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DO DESENVOLVIMENTO COMO LIBERDADE AO DESENVOLVIMENTO OPRESSOR: UMA ANÁLISE CARTOGRÁFICA DOS IMPACTOS DAS GRANDES OBRAS DO ESTADO NA REGIÃO DE MANAUS/IRANDUBA – AM Heitor Paulo Pinheiro UFAM – [email protected] INTRODUÇÃO O transporte intermunicipal de travessia, anteriormente distante pela oferta das balsas com destino ao Cacau Pireira (Município de Iranduba), passou partir da inauguração da ponte sobre o Rio Negro ter sua centralidade e modal modificados. A rodovia AM-070, tornou-se o principal eixo de ligação entre as duas margens do Rio Negro, extinguindo as balsas nesta travessia. A implementação da ponte no ano de 2007 modificou não só as temporalidades e realidades acerca da infraestrutura, mas em todos os municípios da região, onde novas formas de ocupação passam a se tornar visíveis junto ao seu impacto imobiliário. No município do Iranduba, alvo desta análise, sendo conhecido por seu potencial agrícola e de fabricação de cerâmica, foram encontradas as maiores mudanças. PONTE SOBRE O RIO NEGRO Figura 1: Ponte sobre o Rio Negro, ao lado esquerdo Manaus e ao direito Iranduba. - 04/06/2014 - Ida Para Tabatinga

DO DESENVOLVIMENTO COMO LIBERDADE AO

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DO DESENVOLVIMENTO COMO LIBERDADE AO DESENVOLVIMENTO OPRESSOR: UMA ANÁLISE CARTOGRÁFICA DOS IMPACTOS DAS

GRANDES OBRAS DO ESTADO NA REGIÃO DE MANAUS/IRANDUBA – AM

Heitor Paulo Pinheiro UFAM – [email protected]

INTRODUÇÃO

O transporte intermunicipal de travessia, anteriormente distante pela oferta das

balsas com destino ao Cacau Pireira (Município de Iranduba), passou partir da inauguração

da ponte sobre o Rio Negro ter sua centralidade e modal modificados. A rodovia AM-070,

tornou-se o principal eixo de ligação entre as duas margens do Rio Negro, extinguindo as

balsas nesta travessia. A implementação da ponte no ano de 2007 modificou não só as

temporalidades e realidades acerca da infraestrutura, mas em todos os municípios da região,

onde novas formas de ocupação passam a se tornar visíveis junto ao seu impacto

imobiliário. No município do Iranduba, alvo desta análise, sendo conhecido por seu

potencial agrícola e de fabricação de cerâmica, foram encontradas as maiores mudanças.

PONTE SOBRE O RIO NEGRO

Figura 1: Ponte sobre o Rio Negro, ao lado esquerdo Manaus e

ao direito Iranduba. - 04/06/2014 - Ida Para Tabatinga

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Tendo na figura da ponte um símbolo do dito desenvolvimento, os fortes processos

territoriais, agravados pela pressão imobiliária, sufocam e deixam os pequenos produtores

familiares as margens da desterritorialização. A Construção de conjuntos habitacionais, o

surgimento de infraestruturas antes não observadas na região, como a duplicação da

rodovia AM-070 influenciaram para o aumento do preço da terra caracterizando este

desenvolvimento tão difundido pelo Estado. A criação de grandes lotes habitacionais a forte

especulação imobiliária juntamente ao processo de urbanização imposto pelo Estado, na

forma da Cidade Universitária, são provas da dinamização, modificação e reconstrução

desta região. É bastante provável que haja uma modificação da centralidade no município

da calha do Rio Solimões para o Rio Negro. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é

identificar por meio de levantamento bibliográfico e de dados espaciais, vetores de impacto

e de modificação do espaço no Município de Iranduba.

NOÇÕES DE DESENVOLVIMENTO

O desenvolvimento, termo tão utilizado atualmente, apresenta diversas correntes

que tentam dar face ao processo de maneira consumível. Com um lado econômico e outra

mais próximo a realidade, as noções de desenvolvimento, segundo PEREIRA (2006)

apresentam bases tanto de economistas de inspiração mais teórica, considerando

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desenvolvimento sinônimo de crescimento e por outro lado, com traços mais empíricos,

aponta que o crescimento é apenas pressuposto para o desenvolvimento. Porém como

afirma PIRES (1998) Não existe uma definição universalmente aceita de desenvolvimento.

Parar o crescimento, frear a economia para conseguir que haja uma sustentabilidade

dos hábitos humanos é algo a ser pensado. Porém, saber qual o nível de entendimento dos

seres humanos quanto a importância deste tipo de ações é fundamental. Nem todos estão

dispostos a sair de sua zona de conforto e migrar para hábitos pouco confortáveis que

recordam o passado e não ao futuro tecnológico retratado em filmes de ficção.

Pensando o desenvolvimento como liberdade, aqui entendido como liberdade das

pessoas e sustentabilidade da vida […] (SEN, 2000), este deve obedecer tanto as

identidades como a geografia do lugar, seja por projetos de infraestrutura ou especulação

imobiliária. A criação oportunidades e a melhoria da condição de vida das populações, a

utopia de uma Edilia ou faça disso o que quiser por HARVEY (2004) deve servir de

exemplo para o sonho de uma sociedade justa e de oportunidades. Atualmente o sujeito

urbano com seu alto consumismo, adiciona ao seu ego um tom de superioridade ao auto

comparar os estilos de vida dos produtores rurais, principalmente na Amazônia, ao

Amarican way of life acreditando na qualidade de vida por uma sociedade liquida como em

várias obras aponta Bauman.

Não apenas social mas sustentável, o desenvolvimento ligado ao ambiente, além de

vender, adiciona um discurso ecológico com a criação de barreiras para a conservação dos

recursos naturais, valiosos para manutenção da vida e da criação de smartphones. A

modernidade e seu ideal de tecnologias que iram substituir o respirar dos pulmões,

simboliza uma mudança radical no pensamento humano, a troca de valores e o pacto social

cada dia mais fortalecido pela hegemonia urbana, ataca e destrói o espaço como uma

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bactéria num meio de cultura. Como aponta MAZZETO (2005), determinados valores

fundantes da modernidade ocidental capitalista estariam na raiz da atual crise

socioambiental.

A origem deste desenvolvimento como crescimento econômico é subsidiada pelo

aumento de mercadorias e suas formas, que no contexto atual formam o estopim para a

insustentabilidade agregada a vontade do indivíduo de sempre ter e trocar. Portanto este

espasmo social deve ser contido para se alcançar um desenvolvimento que seja

humanamente possível e ambientalmente menos impactante.

“IRANDUBAI” DAS VÁRZEAS AS TERRAS FIRMES

O contexto da ocupação das terras firmes Municipais de Iranduba, remete aos anos

1970 com a distribuição de lotes para Goianos, Maranhenses entre outros retirantes que

desejavam cultivar e fazer uso do solo na Amazônia. Muitas dessas terras passaram a

produzir grande parte dos produtos hortifrutigranjeiro consumidos por Manaus,

caracterizando assim como um dos maiores produtores agropecuários da região

metropolitana. As produções em terra firme são caracterizadas pelas plasticulturas e

algumas hidroponias, produzindo: Cheiro Verde, Pimentão, Abacaxi, Maracujá, Couve

entre outros hortifrútis além da Psicultura e da criação de áves.

As várzeas deste município, além da difícil acessibilidade pela dimensão das áreas,

são atingidas sazonalmente pelas grandes cheias e vazantes que limitam a potencialidade

produtiva deste solo. A calma e a pouca preocupação do caboclo com o dia do amanhã,

como indica Djalma Batista em o Complexo da Amazônia, mostram outras temporalidades

e modos de vida em uma escala razoavelmente pequena do espaço. Esta região de várzea se

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distancia do principal foco deste trabalho, porém não deve ser esquecida como uma das

paisagens afetadas pelas grandes obras do Estado.

Produção em Várzea

O impacto urbano da cidade de Manaus sobre Iranduba tornou-se bastante evidente

a partir da especulação imobiliária que teve início antes da construção da ponte. Atualmente

o processo imobiliário acompanhado do desmatamento e do processo de segregação

socioespacial torna-se algo a ser notado pela geografia. Extensas áreas rurais, anteriormente

desvalorizadas pela inviabilidade de acesso, hoje tornam-se extremamente valorizadas para

a construção de conjuntos habitacionais e muitas casas de veraneio transformando o uso da

terra tipicamente rural para uma conurbação em processo de formação. Do outro ladro, a

margem esquerda do Rio Negro as mudanças na região da Avenida Brasil, bairro da

Compensa, estagnaram na construção de uma grande avenida e de poucas infraestruturas

como postos de gasolina e comércios. O impacto, sem dúvida, é maior no território menos

Ilustração 1: Plantação de Banana –

Fonte: Banco de dados Pessoal, 2011

Ilustração 2: Plantação de Bananas 2 -

Fonte: Banco de dados pessoal, 2011

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consolidado, a dimensão do lugar passa a perder espaço para o global e assim outros

processos se desencadeiam causando a transformação demográfica, cultural e funcional do

lugar.

Como resultados da especulação imobiliária ocorrida no Iranduba, as

transformações no espaço podem ser caracterizadas pela migração e concentração

populacional as margens da AM-070. O surgimento de infraestruturas como a Cidade

Universitária polarizam de forma gravitacional a população em busca de melhores

condições de vida e oferta de infraestrutura. Possivelmente num médio período de tempo a

sede municipal do Município do Iranduba poderá ser transplantada das margens do Rio

Solimões para o Rio Negro. Nesta região, relativamente próxima a capital amazonense,

estão localizadas grandes partes das infraestruturas de serviços e dos pontos de escoamento

da produção. Esta região é que mais sofre com a supervalorização do preço da terra, obras e

Figura 2: Duplicação da AM-070 / Campo 2014

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a péssima qualidade da pavimentação. A estrada Manuel Urbano (AM-070) passa com a

ponte ser a principal ligação das populações encurtando o tempo de viagem.

PONTE SOBRE O RIO NEGRO, GRANDES PROJETOS E VETORES DE

CRESCIMENTO

Criada para poder integrar grande parte da Região Metropolitana de Manaus, a

Ponte sobre o Rio Negro teve como fundamento básico ligar por via rodoviária os

Municípios de Manaus, Iranduba, Novo Airão e Manacapuru. Com o intuito de irradiação

do Pólo Industrial de Manaus para o interior e com base na Nova geografia Econômica,

segundo VIEIRA SÁ et all (2010), aprimorar ou criar canais de acessos entre a capital

amazonense, caracterizada pela elevada participação da industrial em seu valor adicionado,

e outras localidades, com perfil produtivo que lhe seja complementar, tende a configurar

em condições mais propícias para o surgimento de novos negócios.

Figura 3: Placas de Loteamento próximo as futuras instações da UEA

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O que vem ocorrendo atualmente em Iranduba é o aumento de loteamentos voltados

para a habitação civil, gerando assim demandas de material de construção e de serviços

especializados para o levantamento das terras propícias a ocupação. Como melhor exemplo

para caracterizar as mudanças neste município, a construção da Cidade Universitária da

Universidade Estadual do Amazonas (UEA), desperta olhares pela sua imponência e

investimento por parte do governo no planejamento e construção desta infraestrutura típica

de cidades como Campinas (UNICAMP) e São Paulo (USP).

CIDADE UNIVERSITÁRIA (UEA)

Ilustração 1: Cidade Universitária, Fonte:

http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t

=1528971

Ilustração 2: Ponte Estaiada C.U - Fonte:

http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t

=1528971

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A fase de implementação desta infraestrutura como disposta no projeto ainda

encontra-se distante da realidade Irandubense, porém já se pode visualizar por meio de

fotografias aéreas o desmatamento que se inicia, causado pela construção desta obra.

Existem mudanças significativas dos interesses do estado para com esta região. Sendo

bastante intrigante a quantidade de estabelecimentos que surgem e dão força a economia

local. Pode-se afirmar que a região metropolitana de Manaus encontra-se em fase

embrionária porém em um processo acelerado de divisão celular.

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM IRANDUBA

A transformação da cobertura da terra ocorre cada vez com maior rapidez e

intensidade nas diferentes partes do globo. No Brasil, devido a grande extensão do território

essas alterações na ocupação e uso do solo ocorrem muitas vezes sem planejamento, de

forma desordenada onde é retirada toda a cobertura vegetal, degradando o meio ambiente.

Figura 4: Construção da Cidade Universitária

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O monitoramento de partes do território, no intuito de entender de que forma esta

ocorrendo a ocupação e a extensão das áreas urbanas, bem como a expansão das áreas

voltadas para agricultura, podem auxiliar na tomada de decisões pelo poder público e pela

sociedade. As dimensões espacial e temporal proporcionam, dentro desse quadro de

dinâmica, informações de interesse para qualquer sociedade que vise o desenvolvimento

sustentado e qualidade de vida para população (Panizza, 2007). Em Iranduba, pôde-se

observar um crescimento acentuado do desmatamento e do surgimento de grandes áreas de

solo exposto. Substituindo a vegetação, mesmo que rasteira de uma produção, por grandes

manchas de latossolo onde serão implantados condomínios de difícil aceitação de sua

finalidade especulativa. Não somente estruturais para moradias em vida, as margens da AM

encontra-se o mais novo cemitério da região com grande capacidade, o que mostra ainda

mais a fase de expansão urbana e esparramado de Manaus como se pode visualizar nas

imagens abaixo classificadas onde o Rosa representa o Solo Exposto, o Verde Escuro -

Mata Densa e o Verde mais claro, outras áreas de vegetação rasteira.

CO

NC

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LUSÃO

A partir do ao de 2010 puderam ser observadas muitas modificações espaciais em

Iranduba. O impacto imobiliário direto sobre a população, o aumento dos fluxos de

automóveis nas estradas e nas vicinais além do impacto ambiental causado pelo

desmatamento são consequências de um desenvolvimento de cunho capitalista. O pensar

desenvolvimento para a Amazônia tem que ultrapassar as ideias progressistas das grandes

obras, o caso da Cidade Universitária retrata bem a megalomania de uma cidade.

Resultados das vontades dos governantes são processos severos de segregação

socioespacial e de pressão imobiliária na região da Rodovia Manuel Urbano (AM-070),

sem planos concretos de conservação dos recursos naturais pouco a pouco o Município de

Iranduba será devastado por lajotas de Porcelanato para sustentar o sonho de “Irandubai”

como solução para os problemas espaciais de Manaus. Como consequência deste processo

a médio e longo prazo, mudanças climáticas já bastante evidentes no ano de 2012 serão

agravadas pelo fim das matas e pela verticalização desenfreada em ambas as margens do

Rio Negro. Por fim, o cenário Irandubense mas parece uma área de ocupação irregular com

placas de vende-se e com inúmeras áreas loteadas para a habitação humana, de pólo

produtor para cidade-satélite está parte da Amazônia que ainda se encontra verde, ficará

apenas na memória da população.

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