pelos de animais, algodo e l. Alm disso, os romanos ainda desenvolveram o primeiro colcho de gua, diferente de hoje em dia, ele era utilizado com gua morna para deixar a pessoa com sono, assim como uma banheira. A primeira cama desenvolvida foi no sculo XVI. O colcho era colocado sobre uma trelia de cordas fixas em uma estrutura regular de madeira. A primeira pessoa que comeou a fazer colches como forma de negcio foi Daniel Hayness, que era um fabricante de mquinas de descaroar algodo, que acabou inventando uma mquina que comprimia algodo. Seu colcho (de algodo) ficou to famoso que ele patenteou sua marca em 1889, e ficou conhecido como o colcho de Sealy, porque a cidade em que morava era Sealy, Texas. A estrutura de molas surgiu aps a revoluo industrial, e utilizada primeiramente em assentos de cadeira. Na forma de colcho, ela foi inventada por Herinch Westphal. Um dos maiores problemas, por volta de 1900, era a freqncia em que se encontrava insetos nos colches, pois os mesmos tinham enchimento orgnico no tratado. J os colches de algodo tinham um grande problema em climas quentes e midos, eles tinham uma grande chance de mofar, isso diminuiu muito com a inveno de novas tecnologias. Outro problema enfrentado por volta do anos 50 e 60 nos colches de algodo diferentemente dos de mola ou espuma, que ficavam mais firmes ao envelhecerem. Os colches de molas comearam a aparecer mais por volta dos anos 20, mas suas vendas cresceram aps o trmino da 2 Guerra Mundial. Aps pouco tempo de mercado alm dos tamanhos tradicionais surgiram os tamanhos king e queen. O ltex surgiu durante a guerra para substituir a borracha, e aps algum tempo, passou a ser utilizado na fabricao de colches e travesseiros. Os tecidos metalass (bordados) tomaram o mercado no final dos anos 50 comeo dos anos 60, dominando o mercado at hoje. Muitas empresas foram surgindo na dcada de 50, mas logo desapareceram do mercado. Com o aumento da tecnologia vrios tipos de molejo foram surgindo no mercado, proporcionando um conforto maior ao dormir. No incio o molejo era formado por simples molas cnicas ou bi-cnicas, feitas a mo. Hoje os tipos de colcho variam entre vrios fabricantes e tambm entre vrios tipos de molejo que podem ser: Bonel, Superlastic, LFK, Posturepedic, DSS (Dual Suport Sistem), Pocket, Beatyrest e

    outros. (http://www.colchoes.com/voce_sabia.htm).

  • 21

    A indstria de colches de espuma no Brasil iniciou em So Paulo, no final dos anos 50,

    com a Orion, e tomou fora da em diante dividindo o espao dos colches de mola. Com a

    intensificao do uso das espumas, permitiu s empresas tambm utilizar este material para

    fabricao de mveis estofados, fazendo com que grande parte das empresas fabricantes de

    colches pudessem fabricar estofados.

    Neste contexto, ampliaram-se muito as fbricas de colches no final do sculo

    passado, aproveitando o momento de franca expanso na substituio dos colches de

    palha e algodo, primeiro por colches de espuma e depois por colches de mola com base

    (dispensando o conjunto colcho + cama), que so as chamadas camas Box.

    2.2. Competitividade das Indstrias de Colches

    A indstria de colches tem uma caracterstica marcante: atuar regionalmente devido

    ao grande volume de seus produtos e o impacto do frete para a explorao de mercados

    muito distantes. Em funo disso, as indstrias esto geralmente muito prximas dos

    mercados consumidores e sofrem concorrncia de outras empresas regionais, ficando

    praticamente de fora a competio com produtos globais fabricados nos diversos cantos do

    mundo.

    Esse panorama faz com que os produtos sejam de preo elevado, com demora no

    atendimento, pouca preocupao com a satisfao de seus clientes e a nica ameaa a

    empresa vizinha. Neste contexto, vista como um grande avano qualquer melhoria

    aplicada nestas empresas, principalmente tecnologias recentes de cunho ambiental, como a

    Produo mais Limpa ou ecoeficincia, que podem colocar em evidncia qualquer empresa

    deste setor devido ao ineditismo e falta de iniciativa das demais concorrentes.

    Atualmente, no Brasil, poucos produtos de cunho ambiental so vistos no mercado de

    colches; so praticamente inexistentes empresas que tm suas plantas fabris adotando

    conceitos de produo mais limpa, ou mesmo que, no mnimo, j tenham feito algum

    levantamento de sua ecoeficincia.

  • 22

    2.3. Gesto Ambiental e o Setor de Colches

    A sociedade atualmente est voltando seus olhos cada vez mais para as questes

    ambientais. Entre uma das fontes poluidoras mais comuns esto os produtos que a empresa

    de colches utiliza para sua fabricao e durante o uso dos produtos, o que acaba

    impactando o ambiente. A sociedade deixa presso para os fabricantes, que tem mais

    recursos financeiros para amenizar o problema e tambm desenvolvem tecnologias capazes

    de mitigar ou reduzir a gerao dos rejeitos durante e aps a sua produo.

    O certo que cada vez mais as questes ambientais estaro em evidncia e as

    empresas podem tirar proveito disto, [...] podemos citar o exemplo dos produtos que

    utilizam a preservao ambiental como recurso estrutural e elementar nas campanhas de

    divulgao e marketing. Tais produtos caminham naturalmente na vantagem daqueles que

    no lidam com essas questes emergentes e fundamentais [...]. (CUNHA, 2009, p.55).

    Existem alguns esforos dos fabricantes no que tange ao uso de matrias-primas

    renovveis em substituio aos produtos tradicionais oriundos de fontes derivadas de

    petrleo, como o caso das espumas provenientes de poliol vegetal, sendo que a espuma

    a matria bsica dos colches. No entanto, aes como esta, que so apontadas como

    benficas ao meio ambiente, no so diferenciais para as empresas, pois as matrias-primas

    alternativas desenvolvidas pelas indstrias de base esto disponveis a todos os fabricantes

    de colches, ficando difcil a diferenciao se todos tm o mesmo acesso.

    As grandes diferenciaes devem estar no processo interno de cada fbrica de

    colches bem como nas suas estratgias de novos produtos de apelo ambiental, gerando um

    ganho ambiental e financeiro para a empresa atravs do emprego de tecnologias limpas e da

    ecoeficincia. Em uma empresa de colches normalmente existem poucos resduos se

    comparados ao volume produzido, mas ainda assim existem oportunidades de melhoria nos

    processos. Considerando-se os resduos gerados no processo de produo, pode-se destacar

    como os principais: resduos de produtos qumicos da fabricao da espuma (poliol), aparas

    de tecido, espuma expandida e serragem de madeira.

    As principais experincias de gesto ambiental para um setor semelhante ao de

    colches esto descritas para o setor moveleiro, que est sendo utilizado de base

    comparativa por aproximao entre os dois setores.

  • 23

    O trabalho de Grael e Oliveira (2010) aborda uma integrao entre dois sistemas,

    certificveis pelas normas ISO 9001 e ISO 14001, em um estudo de caso de uma empresa do

    setor moveleiro, no qual busca-se tirar proveito com a integrao do Sistema de Gesto da

    Qualidade (SGQ) e do Sistema de Gesto Ambiental (SGA). O trabalho resulta em 11

    proposies prticas para a integrao entre os sistemas, a saber:

    Compromisso da alta administrao;

    Apoio administrativo, financeiro e pessoal;

    Servios de consultoria;

    Coordenao do programa de integrao;

    Interface entre os sistemas;

    Capacitao tcnico-gerencial;

    Sistema de liderana;

    Prospeco, avaliao e desenvolvimento de fornecedores;

    Sistema de informao;

    Indicadores; e

    Comunicao com o cliente.

    A agncia americana de proteo ambiental, EPA Environmental Protection Agency,

    apresenta um manual com as melhores prticas de gesto para a preveno de poluio

    para indstrias fabricantes de espuma (EPA, 1996), como no caso da empresa estuda, mas

    uma situao que aborda a preveno da poluio e no apresenta relao com falhas ou

    no conformidades. Ou seja, o material que especfico para o tipo de empresa similar a do

    estudo no aborda as questes-chave deste trabalho, que a relao entre a gesto, a

    ecoeficincia e as no conformidades.

    2.4. Impacto Ambiental e Ecoeficincia

    Conforme a Resoluo n. 01/86 do CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente,

    Impacto Ambiental pode ser definido como:

  • 24

    Qualquer alterao das propriedades fsicas, qumicas e biolgicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a sade, a segurana e o bem-estar da populao; as atividades sociais e econmicas; a biota e a qualidade dos recursos ambientais (p.1).

    No incio do processo de industrializao, as empresas no tinham preocupao com

    os impactos ambientais e simplesmente faziam suas atividades e, mais tarde, apareceria, ou

    no, algum dano ou impacto ao meio ambiente, e a opinio pblica tomava conhecimento

    somente de grandes catstrofes ambientais.

    Hoje os novos empreendimentos j necessitam avaliar seus impactos antes do incio de

    suas atividades, ainda na forma de projeto, a chamada Avaliao de Impacto Ambiental

    AIA, que descrito por Jay et al. (2007) como a avaliao dos efeitos que podem surgir a

    partir de um grande projeto (ou outra ao) que afete significativamente o ambiente. um

    processo sistemtico que considera os possveis impactos antes de tomada de deciso sobre

    se dever ser dada autorizao para uma proposta prosseguir ou no. A AIA exige, entre

    outros itens, a publicao de um relatrio de AIA para descrever os provveis impactos

    significativos em detalhes. A consulta e a participao do pblico so partes integrantes da

    presente avaliao. A AIA , portanto, uma antecipao ou uma ferramenta de

    gerenciamento ambiental participativa.

    Segundo Delavy (2009), o processo industrial ser mais ecoeficiente, quanto maior for

    a relao entre a massa dos seus recursos renovveis e dos no renovveis. Por recurso

    econmico se entende todos os insumos adquiridos pela empresa, os quais possuem valor

    econmico agregado provindo dos seus processamentos. Alm de poupar gastos ao

    processar seus prprios insumos, a empresa ecoeficiente poder ter um controle mais

    amplo sobre a atividade no que se refere minimizao das alteraes causadas por esta

    sobre o ecossistema. O processo tambm ser mais ecoeficiente na medida em que se

    aperfeioe o aproveitamento dos seus recursos, gerando menos resduos, eliminando ou

    mitigando os impactos ambientais. Com relao sada dos produtos, deve-se maximizar a

    massa do produto final, agregando valor econmico, e a massa que reintegrada ao

    processo. Ou seja, da massa total de sada deve se obter o mnimo de resduos.

    Nesse contexto, a poltica nacional de resduos slidos (BRASIL, 2010) refora a

    implantao da chamada logstica reversa, reforando a necessidade de verticalizao da

    produo para retornar ao mximo, no apenas resduos, mas tambm produtos que

  • 25

    tenham rejeio para serem reaproveitados no processo produtivo. Isto reforar como lei a

    ecoeficincia.

    Em alguns casos estudados por Ferreira et al. (2008), de empresas que formam a base

    da principal matria-prima do setor moveleiro, no caso a madeira, nota-se que j existem

    empresas (uma das trs estudadas) que trabalham no sentido da logstica reversa,

    destinando as sobras do corte das madeiras para venda de um novo produto do portflio

    desta empresa, que destinado gerao de energia no funcionamento de estufas de

    secagem de madeira e outros produtos.

    Ainda no setor moveleiro, Pizzinatto et al. (2007) identificaram, atravs de estudo de

    caso, uma empresa que efetivamente obteve ganho com o uso da logstica reversa a partir

    de um problema que esta tinha, que era o valor e o tempo muito alto gastos com assistncia

    tcnica, os quais foram diminudos em funo da adoo deste sistema.

    Pode-se utilizar dos conceitos da Logstica Reversa para o caso em estudo Indstria

    de Colches e Estofados, pois esta se caractriza como uma empresa de transformao em

    massa, como o caso da Indstria de Transformao de vidros onde, Gonalves e Marins

    (2006) aplicaram o procedimento de logstica reversa para o setor de laminao de vidros

    considerando a recuperao das aparas de vidro e polivinilbutiraldedo. Aspectos logsticos

    como a organizao de rea de armazenamento transitrio destas aparas e a logstica de

    transporte para o fornecedor das matrias-primas foram considerados. Dessa maneira, para

    uma unidade do produto final, com rea nominal de 250m2, foi possvel, com a aplicao da

    logstica reversa, reduzir perdas com as aparas entre US$122,50 e US$245,00 por unidade do

    produto final (ou seja, de US$0,49/m2 a US$0,98/m2). Outro aspecto importante deste

    trabalho foi a possibilidade de ofertar aos clientes de vidro laminado, que, ao participarem

    do processo de logstica reversa, teriam descontos entre 1,5% a 2,5% no preo da matria-

    prima. Tambm foi considerado que os custos de reprocesso e de transporte das aparas

    poderiam ser reduzidos caso fosse negociada uma poltica de fretes de retorno mais

    apropriada.

    Existe o registro de um estudo de caso, descrito por Argenta (2007), focado na reduo

    dos impactos ambientais no setor moveleiro (que engloba os colches e estofados) de uma

    cidade prxima cidade da empresa estudada, onde foram constatados os setores da

    pintura e acabamento como os processos e subprocessos com significativa relevncia

    ambiental, mas que no esto presentes na indstria de colches e estofados. O trabalho

  • 26

    ainda mostra que as empresas da regio carecem de uma participao ativa no

    cumprimento de sua responsabilidade ambiental e que existe espao para um trabalho de

    produo mais limpa com reduo do consumo de energia e matria-prima desqualificada.

    2.5. Ecogesto e as No Conformidades do Sistema de Gesto

    A Ecogesto e as No Conformidades do Sistema de Gesto esto sendo tratadas

    juntas neste trabalho devido ao fato de ser esta a base ou o ponto-chave de todo o estudo;

    ento, pretende-se, assim, julgar a ecoeficincia da empresa baseada na sua ecogesto, ou

    melhor, na eficincia do seu processo de gesto atravs de suas no conformidades do

    sistema de gesto.

    Para tanto importante revisar alguns conceitos e definir outros com base nos estudos

    j feitos, pois os conceitos dos itens citados anteriormente so novos e no so unnimes e

    de uso corrente para a vasta maioria das empresas, principalmente no uso do dia a dia no

    Brasil.

    Segundo o Conselho Mundial para o Desenvolvimento Sustentvel WBCSD (World

    Business Council for Sustainable Development), a ecoeficincia alcanada pela entrega de

    mercadorias a preos competitivos e servios que satisfaam as necessidades humanas e

    tragam qualidade de vida, enquanto reduz progressivamente os impactos ecolgicos e a

    intensidade do uso de recursos.

    De acordo com Erkko et al. (2005), o conceito de ecoeficincia surgiu na dcada de

    1990 como sendo a busca nos negcios pelo desenvolvimento sustentvel e se tornou

    habitual para defini-lo como uma combinao de eficincias econmicas e ambientais

    (ecolgicas).

    Muitos estudos de ecoeficincia abordam a Contabilidade da Gesto Ambiental ou, em

    ingls, Environmental Management Accounting EMA, inclusive com incentivo da Diviso

    para o Desenvolvimento Sustentvel (DDS), da Organizao das Naes Unidas ONU, em

    cooperao com um nmero de rgos governamentais e especialistas no governamentais.

    Conforme Jasch (2003), o foco central da Contabilidade da Gesto Ambiental pode ser

    especificado nos procedimentos da metodologia EMA, os quais estabelecem um controle

    para a avaliao do total das despesas ambientais anualmente: reduo e tratamento das

    emisses, disposio de resduos e operacionalidade da gesto e da proteo ambiental.

  • 27

    Alm disso, um novo desafio para a maioria das empresas. O valor de compra de material

    que, ao final do processo, no virou produto e seus custos de produo so adicionados.

    Esta soma total frequentemente oferece um quadro assustador dos custos anuais de

    ineficincia e incita as empresas melhoria de seus sistemas de informaes. Assim sendo,

    as opes para melhorar a eficincia do fluxo de material na produo deve ser o principal

    objetivo da produo mais limpa.

    Na Europa h o regulamento Environmental Management and Audit Scheme EMAS

    (Reg. CE 761/01), que o regime comunitrio implementado pela Comisso Europeia desde

    1993 e serve para a implementao de um Sistema de Gesto Ambiental SGA ou, em

    ingls, Environmental Management System EMS, de qualquer organizao.

    O sistema EMS foi inicialmente proposto pela Comisso Europeia e pela ISO como

    favorito de uma srie de instrumentos polticos que permitem s empresas perseguir,

    simultaneamente, objetivos ambientais e metas competitivas de uma forma sinergtica

    (IRALDO et al, 2009).

    Com estes mecanismos, h o SGA da organizao, que pode ser incrementado pelo

    EMA, ligando os gastos com questes ambientais de uma empresa contabilidade. Para

    auditar este processo existe o EMAS, que faz o acompanhamento e o registro dos

    acontecimentos.

    2.6. Ferramentas de Gesto

    Fazer o trabalho de gesto requer o uso de ferramentas que ajudem e facilitem o

    trabalho do gestor, podendo estas ser dos mais variados tipos e aplicaes, e que so criadas

    e aperfeioadas constantemente buscando otimizar os resultados obtidos.

    As ferramentas de gesto podem servir para diversas aplicaes e podem ter

    aplicaes muito especficas. A seguir so apresentadas algumas ferramentas utilizadas no

    estudo.

  • 28

    2.6.1. Curva ABC de Produtos

    A Curva ABC, tambm conhecida como curva 80-20, baseada no teorema do

    economista Vilfredo Pareto, que viveu na Itlia, no sculo XIX. Em estudo sobre a renda e a

    riqueza, ele observou que uma parcela pequena da populao, em torno de 20%, era a que

    concentrava a grande parte da riqueza (cerca de 80%).

    De acordo com Werkema (1995), o princpio de Pareto estabelece que os problemas

    relacionados qualidade (percentual de itens defeituosos, nmero de reclamaes de

    clientes, modos de falhas de mquinas, perdas de produo, gastos com reparos de

    produtos dentro do prazo de garantia, ocorrncias de acidentes de trabalho, atrasos na

    entrega de produtos, entre outros), os quais se traduzem sob a forma de perdas, podem ser

    classificados em duas categorias: os pouco vitais e os muitos triviais. Os pouco vitais

    representam um pequeno nmero de problemas, mas que, no entanto, resultam em

    grandes perdas para a empresa. J os muito triviais so uma extensa lista de problemas, mas

    que, apesar de seu grande nmero, convertem-se em perdas pouco significativas. Em outras

    palavras, o princpio de Pareto estabelece que a soluo de cinco ou seis destes problemas

    poder representar uma reduo de 80 a 90% das perdas que a empresa vem sofrendo

    devido ocorrncia de todos os problemas existentes.

    A curva ABC um mtodo de classificao de informaes para que sejam separados

    os itens de maior importncia ou impacto, os quais so, normalmente, em menor nmero

    (CARVALHO, 2002). Partindo da classificao pela curva ABC, possvel priorizar aes a

    partir de onde geram mais resultado e abordar um menor nmero de itens.

    2.6.2. Diagrama de Ishikawa

    O Diagrama de Ishikawa, tambm conhecido como diagrama de causa e efeito, uma

    ferramenta de gesto que serve para cruzar a relao entre o resultado de um processo

    (efeito) e os fatores deste processo (causas) que afeta o resultado.

    Frequentemente, o resultado de interesse do processo constitui um problema a ser

    solucionado e, ento, o diagrama de causa e efeito utilizado para sumarizar e representar

    as possveis causas do problema considerado, atuando como um guia para a identificao da

  • 29

    causa fundamental deste problema e para a determinao das medidas corretivas que

    devero ser adotadas (WERMEKA, 1995).

    2.6.3. No Conformidade

    A no conformidade pode ser entendida como sendo apenas o oposto daquilo que

    est conforme; sendo assim, necessrio definir o que conformidade.

    Segundo o dicionrio Michaelis (2009), conformidade a qualidade do que conforme

    ou de quem se conforma. Dentro de um sistema de gesto empresarial, conformidade deve

    ser entendida como sendo o atendimento forma estabelecida de se fazer as coisas, ou o

    jeito certo de fazer as coisas.

    De acordo com Mubarack1, o trabalho de um gestor administrar o caos, que o

    estado natural que uma empresa atinge quando o gerenciamento no feito (informao

    verbal), ambiente ideal para que ocorram incontveis erros, em outras palavras, inmeras

    no conformidades.

    Um trabalho bsico de gesto em uma empresa passa por registrar as atividades

    importantes, a fim de comprovar e deixar histrico, para futuras auditorias, de que

    determinada atividade ou etapa de um processo foi cumprida de acordo com os

    procedimentos estabelecidos. To importante quanto registrar o que esperado que seja

    feito, que dar o resultado esperado, tambm importante se ter o registro do que no

    ocorreu ou do que no ocorreu conforme o esperado, o que pode no gerar consequncias,

    como pode ter consequncias gravssimas, determinando inclusive o encerramento das

    atividades.

    O registro do que no foi feito de acordo com o esperado em uma empresa (no

    conformidades) ajuda ela a aprender com seus erros, revisando seus procedimentos,

    melhorando seus processos e criando mecanismos de gesto capazes de impedir que o

    mesmo erro torne a acontecer. Atravs dos registros das no conformidades tambm se

    pode fazer um monitoramento que indique o quo bom est o desempenho das atividades.

    ____________________________

    1 Paulo Ricardo Mubarack consultor de empresas e a informao foi passada em treinamento, em 2006, na

    empresa Xalingo Brinquedos Ind. e Com.

  • 30

    Toda no conformidade gera um retrabalho, seja para ser refeito alguma atividade, ou

    para corrigir problemas causados por ela e, com isso, est se gastando mais recursos do que

    seria necessrio. Desperdiar recursos totalmente oposto aos conceitos ambientais e, na

    medida em que as empresas desperdiam menos, elas esto tambm sendo mais

    ecoeficientes em seus processos.

    2.6.4. Indicadores de Desempenho

    De acordo com Duarte e Ferreira (2006), indicadores podem ser entendidos como

    representaes quantitativas de resultados, situaes ou ocorrncias, constituindo-se em

    poderosa ferramenta gerencial para o monitoramento, mensurao e avaliao da qualidade

    e produtividade.

    A medio do desempenho tradicional tem como principal preocupao a medio em

    termos do uso eficiente dos recursos. Os indicadores de desempenho mais comuns so a

    produtividade, o retorno sobre os investimentos, o custo padro, etc. (MARTINS, 1998).

    Atravs de indicadores pode-se fazer uma avaliao da gesto sobre um processo e

    seu desempenho, mas importante que a medio do desempenho seja feita no apenas

    para planejar, induzir e controlar, mas tambm para diagnosticar. Ainda segundo Martins

    (1998), neste sentido importante ir sofisticando a medio de desempenho conforme a

    empresa vai passando pelos nveis de maturidade na implementao da gesto (encenando,

    demonstrando, comprometendo e incorporando).

    2.7. Ferramentas Ambientais

    As ferramentas ambientais tm o objetivo de auxiliar no entendimento, medio,

    avaliao ou caracterizao dos aspectos ambientais de uma empresa. Em sntese, so

    ferramentas para permitir o mnimo de gerenciamento ambiental na atividade de uma

    empresa.

    A NBR ISO 14031 considera como indicadores de condio ambiental as caractersticas

    de impacto na biosfera, a qualidade do ar e da gua, a gerao de resduos e as condies do

  • 31

    solo, tanto em uma rea local como regional. Entre vrias ferramentas existentes, algumas

    importantes utilizadas na elaborao deste trabalho foram revisadas para auxiliar no

    entendimento, na utilizao e nos clculos.

    2.7.1. Indicadores de Ecoeficincia

    Os indicadores de ecoeficincia so amplamente utilizados com a funo de

    apresentar um nmero que representa o estgio de evoluo do processo, podendo

    tambm ser uma ferramenta de diagnstico de um processo.

    Para o estabelecimento dos indicadores de ecoeficincia o WBCSD relaciona os

    seguintes itens: desmaterializao; desenergizao; reduo do uso de substncias txicas;

    aumento da reciclabilidade dos produtos; recursos renovveis; utilizao de energias limpas;

    concepo de produtos com ampliao de vida til e intensidade de oferta de servios

    ambientalmente amigveis em situao de escolha pelo cliente (ERKKO et al., 2005).

    O WBCSD diz, ainda, que os indicadores ambientais devem seguir os seguintes

    princpios (EEA, 2001):

    Ser relevantes para a proteo do meio ambiente, para a sade humana e para a

    qualidade de vida;

    Informar e servir de base para os tomadores de deciso quanto ao desempenho

    ambiental de uma organizao;

    Reconhecer a diversidade de negcios;

    Promover a comparao e permitir acompanhar a evoluo ao longo do tempo;

    Ser bem definidos, de fcil mensurao e verificao;

    Ser de fcil compreenso e significativos para todas as partes interessadas;

    Abranger todos os processos de uma empresa ou organizao, incluindo produtos e

    servios, enfocando principalmente os processos que esto sob seu controle e gesto direta;

    e

    Reconhecer outros aspectos importantes do negcio como fornecedores e o uso

    dos produtos durante a sua abordagem.

  • 32

    Os indicadores podem ser divididos em trs diferentes categorias, o que tambm est

    alinhado com a terminologia adotada pelas Normas ISO 14000, e estas so associadas a/ao:

    Valor do produto ou servio;

    Influncia ambiental relativa fabricao ou criao do servio ou produto; e

    Influncia ambiental associada ao uso do servio ou produto.

    Para cada categoria so relacionados os seus aspectos significativos, como

    apresentado na figura 4.

    Figura 4: Aspectos relevantes para as diferentes categorias de indicadores de ecoeficincia. Fonte: WBCSD, 2011

    De acordo com Piotto (2003), os indicadores so classificados em dois grupos:

    a) Indicadores de desempenho, contendo os de gesto e os operacionais; e

    b) indicadores de condio ambiental, conforme est indicado na figura 5.

    Segundo o sistema europeu de certificao de gesto ambiental EMAS, os

    indicadores de desempenho ambiental so divididos em (EMAS, 2000):

    Indicadores de desempenho operacional industrial (figura 6);

    Indicadores de desempenho de servios (figura 7); e

    Indicadores de desempenho do sistema de gesto (figura 8).

  • 33

    Figura 5: Avaliao de desempenho ambiental e seus indicadores segundo a norma ISO 14031. Fonte: ABNT (2001)

    Figura 6: Indicadores de desempenho ambiental operacional indstria. Fonte: EMAS (2000)

  • Figura 7: Indicadores de desempenho ambiental operacional Fonte: EMAS (2000)

    Figura 8: Indicadores de desempenho de gesto ambiental.Fonte: EMAS (2000)

    Caber, portanto, a cada

    negcio, as demandas legais e as partes interessadas

    Os indicadores adotados foram com base no modelo proposto por Oliveira

    e apresentado no 23 Congresso Brasileir

    Indicadores de desempenho ambiental operacional servios.

    Indicadores de desempenho de gesto ambiental.

    Caber, portanto, a cada organizao selecionar os indicadores relevantes ao seu

    negcio, as demandas legais e as partes interessadas (PIOTTO, 2003, p.

    Os indicadores adotados foram com base no modelo proposto por Oliveira

    23 Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitria e Ambiental

    34

    organizao selecionar os indicadores relevantes ao seu

    (PIOTTO, 2003, p. 81).

    Os indicadores adotados foram com base no modelo proposto por Oliveira et al (2005)

    o de Engenharia Sanitria e Ambiental.

  • 35

    2.7.1.1. ndice de Eficincia do Fluxo de Massa

    O conceito de ecoeficincia enfoca equilibrar a proteo ambiental e a preveno da

    poluio com as necessidades econmicas das empresas. O objetivo de estruturar um

    indicador de ecoeficincia dos fluxos de massa para a avaliao dos impactos ambientais de

    processos industriais aplic-lo para medir a sua ecoeficincia ou definir por opes de

    investimento com melhor desempenho ambiental, ou mais ecoeficiente. Os critrios de

    uniformizao e agrupamento de dados esto em funo do fluxo de informaes. O

    Indicador de Renovabilidade (IR), o Indicador de Produtividade (IP) e o Indicador de Reduo

    de Resduo (IRR) foram definidos como os trs indicadores primrios que integram o

    Indicador de Ecoeficincia de Fluxos de Massa (IEFM), detalhados a seguir:

    Indicador de Renovabilidade IR

    Mostra um quociente entre o somatrio da massa de recurso renovvel econmico e a

    massa de recurso renovvel no econmico dividido pela massa total de recursos,

    apresentando a relao do uso de materiais renovveis nos produtos.

    Indicador de Produtividade IP

    Este indicador relaciona a diviso da massa de produto final de valor econmico pela

    massa de recursos utilizada, resultando na proporo entre o que se consegue transformar

    em produto de todo material que utilizado, em resumo, a eficincia do processo.

    Indicador de Reduo de Resduo IRR

    calculado como o quociente do somatrio de massa do produto final agregado de

    valor econmico e a massa total do produto reutilizado dividido pelo somatrio de massa do

    produto final agregado de valor econmico mais a massa total do produto reutilizado mais a

    massa do resduo. Ele monitora o impacto do resduo do processo em comparao com o

    que se utiliza de material de reaproveitamento e produto final.

  • 36

    Indicador de Ecoeficincia de Fluxos de Massa IEFM

    Este ndice calculado ponderando cada um dos ndices anteriores com pesos e

    somando-se todos os resultados para dividir pelo somatrio do valor dos pesos.

    Na composio do Indicador de Ecoeficincia de Fluxos de Massa (IEFM), aconselha-se

    que seja utilizado o mtodo estatstico de mdia ponderada como medida de tendncia

    central dos dados, no qual os pesos so determinados proporcionalmente diferena entre

    o valor normalizado (1,0) e os resultados destes indicadores, possibilitando uma maior

    nfase queles que apresentem as piores situaes.

    2.7.2. Avaliao de Aspectos Ambientais

    A avaliao de aspectos ambientais tem sua importncia baseada na identificao de

    impactos ambientais significativos promovidos pela atividade da empresa.

    A metodologia utilizada para esta avaliao baseada no Sistema de Gerenciamento

    Ambiental e Produo Mais Limpa do Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL, 2003).

    Esta metodologia permite identificar os aspectos ambientais das atividades de uma empresa

    a partir do seu fluxograma de processo, determinar os impactos ambientais associados a

    estes aspectos e avaliar sua importncia. Na sequncia, h a necessidade do preenchimento

    do quadro da Avaliao de Aspectos Ambientais, iniciando por:

    IDENTIFICAO

    a) Inicia-se o processo pela identificao do nmero da operao/etapa

    relacionada com o fluxograma do processo produtivo.

    b) Faz-se a descrio de todos os aspectos de entrada e sada partindo do

    fluxograma do processo produtivo. Tais aspectos devem ser descritos contemplando o maior

    nmero possvel de informaes como, por exemplo: concentrao, vazo, fluxo, tipos de

    substncias, etc.

    EXAME

    a) Deve-se registrar a manifestao dos impactos supondo que no exista

    nenhuma forma de controle destes impactos.

  • 37

    b) Atribui-se valores de severidade, de 1 a 3, para os aspectos de sada de acordo

    com o quadro 1:

    Quadro 1: Classificao da severidade dos aspectos de sada

    Fonte: CNTL (2003)

    c) Atribui-se valores de severidade, de 1 a 4, para os aspectos de entrada,

    conforme mostra a tabela 1:

    Tabela 1 Classificao da severidade dos aspectos de sada

    Fonte: CNTL (2003)

  • 38

    d) Atribui-se valores de 1 a 3 para a probabilidade de ocorrncia dos aspectos

    associada ao impacto em anlise, conforme tabela 2:

    Tabela 2 Classificao da probabilidade de ocorrncia

    Fonte: CNTL (2003)

    e) Calcula-se a importncia do impacto medida pelo produto resultante da

    severidade e probabilidade.

    I = S (severidade) x P (probabilidade)

    AVALIAO

    a) Atribui-se valor 0 ou 5 para o aspecto ambiental, se est relacionado a um ou

    mais requisitos legais, e responde-se seguinte pergunta, de acordo com o quadro 2: Existe

    requisito legal relacionado ao aspecto em anlise?.

    NO Atribuir valor 0.

    SIM Atribuir valor 5.

    Quadro 2: Classificao dos requisitos legais

    Fonte: CNTL (2003)

    b) Atribui-se valor de 0 a 6 para as medidas de controle e responde-se seguinte

    pergunta, de acordo com o quadro 3: A empresa possui medida de controle para evitar ou

    minimizar o impacto ambiental que o aspecto em anlise poder causar?.

  • 39

    SIM, eficaz e/ou atende a legislao Atribuir valor 0.

    SIM, mas NO eficaz e/ou NO atende a legislao Atribuir valor 3.

    NO Atribuir valor 6.

    Quadro 3: Classificao das medidas de controle

    Fonte: CNTL (2003)

    Caso o impacto ambiental em anlise j possua medida de controle, a mesma deve ser

    registrada na matriz de avaliao de aspectos ambientais (ltima coluna da planilha).

    c) Encontra-se o resultado, que ser dado pelo somatrio do valor encontrado

    no item importncia do impacto, valor atribudo a requisito legal e o valor atribudo

    medida de controle.

    R = I + RL + MC

    d) Prioriza-se os impactos ambientais, os quais devem ser priorizados conforme

    o Resultado (item anterior). Quanto mais elevado for este valor, mais significativo o

    impacto ambiental em questo, devendo, portanto, ser controlado.

    2.7.3. Matriz de Leopold

    A Matriz de Leopold (1971) permite apontar quais as caractersticas do impacto em

    cada tipo de meio (fsico, bitico ou antrpico) de cada atividade que impactante no

    processo. Inicia-se descrevendo cada fase do processo a ser analisado e, em seguida, para

    cada uma das fases, descreve-se as atividades impactantes para, na sequncia, preencher,

    no cruzamento da matriz de cada linha de atividade com cada impacto nos meios, os

    seguintes conceitos, de acordo com a legenda:

    P Positivo -> impacto positivo no meio.

    N Negativo -> impacto negativo no meio.

  • 40

    D Direto -> impacto direto no meio.

    I Indireto -> impacto indireto no meio.

    L Local -> impacto de abrangncia local no meio.

    R Regional -> impacto de abrangncia regional no meio.

    E Estratgico -> impacto estratgico no meio.

    C Curto Prazo -> impacto da atividade refletida no meio em curto prazo.

    M Mdio Prazo -> impacto da atividade refletida no meio no mdio prazo.

    O Longo Prazo -> impacto da atividade refletida no meio em longo prazo.

    T Temporrio -> impacto de carter temporrio no meio.

    Y Cclico -> impacto de carter cclico no meio.

    A Permanente -> impacto de carter permanente no meio.

    V Reversvel -> impacto de carter reversvel no meio.

    S Irreversvel -> impacto de carter irreversvel no meio.

    Cada meio subdividido a fim de especificar detalhadamente em que parte que est

    sendo impactado e com quais caractersticas, ou at mesmo para verificar se no h nenhum

    impacto em algum aspecto do meio ou o prprio meio como um todo no impactado pelas

    atividades do processo de empresa. Com esta matriz preenchida, tem-se uma viso

    qualitativa geral de qual meio est sendo impactado pelas atividades inerentes ao processo

    analisado com um nvel de detalhe bastante grande se comparado com a Avaliao de

    Aspectos Ambientais.

    2.7.4. Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais GAIA

    O Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais GAIA, uma metodologia

    desenvolvida por Lerpio (2001), apresenta uma forma de avaliar a sustentabilidade do

    negcio da empresa atravs de um ndice que gerado a partir do preenchimento de um

    questionrio simples e direto, no qual as possibilidades de resposta so: SIM, NO e NA (no

    aplicvel). As questes abordadas so separadas por critrios conforme descrito:

    CRITRIO 1 FORNECEDORES

    CRITRIO 2 PROCESSOS PRODUTIVOS

  • 41

    a) Ecoeficincia do Processo Produtivo

    b) Nvel de Tecnologia Utilizada no Processo

    c) Aspectos e Impactos Ambientais do Processo

    d) Indicadores Gerenciais

    e) Recursos Humanos na Organizao

    f) Disponibilidade de Capital

    CRITRIO 3 UTILIZAO DO PRODUTO/SERVIO

    CRITRIO 4 PRODUTO PS-CONSUMIDO

    Depois de respondido todo o questionrio com a marcao de um x na resposta

    escolhida, a sustentabilidade do negcio calculada em funo da seguinte equao:

    Sustentabilidade do Negcio = TOTAL DE QUADROS VERDES X 100 79 - TOTAL DE QUADROS AMARELOS

    O resultado desta operao matemtica dado em percentual que deve ser

    comparado com as faixas de sustentabilidade descritas para a identificao do negcio da

    empresa quanto sua sustentabilidade, que so 5:

    CRTICA VERMELHA > Inferior a 30%

    PSSIMA LARANJA > Entre 30% a 50%

    ADEQUADA AMARELA > Entre 50% a 70%

    BOA AZUL > Entre 70% a 90%

    EXCELENTE VERDE > Superior a 90%

  • 42

    3. RESULTADOS

    3.1. Processo Produtivo de Colches

    Na empresa estudada so produzidos dois tipos bsicos de colches:

    Colches de espuma e

    Colches de molas.

    Os colches de espuma so classificados de acordo com sua densidade que, em

    resumo, confere a capacidade ao colcho de suportar peso. So produzidos nas mais

    variadas medidas de espessuras, tendo por padro as seguintes medidas de largura e

    comprimento, em centmetros: 78x188, 88x188, 128x188, 138x188, 158x198 e 193x203.

    J os colches de molas so divididos conforme o tipo de mola utilizado que, nesta

    empresa, pode ser:

    Molas Bonnel: molas helicoidais de ao bicnicas, em forma de ampulheta,

    entrelaadas entre si.

    Molas Pocket: molas helicoidais de ao ensacadas individualmente com TNT (Tecido

    No Tecido), formando carreiras que so unidas para formar o molejo.

    Alm das molas, so adicionadas camadas de mantas nos colches, que podem ser:

    mantas de espumas, mantas de fibras siliconadas, mantas viscoelsticas ou qualquer outro

    material que fornea algum atributo ao colcho, conferindo-lhes conforto. Quanto s

    medidas, normalmente os colches de mola so de espessura maior que os de espuma, j

    que a altura somente da estrutura das molas utilizadas no inferior a 15cm, mas repetem

    as mesmas medidas de largura e comprimento.

    O grande diferencial dos colches produzidos que so fabricadas bases para uso

    como suporte combinando com colcho, as chamadas camas Box, que dispensam o uso das

    tradicionais camas com estrados, fabricadas em ao ou madeira.

    Para atender demanda de produtos (incluindo tambm estofados), a fbrica

    emprega aproximadamente 250 pessoas em uma rea construda de 18mil m e produz, em

    mdia, 800 colches por dia.

    A fbrica conta com duas bordadeiras, duas mquinas de fabricao de espuma (uma

    de caixote e outra cilndrica), diversas mquinas de corte de espuma (vertical e horizontal),

    duas mquinas de fabricao das molas tipo Bonnel, duas mquinas de fabricao da faixa

  • 43

    do colcho, uma coladeira automtica, alm de diversas mquinas de costura para colches.

    A figura 9 mostra a indstria selecionada e a sua localizao no municpio de Candelria.

    Figura 9: Vista area da unidade fabril de Candelria (2009).

    3.1.1. Etapas do Processo

    Todo o processo produtivo dos colches inicia-se com a fabricao dos blocos de

    espuma, que so posteriormente laminados de acordo com seu uso na montagem do

    colcho que, por fim, embalado para ser expedido aos clientes da empresa. Em seguida,

    todas estas etapas citadas so detalhadas e tambm so relacionados os rejeitos ou as

    sadas de cada processo.

    3.1.1.1. Fabricao da Espuma

    A produo de um colcho comea pela fabricao de um bloco de espuma feito

    basicamente pela mistura de dois componentes qumicos: poliol e TDI - Tolueno

    diisocianato. Juntos, os dois componentes promovem uma reao exotrmica e causam uma

    aerao da mistura formando, por fim, a espuma.

  • 44

    A mistura despejada em uma grande forma com um revestimento de isolamento

    feito de filme plstico para evitar o contato da espuma com a forma; o filme da parte inferior

    fica debaixo de cada bloco, sendo o restante reaproveitado em outros ciclos, podendo ser

    descartado para a reciclagem aps uma grande quantidade de ciclos. A figura 10 ilustra os

    filmes plsticos em volta da forma e na base do bloco que est fora da mquina.

    Figura 10: Fabricao do bloco de espuma

    Nesta etapa so gerados os resduos mais impactantes ao meio ambiente, mas a maior

    quantidade pode se dizer que de refugos de blocos, o que pode acontecer eventualmente.

    Os refugos de blocos tm seu destino para reprocesso, no qual sero transformados em

    flocos para uso em travesseiros ou em novas mantas de espuma aglomerada.

    O processo de produo de espuma ainda no est totalmente padronizado pela

    empresa, o que pode gerar no conformidades durante a sua execuo. A fim de gerenciar e

    controlar o processo produtivo, a descrio dos procedimentos a serem executados torna-se

    imperiosa. Mesmo tendo os procedimentos definidos, as no conformidades podem ocorrer.

    O fluxograma da figura 11 corrobora a afirmao descrita acima.

  • 45

    Figura 11: Descrio de Processo DP 11 Produo de Espuma

    3.1.1.2. Laminao das Mantas

    Uma vez preparado o bloco de espuma, ele segue para ser fatiado ou laminado em

    mantas das espessuras e demais dimenses corretas para serem utilizadas nos colches.

    Quando o bloco produzido, sua camada mais externa ganha um aspecto diferente do

    interior, pois ela se apresenta mais dura e mais spera, a qual chamada de casco. Ela

    deve ser retirada no incio do processo de laminao e tem seu uso principal para a

  • 46

    fabricao de estofados, na qual sua caracterstica no vai interferir na funcionalidade do

    produto.

    No processo de fabricao do bloco podem ocorrer falhas internas que so

    evidenciadas no momento da laminao; estas mantas so descartadas da produo e so

    destinadas para a fabricao de colches de tamanho menor ou vo para o reprocesso na

    forma de flocos. Durante o corte, o bloco perde farelos de espuma, que so varridos no fim

    do dia e acumulados para o descarte ou para o reprocesso, como pode ser observado na

    figura 12:

    Figura 12: Laminadora de mantas

    3.1.1.3. Montagem do Colcho

    Na fase de montagem do colcho h o emprego de maior nmero de matrias-primas

    diferentes, comeando pelas mantas de espuma, que chegam cortadas no tamanho do qual

    ser o colcho e devem receber uma espcie de capa de tecido, o que lhe conferir a

    aparncia e o toque que o consumidor sentir ao passar a mo no produto. A capa do tecido

    composta por dois tampos e uma faixa que fica na lateral do colcho, ligando o tampo de

    cima com o de baixo. O tampo, na sua grande maioria, recebe um bordado que composto

  • 47

    por camadas, uma sobre a outra, e todas unidas pela linha do bordado. A camada comea

    com o TNT seguido de uma manta de cerca de 1 a 2cm de espessura e, em cima, um tecido

    que ser o do modelo do colcho.

    Para possibilitar um bom acabamento entre o tampo e a faixa e permitir a costura,

    utiliza-se um cadaro ou vis costurado com equipamentos especiais. Eventualmente so

    cortadas no tampo algumas sobras para melhorar o aspecto da costura que, na grande

    maioria, so as responsveis pelos maiores volumes de refugos ou resduos desta etapa do

    processo, evidenciado na figura 13:

    Figura 13: Volume de resduo gerado na montagem dos colches.

    3.1.1.4. Embalagem

    Quando o produto revisado e aprovado, este recebe um certificado de garantia e

    segue para ser embalado com um saco plstico, o qual tem sua extremidade selada em uma

    mquina seladora que corta e sela ao mesmo tempo, garantindo o lacre da embalagem e

    proteo. A apara da rebarba do saco plstico representa o maior volume dos rejeitos desta

    etapa.

    Visto todo o processo pelo qual o colcho passa durante sua fabricao, as principais

    operaes esto resumidas no quadro 4, que apresenta de forma sinttica as entradas e as

    sadas do processo produtivo da fabricao do colcho:

  • 48

    Entradas Operaes - Etapas Sadas

    Plstico de isolamento

    Fabricao da espuma

    Rejeito plsticos

    gua gua rejeitada

    Poliol Politer Rejeitos qumicos

    TDI Bloco bruto

    Catalisadores Refugos de espuma

    Aditivos

    Bloco de espuma Laminao das mantas

    Aparas

    Varredura

    Tecido

    Montagem do colcho

    Apara tecido

    Linha Apara linha

    Cadaro Apara cadaro

    Manta espuma Apara espuma

    Saco plstico

    Embalagem

    Apara saco plstico

    Cantoneira de papelo

    Selo garantia papel

    Quadro 4: Entradas e Sadas do processo produtivo para a fabricao de colches

    A empresa fabrica uma ampla e variada quantidade de produtos, entre colches de

    espuma, colches de mola, cama Box conjugada, cabeceiras, travesseiros, estofados e puffs,

    sendo que o mix torna-se grande demais para um estudo de todo o universo, por isso, fez-se

    a classificao dos produtos de maior importncia atravs da curva ABC.

    3.2. Classificao dos produtos da empresa pela curva ABC

    A curva ABC dos produtos da empresa est dividida de tal forma que os produtos da

    classe A respondem por 80% do lucro operacional e esto distribudos em aproximadamente

    11% do total dos produtos. Isso indica uma grande concentrao do lucro em poucos

    produtos e, para garantir os 20% restantes do lucro, a empresa precisa ter os outros 89% dos

    produtos no seu portflio.

    Baseado na curva ABC, ordenada por lucro operacional, tem-se cerca de 110 itens da

    classe A respondendo por 80% do lucro, em um total de 983 itens. Dentre eles existem

    outros produtos de todas as linhas e com diferenciao de cores do mesmo produto como

    um item separado. O quadro 5 a seguir mostra um resumo da curva ABC:

  • 49

    Produto Cor Desc. Produto % Acumulado

    918012 0 CAMA BOX GAZIN ELEGANCE 138X188X48 BORD 995051CAMA BOX GAZIN ELEGANCE 138X188X48 BORD 995051CAMA BOX GAZIN ELEGANCE 138X188X48 BORD 995051CAMA BOX GAZIN ELEGANCE 138X188X48 BORD 995051 6,15% 6,15% 918006 0 CAMA BOX GAZIN IMPERIAL 138X188X48 BORD CONJUGADO 4,73% 10,88% 911513 0 COLCHAO GAZIN CONFORT 138X25 2/PL BONNEL BORDADO. 2,84% 13,73%

    ............ 949504 188 CJ ESTOFADO GAZIN FILADELFIA 3X2 LUG 0,19% 80,11% 150970 0 BASE BOX GAZIN ETERNITY LOVE 138X188X28 995051 TNT 0,19% 80,30%

    ............ 951100 272 SOFA-CAMA GAZIN PEQUIM 0,08% 90,03% 151230 604 COLCHAO GAZIN ILHA BELA D28 128X188X15 BORD 0,08% 90,10%

    ............ 949023 661 CJ ESTOFADO GAZIN TOQUIO 3X2 LUG 0,03% 95,00% 150955 0 BASE BOX GAZIN MAX CONFORT 2010 138X188X23 995045 0,03% 95,03%

    ............ 949045 240 CJ ESTOFADO GAZIN DUBAY 3X2 LUG 0,01% 99,22%

    ............ 920260 251 ALMOFADA GAZIN 40X50 VALENCIA FLOCOS 0,00% 100,00%

    100,00% 100,00%

    Quadro 5: Resumo da curva ABC ordenada por lucro

    A curva ABC permite priorizar os esforos e aes para o emprego de tecnologias

    limpas visando reduo do impacto ambiental, utilizando, neste caso, o principal produto

    da classe A e, mesmo assim, tendo uma expressiva contribuio, apesar de estar sendo

    considerado um nico produto. Como resultado desta classificao e seleo do produto

    mais representativo desta organizao foi identificado o produto Box Conjugado. A figura 14

    mostra o produto avaliado:

    Figura 14: Produto para avaliao

  • 3.3. Diagnstico do processo

    Inicialmente foi elaborado

    escolhido, destacando as entradas e sadas em cada etapa, conforme

    Quadro 6: Balano de Material

    Diagnstico do processo produtivo do produto selecionado

    Inicialmente foi elaborado um balano material dos processos pertinentes ao produto

    destacando as entradas e sadas em cada etapa, conforme o

    Balano de Material

    50

    dos processos pertinentes ao produto

    o quadro 6:

  • 51

    A partir deste balano, foram calculados os ndices abaixo para a produo da espuma

    e da cama box conjugada com base nos dados do quadro 5:

    NDICE DE RENOVABILIDADE

    o Para o bloco de espuma

    IR = (RRE + RRNE) RT

    Sendo:

    RT massa total de recursos descritos como entrada na linha bloco de espuma;

    RRE massa de recurso renovvel econmico descrito como entrada na linha agente

    expansor; e

    RRNE massa de recurso renovvel no econmico que no est presente neste bloco.

    IR = (4,7 + 0) 160

    IR = 0,029

    o Para a cama box conjugada

    IR = (RRE + RRNE) RT

    Sendo:

    RT massa total de recursos descritos como entrada desde a linha bloco aglomerado

    at a linha selo garantia papel;

    RRE massa de recurso renovvel econmico na linha de entrada caixa Box mais a

    linha cantoneira de papelo mais a linha selo garantia papel;

    RRNE massa de recurso renovvel no econmico que no est presente.

  • 52

    IR = [(192 + 6,144+0,02592)+(0)] 335,31

    IR = 198,17 335,31

    IR = 0,591

    NDICE DE PRODUTIVIDADE

    o Para o bloco de espuma

    IP = PF RT

    Sendo:

    PF massa do produto final agregado de valor econmico descrito como entrada entre

    a linha plstico de isolamento e a linha aditivos, reduzido do somatrio do valor de sada

    entre a linha plstico refugado e a linha espuma refugada, exceto a linha bloco bruto;

    RT massa total de recursos descritos como entrada na linha bloco de espuma.

    IP = [(0,4 + 4,7 + 100 + 50 + 0,5 + 5) - (0,002 + 0,06 + 0,006 + 0,6 + 16) 160

    IP = 143,9 160

    IP = 0,899

    o Para a cama box conjugada

    IP = PF RT

  • 53

    Sendo:

    PF massa do produto final agregado de valor econmico descrito como entrada entre

    a linha tecido e a linha selo garantia papel, reduzido do somatrio do valor de sada

    entre a linha apara tecido e a linha apara papel;

    RT massa total de recursos descritos como entrada, desde a linha tecido at a linha selo garantia papel.

    IP = [(16,52+0,00768+1,872+192+96+0,576+4,98+1,18+6,144+0,0259)-(1,22)] 16,52+0,00768+1,872+192+96+0,576+4,98+1,18+6,144+0,0259

    IP = 318,09 319,31

    IP = 0,996

    NDICE DE REDUO DE RESDUO

    o Para o bloco de espuma

    IRR = PF+PR . PF+PR+RES

    Sendo:

    PF massa do produto final agregado de valor econmico descrito como entrada entre

    a linha plstico de isolamento e a linha aditivos, reduzido do somatrio do valor de sada

    entre a linha plstico refugado e a linha espuma refugada, exceto a linha bloco bruto;

    PR massa total do produto reutilizado descrito como sada na linha aparas.

    RES massa do resduo descrito como o somatrio das sadas entre a linha refugo plstico e a linha espuma refugada, exceto a linha bloco bruto.

    IRR = 143,9+16 . 143,9+16+0,668

  • 54

    IRR = 159,9 . 160

    IRR = 0,99

    NDICE DE EFICINCIA DO FLUXO DE MASSA

    o Para o bloco de espuma

    IEFM = [(IRxP1)+(IPxP2)+(IRRxP3)] . (P1+P2+P3)

    IEFM = 0,029x0,95+0,899x0,05+0,99x0,0 1

    IEFM = 0,076

    Onde P1, P2 e P3 so pesos atribudos dos indicadores.

    o Para a cama box conjugada

    IEFM = [(IRxP1)+(IPxP2)+(IRRxP3)] . (P1+P2+P3)

    IEFM = 0,591x0,98+0,996x0,01+0,99x0,01 1

    IEFM = 0,591

  • 55

    Onde P1, P2 e P3 so os pesos atribudos aos indicadores.

    Em seguida foi feita a avaliao dos aspectos ambientais a fim de visualizar as etapas

    do processo, quais eram os itens mais crticos, os quais esto descritos no quadro 6,

    adaptado do CNTL (2003).

    Partindo do quadro 7, observou-se que os itens que mais somaram pontos de acordo

    com as tabelas 1 e 2, das pginas 37 e 38, respectivamente, foram os produtos qumicos,

    como: alcois e isocianatos, utilizados para a fabricao da espuma, e a cola usada para unir

    as mantas no molejo, indicando que so os itens que merecem grande ateno e controle.

    Quadro 7: Avaliao de Aspectos Ambientais

    Na sequncia, foram descritas as caractersticas ambientais relevantes segundo a

    Matriz de Leopold. Esta matriz est apresentada no quadro 8:

  • 56

    Quadro 8: Matriz de Leopold

    Tambm foi feita a verificao da sustentabilidade da empresa atravs do mtodo

    GAIA Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais, como mostra o quadro 9:

  • 57

    Quadro 9: Verificao da Sustentabilidade da Organizao

  • 58

    Uma vez preenchido o quadro 9, sobre a Verificao da Sustentabilidade da

    Organizao, tem-se o resultado automaticamente na ltima linha do referido quadro, que

    deve ser comparado com a coluna RESULTADO (tabela 3):

    Tabela 3 Referencial para Classificao da Sustentabilidade do Negcio

    RESULTADO SUSTENTABILIDADE

    Inferior a 30% CRTICA VERMELHA

    Entre 30% a 50% PSSIMA LARANJA

    Entre 50% a 70% ADEQUADA AMARELA

    Entre 70% a 90% BOA AZUL

    Superior a 90% EXCELENTE VERDE

    Levando-se em considerao a tabela anterior, conforme referencial de Lerpio (2000),

    o resultado de 64% indica que a empresa est na faixa dos 50% a 70%, da qual fazem parte

    as empresas que tm suas atividades consideradas adequadas.

    3.3.1. No Conformidades encontradas

    Diz-se que mais fcil co