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Dom Romualdo Seixas, Dom Alberto Ramos & a presença eclesiástica no Instituto Histórico e Geográfico do Pará. * José Maia Bezerra Neto Professor da Faculdade de História/UFPA. Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Pará-IHGP. Ao longo dessas páginas devo fazer o discurso de elogio de um dos patronos das 40 cadeiras do Instituto Histórico e Geográfico do Pará-IHGP, a saber, Dom Romualdo Antônio de Seixas, patrono da cadeira 38; bem como de seu primeiro ocupante e fundador que me antecedeu na mesma, a saber, Dom Alberto Gaudêncio Ramos. Assim sendo, cumpro com um dos ritos que faz parte das tradições do IHGP, aproveitando, porém, para falar de um aspecto da história dessa instituição que é justamente a presença eclesiástica no Instituto ao longo de sua história. Portanto, este texto compreende três momentos: um primeiro, no qual trato da presença eclesiástica no IHGP; um segundo, em que discorro acerca do patrono da cadeira 38, Dom Romualdo Antônio de Seixas; e, um terceiro, em que trato de Dom Alberto Gaudêncio Ramos, fundador e primeiro ocupante da cadeira 38. A presença eclesiástica no Instituto Histórico e Geográfico do Pará. Em 3 de maio de 1900, quando da fundação do Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico do Pará, entre os 59 fundadores constavam os cônegos João Ferreira de Andrade Muniz e Domiciano Herculano Perdigão Cardoso e o monsenhor Domingo Maltez. Inclusive, o Cônego Andrade Muniz fez parte da comissão encarregada da incumbência de fundação desse Instituto, bem como de outra, após a sua fundação, para redação dos seus estatutos. Todavia, a 6 de março de 1917, quando da fundação do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, entre os 44 fundadores não foi arrolado nenhum pertencente ao clero, segundo relação publicada na Revista do IHGP, a exemplo, nos volumes XI e XII publicados respectivamente em 1938 e 1951. Mas, entre os que * Discurso de elogio do Patrono da Cadeira Número 38, Dom Romualdo Antônio de Seixas e de seu Fundador, primeiro e último ocupante, Dom Alberto Gaudêncio Ramos, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará-IHGP, na Sessão de Estudos realizada no dia 11 de abril de 2007, no Auditório da Academia Paraense de Letras.

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Dom Romualdo Seixas, Dom Alberto Ramos & a presença eclesiástica no Instituto Histórico e Geográfico do Pará.∗

José Maia Bezerra Neto Professor da Faculdade de História/UFPA.

Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Pará-IHGP.

Ao longo dessas páginas devo fazer o discurso de elogio de um dos patronos das

40 cadeiras do Instituto Histórico e Geográfico do Pará-IHGP, a saber, Dom Romualdo

Antônio de Seixas, patrono da cadeira 38; bem como de seu primeiro ocupante e

fundador que me antecedeu na mesma, a saber, Dom Alberto Gaudêncio Ramos. Assim

sendo, cumpro com um dos ritos que faz parte das tradições do IHGP, aproveitando,

porém, para falar de um aspecto da história dessa instituição que é justamente a presença

eclesiástica no Instituto ao longo de sua história. Portanto, este texto compreende três

momentos: um primeiro, no qual trato da presença eclesiástica no IHGP; um segundo, em

que discorro acerca do patrono da cadeira 38, Dom Romualdo Antônio de Seixas; e, um

terceiro, em que trato de Dom Alberto Gaudêncio Ramos, fundador e primeiro ocupante

da cadeira 38.

A presença eclesiástica no Instituto Histórico e Geográfico do Pará.

Em 3 de maio de 1900, quando da fundação do Instituto Histórico, Geográfico e

Etnográfico do Pará, entre os 59 fundadores constavam os cônegos João Ferreira de

Andrade Muniz e Domiciano Herculano Perdigão Cardoso e o monsenhor Domingo

Maltez. Inclusive, o Cônego Andrade Muniz fez parte da comissão encarregada da

incumbência de fundação desse Instituto, bem como de outra, após a sua fundação, para

redação dos seus estatutos. Todavia, a 6 de março de 1917, quando da fundação do

Instituto Histórico e Geográfico do Pará, entre os 44 fundadores não foi arrolado nenhum

pertencente ao clero, segundo relação publicada na Revista do IHGP, a exemplo, nos

volumes XI e XII publicados respectivamente em 1938 e 1951. Mas, entre os que

∗ Discurso de elogio do Patrono da Cadeira Número 38, Dom Romualdo Antônio de Seixas e de seu Fundador, primeiro e último ocupante, Dom Alberto Gaudêncio Ramos, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará-IHGP, na Sessão de Estudos realizada no dia 11 de abril de 2007, no Auditório da Academia Paraense de Letras.

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assinaram a ata de instalação do IHGP em 6 de março de 1917, constavam os nomes do

Padre Antônio Candido da Rocha e do Cônego Raymundo Ulysses de Pennafort, além da

presença do pastor protestante norte-americano Justus H. Nelson, conforme esse

documento publicado no volume I da Revista do IHGP. Já nas páginas do volume III,

publicado em 1920, os cônegos Ricardo da Rocha e Raymundo Ulysses de Pennafort, o

Padre Antonio Candido da Rocha e o Monsenhor Domiciano Perdigão ainda aparecem

como sócios do Instituto nas atas das sessões preparatórias do IHGP realizadas entre os

fins de março e início de julho de 1917, apesar de não arrolados como fundadores como

já indicado acima. Monsenhor Perdigão, aliás, já havia participado em 1900 da fundação

do Instituto. Fazendo a consulta do Livro de Registro dos Sócios e Termo de Recebimento

e Visita do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, cujo termo de abertura foi lavrado

em 1º de janeiro de 1918, pelo historiador João de Palma Muniz, 1º Secretario, o Padre

Antonio Candido da Rocha e os Cônegos Ricardo da Rocha e Raymundo Ulysses

Pennafort são listados como sócios fundadores; este último, aliás, igualmente fora listado

como sócio honorário com admissão datada em 1º de novembro de 1917, embora também

arrolado como correspondente com admissão em 8 de julho de 1918, sendo possível,

então, mudar de categoria ou talvez acumulá-las.

Ainda que pese o desencontro dessas informações, agora me importa apenas

chamar atenção que tanto em 1900, quanto em 1917, e de lá para cá, destacados membros

do clero católico estiveram presentes na história do Instituto Histórico e Geográfico do

Pará, seja como seus sócios fundadores, efetivos, honorários ou correspondentes.

Segundo dados coligidos no Livro de Registro dos Sócios e Termo de Recebimento e

Visitas do IHGP, o historiador Geraldo Mártires Coelho, sócio deste Instituto, na nota 1

da apresentação que fez da 2ª edição do livro Procissão dos Séculos do historiador

Ernesto Cruz, em 1999, nos informa que dentre os sócios do IHGP, ao longo dos anos de

1917 a 1990, foi possível contar entre outras categorias profissionais e sociais, 19

sacerdotes. No entanto, usando essa mesma fonte, bem como outras publicadas nos

diversos volumes da Revista do IHGP, tais como atas, relatórios e listas de sócios, o

número de eclesiásticos membros do Instituto é maior, somando 26 nomes, considerando

aí aqueles que participaram da primeira fundação, a 03 de maio de 1900. O Padre

Antonio Candido da Rocha, cuja admissão data de 6 de março de 1917, o Cônego

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Ricardo da Rocha, sócio em 6 de março de 1917, ambos fundadores; o Cônego José de

Andrade Pinheiro, sócio efetivo entre 06 de março de 1917 e 25 de fevereiro de 1918; o

Padre Leandro Nascimento Pinheiro, efetivo em 16 de abril de 1931; o Padre Florencio

Dubois, efetivo em 05 de março de 1932 e, posteriormente, sócio correspondente; o

Cônego Ápio Paes Campos Costa, efetivo desde 13 de maio de 1958; e Dom Alberto

Gaudêncio Ramos, efetivo em 29 de junho de 1967, aliás, o último sacerdote católico a

ser empossado como membro efetivo do IHGP; são alguns desses sacerdotes que foram

sócios efetivos, cujos nomes ficaram conhecidos à sua época e, em alguns casos, à

posteriori. Mas, entre aqueles que foram listados como sócios honorários, havia

eclesiásticos igualmente renomados tal como o Cônego Raymundo Ulysses Pennafort, já

citado; ou, então, os Arcebispos Dom Santino Maria da Silva Coutinho, empossado no

IHGP em 29 de outubro de 1920; e Dom Antônio de Almeida Lustosa, cuja posse data de

16 de novembro de 1932. No rol dos sócios correspondentes, cabe lembrar aquele que

ficou conhecido não só entre os historiadores e estudiosos da história da Igreja, mas entre

os que estudam a própria história brasileira, o Padre Serafim Leite, admitido em 11 de

outubro de 1941, uma vez que residia no Rio de Janeiro.

Obviamente, esses sacerdotes na condição de sócios fundadores, efetivos,

honorários e correspondentes do IHGP não faziam parte dessa agremiação cultural

apenas em função do domínio que possuíam da cultura letrada; ou porque tão-somente

exerciam funções ou cargos elevados na hierarquia eclesiástica, como se podem pensar a

partir da constatação que três arcebispos que governaram a Arquidiocese paraense se

tornaram sócios do Instituto, quer honorário ou efetivo, até porque os ingredientes

políticos e sociais muitas vezes temperavam a admissão de um ou outro candidato ao

Instituto, tornando-a palatável. Mas, sem descartar ingenuamente as opções apontadas,

prefiro pensar que esses sacerdotes, pelo menos os aqui citados, foram escolhidos como

sócios do IHGP na condição de homens da Igreja que exerciam além do sacerdócio

atividades no magistério como professores, tal como muitos outros sócios do Instituto

que advogados, médicos e engenheiros, por exemplo, igualmente nobilitavam-se na

carreira do magistério; sendo este o caso do Cônego João Alberto Crolet, sócio efetivo

falecido no início da década de 1930, que foi um “latinista notável” e professor do

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“Gymnásio Paraense”, segundo relatório do IHGP apresentado por seu Secretário

Perpétuo Dr. Paulo Eulhetério Álvares da Silva, em 1932.

Mas, creio ainda, alguns desses sacerdotes foram feitos ou se fizeram sócios do

Instituto porque eram homens de letras e estudiosos que iam além daquele conhecimento

necessário ao ofício sacerdotal, destacando-se no estudo das ciências sociais,

marcadamente da história e da geografia. Posso aqui, por exemplo, lembrar que no

primeiro ano do IHGP após sua “reinstalação” a 6 de março de 1917, realizaram-se 20

sessões de estudos e administrativas, segundo o Dr. Ignácio Baptista de Moura,

Presidente do Instituto, em seu relatório de 1918; dentre essas, Dr. Ignácio Moura

destacava a apresentação da Monographia sobre o ensino livre, creação de uma escola e

catechese para os índios do rio Gurupy, do Cônego Raymundo Ulysses Pennafort, ainda

que não publicada na Revista do IHGP. Esta apresentação ocorreu a 27 de março de

1917, aquando da 2ª sessão ordinária preparatória do IHGP, concomitantemente sessão

de estudos e administrativa. Nesta ocasião, o Cônego Ulysses Pennafort leu “um seu

trabalho sobre o ensino da língua Tupy-caray, na ilha de S. José de Gurupy, apresentando

um projecto de escola livre nesse sentido, sendo o orador muito applaudido”, de acordo

com o relato do Dr. Remigio Figueiras, redator dessa ata. O próprio Cônego Ulysses

Pennafort, inclusive, já havia antes expressado ao presidente do Instituto seu desejo de

“realisar a leitura de um seu trabalho sobre história paraense”, conforme as palavras

constantes da ata da 1ª sessão ordinária preparatória do IHGP realizada a 15 de março de

1917.

Aliás, muitos desses intelectuais de batina na qualidade de sócios do IHGP foram

colaboradores da Revista do Instituto, publicando em suas páginas seus estudos de

história e geografia. Este foi o caso do Cônego Andrade Pinheiro com o seu texto O

Município de Ourém, ou, então, o do Cônego Ricardo da Rocha, com seu trabalho

Ordens religiosas que contribuíram para a conquista e colonização do Grão-Pará,

ambos publicados no volume II da Revista do IHGP, de 1918. Ricardo Rocha, inclusive,

está entre os sócios que participaram do importante volume IV da Revista do IHGP

publicado em 1922, ano do centenário da independência brasileira, cujo volume foi

dedicado aos estudos acerca dessa temática. Neste, Ricardo Rocha publicou seu texto O

clero e a independência, que correspondia à tese XIX proposta pelo IHGP em seu

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concurso de teses acerca da Independência no Pará, num total de 30 temas. Alguns anos

depois, o Cônego Andrade Pinheiro, no volume VIII da Revista da IHGP, de 1933,

publicou o trabalho biográfico Cônego João Baptista Gonçalves Campos. No ano

seguinte, em 1934, no volume IX do periódico do Instituto, publicou Cultura Pátria.

Estes foram entre os sacerdotes membros do IHGP os que mais publicaram nas páginas

de seu periódico, mas outros também o fizeram. Lembro aqui o Cônego José Thomaz de

Aquino Menezes, sócio efetivo empossado em 27 de agosto de 1928, que no volume VI

da Revista do Instituto, de 1931, publicou Discursos. Em 1951, no volume XII, o Padre

Antônio Gomes de Brito, sócio honorário em 13 de fevereiro de 1941, publicou o texto

Independência ou Morte. Neste mesmo volume saiu publicado ainda Auto Biografia de

Dom Santino Maria da Silva Coutinho. Algumas décadas depois, nos volumes XVI e

XVII relativos aos anos de 1969 e 1970, reunidos em uma só publicação, o Cônego Ápio

Paes Campos Costa publicou Ministério da Amazônia. Na mesma revista, Dom Alberto

Gaudêncio Ramos, sócio efetivo do IHGP e Orador Oficial da Academia Paraense de

Letras, teve publicado o seu discurso proferido na sessão solene conjunta do IHGP e

APL, realizada no dia 04 de maio de 1970, na sede do Instituto, comemorativa dos 70

anos de fundação dessas agremiações culturais. História e Literatura foi o título do

referido discurso.

Vale lembrar também que alguns desses sacerdotes foram personagens destacadas

na vida institucional do IHGP. O Padre Antonio Candido da Rocha fez parte da comissão

de sócios encarregada do projeto dos Estatutos do Instituto, presidida pelo Dr. Ignácio

Moura após a “reinstalação” dessa agremiação em 6 de março de 1917. O Monsenhor

Domiciano Cardoso, por sua vez, esteve na Comissão escolhida para organizar o corpo

redacional da Revista do Instituto, conforme decisão aprovada em sessão ordinária

preparatória do IHGP, em 15 de março de 1917. Quando da eleição da primeira diretoria

do Instituto pós-reinstalação, ocorrida na 8ª sessão em 05 de julho de 1917, foram eleitos

entre os suplentes do Conselho Diretor o Cônego Ricardo da Rocha com 12 votos, o

Cônego Ulysses Pennafort com 10 votos e o Padre Antonio Candido da Rocha com 7

votos. Pelas leituras das atas das sessões ordinárias preparatórias do IHGP, a exemplo

daquela realizada a 23 de abril de 1917, percebe-se inclusive que o Padre Antonio

Candido da Rocha, o Monsenhor Domiciano Perdigão e os Cônegos Ricardo Rocha e

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Ulysses Pennafort faziam parte do quadro de sócios dessa agremiação à frente de sua

fundação ou “reinstalação” e conseqüente organização institucional. Ainda nesses

primeiros anos, fazendo parte de sua diretoria, como membro do Conselho

Administrativo e da Comissão de História e Archeologia esteve o Cônego Ricardo da

Rocha. Entre os anos finais da década de 1920 e inicio da seguinte, o Cônego José

Thomaz de Aquino Menezes, sócio efetivo desde 27 de agosto de 1928, foi o Orador

oficial do IHGP, ocupando esse cargo na direção do Instituto até quando teve que se

ausentar do Estado do Pará, sendo licenciado em sessão do silogeu realizada em 26 de

novembro de 1931.

Na diretoria para o biênio de 1932 a 1934, presidência do Desembargador e

Historiador Henrique Jorge Hurley, o Padre Clotario Araripe de Alencar, sócio efetivo

em 16 de abril de 1931, fez parte do Conselho Director na condição de membro da

Commissão de Philatelia e Numismática, ainda que pese dúvida acerca de uma

participação mais efetiva na vida institucional do silogeu por parte desse sacerdote, já que

consta no Livro de Registro dos Sócios e Termo de Recebimentos e Visitas do IHGP a

informação de que acabou sendo desligado por falta de pagamento da contribuição devida

por cada sócio ao silogeu; sendo aparentemente idêntico a este o caso do Padre Cupertino

Contente que também se tornou sócio efetivo em 16 de abril de 1931. Quando e se teriam

sido desligados, e não teriam sido os únicos a sê-los por essa razão, não é possível saber,

mas já nos anos de 1930, segundo relatório da diretoria para o biênio 1931-1932, o

quadro social do IHGP estava em baixa, com vários novos sócios eleitos nem sequer

tomando posse, ou quando muito apenas o fazendo e nada mais. Aliás, apesar dessa

informação de desligamento, o Padre Cupertino Contente ainda fazia parte do quadro

social de sócios efetivos do silogeu até o final da década de 1960, uma vez que era listado

como tal na relação publicada nos volumes XVI e XVII da Revista do IHGP, publicada

em 1970; bem como, em décadas atrás, na diretoria eleita para o período de 1937 e 1939,

ainda sob a presidência do Dr. Henrique Jorge Hurley, voltava a constar do Conselho

Diretor como membro da Commisão de Philatelia e Numismática o Dr. Clotario de

Alencar, crendo ser o Padre Clotario Araripe de Alencar.

Já no biênio anterior, isto é, entre 1935 e 1937, na administração igualmente

presidida pelo Dr. Henrique Jorge Hurley, constava do Conselho Diretor o Padre

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Florêncio Dubois. Este famoso sacerdote, inclusive, fez parte da redação da Revista do

IHGP quando de seu reaparecimento em 1951, trazendo à tona o seu volume XII

compreendendo o período de 1939 a 1951, anos em que a dita publicação deixou de

existir. Na condição de redator dessa revista, Padre Dubois integrava a Comissão de

Redação da Revista, bem como era membro e relator da Comissão de História e

Arqueologia, portanto, fazia parte do Conselho Diretor da administração do Instituto para

o triênio de 1951 a 1954, presidência do Major Dr. Josué Justiniano Freire. Nesta

diretoria, aliás, outro conhecido sacerdote católico tomava parte, na condição de 2º

Secretario, o Padre Dr. Leandro Nascimento Pinheiro, que veio falecer algum tempo

depois. Na esteira desses sacerdotes associados ao Instituto, o Cônego Ápio Paes Campos

Costa, que já havia sido candidato a funções ou cargos administrativos em escrutínios

anteriores na década de 1960, foi eleito em 14 de abril de 1969 com 10 votos para a

Comissão de Numismática e Filatelia, fazendo parte do corpo de diretores do IHGP para

o triênio de 1969 a 1972, sendo também membro deste o Arcebispo Dom Alberto

Gaudêncio Ramos, eleito com 19 votos para a Comissão de Redação da Revista.

No entanto, ao tratar da presença eclesiástica no Instituto Histórico e Geográfico

do Pará, deve-se atentar que entre esses sacerdotes não só intelectualizados, uma vez que

portadores de uma dada cultura letrada, mas intelectuais no sentido exato da palavra, não

havia apenas ou tão-somente se destacavam aqueles que publicavam seus trabalhos no

periódico do IHGP; ou, então, os que em dado momento faziam parte de seu corpo de

diretores. Penso aqui, por exemplo, em Dom Antonio de Almeida Lustosa, sócio

honorário do Instituto, que foi arcebispo entre os anos de 1931 a 1941. Dom Antonio

Lustosa, sócio honorário em 16 de novembro de 1932, foi autor de uma importante obra

de natureza histórica, no gênero biográfico, que é o livro Dom Macedo Costa: Bispo do

Pará, publicado no Rio de Janeiro pela Cruzada Boa Esperança nos idos de 1939; que,

décadas depois, dentro da Coleção Lendo o Pará, da Secretaria de Cultura do Estado, foi

reeditado. Quem já teve a oportunidade de ler esta obra, não duvida da seriedade da

pesquisa realizada e da importância e estofo dessa contribuição à historiografia não

apenas da Igreja Católica no Brasil, mas para a historiografia da Amazônia. Pode-se, é

verdade, não concordar com a tese do autor acerca do bispado de Dom Antonio Macedo

Costa, em sua defesa da legenda do famoso prelado e da instituição religiosa que dirigia,

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afinal fazia uma biografia, que também trilhava os caminhos de uma história

institucional, com todos os percalços dessa abordagem histórica tradicional; mas, mesmo

assim, nos fica muito desse aprendizado. Isto posso dizer por testemunho próprio, pois,

ainda graduando em história, na Universidade Federal do Pará, quando bolsista de

Iniciação Científica do CNPq sob a orientação do Prof. Dr. Raymundo Heraldo Maués,

sócio efetivo deste silogeu, li e muito aprendi com a biografia de Dom Macedo Costa

escrita por Dom Almeida Lustosa. Este autor também deixou-nos outra importante

contribuição literária; trato aqui do conjunto de suas anotações feitas aquando de suas

viagens pastorais pelos interiores da Amazônia ao longo de seu governo no episcopado

paraense, nas quais podem ser vistos os costumes e o linguajar do povo interiorano, bem

como ter conhecimento da geografia amazônica. Tais textos produzidos à margem das

visitas pastorais foram republicados no livro No estuário amazônico. À margem da visita

pastoral, pelo Conselho Estadual de Cultura em 1976, com prefácio de Dom Alberto

Ramos.

O exercício da atividade sacerdotal e pastoral coloca de fato a necessidade do

domínio de certa cultura letrada pelos eclesiásticos, mas somente alguns deles

conseguiram ir além daquilo que lhes era exigido no desempenho de suas funções.

Afinal, o rigor da crítica literária de José Veríssimo já havia duvidado das qualidades

literárias da oratória sacra brasileira, respondendo negativamente à indagação se os

sermões podiam ser ou não gênero literário? Não que o afamado crítico e intelectual

paraense, que ao longo deste ano completa 150 anos de nascimento (1857-2007),

ignorasse os méritos de um Padre Vieira e de outros oradores sacros do período colonial,

ou, então, de um Dom Antonio de Macedo Costa, a quem colocou lado a lado com outros

grandes oradores e publicistas do século XIX. Mas, no que importava à arte literária não

estava convencido de pensar como tal a oratória eclesiástica brasileira. É de fato, me

parece que entre aqueles religiosos que galgaram um lugar destacado como homens de

envergadura intelectual estão Padre Antônio Vieira e Dom Antônio de Macedo Costa, já

citados por José Veríssimo, e, acrescentaria aqui, Dom Romualdo Antonio de Seixas; não

sendo à toa que somando às suas qualidades literárias e intelectuais uma atuação

destacada na história de seu tempo, viessem a compor ao lado de outros sacerdotes e

leigos a galeria histórica e de paraenses ilustres organizada nos idos de 1917 e 1918 pelos

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que haviam “reinstalado” o IHGP. Nomeei esses três eclesiásticos porque foram eles

escolhidos décadas depois pelos membros do Instituto, nos anos 60 do século XX, como

patronos de 03 das 40 cadeiras do Instituto, uma para cada sócio efetivo. Dom Antonio de

Macedo Costa, patrono da cadeira 6, atualmente ocupada por seu fundador e primeiro

ocupante, Cônego Ápio Paes Campos Costa; O Padre Antônio Vieira, patrono da cadeira

7, fundada por seu primeiro ocupante Dr. Oswaldo de Souza Valle, sendo os Drs. Octávio

Mendonça e Benedito Wilson Corrêa de Sá, segundo e terceiro ocupantes,

respectivamente; e Dom Romualdo Antônio de Seixas, patrono da cadeira 38, fundada

por Dom Alberto Gaudêncio Ramos, seu primeiro ocupante desde 1965 até seu

falecimento em 1991, e, desde novembro de 1997, preenchida por seu segundo ocupante

que é o autor desta fala.

Cabe-me, então, tratar aqui do patrono da cadeira que ocupo, o qual ao lado de

Dom Macedo Costa e Padre Vieira também de certa forma fazem parte da história da

presença eclesiástica no Instituto Histórico e Geográfico do Pará, ainda que não o tenham

feito de corpo presente, mas como legendas não só da história da Igreja, mas, sobretudo,

como personagens destacadas de seu tempo, inclusive no campo intelectual, se

perfilhando a uma tradição de pensadores e homens letrados membros do clero católico,

alguns dos quais já citados aqui.

A “perola tocantina”: breves considerações sobre Dom Romualdo Seixas.

Nas páginas da Revista do IHGP, que felizmente voltará a ser publicada após 37

anos, é possível conhecermos um pouco mais acerca de Dom Romualdo Antonio de

Seixas (1787-1860). No volume VIII, de 1933, Manuel Buarque, sócio efetivo do

Instituto, publicou na seção reservada à Galeria de Paraenses Illustres, o esboço

biográfico Dom Romualdo de Seixas, marquez de Santa Cruz, ao longo das páginas 189 a

192. Neste artigo, Buarque trata da grandeza de Dom Romualdo de Seixas, que

interinamente exerceu o governo diocesano no Pará, na condição de Vigário Capitular,

face ausência de seu tio, Dom Romualdo Coelho de Sousa, que nomeado Bispo do Pará

viajou a Corte joanina, na cidade do Rio de Janeiro, para sua confirmação no cargo. Nesta

época, houve a “adesão” do Pará à Revolução Constitucionalista do Porto, em 1820,

tornando-se Dom Romualdo de Seixas presidente da junta governativa provisória da

Província, cargo que veio a ocupar mais uma vez quando da escolha de uma nova junta

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de governo em 1823. Diz-nos, ainda, Buarque que Dom Romualdo de Seixas foi eleito

deputado às Cortes em Lisboa, mas aqui se engana e toma o sobrinho pelo tio, pois quem

foi eleito Deputado às Cortes foi Dom Romualdo Coelho de Sousa, tal como nos conta o

próprio sobrinho, Marquez de Santa Cruz, em suas Memórias. Quando veio a

independência, foi eleito Deputado Geral para o Parlamento nacional na Corte. Data desta

época, todavia, a sua nomeação através de decreto imperial de 12 de outubro de 1826

como Arcebispo da Bahia e Metropolitano Primaz do Brasil. Durante seu episcopado de

34 anos, Dom Romualdo de Seixas foi eleito Deputado Geral pela província da Bahia

tomando parte em diversas legislaturas na Câmara temporária, datando de 1834 a sua

primeira eleição nessa condição (segundo Hurley, em 1828). Foi inclusive nomeado

Ministro do Império, mas se escusou de aceitar o convite por considerar o exercício desta

atividade política imprópria com a sua condição episcopal.

Como Deputado Geral pelas províncias do Grão-Pará e Bahia, atividade exercida

até 1841, Dom Romualdo notabilizou-se por ser um dos que primeiro propôs no

parlamento brasileiro a necessidade da navegação a vapor no Rio Amazonas, e da

importância da elevação da Comarca do Rio Negro, pertencente ao Grão-Pará, à condição

de Província, acontecimentos ocorridos anos mais tarde na década de 1850. Mas, foi,

sobretudo, a defesa dos interesses da Igreja Católica a principal marca de sua atuação

parlamentar, fazendo oposição ao Padre Feijó, Ministro da Justiça e depois Regente Uno,

devido ao galicanismo do famoso padre-regente. Foi ainda durante o seu arcebispado que

Dom Romualdo de Seixas vivenciou os conturbados dias da Cabanagem em sua

província natal, bem como o movimento da Sabinada na Bahia. Face esses movimentos,

dirigiu aos paraenses e baianos cartas pastorais, nas quais pedia o restabelecimento da

ordem.

Manuel Buarque, todavia, não queria enfatizar apenas a grandeza de Dom

Romualdo de Seixas a partir de seu lugar na história política brasileira, tanto que afirma

ter esse prelado abandonado a vida política partidária e parlamentar propriamente dita em

1841 a fim de tratar exclusivamente dos negócios eclesiásticos. Também não queria

apenas retratá-lo tão-somente como sacerdote da Igreja Católica, ainda que quadro

destacado dessa instituição. Buarque tratou de destacar justamente o perfil ilustrado de

Dom Romualdo de Seixas, o que evidentemente não pode ser dissociado de suas

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atividades eclesiásticas e políticas. Buarque assim o fez, enfatizando a capacidade

intelectual de Dom Romualdo de Seixas quando ainda freqüentava os bancos escolares

quer em Belém, quer em Lisboa, aonde foi mandado estudar por seu tio e preceptor Dom

Romualdo de Sousa. O dito autor destacou ainda que, tendo Dom Romualdo de Seixas

retornado ao Pará convicto da carreira religiosa reentrou no seminário, sendo em pouco

tempo “convidado para reger as cadeiras de grammatica latina, rethorica e poética, língua

franceza e theologia dogmática”. Buarque também chama atenção para o dom da oratória

de Dom Romualdo de Seixas, que associada à sua inteligência e espírito culto, havia de

notabilizá-lo como um dos grandes oradores sacros brasileiros; o que havia de lhe render

prestigio, tanto que enviado ainda como diácono ao Rio de Janeiro para saudar e dar boas

vindas a D. João, príncipe regente, foi agraciado com o Hábito de Cristo e nomeado

cônego da Sé paraense. Sendo Dom Romualdo ainda, posteriormente, nomeado Orador

da Capela Imperial e grande dignatário da Ordem da Rosa, por Dom Pedro I; e, por Dom

Pedro II, agraciado com a grancruz da Ordem de Cristo e com o título de Marques de

Santa Cruz.

A ênfase dada por Buarque ao espírito ilustrado de Dom Romualdo me parece

realmente dar a tônica em seu texto, tanto que não satisfeito em destacar a sua prodigiosa

capacidade intelectual como aluno, a sua atuação como professor e o brilhantismo de sua

oratória sacra e também parlamentar, Buarque nos informa que seu biografado era um

homem de vasta cultura reconhecido como tal não apenas por seus pares e concidadãos,

mas também por sábios e homens de ciência como os naturalistas e viajantes alemães

Spix e Martius, os quais se tornaram amigos e admiradores de Dom Romualdo quando

por volta de 1820 excursionaram pela Amazônia, tanto que de volta à Europa, conta-nos

Buarque, “enviaram ao cônego Romualdo de Seixas o diploma de sócio da Real

Academia de Munich”. Mas, se Martius chamava a Dom Romualdo de “Mestre” e o

Coronel Ignácio Accioly de Cerqueira, cronista-mor do Império, “o considerava como a

primeira intelligencia do paiz”, não seriam este os únicos testemunhos do caráter

ilustrado desse prelado paraense listados por Buarque ao final de seu texto. Dizia ainda

que o notável poeta português Feliciano de Castilho “rendia as mais altas homenagens

aos conhecimentos scientificos deste grande apostolo do christianismo”; e que Monte

Alverne, por sua vez, “chamava-o: o sábio arcebispo da Bahia”. Enfim, para Buarque,

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entre outros méritos, virtudes e qualidades que atribuía ao seu biografado e que esperava

ser próprio de um homem de devoção religiosa, dizia ser o distinto filho de Cametá

“Estadista, philosopho, escriptor fecundíssimo, orador de grande nomeada”, ou seja,

atributos que não exclusivos da condição eclesiástica, nem sequer seriam indispensáveis

ao exercício sacerdotal. Deixando de lado, as adjetivações e juízos de valor tão caros à

narrativa histórica tradicional, sem as quais parecia não ser possível a escrita da história

aos historiógrafos e historiadores ainda no século XX, afinal se pensava a utilidade ou o

valor da história a partir das lições e exemplos que podia oferecer às novas gerações;

enfatizo justamente a preocupação de Manoel Buarque em apresentar e corroborar a

imagem de Dom Romualdo Seixas como ilustrado homem de letras e de ciências, pois,

parecia ser necessário justificar a sua importância histórica entre os que figuravam na

Galeria de Paraenses Ilustres organizada pelo IHGP não só porque foi um importante

prelado católico ou figura política destacada do Império, mas, sobretudo, como

intelectual; ainda que Buarque não tenha feito referência a nenhuma obra literária, nem

sequer tratado delas em sua notícia biográfica.

Assim fez Manoel Buarque, assim parece também ter feito o historiador Henrique

Jorge Hurley quando tratou da figura de Dom Romualdo Antônio de Seixas em seu livro

Noções de História do Brasil e do Pará, publicado no volume XI da Revista do IHGP,

em 1938. Este autor se baseou no Compêndio das Eras de Baena e, principalmente, no

Anno Brasileiro de Joaquim Manuel de Macêdo, no qual me parece ter Manuel Buarque

igualmente se baseado dada as similitudes de informações e de estrutura narrativa entre

os textos de Buarque e Hurley, ainda que Buarque não tenha feito nenhuma citação de

suas fontes; até porque não era uma regra comum a todos os trabalhos históricos na

época. Assim acredito, inclusive, porque Jorge Hurley não cita o esboço biográfico de

Manoel Buarque publicado apenas quatro anos antes de seu livro na própria Revista do

Instituto, sendo aquele trabalho do conhecimento de Hurley já que presidiu o silogeu

desde os anos iniciais da década de 1930 e, por isso mesmo, era diretor da Revista.

Parece-me que não citou porque talvez tenha preferido ir buscar direto na fonte as

informações que desejava para feitura de seu capítulo sobre Dom Romualdo de Seixas;

citando e transcrevendo ainda o artigo Mutuacá publicado no jornal católico A Estrella

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do Norte, n. 29, de 1863, página 228, no qual se tratava da homenagem póstuma feita por

Dom Macedo Costa a Dom Romualdo de Seixas.

Jorge Hurley, de fato, nos apresenta uma narrativa mais precisa e contextualizada

da vida de seu biografado, a quem adjetivou como “perola tocantina de incalculável

valor”; como “o maior paraense de seu século”; ou, então, como o “maior bispo brasileiro

de sua epocha”. Mas, da mesma forma que Buarque, Hurley não fugiu à regra ou ao estilo

tradicional esperado em narrativas históricas de cunho biográfico escritas de forma oficial

ou oficiosa, na qual importava emitir juízos de valor em busca de dado aprendizado; ao

mesmo tempo em se que contava a vida do biografado desde seu nascimento e meninice

até sua morte, passando pela mocidade e vida adulta. Lendo, portanto, os textos citados

aqui, sendo possível pensar o mesmo para alguns outros de igual teor, se percebe a

presença de lugares comuns e de uma mesma linearidade narrativa quando se trata dos

traços biográficos de Dom Romualdo de Seixas; ou seja, o seu brilhantismo intelectual

desde criança que o fez se destacar nos estudos em Cametá, em Belém e em Lisboa; a sua

capacidade intelectual e de oratória como professor, parlamentar e pregador sacro,

notabilizando-se pelo uso da palavra, tanto escrita, quanto oral; e seu desempenho como

sacerdote e na vida política imperial, por exemplo.

No texto de Jorge Hurley, Dom Romualdo de Seixas também foi apresentado

como homem de letras e de ciências, sendo informado aquilo que já foi nos dado saber

antes por Manoel Buarque. Conta-nos Hurley, todavia, algo mais; que Dom Romualdo de

Seixas pertenceu “ao Instituto de África, em Pariz, ao Instituto Histórico Geográfico

Brasileiro e possuía o diploma de sócio honorário de muitas associações scientificas

nacionaes e extrangeiras”. Relata-nos também que a obra literária de Dom Romualdo foi

numerosa, ainda que não a cite, nem enumere, mas é possível que Hurley esteja incluindo

aí as pastorais produzidas ao longo de seu arcebispado, bem como as suas orações sacras,

cujo teor de uma e outra Hurley chegou a comentar, bem como a receptividade que

obtiveram, tal como a oração fúnebre que fez quando da morte de seu tio Dom Romualdo

Coelho de Sousa, que “foi impressa em Lisboa e teve larga circulação na Europa e no

Brasil, especialmente no Pará.” Lembrando, no entanto, a crítica literária de José

Veríssimo que não compreende as orações sacras ou sermões como um gênero literário,

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fica-nos ainda a partir da leitura desses autores a ignorância acerca da produção literária

de Dom Romualdo de Seixas, ainda que dada como expressiva.

Chama atenção também o fato de que tanto Buarque, quanto Hurley, escrevendo

sobre a vida de Dom Romualdo de Seixas, aparentemente não tenha feito uso das

memórias do próprio biografado, afinal ambos não citaram e nem referenciaram essa

obra, ainda que publicada em 1861 pela Typographia Nacional, no Rio de Janeiro, no ano

seguinte ao falecimento de Dom Romualdo em 29 de dezembro de 1860, aos 73 anos

(Hurley, talvez por erro de revisão ou de provas, grafou erradamente a data de 29 de

setembro). Livro de memórias, por sinal, que Dom Romualdo começou a escrever em

1858, mas não conseguiu dar por terminado, morrendo antes, segundo nos conta o Padre

J. J. da Fonseca Lima, amigo do arcebispo, que fez a apresentação da referida publicação.

Aliás, lendo o texto de apresentação grafado pelo Padre Fonseca Lima, intitulado Ao

Leitor, no qual não pretendeu biografar Dom Romualdo, se percebe a imagem desse

eclesiástico como um homem de cultura letrada e de ciências, “Conhecedor profundo dos

tempos e dos homens, affeito aos certames da intelligencia e ás luctas do Direito”, nas

palavras do prefaciador; o qual, em outro momento, diz ter sido Dom Romualdo

“Vigoroso na intelligencia, ardente no estudo, formado na escola de grandes homens,

pratico nos negócios públicos, perfeito nas letras sagradas e profanas”, ou seja, um

homem da Igreja, mas, também do século das luzes e do pensamento cientifico. O Padre

Fonseca da Lima, inclusive, nos remete à Biographia impressa na Galeria dos

Contemporâneos Illustres do Sr. Sisson, caso o leitor queira conhecer os títulos da obra

literária do Marquez de Santa Cruz, se escusando de citá-las, embora comentando a

última pastoral de Dom Romualdo, pouco antes de sua morte, nos informe acerca de suas

qualidades literárias e de literato, já que no juízo do Padre Fonseca Lima a dita pastoral

ainda ostentava todo o “vigor de pensamento, belleza de imagens, elegância de phrase,

correcção de linguagem, encanto e amenidade de estylo, que enobrecem e perfumão

todos os seus escriptos”.

Enfim, nas palavras elogiosas do Padre Fonseca Lima, fiel à missão de

engrandecer a figura de Dom Romualdo e de consolidação de sua legenda como dirigente

da Igreja Católica no Brasil, importava expor a imagem de um homem ilustrado,

portanto, bem diferente e longe do estereotipo do religioso destituído da razão,

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supersticioso e fanatizado pelas crendices, rótulo que os liberais buscavam aplicar aos

padres que lhe eram adversários, os quais viriam a ficar conhecidos como ultramontanos

ou romanizadores na defesa que estes faziam da ortodoxia católica e da autoridade papal.

Daí, dizer o Padre Fonseca Lima que Dom Romualdo embora tivesse sido um “Thesouro

já de variados e profundos conhecimentos, [estava] todavia entregue sempre á mais

assídua leitura, quanto lhe permittião as importantes occupações do officio pastoral e os

seus incommodos, [já que] buscava adquirir todo o dia uma nova idéa para o seu pecúlio,

como elle [Dom Romualdo] se exprimia”.

Lendo as Memórias do Marquez de Santa Cruz, se percebe que o próprio Dom

Romualdo tinha em grande conta a condição de homem ilustrado e de cultura letrada,

reconhecendo a importância da ciência, ainda que não tenha lhe sido permitido fazer seus

estudos na Universidade de Coimbra por interdição de seu tio, protetor e preceptor Dom

Romualdo de Sousa, que havia se tornado bacharel por essa instituição de ensino, pois

considerava Dom Romualdo de Seixas bastante moço para tal. A certa altura de suas

Memórias, por exemplo, conta-nos Dom Romualdo de sua paixão pelo estudo e pela

leitura; em outro lugar, já nos fala das delícias do magistério; mais adiante, nas páginas

18 e 19, nos inteira de sua amizade com os cientistas e naturalistas Spix e Martius, bem

como das correspondências que mantinha com Martius após o seu retorno à Europa, uma

vez que Spix acabou falecendo pouco tempo depois. Mas, através das palavras do

Marquez de Santa Cruz, também se percebe que se era um homem ilustrado, era

igualmente homem da Igreja, portanto, defensor da primazia da fé e de seus dogmas

religiosos sobre a razão e a ciência, daí a crítica à liberdade de imprensa que permitia

desautorizar a ordem instituída quer civil, quer eclesiástica, ou, então, a defesa que fazia

da necessidade da censura, pois não acreditava ser todo conhecimento válido como tal

caso fosse contrário à verdade dos evangelhos e dos dogmas, moral e costumes cristãos.

Nas Memórias do Marquez de Santa Cruz também ficamos conhecendo um pouco

melhor acerca da natureza de sua produção literária já indicada por seu prefaciador, Padre

Fonseca Lima, tanto quanto por Manoel Buarque e Jorge Hurley. Segundo Dom

Romualdo de Seixas, algumas de suas obras literárias constituíam-se na publicação em

livro de dois discursos de filosofia e de suas orações sacras ou sermões; no Jornal de

Coimbra, número 13, a publicação do relato dos pormenores de sua viagem ao Rio de

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Janeiro quando enviado para saudar a chegada do príncipe-regente Dom João; além da

publicação de suas pastorais. O seu livro de memórias, obviamente, insere-se no rol dessa

produção literária, sendo a sua leitura importante contribuição aos que estudam não

somente as relações entre a Igreja Católica e o Estado Imperial na primeira metade do

século XIX, mas, também, aos que se interessam pela história institucional da Igreja ou,

no sentido mais amplo, pela história política imperial, por exemplo.

Neste sentido, aliás, lendo as memórias de Dom Romualdo de Seixas, obra escrita

como seu testemunho da história de sua época, percebe-se que possuía um claro sentido

político, qual seja a defesa que Dom Romualdo sentia necessário fazer de sua atuação

política; primeiro como presidente por duas vezes de juntas governativas na província

paraense, em 1821 e 1823, defendendo-se da acusação de que havia sido contrário à

independência brasileira, bem como de que os padres não eram preparados para o

governo, pois cria que os clérigos desde que bem intencionados e agindo de acordo com

os preceitos da Igreja haviam de serem bons governantes; segundo, como Deputado Geral

em diversas legislaturas e presidente por duas vezes da Câmara temporária no Parlamento

brasileiro na Corte, na qual defendia principalmente os interesses da Igreja Católica, na

defesa daquilo que considerava as prerrogativas da Igreja e do clero, indispondo-se com

os liberais; terceiro como Arcebispo da Bahia e Metropolitano Primaz do Brasil, mais

uma vez defendendo a ortodoxia católica e a autonomia da Igreja em relação ao Estado,

mas não a separação entre ambos, daí a sua crítica ao absolutismo como regime político,

bem como ao regime imperial constitucional brasileiro que buscava subtrair à Igreja sua

autonomia institucional.

Dom Romualdo de Seixas, então, marcou seu governo na Arquidiocese da Bahia e

como dirigente da Igreja Católica no Império de Santa Cruz como Metropolitano Primaz,

pela defesa da união trono e altar, garantindo-se a autonomia institucional da Igreja, bem

como do catolicismo romano como religião de Estado e oficial do Brasil Império. Daí,

por exemplo, ter no Parlamento combatido as propostas de introdução de missionários

protestantes no Brasil para a evangelização dos indígenas, sendo, inclusive, a sua atuação

parlamentar justificada pela necessidade de defender os interresses e prerrogativas da

Igreja e do clero, já que condenava a participação de clérigos em determinadas funções

ou cargos públicos por considerá-las incompatíveis com o sacerdócio, daí ter participado

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da vida política parlamentar, mas ter recusado o cargo de Ministro dos Negócios do

Império a convite do Regente Uno Araújo Lima. Enfim, Dom Romualdo de Seixas foi se

é que posso dizê-lo assim um ultramontano ou romanizador, sendo um dos precursores da

reforma eclesiástica conhecida como romanização no Brasil e que, na segunda metade do

século XIX, viria a ganhar maior densidade com o episcopado de Dom Antônio de

Macedo Costa.

Não quero, todavia, estender-me mais acerca de Dom Romualdo Antônio de

Seixas, ainda que reconheça ser fascinante e importante esse estudo, pois, nos limites

deste texto creio que fica-nos claro a sua escolha para a Galeria de Paraenses Ilustres

organizada pelos sócios do IHGP no anos finais da década de 1910, bem como porque

nos idos da década de 1960 fora eleito como um dos quarenta patronos do Instituto, neste

caso a cadeira 38, que veio a ter como seu primeiro ocupante e, portanto, fundador outro

homem da Igreja, Dom Alberto Gaudêncio Ramos, Arcebispo de Belém.

Dom Alberto Ramos e o Instituto Histórico e Geográfico do Pará.

A 29 de junho de 1967, segundo ata publicada no volume XV da Revista do

IHGP, de 1968, foi aprovado por unanimidade o parecer da Comissão de Admissão de

Sócios composta pelos consócios Drs. Aloysio da Costa Chaves, Otávio Mendonça e

Arthur Napoleão Figueiredo, sendo, portanto, admitidos como sócios efetivos Dom

Alberto Gaudêncio Ramos, Arcebispo Metropolitano de Belém, e o jornalista Aylton

Quintiliano. Segundo a referida ata, os novos sócios efetivos haviam então de serem

empossados prestando “o compromisso estatutário”. Ainda neste volume da Revista do

Instituto consta a ata da sessão de posse do jornalista Aylton Quintiliano em 26 de janeiro

de 1968, mas não há notícias da posse de Dom Alberto Ramos. Nos volumes XVI e

XVII, compreendendo os anos de 1969 e 1970, também nada há publicado em relação à

posse de Dom Alberto, embora na ata da Assembléia Geral do IHGP, realizada em 14 de

abril de 1969, estivesse o referido eclesiástico presente na condição de sócio, sendo,

inclusive, eleito para a Comissão de Redação da Revista, fazendo parte do Conselho

Diretor da instituição para o triênio de 1969 a 1972. Ainda pela leitura dessa revista, fica-

se sabendo que a 04 de maio de 1970, quando pela segunda vez consecutiva o Instituto

Histórico e Geográfico do Pará e a Academia Paraense de Letras comemoravam

conjuntamente os aniversários de suas fundações, ambas a 03 de maio de 1900, tradição

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iniciada em fins da década de 1960 que se mantém até hoje, Dom Alberto Ramos, na

qualidade de acadêmico e Orador oficial da APL discursou em nome dessa instituição,

embora igualmente fosse apresentado como sócio efetivo do IHGP, apresentando o texto

História e Literatura. Enfim, embora não se tenha notícia ou registro da sessão de posse

de Dom Alberto Ramos como sócio efetivo e de elogio de seu patrono nas atas

publicadas na Revista do silogeu, não resta dúvida que foi considerado como tal por seus

consócios, tanto que desde o volume XIV da Revista do IHGP, relativo aos anos de 1966

e 1967, mas somente lançada em 1968, já constava como fundador e primeiro ocupante

da cadeira 38.

No Livro de Registro dos Sócios e Termo de Recebimento e de Visitas do IHGP,

igualmente consta a admissão de Dom Alberto Ramos como sócio efetivo em 29 de junho

de 1967, sem constar, no entanto, a data de sua posse. Ainda sobre o ingresso de Dom

Alberto no Instituto, o Dr. Clóvis Moraes Rêgo, que foi sócio efetivo do silogeu, em seu

discurso sobre esse prelado paraense, quando da sessão especial de homenagem póstuma

a Dom Alberto Ramos realizada pelo Conselho Estadual de Cultura em 14 de janeiro de

1992, nos conta que no Instituto Histórico e Geográfico do Pará não sabia se Dom

Alberto “chegou a fazer o elogio póstumo de Dom Romualdo Antônio de Seixas, seu

patrono nesse Silogeu, como seu sócio efetivo e ocupante da cadeira n.º 38.” Creio, então,

que não chegou a fazê-lo, não sendo o único entre aqueles que já eram sócios ou haviam

de sê-lo na mesma época. O discurso de Moraes Rêgo encontra-se reproduzido na

biografia escrita pelo irmão de Dom Alberto Ramos, Sr. José Pereira Ramos, Dom

Alberto Ramos: o pastor da Amazônia, publicado em 2006 pela Fundação Cultural

Presidente Tancredo Neves, Governo do Estado Pará. Nesta, infelizmente, se trata com

certo destaque da presença de Dom Alberto Ramos no Conselho Estadual de Cultura, do

qual foi Presidente, e na Academia Paraense de Letras, onde foi empossado na cadeira

12, cujo patrono é Dom Antônio de Macedo Costa; mas pouco, mesmo que

indiretamente, é dito sobre sua passagem pelo IHGP. Fica-nos, portanto, quase que tão-

somente a informação de que recebeu a medalha condecorativa Pedro Teixeira do IHGP

em 25 de outubro de 1968, sem que fosse informado a sua filiação a essa agremiação,

nem informado quando foi empossado.

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Vale, então, lembrar que a medalha condecorativa Pedro Teixeira foi instituída

em 16 de agosto de 1968 pelo IHGP, sendo desde então outorgada aos sócios efetivos do

silogeu, bem como a personagens outras com destaque na vida cultural e intelectual;

portanto, nem todos que recebem tal condecoração são necessariamente associados ao

Instituto, mas este não era o caso de Dom Alberto Ramos pelo que já sabemos. Mas, a

informação de que Dom Alberto havia recebido a medalha Pedro Teixeira em 25 de

outubro de 1968, tal como consta em sua biografia, não tem registro nas atas publicadas

na Revista do Instituto, sendo, inclusive, informado que a referida medalha foi entregue

aos agraciados em cerimônia realizada em 29 de outubro de 1968, em cuja ata não há

registro da presença desse prelado. Talvez o diploma da referida condecoração fosse

datado de 25 de outubro, mas, face tantas incertezas, basta sabermos que Dom Alberto foi

sócio efetivo e, portanto, portador da medalha Pedro Teixeira.

Pergunto então: cabia a admissão de Dom Alberto Ramos como sócio efetivo do

IHGP? Teria sido a mesma tão-somente uma honraria à sua pessoa como principal

autoridade eclesiástica paraense?

Para buscar respostas a essas indagações, torna-se necessário falar brevemente

que Dom Alberto Ramos, nascido em 1915 em Belém, falecido em 1991, foi ordenado

padre em 1º de outubro de 1939, nomeado e empossado Bispo de Manaus em 12 de

janeiro de 1949. Em 16 de fevereiro de 1952, tornou-se Arcebispo com a elevação da

diocese de Manaus à categoria de Arquidiocese pelo Papa Pio II. Alguns anos depois, no

entanto, assumiu o Arcebispado em Belém, em 03 de outubro de 1957, cargo que exerceu

até 04 de julho de 1990, recebendo o título de Arcebispo Emérito. Pois bem na época em

que residiu em Manaus, foi eleito membro efetivo da Academia Amazonense de Letras

em 21 de outubro de 1953, vindo posteriormente ser sócio correspondente do Instituto

Histórico e Geográfico do Amazonas em 26 de maio de 1957. Em Belém, já o dissemos,

foi membro efetivo da Academia Paraense de Letras desde a década de 1960, ocupando a

cadeira 12, cujo patrono é Dom Antônio de Macedo Costa, sendo o Orador oficial dessa

agremiação; bem como fez parte desde 1974 e foi presidente do Conselho Estadual de

Cultura do Pará, criado em 30 de dezembro de 1967 pela Lei N.º 4.073 e que inicialmente

funcionou nas dependências do IHGP, conforme informação publicada na Revista do

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silogeu. Essas informações e outros pormenores podem ser consultados na biografia de

Dom Alberto Ramos aqui já citada.

Mas a resposta que busco ainda não é essa, embora o caminho o seja, afinal já é

possível ver em Dom Alberto Ramos não apenas o eclesiástico, mas pessoa de cultura

letrada que ao lado de suas funções sacerdotais desempenhou outras atividades em

agremiações e órgãos de natureza cultural; seja como dirigente, associado, orador ou

autor de trabalhos publicados nos periódicos dessas instituições. Foi igualmente

articulista na imprensa paraense, em particular no jornal católico A Voz de Nazaré, no

qual publicava a sua coluna Recanto do pastor. Nesta, Dom Alberto trazia à leitura do

público pequenos textos não apenas de natureza moral e religiosa, embora em grande

medida, mas outros de teor literário tais como reminiscências e memórias, bem como

textos versando sobre assuntos de natureza sociológica, histórica ou de geografia. A

atuação jornalística de Dom Alberto, inclusive, já havia ganhado certa notoriedade

quando participando do Concílio Vaticano II, fez e editou o jornal mural O Conciliábulo,

lá pelos idos de 1962/1965, afixando-o na portaria do Domus Marie, casa religiosa em

que estava hospedada a maioria dos prelados brasileiros. Aliás, o Padre Dr. José Oscar

Beozzo, um dos modernos historiadores de dentro da Igreja Católica, em sua tese de

doutorado junto a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de

São Paulo, denominada Padres conciliares brasileiros no Concílio Vaticano II,

participação e prosopografia, 1959-1965, ressaltou a atividade de Dom Alberto Ramos e

de seu jornal mural, usando-o como fonte e analisando o seu conteúdo, o que fez

inclusive em palestra quando aqui esteve, em Belém, este padre-historiador participando

de Encontro Internacional do CEHILA, alguns anos atrás.

Ainda sobre o jornal mural O Conciliábulo, o próprio Dom Alberto Ramos nos dá

uma deliciosa notícia do mesmo e de sua repercussão, nem sempre sendo bem aceito

entre parte do episcopado brasileiro participante do Concílio Vaticano II, na crônica de

teor histórico que publicou no jornal católico A Voz de Nazaré em 06 de março de 1988

de nome O Conciliábulo; na qual inclusive reproduziu alguns trechos do anedotário que

fazia publicar nesse jornal mural.

Homem da palavra, escrita ou oral, Dom Alberto compreendeu igualmente a

importância da pregação evangélica através das ondas do rádio, iniciando essa

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experiência ainda seminarista em Fortaleza nos idos de 1937, na PRE-9; em Belém, já na

década de 1940, participou do programa de rádio Hora Católica, dirigido pelo Prof. José

Coutinho de Oliveira, sócio efetivo do IHGP, bem como fez suas transmissões

radiofônicas com os programas a Voz do Evangelho e A Voz do Pastor, pela Rádio Clube

do Pará, realizando aquilo que chamava de “apostolado radiofônico”; desempenhando

por algum tempo, inclusive, o papel de radialista comentando algumas vezes a procissão

do Círio de Nazaré de microfone na mão num jipe que ia contornando a multidão. Tais

recordações de Dom Alberto sobre a sua atuação no rádio paraense, reproduzido em sua

biografia, tal como outros textos de sua lavra, além de ser bem escrito, revela-nos uma

narrativa literária de agradável leitura.

Ao lado dessas atividades, preocupou-se em organizar a publicação em só volume

as anotações de viagem de Dom Antônio de Almeida Lustosa aquando de suas visitas

pastorais pelos sertões da Amazônia, antes publicadas no jornal católico A Palavra e

depois em quatro pequenos volumes ao longo da década de 1930. Foi assim organizador

e prefaciador dessa obra, publicada em 1976 pelo Conselho Estadual de Cultura,

atribuindo-lhe um novo título No Estuário Amazônico, mantendo sua denominação

original À margem da visita pastoral como subtítulo, pois lhe reconhecia seu caráter

etnográfico e de conteúdo histórico e geográfico, que o título original talvez não revelasse

de antemão. Mas, também, à imagem e semelhança de outros prelados cultos e letrados

que o antecederam na diocese ou arquidiocese paraense ao longo dos séculos XIX e XX,

Dom Alberto Ramos foi autor de diversas obras literárias, mas não vou me referir aqui à

publicação de suas pastorais ou orações sacras e discursos, nem aquelas de apelo

religioso ou sacro. Refiro-me, então, à publicação de seus dois livros que mais de perto

interessam aos pesquisadores e historiadores, a saber: Cronologia Eclesiástica da

Amazônia, compreendendo o período de 06/02/1608 a 06/07/1952, publicada em 1952

em Manaus; e Cronologia Eclesiástica do Pará, compreendendo o período de 06/02/1608

a 12/08/1984, publicado em 1985 em Belém.

Penso, portanto, que é preciso ver em Dom Alberto Ramos a sua contribuição

intelectual à história eclesiástica ou à história institucional da Igreja, para responder a

contento às indagações que fiz linhas atrás. Sobre a primeira Cronologia Eclesiástica que

publicou ainda em Manaus, em 1952, o próprio Dom Alberto em seu discurso História e

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Literatura, já referenciado, nos disse não considerá-lo um trabalho de história, já que

reconhecia não ser possível fazer a história tão-somente enumerando acontecimentos,

alinhando datas ou registrando nomes; sendo a escrita da história um trabalho de

investigação que indo além fazia uma análise contextual desses acontecimentos, ainda

que homem da Igreja e intelectual de feição conservadora fosse avesso e crítico da

história de matriz agnóstica e marxista. Enfim, comparando sua Cronologia com a obra

do historiador Arthur Cézar Ferreira Reis, sócio correspondente do IHGP, denominada A

Conquista Espiritual da Amazônia, Dom Alberto dizia que mesmo sendo esta falta de

“riqueza de pormenores” e do “mesmo rigor de datas” presente em sua Cronologia, era

uma obra de análise, portanto histórica, ainda que sucinta, já que, nas palavras do

prelado, “compara atitudes, relaciona influências, descobre na trama dos sucessos, a

constante de uma evolução transcendental”, enquanto a Cronologia Eclesiástica da

Amazônia que havia publicado tratava-se de um instrumento de pesquisa, uma vez que,

na sua própria definição, limitou-se “à mera inserção de datas, no registro frio dos

acontecimentos”, por isso mesmo embora representasse “um trabalho de base, uma fonte

de pesquisa”, valia “apenas como instrumento de história”, não constituindo, portanto,

“obra perfeita de história, por não interpretar os fatos, por não relacionar os casos”, nos

dizeres de Dom Alberto.

Falsa modéstia, não creio; homem de visão crítica em relação ao seu trabalho,

acho que sim. Porém, ao que parece, convicto de que se não fazia uma autêntico livro de

história, não fazia por isso mesmo um trabalho de pesquisa menor ou desimportante.

Assim se pode pensar se lembrarmos que décadas depois lança em Belém, em 1985, com

prefácio da Professora Maria Annnunciada Chaves, sócio efetiva do IHGP, sua

Cronologia Eclesiástica do Pará. Ambas as Cronologias são de fato instrumentos de

pesquisa, aos quais podem recorrer os estudantes, pesquisadores e historiadores em busca

de informações acerca do clero e da vida institucional da Igreja na região norte do Brasil.

Lá estão toda uma base de dados para serem arrolados e analisados em futuras pesquisas.

Posso dizer de testemunho próprio que a consulta da Cronologia Eclesiástica da

Amazônia, bem como da Cronologia Eclesiástica do Pará, que fiz quando graduando em

História e depois iniciando os estudos de pós-graduação me foram úteis, guardando até

hoje os fichamentos dos dados que levantei nessas obras e aos quais recorro

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eventualmente, como fiz na preparação deste texto. Enfim, os instrumentos de pesquisa,

tipo as Cronologias escritas por Dom Alberto Ramos, considero não apenas uma

contribuição importante à escrita da história, mas igualmente trabalho merecedor de

reconhecimento e respeito, pois implicou doses diárias de paciência e meticulosidade na

investigação dos dados e fatos e, posteriormente, na sua organização cronológica.

Dom Alberto Ramos, aliás, me parece ter sido não somente preocupado em coligir

dados acerca da presença institucional da Igreja Católica na Amazônia e publicá-los.

Quando iniciei a minha formação cientifica na pesquisa histórica pude consultar a

coleção do jornal católico A Boa Nova existente no acervo da Arquidiocese de Belém,

que havia pertencido a Dom Alberto Ramos, que assim também contribuiu para a

preservação de pelo menos uma parte da memória documental paraense, sempre tão

esquecida e desassistida.

Mas, isto não quer dizer que Dom Alberto Ramos tenha se escusado de escrever

sobre a história ou aspectos históricos da presença eclesiástica na região amazônica, ou

sobre outros temas históricos, além daqueles de natureza sociológica e geográfica.

Alguns de seus artigos publicados, por exemplo, na Revista do Conselho Estadual de

Cultura podem ser assim considerados. Da mesma forma, alguns outros dados à

publicação na sua coluna Recanto do pastor, no periódico A Voz de Nazaré. Neste lugar,

por exemplo, publicou em 19 de junho de 1988 Intelectualidade do Norte, trecho de um

discurso pronunciado na Academia Jundiaíense de Letras, São Paulo, em 10 de junho de

1986, no qual discorreu sobre a importância da vida intelectual na Amazônia, apesar de

sua pouca visibilidade nacional, nomeando vários desses intelectuais, entre os quais

alguns pertencentes ao clero, tais como Padre Vieira, Dom Romualdo de Seixas e Dom

Macedo Costa. Aliás, durante o ano de 1988, Dom Alberto não deixou de tratar de temas

relativos à escravidão, abolição e a presença negra na vida religiosa e institucional da

Igreja na Amazônia, até porque se vivia o ano da efeméride do centenário da abolição.

Publicou, então, nas páginas daquele jornal católico, Dom Romualdo de Seixas contra a

escravatura, em 12 de junho, no qual defendia a atuação desse prelado no Parlamento

nacional pela abolição da escravidão 60 anos de sua extinção; Sinceridade da conversão

dos negros, em 05 de junho, no qual reconhecendo a existência do sincretismo religioso

que permitia aos escravos africanos cultuarem seus orixás, criticava o risco de

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generalização ao se escrever a história, pois demonstrava como havia muitos negros

livres, libertos e escravos que de fato haviam se convertido sinceramente ao catolicismo;

ou, então, Rosário dos Pretos, Rosário dos Brancos, em 22 de maio, no qual retornava à

discussão da vivência religiosa cristã por parte dos escravos e negros livres e libertos em

torno da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e de sua igreja no

bairro da Campina.

Outros textos que publicou na coluna Recanto do Pastor foram, a título de

exemplo, Limites dos Municípios do Salgado, em 27 de agosto de 1989, onde faz uma

digressão de teor geográfico; A Margem dos Rios Mau e Mocajuba, em 30 de julho de

1987; O Compadrio na Vida dos Brasileiros, em 04 de junho de 1989; A Presença

expressiva do Índio no povo brasileiro, em 24 de janeiro de 1988; e Paraenses

Mazombos?, em data não localizada, textos que passeiam pela sociologia, antropologia e

história. Ainda no campo da história, publicou Lavoisier, vítima da revolução, em 23 de

setembro de 1989, no qual lembra a morte na guilhotina do famoso químico e sábio

francês devido sua crença monarquista aquando da Revolução Francesa; ou, então,

Mercedários ou mercenários, em 31 de agosto de 1987, no qual comentando a

restauração do prédio da Alfândega que havia sido expropriado aos frades do Convento

de N. S. das Mercês, tratava sumariamente da presença dessa ordem na Amazônia

Colonial e a da perda de seus bens e do insucesso dos prelados da Igreja em recuperá-los.

Saindo das páginas de A Voz de Nazaré, encontramos Dom Alberto Ramos publicando

pequenos textos sobre a história eclesiástica da Amazônia noutros periódicos de Belém

ou de Manaus, tais como Centenário da anistia a D. Macedo Costa e D. Vital, em 17 de

setembro de 1975, ou Presença da Igreja na Amazônia, em 07 de março de 1985, no

periódico amazonense Questão Social.

Há quem possa lembrar, contudo, que tais textos são menos importantes por conta

de sua natureza jornalística, sendo apenas crônicas ou artigos de pequeno fôlego, o que é

verdade. Mas, por isso mesmo, se prestam ao papel de vulgarização de determinados

conhecimentos, residindo aí a importância de sua leitura, bem como no fato de que nos

permite conhecer um pouco mais a forma de pensar e escrever de Dom Alberto Ramos,

bem como sua concepção e a importância que dava à história eclesiástica. O que falo aqui

pode ser percebido pela leitura, por exemplo, de seu artigo de jornal intitulado

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Compensações Divinas na História Humana, publicado em 09 de agosto de 1967, época

que ingressava no Instituto Histórico e Geográfico do Pará. Neste texto, Dom Alberto

demonstrava como era importante para o estudo da história eclesiástica, bem como para o

entendimento da história como um todo, da consideração da presença divina no curso da

história, o que procurava demonstrar através de várias exemplificações.

Penso, é verdade, de forma bem distinta a história em seu curso, uma vez que

Dom Alberto Ramos escrevia e pensava a história a partir de uma perspectiva

conservadora e dogmática, no sentido de fidelidade aos princípios da ortodoxia católica,

como é possível compreender em seus escritos, pronunciamentos e entrevistas à

imprensa, quando disse, por exemplo, aos jornalistas Luiz Paulo Freitas, Frank Siqueira e

Océlio Moraes, em matéria publicada em 16 de fevereiro de 1982 no jornal O Liberal,

que aceitava “os dogmas como aceito os axiomas na matemática. A matemática tem,

também, seus dogmas e ninguém se levanta contra eles”. Mas, aqui quero apenas

compreender um pouco que seja a percepção de Dom Alberto Ramos, que pode ser

pensado como um intelectual orgânico da Igreja Católica, que acessando a sua

documentação, podia fazer uma história eclesiástica a partir de dentro da instituição,

fazendo parte de uma tradição de intelectuais e pensadores membros do clero

tradicionalista ou conservador, alguns dos quais citados neste texto, já que, em algum

momento, eles fizeram parte do IHGP.

Desejando, no entanto, encerrar este texto que já vai longo, quero apenas lembrar

que se Dom Alberto Ramos quando se tornou sócio efetivo do IHGP não fez o elogio de

seu patrono, Dom Romualdo de Seixas, creio que a escolha do referido patrono não foi

aleatória, até porque outra possível opção que era a cadeira número 6, cujo patrono é

Dom Antônio de Macedo Costa, já estava ocupada pelo Cônego Ápio Campos. Digo que

seria uma possibilidade visto que Dom Alberto Ramos nessa época já ocupava a cadeira

12 da APL, cujo patrono era justamente Dom Macedo Costa, acerca de quem tratou

quando fez seu discurso de posse nessa agremiação. Penso assim, inclusive, levando em

conta o fato de que esses prelados da Igreja, cada um ao seu tempo, foram homens fiéis à

ortodoxia católica e aos cânones da Igreja, sendo, por isso mesmo, muito provavelmente

personagens da história eclesiástica brasileira caras a Dom Alberto Ramos. Por outro

lado, como ia dizendo, se Dom Alberto Ramos não tratou de fazer o elogio de Dom

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Romualdo de Seixas no IHGP, não descuidou dos dados biográficos dessa personagem

em sua Cronologia Eclesiástica da Amazônia e também do Pará, bem como escreveu

sobre o mesmo quando do ano do centenário da abolição, em 1988, quando questionava a

tese de que a Igreja Católica fora passiva e conivente com a escravidão discorrendo sobre

Dom Romualdo de Seixas e a escravidão, afirmando ter Dom Romualdo combatido como

parlamentar o tráfico de escravos e a escravidão, tomando como referência a obra O

Clero no Parlamento Brasileiro, publicado pelo Congresso Federal e Fundação Casa de

Rui Barbosa em 1986. Creio, então, que lendo esses trabalhos, Dom Alberto Ramos à sua

maneira e de certa forma fazia sua homenagem ao seu patrono, ainda que não tenha ao

que parece feito o rito de elogio de seu patrono no Instituto, que faço ao longo dessas

páginas. Quanto a mim, no entanto, dou por encerrado meu elogio.

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Relação de eclesiásticos sócios do IHGP.

Nome Categoria Data de Admissão

Observações

Cônego Domiciano Herculano Perdigão Cardoso

Fundador 03/05/1900 Participou da primeira fundação. Participou da segunda

fundação em 06/03/1917. Monsenhor Domingo Maltez Fundador 03/05/1900 Participou da primeira

fundação. Cônego João Ferreira de Azevedo

Muniz Fundador 06/03/1917 Há um Cônego João Ferreira de

Andrade Muniz como Fundador em 03/05/1900. Seria o mesmo?

Padre Antônio Cândido da Rocha Fundador 06/03/1917 Participou da segunda fundação. Cônego Ricardo da Rocha Fundador 06/03/1917 Participou da segunda fundação.

Cônego Raymundo Ulysses Pennafort

Fundador Honorário

Correspondente

06/03/1917 02/11/1917 08/06/1918

Sócio fundador consta como honorário e correspondente

Cônego José de Andrade Pinheiro Efetivo Não está claro

Admissão entre 06/03/1917 e 25/02/1918.

Dom Santino Maria da Silva Coutinho

Honorário 29/10/1920 Arcebispo de Belém.

Padre Estevam da Costa Teixeira Efetivo 10/11/1920 XXXXXXXXXXXXXX Monsenhor Antônio L. de Araújo Correspondente 25/08/1921 Residente no Rio de Janeiro Cônego José Thomaz de Aquino

Menezes Efetivo 27/08/1928 Licenciado do IHGP em

26/11/1931 por sair do Estado. Frei Antônio de Salá Correspondente 20/02/1929 Frei domiciano do Estado de

Goyaz.. Padre Clotário Araripe de Alencar Efetivo 16/04/1931 Consta ter sido eliminado por

falta de pagamento. Padre José Cupertino Contente Efetivo 16/04/1931 Consta ter sido eliminado por

falta de pagamento, mas não é certo.

Padre Leandro do Nascimento Pinheiro

Efetivo 16/04/1931 XXXXXXXXXXXXXXX

Cônego João Alberto Crolet Efetivo Não está claro

Em 1931 aparece como sócio.

Padre Florêncio Dubois Efetivo 05/03/1932 Consta ter se tornado Correspondente.

Dom Antônio de Almeida Lustosa Honorário 16/11/1932 Arcebispo de Belém. Dom Benedicto Paulo Alves de

Souza Correspondente 06/03/1933 Rio de Janeiro, bispo titular de

Griza. Dom Manuel Gomes de Oliveira Correspondente 06/03/1939 Goyaz.

Frei José Maria Correspondente 25/03/1939 Rio de Janeiro. Padre Antônio Gomes de Brito Honorário 13/02/1941 XXXXXXXXXXXXXXXX

Padre Serafim Leite Correspondente 11/10/1941 Rio de Janeiro. Cônego Ápio Paes Campos Costa Efetivo 13/05/1958 XXXXXXXXXXXXXXXX

Dom Jaime de Barros Câmara Honorário Não está claro

Cardeal do Rio de Janeiro, não consta data de admissão. Entre

1966/68 (?). Dom Alberto Gaudêncio Ramos Efetivo 29/06/1967 Arcebispo de Belém.