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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA BULLYING NA ESCOLA Por: Rejane Cristina Schäffer Orientador Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho Rio de Janeiro 2010 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL€¦ · aborda o paradigma de violência na escola. O segundo capítulo relata sobre o Bullying e suas histórias e o último capítulo

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Page 1: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL€¦ · aborda o paradigma de violência na escola. O segundo capítulo relata sobre o Bullying e suas histórias e o último capítulo

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

BULLYING NA ESCOLA

Por: Rejane Cristina Schäffer

Orientador

Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

BULLYING NA ESCOLA

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de bacharel em Pedagogia.

Por: Rejane Cristina Schäffer.

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RESUMO

O objetivo deste estudo é alertar pais, educadores e profissionais da

educação sobre a alta prevalência da prática de Bullying entre estudantes,

conscientizando-os da importância de sua atuação na prevenção dos possíveis

danos à saúde e ao desenvolvimento de crianças e adolescentes. Para a

contextualização do tema, adotou-se a revisão bibliográfica e um estudo do

Bullying. Sendo assim, este estudo está dividido em três capítulos. O primeiro

aborda o paradigma de violência na escola. O segundo capítulo relata sobre o

Bullying e suas histórias e o último capítulo aborda um breve histórico sobre os

casos de Bullying no mundo e no Brasil. Por fim, conclui-se que é necessário e

urgente esclarecer todos os setores educacionais sobre o Bullying: conceito,

causas, ações, consequências, porque somente a conscientização poderá

diminuir a violência social.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada para estruturação do presente estudo foi a

pesquisa bibliográfica, tomando-se como fonte de estudos livros, artigos e

publicações de caráter cientifico e relacionados a abordagem por este estudo

apresentado.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 5

CAPÍTULO I

PARADIGMA DE VIOLÊNCA NA ESCOLA ....................................................... 7

CAPÍTULO II

BULLYING E SUAS HISTÓRIAS ..................................................................... 18

CAPÍTULO III

UM BREVE HISTÓRICO SOBRE OS CASOS DE BULLYING NO MUNDO E

NO BRASIL ...................................................................................................... 31

CONCLUSÃO .................................................................................................. 44

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 46

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INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho de Monografia, sob título “O Bullying na

Escola” é alertar pais, educadores e profissionais da educação sobre a alta

prevalência da prática de Bullying entre estudantes, conscientizando-os da

importância de sua atuação na prevenção dos possíveis danos à saúde e ao

desenvolvimento de crianças e adolescentes, além da necessidade de orientar

as famílias e a sociedade para o enfrentamento da forma mais freqüente de

violência juvenil.

O comportamento agressivo entre estudantes é um problema

universal, tradicionalmente admitido como natural e freqüentemente ignorado

ou não valorizado pelos adultos. Estudos realizados nas duas últimas décadas

demonstram que a sua prática pode ter conseqüências negativas imediatas e

tardias para todas as crianças e adolescentes direta ou indiretamente

envolvidos. A adoção de programas preventivos continuados em escolas de

educação infantil e de ensino fundamental tem demonstrado ser uma das

medidas mais efetivas na prevenção do consumo de álcool e drogas e na

redução da violência social.

A violência, de um modo geral, é um problema importante e

crescente no mundo, com sérias conseqüências individuais e sociais,

particularmente para jovens, que aparecem nas estatísticas como os que mais

morrem e os que mais matam.

Uma das formas mais visíveis da violência na sociedade é a

chamada violência juvenil, assim denominada por ser cometida por pessoas

com idades entre 10 e 21 anos. Grupos em que o comportamento violento é

percebido antes da puberdade tendem a adotar atitudes cada vez mais

agressivas, culminando em graves ações na adolescência e na persistência da

violência na fase adulta. Quando abordamos a violência contra crianças e

adolescentes e a vinculamos aos ambientes onde ela ocorre, a escola surge

como um espaço ainda pouco explorado, principalmente com relação ao

comportamento agressivo existente entre os próprios estudantes. A violência

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nas escolas é um problema social grave e complexo e, provavelmente, o tipo

mais freqüente e visível da violência juvenil.

Estudos sobre as influências do ambiente escolar e dos sistemas

educacionais sobre o desenvolvimento acadêmico do jovem já vêm sendo

realizados. A escola é de grande significância para as crianças e adolescentes,

e os que não gostam dela têm maior probabilidade de apresentar

desempenhos insatisfatórios, comprometimentos físicos e emocionais, em

relação a vida. Os relacionamentos interpessoais positivos e o

desenvolvimento acadêmico estabelecem uma relação direta, onde os

estudantes que perceberem esse apoio terão maiores possibilidades de

alcançar um melhor nível de aprendizado.

Portanto, a aceitação pelos companheiros é fundamental para o

desenvolvimento da saúde de crianças e adolescentes, aprimorando suas

habilidades sociais e fortalecendo a capacidade de reação diante de situações

de tensão. O Bullying diz respeito a uma forma de afirmação de poder

interpessoal através da agressão, trazendo conseqüências negativas imediatas

e tardias sobre todos os envolvidos: agressores, vítimas e observadores.

Todos desejamos que as escolas sejam ambientes seguros e

saudáveis, onde as crianças e adolescentes possam desenvolver, ao máximo,

os seus potenciais intelectuais e sociais. Portanto, não se pode admitir que

sofram violências que lhes tragam danos físicos e/ou psicológicos, que

testemunhem tais fatos e se calem para que não sejam também agredidos e

acabem por achá-los banais ou, pior ainda, que diante da omissão e tolerância

dos adultos, adotem comportamentos agressivos.

A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e

à Adolescência (ABRAPIA) desenvolveu um programa de Redução do

Comportamento Agressivo entre Estudantes, objetivando investigar as

características desses atos entre 5.500 alunos de quinta a oitava série do

ensino fundamental e sistematizar estratégias de intervenção capazes de

prevenir a sua ocorrência.

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CAPÍTULO I

PARADIGMA DE VIOLÊNCA NA ESCOLA

1.1 – Uma questão social

A interação social e cultural vem sendo facilitada crescente

desenvolvimento dos meios tecnológicos que diminuiu a distância geográfica

entre as pessoas. Pensando na interação mundial, constata-se como ponto

positivo, a globalização, pois esta faz o intercâmbio de espaços sociais e

políticos, além de acordos e financiamentos internacionais; influência grande

presenciada na internet que é considerada grande impulso da globalização.

"E assim é numa cultura consumista como a nossa, que favorece o produto pronto para uso imediato, o prazer passageiro, a satisfação instantânea, resultados que não exigem esforços prolongados, receitas testadas, garantias de seguro total e devolução de dinheiro." (BAUMAN, 2004, p. 20-21)

Na era da globalização, mais especificamente na sociedade do

conhecimento, há inevitáveis transformações no mundo dos negócios, onde as

mudanças que vêm ocorrendo no âmbito das organizações provocam

renovações em seus modelos de gestão. Estas ocorrem devido à busca pela

sobrevivência em um mercado altamente competitivo que conduz as empresas

a uma nova fase de evolução.

Mas, a globalização também possui aspectos duvidosos quando

se analisa a influência que ela traz sobre idéias e valores. As diferenças

individuais, econômicas e sociais surgem quando as fronteiras socioculturais

desaparecem, ocorrendo daí, as desigualdades independentemente das

características econômicas e sociais da região. E assim começa a exclusão na

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8sociedade, se esta não possuir as características ou os produtos valorizados

mundialmente.

Nosso modelo social é seletivo, segregador e excludente,

marcado por relações sociais frágeis, superficiais e inseguras. Percebe-se que

pessoas têm dificuldade em se relacionar com o outro, preferindo usar rótulos,

impedindo assim, o contato direto, rejeitando e excluindo sem ao menos

conhecer. As pessoas passam a ser descartáveis; somente sendo importantes

se representarem alguma vantagem; no entanto, se isso não ocorre são

excluídas e procura-se outra pessoa que ofereça privilégios.

O diferente é isolado e afastado para que as diferenças sejam

eliminadas do convívio social e excluem-se também aqueles que não se

adaptam ao novo pretenso modelo.

Paulo Roney Ávila Fagúndez1 (2000) afirma que nos grandes

centros urbanos, apesar do policiamento exigido, a violência avança

assustadoramente.

Ressalta, ainda, que sociedade democrática preserva os direitos

humanos dizendo, inclusive, que o bandido é a vítima. Quem defende os

direitos humanos não pode defender criminosos, mas sim garantir que na

sociedade todos os cidadãos possam estar protegidos. A violência não é uma

invenção, não é uma histeria. As pessoas estão sendo assaltadas, mortas,

estão cada vez mais inseguras e preocupadas em voltar para casa.

Violência é um tema grave que requer muita atenção e muita

ajuda para que a sociedade possa ver e realizar uma saída para minimizar as

agressões e até a dor do crime.

1 Professor da Universidade Federal de Santa Catarina, da UNISUL e do CESUSC, especialista, mestre e doutorando em Direito pela UFSC, Procurador do Estado, Ex-Secretário da Segunda Câmara Julgadora, Ex-Conselheiro Estadual da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Santa Catarina e poeta.

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91.2 – A escola como reflexo da sociedade

Certa vez, em uma entrevista no rádio, o educador brasileiro,

Paulo Freire parecia perplexo, ao dizer que a escola era para ele um cenário

em que os conflitos eram tratados, mas em nenhuma hipótese com agressões.

Em uma pesquisa internacional feita através de um projeto

intitulado "Training and Mobility of Research (TMR) Network Project: Nature

and Prevention of Bullying" na Europa e América do Norte em 2001, em

escolas do Rio de Janeiro, a Associação para Proteção da Infância e

Adolescência descobriu que o padrão brasileiro não difere muito do europeu ou

do americano.

Atualmente, pode-se observar a violência bem de perto, não

sendo mais, apenas um caso do noticiário. Aqui no Brasil e em outros países, a

violência também atinge as instituições de ensino; havendo muitos casos de

jovens assassinados em escolas, se alternando com as notícias que antes,

pereciam ser, só em colégios norte-americanos.

Alunos agredidos, objetos roubados, ameaças no pátio da escola,

funcionários humilhados, ofensas entre alunos e professores, são cenas

comuns no cotidiano do jovem e de sua família, sejam eles brasileiros ou não.

É fundamental que a escola realize suas atividades educativas e

disciplinares, já pensando e se preocupando com a formação de cada aluno,

como cidadão que pensa, que critica e que deve conhecer seus limites de

direitos e deveres. Principalmente na escola é que se aprende o valor da

amizade, o valor de si próprio e do outro, aprende a ouvir, a apoiar, a discutir, a

respeitar o outro, a conhecer seus próprios limites. É na escola, também, que

se tem contato com disciplina e regras; com desafios, punições e

reconhecimentos. A partir dessa base formativa, o aluno estará formando sua

personalidade para um futuro consciente e positivo.

A escola é o ponto de referência, lugar de fazer amigos, de

crescerem juntos; além dos estudos, os alunos conversam, riem, brincam e

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10parece estar tudo bem entre eles, mas muitas vezes não é o que parece. No

mundo inteiro, pais e educadores, médicos e psicólogos estão preocupados

com a violência entre adolescentes.

Não se pode compreender a violência sem a análise de suas

múltiplas causas, pois trata-se de um comportamento complexo. Além de

agressões físicas surge uma nova prática, mais sutil e cruel, o Bullying.

Cabe mencionar, que a maioria dos profissionais de educação

percebe o problema da violência na escola, mas desconhecem o fenômeno

Bullying e tão pouco sabem o que fazer diante desse corriqueiro

comportamento.

1.3 – O que é o Bullying?

O termo Bullying difundido mundialmente nas últimas décadas

teve origem na Noruega e Suécia com pesquisas realizadas por Dan Olweus

(PEREIRA, 2002) na Universidade de Bergen. A palavra Bully de procedência

inglesa significa valentão, tirano, brigão e o termo Bullying manifesta-se através

de comportamentos intencionais como ameaças, maus tratos, agressões,

isolamento, intimidações, provocações, furtos, quebra de pertences, ofensas,

humilhação, rejeição e exclusão.

"Trata-se de uma dinâmica psicossocial expansiva que envolve um número cada vez maior de crianças e adolescentes, meninos e meninas, à medida que muitas vítimas reproduzem a vitimização contra outro(s). É um problema epidêmico, específico e destrutivo, motivo pelo qual deve ser considerado questão de saúde pública. Portanto, requer esforços, investimentos e ações estratégicas conjuntas, por parte de toda a comunidade escolar e das autoridades competentes ligadas à educação, à saúde e à segurança pública, por meio de programas preventivos e assistenciais." (FANTE, 2008, p. 33-34)

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11O Bullying não é assim reconhecido em todos os países

analisados. Na Noruega e na Dinamarca esse fenômeno é conhecido como

“Mobbing” que significa tumultuar, na Suécia e Finlândia é chamado de

“Mobbning”. Na Itália foi conceituado como “Prepotenza”, na Espanha

“Intimidación” e no Japão é dito “Yjime” (FANTE, 2005). No Brasil, até o

momento não foi escolhido um termo para designar esse fenômeno, mas é

considerado como comportamento agressivo de poder sobre a vítima com a

intenção de ferir, machucar, ofender, magoar, isolar.

"Por definição universal, bullying é um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento. Insultos, intimidações, apelidos cruéis, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos levando-os à exclusão, além de danos físicos, morais e materiais, são algumas das manifestações do comportamento bullying." (FANTE, 2005, p.28-29)

Bullying é um fenômeno que há muito tempo já ocorre nas

escolas, porém não estava ainda, identificado; considerado por professores e

educadores, brincadeira de criança.

A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção a Infância e

a Adolescência (ABRAPIA), considera Bullying um problema universal que

pode acontecer em qualquer instituição educativa, criando assim, termos para

determinar os envolvidos nesse comportamento violento: alvos, alvos/autores e

testemunhas. Os alunos alvos são aqueles que sofrem todo e qualquer tipo de

violência na escola ou fora dela, desde um apelido até sérias ameaças,

dominação e até a morte. Os alvos/autores são aqueles alunos que sofrem,

mas também praticam o Bullying, podendo ser como defesa ou vingança. E as

testemunhas são aqueles alunos que presenciam sempre as agressões, mas

não estão diretamente ligados a agressão em si.

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12Ainda segundo a ABRAPIA, a violência pode ser dividida em

Violência Física, Violência Psicológica, Negligência, Violência Sexual e

Bullying.

A Violência Física pode ser caracterizada quando há o contato

direto, intencional ou não, ferindo a vítima de alguma forma. A Violência

Psicológica, como humilhação, exclusão, rejeição e ameaças, é a mais comum

de acontecer, mas também, pode deixar traumas irreparáveis nas vítimas. A

Negligência está associada aos cuidados necessários à proteção, à saúde e à

alimentação de crianças e jovens que estiveram sob a responsabilidade de um

adulto. A Violência Sexual ocorre quando adolescentes e crianças são

obrigados forçosamente a ter relações sexuais e práticas ilícitas contra a

vontade deles. E, finalmente, o Bullying se apresenta como forma de violência

que acontece na sociedade de um modo geral, principalmente em escolas,

onde o indivíduo agressor utiliza-se da força física ou psicológica para

intimidar, ameaçar, humilhar e/ou machucar alguém incapaz de se defender.

1.4 – O Bullying no mundo

O primeiro pesquisador a relacionar as atitudes agressivas com o

termo Bullying foi Dan Olweus (FANTE, 2005). Foi quando ele começou a

perceber que as brincadeiras típicas da infância estavam cada vez mais

agressivas e cruéis. Nas suas pesquisas, Dan Olweus desenvolveu critérios

específicos que constataram a existência das agressões entre alunos.

Na Noruega, Olweus (PEREIRA, 2002) desenvolveu um

questionário a ser aplicado aos estudantes, além de entrevistas às famílias

para se chegar ao significado do fenômeno. Esse questionário foi utilizado

como base para muitos outros estudos relacionados ao fenômeno Bullying em

países europeus.

No decorrer desses estudos Olweus desenvolveu um Programa

de Intervenção, com o objetivo de estimular outros países a se preocuparem

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13e/ou mobilizarem à respeito do assunto, melhorando regras e modelos visíveis

sobre o Bullying nas escolas, de modo a envolver funcionários, pais e alunos

em torno da problemática e conscientizar toda a comunidade escolar para esse

fenômeno. É importante ressaltar que essa Campanha de Intervenção

realizada na Noruega realizada na década de 1980, foi apoiada nacionalmente

pelo Ministério da Educação, preocupado com os incidentes de suicídio que

envolve os adolescentes no interior das escolas tendo como resultado a

redução pela metade em casos de Bullying nas escolas.

Já no Reino Unido, em Sheffield, também com grande

preocupação com o esse comportamento repetitivo nas escolas, Smith

desenvolveu um projeto contra o Bullying, baseado na Campanha Norueguesa.

Ao longo da década de 1980 diversos movimentos de apoio as vítimas foram

realizados com o objetivo de acabar com o Bullying nas escolas. Esse projeto

realizado por Smith foi utilizado como composição de um material informativo

sobre esse fenômeno, além de documento distribuído nas escolas que

identifica e apresenta estratégias para solucionar o Bullying. (PEREIRA, 2002)

Outro programa de grande repercussão no Reino Unido (FANTE,

2005) foi o “The Role of Peer Support Against School Bullying” desenvolvido

pela pesquisadora Cowie, com o objetivo de resgatar os valores éticos,

solidários e cooperativos no interior das escolas, de forma a prevenir o Bullying.

Esses estudos no Reino Unido detectam maior incidência de casos de Bullying

comparando-os aos verificados na Noruega.

Também como referência de atendimento oferecido às vítimas do

Bullying, pode-se destacar a implementação do “Childline”, em Sheffield.

Muitas crianças e adolescentes sofriam com o problema e não tinham a quem

recorrer, não confiavam em ninguém para expor a situação, por isso acabavam

guardando mágoas profundas que mais tarde poderiam provocar sérios

problemas psíquicos, assim, o “Childline” tornou-se importante para ajudar os

alunos vítimas de Bullying.

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14Segundo Pereira (2002), a Irlanda adotou também este serviço

através do “Programa Childline de denúncia e apoio à criança e ao adolescente

vítima de Bullying”.

Neste país, a intervenção é marcada pela mobilização social que

está acontecendo desde o início da década de 1990, com Conferências

Nacionais e Internacionais, além de Campanhas Educativas com o apoio do

Governo Central e financiamento de Instituições de Pesquisa, sendo o principal

foco conscientizar e prevenir o fenômeno Bullying. (FANTE, 2005)

Segundo Fante (2005), na Espanha foi desenvolvido um

programa junto com a Universidade de Sevilha e o Ministério da Educação, na

década de 1990, que ficou conhecido como “Sevilha Contra a Violência

Escolar”, organizado por Ortega e baseado no questionário de Dan Olweus,

com a intenção de prevenir o Bullying nas escolas através de uma educação

voltada à tolerância e a valores importantes para a convivência pacífica entre

os alunos. Verifica-se a existência de uma relação direta entre a idade dos

alunos e a incidência de casos de Bullying, ou seja, os alunos mais jovens

praticam mais o Bullying do que os mais velhos.

Na Itália, onde o termo equivalente ao Bullying é “prepotenza”,

alguns estudiosos estão desenvolvendo pesquisas a fim de identificar as

diferenças existentes nas características do fenômeno como idade,

escolaridade e gênero. (PEREIRA, 2002)

Em Portugal, os estudos sobre o Bullying estão ocorrendo de

forma alcançar a prevenção do Fenômeno. Um dos Programas que vem sendo

desenvolvido é o “Scan Bullying”, onde os próprios alunos analisam desenhos

animados e detectam situações de exclusão, isolamento, discriminação,

agressão física e verbal, assim, os alunos compreendem as possíveis causas

do Bullying e suas múltiplas consequências. (FANTE, 2005)

Fante (2005) relata que na Finlândia o Bullying é abordado com o

apoio do Ministério da Educação, cuja preocupação inicial é o bem estar dos

alunos, utilizando recursos didáticos que identificam vítimas e agressores e

detectam as diferentes formas de Bullying entre meninos e meninas.

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15Os Projetos fornecem informações básicas e soluções

necessárias à prevenção do Bullying nas escolas (PEREIRA, 2002).

O estudioso Hirano, no início da década de 1990, desenvolveu

uma pesquisa, baseada no questionário de Owleus, para identificar as

possíveis vítimas de Bullying. Ele revelou que os índices ainda são muito

inferiores à média mundial, contudo são preocupantes devido ao número de

agressores identificados nessa pesquisa. (PEREIRA, 2002)

Nos Estados Unidos, é marcado pela intolerância étnica

associada à imigração e a diversidade cultural. Ocorreram inúmeros casos de

Bullying em escolas americana relacionados ao ódio étnico. (PEREIRA, 2002)

Pode-se considerar o incidente ocorrido em 21 de março de 2005

em Minnesota, na Escola Red Lake High School como um caso bárbaro de

Bullying onde o estudante indígena de 16 anos considerado quieto e solitário

matou o avô e a namorada, logo depois seguiu em direção a escola onde

estudava e atirou no segurança, matando-o. Foi para sala de aula, matou a

professora e cinco alunos, além de ferir mais treze colegas, em seguida trocou

tiros com a polícia e se suicidou. Jeff Weise admirava Hitler, se

autodenominava nazista indígena, se vestia de preto, não aceitava a

miscigenação racial. Segundo relatos de funcionários da escola ele era

constantemente importunado pelos colegas, e tinha sido afastado da escola por

problemas disciplinares, por isso estudava em casa com supervisão de um

professor.

Segundo a reportagem do “Jornal o Globo” de 23 de março de

2005, no período de 2003 a 2004, 49 pessoas morreram nos Estados Unidos

vítimas de violência nas escolas, entretanto, no início do ano de 2005 foram

registrados trinta mortes no interior das escolas, incluindo o massacre de

Minnesota.

Na Alemanha, segundo pesquisas, também, baseadas no

questionário de Owleus, realizadas na década de 1990 por Schafer, foram

constatadas algumas diferenças na perspectiva do Bullying. Os resultados

obtidos foram indicações de que a vítima é mais fraca com aparência que foge

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16o padrão e pode ser portador de necessidades especiais positivas ou

negativas, dentro do que se chama de normal ou estar na média. (PEREIRA,

2002)

E, finalmente, no Brasil, apresentado no Jornal Nacional, na Rede

Globo, uma pesquisa constata que 40% dos alunos já foram autores e vítimas

de agressões. 28,3% declararam ser vítimas dos colegas. O local onde mais

acontecem agressões, 59,8% dos casos é na sala de aula. Os alunos de 6º e

7º ano, no início da adolescência são as maiores vítimas, 56%.

1.5 – Conscientização sobre o Bullying

É grande a preocupação na problemática do Bullying, fazendo

com que estudiosos do comportamento e profissionais da educação se

sensibilizem cada vez mais com esse tema tão chocante que é o Bullying. Não

podendo simplesmente, ignorar o fato de alunos se agredirem entre si e

agredirem a sociedade, começando na sala de aula, a pesquisadora Cléo

Fante, se destaca; ela dirige o Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação

Sobre o Bullying Escolar (CEMEOBES) e em 2006 promoveu o “I Fórum

Brasileiro sobre o Bullying Escolar, em Brasília, no intuito de promover debates

sobre o Bullying no Brasil. Também implementou o “Programa Educar para a

Paz”, na Escola Municipal Luiz Jacob, em São Paulo, com alunos de 2º ao 9º

ano, nos anos de 2002 a 2004, onde ela propunha estudos sobre os casos de

Bullying e estratégias de combate ao fenômeno.

Outra entidade importante nessa luta contra o Bullying, é a

Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção a Infância e a Adolescência

(ABRAPIA). Essa Associação, fundada em 1988, surgiu a partir de mais um

triste fato ocorrido com uma criança vítima de agressão física.

Entre tantos sofrimentos das pequenas crianças, Dr. Lauro

Monteiro, chefe de Serviço de Pediatria, constituiu uma equipe de profissionais

na área de Saúde, Educação, Direito e Serviço Social com a finalidade de criar

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17um centro de referência para o desenvolvimento de ações e pesquisas,

voltadas para a defesa de crianças e adolescentes vítimas de violência

intrafamiliar. Em 2002 desenvolveu “Programa de Redução do comportamento

Agressivo entre Estudantes” em onze escolas do município do rio de Janeiro

para informar a comunidade sobre a existência do Bullying, como

comportamento agressivo nas escolas, buscando apoio dos próprios

profissionais e alunos das escolas para o combate ao Bullying.

É necessário convidar crianças e adolescentes, familiares e

educadores na grandiosa luta contar o Bullying.

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18CAPÍTULO II

BULLYING E SUAS HISTÓRIAS

2.1 – Projeto Anti-Bullying

Por causa do surgimento do Bullying, está sendo necessário uma

pesquisa e possíveis projetos Anti-Bullying nas escolas através de observações

do espaço físico, administrativo e pedagógico das mesmas, e a partir daí, haver

uma aproximação dos alunos em sala de aula, no recreio, na hora da entrada e

da saída, nos intervalos das aulas e até em atividades extra-classe; não

esquecendo, também, de conversar bastante com a equipe pedagógica sobre

seus alunos, diferentes comportamentos, punições, atitudes e possíveis

estratégias no combate Anti-Bullying.

Em 2005, uma orientadora educacional, Virginia Rangel, realizou

um projeto anti-bullying em escola no Rio de Janeiro, devido ao grande número

de casos de violência, furto e agressividade entre os alunos da escola,

principalmente do 7º ano do ensino fundamental. Ela estava em busca da

resolução dos conflitos dentro da escola. Assim, surgiu o interesse no projeto

para que, imediatamente, diminuíssem as agressões, os apelidos, as ameaças

e a intranquilidade do corpo discente e docente da escola.

Foram realizadas palestras para a comunidade escolar

informando e conscientizando toda a equipe pedagógica à respeito do

comportamento Bullying, suas causas e consequências. Depois foi realizada

uma reunião com os pais apresentando-os o Bullying. No projeto, cada

professor ficou responsável por tratar do assunto Bullying com seus alunos. Foi

distribuída uma circular aos professores a fim de apresentar a atividade que os

professores deveriam propor às suas turmas. Foram construídos junto com os

alunos, cartazes com os dez mandamentos de uma turma amiga, e colocados

em exposição pela escola toda. Outra forma de combate foram cartazes,

também realizados pelos alunos, com textos significativos sobre o Bullying,

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19trazendo reflexões, filmes e muito conhecimento do assunto proposto. Um dos

trabalhos tinha o título: “O que eu faço para promover a paz?”. Outro fator

importante nesse projeto foi a dinâmica realizada em cada sala, com a Terapia

do Abraço, que deu resultado positivo, imediato.

Abrangeu-se também, entre os alunos, o termo cyberbullying

(Bullying na Internet), assunto altamente interessante ao grupo. Durante o

projeto, foram observados grandes aliados aos professores e coordenadores.

Os alunos estavam cada vez mais envolvidos com o assunto Bullying, levando

para a escola textos com as dicas de profissionais especializados, temas de

debates, textos, noticiários, vídeos, entre outros. Durante o projeto, alguns

professores foram abordados por alunos pedindo ajuda, pois estavam sendo

agredidos, ameaçados, humilhados e ofendidos por colegas dentro da escola.

O objetivo estava sendo alcançado! Muitas vezes a vítima não consegue

resolver esse problema sozinha, precisando de apoio de familiares e de

professores ou alguém da equipe de educadores.

Também, foi constatado durante esse projeto, que professores

colocavam apelidos em seus alunos, falavam piadinhas e comentários

maliciosos, gerando assim o início de um grande conflito.

Muitas gincanas, teatros e palestras foram realizadas em 2005

durante esse projeto. E a participação de alunos, pais, funcionários,

professores e toda a equipe pedagógica, foi extremamente importante nesse

projeto, pois além da diminuição das agressões, foi possível ajudar os

agressores, os bullies.

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202.2 – Reconhecendo o Bullying

2.2.1 – Apelidos

Os apelidos tão comuns entre crianças e adolescentes, sendo as

primeiras manifestações do Bullying, pois abrem espaço para novas

provocações.

Refere-se a pontos negativos que serão ressaltados para nomear

indivíduos, utilizados para rotular, evidenciar características físicas, emocionais

e individuais, baseado em estereótipos. Em casos extremos, professores

podem ajudar a popularizá-la, mas é geralmente, percebido como inofensivo. A

ação de apelidar tem como objetivo: intimidar, perseguir, irritar e ofender;

consequentemente virão piadas, risos, músicas, que podem acabar em atos

graves e maléficos de Bullying.

Um apelido pode fazer com que a vítima opte por mudar de

escola e até, da própria residência.

"Rir, debochar, ou fazer pouco caso deles pode destruir

tudo o que a criança conhece e valoriza, além de

confundir a noção que ela tem de si mesma."

(FRIEDMAN, 2004, p.37)

"Esse ato maldoso e muito praticado nessa escola ou até mesmo fora, e um deles é o apelido de mau gosto. É horrível ser chamada de coisa que você não gosta." (Projeto Anti- Bullying, na Escola Padre Doutor Francisco da Motta, em maio de 2005 - aluna da turma 601). "Há um garoto que foi apelidado de bocão e boca de palhaço porque tem dentes grandes e boca grande." (Projeto Anti- Bullying, na Escola Padre Doutor Francisco da Motta, em maio de 2005 - aluno da turma 601).

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21"Na minha sala acontece muito isso com várias pessoas e vários apelidos por exemplo: porcão, cachaça, dumbo, quatro olho, rabuda, monicão, leitão, girafão, baleia, etc." (Projeto Anti- Bullying, na Escola Padre Doutor Francisco da Motta, em maio de 2005 - aluna da turma 603).

Alguns apelidos são para situações específicas:

Com relação a forma física, nota-se que é muito presente entre os

alunos, apelidos que enfatizam a aparência tais como gordo, magro, baixo,

alto, feio, entre outros. E os apelidos, normalmente, são: bocão, porco, baleia,

bolo fofo, feião, fedorento, palito de dente, patricinha, mauricinho, esqueleto,

pneu de trator, mongol, doente, retardado, elefante, minhoca, etc.

Apenas apelidos que se referem à altura, é comum ouvir: girafa,

baixinha, tampinha, Stuart Litlle, Mr. Bean, etc. Apelidos que se referem às

diferenças étnicas: Chica da Silva, macaco, negão, branquelo, china, grafite,

etc. Apelidos ligados à religiosidade: pé-de-porco, pastor, macumba, etc.

Apelidos ligados à higiene: fedorento, patricinha, mauricinho, comedor de

barata, cachaça, cascão, porco, meleca, etc. Outros apelidos são relacionados

ao comportamento, por exemplo, bobo, mané, nerd, sabichão, CDF, etc.

Para a ABRAPIA, também a ação de colocar apelidos em alguém

pode evidenciar práticas de Bullying presente entre todos os alunos. É

importante notar qual a intenção dos agressores ao colocar um apelido e qual a

reação da vítima diante desta situação. Se o apelido não o incomoda, e até

garante umas boas gargalhadas, tudo bem, mas se esse tipo de brincadeira

incomoda, perturba, intimida, pode-se dizer que é manifestação do Bullying.

2.2.2 – Xingamento

O xingamento caracteriza-se pela utilização de palavras de baixo

calão, que ferem, ofendem, perturbam, ironizam, afrontam as pessoas,

podendo ocorrer esporadicamente ou persistir.

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22Considera-se o xingamento um insulto, uma forma de agressão

verbal dirigida a um ou mais indivíduos com o objetivo de desnortear,

envergonhar a vítima e até intimidá-la.

É uma expressão forte de desrespeito ao ser humano, utilizando

termos pejorativos e/ou palavrões, em momentos de raiva.

A ABRAPIA não inclui o xingamento como manifestação do

Bullying. No entanto, educadores têm presenciado e analisado os

comportamentos de xingamentos e constatam que há manifestação do

Bullying, uma vez que exista o autor e a vítima.

Assim diferencia-se apelidos de xingamentos quando os

xingamentos tornam-se atos de verdadeiras agressões com intenção de

prejudicar, ofender e intimidar a vítima.

Através da pesquisa realizada na Escola Padre Doutor Francisco

da Motta, em 2005, foram notáveis os xingamentos entre alunos como pode-se

observar abaixo:

"Eu xingo o D. de Chica da Silva." (Projeto Anti- Bullying, na Escola Padre Doutor Francisco da Motta, em maio de 2005 - aluno da turma 601). "Ha! Eu vou te pegar gordo safado." (Projeto Anti- Bullying, na Escola Padre Doutor Francisco da Motta, em maio de 2005 - aluna da turma 601).

2.2.3 – Desrespeito

É notável quando não há o respeito, ignorando a existência da

pessoa, seus pensamentos, conhecimentos, vontades, opiniões, atitudes,

idéias e gostos.

Sabe-se que o desrespeito está implícito em toda violência verbal,

física e psicológica. A partir das conversas, das brincadeiras de mau gosto,

falas, gestos e atitudes grosseiras, palavras rudes, fazendo questão que o

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23outro sinta que não é bem vindo ao momento ou ao grupo, isso torna a vítima,

muitas vezes frágil e com medo de buscar ajuda. O desrespeito vai além de

palavras grosseiras, podendo chegar a ameaças sérias, ferindo seus

sentimentos e fazendo com que a vítima se sinta incapaz de tomar atitude, de

denunciar, de resolver a situação.

É comum perceber, ainda, entre alunos, uma ou outra pessoa

sendo difamada, através de fofocas, espalhando boatos mentirosos,

envergonhando e excluindo a pessoa, causando sérios danos psicológicos à

essa vítima. Nesse parâmetro acontece também, o cyberbullying.

Em todos os casos de desrespeito é nítida a sensação de

humilhação que a vítima sofre.

2.2.4 – Discriminação

A ABRAPIA considera a discriminação como uma das

manifestações mais frequentes de Bullying. Um mal que assola a sociedade e

pode ser contra um determinado povo, raça ou grupo, além de outros. A

discriminação é uma das ações praticadas contra as vítimas de Bullying, mas

para que haja constatação de Bullying a vítima tem de ser alvo dos ataques de

maneira repetitiva durante longo período de tempo, não havendo motivos

evidentes que justifiquem os ataques. É necessário haver desequilíbrio de

poder, fato que impede sua defesa, além dos sentimentos desagradáveis que

são mobilizados.

Existem inúmeras leis que asseguram e impedem ações

discriminatórias, mas sabe-se que essas atitudes, muitas vezes, acontecem de

maneira sutil, o que dificulta o exercício pleno da cidadania, dentro de um país

democrático.

Pode-se pensar em preconceito dentro de um contexto social e

cultural. Ele surge na sociedade, mas pode adquirir diferentes manifestações

podendo ser responsável pelos conflitos humanos. No entanto, o preconceito é

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24uma manifestação individual em que se forma uma idéia, uma opinião e até um

sentimento diante da pessoa ou do grupo alvo do preconceito. Essa atitude

preconceituosa pode ocorrer devido a generalização que se faz à respeito do

grupo, independente de haver experimentado o diálogo ou não com a vítima e

com tudo o que ela representa.

Julga-se antes mesmo de conhecer, seleciona e desqualifica

alguns grupos sociais, étnicos, religiosos e sexuais, devido à intolerância às

diferenças.

O preconceito é construído socialmente e pode ser evidenciado

em atitudes, falas e gestos, ou mesmo em repulsa a determinadas pessoas

que apresentam características que não se suporta, pelo simples fato de

representar algo desvalorizado socialmente, culturalmente e historicamente.

O estereótipo pode ser compreendido como produto cultural, pois

contribui para o pensamento preconceituoso. Assim, o homem reproduz e julga

os outros como inferiores, incorretos e fora do padrão “normal”, sem refletir

sobre as influências culturais que os faz pensar.

Estereótipo é a fixação da identidade baseada em preconceitos,

estigmatiza grupos sociais através de julgamentos que independem do sujeito

ou de seu comportamento, pois são atribuídas características que perpetuam

as desigualdades e exclusão.

"Estereótipos são preconceitos cristalizados em imagens ou expressões verbais." (BORGES, 2002, p.53). "Os estereótipos são proporcionados pela cultura e se mostram propícios à estereotipia do pensamento do indivíduo preconceituoso, fortalecendo o preconceito e servindo para a sua justificativa, ou então são formados à base de mecanismos psíquicos que tentam perceber a realidade de forma primitiva, sendo estes mesmos mecanismos a base do pensamento estereotipado." (CROCHIK, 1991, p.18).

A sociedade valoriza e aceita o homem branco, magro, inteligente

e forte, tudo que foge à essa identidade é estigmatizado e excluído do convívio

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25social. O estereótipo que se refere a forma física como gordo, feio, difere de

estereótipo que se dirige a grupos sociais, pois demarca uma forma de Bullying

relacionado a questões históricas e sociais de um grupo inteiro e não na ótica

das características físicas do indivíduo.

As manifestações de preconceito podem ser distintas,

dependendo do indivíduo e do meio social e cultural em que está inserido.

Muitas pessoas manifestam atitudes preconceituosas num olhar, numa repulsa.

Outras dizem que não são preconceituosas, mas demonstram através de falas,

piadas, comentários que não respeitam as diferenças. Muitos indivíduos

manifestam o preconceito utilizando a agressão física, ou através de práticas

de exclusão, isolamento, menosprezando o alvo de preconceito.

"Preconceito é um julgamento que formulamos a propósito de uma pessoa, grupo de indivíduos ou povo que ainda não conhecemos. Trata-se, portanto, de uma opinião ou sentimento que adotamos irrefletidamente, sem fundamento ou razão." (BORGES, 2002, p.53).

2.2.5 – Bullying homofóbico:

Comum nos ambientes sociais! É a prática das diversas formas

de ataque Bullying contra os homossexuais. É o ato de submeter

homossexuais a chacotas, humilhações, ameaças, perseguições e exclusões

sociais, dentro ou fora das escolas.

Sabe-se que muitos alunos que assumem a opção sexual, ou

aqueles que parecem assumi-la, sofrem terrivelmente o rechaço e a resistência

frente à diversidade afetivo-sexual. Essa prática infelicita ainda mais o jovem,

que está num momento de descoberta e de auto-afirmação.

A maioria das pessoas tem internalizado a homofobia, disfarçada

de moralismo, conservadorismo, preconceito ou machismo exacerbado. Devido

à constituição social e religiosa conservadora, o tema sexualidade ainda é um

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26tabu, motivo pelo qual a homossexualidade é tratada de forma preconceituosa

e superficial. Dessa forma, os homossexuais são desrespeitados,

desvalorizados e ridicularizados nos diversos contextos, inclusive no escolar,

trazendo inúmeros prejuízos ao indivíduo em formação.

A maioria das escolas não está preparada para discutir a questão.

Educar para a diversidade é dever de todas as instituições de ensino, porém o

despreparo de muitos professores e funcionários acaba por prejudicar ainda

mais a questão. Alguns reproduzem o preconceito, fazendo piadinhas,

imitações, insinuações e brincadeiras dentro e fora das salas de aula. As

consequências de um ensino omisso ou homofóbico são inúmeras e graves,

uma vez que a escola interfere decisivamente na formação do indivíduo.

2.2.6 – Racismo

Compreende como racismo estudos, opiniões e teorias que

legitimam a superioridade de alguns e subordina outros. Este pode ser

identificado através de aspectos históricos de dominação em que um grupo se

considera superior a outros, hegemonicamente exerce esse poder, segrega,

exclui, menospreza as minorias étnicas, sociais e religiosas. E pode-se

manifestar em atitudes discriminatórias que oprimem, ofendem, expressam a

intolerância às diferenças, como se pode observar a seguir:

"Eu sofro com isso todos os dias. Vários alunos me zoam de macaco ..." (Aluno de 7º ano da Escola Padre Doutor Francisco da Motta)

2.2.7 – Isolamento

A ABRAPIA apresenta o termo isolar como característica de

Bullying. O isolamento pode estar relacionado à solidão, impedindo o indivíduo

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27de agir ao mundo, se afastando do convívio social. É associado a um

compromisso de não perceber, nem considerar a vítima como participante ativo

do grupo. Não permite a convivência dela com os demais, deixando-a sozinha,

isolada.

Existem depoimentos comuns como:

"Ninguém na sala gosta de ficar perto dele" (Aluna de 5 anos de escola particular na Ilha do Governador). "Ah, ele gosta de ficar sempre sozinho, não gosta que ninguém chegue perto dele só porque ele é o mais baixinho e gordinho da turma." (Aluno de 5º ano de escola particular na Ilha do Governador) "Eu não gosto quando tem trabalho em grupo porque ninguém deixa eu fazer parte. Só quando a professora obriga! Eu choro muito quando chego em casa, mas minha mãe não pode saber disso, não!" (Aluna repetente, de 4º ano, em escola particular da Ilha do Governador)

A exclusão pode ser entendida como uma privação, pois a vítima

é retirada do grupo ou impedida de lá permanecer e eliminada definitivamente

ou parcialmente.

A ABRAPIA identifica a exclusão como uma manifestação do

fenômeno Bullying presente nas escolas.

2.3 – O Ciberbullying

É a forma virtual de praticar o Bullying. É uma modalidade que

vem preocupando especialistas, pais e educadores em todo o mundo, por seu

efeito multiplicador do sofrimento das vítimas. Na sua prática utilizam-se as

modernas ferramentas da internet e de outras tecnologias de informação e

comunicação, móveis ou fixas, com o intuito de maltratar, humilhar e

constranger. É uma forma de ataque perversa, que extrapola em muito os

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28muros da escola, ganhando dimensões incalculáveis. A diferença está nos

métodos e nas ferramentas utilizadas pelos praticantes. O Bullying ocorre no

mundo real, enquanto o ciberbullying ocorre no mundo virtual. Geralmente, nas

demais formas de maus-tratos, a vítima conhece seu agressor, sejam os

ataques diretos ou indiretos. No ciberbullying, os agressores se motivam pelo

“anonimato”, valendo-se de nomes falsos, apelidos ou fazendo-se passar por

outras pessoas.

O ciberbullying acontece através de e-mails, torpedos, blogs,

fotoblogs, Orkut, MSN. De forma anônima, o autor insulta, espalha rumores e

boatos cruéis sobre os colegas e seus familiares e até mesmo sobre os

profissionais da escola. Mensagens instantâneas são disparadas, via internet e

celular, onde o autor se faz passar por outro, adotando nicknames (apelidos)

semelhantes, para dizer coisas desagradáveis ou para disseminar intrigas e

fofocas.

Blogs são criados para importunar e o Orkut é utilizado para

excluir e expor os colegas de forma vexatória. Fotografias são tiradas, com ou

sem o consentimento das vítimas, sendo alteradas, através de montagens

constrangedoras, incluindo ofensas, piadinhas, comentários sexistas ou

racistas. Muitas vezes essas imagens são divulgadas em sites, colocadas em

newsgroups e até nas redes de serviços, ou divulgadas através de materiais

impressos espalhados nos corredores e banheiros ou circulam entre alunos

sem o conhecimento das vítimas. Quando estas descobrem, seu nome e sua

imagem já estão em rede mundial, sendo muito difícil sair ilesas da situação.

Há casos em que a vítima tem o seu e-mail invadido pelo

agressor, que, fazendo-se passar por ela, envia mensagens com conteúdo

difamatório, com gravíssimas consequências para a vítima e seus familiares. A

participação em fóruns e livro de visitas também é uma estratégia utilizada

pelos praticantes de ciberbullying, que deixam mensagens negativas sobre o

assunto em questão ou opinam de maneira inconveniente.

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292.4 – Emoções e sentimentos

Dependendo da estrutura psicológica de cada indivíduo, o

Bullying poderá mobilizar ansiedade, tensão, medo, raiva reprimida, angústia,

tristeza, desgosto, sensação de impotência e rejeição, mágoa, desejo de

vingança e pensamento suicida, dentre outros. Porém é importante pensar nos

tipos de construções inconscientes de cadeias de pensamentos que estarão

sendo construídas na memória da vítima e suas implicações para o

desenvolvimento da auto-estima, da socialização e do aprendizado.

A experiência Bullying é traumática ao psiquismo das vítimas, pois

promove o superdimensionamento do registro em sua memória, por causa da

forte carga emocional de constrangimento vivenciada. Daí por diante, seja de

fonte extrapsíquica ou intrapsíquica, a cada novo estímulo aversivo, gerado

pela presença ou lembrança do agressor, novas construções de cadeias de

pensamentos se constroem, aprisionando a mente da vítima a emoções

desagradáveis e geradoras de desequilíbrios biopsicossociais (CURY, 1998).

2.5 – Professores também são alvos do Bullying

Muitos professores são assediados sexual e moralmente,

humilhados, ameaçados, perseguidos, ridicularizados por seus alunos e até

mesmo por seus colegas. É grande o número de profissionais que sofrem em

seu ambiente de trabalho, sem saber o que fazer e às vezes a quem recorrer.

Caso procurem a direção escolar em busca de auxílio, podem ser mal-

interpretados e rotulados de incompetentes. Se chamarem os pais dos autores

dos maus-tratos para uma conversa, a maioria não comparece. Se reclamarem

aos próprios alunos, estes geralmente dizem que são brincadeiras inofensivas

e que o professor é sensível demais. Tudo isso provoca desequilíbrio aos

profissionais, prejudica sua auto-estima e o desempenho de suas funções,

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30gerando acentuado estresse, desânimo e fadiga, que se refletirão nas relações

familiares e com seus alunos e colegas de trabalho.

Os professores são agredidos com palavras abusivas, piadinhas e

comentários sexistas em sala de aula. O estudo mostrou que um quinto dos

professores do ensino básico e dois terços dos professores do ensino médio já

foram alvos de Bullying. Ainda, segundo o estudo, um em cada vinte docentes

foi agredido pelo menos uma vez por semana. No Brasil, em pesquisa

realizada com, cerca de 600 professores da rede pública e privada de ensino

mostrou que 50% deles se envolveram em Bullying quando ainda eram alunos.

A maioria ainda sofre as consequências do fenômeno ou são alvos de assédio

moral.

2.6 – Professores também praticam o Bullying

Não somente os professores, mas também os outros profissionais

que trabalham em escola, praticam o Bullying. Alguns estudiosos vêm se

dedicando a pesquisar o Bullying na relação professor-aluno, dentre eles o Dan

Olweus. Muitos alunos são perseguidos, coagidos, intimidados, ridicularizados

e acusados. Esses autores comparam, constrangem, criticam, chamam a

atenção publicamente, menosprezam, mostram preferência a determinados

alunos em detrimento de outros, humilham. Rebaixam a auto-estima e a

capacidade cognitiva, agridem verbal e moralmente, fazem comentários

depreciativos, preconceituosos e indecorosos. Portanto, a vítima de um

professor sofre terrivelmente na escola, pois esse fato gera inúmeros

sentimentos negativos, cujos resultados geram sensação de impotência,

prejudicando o rendimento escolar e promovendo a desmotivação para os

estudos.

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31

CAPÍTULO III

UM BREVE HISTÓRICO SOBRE OS CASOS DE

BULLYING NO MUNDO E NO BRASIL

A crueldade deliberada direcionada aos outros gera e alimenta a

violência, como podemos observar pelos massacres em escolas de toda parte

do mundo, noticiados pela mídia. Fante (2005) faz um histórico dos

assassinatos ocorridos em escolas internacionais, de 1997 a 2002:

"Em 1997, na cidade de West Paducah, Kentucky, um adolescente de 14 anos matou a tiros três companheiros de escola, após a oração matinal, deixando mais cinco feridos. Em 1998, em Jonesboro, Arkansas, dois estudantes, de 11 e 13 anos, atiraram contra a sua escola, matando quatro meninas e uma professora. Também em 1998, em Springfield, Oregon, um adolescente de 17 anos matou a tiros dois colegas e feriu mais vinte. Em 1999, dois adolescentes, de 17 e 18 anos, provocaram a tragédia de Columbine, em Littleton, Colorado. Com explosivos e armas de fogo, assassinaram 12 companheiros, um professor e deixaram dezenas de feridos. Em seguida, suicidaram-se. Ainda em 1999, uma semana após o massacre de Columbine, em Taber, Canadá, um adolescente de 14 anos disparou ao seu redor, matando um colega de escola. Outros massacres ainda foram noticiados na década de 1990, na Escócia, no Japão e em vários países africanos. Em novembro de 1999, na Alemanha, um estudante de 15 anos matou a facadas uma professora. Em março de 2000, um aluno de 16 anos matou a tiros o diretor da escola e depois tentou o suicídio. Em fevereiro de 2001, um jovem de 22 anos matou a tiros o chefe de sua empresa; depois se dirigiu à sua ex-escola, matou o diretor e suicidou-se com explosivos. Na Alemanha, em abril de 2002, na cidade de Erfurt, um jovem de 19 anos chacinou 16 pessoas: duas garotas, 13 professores, uma secretária e um policial que atendeu ao chamado de emergência; em seguida, suicidou-se." (FANTE, 2005, p. 21-22)

Em 1997, na cidade de Manchester, Inglaterra, o caso do

estudante Vijay Singh, de 13 anos, alerta o mundo para os atos consecutivos,

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32sorrateiros e cruéis que levam o indivíduo a procurar a paz, acabando com a

própria vida.

"Vijay Singh escreveu em seu diário: “Segunda-feira, lanche e dinheiro tomados à paulada. Terça, bicha e chinês. Quarta, uniforme retalhado à faca. Quinta, sangue a jorros do nariz. Sexta, nada. Sábado, liberdade”. Sábado fora o dia em que o estudante se enforcara em casa com um lenço de seda." (CHALITA, 2008, p.143).

No Brasil, em 2003, na cidade de Taiúva, interior de São Paulo,

um adolescente entrou na escola e atirou contra seis alunos, uma professora e

o zelador, matando-se a seguir. A vítima era um rapaz de 18 anos, obeso,

ridicularizado por alcunhas de “gordo”, ”mongolóide”, “elefante cor de rosa” e

“vinagrão”, por tomar vinagre de maçã todos os dias de manhã, na ânsia de

emagrecer. Em Remanso, na Bahia, no ano de 2004, um adolescente de 17

anos, revoltado pelas humilhações sofridas e pela exclusão do círculo de

amigos da escola, matou seu principal agressor na porta da sua casa, e na

escola de informática atirou em funcionários e alunos, tirando a vida da

secretária. Foi imobilizado e detido antes de cometer suicídio. Outro caso

aconteceu na cidade de Recife, Pernambuco: Luís Antônio, um garoto de 11

anos, foi alvo da violência dos colegas após ser transferido de uma escola de

Natal (RN) para outra de Recife, por causa de seu sotaque diferente, o garoto

desapareceu após ter apanhado mais um dia, na entrada do colégio (FANTE,

2005; CHALITA, 2008).

Esses acontecimentos chocam, escandalizam, amedrontam, pois,

como diz Chalita (2008, p.151) “quando um fracassa, é a humanidade que

fracassa”.

O fenômeno é uma epidemia invisível que através das

“brincadeiras” e dos apelidos maltrata a alma, registra na essência do ser

humano a desmoralização, a humilhação e a perda da dignidade. Muitas

atrocidades não são noticiadas, eclodem no íntimo do ser humano, destruindo-

lhe a autoestima e a construção da sua identidade.

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33Segundo Chalita (2008, p. 92) ”apelidos carinhosos acariciam a

alma e são bem-vindos; alcunhas pejorativas ofendem, humilham, agridem,

tiram a identidade concedida pelo nome, que é único [...]. Dizem que apelidos

não têm cola, porém os cruéis, com certeza, têm pregos. Pregos causam dor e

mesmo depois de arrancados deixam marcas e cicatrizes profundas”

(CHALITA, 2008, p.96-97).

Muitos casos não chegam a tragédias mundiais, mas continuam

alojados no interior de cada indivíduo. A história de Magali, registrada por

Chalita (2008, p. 123), alerta para esse infortúnio:

"Gordinha, na infância, tinha um apetite voraz. Na escola, era identificada pelos colegas com a personagem Magali, do desenhista Maurício de Sousa: “Magali gulosa”, “Magali come tudo”, No começo soava como brincadeiras as vozes que diziam: “Quer uma maçã, Magali?”, “Tirem as maçãs de perto da Magali!”, “É só ela comer que se acalma!”, entretanto isso depois passou a incomodar muito. Até que, um dia, Magali tomou coragem e resolveu falar com a professora. Mas talvez não tenha escolhido uma boa hora, conta Magali. A partir de então as coisas pioraram e muito. A professora olhou bem para ela e em voz alta, diante da classe, disse com firmeza: “Primeiro, o seu nome é mesmo Magali; caso não esteja satisfeita, fale com seus pais. Segundo, você realmente come muito”. E todos riram bastante e durante muito tempo. O pesadelo durou anos e anos depois de legitimado pela professora. Hoje, já adulta, Magali fala pouco e confessa que pensa mil vezes antes de revelar suas emoções a alguém. Ela teme as risadas!" (CHALITA, 2008, p.123)

Os acontecimentos se alastram pelas diversas partes do mundo.

O bullying é um fenômeno mundial. Milhares de alunos, dos diversos níveis

educacionais e sociais sofrem, diariamente, calados, por medo de represália de

seus agressores, por vergonha de se exporem, ou receio de piorarem o

problema, propiciando condições favoráveis àqueles que praticam tais

atrocidades.

Pesquisa feita em Portugal, na década de 1990, com 7 mil alunos

constatou, que 1 em cada 5, com idade entre 6 a 16 anos, já foi vítima desse

tipo de violência.

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34Na Espanha, o nível de incidente de bullying já chega a 20% entre

os alunos. A Grã-Bretanha apurou, em pesquisa, que 37% dos alunos do

primeiro grau e 10% dos alunos do Ensino Médio admitiram que sofrem

bullying pelo menos uma vez por semana. Nos Estados Unidos, o fenômeno

dessa forma de violência foge ao controle; estima-se que 35% das crianças em

idade escolar estão envolvidas em atos violentos dessa natureza (CHALITA,

2008, p. 104).

De acordo com Fante (2005), no Brasil, o bullying ainda é pouco

pesquisado, dificultando uma visão global para compará-lo aos demais paises.

Os primeiros estudos foram registrados em 1997. Marta Canfield adaptou e

aplicou o questionário de Olweus em quatro escolas públicas da cidade de

Santa Maria, no Rio Grande do sul, com o objetivo de observar o

comportamento agressivo das crianças. Em 2000 e 2001, os professores Israel

Figueira e Carlos Neto desenvolveram pesquisas com o objetivo de

diagnosticar a incidência do fenômeno, em duas escolas municipais do Rio de

Janeiro (FANTE, 2005, p. 47).

No ano de 2003, a Associação Brasileira de Multiprofissionais de

Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia), após pesquisa com 5.875 alunos

de 5ª a 8ª séries de 11 escolas do Rio de Janeiro, revelou o envolvimento de

40,5% desses alunos em situações de bullying, sendo 16,9% alvos dos maus-

tratos, 10,9% vítimas-autores e 12,7% autores da violência. (FANTE, 2005;

CHALITA, 2008)

Fundamentado nessas pesquisas iniciou-se o mapeamento da

violência escolar brasileira, conforme informações do Centro Multidisciplinar de

Estudos e Orientação sobre o Bullying Escolar (CEMEOBES) (Organização da

Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) desde 24 de abril de 2007,

sediada em Brasília, DF, que mantém o site www.bullying.pro.br).

De acordo com o estudo sistemático desenvolvido pela

pesquisadora Cléo Fante (2005, p.61), durante o período de 2000 a 2005, nas

escolas do interior paulista, por meio de pesquisas teóricas e de campo, de

depoimentos de alunos, pais, professores e funcionários a presença do bullying

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35é fato consumado, seja a instituição de porte pequeno, médio ou grande,

central ou de periferia, pública ou privada, nas séries iniciais ou finais e

independentemente do tamanho da cidade.

Fante (2005, p.61) afirma “o bullying acontece em 100% das

nossas escolas”.

Destaca-se um dos estudos desenvolvidos pela educadora e

citado por Chalita nos anos de 2002 e 2003, em São José do Rio Preto,

pesquisa que envolveu cerca de 2 mil alunos em oito escolas da rede pública e

particular, e revelou que 49% dos estudantes estavam envolvidos com o

bullying, sendo 22% protagonistas-vítimas, 15% agressores, e 12% vítimas-

agressoras. (FANTE, 2005; CHALITA, 2008, p. 121)

A violência camuflada em meio a conflitos naturais da convivência

humana acomete, a cada dia, um grande número de vítimas. Segundo Chalita

(2008, p.124), “os conflitos começam por uma razão identificada e terminam

quando a questão é resolvida. No caso do bullying não há motivo que explique

ou justifique tal perversidade sem fim, sem data e nem hora para acabar”.

Os altos índices sobre o fenômeno detectados em escolas

brasileiras, por meio de pesquisas realizadas por Cleo Fante de 2000 até 2005

data de publicação do livro, em escolas do interior paulista e no Distrito

Federal, revelam um grave problema social e que passa despercebido pela

maioria das escolas.

Em 2004, o psicólogo e pesquisador Leonardo Cheffer publicou

nos Anais da Sexta Semana de Psicologia da Universidade Estadual de

Maringá, o trabalho Subjetividade e Arte, dados e impressões sobre o bullying,

afirmando que o fenômeno reflete a ideologia da dominação da sociedade. Os

resultados da pesquisa que envolveu 240 alunos de 5ª a 8ª séries de uma

escola pública do norte do Paraná, segundo Cheffer (2004), reflete o papel

social da escola, que é influenciada pela sociedade e que ao mesmo tempo

influencia o meio.

Atos perversos e violentos nascem em uma sociedade que

alimenta idéias e padrões preconceituosos e discriminatórios, onde os valores

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36são estabelecidos, mas não praticados. Segundo Mcperson e Brown (apud

PEREIRA, 2002, p.101) a aprendizagem social ocorre por imitação de modelos

significativos na tenra idade. O processo de socialização do indivíduo tem início

no seio familiar e, posteriormente, com seu grupo de pares, quando começa a

frequentar a escola. Acontecimentos, em solo brasileiro, alertam a sociedade

para uma ideologia enraizada em nossa cultura. Há casos como o do índio

Pataxó, Galdino Jesus dos Santos, de 44 anos, que morreu após ter seu corpo

queimado pela ação de cinco jovens brasilienses. Os jovens justificaram seus

atos dizendo que não sabiam que era um índio, acharam que era um mendigo.

O caso de Janaína Azevedo em 2007, no Recife, espancada por dois rapazes

porque a confundiram com um travesti; o caso da empregada doméstica

espancada e roubada no ponto de ônibus, na Barra da Tijuca, no Rio de

Janeiro, por cinco jovens que alegaram tê-la confundido com uma prostituta

(CHALITA, 2008).

Cheffer (2004) e Chalita (2008) referem-se a uma ideologia que

permite agredir, tirar a vida do próximo por intolerância à condição do outro, ou

por se sentir superior às diferenças. Existe falta de valores, a ação cruel que

tirou a vida de um ser humano e os atos que deixaram cicatrizes para o resto

da vida em suas vítimas, para os agressores foram classificadas como

“brincadeiras de mau gosto”.

"Uma sociedade em que mendigos, travestis e prostitutas "merecem" ser espancados e mortos, pode ser reflexo de uma sociedade que permite que jovens e crianças qualificados como esquisitos, tímidos, feios, diferentes do padrão estabelecido pelo grupo sejam escarnecidos, humilhados, excluídos, atormentados, ameaçados, ridicularizados." (CHALITA, 2008, p.128)

De acordo com Chalita (2008, p.128) “o bullying é uma

manifestação dessa rejeição de ordem social que priva o indivíduo,

considerado diferente e inferior, de sua dignidade e de seu direito de participar

e de existir”. Para Fante (2005, p. 64), “os portadores de deficiência física e de

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37necessidades educacionais especiais correm maiores riscos de se tornarem

vítimas de bullying”.

As características das crianças especiais podem ser vistas como

um motivo para as ações violentas dos agressores, bem como a sua falta de

popularidade e insegurança. Segundo Martlew e Hodson (1991 apud

PEREIRA, 2002, p.67) são crianças frequentemente ridicularizadas. Para

Smith, Thompson e Whitney, Nabuzoca (1993, apud PEREIRA, 2002, p.67)

além de serem ridicularizadas são mais vítimas do que as outras crianças.

A diferença existente em cada indivíduo, para muitos “seres

humanos”, ainda é motivo de marginalização e desmerecimento, pelo fato de

não pertencer a um protótipo pré-estabelecido por uma sociedade ou mesmo

pelo mundo. O estranho torna-se errado, não apenas diferente.

O fenômeno se estende silenciosamente, dissemina a violência, o

ódio que conduzem ao dissabor e à busca de vingança pela dignidade perdida.

Os Estados Unidos, em abril de 2007, volta a ser o protagonista

de mais um massacre no contexto escolar. Segundo Chalita (2008, p.146) “foi o

maior massacre em uma instituição de ensino da história dos Estados Unidos”.

O estudante, Cho Seung-Hui, sul coreano de 23 anos, entra armado na Escola

Pública de segundo grau, Westfield, na cidade de Chantilly, na Virginia, mata

32 pessoas e suicida-se.

Cho planejou minuciosamente os ataques. Entre um assassinato

e outro, o sul coreano foi ao correio e enviou um pacote com vários vídeos e

fotos à emissora de TV NBC, em Nova York. Dos 27 vídeos em que Cho

aparece falando diretamente para a câmera, três mensagens publicadas no

jornal Folha de S. Paulo, alerta para o bullying:

"Eu não precisava fazer isso; eu poderia ter desistido; eu poderia ter fugido. Mas não; eu não vou mais fugir. Não é por mim; mas por meus filhos, por meus irmãos e irmãs que vocês ferraram. Eu fiz isso por eles”. – “Vocês tiveram bilhões de chances e maneiras de evitar os acontecimentos de hoje. Mas vocês me encurralaram e me deram só uma opção. A decisão foi sua; agora vocês têm em suas mãos sangue que nunca

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38mais será lavado”. – “Quando a hora chegou, eu fiz. Eu não tinha de fazer isso, eu poderia ter fugido, mas eu não vou mais fugir. Senão por mim, por meus irmãos e irmãs. Seus esnobes sádicos. Vocês sabem o que é ser cuspido na cara?" (DÁVILA, 2007, p. A14).

Essa é uma mensagem de vítima que se tornou agressor: relato

de sofrimento, dor, discriminação, preconceito e exclusão. O psiquismo de Cho

estava comprometido. Ele também expõe, nos vídeos, ódio aos mais

abastados financeiramente. Alguns familiares de Cho relatam que sua infância

foi marcada pelo silêncio e pelas dificuldades de relacionamento em casa e

com amigos. Estudantes que o conheciam desde o colégio, descrevem Cho

como um indivíduo quieto que abaixava a cabeça ao passar pelas pessoas

para não fitar o olhar; solitário, não tinha amigos, e escrevia textos com

conteúdos violentos, muitas vezes reprovados pelos professores (DÁVILA,

2007, p.A15).

Para o psicólogo Antonio de Pádua Serafim, coordenador do

Nufor (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psiquiatria Forense e Psicologia

Jurídica), o comportamento de Cho era um alerta. Serafim conclui que o caso

de Cho esconde uma típica história de rebaixamento da autoestima, de não

adaptação, potencializado pela cena político-cultural americana de segregação

e elogio ostensivo da lei do mais forte (SERAFIM apud DAVILA, 2007, p. A-14).

Muitos psicólogos são unânimes em alegar que a autoestima é o instrumento

que o ser humano possui para enfrentar os desafios diários, uma espécie de

sistema imunológico emocional.

O filósofo francês Michel de Montaigne (1533-1592) ensinava que

as experiências negativas de vida arquivam nas pessoas predisposições

violentas e até monstruosas (MONTAIGNE apud DAVILA, 2007, p. 9).

Diante das mensagens de Cho Seung-Hui, algo terrível acontecia

entre os pares do Colégio Virginia Tech, bullying. Uma forma de violência

recôndita, onde aquele que vê é conivente ao ato brutal e cruel, repetitivo, que

fere o sentimento atinge a autoestima e a mente do ser humano. Cho

encontrou no massacre um meio de expressar sua indignação e sua dor por

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39anos de injustiça. Diante das tragédias, segundo Chalita (2008) todos os

protagonistas passam a participar de um único grupo.

"De vítimas a vilões. Acuados e isolados, os alunos vítimas de bullying passam a ter pensamentos destrutivos alimentados pela raiva reprimida. Nasce o desejo de ‘matar’ a escola, de destruir o registro da dor, de tornar-se importante e lembrado de alguma forma. Em dramas como esse, apagam-se as linhas divisórias que classificam autores, vítimas e expectadores. Todos passam a integrar um único grupo: vítimas da violência." (CHALITA, 2008, p.142).

As tragédias despertam o mundo para atos cruéis que culminam

em dores sociais. Segundo Chalita (2008, p.89), “certamente, reconhecemos

esses personagens em nós mesmos e nos outros”. Em algum momento da

existência, protagonizamos atos violentos.

O bullying muda o comportamento das vítimas, tira-lhes o poder

de avaliar a atitude certa da errada, indivíduos que só queriam conviver em

sociedade, tornam-se protagonistas de trágicas histórias, devido às violências

sofridas. As ações do fenômeno criam um circulo de violência, onde a vítima,

de tanto ser agredida, almeja em um só ataque, exterminar seu agressor ou

mesmo qualquer indivíduo que encontrar em seu caminho.

3.1 – O círculo vicioso do bullying

O mundo perplexo perante o poder que o fenômeno bullying

exerce sobre suas vítimas, destruindo suas defesas psíquicas, alimentando-as

de ódio e ações de vingança, se questiona sobre atos desumanos de alunos

contra alunos. Segundo Fante (2005, p.22), “ao que tudo indica o autor ou os

autores de todos os massacres planejaram detalhadamente seus atos”. Para o

Centro Nacional de Avaliação de ameaças do Serviço Secreto dos Estados

Unidos, 17 adolescentes sabiam que o massacre em Columbine aconteceria e

quais seriam os pontos estratégicos para melhor assistirem aos

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40acontecimentos. Cho planejou, gravou e enviou à emissora de TV NBC um

pacote contendo vídeos, fotos e mensagens. No Brasil, em Taiúva, interior do

Estado de São Paulo um amigo sabia o que ia acontecer na escola. Em

Remanso, interior Baiano, supõe-se que um colega tinha ciência dos

assassinatos, conforme carta escrita pelo adolescente.

O autor ou autores das tragédias que premeditaram seus intentos,

via de regra, não tinham passagem pela polícia, não eram criminosos e, em

nenhum dos casos houve motivação reativa imediata que fosse evidente, como

brigas, discussões ou desentendimentos que provocassem tal ira que os

levassem a entrar na escola e a praticar atos cruéis de violência. O

planejamento e execução das ações foram muito bem arquitetadas, bem como

o desfecho suicida.

As vítimas do bullying planejam minuciosamente suas ações em

busca da paz e do amor próprio. Alunos que têm como característica a timidez,

a pouca habilidade de autoafirmação, a dificuldade de relacionamento com

seus pares, pela rejeição eminente, devido à raça/etnia, à cor, ao credo e/ou às

diferenças físicas, sofrem silenciosamente, de maneira sistemática, por um

longo período de tempo, maus tratos, humilhação, rejeição social, gozações,

perseguições, desrespeitos por serem diferentes em seu biotipo. Por isso, de

cidadãos comuns, vitimados por um fenômeno preconceituoso, desumano e

violento, passam a ser criminosos.

Segundo o psicólogo e pesquisador, José Augusto Pedra, (apud

FANTE, 2005, p.12) as vítimas do bullying tornam-se “reféns de uma angústia

vacilante” que interfere diretamente no seu sistema psíquico, causando medo,

constrangimento e raiva reprimida. Esses sentimentos aprisionam a mente,

produzem inconscientemente cadeias de pensamentos que resultarão em

processos psíquicos destrutivos de si mesmo e da sociedade, como o

alojamento do desejo de matar, por vingança, o maior número de pessoas,

seguido de suicídio.

Os registros traumáticos instalados nos arquivos da memória das

vítimas do bullying desencadeiam pensamentos angustiantes, geradores de

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41emoções conflitantes de ansiedade e tensão. O armazenamento dos conflitos

intrapsíquicos produz reações bioquímicas descompensadas que conduzem ao

estresse, que pode causar sensações corporais como taquicardia, sudorese,

diurese, dor de cabeça, náuseas, vômitos, diarréias, além de outros sintomas.

Tais reações, associadas aos sentimentos de dor, angústia, humilhação e

discriminação, podem motivar idéias destrutivas de vingança e suicídio

(FANTE, 2005, p.192).

Não se pode afirmar que toda vítima de bullying será protagonista

de trágicos acontecimentos. Sabe-se que as experiências traumáticas alojadas

no arquivo da memória de suas vítimas causam dificuldades na autopercepção

e na autoestima, comprometendo a capacidade de autossuperação na vida.

Prejudica o desenvolvimento da inteligência, da autoexpressão, da atitude de

primar por cidadania e qualidade de vida. Segundo Chalita (2008, p.147) “para

os sobreviventes, fica a ausência de sentido da condição humana”.

Os agentes ou alvos de bullying desenvolvem seus

comportamentos, violentos ou submissos, de acordo com o meio ambiente em

que estão inseridos, como família e escola, e pelos estímulos que recebem dos

meios de comunicação social, além dos fatores individuais, inatos, como sexo e

hereditariedade.

A família, ponto de partida para o aprendizado do indivíduo, deve

ser o local onde a criança aprende ou deveria aprender a se relacionar,

respeitar e valorizar as diferenças de cada ser, além de desenvolver meios de

lidar com os próprios sentimentos e com os conflitos surgidos nas relações

interpessoais para que, no futuro, com sua inserção no meio escolar, ela tenha

subsídios para conviver com a diversidade humana, bem como com os meios

de comunicação social. (FANTE, 2005)

A influência dos meios de comunicação na vida das pessoas vem

aumentando a cada dia. Em muitos casos a mídia se apodera de um espaço de

informações que deveria ser da família, mas que, por vários fatores,

principalmente a falta de tempo, deixa lacunas que são preenchidas

principalmente pelo meio de comunicação televisivo. Segundo Fante (2005,

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42p.171) “existe uma grande relação entre a televisão e a construção da

identidade e do comportamento não só dos adolescentes, mas de toda a

sociedade.”

A invasão da tecnologia na vida do indivíduo, principalmente do

adolescente é um potente fator que contribui para as mudanças socioculturais

e, por conseguinte, do ambiente social. Atualmente, o excesso de informações

veiculadas pela mídia, tornar-se vítima, testemunha ou agente de violência é

condição que pode ficar registrada na história de vida do adolescente. Mesmo

as experiências não vividas pessoalmente são trazidas à tona em detalhes pela

mídia, ou seja, a exposição às drogas, gangs, armas, problemas raciais,

atividades terroristas, e mesmo desastres naturais (BRASIL, 2002).

De acordo com a teoria de aprendizagem social de Bandura (1973

apud PEREIRA, 2002, p.10), o comportamento agressivo é socialmente

apreendido, tendo os meios de comunicação social, e em particular a TV, um

papel de modelagem importante.

Aberastury e Knobel (1981) comparam o adolescente a uma

“esponja”, que absorve tendências e comportamentos estimulados. A

adolescência é um período em que o indivíduo se encontra vulnerável tanto às

informações de caráter positivo, quanto às de negativo, dependendo do que

sua receptividade ao meio resolve absorver.

Segundo Marçolla (2008, p.3), “a mídia traz as histórias de

tradição oral e seus conteúdos que contribuem para a individuação,

interferindo, inclusive na determinação do comportamento humano”.

O homem se utiliza da mídia como instrumento de difusão de

opiniões, hábitos, comportamentos, modas, etc. Nessa perspectiva os meios de

comunicação tanto podem contribuir de maneira positiva como negativa na vida

do ser humano, mediante o seu próprio conhecimento.

Diante do exposto, a mídia, principalmente eletrônica, pode vir a

reforçar comportamentos negativos, e o bullying acaba se tornando cada vez

mais presente no meio dos adolescentes, facilitado pelo advento de uma

sociedade altamente tecnológica e suas peculiaridades, pela banalização das

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43situações de violência, pela desigualdade social, econômica e cultural, pela

prática de atividades ilícitas e pela cultura de consumo (BRASIL, 2002).

A ficção influencia a realidade da mesma forma que a realidade

produz subsídios para o contexto ficcional. A simbiose existente entre arte-

realidade é definida por Pablo Picasso como “arte que não é a verdade, mas

faz-nos entender a verdade.” (GUZMAN, 2007).

O bullying, retratado no mundo fílmico pode não ser a verdade

vivenciada todos os dias pelas vítimas, mas é uma das formas de entender a

violência recôndita, instalada na sociedade, que causa prejuízos físicos,

mentais, emocionais e sociais e que pode desencadear atos de violência e

suicídio. Marçolla (2008, p.1) declara “a mídia legitima o que o ser humano já

conhece, desvenda o que ele guarda ao longo de gerações e, por que não,

retrata, por meio de suas imagens, as próprias imagens humanas”.

O fenômeno bullying analisado como uma forma de violência cruel

e desumana que ocorre no mundo todo e possui sua raiz em um indivíduo ou

em um grupo deles não é recente se pensarmos ao longo das gerações onde o

preconceito e a discriminação imperam em relação aos negros, aos menos

favorecidos financeiramente, aos deficientes, etc.

Cada ser humano é único, essa individualidade toma formas de

acordo com o meio em que está inserido. O indivíduo desenvolve determinados

comportamentos mediante fatores externos que permeiam sua vida. Os atos

cruéis dos agressores estão relacionados ao conjunto das ações vivenciadas

por ele, na família, na escola, no contexto social e tecnológico.

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44

CONCLUSÃO

A violência moral e psicológica denominada no Brasil como

fenômeno bullying, analisada na literatura e na ficção ecoa entre os estudantes

das escolas públicas ou privadas, independentemente do turno, da série, da

localização, do tamanho e da condição social. Esse fato reforça o consenso de

que não só a violência física é merecedora de grande atenção, mas que os

danos causados por ações covardes e desumanas enraizadas em

preconceitos, discriminação e produtoras de estigmas, que se alojam na

memória dos seres humanos, podem ser traumáticas e geram graves

problemas para o oprimido.

Os ambientes escolares internacionais e nacionais podem ser

palcos de uma problemática e crescente epidemia do fenômeno bullying, pois é

nesses espaços que crianças e adolescentes aprendem a conviver e aceitar

que todos os seres humanos são diferentes. A falta de aceitação da

diversidade humana, ou mesmo a reprodução de atos agressivos e intolerantes

aprendidos no lar, no ambiente social ou até na escola, propicia as ações do

bullying, prejudicando o funcionamento das instituições educacionais,

impossibilitando a missão de ensinar crianças e jovens. A ocorrência epidêmica

dessa forma de violência tornou-se um grave problema social. A escola,

embora vista como meio de oportunidades para uma vida melhor, pode ser,

também, local de exclusão social e produtora de estigmas.

A falta de conhecimento sobre o fenômeno e de suas

consequências devastadoras no meio educacional, bem como o despreparo

dos profissionais do setor para lidar com essa temática, banalizam o problema

e ampliam sua proliferação.

As vítimas do bullying não possuem forças suficientes para

reagirem sozinhas e se desvencilharem das agressões; os profissionais devem

estar atentos e valorizarem os sentimentos e os apelos de socorro desses

alunos. A intervenção dos profissionais da educação é de suma importância

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45para que a vítima se sinta protegida e encorajada para sair da situação de

agredida.

Transmitir valores sociais que abrangem a aquisição de

conhecimentos, de hábitos e de habilidades para lidar com os padrões

adotados pela sociedade não é uma tarefa tão fácil como parece. A

intolerância, a falta de respeito, de solidariedade, de amor entre os indivíduos

que explodem no ambiente escolar tornam cada dia mais difícil a tarefa do

profissional da educação. Hoje, o grande desafio dos profissionais é atingir a

diversidade humana, sem distinção.

A verdade é que o bullying merece e exige muita atenção e

presença constante de professores, coordenadores ou auxiliares de disciplina,

pois, normalmente, as vítimas são aterrorizadas em áreas da escola com

pouca ou nenhuma supervisão. Advém sempre de uma estratégia premeditada,

e a ação praticada pelo agressor contribui para que a vítima não mereça

crédito junto a outrem ou se torne desencorajada a falar da sua dor.

É necessário e urgente esclarecer todos os setores educacionais

sobre o bullying: conceito, causas, ações, consequências, porque somente a

conscientização poderá diminuir a violência social.

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46

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ABERASTUEY, A.; KNOBEL, M. Adolescência normal: um enfoque psicanalítico. Tradução de Suzana Ballve. Porto Alegre: Artes Médicas, 1981. ÁVILA FAGÚNDEZ, Paulo Roney. Direito e Taoísmo. São Paulo: LTr, 2000. BAUMAN, Z. Amor liquido: Sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. BORGES, Edson. Racismo, preconceito e intolerância. São Paulo: Atual, 2002. BRASIL, Ministério da Saúde. ABEn. Conselho Federal de Psicologia. Adolescência e psicologia: concepções, práticas e reflexões. Brasilia, D.F., 2002. CHALITA, G. Pedagogia da amizade - bullying: o sofrimento das vítimas e dos agressores. São Paulo: Gente, 2008. CHEFFER, L. Subjetividade e arte. In: Semana da psicologia da Universidade Estadual de Maringá. 6. Maringá: UEM, 2004. CROCHIK, José Leon. Preconceito, Indivíduo e Cultura. In: Capitulo I: O Conceito de Preconceito. São Paulo: Robe, 1991. CURY, A. J. Inteligência multifocal: análise da construção dos pensamentos e da formação de pensadores. São Paulo: Cultrix, 1998. DÁVILA, S. Durante massacre, Cho enviou vídeo a T.V. Folha de São Paulo, São Paulo, 19 abr. 2007, Caderno Mundo p. A14. ________. Não acrescentem culpa à dor, pede professor de Cho. Folha de São Paulo, São Paulo, 20 abr. 2007, Caderno Mundo, p. A15. FANTE, C. A. Z. Bullying escolar: perguntas e respostas. Porto Alegre: Artmed, 2008. ________. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. 2. ed. Campinas: Verus, 2005. FRIEDMAN, Howard S.; SCHUSTACK, Miriam W. Teorias da personalidade: da teoria clássica à pesquisa moderna. 2. ed. Tradução Beth Honorato. São Paulo: Pearson/Prentice Hall, 2004.

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47 PEREIRA, B. O. Para uma escola sem violência estudo e prevenção das práticas agressivas entre crianças. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian; Fundação para a Ciência e a Tecnologia, 2002.

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48WEBGRAFIA

GUZMAN, E. Os párias da mídia. 2007. Disponível em: http://www.canaldaimprensa.com.br. Acesso em: 5 jan. 2010. MARÇOLLA, R. Histórias de tradição oral: matéria prima do jornalismo. 2008. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/marcolla-rosangela-historias-tradicaooral.pdf. Acesso em: 5 jan. 2010.

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49ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 1

RESUMO 2

METODOLOGIA 3

SUMÁRIO 4

INTRODUÇÃO 5

CAPÍTULO I

PARADIGMA DE VIOLÊNCA NA ESCOLA ....................................................... 7

1.1 – Uma questão social ................................................................................... 7

1.2 – A escola como reflexo da sociedade ......................................................... 9

1.3 – O que é o Bullying? ................................................................................. 10

1.4 – O Bullying no mundo ............................................................................... 12

1.5 – Conscientização sobre o Bullying ........................................................... 16

CAPÍTULO II

BULLYING E SUAS HISTÓRIAS ..................................................................... 18

2.1 – Projeto Anti-Bullying ................................................................................ 18

2.2 – Reconhecendo o Bullying ........................................................................ 20

2.2.1 – Apelidos ............................................................................................... 20

2.2.2 – Xingamento .......................................................................................... 21

2.2.3 – Desrespeito .......................................................................................... 22

2.2.4 – Discriminação ....................................................................................... 23

2.2.5 – Bullying homofóbico: ............................................................................ 25

2.2.6 – Racismo ............................................................................................... 26

2.2.5 – Isolamento ............................................................................................ 26

2.3 – O Ciberbullying ........................................................................................ 27

2.4 – Emoções e sentimentos .......................................................................... 29

2.5 – Professores também são alvos do Bullying ............................................. 29

2.6 – Professores também praticam o Bullying ................................................ 30

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50

CAPÍTULO III

UM BREVE HISTÓRICO SOBRE OS CASOS DE BULLYING NO MUNDO E

NO BRASIL ...................................................................................................... 31

3.1 – O círculo vicioso do bullying .................................................................... 39

CONCLUSÃO .................................................................................................. 44

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................................................................... 46

ÍNDICE ............................................................................................................. 49

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51

FOLHA DE AVALIAÇÃO

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