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Diretoria
Presidente:Domingos MartinsVice-presidente:Claudio de Oliveira Secretário: Olavio Lepper Tesoureiro:João Roberto Welter Suplentes:Luiz Adalberto Stabile Benicio, Ciliomar Tortola,Vallter Pitol e Roberto KaeferConselheiros fiscais Efetivos:Paulo Cesar Massaro Thibes Cordeiro,Dilvo Grolli e Edno GuimarãesSuplentes:Rogerio Wagner Martini Gonçalves, Celio Batista Martins Filho e Marcos Aparecido BatistaDelegados representantes efetivos:Domingos Martins e Luiz Adalberto Stabile BenicioSuplentes:Ciliomar Tortola e Paulo Cesar Massaro Thibes Cordeiro
Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná
Av. Cândido de Abreu, 140 - Salas 303/304 Curitiba/PR - CEP: 80.530-901Tel.: 41 3224-8737 | sindiavipar.com.br [email protected]
Ed. nº 45 - Mar/Abr 2015
As matérias desta publicação podem ser reproduzidas, desde que citadas as fontes.
Litros de leite foram para o ralo e frangos morreram por falta de ração. Num mundo em que milhares de pessoas ainda lutam para sobre-viverem à fome, as imagens que vimos durante os protestos dos cami-nhoneiros são intoleráveis. Assim como os prejuízos são incalculáveis.
Apesardeaindanãohaverumlevantamentooficial,estimamosque os danos para a avicultura possam ultrapassar a cifra de R$ 700 milhões, dado divulgado preliminarmente pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Isso porque a greve irá gerar um “efeito dominó”, com consequências em todas as etapas da cadeia produtiva, afetandodaproduçãoàexportação.Equefiqueclaro:agreveé,sim,um direito do trabalhador. Parar toda a economia de um País, não.
Mas nem tudo são más notícias. Nesta edição da revista Avicultura do Paraná, você vai acompanhar, a partir da página 24, que a força femi-nina está em ascensão na indústria avícola do estado, chegando a ocu-par quase metade dos cargos. No caso da Copacol, em 1980, apenas 20 mulheres trabalhavam na cooperativa, hoje são 3.876. Uma ótima notícia para juntos comemorarmos o mês das mulhe-res. Que as oportunidades continuem a aparecer para todos, vencendo as barrei-ras da discriminação.
Uma ótima leitura e um forte abraço.
Se você tem alguma sugestão, crítica, dúvida ou deseja anunciar na revista Avicultura do Paraná, escreva para nós:[email protected].
Intolerável
Fale conosco
Domingos MartinsPresidente do Sindiavipar
Editorial
Expediente
Produção:
Centro de Comunicação
centrodecomunicacao.com.br
Jornalista responsável:
Guilherme Vieira (MTB-PR: 1794)
Colaboração:
Allan Oliveira, Bruna Robassa,
Gabriela Titon, Giórgia Gschwendtner
e Lucas da Silva
Design e diagramação:
Cleber Brito
Comunicação e Marketing:
Mônica Fukuoka
Impressão:
MaxiGráfica
selo SFC
Foto
: Si
nd
iavi
par
Agenda..................................................06
Observatório........................................07
Sindiavipar..........................................08
Radar...................................................10
Ciência................................................... 11
Entrevista............................12
Fiep......................................................14
Eventos.................................................16
Sustentabilidade................................18
Insumos.................................................20
Mercado.............................................22
Capa.....................................24
Ciência e tecnologia............32
Bem-estar............................34
Artigo técnico......................................36
Mito ou verdade..................................38
Inovação.........................................40
Associados............................................42
ABPA.......................................................44
Gastronomia........................................46
Notas e registros..................................48
Estatísticas...........................................50
34
CIDA BORGHETTICida Borghetti comenta sobre sua trajetória política enquanto mulher e, agora eleita vice-gover-nadora do Paraná, fala sobre os planos do estado para o setor rural paranaense.
12 Entrevista
32 Ciência e tecnologia
Seções
Bem-estar
O CAMPO É DELASO fato do Ministério da Agricultura estar sob o comando feminino é um mero detalhe. A quantidade de mulheres na indústria avícola do Paraná tem crescido e já representa quase metade da força de trabalho do setor.
24 Capa
VANGUARDAO Brasil não criou suas próprias regulamentações, deixando também de ser proativo em um tema em que teria condições de liderar as discus-sões. Essa foi uma das conclusões do estudo realizado sobre BEA pela Universidade Federal do Paraná.
INOVAÇÃOPara ampliar a capacidade de gera-ção de informações para a agricul-tura regional e atender com refe-rência demandas de todo o Brasil, a Copacol inaugurou o Centro de Pesquisa Agrícola.
Foto
: Co
pac
ol
6 | sindiavipar.com.br
Quer divulgar seu evento aqui? Entre em contato conosco pelo e-mail
[email protected] ou ligue (41) 3224-8737.
Agenda
São Paulo recebe entre os dias 28 e 30 de julho, o
Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura – SIAVS
2015. O evento contará com programação técnica cien-
tíficaepolitico-conjuntural,alémdemaisde10milm²
de área de exposição.
O evento, organizado pela Associação Brasileira
de Proteína Animal (ABPA) busca reunir todos os elos da
cadeia produtiva, passando pelo fornecedor de insumos e
equipamentos – além de compradores, políticos, técnicos,
pesquisadores, consultores, estudantes das áreas de me-
dicina veterinária, zootécnica e agronomia, economistas
e líderes de organizações importantes e outras entidades
ligadas ao agronegócio. Acesse: siavs.org.br
O maior da avicultura brasileira
De acordo com pesquisa realizada pela
consultoria Datamétrica, de Pernambuco, a par-
ticipação da região nordeste no mercado aví-
cola brasileiro tende a crescer de maneira mais
acentuada que as demais regiões. O maior des-
taque é para os estados de Pernambuco, Ceará
e Bahia.
A projeção, realizada pela consultoria
com base em dados do IBGE, é de que a produ-
ção nordestina, estimada para 2015 é de 540,3
mil toneladas de carne de frango, pode chegar a
1,7 milhão de toneladas em 2025. Hoje a região
responde por 8% do mercado nacional e possui
30% da população brasileira. Segundo o estudo,
a produção deveria triplicar para atender à de-
manda local. Um dosmaiores desafios para os
produtores da região é diminuir os custos de pro-
dução, principalmente o transporte de insumos.
Nordeste em alta
Data: 28 a 30 de julho de 2015Local: Anhembi Parque/São Paulo (SP)Realização: ABPA E-mail: [email protected] Informações: (11) 3031-4115Site: abpa.com.br/siavs
Data: 28 a 30 de abril de 2015 Local: Expotrade – Curitiba/Pinhais (PR)Realização: Gessulli Agribusiness e G5 PromotradeE-mail: [email protected]ções: (11) 2118-3133Site:fipppa.com
Data: 07 a 09 de abril de 2015 Local: Centro de Eventos / Chapecó (SC)Realização: NucleovetE-mail: [email protected]ções: (49) 3329-1640Site: nucleovet.com.br
XVI Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA)
Salão Internacional da Aviculturae Suinocultura - Siavs
Feira Internacional de Produção e Proces-samento de Proteína Animal (FIPPPA)
Data: 14 a 16 de abril de 2015Local: Expotrade – Curitiba/Pinhais (PR)Realização: APRASE-mail: [email protected]ções: (41) 3263-7000Site: apras.org.br
Mercosuper
7sindiavipar.com.br |
Observatório
O Ministério das Relações Exteriores di-
vulgou em fevereiro que o Paquistão abriu o
mercado para importação de carne avícola bra-
sileira. Em nota, o Itamaraty destacou os esfor-
ços conjuntos com o Ministério da Agricultura e
Abastecimento para viabilizar esse novo canal
de negócios.
O país possui 182 milhões de habitantes e
representa um mercado estratégico para a pro-
dução do Brasil. Por se tratar de um país islâmico
existe grande demanda principalmente por fran-
go com abate Halal, variedade em que o Paraná é
líder em produção. O novo mercado representa
mais uma oportunidade na Ásia, continente que
tem atraído investimentos brasileiros no setor.
Paquistão abre mercado para frango brasileiro
Com o intuito de atender a uma antiga reivindicação dos produtores da região, o Sindicato Ru-
ral de Cascavel, a Sociedade Rural do Oeste do Paraná e os núcleos de criadores da região se uniram
para promover e criar o Show Pecuário 2015. O evento será realizado nos dias 14, 15 e 16 de julho,
no Parque de Exposições Celso Garcia Cid, em Cascavel, e tem como principal objetivo alavancar e
profissionalizaraindamaisapecuária,sejadecorte,criaçãoouleite,noParaná.
O Show Pecuário nasceu com o objetivo de ser um evento técnico e direcionado ao segmento
da pecuária, onde serão apresentadas novas tecnologias, genética, equipamentos e novidades do
setor.“Tambémtemosoobjetivodelevarinformaçõesaoprodutor,comespaçosparaprofissionais
e pesquisadores proferirem palestras sobre os temas mais atuais e relevantes”, explica Paulo Vallini,
diretor-secretário do Sindicato Rural de Cascavel.
Show Pecuário 2015fomentará a indústria de carnes
8 | sindiavipar.com.br8 | sindiavipar.com.br8 | sindiavipar.com.br
Faça parte do Sindicato que está sempre pensando em você.Mais informações: sindiavipar.com.br
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9sindiavipar.com.br | 9sindiavipar.com.br | 9sindiavipar.com.br |
A mobilização realizada pelo Sindiavipar foi fundamental para evitar prejuízos ainda maiores para a
indústria avícola paranaense. Uma das ações foi a forte exposição de mídia do sindicato, que promoveu uma
verdadeira operação emergencial para pautar o assunto nos principais noticiários do país. O resultado fez
com que o tema repercutisse em veículos como Bom dia Brasil, Jornal Nacional, Jornal da Record, Folha de São
Paulo, Valor Econômico, Gazeta do Povo, entre outros.
Os bloqueios nas estradas não apenas geraram inúmeros problemas para a
economia brasileira, como deverão criar um “efeito dominó”. No caso da avicultura
paranaense, milhares de pintainhos foram descartados por não
haverraçãoparaalimentá-los.Issosignificaqueagreveafetou
a produção avícola, assim como a comercialização de alimen-
tos, as exportações de commodities e, consequentemente, a
balança comercial do Brasil.
O Sindiavipar ressalta que não foi contrário ao mo-
vimento. Greve é um direito do trabalhador que deve ser
respeitado. Mas o sindicato não concorda que a reivindica-
ção de melhores condições de trabalho seja realizada de
forma que prejudique toda a economia de um país.
Sindiavipar mobilizou esforços em busca de resolução para a greve dos caminhoneiros
O projeto que restringia a instalação de exaustores em aviários do Paraná foi retirado de pauta. O pró-
prio autor da lei, o deputado estadual Rasca Rodrigues (PV), requisitou a exclusão do projeto após reuniões com
representantes do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar).
A lei n° 2/2014 proibia a instalação de exaustores a uma distância inferior a cem metros de rodovias e
estradasruraiselocaisdeaglomeraçõescomoescolas,igrejasetc.Ajustificativaseriamospotenciaisefeitos
prejudiciais à saúde dos gases oriundos da matéria orgânica gerada pelas aves. O Sindiavipar e outras entidades
do setor realizaram diversas reuniões com o poder legislativo para buscar uma solução para o impasse; caso
aprovado, o projeto acarretaria em altos custos para os produtores, podendo levar muitos a decretar falência.
O setor de medicina veterinária da Universidade Federal do Paraná (UFPR) foi procurado para que
realizasse uma avaliação sobre os efeitos da amônia na área externa dos aviários. Os resultados foram con-
clusivos e demonstraram que a apenas 5 metros dos exaustores não havia mais o gás e que a presença dos
equipamentos não representava riscos à saúde.
Após o resultado do laudo, o deputado estadual Rasca Rodrigues, que propôs a lei, optou por pedir a
exclusãodapauta,favorecendo,mediantetodasascomprovaçõescientíficasapresentadaspeloSindiavipar,
o setor avícola do Paraná.
Ação do Sindiavipar retira projeto de pauta
Radar
Fotos: César Machado
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O leitor Kenio de Gouvêa Cabral entrou em contato com a reda-
ção de Avicultura do Paraná para avisar de um erro que passou em nossa
última edição. Na matéria “Os mercados do futuro”, na página 18, o texto
diz que “as previsões do crescimento da população vão de encontro ao
aumento da demanda pela carne de frango”.
O correto seria dizer que as previsões vão ao encontro do aumen-
to pela demanda da carne de frango. Neste caso, essa simples alteração
muda o sentido da frase: de algo que está contra um objetivo para algo
que está a favor ou em conjunto a um objetivo.
Encontrou algum erro ou tem sugestões de pautas e notícias? En-
tre em contato com a redação da revista Avicultura do Paraná pelo e-mail
E não deixe de conferir o nosso banco de dados com todas as edi-
ções publicadas até hoje. Basta acessar sindiavipar.com.br/revistas
Carta do leitor
11sindiavipar.com.br |
A bronquite infecciosa (BI)
das galinhas é uma doença viral
aguda e altamente contagiosa, de
distribuição universal sendo mais
frequente em regiões com maior
concentração de galinhas. No
Brasil a doença está amplamente
distribuída em todas as regiões
acometendo tanto aves jovens
quanto adultas.
Ela é causada por um Coro-
navirus da família Coronaviridae.
Devido às frequentes mutações
deste vírus, existe um grande po-
tencial para o surgimento de cepas
variantes ou de novos sorotipos.
O vírus da BI multiplica-se princi-
palmente nas células epiteliais do
trato respiratório, intestino, rins e
oviduto. A disseminação do vírus
entre aves do mesmo lote é bas-
tante rápida.
Apesar de o vírus ser re-
lativamente sensível ao meio
ambiente e aos desinfetantes,
ele pode sobreviver até quatro
semanas no ambiente quando as
condições forem favoráveis. Os
sinais clínicos se manifestam dois
ou três dias após a infecção. Aves
jovens demonstram prostração,
redução no consumo de alimen-
tos, espirros e ronqueira. A mor-
bidade geralmente é elevada e
pode chegar a 100% do lote. A
mortalidade pode chegar a 20%
geralmente quando associada a
uma infecção secundária
Poedeiras que sofrem in-
fecção antes de duas semanas de
vida, podem tornar-se improduti-
vas. Frangos de corte infectados
podem desenvolver aerossaculi-
te devido à infecção secundária,
apresentar sintomas respiratórios
e condenações no abatedouro.
Frangos vacinados com vírus vivo
para BI podem apresentar o mes-
mo quadro, porém mais brando.
A infecção em aves de pos-
tura causa queda na produção de
ovos e pode não induzir sinais res-
piratórios. Muitos ovos apresentam
cascafina,enrugadosemalforma-
dos. O efeito na queda de produção
pode durar mais de um mês.
Controle e prevençãoO isolamento das granjas e
as práticas conhecidas de biosse-
gurançanãotêmsidosuficientes
paraconterodesafiopelovírusBI
em regiões de alta densidade po-
pulacional de galinhas. Por esta
razão a melhor forma de prevenir
a ocorrência das perdas causadas
pela BI é associar os cuidados da
biossegurança com a utilização
da vacina.
No Brasil, estão dispo-
níveis as vacinas liofilizadas do
sorotipo Massachussetts (Mass)
amostras H120, H90, H52 e tam-
bém a amostra Ma5 que é um clo-
ne do sorotipo e induz uma prote-
ção mais duradoura.
Não há tratamento efetivo
para BI. Em frangos de corte, pode
ser usado antibiótico de largo es-
pectro para combater contaminan-
tes secundários, principalmente o
E. coli. É recomendado proporcio-
nar bom ambiente e bom manejo
para diminuir os efeitos de compli-
cações secundárias.
A bronquite infecciosaQuando associada a infecções secundárias, a doença causa grande impacto na produção
Ciência
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Fotos: César Machado
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Fonte: Manual de Doenças de Aves,
Alberto Back
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Entrevista
“Teremos queatravessar essa tempestade”Vice-governadora do Paraná prevê ano difícil pela frente
Cida Borghetti é a segunda
mulher a assumir o cargo de vice-
-governadora do Paraná – foi prece-
dida por Emília Belinati durante as
gestões de Jaime Lerner. Para este
ano, Cida prevê que será um perío-
do tempestuoso devido à perda de
confiançadaclassepolíticabrasilei-
ra, além de medidas do governo fe-
deral que, segundo ela, têm afetado
negativamente o estado. Já sobre
a inserção feminina no mercado de
trabalho e nas administrações públi-
cas, a vice-governadora acredita que
a participação das mulheres tem
aumentado e que “na verdade, essa
questão de gênero foi superada”.
Revista Avicultura do Paraná: O Estado do Paraná nunca ele-geu uma governadora. Acre-dita que esse momento pode chegar em breve?
Cida Borghetti: As mulheres
vêm aumentando a participação na
política, assim como em todas as
áreas, e se o Paraná vier a ser gover-
nado por uma mulher, será uma con-
sequência direta desse processo.
Hoje, na verdade, essa questão de
gênero foi superada e o que quali-
fica tanto homens comomulheres
para governar é a experiência, o tra-
balho, a competência comprovada.
Com base em sua experiência, acredita que a mulher tem con-quistado espaço na política?
A classe política brasileira
passa por um período turbulento,
com falta de credibilidade e de con-
fiança.Issoéumfato.E,diantedos
escândalos de corrupção que esta-
mos assistindo, há que se reconhe-
cer que o eleitor tem razão.
Penso que essa situação
afasta tanto homens como mulheres
de bem da atividade política, e aca-
ba gerando um círculo vicioso, em
que os bons não participam porque
temem a comparação com os maus
políticos e os maus ocupam os espa-
ços deixados em aberto.
Meu papel como vice-gover-
nadora é, também, o de dar o exem-
plo para que outras paranaenses
tragam para a política a dedicação,
a competência e a capacidade de
trabalho que demonstram em suas
áreas de ação. O Paraná tem muito a
ganhar com isso.
A escritora Clarice Lispector
diz que “Pensar é um ato. Sentir é
um fato” e eu acho que a contribui-
ção das mulheres, não apenas na po-
lítica, mas em geral, é que nós pen-
samos e sentimos e isso nos dá uma
dimensão completa da realidade, do
nosso dia a dia, que levamos para os
grandes projetos, e por que não di-
zer, também para os nossos sonhos.
Quais as expectativas para o agronegócio paranaense neste ano?
Este ano está destinado a
incertezas tanto na área política
comoeconômica.Especificamente
no agronegócio, a desvalorização
do real frente ao dólar deverá com-
pensar eventuais quedas das co-
tações das commodities no mer-
cado internacional. Como vem
ocorrendo na história recente,
o agronegócio continuará a ser
neste ano um dos poucos seto-
res da economia com resultados
extremamente positivos, não só
Este ano está destinado
a incertezas
13sindiavipar.com.br |
Entrevista
no Paraná, como em outros Estados
com vocação agrícola.
Sendo a avicultura do Paraná a maior produtora e exportado-ra do país, o governo elabora medidas específicas para esse setor?
Diante da participação extra-
ordinária do setor avícola na econo-
mia estadual, o governo Beto Richa
tem mantido entendimentos com a
Federação da Agricultura do Para-
ná (Faep), que vem trabalhando há
tempos no levantamento dos custos
de produção. O objetivo é acomodar
os interesses tanto dos avicultores
como da indústria integradora. E é a
partir daí que a nossa Secretaria de
Agricultura estabelecerá medidas
específicasparaosetor.
Crises como a greve dos caminhoneiros podem ser evitadas pelo governo esta-dual?
O movimento dos caminho-
neiros foi nacional e o Paraná foi
inserido no contexto da paralisação
como os demais Estados. Somos
uma república federativa e, his-
toricamente, nosso Estado
tem um retorno muito
aquém do que con-
tribui para a riqueza
nacional. Mas sofre
as consequências
das crises, tanto
de uma greve de
caminhoneiros,
como do aumen-
to dos preços
dos combustí-
veis e da ener-
gia. A receita
para que o Pa-
raná não fique
tão vulnerável
aos acontecimentos
de Brasília é a participação em bloco
de nossa bancada federal. Fui repre-
sentante do Paraná na Capital Fede-
ral e depois deputada Federal e sei
que uma bancada unida, coesa, sem
grandes interferências partidárias,
faz a diferença.
O alto custo da energia elé-trica é um problema antigo para os industriais do estado. Com o novo reaumento, que impactos pode haver sobre a produção paranaense?
Tanto a população como os
empresários estão assustados com
os reajustes das tarifas do setor elé-
trico. Os problemas nasceram com a
Medida Provisória n° 579, em setem-
bro de 2012, e a intenção de reduzir
o preço da energia, em média, em
20% a partir de 2013.
O endividamento das gera-
doras e transmissoras de energia,
o esvaziamento dos reservatórios
das hidrelétricas e o uso intensi-
vo das usinas térmicas resultou na
transferência das dívidas aos con-
sumidores, em dose cavalar ao uso
industrial. O impacto é grande nos
custoseéinflacionário.Oproble-
ma é que a política energética é do
governofederal,masosEstadosfi-
cam com ônus do desemprego, da
redução do crescimento, e, por con-
sequência, tem menos arrecadação
e menor capacidade de investi-
mentos. Teremos que atravessar
essa tempestade.
13sindiavipar.com.br |
14 | sindiavipar.com.br
Fiep
O balanço dos últimos três
anos de serviços prestados pelo
Sesi no Paraná para as indústrias do
segmento de abate e frigoríficos de-
monstra o envolvimento nas ques-
tões relacionadas à qualidade de vida
do trabalhador. Entre 2012 e 2014,
67 indústrias fecharam cerca de 580
contratos de trabalho com o Sesi que
envolveram a realização de diagnósti-
cos em saúde e segurança no trabalho
e consultoria e assessoria em diversas
atividades como audiometria e ergo-
nomia, por exemplo.
Esta crescente procura por
serviços que direcionem o trabalha-
dor no uso mais adequado de ferra-
mentas que proporcionem uma me-
lhor qualidade de vida também foi
impulsionada pela atualização da
legislação relacionada à segurança
e saúde do trabalhado, principal-
mente com a publicação do NR36,
que propõe melhorias nas condi-
ções de trabalho.
Diante desse cenário, o Sesi
criou o Programa de Gerenciamen-
to da NR36, que foi construído em
conjunto com representantes da in-
dústria, sindicatos e associações re-
presentativas do setor. Lançado em
2013, o programa atua com base em
duas estratégias. A primeira tem a fi-
nalidade de assessorar as empresas
para a construção de um ambiente
de trabalho seguro, a partir do cum-
primento dos requisitos da NR36. A
segunda busca a construção de um
ambiente de trabalho saudável, ten-
do a saúde do trabalhador como foco.
Nas assessorias e consultorias
prestadas, o Sesi leva às empresas
tecnologias sociais tais como: lista de
verificação e aderência à NR36; AET
– Análise Ergonômica do Trabalho;
formação de comitê gestor multidis-
ciplinar dentro da empresa; indicado-
res de segurança e saúde do trabalho;
DSEV – Diagnóstico de Saúde e Estilo
de Vida; atendimento relacionados à
saúde ocupacional, entre outros.
A Frangos Pioneiro é um
exemplo de empresa que utilizou as
tecnologias do Programa de Geren-
ciamento da NR36, já promoveu a
adequação do ambiente produtivo e
está atuando na melhoria dos indica-
dores de saúde e estilo de vida do tra-
balhador. Para este ano, o Sesi preten-
de continuar a execução do Programa
da NR36, com ênfase na redução do
absenteísmo e presenteísmo do tra-
balhador na indústria.
Indústrias buscammelhorias para o trabalhador
16 | sindiavipar.com.br
O Show Rural 2015 pro-
vou que o agronegócio continu-
ará sendo um pilar de sustenta-
ção para a economia brasileira.
Mesmo em meio a um cenário de
estagnação econômica, o even-
to apresentou crescimento de
20%, atingindo R$ 2 bilhões em
volumes de negócios. Conside-
rada pela crítica a maior feira do
agronegócio da América Latina,
esta foi a 27ª edição do evento
realizado pela Coopavel.
Instalado em uma área
com 72 hectares, o Show Rural
foi o grande palco para apre-
sentação dos atores principais
do cenário mundial: a tecnolo-
gia e a inovação. Em todos os
seguimentos demonstrações de
novidades foram apresentadas.
Nos cinco dias em que abriu as
portas para o público, o evento
contou com 230.904 mil visitan-
tes, que puderam conhecer os
produtos apresentados por 480
expositores.
Além da grande movi-
mentação de utilitários, automó-
veis e camionetas, as empresas
de sementes, nutrição de plantas
e solos, fertilizantes, insumos e
outros equipamentos, que mos-
traram suas novidades na maior
vitrine do agronegócio da Amé-
rica Latina, vão fazer seus negó-
R$ 2 bilhões de negóciosShow Rural 2015 bate recordes mesmo com período turbulento da economia brasileira
Eventos
Eventos
cios durante todo o ano, o que
significa que o valor bilionário
deve continuar aumentando ao
longo de 2015.
Evolução O diretor presidente da
Coopavel, Dilvo Grolli, relembra
que em 1989, no primeiro Show
Rural Coopavel, a produtividade
de soja era entre 1,6 mil a 1,8 mil
quilos por hectare. Hoje, as la-
vouras do Paraná estão entre 3,6
mil a 4,2 mil quilos. O que repre-
senta um crescimento de mais de
100% em produtividade.
Dentro do Show Rural Co-
opavel, os resultados das áreas
de experimentos de produtivi-
dade apresentados pelos expo-
sitores eleva esse número para
próximo de 5 mil quilos por hec-
tares. E é essa diferença maior
que vai para o campo a curto
prazo. Já no milho os resultados
eram de 3 mil quilos por hecta-
res, naquele ano, e hoje a média
da produtividade é de 9 mil qui-
los por hectares.
“Os registros históricos
dos últimos 25 anos no Brasil
apontam um crescimento de mais
de 250% de produção e 50% em
espaço territorial. Quando divi-
dimos o que a produção nacional
cresceu pelo aumento de área te-
mos entre 4 e 5% de crescimen-
to ao ano em produção. Por isso,
eventos como o Show Rural Coo-
pavel, têm um papel fundamental
nisso. Aqui, as melhores empresas
de insumos do mundo estão à dis-
posição do produtor para posicio-
ná-lo nesses níveis de produtivi-
dade”, explica Dilvo.
O Show Rural 2015 contou com
480 expositores
230.904 mil visitantes
A recente e crescente es-
cassez de água seja para abaste-
cer a população ou para produzir
energia e alimentos tem sido pauta
constante do noticiário brasileiro.
Além disso, em comum à popula-
ridade do assunto, praticamente
todas as análises e especulações
sobre esse fenômeno colocam o
agronegócio como um dos grandes
responsáveis, já que é apontado
como voraz consumidor de água da
sociedade.
Esse argumento é contes-
tado no estudo “Aquonegócio”,
produzido por Eduardo Pires Cas-
tanho, pesquisador do Instituto de
Economia Agrícola (IEA/Apta) da
Secretaria de Agricultura e Abas-
tecimento do Estado de São Paulo.
O debate técnico proposto pela
instituição procura demonstrar
que o agronegócio não só não é o
responsável pela atual crise, como
também apresenta possibilidades
para que se reverta o atual cenário.
“A água que cai com as
chuvas,aquecorre,aqueinfiltrae
penetra no solo, a que as plantas e
o solo evaporam após utilizá-las,
e aquela que mantém as reservas
subterrâneas. Esse processo é total-
menteinfluenciadopelaenergiado
sol e pela gravidade, além dos gran-
des movimentos climáticos regidos
pelos oceanos. Quando há uma in-
terferência humana nesse delica-
do equilíbrio, várias modificações
acontecem”, explica Castanho.
Segundo o pesquisador, a
perda hídrica já existe no Nordeste,
no Sudeste e no Sul do Brasil, espe-
Veredicto favorávelEm meio à crise hídrica, estudo do Instituto de Economia Agrícola “absolve” a agropecuária de ser uma grande consumidora de água
Sustentabilidade
ESTUDOS Debate técnico procura desmistificar senso comum em relação ao agronegócio
19sindiavipar.com.br |
O agronegócio nãoé o responsável pela atual
crise, como também apresenta possibilidades
para que se reverta o atual cenário
cialmente em sua faixa litorânea,
há 500 anos. O que acontece, de
acordo com Castanho, é que há um
consumo maior do que a quanti-
dade disponibilizada pelas chuvas
nas bacias que fornecem água para
as regiões, além de não se conse-
guir o aproveitamento da água que
éevapotranspiradaeinfiltrada.
O diferencial, de acordo com
o pesquisador, é que a agropecuária
é sustentável do ponto de vista hí-
drico, sendo uma grande produtora
de água para outros usos sociais.
“Peguemos o exemplo da pecuária
bovina. Ouve-se muito que para se
produzir carne bovina gasta-se mui-
ta água. É verdade. Para produzir
um quilograma de carne, são consu-
midos cerca de 8 mil litros de água,
que, entretanto, é continuamente
reciclada. Não fosse assim, o boi
teria no abate cerca de 2 mil tonela-
das!”, aponta Castanho.
Ao propor uma discussão
técnica sobre a utilização da água
na produção de alimentos, descre-
vendo o processo através do qual a
água é retirada da natureza, utiliza-
da e devolvida ao meio ambiente,
o quanto o desmatamento e a po-
luição prejudicam esse ciclo, Casta-
nho absolve o setor de ser o grande
responsável pelos problemas que a
região sudeste apresenta. Segun-
do ele, tudo que é irrigado tem um
consumo de água muito grande.
O que não é irrigado possui
um consumo relativamente baixo
de água. Isso, entretanto, não quer
dizerqueessaágua“fique”nopro-
duto. “Toda planta precisa de água,
como os humanos, porém, essa
água é utilizada e volta para o ci-
clo, sendo continuamente recicla-
daparaomeioambiente”,afirmao
pesquisador.
Para reforçar a tese, Casta-
nho relembra que a agropecuária
representa no Brasil de 8% a 10%
do Produto Interno Bruto (PIB), que
com o multiplicador do agronegó-
cio, por muitos anos continuamen-
te igual a três, leva a produção se-
torial a representar de 25% a 30%
da produção de riqueza nacional.
No comércio exterior, as cadeias
produtivas brasileiras ligadas ao
agronegócio exportaram em 2013
perto de US$ 100 bilhões e impor-
taram US$ 17 bilhões, gerando um
saldo positivo de US$ 83 bilhões,
números representativos da im-
portância de se pensar com caute-
la os impactos da crise hídrica para
a indústria.
19sindiavipar.com.br |
20 | sindiavipar.com.br
Após percorrer as regiões
brasileiras que concentram maior
parte da produção de soja no País, a
Expedição Safra 2014/15 apontou
redução de pelo menos 3% do po-
tencial produtivo máximo da safra
da oleaginosa para esta temporada,
reduzindo a previsão inicial de 96,1
para 93,34 milhões de toneladas. A
redução se deu principalmente por
conta dos problemas climáticos que
dificultaramoplantioeodesenvol-
vimento das lavouras, especialmen-
te nos estados de Goiás, Mato Gros-
so do Sul, Mato Grosso e parte do
Paraná. O ataque de diversas pragas
em algumas regiões também foram
alguns dos agravantes do cenário
de redução da colheita.
Apesar das questões cli-
máticas, os estados do Paraná e do
Mato Grosso, responsáveis por 47%
da produção da oleaginosa no país,
devem sustentar a safra de soja pre-
vista para a temporada. As lavouras
paranaenses devem render 16,94
milhões de toneladas e as mato-
grossenses, 27,28 milhões de to-
neladas. Juntos os estados devem
colher 2,9 milhões de toneladas de
soja a mais do que em 2013/14.
Considerando todo o país, são 6,23
milhões de toneladas extras.
O Indicador Brasil, lançado
pelo projeto em dezembro de 2014,
estimava que a produção nacional
de grãos atingisse a marca de 202
milhões de toneladas. “Após per-
correr diversas regiões produtivas,
inicialmente constatamos uma per-
da de 2,8 milhões de toneladas em
cima do potencial. O cenário final
Clima desafia safra de sojaExpedição Safra 2014/15 aponta redução de pelo menos 3% do potencial produtivo da oleaginosa para a temporada
Insumos
ainda está atrelado ao clima e a pro-
dutividade de áreas a serem colhi-
das em regiões como o Rio Grande
do Sul, que deve ter melhores resul-
tados”, relata o coordenador da Ex-
pedição Safra, Giovani Ferreira.
RoteirosNo roteiro pelos estados do
Paraná e São Paulo, que foram os
primeiros trechos a serem percorri-
dos pela Expedição em meados de
janeiro, técnicos do projeto consta-
ram que na região dos Campos Ge-
rais, a situação das lavouras estava
boa e os produtores esperavam
produtividade acima da média es-
tadual, enquanto em São Paulo a si-
tuação estava complicada por conta
da seca.
Já no Norte do Paraná havia
problema semelhante à de algumas
lavouras paulistas. Na região Oeste
do estado, a colheita estava bastan-
te avançada, acima de 60%, e exis-
tiam apenas algumas perdas pontu-
ais por conta da seca.
Em passagem pelos estados
de Mato Grosso, Rondônia e Mato
Grosso do Sul, em fevereiro, técni-
cos também constataram risco de
queda na produtividade ocasionada
pela falta de chuva e pela existência
de pragas como a mosca branca nas
lavouras de Mato Grosso.
Entre os meses de setembro
a maio, a Expedição Safra percorre
16 estados brasileiros, mais as re-
giões produtoras dos Estados Uni-
dos, Paraguai, Argentina e Uruguai.
93,34
47%
milhões de toneladas de soja devem ser colhidas nesta safra
da oleaginosa estão concentrados nos estados do
Paraná e Mato Grosso
22 | sindiavipar.com.br
Mercado
Com a habilitação de mais
oito frigoríficos para exportar
carne de frango à Rússia, o
Paraná confirma sua vocação
para a produção avícola e para
atender às demandas maiores
desse mercado. Recentemente,
Ad’oro, Avebom, Cocari, Ave -
norte,FrigoríficoAvícolaVotu-
poranga, Coopavel, Gran jeiro
Alimentos e União Aví -
cola Agroindustrial fo ram
autorizados a comercializar
com o país. O que significa que
mais da metade dessas novas
habilitações são de indústrias
instaladas no Paraná. Além do
segmento de carne de frango, os
russos também autorizaram as
exportações de três laticínios
brasileiros, sendo duas
unidades do Tirolez e uma da
Polenghi.
De acordo com o vice-
presidente da Associação
Bra sileira de Proteína Ani -
mal (ABPA), Ricardo Santin,
a habilitação des ses fri-
goríficossóocorreuagora
porque, em agosto de 2014, ainda
não constavam na lista do serviço
sanitário russo (Rosselkhoznadzor),
o que acarretou na necessidade de
que passassem por um processo
burocrático de troca de documentos.
No ano passado, o volume de frango
exportado à Rússia pelo Brasil
aumentou em cerca de 160%. E
desse resultado, mais de 35% foram
comercializados pela avicultura
paranaense.
Segundo o presidente
do Sindicato das Indústrias de
Produtos Avícolas do Estado do
Paraná (Sindiavipar), Domingos
Frango à RussaRússiahabilitanovosfrigoríficosbrasileirosparaacomercializaçãode carne de frango; maioria é paranaense
Mercado
Martins, a liderança do Paraná
nas comercializações de carne
de frango com a Rússia são
mais uma amostra do potencial
do estado, o maior produtor e
exportador avícola do Brasil. “A
qualidade da carne de frango
produzida no Paraná resulta
da atenção que dedicamos à
sanidade, às normas de abate
humanitário e, principalmente,
ao sabor de nosso produto. Tudo
isso faz com que consigamos
atender aos mercados mais
exigentes”, analisa.
O fim do embargo? Ao mesmo tempo em que
o aumento das exportações para
o mercado russo anima o setor,
também oferece motivos para
cautela, uma vez que, por tratar-
se de processo resultante de um
embargo político, pode se tornar
algo que seja encerrado a médio
ou até mesmo a curto prazo,
ainda que improvável. “Sabemos
que, em um momento ou outro,
esse embargo será findado.
Cientes disso, nós da ABPA
temos trabalhado fortemente
para buscar consolidar a posição
dos exportadores de carne de
frango e suínos no mercado
russo”, ressalta Santin. De
acordo com o vice-presidente,
a associação tem mantido
contato constante com as
importadoras e autoridades da
Rússia objetivando demonstrar
a qualidade dos produtos
nacionais. “O fato de estarmos
alinhados com os russos, por
meio da cúpula dos BRICS,
nos favorece nesse contexto”,
assegura o dirigente.
Entenda a crisePor quase durante todo o
século XX, a Ucrânia fez parte da
União Soviética, até a declaração
de sua independência. Isso fez
com que houvesse duas forças
opostas dentro do mesmo
território: a população mais velha,
que simpatiza com a vizinha
Rússia, e as gerações mais novas,
simpatizantes da União Europeia
(UE). Em 2013, a decisão do então
presidente Viktor Yanukovych
de assinar um acordo com o
país russo em detrimento de
um acordo comercial com a EU
deflagrou um intenso conflito
na Ucrânia, com derramamento
de sangue e acarretando em
sanções comerciais impostas
pelos Estados Unidos e UE.
24 | sindiavipar.com.br
Mulheres de atitude Protagonistas de histórias inspiradoras, profissionais conquistam cargos de liderança na avicultura paranaense
24 | sindiavipar.com.br
Foto
: Co
pag
ril
25sindiavipar.com.br |
MERCADO EXTERNOPollyana Thibes, gerente de exportações da Mana Foods e sócia da Kavod Export,
é responsável pelo mercado asiático
Capa
Para as mulheres continuarem
conquistando esse mercado, é preciso
determinação, atualização constante
e muita atitude
Célia Regina Hoffman, gerente financeira da Copacol
Mulheres de atitude Quando Célia Regina
Hoffmann começou a traba-
lhar na Copacol, em 1980, a
empresa contava com apenas
20 funcionárias do sexo femi-
nino. Trinta e cinco anos de-
pois, a atual gerente financei-
ra da cooperativa tem ao seu
lado 3.875 mulheres, núme-
ro 193 vezes maior. Evolução
que também é compartilhada
por todo o Paraná, onde elas
representam quase metade
da mão de obra da indústria
avícola, ocupando, inclusive,
posições de liderança sequer
imaginadas décadas atrás.
Quem faz essa análise
é o presidente do Sindicato
das Indústrias de Produtos
Avícolas do Estado do Paraná
(Sindiavipar), Domingos Mar-
tins. “Assim como em outras
esferas econômicas, as mu-
lheres também têm conquis-
tado espaços importantes na
agropecuária, tomando deci-
sões fundamentais para o su-
cesso dos negócios. Em 2015,
segundo levantamento que fi-
zemos, elas são cerca de 46%
dos funcionários das indús-
trias avícolas paranaenses”.
Célia, que ingressou
na Copacol como auxiliar de
crédito rural, acompanhou de
perto essa mudança. “É uma
questão cultural os homens
ocuparem os cargos de des-
taque. Por isso, é um desafio
para as mulheres chegarem
ao topo, mas esse paradigma
está se quebrando, aos pou-
cos”. Para enfrentar a compe-
titividade dentro de grandes
corporações é necessário “se
revestir mais forte”, como
observa a gerente. “A mulher
precisa se preparar mais que o
homem para atingir seus obje-
tivos, além de ter atitude para
conversar de igual para igual
com eles, no mesmo tom”.
Inspiradas em mulheres
como Célia, que começou a
trilhar seu caminho quando
os obstáculos eram mais im-
ponentes, as novas gerações
também estão batalhando
para chegar aonde querem.
Um exemplo é a médica ve-
terinária Pollyana Thibes, ge-
rente do departamento de
exportações da Mana Foods
(marca do Grupo Pioneiro no
mercado externo) e sócia da
Kavod Export, que presta su-
porte para empresas avícolas
26 | sindiavipar.com.br
na área de exportação.
“Hoje, o que mais me
interessa são novos projetos.
Amo o que é novo e tornar
aquilo real nas indústrias”,
conta Pollyana com entusias-
mo. Na Kavod, ela é respon-
sável pelo mercado asiático,
enquanto a sócia Ilonka Eij-
sink responde pelo Oriente
Médio e pela África. Em sua
opinião, o espaço alcançado
no setor avícola é resultado
de muita luta. “E não lutamos
apenas por melhores posi-
ções, mas para sermos aceitas
como profissionais capazes
de administrar uma indústria
e mostrar que nossa capacida-
de vai além de um passeio no
shopping”.
Outra história vitorio-
sa é protagonizada por Ivna
Nalério dos Reis, que desde
2012 é chefe da garantia da
qualidade da Unidade Indus-
trial de Aves da Copagril. “Em
2001, comecei a estagiar em
um abatedouro de aves. Foi o
primeiro contato empolgante
com a avicultura. Para assumir
o atual cargo foi um longo ca-
minho, de 11 anos. Mas, desde
o início, sabia o que queria.
Com isso, aproveitei todas as
oportunidades para o meu de-
senvolvimento”, relembra.
Essa também foi a ati-
tude seguida por Adriana
Aparecida Bussanello, que
trabalhava em um escritório
de contabilidade realizan-
do assessoria para a Pluma
Agroavícola e, em 2005, foi
convidada a assumir o cargo
de supervisora de recursos
humanos da empresa. “Ado-
ro trabalhar diretamente com
pessoas. Além de outras ques-
tões, a independência finan-
ceira significa autoestima e
realização. O reconhecimento
é lento, mas com o tempo as
conquistas são constantes”.
Para quem conhece a
realidade das principais in-
dústrias avícolas do Paraná, a
evolução também é perceptí-
vel, como afirma a gerente de
comunicação e marketing do
Sindiavipar, Mônica Fukuoka.
"Estou em contato com as
empresas frequentemente e
percebo que as mudanças têm
sido bastante positivas. Mas é
necessário continuarmos se-
guindo em frente", analisa.
Desafios e vitóriasApesar dos avanços, a
ascensão das mulheres den-
tro das instituições ainda está
CRESCIMENTO Em 1980, Célia
Regina Hoffmann entrou na Copacol
como auxiliar de crédito rural. Hoje, é
gerente financeiraFoto
: Co
pac
ol
28 | sindiavipar.com.br
longe de ser fácil . Segundo o
estudo “Perfil Social , Racial
e de Gênero das 500 Maio-
res Empresas do Brasil e Suas
Ações Afirmativas”, publi-
cado em 2010 pelo Instituto
Ethos, apenas 13,7% dos car-
gos executivos são ocupados
por mulheres nas maiores
empresas do país. Na gerên-
cia, o índice é de 22,1%; e na
supervisão, 26,8%. Ou seja:
quanto maior é o nível hierár-
quico, menor é a participação
feminina. No caso das mulhe-
res negras, a disparidade é
ainda mais gritante: elas de-
têm somente 0,5% dos car-
gos de alto escalão.
Na agropecuária, a par-
ticipação feminina também
é reduzida. De acordo com a
Pesquisa Comportamental e
Hábitos de Mídia do Produ-
tor Rural Brasileiro, realizada
pela Associação Brasileira de
Marketing Rural e Agronegó-
cio (ABMR&A), o percentual
de mulheres que coordena-
vam suas propriedades em
2013/2014 era de 10%. Em
1991/1992, esse número era
de apenas 1% - crescimento
evidente, mas a passos vaga-
rosos.
Além dos obstáculos en-
frentados no mercado de tra-
balho, espera-se que elas con-
ciliem os papéis de mãe, dona
de casa e estudante, como
citado pelas entrevistadas.
Mulheres nas indústrias avícolas do ParanáEmpresa Total de funcionários Mulheres Percentual
GTFoods 7.486 3.837 51,25%
Frango Granjeiro 1.551 788 50,05%
Averama 1.031 511 49,56%
Copagril 2.808 1.324 47,15%
Copacol 8.400 3.876 46,14%
Pioneiro 2.105 955 45,36%
Coopavel 4.965 2.187 44,04%
Pluma Agroavícola 1.381 563 40,76%
C. Vale 6.488 2.598 40,04%
Apesar dos avanços, nasmaiores empresas do país, as
mulheres ocupam apenas:
13,7%
26,8%
dos cargos executivos
dos cargos de supervisão
22,1%dos cargos de gerência
Imagem: Julio Bittencourt/Valor/Folhapress
30 | sindiavipar.com.br
Aliás, considerando essa úl-
tima função, Célia, Pollyana,
Ivna e Adriana têm em co-
mum uma característica mar-
cante: a busca contínua pela
atualização profissional. Para
comandar setores importan-
tes de grandes empreendi-
mentos, é preciso estar em
constante aprendizado, assim
como milhões de brasileiras,
que estão cada vez mais pre-
sentes no ensino superior.
É o que mostra o estudo
“Estatísticas de Gênero – uma
análise dos resultados do Cen-
so Demográfico 2010”, publi-
cado pelo Instituto Brasilei-
ro de Geografia e Estatística
(IBGE). Naquele ano, o índice
de mulheres que haviam con-
cluído a graduação era 25%
superior ao dos homens. Entre
pessoas ocupadas com 25 anos
ou mais, 19,2% da população
feminina possuía esse nível
educacional, contra 11,5% da
população masculina.
Para Célia, que partici-
pa de importantes decisões
tomadas pela Copacol, ver os
resultados obtidos por ela e
pela empresa é como acom-
panhar o crescimento de um
filho. Com uma rica experiên-
cia no setor avícola paranaen-
se, ela não hesita ao afirmar:
“Para as mulheres continua-
rem conquistando esse merca-
do e chegando cada vez mais
longe em cargos de liderança,
é preciso determinação, atua-
lização constante e muita ati-
tude. Só assim conseguiremos
ocupar mais nosso espaço”.
A bordo de um Scania
440, Rose Martins transporta
cargas do Grupo GTFoods para
quatro principais destinos:
Rio de Janeiro, São Paulo, Rio
Grande do Sul e Santa Catari-
na. Há um ano na empresa e
12naprofissão,éaúnicamo-
torista mulher da companhia.
Bem humorada, Rose conta
que gostava de caminhão des-
de criança e aprendeu a dirigir
sozinha.
“Na época em que co-
mecei a fazer viagens longas,
sumi no mundo. Adoro o que
faço, amo de paixão”, diz a mo-
torista, orgulhosa. “Encontro
muitasprofissionaisnaagroin-
dústria, até para ter a própria
independência. É interessan-
teverasmulheresnachefia”,
afirma. Quando questionada
sobre o que mais gosta no tra-
balho, ela responde: “Ser livre,
né? Cada hora estou em um lu-
gar, conheço o país inteiro”.
Em outro segmento da
linha pesada de veículos, o de
máquinas agrícolas, também
encontramos representantes
mulheres. Esse é o caso de
Rosinda Maria Stremlow, res-
ponsável pela concessão da
John Deere na empresa Hori-
zon, fundada em 1997. "É pre-
ciso identificar e desenvolver
as habilidades necessárias
tanto para os homens quanto
para as mulheres".
Movidas pela liberdade e pelo empreendedorismo
NA ESTRADA Rose Martins, a única motorista mulher do Grupo GTFoods, afirma que ama “de paixão” seu trabalho
NA ESTRADA Rose Martins, a única motorista mulher do Grupo GTFoods, afirma que ama “de paixão” seu trabalho
32 | sindiavipar.com.br
Afimdeampliaracapaci-
dade de geração de informações
para a agricultura regional e aten-
der com referência demandas de
todo o Brasil, a Copacol inaugu-
rou no mês de janeiro o Centro
de Pesquisa Agrícola (CPA), du-
rante a cerimônia solene do 24º
Dia de Campo, em Cafelândia
(PR), no Oeste paranaense.
Formado por uma área de
35 alqueires, o espaço será utili-
zado para a realização de expe-
rimentos nas diversas áreas da
agricultura como, por exemplo,
proteção de plantas, solos, se-
mentes, culturas e a validação
das tecnologias disponíveis no
mercado. As pesquisas ficarão
sob a responsabilidade de uma
equipe formada por dez pesso-
as, que vão conduzir os expe-
rimentos de campo dentro dos
padrões estatísticos, manuse-
ando o laboratório com fungos,
pragas e sementes.
“As informações geradas
serão difundidas pela equipe
agronômica da Copacol para os
cooperados, buscando melhorar
as práticas agrícolas, reduzindo
custos e aumentando a produti-
vidade dos associados”, explica o
assessor técnico da cooperativa,
Fernando Fávero.
O cooperado de Formosa
Copacolinaugura CPAA cooperativa também elegeuo seu novo conselho administrativopara a gestão 2015/18
Ciência e Tecnologia
As informaçõesgeradas serão
difundidas pela equipe agronômica da Copacol
para os cooperados, buscando melhorar as
práticas agrícolasFernando Fávero, assessor
técnico da Copacol
32 | sindiavipar.com.br
33sindiavipar.com.br |
do Oeste, Natal Marques Mendon-
ça, que participou da inauguração
do CPA, defende a evolução da
Copacol. “Mais uma vez a coope-
rativa sai na frente e realiza um
ótimo investimento, que com cer-
teza ajudará o associado, já que
terá cada vez mais informações
para escolha dos melhores culti-
vos e das melhores ações a serem
tomadas”,afirmaMendonça.
Até o momento, os inves-
timentos foram destinados para
a melhoria do acesso à área, fe-
chamento de cerca na área to-
tal, construção do auditório para
atender os eventos técnicos,
abrigo para máquinas e equipa-
mentos, banheiros e depósito de
defensivos. Ainda em 2015 serão
construídos três laboratórios de
sementes, proteção de plantas e
pesagem, salas de pesquisa, au-
ditório para treinamentos, além
de estufa para pesquisa.
Ciência e Tecnologia
Maior movimentação das avesMelhor absorção dos alimentosSistema totalmente automáácoAlta eficiência, baixo consumo de gás
34 | sindiavipar.com.br
Por ser o maior exportador
de carne de frango, o Brasil tornou-
-seeficienteemadaptar-seàsexi-
gências internacionais de diversos
destinos. Apesar dos benefícios,
um dos agravantes desse cenário
foi a adoção de regras impostas
por outros países, que foram cria-
das para atender as especificida-
des dessas regiões.
Com isso, o Brasil deixou
de criar suas próprias regulamen-
tações, deixando também de ser
proativo em um tema em que te-
ria condições de liderar as discus-
sões. Essa foi uma das conclusões
do estudo realizado pelas médicas
veterinárias Ana Paula de Oliveira
Souza e Carla Forte Maiolino Mo-
lento do Laboratório de Bem-estar
Animal da Universidade Federal do
Paraná (UFPR). (Leia o estudo com-
pleto nas páginas seguintes).
O estudo concluiu que o
grau de BEA nas granjas conven-
cionais brasileiras e paranaenses
parece ser superior ao de outros
países por diversos motivos. Se-
gundo Ana Paula, a presença cons-
tante do integrado na propriedade
é um dos diferencias. “No Paraná,
por exemplo, 89,5% dos produto-
res residem no local da criação dos
frangos, o que permite um maior
cuidado das aves. Isso já é um dife-
rencial positivo para o BEA, desde
que haja treinamento adequado
do integrado em relação ao mane-
jo e bem-estar”, destaca.
Além disso, a formação de
recursos humanos com conheci-
mento em bem-estar de frangos
de corte tem sido um processo
cada vez mais comum nas empre-
sas. “A partir disso, uma estraté-
gia interessante é que as empre-
sas tenham comitês internos ou
grupos de estudo de BEA para
monitorar e discutir tendências
mundiais”, sugere.
Apesar disso, de acordo
com a pesquisadora da UFPR, a avi-
cultura de corte, no geral, tem al-
guns pontos críticos ao BEA, como
pododermatites, claudicação, es-
tresse por calor, qualidade do ar,
densidade de alojamento. Ações
das empresas nesses pontos serão
benéficasparamelhorarograude
bem-estar. “É fato que cada em-
Cuidados alémda certificaçãoPesquisa mostra que Brasil e Paraná poderiam se tornar referências embem-estar animal na avicultura
Bem-estar
Cada empresa tem sua particularidade,
o primeiro passo para melhorar o BEA é um diagnóstico da
organizaçãoAna Paula de Oliveira
Souza, pesquisadora UFPR
35sindiavipar.com.br |
presa tem sua particularidade, por-
tanto o primeiro passo para quem
quer melhorar o grau de BEA é ter
um diagnóstico da situação na pró-
pria organização. A partir de uma
avaliação, é possível ter um pla-
nejamento estratégico para solu-
cionar ou minimizar os problemas
identificados”,esclarece.
dos produtores residem no localda criação dos frangos no Paraná
89,5%
36 | sindiavipar.com.br
Figura 1. Granjas de frango de corte avaliadas pelo protocolo Welfare Quality® no Rio Grande do Sul (A), Paraná (B)e Bélgica (C). Fontes: Federici e Souza.
O Brasil tem se destacado
na produção e comércio
internacional de frangos de corte.
Por ser o maior exportador mundial
de carne de frango, é natural que
alguns mercados externos queiram
conhecer quais as condições de
criação no país. A falta de legislação
de bem-estar de frangos de corte
no âmbito das granjas, somada à
escassez de publicações do Brasil
sobre o tema, pode dificultar o
acesso à informação acerca de
tais condições. Desta forma, a
interpretação internacional sobre
o Bem-Estar Animal (BEA) no
Brasil permanece excessivamente
vulnerável à influência do peso
econômico da questão. O resultado
disso pode ser prejudicial para
o país, que acaba tendo o BEA
deduzido a partir do número de
publicações e normatizações.
Como exemplo, observa-se esta
citação de Van Horne & Bondt
(2013): “No Brasil não há muita
informação disponível sobre bem-
estar animal uma vez que este
assunto não recebe muita atenção
no país”.
O Laboratório de Bem-
estar Animal da Universidade
Federal do Paraná (UFPR) tem
realizado pesquisas que começam
a esclarecer o grau de bem-estar
de frangos de corte no Brasil.
Nossos trabalhos compararam o
bem-estar de frangos em sistema
industrial, sendo uma comparação
entre granjas do Rio Grande do
Sul e da Bélgica (Federici, 2012)
e outra entre granjas do Paraná
certificadasGLOBALG.A.P.®enão
certificadas (Souza et al., 2015).
Nos dois trabalhos, a avaliação
do BEA foi realizada por meio
do protocolo Welfare Quality®
e contempla medidas dentro de
quatro princípios fundamentais:
boa alimentação, bom alojamento,
boa saúde e comportamento
apropriado. A figura 1 ilustra os
tipos de granjas avaliadas nos dois
estudos.
Na comparação entre
gran jas do Rio Grande do Sul e
da Bélgica, as granjas do Brasil
apresentaram maiores escores
em três dos quatro princípios: boa
alimentação, bom alojamento e
boa saúde. Para exemplificar as
diferenças encontradas entre os
dois sistemas avaliados, vejamos
Atualidades e perspectivas em bem-estar animal
Artigo técnico
CBA
37sindiavipar.com.br |
uma das medidas do princípio de
boa alimentação, que é a avaliação
da proporção número de aves por
bico de bebedouro. Na figura 2
é possível observar variação de
escore de sede entre as granjas da
Bélgica e homogeneidade entre
as granjas do Brasil. Na compara -
ção entre granjas certificadas
GLOBALG.A.P.®enãocertificadas
no Paraná, observamos que a
certificação promoveu melhorias
no acesso à água, qualidade de
cama e estado emocional positivo
das aves. Com relação aos outros
pontos críticos de bem-estar
na avicultura de corte, como
claudicação, dermatites de contato
e densidade de alojamento, não
houve diferença. Tais resultados
sugerem que as granjas já
apresentavam um padrão de bem-
estar próximo àquele objetivado
pelacertificação,equeaadoçãode
normas baseadas exclusivamente
em padrões estrangeiros pode ter
limitações na melhoria do grau de
BEA no Brasil.
Os dados favoráveis
ao Brasil nesses dois estudos
parecem ser reflexo do sistema
de produção em granjas con-
vencionais, caracterizadas pelo
uso da iluminação natural e
por uma menor densidade de
alojamento em comparação com
granjas tipo galpão escuro. O
país está em um momento de
alteração dos galpões, migrando
do sistema convencional para
aquele com baixa intensidade de
iluminação. No entanto, os países
que lideram a normatização de
assuntos relacionados ao BEA
mostram uma tendência de se
mover no sentido contrário ao
Brasil em relação ao uso de luz
natural. Assim, pode haver a perda
de uma vantagem competitiva
em termos de comércio exterior
caso a iluminação natural seja
futuramente um requisito obri-
gatório de BEA.
Nossos estudos de mons-
tram que o bem-estar de frangos
de corte em galpões convencionais
do Brasil, ainda que passível de
melhorias, não parece inferior
ao de outros países com galpões
totalmente fechados. É necessário
que as empresas conheçam o grau
de bem-estar de frangos de corte
nos diferentes tipos de galpões
para ser possível a avaliação
dos impactos de cada galpão
nos animais e um planejamento
estratégico para o futuro.
Ana Paula de Oliveira Souza1*, Carla Forte Maiolino Molento2*
* Laboratório de Bem-estar Animal,
Universidade Federal do Paraná; 1 Médica Veterinária, Esp., MSc,
[email protected]; 2 Médica
Veterinária, Msc, PhD, Professora
de Comportamento e Bem-estar
Animal, [email protected]
Artigo técnico
Figura 2. Escores de avaliação da proporção de número de aves por bico de bebedouro no Brasil (A) e na Bélgica (B), 100 é a melhor condição de BEA.
Assim, pode haver a perda de uma vantagem competitiva em
termos de comércio exterior caso a
iluminação natural seja futuramente um requisito obrigatório
de BEA
38 | sindiavipar.com.br
SUBPRODUTOS Salsichas estão entre os produtos
gerados a partir do aproveitamento de diversas partes do frango
Mito ou verdade
Basta caminharmos pelos
corredores do supermercado para
nos depararmos com as várias op-
ções de cortes de carne de frango.
Coxa,sobrecoxa,peito,filésassami,
asinha, coração, meio da asa e por aí
vai. Com um peso médio de mais de
dois quilos, o frango oferece diver-
sas opções de aproveitamento da
carne para a indústria avícola e para
a alimentação humana.
Embora a variedade seja
grande, nem tudo está na gôndola.
Na indústria, o processo não en-
cerra comafinalizaçãodos cortes
tradicionais. O descarte das par-
tes que não atendem ao gosto do
consumidor não é uma prática
comum. “Conseguimos extrair da
ave diversos subprodutos e isso
permite chegarmos próximos aos
100% de aproveitamento da car-
caça”, explica o gerente nacional
de Vendas do Grupo GTFoods,
Merlin Machado.
Esse elevado rendimen-
to é oportunizado em função
das técnicas de produção desen-
volvidas que permitiram o
aproveitamento de
subprodutos para
geração de ma-
térias-primas para
outros produtos. Entre
os recursos estão as
desossadoras mecâni-
cas, que a partir de partes
como pescoços, espinhaço
e carcaças, geram uma nova
massa cárnea popularmente
conhecida como Carne Meca-
nicamente Separada (CMS).
A CMS é o produto obtido
pela remoção dos resíduos de carne
de ossos provenientes da desossa
100% aproveitado?Carne de frango oferece diversas opções para comercialização após o processo produtivo
39sindiavipar.com.br |
Mito ou verdade
dos para realizar extração: por meio
de alta ou baixa pressão. No primei-
ro caso, a matéria-prima resulta em
uma massa comumente utilizada
na produção de embutidos como
salsichas, mortadela e, em menor
escala, para elaboração de linguiças
e hambúrguer. Já o processamento
à baixa pressão fornecesse uma
massa com uma textura mais gros-
sa, que é apropriada para produtos
como, por exem-
plo, empanado.
Exportação Outro
ponto que favo-
rece a indústria
na dinâmica de
produção e aprovei-
tamento é a exporta-
ção. O paladar exótico,
principalmente dos países
asiáticos, permite a ampliação do
portifólio de produtos comercializa-
dos que não representam uma opor-
tunidade para o mercado interno.
Mensalmente o GTFoods
exporta 20 mil toneladas de car-
tilagem de peito e joelho para a
Argentina e o Japão, respectiva-
mente.Aiguariaéusadaparafins
homeopáticos pelos argentinos e
os japoneses utilizam na culinária
para elaboração de aperitivos e es-
petinhos. A empresa comercializa
ainda aproximadamente 600 mil
toneladas/mês de pés para Hong
Kong e Vietnã, que saboreiam o
produto em diversos pratos.
“Conseguimos diversificar
o uso da matéria-prima no mer-
cado internacional em razão do
paladar diferenciado de alguns
destinos para os quais estamos
habilitados. Embora algumas par-
tes do frango, como os pés, tam-
bém sejam utilizados no merca-
do interno, o abastecimento não
representa nem 1% da produção
do grupo”, aponta o gerente de
exportações do GTFoods, Edemir
Trevizoli Junior.
Consumo animalMesmo as opções de apro-
veitamento sendo tão amplas na
alimentação humana, restam al-
gumas partes que não são desti-
nadas para esse fim. As vísceras,
o sangue e as penas passam por
outro processo de transformação
que originam em farinha de vísce-
ra, farinha de pena e óleo. A princi-
pal aplicação desses subprodutos
é na produção de ração animal.
Conseguimos extrair da ave diversos
subprodutos e isso permite chegarmos próximos aos 100%
de aproveitamento da carcaça
Merlin Machado, gerente nacional de vendas do Grupo GTFoods
de carcaças de frango, utilizando-se
meios mecânicos e resultando na
perdaoumodificaçãodaestrutura
fibrosadomúsculo.Sãodoisméto-
40 | sindiavipar.com.br
Todos sempre sonham em ter
uma ideia original, um produto úni-
co, algo que traga reconhecimento,
fama, distinção e os lucros com ela.
Mas poucos sabem que isto é bem
mais simples quando falamos de
música,pinturas,históriasdeficção,
filmes, literatura, arquitetura, onde
osprofissionaisenvolvidosnascem
com um certo dom para a criação de
uma conteúdo novo, diferente do
habitual, nunca antes vistos.
A diferença entre esses artis-
tas e os alimentos e, principalmente,
a carne, é que esses artistas traba-
lham com um uma matéria prima ili-
mitada do ponto de vista de acordes,
de formas, de cores, de jogos de pa-
lavras, de intrigas minuciosamente
criadas para desertar emoções. Ago-
ra, como fazer isso usando sempre o
mesmo elemento que todos têm?
Digo isso pois o mesmo
frango que criamos aqui tem as
mesmas partes e mesma consti-
tuição que os frangos dos Estados
Unidos da América, da Tailândia, do
Japão.Ograndedesafioestáaí:nos-
sos engenheiros de alimentos, vete-
rinários, técnicos agrícolas, nossos
gerentes comerciais, e muitas vezes
os nossos empresários, entre outros
profissionais da cadeia produtiva,
na grande maioria das vezes não
nasceram com o dom da criação,
nasceram com o dom da crítica, da
análise e da execução, fazem muito
bem o seu trabalho criativo dentro
da sua área, mas não estão prepara-
dos para serem criativos nos produ-
tos que comercializam.
Então não podemos ser cria-
tivos sem ter o dom? Bem, isso eu
não concordo. Quando temos que
ser criativos e não temos o dom, te-
mos que aprender a desenvolver
esse dom. E como fazemos isso?
Bem, aí o caminho é um pouco lon-
go e sinuoso, mas nada impossível.
Como tudo que fazemos na vida; a
vontade é um dos grandes motiva-
dores para atingir os objetivos. Para
ser criativo e inovador alguns passos
são importantes.
1. Ter a inovação como missão Em uma empresa, ter isso
como um dos pilares da sua existên-
cia e forma de fazer as coisas, sejam
elas processos ou produtos, é de
suma importância. Não se pode fazer
algo que não se tem o dom de fazer
se você não praticar todos os dias, to-
das as horas e, por que não, todos os
minutos do dia. Os chefes, gerentes
e o próprio empresário ou presiden-
te devem estimular essa prática en-
treoscolaboradores.Afinaldecon-
tas, só se chega a lugares diferentes
se tomarmos caminhos diferentes.
Sam Walton, fundador do Walmart,
em seu livro Made in America, cita
um dos sucessos da empresa que
é estimular os seus colaboradores
com a seguinte frase “swim against
the tide” ou, na tradução livre para o
português, seria nadar contra a maré.
Não é fácil mas você chegará onde
os outros que procuram o caminho
fácil para as soluções não chegarão.
Recrute pessoas com o perfil que
acreditam que impossível pode ser
tornar realidade
2. Pense grande, comece pequeno
Inovar exige sempre um nível
de questionamento se o que estamos
criando é bom e funciona, portanto
temos que testar, e podemos fazer
isso em pequena escala. Um lote pi-
loto de um novo produto, pode ser
lançado em um mercado menor que
você pode controlar as variáveis, se
tudo der errado o investimento foi
pequeno, se der certo, podemos ex-
pandir lentamente o sucesso até que
todos acreditem ser mesmo bom, é o
processo da autoafirmação.
Inovação no agronegócioO CEO da Unifrango, Hudson Silveira, mostra a importânciada inovação no setor rural
Inovação
41sindiavipar.com.br |
3. Inovação contínua ao invés de perfeição instantânea
Inovar requer refinamento
sempre, todas as grandes ideias dos
produtos sempre são aperfeiçoadas
antes do lançamento e depois de lan-
çado os produtos. Pesquisas e ouvir o
consumidor sempre ajudam nas cor-
reções de rumo para satisfazer cada
vez mais os seus consumidores e au-
mentar o ciclo de vida dos produtos.
4. Olhe por ideias emtoda parte
Inovação exige conheci-
mento, e esse conhecimento vem de
observação de mercado, do compor-
tamento dos consumidores, dos con-
correntes,enfimdetodoouniverso
que o cerca, não deixe passar nada
despercebido. A sua ideia para um
novo produto pode estar ao seu lado
ou bem próximo a você se for atento.
5. Compartilhe Tudo Compartilhar ideias inova-
doras possa ser algo muito conta-
giante, peça ajuda, compartilhe com
seus colegas, com a empresa inteira,
você vai se surpreender com a ve-
locidade do aprendizado que vai
deixar você mais capaz e seguro
para ir adiante à inovação.
6. Comece com a imaginação e alimente com dados
Inovações têm o seu espaço
no mercado, verifique em que nível
suas ideias de inovação estão quanto
às tendências de mercado, à tecno-
logia de produção e o entendimento
da inovação pelos clientes. Busque
estatísticas, estudos de mercado, ten-
dências e comportamento de consu-
mo projetado para os próximos anos,
quais os volumes de produtos que
poderão ser consumidos com essa
tendência. Tudo tem o seu tempo
para acontecer, inovações muito arro-
jadas podem não ser bem entendidas
pelo mercado ou os consumidores e
você pode se frustrar com os resulta-
dos. Inovar com objetivos comerciais
devem estar um pouco à frente dos
outros concorrentes ou tendências
no tempo, mas não anos-luz.
Muitas pesquisas antes,
base concreta de dados; aqui não
vale abstração, aqui é concreto sóli-
doeumajudaooutronaafirmação
da inovação.
Um grande exemplo que acho
fantástico para ilustrar isso é o porquê
hoje se vende muito carro de luxo na
cor branca, quando isso era reservado
aos taxis em várias cidades ou os car-
ros básicos das empresas. Muitas pes-
quisas foram feitas no meio dos anos
2000, em que as tendências para os
clientes de alta renda eram: consciên-
cia com o ecologicamente correto, a
preocupação com a poluição, conser-
vação de energia, limpeza.
A melhor cor que representa
isso é o branco, e dessa forma um vei-
culo branco foi vendido, uma cor que
transmite isso limpeza, conservação
de energia (um veículo branco, quan-
do comparado com um preto do mes-
momodelodeixadoaosol,ficacom
temperatura interna em média de
10ºC abaixo do modelo na cor preta,
isso economiza combustível para re-
frigerar o seu interior, além de outros
benefícios), o branco usa pigmento
menos agressivo ao ambiente que
outras cores, além de ser mais bara-
to que as cores metálicas ou peroli-
zadas, e assim vai. Quem imaginava
comprar uma Mercedes Benz na cor
branca no início dos anos 2000?
(A segunda parte deste artigo
será publicada na próxima edição da
revista Avicultura do Paraná).
Hudson Silveira,CEO da Unifrango
Inovação
42 | sindiavipar.com.br
Mesmo diante das dificul-
dades econômicas mundiais e ape-
sar da desvalorização dos grãos na
comparação com 2013, a C.Vale
- Cooperativa Agroindustrial con-
seguiu no ano passado elevar em
11,2% seu faturamento. Com isso,
a cooperativa registrou R$ 4,64
bilhões em 2014. O valor, dividi-
do entre os mais de 15 mil asso-
ciados, subiu 13,52%, alcançando
R$ 36 milhões entre sobras, juros,
devolução e restituição de capital
social.
Para o presidente da C.Vale,
Alfredo Lang, o crescimento é re-
flexo de uma administração que
se preocupa em planejar antes de
investir e não deixar de pensar no
futuro. “Nossos investimentos são
feitos somente após estudos de
viabilidade, depois que conhece-
mos o mercado e as novas tecno-
logias para um segmento. Somos
cautelosos ao privilegiarmos o
estudo detalhado do mercado.
Também procuramos por tecnolo-
gias que nos assegurem vantagens
competitivas”, explica.
Em 2014, o desempenho
C.Vale cresce 11,2% em 2014Faturamento foi de R$ 4,64 bilhões e abatedouro de aves está entre as meta de investimento para este ano
43sindiavipar.com.br |
da cooperativa fez com muitas
conquistas fossem alcançadas
como a consolidação da incorpora-
ção da Cooperativa Mista do Brasil
(Coopermibra), com sede em Cam-
po Mourão. O processo caminha-
va desde 2009, quando a C.Vale
arrendou as 19 unidades da Coo-
permibra distribuídas nas regiões
Centro-Oeste, Norte, Centro-Sul e
Noroeste paranaense. Com a incor-
poração a C.Vale amplia a produ-
ção de grãos e a venda de insumos.
Além do investimento
prático em campo, a cooperativa
investiu no último ano na moder-
nização e inovação para os próxi-
mos anos. Foi implantado em toda
empresa o sistema de gestão ERP
SAP, que vem contribuir no suporte
tecnológico e de gestão. A inten-
ção é que a ferramenta contribua
para crescimento sustentável da
cooperativa, segundo expectati-
vas do presidente. A implementa-
ção do SAP, como é conhecido no
mercado, atenderá a totalidade da
cadeia de processos administra-
tivos, financeiros, industriais ede
distribuição da C.Vale.
No balanço do ano, cabe
mencionar ainda as obras de me-
lhoria das estruturas para o recebi-
mentoebeneficiamentodegrãos,
que colaboraram para os resulta-
dos alcançados.
Associados
Neste momento, a prio-
ridade imediata da C. Vale é o
investimento no segmento pei-
xes, que deve começar a sair do
papel ainda esse ano. Em 2015
também será retomado o foco na
agroindustrialização. “Daremos
início a uma nova etapa de diver-
sificaçãodeatividadescomcinco
projetos de investimentos. Va-
mos desenvolver projetos para
industrialização de peixes, soja e
milho, e para aumento do abate
de frangos. Também vamos am-
pliar o sistema de integração de
suínos, com a construção de um
frigoríficopelaFrimesa,daqual
somos sócios”, projeta Lang.
Metas
13,52% é o aumento no valor
repassado aos mais de 15 mil associados
11% foi o crescimento da cooperativa em 2014
44 | sindiavipar.com.br
ABPA
O mercado consumidor
internacional é uma arena na
qual o setor avícola brasilei-
ro tem orgulho de ostentar
a faixa de “campeão”. Líder
mundial nas exportações, o
setor embarcou, só no último
ano, mais de 4 milhões de to-
neladas de carne de frango.
Mais de US$ 8 bilhões foram
gerados com as vendas, para
mais de 150 países.
Engana-se, no entan-
to, quem vê nisto um cená-
rio confortável para o Bra-
sil . Competimos diretamente
com nações reconhecidamen-
te inovadoras, como é o caso
dos Estados Unidos. A bata-
lha pelo primeiro lugar é um
duelo diário que disputamos
em um negócio no qual o pre-
ço não é mais o grande dife-
rencial competitivo, distinto
do mercados de commodities.
Não, caro leitor, a carne
de frango não é commodity.
Diferente de algumas inter-
pretações equivocadas, é um
produto cuja qualidade, sa-
nidade e origem é valor per-
cebido pelo consumidor – do
Brasil e de outros países. É
um produto com valor agre-
gado, com marca reconhecida
e de percepção diferenciada,
especialmente em mercados
como o Oriente Médio e o Ja-
pão.
E qual o valor disto?
Vamos explicar a partir dos
insumos do frango: o milho
e a soja. Para ser produzido,
cada kg de frango precisa de
1,133 kg de milho e 0,567 kg
de soja. Se embarcássemos
para o exterior todo o milho
e a soja usada na produção do
frango que exportamos em
2014, teríamos um saldo de
US$ 1,9 bilhão – ou US$ 6,1
bilhões a menos que o saldo
dos embarques de carne de
frango no mesmo ano.
Há, ainda, um gran-
de horizonte para se explo-
rar. Apenas 11% de nossas
exportações é de produtos
industrializados, cujo preço
médio das exportações, de
quase US$ 3 mil dólares, re-
presenta uma agregação de
valor próxima de 80%. De
outro lado, 89% das expor-
tações são cortes e frango
inteiro, cujo valor agregado
é inferior a 70%. Imagine os
efeitos econômicos e sociais
se a parcela de participação
O valor que gera renda
Há, ainda, um grande horizonte para se
explorar. Apenas 11% de nossas exportações
é de produtos industrializados,
cujo preço médio das exportações, de quase
US$ 3 mil dólares
ABPA
Ao longo dos últimos 35 anos, a Quimtia trabalha para desenvolver e aperfeiçoar soluções
nutricionais para todas as espécies de animais. Com presença global e sedes no Brasil, Peru, Colômbia
e Argentina, garante credibilidade por meio de uma atuação séria e focada em oferecer resultados
que superam expectativas.
Soluções superiorestambém se constroem com confiança.Investimos em tecnologia e segurança para que você possa confiar em nossa qualidade.
de industrializados e a de
cortes e inteiros fossem in-
vertidas!
Dentre os efeitos di-
retos, podemos destacar a
expansão dos postos de tra-
balho, aquisição de maquiná-
rios, fortes investimentos em
pesquisa e tecnologia, entre
outros. Quanto mais proces-
sos empregados, maior a pre-
sença destes fatores.
Produto com valor
agregado gera emprego e
renda. No caso da avicultu-
ra, são 3,5 milhões de empre-
gos diretos e indiretos. Este
deve ser um objetivo da ini-
ciativa privada, mas também
do poder público, como uma
política de estado. Fren-
te aos desafios econômicos
que enfrentará nos próximos
anos, o país tem duas esco-
lhas: ou promove a agregação
de valor em nosso território,
ou exporta oportunidades e
empregos.
Francisco TurraEx-ministro da Agricultura e presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)
46 | sindiavipar.com.br46 | sindiavipar.com.br
Frango à espanhola
• 1 frango cortado em pedaços
• 3 cebolas em rodelas
• 4 tomates picados
• 1 folha de louro
• 2 Pimentões
• 1 colher de sopa de orégano
• 1 xícara de chá de vinho tinto seco
• 3 colheres de sopa de azeite
• 2 dentes de alho espremidos
• Azeitonas sem caroços
INGREDIENTES
ReceitaReceita
Tempere o frango com alho, sal, limão e pimenta numa forma refratária com tampa. Coloque os pedaços de frango, as rodelas de cebola, tomate, pimentão, louro, orégano e azeitona.
Regue com vinho e azeitonaTampe a forma e leve ao forno por
aproximadamente 1 horaSirva com arroz branco.
MODO DE FAZER
46 | sindiavipar.com.br
Tempo de preparo: 45min
Rendimento: 8 porções
Fonte: Izael Vieira Cunha
Gastronomia
EaDCA
PA
CIT
AÇ
ÃO
48 | sindiavipar.com.br
Notas e registros
Há mais de duas dé-
cadas atuando em sistemas
de aquecimento, secagem
e geração de calor, a Ecogás
adquiriu know-how que a
permite desenvolver solu-
ções para os mais variados
processos, estando presente
em diversos setores da nossa
economia, tais como: indús-
trias alimentícias; indústrias
químico-farmacêuticas, papel
e celulose, metal-mecânica,
agroindústria (cereais, criado-
res de aves, plantas), plásticos
e derivados, hospitalar, hote-
laria, construção civil, siste-
mas para secadores, fornos,
estufas, incineradores. Somos
especializados em produzir
calor através de GLP e Gás
Natural para processos indus-
triais e agroindustriais. Aces-
se: ecogas.com.br.
A Vetanco do Brasil,
juntamente com a equipe
de avicultura da Globoaves,
unidade de Itirapina (SP), re-
alizou no último dia 20 de fe-
vereiro, um ciclo de palestras
para sua equipe técnica, mé-
dicos veterinários, supervi-
sores e gerentes de granjas.
As palestras foram ministra-
das pelo gerente técnico da
Vetanco do Brasil, M.V. Mar-
celo Dalmagro, com o tema:
“Avanços no Controle das
Micotoxinas” e também pelo
assistente técnico/comercial
M.V. Felipe Chiarelli, com o
tema: “Panorama atual da
presença das micotoxinas, re-
giões NE, SE, CO”.
Prestigiando o even-
to estiveram presentes tam-
bém o assistente técnico/
comercial da Vetanco Mar-
celo Casarin e o gerente
comercial aves – norte, Tia-
go Urbano. A Vetanco agra-
dece a oportunidade de se
fazer presente neste tipo
de evento, pois acredita ser
uma ótima oportunidade
de apresentar ao mercado,
todos os benefícios e dife-
renciais dos produtos inova-
dores da Vetanco, frutos de
um intenso trabalho do P&D
da Vetanco juntamente com
desenvolvedores reconhe-
cidos internacionalmente.
Acesse: vetanco.com.br
Ecogás: soluções há mais de duas décadas
A equipe Alcantara Blends
investe em conhecimento dos in-
gredientes puros e na perfeição de
suas misturas, pois só se atinge a
excelência quando se aprofunda na
produçãocientífica,eesseéonosso
forte. A legislação brasileira permite
uma gama enorme de ingredien-
tes funcionais a serem aplicados na
indústria de alimentos, porém a ex-
celência em suas aplicações ainda
são motivos de estudos, pesquisa e
desenvolvimentos específicos para
cada caso. Essa é nossa meta, nos
aperfeiçoarmos cada vez mais em
soluções técnicas para poder servir
mais e melhor o mercado Brasileiro
e Internacional, sempre acreditando
em um ambiente de sustentabili-
dade e respeito ao meio ambiente.
Acesse: alcantarablends.com.br
Tecnologia e inovação com a Alcantara Blends
Vetanco e Globoaves realizam palestras para equipe técnica
49sindiavipar.com.br |
Notas e registros
O ano de 2014 foi bastante
positivo para a avicultura brasileira
e podemos considerá-lo como um
período de readequação de todo o
mercado. Sem dúvidas, os últimos
quatro anos foram de aprendiza-
do para toda a indústria avícola
nacional e lançarão as bases para
estimular o progresso para a avicul-
tura nos próximos períodos. E para
contextualizar o cenário de hoje,
devemos analisar a partir do topo
toda a pirâmide que alimenta a ca-
deia avícola.
Nos últimos sete anos, vi-
vemos uma estagnação nos alo-
jamentos de material genético no
mercado brasileiro. Porém, também
vivenciamos o catastrófico aloja-
mento de matrizes acima da capa-
cidade de absorção do mercado,
em 2011, o que originou uma das
maiores crises na história da avicul-
tura nacional, em 2012, com sobra
de produto. O ano seguinte, 2013,
foi de ajustes na tentativa de reduzir
os prejuízos de toda a cadeia.
Finalmente, 2014 teve um
primeiro semestre focado em recu-
peração, seguido por um segundo
semestre bastante positivo, com
equilíbrio entre demanda e pro-
dução e remuneração da cadeia. A
safra recorde de grãos nos Estados
Unidos e no Brasil também teve
influência positiva, sustentando a
plataforma de custos da indústria e
garantindo melhor margem opera-
cional. O volume de matrizes aloja-
do voltou a se recuperar em 2014,
mas ainda ficando abaixo do volu-
me de 2011.
A grande diferença desta
vez está na disponibilidade de carne
no mercado interno, uma vez que as
exportações de carne de frango de-
vem registrar um volume superior
ao observado naquele ano, assim
como o volume exportado de ovos
férteis em 2014, que deverá crescer
25% em relação a 2012.
Fechamos 2014 próximo
dos 43,5 Kg de consumo per capita
de frango e acreditamos que este
consumo deve chegar a 45 kg per
capta em 2015, fator que poderá
ser influenciado pelo cenário das
outras proteínas. No caso da carne
bovina, o preço está em alta e a dis-
ponibilidade interna deve continuar
ajustada pelos próximos dois ou três
anos. Já com relação à carne suína,
o mercado internacional continua
favorável, o que leva os produtores
a priorizarem as exportações.
Outro fato que passará a
ter cada vez mais impacto, é que o
Brasil finalmente tornou-se uma
plataforma definitiva de exporta-
ção de matrizes para vários merca-
dos, como América Latina, Europa e
Ásia. As excelentes condições sani-
tárias e de biosseguridade do Bra-
sil e a desvalorização cambial que
deve manter-se estável em 2015
são fatores fundamentais para im-
pulsionar nossas exportações. Para
se ter uma ideia, as exportações
de matrizes do Brasil aumentaram
121% nos últimos quatro anos.
E para favorecer este ce-
nário, que se apresenta como al-
ternativa de escoamento à produ-
ção brasileira, as casas genéticas
trabalham cada vez mais focadas
para ampliar fortemente sua atu-
ação no mercado internacional,
com material genético de altíssima
qualidade,produzido aqui no Brasil.
Assim, acreditamos que o frango
será um produto cada vez mais pre-
sente na mesa do consumidor.
Jairo Arenazio é diretor-geral da Cobb-Vantress para a América do Sul.
Após um ano de recuperação, o queesperar para a avicultura em 2015?
50 | sindiavipar.com.br
Par
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ais
info
rmaç
ões,
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rmaç
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Estatísticas
Participação do Paraná no volume das exportações do Brasil / kg
Fevereiro35,89%
Paraná 106.457.248
Brasil 296.626.112
Acumulado36,19%
Paraná 205.481.065
Brasil 567.802.746PAR
AN
ÁPA
RA
NÁ
FRA
NG
O
kg US$Jan 1.170.850 1.282.602Fev 758.185 1.259.550
Acumulado 1.929.035 2.542.152
EXPO
RTA
ÇÃ
OEX
PORT
AÇ
ÃO
kg US$Jan 99.023.817 165.566.572Fev 106.457.248 172.293.292
Acumulado 205.481.065 337.859.864
Jan 132.438.907 129.710.339Fev 126.088.474 117.911.518Mar 123.765.546Abr 126.303.668Mai 129.795.915Jun 118.694.702Jul 139.284.261
Ago 129.571.893Set 133.117.061Out 142.888.941Nov 132.352.167Dez 135.517.214
Acumulado 1.569.818.749 247.621.857
Jan 677.443 580.598Fev 616.075 462.212Mar 603.691Abr 599.829Mai 663.850Jun 787.689Jul 1.026.914
Ago 963.308Set 1.031.075Out 1.126.924Nov 957.530Dez 436.397
Acumulado 9.490.725 1.042.810
Fo
nte
: S
ind
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r/S
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x
Participação do Paraná no volume das exportações do Brasil / kg
Fevereiro14,77%
Paraná 758.185
Brasil 5.129.824
Acumulado17,39%
Paraná 1.929.035
Brasil 11.089.909
Fo
nte
:Sin
dia
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Se
cex
AB
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)A
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2014
2014
2015
2015
PER
U
Frango Sabor Caipira
SIP 0003-A | SISBIIvaiporã - frangocaipiraivaipora.com.br
PARANÁReferência em produção, exportação e sanidade avícola
Abatedouro CoroavesMaringá - coroaves.com.brSIF 2137
Avenorte Avícola Cianorte
SIF 4232Cianorte - guibon.com.br
Avebom
SIF 2677Jaguapitã - avebom.com.br
Agroindustrial Parati
SIF 2010Umuarama - agroparati.com.br
Agroindustrial ParatiRondon - agroparati.com.brSIF 3925
Frango DM
SIF 270Arapongas - frangoagosto.com.br
Frangos Pioneiro
SIF 1372Joaquim Távora - frangospioneiro.com.br
Jaguafrangos
SIF 2913Jaguapitã - jaguafrangos.com.br
Granjeiro Alimentos
SIF 4087Rolândia - frangogranjeiro.com.br
Coopavel Coop. Agroind.
SIF 3887Cascavel - coopavel.com.br
BRF
SIF 716Toledo - brf-br.com
SIF 603
Unitá - Cooperativa CentralUbiratã - unitacentral.com.br
SIF 1876
Agroindustrial São JoséSanta Fé
JBS Foods
SIF 2227Jacarezinho - jbs.com.br
Kaefer Agroindustrial (Globoaves)
SIF 1672Cascavel - globoaves.com.br
Agrícola JandelleRolândia - bigfrango.com.brSIF 1215
BRF
SIF 424Carambeí - brf-br.com
Noroeste Paranaense Centro Ocidental Paranaense
Centro Oriental Paranaense
Sudoeste Paranaense
Norte Central Paranaense
Norte Pioneiro Paranaense
Oeste Paranaense
exportaçãogeral
exportaçãopara UE
Fábricade ração
Abatedouros Incubatóriosexportação para ChinaAbate Halal
sindiavipar.com.br
SIF 7777Santo Inácio – jbs.com.brJBS Foods
C. Vale Coop. Agroindustrial
SIF 3300Palotina - cvale.com.br
SIF 664
Cocari Coop. AgroindustrialMandaguari - cocari.com.br
Coop. Agroindustrial Lar
SIF 4444Medianeira - lar.ind.br
Copacol Coop. Agroind. Consolata
SIF 516Cafelândia - copacol.com.br
Coop. Agroindustrial Copagril
SIF 797Mal. Cândido Rondon - copagril.com.br
GTFoods
SIF 1860Paraíso do Norte - gtfoods.com.br
GTFoods
SIF 1880Paranavaí - gtfoods.com.br
GTFoods
SIF 4166Maringá - gtfoods.com.br
Marco AviculturaTamarana
Unifrango
SIF 88Maringá - unifrango.com
Granja Econômica AvícolaCarambeí - granjaeconomica.com.br
JBS Foods
SIF 530Lapa – jbs.com.br
Metropolitana de Curitiba
Globoaves AgroavícolaCascavel - globoaves.com.br
Avícola CarminattiSanto Antônio do Sudoeste avicolacarminatti.com.br
BRF
SIF 1985Dois Vizinhos - brf-br.com
BRF
SIF 2518Francisco Beltrão - brf-br.com
Agrogen
SIF 3170Itapejara do Oeste - agrogen.com.br
Agrogen
SIF 2212Pato Branco - agrogen.com.br
Diplomata Industrial e Comercial
SIF 2539Capanema - diplomata.com
Avícola Pato Branco Pato Branco - avicolapb.com.br
Granja RealPato Branco - granjareal.com.br
Gralha Azul AvícolaFrancisco Beltrão - gaa.com.br
Pluma AgroavícolaDois Vizinhos - plumaagroavicola.com.br
Tyson do Brasil
SIF 2694C. Mourão - tyson.com.br