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João Vitor Manckel dos Santos Rosemeri Ramos da Silva DOENÇAS CARDIOVASCULARES E METABÓLICAS EM IDOSOS E OS EXERCICIOS FISICOS: revisão sistemática Pindamonhangaba - SP 2017

DOENÇAS CARDIOVASCULARES E METABÓLICAS … · the English language for the guiding question were considered only studies of the Portuguese language , being selected articles randomized

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João Vitor Manckel dos Santos

Rosemeri Ramos da Silva

DOENÇAS CARDIOVASCULARES E METABÓLICAS EM IDOSOS E OS EXERCICIOS

FISICOS: revisão sistemática

Pindamonhangaba - SP 2017

João Vitor Manckel dos Santos Rosemeri Ramos da Silva

DOENÇAS CARDIOVASCULARES E METABÓLICAS EM IDOSOS E OS EXERCICIOS

FISICOS: revisão sistemática

Trabalho de Conclusão de Curso de Fisioterapia da Fundação Universitária Vida Cristã, encaminhado para apreciação da Comissão de Trabalho de Conclusão de Curso, para obtenção do título de fisioterapeuta.

Orientadora: Prof.ª Drª Wendry Maria Paixão Pereira

Pindamonhangaba - SP 2017

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Santos, João Vitor Manckel dos. Silva, Rosemeri Ramos da

Doenças cardiovasculares e metabólicas em idosos e os exercícios físicos: Revisão Sistemática. João Vitor Manckel dos Santos, Rosemeri Ramos da Silva / Pindamonhangaba-SP: FUNVIC Fundação Universitária Vida Cristã, 2017.

47f.

Monografia (Graduação em Fisioterapia) FUNVIC -SP. Orientadora: Profª.Dra. Wendry Maria Paixão Pereira .

1 Envelhecimento. 2 Idoso 3 Exercícios. 4 Hipertensão Arterial 5 Diabetes 6 Metabólicos 7 Cardiovasculares

Doenças cardiovasculares e metabólicas em idosos e os exercícios físicos: Revisão sistemática.

João Vitor Manckel dos Santos, Rosemeri Ramos da Silva.

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João Vitor Manckel dos Santos Rosemeri Ramos da Silva

DOENÇAS CARDIOVASCULARES E METABÓLICAS EM IDOSOS E OS EXERCICIOS FISICOS:

revisão sistemática

Trabalho de Conclusão de Curso de Fisioterapia da Fundação Universitária Vida Cristã, encaminhado para apreciação da Comissão de Trabalho de Conclusão de Curso, para obtenção do título de fisioterapeuta.

Orientadora: Prof.ª Drª Wendry Maria Paixão Pereira Data: _

Resultado:

BANCA EXAMINADORA

Prof. Faculdade de Pindamonhangaba

Assinatura:

Prof. Faculdade de Pindamonhangaba

Assinatura:

Prof. Faculdade de Pindamonhangaba

Assinatura:

Dedicamos esta monografia a nossos familiares pela fidúcia e confiança depositada em nós; a

todas as pessoas que amamos, pelo incentivo nos momentos em que mais precisamos; aos

professores por estarem sempre dispostos a nos orientar, aconselhar e instruir a caminhos; à

nossa orientadora Wendry, pela paciência, companheirismo, aprendizado e pelas grandiosas

palavras de segurança e incentivo em momentos inoportunos, demonstradas no decorrer do

trabalho; aos funcionários da instituição que sempre nos ajudaram em inúmeros instantes.

5

AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente à Deus por nos dar sabedoria, ensejo de viver,

mansidão, pelo ânimo de vida a cada amanhecer e pela força para superar as

dificuldades. Aos nossos familiares, em especial as nossas mães heroínas (Amanda

Oliveira Manckel de Sales e Alerina Célia Ramos) e filhos (Fábio Henrique Ramos

Caetano de Lima e Tiago Felipe Ramos Caetano de Lima) pela força e encorajamento

a lutar pelos nossos ideais, apreço e afago que nos deram durante toda vida pessoal e

acadêmica, fazendo com que tornássemos capazes de enfrentar as indagações da vida.

Agradecemos aos nossos amigos de estágio, por todo o ensinamento,

companheirismo e motivação que nos deram durante a formação e pela amizade de

todos esses anos.

E principalmente, nosso agradecimento ao nosso amigo João Gabriel que

ajudou neste trabalho, dando auxílio durante alguns momentos importantes de nossa

pesquisa; e a todos os professores, em especial a nossa amiga, conselheira e

orientadora Wendry, por exigir sempre o máximo e sublime de nós, e nos provar que

somos capazes de chegar muito além do que pensamos. Agradecemos por nos propagar

seus exímios conhecimentos e por fazer da nossa monografia uma experiência positiva

6

“A confiança em si mesmo é o primeiro segredo do sucesso.” Ralph Waldo Emerson

7

RESUMO

Introdução: A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e a Diabetes Mellitus (DM) são distúrbios multifatoriais, multissistêmicos e metabólicos que levam a alterações importantes no indivíduo idoso, deste modo a preocupação dos exercícios físicos nesses fenômenos são primordiais, a fim de melhorar a qualidade de vida e os riscos de óbito. Objetivo: Evidenciar as alterações e os benefícios promovidos pelo exercício físico em idosos com doenças cardiovasculares e metabólicas. Método: Trata-se de uma revisão sistemática feita através do método PICO e JADAD, no qual foram considerados os artigos publicados no período de janeiro de 2007 a julho de 2017, na língua inglesa para a pergunta norteadora foram considerados somente os estudos da língua portuguesa, sendo selecionados artigos randomizados indexados nas bases Scielo, Pedro e Lilacs. Resultados: Foram encontrados quatro protocolos para HAS e três protocolos para DM onde todos os protocolos são nacionais, e englobam exercícios aeróbicos, resistidos e associados (aeróbico e resistido), os protocolos são aplicados para membros inferiores e membros superiores. Conclusão: o exercício físico é importante no tratamento de doenças crônicas como a HAS e a DM, e traz benefícios aos idosos portadores dessas doenças, auxiliando assim no tratamento medicamentoso, e na prevenção de sequelas das doenças.

Descritores: Envelhecimento. Idoso. Exercícios. Hipertensão Arterial, Diabetes. Metabólicos. Cardiovasculares.

8

ABSTRACT

Introduction: Systemic Arterial Hypertension (SAH) and Diabetes Mellitus (DM) are multifactorial, multisystemic and metabolic disorders that lead to important alterations in the elderly individual, so the concern of physical exercises in these phenomena is paramount in order to improve the quality of life, the risks of death. Objective: to show the changes and benefits promoted by physical exercise in the elderly with cardiovascular and metabolic diseases. Method: This is a systematic review done using the PICO and JADAD method, in which the articles published in the period from January 2007 to July 2017 were considered in the English language for the guiding question were considered only studies of the Portuguese language , being selected articles randomized indexed in the bases Scielo, Pedro and Lilacs. Results: Four protocols for hypertension and three protocols for DM were found, where all protocols are national, and include aerobic, resistance and associated exercises (aerobic and resistance), protocols are applied to lower limbs and upper limbs. Conclusion: physical exercise is important in the treatment of chronic diseases such as hypertension and DM, and benefits the elderly with these diseases, thus helping in drug treatment and in the prevention of disease sequelae.

Keywords: Aging. Elderly. Exercise. Hypertension. Diabetes. Metabolic. Cardiovascular.

9

LISTA DE FIGURAS

Figura1:ClassificaçãodaPressãoArterial...........................................................................................22

10

LISTA DE TABELAS

Tabela1:PerguntasdoJadad(1996)...................................................................................................33

Tabela2:Protocolosdeexercíciosemidososhipertensos..................................................................34

Tabela3:Protocolosdeexercíciosemidososdiabéticos.....................................................................36

11

LISTA DE ABREVIATURAS

AVD's: Atividades de Vida Diárias.

HAS: Hipertensão Arterial Sistêmica

DM: Diabetes Mellitus

DM1: Diabetes Mellitus 1

DM2: Diabetes Mellitus 2

PA: Pressão Arterial

DC: Débito Cardíaco

SNC: Sistema Nervoso Central

FR: Fatores de Risco

DCV: Doença Cardiovascular

DIC: Doença Isquêmica do Coração

ND: Nefropatia Diabética

TFG: Taxa de Filtração Glomerular

RD: Retinopatia Diabética

RDNP: Retinopatia Não Proliferativa

RDP: Retinopatia Proliferativa

HLA: Leucocitário Humano

ICAs: Anticorpos Antiilhota

PICO :P=Problem, I=Intervention, C=Control, O=Outcomes

RM: Repetições Máximas

IR: Intervalos de Recuperação

FC: Frequência Cardíaca

DP: Duplo Produto

HPE: Hipotensão Pós-Exercício

G: Glicêmico

12

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................15

2 REVISÃODALITERATURA......................................................................................................17

2.1 Envelhecimento ........................................................................................................ 17 2.1.1. Aspectosdemográficosdoenvelhecimento...............................................................17

2.1.2Envelhecimentofisiológico...............................................................................................182.2 HAS ............................................................................................................................ 18 2.2.1 Definição....................................................................................................................182.2.2 Fisiopatologia.............................................................................................................192.2.3 Epidemiologia.............................................................................................................202.2.5 Diagnóstico.................................................................................................................212.2.6 Classificação...............................................................................................................22

2.3 Diabetes Mellitus ....................................................................................................... 22 2.3.1 Definição....................................................................................................................222.3.2 Fisiopatologia.............................................................................................................232.3.3 Epidemiologia.............................................................................................................232.3.4 Complicaçõesclínicas..................................................................................................242.3.5 Diagnóstico.................................................................................................................252.3.6 Classificação...............................................................................................................26

2.4 Exercício Aeróbico .................................................................................................... 27 2.4.1 ExercícioaeróbiconaHASeDM..................................................................................272.4.2 Benefícios...................................................................................................................292.4.3 Tipos...........................................................................................................................29

2.5 Exercício Resistido .................................................................................................... 30 2.5.1 ExercícioresistidonaHASeDM..................................................................................302.5.2 Benefícios...................................................................................................................312.5.3 Tipos...........................................................................................................................32

3.MÉTODO...................................................................................................................................33

4RESULTADOS..............................................................................................................................34

5. DISCUSSÃO...........................................................................................................................38

6. CONCLUSÃO.........................................................................................................................43

REFERÊNCIAS................................................................................................................................44

13

1 INTRODUÇÃO

O aumento da população idosa assim como a expectativa de vida na população se dá

por meio de um processo fisiológico, individual, sequencial e irreversível que ocasiona a

deterioração do organismo cotidianamente, aumentando a incapacidade de realizar atividades

de vida diárias (AVD's), ocorrendo assim diminuição da longevidade de um indivíduo.

Esse fenômeno ocorre devido a um declínio de estruturas e funções dos sistemas, o

qual recebe o nome de envelhecimento. Este processo muitas vezes gera uma predisposição

maior aos riscos de doenças, que na maioria das vezes pode vir à acontecer pelos fatores de

riscos, os quais se tornam grandes vilões do envelhecimento bem sucedidos. Esses fatores de

risco incluem a inatividade física, má nutrição e alimentação, tabagismo entre outros

predisponentes de patologias que carenciam muitos idosos. Essa carência ocorrida se dá

principalmente nas doenças crônicas cardiovasculares que acometem cerca de 78% dos

indivíduos idosos. Esse grupo de morbidades incluem patologias popularmente conhecidas

como é o caso da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes mellitus (DM).

A HAS é uma doença multifatorial que está interligada a alterações que englobam

dislipidemias, resistência insulínica, obesidade. Esta condição é caracterizada por elevados

níveis de Pressão Arterial (PA), acometendo cada vez mais jovens e idosos tornando -se um

problema de saúde pública , por sua vez está intimamente interligada ao sedentarismo.

Já a DM, é um distúrbio crônico multissistêmico e metabólico que interfere na ação, e

secreção do hormônio insulina. Ela pode ser encontrada em duas maneiras, tipo I e tipo II.

Essas alterações aparecem entre os principais riscos de óbito na atualidade.4

De tal modo, que estes distúrbios têm ganhado atenção, principalmente com a

finalidade de promover e prevenir a saúde, sendo assim, o exercício físico configura como

papel fundamental entre os idosos, pois acarreta benefícios de curto e longo prazo, requerendo

assim maiores adaptações fisiológicas de todos os sistemas corporais, principalmente o

cardiovascular, pois este promove adaptações distintas de um exercício para outro.5,6

14

Assim, por meio da literatura existente pode-se conhecer os efeitos positivos do exercício,

em especial os aeróbicos, que incluem um maior gradiente metabólico e maior oxigenação dos

pulmões. Em contra partida ele promove alterações significativas em indivíduos com distúrbio

cardiovascular como redução da PA, e do débito cardíaco (DC). 7 O treinamento com resistência

é visto como um treino dinâmico que requer maior capacidade de erguer e sustentar um carga, ele

promove alterações benéficas ao indivíduo como a diminuição dos níveis pressóricos em pré-

hipertensos e a hipotensão arterial por algumas horas. 8-10

Diante disto ao observar que a população está vivendo cada dia mais nas últimas décadas, e

que o envelhecimento propícia a doenças cardiovasculares e, razão de fatores intrínsecos e

extrínsecos, que levam muitas vezes ao óbito e que o exercício físico pode minimizar esses danos

bem como reduzir a taxa de mortalidade e morbidade em portadores de algum desses distúrbios

cardiovasculares.

Sendo assim, o presente tem como objetivo evidenciar as alterações e os benefícios

promovidos pelo exercício físico em idosos com doenças cardiovasculares e metabólicas.

15

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Envelhecimento

2.1.1. Aspectos demográficos do envelhecimento

A população mundial está envelhecendo. Estima-se que, de 1996 a 2025, o percentual

de idosos aumentará cerca de 200% nos países em desenvolvimento.11 O Brasil é um país que

envelhece a passos largos. As alterações na dinâmica populacional são claras, inequívocas e

irreversíveis. Desde os anos 1940, é entre a população idosa que temos observado as taxas

mais altas de crescimento populacional. Na década de 50, a taxa de crescimento da população

idosa atingiu valores superiores a 3% ao ano, chegando a 3,4%, entre 1991 e 2000.9

Na década de 50, a taxa de crescimento da população idosa atingiu valores superiores

a 3% ao ano, chegando a 3,4%, entre 1991 e 2000. Ao compararmos, num intervalo de 25

anos (1980 a 2005), o crescimento da população idosa com o crescimento da população total,

observamos que o crescimento da população idosa foi de 126,3%, ao passo que o crescimento

da população total foi de apenas 55,3%. Nesse mesmo intervalo, o segmento de 80 anos a

mais cresceu a um ritmo relativamente maior do que a população idosa total, apresentando um

crescimento de 246,0%. Atualmente, a faixa etária de 80 anos a mais é composta por

2.935.585 pessoas, representando 14% da população idosa brasileira.9 A estimativa para 2025

é de um aumento de mais de 33 milhões, tornando o Brasil o sexto país com maior percentual

populacional de idosos no mundo.11

Devido a distribuição geográfica da população brasileira, a migração acompanhou o

processo de ampliação das fronteiras econômicas, fazendo com que haja o desenvolvimento

da centralização da população predominantemente nas áreas urbanas, onde há um intenso

aumento do envelhecimento populacional e consequentemente, mudanças sociais e

econômicas aos habitantes neste território.12

16

2.1.2 Envelhecimento fisiológico

Os processos de envelhecimento se iniciam desde a concepção, sendo então a velhice

definida como um processo dinâmico e progressivo no qual ocorrem modificações, tanto

morfológicas, funcionais e bioquímica, que determinam a progressiva perda das capacidades

de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando vulnerabilidade e maior incidência

de processos patológicos.13

Com a chegada da velhice, as alterações anatômicas são principalmente as mais

visíveis e manifestam-se em primeiro lugar. O enfraquecimento do tônus muscular e da

constituição óssea leva a mudanças na postura do tronco e das pernas, acentuando ainda mais

as curvaturas da coluna torácica e lombar.12

As articulações tornam-se mais endurecidas, reduzindo assim a extensão dos

movimentos e produzindo alterações no equilíbrio e na marcha. Na parte fisiológica, as

alterações, na maioria das vezes, podem ser observadas pela lentidão do pulso, do ritmo

respiratório, da digestão e assimilação dos alimentos.13

O envelhecimento do ponto de vista fisiológico depende significativamente do estilo

de vida que a pessoa assume desde a infância ou adolescência. O organismo envelhece como

um todo, enquanto que seus órgãos, tecidos, células e estruturas sub-celulares tem

envelhecimento diferenciados.14

2.2 HAS

2.2.1 Definição

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial

caracterizada por níveis elevados e sustentados de Pressão Arterial (PA). Associa-se

frequentemente a alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo ( olhos, coração,

17

encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas, com consequente aumento do risco

de eventos cardiovasculares fatais e não fatais.15

2.2.2 Fisiopatologia

O desenvolvimento de hipertensão depende da interação entre predisposição genética e

fatores ambientais. Sabe-se, no entanto, que a hipertensão é acompanhada por alterações

funcionais do sistema nervoso autônomo simpático, renais, do sistema renina angiotensina,

além de outros mecanismos humorais e disfunção endotelial. Assim, a hipertensão resulta de

várias alterações estruturais do sistema cardiovascular que tanto amplificam o estímulo

hipertensivo, quanto causam danos cardiovasculares.16

A dificuldade em se diagnosticar a hipertensão arterial é ainda agravada pela

variabilidade da pressão arterial em cada indivíduo. A pressão arterial varia de acordo com a

hora do dia, com o grau de atividade física e com o estado emocional, podendo ser

influenciada até mesmo pela presença do médico (“hipertensão do jaleco branco”).17

Essas características tornam imperativa a adoção de procedimentos padronizados para

a medida da pressão arterial e para o diagnóstico da hipertensão arterial.17 Por exemplo, a

determinação da pressão arterial deve sempre ser feita por pessoal devidamente treinado, com

o paciente na mesma posição (deitado ou sentado), em ambiente tranquilo e sempre no mesmo

horário, devendo-se medir a pressão arterial mais de uma vez em uma mesma consulta. Para

se estabelecer o diagnóstico de hipertensão arterial é ainda necessário que a pressão arterial

esteja alta em três consultas sucessivas, para evitar que uma elevação acidental e temporária

seja erroneamente interpretada (e tratada) como se fosse uma condição permanente.18

O conhecimento dos mecanismos fisiopatológico é essencial para se compreender não

apenas o funcionamento do sistema cardiovascular sob pressão arterial elevada, como também

os princípios básicos da terapêutica da hipertensão arterial.17,18

Basicamente, a polêmica opõe duas grandes correntes: de um lado, os que propõem a

existência, em hipertensos essenciais, de uma alteração do sistema nervoso central, de modo a

que o ponto de ajuste da pressão arterial, presumivelmente determinado pelo próprio SNC,

está elevado em relação ao normal. De outro lado, temos os que defendem um papel

preponderante, na gênese da hipertensão, de uma retenção de sal e água pelos rins.19

18

2.2.3 Epidemiologia

A HAS tem alta prevalência e baixas taxas de controle. É considerada um dos

principais fatores de risco (FR) modificáveis e um dos mais importantes problemas de saúde

pública. A mortalidade por doença cardiovascular (DCV) aumenta progressivamente com a

elevação da PA a partir de 115/75 mmHg de forma linear, contínua e independente.14,15

Em 2001, cerca de 7,6 milhões de mortes no mundo foram atribuídas à elevação da PA

(54% por acidente vascular encefálico – AVE e 47% por doença isquêmica do coração –

DIC), sendo a maioria em países de baixo e médio desenvolvimento econômico e mais da

metade em indivíduos entre 45 e 69 anos. Em nosso país, as DCV têm sido a principal causa

de morte. Em 2007 ocorreram 308.466 óbitos por doenças do aparelho circulatório. Entre

1990 a 2006, observou-se uma tendência lenta e constante de redução das taxas de

mortalidade cardiovascular.15

Atualmente a prevalência de idosos com HAS é de 34,3% no Brasil16 , sendo um dos

mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares,

cerebrovasculares e renais, sendo responsável por pelo menos 40% das mortes por acidente

vascular cerebral, por 25% das mortes por doença arterial coronariana e, em combinação com

o diabete, 50% dos casos de insuficiência renal terminal.

Com o critério atual de diagnóstico de hipertensão arterial (PA 140/90 mmHg), a

prevalência na população urbana adulta brasileira varia de 22,3% a 43,9%, dependendo da

cidade onde o estudo foi conduzido. A principal relevância da identificação e controle da

HAS reside na redução das suas complicações, tais como:

• Doença cerebrovascular

• Doença arterial coronariana

• Insuficiência cardíaca

• Doença renal crônica

• Doença arterial periférica16

19

2.2.4 Complicações Clínica

• Aceleração da aterosclerose (depósitos gordurosos nas paredes dos vasos sanguíneos).

• Infarto agudo do miocárdio (infarto do coração).

• Acidente vascular encefálico (derrame).

• Diminuição da função renal.

• Perda da visão.16

2.2.5 Diagnóstico

A avaliação clínico-laboratorial do paciente hipertenso visa confirmar a elevação da

pressão arterial; firmar o diagnóstico de hipertensão; identificar os fatores de risco para

doenças cardiovasculares; avaliar lesões de órgão alvo; identificar doenças associadas à

hipertensão; estratificar o risco cardiovascular do paciente e diagnosticar hipertensão arterial

secundária em caso de suspeita clínica. Para atingir tais objetivos é fundamental o

detalhamento da história clínica do paciente, exame físico, avaliação laboratorial básica e

exames complementares.17

O diagnóstico em hipertensão arterial é baseado na anamnese, exame físico e exames

complementares que auxiliam na realização do diagnóstico da doença propriamente dita, sua

etiologia, grau de comprometimento de órgãos-alvo e na identificação dos fatores de risco

cardiovasculares associados.17 Recomenda-se que a história clínica e exame físico do

paciente hipertenso sigam as orientações clássicas destes procedimentos, mas sejam

orientados para fazer: anamnese, exame físico, exame laboratorial e medidas de pressão.18

20

2.2.6 Classificação

Adota-se os critérios de classificação: primeiro estágio (antiga hipertensão leve),

segundo estágio (antiga hipertensão moderada) e terceiro estágio (antiga hipertensão severa

ou grave).15

Figura 1: Classificação da Pressão Arterial

2.3 Diabetes Mellitus

2.3.1 Definição

O DM é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia e

associadas a complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos, especialmente olhos,

rins, nervos, cérebro, coração e vasos sanguíneos. Pode resultar de defeitos de secreção e/ou

ação da insulina envolvendo processos patogênicos específicos, por exemplo, destruição das

células beta do pâncreas (produtoras de insulina), resistência à ação da insulina, distúrbios da

secreção da insulina, entre outros.19

21

2.3.2 Fisiopatologia

O Diabetes mellitus pode ser conceituado como uma alteração metabólica

caracterizada por hiperglicemia e glicosúria, refletindo uma distorção no equilíbrio entre a

utilização de glicose pelos tecidos, liberação de glicose pelo fígado, produção e liberação de

hormônios pancreáticos, da hipófise anterior e da suprarrenal. Constitui uma síndrome

caracterizada por ausência relativa ou absoluta de insulina, pela alteração do metabolismo de

carboidratos, proteínas e gorduras. As alterações nos níveis da insulina podem ser devidas à

produção de antagonistas que inibem sua ação, à interferência de outros hormônios, à

diminuição ou ausência de receptores para este hormônio, ou mesmo a sua incapacidade de

produção pelo pâncreas. 20

A ingestão dos alimentos resulta no nível elevado de glicose sanguínea, dessa forma o

pâncreas é estimulado a aumentar a secreção da insulina. A insulina então permite que a

glicose entre na célula, especialmente nos músculos. A insulina também estimula o

armazenamento do excesso de glicose pelos músculos e pelo fígado na forma de glicogênio e

impede que haja a transformação do glicogênio armazenado no fígado em glicose. Como

resultado há uma diminuição do nível de glicose no sangue. 20

A insulina é um hormônio proteico produzido pelas células beta das ilhotas de

Langerhans, cuja principal função é facilitar e permitir a interação e absorção da glicose

através das membranas das células adiposas, hepáticas e musculares. 20

As duas formas mais comuns são: diabetes tipo 1, anteriormente chamada diabetes

insulinodependente, e diabetes tipo 2, previamente conhecida como diabetes não-insulina-

dependente.

2.3.3 Epidemiologia

O DM é comum e de incidência crescente. Estima-se que, em 1995, atingia 14,0% da

população adulta mundial e que, em 2025, alcançará a e 35,4%. A maior parte desse aumento

se dará em países em desenvolvimento, acentuando-se, nesses países, o padrão atual de

concentração de casos na faixa etária de 45-64 anos. No Brasil, no final da década de 1980,

22

estimou-se que o diabetes ocorria em cerca de 8% da população, de 30 a 69 anos de idade,

residente em áreas metropolitanas brasileiras. Essa prevalência variava de 3% a 47% entre as

faixas de 30-39 e de 60-69 anos.19

A prevalência da tolerância à glicose diminuída era igualmente de 8%, variando de 6 a

11% entre as mesmas faixas etárias. Hoje estima-se 21% da população igual ou superior a 40

anos, o que representa cerca de cinco milhões e meio de portadores.19

2.3.4 Complicações clínicas

Durante o estado hiperglicêmico de longa duração no DM, a glicose forma pontes

covalentes com as proteínas plasmáticas através de um processo não enzimático, conhecido

como glicação. A glicação proteica e a formação de produtos finais de glicação avançada

(AGEs) desempenham um papel importante na patogênese das complicações diabéticas

(retinopatia, neuropatia e neufropatia). A glicação das proteínas interfere nas funções normais

pela modificação das conformações moleculares, alterando a atividade enzimática e

interferindo no funcionamento dos receptores.21

As complicações crônicas do DM são decorrentes principalmente do controle

inadequado, do tempo de evolução e de fatores genéticos da doença. As complicações

crônicas microvasculares englobam a nefropatia diabética, a retinopatia diabética e a

neuropatia diabética. As complicações crônicas macro vasculares, como o próprio nome diz,

são resultantes de alterações nos grandes vasos e causam infarto agudo do miocárdio, acidente

vascular cerebral e doença vascular periférica.21

• Complicações crônicas microvasculares:

• Nefropatia diabética: A Nefropatia Diabética (ND) é uma complicação crônica do

diabetes que afeta 20% a 30% das pessoas com diabetes mellitus tipo 1 (DM1) ou DM2,

sendo responsável por aproximadamente metade dos novos casos de insuficiência renal nos

indivíduos em diálise e tendo sido associada a um aumento significativo da mortalidade,

principalmente cardiovascular.22

Inicialmente, o paciente apresenta hiperfiltração, com valores elevados na taxa de

filtração glomerular (TFG), e eventualmente já pode apresentar microalbuminúria. Essas

alterações duram em torno de cinco anos. Durante 20 anos de evolução do diabetes, o

indivíduo pode exibir declínio gradual da TFG e microabuminúria persistente, que evolui para

23

proteinúria. A etapa final da história natural da doença caracteriza-se por proteinúria grave,

com ou sem síndrome nefrótica e insuficiência renal crônica, levando à fase renal terminal.21

• Retinopatia Diabética: A Retinopatia Diabética (RD) é a principal causa de novos

casos de cegueira entre 20 e 74 anos23. É mais comum no DM1 e sua incidência está

fortemente relacionada à duração do diabetes. Está presente em aproximadamente 25% dos

indivíduos com DM1 após cinco anos do diagnóstico, aumentando para 60%, 80% e 100%

após, respectivamente, 10, 15 e 20 anos.24

Pode-se classificar a RD em Retinopatia Não Proliferativa (RDNP) e Proliferativa

(RDP). A retinopatia diabética não proliferativa pode ser classificada em leve, moderada ou

grave e caracteriza-se pela presença de micro aneurismas, micro hemorragias, exsudatos duros

e algodonosos. O aparecimento de neovasos, induzidos pela isquemia retiniana, identifica a

retinopatia diabética como proliferativa.24

• Neuropatia Diabética: a Neuropatia Diabética (NeD) é a complicação tardia mais

frequente do diabetes e pode ser evidenciada no DM2, muitas vezes no momento do

diagnóstico, enquanto no DM1 geralmente aparece cinco anos ou mais após o diagnóstico.25

A Neuropatia Diabética abrange um grupo de alterações relacionadas ao envolvimento

estrutural e funcional de fibras nervosas sensitivas, motoras e autonômicas, que podem ser

reversíveis ou permanentes. Clinicamente, manifestam-se de formas muito variáveis, desde

síndromes dolorosas graves, agudas, secundárias a oscilações glicêmicas, até formas

assintomáticas.25

• Complicações crônicas macro vasculares

As complicações crônicas macro vasculares do DM, também chamadas de doenças

cardiovasculares, atingem o coração (infarto agudo do miocárdio), o cérebro (acidente

vascular cerebral) e os membros inferiores (doença vascular periférica), e acometem tanto o

paciente com DM2 como aquele com DM1. A maior causa de óbito nesses casos é a doença

cardiovascular (DCV).26

2.3.5 Diagnóstico

O diagnóstico do diabetes baseia-se fundamentalmente nas alterações da glicose

plasmática de jejum ou após uma sobrecarga de glicose por via oral. A medida da glico-

24

hemoglobina não apresenta acurácia diagnóstica adequada e não deve ser utilizada para o

diagnóstico de diabetes.27

Os critérios diagnósticos baseiam-se na glicose plasmática de jejum (oito horas), nos

pontos de jejum e de duas horas após sobrecarga oral de 75g de glicose (teste oral de

tolerância à glicose – TOTG) e na medida da glicose plasmática casual.27

2.3.6 Classificação

Há duas formas atuais para classificar o diabetes, a classificação em tipos de diabetes

(etiológica), definidos de acordo com defeitos ou processos específicos, e a classificação em

estágios de desenvolvimento, incluindo estágios pré-clínicos e clínicos, este último incluindo

estágios avançados em que a insulina é necessária para controle ou sobrevivência.27

Os tipos de diabetes mais frequentes são o diabetes tipo 1, anteriormente conhecido

como diabetes juvenil, que compreende cerca de 10% do total de casos, e o diabetes tipo 2,

anteriormente conhecido como diabetes do adulto, que compreende cerca de 90% do total de

caso.28

Diabetes Mellitus do Tipo 1

É a principal doença endócrina e forma de diabetes diagnosticada na infância e na

juventude; suas características principais são: necessidade diária de insulina no tratamento,

com controle metabólico lábil, grande oscilação na glicemia e grande tendência a desenvolver

cetoacidose e coma. No momento do diagnóstico, a maioria dos pacientes já tem cerca de

85% das células β pancreáticas destruídas, o que explica sua insulinopenia, com grande

labilidade glicêmica no controle e dependência diária da aplicação de insulina. 28

Os termos diabetes infanto-juvenil e insulinodependente não devem ser mais usados

para evitar confusões, pois esse tipo de diabetes pode aparecer também na idade adulta, e, por

outro lado, qualquer tipo de diabetes na classificação acima pode se tornar um dia

insulinodependente.28

O diabetes do tipo 1 tem duas formas clínicas quanto à sua origem: o tipo 1

imunomediado e o tipo 1 idiopático. O tipo 1 imunomediado apresenta, no início da doença,

infiltrado de linfócitos T nas ilhotas, tem associação com sistema humano de antígenos

leucocitários (HLA), mais comumente HLA B8, HLA B15, HLA DR3 e HLA DR4. 27,28

25

Apresenta ainda marcadores de destruição imunológica das células β como anticorpos

antiilhota (ICAs), anticorpos antiinsulina (IAAs), anticorpos contra descarboxilase do ácido

glutâmico (GAD 65), anticorpos tirosino fosfatase IA-2 e IA 2-β e associação com outras

doenças autoimunes. Representa cerca de 90% de todos os pacientes com diabetes do tipo 1.

Os 10% restantes têm etiologia desconhecida e portanto são sub classificados como

idiopáticos.27

Diabetes Mellitus tipo 2

O termo tipo 2 é usado para designar uma deficiência relativa de insulina. A

administração de insulina nesses casos, quando efetuada, não visa evitar cetoacidose, mas

alcançar controle do quadro hiperglicêmico. A cetoacidose é rara e, quando presente, é

acompanhada de infecção ou estresse muito grave. A maioria dos casos apresenta excesso de

peso ou deposição central de gordura. Em geral, mostram evidências de resistência à ação da

insulina e o defeito na secreção de insulina manifesta-se pela incapacidade de compensar essa

resistência. Em alguns indivíduos, no entanto, a ação da insulina é normal, e o defeito secretor

mais intenso.27,28

2.4 Exercício Aeróbico

2.4.1 Exercício aeróbico na HAS e DM

O exercício físico do tipo aeróbico corresponde aos processos metabólicos de

produção de energia por meio do sistema oxidativo.29 Enfatizam-se os exercícios dinâmicos,

repetitivos e submáximos de grandes grupos musculares.30

A prescrição de exercício físico para hipertensos deve ser realizada somente após a

realização da anamnese que inclui informações e dados clinico, medidas de peso e altura,

circunferência abdominal, Índice de Massa Corporal (IMC), flexibilidade, força muscular,

teste de esforço máximo se possível, com medida de gases expirados. Essa é a base para o

programa de reabilitação cardiovascular, onde será baseado o ajuste da dose apropriada de

esforço para cada pessoa.29,30

26

Podendo ser exercício físico aeróbico leve ou moderado, mais indicada para o controle

PA, por produz alterações fisiológica, e alterações metabólicas. Essa alterações levam a uma

maior utilização dos lipídios como substrato energético, o que retarda o uso de glicogênio

muscular, promovendo um melhor tempo de treinamento com aumento da intensidade de

esforço.31

O exercício físico aeróbico é capaz de reduzir os níveis de PA em repouso e esforço

com eficácia comparada ao tratamento farmacológico, sendo mantido este efeito durante todo

o período de pratica regular.31 Acredita-se, que o mecanismo da hipotensão pós-exercício

esteja relacionado a uma redução de RPT causada pela diminuição da estimulação simpática

para regiões neuromuscular e cutânea.30

O exercício aeróbico deve ser realizado pelo menos três ou mais sessões na semana,

com duração de 30 minutos no mínimo de acordo com as IV diretrizes brasileiras de

cardiologia 20104, para se obter um efeito hipotensor, além de ajudar a reduzir o peso

corporal. A resposta cardiovascular depende, em relação ao exercício aeróbico varia de

intensidade, duração, massa muscular envolvida, o tipo de exercício pode ser dinâmico ou

isométrico, sendo que cada um desses exercícios implica em respostas cardiovasculares

distintas.31-33

Os exercícios aeróbicos devem ser associados aos exercícios resistidos que devem ser

realizados em intensidade leves que variam de 40 a 60 % da carga voluntaria máxima. Outro

fator relevante pata redução da PA é o controle da respiração durante os exercícios aeróbicos

e a utilização da dieta hipossódica.30,31

A atividade física tem papel fundamental no tratamento do Diabetes junto com a dieta e

medicações. O exercício melhora o controle da glicose no sangue, a sensitividade à insulina

(melhora da ação da insulina no corpo) e diminui os fatores de risco cardiovasculares. 32 O

mecanismo exato de como o exercício físico melhora o controle do Diabetes não está

completamente elucidado. Sabe-se que, durante o exercício, a redução dos níveis de glicose

sanguínea acontece devido ao aumento da captação de glicose pelo músculo esquelético. O

aumento na sensitividade à insulina normalmente não dura mais que 72 horas. Desse modo, a

atividade física regular deve ser realizada no mínimo três vezes na semana no tratamento do

Diabetes.33

O exercício aeróbico é aquele que melhora o consumo de oxigênio e o funcionamento

dos sistemas cardiovascular e respiratório. São programas de treinamento simples, como os de

natação, bicicleta, esteira, caminhadas, corrida e pular corda. Exercícios moderados levam à

manutenção da pressão sanguínea em pacientes diabéticos com complicações neuropáticas. E

27

exercícios intensos produzem redução de peso com melhora significante na sensitividade à

insulina, melhora da glicemia em jejum e do perfil lipídico, além de restaurarem a função

endotelial e reduzirem a rigidez das artérias.33

2.4.2 Benefícios

A prática de exercícios físicos para diabéticos e hipertensos pode ser uma excelente

maneira de impedir o avanço da doença e ajudar nos tratamentos. Nenhuma das duas doenças

tem cura, mas os tratamentos de cada uma delas já estão bastante desenvolvidos e, em ambas,

o tratamento associado à prática de atividade física é altamente recomendado pelos

médicos.30,31

Para os diabéticos, a prática de atividades físicas pode ajudar no controle da doença,

fazendo o organismo captar melhor a glicose, diminuindo a necessidade de medicamentos e

insulina. Os exercícios também ajudam a evitar complicações causadas com o avanço da

diabetes e da hipertensão, como infarto, AVC, neuropatia e retinopatia, além de controlar o

excesso de peso e hipertensão arterial, a osteoporose e as doenças do colesterol.31

No caso dos hipertensos, não há contraindicações à pratica de atividades físicas. A

diretrizes nacionais recomendam de 40 a 50 minutos de exercícios moderados três vezes por

semana no mínimo, sendo o ideal cinco vezes por semana. O treinamento aeróbico, por

exemplo, reduz a pressão arterial de hipertensos em cerca de 8,3/ 5,2mmHg.31

2.4.3 Tipos

A primeira coisa que se devem fazer no caso de ser hipertenso, antes de praticar

exercícios, é visitar o cardiologista. Lá ele fará testes de resistência cardiorrespiratória e irá

calcular a sua frequência cardíaca máxima, que depende de dois fatores: idade e sexo. Inicie

os exercícios de forma leve e branda, realizando pelo menos 30 minutos de caminhadas cinco

vezes por semana. Se sentir algum cansaço, sente-se em algum lugar e descanse um pouco. 29

Seria interessante nesses primeiros dias ir acompanhado de alguém caso ocorra algum

imprevisto. Os melhores exercícios para hipertensos são os aeróbicos como caminhar, pedalar

28

ou nadar. Já foi comprovado que exercícios aeróbicos reduzem a pressão arterial e reduzem

quantidade de placas de ateroma na parede dos vaso.31 Atividades aeróbicas como caminhar,

correr, pedalar e nadar são essenciais para hipertensos. Quando se inicia uma atividade, há

liberação de hormônios que fazem com que ácidos graxos (gordura) se quebrem e virem

energia.30

Os exercícios para quem tem diabetes, são ótimos auxiliares no tratamento, e se forem

praticados com orientação de profissionais, podem ser muito benéficos e ainda oferecer um

retorno bastante rápido se comparados com outras pessoas. Além deste acompanhamento do

profissional na área de exercícios é necessário que se tenha um acompanhamento médico para

que se monitore todos os níveis de glicose, e também a insulina no sangue, feito isto,

certamente você terá um ótimo retorno na realização de exercícios. 34

2.5 Exercício Resistido

2.5.1 Exercício resistido na HAS e DM

Exercício resistido pode ser definido como contrações musculares realizadas contra

resistências graduáveis e progressivas. A resistência mais comum são os pesos, mas também é

possível utilizar resistência hidráulica, eletromagnética, molas, elásticos e outras. 35

A pressão arterial de repouso tende a ser reduzida com a prática dos exercícios

resistidos, com a ressalva de que as sessões não devem ser iniciadas se a pressão arterial

estiver em níveis acima de 180 a 200/110 mmHg. O controle da pressão arterial com

medicamentos é necessário para os hipertensos envolvidos em qualquer tipo de atividade

física. O treinamento resistido para hipertensos não precisa de nenhuma adaptação

específica.35

No DM os exercícios resistidos podem ter importantes efeitos. Embora no período

pós-exercício possa ocorrer aumentos discretos da glicemia, a situação tende a se normalizar

rapidamente, no início do processo de recuperação. A redução da resistência à insulina ocorre

induzida pelos exercícios resistidos, como com outras formas de atividade física. O aumento

da massa muscular tem sido identificado como fator favorável à homeostase da glicemia, em

função da maior quantidade de tecido captador de glicose. O estímulo para a redução de

29

gordura corporal é outro mecanismo pelo qual os exercícios resistidos são benéficos para os

diabéticos.36

2.5.2 Benefícios

Os mecanismos responsáveis pela resposta da pressão arterial após o treinamento

resistido ainda não foram esclarecidos, tanto em jovens e indivíduos de meia-idade quanto em

idosos. Porém, alguns mecanismos que se relacionam à regulação da pressão arterial têm sido

estudados. Em relação aos efeitos do treinamento resistido na estrutura cardíaca, os estudos

não têm demonstrado modificação na massa, na espessura da parede nem no tamanho da

câmara ventricular. 36,37

É possível que o treinamento resistido não tenha repercussões estruturais cardíacas

significantes em idosos, mas seu efeito na funcionalidade cardíaca ainda é controverso.

Alguns estudos mostram manutenção da função sistólica e do débito cardíaco após um

período de treinamento resistido. Entretanto, a manutenção do débito cardíaco ocorria em

função da redução do volume sistólico ser compensada pelo aumento da frequência cardíaca,

o que sugere que o treinamento resistido tem um efeito negativo na função do coração.37

Os exercícios resistidos ajudam no controle da composição corporal e diminui a

probabilidade do desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Favorece também a melhor

utilização da glicose.38

Assim apresenta-se alguns benefícios:

a) Ganho de força e massa muscular, flexibilidade, coordenação, agilidade, postura e

Resistência muscular;

b) Diminuição dos declínios de força e massa muscular relacionados com a idade;

c) Diminuição dos riscos de doenças cardiovasculares;

d) Diminuição dos riscos de desenvolvimento de diabetes;

e) Aumento do condicionamento físico;

f) Aumento das adaptações bioquímicas como maiores concentrações de sangue e

Ácido láctico nos músculos durante e depois do exercício máximo; aumento das reservas

de glicogênio e ATPPC e aumento da atividade de enzimas glicolíticas nos

músculos esqueléticas;

g) Aumento do gasto calórico;

30

h) Aumento das taxas de perda de peso;

i) Maior sensibilidade a insulina, etc.38

2.5.3 Tipos

Existem três tipos de exercícios resistidos:

Os exercícios isométricos são definidos como resistência sem movimento,

desenvolvendo-se tensão muscular, contudo o músculo não encurta nem alonga, i.e., ocorre

contração muscular estática, sem movimento. Contrações isométricas efetivas devem ser

executadas até ao ponto de fadiga muscular e depois o exercício deve ser repetido várias vezes

para máximo benefício. A manutenção das posturas e os exercícios contra superfícies imóveis

(ex. palmas da mão contra parede) promovem, então, o desenvolvimento de tensão sem

modificação do tamanho da fibra muscular, de forma a aumentar o tónus e força muscular,

quando há fraqueza. É o método mais rápido para ganhar força muscular, sem aumentar a

massa.36-38

Os exercícios isocinéticos são conseguidos quando o músculo encurta contra uma

resistência cooperante igualada com a força produzida pelo músculo e requerem uma

velocidade constante durante toda a amplitude do movimento. Quanto mais lenta for a

velocidade do movimento isocinético, maior será o ganho em força e endurance (resistência).

Estes exercícios devem ser iniciados com um mínimo de resistência ao movimento (sem

permitir que isto ocorra), que é aumentada gradativamente.39,40

Os exercícios isotônicos são mais dinâmicos e realizados com movimento, com ou

sem pesos, envolvendo a contração e extensão muscular controlada, contra uma carga

constante. A tensão deverá permanecer constante durante o exercício e evolvem a

movimentação e mobilidade dos músculos. Contribuem para a coordenação motora,

flexibilidade e força.38

A diferença entre a contração isotônica e a isométrica é que na primeira há presença de

movimento e na segunda ausência. Por exemplo, exercer força com as palmas das mãos

contra uma parede é uma forma isométrica, enquanto que flexões de braços são isotônicas.

31

3. MÉTODO

Trata-se de uma revisão sistemática, estruturada pelo PICO (P=Problem,

I=Intervention, C=Control, O=Outcomes) estratégia de busca da medicina baseada em

evidência.

A pergunta norteadora do processo revisional elaborada pelas pesquisadoras foi:

Quais são as evidências científicas sobre os benefícios dos exercícios em idosos com doenças

cardiovasculares e metabólicas?

Foram considerados os artigos publicados no período de janeiro de 2007 a julho de

2017, na língua inglesa para a pergunta norteadora foram considerados somente os estudos

da língua portuguesa.

Foram selecionados artigos randomizados indexados nas bases Scielo, Pedro e Lilacs,

por meio dos elementos do PICO, sendo os descritores: Envelhecimento, Idoso, Exercicios,

Hipertensao Arterial, Diabetes, Metabolicos, Cardiovasculares.

Excluídos os artigos cuja amostra era constituída de idosos institucionalizados e

hospitalizados; textos não completos disponíveis; aqueles cujas intervenções propostas não

foram descritas.

Após todos os artigos foram submetidos a uma avaliação de qualidade de estudos

clínicos pelo método JADAD para somente após esta validação serem incluídos na pesquisa.

O JADAD possui um escore varia de zero a cinco pontos, são classificados como

artigos de alta qualidade os que receberem pontuação de três a cinco e somente estes serão

incluídos na pesquisa. As perguntas são descritas na tabela 1

Tabela 1: Perguntas do Jadad (1996)

PERGUNTAS AVALIATIVAS DO JADAD PONTUAÇÃO

Sim Não 1. O estudo foi descrito como randomizado? 1 0

2. O estudo foi descrito como duplo cego? 1 0

3. Há uma descrição das perdas? 1 0

32

4 RESULTADOS

Após avaliação de qualidade de estudos clínicos pelo o método de avaliação JADAD

foram identificados sete artigos contendo os protocolos amplamente descritos a respeito da

pergunta norteadora do estudo.

Os protocolos foram assim descriminados:

Tabela 2: Protocolos de exercícios em idosos hipertensos

Artigo Ano Objetivo Protocolo Duração

Respostas Cardiovasculares ao Exercício Resistido são Afetadas pela Carga e Intervalos entre Séries

2010 Investigar a influência do número de repetições máximas (RM) e dos intervalos de recuperação entre séries ( IR) sobre a frequência cardíaca (FC), pressão arterial sistólica (PAS) e duplo produto (DP) durante ER.

20 indíviduos que realizaram o três series de leg press horizontal ( 6 RM e 12 RM) com intervalo de recuperação de 1:3 e 1:5.

Cada sessão teve lugar em dia específico, total de 4 visitas ao laboratório, espaçadas por intervalos de 48 horas.

Programa de exercícios físicos baseado em frequência semanal mínima: efeitos na pressão arterial e aptidão física em idosos hipertensos.

2011 Investigar os efeitos de um programa de TF multicomponente (treinamento aeróbico, força, flexibilidade e equilíbrio) na PA, aptidão física e capacidade funcional de idosos com HA.

Aquecimento-10 minutos alongamento; 35 a 40 minutos caminhada e dança; com intervalos para exercícios que envolvem resistência (halteres e bastões), e desaquecimento -alongamento.

2x na semana com duração de 60 minutos por 12 semanas.

Influência do Treinamento

Resistido Realizado em Intensidades Diferentes e

Mesmo Volume de Trabalho

sobre a Pressão Arterial de Idosas

Hipertensas

2011 Verificar o efeito dos treinamentos aeróbio, resistido e concorrente na pressão arterial e morfologia em idosos normotensos e hipertensos.

leg press, supino reto, cadeira extensora, puxada frontal, mesa flexora, elevação lateral de membros superiores com halteres, abdução de quadril com cross over e rosca direta com barra. Intensidade leve: 2x 16 repetições com 8 RM. Intensidade alta: 2x 8 respetições com 8 RM.

Duas semans de adaptação sem carga seguida por três sessões de exercício resistido, onde a cada 10 minutos froam aferidos a PA.

Influência do Treinamento

Resistido Realizado

em Intensidades Diferentes e

Mesmo Volume de Trabalho sobre a Pressão Arterial

de Idosas Hipertensas

2013 Verificar o efeito dos treinamentos aeróbio, resistido e concorrente na pressão arterial e morfologia em idosos normotensos e hipertensos.

Grupo I:caminhada de 3200 metros. Grupo II: treinamento de força do tipo alternando segmento, que são divididos em treinos ‘A’ e ‘B’; cada treino conteve seis exercícios. Grupo III: exercícios aeróbicos e resistidos em dois período (manhã e tarde).

36 sessões de treinamento. Janeiro de 2012-maio 2012.

33

Quanto aos exercícios e os idosos diabéticos: Tabela 3: Protocolos de exercícios em idosos diabéticos

Artigo Ano Objetivo Protocolo Duração Redução da Pressão Arterial, do IMC e da Glicose após Treinamento Aeróbico em Idosas com Diabete Tipo 2

2010 Verificar os efeitos de 13 semanas de treinamento aeróbico sobre a pressão arterial, o índice de massa corpórea e a glicemia em idosas com diabete tipo 2.

G1: orientações educativas. G2: caminhada três vezes por semana com intensidade de 60-80% da FC máx durante 50 minutos.

13 semanas

Efeito do treinamento combinado e aeróbio no controle glicêmico no diabetes tipo 2

2012 Comparar o efeito de duas modalidades de treinamento, o combinado (aeróbio e resistido) e o aeróbio, no controle glicêmico no diabetes tipo 2

Composto por exercícios combinados (aeróbico e resistido), divididos em cinco etapas (1°: aferições de FC, PA, IPE – 5’-10’; 2°: alongamento grandes grupos musculares por 15 segundos – 3’- 5’; 3°: caminhada na esteira – 20’; 4°: treinamento de musculação com utilização de aparelhos e/ou pesos com intensidade de 40-50% e de 60-70% de 1RM em três series de 12 repetições e dez repetições; 5°: resfriamento muscular e aferições de FC, PA, IPE e glicemia). TA: caminhada na pista de corrida

20 semanas, com treinamento de três vezes na semana com duração de 60 minutos.

Efeito agudo do treinamento resistido em idoso diabético: estudo de caso.

2015 Verificar o efeito agudo do exercício resistido sobre a glicemia pré e pós- exercício em um individuo idoso.

Oito repetições para cada exercício resistido. Foi utilizado o método alternado de seguimento. Foram utilizados no primeiro mês de protocolo exercícios multiarticulares, que abrangem maiores grupos musculares, evoluindo para exercícios articulares simples. Foram constituídos os seguintes exercícios: supino reto e inclinado, puxada frente, tríceps francês, rosca direta, agachamento, flexão do joelho com caneleira, cadeira extensora, panturrilha em pé.

Três vezes por semana, durante oito semanas.

34

5. DISCUSSÃO

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), é uma condição clínica multifatorial e multi

sistêmica, que apresentam elevados níveis de pressão arterial, encontrando-se alterações

hemodinâmicas, metabólicas, funcionais e estruturais em sistemas e órgãos importantes, que

muitas das vezes resultam no crescimento dos fenômenos cardiovasculares fatais e/ou não

fatais. Segundo a VII Diretriz Brasileira de Hipertensão, trata-se de um problema de saúde

pública no Brasil e no mundo.18

O evento (HAS), ocorre por conta de alterações e desequilíbrios existentes em

conjunto no sistema nervoso autônomo simpático, sistema renina-angiotensina e uma

disfunção endotelial. Esses elevados níveis pressóricos geram no idoso cefaleia occipital,

náuseas, palidez da mucosa, cansaço médio ou grande ao exercício, arritmias cardíacas entre

outros. Como já citado, grande parte dos indivíduos com pré-hipertensos, isto é, pessoas que

tem uma faixa de PA entre 121 mmHg a 139 mmHg19 está interligada e conectada a outras

doenças importantes como a síndrome metabólica, doença renal, sendo que grande parte

desses apresentam diabetes mellitus.20

Diabetes Mellitus (DM), que é o conjunto de patologias metabólicas que caracterizam-

se pelo aumento da glicemia, isto é, um grupo de doenças com níveis hiperglicêmicos onde se

têm uma disfunção na secreção ou ação do hormônio insulina, causando assim distúrbios e

insuficiência de órgãos como rins, olhos, cérebro, entre outros. Segundo a IV Diretriz

Brasileira de Diabetes, é uma epidemia mundial que acomete milhões de pessoas jovens

adultas e idosas.4 É sabido que a DM não é frequentemente a causa de morte, mais sim as suas

complicações cardiovasculares e cerebrovasculares, estima-se que doença acomete cerca de

aproximadamente 34% das mortes em geral.

A importância de se tratar a Hipertensão Arterial Sistêmica e a Diabetes Mellitus se dá

pelo fato de intervir em eventos posteriores que ambas as doenças causam, além de melhorar

a funcionalidade, qualidade de vida de indivíduos. Contribuindo assim no funcionamento de

órgãos e sistemas que estão íntegros e com funcionalidade preservada, mesmo que com o

processo fisiológico de envelhecimento.

Diante disso, por apresentar um processo modificável e flexível, a HAS e a DM

precisam ser tratadas, por meio da reabilitação musculoesquelética, cardiovascular e de forma

preventiva, a fim de melhorar a aptidão física, emocional, nutricional e a capacidade funcional

do indivíduo idoso.

35

Por se tratarem de episódios complexos e por envolver diversos fatores causais, o

tratamento da HAS e da DM não é único, específico e exclusivo, pois abrange divergentes

tratamentos que envolvem tanto exercícios físicos aeróbicos, exercícios resistidos,

nutricionais, e em alguns casos até hormonais.

Na literatura nacional têm sido mostrado a importância terapêutica da aplicabilidade

de exercícios físicos como forma de tratamento e intervenção da HAS e DM, sendo que ainda

não foi ratificado e randomizado qual a melhor forma de tratamento para as doenças em

questão. Sendo assim, como resultado do levantamento de protocolos foram evidenciados

quatro protocolos de Hipertensão Arterial Sistêmica e três protocolos de Diabetes Mellitus em

idosos.

Moraes e colaboradores10, promoveram um protocolo de treinamento funcional para

hipertensos, com o objetivo de avaliar os efeitos de um programa de exercícios físicos com

frequência de duas sessões semanais de duração de 12 semanas nos níveis pressóricos, na

aptidão física e na capacidade funcional do idoso com HAS.

Quando se compara os dados do protocolo com a fisiologia é possível perceber que a

sequência imposta pelos pesquisadores causa muitos impactos importantes no idoso com

HAS, como redução significante da PAS de 6 mmHg indivíduos que participaram do estudo,

redução de 2mmHg dos participantes, o treinamento funcional promoveu redução da massa

corporal, reduziu a glicemia de jejum dos colaboradores. Houve melhora da força muscular ao

final do protocolo, pois de início apenas 21 indivíduos conseguiram fazer o Teste de Sentar e

Levantar (TSL), e no final 26 colaboradores obtiveram sucesso no TSL. O estudo obteve

melhora da capacidade aeróbica em 66,7% dos idosos (24 voluntários), melhora de equilíbrio

de 55.6% (20 voluntários). Apresentou-se também grande melhora na capacidade funcional

através do teste de Calçar Meias (TCM) e pelo teste de sentar-se e levantar-se, e locomover-se

pela casa (TSLC) onde foi verificado e constatado que aproximadamente 97% melhoraram a

capacidade TCM, e que 78% melhoraram a capacidade de TSLC.

Deste modo, o protocolo teve efeito positivo e significativo não apenas nos níveis

pressóricos, mais também em outros aspectos que influenciam na HAS.

Já Castinheiro-Neto e companheiros , recomendaram um protocolo de exercícios

resistidos em MMII em hipertensos, no qual investigou a influência do número e repetições

máximas (RM) e dos intervalos de recuperação de série (IR) sobre a frequência cardíaca (FC)

e sobre o duplo produto (DP) durante o exercício resistido.

O estudo feito por Neto e colaboradores , notou que a FC e a PAS cresceram no

decorrer das séries, autonomamente da intensidade e do intervalo de recuperação. Entretanto,

36

as respostas cardiovasculares coligadas ao leg press horizontal notou-se uma decrescente pelo

tempo de recuperação, onde ficou notório que quanto maior o tempo de tensão, menores os

valores de FC e PAS. Além disso, quanto maior o intervalo de recuperação menor o estresse

cardiovascular pelas intensidades programadas. Os pesquisadores do programa de protocolos

averiguaram que as séries de 6RM produziram menores efeitos cardiovasculares quando

comparadas as séries de 12RM, onde o pico de PAS foi menor no protocolo de 6RM com

intervalo de 1:3.

Houve também efeito cumulativo, onde foram vistos que a FC e PAS elevaram-se a

partir da segunda série, onde se teve o menor intervalo de esforço e recuperação, os quais

podem ser explicados fisiologicamente por duas hipóteses: à fadiga muscular acumulativa

sem um tempo adequado de recuperação ou o tempo de tensão, pois o treinamento resistido

dinâmico oclui os vasos, o que gera um mecanismo barorreflexo compensatório pela exaustão

que provoca a fadiga.

Com isso, ficou claro que o programa de exercício resistido com o leg press horizontal

tem seus efeitos benéficos, significativos e cumulativos no sistema cardiovascular de um

indivíduo.

O terceiro estudo foi analisado, o de Carvalho e colaboradores , que teve como

objetivo, verificar o efeito dos treinamentos aeróbico, resistido e concorrente na pressão

arterial e morfologia em idosos normotensos e hipertensos, estando presentes no experimento

300 idosos, sendo 150 normotensos e 150 hipertensos.

O estudo deixou evidente a redução da PA pós exercício, todavia, este declínio só

pode ser visto na PAS, em contrapartida não foram vistas adaptações morfológicas em

nenhum dos extintos grupos.12

Ao analisar a PA frente ao grupo 1, percebe-se significativa redução da PA, resultando

em uma hipotensão pós-exercício (HPE), que pode ser explicado devido o exercício aeróbico

agrupar os grandes grupos musculares. , hipotensão que ocorre dependente a atenuação do

débito cardíaco, qual é ocorrido pela bradicardia de repouso.

A pesquisa feita por Carvalho e colaboradores12, mostrou um dado importante e pouco

visto na literatura, que é a redução da PAS em hipertensos que fizeram treinamento

concorrente.

Diante disso, o estudo de Canuto e colaboradores13 teve por objetivo comparar o efeito

da hipotensão pós-exercício (HPE) durante 60 minutos entre duas sessões de exercícios

resistidos realizados com intensidades diferentes, mas com igual relação carga-repetição em

idosas hipertensas.

37

O estudo feito não apresentou evidências ou diferenças significativas dos grupos que

levem a HPE. Isso pode ser elucidado em partes devido a apresentação da amostra do estudo,

que integra mulheres idosas hipertensas. No entanto, a análise percebeu uma tendência dos

valores médios de PAS e PAD (pressão arterial diastólica) no grupo de treinamento resistido

de leve intensidade quando comparado ao grupo de treinamento resistido de média

intensidade.

Os protocolos de diabetes mellitus inclui exercícios aeróbicos, resistidos e combinado

(aeróbico e resistido).

Moro e colaboradores14, compararam o efeito de duas modalidades de treinamento, o

combinado (aeróbio e resistido) e o aeróbio, no controle glicêmico no diabetes tipo 2.

Desse modo, o estudo teve efeito significativo no nível do metabolismo da glicose.

Durante as 20 semanas de investigação foi averiguado que a hemoglobina glicosilada teve

melhora importante no treinamento combinado, porém nota-se que a melhora passou a ser

deferida a partir da quarta semana do experimento. Esse importante marco do estudo pode ser

comparado ao de Church et al e Sigal et al.24 que perceberam uma redução nos mesmos tipos

de treinamento.

O estudo de Moro e colaboradores14, obteve-se no treinamento combinado uma

redução de 0,16% na hemoglobina glicosilada, e de 0,13% no treinamento aeróbico. O

treinamento aeróbico mostrou que houve impacto importante e significativo sobre a glicose

plasmática.

Diante do relato, conclui-se que tanto o treinamento aeróbico quanto o treinamento

combinado tiveram efeitos positivos que proporcionam mudanças glicêmicas as quais

influenciaram na melhora da homeostase da glicose.

O segundo protocolo de Monteiro e colaboradores15, verificou os efeitos de 13 semanas de treinamento aeróbico sobre a pressão arterial, o índice de massa corpórea e a

glicemia em idosas com diabete tipo 2.

O estudo comprovou que 13 semanas de treinamento aeróbico é capaz de promover

reduções importantes na glicemia e na PA de um indivíduo. Foi visto que o IMC teve

melhora, porém não teve efeito significativo. Já o nível glicêmico das idosas obteve declínio e

efeito significativo no estudo, pois percebeu-se que o grupo controle, ou seja, o grupo que

recebia orientações alimentares, educativas entre outras orientações teve 22% de

superioridade de reduções na glicemia basal e na glicemia final de 27%, quando comparados

ao grupo aeróbico.

38

Os níveis pressóricos diminuíram significativamente no estudo, onde ficaram

evidentes que o exercício aeróbico produz um efeito hipotensor nas idosas participantes do

estudo. O estudo teve como limitação o pequeno número de participantes (22 participantes), e

pelo fato das participantes morarem afastadas do local da pesquisa.

Véras e colaboradores16 verificaram o efeito agudo do exercício resistido sobre a

glicemia pré e pós- exercício em um indivíduo idoso.

O estudo notou que na primeira semana de exercícios, a glicose circulante diminuiu

cerca de 13,6%, já na última semana de exercícios houve uma redução de 39% da glicose. Em

média o estudo pode notar que a glicose decaiu aproximadamente 26% no pós-treinamento. O

estudo percebeu outros benefícios que podem ser inclusos na pesquisa, os quais foram o

aumento da resistência muscular, ou seja, o indivíduo passou a realizar maior número de

repetições, além disso houve ganho de força muscular pois houve aumento médio do peso

levantado. O experimento mostrou melhora do quadro clínico geral da DM, principalmente a

redução a poliúria (eliminação de grande quantidade de urina num dado período) e o aumento

do apetite.

A redução da glicemia pode ser explicada pelo fato dos músculos no exercício terem

afinidade de captação com a glicose circulante.25 O ganho de força muscular e hipertrofia

muscular pode ser explicado pelo acumulo de glicogênio no músculo, que permite redução da

taxa metabólica e da glicemia circulante.26

39

6. CONCLUSÃO

Diante dos achados pode-se concluir que o exercício físico apresenta diversas

alterações e benefícios aos idosos com a HAS e DM, quanto aos protocolos elencados na

literatura, os exercícios aeróbicos e resistidos evidenciam papel importante tanto na prevenção

de sequelas das doenças crônicas quanto no auxilio não medicamentoso da HAS e DM em

idosos. Enaltece-se que cada tipo de exercício deve ser aplicado de maneira individual

respeitando limitações e as doenças de base. Deve –se considerar alternância dos exercícios

aeróbicos e resistidos.

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João Vitor Manckel dos Santos.

Rosemeri Ramos da Silva.

Pindamonhangaba, Dezembro 2017.