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1 AVM FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AS CONTRIBUIÇÕES ÉTICAS DO ENSINO RELIGIOSO NA EDUCAÇÃO INFANTIL E NO ENSINO FUNDAMENTAL Por: Julieni Batista dos Santos Correia Orientador Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho Rio de Janeiro 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · perguntas objetivas, em duas escolas privadas confessionais situadas em dois bairros diferentes da cidade do Rio de Janeiro, Jacarepaguá

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AVM FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AS CONTRIBUIÇÕES ÉTICAS DO ENSINO RELIGIOSO NA EDUCAÇÃO

INFANTIL E NO ENSINO FUNDAMENTAL

Por: Julieni Batista dos Santos Correia

Orientador

Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho

Rio de Janeiro

2013

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AVM FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AS CONTRIBUIÇÕES ÉTICAS DO ENSINO RELIGIOSO NA EDUCAÇÃO

INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL

Monografia apresentada à Faculdade Integrada

A vez do Mestre como requisito parcial para

obtenção do título de especialista em Ensino

Religioso.

Por: Julieni Batista dos Santos Correia

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AGRADECIMENTOS

Dou graças a Deus, Espírito renovador de todas as coisas. Sopro e

leveza que conduz a vida e sustenta o Universo. Agradeço ao meu marido,

companheiro amoroso e gentil animador e à dinâmica da vida que abre janelas,

ainda que as portas se fechem.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho àqueles que sempre mantiveram a

fé ao longo de suas vidas, encontrando a luz. Aos meus

pais, que estão nas terras de Minas, de onde bebi da

fonte da crença popular, nas rezas, baduques e nas

novenas. Ao meu doce amado encontrado nas teias da

fé, o qual do santo recebeu o Antônio de seu nome e o

encanto pelo Divino.

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“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar”.

(Nelson Mandela)

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RESUMO

Partindo do pressuposto que a formação ética do indivíduo encontra-se

nas fases iniciais de seu desenvolvimento cognitivo, este estudo verificou as

possíveis contribuições do ensino da ética nas séries iniciais e finais da

educação básica na disciplina de Ensino Religioso. As primeiras contribuições

encontradas estão pautadas na pesquisa bibliográfica realizada, na série da

Educação Infantil, na metodologia dos jogos simbólicos, especialmente, as

literaturas infantis e nos jogos dirigidos que visam no ato de brincar a

construção de significados. Posteriormente, à análise de entrevistas realizadas

com os estudantes do ensino fundamental demonstraram o impacto que a

temática sobre a ética, estudada sob o prisma do Ensino Religioso, em busca

de uma formação, gerava uma consciência universalizante do ser humano em

sua relação com o mundo. Conclui-se que a escola tem a função de

posssibilitar o amadurecimento da dimensão da coletividade do ser humano,

apresentando ao estudante em todo o seu processo formativo educacional a

sua relação de interrelação com todo o ambiente, pautados em princípios

universais.

Palavras-chave: adolescências, infâncias, ética e ensino religioso.

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METODOLOGIA

A presente pesquisa compõe-se de um suporte teórico fundados em

autores das áreas de teologia, como Leonardo Boff e James W. Fowler; de

filosofia, com Hanah Arendt em suas abordagens sobre ética e educação;

sociologia, destacando Zigmunt Bauman, Edgar Morin sobre a necessidade de

um pensamento complexo nos tempos atuais e psicologia de Jung em

psicologia e religião. Huizinga e sua colaboração sobre o sentido do jogo nas

sociedades, Ariés em sua pesquisa sobre a construção cultural do conceito de

infância e Piaget, colaborador da psicologia do desenvolvimento.

Foram utilizados, para isso, a base bibliográfica como fundamentação da

pesquisa sobre a Educação Infantil e aplicado um questionário destinado aos

estudantes das séries finais do ensino fundamental, o 9º ano, contendo 09

perguntas objetivas, em duas escolas privadas confessionais situadas em dois

bairros diferentes da cidade do Rio de Janeiro, Jacarepaguá e Tijuca.

Contendo questões sobre o preconceito, a pertença religiosa, a vergonha de

dizer que pertence a algum grupo religioso, os valores religiosos positivos para

a sociedade, o que é mais importante ensinar no ensino religioso: a formação

moral, ética e valores sociais; a identidade religiosa, a fé de uma religião

específica ou a diversidade religiosa; o conhecimento de diversas crenças

religiosas; a influência da religião nas ações das pessoas, a importância da

participação na aula de ensino religioso, as imagens transmitidas pelos meios

de comunicação sobre as religiões e a contribuição do ensino religioso na

diminuição da intolerância religiosa.

Para a coleta desses dados foram realizadas cópias disponibilizadas aos

estudantes, sem a necessidade de declarar a identidade, a fim de manter a

imparcialidade nas respostas. Posteriormente, as respostas foram agrupadas

em forma de gráfico estátístico, demonstrando a média para cada questão

proposta.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I – Infâncias, Adolescências e a Ética Religiosa 11

1.1 – Educação Infantil e os primeiros aprendizados éticos 16

1.2 – Ludicidade e Ética 18

1.3 – Adolescência: ensino religioso, para quê? 21

CAPÍTULO II – A construção de valores na confessionalidade 23

CAPÍTULO III – Ética filosófica no Ensino Religioso 33

CAPÍTULO IV – Análise dos resultados 39

CONCLUSÃO 44

BIBLIOGRAFIA 47

WEBGRAFIA 50

ANEXOS 51

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INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como tema “Infâncias, Adolescências e Ensino

Religioso” e apresenta as contribuições éticas do ensino religioso na educação

infantil e no ensino fundamental.

A temática possui importante relevância, uma vez que a questão da ética

continua a ser um dos maiores desafios da humanidade, principalmente em

tempos de uma crescente mudança nos paradigmas valorativos das

sociedades, família e indivíduo, sobretudo, diante dos fenômenos humanos que

apresentam certa insociabilidade humana.

A pesquisa sobre a ética na formação das crianças e adolescentes na

grade do ensino religioso busca encontrar a relevância deste conteúdo à vida

dos estudantes, bem como investigar a compreensão dos adolescentes sobre

este assunto aplicado a eles, especialmente na fase da adolescência, período

no qual acontecem as principais mudanças corporais, hormonais e

comportamentais, introduzindo-os, progressivamente, à fase adulta.

Os objetivos deste trabalho são observar e identificar o impacto da

disciplina curricular na formação das crianças da Educação Infantil, a partir dos

jogos e brincadeiras e, dos adolescentes, bem como analisar a abordagem da

ética para a formação de uma consciência universal em tempos de grandes

incertezas mundiais.

Diante deste atual cenário, é possível determinar a formação de valores

na educação básica, incluindo a Educação Infantil, quando visualizadas

atitudes de cooperação desde o interior da escola, espaço reservado à maior

parte do tempo da vida dos estudantes.

Ao pensar nesta possibilidade da construção cultural de um indivíduo a

partir dos espaços educativos, tem-se por finalidade a formação de uma

consciência holística para a vida em sociedade, por uma questão de

sobrevivência da espécie humana. Estão implicados neste processo questões

como os paradoxos entre individualidade, individualismo e intolerâncias.

Assim sendo, o estudo foi dividido em três capítulos. No primeiro

capítulo pretendeu-se analisar a relação entre infâncias, adolescências e

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religião e as novas configurações na sociedade pós-moderna. Destacou-se

ainda a análise dos aprendizados éticos na educação infantil e a metodologia

mais apropriada a esta faixa etária. Sobre a adolescência, evidenciou-se à

escuta dos adolescentes sobre esta disciplina curricular e sua relevância, por

meio de dados estatísticos.

No segundo capítulo, por sua vez, objetivou-se identificar a

compreensão do ensino religioso nas escolas católicas a partir das

fundamentações doutrinárias e pastorais da Igreja Católica, principalmente

após a realização do Concílio Vaticano II.

E por fim, no terceiro capítulo procurou-se demonstrar a possibilidade do

ensino da ética em sua dimensão intelectual, no espaço escolar com o intuito

de mudanças de paradigmas na cultura pós-moderna, a fim de assegurar

ações de caráter universal, que atendam às necessidades da humanidade

como um todo orgânico.

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CAPÍTULO I

INFÂNCIAS, ADOLESCÊNCIAS E A ÉTICA RELIGIOSA

Art.3º (ECA) - A criança e o adolescente gozam de todos os direitos

fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção

integral de que se trata esta lei, assegurando-lhes, por lei ou por

outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes

facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social,

em condições de liberdade e de dignidade (Constituição Federal de

1988).

O desenvolvimento humano passa por uma articulação das dimensões

que o faz “ser Inteiro”, a saber: o físico, mental, moral, espiritual e social, como

assegurados na Constituição Federal de 1988. Entende-se que a pessoa se

torna inteira, sem perda de nenhuma das suas partes, na medida que estes

aspectos de sua formação humana estejam todos vinculados, sobretudo em

seu processo educacional.

O ser humano não é mais entendido desprovido da dimensão espiritual

Jung (1975) aponta o aspecto religioso como uma das expressões mais antigas

e universais do ser humano.

O Estado, por sua vez, em previsão legal, assegura às crianças e aos

adolescentes meios que os façam desenvolver também a dimensão espiritual,

para isso, a garantia da liberdade religiosa no âmbito privado e no âmbito

escolar, a disciplina curricular do Ensino Religioso, na rede pública de matrícula

facultativa, na rede privada confessional, do estudo em questão, obrigatório.

Ao tratar das infâncias e adolescências em sua relação com a religião e

a espiritualidade é observada sob duas perspectivas: a subjetiva, o indivíduo

que experimenta em sua interioridade e outra objetiva, do ponto de vista dos

valores e costumes (moral) religiosos manifestados na ação prática.

Quando um adolescente ouve a palavra religião, ele logo a relaciona a

uma determinada igreja, um grupo de pessoas que compartilham determinados

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costumes religiosos. No Brasil, a maior referência ao se falar “igreja” continua a

ser a denominação Igreja Católica Apostólica Romana, devido sua influência

histórica na formação do país. No entanto, os adolescentes acabam por ter

apenas uma informação sobre a Igreja Católica, normalmente, as imagens

cruéis, de guerras sangrentas em nome do poder no período medieval.

Ao tratar de religião sob a perspectiva já descrita por Jung (1978),

religião está relacionada a uma experiência individual, o numinoso. Segundo

Rudouf Otto, o sagrado não racionalizado, uma experiência a priori que abarca

todo o indivíduo. Esta descrição parece ainda estar muito distante do

conhecimento religioso dos adolescentes. E se aproxima mais do universo das

crianças, uma vez que como não há definição conceitual sobre religião nesta

idade, elas apenas a vivencia em suas experiências cotidianas, constituídas de

significado religioso na visão dos adultos.

O sagrado é a própria face da espiritualidade, ela causa mais

aproximação, pois está relacionada a uma experiência de abertura individual

para o Divino como contou Leonardo Boff (2001):

“Ao ouvir uma das gravações em que eu falava da experiência de Deus, ela me olhou fundo e fez a pergunta: 'Você já viu Deus? 'Eu respondi de pronto: 'Minha mãe, a gente não vê Deus. Deus é espírito, é invisível'. Ela deu como que um suspiro, colocando a mão no peito, me olhou com infinita tristeza e disse: 'Você é padre há tantos anos e nunca viu Deus?' Eu insisti: 'Mãe, a gente não vê Deus.' Ela retrucou: 'Você não vê Deus, mas eu O vejo todos os dias. Quando o sol se põe lá no horizonte. Deus passa com um manto fantástico, lindo. Ele vem sempre sério, e teu pai que já faleceu vem atrás, olha para mim, me dá um sorriso e segue junto com Deus. Eu vejo Ele todos os dias”. (p.48)

A espiritualidade torna-se a ligação profunda do que é essencialmente

humano, uma dimensão última que faz o ser humano sentir-se elevado para

além de si mesmo, de pertencer ao todo, de que a vida não se esgota na

materialidade, um estado de autoconsciência a partir do Outro com um

sentimento de irmandade universal.

A adolescência se caracteriza por uma etapa da vida de crescimento

humano permeada por diversas rupturas, crises, entre elas a da autoridade. O

distanciamento da maioria dos adolescentes da religião está relacionado a um

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problema de autoridade. No Brasil, devido à história religiosa de colonização, o

cristianismo foi se constituindo como uma religião estritamente ligada a ritos a

serem cumpridos e obedecidos, essa imagem coletiva ainda está presente na

vida de muitos adolescentes.

A religião que lhes é apresentada tem sido um conjunto de regras, mas

que não manifesta muito sentido em suas vidas. Que relação poderia haver

entre as paqueras desta fase e as parábolas pastoris do cristianismo, por

exemplo? Em se tratando de assuntos cristãos, de um contexto rural de

séculos atrás para o cenário midiático dos tempos atuais?

A religião parte do a priori da existência fundada em uma concepção de

eternidade, de um ser supremo, mas que está oposta a ideia de transitoriedade

imediata da adolescência. Contudo, é notável certa esperança na raça humana

pelos adolescentes. No meio de tantas incertezas, muitos expressam que a

humanidade ainda não atingiu seu máximo potencial humano, por isso,

temporariamente, testemunhamos atrocidades humanas.

O resgate do mundo está nas mãos da própria humanidade e não na

dependência de alguém que não se pode ver ou que inúmeras vezes, ele é

usado para justificar as barbáries racionais. Entretanto, é preciso situar estas

crianças e adolescentes. Eles estão em um outro século, suas possibilidades

de estarem ligados à uma espiritualidade, sem necessariamente, estarem

frequentando uma denominação religiosa, aumentaram. E viver assim, não

causa nenhum desconforto a eles.

Se a adolescência é marcada pela indecisão e pela vertigem às normas

do mundo adulto formal e bem estruturado, como acredita Jerusalinsky (2003),

esta fase se encontra, na sociedade moderna, no seu habitat natural; pois no

novo cenário globalizado, a espiritualidade permanece, a religião diminui e a

religiosidade se mistura.

No campo religioso brasileiro, por exemplo, assiste-se uma diminuição

constante das religiões e igrejas tradicionais, dando lugar a migração entre

igrejas e religiões. A liberdade individual, a máxima da pós-modernidade, é

visualizada também no âmbito religioso.

A sociedade atual é caracterizada pela liquidez das relações (BAUMAN,

2004) e extremada flexibilidade, incapaz de estabelecer vínculos duradouros

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em todos os aspectos da vida. Essa incapacidade de vínculos duradouros é

notável na fala sobretudo dos adolescentes. No relacionamento amoroso, a

própria linguagem sofreu mudanças: da “paquera”, para “ficar” e por fim, o

“pegar”. Não é raro ouvir os adolescentes vangloriando-se do número de

“peguetes” em uma festa. Isso demonstra a desnecessidade de ligar-se a

alguém por mais de um dia. Tudo a fim de evitar a rotina. Instaura-se um medo

ofuscante da repetição, do mesmo. Afinal, “(...) o que aprendem é que o

compromisso, e em particular o compromisso em longo prazo, é a maior

armadilha a ser evitada no esforço por “relacionar-se” (BAUMAN, 2004, p. 7).

Nas escolas privadas, nas quais os estudantes, por sua melhor condição

econômica podem usufruir de atividades extraclasses, muitas crianças e

adolescentes se veem como um alto executivo, com agendas lotadas de

compromissos. Todos os dias, em todos os horários, existe uma atividade

diferenciada para não tornar a vida monótona.

Outra expressão que demonstra essa transformação de concepção nos

tempos pós-modernos é a noção de tempo. Tudo parece estar ultrapassado,

por exemplo, é comum ouvir dos adolescentes suas estranhezas em relação a

datas, historicamente recentes acontecidas há dois anos que para eles estão

totalmente velhos e ultrapassados. O tempo importante é o agora, que muitas

vezes gera uma insatisfação constante e conflitos por não saberem esperar:

não se espera os colegas falarem nem o professor com os conteúdos novos,

que antes mesmo de se apresentar em sala, já ouve a pergunta, antes do bom

dia ou boa tarde: O que faremos hoje?

Houve um deslocamento visível de linguagem, a qual reflete a novas

ideias e comportamentos. Segundo Bauman (2007), talvez seja por isso que, em

vez de relatar suas experiências e expectativas utilizando termos como “relacionar-se”

e “relacionamentos” as pessoas falem cada vez mais (auxiliadas e conduzidas pelos

doutos especialistas) em conexões, ou “conectar-se” e “ser conectado”. Em vez de

parceiros, preferem falar em “redes”. Essa nova linguagem tecnológica também se faz

presente no espaço religioso.

A solidez da religião, nos seus ritos sagrados, regras e ensinamentos

parecem se contrapor a liquidez dos tempos modernos, da fluidez da

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individualidade aprisionante. A mobilidade da informação, para Bauman (1999)

foi trazida pela tecnologia e independe do espaço físico e das relações

pessoais, estas muitas vezes até dispensadas.

O afastamento das religiões ou igrejas tradicionais para grupos mais

leves, menos hierarquizados e estatizados, segundo Bauman (2007), estão

associados às estruturas fixadas ao longo do tempo, que tomam como certo a

repetição dos padrões de comportamentos e rotinas, por isso, diante dos novos

tempos, não podem mais manter sua forma por muito tempo.

Nesta equação de estruturas pessoais e sociais, o resultado da relação

religião, infâncias e adolescências continua sendo de muita tensão e rupturas.

Cada adolescente vive em seu interior a construção da sua própria

identidade, para isso é necessário auto afirmar-se diante do grupo. É o

momento do afastamento natural em busca de si mesmo. A postura hostil

diante dos conjuntos de saberes e conhecimentos sobre o mundo pode parecer

irrelevante, pois ainda aguarda o momento de maturação.

Nas aulas de ensino religioso, não é diferente. O dado religioso parece

distante das suas reais preocupações e interesses. Muitos carregam imagens

deturpadas ou mal vivenciadas pelas próprias famílias, nas quais os filhos

reproduzem posturas no ambiente escolar.

Muitos exemplos de esvaziamentos são trazidos para a escola,

principalmente em relação à religião, os jovens contemporâneos, frutos da

atual sociedade transparecem o que é percebido no âmbito social, como

destaca Bauman, “as pessoas não são estimuladas ou desejosas de se lançarem na

busca de ideais morais e cultivar valores morais; os políticos depuseram as utopias; e

os idealistas de ontem tornaram-se pragmáticos” (BAUMAN, 2007, p.7).

E como o fenômeno religioso encontra-se na esfera dos ideais e valores,

houve também um esfriamento religioso e até certa aversão ao dado religioso.

Como afirma Bauman (2003), a estética foi colocada no lugar da ética, uma

mudança radical de paradigma. No entanto, diante desse novo modelo de

juízo de valor, como afirma o próprio autor: Os grandes temas da ética - como

direitos humanos, justiça social, equilíbrio entre cooperação pacífica e auto-afirmação

pessoal, sincronização da conduta individual e do bem-estar coletivo — não perderam

nada de sua atualidade precisam ser vistos e tratados de maneira nova.

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Os princípios precisam ser iniciados ainda na infância e continuar na

pauta do desenvolvimento da vida humana, sobretudo na fase da adolescência.

Pois, a espiritualidade e a religiosidade podem servir de orientação para suas

vidas, a fim de ajudá-los na responsabilização dos seus projetos pessoais, na

coletividade. E essas possibilidades aumentam quando, desde o início do seu

processo escolar, tais elementos estejam sendo trabalhados no seu processo

formativo.

1.1 – Educação Infantil e os primeiros aprendizados éticos

A discussão a acerca da relevância do ensino religioso nas unidades

educacionais abre a possibilidade de pensar esta disciplina presente em todos

os segmentos da escola, principalmente nas atuais concepções que admitem

uma “pluralidade de infâncias”, implicando, portanto, assumir uma educação

que abrange diversos elementos e aspectos de uma mesma dimensão

educativa.

Nas escolas confessionais, não há uma unanimidade sobre o lugar do

ensino religioso nas séries iniciais. Em sua maioria, o ensino religioso está

concentrado nas séries finais do ensino fundamental. Sabendo que o

pressuposto para a inserção desta disciplina no currículo escolar está baseado

na formação integral do indivíduo, então, atualmente, não há como negar que a

formação integral, no ambiente escolar, inicia-se na educação infantil e que

esta disciplina pode colaborar na formação da criança.

Os parâmetros curriculares da educação infantil no Brasil destaca que as

práticas educativas devem considerar a pluralidade e diversidade étnica,

religiosa, de gênero, social e cultural das crianças brasileiras. Podendo ser

compreendido que o aspecto religioso faz parte da educação da criança

(PARÂMETROS CURRICULARES, 1998, p.15).

A dimensão religiosa na escola, a fim de atender as diversidades precisa

apresentar um núcleo comum de ensino que seja adequado à faixa etária, bem

como os conteúdos a serem trabalhados. Na educação infantil, o ensino

religioso deve-se tornar saber prático.

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As crianças já são capazes de formular as primeiras questões que os

adultos passam anos tentando responder: O que é isso? O que é aquilo?

Todas as respostas dadas a elas são orientações de vida naquele momento.

No entanto, tais orientações não se esgotam nesta fase, a própria criança

precisa descobrir-se um ser autônomo, capaz de viver e atuar

independentemente, isso leva tempo, na escola, no mínimo três segmentos na

educação básica.

E para que serviria um conhecimento religioso, já na educação infantil,

se ainda a criança não tem desenvolvido seu pensamento abstrato? A questão

mesma já carrega sua resposta, pois se está falando de etapas de várias fases,

assim como existem degraus no desenvolvimento cognitivo da pessoa, o

conhecimento religioso pode ser estudado sob determinado aspecto em cada

fase correspondente ao desenvolvimento da cognição humana.

O conhecimento religioso sólido também é útil num mundo que se torna

cada vez mais multicultural, como afirma Gaarder (2001), uma vez que a cada

nova geração, no mundo sob os efeitos da globalização estão sempre em

contato com as variadas formas culturais. As crianças, desde muito pequenas,

já se encontram imersas no mundo da cibercultura.

Princípios universais precisam ser trabalhados desde muito cedo, no

ambiente escolar, a criança tem possibilidade de desenvolver relações éticas e

morais dentro de um projeto educativo cidadão que almeja pessoas que se

tornem mais cooperativas e solidárias nos PARÂMETROS CURRICULARES

(1998) uma necessidade cada vez mais universal.

Em se tratando da educação infantil, aprende-se muito mais pelo

exemplo, o fazer, do que pela reflexão abstrata, segundo Sponville (1999) “para

isto, talvez: tentar compreender o que deveríamos fazer, ou ser, ou viver, e

medir com isso, pelo menos intelectualmente, o caminho que daí nos separa”.

Estes valores universais na educação infantil, para ser compreendido,

necessariamente, precisam ser exemplificados, contextualizados, segundo

MORIN (2000), “o contexto tem necessidade, ele mesmo, de seu próprio

contexto. E o conhecimento, atualmente, deve se referir ao global”.

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O contexto da cultura vigente é do individualismo crescente. É visto nas

propagandas de televisão, os anúncios que enfatizam o ser egoísta. Segundo

Morin (2000), isso leva à uma grande preocupação, pois na medida em que

cresce o sentimento egocêntrico, desaparece a compreensão, o entendimento

em relação ao diferente, logo faltará a tolerância e crescerá a rejeição do

próximo.

O estudo da dimensão religiosa, nesta etapa educacional, parte

primeiramente dos sentidos, segundo Gaarder (2001), naquele aspecto que as

crianças de fato compreendem, nas situações concretas simuladas a partir do

cotidiano, no que está alcance de sua visão, olfato, paladar, tato e emoções. O

ensino é uma experiência do viver.

1.2 – Ludicidade e ética

(...) Existe uma terceira função, que se verifica

tanto na vida humana como na animal, e é tão

importante como o raciocínio e o fabrico de

objetos: o jogo. (Huinziga, 2000)

A atividade lúdica, na educação infantil tem por objetivo inserir a criança

em um espaço de socialização, a fim de desenvolver valores coletivos como a

colaboração. Durante a brincadeira a criança pensa criticamente, cria e

desenvolve diversos conceitos.

Nesta perspectiva, o jogo, segundo Huizinga, possui uma função

significante, ele não apenas diverte, mas dá sentido, pois ele ultrapassa as

atividades imediatas. O jogo tem uma dimensão transcendente.

A criança de 0 a 6 anos, que se encontra nas primeiras fases

classificadas por Piaget: sensório - motor (0 a 2 anos) e da inteligência intuitiva

ou pré-operatória (2 a 6 anos), destaca-se, aqui, a segunda fase, uma vez que

é nela que a criança está desenvolvendo a capacidade simbólica, de

representação.

19

O jogo como recurso pedagógico é válido para qualquer área que se

queira trabalhar, no ensino religioso é sua contribuição ética na formação das

crianças, destaca-se a literatura infantil. De acordo os parâmetros curriculares

da educação infantil:

“no faz de conta, as crianças aprendem a agir em função da imagem de uma pessoa, de uma personagem, de um objeto e de situações que não estão imediatamente presente se perceptíveis para elas no momento e que evocam emoções, sentimentos e significados vivenciados em outras circunstâncias. Brincar funciona como um cenário no qual as crianças tornam-se capazes não só de imitar a vida como também de transformá-la”. (PCNs, 1998, p.22)

Por meio das literaturas religiosas, por exemplo, a criança vai

internalizando e desenvolvendo um sentido próprio de moral e de justiça

através das imagens e representações. Esta literatura se coaduna com a fase

dos jogos simbólicos, na qual a criança assimila à própria realidade por meio

destes jogos.

A contação de história torna-se um ótimo recurso de ensino de valores

éticos às crianças da Educação Infantil. Sejam histórias religiosas de diferentes

tradições ou histórias que possuem uma mensagem valorativa.

A literatura infantil como construtora de uma realidade infantil já foi

descrita nos PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (1998), aonde a

criança expande sua visão de mundo, vivencia emoções, exercita a fantasia e

compreende como funciona a comunicação escrita

A vivência dessas histórias na sala de aula pode ser apresentada de

diferentes maneiras como o teatro, a música, os fantoches, computadores,

lousas digitais, tudo a serviço do mundo possível à criança. Cabe ao professor

estimular todos os sentidos da criança a fim de que ela possa vivenciar

profundamente a mensagem da história. Cada história precisa estar permeada

de sabor, cor, cheiro para tocar a sensibilidade das crianças e estimular seu

pensamento e interação, utilizar o espaço lúdico no processo educacional

infantil religioso é uma necessidade pedagógica.

A educação, atualmente, se defronta com outros tipos de infâncias,

neste século: as crianças do consumo. Elas são conduzidas a consumir

20

brinquedos. E acabam por desconhecer o ato de brincar, por dois motivos,

segundo Sayão (2011), o primeiro está relacionado à sociedade de consumo.

O objetivo da atual organização social é produzir consumidores, diferentemente

da sociedade moderna fundada na produção. Como a sociedade pós-moderna

tem pouca necessidade de mão-de-obra, para Bauman (1999) criou-se outro

paradigma, o papel de consumidor, de provocar desejo sempre e nunca saciá-

lo, desde modo, mantém-se vivo o consumidor, pois o sentido da existência é o

próprio ato de consumir.

Portanto, cabe à escola um papel crítico diante deste novo modo de

existência. As crianças estão imbuídas deste novo papel social, elas mesmas

são impelidas a participarem dos concursos para crianças propagandas, na

qual sua principal tarefa é convencer os pequenos consumidores, portanto,

cada brinquedo, antes visto como parte do universo infantil para sua própria

fase de desenvolvimento torna-se objeto de consumo, segundo, elas não têm

oportunidade para brincar. Nas escolas analisadas neste estudo, verifica-se a

vida adulta que as crianças precisam administrar desde pequenas. As diversas

atividades, agendadas que precisam cumprir, assim como suas famílias, em

um horário de segunda à sexta, das 7h às 18h. Crianças, que muitas vezes,

expressam um saturamento do trabalho semanal.

Por isso, o espaço da brincadeira possibilita um aprendizado contínuo de

valores essenciais à vida humana, na educação infantil, centrado na

sociabilidade das crianças, no aprendizado do respeito ao outro, do

conhecimento de si mesmo, das relações com o meio ambiente e no despertar

do sentido religioso.

1.3 – Adolescência: ensino religoso, para quê?

Aberastury & Knobel (1981) definem a adolescência como uma etapa de

características próprias como crises e instabilidades afetivas. Para Ozella

(2002) consiste em um período de busca por saber quem sou eu, tempo de

crise de identidade.

O conceito de adolescência, assim como o de infância, segundo Ariés

(1981),é uma criação cultural dos séculos XIX e XX, tipicamente da

21

modernidade. E como tal, em cada época os sujeitos dessas etapas se

caracterizam com algo próprio da sociedade, na qual está inserido.

A formação deste conceito, para Ozella (2002), está relacionada ao

trabalho, que na sociedade moderna foi exigindo maior nível formação, maior

tempo na escola, surgindo, então, um novo grupo social. A adolescência surge

das demandas de trabalho na sociedade capitalista e da quantidade de tempo

escolar.

Segundo Calligaris (2000), o conceito de adolescência é uma construção

do mundo adulto como uma espécie de subterfúgio. A adolescência tornou-se o

modelo almejado, no qual os adultos desejam ser adolescentes.

Em relação à religião, os adolescentes se encontram em um contexto

secularizante, o que significa dizer, de novas reinterpretações religiosas. o

processo de globalização levou a reformular quase que inconscientemente a

visão sobre a adolescência, para Bauman (2001) vive-se tempos de uma

sociedade marcada pela liquidez.

A liquidez, característica atribuída aos gases e líquidos, a qual os

diferencia dos materiais sólidos, tornou uma metáfora para a sociedade

moderna atual. Não se suporta o que tem valor de durabilidade.

“(...) O que está acontecendo hoje é, por assim dizer, uma redistribuição e realocação dos ‘poderes de derretimento’ da modernidade... Quer dizer que estamos passando de uma era de ‘grupos de referência’ predeterminados a uma outra de "comparação universal'(...)“ (BAUMAN, 2001, p.7)

Nessa mutação de valores perenes para o cenário da liquidez pós-

moderna, a religião também se apresenta sobre novas roupagens, sobretudo

para a juventude. É certo que não há mais uma uniformidade religiosa

brasileira como apontaram os dados das últimas pesquisas do IBGE 2010.

Houve um desenraizamento religioso, fruto do advento da globalização. Mas há

uma convergência de temáticas segundo Novaes (2004), tanto para as grandes

religiões históricas como as mais novas, todas convergem para temas ligados à

ética mundial.

22

Esta nova concepção, confirma o pensamento de Habermans (2006) ao

dizer que na sociedade pós-moderna tem espaço para a religião e suas

manifestações, uma vez que ela é um elemento da própria cultura humana, um

elemento, no nível acadêmico, de conhecimento.

“(...) tanto as mentalidades religiosas como as mundanas e as modifica de modo reflexivo. Ambas as partes, se concebem a secularização da sociedade como um processo de aprendizagem complementar, podem realizar suas contribuições aos temas controversos na esfera pública e levarem-se mutuamente a sério, também por motivos cognitivos (...)”. (HABERMANS, 2006, p.126)

A dimensão religiosa, principalmente no espaço escolar, contribui para

outras formas de ressignificação da própria existência humana. Os valores de

tolerância e liberdade presentes nos elementos religiosos, também se

encontram nos objetivos da sociedade democrática de direito. Portanto, a

religião pode colaborar na formação do cidadão.

Das escolas participantes da pesquisa sobre o ensino religioso, como

disciplina obrigatória, aqui se está tratando de escola confessional católica, dos

62 estudantes entrevistados, da última série do ensino fundamental, mais de

50% consideraram importante participarem das aulas de ensino religioso e que

os assuntos relevantes nesta disciplina são temas ligados à formação moral, à

ética e a valores sociais porque afirmam que as religiões ensinam valores

positivos à sociedade. O mesmo é válido para os estudantes que pertencem a

algum movimento religioso.

Diante desses números pode-se compreender que o ensino religioso,

como disciplina, é visto como comunicador de dados religiosos que tocam a

vida humana, que influencia positivamente as ações desses estudantes, muitas

vezes vistos, a priori, como os sem fé e sem valores. No entanto, percebe-se

que como afirmou Heráclito, o mundo, os conceitos estão, simplesmente, em

constante movimento, em transformação.

23

CAPÍTULO II

CONSTRUÇÃO DE VALORES E CONFESSIONALIDADE

O ensino religioso como estudo das humanidades tem como principal

objetivo o desenvolvimento moral a partir de determinantes éticos presentes

nas religiões.

Ao compreender a moral como um processo de assimilação de condutas

presentes no meio, no qual se vive, a formação de sujeitos éticos se dará a

partir de um estado de consciência, de discriminar entre certo e errado, bem e

mal, guiados por princípios universais.

A confessionalidade, em sua forma de manifestar-se, sempre

apresentou certa hierarquia de valores. Mas ela só poderá surtir o efeito

esperado se vier de uma tomada de decisão por princípios que constituirão as

bases dos valores coletivos, para PIAGET (1965) esta possibilidade acontece

se cada indivíduo tiver a possibilidade de aprendê-los, então poderá apreendê-

los de forma significativa como algo pertencente à vida.

A disciplina de ensino religioso possui várias modalidades no cenário

educativo brasileiro, que tem gerado muitos debates a seu respeito, de

oposição, como de apropriação, seja por parte dos Estados e Municípios, como

pela sociedade civil. Contudo, no âmbito das escolas confessionais estas

discussões apenas alargam o modo de continuarem o trabalho desta disciplina

em seus currículos, pois o ensino religioso para estas escolas possui uma

dimensão valorativa, evangelizadora e não somente uma área do

conhecimento.

A escola católica, por exemplo, insere-se em uma dimensão de

compartilhamento com a própria missão de Jesus, fundamento do cristianismo.

O espaço escolar é visto como mais um meio de tornar possível a missão

evangelizadora de Jesus. A escola confessional, portanto, por meio do seu

24

projeto educativo evangeliza via educação, de acordo com Miranda (2001), isso

significa que se torna um meio de inculturar a fé.

No contexto latino-americano, em especial na Igreja do Brasil, as ações

educativas estão pautadas em oito dimensões norteadoras da evangelização: a

dimensão comunitária e participativa, missionária, bíblico-catequético, litúrgico,

ecumênica, interreligiosa e profética libertadora. A escola confessional católica

assume a partir das diretrizes assumidas pelo Vaticano II, uma relação cada

vez mais estreita com o mundo da cultura, direcionando-a, assim, cada vez

mais ao Evangelho.

O contexto evangelizador será o próprio espaço escolar, seus

interlocutores: os estudantes, as famílias e os colaboradores da instituição, por

isso, a escola tenta descobrir modos cada vez mais próximos desse público.

Segundo Rahner (1989), na linguagem condizente à realidade educacional e

de acordo com as categorias de compreensão da pessoa, devidas sua inserção

histórica que a define.

Tendo sempre presente que em um espaço específico da construção do

saber, necessita-se aproximar saber técnico e saber evangelizador, a função

primeira da escola deveria ser a de desenvolver a dimensão da liberdade de

cada estudante, a fim de contribuir na atuação deste último, no mundo

carregando em sua bagagem educativa de novas formas de ver, compreender

e atuar de acordo com valores éticos religiosos; este princípio, de acordo com a

Declaração Gravissimum Educationis, visa despertar os valores evangélicos e

o compromisso com a transformação de uma sociedade justa.

Após mais de cinco séculos de evangelização no Continente Latino

Americano, a justiça continua ser uma utopia. A conferência Latino-Americana,

Aparecida (2007), sinalizou que no cenário encantador das transformações

tecnológicas e culturais, verifica-se um constante esfriamento religioso e

declínio ético-moral.

Por isso, as escolas confessionais católicas buscam meios de atingir os

estudantes; entra em cena o ensino religioso, que na caracterização

confessional declara valores éticos pautados em uma fé determinada, neste

caso a cristã. Na maioria das vezes, estudantes que frequentam estas escolas

não compartilham da fé declarada pela escola, o objetivo das famílias é uma

25

excelência acadêmica, o dado religioso parece não interferir na decisão de

permanecer na escola.

A escola, portanto, utiliza o fato dos estudantes estarem no espaço

escolar para realizar sua tarefa religiosa ou evangelizadora. Pois, acredita-se

que não está descartada uma adesão religiosa pessoal do sujeito moderno,

pois a escola católica sendo evangelizadora também é essencialmente cultural.

O processo de ensino e aprendizagem está relacionado aos

desdobramentos culturais da sociedade, ela mais que ninguém tem em suas

mãos os sujeitos reais dessa evangelização, seu conhecimento não é

alcançado a priori, mas mediatizado, como demonstra Freire (1987). No caráter

religioso confessional, estes elementos culturais se tornarão locus para uma

possível experiência de Deus, pois o Transcendente – Deus é encontrado na

história da humanidade.

Segundo Lipovetsky (2004), a pós-modernidade não exclui a

possibilidade de outras configurações éticas, as quais apesar de trazerem em

si os aspectos individualizados, próprios das sociedades liberais. Estas podem

expressar maior liberdade e autonomia dos sujeitos, sem regras padronizadas.

A escola católica trabalha com o elemento do sentido. Ela almeja que os

seus estudantes encontrem o “sentido último” de suas vidas: Deus. Para isso,

os estudantes precisam ver o valor de cada disciplina que precisam estudar. E

sabendo que a sociedade pluralista se caracteriza pela fragmentação do

pensamento, da cultura e mudanças radicais dos paradigmas éticos, para

Lipovetsky (2004) ela reorganiza um novo modo de interpretar e atuar

socialmente, inclusive no âmbito religioso. Os sujeitos hipermodernos, nos

tempos dos bens espirituais à la carte, das imagens negativas da religião como

usurpadora da liberdade, da vida ética sem a religião e do relativismo opõem-

se ao paradigma da verdade absoluta no cristianismo, que se coloca como

resposta aos anseios existenciais da vida humana, defendido no interior da

escola confessional; por vezes, cria-se certo desprezo por parte dos estudantes

pelo ensino religioso neste caráter.

Quando é apresentada aos estudantes a relação de outras áreas de

humanas, como a psicologia, sociologia, antropologia e filosofia na formação

26

com conhecimento religioso pode ser estabelecido um processo diálético, de

maior credibilidade na sala de aula e no todo da escola.

E esta relação segue elementos importantes da declaração do Concílio

Vaticano II emitida à educação confessional.

“O Santo Sínodo Ecumênico considera atentamente a importância

capital da educação na vida do homem e sua influência sempre maior sobre o

progresso social de nossa época. De fato, a educação dos jovens e mesmo

certa formação contínua dos adultos, se por lado se torna mais fácil, por outro

se faz mais urgente, nas atuais conjunturas. Pois os homens, mais plenamente

conscientes de sua dignidade e dever, anelam por participar sempre mais

ativamente na vida social e, sobretudo na vida econômica e política. Os

admiráveis progressos da técnica e da pesquisa científica, os novos meios de

comunicação social, oferecem oportunidade aos que por vezes dispõem de

maior tempo livre para se achegarem com mais facilidade às riquezas

espirituais e à cultura. Tais progressos fazem com que os diversos grupos e até

povos se completem por uma aproximação mais estreita e recíproca”.

A perspectiva crítica desenvolvida neste concílio reafirma a escola como

lugar evangelizador que possibilitam aos estudantes um desenvolvimento de

competências e habilidades inerentes nas mais diversas áreas do

conhecimento, incluindo a dimensão religiosa.

A educação é uma questão a ser enfrentada, sobretudo nas novas

configurações de educação, pois há duas vertentes a serem respondidas pelas

escolas confessionais, na sua maioria voltada para o setor privado, o mercado

educacional e a evangelização. Estas vertentes apresentam critérios

antagônicos como, por exemplo, o bem desinteressado do cristianismo e

competitividade excludente do mercado.

Espera-se daqueles que foram formados nesses espaços educativos

que estejam despertos para o desempenho de suas funções profissionais

compromissadas com a vida antes de tudo, como defendia Hans Jonas no seu

imperativo ético: “age de tal maneira que os efeitos de tua ação sejam

compatíveis com a permanência de uma vida humana autêntica, ou ainda, não

27

ponhas em perigo a continuidade indefinida da humanidade” (JONAS, 2006,

p.18).

É para esta finalidade, que se faz necessário um processo pedagógico o

qual esteja comprometido com os resultados presentes e futuros dos

indivíduos, pois não há vida no “endeusamento” do individualismo

contemporâneo. Toda e qualquer ação, por menor que seja, possui um efeito

em rede, todos os lugares, os mais longínquos receberam os impactos dessas

transformações criadas pelas mãos humanas.

O ensino religioso na escola confessional existe para o fortalecimento do

binômio: educar e evangelizar. Educar possui uma dimensão do re-ligar para

Meier (2006) e cabe ao ensino religioso esse papel na sala de aula, porque os

conteúdos estão fundamentados na proposta de uma identidade religiosa, e

como área do conhecimento lhe cabe articular os dados da fé para uma

consciência aberta à dimensão do todo, da responsabilidade coletiva.

Para chegar a este binômio a escola se fortalece na pela concepção de

escola em pastoral, os colaboradores da instituição de ensino estão inserida na

chamada comunidade educativa. Pois todos que fazem parte da instituição têm

a tarefa se agente evangelizador.

A escola desenvolve potencialmente a dimensão comunitária da Igreja,

no ambiente da escola também se constrói uma comunidade cristã que anuncia

Jesus Cristo por meio do ensino e da aprendizagem.

Está se adquirindo maior vigência a ideia da “comunidade educativa”,

na qual se integram, atual e potencialmente, todos os fatores educativos

da comunidade. Esta concepção está transformando os colégios em

verdadeiros agentes de evangelização (CELAM,1998).

A dimensão comunitária é a grande tarefa do cristianismo,

principalmente no auge do extremo individualismo social, que afasta as

pessoas uma das outras, o qual cria um ambiente de hostilidade e

desconfiança.

O cristianismo nos primeiros séculos estava ligado estritamente à forma

de convivência; eram aqueles que tudo tinham em comum, que se

28

preocupavam e cuidavam uns dos outros segundo os relatos bíblicos das

primeiras comunidades (cf. At 2–4).

Desenvolver a capacidade humana de criar tecer redes reais e não

somente virtual é a tarefa da escola dita pastoral. Por isso, os espaços

comunitários, relacionais são fontes de aprendizado.

Os princípios religiosos de uma evangelização podem ser capazes de

promover uma efetiva participação no tecido social. Eles compõem a

capacidade evolutiva do ser humano, se desenvolvem em todas as suas

capacidades, inclusive sua nova forma de relacionarem-se com os humanos,

seus irmãos.

A comunidade educativa tem um caráter salutar na vida dos estudantes.

O que ela transmite pode vir a ser internalizado pelos seus interlocutores

diários.

A educação evangelizadora é um ato educativo que leva a uma

participação e comunhão: o sentir-se coexistente de um mesmo universal, no

qual somos coletivamente responsáveis por ele. Pois a pessoa é centro do ato

de educar, como o do evangelizar, no intuito de conduzi-los a um crescimento

de sua própria condição humana.

A escola confessional justifica sua existência no papel evangelizador e

social, ainda que tenha que assumir para si critérios do mercado educacional, o

que não lhe retira o objetivo primeiro.

A escola oferece um instrumental para que se desenvolva sua função

social, com uma consciência ético-cristã. O “munús” educativo se realiza na

medida em que são geradas transformações no nível de cultura, porque como

destaca a conferência de Puebla, “a escola deve humanizar e personalizar a

própria pessoa”. Pois quanto mais o ser humano descobrir-se ser de

transcendência, ainda que limitado e finito, mais a possibilidade dele atingir o

máximo de sua humanidade; quanto mais próximo de sua realidade humana

mais perto da divinização.

Para a Conferência em Puebla(1998), a formação humanística sempre

constituiu o foco das instituições confessionais e está inserida nesta formação,

a capacidade crítica em relação à realidade que a pessoa está inserida,

29

convertendo-a em sujeito do seu próprio desenvolvimento como agente

transformador de sua coletividade.

O projeto educativo desses centros pauta suas ações na própria

pedagogia desenvolvida por Jesus. Para que de fato esse processo de

“humanização da própria humanidade” se realize é necessário que aqueles que

estão diretamente inseridos no processo educacional tornem membros da

comunidade educativa, pois ela cria novas morais, formas de existir.

A educação para o serviço desloca o olhar, as posturas individuais para

a responsabilidade comunitária ou planetária. A criticidade da escola suscita

um movimento de não se satisfazer com a realidade, de criar uma realidade

nova, mais humanizada.

A novidade desta outra realidade consiste em trazer, continuamente,

para o centro da vida, a pessoa e suas relações, do respeito à diferença e do

direito ao seu próprio espaço sem destruir o outro.

Vivemos tempos de um deslocamento valorativo da dignidade da

pessoa. As sociedades democráticas ainda não foram capazes, em seus

sistemas políticos, de dar conta de todas as necessidades sociais, de garantir

os direitos sociais e individuais, como declarado, por exemplo, na Constituição

Federal do Brasil. Isso leva a compreender que este lugar central da pessoa

não diz respeito somente à função do Estado, mas de uma nova forma de

pensar e agir de todos os cidadãos.

Não há como negar que estamos em outro período da história humana,

que temos possibilidades reais, graças ao novo processo civilizatório dos

efeitos da globalização, com suas interferências positivas e negativas. E como

enfatizou Boff (2009), esse momento histórico apresenta também um grande

dilema, a nova ordem econômica, a qual cria outras morais.

Deve-se buscar contemplar a terra como um todo orgânico, onde a

pessoa e universo fazem parte de um mesmo estado natural. Nesse outro

processo da espécie humana, a tecnologia faz parte de sua realidade, como

tudo o que diz respeito à realidade humana e, assim, poder colaborar ou torna-

la refém de si mesma.

Os conteúdos curriculares do ensino religioso, não podem estar alheios

a esta nova realidade caracterizada pela informação, tecnologia e economia.

30

Sobretudo, não pode ignorar que outros indivíduos são frutos imediatos desse

meio.

O diálogo é o cerne da disciplina do Ensino Religioso, por isso está mais

próxima da nova lógica necessária à atual civilização global. O Ensino

Religioso não transmite, mas conduz a outra percepção da vida: a

multipresença. Porque estamos inseridos em contextos múltiplos como o

multirreligioso, multiétnico, outros arranjos familiares e modelos de

sexualidade. Tudo isso está no universo desta disciplina.

Neste cenário observa-se uma bicondicão existencial dos estudantes

neste processo formativo: a compreensão da sua própria singularidade.

Enquanto ser único e inalienável e ao mesmo tempo, um com os outros, parte

de um todo que não é ele ou ela apenas.

A multidimensionalidade da realidade, segundo Boff (2009), antes sabida

apenas na área das ciências, agora, torna-se uma realidade social. No entanto,

as pessoas, em geral, ainda não tomaram consciência dessa realidade

dinâmica e multifacetada.

A sala de aula torna-se um espaço laboratorial, de análise desses

indivíduos atuais que estão na fronteira da vida real, imbuídas das novidades

da sociedade globalizada e tecnológica. Inicia-se, então, um processo de

desmistificação da realidade, para se chegar à dimensão transcendental da

mesma realidade, do enxergar, que o ser humano não se esgota na sua própria

condição terrena e material.

Essa visão planetária, “olhos de águia”, nasce de uma consciência da

necessidade de mudança de comportamento, de abertura as diferentes

verdades coexistentes. Isso, porém, está em um estágio mais elevado da

própria formação, ou seja, as etapas iniciais do processo educacional formal

limitam-se a exemplificar essas situações aos seus estudantes e levá-los a

pensar pequenas atitudes nos seus próprios lugares.

É preciso, no entanto, ter em mente que existem gerações coexistindo o

tempo todo e que pelo processo natural do convívio humano, um influencia o

outro. As crianças e adolescentes carregam em si, todas as formas de

pensamentos e atitudes de seus espaços privados, a família e social, a nova

ordem econômica.

31

Não é raro perceber, em situações concretas em salas de aula, o

verdadeiro dilema do estudante diante das concepções de mundo e de valores,

que ele precisa administrar e, em algum momento, optar pelo caminho que

julga correto.

Por isso, na última conferência dos bispos em Aparecida, foi destacada

a dimensão missionária da escola. Agora o processo evangelizador direciona a

escola sob o binômio discípulo-missionário diante dos novos cenários

sociopolítico, econômico e religioso. Para este último, a Conferência declarou:

“Lamentamos, seja algumas tentativas de voltar a um certo tipo de

eclesiologia e espiritualidade contrárias à renovação do Concílio

Vaticano II, seja algumas leituras e aplicações reducionistas da

renovação conciliar; lamentamos a ausência de uma autêntica

obediência e do exercício evangélico da autoridade das infidelidades à

doutrina, à moral e à comunhão. Percebe-se certo enfraquecimento da

vida cristã no conjunto da sociedade e da própria pertença à Igreja

Católica”. (APARECIDA, 2007, nº100b)

Em um movimento de contínuo retorno às origens das primeiras fontes

da vida cristã, a Conferência de Aparecida propõe uma ênfase no processo

formativo do cristão em nível experiencial. Só tocando o centro vital da pessoa

é possível formar verdadeiros discípulos, segundo o modelo de Jesus. Para se

chegar a este fim, se faz necessário expandir os lugares de encontro e de

formação do discipulado-missionário: as Sagradas Escrituras, a eucaristia, a

oração pessoal e a liturgia.

A escola católica também é o lugar de formação de discípulos e

discípulas. A escola evangelizadora desperta para o encantamento com a vida

cristã por meio da educação para os valores que humanizam a vida. Para se

chegar a ser verdadeiro discípulo é preciso um processo formativo que leve a

compreender o ser batizado. Grande parte das famílias, nessas escolas, ainda

se diz católicas, por isso recuperar o sentido do batismo, do encontro com

Jesus, segundo Aparecida (2007) é que o faz aderir a confessionalidade e não

apenas a decisão ética.

32

Os bens educacionais na escola confessional católica veem imbuídos

dos bens imateriais, não comercializáveis, que edificam a pessoa. Não há um

retorno meramente financeiro, mas de uma nova ordem social, global, de teias

humanizadoras, frutos desta educação para à vida, à liberdade e a

responsabilidade planetária. Esta inter-relação, na escola, é o encontro entre a

fé e a vida.

O ser humano que assim age, a partir da sua educação formal, mostra

que assimilou tais valores presentes no ambiente escolar. Os projetos

educativos, segundo a Celam (2009)

“devem promover a formação integral da pessoa, tendo Cristo em seu

fundamento, com identidade eclesial e cultural e com excelência

acadêmica. Além disso, há de gerar solidariedade e caridade para com

os mais pobres. O acompanhamento dos processos educativos, a

participação dos pais de família neles e a formação dos docentes, são

tarefas prioritárias da pastoral da educação” (nº 332-337).

Logo, a escola confessional católica busca desenvolver um diálogo

abrangente entre os valores universais e sociais com aquilo que lhe é próprio:

seu caráter de instituição que possui uma identidade religiosa clara, a qual visa

a formação de pessoas humanizadas eticamente; mas procurará sensibilizar

para despertar o conhecimento da pessoa de Jesus e constituir discípulos

seus.

33

CAPÍTULO III

O ENSINO DA ÉTICA NO ENSINO RELIGIOSO

A educação, sobretudo na America, segundo Arendt (2000), possui um

papel político extremamente relevante: a união dos mais variados grupos

étnicos. O espaço educacional possui a possibilidade de fazer emergir uma

nova forma de convivência humana, que respeita integralmente a dimensão da

diferença. Contudo, é preciso ter claro os riscos que a educação tem, pois, as

novas gerações crescem e se alimentam de um mundo já existente, muitas

vezes permeado pelo cultivo da intolerância; as novas formas de interpretação

e reconhecimento do mundo dessas gerações vindouras terão suas

possibilidades de inovação abortadas em nome de uma adequação do

pensamento vigente.

A chegada ao mundo, para Arendt (2000), é uma nova possibilidade de

fazer o mundo. Quem faz o mundo é o ser humano, mas aqueles que

“chegam”, que sucedem a geração anterior, necessitam ser introduzidos no

mundo que foi manifestado a eles. Cabe a educação o papel de introduzi-los no

seu novo labor: o da construção.

A educação, portanto, possui um papel político ao proporcionar espaços

de crescimento e amadurecimento da dimensão coletiva para uma ética que

considere a relação da diversidade. Conforme Arendt (2000), as crianças do

século XX sofreram uma emancipação da tutela da autoridade dos adultos e

estão sob seus próprios domínios ou entregues a tirania da maioria do seu

grupo, o das crianças. Isso pode justificar o índice cada vez maior de

delinquência juvenil, o fechamento do mundo adulto para garantir a liberdade

das crianças, caracterizando uma crise educacional.

O mundo da educação está inserido no novo momento da história da

humanidade: a contemporaneidade. Ela trás outro posicionamento diante do

mundo. Estamos no tempo do movimento e da incerteza. Se na antiguidade

ocidental, por exemplo, tivemos uma concepção de indivíduo livre relacionado

à capacidade de estar presente nos centros de discussões políticas da ágora

grega, migrando desta para uma concepção contemplativa de liberdade e

34

posteriormente na modernidade, para uma liberdade do trabalho e do

consumo, a contemporaneidade incita a busca de outro tipo de postura no estar

no mundo. A escola é o espaço, de acordo com Arendt (2000), que faz

mediação entre o espaço privado do lar e do mundo. É na escola que a

criança, o adolescente fazem a sua passagem para o mundo.

Este novo espaço que lhe é apresentado entrou em novo século de

oportunidades e necessidades, para Boff (2009) estamos diante de novas

sensibilidades, uma nova ética de ordem mundial, uma consciência planetária.

Como declarou Edgar Morin, a humanidade está se descobrindo como

parte de uma mesma espécie. Há que se considerarem os grandes momentos

trágicos da história ocidental marcada por duas guerras mundiais, a espécie

humana que aniquila a sua própria espécie.

Nesse cenário ambíguo de um pensamento global, mas com

comportamentos de isolamento social, outra consciência precisa ser

despertada para a continuidade da espécie humana: a consciência universal.

A disciplina de Ensino Religioso, independente do modelo assumido pela

instituição educacional, é responsabilizada pela sensibilização de novas

consciências transcendentais, de imperativos que conduzam a perceber que

aquilo que se quer de melhor para a vida individual deve ser estendido,

categoricamente, a todos.

Aprender a aprender a viver coletivamente está se tornando o maior

desafio da humanidade. Essa aprendizagem só será possível se houver

princípios positivos que norteiam as relações humanas, um ethos que valha

para todos indistintamente.

Existem alguns princípios, já colocados pela religião, porém rejeitados

pela sociedade secular como a solidariedade, o sensibilizar-se pelo outro, a

responsabilidade social e ecológica que independem do dado religioso, isso é

uma questão de sobrevivência dos humanos, uma vez que sua condição é

essencialmente social.

No espaço educacional é sempre necessário retornar a palavra original

para buscar o seu sentido primeiro. O éthos grego como expressão do caráter.

Sem dúvida, a escola se preocupa com as ações presentes e futuras de seus

35

estudantes, pois as atitudes manifestadas no presente também revelam que

tipo de sociedade está sendo construída e quais seus fundamentos.

Para o ser humano, não basta apenas existir, está vivo sobre a terra.

Para ele o como se vive é de extrema importância, todas as suas realizações

estarão pautadas em critérios do seu próprio grupo humano, então, a ética,

como defendia Aristóteles em uma dos aspectos do agir humano, é uma arte

de viver, é um saber como viver bem e melhor.

Para este autor, a felicidade está no agir equilibrado do homem virtuoso.

A felicidade, para Aristóteles, depende das atitudes virtuosas e bem

ponderadas. No entanto, isso se pode esperar da pessoa na sua fase adulta,

após ter passado pelas etapas essenciais da formação de sua personalidade.

Partimos da diferença conceitual do próprio Aristóteles, da ética como

uma virtude intelectual. Esta está intimamente ligada ao ensino, pode ser

aprendido. Diferentemente da outra ética relacionada ao resultado dos hábitos

e costumes.

De alguma forma, parece necessário um retorno para a ética intelectual.

Esta aprendizagem se efetivará nos atos praticados em relação às pessoas,

pois uma vez presente na natureza humana, como disposição intelectual, ela

se desenvolverá pelo exercício regular, contínuo. Ninguém nasce justo, torna-

se justo ou injusto. Isso justifica a necessidade do ensino da ética intelectual,

pois, como afirma o autor:

“E não será desprezível a diferença se, desde a nossa infância,

nos habituarmos desta ou daquela maneira. Ao contrário, terá

imensa importância, ou seja, será decisiva” (ARISTÓTELES,

2001).

A educação é determinante no processo de assimilação e vivência do

aprendizado ético. Como a ética intelectual é o foco na educação, fala-se em

um “saber fazer”, segundo Yves de La Taille, que poder afetar a dimensão

afetiva, o “querer fazer” ou o chamado dever moral, segundo Kant.

36

As boas ações, em si mesmas, não podem ser consideradas como

éticas, pois para sê-lo, o que fundamenta tal atitude, precisam passar pelo

campo do dever internalizado e interior.

Estes mesmos princípios que regem os indivíduos sofrem a ação da

cultura, por isso, à medida que é ensinada desde a infância, com o passar dos

anos, tende a ganhar novos sentidos. Portanto, voltar ao conceito etimológico

do termo “ética” como aquele aspecto ligado a ordem dos fins fundamentais à

vida.

Em Platão a ética dos princípios se realiza no Bem, no criar condições

existenciais benéficas à vida. Já para Aristóteles segundo Boff (2009) a ética

está relacionada à felicidade pessoal e social. Todo aprendizado da ética dos

princípios pode gerar novas éticas relacionadas ao agir, à prática. A primeira é

decisiva na realização da segunda.

Vive-se tempos que faz emergir outra consciência sobre a vida na terra.

O ser humano não foi capaz de superar a sua natureza dominadora e conflitiva,

o mesmo se vê a todo o momento gerador de pequenos problemas que

chegam a uma grande escala de conflitos. Toda diferença torna-se motivo para

o homem transformar-se em caçador da sua própria espécie, pois, como

declarou Kant (1784):

“a sociabilidade insociável dos homens, isto é, a sua tendência para entrar em sociedade; essa tendência, porém, está unida a uma resistência universal que, incessantemente, ameaça dissolver a sociedade. Esta disposição reside manifestamente na natureza humana” (p.7).

O mesmo a autor ainda afirma o papel central e relevante da educação

no processo de tornar-se pessoa do ser humano. Ele se torna aquilo que a

educação faz dele. Nesse sentido, o ensino religioso ou educação religiosa,

como preferem alguns, compartilha parte da responsabilidade na construção

dessa outra consciência pacifista necessária. Mas primeiramente, como

destaca Boff, deve haver estruturas dialogais entre as próprias religiões, um

fazer.

O transcendente, objeto de estudo nas unidades educacionais que

assumiram o ensino religioso como disciplina curricular, é estudado na maioria

37

das vezes como um objeto a ser dissecado empiricamente, retirando o

elemento unificador do mesmo. São estudados os sujeitos que praticam sob

terminada cultura sua relação com o transcendente.

Mas quando o assunto é sentido religioso, só haverá compreensão se

houver uma sensibilidade dos educandos para as questões que dizem respeito

à sua própria existência. Pois a vida humana depende de todos os elementos

que a constituem. Para Boff, “garantir a sobrevida comum, precisa de um

consenso sobre valores e atitudes irrenunciáveis. Caso contrário, todos podem

perece” (BOFF, 2009, p.33).

Com o advento da pós-modernidade, sob o prisma do indivíduo, tudo é

pensado sob o juízo do subjetivismo gerando consciências que não admitem a

necessidade da vida coletiva, do participar do mesmo lugar vital. O respeito ao

lugar do outro parece ferir profundamente o “eu-narcísico” da era

contemporânea, que parte da máxima de que não existe outro além do eu.

As religiões expressam os ideais mais altos de humanidade, de valores

mundiais que dizem respeito não apenas a grupos isolados, mas a cada ser

humano.

O processo de aprendizagem no ocidente está pautado no cogito

cartesiano, na maximização da razão. A simples atividade mental e racional de

acordo com Boff (2009) não toca profundamente os seres humanos, torna-se

uma abstração distanciada das suas vivências pessoais, há que se trocar a

máxima do existir, do pensar, para a do sentir.

Sentir não é apenas um elemento do mundo subjetivo, ele é uma

expressão do saber cuidar, do desenvolver uma capacidade para fora de si

mesmo. Todas as coisas externas, principalmente as pessoas, farão parte do

meu próprio mundo. Se houver um desenvolvimento do princípio do cuidado

com a vida, a própria existência humana ganhará qualidade de viver.

É visto, nos dias atuais, uma ideologia mercantilista e utilitarista da

desnecessidade de valores fundamentais ao existir humano. A lógica do

consumo coloca o ser humano apenas como consumidor, sua utilidade para

Bauman (1999) está na possibilidade de comprar e poucos são aqueles que

percebem essa intencionalidade da máquina organizadora dos sistemas de

38

mercado. Outros até os veem, mas consideram que acompanhar os novos

ventos, seja o melhor para todos, pois quem não o faz está desatualizado.

A necessidade desenfreada por mudança constante, também atinge o

cenário educacional. É valorizando o dinâmico e o mutável, em segundos,

variedade sempre, gerando uma insatisfação com qualquer coisa que exprima

o contrário. Segundo Bauman, tal inquietação é comparado à um sentimento

de estar morto.

A virtude humana consiste em desenvolver sua própria finalidade, a

humanidade, como referira Sponville (1999): ações dignas de serem chamadas

de humanas, atitudes que são consideradas unicamente dos humanos e

quando não o são, como na sociedade de consumo, a pessoa está perdendo

sua capacidade primeira.

Ainda que a virtude ou a ética não sejam internalizadas no ambiente

educacional, ela pode ser, pelo menos, visualizada como uma necessidade dos

humanos. Pois o fazer ético se dará no encontro com outros seres humanos,

na cultura.

A possibilidade de toda e qualquer participação das pessoas na vida

social, sua ação política, acontecerá se elas tiverem projetos éticos de vida e

formas culturas de vida (HABERMAS, 2006. p. 11).

Tais projetos, ainda que sejam individuais, dependem do pensamento e

desejo da sociedade, pois o individuo é também fruto do meio social no qual se

encontra. Por isso, a necessidade de uma ética planetária se traduz nas

diversidades locais de cada sujeito.

39

CAPÍTULO IV – ANÁLISE DOS RESULTADOS

Ao se falar de indivíduos, necessariamente se está discutindo o contexto

social, no qual eles se encontram. A partir dessa perspectiva houve uma

necessidade de analisar o pensamento dos adolescentes, a fase de maior

resistência e aproximação quando o assunto é religião.

Os estudantes pesquisados frequentam escolas católicas e são de

classe média, no último ano do ensino fundamental, dos bairros de

Jacarepaguá e Tijuca, ambos na cidade do Rio de Janeiro. O grupo totaliza um

universo de sessenta e dois adolescentes, na faixa etária de quatorze anos.

Como eles pertencem à escola católica, a disciplina de ensino religioso é

obrigatória, mas a fim de atender a diversidade religiosa dos adolescentes, pois

não há apenas uma denominação religiosa, os conteúdos são mais voltados a

elementos éticos e universais sob a perspectiva das cinco grandes religiões.

Ainda assim, os estudantes manifestam que o ensino religioso não é tão

relevante à sua vida estudantil como as demais disciplinas, a justificativa para

eles se encontra na função da educação básica, estuda-se para o ingresso na

universidade e como as provas de seleção não incluem nos editais esta

disciplina, não há porque estudá-la com seriedade. Há ainda aqueles

estudantes que classificam o ensino religioso como tipicamente “amoroso”,

tudo é genérico e voltado para o amor.

Para objetivar as colocações dos estudantes feitas, anteriormente, em

sala de aula, durante as aulas de ensino religioso, foi elaborado um

questionário com questões sobre a presença da disciplina no currículo escolar.

Neste questionário de oito perguntas objetivas, os estudantes não precisaram

se identificar.

40

QUESTIONÁRIO – QUADRO AMOSTRAL

1. Você percebe que existe preconceito religioso na sala de aula ou na escola?

a) ( ) Sim b) ( ) Não

2. Você pertence a alguma religião?

a) ( ) Sim b) ( ) Não

3.Você tem vergonha de dizer que pertence a algum grupo religioso?

a) ( ) Sim b) ( ) Não

4. Você acha que as religiões ensinam valores positivos para a sociedade?

a) ( ) Sim b) ( ) Não

5. O que é mais importante ensinar no ensino religioso:

a) ( ) a formação moral, ética e valores sociais.

b) ( ) identidade religiosa, a fé de uma religião.

c) ( ) diversidade religiosa, conhecer diversas crenças religiosas.

d) ( ) não souberam ou não responderam

6. Você acha que a religião influencia as ações das pessoas? a) ( ) Sim b) ( ) Não

c) ( ) não souberam ou não responderam

7. Você acha importante participar da aula de ensino religioso?

a) ( ) Sim b) ( ) Não c) ( ) não souberam ou não responderam

Prezado estudante, você não precisa se identificar. Esta

pesquisa tem função estritamente acadêmica.

41

8. Os meios de comunicação mostram que tipo de imagem das religiões? a) ( ) imagem positiva. b) ( ) imagem negativa. c) ( ) não souberam ou não responderam

O que mais afeta aos

estudantes nesta fase de

crescimento é a relação grupal.

Como os outros os veem é um

fator determinante de

comportamento, por isso, o

preconceito religioso, aqui é

observado como o olhar dos

outros adolescentes sobre o

adolescente religioso.

No resultado, ainda que a

resposta negativa em relação à

presença do preconceito seja a

maioria, é notável que, mesmo

em um ambiente escolar de

denominação religiosa

confessional, existe, sob o olhar

dos estudantes, um preconceito

religioso ou minimamente

pouca acolhida do elemento

religioso.

Pertencer a qualquer

grupo requer um grau

identidade pessoal definida,

neste sentido, pode-se notar

que a religião continua presente

42

na vida da maioria dos estudantes, como conversado anteriormente com eles,

à questão não se referia apenas à religião institucionalizada, mas a qualquer

movimento de cunho religioso.

No entanto, pertencer a um

grupo e manifestar-se sobre seu

pertencimento, há uma diferença.

Falar de si mesmo é expor-se

diante dos outros. Segundo os

estudantes, sua pertença religiosa

não é motivo de vergonha, não há

nenhum problema em dizer para

seus colegas que possui uma definição religiosa.

E a relação entre sociedade e religião. Quais os posicionamentos?

A influência da religião frente à sociedade, também é vista como positiva para a

maioria dos estudantes. A

religião torna-se um referencial

ético. Os meios de comunicação

retratam uma sociedade

pluralista, mostrando uma

imagem positiva da religião, via

de regra.

Em nível social, o ensino

religioso colabora para uma maior

tolerância religiosa, pois a vida é

valorizada em toda expressão

religiosa e a liberdade é um bem

a ser valorizado acima de tudo.

43

Mas há uma contradição para os

estudantes, mesmo a religião

influenciando positivamente a

sociedade, com seus sistemas de

valores, em se tratando dos indivíduos,

essa influência nem sempre é positiva,

porque, segundo eles, muitas pessoas

usam a sua confissão religiosa para

excluir as outras pessoas ou provocar

algum dano, por exemplo, o jovem que

assassinou outros estudantes numa

escola em Realengo, no Rio de Janeiro,

em 2011.

E quando o assunto é sala de

aula, mesmo a maioria apontando para

uma relevância da disciplina em sala de

aula, há que se considerar um número

elevado dos estudantes que não a

consideram importante.

Mas o posicionamento dos alunos em

relação aos conteúdos a serem

trabalhados em sala de aula, mais 50%

acredita que a formação ética e de

valores humanos e sociais devam ser

tratados nesta disciplina e conhecer

outras denominações religiosas é mais

relevante do que estudar apenas sob um prisma religioso da confessionalidade

da escola.

As respostas demonstram certa ocilação e contradição, mas há que se

considerar que se trata do típico pensamento adolescente. Porém, em toda a

amostragem, o dado religioso tem seu lugar, evidenciando uma abertura

religiosa na atual sociedade ditada como antirreligiosa.

44

CONCLUSÃO

A partir do exposto, pode-se compreender que o ensino da Ética

Intelectual, no Ensino Religioso, na Educação Infantil e no Ensino

Fundamental, tem por finalidade colaborar na formação das consciências sob a

égide de valores universais.

O ensino de ética, nas séries finais do ensino fundamental apresenta-se

como tema relevante ao ensino desta disciplina no currículo escolar, na

formação de valores individuais de crianças e adolescentes para além do

aspecto confessional.

A dimensão religiosa, presente de muitas formas no ser humano, se

expressa diferentemente em cada cultura, no entanto, valores defendidos por

proporcionarem uma convivência mais humanizada entre os humanos, às

vezes se perdem nas mudanças culturais.

A pós-modernidade é a expressão dessa transmutação de valores, de

perenes à fluidos. Logo, os indivíduos que estão sob estas novas formas

culturais de vida apresentaram orientações diferenciadas. Porém, muitos

valores pós-modernos não levam a um desenvolvimento das potencialidades

humanas, principalmente da necessidade da vida em coletividade. As

características culturais dos tempos atuais se baseiam no indivíduo

consumidor.

A escola, fruto das culturas, também vai ressignificando o porquê da

educação. Este espaço destinado às crianças, cada vez em menos idade, tem

a possibilidade de construir novos padrões culturais que valorizem os aspectos

individuais e coletivos.

A Educação Infantil é o espaço educacional dos primeiros aprendizados

éticos das crianças. Neste lugar, elas podem ter contato com projetos que

visem valorizar a sua própria constituição cognitiva associada à dimensão de

transcendência do ser humano. A criança é estimulada a ver-se, cada vez

mais, para além dos desejos individualistas a que está submetida no cenário

mercadológico atual. Como metodologia aplicada a esta faixa etárias estão os

jogos simbólicos construtores de sentido à realidade infantil. Ao migrarem da

45

infância para a adolescência, esses novos sujeitos enfrentam mais dilemas no

seu processo formativo, na sua arte de viver sobre a terra.

Agora chamados de “adolescentes”, estes sujeitos vão se aproximando

mais da liberdade e da responsabilidade pelos próprios atos. No entanto,

também estão a mercê do novo cenário cultural, da ênfase no consumo e no

idealismo da eterna juventude. O ensino da Ética, na disciplina do Ensino

Religioso, torna-se aliada a formação de valores atitudinais como declarado

pela maioria estudantes entrevistos no presente trabalho. Na realidade da

diversidade religiosa, cabe ao Ensino Religioso, segundo estes estudantes, o

ensino da Ética, da moral e de valores que dizem respeito a toda sociedade.

Tais valores, já presentes nas escolas de confissão católica, estão

fundamentados nas bases éticas do Cristianismo, na valorização do espaço

coletivo, como experiência comunitária. Os alicerces da sensibilização do

elemento religioso, nessas escolas confessionais estão na própria pedagogia

de Jesus, na metodologia do discipulado. Muda-se os atos, os

comportamentos, se houver de fato um encontro pessoal com sua pessoa, por

convicção e maturação da sua própria fé.

A identificação, pelos estudantes das séries finais do Ensino

Fundamental, ao dizer sobre a inexistência de atitudes preconceituosas em

relação à religião demonstram sinais de cooperação no interior da escola.

Estas atitudes possibilitam a formação de outra consciência necessária à

humanidade, na medida em que a cultura vai se modificando e transformando

também as pessoas. O pensar e o agir holístico torna cada ser humano parte

de um todo universal e, como já dito anteriormente, a sobrevivência humana

depende não da realização indivualista dos desejos pessoais, que afastam os

seres humanos uns dos outros, mas no respeito ao espaço que é de todos,

pois ser humano significa conviver socialmente.

Portanto, Ético será sempre um tema pertinente, pois se refere à própria

vida humana, enquanto houver humanidade haverá a necessidade de se

discutir os problemas éticos e a necessidade do seu ensino no âmbito escolar,

pois ninguém nasce ético. Princípios que regem a vida são aprendidos

coletivamente, por isso, esta pesquisa pretendeu elencar os primeiros aspectos

46

desta temática na grade do Ensino Religioso, pois outras abordagens poderão

ser feitas em pesquisas posteriores.

47

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51

ANEXOS

QUESTIONÁRIO – QUADRO AMOSTRAL

2. Você percebe que existe preconceito religioso na sala de aula ou na escola?

a) ( ) Sim b) ( ) Não

2. Você pertence a alguma religião?

a) ( ) Sim b) ( ) Não

3.Você tem vergonha de dizer que pertence a algum grupo religioso?

a) ( ) Sim b) ( ) Não

4. Você acha que as religiões ensinam valores positivos para a sociedade?

a) ( ) Sim b) ( ) Não

5. O que é mais importante ensinar no ensino religioso:

a) ( ) a formação moral, ética e valores sociais.

b) ( ) identidade religiosa, a fé de uma religião.

c) ( ) diversidade religiosa, conhecer diversas crenças religiosas.

d) ( ) não souberam ou não responderam

6. Você acha que a religião influencia as ações das pessoas? a) ( ) Sim b) ( ) Não

c) ( ) não souberam ou não responderam

Prezado estudante, você não precisa se identificar. Esta

pesquisa tem função estritamente acadêmica.

52

9. Você acha importante participar da aula de ensino religioso?

a) ( ) Sim b) ( ) Não c) ( ) não souberam ou não responderam

10. Os meios de comunicação mostram que tipo de imagem das religiões? a) ( ) imagem positiva. b) ( ) imagem negativa. c) ( ) não souberam ou não responderam

9. Você acha que o ensino religioso diminui a intolerância religiosa, o preconceito?

a) ( ) Sim b) ( ) Não c) ( ) não souberam ou não responderam

53

GRÁFICOS

54